Por Náiade Nunes Imagens Ana Mello Apartamentos em alturas diferentes trazem diver- sidade para a fachada. O conjunto de edifícios rece- beu o Prêmio Master Imo- biliário, na categoria Em- preendimento Residencial. 49
PROJETO NACIONAL “A lei de zoneamento de 2014 trouxe uma visão de maior integração urbana ao Arte na arquitetura: escultura dos Irmãos estimular os projetos de uso misto, que dialogam mais com a cidade. Os residenciais Campana garante forte identidade ao só têm a ganhar com isso, pois em sua maioria são projetos que estimulam a edifício e busca a circulação de pessoas, promovendo mais democratização do acesso a esta forma segurança ao empreendimento. de cultura. Grazzieli Gomes Rocha 50 aflalo/gasperini arquitetos
PATROCINADOR OFICIAL RIO OPEN DE TÊNIS
PROJETO NACIONAL A fachada é marcada Detalhe da escultura por um jogo de dos Irmãos Campana. caixas revestidas RUA NOVA YORK com massa e pintura 13 1 nas cores branca e 4 cinza, criando um RUA FLÓRIDA 2 8 RUA MICHIGAN dinamismo que 31 71 8 3 55 9 marca a identidade 6 4 6 9 13 do projeto. 10 7 10 52 45 2 2 5 12 3 14 11 11 5 13 12 13 25 50 PLANTA TÉRREO 0 5 10 25 50 0 5 10 NG 1. ACESSO SOCIAL 6. HALL DE SERVIÇO 11. CIRCULAÇÃO NM 2. HALL SOCIAL 7. SANITÁRIO P.N.E. 12. ESCADA DE SERVIÇO 3. LOJA 8. SALA 13. DOCA 4. ESCADA DE SEGURANÇA 9. PORTARIA 5. DEPÓSITO 10. ACESSO SERVIÇO NG NM PLANTA 21º PAVIMENTO - LAZER 1. HALL DOS ELEVADORES 6. BRINQUEDOTECA 11. SANITÁRIO P.N.E. 2. ESCADA DE SEGURANÇA 7. SALA DE MASSAGEM 12. PISCINA CLIMATIZADA 3. ESPAÇO GASTRÔNOMICO 8. SALÃO DE FESTAS 13. TERRAÇO 4. COZINHA 9. COPA 14. SAUNA 5. W.C. 10. GINÁSTICA
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PROJETO NACIONAL Gentilmente integrado Sustentabilidade, integração urbana e maneira inovadora de trabalhar em terreno com declive natural são características deste edifício de design marcante. O edifício Moou, projetado pelo escritório FGMF, é uma o visitante é recebido pela praça elevada coberta, que foi nova proposta de integração social, urbanismo e design articulada para estar integrada aos demais ambientes, como os autêntico na Vila Madalena, São Paulo. O edifício, totalmente pátios modernistas. A torre foi proposta como se fossem duas residencial, conta com 6477m² de área construída, em um lâminas encostadas uma na outra, compondo apartamentos terreno com grande declive natural que orientou a organização com dimensões variadas. dos espaços internos. Composto por 12 andares, há 9 configurações de apartamentos que permitem adaptabilidade Com um recuo no sobressolo maior que o obrigatório, o à diferentes públicos e perfis de moradia, integrando diversos espaço destinado à garagem foi pensado para não antagonizar terraços descobertos ao longo do prédio. Cada apartamento o pedestre. Uma pequena praça pública com bancos e forte foi arquitetado com amplas janelas e varandas que promovem presença de vegetação foi criada a fim de propor um diálogo circulação de ar e luz natural, reduzindo o uso de fontes entre o condomínio e o meio urbano ao seu redor, incorporando artificiais. os transeuntes. A praça e os ambientes das áreas comuns foram desenhados em conjunto com o escritório Superlimão. A fachada é marcada por uma chapa perfurada de plano contínuo com duas lâminas flutuantes acima. A maior, de O MOOU conta com áreas de lazer com piscina, área gourmet concreto aparente, se integra ao ambiente proposto pela praça e ambientes sociais, além de integrar horta comunitária no pública, enquanto a menor, branca e mais discreta, se destaca nível +3, reuso de águas de chuva, aquecimento solar, caixas frente à pequena praça elevada do interior do condomínio, de retardo, venezianas tipo brise para controle de iluminação, criando um espaço de pé-direito duplo, graças a eliminação iluminação por led, sistemas inteligentes remotos para o do primeiro pavimento desta lâmina. Dentro do edifício, morador, entre outros. A lâmina de concreto foi arquitetada para que seu design leve criasse um destaque na entrada do edifício. No seu interior, o átrio encontra-se posicionado sobre um jardim que dá entrada aos apartamentos. 54
