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Revista Sophia nº 78

Published by Editora Teosofica, 2021-04-05 20:13:18

Description: A Revista Sophia é uma publicação da Editora Teosófica, apresentando artigos que vertem sobre temas como filosofia, ciência e religião.

Nesta edição:
• Ao leitor: O poder da união;
• A mente do iniciante – Ezra Bayda;
• A vida só acontece no agora – Walter S. Barbosa;
• A trama cósmica – Pradeep Talwalker;
• A doença da ganância – Jan Nicollas Kind;
• Integridade e valores morais – Kalpana H. Rawal;
• O Despertar da Consciência – Tim Boyd;
• Além da ilusão – John Vorstermans;
• O unicórnio e a intuição espiritual – Richard Brooks;
• Teosofia: um remédio para o mundo – Jacques Mahanich.

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www.revistasophia.com.br ANO 17 • Nº 78 R$ 16,00 d‘ aOcdoensspceiêrtnacria Eu sou uma centelha da chama eterna. Sou um ‘grão de areia na praia da vida. Sou parte do todo universal. O que me pode ser negado? A doença O unicórnio e a Integridade e da ganância intuição espiritual valores morais

Editora Teosófica SHUTTERSTOCK novos horizontes para viver melhor 616P-1l9ai-g83rau63e12c32op47ma98rp04ar63:ar, www.editorateosofica.com.br

SHUTTERSTOCK Cartas Sophia 78 O sentido da vida Ao leitor O poder da união A revista SOPHIA é muito importante na minha vida. Eu a conheci nas bancas de Natal. 5 Na minha cidade não tem mais bancas de revis- tas, eu ia até Natal para comprar. Quando algum A mente do iniciante artigo me chamava muita atenção, eu comprava Ezra Bayda e tirava xerox para presentar amigos com suas belíssimas mensagens. Resolvi então assinar a 5 revista. Sua qualidade do papel, fotografia, con- teúdo, é incrível! Ela só fortifica meus concei- A vida só acontece tos sobre o sentido da vida, de uma forma mais no agora ampla que entra no meu coração. Walter S. Barbosa Maria Anunciada de Oliveira Costa – 8 Currais Novos (RN) A trama cósmica Fora do senso comum Pradeep Talwalker Sou leitor assíduo da revista SOPHIA. Uma 10 publicação de excelente qualidade gráfica, mas, acima de tudo, de excelente conteúdo, com A doença da ganância temas e abordagens fora do senso comum da Jan Nicolaas Kind grande maioria das publicações nacionais, apre- sentando uma visão fora da dicotomia materia- 14 lismo/espiritualismo dogmático, buscando des- pertar no leitor a reflexão, o autoconhecimento Integridade e e a prática do autoaprimoramento. valores morais Kalpana H. Rawal Ricardo Nery – Cuiabá (MT) 18 Crescimento espiritual O Despertar da Consciência SOPHIA é uma revista excelente, abran- Tim Boyd ge uma das minhas áreas de graduação, que é a filosofia, e sempre chega para me atualizar. 22 Faço questão de ser um assinante. Espero que esta revista perdure por muitos e muitos anos, Além da ilusão pois é muito importante para o nosso cresci- John Vorstermans mento espiritual, colocando Deus como um ponto central. 30 Daniel Gonçalves dos Santos – Rio Verde (GO) O unicórnio e a intuição espiritual Companheira de jornada Richard Brooks Conheci a SOPHIA em 2014 e desde en- 34 tão me tornei uma leitora fiel. Encanta-me a diversidade de temas abordados e a qualidade Teosofia: um remédio da apresentação. Os artigos se superam a cada para o mundo nova edição e me auxiliam na busca por autoco- Jacques Mahnich nhecimento, despertar da consciência, cresci- mento espiritual. Estou no caminho, e a revista 40 tem sido uma grande companheira de jornada. Parabéns a toda a equipe pelo excelente traba- lho. Gratidão! Suzana Melo Franco – Brasília (DF) Para adquirir edições anteriores, fale com a Editora Teosófica: (61) 3322-7843, comercial@editorateosofica ou [email protected] FOTOS: PIXABAY

[ AO LEITOR ] O poder da união No fim do Século XIX, Helena Todavia, mesmo com toda a evo- grupo de pessoas, unido, sem propó- HONEY KOCHPHON ONSHAWEE/PIXABAY Petrovna Blavatsky, uma das fun- lução tecnológica, os desafios da hu- sitos personalistas, trabalha em busca dadoras da Sociedade Teosófica, ao manidade permanecem enormes. A da Verdade – não para ser possuída escrever A Chave para a Teosofia, fez consciência se abriu em alguns as- como informação ou conceito, mas previsões otimistas para o futuro da pectos, mas se enrijeceu em outros. como descoberta das coisas como são, humanidade. Naquela época em que O egoísmo ainda rege a maior parte a cada momento, sem as ilusões cau- imperavam o materialismo e o sec- das relações, e o dinheiro passou a ser sadas por nossas ideias e preconceitos tarismo religioso, ela anteviu que se o Deus moderno. A ânsia por prazer –, atuando com altruísmo, seriedade, um grupo de pessoas atuasse com al- e satisfação imediata se acentuou devoção e sabedoria, acendendo a luz truísmo, seriedade, devoção e, acima enormemente, assim como o consu- na escuridão da consciência humana, de tudo, sabedoria, e pudesse manter mismo. A fome e a enorme pobreza grandes transformações acontecem. suas mentes livres de preconceitos e de uns contrasta com o excessivo Quando esses grupos se multiplicam, de ilusões dogmáticas, perseguindo a acúmulo de riqueza por outros. o poder transformador aumenta ex- vitalidade que somente a Verdade vi- ponencialmente, e as mudanças co- va pode transmitir, uma grande trans- O problema essencial do ser hu- meçam a ocorrer de forma espontâ- formação ocorreria. De acordo com mano continua o mesmo. Não sabe- nea nas relações humanas. a última linha escrita naquela obra, mos de onde viemos, para onde va- em 1889, “a Terra será um paraíso no mos, nem qual é o sentido dessa nossa Esse é o propósito da Sociedade Século XXI, em comparação com o breve passagem pelo mundo. Temos Teosófica, refletido em seus objetivos. que é agora”. tecnologia e informação sobre tudo, Formar um núcleo da Fraternidade mas não sabemos o essencial. Nossa Universal sem distinções de qualquer Estamos em pleno Século XXI. ignorância existencial e interesses espécie não é apenas a receita, mas De lá para cá, muita coisa mudou. O imediatos resistem à descoberta do o desafio. A fraternidade real, a que materialismo científico arrefeceu. A sentido maior da vida – que não é transforma, não é apenas de palavras, física quântica revelou que a atitude apenas física, como aparenta ser, mas mas principalmente de atitudes, o do observador interfere no compor- multidimensional, e que tem um pro- que demanda autoconhecimento. A tamento das partículas subatômicas, pósito definido no que diz respeito ao renúncia às exigências do ego possibi- quebrando conceitos deterministas progressivo despertar da consciência lita a união que efetivamente produz sobre a matéria. O sectarismo e o em todos os níveis e reinos da natu- a força transformadora. fundamentalismo religioso também reza. O sofrimento decorrente dessa diminuíram, sendo hoje o ecumenis- ignorância existencial, das perdas, do O ditado popular “a união faz a mo e o respeito à diversidade religio- medo da morte e do que há por vir força” revela não apenas uma lei da sa realidades bem mais palpáveis. A continua profundamente enraizado física, mas também da vida espiritu- globalização é um fato, com a comu- na consciência humana. al, que, se bem compreendida, pode nicação instantânea via internet. As mudar profundamente a qualidade de distâncias “encurtaram”, na medida O que podemos fazer? Penso que vida no planeta, transformando rela- em que, por meio de jatos intercon- as ponderações de H.P.B., feitas no ções pessoais, familiares, profissionais, tinentais, em algumas horas chega-se Século XIX, continuam bastante atu- comerciais, sociais e até mesmo entre a qualquer parte do mundo. ais no tocante ao processo de trans- nações. Onde há união há boa vonta- formação da consciência. Quando um de e cooperação. Onde há conflito, de qualquer natureza e em qualquer ní- EDITORA TEOSÓFICA Diretor Comercial: Edição: vel, há falta de sabedoria e degradação. Setor de Indústrias Gráficas Eduardo Weaver Usha Velasco SIG Q. 6, Lt. 1.235 Revisão: A revista SOPHIA busca levar as Brasília-DF - CEP 70.610-460 REVISTA SOPHIA Zeneida Cereja da Silva sementes da transformação a todos Fone: (61) 3322-7843 Tradução: os cantos onde se fala a língua portu- E-mail: editorateosofica@ Editor-chefe: Edvaldo Batista de Souza guesa, para que elas germinem, flo- editorateosofica.com.br Marcos Luís Borges de Resende Design gráfico: resçam e frutifiquem na consciência Site: www.editorateosofica.com.br Coordenadora editorial: Usha Velasco de indivíduos como você, que buscam Zeneida Cereja da Silva a Verdade e querem o bem comum. Diretor-Presidente: Conselho Editorial: Impressão: Igor Lapma Igor Lapma Gráfika Papel e Cores Marcos Luís Borges de Resende Diretor-Financeiro: Marcos Luis Borges de Resende Distribuição nacional: Diretor da Editora Teosófica Marcos Resende Marília Cossermelli Total Express Publicações Diretor de Produção: Pedro Oliveira Ricardo Lindemann Sergio Moraes * As imagens utilizadas são de Valéria Marques de Oliveira responsabilidade do editor-chefe Zeneida Cereja da Silva 4 SOPHIA • MAR/ABR 2019

‘ [ PERCEPÇÃO ] A mente do iniciante O que está acontecendo exatamente agora? Esta é ‘a pergunta fundamental em toda a nossa prática; é o primeiro passo para fora do sono Ezra Bayda* Mente de iniciante (shoshin) é um termo do Zen-budismo que descreve uma mente que é curiosa, sem pre- conceitos e aberta a possibilidades. Como disse o instrutor zen Shunryu Suzuki Roshi, “na mente do iniciante há muitas possibilidades. Na mente do perito, há poucas”. Uma maneira de invocar a mente do iniciante é voltar aos fundamentos HONEY KOCHPHON ONSHAWEE/PIXABAY SOPHIA • MAR/ABR 2019 5

da prática meditativa, que tem raízes reflexões, associação de ideias ou ex- SASIN TIPCHAI/PIXABAY em duas perguntas essenciais: “o que periências futuras. Ela está confinada está acontecendo exatamente agora?” ao que está ocorrendo no momento “Se, dia a dia, mo- e “qual é a minha prática nesta situ- presente. A atitude é de não julga- mento a momen- ação?” No nível mais básico, o que mento e de curiosidade. to, continuarmos a está acontecendo no momento é que nos fazer as per- você está lendo este artigo. Mas o que É interessante como sempre há guntas essenciais, mais acontece? É útil desmembrar mais de uma coisa ocorrendo. Mas, manteremos viva a esta pergunta em três componentes: se formos honestos, a maior parte do mente de iniciante físico, mental e emocional. tempo nós mal percebemos. E, se per- – e um mundo de cebemos, geralmente é só um aspecto possibilidades.” Fisicamente existem três áreas pa- do nosso ser, como um desconforto ra as quais você sempre deve dirigir a físico ou angústia emocional. SOPHIA • MAR/ABR 2019 atenção. A primeira é a sua postura. Sinta-a agora e ajuste-a como neces- O que está acontecendo exata- sário. A segunda é a sua expressão mente agora? Esta é a pergunta fun- facial. Raramente percebemos as damental em toda a nossa prática; é sutilezas de nossas expressões. Sin- o primeiro passo para fora do sono. ta-a agora, particularmente a área ao A sugestão é fazer essa pergunta redor da boca e dos olhos, e suavize repetidamente ao longo do dia, es- qualquer tensão. A terceira é a tensão pecialmente quando sentirmos que geral do corpo. Sinta a totalidade de estamos um tanto travados. si mesmo, quase como se estivesse do lado de fora, e então suavize e relaxe Logo que consigamos perceber o dentro do corpo. que verdadeiramente está acontecen- do – o que estamos sentindo e acredi- A seguir, o que está acontecendo tando –, a segunda pergunta crucial mentalmente? A mente está clara, ne- seguinte é: qual é a minha prática bulosa, sonolenta, agitada? Perceba o nesta situação? que está acontecendo na mente sem julgar se é bom ou mau. Experimente Ao responder a essa pergunta, o fazer outra pergunta: “o que eu estou mais importante a lembrar é que a acrescentando?” Podemos observar percepção só é possível em um lu- preocupações, julgamentos, padrões gar: exatamente aqui e agora. As- particulares de pensamento que acres- sim, o que estamos especificamente centamos ao momento presente. experimentando determinará qual será a nossa prática. Por exemplo, se Agora verifique seu estado emo- estamos experimentando a mente cional. Você está contente, emocio- macaco – a mente que salta de uma nalmente neutro ou descontente? coisa para outra, a mente que gira em Observe também o que você está pensamentos – pergunte qual seria acrescentando. Você está chateado, uma boa prática em relação a ela. O ansioso, zangado? Observe quaisquer que dizer se você estiver sonolento filtros obscuros. ou preso em distúrbio emocional ou autojulgamento? E se nada especial Perguntar o que está acontecendo estiver acontecendo – qual é a melhor agora e fazer as verificações físicas, prática nessa situação? mentais e emocionais é dar o primei- ro passo para despertar de um sono Precisamos lembrar que às ve- profundo. É importante entender que zes a prática pode parecer confusa. a percepção não é como a introspec- Sentados em meditação, podemos ção, onde perambulamos sem parar às vezes nos perguntar o que exa- nos labirintos da mente. Não estamos tamente estamos fazendo ali. Nós preocupados com o porquê, mas com nos perguntamos se deveríamos es- o quê – com quem somos. tar com a nossa respiração, nossos pensamentos rotuladores, ou ape- A percepção também não diz res- nas tentando residir na quietude. peito às memórias do passado, nem a Quando surgem fortes emoções ou 6

crenças profundas, podemos esque- mente esquecemos o que sabemos. acreditamos, ou a perspectiva crucial cer o que deveríamos fazer. Muitos Metade do que faço quando converso de nós, por exemplo, esquecemos a com meus alunos é lembrar-lhes do de ver nossas dificuldades como nos- prática da gentileza quando estamos que eles já sabem. presos ao autojulgamento. so caminho. É muito útil, em nossa Se conseguirmos lembrar de fa- Se num determinado momento zer a pergunta final (“o que estou prática, abordar o que quer que este- você tiver que fazer uma pausa e se deixando de fora?”), na maioria das perguntar qual é a sua prática exata- vezes nós descobriremos aquilo que jamos deixando de fora. mente agora, muitas vezes a resposta precisamos fazer. Por exemplo, po- honesta pode ser “eu não sei”. Essa deríamos estar deixando de fora a Se, dia a dia, momento a momen- confusão não surge porque há muitas percepção da nossa respiração, do práticas diferentes para se escolher – nosso corpo ou do ambiente, ou a to, continuarmos a nos fazer as per- é simplesmente porque temporaria- rotulação dos pensamentos em que guntas essenciais, manteremos viva a mente de iniciante – e um mundo de possibilidades. S * Ezra Bayda é escritor e instrutor Zen nos Estados Unidos da América. SOPHIA • MAR/ABR 2019 7

