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Atoleiros31

Published by matos.ja, 2017-05-23 12:05:24

Description: Atoleiros31

Keywords: Brigada Mecanizada

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EDITORIAL Encontrando-se mais um projeto de “Atoleiros” em derradeira fase de ultimação, é meu propósito partilhar com os insignes leitores desta revista algumas breves considerações que justificam, per se, um destaque privilegiado neste editorial. Assim, o meu pensamento flui, em primeira instância, para os Oficiais, Sargentos e Praças do 4.º contingente nacional que, no âmbito da Operação Inherent Resolve (OIR), no TO do Iraque, ombreando com os nuestros hermanos de armas do Exército de Espanha, asseguram com extremo profissionalismo, zelo, proficiência e exemplar estoicismo, a missão de apoio à formação e treino das Iraq Security Forces (ISF), muito dignificando e prestigiando, deste modo, o Exército, as Forças Armadas Portuguesas e Portugal. Para esses bravos homens e mulheres sob o comando do Major de Infantaria Samuel Jesus, que pugnam admiravelmente por “levar a carta a Garcia”, endereçamos sinceros votos de continuação de boa missão e de um seguro regresso a casa! Em segundo lugar, importa enaltecer um feito assinalável, que a todos os que vivem e sentem a BrigadaMecanizada deixa indubitavelmente orgulhosos e radiantes. Refletindo, desde cedo, uma particular sensibilidade paraas questões ambientais, a sua preservação e sustentabilidade, bem como para uma gestão racional dos recursos danatureza, o Campo Militar de Santa Margarida (CMSM), foi uma das unidades pioneiras no seio do Exército naobtenção da certificação ambiental, a qual remonta a 2004, tendo adequado o seu Sistema de Gestão Ambiental(SGA) aos requisitos da norma NP EN ISO 14001:2012. Este galardão, que não é fácil de obter, foi sucessivamentereatribuído em 2007, 2010 e 2013. Em 2016, na sequência de duas auditorias externas de certificação, conduzidaspela entidade certificadora, a Associação Portuguesa de Certificação (APCER), o CMSM logrou obter a renovaçãodessa certificação por mais 3 anos. O relatório da auditoria releva como pontos fortes que pesaram a favor daqueladeliberação, os seguintes: – O envolvimento de toda a estrutura organizacional no funcionamento, na compreensão e na melhoria do sistema da qualidade; – A disponibilidade e postura construtiva demonstrados por todos os colaboradores contatados no decurso da auditoria; – O comprometimento do Comando; – A taxa de cumprimento dos objetivos ambientais; – As melhorias significativas operadas em algumas Unidades visando o controlo ambiental; – A reflorestação de algumas áreas no Quartel de algumas Unidades. Parabéns a todos, pois, pelo resultado alcançado e prossigam o excelente trabalho! Em terceiro lugar, desejo evocar os excecionais 40 anos da viatura blindada de transporte de pessoal (VBTP)M113 ao serviço do Exército Português, a qual ficará para sempre e indelevelmente ligada à BrigMec, assim como àssuas antecessoras, a 1.ª Brigada Mista Independente (1.ª BMI) e a Brigada Mecanizada Independente. Veículo defabrico norte-americano, construído em alumínio, cuja blindagem assegurava proteção contra os calibres de armasAtoleiros 31 Página 1 de 108

ligeiras, aerotransportável e anfíbia, teve o seu batismo de fogo na Guerra do Vietname ao serviço das unidades deInfantaria Mecanizada do Exército dos EUA, em 1962, tendo ganho a alcunha de “Green Dragon” pelos guerrilheirosViet Cong, sobretudo pela forma como emergia repentinamente dentre o denso nevoeiro na selva, para atacar edesbaratar as posições inimigas. Em Portugal, o Batalhão de Infantaria Mecanizado da 1.ª BMI foi a primeira Unidadea ser dotada com esta viatura, aquando da sua criação em 1977 e, desde então, várias versões dessa numerosa famíliaforam gradualmente equipando as restantes Unidades da BrigMec. Um incansável e fenomenal “cavalo de batalha”com excelentes provas confirmadas em campanha e até em combate, estima-se que, até à data, mais de 80.000 M113de todas as variantes tenham sido produzidas e utilizadas por mais de 50 países do mundo inteiro, o que a torna naviatura blindada mais amplamente usada de todos os tempos. Face à elevada precisão e letalidade das armas anticarro atualmente existentes no moderno campo de batalha,o M113 foi sendo progressivamente substituído, nas subunidades de 1.ª linha dos exércitos ocidentais, por viaturasde combate de infantaria (VCI), com acrescida manobrabilidade, maior poder de fogo e reforçada proteção, peseembora, continuem a ser empregues nas subunidades de apoio de combate e de apoio de serviços, as demais versões,nomeadamente, as viaturas blindadas posto de comando, as viaturas blindadas porta-morteiros, as viaturas blindadasde engenharia, as viaturas blindadas sanitárias, etc. O M113 é, sem dúvida, o ex-líbris da Brigada Mecanizada, o elo comum que tem identificado e caraterizadoesta Grande Unidade (GU) e todas as suas formações subordinadas, carecendo, a breve trecho, de um sucessor à suaaltura. Finalmente, as minhas deambulações acabam por incidir inevitavelmente, no ciclo de atividade que decorreudesde o Dia da BrigMec, no ano transato e se estende até ao presente. Depois de se ter constituído como a GU doExército no esforço, em 2015, a BrigMec confinou-se, no último ano, ao seu papel de enabler, assumindo-seessencialmente como unidade apoiante, viabilizando e contribuindo para a consecução dos objetivos de comando econtrolo, de treino e operacionais estabelecidos de antemão, pelo Comando das Forças Terrestres para a Brigada deIntervenção (BrigInt). Foi, não obstante, um período extenuante, de enorme intensidade e premência, vivido em contexto deconstrangimentos e de exiguidade de recursos de toda a ordem, em que o número de solicitações e o volume detrabalho que recaíram sobre a BrigMec não diminuíram. Bem pelo contrário, ~foram dominadas, a montante, pelapreocupação de não defraudar a confiança que o escalão superior em nós depositou no que concerne ao “saber fazerbem” e, paralelamente, de não “desapoiarmos o cavalo no momento do salto”, como se diz na gíria “cavaleira”, ouseja, de proporcionarmos todas as condições imprescindíveis ao cumprimento da missão da Brigada irmã, a BrigInt. Do extenso rol de tarefas levadas a efeito em 2016, avultam as seguintes: No âmbito da Organização: a desativação da Unidade de Apoio da BrigMec e subsequente ativação da Unidade de tipo regimental, denominada Campo Militar de Santa Margarida (CMSM); e o encerramento formal do 2.º Batalhão de Infantaria Mecanizado. No âmbito do Emprego de Forças: a organização, aprontamento, avaliação operacional e projeção do 4.º Contingente Nacional de forças e elementos nacionais destacados para o TO do Iraque, no quadro da Operação Inherent Resolve; o aprontamento e avaliação operacional de um Agrupamento Mecanizado com base no BIMecLag durante o exercício ORION 16, com vista à sua atribuição à European Union Land Rapid Response, no 2.º semestre de 2016; e a manutenção de 01 equipa de assessores (02 Oficiais) em Timor- Leste, ao abrigo do Projeto N.º 4 de Cooperação Técnico-Militar com aquele país lusófono. No âmbito do Treino Operacional: a presença de observadores no exercício ÉGIDA II, da Brigada de Infantaria Mecanizada “Extremadura” XI, em Badajoz, Espanha e nas competições de carros de combate STRONG EUROPE TANK CHALLENGE 16 e NORDIC TANK CHALLENGE 16, respetivamente em Grafenwöhr, Alemanha e Holsterbro, Dinamarca; o treino de guarnições de CC nos simuladores da Brigada de Infantaria Mecanizada “Extremadura” XI, em Badajoz, Espanha; a ativação do Sistema de Simulação de ObservaçãoAtoleiros 31 Página 2 de 108

Avançada de Artilharia INFRONT 3D; a participação e apoio ao exercício da Força Aérea, REAL THAW 16 e ao exercício tático e de fogos reais EFICÁCIA 16; os vários exercícios setoriais e sessões de tiro realizados pelas Unidades da BrigMec; a participação da BrigMec no ORION 16, tendo sido responsável pelo apoio logístico real às forças participantes; e a participação de células de resposta da Unidades da BrigMec no exercício CIBER PERSEU 16.  No âmbito do Ensino e Formação: o apoio a diversos exercícios da Academia Militar, com ênfase para o LEÃO 16, assim como a ações formativas da Escola das Armas e da Escola de Sargentos do Exército; as várias ações de formação de especialidades e os estágios em contexto operacional ministrados pelos Polos de Formação localizados na BrigMec; e o planeamento, organização, coordenação e realização de 02 Cursos de Promoção a Cabo do Contingente Normal, do Exército, cada um com um efetivo da ordem de 200 militares.  No âmbito das Operações de Apoio Civil: a participação de 01 Pelotão no exercício CELULEX 16, em reforço do Elemento de Defesa Biológica e Química do Exército; a execução dos planos LIRA 16 e CHAMA 16, em apoio da ANPC; o apoio da CEngCombPes ao ICNF, no domínio do Plano FAUNOS 16; e a cooperação com as Forças de Segurança, autarquias locais e outras instituições públicas regionais.  No âmbito de Outras Atividades: a participação na 6.ª Jornada de Trabalho entre Comandantes dos Exércitos de Espanha e de Portugal; A participação e o apoio às jornadas de divulgação do Dia da Defesa Nacional 2016; a organização do Campeonato Desportivo Militar de Corta-Mato 2016 Fase III (Exército) e outras competições desportivas militares; a organização e realização da Semana do Ambiente 2016; a organização dos Seminários “A preparação do Corpo Expedicionário Português para a I Grande Guerra: De Tancos à Flandres” e “Evocação do Centenário da Entrada do Carro de Combate nos Campos de Batalha”; a organização da XVIII International Master Gunners Conference; a organização e realização de cerimónias diversas; e a participação em eventos militares, históricos, académicos e outros de cariz social. Apraz-me registar a forma magistral como a BrigMec se conduziu na execução de todas as tarefas de que foiincumbida, mercê de uma notável capacidade de organização, excelente motivação, forte coesão e espírito dedisciplina, grande brio e profissionalismo e enraizado sentido de missão, tendo prestado deste modo, um importanteserviço em prol do reforço da imagem e da credibilidade do Exército, intramuros e além-fronteiras. Para o ano em curso, outros desafios de vulto se descortinam no horizonte, impelindo-nos a mantermo-nosatentos, prontos e disponíveis e a não descurar a nossa atenção. Salientam-se os seguintes: a organização eaprontamento do 6.º Contingente Nacional de formadores, com vista à sua ulterior projeção para o TO do Iraque; oplaneamento, organização, coordenação e realização de 03 Cursos de Promoção a Cabo do Contingente Normal doExército, com um efetivo máximo da ordem de 500 militares cada; e a continuação do apoio e da provisão dos recursoshumanos ao projeto de CTM com Timor-Leste. Como tem sido apanágio dos militares e civis que dedicada, abnegada e generosamente servem nestaprestigiada BrigMec, assim como no CMSM, os quais já comprovadamente mostraram não vacilar ou se atemorizaremfacilmente perante a magnitude e a dimensão dos escolhos com que se deparam no seu trajeto, não me restará amenor sombra de dúvida de que a nossa Brigada irá uma vez mais suplantar os desafios identificados, bem comoperpetuar a memória dos seus admiráveis feitos. Bem hajam!Atoleiros 31 Página 3 de 108

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FIGURAS Página 5 de 108& FACTOS 8 MILITARES PORTUGUESES NA REPÚBLICA CENTRO AFRICANA Os cargos e funções que foram ocupados por militares da Brigada Mecanizada nos anos de 2016 e 2017. 21 BATALHÃO DE APOIO DE SERVIÇOS DA BRIGADA MECANIZADA Este artigo pretende analisar qual o atual contributo do Batalhão de Apoio de Serviços na Brigada Mecanizada 72 A CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL DO CAMPO MILITAR DE SANTA MARGARIDA …É, pois, bem patente o reconhecimento público do trabalho desenvolvido pelo CMSM na preservação e proteção ambiental… Destacável D. Nun'Álvares Pereira e a Batalha de Atoleiros “…. Esse passado, menos mítico do que a historiografia evocativa militar tradicionalmente apresenta, acaba por nos demonstrar que a realidade ultrapassa frequentemente a ficção Atoleiros 31

Conteúdos 28 468 “Experiência de um Operacional de Proteção Antiaérea das Unidades Cavalaria em 2016” de Manobra Mecanizadas eAlém-Fronteiras Blindadas Artigo de um jovem AlferesRepública Centro Africana. Comandante de Pelotão de Carros A Bateria de Artilharia Antiaérea daTestemunho do Oficial a de Combate durante o seu primeiro Brigada Mecanizadadesempenhar as funções de ano como Oficial do Quadro (BtrAAA/BrigMec) tem como missãoConselheiro para as Operações, no Permanente. tática conferir proteção antiaéreaPilar de Aconselhamento Experiência na primeira pessoa. aos pontos/áreas sensíveis eEstratégico. unidades de manobra, de apoio de 34 combate e de apoio de serviços da13 Brigada Mecanizada, contra “Abraçar a Missão” aeronaves hostis voando a baixa eBalkan Express Aplicação da Doutrina no Treino muito baixa altitude.Uma Experiência de OperacionalPlaneamento Logístico em Experiência na primeira pessoa 52Ambiente Multinacional Artigo de um jovem Alferes Participação das Forças Espanholas“…. Em março de 2011, Portugal Comandante de Pelotão de da Brigada Mecanizada XI-reduz o seu efetivo no Kosovo, Reconhecimento durante o seu Estremadura no Exercício Oríon16sendo a partir desta data o KTM primeiro ano como Oficial doconstituído por duas Nações, Quadro Permanente. O SubAgr, comandado pelo CapitãoPortugal e Hungria …” Experiência na primeira pessoa. De Toro, contou com o efetivo de 105 militares e empregou viaturas18 37 de Combate de Infantaria Pizarro e Carros de Combate Leopard 2E.Crowd and Riot Control Guerra HíbridaRendições dentro da força O Desafio do Treino Operacional 54Treino e Evolução face às novas Tendências do Combate Novas Capacidades da CTm DaO Crowd and Riot Control (CRC) BrigMecconstitui-se como uma das Responder com eficácia aos reptosprincipais tarefas para as quais o que o ambiente operacional, em O SIC-T explora as novas tecnologiasKFOR Tactical Reserve Manoeuvre especial as novas caraterísticas da associadas às comunicações, aosBattalion (KTM) tem que ser conflitualidade, constitui desafio computadores, sensores e sistemasproficiente. permanente para todos os que de armas encontram investidos da23 responsabilidade de comando aos 58 vários escalões.Batalhão de Apoio de Serviços da O Batalhão de InfantariaBrigada Mecanizada 44 Mecanizado (L) na European Land Rapid Response 2016-2Este artigo surge na continuação de Exercício Oríon16outros dois publicados nas Participação da Brigada Neste artigo o autor pretendeanteriores edições da Revista Mecanizada apresentar uma síntese do conceitoAtoleiros e pretende analisar qual o de Resposta Rápida Militar da UE eatual contributo do Batalhão de A Brigada Mecanizada, afirmando dar a conhecer, a quem nos segue, aApoio de Serviços na Brigada mais uma vez a sua “utilidade da forma como decorreu oMecanizada. Iremos debruçar-nos força” no atual ambiente aprontamento, certificação e oessencialmente em duas linhas de operacional, participou no exercício, período de “standby” do AgrMecação: a do apoio real e a do treino com um Agrupamento Mecanizado, EULRR 2016-2.operacional. força avaliada tendo em vista a sua certificação para atribuição à European Union Land Rapid Response 2-2016.Atoleiros 31 Página 5 de 108