Por Náiade Nunes Imagens Fran Parente Localizado na rua Mou- rato Coelho (inspiração para sua nomenclatura), o edifício Moou propõe pe- quena praça aberta e certo refúgio urbano. A torre foi proposta como se fossem duas lâminas encostadas uma na outra, a da direita com apartamentos meno- res, mais baixa, e a da es- querda com apartamentos maiores, mais alta. A ve- getação foi escolhida pela paisagista Camila Vica com foco em praticidade, sutile- za e utilidade. 55
PROJETO NACIONAL A portaria e acessos ficam incrustados em uma tela O tratamento de acaba- expandida que marca o fim mentos entre as lâminas da praça e entrada do edifício. Essa entrada pode ocorrer por da torre foi proposital- uma escada que leva até o mente contrastante: a nível superior ou por um hall secção da direita, branca, no nível da rua que possui conta com venezianas recepção e parte da cobertura de correr e da esquerda aberta para o nível +1. possui uma estrutura apa- rente com varandas em deck sintético e janelas em quina, com alvenarias em pintura na cor vinho. Brises realizadas em orsograd galvanizado natural fazem a separação entre os apartamen- tos, garantindo a privacidade dos moradores. 56
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PROJETO NACIONAL “Na paisagem do pedestre, O nível +1 tem pé direito duplo propusemos um respiro urbano e é todo desenvolvido como totalmente aberto à calçada, um espaço aberto, com pilotis, formado por uma pequena praça sob metade do prédio. Esse frontal pública, com bancos e amplo andar intermediário de jardins. Uma atitude modesta, mas chegada, tem muita vegetação, mobiliário e um painel desenha- convicta de seu valor.” do exclusivamente pelo artista Fabio Flaks, visível da rua. Os os FGMF equipamentos foram pensados pelo escritório Superlimão. CORTE B 5 10 m PLANTA TÉRREO BB 0 05 BB 10 m PLANTA 3º PAVIMENTO 05 10 m 58
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PROJETO NACIONAL Toda bossa BAIANA Respeitar a cultura, a herança local e o meio ambiente são premissas que garantem identidade e significado ao retrofit de residência à beira-mar. Concebido para receber uma grande família, o projeto Com vista panorâmica da Bahia Blue, a propriedade possui desta casa foi idealizado para atender todas as necessidades cisternas de tratamento de esgoto e tanques reservatórios de e perfis de seus usuários. A propriedade de 1500m² de área água com filtro natural para neutralização do cloro, além de construída, revitalizada pela Nampur, incorporadora que um sistema duplo de bombas pressurizadoras de água que oferece propriedades, experiências e serviços de alto padrão no garantem melhor performance nas duchas de toda a residência. sul da Bahia, conta com acesso à praia e heliponto. O projeto Lifestyle baiano que inspira um estilo de vida autêntico, foi concebido e capitaneado em conjunto pela arquiteta Sara conectado com a natureza. Afonso e pela designer de interiores Cássia Meireles, integrando amplos espaços, áreas gourmet interna e externa, academia, “Um grande diferencial é spa, jacuzzi, piscina, fireplace e suítes com vista para o mar. a localização. São poucas as propriedades no sul da Bahia que A residência, localizada em Arraial D’Ajuda, Bahia, traz um contam com a vista panorâmica conceito eco-luxury, com espaços que valorizam a luz natural e o uso de materiais sustentáveis, além de mobiliários e peças de da Bahia Blue. A Nampur design, tudo para criar uma atmosfera de bem-estar, aconchego escolheu usar, em grande parte, e sofisticação. O projeto original já contava com uma grande estrutura feita em madeira tratada, atribuindo longevidade à fornecedores locais, tanto de construção beira-mar ao longo do tempo e, durante o retrofit, materiais quanto de mão de obra; foram implementados vidros, pedras Hijal bruta Palimanan e o resultado foi uma residência com acabamentos nobres, além de sistemas de luz e som integrados. energia baiana, cheia de axé e boas vibrações.” Nampur A distribuição da área construída precisou seguir o modelo de preserva- ção ambiental. Cada detalhe e espaço foi aproveitado da me- lhor forma possível. 60