[ APRENDIZADO ] A vida só acontece no agora Walter S. Barbosa* não podemos experimentar isso sem SILVIARITA/PIXABAY precisar correr atrás da vida? Do ponto de vista do yoga, a vi- “É palpável o senti- da é a natureza permanente do Ser. Uma enxurrada de pensamentos mento de estar mais Ignorando isso, nos comportamos chega ao cérebro continuamente; vivo quando se vive como se ela fosse algo a ser agarra- Tolle classifica isso como tortura ou experiências novas. do ou passível de se extinguir, justi- vício do pensamento, levando em Mas com o passar ficando o medo da morte. Assinado conta que vício é tudo que escapa ao dos anos pode ser por Airton Mendonça, o texto “A nosso controle. difícil viver algo no- mente apaga registros duplicados” vo, fazendo a sen- sugere que se deve fugir à rotina. A corrente dos pensamentos é sação de mesmice Das experiências repetidas só fica obra da atividade mental, ressusci- crescer no ritmo dos o registro da primeira, que nos faz tando muita coisa do subconsciente cabelos brancos.” de fato viver. O resto submerge no para reexame no painel da consciên- automatismo, daí recomendando-se cia, incluindo os pontos de apego im- SOPHIA • MAR/ABR 2019 diversificar a atividade para que a pregnados na memória. Quanto sobra sensação de vida não se apague. de atenção para o agora? Eventual- mente, nada. O pôr do sol não tem “Um adulto médio tem entre 40 brilho, o relacionamento se limita e 60 mil pensamentos por dia”, diz ao sexo. Passa em branco qualquer Mendonça. Sendo impossível ao cé- nota musical mais baixa que nosso rebro processar tal quantidade de barulho interno. pensamentos, a maior parte deles “é automatizada e não aparece no ín- O carimbo de memória – ou seja, dice de eventos do dia e, portanto, de passado – que a experiência nova quando você vive uma experiência recebe a torna velha instantaneamen- pela primeira vez, ele dedica muitos te, jogando-a sob o tapete da incons- recursos para compreender o que está ciência. Algumas, porém, continuam acontecendo. É quando você se sente fresquinhas por mais tempo. Por quê? mais vivo”. A resposta pode estar no baú do in- consciente, cheio de medos, desejos É palpável o sentimento de estar e expectativas. mais vivo quando se vive experiências novas. Mas com o passar dos anos po- Emoções e pensamentos são ma- de ser difícil viver algo novo, fazendo nipulações de energias. Quando um a sensação de mesmice crescer no rit- desejo está prestes a se realizar o cora- mo dos cabelos brancos. Conforme se ção dispara e a atenção se fixa naquele tem dito, até coisas simples como mu- ponto, quebrando o automatismo do dar o relógio de pulso ou os móveis viver diário numa experimentação na sala pode melhorar esse quadro. do agora. É o que acontece também Mas, sob outra perspectiva, será que nas situações de risco, explicando a atração dos esportes perigosos e fil- mes de terror. 8

Daí a pergunta: as pessoas habi- isolamento e a carência resultante. A pessoal pode comprovar isso. tualmente serenas estariam mortas? isso se chama paz. A santidade, que leva ao controle e Sob o aspecto da permanência, mesmo à extinção dos desejos, é uma Para o sábio Ramana Maharshi a proposta de redução da vida? O rela- paz é o bem supremo. De acordo com a sensação de viver é algo bem mais to de tais indivíduos mostra o con- Tolle, trata-se de uma conquista “tão trário. Em seus yogasutras, Patânjali grande e profunda que tudo que não profundo. Correr atrás dela só ajuda diz que a sensação de existir aumen- for paz desaparecerá nela, como se ta à proporção que a consciência se nunca tivesse existido”. Mesmo quan- a afastá-la. Nossa fome real não é de alarga na direção do Ser, reduzindo do, em pequenos flashes, atingimos o inconsciente. Com isso morre a esse estado na meditação, sentimos agitação – que pode gerar o vício da dependência do passado, extinguin- a percepção da vida se dilatar e duvi- do-se também o medo, a sensação de damos da dor mental que há pouco adrenalina – mas sim fome de paz, nos afligia. Somente a experiência de presença no agora, onde tudo se renova eternamente. “A vida só acon- tece no agora”, afirma Tolle. S * Walter Barbosa é membro da Sociedade Teosófica e da Universidade Livre para a Consciência. SOPHIA • MAR/ABR 2019 9

1100 SSOOPPHHIIAA •• MMAARR//AABBRR 22001199

[ CONEXÃO ] ‘ A trama Pradeep Talwalker* cósmica A ciência afirma que toda a maté- Somos unos com o universo antes de ria no universo é mantida junta pela sabermos. Perdemos a individualidade e gravitação. A força de atração exercida pela mais diminuta partícula alcança ‘nos tornarmos cósmicos. Essa é a doce o outro lado do universo. Ao contrário fruição de uma longa jornada do eletromagnetismo, não há repulsão nessa força; somente atração. Nada EVGENI TCHERKASSKI/PIXABAY consegue neutralizá-la. No entanto, a ciência nunca conseguiu explicar o SSOOPPHHIIAA •• MMAARR//AABBRR 22001199 que é a gravitação; consegue apenas medi-la e descrevê-la. Nenhuma teo- ria, modelo ou hipótese foi capaz de apontar a causa ou o mecanismo da gravitação. Tudo que podemos dizer é que “ela é assim”. Essa força de atração, porém, age somente na matéria, no universo fí- sico. A gravitação não toma conheci- mento de coisas imponderáveis como desejos ou intelecto. Nesses níveis, quem faz o trabalho é o amor. Embora as ciências físicas não trabalhem com o conceito de amor, a psicologia tem conhecimento dele. A importância de uma atitude amorosa é bastante reco- nhecida. Um tratamento psicológico combinado com um cuidado amoroso pode ser muito mais benéfico do que apenas medicamentos. A magia da oração amorosa e al- truísta também tem sido comprovada. Todos nós ouvimos falar de grupos de oração que funcionam em várias partes do mundo, grupos que vão a hospitais e rezam pelos pacientes. Aqueles que estão em coma podem não perceber, mas o pensamento funciona – mesmo para os céticos. O amor é bom para a pessoa que ama e para a pessoa amada. O amor une tudo. Não a dualidade amor-ódio (que é apenas um dos pa- res de opostos de maya, ilusão), mas o atributo divino incondicional. O amor do tipo amor-ódio é só outra face do egocentrismo, um sentimento que se estende somente àqueles mais próxi- mos. O verdadeiro amor tem toda a criação em seu coração. A dualidade amor-ódio é como a atração e repulsão do eletromagnetis- mo. O verdadeiro amor, assim como 11

a gravitação, exerce atração ilimita- maximizar nossa capacidade de con- tório de amor; enquanto o transpor- da. Mas, diferentemente da gravita- duzir. Se um cano está entupido, a tamos, um insondável lago volta a se ção, ele pode ser transmitido com água não consegue fluir de maneira encher em nosso coração. Trata-se de sua intensidade original a qualquer apropriada; se está sujo, a água ficará um tesouro que não se esgota ao ser distância, e terá efeito em qualquer suja; um cano estreito não consegue doado; ele aumenta. parte no mundo. transportar muita água. Para ser um bom condutor de amor, o coração Nessa troca, nossa mente se torna O amor é uma potente força ati- precisa ser amplo e estar livre de pacífica e é purificada; a vida se torna va. A Teosofia diz que os Mahatmas, impurezas. Insegurança, ansiedade, fácil, saudável e alegre. Uma poderosa ou Mestres de Sabedoria, se engajam agitação e medo não servem para isso. aura de amor surge ao nosso redor e em projetar amor para todo o planeta. nenhuma força negativa consegue se Eles querem auxiliares capazes; nós Felizmente somos melhores con- aproximar. Pequenas e grandes ações queremos ser canais do seu amor. dutores do que os simples canos. Um simplesmente são realizadas através Essa é uma oportunidade única de cano não tem seu próprio suprimento de nós, sem nosso esforço. Com o servir ao mundo mesmo no conforto de água; ele apenas a transporta. Nós nosso esforço, o sucesso é maravilho- do nosso lar. No entanto, precisamos temos acesso a um imenso reserva- so. Nosso próprio progresso é mais 12 SOPHIA • MAR/ABR 2019

RITAE/PIXABAY rápido quando esquecemos de nós vão exibir tendências agressivas re- mesmos e trabalhamos para os ou- manescentes em suas encarnações “Nós temos acesso tros. Os poderes superiores cuidam humanas, mas gradualmente, à me- a um imenso reser- de nós quando precisamos, mesmo dida que o ego começar a sentir mais vatório de amor; en- sem mesmo serem invocados. necessidade de melhorar a qualidade quanto o transporta- de vida, ele se tornará cada vez me- mos, um insondável O amor ou ódio que damos aos lhor. Isso é inevitável – tudo é parte lago volta a se en- outros é multiplicado e retorna para do treinamento pelo qual o ego tem cher em nosso cora- nós. Se plantarmos mangas, teremos de passar antes de se reunir à fonte. ção. Trata-se de um um pomar de mangas; se plantarmos Mesmo os Mestres tiveram que pas- tesouro que não se ervas venenosas, teremos um campo sar por isso. Se sentirmos que esta- esgota ao ser doa- cheio de veneno. Devemos decidir mos na frente, é nosso dever ajudar do; ele aumenta.” o que semear. Ninguém achará essa os outros a seguirem adiante. decisão difícil, mas uma decisão, por SOPHIA • MAR/ABR 2019 si só, é inútil; ela tem de ser posta em A evolução só pode ser realizada prática. Temos de fazer um esforço com amor incondicional. Só leva- incessante para continuar plantando remos a responsabilidade a cabo se a boa semente e evitando a má. nossos corações estiverem repletos de amor. Nossa atenção terá que se A alegria é essencial. Uma pessoa voltar para fora. A atitude egocêntrica deprimida involuntariamente espa- entranhada em nós (e fonte de todas lha depressão. Devemos perceber as nossas angústias) terá que se tornar sempre as nossas bênçãos. A gratidão uma atitude global, cósmica. fornece alegria e amor para todos. Como um contágio positivo, o amor Isso não pode ser feito com uma instila alegria e entusiasmo. Podemos varinha de condão. Uma maneira organizar nosso esforço em direção a eficaz é ajudar os outros. Nem todos isso, pois o efeito do esforço organi- têm habilidade para perceber neces- zado é muito maior do que o esforço sidades e criar novos projetos, mas é individual e disperso. sempre possível se juntar a um proje- to social e ajudar. À medida que nossa Negatividades como ganância e percepção aumentar, vamos notar as fanatismo causaram a maioria das necessidades da sociedade e novos guerras, tanto nos relatos épicos da projetos virão à nossa mente. O amor Antiguidade quanto na história re- começará a preencher tudo. cente, a exemplo da Primeira e da Segunda Guerra Mundial. Mais re- Da mesma forma, nossas angús- centemente, nações do Ocidente tias desaparecerão. Se nossas tristezas declararam guerras unilaterais ao pessoais forem vistas no contexto am- Iraque e Afeganistão, levando ao co- plo da sociedade, vamos perceber que lapso das duas sociedades. O que se estávamos enxergando montanhas ganhou com isso? Não há vitoriosos onde havia montículos. Existem mi- nessas guerras, somente perdas e pri- lhares de pessoas menos afortunadas vações de ambos os lados. que precisam de nosso auxílio. Nós desenvolvemos a empatia e a discer- Se não houvesse escassez de amor nimos como um fio comum, um re- e alegria na comunidade mundial, gato, uma corrente divina que passa nenhuma guerra teria sido travada, através de todos os seres. Somos unos e teríamos sociedades igualitárias, com o universo antes de sabermos. justas e saudáveis, cuidando – e não Perdemos a individualidade e nos tirando vantagem – dos mais fracos. tornarmos cósmicos. Essa é a doce A paz teria reinado, e talvez não tives- fruição de uma longa jornada. S se sido necessário que Jesus passasse pelo seu supremo sacrifício. * Pradeep Talwalker é membro da Sociedade Teosófica na Índia. Certamente isso é um devaneio. Os egos recentemente evoluídos do reino animal para o reino humano 13

[ SOCIEDADE] A doença da ‘ ganância Nós somos aldeões que preferem viver na rivalidade tribal, desenhando divisões surreais chamadas fronteiras, em vez de ‘entender que as linhas que traçamos são inexistentes Jan Nicolaas Kind* abstrato, real ou simbólico. Porém, YLANITE KOPPENS/PIXABAY será algo muito específico, onde todo A doença mais devastadora do o complexo da ganância e da necessi- mundo é a ganância. Esse vírus infec- dade se torna obsessão. Quando isso tou o nosso comportamento e o nosso acontece, a vida se transforma num pensamento, influenciou a maneira esforço interminável para adquirir o como lidamos com os outros, o meio máximo possível. ambiente, a política, a educação, a re- ligião, nossa conduta sexual. Estamos Isso deveria ser motivo de preo- dispostos até mesmo a ir à guerra por cupação de todos nós. Observamos causa da ganância. que aqueles que têm invariavelmente dominam aqueles que não têm. Polí- Dinheiro e ganância são forças ticos gananciosos enganam eleitores poderosas que se transformam em com falsas promessas. Os podero- influências corruptoras nas pessoas. sos mercados de ações dominam o O dinheiro é visto como sinônimo mundo. Apenas uns poucos que se de poder, e as pessoas ricas são vistas encontram no topo controlam a vas- como mais poderosas e com mais au- ta população mundial – isto é desi- toridade sobre os pobres. O caos é ge- gualdade de A a Z. Quando olhamos rado quando a violência irrompe para para a nossa história relativamente que uma pessoa obtenha o que dese- recente (os últimos dois mil anos), ja. Aqueles que têm uma autoridade concluímos que, apesar de todos os maior são capazes de abusar de seu nossos avanços tecnológicos e mate- poder e se safar das consequências. riais, ainda nos comportamos como perdulários tolos e egoístas. A ganância é uma das sete falhas básicas de caráter, traços de uma per- A Terra se transformou numa sonalidade sombria. Todos nós temos aldeia global. Nós somos os aldeões potencial para tendências ganancio- que aparentemente preferem viver sas; no entanto, para algumas pessoas na rivalidade tribal, desenhando di- com um medo especialmente forte de visões surreais chamadas fronteiras, sofrer privações, a ganância pode se em vez de entender que as linhas que tornar um problema sério. traçamos são inexistentes. Quando os astronautas orbitam o planeta, não Uma pessoa pode ficar totalmente conseguem ver evidências físicas de obcecada em procurar o que “necessi- qualquer divisão. Nós dividimos por- ta”, tentando se apossar da única coisa que somos gananciosos: esta é a minha que eliminará o sentimento profun- terra, não a sua; esta é minha religião, damente enraizado de não ter o sufi- não a sua; esta é minha convicção, ciente. Essa coisa pode ser dinheiro, obviamente melhor que a sua; esta poder, sexo, comida, atenção, conhe- é minha inteligência, superior à sua. cimento... Pode ser algo concreto ou SOPHIA • MAR/ABR 2019 14

