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Revista Sophia nº 43

Published by Editora Teosofica, 2021-03-30 19:09:01

Description: A Revista Sophia é uma publicação independente da Editora Teosófica, apresentando artigos que vertem sobre temas como filosofia, ciência e religião. Nesta edição:
• Ao leitor: Queremos uma paz duradoura?
• O caminho da tolerância – Annie Besant;
• Fraternidade e sustentabilidade – K. V. K. Nehru;
• A espiritualidade e o feminino – Regina Celi Medina;
• As causas do conflito – P. Krishna;
• A sabedoria de Patañjali e Krishnamurti – Ravi Ravindra;
• Sombra e luz – Surendra Narayan;
• A unidade das religiões – Jan Lawson;
• Urano, Plutão e o novo Para – Ricardo Lindemann
• O que é a Sociedade Teosófica.

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www.revistasophia.com.br ANO 11 • Nº 43 R$ 12,00



Sophia 43 PEPPI18/SHUTTERSTOCK O caminho LEICHER OLIVER/SHUTTERSTOCK da tolerância Ao leitor HUN THOMAS/SHUTTERSTOCK Annie Besant PIOTR MARCINSKI/SHUTTERSTOCK Queremos uma paz duradoura? ZURIJETA/SHUTTERSTOCK 5 501ROOM/SHUTTERSTOCK 4 CHRISTA RICHERT A espiritualidade VIOLET KAIPA/SHUTTERSTOCK e o feminino Fraternidade e MATTIA ATH/SHUTTERSTOCK FRED FOKKELMAN sustentabilidade Regina Celi Medina K. V. K. Nehru 14 8 A sabedoria As causas de Patañjali e do conflito Krishnamurti P. Krishna Ravi Ravindra 20 26 Sombra e luz A unidade Surendra das religiões Narayan Jan Lawson 32 36 Urano, Plutão O que é a e o novo Papa Sociedade Teosófica Ricardo Lindemann 44 40

[ AO LEITOR ] Queremos uma paz duradoura? Krishnamurti comentou certa são capazes de atingir rapidamente incompatível com a diversidade. vez que a crise por que passamos um grande número de pessoas. A Mas será possível nos libertar- hoje é de natureza diferente da que propaganda promovida tanto por cor- observamos ao longo de toda a nossa porações como por estados para pro- mos do sentimento de separativi- história. No passado as guerras e os mover suas ideologias tem produzi- dade? No artigo A sabedoria de Pa- conflitos eram gerados por rivalida- do efeitos devastadores. O homem tânjali e Krishnamurti, RaviRavin- des territoriais ou raciais, pela am- e a natureza perderam importância dra fala da importância de nos esta- bição de possuir mais terras e de se e os sistemas e ideologias criaram belecermos em nossa própria natu- apossar de riquezas. Ele observa que uma poderosa estrutura de persua- reza. Citando esses dois sábios, ele na atualidade as ideologias passaram são para justificar ações egoístas, be- propõe que façamos um exercício a ser mais fortes do que as identida- licosas e destrutivas. de autoinvestigação para conhecer- des nacionais, raciais ou religiosas. mos os caminhos do eu e alcançar- As guerras e os conflitos têm resul- P. Krishna, em seu artigo As cau- mos um equilíbrio entre atividade tado do conflito de ideias. Grupos sas do conflito, indaga se o homem e silêncio. Ao estabelecer a mente combatem uns aos outros armados deseja realmente uma paz duradou- no estado de tranquilidade, abre- de ideias, prontos para matar na de- ra. Ele lembra que a guerra começa se o acesso a níveis de consciência fesa de suas próprias convicções po- na mente dos homens e que um es- mais elevados. A mente passa a ser líticas e sociais. Em todo o mundo o tado de paz somente será alcança- veículo de uma inteligência que assassinato passou a ser visto como do quando o sentimento de separa- está além do pensamento. justificável para se alcançar deter- tividade for extirpado de nossas minados fins. Até mesmo a matança mentes. Somos manipulados por É importante perceber que o de crianças e civis vem sendo consi- nossa cultura para acreditar que conflito, a guerra e o sentimento de derada lícita se o resultado for “no- precisamos nos armar contra aque- separatividade só existem quando a bre”. Infere-se que um meio injusto les que são diferentes de nós. mente está atuando em um regime pode produzir um fim justo e sacri- Aprendemos a criar divisões, fron- autocentrado, quando está oscilan- fica-se o presente em função de um teiras entre nós e os “outros”. Con- do entre as atrações e repulsões, fe- futuro imaginário. A manipulação forme alerta P. Krishna, as divisões chada para a inspiração divina. Como de ideias tornou-se extremamente surgem de uma visão equivocada e dizia Buda, o despertar espiritual é perigosa, especialmente numa épo- pouco inteligente da realidade. O muito simples: basta abrirmos a ja- ca quando os meios de comunicação sábio sabe conviver com as diferen- nela que a luz se faz presente, ilu- ças e entende que a unidade não é minando todos os recantos de nosso ser, de nossa casa. A resolução dos CAPA: FOTOS DE HUN THOMAS/SHUTTERSTOCK Ano 11, nº 43 – Mai/Jun 2013 – Publicação da Ed. Teosófica nossos conflitos pode estar mais pró- xima do que imaginamos. Ela só de- SGAS Q. 603, s/nº – Brasília-DF Edição: pende de nós. A perturbação provo- CEP 70.200-630 Usha Velasco cada pelos ventos no oceano só exis- Fone: (61) 3322-7843 Revisão: te em sua superfície. Se mergulhar- Fax: (61) 3226-3703 Zeneida Cereja da Silva mos no fundo do oceano de nosso E-mail: editorateosofica@ Tr a d u ç ã o : ser, sempre encontraremos paz. Va- editorateosofica.com.br Edvaldo Batista de Souza mos abrir as janelas de nossas almas? Site: www.editorateosofica.com.br Projeto gráfico e arte: Vamos mergulhar mais fundo? Usha Velasco Editor-chefe: Impressão: Boa leitura e boas reflexões. Esta Eduardo Weaver Gráfika Papel e Cores SOPHIA está muito especial! Coordenadora editorial: Distribuição nacional: Zeneida Cereja da Silva FC Distribuidora S/A Eduardo Weaver Conselho Editorial: Tiragem: Diretor-Presidente da Marcos Luis Borges de Resende, 7.500 exemplares Eduardo Weaver, Pedro Oliveira Editora Teosófica e Zeneida Cereja da Silva * As imagens utilizadas são de responsabilidade do editor-chefe SOPHIA • MAI-JUN/2013 4