Por Náiade Nunes Imagens Antonio Soto Ao final do grande deck ex- terno há um banco flutu- ante que cerca toda a área, convidando à contempla- ção do nascer e pôr do sol. 61
PROJETO NACIONAL A casa é composta ba- Toda a propriedade está cons- sicamente por madeira, truída com vigas de madeira tra- porcelanato, vidro, PVC tada. As esquadrias são em PVC revestido e pedras natu- revestido com folha de madeira rais. Todos os materiais possuem grande dura- para se integrarem ao projeto. bilidade, são resistentes à maresia e criam um espaço sofisticado de fácil manutenção. 62
Não importa se ela é Grifinória, Sonserina, Lufa-Lufa ou Corvinal. A linha Blindex Power Box® já está disponível nas melhores Acesse o site lojas. Traga para casa boxes com ilustrações dos universos e confira todos do Harry Potter, Batman e Mulher-Maravilha, disponíveis emserigrafiaouimpressãodigital,compersonalização os modelos. das roldanas e dos kits. @blindexoficial@blindexbrasilpowerbox.blindex.com.br
PROJETO NACIONAL Ampla suíte com vista para o mar: uma propriedade que flutua nas falésias da praia Pitinga, em Arraial D’Ajuda. Revestimentos naturais garantem elegância, durabilidade e fácil manutenção ao banheiro da suíte. SPA conta com vista privilegiada da região circundante, um convite ao relaxamento e à con- templação da natureza. 64
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PROJETO NACIONAL Cheio de personalidade Contraste de tons e revestimentos sofisticados trazem mood elegante aos ambientes deste amplo apartamento. O projeto para este apartamento de aproximadamente 300 porcelanato marmorizado levou unidade para os espaços. Um m², no Grande ABC, consistiu na reforma e personalização do destaque é a presença da madeira em tom escuro na marcenaria, imóvel para um casal, através da criação de amplos espaços mobiliário e painéis nas paredes, contrastando com elementos integrados repletos de sofisticação nos revestimentos, móveis claros, como o piso, conceito replicado no dormitório do casal. e objetos decorativos. No living, um cantinho especial destinado ao bar e adega conta com um aquário automatizado, um sonho antigo do morador. Para a reforma, idealizada pelos arquitetos Priscila e Bernardo Tressino, do escritório PB Arquitetura, foi realizada “Nos pautamos em ouvir os a demolição de algumas paredes e portas existentes para desejos dos clientes e transformar ampliar o living e integrar os ambientes, além personalizar toda parte de acabamentos: pisos, revestimentos, forro, iluminação. esses anseios em escolhas marcenaria, mobiliário e decoração. “Foi necessário abrir assertivas, com o intuito de refletir espaços para conquistar a integração esperada na área social. Os moradores fizeram questão de deixar um piano em destaque a personalidade dos moradores, no living, afinal é uma peça que traz contornos belíssimos para desde o revestimento de piso aos o ambiente. Assim, é possível receber bem os convidados e ouvir uma boa música”, contam Priscila e Bernardo Tressino. elementos da decoração.” No hall de entrada, a porta foi trocada por uma pivotante PB Arquitetura com a tecnologia biométrica integrada. Na área social, o piso de Um personagem marcante é o piano de cauda alemão do século passado, que transforma o estar em um lounge pri- vativo para receber convidados. 66
Por Náide Nunes Imagens SPaolvr aNdáoiardCeoNrduanroe,sPImedargoeKnoskHeeFnrraiqnuPeaRreibneteir.o O projeto de marcenaria, escondendo fiações, apa- rece em um tom amadeira- do escuro, muito aconche- gante, dando a sensação de “cinema em casa”. 67
PDROOWJNETLO ANDACSIAOLNAASLDE BANHO Foi realizada a demolição de algumas paredes e portas existentes para ampliar o living e integrar os ambientes. Abaixo, a cozinha se tornou um espaço gourmet com churrasqueira e uma potente coifa. Para o reves- timento da grande bancada, a escolha foi pelo granito Paraná, bastante resistente. Na sala de jantar, a parede de fundo ganhou um revestimento tridimensional da Dune Cerâmica, em branco e dourado. Ao fundo, o aquário, localizado na área social, é automatizado: da troca de água à mudança de iluminação ao longo do dia. 68