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“Muralhas nunca trouxeram solu- ções duradouras. A Muralha da Chi- na foi construída para proteger dos ataques do norte. Mesmo assim, os mongóis simples- mente a rodearam e invadiram.” 16 SOPHIA • MAR/ABR 2019

É surpreendente que não tenha- Sabemos, teosoficamente, que es- mos aprendido com o nosso passa- do, enquanto os mesmos problemas tamos todos interligados. Artifícios dolorosos se repetem de novo e de novo. Por sermos gananciosos, per- baseados em uma mentalidade sepa- demos a noção de quem realmente somos. Onde estávamos antes de nos ratista servem apenas para retardar desencaminharmos e começarmos a traçar linhas? nosso crescimento. A ganância não Se olharmos o período em que es- une; em vez disso, causa guerras, fo- tamos neste planeta, somos eternos migrantes, mudando de um lugar me, destruição e corrupção. Mas não para outro. Mas, por causa da posses- sividade, as pessoas pensam que pos- é por isso que estamos aqui. Há, sem suem a terra onde temporariamente vivem. Para que os apropriadores de dúvida, outro propósito para o nosso terras se tornem “proprietários de terras”, incontáveis povos indígenas ser, especialmente quando se pensa foram dizimados. nessa profunda interconectividade. Como representantes da vida una, não possuímos nada. Nós pertence- Apesar de nossas noções enganosas mos às terras da mãe Terra, somos parte dela. É contra as leis que re- e destrutivas de separação, estamos gem a natureza construir muros para manter “os outros” de fora. Os outros, respirando as coisas que Leonardo da desde que começamos a caminhar pe- lo planeta, estão em busca de um fu- Vinci, Jesus, Gandhi e Buda fizeram. turo melhor, um ambiente mais justo e uma liberdade abrangente. É claro que é hora de acabar com a Muralhas nunca trouxeram so- ganância. Precisamos estar dispostos luções duradouras. Por volta de 122 d.C., os romanos começaram a cons- a compartilhar com os outros, mesmo truir a Muralha de Adriano, uma fortificação para proteger a provín- que seja apenas um pouco. O dinhei- cia romana da Britânia de invasões de bárbaros. Mas não funcionou. A ro não deve controlar nossas vidas. Grande Muralha da China foi cons- truída para proteger os chineses dos Precisamos dominar nossos desejos, ataques do norte. Mesmo assim os mongóis, em 1211, simplesmente a admirar nossas bênçãos, aproveitar rodearam e invadiram partes do terri- tório, infligindo uma terrível derrota o que fazemos e seguir nossas pai- ao imperador e seus exércitos. xões. Precisamos colocar em práti- Todos sabemos o que aconteceu em 1989 com o Muro de Berlim. Os ca o primeiro objetivo da Sociedade muros que os israelenses construíram durante a Segunda Intifada até agora Teosófica, formando um núcleo de têm dificultado o processo de paz. Bar- reiras podem piorar as coisas. Quando fraternidade universal. Blavatsky dei- uma parede é construída e uma solu- ção permanente é adiada, seus cons- xou isso bem claro: um núcleo capaz trutores correm o risco de que a cor- reção temporária agrave o problema. de estabelecer os exemplos corretos. Uma amiga minha em Atenas, na Grécia, adotou, junto com seu ma- rido, uma menina refugiada de uma região muito conturbada. A criança não apenas perdeu sua família como testemunhou a decapitação de sua mãe por fanáticos religiosos. Trauma- tizada, chegou à costa grega em um barco e foi levada por duas pessoas amáveis que, apesar dos graves pro- blemas econômicos enfrentados pela Grécia, estavam dispostas a abrir seus corações e portas, oferecendo-lhe um merecido futuro. Em um mundo com tanto so- frimento e dor, é essencial irradiar PEGGY UND MARCO LACHMANN/PIXABAY bondade, compartilhar e demonstrar compaixão, banindo para sempre a ganância de nossas vidas. Vamos dar o exemplo. S * Jan Nicolaas Kind é membro da Sociedade Teosó- fica e editor chefe da revista Theosophy Forward. SOPHIA • MAR/ABR 2019 17

[ ÉTICA ] ‘e Integridade valores morais Os valores morais são importantes por si mesmos, assim como o amor incondicional, a gentileza, a pureza, ‘a verdade, a lealdade, a honestidade, a responsabilidade em relação à natureza, a si mesmo e à sociedade 18 SOPHIA • MAR/ABR 2019

PEXELS /PIXABAY Kalpana H. Rawal* infligida a uma terceira. A primeira se pergunta apenas o que aquilo sig- Na superfície, os termos “integri- nifica para si mesma; ela não se pre- dade” e “valores morais” parecem se ocupa, porque calcula que nenhum sobrepor, mas há uma sutil diferen- dano pessoal pode resultar da injú- ça entre os dois, já que desde tempos ria ao outro. A segunda pessoa, pelo imemoriais o conceito, as práticas e contrário, toma o sofrimento para as consequências da não obediência si, ao se incomodar com a injustiça dos valores morais têm tido papel re- praticada. Para essa segunda pessoa, levante nas esferas religiosa, social e a questão não é o efeito da injustiça pessoal de nossas vidas. sobre si mesma, mas a importância da situação como um todo. Não se trata O mundo moderno, que tenta do fato ser ou não agradável para ela, combinar o domínio filosófico, mo- mas do fato em si. Esta última com- ral e científico, parece estar confu- porta-se moralmente bem; a primei- so, destituído de foco sobre nossa ra, de forma egoísta, porque ignora a resistência e atitudes. Além disso, os questão dos valores. ideais políticos e sociais nos afastam do quadro nítido de nossa existência Somente aquele que entende que inata. Nossos valores estão mudando existem coisas importantes por si tão rapidamente que é difícil compre- mesmas, que são belas e boas em si ender sua inter-relação com a vida mesmas, somente aquele que com- mundana. Parece que estamos sós preende a demanda dos valores, o para descobrir onde estamos e como seu chamado, o dever de atender a devemos seguir adiante. eles e de se deixar ser formado por sua lei, é capaz de compreender os Os valores morais são considera- valores morais. Somente aquele que dos os mais elevados atributos entre consegue ver além de seu horizonte e todos os valores naturais. É por isso que não pergunta o que é satisfatório que bondade, pureza, verdade, humil- para si, deixando para trás as noções dade e altruísmo são mais cotados em estreitas e egoístas, entrega-se àqui- termos éticos do que atributos como lo que é importante em si – o belo, genialidade, competência, eficiência o bom – e subordina-se a eles total- e assim por diante. Esta não é uma mente. Somente esta pessoa pode se lista completa ou exclusiva. O que tornar portadora de valores morais. está compreendido num ato de verda- deiro perdão, de renúncia generosa, Os valores morais são importantes de amor incondicional, de aceitação por si mesmos, assim como o amor aberta de todos os seres como são, é incondicional, a gentileza, a pureza, considerado como mais nobre e mais a verdade, a lealdade, a honestida- importante que todos os outros valo- de, a responsabilidade em relação à res culturais. Sócrates e Platão repe- natureza, a si mesmo e à sociedade. tidamente afirmaram que é melhor A falta desses valores significa ego- sofrer uma injustiça do que praticá-la. ísmo e total desconsideração pelos direitos e sentimentos dos outros, e Os valores morais não são herda- é um conceito errôneo de liberdade. dos como a beleza ou outras carac- Infelizmente, essa é a posição que terísticas físicas. Eles precisam ser mais prevalece no mundo atual. Os conscientemente internalizados. Pre- desentendimentos e mal-entendidos cisamos perceber plenamente sua im- sobre a liberdade de viver a própria portância, sua inevitável necessidade vida apenas para si são razões de mi- em nossa vida, com uma visão clara à séria no mundo moderno. luz de uma dimensão mais elevada, derivada da consciência interior. Nesse contexto, direitos sem per- cepção das obrigações corresponden- Vejamos um exemplo: duas pes- tes são superenfatizados e utilizados soas testemunham uma injustiça SOPHIA • MAR/ABR 2019 19

sem hesitação. A propensão ao uso SATHYA TRIPODI/PIXABAY de álcool e drogas, o egocentrismo, o desalento moral são alguns dos efei- à ciência: “Onde os resultados do tes- da integridade em todos os setores tos dessa “liberdade”. Estamos sendo te combinam com as expectativas da e estágios da vida como uma pessoa guiados rumo a uma existência frágil, hipótese científica, existe integridade individual, uma sociedade, uma cor- incoerente e sem significado, e des- entre a causa e o efeito da hipótese poração e um estado. crevê-la como vida é um insulto ao por meio de seus métodos e medi- real significado de vida. das. Onde os resultados do teste não Em Direito, a integridade está en- combinam, o relacionamento causal trelaçada com tradições do processo O modo como vivemos é escolha esperado na hipótese não existe.” penal e regras processuais que ambos nossa. Deus nos deu o dom de pensar os lados na disputa concordarão em e escolher. Pense e escolha por você Mesmo em eletrônica, diz-se que respeitar. O processo admite ainda mesmo. Mas, para citar Marco Au- os sinais têm integridade quando não que ambos os lados demonstrem rélio (Meditações), “não perca mais há corrupção de informação entre um vontade de compartilhar evidências, tempo discutindo como deve ser um domínio e outro. Portanto, a informa- seguir diretrizes de debate e aceitar homem bom. Seja um.” ção corrompida não é confiável. Não as decisões judiciais a que se chegou podemos subestimar a necessidade em boa fé num esforço para alcançar Isso nos leva a alguns pensamen- tos sobre “integridade”, que vem do adjetivo latino integu (total, comple- to). Isso se adquire após a compreen- são do conceito de valores morais. A pessoa tem integridade quando vive segundo os valores, crenças e princí- pios que afirma possuir. Podemos ouvir o que Marco Au- rélio diz: “Se não é certo, não faça; se não é verdadeiro, não diga.” Para sa- ber o que não é certo ou não é verda- deiro é preciso que tenhamos valores morais inculcados em nós. Seremos então uma pessoa íntegra, que faz o que é certo e diz o que é verdadeiro, uma pessoa que baseia suas ações numa estrutura internalizada e con- sistente de princípios; tudo que fizer- mos estará solidamente estruturado em nosso conjunto de valores. Uma pessoa com integridade faz o que é moralmente certo e está con- tente simplesmente com o que tem e o que é. Integridade é nada mais do que viver uma vida boa em sua tota- lidade, sem comparação ou competi- ção, como disse Lao Tzé. Não importa se suas boas ações são reconhecidas ou não. Nada é mais sagrado do que a integridade de nossa própria men- te, como afirmou Abraham Lincoln: “Não sou compelido a ganhar, mas a ser verdadeiro. Não sou compelido a ser bem-sucedido, mas a viver pela luz que possuo.” Hoje o conceito de integridade é aplicado também à lei, aos negócios e 20 SOPHIA • MAR/ABR 2019

um resultado justo. Sempre que se funcionar. Essa é uma grave questão “Os valores morais descobrir que essas suposições são não são herdados incorretas, o sistema penal será consi- de jurisprudência, e espera-se sempre como a beleza ou derado injusto, enfraquecendo assim outras características qualquer caso dado. E, o que é mais que a lei se sujeite aos valores morais. físicas. Eles preci- importante, quando essas suposições sam ser consciente- são incorretas e a verdade não é mais A integridade deve se tornar um mente internalizados. a meta, a justiça é negada às partes Precisamos perceber envolvidas e a integridade geral do fio comum em todos os estágios de plenamente sua im- sistema legal é questionada. Quando portância, sua ine- isso ocorre, a sociedade servida por nossa vida, da sociedade, do governo vitável necessidade esse sistema experimentará ruptura em nossa vida.” ou mesmo caos em suas operações, e do mundo. Como afirmou Martin já que o sistema legal será incapaz de 21 Luther King Jr., “todo homem deve decidir se caminhará na luz do altru- ísmo criativo ou nas trevas do egoís- mo destrutivo”. S * Kalpana H. Rawal é advogada queniana-asiática e ex-Presidente da Corte Suprema do Quênia. SOPHIA • MAR/ABR 2019

“Eu sou uma cente- lha da chama eter- na. Sou um grão de areia na praia da vi- da. Tenho parentes- co com a lâmina da relva; estou ligado à folha das árvores. Sou parte do todo universal. O que me pode ser negado?” 22 SOPHIA • MAR/ABR 2019