“Os erros são ape- [ DIVERSIDADE ] nas nuvens que ta- pam o sol; quanto O caminho da mais alto o sol se eleva, mais claro se tolerância torna, e à medida que brilha, as nu- Annie Besant* vens desaparecem e o verdadeiro eu A tolerância não pode ser confundida com uma pode ser visto.” desdenhosa permissão para que aqueles que consi- deramos equivocados sigam seu caminho rumo ao erro. Também não é a orgulhosa presunção que diz “sim, eu lhe tolero, permito que expresse seus pon- tos de vista.” Tolerância implica o reconhecimento definitivo de que cada indivíduo deve ser livre para escolher seu próprio caminho, sem que o outro in- terfira na estrada que ele escolheu. Ser tolerante significa não julgar nem criticar os outros, com vistas a limitar suas opiniões ou con- ceder-lhes permissão para tê-las. A pessoa toleran- te compreende e se curva à verdade do grande dita- do sufi: “Os caminhos para Deus são tantos quantos os alentos dos filhos dos homens.” Ou ao profundo significado das palavras de Krishna: “Qualquer que seja a estrada pela qual o homem se aproxime de mim, nessa estrada eu lhe dou as boas-vindas, pois todas as estradas são minhas.” A pessoa realmente tolerante renuncia comple- tamente a qualquer tentativa de apontar uma es- trada que todos devam trilhar. Ela vê que, quando o espírito humano busca Deus, quando a inteligên- cia humana tenta se elevar até o divino, quando o coração humano está sedento pelo contato com sua fonte, a estrada para Deus está sendo trilhada, e o trilhar inevitavelmente levará à meta. MOTOROLKA/SHUTTERSTOCK SOPHIA • MAI-JUN/2013 5

Os caminhos são diferentes por- LEICHER OLIVER/SHUTTERSTOCK “Qualquer que que as mentes dos homens são dife- seja a estrada rentes, porque seus corações são di- pela qual o ho- manter os olhos fixos sobre um obje- ferentes, porque cresceram ao longo mem se aproxi- to a partir do mesmo ponto de vista. de diferentes linhas de pensamento me de mim, nes- e foram acostumados desde tempos sa estrada eu Aprenda com aqueles de quem imemoriais a uma variedade de cren- lhe dou as boas- você discorda mais do que com aque- ças religiosas, de pontos de vista e de vindas, pois to- les com quem concorda; dessa ma- concepções. Elas são úteis, e não pre- das as estradas neira você será múltiplo como os judiciais, pois a verdade é tão são minhas.” múltiplos aspectos da verdade. Final- multifacetada que pode ser vista a mente, quando você se elevar à mag- partir de pontos de vista diferentes, um verdadeiro amante da sabedoria nificência do conhecimento perfei- e cada nova visão é um acréscimo, não divina, eleve-se acima da intolerância um impedimento. Estudar as visões que pretende indicar o caminho e al- SOPHIA • MAI-JUN/2013 diferentes das nossas, tentar apren- cance a liberdade de espírito onde a der pacientemente a partir do ponto verdade é encontrada. Estude aquilo de vista do outro, ver o que ele vê – é com o que você não concorda mais do assim que se desenvolve a visão que que aquilo com o que você concorda. por fim verá toda a verdade, e não Dia após dia, familiarize-se com os apenas um fragmento dela. Quanto pontos de vista dos outros, em vez de mais estudamos, quanto mais com- preendemos a unidade enquanto es- tudamos a diversidade, melhor co- nhecemos sua grandeza. Os homens que gostariam que houvesse apenas uma religião, uma filosofia e uma visão de vida são como cegos que exigissem que não hou- vesse cores no mundo. O sol da ver- dade brilha sobre as mentes diferen- temente constituídas dos homens, dando a cada uma delas o que precisa para sua nutrição, e as porções não usadas estão sempre fluindo de vol- ta, como cores aos olhos dos outros. A não ser que você queira um uni- verso sem cores na matéria e no pen- samento, por que não se alegrar com as diferenças de constituições que pintam o mundo mental e material com matizes inumeráveis? Assim, olhando para todas as diferentes vi- sões à nossa volta, vemos o valor de sua variedade na riqueza e na beleza de nossas visões da verdade. Estudar sem empatia é ver os de- feitos; estudar com empatia é ver a graça. Você nunca entenderá a bele- za de uma crença e seu poder sobre as mentes de seus seguidores até que a tenha estudado com os olhos do amor e da empatia, e sentido em si as vibra- ções que ela desperta. Se quiser ser 6

to, descobrirá que cada fragmento Deixe que sua primeira impressão de quanto mais alto o sol se eleva, mais tem seu lugar no todo, e que cada um livro seja a favorável, não a hos- religião é uma nota no poderoso til; deixe que a primeira impressão claro se torna, e à medida que brilha, acorde que fala de Deus ao homem. de um homem sejam suas virtudes, não seus vícios. Pois, quanto melhor as nuvens desaparecem e o verdadei- Pratique isso em sua vida e admi- ele lhe parecer, mais você estará ven- re a tolerância em teoria, para tentar do o eu que tenta se manifestar atra- ro eu pode ser visto. S corrigir a intolerância natural da hu- vés de sua mente e corpo. Os erros manidade; busque em cada pessoa e são apenas nuvens que tapam o sol; * Annie Besant (1847-1933) foi presidente da em cada opinião o bem, não o mal. Sociedade Teosófica Internacional, escritora e educadora. Fundou várias escolas e univer- SOPHIA • MAI-JUN/2013 sidades na Índia e militou junto com Gandhi pela libertação do país. 7

“É preciso ensinar SOPHIA • MAI-JUN/2013 HUN THOMAS/SHUTTERSTOCK às novas gerações a unidade orgânica de toda a vida, e mostrar que a cooperação – e não a competição – deve ser o nosso modo de viver” 8