PROJETO NACIONAL O dormitório do casal segue o mesmo mood elegante da área social. Os tons escuros ajudam a tornar o ambiente mais aquecido. A cabeceira marrom em couro se harmoniza aos tons claros ao redor. No banheiro do casal, a O lavabo é todo preto com arabescos dourados banheira spa protagoni- em destaque nas paredes. O lavatório tem refe- rência barroca e pés torneados e a louça segue o za a cena. O espelho se mesmo estilo. estende da pia ao teto e o revestimento em porcelanato imitando mármore Carrara traz o gosto pelo moderno. 70
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DESIGN O Design e o DESIGNER 74 Eram os anos 1980. E o design e seus produtos então da lavanderia aos closets, passando pelas salas. Um desses rotulados com esse nome eram vendidos nas principais centro de compras, pelo menos, já trazia um dos nossos temas capitais do País como sinônimo de modernidade, em lojas específicos em seu próprio nome: Rio Design Center, perto da ‘transadas’, recheadas de pequenos utensílios - de acrílico, praia do Leblon. E não é que muitos não sabiam, até aquele plástico e também de jacarandá, entre baldes de gelo e momento, sequer pronunciar a palavra-chave design? E a petisqueiras, e um pouco de mobiliário de pequeno porte de confusão que continua a acontecer quando as pessoas insistem bom desenho brazuca. Essas peças podiam ter a assinatura de em não distinguir o design e o designer? Não é exagero afirmar grandes designers genuínos e pioneiros, sob o manto de suas que esse mal ainda assola o nosso País. Sugestão polêmica: por próprias manufaturas ou vinham etiquetadas por marcas da que não criar nomes brasileiros para as duas palavras - será que grande indústria. Mas este era um valor agregado (expressão cola? Bem, pelo menos criaria um buzz. inexistente à época) que, naquele momento, e no caso destas peças, industriais como disse, ou mesmo artesanais, não tinham Voltando à realidade: o que havia de mais atual, e vendia a importância que hoje lhes damos, pois reconhecíamos apenas bem no Brasil de então, era o design de mobiliário europeu a qualidade e a estética inovadora destes produtos, mas não e até americano, vindo dos longínquos anos terminados em sua autoria, reservada para criadores com lojas próprias de 10, 20 e 30 do século 20 com móveis fabricados sob licença mobiliário, com seus nomes ou de suas marcas - ou ainda das e assinados pelos gênios Le Corbusier, Mies van der Rohe e empresas para as quais trabalhavam. Charles Eames com Ray Eames, etc. Entremeado por estilos burgueses feitos à mão ou desenhados por arquitetos, ou A década de 80, que abriu com a irreverência do pelos tapeceiros (estofadores no resto do Brasil para além de movimento pop color italiano Memphis, trouxe um sopro de São Paulo), chamados de neo-qualquer-coisa, de clássicos a pós-modernidade que aconteceu, mas não se revelou então coloniais de diversas origens e antiguidades, passando pelo uma unanimidade - ao contrário dos estilos de arquitetura e deslocado ‘mediterrâneo’. E o Brasil ainda nadava entre o novo decoração que o antecederam no século 20: o art nouveau, o e o tradicional na decoração (inclusive os importados liberados art déco e o próprio modernismo, ainda hoje tão prestigiado e desde os tempos Collor), mas ainda sem grande definição de revisitado em um mundo que se mostra eclético sem ousar dizer rumo, sem falar em design. Na verdade, as marcas estrangeiras este nome, porque agora se autodenomina contemporâneo. que chegavam com seus moveis carregados de design e Mas isso afinal será para o todo sempre, ou até quando? Afinal, tecnologia trouxeram um novo olhar para o ramo - pelo menos o termo não consegue definir exatamente a que nos referimos, o dos clientes mais abastados. pois tudo de seu tempo é necessariamente