[ CONSCIÊNCIA ] O Despertar da Consciência PIXABAY Tim Boyd* Partilhávamos do mesmo quarto, e eu via que a cada manhã ele se levantava Em abril de 1973, durante uma e se sentava numa almofada num dos pequena interrupção das aulas na cantos. Dobrava as pernas e senta- faculdade no período da primavera, va-se de frente para a parede. O que meu pai eu viajamos de Nova Iorque acontecia em seguida era a parte mais para Chicago de automóvel. Ele tinha bizarra: ele ficava sentado lá de quin- negócios a resolver por lá e pergun- ze a vinte minutos sem fazer nada. tou se eu queria acompanhá-lo. Como Imóvel. Quando perguntei a respei- muitos jovens que nada têm a fazer to, ele disse que estava “meditando”. durante os feriadões, eu não tinha qualquer plano particular, e respon- Logo eu já não conseguia mais di que sim. Foi uma decisão casual, me conter, e disse: “Barrett, você feita sem uma reflexão profunda ou mudou muito desde a última vez senso de augúrio, bom ou ruim. No que nos vimos.” Mas o que eu queria entanto, aquela se tornaria uma de- mesmo dizer era: “Você não é o cara cisão que mudaria completamente o com quem eu planejava passar meu rumo da minha vida, e me colocaria feriado.” Ele respondeu apenas: “Você no caminho do treinamento com uma precisa conhecer o meu instrutor – o pessoa que logo se tornaria meu ins- Ancião.” Eu, que pensava ter deixado trutor espiritual – o Ancião. os professores para trás na faculdade, não achei animador o pensamento de Em Chicago eu visitaria um pri- passar o tempo com um velho. Mes- mo, Barrett, a quem não via há dois mo assim, no dia seguinte, lá fomos anos; a lembrança que tinha dele nós visitar o Ancião (eu, Barrett, seu era a de um sujeito doidão. Seus pais amigo Al e a namorada de Al). eram pessoas socialmente proemi- nentes e tinham lhe dado de tudo Aquele primeiro encontro corres- – até demais. Ele estava acostumado pondeu relativamente bem às minhas à boa vida e frequentemente se en- baixas expectativas. Um jovem muito volvia em confusões por extrapolar alto, com cerca de vinte anos, aten- os limites. Aquele prometia ser um deu à porta e nos levou até a sala de feriado divertido. estar. O seu nome era Larry, e conhe- cia o Ancião desde menino. Alguns Após chegar, não demorou mui- minutos depois o Ancião e Calvin, ou- to para reconhecer que meu primo tro de seus alunos, desceram as esca- mudara desde a última vez em que das e se juntaram a nós. Ele conhecia estivemos juntos. Ele parecia mais todos os que ali estavam, menos eu. calmo e levava a conversa para as- suntos sobre o poder do pensamento, Quando ele se apresentou (“Oi, cura, Nostradamus, poderes psíqui- meu nome é Bill Lawrence, mas mui- cos. Tudo isso era estranho para mim, tos jovens amigos me chamam de An- e parecia totalmente incongruente cião”), fiquei um pouco surpreso ao partindo de um primo delinquente. descobrir que não era o velho ríspido e excêntrico que eu esperava. Ele era A coisa mais estranha que teste- extremamente vistoso nos seus cin- munhei durante nossos primeiros quenta e poucos anos, tinha cabelos dias juntos foi o seu ritual matinal. pretos penteados para trás, pele es- SOPHIA • MAR/ABR 2019 23

cura, feições distintas e penetrantes STARTUP STOCK PHOTOS/PIXABAY olhos castanhos. Era difícil determi- nar sua etnia. A impressão inicial era SOPHIA • MAR/ABR 2019 de um índio norte-americano, mas poderia ser da América Latina, do norte da África, do Oriente Médio, da Índia ou do Mediterrâneo. Ele era bom de conversa, muito assertivo e com ideias bem definidas a respeito das coisas. Um fato marcante naquela tarde foi que Al ficou distraí- do, esfregando a testa. O Ancião per- guntou se ele estava bem; Al disse que estava com uma terrível dor de cabe- ça, e o Ancião respondeu: “Isso não é problema. Larry, Calvin, cuidem da dor de cabeça dele.” Os dois rapazes se levantaram, puseram uma cadeira no centro da sala e pediram que Al se sentasse. Com Larry de pé na parte de trás e Calvin na parte da frente, eles esfregaram as mãos rapidamen- te e depois as mantiveram a cerca de quinze centímetros da cabeça de Al. Depois de um minuto, sacudiram as mãos como se estivessem sacudindo água e voltaram a se sentar. Al, com um óbvio senso de alí- vio, disse que estava muito melhor. Eu não sabia o que pensar a respeito do que acabara de ver. Na verdade, eu não vi nada; eles não deram qual- quer medicação a Al, não massagea- ram seu pescoço nem seus ombros, sequer o tocaram. Contudo, o rapaz estava claramente aliviado. Por não ter bagagem mental suficiente em relação a esse assunto, eu não dei a ele a importância devida. Quando fomos embora, o An- cião nos acompanhou até a porta. Quando passei por ele, me despedi como de praxe: “Adeus, foi um pra- zer conhecê-lo”. Mas ele respondeu: “Até logo, filho.” Durante as últimas quatro horas eu havia me sentado pacientemente ouvindo seus incisi- vos pronunciamentos, mas naquele momento senti que ele extrapolara, e respondi: “Não acredito que vamos nos ver logo, pois vou embora ama- nhã cedo.” Ele sorriu, olhou-me nos olhos e repetiu: “Até logo, filho.” 24

“Você entra aqui ves- Encontro inesperado tindo determinada rou- pa. Penteia o cabelo Não houve muita discussão no Dessa vez foi Calvin quem aten- de uma certa maneira. carro depois que saímos. Para Bar- deu à porta. Ele nos mandou entrar Isso é o que você quer rett e Al foi apenas mais um dia com e subiu as escadas rumo ao quarto que o mundo veja, o Ancião. Mas eu não entendia nada. do Ancião. Logo depois, retornou e mas, quando eu olho Certamente ele era uma pessoa inte- nos convidou a subir. Embora o An- para você, vejo além ressante, um talentoso contador de cião tivesse descido as escadas para de tudo isso. Esse histórias, mas escapava-me a razão nos recepcionar naquela tarde, ele corpo a que você dá para que Barrett e os outros o tives- estava se recuperando de uma cirur- tanta atenção é o que sem em tão alta consideração. gia recente e precisava repousar. Era menos importa.” um quarto grande, e o Ancião estava Deixamos Al e sua namorada sentado em sua cama enorme. Cal- SOPHIA • MAR/ABR 2019 em casa, depois voltamos à casa de vin trouxe duas cadeiras e colocou-as Barrett. Comecei a arrumar minhas próximas à cama. Quando me viu, coisas. Íamos sair naquela noite e eu os olhos do Ancião brilharam, ele queria estar pronto para viajar de ma- abriu um grande sorriso e disse: “Ei, nhã. Ao colocar meus pertences na nós nos encontramos novamente.” sacola, descobri que faltavam algu- Naquele momento ele atraiu toda a mas coisas pessoais que eu trouxera minha atenção, mas o que ele disse a de casa, coisas particularmente valio- seguir fez com que minha mente pa- sas para mim. Vasculhamos o quarto rasse: “Sobre as coisas perdidas que sem sucesso. Depois de meia hora de você gostaria de perguntar, só obterá busca inútil, Barrett disse: “Talvez a resposta quando voltar para Nova devêssemos perguntar ao Ancião.” Iorque.” Tudo isso antes mesmo de eu me sentar. Aquilo foi a gota d'água, e eu dis- se: “Barrett, do que você está falando? Então nós nos sentamos e ele co- Você não acha que está levando mui- meçou a falar. Não disse mais uma to a sério essa coisa a respeito desse palavra sobre o encontro anterior Ancião? Ele mora na Rua 33. Estamos ou minhas coisas perdidas. Ele falou na Rua 83. O que ele poderia saber a a respeito da sabedoria perene – a respeito disso?” Eu me senti bem ao Teosofia. De um modo retórico, per- achar que estava fazendo Barrett co- guntou: “Você acha que se conhece meçar a entender aquela reverência bem, não é verdade? Então, você en- ilógica, impensada e equivocada pelo tra aqui vestindo determinada rou- Ancião, mas ele não discutiu comigo. pa. Penteia o cabelo de uma certa Simplesmente me olhou e não tocou maneira. Isso é o que você quer que mais no assunto. No entanto, o olhar o mundo veja, mas, quando eu olho que ele me deu foi do tipo que se para você, vejo além de tudo isso. Es- dá a um louco na rua, daqueles que se corpo a que você dá tanta atenção discutem com um poste ou com um é o que menos importa. Você possui amigo invisível – um olhar benigno seis outros corpos com os quais pode de genuína piedade. funcionar com plena consciência.” Naquela noite fomos à casa de um O Ancião falou sobre muitas coi- dos amigos de Barrett. Depois de al- sas naquela noite. Nos três anos se- gum tempo ouvindo música, conver- guintes eu teria o privilégio de me sando e dançando, fomos embora. Eu sentar com vários indivíduos espiri- pensava que estávamos indo visitar tualmente despertos, mas nenhum um outro amigo; naquela época, não expressou essas verdades profundas sabia me orientar bem em Chicago. como ele. Muito embora o tema fosse Quando Barrett estacionou o carro, abstrato, ele tinha um modo de tor- compreendi que a casa em frente era ná-lo premente e pessoal. a do Ancião. 25

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FREE PHOTOS/PIXABAY A certa altura, ele disse: “Eu vejo Tenho parentesco com a lâmina da um jovem...” e o descreveu em deta- relva; estou ligado à folha das árvo- lhes, até uma pequena cicatriz próxi- res. Sou parte do todo universal. O ma ao olho esquerdo. Era meu antigo que me pode ser negado?’” colega, Bob. Ele disse que eu o con- siderava um amigo, mas Bob nutria O Ancião falava e eu ouvia, exta- inveja em relação a mim. Era verda- siado. De algum modo, tudo me pa- de. Ele então descreveu um incidente recia familiar. Finalmente ele disse: acontecido há três anos, quando me “Filho, é melhor você se levantar e ir machuquei jogando basquete; disse embora.” Ao que eu respondi: “Não, que Bob tinha deliberadamente ten- por favor, não pare.” Ele disse: “Mas tado me machucar. Embora eu não você não tem que viajar amanhã ce- tivesse pensado a respeito disso desde do? Dê uma olhada no relógio.” Eram o ocorrido, lembrei do jogo e concluí quatro horas da manhã! Fiquei sen- que realmente não foi um acidente, tado naquela mesma cadeira durante um ato deliberado. seis horas, mas não tinha qualquer noção da passagem do tempo. Como se precisasse de mais pro- vas de que a clarividência do Ancião A viagem de volta para Nova Ior- era genuína, ele descreveu com total que foi para mim uma obscuridade. exatidão dois ou três eventos em mi- Algo estranho estava acontecendo em nha vida dos quais somente eu po- minha mente. Eu não estava anali- deria saber. E depois disse: “Eu vou sando e nem sequer pensando sobre compartilhar algo com você. É um as muitas coisas de que me falara o mantra que criei para mim mesmo. Ancião. Não senti nenhuma pressão Eu o repito silenciosamente ao longo na mente ou no espírito. Era mais co- do dia. Ouça. Pode ser útil: ‘Eu sou mo um sentimento de estar suspenso uma centelha da chama eterna. Sou em algum lugar no espaço, não ple- um grão de areia na praia da vida. namente aqui nem ali, mas no meio. No meio de quê? Eu não sabia dizer. Mudança irreversível “À medida que ca- Passei alguns dias em Nova Iorque parecia se tornar lento e tranquilo. minhava, novos ní- antes de retornar à faculdade. Foi en- Descobri que estava pensando no veis de percepção tão que comecei a lutar contra as coi- mantra do Ancião. O problema era desabrocharam. sas que ouvira. No primeiro dia, fui que o único verso de que me lembra- Descobri que podia dar um longo passeio no parque para va era “Sou um grão de areia na praia fazer uma pergun- tentar digeri-las. Enquanto caminha- da vida”. Mas caminhando, respiran- ta internamente e va e pensava, algo estranho aconte- do e pensando, fiquei totalmente ab- esperar a resposta, ceu. Meu primo havia me dado um sorto naquele verso. que se desenrolava pequeno livro sobre yoga. Eu o folheei na minha mente co- apenas, li talvez um parágrafo, pois Foi então que algo aconteceu, tão mo um filme.” nada me chamou a atenção. Deixei-o súbito e profundo que nada poderia de lado e não pensei mais nele. Ago- ter me preparado. No intervalo de SOPHIA • MAR/ABR 2019 ra, aquele pequeno parágrafo voltava tempo entre levantar um pé e colo- à minha mente. Era sobre respiração, cá-lo no chão, algo dentro de mim o poder e a importância da respiração mudou total e irreversivelmente. Era rítmica. Quando foquei a atenção na como se uma concha que me envol- respiração, o ritmo da caminhada e vesse tivesse se partido, revelando um o da respiração pareceram se fundir; mundo novo e maravilhoso. Tudo que tive uma sensação de calma e clareza. eu via e ouvia parecia vivo e cheio de Tudo à minha volta e dentro de mim significado. Experimentei uma quie- tude que não era simplesmente au- 27

sência de barulho ou de perturbação, “A experiência se mas algo como um alicerce da exis- aprofundou e se tor- tência – algo que subjaz aos mundos nou cada vez mais de atividade e de pensamento, e que detalhada. Como uma quando experienciado infunde extra- árvore cujas raízes se ordinário significado no que eu ima- espalham amplamen- ginava ser o mundo “comum”. te e se aprofundam na terra, eu parecia O mantra não falava mais do grão estar me conectando insignificante e da praia infinita; ele com um mundo inte- refletia minha união com uma ilimi- rior em eterna expan- tada rede de vida, e minha participa- são, e dele receben- ção íntima nessa vida maior. À me- do sustento.” dida que caminhava, novos níveis de percepção desabrocharam. Descobri, palham amplamente e se aprofundam MARTINA AUBRECHTOVÁ/PIXABAY então, que podia fazer uma pergunta internamente e, na quietude, esperar na terra, eu parecia estar me conec- a resposta, que se desenrolava na mi- nha mente como um filme. Muitas tando com um mundo interior em vezes as cenas eram simbólicas, mas frequentemente a resposta era literal. eterna expansão, e dele recebendo Nas raras ocasiões em que ten- sustento. E então ele se desvaneceu. tei relatar essa experiência, percebi a pobreza da nossa linguagem para Dizem que “nada imenso penetra descrever estados interiores. Em anos posteriores, em livros e escrituras, a vida dos mortais sem uma maldi- encontrei algumas descrições feitas por outras pessoas que tiveram um ção”. Tendo sido admitido no ilumi- despertar semelhante. nado mundo daquela experiência de William James, em seu livro The Varieties of Religious Experience, usa pico, e podendo permanecer ali du- a palavra “invasão” para descrever a experiência de ter as fronteiras da rante algum tempo, foi insuportável percepção comum subitamente sub- jugadas por uma consciência maior. descobrir-me subitamente banido, Há também o desenho medieval de um homem de pé num quarto, esprei- tendo que retornar à sombra da mi- tando sua própria cabeça através de uma cortina. Com o corpo no “mun- nha vida anterior. Externamente na- do normal” e a cabeça do outro lado do véu, o mundo normal desaparece da tinha mudado, mas internamente e ele se encontra num reino surpre- endente, em meio a uma expansão de nada era o mesmo. Tudo que eu vi e estrelas, cometas, planetas e outros corpos luminosos. E há um verso nos experimentei exigia que a minha vida Salmos que diz: “Ele pronuncia Sua voz e a terra se derrete.” Esses são al- se alinhasse com aquilo, contudo a guns exemplos de tentativas de des- crever a experiência de subitamente visão que me guiava não estava mais ver o mundo com “novos olhos”. presente; havia se tornado uma me- Ao longo das duas semanas se- guintes, a experiência se aprofundou mória, como um belo sonho. e se tornou cada vez mais detalhada. Como uma árvore cujas raízes se es- Um ano depois eu estava de volta a Chicago, estudando e vivendo com o Ancião. Havia planejado permanecer durante três meses; minha visita du- rou treze anos, mas esta é uma outra história. Uma última coisa: embora na época isso me parecesse tão co- mum quanto colocar mais uma flor num buquê que já era belo, uma hora antes de partir de Nova Iorque, para retornar à faculdade, eu encontrei as coisas que havia perdido. S * Tim Boyd é Presidente Internacional da Sociedade Teosófica. 28 SOPHIA • MAR/ABR 2019