Diretor 69 81 MGen Luís Nunes da Fonseca Breves perspetivas para a Artilharia A Brigada Mecanizada e a NATO. 39 Cmdt Brigada Mecanizada de Campanha anos de exercícios combinados Editor Chefe Neste âmbito, a Artilharia de Este artigo tem o objetivo de Cor Tir Inf Mendes Ferrão Campanha de calibre 155mm analisar a participação da BrigMec 2Cmdt Brigada Mecanizada continua a afirmar-se como o em exercícios conduzidos sob a melhor compromisso entre as várias égide da NATO, evidenciando o Edição características que se pretendem papel relevante que esta Brigada TCor Inf Luís Calmeiro reunidas num sistema de armas sempre desempenhou, para a CEM Brigada Mecanizada (custo, precisão, efeitos, alcance, satisfação dos compromissos mobilidade, etc). internacionais assumidos por Design e Execução Grafica Portugal Maj AdMil Silva Tavares Destacável 88 Chefe G9 Brigada Mecanizada A Batalha de Atoleiros “…. Esse passado, menos mítico do Suplementos Alimentares Impressão e Acabamento que a historiografia evocativa NIX HOME – Positive Design militar tradicionalmente apresenta, As evidências científicas sugeremRua S. João 23 2350-074 Chancelaria acaba por nos demonstrar que a que a suplementação alimentar é realidade ultrapassa benéfica apenas para um grupo Propriedade frequentemente a ficção …” restrito de pessoas, que são os Brigada Mecanizada atletas de competição, cuja dieta Campo Militar de Santa Margarida 75 não atende as necessidades 2250-350 Constância nutricionais Tiragem 300 exemplares Campo Militar de Santa Margarida Deposito Legal nº 135479/99 Renova Certificação Ambiental 90 Preço nº 5,00€ As atividades desenvolvidas pelos Formação na Categoria de militares em tempo de paz são Sargentos Capa suscetíveis de causar problemas SAj Inf 'CMD' José Matos ambientais gerais, equivalentes a Se fizermos uma análise crítica aos outras atividades da sociedade em vários problemas que se sentem na Uma Brigada na excelência. geral, podendo, decorrente da carreira de sargentos, chegamos àTecnologia ao serviço da Formação e atividade operacional surgir conclusão que a formação poderá problemas ambientais mais ser a chave para a resolução das Treino Operacional específicos. questões que se colocam Para mais informações visite a 78 92 pagina da Brigada Mecanizada no Portal do Exercito Português em: Atividades de Moral e Bem-Estar, Algumas das atividades da Brigada como contributo para a melhoria Mecanizada em 2016 www.exercito.pt do desempenho em Operações A moral, como definição apresentada, está relacionada diretamente com a conduta de um indivíduo ou grupo social, uma vez que poderá representar as suas convicções ou costumes.Atoleiros 31 Página 6 de 108

Parte I – Missões no ExteriorMilitares da Brigada Mecanizadana República Centro Africana TCor Inf João Barros EM/QG BrigMecO Ambiente Operacional Com a Seleka tomando conta militarmente do País, Michel Djotodia tornou-se o primeiro Presidente A República Centro Africana (RCA) tem sido um Paísassolado por consecutivas crises. A presente crise iniciadaem dezembro de 2012, foi provocada pela com a criação muçulmano da RCA. Segui-se um período de crimes contrada coligação Seleka. Seleka significa na língua local, Sango, a população não muçulmana maioritária na RCA.aliança. A Seleka foi criada com base nos grupos rebeldes Consolidado o poder, em setembro de 2013, Micheldo Nordeste do País, auto-intitulados protetores das Djotodia dissolvia a coligação, numa tentativa de parar ascomunidades muçulmanas, alegando o abandono político atrocidades humanitárias cometidas pela Seleka, ou maisdesta região pelo então Presidente Bozizé. A crise tarde pelos grupos ex-Seleka sobre a população nãocontinuou até março de 2013, culminando com a tomada muçulmana. Paralelamente, formou-se o movimentoda Capital Bangui pela Seleka, e a destruição das Forças Antibalaka, com o intuito de defender os nãoArmadas Centro Africanas (FACA), que protagonizaram muçulmanos. O termo Antibalaka tem duas origensuma atuação completamente ineficaz. associadas. A primeira diz respeito a ritos de iniciação de grupos, cujos elementos se tornariam imunes aos projécteis das Kalashnikov (“Balles AK”). A segunda provém do termo machete na linguagem da etnia Gbaya. Este movimento integrava cristãos e animistas, entre os quais dissidentes das FACA, principalmente elementos da então designada Guarda Presidencial, bem como outros líderes de milícias e grupos armados da região Noroeste do País. O pico da violência entre fações ocorreu no período do Natal de 2013 e janeiro de 2014. Toda esta violência, muita contra a população, levou o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) a emitir a resolução nº 2127, autorizando a projecção de uma ForçaAtoleiros 31 Página 8 de 108

Parte I – Missões no Exteriorda União Africana, bem como uma Força Francesa, a Archange Touadera, confirmou o pedido da suaOperação “SANGARIS”. antecessora, convidando a UE projetar uma Missão de Treino Operacional. Em abril de 2016, o Conselho Europeu decidiu formalmente lançar a EUTM – RCA, tendo lugar em Bangui, a 16 de julho do mesmo ano, o início operacional da Missão, sendo declarada a sua Initial Operational Capability (IOC). A EUTM – RCA Em abril de 2014, a União Europeia (UE) iniciou a O mandato da EUTM – RCAmissão EUFOR – RCA, com a duração de um ano, tendo por vigora por um período de dois anos,objetivo contribuir para a estabilização da situação na depois de ter atingido a sua Full Operational CapabilityCapital Bangui. Simultaneamente o Conselho de (FOC) em 20 de setembro de 2016.Segurança da ONU, autorizou a missão MissionMultidimensionnelle Intégrée de Stabilisation des Nations A EUTM – RCAUnies en République Centrafricaine (MINUSCA), tem como missãoprojectada para o Teatro de Operações em setembro de contribuir para a2014. Reforma do Setor da Defesa, dentro do Em Abril de 2015, na sequência da EUFOR – RCA foi quadro da Reforma dolançada a European Union Military Advisory Mission in the Setor da Segurança,Central African Republic (EUMAM – RCA), onde se integrou processo liderado pelao primeiro Contingente nacional. Em outubro do mesmo ONU. A EUTM – RCAano, a Chefe de Estado no Governo de transição, Catherine assegura a acessoriaSamba Panza, convidou a UE para apoiar as FACA, através ao nível do Ministérioduma estrutura de treino operacional reforçada, em da Defesa e do Estado-Maior das FACA, ao nível do Treinocolaboração com a MINUSCA. Operacional das Unidades e da Formação dos Oficiais e Sargentos. Em março de 2016, o Conselho Europeu aprovouuma possível Missão de Treino Militar da União Europeia A EUTM – RCA trabalha nos seguintes domínios:na RCA, a European Union Training Mission in the CentralAfrican Republic (EUTM – RCA), contribuindo para a - Continuando o trabalho da EUMAM – RCA, noReforma do Sector de Segurança, processo liderado pela restabelecimento de uma cadeia de comando consistenteONU. Mais tarde, o Presidente eleito da RCA, Fastin- e sustentável desde o Ministério da Defesa, Estado-Maior, até ao nível Batalhão. - Na contribuição para o sistema de formação das FACA, incluindo o respeito pelos direitos humanos e questões de género, tendo como base o Centro de Formação de Kassai como embrião de uma futura Escola de Oficiais e Sargentos.Atoleiros 31 Página 9 de 108

Parte I – Missões no Exterior - No apoio ao Treino Operacional de unidades das localizações que possam contribuir para a acessoria aFACA. unidades já treinadas pela EUTM – RCA e empregues- Na contribuição para umas FACA operacionalmente.credíveis, organizadas, etnicamente O Pilar de Aconselhamento Estratégico tem como missão aconselhar as entidades locais, ao nível doequilibradas e sob controlo democrático, que Ministério da Defesa e Estado-Maior das Forças Armadas, sobre a Reforma do Sector da Defesa, o Comando epossam assegurar as suas funções de soberania, Controlo, funções de Estado-Maior e gestão de recusos. Esta missão é executada em coordenação com ainicialmente num enquadramento garantido MINUSCA, implicando um contacto próximo com opela MINUSCA. Para cumprir esta missão, a EUTM – RCAestá organizada num Quartel General (QG) etrês Pilares, que realmente funcionam como assuas unidades operacionais. Estes Pilares são oPilar de Aconselhamento Estratégico, o Pilar daEducação e o Pilar do Treino Operacional. AEUTM – RCA conta com militares portuguesesen todas as suas componentes excepto no Pilar do TreinoOperacional. O QG da EUTM – RCA dispõe de um Estado-MaiorCoordenador, para além dos Estados-Maiores Pessoais doGeneral Comandante da Missão e do Chefe de Estado-Maior. O Estado-Maior Coordenador está organizado nasáreas tradicionais de Pessoal, Informações, Operações,Logística, Planos e Treino, Comunicações e Finanças. Como qualquer força militar, a EUTM – RCA tem Página 10 de 108uma Área de Operações (AO) atribuída. Neste casoparticular, a AO engloba a província de BANGUI e as áreasde treino existentes na sua periferia. No entanto, esta áreapoderá no futuro ser alargada, se autorizado, a outras Atoleiros 31

Parte I – Missões no ExteriorMinistério da Defesa, Batalhões deEstado-Maior, Infantaria, com aDelegação da União possibilidade deEuropeia, diversas assegurar também oEmbaixadas e treino de unidadesMinistério da Justiça, especializadas comoentre outras por exemplo oentidades. Batalhão de Engenharia. Para cumpriresta missão o Pilar deAconselhamento Atualmente, o Pilar de TreinoEstratégico está Operacional treina o seu 1º Batalhão, tarefa que se tem deparado com enormesorganizado em dez dificuldades no fornecimento do equipamento e armamento. Esta falta de equipamento e armamento temcélulas guarnecidas impacto não só no treino operacional como no panorama do futuro emprego operacional das forças treinadas pelamaioritariamente por Oficiais Superiores: Reforma do EUTM – RCA.Setor de Segurança, Recursos Humanos, Informações, A participação nacionalOperações, Planos, Logística, Comunicações e Sistemas de O Contingente português na EUTM – RCA é composto por 11 militares dos três Ramos das ForçasInformação (CSI), Finanças, Treino e Projetos. Armadas. As funções ocupadas pelos elementos nacionais são: Na prática, a operacionalização do SAP traduz-seprincipalmente em três áreas: coordenação de grupos detrabalho com as autoridades locais, acompanhamentodireto dos órgãos existentes na estrutura centro-africana,e trabalho de campo. Esta última área conta com umacélula de projetos que procura desenhar, angariar fundose acompanhar iniciativas de desenvolvimento local. O Pilar da Educação tem por missão acompanhar,colaborar e monitorizar a formaçãoministrada na Escola de Sargentos e de Oficiaisdo Centro de Formação de Kassai (CFK) edesenvolver, em estreita coordenação com aMINUSCA e o Estado-Maior das FACA, acçõesformativas aos militares nas mais diversasáreas disciplinares, assessorando na execuçãodo plano anual de formação. Para o efeito, o Pilar da Educação contacom uma estrutura assente em duas Equipas:uma para a formação de Oficiais e outra paraa formação de Sargentos. Na prática, a operacionalização da  Chefe do J1, ocupado por um Tenente-Coronel damissão desenvolve-se em três áreas: participação em Força Aérea;grupos de trabalho com as FACA e a MINUSCA,acompanhamento direto dos órgãos da estrutura centro-  Chefe do J2, ocupado por um Coronel do Exército,africana, e trabalho de campo quase diário no CFK. neste caso da nossa Brigada Mecanizada; O Pilar de Treino Operacional tem por missão,  Oficial de Ligação da EUTM – RCA na MINUSCA,durante os dois anos de mandato previstos, treinar 2 a 3 pertencendo ao J3 do Estado-Maior. Este cargo é ocupado por um Tenente-Coronel do Exército; Atoleiros 31 Página 11 de 108

Parte I – Missões no Exterior Oficial do J5, ocupado por um Major do Exército; No Pilar de Aconselhamento Estratégico, o Sargento do J6, ocupado por um Sargento-Chefe Tenente-Coronel de Infantaria João Barros desempenha o cargo de Conselheiro para a área das Operações, da Marinha; participando como membro do Grupo de Trabalho 2 – Oficial de Finanças do J8, ocupado por um Formação, Treino e Emprego Operacional. Neste Grupo de Trabalho participam militares centro-africanos e da EUTM, Capitão do Exército; estando ligado ao desenvolvimento de um Plano de Célula de Gestão de Informação, ocupada Emprego das Forças Armadas e da otimização da organização do Centro de Operações do Estado-Maior das exclusivamente por dois Sargentos-ajudantes FACA. Além do Grupo de Trabalho 2, este cargo requer nacionais, um da Força Aérea, Chefe da Célula, e uma presença assídua de acompanhamento no Centro de outro do Exército, Adjunto; Operações do Estado-Maior das Forças Armadas. Conselheiro para as Operações, no Pilar de Aconselhamento Estratégico, ocupado por um Foi ainda pedido ao Conselheiro nacional que Tenente-Coronel do Exército, neste caso também acumulasse com a célula de Informações, que não estava da Brigada Mecanizada; preenchida até janeiro. Esta tarefa incluía a coordenação Responsável pela Formação de Sargentos, no do Grupo de Trabalho 6 – Informações. Este Grupo de Pilar da Educação, ocupado por um Tenente- Coronel da Força Aérea. Trabalho visa aDetalhando implementação de uma estrutura de Informações desde omais um pouco os nível estratégico, no Ministério da Defesa, até ao nível tático, nos Batalhões. Além do Grupo de Trabalho, o cargocargos atualmente requer o acompanhamento da célula J2 no Estado-Maior das Forças Armadas centro-africanas.ocupados por Também na RCA a Brigada Mecanizada e os seusmilitares da Brigada militares trabalham diariamente para fazer jus à sua divisa “FEITOS FARÃO TÃO DIGNOS DE MEMÓRIA”.Mecanizada, o J2 daEUTM – RCA analisaum ambienteoperacionalrealmente volátil eimprevisível, nãodispondo de meiospróprios depesquisa dentro daÁrea de Operações.Atualmentedesempenha o cargo de Chefe do J2 o Coronel de CavalariaJoão Nabais. A tarefa principal é obter informação útil eoportuna sobre elementos ou grupos armados, cujasações possam ter impacto na segurança do pessoal daEUTM – RCA. Para este objetivo trabalha em estreitacooperação com outros órgãos da MINUSCA, tais como oJoint Military Analysis Center (JMAC), o Security &Intelligence Operations Center (SIOC) e a Joint Task ForceBangui (JTF BANGUI). Também com o intuito de manter asituação de segurança atualizada trabalha com a NationalIntelligence Cell (NIC) francesa e as entidades da RCA, quersejam militares das FACA quer elementos das Forças deSegurança Interna (Polícia e Gendarmerie).Atoleiros 31 Página 12 de 108

Parte I – Missões no ExteriorBalkan Express – Umaexperiência no planeamentoLogístico Cap Inf Estrela Oficial de Logística/2BIMec/KFOR A década de noventa, após o longo interregno que de trezentos militares. Até fevereiro de 2002, ose seguiu à guerra colonial e passada que estava a tensão Agrupamento ocupou um setor na região de Klina,associada à guerra-fria, volta a ser edificada uma postura estando integrado numa Brigada sob Comando italiano,expedicionária no interior do Exército, impulsionada pela sendo a sua missão estabelecer uma presençavontade política e em respeito dos compromissos permanente em toda a área de responsabilidade atribuídainternacionais assumidos, tendo-se assistido ao treino, a fim de verificar e caso necessário impor o acordo obtidoreequipamento e aprontamento de tropas para a com a Jugoslávia no que concerne à retirada das suascondução de operações militares no exterior, forças do Kosovo.enquadradas na tipologia de missões de apoio à paz. Em1995, e após decisão do XIII Governo, Portugal inicia a Em 2005, Portugal regressa novamente ao TO dopreparação dos seus militares com vista a integrarem a Kosovo com um Agrupamento de 300 militares, desta vezImplementation Force (IFOR) no Teatro de Operações (TO) como reserva do COM KFOR (KFOR – Tactical Reserveda Bósnia-Herzegovina (BiH). No ano seguinte, a 15 de Manoeuvre Battalion). Em março de 2011, Portugal reduzjaneiro, foi entregue pelo então Presidente da Republica o seu efetivo no Kosovo, sendo a partir desta data o KTMDr. Mário Soares o Estandarte Nacional (EN) à primeira constituído por duas Nações, Portugal e Hungria. ComoForça Nacional Destacada (FND) a ser projetada para o TO reserva tática do COM KFOR, o KTM pode desempenharda BiH, o 2º Batalhão de Infantaria Aerotransportado (2º diversas tarefas, conduzir operações de reserva, atravésBIAT). Desde 1996 passaram por este TO dos Balcãs quase de meios terrestres orgânicos dentro de uma Área deoito mil e quinhentos soldados portugueses, tendo, todos Responsabilidade que lhe venha a ser atribuída, aplicar eeles, contribuído para a segurança e reconstrução do país praticar a doutrina e os procedimentos associados àsapós o conflito. Ao fim de mais de dez anos de participação Operações de Resposta à Crise, nomeadamente:neste TO, Portugal termina a sua missão, a 7 de março de2007, tendo na altura o Ministro da Defesa, Dr. Nuno Controlo de tumultos – Crowd and Riot ControlSeveriano Teixeira, afirmado que “o serviço prestado à (CRC ou “Combat” CRC);causa da paz na Bósnia-Herzegovina permitiu ao mesmotempo uma produção de segurança internacional e a  Interdição e anti contrabando;defesa do interesse nacional e a credibilidade externa de  Vigilância, escolta e proteção;Portugal no mundo\".  Patrulhamentos de área;  Apoio a operações de detenção; Em julho de 1999, Portugal juntou-se a mais uma  Apoio à luta contra o crime organizado;operação terrestre da NATO, integrando para o efeito a  Substituição ou apoio à proteção de pontosKosovo Force (KFOR). Inicialmente, com uma Unidade deEscalão Batalhão (Agrupamento), um Destacamento de sensíveis1 (PrDSS);Operações Especiais e um Destacamento de ControloAéreo-Tático (TACP), sendo composto por um efetivo total  Operações de Segurança;  Postos de controlo móveis;  Operações de cerco e busca;1 Property with Designated Special Status (PrDSS) Página 13 de 108 Atoleiros 31