contemporâneo a ele, certo? O que parecia, até aí, um período ‘perdido’ no tempo, sucedâneo de décadas supostamente mais criativas na área, os mesmos 80’s trouxeram, no entanto, muitas novidades para o setor que hoje denominamos internamente de ‘arq/design’. Por exemplo: as vitrines de lojas assinadas por ‘profissionais’ (jargão que se adotou para os arquitetos e decoradores da época, denominados entre nós, oficialmente hoje em dia, de designers de interiores pela própria ABD, ex-Associação Brasileira de Decoradores - e mais recentemente de Designers, estes com profissão reconhecida e regulamentada desde 2016); as bem sucedidas mostras de decoração que cresceram e se distribuíram com diferentes temas e vieses pelo País; um incremento no número de títulos de revistas especializadas nas bancas, com tiragens à época contadas aos milhares; o nascimento dos shopping centers voltados para os materiais, da madeira e da tinta a todos os demais produtos ligados à casa, desde a maçaneta até os móveis planejados - que vieram para ficar, substituíram os marceneiros e viraram grifes que atendem Poltrona Mahog, de Juliana Vasconcellos.
Fora estas benéficas inserções, o buraco” cheio de mesmices Por Sergio Zobaran Imagens Divulgação permaneceu em paralelo até os anos 2000, com mais design centers e lojas que vendiam mesmo a decoração em si. E Cadeira Elio, de eis que os 2010 e daí em diante viraram plenos de feiras, Maximiliano Crovato. mostras mais focadas e outras iniciativas que assumiram a nova criação de um exército de jovens designers interessados Cadeira Giancarlo, de e interessantes, e sua consequente produção de mobiliário Maximiliano Crovato. nacional, acompanhados e incentivados pelo surgimento da MADE e do DW! E da própria SP-Arte, todas em São Paulo, para começar... Ufa, o design ressurge entre nós de forma profícua e brasileira. Os antigos trabalhos excepcionais dos nossos melhores arquitetos modernistas - formados ou não, mas geniais - passam a ser considerados design também, graças a Deus. E o mix de design + décor trouxe finalmente um novo olhar para nossos interiores, alinhando o país entre os melhores do mundo no ramo. Estamos bem na fita e na foto - dos brasileiros pioneiros ao sopro emergente de presente e futuro que nos alivia e orgulha. Viva o nosso design! Viva o nosso designer. Amém! Cadeira Piero, de Maximiliano Crovato. Aparador Ghost, de Sergio Zobaran formou-se em Juliana Vasconcellos. Comunicação Social na PUC/Rio nos anos 1970, e é jornalista, pu- blicitário e RP. Curador pioneiro em mostras de arq/design, é sócio-fundador do evento Mo- dernos Eternos que se realiza em SP, MG e RJ, e é autor de livros de Comunicação e Arquitetura. No Rio acaba de abrir a gozto, gale- ria de design localizada no Largo do Boticário. 75
DESIGN À crítica da função 76 Comportamento, percepção, consciência e criatividade orientam cami- nhos para o Design afetivo e social do Século XXI. A questão estética deixou de ser a marca fundamental do vos materiais e a globalização de técnicas antes regionais car- Design. Desejada, necessária, mas não fundamental. A verda- regam consigo a oportunidade do uma evolução ambiental e de é que no século XXI, a forma está aliada a outras questões cultural, de fato. tão primordiais quanto: além de produções mais conscientes, os produtos devem prestar serviço e despertar emoção. Entre Bem atualmente, a revolução é ressignificar, e o Design alguns fatores que permeiam a criação de novos objetos estão vai além da forma e funcionalidade comum para abraçar afe- a necessidade de pensar em uma cadeia sustentável e circular; tivamente nosso emocional. A própria funcionalidade está a preocupação em atender múltiplas necessidades simultane- em ressignificação, escancarada em objetos ousados e nada amente e, para além de uma lista de compras, oferecer certo convencionais, que despertam nossa curiosidade sobre como encantamento. “utilizá-lo”. No campo afetivo, seu maior valor está no relacio- namento que ele incentiva estabelecer-se entre tais objeto e Mas ainda