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[ EVOLUÇÃO ] ‘ Além da ilusão O desabrochar da nossa verdadeira natureza é algo que devemos trabalhar com o intuito de reconhecer ‘quem verdadeiramente somos. Isso não acontece naturalmente; exige esforço de nossa parte John Vorstermans* nossos sentidos. Na verdade, nossa LEE SEONGHAK/PIXABAY real natureza é uma grande chama. À medida que exploramos a Teo- Cada um de nós é uma centelha dessa sofia, vemos os textos sagrados se re- chama, e nós viajamos, aparentemen- ferindo ao mundo como uma ilusão; te separados, rumo à chama maior as coisas não são exatamente como onde um dia seremos reunidos. percebemos, embora pareçam mui- to reais para nós. Sentimos alegrias Estamos num estágio de evolu- intensas, ou nos sentimos presos em ção em que questionamos a natureza preocupações e ansiedade; experi- da realidade; queremos redescobrir mentamos o mundo com os nossos quem somos. Como parte desse pro- sentidos e nossa imaginação, e acredi- cesso, o estudo e a reflexão sobre tex- tamos que tudo isso é real. Será tudo tos sagrados nos levam a questionar o realmente uma ilusão? mundo ilusório em que vivemos e a explorar uma realidade além de nos- Na perspectiva científica, sabe- sa natureza psicológica, examinando mos que os sentidos da visão e da nossas crenças, tendências e hábitos. audição mostram apenas um espectro Com esse exame podemos começar a limitado da realidade. A ciência com- ter uma visão muito mais dinâmica da provou isso por meio de instrumen- realidade. No entanto, esse processo é tos que mostram uma realidade mais como descascar uma cebola: ao remo- abrangente. Ao estudar a Sabedoria ver uma camada encontramos outra Antiga também aprendemos que há semelhante embaixo, outro conjunto outros modos de percepção, como de ideias e crenças que nos impedem clarividência e clariaudiência, que de ver o real. E a jornada para encon- permitem perceber uma realidade trar a verdade continua – verdade muito maior, embora sejam simples- que, conforme dizem, está no centro mente extensões de nossos sentidos. do nosso próprio ser. No passado, segundo a teoria te- O Yoga Vasistha sugere que a vida osófica, éramos como deuses no uni- que vivemos é apenas um sonho. To- verso. Ao longo de éons de evolução, dos nós sonhamos, e enquanto esta- focamos intensamente em nos tornar mos no sonho ele parece realidade; humanos; ficamos tão focados em então despertamos e descobrimos desenvolver nossa natureza e senti- que era apenas um sonho. Ao atra- mento humanos, necessários nesse vessar o véu da morte, certamente en- mundo físico, que nos esquecemos contraremos uma realidade diferen- quem realmente somos; nós nos des- te. Segundo relatos de quase-morte, ligamos de nossa verdadeira natureza conhecemos um local de paz e uma e passamos a visualizar uma forma realidade vívida. O estado post-mor- limitada da realidade por meio dos tem é descrito pelos Mahatmas como SOPHIA • MAR/ABR 2019 31

um processo em que adormecemos, mos e respondemos aos eventos, PIXABAY digerimos as experiências da vida o que os eventos nos ensinaram, que vivemos e em algum momento estamos felizes com o modo como “Sentimos alegrias in- reencarnamos. agimos, poderíamos ter feito me- tensas, ou nos senti- lhor, qual foi a lição, como vamos mos presos em preo- Os Yoga Sutras explicam que nos- agir amanhã se confrontados com cupações e ansieda- sa vida é criada pelas impressões e ações semelhantes)? de; experimentamos o hábitos que adquirimos de muitas Qual é sua visão de mundo? Ela é mundo com os nossos vidas passadas. Estamos num mundo limitante ou universal? Como você sentidos e nossa ima- “nascido da mente”; nossos padrões imagina que o mundo determina o ginação, e acreditamos mentais criam a realidade. Posterior- modo como você vive? que tudo isso é real.” mente recebemos também nossas Você questiona se o que lhe ensina- condições pessoais e sociais. Para ram é verdadeiro ou apenas aceita SOPHIA • MAR/ABR 2019 conseguir ver o que é real precisamos as coisas? desenrolar os padrões que criamos. A religião unifica ou divide? Todas No yoga isso é feito observando a as grandes religiões foram fundadas mente, reconhecendo padrões men- sobre conceitos de respeito pela vi- tais e deixando-os ir. O yoga descreve da e respeito mútuo. A verdadeira como conseguir isso. religião une, fornece valores uni- versais que temos em comum e nos Devemos trabalhar o desabrochar encoraja a explorar nosso relacio- da nossa verdadeira natureza com o namento com a divindade. intuito de reconhecer quem verdadei- Você reconhece que suas experiên- ramente somos. Blavatsky afirma que cias condicionaram seu comporta- isso não acontece naturalmente; exi- mento? Experiências traumáticas ge esforço de nossa parte. Felizmen- mudam nossa visão da realidade. te temos muitos recursos e métodos Se reconhecermos essas ocasiões, para examinar a nós mesmos, como poderemos destravar alguns con- autoexames, reflexões sobre nossas dicionamentos. Um passo impor- reações, meditação e cânticos muito tante é querer examinar nossas vi- eficazes quando praticados com in- das. Dessa maneira, aprendemos a tenção e persistência. separar o real do ilusório. Para nos ajudar em nossa jornada, A história sufi a seguir, retirada os Upanishads lembram que cada um dos Idries Shah, ilustra o ilusório: de nós é um espírito em uma expe- Certa vez Khidr, instrutor de Moisés, riência humana. Meditar sobre isso dirigiu-se à humanidade com uma frequentemente ajuda a transferir advertência: numa determinada data, a percepção da nossa natureza im- toda a água do mundo que não tiver permanente para a nossa verdadeira sido especialmente armazenada de- natureza. saparecerá e depois será substituída por uma água diferente, que enlou- Algumas considerações úteis para quecerá as pessoas. examinarmos a nós mesmos: Um único homem deu ouvidos Conseguimos distinguir entre ne- ao significado daquele conselho; ele cessidades e desejos? recolheu água e armazenou em um O que nos leva a querer mais? local seguro. Na data prevista as cor- Estamos focados somente no mun- rentes de água pararam de correr e os do externo? poços secaram; o homem, vendo isso Despendemos tempo dissociados acontecer, foi para seu retiro e bebeu dos sentidos e olhando para o in- da água que tinha reservado. terior? Despendemos tempo refletindo Quando ele viu, de seu local segu- sobre nossas vidas diárias (o que ro, as águas novamente começando a aconteceu durante o dia, como agi- 32

fluir, voltou para junto das pessoas e seu esconderijo a cada dia, para be- o louco que miraculosamente teve a viu que elas estavam pensando e fa- ber de seu suprimento. Finalmente, lando de maneira totalmente diferen- porém, tomou a decisão de beber a sanidade restaurada. te; não tinham memória do que acon- nova água, porque não conseguia su- tecera, nem de que foram avisadas. portar a solidão de viver, comportar- Essa história mostra como é difícil Ao tentar conversar com as pessoas, -se e pensar de maneira diferente de viu que elas o consideravam louco, todos os outros. Ele bebeu e se tor- ser fora do normal. Encontrar o real mostravam hostilidade ou compai- nou como as outras pessoas, esqueceu xão, mas não o compreendiam. tudo a respeito de seu reservatório é muitas vezes uma jornada solitária. especial, e passou a ser visto como Nos primeiros dias ele voltava ao Precisamos ter um intenso desejo de sair da ilusão. S * John Vorstermans é presidente da Sociedade Teosófica na Nova Zelândia. SOPHIA • MAR/ABR 2019 33

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[ OCULTISMO ] STEFAN KELLER/PIXABAY Richard Brooks* O unicórnio Entre as criaturas fantásticas encon- e a intuição tradas na literatura mundial está o uni- espiritual córnio. Esse animal mitológico é des- crito de várias maneiras nas histórias da ‘ cultura chinesa, japonesa, romana, árabe e europeia. Aqueles que despertaram a intuição espiritual comentam sobre uma sensação São histórias muito antigas, e sua ver- de irresistível amor. A descrição do unicórnio dadeira origem não pode ser determina- da. Os cristãos do Ocidente encontrarão ‘como grande e belo representa esse sete menções sobre o unicórnio no Velho aspecto de buddhi Testamento (Num.23:22, Deut. 33:17, Jó 33:9-12, Salmos 22:21, 29:6, e 92:10, e SOPHIA • MAR/ABR 2019 Isac 34:7). São todas traduções do re'em hebraico, que se referia a um animal que tinha como característica ser veloz, feroz, indomável e, como diz Odell Shepard em The Lore of the Unicorn, “distinguia-se es- pecialmente pela couraça de sua testa”. Essa última característica levou os gregos a traduzir o termo como monokeros (“com um só chifre”). Teria sido bastante normal para os tradutores ingleses da Bíblia dos séculos XVI e XVII, familiarizados com a mito- logia do unicórnio em sua época, supor que monokeros pudesse significar apenas “unicórnio” e, portanto, traduziram re’em assim. A pesquisa contemporânea, no en- tanto, indica que a palavra se referia mais provavelmente ao aurochs, uma espécie de boi ou búfalo selvagem extinto no sé- culo XVI e cujo nome assírio era rimu. Outras possibilidades são o órix, cujo no- me árabe é rim, ou o rinoceronte. De qual- quer modo, o re’em também não foi um unicórnio, nem a fonte de sua mitologia. O unicórnio aparece na mitologia chinesa como o chi-lin, um dos quatro animais sagrados daquele país, sendo os outros a fênix, o dragão e a tartaruga. Ele é descrito como um animal de pele mui- to colorida – vermelha, amarela, branca, azul e preta. Mede doze cúbitos (em tor- no de seis metros de altura), é solitário, vegetariano, benevolente, muito gentil, e tem uma voz semelhante ao som de sinos ou instrumentos musicais similares; tam- bém é capaz de caminhar sobre as águas. Ele vem do céu (t'ien, que é yang) e sabe quando o homem está se comportando em harmonia com o mundo. 35

Em geral, o unicórnio chinês é versão alternativa que aparece no Iê- cresce na testa; também possui olhos representado com uma lua crescente men é chamada de tahish; afirma-se luminosos, rabo de leão e presas afia- entre nuvens sobre as costas. Em al- que frequenta as montanhas daque- das projetadas dos cantos da boca. gumas ilustrações aparece com olhos le país e é uma ameaça a quem quer protuberantes, cavanhaque (como na que o encontre em campo aberto, Mais recentemente, o unicórnio mitologia ocidental) e asas curtas. sendo impermeável à faca ou bala. aparece juntamente com um leão Normalmente imagina-se que ele seja Nessa versão, em vez de chifre existe no emblema do Império Britânico andrógino. A versão japonesa diz que um tufo de pelo de cerca de noventa e em outros brasões. Em algumas esse animal cospe fogo, fato que o re- centímetros de comprimento e que histórias, o animal é perseguido e laciona à ideia medieval de um dra- capturado por um leão quando seu gão. Todas essas características pos- suem significado metafórico e oculto. SOPHIA • MAR/ABR 2019 Na literatura ocidental, a mais antiga menção ao unicórnio está no Indica de Ctesias, obra preservada apenas em fragmentos. Ele conta histórias que ouviu sobre a Índia en- quanto servia a Dario II (rei da Pérsia de 423 a 404 a.C.). Em sua versão, o unicórnio é um jumento selvagem de um só chifre, do sul da Ásia, branco, com cabeça vermelha e olhos azuis. O chifre tem cerca de cinquenta centí- metros, é branco próximo à base, azul no meio e vermelho na extremidade; suas raspas possuem propriedades medicinais e, quando mergulhadas em água, purificam-na. Como a Índia era considerada uma terra exótica e em grande parte desconhecida pelos ocidentais, não é estranho que as pessoas acreditas- sem que um tal animal existisse. Já que não havia contato entre China, Europa ou Índia naquela época, é óbvio que o relato de Ctesias deve ter tido uma fonte diferente da chinesa. Posteriormente, autores ocidentais expandiram a história por conta pró- pria, alongando o chifre a tamanhos absurdos e afirmando que o unicór- nio é extremamente veloz nas quatro patas – mas, de modo inconsistente, atribuindo-lhe patas de elefante. Sua forma corpórea básica também foi modificada de jumento para cavalo. Suhr, que escreve sobre a mito- logia desse animal, assinala que na versão árabe o unicórnio é chamado de karkadann. É uma criatura mas- culina, rara, que vive em áreas amplas e é feroz (come até mesmo seres hu- manos), mas pode ser domada. Uma 36

PIXABAY Os mitos e as metáforas chifre se prende numa árvore. Suhr “O unicórnio é asso- sugere que o unicórnio representa a ciado à lua e à água, Muito provavelmente o unicórnio lua e o leão o sol, tentando relacionar transcendendo nossa é uma metáfora para buddhi, ou in- a mitologia à ignorância e ao medo natureza fluida, emo- tuição espiritual. Exceto nas versões de um eclipse solar. No entanto, isso cional, e sendo contu- árabes, ele sempre é representado co- parece improvável, porque o unicór- do capaz de influenci- mo andrógino, ou seja, transcende a nio foi “importado” da Escócia para o á-la, assim como a lua dualidade e as classificações que nos- brasão britânico, quando aquele país influencia as marés.” sa mente faz do mundo. Está sempre tornou-se parte do Império. solitário, o que é uma metáfora para o estado unitivo de consciência. Na SOPHIA • MAR/ABR 2019 versão ocidental da história, o uni- córnio é associado à lua e à água, transcendendo nossa natureza fluida, emocional, e sendo contudo capaz de influenciá-la, assim como a lua in- fluencia as marés, para purificá-la. Na versão chinesa ele é sublime, relacio- nado às transformações da natureza, e sabe quando estamos em harmonia com ela. Na versão ocidental ele é branco, o que equivale dizer “puro”. Embora descrito como selvagem (ou seja, não encontrado na socie- dade mundana), ele pode, segundo a versão ocidental, ser domado por uma virgem – o que representaria a consciência humana fora do domí- nio da sensualidade. Metáfora seme- lhante aparece na história bíblica de Maria, mãe de Jesus: somente uma natureza “virginal”, livre do apego físico e da mente-desejo (kama-ma- nas) pode dar nascimento à natureza crística (ou seja, buddhi). Na iconografia ocidental, o uni- córnio é retratado deitado placida- mente no colo da virgem. Diz-se também que ele mata outros animais; isso poderia representar o fato de que, quando é dominante em nossa consciência, buddhi mata nossas ten- dências animalescas. Contudo, nas lendas, o unicórnio também é morto por caçadores, enquanto dorme no colo da virgem. Isso poderia repre- sentar a tendência de nossa natureza inferior evitar o controle de buddhi, antes que a natureza espiritual esteja plenamente desperta. A analogia no 37