[ CIÊNCIA ] Fraternidade e su‘ stentabilidade As nações devem estar unidas por valores comuns que conduzam à criação de um ambiente social e ecológico no ‘qual todas as pessoas consigam viver com dignidade K. V. K. Nehru* educadas, como advogados, adminis- Não é difícil ligar a origem da tradores de negócios, cientistas, miséria humana ao fenômeno do A revolução nos sistemas de in- economistas, comandantes milita- ego. É onde começa o mal. Guerras, formação, na tecnologia de comuni- res, diplomatas e assim por diante. violência e exploração têm aí sua cação e na engenharia de transpor- Estamos produzindo seres humanos raiz. Portanto, o problema da recons- te aproximaram as comunidades hu- assimétricos, muito espertos e mui- trução do mundo é o problema da manas de modo sem precedentes. to capazes intelectualmente, mas regeneração do indivíduo. Mas, entre outras coisas, isso tam- quase primitivos em outros aspec- bém aumentou drasticamente nos- tos da vida: grandes cientistas e en- Antigas metas, sejam em nível so poder de colocar em perigo o genheiros capazes de enviar ho- individual ou corporativo, tornaram- meio ambiente e todas as formas de mens à lua, mas que podem ser bru- se inaplicáveis – precisam ser redefi- vida, inclusive a nossa própria. tais com sua família; seres huma- nidas para haver esperança de sobre- nos com uma grande compreensão vivência. Isso requer a compreensão A sabedoria antiga assinala que, do funcionamento do universo, mas da natureza espiritual do homem. É concomitantemente à evolução das pouquíssima compreensão de si muito importante também saber por formas dos organismos –a única es- mesmos e de suas vidas. que o homem não se satisfaz com o tudada pelos cientistas – existe a necessário e deseja sempre mais. evolução da vida e da consciência, que se expressa nessas formas em Processo de auto-organização evolução. Quanto mais avançada a forma, maiores as potencialidades da Investigações científicas indi- produziram o oxigênio, vicejavam consciência que podem se manifes- cam que a Terra solidificou-se há melhor e mais eficientemente com tar por meio dela. Aliás, é o ímpeto cerca de 4,5 bilhões de anos. No iní- um nível de oxigênio que era quase da evolução da vida que dirige a evo- cio não havia oxigênio nem nos oce- a metade do atual. Se a “sobrevivên- lução das formas dos organismos. anos nem na atmosfera, mas apenas cia do mais forte” fosse o único prin- nitrogênio, CO2 etc. Não havia vida cípio governando a evolução da vida Isso mostra que o propósito da na Terra como nós a conhecemos até biológica, o patamar de 21% jamais criação, na medida que a mente hu- cerca de 2,6 bilhões de anos. Essa é teria sido alcançado. Aparentemen- mana consegue compreendê-la, é a a chamada era Azoica. te, estava-se criando um ambiente evolução da consciência – de um mais propício à vida posterior. Em estado de perfeição inconsciente, Nessa época apareceram as algas muitos momentos na evolução da passando pela imperfeição conscien- azul-verdes que começaram a trans- vida parece que havia um grande te até o estado de perfeição consci- formar H2O em oxigênio, com a aju- plano diretor, um fenômeno de coe- ente. É preciso ensinar às novas ge- da da luz do Sol, usando o processo volução, em vez de uma evolução rações a unidade orgânica de toda a de fotossíntese. Elas trouxeram o competitiva em escala planetária. vida, e mostrar que a cooperação – e nível de oxigênio atmosférico aos não a competição – deve ser o nosso valores atuais de 21% necessários Depois vieram as eras Arqueo- modo de viver. para as formas de vida subsequen- zoica e Proterozoica, que duraram tes. O que geralmente não se com- um total de 1,45 bilhão de anos. Se- Os principais desafios enfrenta- preende é o fato de que esses orga- guiu-se então a era Paleozoica (350 dos pela espécie humana hoje não nismos unicelulares originais, que milhões de anos), com os inverte- são resultantes da falta de educação; são criados por mentes altamente SOPHIA • MAI-JUN/2013 9

brados e os anfíbios. Os grandes rép- todos os níveis inferiores, sendo tam- vel em termos do nível inferior. Um teis chegaram e se foram na era se- bém um componente de todos os ní- tecido, por exemplo, é mais que a guinte, a Mezozoica (140 milhões veis superiores. Os níveis sucessivos soma de suas células. Ocorre um sal- de anos). Os mamíferos surgiram na são estruturalmente mais complexos to entre níveis – lacunas ou trans- era que veio a seguir, a Cenozoica que os inferiores, visto que um dado cendências no processo evolutivo. (60 milhões de anos). O Homo Sapi- nível combina as complexidades de Não existe explicação puramente ens aparece nos últimos poucos mi- todos os níveis inferiores e possui lógica dessa situação; com a compre- lhões de anos. uma complexidade adicional própria. ensão que se tem atualmente, a re- Em qualquer nível de organização lação entre os níveis não pode ser Em toda a história da evolução existe não apenas uma certa autono- explicada. O prêmio Nobel Ilya Pri- biológica podemos ver uma constru- mia mas também a necessidade de gogine deu a esse processo o nome ção gradual de complexidade estru- transcendê-la, para satisfazer as exi- de auto-organização. tural e uma concomitante prolifera- gências de um todo maior. ção funcional. Níveis sucessivos de Existe uma outra implicação no organização de matéria formam uma Algo totalmente novo acontece modo como a vida é organizada. hierarquia na qual qualquer nível no nível de organização superveni- Embora os níveis superiores coorde- dado contém, como componentes, ente, e esse evento não é explicá- nem os níveis inferiores, todos os ní- 1010 SSOOPPHHIIAA •• MMAAII--JJUUNN//22001133