que tenhamos digitalizado e automatizado mui- usuário, na comunicação que paira entre as funções práticas tos dos processos e funções nas últimas décadas, produzimos das linhas, nas sensações de materialidade, na coexistência e consumimos produtos idealizados e feitos por pessoas, para harmoniosa e no belo observável, que agrada aos olhos e a pessoas. São pessoas criando coisas para pessoas, em algum alma. Objetos que tragam certa história, que contêm algo so- lugar do mesmo planeta, utilizando as matérias-primas da mes- bre determinada cultura, técnica e localidade, que represen- ma natureza. E isso circula, renasce e reabastece. tem uma ideia, são os que mais propõem zelo e melhor intera- gem com nossos hábitos e rotinas diários. Como se validassem Walter Groupies, fundador da Bauhaus, considerada uma um porquê e atribuíssem um aspecto lúdico ao ambiente, das fundações do design moderno, defendia a formação de um mesmo aos objetos industriais que, aliás, também estão em gestalter ou profissional total, que atuaria em projetos em es- ressignificação. cala de objetos manuais até projetos em escala de construções amplas e coletivas, como o urbanismo e a arquitetura, focando Consistentes e praticamente interativos, móveis, por exem- principalmente na função na qual o produto do projeto viria a plo, têm sido elaborados observando-se formas específicas de executar. viver, considerando implicações potenciais no espaço que o circunda, quase como que uma produção artística impulsiona- Um pouco mais recentemente, nos anos 70, Joaquim Redig, da pelo interesse à experiência humana. Talvez essa caracterís- um pioneiro no desenho industrial brasileiro, conceituou em tica seja atributo de todos os Designs atemporais, que inspiram seu livro “Sobre desenho industrial”, que projetar através do admiração e se destacam do seu entorno, como as peças que design seria unir 9 fatores que refletem seus impactos na socie- a CM destaca aqui, por importância simbólica, influência e irre- dade e no ser humano, já abrangendo um pouco mais do que verência. Que o desenho seja além do comum ou a proposta a função. Tais parâmetros, mesmo que reinterpretados, ainda ousada, quando ele resgata elementos sensíveis, referenciais, e carregam consigo significados e implicações que orientam os os configura tridimensionalmente com carisma e afeto, só nos criativos atuais: Ecologia, Antropologia, Economia, Ergonomia, cabe mesmo usufruir. Filosofia, Psicologia, Geometria, Mercadologia e Tecnologia. “O custo é um Eis que no século XXI, os designers apreendem novos con- parâmetro; mas o textos, relacionam-se com diferentes culturas e, principalmen- te, dominam a tecnologia, ferramenta hoje praticamente indis- que interessa pensável à criação. A partir de propostas bastante autorais, essa é o valor.” geração também se volta às peculiaridades da cultura nacional, matérias-primas e modo de pensar, sem apelar para obvieda- Joaquim Redig des. Tudo parece inspirar e é essencial entender o meio em que estamos inseridos, de onde vem e para onde vão as criações e seus impactos. O desenvolvimento e a transformação de no-
Cadeira DSW Eames Por Náiade Nunes Ilustração: Faby Tomé Charles Eames e Ray Eames Cadeira Bowl A cadeira DSW Eames faz sucesso no mundo do Lina Bo Bardi design. A versatilidade é a marca desta peça, Criada em 1951, a Cadeira Bowl possui criada em 1950, com uma base sólida em arame e design único e ainda hoje é considera- madeira e amortecedores de borracha para supor- da atual por suas linhas e irreverência, tar uma pessoa sentada por um longo período. A e rapidamente ganhou fama por seu descoberta do uso do plástico reforçado, permitiu projeto ímpar e criativo. O projeto foi que o casal criasse esse estilo de cadeira com base concebido centrado no usuário, ou Torre Eiffel, com assento resistente e pés “banana”. seja, a pessoa que utiliza a peça é o ele- Atualmente ela é mais facilmente encontrada em mento principal norteador do projeto. polipropileno no assento. Inspirada em tigelas de barro caiçara, a