Cristianismo é a história bíblica de EFRAIM STOCHTER/PIXABAY Herodes buscando matar o filho de Maria – na chamada “matança dos usado para fins egoístas. escalando firmemente em direção inocentes” – interpretado teosofica- A barba do unicórnio, parecida ao topo”, representando aspiração a mente como nossos hábitos passados um estado elevado de consciência. que tentam se reafirmar após o des- com a do bode, faz lembrar do sig- O chifre representa o terceiro olho pertar espiritual. no astrológico de Capricórnio, que desperto, que penetra os mais profun- inclui os festivais cristãos tanto do dos segredos da natureza por meio da Aqueles que despertaram a intui- Natal quanto da Epifania, e também visão psíquica. ção espiritual comentam sobre uma o calendário ocidental do ano novo, sensação de irresistível amor. A des- todos indicativos de uma expansão A história da captura do unicórnio crição do unicórnio como grande e de consciência. O capricórnio está por um leão, quando seu chifre fica belo, tanto na forma quanto na voz, também associado à perfeição, como preso numa árvore, poderia sugerir representa esse aspecto de buddhi. afirma Alan Leo em Astrology for All. que nossa natureza animal mata a Ele é vegetariano, não se alimenta Ele é simbolizado por “uma monta- natureza espiritual quando o senso de matéria animal – ou seja, da in- nha elevada, na qual se vê um bode psíquico se prende à nossa existên- formação do “alimento para a psique” que vem de nossos sentidos, emo- ções e intelecto. A descrição chinesa de sua voz como um som de sinos é muito semelhante à descrição de al- guns “sons místicos” mencionados no clássico budista mahaiana traduzido por H. P. Blavatsky com o título de A Voz do Silêncio (fragmento 1, espe- cialmente os versos 42-46), onde a pessoa ouve com os sentidos internos à medida que sua consciência espiri- tual desperta. Seu corpo de jumento com cava- nhaque e um único chifre no centro da testa (geralmente representado de forma espiralada) tem também significado metafórico. Lembremos a história do Novo Testamento em que Jesus montava um jumento ao entrar triunfalmente em Jerusalém, uma semana antes da crucificação. No livro Contemplations: Being Stu- dies in Christian Mysticism, Walter L. Wilomhurst sugere que o jumento representa o conhecimento esotérico, pois é humilde, teimoso (não pode ser forçado a seguir um caminho), possui uma crina em forma de cruz e é encontrado numa aldeia (não nu- ma cidade barulhenta), “amarrado à porta externa, num local onde dois caminho se cruzam” – ou seja, fora das portas dos sentidos, mas ainda no interior do tempo e do espaço. A natureza do unicórnio, teimosa como o jumento, implica que o verdadeiro conhecimento espiritual não pode ser 38 SOPHIA • MAR/ABR 2019

“Mais recentemente, o unicórnio aparece juntamente com um leão no emblema do Império Britânico e em outros brasões. Suhr sugere que o unicórnio representa a lua e o leão o sol.” cia perceptível. A árvore é uma me- go”. O acréscimo árabe sobre ele ser ter sua origem na história contada táfora para o sistema nervoso, com impermeável à faca ou bala pode raízes no cérebro e galhos neurais indicar que os assaltos verbais (que por um Iniciado à humanidade in- estendendo-se até a pele e os órgãos ferem como uma faca) ou a hostili- dos sentidos, “comendo” o fruto que dade emocional (que, mesmo sem fantil, ou ao “inconsciente coletivo nos faz “cair” da consciência paradi- palavras, atinge a pessoa como um síaca para o mundo das percepções projétil) não conseguem tocar a na- da humanidade”, como disse Jung. comuns dos sentidos. tureza espiritual da pessoa, uma vez que buddhi reside num reino acima Talvez ambas as sugestões estejam A associação japonesa do uni- de kama-manas. córnio a uma energia ígnea sugere corretas, já que os acréscimos poste- a energia criativa de Fohat, que tem Já que é impossível dar uma in- uma de suas manifestações chama- terpretação coerente à mitologia do riores feitos à história não podem ser da de Kundalini, a “serpente de fo- unicórnio, parece óbvio que ela deve atribuídos a uma origem antiga desse mito fascinante. S * Richard Brooks foi conferencista da Sociedade Teosofica nos Estados Unidos da América. SOPHIA • MAR/ABR 2019 39

[ REFLEXÃO ] Teosofia: um ‘reomméduiondpoara Ações simples, baseadas no respeito e na compaixão, podem causar um impacto multiplicado ‘exponencialmente. Essa é a nossa responsabilidade como herdeiros da Sabedoria Antiga Jacques Mahnich* quatrocentos anos, para se livrar de tudo que pudesse impedir seu desen- JAMIE NAKAMURA/PIXABAY “Os ambientes na- O mundo dos seres humanos pa- volvimento. A física e a metafísica, turais e sociais são rece cada vez mais doente: mudanças que estavam ligadas e forneciam uma sacrificados no al- climáticas, doenças físicas e mentais consistente visão da realidade, se se- tar do lucro. Mesmo generalizadas, guerras. Como chega- pararam. A ciência, livre de qualquer a água, que a terra mos a esta situação? Além de desas- laço, passou a formatar a sociedade fornece de graça, é tres naturais nós acrescentamos de- moderna com um novo modelo de roubada por compa- sastres artificiais, causando extinção realidade, impondo um novo paradig- nhias multinacionais de espécies e tragédias ambientais. ma baseado na filosofia materialista. para ser vendida” E há um comportamento recorrente na história, qualquer que seja o local Economia e política estão tão in- SOPHIA • MAR/ABR 2019 ou época: a guerra. Durante os últi- terligadas e são tão imprevisíveis que mos dez mil anos os homens sempre nada parece capaz de parar o frenesi estiveram em guerra. Essa é prova- do “sempre mais para mim”, perpe- velmente a mais mortal das doenças tuado sem controle. Isso porque um que incorporamos aos nossos genes. novo “deus” nasceu: a economia li- beral global, guiada por crescimento Atualmente observamos uma ace- perpétuo e lucros cada vez maiores, leração na degradação dos nossos am- quaisquer que sejam as consequências bientes naturais e sociais. Para fazer – incluindo a ameaça à sobrevivên- algo a respeito precisamos entender cia humana. Os ambientes naturais as causas de nosso comportamento e sociais são sacrificados no altar e aplicar os remédios apropriados. do lucro. Mesmo a água, que a terra fornece de graça, é roubada por com- Na sociedade há fatores que mol- panhias multinacionais para ser ven- dam comportamentos. Tradições, dida, com a complacência dos gover- religiões e filosofias forneceram, du- nos, privando o povo de um recurso rante eras, os modelos de evolução do básico de sobrevivência. universo, inclusive da humanidade. A ética e a moral associadas forneceram Religião, filosofia, ciência, eco- a abordagem para apoiar a vida em co- nomia e política são apenas palavras munidade. A gentileza amorosa, a hu- que representam conceitos e modelos mildade e o serviço aos outros eram mentais. Por si mesmas, não podem requisitos para uma vida pacífica. fazer muita coisa, mas têm um deno- minador comum: tudo o que acon- No entanto, a ciência e parte da tece no mundo resulta de ações, que filosofia se distanciaram, nos últimos 40

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por sua vez resultam de pensamentos. queno mundo pessoal para nos pro- PIXABAY E o perpetrador das ações tem nome: teger de qualquer coisa que perturbe o ser humano. Vamos procurar algu- esse delicado equilíbrio. Concorda- passo essencial, mas não o final. Ele mas características fundamentais na mos em deixá-lo, mas só fortemente tem de ser superado para que sinto- evolução que possam ajudar a enten- armados, apenas para obter algo que nizemos todos os pensamentos, pa- der o comportamento humano quan- forneça mais prazer ou segurança lavras e ações com a centelha divina do atuando em comunidade. para nós mesmos. E, quando retorna- no nosso coração. mos à fortaleza, fechamos a porta pa- Segundo a maioria das tradições ra o mundo, porque pensamos poder Isso pode parecer distante do nos- e religiões, a realidade é una – Sat, o ignorá-lo. No entanto, as paredes con- so dia a dia. Podemos pensar que não Absoluto, o Parabrahm dos Vedanti- tinuarão a ressoar com a vibração do temos tempo nem energia, mas isso nos. Mas, por não conseguirmos uma sofrimento até que nosso coração não só significa que ainda não somos sufi- compreensão direta Dele, nós concei- seja mais capaz de suportar, porque cientemente sensíveis ao sofrimento tualizamos a realidade como múltipla o coração é o canal da mais poderosa que nos cerca. Tentaremos minimi- e fragmentada. Isso é consequência força no universo, o amor, e não pode zar nossa falta de conforto, para que direta da nossa limitada capacidade ser aprisionado para sempre. Porém, a propriedade privada do ego não se- neste ciclo de desenvolvimento. como em qualquer processo evoluti- ja perturbada, até compreendermos vo, essa curva de aprendizagem tem que somos prisioneiros do ilusório A Sabedoria Antiga dá a isso o seu tempo para acontecer. senso de “eu”. Esse é o maior desafio nome de Absoluto, a Realidade Una, que enfrentamos, mas é também a Sat, e de Sat a manifestação de todo O que podemos fazer? A respos- porta de saída para uma vida equili- o mundo emana e se desenvolve em ta comum a essa pergunta é a de que uma jornada que envolve ciclos de é impossível um indivíduo mudar o involução e evolução. A Sabedoria mundo. Então fazemos associações, Antiga ensina que o atual ciclo da definimos metas, desenvolvemos humanidade está focado no desen- ações. Podemos exercer alguma influ- volvimento da camada mental, após o ência sobre a evolução. Porém, mais desenvolvimento das camadas física e cedo ou mais tarde nosso comporta- emocional. Podemos sentir a acelera- mento básico assume, a ganância e a ção, nos últimos séculos, com relação corrupção sobem ao palco, vem a lu- ao intelecto, à filosofia do materialis- ta pelo poder e o movimento morre. mo e suas consequências. Podemos mesmo fazer alguma Essa fragmentação criou um ser coisa como indivíduos? A Sabedoria desequilibrado; devido a seus ciclos Antiga diz que sim, desde que sejamos de evolução passados, ainda muito pessoas engajadas e comprometidas influenciado por desejos naturais, com a ação compassiva. A pergunta mas agora equipado com a poderosa seguinte é: como? Felizmente temos máquina das capacidades mentais, bons manuais, herdados dos buscado- que criam a ilusão de que podem do- res a quem chamamos de santos ou minar a natureza. mestres. Todos apontam para o mes- mo ensinamento, do qual a Teosofia é A maioria das religiões do mundo uma síntese: o ser humano é um dos dá muita atenção ao ego ou persona- estágios do ciclo divino de involução- lidade, seu modus operandi e os meios -evolução. O atual ciclo de desenvolvi- de superá-lo. Ele é como uma cristali- mento é um ponto crítico, o início da zação de energia em torno da qual nós parte ascendente, onde a centelha di- parecemos girar, como a Lua ao redor vina está ressurgindo das profundezas da Terra; todas as nossas percepções do que chamamos matéria. Podemos parecem alimentá-lo e todos os nossos participar ativamente desse floresci- pensamentos parecem dele emanar. mento divino com a reorientação de nossas energias em direção à luz. Somos o resultado de ações passa- das, e a maioria de nossas ações são Um dos passos mais importantes reações contra o que quer que possa no caminho, se não o mais impor- prejudicar o senso de “quem eu sou”. tante, está relacionado ao ego. É um Somos egocêntricos e construímos uma fortaleza ao redor do nosso pe- 42 SOPHIA • MAR/ABR 2019

brada e harmoniosa. Ninguém pode e ouvir palestras é confortável, mas “Ler livros e ouvir fazer isso por nós; é uma abordagem palestras é confor- puramente individual. todas as palavras do mundo serão tável, mas todas as palavras do mundo Podemos então resolver nossos letras mortas se voltarmos ao nosso serão letras mortas problemas? Não imediatamente; de se voltarmos ao nos- outro modo, todos já seríamos santos. comportamento usual. Agir exige a so comportamento Esta é outra pergunta interessante: usual. Agir exige a tendo acesso a tantos ensinamentos, atitude de um guerreiro, uma vontade atitude de um guer- por que simplesmente não os colo- reiro, uma vontade camos em ação e damos fim ao so- forte e inabalável. forte e inabalável.” frimento? Porque, exceto por alguns seres avançados, devemos obedecer Passos concretos podem ser da- 43 às leis da natureza, e uma de suas características básicas é a inércia. Is- dos individualmente, tão logo come- so significa que devemos dar tempo ao tempo, mas significa também que cemos a nos ligar à nossa natureza é preciso ação para não deixar que a inércia dirija a evolução. Ler livros profunda. Ações simples, baseadas no respeito e na compaixão, podem causar um impacto multiplicado exponencialmente. Essa é a nossa responsabilidade como herdeiros da Sabedoria Antiga. S * Jacques Mahnich é conferencista e membro da Sociedade Teosófica na Inglaterra. SOPHIA • MAR/ABR 2019