veis atuam um sobre os outros. Isso Evolução da consciência não é um controle de hierarquia de cima para baixo, como ocorre numa BRIAN MAUDSLEY/SHUTTERSTOCK Os processos organizacionais de “mente concreta”. A resposta organização empresarial. Os fluxos dos sistemas vivos mantêm um emocional instintiva ainda predo- de interações e de informação são equilíbrio dinâmico entre autoafir- mina sobre a correta ação. multidirecionais e fluem tanto para mação (ou autonomia) e submissão cima quanto para baixo. às necessidades do próximo nível Muito embora essa transição mais elevado. No caso de indivídu- para o próximo estágio ainda não “Um tecido é mais que os humanos, o próximo estágio esteja completa, um número cres- a soma das células. Há mais elevado de hierarquia orga- cente de pessoas expressa coeren- transcendências no pro- nizacional, chamado de “homem temente bondade e beleza, e evi- cesso evolutivo. Não exis- celeste” ou simplesmente “cons- dencia a aurora de uma nova era. te explicação puramente ciência global”, ainda não se for- Esse novo estágio de evolução está lógica dessa situação” mou até um grau onde o controle aguardando nossa participação superveniente geral possa ser sen- consciente. SOPHIA • MAI-JUN/2013 tido pela consciência individual que o contém. No entanto, essa Em meados do século XIX a po- consciência global já existe e cada pulação mundial chegou a um bi- vez mais indivíduos se tornam lhão, e o uso que fazia dos recursos sensíveis e adaptados ao próximo naturais aumentou significativa- estágio de desenvolvimento, como mente. Tanto a população quanto tem sido amplamente demonstra- o uso dos recursos continuaram a do por investigações em décadas crescer ao longo do século XX. Nos recentes, levadas a cabo pelo Pro- últimos cinquenta anos, a huma- grama de Pesquisa sobre Anomali- nidade usou mais recursos naturais as da Universidade de Engenharia do que em todos os milênios prece- de Princeton. dentes juntos. A consciência está relativamen- A “pegada ecológica” dá uma te adormecida no reino mineral; estimativa quantitativa do impac- ela adquire o poder de responder to da atividade humana na natu- com sentimentos no reino vegetal reza; ela define a fração da produ- e acrescenta uma nova dimensão tividade biológica do planeta usa- de consciência no reino animal – a da por um indivíduo, uma cidade, de pensar. Somente no reino hu- uma nação ou toda a humanidade. mano começa a desabrochar para as Uma cidade é intrinsecamente dimensões da atividade criativa e insustentável, porque poucos dos da intuição. A experiência direta recursos naturais usados por seus da unidade de toda a vida, a ordem habitantes vêm do interior de suas na natureza e o amor puro caracte- fronteiras. Em 1996, a Terra tinha rizam essa nova dimensão de cons- 12,6 bilhões de hectares produti- ciência, quando desenvolvida. Va- vos (cerca de um quarto da super- mos nos referir a ela como a cons- fície do planeta). Equitativamen- ciência do “homem ético”. te compartilhado por uma popula- ção de 5,7 bilhões, isso equivale- No momento presente, a evo- ria a uma “cota de terra” de 2,21 lução nos trouxe à beira desse pró- hectares por pessoa. Hoje a quota ximo estágio de desenvolvimento de terra encolheu: há mais pesso- da consciência. Poucos indivíduos as (7 bilhões), enquanto a produ- mostram sinais desse desenvolvi- tividade da biosfera, na melhor das mento; são os precursores. A maio- hipóteses, permanece constante. ria da humanidade ainda está emer- Sendo assim, a cota de terra hoje gindo do controle da “mente ani- é de apenas 1,8 hectare por pes- mal” (paixões e impulsos predomi- soa. Contudo, a pegada média é de nantes) e desenvolvendo o estado 2,8 hectares, e está crescendo ra- pidamente. 11

Uma vida LENA POVRZENIC mais simples tureza são entidades vivas, interde- Em 1996, a Terra Estamos nos aproximando do li- pendentes e autônomas até um cer- tinha 12,6 bilhões de mite da capacidade planetária de to grau. São todos e partes de todos hectares produtivos e sustentar a vida humana. As disci- maiores. Há um equilíbrio dinâmi- uma população de plinas Teoria de Sistemas Gerais e co a ser mantido entre a autonomia 5,7 bilhões de pes- Ecologia de Sistemas ensinam que e a submissão às necessidades do soas. Hoje há 7 bilhões extrair da natureza mais do que ela todo superior na hierarquia. de pessoas e a produ- é capaz de repor é perigoso, porque tividade da biosfera, na os ecossistemas não entram em co- Todos os seres humanos são par- melhor das hipóteses, lapso de maneira gradativa. As soci- tes integrantes do “ser individual” permanece constante edades modernas operam sobre a que é toda a espécie humana. Per- equivocada suposição de que, na tencemos todos a um ser individu- SOPHIA • MAI-JUN/2013 natureza, causa e efeito são propor- al, assim como as diferentes partes cionais. Porém, não é assim que de um organismo pertencem àque- acontece. Os ecossistemas podem ser poluídos durante muitos anos sem qualquer mudança perceptível, e então, subitamente, passam para um estado inteiramente diferente. Mudanças graduais acumulam vul- nerabilidade até que um simples choque no sistema, como uma en- chente ou uma seca, induzem todo o sistema a um estado menos apto a sustentar a vida humana. As observações dos cientistas a respeito dos tsunamis, por exemplo, indicam que o mundo está agora se- guindo rumo a uma crise profunda. Assinalam também que a visão de uma sociedade pacífica e sustentável e a adoção de estilos de vida simples podem prover uma bioresposta posi- tiva capaz de atenuar esse infortúnio. Os sistemas são integrados; suas propriedades não podem ser reduzi- das às propriedades de suas partes. Plantas, pessoas, escolas, bacias hi- drográficas são sistemas, e não se mantêm separados dos sistemas em que estão inseridos. Aprender a pensar sistemicamente é funda- mental para uma educação que visa a sustentabilidade, como assinala o Centro de Ecoalfabetização (Center for Ecoliteracy), na Califórnia, EUA, que tem como um de seus fundado- res o físico Fritjof Capra. Na hierarquia organizacional, as inúmeras partes que compõem a na- 12

le organismo. A compreensão des- muns que conduzam à criação de um rar as dimensões mais elevadas e sa união pode ter profundas conse- ambiente social e ecológico no qual mais profundas de suas vidas. quências sobre nossa consciência e todas as pessoas consigam viver com comportamento, promovendo a co- dignidade e bem-estar. No final das contas, a alternativa operação, a harmonia e a paz. decisiva para um mundo marcado Estilos de vida mais simples de- pela miséria, conflito e violência é Uma sociedade global não preci- verão ser a regra, porque as pesso- um mundo sustentável e equitativo sa suprimir as diferenças entre indi- as terão um senso mais profundo que inspire paz nos corações das víduos, culturas e sociedades. Ape- de responsabilidade por suas co- pessoas. A ciência holística de siste- sar da diversidade social e cultural munidades e meio ambiente. Faz- mas tem um papel importante na no planeta, uma sociedade global se também necessário o renasci- criação dessa visão de mundo. S pacífica e sustentável precisa ter um mento da espiritualidade. Com alto grau de unidade. As nações de- menos estresse e ansiedade na * K. V. K. Nehru é cientista e membro da vem estar unidas por valores co- vida diária, as pessoas podem explo- Sociedade Teosófica na Índia. SOPHIA • MAI-JUN/2013 13