Parte I – Missões no Exterior  Vigilância de fronteiras/limites; CONPLAN ZEUS que engloba os antigos CONPLAN COURAGEOUS ELEPHANT, TITAN e PEGASUS. Este plano Ser projetado para o Teatro de Operações BiH2 define os procedimentos do emprego da TACRES KFOR e Como uma das tarefas do KTM Militares que participaram no OPREH LEVEL 1é estar pronto para ser projetado da reserva estratégica e operacional de forma a garantirpara o TO da BiH, anualmente são um ambiente seguro e estável no TO da BiH;planeados eventos de treino (emvários níveis e que poderão no limite CONPLAN MEDUSA referente à evacuação deser executados com a força elementos civis pertencentes a diversas agênciascompleta) para que as forças internacionais;envolvidas num possível reforço daEUFOR, caso a situação de segurança CONPLAN AEOLUS relativo ao Aeroportoassim o exija, tenham contacto com a Internacional de Sarajevo, que define os procedimentos aregião, conhecimento dos planos e adotar a fim de garantir a segurança desta infraestruturaaumento do conhecimento para que seja possível continuar com as operaçõessituacional. Com base nos anteriores correntes;e no pressuposto de que em caso denecessidade o KTM será projetado CONPLAN DOLORES INN que estabelece ospara a BiH, no passado mês de dezembro oito procedimentos referente à segurança de diversasmilitares, seis do KTM (quatro portugueses e dois instalações, nomeadamente a depósitos de munições e ahúngaros), um elemento do Joint Logistics Support Group fábricas industriais;(J5 JLSG/KFOR) e outro do J4 do HQ KFOR, participaram no CONPLAN HERMES que determina osOperational Rehearsal level I3 (OPREH level I EUFOR) no procedimentos necessários para a evacuação de militares que estejam no TO.Campo BUTMIR em Sarajevo, que decorreu no períodocompreendido entre 11 a 15 de dezembro. Além dosmilitares da KFOR, também estiveram presentes diversoselementos pertencentes a outras forças, como foi o casodos militares da Companhia Romena, do Batalhão Inglês eItaliano, estes últimos representando quer a reservaestratégica quer a reserva operacional, também elas dotipo over the horizon. Com esta participação, o KTMpretendeu rever o seu plano, BEYOND THE DYNARIC –emprego do KTM na BiH, e ao mesmo tempo obterinformações detalhadas sobre o atual ambienteoperacional desse TO. Outro objetivo para qual o KTMcontribuiu foi para a revisão e atualização do ContingencyPlan (CONPLAN) BALKAN WOLF que é o plano da KFORcom vista à ativação do reforço da EUFOR com forças aoperar na KFOR. O primeiro dia de trabalhos, já na BiH, foidestinado a diversas apresentações, sobre os diversosCONPLAN existentes na EUFOR e para os quais sejaequacionado o emprego da TACRES da KFORnomeadamente:2 Constituindo-se como a designada reserva tática, over the no âmbito deste compromisso, reserva da EUFOR. Do KTMhorizon, ao dispor do COM EUFOR integraram a delegação o S3, S4, S6 e os adjuntos dos3 Este é o nível mais “básico” do treino das reservas, implicando comandantes de companhia.apenas a participação dos key leaders das forças disponibilizadas Página 14 de 108 Atoleiros 31

Parte I – Missões no Exterior Além da apresentação dos vários CONPLAN, imperativos legais associados à sua utilização obrigam atambém foi possível obter informações relativas ao uma maior coordenação e condicionamentosconceito de apoio logístico existente no TO, relacionados com quem detém a autoridade durante oespecificamente relativo às funções logísticas disponíveis. movimento entre outros. Com este reconhecimento foiNeste caso, a responsabilidade recai essencialmente nas possível atualizar os dados relativos ao plano denações contribuintes com forças, sendo o apoio logístico carregamento e projeção para BiH caso seja ativado ofornecido através dos National Support Element (NSE), CONPLAN.celebração de contratos, acordos memorandos ou outros,sejam eles bilaterais ou multilaterais. O princípio Em Sarajevo, o segundo e terceiro dia foramorientador no caso do apoio logístico será the costs lie destinados aos vários participantes colocarem em práticawhere they fall, estando o mesmo faseado de acordo com alguns CONPLAN através de exercícios na carta. Estesa operação, nomeadamente: preparação e ativação; exercícios tinham por base o planeamento de operaçõesProjeção e Reception, Staging, Onward Movement and para fazer face a situações fictícias que obrigassem àIntegration (RSOM&I); emprego da força e retração sendo ativação dos CONPLAN. Pretendeu-se acima de tudoque quer a KFOR quer a EUFOR poderão servir como verificar possíveis lacunas, necessidades de coordenação,facilitadores do processo mas sem assumirem quaisquer responsabilidades e tarefas dos vários intervenientes, Log Ex Balkan Expressresponsabilidade nas várias funções logísticas para além contando para o efeito com os contributos dos váriosdaquelas que já se encontram implementadas, a título de intervenientes. Após o planeamento efetuado, seguiram-exemplo, a evacuação e hospitalização – Role 1. Em se reconhecimentos no terreno de forma a validar osequência foram ainda apresentadas as formas de trabalho efetuado em sala. Os reconhecimentos no TO nãoprojeção que podem ser utilizadas e modalidades para ficaram circunscritos aos CONPLAN foi ainda possívelexecução do RSOM&I. visitar Foward Operating Base (FOB) suscetíveis de utilização em função da localização da ameaça ou para Com a participação neste OPREH Level I, o KTM apoio à condução das operações. Ainda dentro dosefetuou ainda o reconhecimento dos itinerários passíveis CONPLAN, no último dia, foi testado o planeamento dede utilização nomeadamente através da Albânia e do operações de maior envergadura e que obrigava aoMontenegro sendo a terceira opção via Sérvia, este último emprego alargado de meios quer na segurança e defesanão foi alvo de reconhecimento e será a terceira hipótese de pontos sensíveis, que pudessem servir de cabeça-de-quando comparado com os anteriores uma vez que os ponte para apoio à continuação das operações e entradaAtoleiros 31 Página 15 de 108

Parte I – Missões no Exteriorde forças no TO e quer o planeamento de recolha e apenas durante o período da manhã, esteve presente umaevacuação de civis da comunidade internacional a operar delegação da EUFOR nomeadamente dos chefes do J3, J4,no TO e que dado o agravar da situação, não seria J5 e J6, sendo, portanto, possível esclarecer algumasaconselhada a sua permanência. questões inclusas no CONPLAN ZEUS da EUFOR. Após esta visita, o exercício decorreu os seus trâmites normais, Em consequência da nossa participação no OPREH tendo sido injetados diversos incidentes, através delevel I na BiH e decorrente das lacunas identificadas foi Ordens Parcelares, pelo EXDIR do exercício, J5 do JLSG e J4proposto pelo Chefe do J4 da KFOR e pelo J5 do JLSG, da KFOR. Todos os incidentes injetados foram alvo deconsiderar o CONPLAN BALKAN WOLF e exercitar o discussão, análise e consequente apresentação deconceito de apoio logístico associado ao mesmo, até para modalidades de ação para que o Comandante do KTMque as lições e boas práticas resultantes deste teste decidisse.pudessem servir de espelho para a revisão de outrosCONPLAN da KFOR na perspetiva do apoio logístico. Após o TTE, e como parte do processo de lições aprendidas realizou-se no CSL a Revisão Após a Ação O referido exercício desenvolvido na modalidade (RAA), onde foram apresentadas as principais conclusõesde Table Top Exercise (TTE), foi designado de LOGEX do exercício, identificados os principais problemas doBALKAN EXPRESS, sendo que o cenário recriado previa a CONPLAN BALKAN WOLF e futuras propostas. A realizaçãoativação do CONPLAN BALKAN WOLF, como consequência de todo este processo, desde o reconhecimento à BiH atéda Activation Order recebida pela KFOR do Comandante à realização do exercício de âmbito logístico BALKANdo Joint Force Command Naples, para que o KTM fosse EXPRESS, permitiu que fossem tratados e discutidosprojetado para a BiH, com o apoio do JLSG. Desta forma assuntos diretamente associados à sustentação da forçapretendeu-se verificar o referido CONPLAN, em termos no caso de se efetivar a projeção desta, colocandologísticos, identificando possíveis falhas e apresentando diversos desafios os Estado-maior coordenador e técnicopropostas de melhoria a serem incorporadas. do KTM, com especial enfoque na função do Oficial de Logística do Batalhão. Assim foram evidenciados Este exercício foi dividido em duas fases distintas. determinados procedimentos, cuja sua implementação éA primeira fase foi destinada à elaboração do plano de essencial como sejam a capacidade de Comando eprojeção da KTM, onde se inclui o plano de carregamento Controlo durante o movimento e de comunicação parae o plano de movimentos, tendo o mesmo sido com o escalão superior e a necessidade de coberturaapresentado no Campo Slim Lines (CSL) ao que se seguiu satélite; as modalidades de apoio sanitário e identificaçãouma exposição estática das várias viaturas (táticas, de instalações médicas; o apoio de manutenção e atransporte e de recuperação) e dos meios de apoio capacidade de recuperação de viaturas; as modalidadesexistentes, nomeadamente as latrinas, os banhos e as de apoio logístico, associado à sustentação e à extensãocozinhas de campanha e por fim geradores, permitindo das linhas de comunicação entre a BiH e o Kosovo; aaos vários intervenientes neste exercício (J4 KFOR e JLSG), necessidade do controlo do movimento e de proteção daconhecer os meios existentes na KTM. Todos os meios força em caso de avaria e/ou acidente; as implicaçõesexpostos fazem parte do plano de carregamento em legais, dependendo do país por onde se passa, relativa aofunção das funções logísticas necessárias para garantir a numero de viaturas autorizado e movimentar-se emsustentação da força durante a sua permanência no TO da coluna; os caveats das nações que terão implicações noBiH. A segunda fase consistiu no teste aos planos e que possível apoio a prestar como sejam as escoltas.decorreu durante dois dias nas instalações do JLSG noCamp Film City (CFC). O primeiro dia foi destinado aos Este exercício possibilitou, além do acimavários intervenientes cruzarem a informação contida nos explicitado, colocar em prática os conhecimentosvários planos de projeção, sustentação e retração, adquiridos ao longo dos vários cursos, nomeadamente deidentificando falhas nos mesmos. Neste período, foi progressão na carreira, no seio da Instituição. Ainda,possível identificar os meios disponíveis no JLSG e destes cumulativamente com o anterior, a parceria com militaresquais podem ser utilizados em apoio ao KTM. Neste caso, de outros contingentes, cuja experiência, dimensão ea principal dificuldade prendeu-se com alguns caveats realidade logística, participação noutros contextos querexistentes no seio do JLSG, uma vez, que os meios de exercícios quer de missões e teatros de operaçõesexistentes têm origem em diferentes países. Neste dia, e representa uma realidade diferente permitiram aAtoleiros 31 Página 16 de 108

Parte I – Missões no Exterioraquisição de novos conhecimentos no que ao apoio pela realidade subjacente a estes planos e esclarecedoralogístico diz respeito, e novos saberes sobre projeção, porquanto permitiu verificar a relevância do planeamentosustentação e retração quer de meios quer de pessoal. De logístico das suas implicações nas operações e ainda orealçar a troca de informação e de experiências entre quanto complexo poderá ser o planeamento para que atodos os participantes permitindo desta forma alcançar os manobra logística saia simplificada e se continue a garantirobjetivos propostos quer pelo JLSG quer pelo J4 da KFOR. perante a manobra liberdade de ação, extensão doFoi sem dúvida uma excelente experiência, desafiante alcance operacional e prolongue a resistência da unidade.Atoleiros 31 Página 17 de 108

Parte I – Missões no ExteriorCrowd and Riot ControlRendições dentro da força.Treino e Evolução 1Sar Inf João Graça “Um Exército pode passar 100 anos sem combater, mas não pode passar 1 dia sem estar preparado” Clausewitz (1780-1831) O Crowd and Riot Control (CRC) constitui-se como entre as suas diferentes subunidades empenhadas nouma das principais tarefas para as quais o KFOR Tactical terreno. A finalidade da rendição pode ser fazer descansarReserve Manoeuvre Battalion (KTM) tem que ser os elementos em 1.ª linha, criar condições para aproficiente. Entre outubro de 2015 e abril de 2016, no evacuação de feridos, colocar a máscara de proteçãoteatro de operações (TO) do Kosovo, o 2º Batalhão de individual BQ ou simplesmente para ajustar equipamento.Infantaria Mecanizado (2ºBIMec) cumpriu a sua última Neste procedimento, o comando e controlo, bem como a\"missão\", e foi como KTM. eficiência e eficácia dessa mesma força, dependem da organização e da coordenação que se consegue incutir. Quer durante o período de aprontamento, quer já Uma força que não consiga coordenar esta tarefa eno TO, o 2ºBIMec sempre reconheceu o CRC como rapidamente organizar-se para manter uma respostaessencial e relevante para o cumprimento da sua missão, capaz face à força opositora, dificilmente estará apta parapelo que durante um período superior a um ano, os manter a integridade e credibilidade na necessáriamilitares foram treinados para executarem as Técnicas, dissuasão desse oponente.Táticas e Procedimentos (TTP) inerentes a esta tipologiade operação. Durante a formação inicial da cadeia de comando e dos militares que desempenharam funções-chave4 na Uma das tarefas críticas para qualquer força que companhia de manobra portuguesa do KTM, foi tomadoesteja a executar uma operação de CRC será a de executar contacto com diversas formas de realizar as rendições,a rendição entre as suas subunidades, sendo que de uma maneira geral todas elas visam mitigarindependentemente do escalão e especialmente se esta o risco para a Força de CRC e para os seus elementos,for realizada sob ações hostis por parte de manifestantes. frequentemente através de uma execução célere que iráAssim sendo, o objetivo deste artigo será apresentar de ainda transmitir uma imagem de organização, treino,forma sucinta aquela que foi a evolução do treino destas credibilidade e prontidão a cumprir o seu intento, deTTP pela companhia de manobra portuguesa (BRAVO Coy) forma a garantir um ambiente seguro e estável e ada KTM e que culminou com o desenvolvimento de uma liberdade de movimentos, sendo estes últimos osforma diferente ao nível da execução. desígnios exigidos pela KFOR.RENDIÇÃO - PARA QUÊ? Qualquer força aquando do cumprimento dediferentes tarefas no âmbito de uma operação de CRCterá que, mais tarde ou mais cedo, com ou sem pressãopor parte de manifestantes hostis, executar a rendição4 Entenda-se por funções-chave aquelas diretamente relacionadas violentos (Shotgun, lança-granadas de gás lacrimogéneo,com a tomada de decisão e emprego de métodos dissuasores mais atiradores de espingarda automática). Atoleiros 31 Página 18 de 108