www.sEondecreçieos dda aSocdiedeadteeTeoosósficoa nfoiBcraasil .org.br CAPITAIS CEP 88.035-000. Tel: (48) 99960- •Loja Conde de S.Germain: [email protected] 0637 (Adolfo). Reuniões 3ª, 19h. reuniões 2ª, 14h. Bragança Paulista-SP Aracaju-SE E-mail: teosofica.florianopolis@ •Loja Himalaia: Tel: (21) 2717-0982. •Loja Alaya: Alameda Polônia, 9, GET Virtudes: R. Alexsandro Oliveira gmail.com •Loja Jinarajadasa: reuniões 3ª, Jardim Europa, CEP 12916-160. Tel: Porto, 115, Sta Luzia. CEP: 49045- Fortaleza-CE 14h. Site: www.bloglojajinarajada- 4032-5859. Reuniões: 6ª, 20h. E- 750. Tel: (79) 8802-1012/8875-2875. •Loja Unidade: R. Rocha Lima, 331- sa.wordpress.com mail: [email protected] E-mail: teosofiaemaracaju@gmail. A, Centro. CEP: 60135-000. Tel: (85) •Loja Nirvana: reuniões 6ª, 17h. Brusque-SC com. Reuniões: ter. 19h, sab. 15h. 99828-2714. Reuniões: sáb. 16h, •Loja Perseverança: reuniões 5ª, •Get Lótus Púrpura: R. João Bauer, Belo Horizonte-MG dom. 9h. Site: lojateosoficaunidade. 14h. 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E-mails: get.sirius@socie- •Loja Alvorada: Reuniões 6ª, 19h30. 17h. E-mail: sociedadeteosofica. 3353-2191/9919-1065. E-mail: teo- dadeteosofica.org.br e bruno.san@ •Loja Brasília: Reuniões 4ª, 19h. [email protected]. bahia@sociedade teosofica.org.br. globo.com E-mail: lojabrasilia@sociedadeteoso- João Pessoa-PB Site: www.sociedadeteosofica.org. Campinas-SP fica.org.br •Loja Esperança: R. Arquiteto Her- br/teobahia. Reuniões: sáb., 16h. •Get Lótus Branco: R. Dr. Antonio •Loja Fênix: Reuniões 3ª, 19h. menegildo Di Lascio, 468, Tam- São Paulo-SP Carlos de Sousa, 118, Jd. Novo E-mail: lojafenix@sociedadeteosofi- bauzinho, CEP 58042-140. Tel: (83) •Loja Liberdade: R. Mituto Mizu- Chapadão. CEP: 13063-450. Tel: ca.org.br 3246-1478, 9117-4488, 8866-5051. -moto, 301, Liberdade, CEP (19) 98292-1524. E-mail: getlotus- •Coordenadoria das lojas de Palestras públicas sáb. 17h. E- 01513-040. Tel: (11) 3271-3106. [email protected]. Brasília – programação pública con- mail: lojaesperança@sociedade Reuniões: 6ª, 20h. Site: teosofia- Reuniões: 4ª, 19h. junta: sáb., 14h30 a 19h30. teosofica.org.br liberdade.org.br. E-mail: Capão da Canoa-RS Campo Grande-MS Maceió-AL [email protected]. •Get Dhyana: R. Pindorama,389, •Loja Campo Grande: R. Pernambuco, •GET Maceió: R. Prof. Sandoval Facebook: www.facebook.com loja 1, Centro. CEP: 95555-000. Tel: 824, São Francisco, CEP 79010-040. Arroxelas, 432, ap. 502, Ponta /lojateosoficaliberdade. (51) 985576481 e (51) 999664042. Tel.: (67) 3025-7251/9982-8106. Verde. CEP: 57035-230. Tel: (82) •Loja Raja Yoga: R. Mituto Mizu- Email: [email protected]. Reuniões: sáb, 18h. E-mail: lojacam- 3377-0297/9997-8351. E-mail: moto, 301, Liberdade, CEP 01513- Reuniões: 2º e último sábados do [email protected] [email protected]. 040. Tel: (11) 3271-3106. Reuni- mês, 19h. •GET Flor de Lótus: R. Tinhorão, 672, Reuniões: sáb., 16h. ões: 4ª, 20h. E-mail: samiracarnei- Cataguases-MG Cidade Jardim, CEP 79040-630. Palmas-TO [email protected] •Loja Unicidade: R. Cel João Du- Tel: (67) 3028-6548 / 9637-7525. • GET Palmas: Q. 101 Sul, cj. 1, •Loja São Paulo: R. Mituto Mizu- arte, 78, s. 204. CEP: 36770-000. Reuniões: 3ª e 6ª, 19h. E-mail: lt. 6, s. 408, Ed. Office Center. moto, 301, Liberdade. Reuniões: Tel: (32) 3421-4448/(32) 3421-1567/ [email protected] CEP 77.015-002. Tel: (63) 3215- dom., 17h. E-mail: celiapetean@ (32) 9982-1123 e (32) 9984-1164. Cuiabá-MT 0936/9951-0459/8139-3218/8415- uol.com.br Reuniões: 3ª, 19h30, e 6ª, 18h30 • GET Annie Besant: R. Venezuela, 3122. Reuniões sab., 15h30. •Get Sananda Kumara: R. Antônio (membros). E-mail: nascimentos- 231, Santa Rosa, CEP 78040-370. E-mails: [email protected], de Vicenzo,125, Jd. das Figuei- [email protected] Tel: (65) 9.8115.8425 / 9.8107.1687 [email protected] e gui.nut@ ras.CEP: 03.211-120. Tel: (11) Caxias do Sul-RS / 9.8128.3144. Reuniões quinzenais: hotmai.com 97365-8604 e (11) 97675-8811. •Loja Jehoshua: R. Itália Travi, 813 6ª, 20h. E-mail: castilho.radiotera- Porto Alegre-RS Email: [email protected]. fundos, Rio Branco, CEP 95097- [email protected] •Loja Dharma: R. Voluntários da Reuniões: 3ª, 20h. 710. Tel/ Whatsapp: (54) 99194- Curitiba-PR Pátria, 595, s. 1408. CEP: 90039- Vitória-ES 8537. Reuniões: 1º e último do- •Loja Libertação: R. República Ar- 900. Tel: (51) 3225-1801. E-mail: •Loja Blavatsky: Av. Princesa Isa- mingo do mês, 15h. E-mail: teoso- gentina, 2.056, 11º andar, s. 115, [email protected]. bel, 35, CEP 29.010-361. Tel: (27) [email protected]. Site: www.teoso- Água Verde, CEP 80.620-010. Tel: br. Site: www.lojadharma. org.br. 3235-1545/3314-5381/9608-5694. fiars.com.br. Facebook: facebook. (41) 3088-8140 / 9968-7625 / 9646- Reuniões: 4ª, 20h (membros); sáb., Reuniões: 3ª, 6ª e sáb., 19h. E- com/teosofiars 5853. Cursos de Introdução: 2ª, 15h às 18h30 (público). mail: [email protected] e Criciúma-SC 19h30 às 21h. Palestras públicas: Recife-PE [email protected] •GET Mabel Collins: Cx P. 263, sáb., 16h às 18h. Reuniões mem- •Loja Estrela do Norte: R. Diogo CEP 88801-970. Tel: (48) 3433- bros: 3ª, 19h30 às 20h. E-mail: liber- Álvares, 155, Torre, CEP 54420- OUTRAS CIDADES 0380/9904-2080. Reuniões: [email protected] 000. Tel: (81) 3459-1452. Reuniões: 1º sáb. do mês, 15h, na R. Barão •Loja Paraná: R. Dr. Zamenhof, 97, dom., 16h. E-mail: lojaestrelado- Águas de São Pedro-SP do Rio Branco, 549 (perto do Sindi- Alto da Glória. CEP: 80030-320. Tel: norte@sociedade teosofica.org.br •GET Águas de São Pedro: R. cato dos Mineiros). (41) 9646-5853. Reuniões: 2ª, 19h Rio de Janeiro-RJ Pedro Boscariol Sobrinho, 95, SP. Juazeiro do Norte-CE (membros); 3ª e sáb., 16h (público). •Loja Augusto Bracet: Av. Treze de CEP: 13525-000. Tel: (19) 3482- •GET Padre Cícero: R. Santo •Loja Dario Vellozo: R. 13 de Maio, Maio, 13, sala 1520, Centro, CEP: 1009. Reuniões: 5ª, 20h. Agostinho, 300, Biblioteca Pública 538, Centro, CEP 80510-030. Reu- 20053-901. Tel: (21) 2569-9978. Balneário Camboriú-SC Municipal, CEP 63.010-167. Tel: (88) niões: 2º e 4º domingos, 15h30 às Reuniões: 6ª,15h. E-mail: fcarrei- •GET Luz no Caminho: Centro 98808-4808. Reuniões sáb., 16h. 17h30. Tel: (41) 3352-7175, 9979- [email protected] de Treinamento Yoga Sadhana, E-mail: [email protected] 7970, 9675-8126. E-mail: claturis- •Lojas Conde de Saint Germain, Ji- Av. Rui Barbosa, 30 (continuação Joinville-SC [email protected] narajadasa, Nirvana, Perseverança da Estrada da Rainha, Praia dos •Loja Shanti-OM: R. Waldemaro Florianópolis-SC e Rio de Janeiro: Av. 13 de Maio, nº Amores). CEP: 88330-468. Tel: Maia, 130, CEP 89202-260. Tel: (47) •Loja Florianópolis: Av. Madre Ben- 13, s. 1.520, Centro, CEP 20053-901. 9987-1797. Reuniões: quinzenal- 3433-3706. Reuniões: 4º dom. do venuta4,41295, s. 1, Santa Mônica, Tel: (21) 2220-1003. mente, dom. 17h30. E-mail: mar- mês, 1S9OhP.HEI-Am•aMil:AmR/aArBilRen2a0w19olf@

yahoo.com.br FRED FOKKELMAN Juiz de Fora-MG • GET Juiz de Fora: R. Padre Café, O que é a 195, 4º andar, Salão de Festas, bairro São Mateus, esquina com Av. Itamar Sociedade Teosófica Franco, CEP 36.016-450. Reuniões 2ª, de 19h a 20h30. Tel: (32) 99810-6667. A Sociedade Teosófica foi fundada em Nova Não há religião E-mail: [email protected] Iorque em 1875 por um grupo que inclui a russa •Loja Estrela D’Alva: Av. Barão do Rio Helena Blavatsky e o norte-americano Henry Ol- vsueperrdioraà de Branco, 2721, s. 1006, Centro. CEP: cott, seu primeiro presidente. A sede internacional 36025-000. Tel: (32) 3061-4293. Reuni- foi transferida para Chennai, na Índia, onde se Esse é o lema da ões: 2ª, 4ª, sáb., 18h15. E-mail: there- encontra hoje. A Sociedade tem sedes em mais de Sociedade Teosófica. [email protected] 60 países e divide-se em Seções Nacionais formadas Mas a Sociedade não Londrina-PR por Lojas e Grupos de Estudos. se impõe como por- •GET Lumen: R. Raja Gabaglia, 1020, tadora da verdade; o Jd. Quebec. CEP: 86060-190.Tel:(43) A Sociedade Teosófica estrutura-se sobre o prin- laço que une os teó- 3027-2623/9121-3375/9916-0099/9911- cípio da fraternidade universal e a livre investigação -sofos não é uma 8142. E-mail: tarsiladomene@hotmail. da verdade. Seus objetivos são formar um núcleo da crença comum, mas com e [email protected]. Reuni- fraternidade universal da humanidade; encorajar o a investigação da ver- ões: 4ª, 19h. estudo de religião comparada, filosofia e ciência; dade em relação às Niterói-RJ investigar as leis da natureza e os poderes latentes diversas religiões, à •Loja Himalaya: R. da Conceição. 99, no homem. filosofia ou à ciência. s. 207, Centro. CEP 24020-090. Tel: (21) 2710-3890/2611-6949. Reuniões: Membros de diversas religiões se filiaram à 45 2ª, 18h. Sociedade, mantendo suas tradições. Considerando Piracicaba-SP que ela não é uma religião nem uma seita, somente o •Loja Piracicaba: R. Sta Cruz, 467, Al- respeito à liberdade de pensamento torna possível a to. CEP: 13416-763. Tel: (19) 3432-6540. convivência harmônica que favorece a investigação Reuniões: 3ª e 5ª, 20h. E-mail: lojapiraci- e o aprendizado. [email protected] Praia Grande-SP A origem da palavra theosophia é grega (“sabedo- •Get Thoth: R. Dep. Laércio Corte, ria divina”). Quem primeiro utilizou esse termo foi 1090, Vila Caiçara. CEP: 11700-000. Amônio Saccas, em Alexandria, no século III d.C, Tel: (13) 3474-5180. Reuniões: 3ª, que, juntamente com seu discípulo Plotino, fundou 19h30. E-mail: get.thoth@sociedade a Escola Teosófica Eclética. Esses filósofos neoplatô- teosofica.org.br nicos não buscavam a sabedoria apenas nos livros, Ribeirão Preto-SP mas através de correspondências da alma com o •Loja Paz Profunda: R. João Penteado, mundo e a natureza. A Sociedade Teosófica moder- 38, Jardim Sumaré, CEP 14020-180. na, sucessora dessa antiga escola, almeja a busca da Tel: (16) 3237-5109/98138-5148/ 3916- sabedoria não pela crença, mas pela investigação da 4231. Reuniões: sáb. 16h. E-mails: teo- verdade que se manifesta na natureza e no homem. [email protected] São Caetano do Sul-SP •GET do Grande ABC: R. Marechal Deodoro, 904, Sta. Paula. CEP: 09541- 300. Tel: (11) 4229-7846. Reunião 3ª, 20h. E-mail: getdograndeabc@gmail. com São José dos Campos-SP •GET Ishvara: R. Augusto Edson Ehlke, 150, Vila Ema. CEP: 12243-110. Tel: (12) 3901-7424/3208-6693/98877- 8112/99163-1685/99137-9085. Reu- niões 3ª, 19h30. Endereço p/ corres- pondência: R. Ricardo Monteiro, 147, Jardim Renata, CEP 12245-110. Email: [email protected]. FB: facebook. com/Loja Teosofica Vida Una •Loja Vida Una: R. Madre Paula de São José, 163, Vila Ema, CEP 12.243-010. Fone: (12) 3941-7173/99712-2349. Reuniões 2ª, 19h15. E-mail: lojavidau- [email protected] Três Pontas-MG •GET Una Verdad: Rod. 167, km 11, entre Santana da Vargem e Três Pon- tas, CEP 37.190-000. Fone e whatsa- pp: (35) 99936-1396. Reuniões públi- cas 3ª, 20h. E-mail: getunaverdad@ gmail.com Timbó-SC • GET Timbó: R. Luxemburgo, 118, Das Nações. CEP: 89120-000. Tel: (47) 3382-2264/9957-1236/3385- 3068/9993-0797. Reuniões: 6ª, 19h. E- mail: gS_OmPHulIlAer•8M5@ARy/aAhBoRo2.0c1o9m.br

ECdonithoeçraaasTpuebloicasçõóesfidca a Ocultismo Prático A Mente Imensurável A Chave para O Catecismo Budista Jiddu Krishnamurti a Teosofia H. S. Olcott Helena Blavatsky H. P. Blavatsky A ação baseada no pen- Este livro é a primeira Este livro permite com- samento ajudou o ser hu- Esta é uma obra clássica, síntese do Budismo contem- preender o verdadeiro Ocul- mano a progredir em áreas em que Helena Petrovna porâneo, escrito em forma tismo. C.W. Leadbeater o tecnológicas, mas quando Blavatsky faz uma exposição de perguntas e respostas, definiu como “o estudo do se trata da compreensão da geral e abrangente sobre a fi- incluindo os catorze Princí- lado oculto da natureza em vida e dos relacionamen- losofia esotérica e a sabedo- pios Fundamentais aprova- sua totalidade”, e não ape- tos, o pensamento cria mais ria divina. Ela explica o que dos pelas diversas linhas do nas do que os sentidos per- problemas do que soluções. é a Teosofia, além de abordar Budismo do Norte e do Sul. cebem. Segundo Blavatsky Desenvolvendo este tema, os mistérios do homem, Nesta edição novas pergun- escreveu, “através da ma- Krishnamurti mostra como o ciclo da vida e da morte tas foram introduzidas, e seu gia estudava-se as relações, o pensamento é inadequado (os estados post-mortem) e conteúdo aborda: (1) a vida atrações e repulsões entre para lidar com as emoções o estudo de religiões com- de Buda; (2) a Doutrina; (3) objetos e seres; a causa des- básicas subjacentes a confli- paradas, filosofia e ciência. a sanga, ou ordem monásti- ses fenômenos, seguida até tos, inseguranças, medo etc. Passados mais de cem anos ca; (4) uma breve história do o princípio espiritual que Ele explica que há “um novo de seu lançamento, este livro Budismo; (5) concordâncias perpassa e anima todas as instrumento totalmente di- continua perfeitamente atu- do Budismo com a Ciência. coisas; e a habilidade para ferente do pensamento”, co- al e se mostra até profético: O autor, H. S. Olcott, foi fornecer as melhores con- mo pode ser visto nestas pa- nele Blavastky afirma que, Presidente-Fundador da So- dições para esse princípio se lestras ministradas em Nova cumpridas determinadas ciedade Teosófica e dedicou manifestar. Em outras pala- Delhi, Calcutá, Madras e condições, a Terra será um grande parte de sua vida à re- vras, era um conhecimento Bombaim, entre outubro de paraíso no século vinte e vivescência do Budismo num profundo e exaustivo da lei 1982 e janeiro de 1983, cujo um, se comparada ao século espírito ecumênico, visando natural. A magia não é algo teor compõe este livro. dezenove. a Fraternidade Universal. sobrenatural. www.editorateosofica.com.br 46 SOPHIA • MAR/ABR 2019