14 SOPHIA • MAI-JUN/2013

[ HISTÓRIA ] A espiritualidade e o feminino “Sem a liberdade PIOTR MARCINSKI/SHUTTERSTOCK Regina Celi Medina* A investigação interna surgiu no de se dedicar à amor pelo semelhante, no serviço A espiritualidade é parte inte- ao próximo, no cuidado com tudo, busca pessoal por grante de qualquer ser humano. na execução de suas obrigações ro- respostas, restou às Pode estar ausente ou guardada no tineiras, sozinha e em silêncio. Se íntimo do ser, mas lá está disponí- os homens precisam desenvolver mulheres a mani- vel, esperando o momento de se essas características no trabalho es- festação de uma manifestar. Muito do que conhece- piritual, elas, ao contrário, teriam espiritualidade es- mos sobre ela vem de um histórico que ir ao mundo, perder o medo de pontânea, menos focado no masculino. Poucas refe- sair do conforto familiar e dedicar o passível de controle rências e estudos dedicam-se ao en- tempo à vivência espiritual com de- externo e capaz de foque feminino. sapego e decisão. fluir em casa” Haveria diferenças nas manifes- Atualmente, com a liberdade, o tações da espiritualidade quanto ao estudo e o trabalho fora de casa, esse SOPHIA • MAI-JUN/2013 sexo? Certamente, visto que há con- aspecto pode parecer pouco impor- dicionamentos históricos e sociais tante, mas não é. Mulheres se sen- que impediram a expressão da espi- tem culpadas ao usar o tempo que ritualidade feminina e, às vezes, seria dedicado à família para uma re- também a masculina, pois poderiam alização pessoal, e na maior parte das abalar o sistema social vigente. Mas, vezes não se concedem esse direito. de modo geral, os homens foram Além disso, a liberdade de investi- sempre mais favorecidos pela liber- gação, de questionar e buscar estu- dade de ação. Os homens que larga- do e conhecimento ainda não é real ram tudo para viver a espiritualida- em grande parte do planeta, onde de plena, da forma que escolheram, mulheres ainda são consideradas sempre foram admirados e respeita- seres de segunda classe. Essa liber- dos. Mas seria impensável tal atitu- dade, nos locais em que já existe, de partindo de uma mulher. levou milênios para chegar. Mulheres eram perigosas e de- Em criança, estudando em um veriam estar sempre sob o controle colégio de freiras católico, eu não da tribo, da família ou de um ho- encontrava respostas às questões li- mem. Estavam expostas a muitos gadas ao feminino e à espiritualida- perigos, o que também era um im- de. Nunca coloquei a ninguém uma pedimento, além de desempenha- pergunta que estava em mim: Por rem um papel indispensável e fun- que Deus era considerado masculi- damental na manutenção das famí- no e pai? Algo dentro de mim calava lias. Sem a liberdade de se dedicar a pergunta inconveniente, mas isso à busca pessoal por respostas, res- não impediu que eu sentisse o des- tou às mulheres a manifestação de pertar da espiritualidade. uma espiritualidade espontânea, menos passível de controle exter- Durante toda a vida busquei o no e capaz de fluir em casa, no seio motivo para a identificação do mas- da família e no exercício de suas ati- culino com a espiritualidade máxi- vidades diárias. ma e as características que estari- am ligadas à espiritualidade femi- 15

nina. A busca histórica revelou os na fecundação e perde o medo de tólicos, mesmo os que não costu- arquétipos que foram construídos impor as regras pela força física, mas mam dar espaço às mulheres. Ela através dos tempos. Descobri que a o símbolo da mulher permanece nas representa outro importante arqué- primeira concepção humana de deusas de todas as civilizações onde tipo do feminino que sempre foi res- Deus foi feminina. Nos cantos mais há uma representação divinizada do peitado e aceito, levado à sua expres- distantes da Terra, onde surgiram feminino. As madonas são a expres- são máxima e indiscutível. as mais antigas civilizações, lá está são do amor que cada mãe dedica aos a Deusa-Mãe. Ainda que rudemen- seres que coloca no planeta. As ma- Outro arquétipo é o da beleza; te talhada por uma civilização nas- donas negras demonstram a antigui- existem deusas que representam cente, a Mãe, o maior arquétipo de dade do culto, lembrando a terra e esse aspecto. Apesar de ter sido ex- todos, é a divindade máxima. É dela uma humanidade que, segundo a plorado na sua expressão mais física que vêm os seres, e é para ela que ciência, nasceu negra. O papel da em templos da antiguidade, onde retornam. A mulher, sua sacerdo- mãe na família é fundamental. Sua havia a “prostituição sagrada” em be- tisa, é a conexão do mundo físico reza acompanha e guarda os filhos nefício dos templos, o conceito de com o mundo divino, a represen- em segurança. É a proteção segura beleza e de sabedoria está ligado ao tante da Deusa-Mãe, pois é através do amor verdadeiro e dedicado, ver- feminino. Sócrates descreve o ensi- dela que os seres nascem. A vida, dadeira magia, incontestável. namento que recebeu da sacerdoti- sua concepção e morte, tudo é um sa Diotima sobre a busca da beleza, grande mistério. O céu estrelado é Um outro aspecto do feminino em que o interesse humano é des- o manto da Mãe, as árvores, plan- na espiritualidade é a dedicação ao pertado pelos dotes físicos, cresce tas, frutos e animais são o seu reino, outro, uma expansão do amor ma- em direção à contemplação da bele- os seus símbolos. Ela lida com a ter- terno voltado para a caridade e para za da alma, dos belos ideais, chegan- ra e descobre os segredos das plan- o próximo. Um exemplo recente é do à realização da beleza em si e à tas, inventa a medicina. Madre Teresa de Calcutá, cuja im- descoberta da divindade. Deusas re- portância do trabalho realizado para presentam as artes, a sabedoria e a O reinado feminino acaba quan- com os necessitados foi reconheci- beleza na Grécia, em Roma, na Ín- do o homem descobre o seu papel da até por grupos religiosos não ca- dia e outros lugares do mundo. Imagens arquetípicas da Mãe cósmica As antigas Escolas de Mistério nadas ao gineceu, parte da casa des- ria das mudanças. Restaura o papel sempre admitiram mulheres nos tinada a elas. Entre os celtas havia da Mãe compassiva, consoladora, que seus ensinamentos, apesar da soci- rainhas, sacerdotisas, profetisas e protege no nascimento, na doença e edade que não dava espaço à mulher. curandeiras muito respeitadas. Os na hora da morte. A Mãe com sua O Cristianismo nasceu com a parti- romanos ficaram horrorizados com coroa e manto adornado de estrelas cipação delas, que sempre acompa- a naturalidade com que os celtas lembra o céu, sua morada e reino. A nharam e apoiaram Jesus, até na cru- aceitavam o poder feminino e des- estrela da manhã, representada por cificação, continuando nos primei- truíram o druidismo, religião que Vênus, a rainha do mar, a consolado- ros tempos. Mas um dia foram colo- unia e dava uma identidade àqueles ra, são símbolos da Mãe cósmica as- cadas no seu “lugar social”: caladas, povos. O Cristianismo, que apareceu sociados ao arquétipo mais antigo sem voz na Igreja cristã que viram mais tarde, não conseguiu apagar que mora na alma humana. Na La- nascer e pela qual morreram como tradições fixadas nas mentes e nos dainha de Nossa Senhora estão os mártires junto aos homens, nos tem- corações daqueles povos, tendo que títulos da Mãe que velou pela hu- pos mais difíceis. incorporar deusas como santas e fes- manidade muito antes e por muito tivais que mudaram de nome. mais tempo do que a identificação O mundo celta, que ocupava boa com uma divindade masculina. Nela parte da Europa antes da romaniza- Mas apesar do banimento do ide- estão Ishtar, Ísis, Kuan Yin, Durga e ção e cristianização, dava uma liber- al espiritual identificado com o femi- outras. As palavras maio, mare, Ma- dade à mulher que só se iguala à ci- nino, o Cristianismo viu-se obrigado, ria, vêm de uma mesma raiz e trazem vilização que floresceu em Creta na com o tempo, a restaurar a imagem a simbologia da espiritualidade liga- Idade do Bronze. A liberdade que da Mãe, tão cara para aqueles povos. da ao feminino. gozavam, ainda sob a bênção da Deu- Na Irlanda, só penetrou no século sa Mãe, desapareceu e deu lugar à IX e teve que fazer concessões. Ma- No Ocidente, os conventos ca- opressão grega às mulheres, confi- ria desponta como uma intermediá- tólicos ofereceram à mulher uma 16 SOPHIA • MAI-JUN/2013