cadeira pode mover-se livremente so- Poltrona Paulistano bre o suporte metálico. Paulo Mendes da Rocha Poltrona Egg A Poltrona Paulistano, de 1957, original- Arne Jacobsen mente feita com estrutura em aço inox e A Poltrona Egg foi desenhada assento de couro, foi criada para integrar para a entrada e recepção do o mobiliário do Ginásio do Clube Atlético Royal Hotel de Copenhagen. A Paulistano, obra arquitetônica de autoria missão de desenhar todo o hotel bem como seu mobiliário foi a de Paulo em conjunto com João De grande oportunidade do desig- Gennaro. A barra de aço é cheia, com um ner de colocar em prática sua teoria de integração do design único ponto de solda e o assento veste com a arquitetura. Criada para a a estrutura, como uma roupa. O design Fritz Hansen em 1958, a poltrona da poltrona, com o corpo suspenso e um surgiu de uma nova técnica: uma leve balanço nas costas, proporciona um espuma firme em forma de con- móvel ergonômico e muito confortável. cha sob o estofamento. A forma única desta poltrona clássica cria uma espécie de espaço privativo para quem se senta, mesmo em espaços públicos. 77
DESIGN Cadeira Panton 78 Verner Panton De formas sinuosas feita de plástico injetado, a cadeira Panton se tornou um clássico. Produzida pela Vitra, os primeiros modelos eram moldados em fibra de vidro, em 1967. A peça tem o formato de um S, seu design é atem- poral, atravessando décadas causando o mesmo impacto visual e frisson que causava nos anos 60, quando estava disponível em várias cores. Atualmen- te, a original encontra-se apenas nas cores vermelho, preto e branco. Chaise Cadeira de Balanço Oscar Niemeyer De 1977, a Chaise nomeada como Cadeira de Balanço é uma das peças ícone do arquiteto. Na peça, os apoios são reduzidos, justamente para valorizar as curvas, e torna-se ainda mais leve pelo uso da palhinha. “É interessante assinalar como a técnica da madeira prensada nos aproxima da arquitetura: a mesma possibilidade de novas formas, o mesmo empenho em reduzir a seção e simplificar o sistema construtivo” – revela Niemeyer. Poltrona Vermelha Fernando Campana e Humberto Campana Fernando e Humberto queriam criar um móvel com um conceito diferente, em que o material desse não só a estrutura, mas também o estofamento. Em 1993, com 500 m de corda em mãos, começaram a entrelaçar a poltrona Vermelha. Massimo Morozzi, designer e dono da marca italiana Edra, interessou-se em confeccionar a peça, para isso solicitou um desenho esquemático dela. Como é im- possível reproduzi-lo, os irmãos enviaram um vídeo em que expunham o método de entrelaçamento. A partir daí ganhou proje- ção mundial e integra a coleção de design de importantes museus.
Por Náiade Nunes Imagens Divulgação 79
DESIGN Poltrona Diz Sergio Rodrigues 80 Com um jeito apaixonado de trazer o Brasil para dentro dos traços de seus desenhos, o designer prova mais uma vez sua genia- lidade em 2001, criando a Poltronas Diz. A proposta foi fazer com que a cadeira fosse bastante confortável, ainda que toda feita de madeira. A estrutura da peça é em madeira maciça, com o assento e o encosto em compensado moldado, com dupla curvatura folheada em madeira de lei. Poltrona Série Porcas Leo Capote Investigando as fronteiras entre o design e o artesanato, a Poltrona da Série Por- cas, elaborada em porcas de aço, adquire status de obra de arte. A peça de forte identidade foi concebida em 2013, para a Firma Casa e fez parte de uma coleção maior, que integrava 10 poltronas, relei- turas de designs consagrados. Poltrona Serfa Zanini de Zanine A poltrona de madeira e couro Serfa, lançada em 2015, tem como ponto de partida a fusão do trabalho de Sergio Rodrigues, aqui exaltado pela identificação com a cultura brasileira e indígena, e de Ricardo Fasanello, descrito por Zanini como atemporal e elegante, e cujo trabalho é forte- mente lembrado pela mistura de couro, metal e madeira. O designer é conhecido por empregar materiais que utilizam técnicas industriais e arte- sanais, criando móveis e objetos funcionais com qualidade emocional.