Parte I – Missões no Exterior que rendem ultrapassam os elementos da frente (fase 2), rápida e organizadamente, assumem a formação emFORMAÇÃO INICIAL - REGIMENTO DE LANCEIROS linha, sendo que o primeiro homem, quer seja à esquerdaN.º 2 (RL2) ou à direita, segue em frente e os restantes conforme passam por este tocam no seu ombro, ocupando a Durante a estadia da 2ªCAt (posteriormente respetiva posição ao seu lado até toda a frente estarBRAVO Coy) do 2ºBIMec no RL2 a fim de frequentar oEstágio de Controlo de Tumultos, foram ministrados aos Fase 1 Fase 2 Fase 3 Método da ultrapassagem dos elementos em 1ª linhaelementos presentes três métodos para a execução de preenchida e com as distâncias corretas (fase 3).rendições, nomeadamente: O método do Carrocel, executado com ou sem  Ultrapassagem dos elementos em 1ª linha pressão forte, acontece quando não existe espaço (ausência de pressão); suficiente entre os elementos em 1.ª linha e a multidão/opositores (Figura 2). Este método permite que  Método do “carrocel” (com pressão); as seções/pelotões sejam rendidos sem nunca pôr em  Rendição “homem-a-homem” (com pressão causa a integridade da 1.ª linha. Na sua execução, à ordem do comandante da força de CRC ou comandante de forte). pelotão, os elementos que rendem os elementos em 1.ª linha posicionam-se à esquerda ou direita dos elementos No método da ultrapassagem dos elementos em que vão ser rendidos, sendo que o 1.º elemento vai1ª linha (Figura 1), executado quando não existe pressão encostar-se ombro com ombro a um dos elementos naspor parte da multidão/opositores ou quando existe uma extremidades da linha da frente (fase 1). À ordem, quandodistância considerada segura (fora do alcance do preparado e ao sinal de coordenação previamentearremesso de inertes) para a sua realização, os elementos treinado, o 1.º elemento começa a empurrar osque rendem, formados “a um” de um dos lados dos elementos em 1.ª linha (fase 2), sendo o seu movimentoelementos em 1ª linha (seja do lado esquerdo ou direito), copiado pelos restantes elementos da força que rende atéà ordem e quando preparados, avançam ao sinal de que toda a linha da frente esteja completa peloscoordenação do comandante da força de CRC oucomandante de pelotão (fase 1). Quando os elementosAtoleiros 31 Página 19 de 108

Parte I – Missões no Exterior Fase 1 Fase 2 Fase 3 Método do “carrocel”elementos que rendem e os elementos rendidos mais à A EVOLUÇÃO DAS RENDIÇÕESretaguarda (fase 3). O efeito surpresa, a agressividade e o ímpeto sempre O método de rendição “homem a homem” é tiveram um papel importante nas TTP de várias forças eutilizado pela Força de CRC quando existe uma pressão aplicabilidade no espectro alargado da tipologia demuito forte por parte da multidão/opositores. É utilizado operações, pelo que se considera a sua preponderâncianestas situações específicas devido ao facto de garantir em tarefas de CRC. Com a experiência adquirida emmaior segurança na rendição dos militares em 1.ª linha, treinos, formação, exercícios com outras forças e pelasapesar de ser um processo mais lento. Assim privilegia-se observações recolhidas, utilizando a metodologia dasa segurança em detrimento da rapidez de todo o lições aprendidas, a BRAVO Coy/KTM, sentiu necessidadeprocedimento. Neste método, à voz do comandante da de se adaptar e adotar novas TTP em relação ao que foiForça de CRC ou do Comandante de Pelotão, os elementos ministrado na formação no RL2, sendo que as rendiçõesque vão render colocam-se à retaguarda dos elementos não foram exceção.em 1.ª linha (Fase 1). O comandante de secção tem umpapel preponderante neste método de rendição, pois é Uma nova forma de efetuar as rendições foiele que vai indicar qual o elemento que vai ser rendido. realizá-la com carga/salto ofensivo, que viria ser adotadaPorque este método é executado elemento a elemento como TTP. Este tipo de rendição utiliza-se quando existe(Fase 2), o método considera-se realizado quando todos uma pressão muito forte por parte dos opositores eos elementos que se encontravam em 1.ª linha são quando se pretende:rendidos, passando para a retaguarda, e quando oselementos que renderam se encontram nas respetivasposições, organizados e à distância definida peloComandante de Secção (Fase 3).Atoleiros 31 Página 20 de 108

Parte I – Missões no Exterior Fase 1 Fase 2 Fase 3 Método de rendição “homem a homem” Render rapidamente os elementos em 1.ª linha; momento (Fase 2), os elementos que vão render Surpreender os opositores, apanhando-os em ultrapassam, através dos espaços, a linha da frente em carga ou salto ofensivo, passando a ocupar a 1.ª linha. Este “desequilíbrio”; método considera-se efetuado quando os elementos que Aliviar a pressão por parte dos opositores junto à rendem se encontram todos na posição de vanguarda da força devidamente organizados e às distâncias definidas 1ª linha. pelos Comandantes (Fase 3).Fase 1Este método é executado à ordem doComandante da Força de CRC ou Comandante de Pelotãoe é utilizado tanto para a rendição entre Secções, comoentre Pelotões (Figura 4). Os elementos que vão serrendidos e que não se encontrem na linha da frente,quando ouvem a voz de coordenação para a sua rendição(ex.”2.º Pelotão prepara-se para ser rendido”), colocam-se em linha com os elementos da linha da frente (Fase 1).Este procedimento é executado para facilitar omovimento dos elementos que vão render até à frente. Oselementos que vão render, à voz de coordenação pararenderem os elementos em 1.ª linha (ex. “3.º Pelotãoprepara para rfernendteer”)c,oalovacnançadmoF-asaseteéà3junretotadgousaredleameenntoossda linha daespaços destes, esperando a voz de coordenação paraexecutar a rendição (ex: “Já”/”Rendição”). NesteAtoleiros 31 Página 21 de 108

Parte I – Missões no Exterior Fase 1 Fase 2 Fase 3 Método de rendição com carga/salto ofensivoCONCLUSÃO  Perda de comando e controlo até que a 1.ª linha esteja organizada e às distâncias definidas.A existência de diversas formas de executar uma rendiçãoconfirma o facto de não existir o método perfeito ou o Todos estes aspetos podem ser suprimidos oumais correto, sendo que a escolha da melhor forma de reduzida a margem de erro, através de treino entre osefetuar este procedimento depende da situação e dos mais diversos escalões e simulando as mais diversasfatores de decisão a esta associados. Assim, dos métodos situações. No entanto, é bastante importante ter emdescritos e de todos os outros que possam existir entre as mente que em todos os métodos, sejam de rendição emmais distintas Forças CRC, o mais adequado será sempre CRC ou outros, em que invariavelmente o elementorelacionado com a situação tática, fatores de decisão e a humano é interveniente, com especial relevância emfilosofia e características intrínsecas da força de CRC. A cenários onde reina a incerteza e a desordem, as TTPrendição com carga/salto ofensivo não é exceção, tendo serão apenas ferramentas nas mãos da Força de CRC.sido identificadas as seguintes vantagens: Esclarecer a situação permanentemente, a capacidade de adaptação (em linha com os fatores de decisão), a  Efeito surpresa; existência de diferentes padrões de atuação previamente  Rendição rápida e eficiente dos elementos em 1.ª treinados, o engenho e argúcia para escolher o método em função da situação, permitirão ter a Força de CRC linha; melhor preparada para a diversidade de situações que  Diminuição rápida da pressão dos opositores; poderá ter que enfrentar em função da missão que lhe foi  Simples execução e coordenação. cometida. Ao nível das desvantagens estão identificadas asseguintes:  Perda do efeito-surpresa após as primeiras execuções;  Risco de elementos isolados caso o ímpeto não seja ajustado à situação;Atoleiros 31 Página 22 de 108

Parte II – Treino Operacional da Brigada MecanizadaBatalhão de Apoio de Serviços naBrigada Mecanizada Um exemplo de racionalizaçao de estruturas A aplicaçao dos princípios da doutrina Logística Operacional no Apoio Logístico Real TCor Inf Hélder Félix Cmdt BApSvc/BrigMecPREÂMBULO integram os recompletamentos e os serviços de moral eEste artigo surge na continuação de outros dois bem-estar necessários e o apoio financeiro.” Destapublicados nas anteriores edições da Revista Atoleiros definição podemos inferir que Unidades e entidades dapretende analisar qual o atual contributo do Batalhão de BrigMec estão unidas pela finalidade de manter oApoio de Serviços na Brigada Mecanizada. Iremos potencial de combate da força para o cumprimento dadebruçar-nos essencialmente em duas linhas de ação: a do missão. O G4 da BrigMec como entidade planeadora deapoio real e a do treino operacional. todas as atividades logísticas da BrigMec. O CMSM, queA FUNÇÃO DE COMBATE APOIO DE SERVIÇOS NA participa na procura e obtenção de abastecimentos (mercado exterior), no apoio de pessoal, nomeadamente,BRIGMEC recompletamentos através do Ajudante Geral e serviçosSegundo a Publicação Doutrinária do Exército (PDE de moral e bem-estar (através da comissão única de bares)3-00) Operações, “A função de combate apoio de serviços e no apoio financeiro. E o BApSvc, que através dovisa a manutenção dopotencial de combate daforça durante o temponecessário ao cumprimentoda sua missão. Inclui alogística que se materializana procura deabastecimentos, incluindo oseu armazenamento,acondicionamento etransporte, a manutenção ereparação do material, oapoio sanitário, a evacuaçãoe tratamento de baixas, oapoio de pessoal que Evacuação de viaturas para a Unidade de Apoio Geral de Material do Exército - UAGMEAtoleiros 31 Página 23 de 108

Parte II – Treino Operacional da Brigada MecanizadaPelReab/CRT transporta, armazena e acondicionamento funcionamento criando desta maneira condições paraos abastecimentos, determinados pela Secretaria de diminuir o tempo entre pedido e satisfação e criarReabastecimento e Transportes (SecrReabTransp). condições de previsibilidade na gestão dos orçamentos.Executa toda a manutenção e reparação do material daBrigMec através da CMan aplicando o Conceito de No que respeita à Classe I a Direcção de Material eManutenção em vigor no Exército e de acordo com as Transportes (DMT) é a entidade responsável por efetuar aindicações da Secretaria de Manutenção (SecrMan) que gestão centralizada da alimentação no Exército. Para otambém executa, a par do CMSM, a procura de efeito, possui uma plataforma informática que estáabastecimentos no exterior. disponibilizada, na Intranet, a todas as U/E/O do Exército, designada por Sistema de Gestão da Alimentação (SGA).O APOIO REAL NA BRIGMEC Anualmente é atribuído um teto orçamental à BrigMec para a Classe I, em função do seu efetivo, que é gerido pelo As Funções Logísticas são um conjunto de Oficial de Reabastecimentos da Brigada através daatividades afins que concorrem para a mesma finalidade. SecrReabTransp.Incluem atividades e/ou procedimentos no âmbito daLogística ao nível estratégico, ao nível operacional e ao A Classe II inclui todos os artigos que fazem partenível tático. Presentemente, na doutrina do Exército do fardamento e do equipamento individual e ainda asPortuguês (PDE 4-46-00 SistLogExer) são consideradas as condecorações e as medalhas militares. O sistema deseguintes: Reabastecimento; Movimentos e Transporte; distribuição dos artigos desta Classe assenta em dois tiposManutenção; Apoio Sanitário; Infraestruturas; Aquisição, de fornecimento: fornecimento coletivo e fornecimentoContratação e Alienação; e Serviços. individual. Neste momento, no BApSvc/BrigMec, foi criado um local (depósito) gerido pela SecrReabTransp para Na BrigMec o BApSvc executa a maioria destas equipar os militares na modalidade de fornecimentoFunções Logísticas, com exceção do Apoio Sanitário; coletivo e lançamento em SIGDN dos respetivos. EsteInfraestruturas e Alienação. depósito serve ainda para efetuar os espólios dos militares que terminam o seu vínculo contratual ao Exército e aA SecrReabTransp, a SecrMan e a Secção de desmobilização das FND. O fornecimento individual é efetuado no LVF de Santa Margarida.Munições (SecMun) pertencem à estrutura orgânica do O reabastecimento da Classe III numa BrigadaBApSvc fazendo dos respetivos chefes de secção oficiais Mecanizada é sem dúvida um ponto fundamental. Na BrigMec é efetuado pelo pelotão de CombLub da CRT.do estado-maior do BApSvc e concomitantemente do Uma vez que a estrutura do BApSvc é completada comestado-maior técnico do comando da BrigMec. Razão pelaqual assumem a denominação de Oficial deReabastecimentos, Oficial de Manutenção e Oficial deMunições da Brigada. Resumidamente as missões destesórgãos é determinarnecessidades dereabastecimentos, controlarníveis, supervisar a execuçãodos planos dereabastecimento emanutenção e aconselhar ocomandante do BapSvc e daBrigMec em assuntos da suaárea de intervenção. Para o apoio real da Operação de Refuel On Movement – ROM, ao Grupo de Autometralhadoras. Exercício Orion 16BrigMec foram criados no Página 24 de 108BApSvc depósitos para asClasses I (R/C, Cl I W para osplanos da BrigMec), Classe II,III, IV e VI estabelecidos níveispara 3 meses de Atoleiros 31

Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizadacomponentes da CReabSvc/ES e da CTransp/RTRansp, em sobressalentes necessários para o Nível I e II deQO este pelotão conta apenas com 3 praças em manutenção dos sistemas e equipamentos orgânicos daspermanência para o apoio em combustíveis (embalados e Unidades da Brigada. Perante pedidos de sobressalentes oa granel) e lubrificantes foi necessário readapta-lo de PelReab fornece o que tiver em armazém e requisita àmodo a que pudesse gerir, conservar e operar os 05 (cinco) DMT os sobressalentes que não possuir.locais de reabastecimento de combustíveis a granelpassíveis de utilização na Brigada. Adicionalmente a Como podemos observar o BApSvc é o grandegestão de depósito dos combustíveis embalados e dos executor do reabastecimento na BrigMec. Todavia,lubrificantes a par da manutenção de uma capacidade de desenvolve ainda uma outra função logística, aviaturas de reabastecimento/transporte de combustíveis manutenção, que na verdade é grande parte do seu atualcredível, mostraram a insuficiência da estrutura prevista core business. O conceito de manutenção, aprovado pelono QO. No final de 2016, o Exército sentiu a necessidade despacho nº 225/CEME/2011, considera três níveis parade proceder a uma redistribuição de combustível entre as manter os equipamentos e sistemas de armas: Nível I – Novas infraestruturas oficinais do BApSvc – retirar o motor do CC Leopard 2 A6suas Unidades. O BApSvc/BrigMec por intermédio da CRT Manutenção Unidade; Nível II – Manutenção Intermédia;deu corpo a essa missão reabastecendo com os seus meios Nível III – Manutenção de Base ou Depósito. Para além doorgânicos varias Unidades do Exército colocando, por Nível I executado às viaturas da própria Unidade, aocasião do dia do Exército, 18 mil litros de gasóleo na CMan/BApsvc gere e executa a manutenção de Nível II aregião de ELVAS e ESTREMOZ, 16 mil litros no Regimento toda a frota de viaturas de rodas e de lagartas da BrigMec,de Transportes, 15 mil litros para o Comando da Brigada mais de 600 viaturas. Destas destacam-se os denominadosde Reação Rápida e Regimento de Paraquedistas. Planeou Sistemas de Armas Complexos (SAC). Os SAC apresentame executou ainda o reabastecimento, no SPOD de Setúbal, características que obrigam a um tratamento maisàs viaturas que regressaram em plataformas marítimas da cuidado, quer pela sua exigência ao nível da formação dosLituânia. O BApSvc dispõe atualmente de 05 viaturas M49 intervenientes na sua utilização, como na respetiva(4500 litros de capacidade) e 2 atrelados M969 com manutenção, mas também devido ao elevado custo da suacapacidade para 18 mil litros cada. manutenção ao longo do ciclo de vida. Na BrigMec o SAC por excelência é o CC LEOPARD 2A 6. Na Classe IX a CMan, com o seu PelReab garante agestão da LNA de sobressalentes e o fornecimento deAtoleiros 31 Página 25 de 108

Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada O CC LEOPARD sendo um SAC e bastante evoluído, das FApGeral outra mais vocacionada para a formação,possui equipamentos de elevada tecnologia, incorporando dependem ainda de Comandos diferentes (CFT e CmdPes).uma significativa componente eletrónica, e sistemasópticos e optrónicos bastante recentes. Assim, facilmente Estas Unidades, tal como o BApSvc, nãose conclui que é necessário manter os militares que desempenham, na sua maioria das vezes, tarefas de carizefetuam a sua manutenção (Mecânicos de Casco, operacional e quando empregues raramente o são comoMecânicos de Torre e Soldadores Especiais) com a unidades constituídas. Isto acontece por dois fatoresrespetiva formação específica, de alto nível. Neste essenciais: o apoio real que estas Unidades fornecemsentido, e decorrente da elevada tecnicidade e custos de continuamente; a falta de efetivos e materiais para queformação associados, os mecânicos de Torre, Casco e estejam efetivamente operacionais. Desta forma, quandoSoldadura que se encontram colocados no BApSvc da empregues como um todo, normalmente uma vez por anoBrigMec, são o garante do sucesso do programa e da no decorrer do exercício da série ORION torna-se difícilformação de novos técnicos, garantindo desta forma que treinar e atingir proficiência operacional. Esta bivalênciaos conhecimentos adquiridos em ambiente de trabalho se das Unidades de Apoio de Serviços (apoio real e treinotraduzam em um “saber fazer”. Adicionalmente, o BApSvc operacional) só poderá ser vencida se o único BApSvc doao abrigo do conceito de manutenção, coloca em Exército possuir uma estrutura organizacional completa ediligência em todas as Unidades da BrigMec, militares de os processos logísticos do dia-a-dia forem o mais próximoMaterial para orientar/executar a manutenção de Nível I e dos utilizados em situação de campanha. Caso contrário,providenciar a evacuação dos materiais para a como comprova a experiência adquirida no exercício demanutenção de Nível II. A aplicação deste conceito revela alta visibilidade da NATO –TRJE 15 e no ORION 16, aa importância da CMan/BApSvc na operacionalidade de dicotomia apoio real versus treino operacional permanecetodos os equipamentos da BrigMec. por ultrapassar. Infere-se, assim, que a utilização da metodologia da modularidade e de módulos naO TREINO OPERACIONAL construção das unidades de apoio de serviços condiciona Na doutrina de referênciaos batalhões de apoio deserviços das Brigadas possuemuma orgânica completadimensionada para a unidade deque fazem parte. Na nossaadaptação o BApSvc (modular)não permite dispor empermanência de todas asvalências necessárias para ocumprimento da missão o quelevanta sérios problemas aocomando, principalmente, noque diz respeito ao treinooperacional.Esta construção modulardo BApSvc (utilização dametodologia da modularidade e BApSvc no planeamento durante o Exercício CPX Dragão 162de módulos) para organizar assuas subunidades, completado por componentes da o treino operacional colocando-as muito aquém dasCReabSvc/ES e da CTransp/RTransp, incorpora sérias unidades de combate e de apoio de combate.dificuldades ao treino operacional. Nesta conceção oBApSvc recebe das FApGeral 01 oficial, 25 sargentos, 106 Na nossa opinião o facto de a BrigMec se constituirpraças e 70 viaturas. Adicionalmente pode ainda receber na grande escola das armas combinadas, usufruindo de01 pelotão de Serviços de Campanha. Estas Unidades, uma características únicas como a proximidade geográfica eAtoleiros 31 Página 26 de 108

Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada tipologia das suas unidades (combate, apoio de combate e apoio de serviços) é provavelmente a solução maisinteressantes para a concentração de meios de Apoio de Serviços (no BApSvc) e desta forma concretizar-se o treinooperacional.CONCLUSÕES O BApSvc é a Unidade por excelência do Apoio de Serviços na BrigMec. Executa todas as tarefas dereabastecimento, de transportes e de manutenção da Brigada, sendo, portanto, uma peça essencial no funcionamentodesta Grande Unidade do Exército. Por vicissitudes várias é neste momento a única que tem uma estrutura organizacionalcapaz de responder ás missões do Apoio de Serviço. Uma possível concentração de meios de Apoio de Serviços, criando uma estrutura organizacional mais completaque rentabilize o apoio à BrigMec, mas permita efetivamente a realização de treino operacional, podendo desta forma,preparar o Apoio de Serviços para responder eficazmente em situações de campanha é em nossa opinião o desafio defuturo desta Unidade. Curso de viatura Recover M816 ministrado no BApSvc Página 27 de 108Atoleiros 31

Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada“Experiência de um Operacionalde Cavalaria em 2016” Alf Cav Barbosa da Silva Cmdt de PelCC Durante o ano de 2016 tive a Após esta experiência, seguiu-se a primeira saídaoportunidade de ser Comandante de para operações no terreno enquanto PelCC isolado, paraPelotão (Pel) de Carros de Combate (CC) efetuarmos o exercício “FENIX 161”, no final de janeiro,Leopard 2A6, e este artigo será o cujo objetivo passou pelo treino de técnicas deresultado de uma descrição sumária do movimento8, formações de combate9, ações ao contacto10trabalho efetuado no decorrer desse ano. e procedimentos para entrada em zona de reunião (ZRn)11. Das várias atividades realizadaspelo 2ºEsquadrão de Carros de Combate Em fevereiro, participei no “LINCE 161 (LEODUR)”,(2ECC) no 1º e 2º semestre do ano de exercício de escalão Agrupamento, no qual o meu PelCC2016, o meu PelCC participou na maioria fez parte do SubAgrupamento Bravo que estava inseridodas atividades operacionais, sendo que no Agrupamento Mecanizado. Este exercício teve comoneste artigo vou-me resumir apenas aos principal objetivo a execução de operações conjuntasexercícios em que os CC Leopard 2A6 entre CC Leopard 2A6 e viaturas PANDUR, no sentido deestiveram empenhados e à preparação necessária para se se mitigarem vulnerabilidades existentes naconseguir atingir a proficiência técnica, tática, dos interoperabilidade entre as forças equipadas com estesprocedimentos (TTP´s) e física dos meus militares, quer a meios.nível individual como Condutores (Cond), Apontadores(Ap), Municiadores (Mun) e Chefes de CC (Chf CC), quer anível coletivo quanto aos desempenhos como Guarnição5,posteriormente como Secção6 CC e por fim como PelCC7. O ano iniciou-se com um exercício vocacionadopara os comandantes de subunidades, designado de“Comand Post Exercise” (CPX) na Academia Militar com ointuito de se poder utilizar o “Computer Assisted Exercise”(CAX) do Laboratório de Simulação Tática (LabSimTat).Através do recurso a um jogo comercial (TacOps 4.0),conduzi informaticamente exercícios que materializam aexecução de operações planeadas, colocando em práticaprocedimentos radiotelefónicos, ordens parcelares,relatórios táticos e pedidos de apoio de fogos.5 Composto por Cond, Ap, Mun e Chf CC, todos eles 9 Coluna, Coluna Dobrada, Cunha, Escalão pela Direita oudesignados também de “carristas”; Esquerda e em Linha;6 Composto por 2 CC, ou seja, 2 Guarnições; 10 Procedimentos para reagir a tiro direto de armas ligeiras ou7 Composto por 4 CC, ou seja, 4 Guarnições, totalizando 16 anti-CC, reagir a tiro indireto e reagir a ataque aéreo de asa fixahomens por Pelotão; e de asa móvel;8 Progressão Contínua, marcha sobreapoiada e por lanços com 11 Treino de entrada e saída de ZRn, estabelecer ligação filar,sobreapoio; montagem de postos de observação e elaboração de plano de fogos de pelotão; Atoleiros 31 Página 28 de 108

Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada No que concerne a atividades do meu Pelotão, as TTP´s do meu PelCC e ainda efetuar um “Live Fireenalteço o facto de termos executado pela primeira vez Exercise” (LFX) onde demonstramos as nossasplaneamento tático ao nível de Pelotão, onde capacidades ao Curso de Promoção a Oficiais Generais.completamos, entre outras coisas, manobras de apoiopelo fogo 12 em simultâneo com um Pel PANDUR, O exercício que se seguiu foi em maio, designadomovimento este integrado numa manobra do de “LINCE 162 (LEODUR)”, este foi um exercício contíguoAgrupamento. ao “LINCE 161”, onde podemos efetuar mais um LFX, dando a oportunidade ao meu pelotão de praticar tiro Seguindo-se o exercício “REAL THAW 16” que se aos alvos com 100% de eficácia.realizou entre o final de Fevereiro e Março, tratou-se deum exercício organizado pela Força Área Portuguesa onde O ponto alto do 1º Semestre culminou com ative oportunidade de realizar missões diurnas e noturnas, participação no maior exercício do Exército, o “ORIONjuntamente com 3500 militares onde foi possível trocar 16”, realizado em junho, no qual tive mais umaexperiências com militares estrangeiros, comunicar em oportunidade de participar num exercício em formatoinglês e, ainda, efetuar o planeamento de ações LFX. De entre outros militares estrangeiros queconjuntas, nomeadamente, apoiar pelo fogo, conquistar participaram neste exercício, destaco os elementos daobjetivos, efetuar uma passagem de linha com forças Brigada de Infanteria Mecanizada “Extremadura” XI, deamigas 13 e ainda procedimentos para abertura de Espanha, uma vez que me foi possível trocar ideias ebrecha14. verificar as diferenças que existem no Leopard 2A6 versão espanhola, nomeadamente testar o ar No mês de abril, participei no “FENIX 162”, condicionado destes sistemas de armas que em muitoexercício no âmbito do 2ECC, onde foi possível melhorar contribui para a diminuição dos problemas eletrónicos da torre do CC Leopard 2A6, devido às altas temperaturas que se fazem sentir no seu interior. No final do mês de outubro, participei no “LINCE 163” que teve como objetivo o nivelamento dos novos elementos das guarnições do meu PelCC, contribuindo para a sua proficiência técnica como Condutores, Apontadores e Municiadores. O resultado deste nivelamento foi colocado em prática no exercício de novembro “LINCE 164”, no qual realizámos um novo LFX com grau de dificuldade mais elevado, uma vez que o tiro foi praticado em movimento. No decorrer desta operação, fomos acompanhados por uma equipa da TVI, que efetuou o registo e elaborou uma reportagem sobre a nossa atividade. A sua presença contribuiu em grande escala para o moral da minha força (ver fig 3), que terminou o exercício com sentimento de dever cumprido e prestígio para estes soldados que operam este moderno sistema de armas. O ano terminou com a participação, em dezembro, ao apoio na formação em Tática de CC do Tirocínio Para Oficiais de Cavalaria (TPO Cav) e para o Curso de Formação de Sargentos de Cavalaria (CFS Cav) do quadro12 Consiste na aproximação, sem ser detetado, a uma localização 14 Trata-se da aplicação combinada de técnicas e equipamentoque permite ter vantagem sobre um objetivo, com o intuito de o para “projetar” o potencial de combate duma força para o “ladodestruir pelo fogo para que seja conquistado por forças amigas. de lá” de um obstáculo (ex: campo minas), mantendo o ímpeto13 Consiste na ligação no terreno com força amiga onde se na condução das operações.trocam informações sobre o terreno e força opositora. Página 29 de 108 Atoleiros 31

Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizadapermanente. Para se efetuar estas atividades avanço tecnológico que representa, contribuindo aindaoperacionais foram passados praticamente 71 dias em mais para as suas capacidades de mobilidade, poder deoperações no terreno com os Leopard 2A6, onde o meu fogo, proteção e sobrevivência que foramPelotão se movimentou por exercício uma média de 50 substancialmente melhoradas.Km, percorrendo durante o ano de 2016 um total de 500Km por cada CC e, para que isto fosse possível, foram Para se atingir a proficiência técnica, tática e dosconsumidos em média, por exercício, cerca de 300 litros procedimentos nos exercícios anteriormente descritos, foide combustível por cada CC. necessário desenvolver em quartel um conjunto de tarefas durante o período que intervalava cada um dos Apesar de parecer uma quantidade elevada de exercícios. Deste modo, as nossas atividades diáriasconsumos, podemos facilmente refutar essa ideia, uma passaram pela execução de treino físico18, tiro de pistolavez que se compararmos um CC Leopard 2A6 que veio Walter e de espingarda automática G3, provaspara Portugal em 2008, cujo peso é aproximadamente 60 topográficas, treino de técnica de CC e, por fim, mas nãotoneladas (ton) e os consumos em todo o terreno (TT) menos importante, a execução da manutenção derondam os 530 l aos 100km15, com uma viatura TT civil, 1ºEscalão a cada um dos CC.por exemplo, um Nissan Navara 3.0 de 201016, cujo pesoTroca de almofadas do trilho no Exercício ORION16é de 1,9 ton e o consumo real em TT ronda os 15 litros aos Assim, o Leopard 2A6 à semelhança de um F16 da100km, podemos verificar que em proporção Força Área, tem uma manutenção extensiva, tem umapeso/consumo 17 o CC Leopard 2A6 com 1 litro de elevada componente eletrónica e requer manutençãocombustível movimenta ± 115 quilos enquanto a Nissan técnica especializada. Neste sentido, quando não éNavara com a mesma quantidade de combustível possível a guarnição resolver uma determinada avaria demovimenta ±125 quilos, ficando assim demonstrado o 1ºEscalão, esta é reportada a quem faz uma manutenção superior, a chamada manutenção de 2º e 3º Escalão, que15 Em exercício movimenta-se sempre em terreno sinuoso; 18 Desportos Coletivos, Treino em Circuito, Ginástica de16 Segundo o website: Aplicação Militar e Corrida Continua;http://www.thecaryoudrive.com/pt/149968ed4517 Leopard 2A6 em TT 60ton ÷ 530 L = ± 115 kl/L ≠ Nissan Página 30 de 108Navara 3.0 2010 em TT 1,9 ton ÷15 L = ±125 kl/L Atoleiros 31

Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizadaé feita pelos técnicos de manutenção do Batalhão de uma Lista de Verificação de Serviço de ManutençãoApoio de Serviços (BApSvc). Preventiva (LVSMP) que é feita, se possível, mensalmente.Deste modo, para que se tenha uma melhor noção do que O tempo demonstrado é apenas indicativo, variaconsiste a manutenção do Leopard 2A6 (ver fig.4) elaborei consoante a experiência da guarnição. Ainda assim, éuma tabela na qual se indica o tempo (normal) que cada necessário reforçar que estes tempos são executados jáguarnição ou o Pel demora a efetuar determinada tarefa. com o material à nossa disposição, ou seja, torna-seÉ de salientar que se tratam das mais frequentes e não relevante adicionar o tempo de preparação, organizaçãoconstam nesta listagem todas elas, pois para isso existe e coordenação do material para cada tarefa. Tarefa Tempo Quantidade Implicações-Trocar Roda de Apoio. 30 min 1 Guarnição-Abrir Trilho. 25 min 1 Guarnição -Retirar placas de blindagem, tirar tensão ao trilho e retirar parafusos dos elos.-Unir Trilho. 45 min 1 Guarnição -Unir com macacos de trilho, dar tensão ao trilho e colocar-Trocar 2 Rodas Coroa. 2,5 h 1 Guarnição placas de blindagem.-Trocar Almofadas Trilho. 4,5 h 2 Guarnição-Verificar óleo do motor e 10 min 1 Condutor -Abrir trilho e unir trilho. -1 Guarnição por trilho. da transmissão do CC. 15 min 1 Guarnição -Se necessário faz-se atesto.-Verificar Óleo das 1h 1 Guarnição -Deverá ser feito com auxílio de uma almotolia pelo local. transmissões finais. 40 min 1 Guarnição- Palamentar CC. 1 Guarnição -Limpeza, olear, arrumar, reportar danos.- Atestar 1 CC. 1h- Limpeza e Verificação do 1 Guarnição -Limpeza, olear, arrumar, reportar danos. 1,5 h estado de Palamentas. 1 Guarnição -Limpeza geral exterior, faróis e ganchos de reboque oleados;-Limpeza do Armamento 1 -Aspirar e lavar chão do Cond, Ap, Mun e Chf CC; -Lavar semana Coletivo e Individual. paredes interiores do CC; -Retirar e limpar 10 periscópios;-Limpeza de 1 Carro pronto -Limpar cofres, borrachas vedantes. para revista. -Levantar tampa do motor.-Testes ao RPP. 3h 1 Guarnição -Limpeza do extrator de Gases.-Limpeza filtros do motor. 2,5 h 1 Guarnição -Verificações gerais e confirmação do relatório de situação da-Limpeza Cano L55 depois 1,5 h 1 Guarnição viatura (SitVit).de tiro. 2 dias Testes indispensáveis:-Limpeza L55 antes de tiro 1,5 h 1 Guarnição - Ao travão de serviço, de parque; desparqueamento de- Entregar CC ao BApSvç. 1h 1 Guarnição emergência; extinção de incêndios; teste mínimo; which- Levantar CC ao BApSvç. 2 h 1 Guarnição whashes e escovas do casco e torre; teste selagem do motor. -Teste a torre nos 3 modos de funcionamento: Turm Aus, Beobacken e Stabein, fazer 360º, máx elevação e depressão. -Verificações: Óleos e generalidades (cavilhas, molas, macaco da tampa do motor, extintores, bancos, manobrador culatra, entre outros); - Resolução dos problemas presentes no SitVit. Por outro lado, poderá existir outro fator que completa, uma vez que existem atividades de escala decontribui para o aumento de tempo na realização das serviço que têm de ser cumpridas e ainda as tarefas dotarefas, dado que nem sempre a guarnição se encontra quotidiano da unidade como a preparação e execução das Atoleiros 31 Página 31 de 108

Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizadacerimónias do dia da Brigada Mecanizada, dia da estão associados ao seguimento e aquisição de alvosCavalaria, do dia do Quartel da Cavalaria (QCav), entre através dos aparelhos de pontaria do CC.outras. O VTE (ver fig.6) trata-se de um equipamento de Durante o ano de 2016 o treino da técnica de CC treino, com uma viatura, que funciona como “central”, eLeopard 2A6 foi executado sempre que nos um conjunto de camaras e sensores que permite aencontrávamos em quartel. Este tipo de treino consistiu observação na “central” do que se vê pelos aparelhos deno uso da torre de instrução, nas idas aos alvos de pontaria de cada CC, bem como o “controlo” da torre dosseguimento, no uso do vídeo training equipment (VTE) e CC do PelCC. Este permite a monitorização e avaliação dosnas instruções teóricas e praticas dadas por mim, no exercícios de fogo real ou treino sem munições, comâmbito da tática de CC e da técnica do seu uso. diferentes tipos de alvos (veículos blindados ou não blindados) e, ainda, obter uma panorâmica geral do A Torre de Instrução (ver fig.5) possibilitou o exercício e uma visão completa dos procedimentostreino monitorizado e a avaliação de todos os necessários à guarnição para se efetuar tiro. Foi sempreprocedimentos dos elementos do compartimento de uma mais-valia a utilização deste equipamento, uma vezcombate, desde o nível das tarefas individuais do Chf CC, que nos apresenta em tempo real o feedback deAp e Mun até ao nível de execução enquanto guarnição. potenciais erros humanos por parte da guarnição,De salientar que este simulador se trata de uma réplica permitindo que estes sejam corrigidos, contribuindoexata da torre do CC Leopard 2A6 e de todos os seus assim para a proficiência de cada um dos elementos dacomponentes, o que permite treinar procedimentos como guarnição.o municiar, adquirir alvos, passar alvos entre Chf CC e Ape, ainda, resolver eventuais falhas que possam ocorrer No que concerne às instruções teóricas e práticasnum LFX. no âmbito da tática de CC e da técnica do seu uso, tive No que concerne ao treino da proficiência técnicaespecífica do Ap e Chf CC, este foi também executado nos Torre de Instrução Página 32 de 108alvos de seguimento que se encontram numa parede doQCav, sendo as suas mais-valias a monitorização e treino,de forma económica, de todos os procedimentos que Atoleiros 31

Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizadacomo base a Norma deExecução Permanentedo Pelotão Leopard 2A6e no Manual de InstruçãoColetiva de unidades deCC. O procedimentopassava por se darprimeiro instruçãoteórica em sala,confirmando ainformação transmitidacom testes avaliativos e,de seguida, treino nocampo de futebol doQCav com o materialnecessário. A título deexemplo, foramministradas instruções Video Training Equipment - VTEsobre técnicas de movimento, ações ao contacto, Cavalaria, se forem bem formados e informados, possamformações, utilização do código de bandeiras, entre ter mais possibilidades de fazerem parte das nossasoutras. guarnições de CC, uma vez que existe interesse e orgulho O sentimento que resulta de todas estas em saber a resposta ao lema do nosso Quartel daatividades neste ano de 2016, como Oficial Operacional de Cavalaria.Cavalaria, é o de que foi um ano intenso e de grande .experiência, mas necessário para singrar no futuro. Façovotos para que, em breve, os nossos SOLDADOS deAtoleiros 31 Página 33 de 108

Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada“Abraçar a Missão”Aplicação da Doutrina no TreinoOperacional, experiência naprimeira pessoa \"Todo começo é involuntário.Deus é o agente.O herói a si assiste, várioE inconsciente.À espada em tuas mãos achadaTeu olhar desce.«Que farei eu com esta espada?»Ergueste-a, e fez-se. \"Fernando Pessoa Alf Cav Daniel Valério Cmdt 2PelRec/ERec/BrigMec Quando no dia 5 de outubro de 2016, recebi nas por um excelente Sargento, que me transmitiu umaminhas mãos o Sabre, senti a felicidade de ter conquistado perspetiva e experiência diferente, fez-me crescer euma das maiores honras das Forças Armadas Portuguesas, começar a perceber a importância do trabalho em equipa,ser Oficial do Exército Português. Após 5 anos de formação para levar a “Carta a Garcia”.tinha atingido o meu objetivo e ia lançar-me agora nodesafio para qual o Exército me tinha preparado, Servir. Quando em 25 de janeiro regressei ao QCav fuiServir o meu dever de Soldado, comandando homens na colocado no Esquadrão de Reconhecimento (ERec). FuiUnidade onde sempre quis estar, no Quartel de Cavalaria recebido por um conjunto de homens e mulheres queem Santa Margarida, onde o meu avô tinha sido condutor vivem e respiram a história da Unidade que os acolheu ede Carro de Combate M47. formou como Soldados de Cavalaria. Imbuído do espírito que nos é transmitido nos bancos da escola, o meu Ao chegar fui logo incumbido de uma das Comandante de Esquadrão recebeu-me segundo os ideaisprimordiais missões do Exército, a Formação. Para um do Comando-Missão. Deu-me as ferramentas e a suajovem e inexperiente Alferes que, não teve oportunidade disponibilidade, mas, exigiu-me que cumprisse a missão.durante o Tirocínio de ministrar formação, é uma Que levasse o 2º PelRec ao cumprimento da missão, ser osexperiência única e fantástica ter a possibilidade de formar olhos e ouvidos da Brigada, garantir a segurança e alertanovos militares e sentir a responsabilidade dos futuros oportuno. As dificuldades de receber tão nobre missãomilitares do Exército nas minhas mãos. Mas, sobretudo a são inerentes. Perceber e rentabilizar tão enormehipótese de moldar, ensinar e enquadrar jovens que se conjunto de capacidades e homens não é tarefa fácil. Adedicaram “ao mais nobre serviço”, o serviço à Nação. combinação de Atiradores, Exploração e Carros deAliado a esse fator foi a possibilidade de trabalhar pela Combate garante a possibilidade de variadas soluçõesprimeira vez com a classe de Sargentos. É, sem dúvida, para qualquer situação tática. A capacidade de combateruma das dificuldades iniciais que um jovem oficial sente, pela informação é uma caraterística distintiva docomo lidar e adequar a equipa de formação para atingir oobjetivo que nos foi imposto, de formar os futurossoldados do Exército Português. Ter a sorte de ser apoiadoAtoleiros 31 Página 34 de 105

Parte II – Treino Operacional da Brigada MecanizadaERec/BrigMec 19 e garante flexibilidade num Ambiente Pelotão, com a montagem e operação dos PO’s, definiçãoOperacional difuso. Com as diferentes Ameaças que, na das posições das viaturas (espera, posição tiro principal eatualidade as nossas forças e os nossos aliados enfrentam, alternativa) bem como a transmissão de acontecimentoster no mesmo Pelotão o músculo da blindagem, mas no Setor a Vigiar.também atiradores que se podem ligar e apoiar apopulação possibilita ao ERec/BrigMec a flexibilidade para A condição de ter pessoal novo, aliada às saídas dese adaptar e cumprir missões em todo o Espetro das elementos experientes, obrigaram-me a centrar oOperações. Exercício no básico de forma a evoluir para o complexo. Garantir que todos tenham a perceção do que faz o Assumi o comando do 2.º PelRec e dei início ao Pelotão e de cada um interiorizar quais as suas tarefasplaneamento do Exercício de Pelotão, que viria a ser individuais é o ponto de partida para todos os militaresexecutado daí a duas semanas. O “Águia 171” foi o meu integrarem as fileiras de uma Unidade deprimeiro Exercício como Comandante de Pelotão e foi Reconhecimento.vocacionado para o treino de Secção. Integrei esse mesmotreino segundo a lógica de operações do Pelotão, No final do exercício recordei as palavras, aindaespecificamente Reconhecimento de Itinerário, de Área e fresca,s que o meu diretor de curso nos dirigiu quando seVigilância. Privilegiei a instrução, o executar das tarefas, o despediu de nós, “Nunca irão esquecer a primeira vez queAAR20 e a posterior repetição segundo o racional de que é saírem com o vosso PelCC, PelRec ou força da PE”, e é issomais importante cimentar o mais básico para depois que sinto. Recordo, na escola de guarnição, as carasevoluir a partir daí. nervosas de muitos que saíram pela primeira vez com o Pelotão neste exercício a contrastar com as caras batidas No reconhecimento de itinerário, a minha Secção de tantos outros, e recordo a adrenalina que senti quandode Atiradores (SecAt) desenvolveu e treinou as Técnicas, gritei, ainda não-crente no potencial que tenho aTáticas e Procedimentos (TTP) específicas, sendo explicada possibilidade de comandar, “A Cavaloooo” e 29 soldadosa razão e a lógica segundo a qual este reconhecimento é e 5 sargentos correram para montar nas 8 viaturas dofeito. Foram também treinadas as diferentes formas de Pelotão. Ver as caras timbradas de verde e castanho, ouvirtrabalhar mediante diferentes tipos de contato e como o ressoar dos motores, colocar o CREW VEHICLEvaria este reconhecimento no caso de se privilegiar a COMMUNICATION (CVC) e arrancar do Quartel são coisassegurança ou a velocidade. que ficaram na minha memória. Por outro lado, a minha Secção de Exploração Tenho agora presentes as dificuldades do nosso(SecExpl) reconhecia Pontos Dominantes/Críticos para Exército a nível de falta de pessoal. No entanto, a vontadegarantir segurança à força que se deslocava e reconhecia de cumprir mantém-nos firmes e com capacidade de gritaro Itinerário. Também a SecExpl treinou segundo o racional PRONTO quando chamados a servir em prol de Portugal,de privilegiar a segurança ou velocidade. Quando mas a custo do suor e sacrifício dos homens que todos osprivilegiamos a segurança, a articulação dos atiradores dias de manhã se olham ao espelho e colocam a sua realapeados com a viatura que lhes confere apoio é essencial, pele, o seu uniforme. Porque é dessa fibra que são feitosmas permite-nos aproximar de um ponto, de forma a os homens e mulheres das nossas fileiras, de sacrifícios, dereconhecê-lo com mais detalhe e garante maior noites mal dormidas, de dias duros, mas com o sentimentopossibilidade de as viaturas não se empenharem de missão cumprida que lhes aquece a alma nas horasimediatamente. Por outro lado, quando privilegiamos a mais difíceis.velocidade o reconhecimento é montado, o que garanterapidez, mas deixa-nos mais expostos a uma possível Vivo por outro lado a necessidade de aplicar aemboscada. A Linha de Vigilância foi uma operação de filosofia do “Aufragstaktik”21, de providenciar confiança19“O Reconhecimento no futuro vai certamente exigir combate. rápido que a Ameaça. Isto vai ser a chave da vitória no campoNo fim de tudo, alguém tem de ir à frente para o desconhecido e de batalha do futuro” (Taylor, 2005, p. 65)fazer o contato com o inimigo. Se esse elemento tiver o poder decombate para sobreviver ao contato e a flexibilidade para reagir, 20After Action Review – Revisão Pós-Açãoos comandantes táticos podem manter a vantagem e 21“A aderência a este princípio garante que soldados individuaiscompreender o inimigo com base nas suas ações e reagir mais e líderes a todos os níveis são treinados e educados no espírito Atoleiros 31 e no nível de entendimento que permita confiança mútua nas Página 35 de 108

Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizadanos subordinados para cumprirem a missão, mediante a a quem a procura” e que todos os dias acordo com ainiciativa deles e tendo como “balizas” a missão e a vontade de “Merecer o nome de Soldado”.intenção do Comandante. Quando o Pelotão irradia, osolhos que trabalham não são os meus, mas os dos meus BIBLIOGRAFIASoldados, a missão cumpre-se não à minha voz, masbaseada na garantia que tarefa dada é para ser cumprida. Sonnenberger, M. (2013). Initiative within the PhilosophyEsta necessidade de confiar nos subordinados exige um of Aufragstaktik: Determining Factors of theespírito diferente a um Soldado do reconhecimento. Ele Understanding of Initiative in the German Army, 1806-não cumpre porque é “obrigado”, ele cumpre porque 1955. Munique: US Army Command and General Staffsente a necessidade de cumprir inerente à sua condição. College Press. Tendo tudo isto em mente, abraço a minha Taylor, C. (2005). The transformation of thepresente missão com a certeza que “A Vitória não escapa reconnaissance: Who will fight for information on the future battlefield? Fort Leavenworth: Command and General Staff College Press.habilidades de todos os militares. Também permite que esses Página 36 de 108soldados procurem, identifiquem e explorem oportunidadespara ganhar e manter a iniciativa.” (Sonnenberger, 2013, p. 69) Atoleiros 31

Parte II – Treino Operacional da Brigada MecanizadaGuerra Híbrida – O Desafio doTreino Operacional face às NovasTendências do Combate “We will ensure that NATO is able to effectively address the specific challenges posed by hybrid warfare threats, where a wide range of overt and covert military, paramilitary, and civilian measures are employed in a highly integrated design.\" in NATO Wales Summit Declaration (2014)INTRODUÇÃO Conclusões. Para a sua elaboração “inspirámos” inicialmente a nossa consulta no artigo escrito por Hugo Responder com eficácia aos reptos que o Fernandes intitulado “As novas Guerras: O Desafio daambiente operacional, em especial as novas Guerra Híbrida” - (Fernandes, 2016), após o que, numacaraterísticas da conflitualidade, constitui desafio vertente mais prática, socorremo-nos do artigo da Thepermanente para todos os que encontram investidos da Potomac Foundation, intitulado de “Lessons Learnedresponsabilidade de comando aos vários escalões. Exige- from the Russo – Ukrainian war, Personal Observations,se que estejam preparados técnica e taticamente, que escrito por Philip A. Karber (A.Karber, 2015), e que nostenham uma atitude proactiva, iniciativa e uma permitiu identicar um conjunto de lições aprendidas.preocupação constante para, em linha com asorientações superiores, conduzirem o treino operacional No final pretendemos conhecer melhor esta formade forma a garantirem que as unidades por si de ameaça, compreender a evolução da tipologia dacomandadas preparadas para cumprir as missões que conflitualidade e apontar linhas para adaptarmos o nossolhes estão, ou poderão estar atribuídas. Tal exige, treino operacional.também, a necessária humildade para revisitarprocessos, retirar ensinamentos e encontrar novas e TREINO OPERACIONALmelhores abordagens que visem a obtenção de ummelhor produto operacional. O treino que desenvolvemos assenta em cinco vetores principais que devem ser observados de forma No presente artigo propomo-nos, com base na sistémica e complementada. São eles, o Treino integradonossa experiência pessoal, e também numa breve das Táticas, Técnicas e Procedimentos (TTP), inspiradosapresentação de estudo de caso relacionado com o no combate convencional “maneuverista”, seja ele emconflito na Ucrânia, percecionar o que fizemos bem, ou campo aberto ou em áreas urbanas e em que o meio demenos bem, e perspetivar aquilo que podemos e projeção e apoio consiste na Viatura Blindada dedevemos melhorar. A reflexão que conduzimos sobre Transporte de Pessoal (VBTP) M113; o treino físico decomo ser mais eficazes no treino, o que teríamos de fazer aplicação militar adaptado às exigências do combatediferente, com os mesmos meios, com as mesmas urbano, dando cada vez mais ênfase à luta corpo a corpo,pessoas e com a mesma complexidade, conduziu-nos à fundamentais para cumprir uma matriz de gradação danecessidade de compreender a transformação do força, protegendo os nossos militares na relação comespetro das operações, nomeadamente quando a técnica civis e possíveis ameaças não letais; o treino de tiro dee a tática a empregar aos mais baixos escalões. precisão, dinâmico e reativo que é executado do individual para o coletivo e que tem como finalidade Dividimos este artigo em cinco partes: Introdução, fundamental validar as TTP treinadas; a liderança, pelaTreino Operacional; Guerra Híbrida, Conflito na Ucrânia eAtoleiros 31 Página 37 de 108

Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizadaqual se fomenta a iniciativa e a descentralização das A AMEAÇA HÍBRIDAações, com a partilha de informação, as comunicações ea visualização do espaço de batalha através de uma Aliada à guerra Híbrida observa-se uma ameaçaCommon Operational Picture (COP) partilhada e à custa híbrida. Atentos à definição, procuraremos agorade sistemas de vigilância como radares, Unmanned Aerial compreender qual a tipologia de ameaça que se insereSystem (UAS) e informação introduzida pelo sensor nas características já supracitadas, para mais facilmente“combatente”; e, por último e não menos importante, – entendermos o que é e como devemos preparar a nossao Soldado – como Ser integrado numa cultura força para combater esta ameaça.institucional e vetor de desenvolvimento do “warriorethos” do batalhão e da companhia e que, aos diferentes De acordo com o Exército Norte-americano apatamares, funções e postos, dinamiza todos os vetores “Ameaça Híbrida é a diversificação e a combinação dede forma única e motivada. forças regulares, forças irregulares, elementos terroristas, organizações criminosas, que em separado ouA GUERRA HÍBRIDA de forma coordenada pretendem atingir um objetivo ou uma finalidade comum” (TC 7-100, 2010).CONCEITO Hugo Fernandes cita no seu artigo alusivo ao tema, O termo guerra híbrida não é um tema novo, surge o Capstone Concept da Organização do Tratado dona segunda guerra do Líbano em 2006, em que se Atlântico Norte (NATO), referindo que as ameaçasverificou uma assimetria indiscutível entre o Hezbollah e híbridas são caracterizadas por indivíduos ou gruposo Exército de Israel, um dos mais bem treinados do interligados que apresentam as seguintes características:mundo e habituado a lidar com este tipo de ameaças eque, desde a sua formação como estado, tem combatido  Utilizam eficazmente as novas tecnologias deestados e fações que apresentam características de comunicação para fins de intercâmbio deameaça híbrida (Fernandes, 2016). informação e colaboração; De acordo com Hugo Fernandes (Fernandes, 2016)  Reconhecem o valor da importância estratégica– “podemos definir o termo híbrido como uma do ciclo de informação dos media internacionaiscombinação de meios convencionais e não convencionais e exploram-no para atingir os seus fins(ou irregulares). A guerra híbrida é ainda comumente particulares;entendida como aquela que combina métodosconvencionais e não convencionais, através quer do uso  Empregam meios e táticas diversas, utilizandoda componente regular quer da irregular” meios não-letais e uma fusão de meios letais e modos criminais de operação, apoiados por operações de informação e organizações empresariais legítimas;  Exploram de forma hábil as diferentes interpretações e restrições nacionais do direito internacional e das leis da guerra, procurando colocar em desvantagem os adversários, quer estrategicamente, quer taticamente. Uma ameaça híbrida conjuga, assim, ações regulares e irregulares, que dissimuladas com a população combatem as forças regularesModelo concetual de Guerra Híbrida Fonte: Adaptado de (US Government opositoras. A forma como combatemAccountability Office, 2010,p.16) e citado por Maj Fernandes (Fernandes, 2016, pode ser casa a casa ou à distânciap. 21) “hit and run”, empregando meios letais como armas de tiro tenso, armas anticarro, armas de defesa antiaérea e meios ligeiros e pesados de tiro indireto. Empregam também armas sniper, UAS com engenhosAtoleiros 31 Página 38 de 108

Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizadaexplosivos, colocam Improvised Explosive Devices (IED) uma visualização do espaço de batalha e umnos principais itinerários, projetam veículos bomba planeamento detalhado através de meios convencionais.Vehicle Born IED (VBIED) contra locais de culto, mercados Estas forças regulares podem também treinar e armare órgãos de administração local e/ou Organizações Não elementos irregulares.Governamentais (ONG). Tiram também partido doterreno para exponenciar as suas emboscadas e ataques CONFLITO NA UCRÂNIA - RÚSSIA (LIÇÕESatravés da colocação de barricadas com o emprego APRENDIDAS)planeado das populações mais frágeis (mulheres ecrianças). Utilizam métodos de comando e controlo Nesta secção procuramos analisar algumas liçõesdescentralizado, em que as suas comunicações são aprendidas no conflito da Ucrânia, as quais pretendemosgeralmente rudimentares e socorrem-se da população adaptar ao treino técnico e tático da Companhia depara se dissimular e obrigar as forças regulares Atiradores por forma a prepararmo-nos, dentro dasoponentes a cumprirem as leis internacionais e nossas possibilidades e limitações, para esta tipologia deapropriarem o uso da força. Impedem, assim, que o ameaça.emprego dos sistemas de armas tecnologicamente maisevoluídos e letais das forças regulares tenha o seu efeito “It is believed that smart people learn from theaproveitando o “gap” entre os meios letais e não letais mistakes of others in order to not repeat them”para derrotar as forças regulares. Artis Pabriks As organizações criminosas também fazem partedesta ameaça híbrida impedindo que a população local EMPREGO DE SISTEMAS AÉREOS NÃO TRIPULADOSfaça uma vida normal e segura, quebrando a sua rotina ea sua liberdade de movimentos, através de assassinatos, As forças irregulares na Ucrânia utilizaramações de sequestro, roubos e assaltos, fomentando a diferentes tipologias de sistemas aéreos não tripulados,destabilização e a desacreditação das forças de segurança tanto de asa fixa como de rotor. Esta capacidadee forças armadas regulares. Associados a estes atos forneceu-lhes uma imagem e uma localização precisa dascriminosos estão também a recolha de recursos forças regulares ucranianas (bases militares, bases definanceiros e materiais, frutos da atividade criminosa fogos, colunas de viaturas, Zonas de Reunião, depósitoscomo assaltos, pilhagens, tráfico de armas e de armamento, posições defensivas, postos de controlo,estupefacientes, que servem posteriormente para postos de comando, etc.) garantindo coordenadas definanciar outras ligações, tais como mercenários e precisão, que permitiram o emprego dos meios de apoioindivíduos simpatizantes do movimento da causa. de fogos localizados em território russo. Após a supressão dos objetivos foi relatada a observação de UAS Quad Os elementos terroristas criam também na Copter, que previsivelmente fariam o Battle Damagepopulação e nas forças regulares a incerteza e o medo, Assessment (BDA) dos ataques.efetuando ataques suicidas coordenados a pessoas ebens que geralmente estão associados ao suporte e apoio As forças regulares ucranianas utilizaram UASdo quotidiano normal das populações. Utilizam rudimentares e construídos artesanalmente, com afundamentalmente a internet para espalhar o clima de finalidade de realizar também operações demedo e pânico, fazendo passar a mensagem que as reconhecimento e vigilância. Alguns foram destruídos porinstituições que deveriam estar preparadas para sistemas de armas antiaéreas de calibre 14,5mm eapoiarem a população são ineficazes. canhões antiaéreos 23/30 mm. O sistema mais eficaz contra UAS foram os jammers direcionais que inibiram as As forças regulares estão geralmente na comunicações telemétricas e a receção de sinal GPS,retaguarda destas fações ou grupos, fornecendo apoio fazendo com que as aeronaves caíssem (A.Karber, 2015).financeiro, sistemas de comunicações e de informaçãoque potenciam os ataques, e empregam os seus sistemas LEARN AND ADAPTde armas convencionais e de apoio de combate para lhesgarantir uma nítida vantagem no sistema híbrido de É fundamental ter em mente que a evoluçãoameaça. É frequente empregarem elementos de tecnológica permite a proliferação em volume e tipologia,operações especiais, meios de apoio de combate, como de meios de vigilância, com uma disseminaçãoradares, UAS, sistemas de armas de artilharia, morteiros generalizada a todos os níveis, o que coloca desafiose um sistema integrado de comunicações que permite Página 39 de 108 Atoleiros 31

Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizadasuplementares à aplicação do princípio da surpresa e sistemas não tripulados deu uma nítida vantagem àstambém à proteção da força. Por isto, é fundamental forças russas (A.Karber, 2015).aperfeiçoarmos a camuflagem e a proteção utilizandocobertos e abrigos, como edifícios, quando estáticos e LEARN AND ADAPTpor um longo período de tempo, embora não sejaaconselhável permanecermos estáticos e a descoberto Face aos efeitos massivos da artilharia, devemospor períodos superiores a 15 minutos. Para contrariar os aumentar a nossa proteção, fazendo-nos acompanharmeios de Intelligence, Surveillance and Recconaissance permanentemente de meios de engenharia. Esta(ISR) do nosso oponente é fundamental adquirirmos capacidade acelera a construção de abrigos e ajammers direcionais, ou outros sistemas não tripulados fortificação de posições temporárias. Devemos utilizarde inibição de frequências. O facto de ser difícil para a estruturas subterrâneas para nos cobrirmos e construirameaça vigiar alvos em movimento, pressupõe que as trincheiras de ligação entre edifícios ou posições denossas forças (NF), quando em combate, estejam em combate. Devemos integrar observadores avançadosmovimento permanente. Ao nível da companhia (OAv) com maior capacidade de sobrevivência ou equipasdevemos ter equipas que nos garantam a proteção aérea, de operações especiais que se infiltrem e regulem fogosuma vez que, nos dias de hoje, este tipo de ameaça pode de contrabateria atrás das linhas do inimigo. O empregonão ser antecedia pelo ruído de uma aeronave, obrigando de radares sofisticados é essencial, bem como a utilizaçãocada vez mais a que os radares se movimentem com as de UAS, para identificar bases de fogos inimigas. Osforças. movimentos de tropas e de viaturas, a descoberto, devem seguir o princípio da dispersão, superior aosAUMENTO DA LETALIDADE DOS FOGOS INDIRETOS vulgares e estipulados 50 metros. No conflito da Ucrânia 85% das baixas deveram-se ARMAS ACAR VS BLINDAGEMessencialmente ao emprego da artilharia. Os rebeldespró-russos a partir da fronteira empregaram sistemas Uma das analogias mais interessantes de abordarLança Rockets Múltiplos da tipologia BM-21 GRAD, BM-21 nesta breve revisão de conteúdos é que na Guerra HíbridaImproved GRAD, TOS-1, BM 27 e BM 30, com granadas que opõe a Ucrânia à Rússia, a grande maioria dos CC sãoDPICM - scatterable mines, antitank munitions, de tipologias idênticas (T64, T72 e T80), e estãosubmunitions, top attack self-guided munitions e equipados com blindagem reativa. Neste conflitothermobaric warheads. A título de exemplo, aquando da confirmou-se a ineficácia dos sistemas RPG-7 e RPG-26,ofensiva Ucraniana em Zelenopillya, dois batalhões ambos recorrentemente utilizados pelas unidades demecanizados ucranianos foram destruídos em três infantaria ligeira para se protegerem ou surpreenderemminutos pelos fogos em massa da artilharia russa CC, devido à blindagem reativa. Esta ineficácia de meios(A.Karber, 2015). veio reiterar a importância de sistemas ACar TOW2 e Javelin (Dual tandem warhead), que utilizam uma Deste conflito surge uma inovação na otimização espoleta inicial, que penetra na blindagem reativa, e umados obuses russos autopropulsados 2S1 Gvozdika segunda, explosiva, que provoca danos no interior do122mm. Para além de ser uma arma de tiro indireto, estes veículo.sistemas apoiavam as forças irregulares no combate,efetuando fogos diretos, tanto na abertura de brechas, A Ucrânia contrariou a capacidade ofensiva dos CCcomo na destruição de ninhos de metralhadoras. Os da Rússia com posições bem fortificadas e bemucranianos utilizaram também este sistema para destruir defendidas, lançando campos de minas, construindocarros de combate (CC). Pese embora a granada não seja trincheiras de ligação e o emprego coordenado daoriginalmente concebida para destruir um CC, o seu efeito artilharia nas proximidades das suas posições. Noneutralizava as componentes mais frágeis. As forças entanto, assim que a Rússia introduziu o CC T-72B3s, comrussas descentralizaram os seus meios de artilharia até ao melhor blindagem, uma nova versão da peça 125mm eescalão batalhão, acelerando o processo de aquisição de um novo sistema de controlo de tiro computorizado, osobjetivos. rebeldes ganharam vantagem. A Rússia introduziu também o T-90 com um composto de blindagem reativa e A conjugação de meios de contrabateria e a sua não reativa, um novo sistema de controlo de tiroconvergência com a aquisição de objetivos por parte de computorizado e a capacidade de acionar um escudo antimíssil (A.Karber, 2015).Atoleiros 31 Página 40 de 108

Parte II – Treino Operacional da Brigada MecanizadaLEARN AND ADAPT thermobaric warheads) atingissem o veículo e queimassem quem estava no interior; Desta análise, podemos elevar a importância deadquirirmos sistemas míssil ACar que atuem a várias  Os assaltos tenderam a ser conduzidos com asdistâncias e que sejam também suficientemente tropas de infantaria apeadas ao invés das tropasportáteis para que a infantaria ligeira possa surpreender montadas;e penetrar a blindagem reativa dos CC equipados comesta capacidade. O treino da tática de defesa móvel  As viaturas não acompanharam o assalto,torna-se fundamental para eliminar o poder de choque e constituindo-se essencialmente como umcapacidade de penetração destes CC mais desenvolvidos, sistema de armas de apoio em posições de apoioem que a conjugação de obstáculos, a proteção dos pelo fogo.nossos sistemas de armas com posições fortificadas, oemprego da nossa artilharia e a aquisição feita por UAS, Fruto destas vulnerabilidades surgiram algumascriará condições para executar uma defesa móvel com os alterações já utilizadas noutros exércitos, tais como anossos CC e plataformas ACar, dando ênfase ao Stand- colocação de grades – “gates” ou “grates” paraoff22. Torna-se também fundamental empregar as nossas conferirem proteção contra os RPG-7 e RPG-26. Noforças em armas combinadas para mitigar as entanto, as VCI continuam vulneráveis aos misseis ACarvulnerabilidades e potenciar as capacidades de uma VBTP filo guiados, canhões de 30mm e ao impacto superior dose de um CC. fogos de artilharia.O DECLÍNIO DA SOBREVIVÊNCIA DA VIATURA DE Outra realidade vivida pelas tropas de infantariaCOMBATE DE INFANTARIA (VCI) neste conflito, foi a necessidade das secções se dividirem em esquadras e utilizarem duas VCI por secção, para Após a II GM os exércitos fizeram um enorme aumentar a dispersão. Há relatos também de VCI, em queinvestimento em viaturas ligeiras de combate de foram aumentadas placas de blindagem reativa parainfantaria, dando capacidade à Infantaria de se reforçar a proteção (A.Karber, 2015).movimentar no campo de batalha com maior facilidade etendo permanentemente consigo sistemas de armas que LEARN AND ADAPTprojetem um poder de fogo que, de outra forma, nãoseria possível pela fragilidade e incapacidade do soldado A maioria das ilações retiradas conduz-nos a umaapeado. A grande vulnerabilidade destes sistemas de necessidade de criar uma valência pesada nas viaturas dearmas é a sua proteção, que deteriora, em muito, a infantaria, devendo dar-se primazia à proteção comcapacidade de sobrevivência da Infantaria relativamente, blindagens semelhantes às dos CC. De preferência, compor exemplo, às guarnições dos CC. Com o conflito na sistemas de armas que consigam eliminar CC, conjugandoUcrânia a tese da vulnerabilidade das tropas de infantaria um canhão e sistemas míssil ACar, e dotando as VCI comveio à tona, quer pelas tremendas baixas devidos aos um escudo antimíssil ACar. Sabemos que isso exigiria umfogos de artilharia já referidos, quer por mísseis ACar profundo investimento que não se prevê a breve trecho,portáteis ou canhões de 30mm de outras viaturas ligeiras. pelo que para contrariar esta vulnerabilidade, devemosAmbos os contendores utilizaram BTR e BMP e, mesmo adaptar o nosso treino e fazer com que a nossa unidadeque algumas estivessem equipadas com canhões de 30 básica de manobra seja a esquadra de atiradores a 5mm, a blindagem e a sua proteção revelou-se muito elementos ao invés da SecAt, alocando para cadavulnerável face às armas ACar portáteis. Do conflito esquadra uma viatura, e habituando os nossos militares asurgiram algumas realidades: maiores dispersões, distâncias entre viaturas e maior autonomia e responsabilidade na execução das tarefas.  Ambas as tropas de infantaria preferiam Isto exige melhores sistemas de comunicação, para movimentar-se no exterior das viaturas, ao invés facilitar a iniciativa e a descentralização das suas ações. de irem no seu interior, por temerem que as Outra medida possível é adaptarmos a nossa tática vendo granadas de artilharia (sub-munitions e a VBTP essencialmente como um sistema de projeção e apoio (metralhadora pesada), abolindo por completo as22Capacidade de utilizar um maior alcance dos sistemas misseis combate, antecipando a destruição do CC, sem que este tenhaACar, contra alcances inferiores das peças dos carros de alcance para destruir os nossos sistemas de armas. Atoleiros 31 Página 41 de 108

Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizadaaproximações montadas aos objetivos. Evidentemente Controllers (FAC) e Joint Terminal Attack Controller (JTAC),que se os fogos de artilharia e se a ameaça ACar forem UAS, OAv, e ter uma constituição modular facilmenteinexistentes, os assaltos montados poderão ser uma adaptável a qualquer missão, que pode ou não utilizar opossibilidade, mas não deverão ser a regra. Outra emprego das nossas convencionais VBTP. Desta análisepossibilidade, é dotar as secções de atiradores com concluímos também a necessidade de empregar sistemascanhões sem recuo, eliminando o “gap” existente entre o de contrabateria aos mais baixos escalões, também estesLAW (completamente ineficiente contra CC de blindagem de forma descentralizada, para aumentar a suareativa) e o sistema lança míssil TOW. Isto seria possível velocidade de emprego e por conseguinte incrementar aatravés da colocação de canhões nas SecAt, na proteção que os nossos equipamentos (nível companhia)impossibilidade de as equipar com sistemas da tipologia e viaturas não nos conferem contra os fogos em massa deJAVELIN. O canhão não é solução, mas para viaturas de uma possível artilharia do Inimigo.blindagem ligeira ou para danificar um componente maisfrágil do CC, pode fazer a diferença. Quanto ao soldado, a nossa forma de combater parece-nos perfeitamente adaptável a qualquer realidadeCONCLUSÕES do espectro das operações, tornando-se essencial dar primazia aos 5 vetores de treino e de combate já A grande maioria das ilações que retiramos não referidos, em que o ambiente deve ser cada vez maisnos remetem apenas para o treino, mas sim, também, urbano, a capacidade de fazer tiro discricionário é umapara uma profunda reflexão, pela necessidade de necessidade, e fomentar uma mentalidade em que afazermos transformações de fundo na nossa coerência de presença de civis nestes teatros é uma constante.recursos, meios e pessoal. Estas preocupações são doconhecimento de quem treina diariamente, e confiamos Uma ameaça híbrida não se combate apenas comprofundamente na nossa cadeia de comando para, a Infantaria, tornando-se cada vez mais evidente abreve trecho, criar um sistema verdadeiramente eficaz abrangência e a necessidade de sinergias e convergênciaspor forma a cumprirmos o nosso desígnio. Não estando ao nível estratégico, operacional e tático.completamente fora de hipótese que uma guerra destanatureza possa acontecer já “amanhã”, há que, ao nosso BIBLIOGRAFIAnível adaptar pensamentos e prepararmo-nosconvenientemente para uma ameaça híbrida.  A.Karber, D. P. (8 de Julho de 2015). Lesson Learned from the Russo-Ukrainian War. The Desta análise retiramos a necessidade de aos mais Potomac Foundation, p. 50.baixos escalões, integrarmos todas as funções decombate, combatendo de forma mais descentralizada e  Fernandes, H. M. (novembro de 2016). As novasfomentando a iniciativa. Torna-se fundamental continuar guerras: O dasafio da guerra hibrida. Revista dea apostar no conceito de armas combinadas, em que os Ciências Militares, pp. 13-40.mais baixos escalões devem estar preparados para seremapoiados por equipas de recolha e tratamento de  Leonhard, R. (1994). The Art Of Maneuver:informação, equipas sniper, equipas Explosive Ordenance Maneuver - Warfare Theory and Air Land Battle.Disposal (EOD), equipas Human Intelligence (HUMINT), Pan American.equipas cinotécnicas K9, Engenharia de combate, defesaaérea, apoio aéreo próximo com os Forward Air  Lind, W. S. (1985). Maneuver Warfare Handbook. Westview Special Studies in Military.  NATO. (2010). Bi-SC Input to a new NATO Capstone Concept for the Military Contribution to Countering Hybrid Threats. Belgium: NATO. .Atoleiros 31 Página 42 de 108

Parte III – Exercício ORION 16Atoleiros 31 Página 43 de 108

Parte III – Exercício ORION 16Exercício Oríon 16Participação da BrigadaMecanizada Maj Art João Capitulino EM/QG BrigMec O grande exercício do Exército Português de 2016, sob a égide da Organização do Tratado do Atlântico Norte“ORION 16”, realizou-se na área de treino militar TANCOS (OTAN) e União Europeia (UE).– SANTA MARGARIDA, no período de 17 junho a 02 dejulho de 2016 e foi o corolário do processo de treino A Brigada Mecanizada (BrigMec), afirmando maisoperacional e aprontamento das subunidades uma vez a sua “utilidade da força” no atual ambienteoperacionais do Exército. O esforço centrou-se na operacional, participou no exercício, com umavaliação do Comando e Estado-Maior da Brigada de Agrupamento Mecanizado, força avaliada tendo em vistaIntervenção (BrigInt), Comando e Estado-Maior a sua certificação para atribuição à European Union Landcertificado para o período de um ano, e das forças Rapid Response 2-2016.atribuídas a Organizações Internacionais, designadamenteo Agrupamento Mecanizado para a European Union Land A BrigMec, contribuiu também no âmbitoRapid Response Force (AgrMec EULRR 2-2016) ou que operacional, em apoio a todas as unidades participantespassaram a estar em prontidão por um período de um ano, no exercício, com o Batalhão de Apoio de Serviçoscomo foi o caso das forças da Força de Reação Imediata (BApSvc), reforçado com forças, meios e equipamentos(FRI). das Forças de Apoio Geral (FApGer), no reabastecimento das classes III, V, IX, na Manutenção, nos Movimentos e O exercício, além de se constituir na principal Transporte e nos Serviços de Campanha. O BApSvc,ferramenta para o Treino Operacional das várias unidades afirmando-se realmente como elemento singular dodo Exército, permitiu às unidades da Brigada Mecanizada, Exército na “escola” da logística de campanha, foiser um instrumento privilegiado para testar e alcançar a simultaneamente audiência de treino e, a par do Campointeroperabilidade entre unidades pesadas e médias, Militar de Santa Margarida (CMSM), um dos grandestornando-se assim uma capacidade geradora de sinergias responsáveis pelo apoio real ao exercício.e um pilar basilar para as várias forças operarem emconjunto, partilhando doutrina, procedimentos e sendo A BrigMec participou ainda no exercício com a 2.ªcapazes de comunicar entre si. Bateria de Bocas de Fogo (2BtrBF) do Grupo de Artilharia de Campanha 15.5 Autopropulsionado (GAC 15.5 AP) e do O cenário criado para o exercício, procurando 1.º Pelotão de Engenharia da Companhia de Engenharia deconfrontar as audiências de treino com uma situação no Combate Pesado (CEngCombPes), integrando unidades daterreno desafiante e atual, assentou numa Small Joint BrigInt. Esta participação possibilitou uma excelenteOperation, enquadrada como uma Crisis Response oportunidade de treino como culminar do ciclo de TreinoOperation (CRO). Este cenário foi construido por forma a Operacional do 1.º Semestre, mas também demonstrarcertificar os objetivos das audiências de treino, associados mais uma vez a importância das Forças Pesadas numaos compromissos internacionais assumidos por Portugal, sistema de forças atual e coerente.Atoleiros 31 Página 44 de 108

Parte III – Exercício ORION 16 Paralelamente, o exercício permitiu também, com a Estabilização para as restantes audiências de treino. Estainclusão de uma Companhia de Atiradores do Batalhão de Operação simulou uma evolução do espectro da violênciaInfantaria Mecanizado Rodas [BIMec (R)] no por parte das forças, coerente com o degradar da situação.AgrMec/EULRR 2-2016 testar o emprego de uma UnidadeEscalão Batalhão (Agrupamento LEODUR) que congregou Como culminar do exercício, incrementando o graudois tipos de sistemas de armas, o Carro de Combate (CC) de dificuldade, foi executado um Joint Combined Arms LifeLeopard 2A6 e a Viatura Blindada de Rodas (VBR) Pandur Fire Exercise (JCALFX), no Campo de Tiro A7 (D. PEDRO),II, assente numa plataforma comum e moderna de tirando mais uma vez proveito das condições singulares deComunicações e Sistemas de Informação (CSI). Santa Margarida como verdadeiro campo de treino e um ativo estratégico do Exército. No âmbito do provimento do apoio logístico real(Real Life Support, RLS), a BrigMec enquanto unidade As forças da BrigMec participaram na Operação deapoiante, proporcionou aos militares das forças Estabilização e foram um dos elementos centrais doparticipantes, nacionais e internacionais, bem como aos JCALFX.elementos civis, as melhores condições em termos desustentação logística, possibilitando a obtenção dos Para além das já enunciadas forças da BrigMec, oobjetivos estabelecidos para o exercício. Para este fim, exercício “ORION 16” contou com a participação de váriasmuito contribuiu como já referido, o BApSvc, mas também unidades da Componente Operacional do Sistema deo CMSM e a sinergia obtida pela concentração das Forças, da Força Aérea Portuguesa, da Cruz Vermelharestantes unidades da Brigada no campo. Portuguesa, da Brigada de Infanteria Mecanizada Extremadura XI, de Espanha e da Special Prupose Marine A fase de Live Exercise (LIVEX) subdividiu-se em dois Air Ground Task Force, dos Estados Unidos da América,períodos do cenário distintos, satisfazendo as diversas tendo-se tornado uma excelente oportunidade de treinonecessidades de treino das audiências de treino operacional conjunto e combinado, com vista aopresentes. Inicialmente foi treinada pelas forças do aperfeiçoamento da interoperabilidade dos meios naExército a integrar a FRI, uma Operação de Evacuação de execução das diversas missões táticas.não combatentes (NEO). Seguiu-se uma Operação deAtoleiros 31 Página 45 de 108

Parte III – Exercício ORION 16Proteção Antiaérea dasUnidades de ManobraMecanizadas e BlindadasUma Base Doutrinaria SolidaUm Desafio para a organizaçao daBtrAAA/BrigMec Cap Art Hugo Serrudo Cmdt BtrAAA/BrigMec A evolução tecnológica dos sistemas de armas tem vida útil dos seus vários vetores de desenvolvimento paraconhecido, nos últimos anos, uma grande aceleração, além do exigível à condução das operações.procurando colocar ao dispor das Forças Armadas dosdiversos Estados as melhores soluções para poderem A Bateria de Artilharia Antiaérea da Brigadaatuar com sucesso num ambiente operacional de grande Mecanizada (BtrAAA/BrigMec) tem como missão táticacomplexidade e em permanente, e vertiginosa, evolução. conferir proteção antiaérea aos pontos/áreas sensíveis eContudo, quer por condicionamentos de natureza unidades de manobra, de apoio de combate e de apoio definanceira, quer também por complexidades de execução serviços da Brigada Mecanizada, contra aeronaves hostisde programas de reequipamento em tempo útil, os voando a baixa e muito baixa altitude. É constituídaEstados vêm-se confrontados com uma grande organicamente (QO 09.04.07 de 14MAR16) por doisdificuldade em conseguir dispor dos sistemas de armas Pelotões Sistema Míssil Ligeiro (SML) mais um 3º pelotãomais modernos, na qualidade e quantidade exigíveis. a levantar, um Pelotão Radar, do qual 2 Secções Radar dePodemos mesmo afirmar que tal só poderá ser alcançado Aviso Local orgânicas e 2 Secções Radar de Vigilância e umem países que, pela sua dimensão, aqui incluindo, outro Pelotão Sistema Counter Rocket, Artillery andnaturalmente, o volume e tipo dos seus recursos, Mortar (C-RAM), a garantir pelo Grupo de Artilhariaorganização, qualidade do seu tecido industrial e do Antiaérea (GAAA).edifício de investigação e desenvolvimento de quedispõem, são capazes de desenvolver as estratégiasgenética, estrutural e operacional de modo integrado econsequente, e por isso estar mais perto do estado daarte. Para os Estados de menor dimensão, a situaçãotorna-se particularmente gravosa porquanto temconsequências na manutenção das diferentescapacidades23, obrigando recorrentemente a prolongar a23 Capacidade Militar – definição do conjunto de elementos que componentes de doutrina, organização, treino, material,se articulam de forma harmoniosa e complementar e que liderança, pessoal, infraestruturas e interoperabilidade, entrecontribuem para a realização de um conjunto de tarefas outras (DMOCPDM - Diretiva Ministerial Orientadora do Ciclooperacionais ou efeito que é necessário atingir, englobando de Planeamento de Defesa Militar, pág. 4). Atoleiros 31 Página 46 de 108

Parte III – Exercício ORION 16A DOUTRINA adoção de uma combinação de armas e/ou uma defesa combinada24: Tendo por base os princípios da Tática de Artilharia Antiaérea procuraremos demonstrar o potencial em apoiar a Força Mecanizada (FMec) com uma BtrAAA mista, explorando a complementaridade entre o Sistema Míssil Lígeiro (SML) e o Sistema Míssil Portátil 25 (SMP). Sendo o SML adequado à proteção de elementos críticos (Postos de Comando (PC) e/ou Áreas de Apoios de Serviços (AApSvc)) um SMP complementa a proteção Antiaérea (AA) conferida pelos SML tendo como Organigrama BtrAAA/BrigMec (QO 09.04.07 de 14MAR16) vantagens a sua mobilidade e prontidão A evolução do ambiente operacional e a para fazer fogo pelo queobservação dos conflitos mais recentes confirmam a e é um sistema adequado à proteção dos elementos devalidade dos princípios técnicos e táticos da Artilharia manobra. Ou seja, com os 2 Pelotões atualmenteAntiaérea, sendo que é exequível e até recomendável a contemplados no QO desta BtrAAA, mas com sistemas de armas de AA diferentes (Pelotão SML e Pelotão SMP)Princípios Táticos Princípios Técnicos permite proteger um PC/AApSvc com o Pelotão SML e 2 Unidades de Massa Defesa equilibrada manobra com o Pelotão SMP26 (LiçãoCombinação de armas Defesa balanceada n.º 21 - Princípios de Emprego daMobilidade Defesa em profundidade Artilharia Antiaérea (AAA)).Integração Apoio mútuo Destruição à distância Defesa combinadaPrincípios táticos e técnicos de emprego da AA (PDE 3-37-00 Tática de Artilharia Antiaérea)24 Combinação de armas – “Ao empregar uma variedade de sempre que possível. A combinação é estabelecida pelosistemas de armas, a AA aumenta substancialmente a dificuldade posicionamento dos diversos sistemas, de modo que asdo cumprimento da missão por parte do atacante que, ao conceber características técnicas dos diferentes tipos de armas see executar o seu ataque, tem que fazer face a diversas completem mutuamente. (PDE 3-37-00 Tática de Artilhariacaracterísticas e possibilidades de empenhamento.” (PDE 3-37- Antiaérea).00 Tática de Artilharia Antiaérea);Defesa combinada – Defesa onde o objetivo é defendido por dois 25 Ou man-portable air-defense system (MANPADS).ou mais tipos de armas AA. Em obediência ao princípio tático da 26 O menor escalão a que pode ser atribuída uma Missão TáticaCombinação de Armas, este tipo de defesa deve ser estabelecido é um Pelotão SML ou uma Secção SMP. Atoleiros 31 Página 47 de 108

Parte III – Exercício ORION 16 Tendo como referência o QO de 2009, o pelotão O M48 Chaparral está ao serviço no ExércitoSMP previa na sua orgânica um oficial subalterno, onze Português desde 1990 e, apesar de ter já atingido o limiteSargentos e vinte praças (1/11/20) devendo cada arma do seu tempo de vida útil, continua a ser, de acordo comoperar de forma independente. Deste modo atendendo as suas características, um sistema de proteção antiaéreaao princípio da Mobilidade e da Integração era exigível que permite manter os saberes táticos e técnicos no queque dispusesse da mesma mobilidade das unidades a concerne ao apoio a uma unidade de manobraapoiar. Ou seja, seria necessário uma viatura PC Pelotão, mecanizada.duas Viaturas PC de Secção e oito viaturas para asEsquadras Stinger num total de onze viaturas da família OS SISTEMAS DE VIGILÂNCIAM113. Como a defesa antiaérea não se faz só do Quanto ao SMP tem diferenças em relação ao SML. “músculo” (sistemas de armas) devemos também analisarDe realçar o seu alcance padrão de apenas 4km e a versão os seus “olhos” (sistemas de vigilância). Por obsolescência do radar AN/MPQ 49-B Forward Area Alerting Radar (FAAR), o sistema de aviso e alerta da BtrAAA/BrigMec é garantido pelo Portable Search and Target Acquisition Radar (P-STAR), orgânico do GAAA das FApGeral, que apoia o treino operacional sempre que Sistema Míssil Portátil Stinger Sistema Míssil Ligeiro Chaparral M48 A3 E1 necessário, como é o caso do exercício Conjunto eatualmente em uso em Portugal não tem capacidade para Combinado REAL THAW 16. É um radar de aviso local,se empenhar no arco noturno (no entanto a sua versão capaz de detetar aeronaves no raio de 20km,FIM-92J pode atingir alvos a 8km e tem capacidade para independentemente das condições atmosféricas que sevisão noturna). Como vantagens podemos mencionar o façam sentir.facto de ser um sistema portátil, logo pode adaptar-se aqualquer viatura que a BrigMec use, podendo assim seguir Página 48 de 108o ritmo normal da sua modernização.OS SISTEMAS DE ARMAS O sistema M48 Chaparral é o SML que equipa aBtrAAA/BrigMec, tendo sido adquirido com o intuito deapoiar unidades mecanizadas. Tem ainda as valências deatuar em ambientes Nuclear, Biológico e Químico,operações anfíbias e ser helitransportado (torre). Étambém um sistema capacitado a realizar tiro antiaéreosobre quaisquer condições atmosféricas, inclusive aaquisição de objetivos, assim como o seguimentoautomático de alvos, uma vez que comtempla osubsistema FLIR (Forward Looking Infra-Red), habilitadocom infravermelhos para visão noturna. Atoleiros 31


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