“O símbolo da mu- lher permanece nas deusas de todas as civilizações. As ma- donas são a expres- são do amor que cada mãe dedica aos seres que colo- ca no planeta” SHUTTERSTOCK SOPHIA • MAI-JUN/2013 17

oportunidade de escapar da autori- ANEKOHO/SHUTTERSTOCK “Deusas repre- dade paterna e conjugal para a vi- sentam as ar- vência da espiritualidade. É o caso tes, a sabedoria de Teresa de Ávila, que teve que e a beleza na fugir de casa para viver a experiên- Grécia, em cia mística que confundiu e impres- Roma, na Índia sionou os investigadores da Inqui- e outros lugares sição e que, a pedido de seu confes- do mundo” sor, começou a escrever os livros que revelaram a riqueza de sua alta espi- SOPHIA • MAI-JUN/2013 ritualidade espontânea e conscien- te. Seu trabalho a tornou “doutora da Igreja”, título impressionante para uma freira em uma religião onde o papel feminino até hoje é subalterno e sem esperança de gran- des mudanças. A profetisa e a mística são outros grandes arquétipos relacionados com o feminino. A pitonisa de Del- fos, as sibilas, as sacerdotisas drui- das das florestas, todas foram muito valorizadas no seu tempo e há regis- tros de sua eficiência em profecias para reis. As mulheres reconhecem todos estes arquétipos dentro delas, demonstrados com discrição, muitas vezes reconhecidos e disponíveis apenas para familiares e amigos. Mas a naturalidade e a espontanei- dade do chamado espiritual sim- plesmente brotam, com caracterís- ticas próprias a cada mulher e sem a necessidade da intermediação de gurus e sacerdotes. São as santas, reconhecidas por suas realizações, mais do que por qualquer institui- ção. É o caso de Rábia Al Basri, a primeira santa mística sufi do Islã. Nasceu no Iraque, entre os anos 713 e 715. Tendo sido raptada quando viajava em uma caravana, foi vendi- da como escrava. Seu dono acabou libertando-a, impressionado com seus dons espirituais, passando noi- tes em estado alterado e rezando após dias inteiros de muito trabalho. Ela chegou a fazer muitos discípu- los após sua libertação. Na Índia há muitas mulheres consideradas santas, como a prince- sa Mira Bai, admirada pelos seus es- critos até hoje. O Hinduísmo védi- 18