Compre pelo cartão [ LANÇAMENTO ] de crédito (todas as bandeiras), ou peça pelo Um corpo correio ou pelo e-mail: editorateosofica@ invisível editorateosofica.com.br Ligue: 61-33227843 O Duplo Etérico morte, os processos de cura e as faculda- ou 61-986134906 Arthur Powell des psíquicas. O livro também traz um glossário com temas sânscritos e outros. Autobiografia de Este livro apresenta um estudo Annie Besant claro e preciso sobre a parte etérica e Essa parte invisível do corpo é de- invisível do corpo humano e seus fenô- nominada duplo etérico por ser consti- Desde a juventude Annie menos. É, de fato, uma compilação de tuída de matéria etérica e apresentar a Besant encontrou obstáculos estudos feitos por conceituados clarivi- forma exata do corpo denso. São nume- na sociedade, que reconhe- dentes, como C. W. Leadbeater e Annie rosos os fenômenos e as possibilidades cia seu trabalho de carida- Besant, facilitando assim o trabalho dos do duplo etérico, e seu estudo e defi- de mas não tolerava o seu estudiosos, que de outra maneira te- nição têm sido apresentados por meio ateísmo. Segundo explica, o riam que dispender muito tempo para do psiquismo, do yoga e da Teosofia. que a levou ao ateísmo foi o percorrer a vasta literatura já existente No duplo etérico também se localizam sentimento de justiça ultra- sobre o tema. Seu grande mérito está os centros de força, ou chakras, de nos- jada, de direito insultado. justamente em proporcionar um estu- sa natureza, cujo despertar inteligente e do com informações fidedignas e aces- progressivo, sob segura orientação, pode Socialista, materialista e síveis. Seus capítulos falam sobre temas levar o ser humano a notáveis conquistas ateia, fulminava os adversá- como Kundalini (“o fogo serpentino”), a no reino da natureza, e tornar a sua vida rios esgrimindo sua pena de mais saúdavel e feliz. jornalista ou proferindo su- as famosas conferências em 47 defesa dos princípios e dos oprimidos – que às vezes terminavam em tumulto. Sua vida foi um exemplo de perseverança, com adver- sidades que acrisolaram seu espírito, preparando-o para a grande missão que cumpriria na Sociedade Teosófica. Setor de Indústrias Gráficas – SIG, Quadra 6, Lote 1.235 Brasília-DF – CEP 70.610-460 Fone: (61) 3322-7843 SOPHIA • MAR/ABR 2019

Para comprar os livros da Editora Teosófica, peça pelo número! 1. A Chave para a Nascimento à Ascenção - para A. P. Sinnett, vol. I. – Psíquicas - Vernon Harrison: Teosofia - H. P. Blavatsky: Geoffrey Hodson: 59,00 Escritas pelos Mahatmas 35,00 42,00 22. A Vida Espiritual - Annie M. e K. H.: 55,00 60. Introdução à Teosofia - 2. A Ciência da Astrologia Besant: 35,00 41. Cartas dos Mahatmas C.W. Leadbeater: 18,00 e as Escolas de 23. A Vida Interna - C.W. para A. P. Sinnett, vol. II. – 61. Investigando a Mistérios - Ricardo Leadbeater: 41,00 Escritas pelos Mahatmas Reencarnação - John Lindemann: 55,00 24. A Visão Espiritual da M. e K. H.: 55,00 Algeo: 35,00 3. A Ciência da Meditação - Relação Homem & Mulher - 42. Cartas dos Mestres 62. Karma e Dharma - Rohit Mehta: 35,00 Scott Miners (comp.): 40,00 de Sabedoria - C. Annie Besant: 33,00 4. A Ciência do Yoga - I. K. 25. A Vivência da Jinarajadasa: 47,00 63. Luz e Sombra – Taimni: 53,00 Espiritualidade – Uma 43. Chegando Aonde Você Elementos Básicos de 5. A Conquista da Proposta Prática ao Está - A Vida de Meditação Astrologia - Emma Costet Felicidade - Kodo Alcance de Todos - Shirley - Steven Harrison: 40,00 de Mascheville: 25,00 Matsunami: 33,00 Nicholson: 23,00 44. Clarividência - C.W. 64. Luz no Caminho - 6. A Criança Encantada - C. 26. A Voz do Silêncio - H.P. Leadbeater: 30,00 Mabel Collins: 18,00 Jinarajadasa: 18,00 Blavatsky: 25,00 45. Conhece-te a Ti Mesmo 65. Meditação – Sua 7. A Doutrina do Coração - 27. As Escolas de Mistérios - Valdir Peixoto: 25,00 Prática e Resultados - Clara Annie Besant: 33,00 – O Discipulado na Nova 46. Contos Mágicos da M. Codd: 25,00 8. A Essência da Vida Espi- Era - Clara Codd: 40,00 Índia - Marie Louise Burke: 66. Meditação Taoísta ritual - Raul Branco: 40,00 28. As Leis do Caminho 33,00 – Métodos para Cultivar 9. A Fraternidade de Anjos Espiritual - Annie Besant: 47. Consciência e Cosmos a Saúde da Mente e do e Homens - Geoffrey Hod- 30,00 - Menas Kafatos & Thalia Corpo - Thomas Cleary son: 33,00 29. Aos Pés do Mestre - J. Kafatou: 37,00 (comp.): 33,00 10. A Luz da Ásia - Edwin Krishnamurti: 18,00 48. Dentro da Luz - Cherie 67. Meditação – Um Estudo Arnold: 33,00 30. Advaita Bodha Deepika Sutherland: 35,00 Prático - Adelaide Gardner: 11. A Mente Imensurável - – A Luz da Sabedoria não 49. Desejo e Plenitude - 33,00 J. Krishnamurti: 53,00 Dualista - Adi Shankara Hugh Shearman: 25,00 68. Meditações – Excertos 12. A Potência do Nada - Swami: 37,00 50. Deuses no Exílio - J. J. das Cartas dos Mestres de Marcelo Malheiros: 33,00 31. Aos que choram os Van Der Leeuw: 23,00 Sabedoria - Katherine A. 13. A Técnica da Vida Mortos - C. Jinarajadasa 51. Educação, Ciência e Beechey (comp.) [livro de Espiritual - Clara Codd: [livro de bolso]: 18,00 Espiritualidade - P. Krishna: bolso] - 25,00 30,00 32. Apolônio de Tiana – 35,00 69. Momentos de 14. A Sabedoria Antiga - Sábio, Profeta e Renovador 52. Em Busca da Sabedoria - H. P. Blavastky Annie Besant: 45,00 dos Mistérios - G. R. S. Sabedoria - N. Sri Ram: [livro de bolso]: 25,00 15. A Sabedoria Oculta na Mead: 33,00 33,00 70. Não há outro caminho Bíblia Sagrada - Geoffrey 33. Aprendendo a Viver a 53. Escritos Esotéricos - a seguir - Radha Burnier: Hodson: 80,00 Teosofia - Radha Burnier: Subba Row - a ser lançado 33,00 16. A Senda Graduada 40,00 54. Estudos Seletos em 71. O Alvorecer da Vida para a Libertação – 34. Aspectos Espirituais “A Doutrina Secreta” - Espiritual - Murillo Nunes de Instruções Orais de um das Artes de Curar - Dora Salomon Lancri: 33,00 Azevedo: 35,00 Lama Tibetano - Geshe van Gelder Kunz: 45,00 55. Eu Prometo – Conversa 72. O Aperfeiçoamento do Rabten: 25,00 35. Através do Portal da com Jovens Discípulos - Homem - Annie Besant: 17. A Senda para a Morte - Geoffrey Hodson: C. Jinarajadasa [livro de 33,00 Perfeição - Geoffrey 30,00 bolso]: 18,00 73. O Catecismo Budista, Hodson: 25,00 36. Autoconhecimento - 56. Fundamentos da H. S. Olcott [livro de bolso]: 18. A Suprema Realização Marcos Resende: 30,00 Filosofia Esotérica - H. P. 18,00 Através do Yoga - Geoffrey 37. Autocultura à Luz do Blavatsky: 30,00 74. O Caminho do Hodson: 37,00 Ocultismo - I. K. Taimni: 57. Fundamentos de Autoconhecimento - Radha 19. Autobiografia de Annie 45,00 Teosofia - C. Jinarajadasa: Burnier [livro de bolso]: Besant: 50,00 38. Autorrealização pelo 50,00 18,00 20. A Tradição-Sabedoria Amor - I. K. Taimni: 30,00 58. Helena Blavatsky - 75. O Catador de Histórias - Pedro Oliveira e Ricardo 39. Bhagavad-Gita - Trad. Sylvia Cranston: 75,00 - Fernando Mansur: 33,00 Lindemann: 33,00 Annie Besant: 25,00 59. H. P. Blavatsky e a 76. O Chamado dos Upani- 21. A Vida de Cristo do 40. Cartas dos Mahatmas Sociedade para Pesquisas xades - Rohit Mehta: 45,00 48 SOPHIA • MAR/ABR 2019

77. O Despertar da Visão da Semiocultismo e Pseudo- 104. O Verdadeiro Trabalho Margem - Ravi Ravindra: Sabedoria - Tenzin Gyatso, ocultismo - Annie Besant: da Sociedade Teosófica - 35,00 14º Dalai Lama: 28,00 23,00 Sri Ram: 23,00 119. Teosofia como os 78. O Despertar de uma 91. O Plano Astral - C. W. 105. Pensamentos para Mestres a Veem - Clara Nova Consciência – Ideias Leadbeater: 33,00 Aspirantes ao Caminho Codd: 35,00 Centrais de “A Doutrina 92. O Poder Criativo, Clara Espiritual - N. Sri Ram: 120. Teosofia Explicada - P. Secreta” - Joy Mills: 25,00 Codd: 30,00 33,00 Pavri: 65,00 79. O Fim da Divindade 93. O Poder da Sabedoria - 106. Pérolas de Sabedoria 121. Teosofia Prática - C. Mecânica – Conversas Carlos Cardoso Aveline: 35,00 - Sri Ramana Maharshi: Jinarajadasa: 25,00 Sobre Ciência e 94. O Poder da Vontade 35,00 122. Teosofia Simplificada - Espiritualidade no Fim de e seu Desenvolvimento 107. Pistis-Sophia - Trad. Irving Cooper: 30,00 Uma Era - John David Ebert -Swami Budhananda: Raul Branco: 53,00 123. Três Caminhos para a (comp.): 40,00 23,00 108. Preparação para o Paz Interior - Carlos Cardoso 80. O Duplo Etérico - Arthur 95. O Poder Transformador Yoga - I. K.Taimni: 33,00 Aveline: 35,00 Powell: 43,00 do Cristianismo Primitivo - 109. Princípios de 124. Tudo Começa com 81. O Hino de Jesus – Um Raul Branco: 35,00 Trabalhos da S. T. - I.K. a Prece - Madre Teresa de Rito Gnóstico - G. R. S. 96. O Segredo da Taimni: 25,00 Calcutá: 33,00 Mead: 18,00 Autorrealização - I. K. 110. Procura o Caminho - 125. Um Estudo Sobre 82. O Homem, sua Origem Taimni: 30,00 Rohit Mehta: 30,00 a Consciência – Uma e Evolução - N. Sri Ram: 97. O Teatro da Mente – 111. Raja Yoga - Wallace introdução à psicologia - 30,00 Uma Filosofia do Cosmo Slater: 30,00 Annie Besant: 45,00 83. O Idílio do Lótus Bran- e da Vida - Henryk 112. Regeneração Humana 126. Vegetarianismo e co - Mabel Collins: 33,00 Skolimowski: 35,00 - Radha Burnier: 30,00 Ocultismo - C. W. Leadbeater 84. O Interesse Humano - 98. Os Ensinamentos 113. Rumo ao e Annie Besant: 30,00 N. Sri Ram: 33,00 de Jesus e a Tradição Discipulado - J. 127. Você Colhe o que 85. O Lado Oculto das Esotérica Cristã - Raul Krishnamurti: 30,00 Planta - Antonio Geraldo Coisas - C.W. Leadbeater: Branco: 57,00 114. Sabedoria Antiga e Buck: 23,00 58,00 99. Os Ideais da Teosofia - Visão Moderna - Shirley 128. Vida e Morte de 86. O Milagre do Annie Besant: 35,00 Nicholson: 45,00 Krishnamurti - Mary Lutyens: Nascimento - Geoffrey 100. Os Mestres e a Senda 115. Saúde e 45,00 Hodson: 25,00 - C.W. Leadbeater: 55,00 Espiritualidade – Uma 129. Viveka-Chudamani – 87. O Mundo Oculto - A. P. 101. Os Mestres e suas Visão Oculta da Saúde e da A Joia Suprema da Sinnett: 43,00 Mensagens - Raul Branco: Doença - Sabedoria - Shankara: 88. O Natal dos Anjos 30,00 Geoffrey Hodson: 25,00 35,00 - Dora van Gelder Kunz - 102. Os Sete Temperamen- 116. Sete Grandes Religiões 130. Yoga – A Arte da 18,00 tos Humanos - Geoffrey - Annie Besant: 40,00 Integração - Rohit Mehta: 89. Ocultismo Prático - Hodson: 23,00 117. Shiva-Sutras - I.K. 52,00 Helena Blavatsky: 25,00 103. Os Sonhos - C.W. Taimni: 40,00 90. Ocultismo, Leadbeater: 23,00 118. Sussurros da Outra Recorte ou tire cópia deste cupom e envie para Editora Teosófica SOPHIA 78 Setor de Indústrias Gráficas - SIG Q. 6, lote 1.235 - Brasília-DF - CEP 70.610-460 Mar/Abr 2019 Desejo adquirir as publicações nº Por meio deste cupom ou do site www.editorateosofica.com.br, na seguinte forma de pagamento: Cartão VISA nº ________________ Validade: ___________ Titular: ­____________________________________________________ Cheque nominal à Editora Teosófica Depósito bancário: Banco do Brasil, Ag. 3476-2, Conta 40355-5 FRETE – ATÉ 3 LIVROS = R$ 15,00 Desejo assinar SOPHIA por um ano (6 números) por R$ 91,00 ACIMA DE 3 LIVROS = R$ 18,00 Por dois anos (12 números) por R$ 172,00 Por três anos (18 números) por R$ 238,00 Nome: _____________________________________________________ Data de nasc.: _____________ CPF: ______________________ Endereço: __________________________________________________ CEP: ___________ Cidade: __________________ Estado: ___ Fone (com.): ___________________ Fone (res.): ___________________ E-mail: _______________________________________________ SOPHIA • MAR/ABR 2019 49


Revista Sophia nº 78

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