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UDROBWANNLIOSMADO SALAS DE BANHO Ponto de encontro Projeto repensa os espaços públicos emblemáticos ao redor da Notre-Dame como uma montagem de atmosferas climáticas. Após o incêndio que consumiu boa parte da Catedral revelando perspectivas sobre a catedral em todas as rotas de de Notre-Dame, a cidade de Paris lançou, em 2021, uma abordagem. competição de design para repaginar a paisagem urbana de seu entorno. O escopo da competição incluiu o pátio da catedral, A Autodesk, referência mundial em software para projetos, seus espaços subterrâneos e as áreas sobre as margens do rio apoiou Paris fornecendo expertise tecnológica durante toda a Sena. A equipe liderada pelo paisagista Bas Smets, de Bruxelas, competição. A metodologia BIM da multinacional americana foi escolhida pelo júri como vencedora e será a responsável foi utilizada para a criação de um modelo 3D da área existente pela reforma, com início previsto para 2024 e conclusão em em torno da catedral, o que proporcionou às equipes melhor 2027. A reconstrução do local, projetada em colaboração com entendimento das restrições do local. “A visualização 3D dos a agência de planejamento urbano GRAU e o escritório de projetos das equipes concorrentes permitiu ao júri mergulhar arquitetura Neufville-Gayet, é complementar à restauração nas propostas de reconstrução deste importante distrito da catedral e o novo pátio foi projetado como uma clareira, histórico de Paris, para escolher o melhor projeto. Esperamos que destaca a fachada oriental de Notre-Dame, integrando que milhões de visitantes desfrutem deste local excepcional vegetação abundante. assim que a reforma for concluída”, destaca Emmanuel Grégoire, vice-prefeito de Paris. O espaço atrás da catedral, tão grande quanto a pátio frontal, dividido por cercas, se tornará uma grande praça contínua entre O antigo estacionamento subterrâneo, localizado sob o a catedral e o Sena, em torno de um gramado generoso que se pátio atual, será transformado em um calçadão interior. Ele abre sobre os vitrais. Os jardins ao sul, bem como as árvores vai abrigar em 3000 m2 áreas de recepção à Notre-Dame existentes, serão integrados em um grande parque ribeirinho (armazenamento de bagagem, instalações sanitárias, quartos de 400 metros de comprimento. Um total de 131 novas árvores para grupos...) e oferecerão novas experiências aos visitantes: serão plantadas e a paisagem arborizada pretende destacar um novo acesso à cripta arqueológica e uma abertura no Sena. o volume da construção, articulando os diferentes espaços e O novo layout também permitirá novas vistas da catedral. O projeto oferece muitas vistas da catedral e uma nova relação com o Sena. A abertura do muro de contenção da plataforma cria uma conexão direta com a área de recepção criada na passagem subterrânea. 82
Por Náiade NunePsPoImor rNaNgáieáaindseBNuurenaeus IBmasagSmenestsBS,uaSlrtveuaaduiooBraACslomSrmdaafeortors,,BPSBetSudderoioJeKAuoldkmieaWFearanJneguPfdoairWeBnBatnSe.g. . O projeto oferece muitas vistas da catedral e uma nova relação com o Sena. A abertura do muro de con- tenção da plataforma cria uma conexão direta com a área de recepção criada na passagem subterrânea. 83
URBANISMO Uma grande praça contínua será criada. As ruas adjacentes são consideradas no proje- to: uma plataforma para pedestres será construí- da na rue du Cloître-No- tre-Dame, que corre ao longo da catedral. “Por 800 anos, Notre-Dame tem sido testemunha privilegia- da da transformação da cidade. 84anRteepsednesatur dooe,nqtuoernstoiosniganr icfiocma,o serão os espaços públicos para a cidade do futuro.” Bas Smets O estacionamento subterrâneo é transformado em um calçadão interno que abriga o programa de boas-vindas e oferece novas experiências aos visitantes. Uma escada será construída em frente à entrada principal e permi- tirá o acesso ao calçadão interno. 84
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