co, porém, não concede seus gran- Conquista de novos espaços des ensinamentos nem às mulhe- res nem aos homens não brâma- Aos poucos, as mulheres tam- ção do espírito ou da matéria, como nes. Mas parece que não foi sem- bém abrem caminhos novos nas re- pre assim, pois os Vedas falam de ligiões tradicionais. Já existem ra- se fossem completamente distintos. um tempo em que os ensinamen- binas, pastoras, monjas budistas e tos sagrados eram transmitidos às diaconisas católicas que fazem um Blavatsky explica que no estado in- mulheres; os antigos Vedas podem trabalho impensável há cinquenta ter partes compostas por elas. anos. Não foi fácil a conquista desse diferenciado e imanifestado, mare, o espaço; foi necessário superar cada A escritora americana Linda obstáculo e cada preconceito, mos- mar cósmico, a raiz da matéria está Johsen, em seu livro Filhas da trar que tinham competência, como Deusa, relata sua pesquisa feita é relatado por algumas delas. As frei- imóvel, una com a vida ou espírito. A sobre as santas modernas na Ín- ras, por exemplo, continuam buscan- dia, apresenta exemplos e ensina do maior participação. manifestação da vida precisa da dua- que a religião mais antiga da Ín- dia é o Tantra, que sobreviveu pa- As mulheres têm agora mais lidade e da divisão para vir a ser. ralelamente ao sistema ortodoxo. exemplos disponíveis como modelo É o shaktismo, que permeia todas na sua busca espiritual. Mas é pre- Helena Blavatsky escreveu, em as outras práticas e escolas de pen- ciso ter em mente que em muitos samento. Foi muito descaracteri- pontos do planeta essa possibilida- A Doutrina Secreta: “O espírito e a zado no Ocidente e, na Índia, fi- de ainda é totalmente negada. Só cou com a fama de “yoga do sexo”, resta o cumprimento do dever im- matéria devem ser, no entanto, por aceitar qualquer pessoa, inclu- posto, a cópia do modelo traçado pela sive mulheres, independente- sociedade e a busca solitária pela considerados não como realidades mente de condição social, verda- descoberta da divindade interna. deiro sacrilégio para a ortodoxia. independentes, mas como duas fa- Ao contrário das exigências de cas- O conhecimento disponível hoje ta e sexo masculino, exigia que a proporciona maior amplitude na cetas ou aspectos do Absoluto (ou pessoa fosse apenas sincera, auto- busca do nosso verdadeiro eu, o es- disciplinada e motivada. piritual. Nos meus questionamen- Parabrahman) que constituem a tos a respeito do papel do feminino Essa disciplina teve que ser quanto à espiritualidade, tive a sor- base do ser condicionado. Durante praticada com discrição para não te de encontrar os ensinamentos de irritar os fundamentalistas. Se- Helena Blavatsky, uma mulher que o Pralaya, espírito (vida) e matéria gundo Linda, “são primordial- enfrentou o condicionamento soci- mente as práticas tântricas (como al de sua época e sacrificou suas pos- (forma) tornam-se um, como sem- o controle da respiração, a medi- ses, posição e saúde na busca por tação, as krya e mantra yogas), e conhecimento e espiritualidade. pre foram. No Manvântara (mani- não o bramanismo ortodoxo, que Pesquisou profundamente as anti- têm sido transplantadas da Índia gas tradições orientais e ocidentais festação), dividem-se e inicia-se a para a cultura ocidental.” O que e escreveu livros que revelam o sim- importa é o merecimento e moti- bolismo oculto, que se tornou dis- multiplicação.” vação pessoal na transmissão des- ponível para pesquisadores sérios. se conhecimento, e estrangeiros Após tantas pesquisas, descobri, são bem-vindos. Tradições como Foi assim que compreendi o sen- a Self Realization Fellowship e ou- tido do verdadeiro feminino e mas- racionalmente, a explicação que tras são conduzidas por mulheres, culino, que se manifestam e são par- designadas por gurus como suas tes iguais da mesma fonte. Nos escri- busquei e pressenti. A fonte da vida sucessoras. Esses ensinamentos tos antigos fala-se do espírito como continuam a ser espalhados no masculino e da matéria como femi- é uma, é Pai e Mãe, pouco impor- Ocidente e, como aqui há mais li- nina, razão pela qual a mulher foi berdade e espaço para a participa- desvalorizada. Apesar de espírito e tando a identificação humana que ção espiritual feminina, continu- matéria estarem presentes nos dois am crescendo bastante. – ou não haveria vida manifestada –, lhe seja dada. O masculino e o femi- houve uma identificação com a fun- SOPHIA • MAI-JUN/2013 nino são sagrados e complementa- res, presentes em todos os seres humanos, diferentes apenas em graus durante a encarnação ou cor- porificação. E para os que aceitam a reencarnação, os papéis serão troca- dos de vez em quando, para que aprendizagens diferentes ocorram. A deusa que habita o coração de homens e mulheres continuará se manifestando. Agora incorpora mais um de seus antigos atributos: o que inclui a natureza, a Mãe Ter- ra. Os seres humanos de hoje têm diante de si a tarefa e o desafio de mudar o seu relacionamento com o planeta, os animais, as plantas e as fontes de recursos naturais, ou não sobreviverão. S * Regina Celi Medina é membro da Sociedade Teosófica no Rio de Janeiro. Foi professora de inglês e professora regente de sala de aulas de leitura no Rio de Janeiro por mais de 30 anos. 19

[ REFLEXÃO ] A‘Assccacouansuafslsaitsdoodoconflito A guerra é agora muito mais perigosa do que antes, mas a doença subjacente é a mesma: o ódio que gera conflitos entre comunidades humanas. No ‘entanto, a guerra começa na mente dos homens 20 SOPHIA • MAI-JUN/2013

“A fronteira é uma GUENTER KIRCHWEGER P. Krishna* ria conhecida, sempre tivemos linha traçada sobre guerras e conflitos em diferentes a terra ou dentro Se realmente queremos compre- partes do mundo. Resolve-se um de nossa cabeça? ender uma questão, não devemos problema num lugar e ele surge em O vento sopra atra- formar opiniões a respeito dela, nem outro. Você pode ser bem-sucedi- vés das fronteiras, tomar partido de um ponto de vista do em controlá-lo, mas a causa prin- as florestas cruzam particular; devemos começar com cipal do conflito não está nas cir- a linha, as cadeias perguntas e confiar na observação cunstâncias, porque as circunstân- de montanhas a dos fatos. As questões fundamentais cias são sempre variáveis. atravessam” e profundas devem ser exploradas com uma percepção passiva que Onde está a principal causa do SOPHIA • MAI-JUN/2013 pode descobrir as verdades ocultas. conflito? Não seria importante exa- Por isso é muito importante explo- minar de onde essas sementes vêm, rar as raízes do conflito. e se podem ser eliminadas? Pode- mos não saber a resposta, mas deve- O que exatamente queremos mos fazer a pergunta com serieda- dizer com paz e conflito? Nesse mo- de. De outro modo, estamos aceitan- mento, muitas pessoas diriam que do-o como parte inevitável da vida. estamos atravessando um período Você pode dizer que o conflito é ina- de paz porque não há uma guerra to à natureza humana, algo de que global em andamento. Será a paz jamais será possível nos livrarmos. apenas o intervalo entre duas guer- Convivemos com ele durante cinco ras? E o que queremos dizer com mil anos, de várias maneiras. Tenta- guerra? Geralmente chamamos de mos a reforma política; estamos ten- guerra um conflito armado. Mas tando a reforma econômica e da le- será realmente paz o período ante- gislação; também tentamos a reli- rior a uma guerra? Não será o ódio gião organizada em torno dos ensi- entre duas comunidades – nacio- namentos de um grande sábio, ten- nais, religiosas, de classes sociais – tamos seguir mensagens de amor e uma forma de guerra psicológica compaixão, mas nada mudou. que aumenta em sua manifestação externa e que pode levar à belige- Ao final de todas as tentativas es- rância física? tamos onde estamos hoje, como re- velam diariamente a televisão e os Onde eu traço a linha e digo que jornais. O conflito não é um proble- há um conflito? Não existe uma fron- ma simples. Por que os seres huma- teira definida; existem fronteiras nos não foram capazes de resolvê-lo somente na manifestação externa durante milhares de anos, embora do ódio. Já que um leva ao outro, a tenham progredido tanto em cada raiz do conflito não está apenas na ramo do conhecimento? Pensamos situação que o gerou. que somos muitos inteligentes, e de algum modo somos. Mas não fo- Se estamos falando a respeito de mos capazes de resolver a questão uma paz duradoura e não de uma paz do conflito e da guerra. temporária, a pergunta adquire uma importância muito mais profunda. Imagine uma pessoa que tem dor Temos de cavar profundamente para de cabeça todo dia e toma uma aspi- compreender. Se não fizermos isso, rina cada vez que ela aparece. Esse nossa existência se tornará uma sé- é um modo inteligente de viver? rie de conflitos e teremos que criar Não estamos dizendo para não se vários mecanismos para resolvê-los. tratar o sintoma. Se você tem uma dor de cabeça terrível, precisa mes- O conflito não é um problema mo tomar uma aspirina; mas se você novo para a humanidade. Lemos a se tornar dependente dela, jamais respeito no Mahabharata, que é se livrará da doença que a causa. pré-histórico; até onde vai a histó- 21

Inteligentes, mas nem tanto cisamos questionar essa presunção. Certamente somos mais espertos, Se pensamos que somos muito te questão de tentar a mesma coisa mas será que usamos nossa capaci- inteligentes, e aplicamos essa inte- de maneira melhor? dade de pensar, imaginar e plane- ligência em cada ramo do conheci- jar para a melhoria da humanidade mento, da ciência e da tecnologia, Convém fazer as perguntas mais e da Terra, ou fomos mais destruti- por que não nos livramos do confli- fundamentais sobre a nossa educa- vos? Estamos lendo a cada dia so- to? Será que isso deveria permane- ção e a educação da humanidade, bre aquecimento global, catástro- cer sempre uma utopia, jamais se para viver de maneira mais sábia. fes ecológicas etc. O que fizemos tornar realidade? O que podemos Em todo o mundo diz-se que os se- com a nossa própria espécie? Ne- tentar que não tentamos nos últi- res humanos são o pináculo da evo- nhum animal ou planta causou mos cinco mil anos? Será meramen- lução, que somos muito superiores tantos danos a outras espécies ou a todas as outras formas de vida. Pre- 22 SOPHIA • MAI-JUN/2013

à sua própria quanto nós. E, con- PETR KOVAR tamos buscando a sobrevivência ou Diferenças tudo, sentimo-nos superiores e levando toda a Terra à beira do ho- naturais mais inteligentes. locausto, como não fez nenhum outro animal? A divisão entre comunidades co- Estamos definindo inteligência meça quando se diz: “Somos diferen- em termos de poder? Talvez seja- Darwin afirmou também que tes deles”. Cada comunidade sente mos mais poderosos do que os ani- uma espécie desaparece quando é que é diferente. Como a mente de- mais porque podemos matá-los e ex- incapaz de se adaptar ao ambiente, fine e traça essa linha? Essa é outra plorá-los. Darwin afirmou que in- quando não consegue viver em har- questão fundamental. Quem somos teligência é o que leva à sobrevi- monia com ele. Tornamo-nos “inte- “nós” e quem são “eles”? Baseada vência. Mesmo por essa limitada de- ligentes” demais para sobreviver, em quê a mente traça uma linha? O finição biológica, podemos afirmar porque a sobrevivência não requer Paquistão era parte da Índia até 1947 que somos mais inteligentes? Es- o tipo de inteligência que estamos e nós, indianos, amávamos o seu cultivando. As formigas têm sobre- povo como nossos irmãos. Hoje eles “As formigas têm so- vivido por mais tempo que nós e não não são mais nossos irmãos? A fron- brevivido por mais levaram o mundo à beira da extin- teira é uma linha traçada sobre a tempo que nós e não ção. Somos realmente inteligentes terra ou dentro de nossa cabeça? O levaram o mundo à ou apenas definimos inteligência de cão cruza a fronteira sem visto di- beira da extinção. um modo não inteligente? plomático, o vento sopra através das Somos realmente fronteiras, as florestas cruzam a li- inteligentes ou ape- O ensino atual condiciona nossa nha, as cadeias de montanhas a atra- nas definimos inteli- mente a pensar ao longo de certos vessam. Não existem fronteiras so- gência de um modo sulcos estreitos. Ele nos aliena do bre a Terra! Elas são uma criação do não inteligente?” terreno das realidades do mundo em pensamento e também, certamen- que estamos vivendo, ao comparti- te, da nossa história. SOPHIA • MAI-JUN/2013 mentalizar nosso conhecimento. Esse tipo de inteligência pode não Mesmo que eu veja que outra ser a inteligência que leva à sobre- pessoa é diferente de mim, por que vivência, e, portanto, pode não ser a isso cria divisão? Essa é outra per- verdadeira inteligência. Não estou gunta que devemos examinar de pedindo para que vocês acreditem perto: quando uma diferença torna- nisso. Temos de investigar, descobrir se divisão, e por quê. A diferença é se é verdadeiro. Existem muitas per- natural. Somos todos diferentes uns guntas que devemos fazer se real- dos outros: na idade, na riqueza, no mente queremos chegar à raiz do conhecimento, na cor da pele, na problema do conflito. altura e na forma. Tudo na natureza é diferente de tudo o mais. A dife- Ao longo dos anos a manifesta- rença é natural, e a diferenciação ção do problema tem crescido. A também. Se eu não consigo distin- guerra é agora muito mais perigosa guir uma árvore de um edifício, há do que antes, mas a doença subja- algo errado comigo. Mas quando isso cente é a mesma: o ódio que gera se torna uma divisão? Será um pro- conflitos entre comunidades huma- cesso inevitável ou um mecanismo nas. No entanto, a guerra começa psicológico criado pela mente? Será na mente dos homens. É onde está algo existente na natureza ou uma a raiz, e onde devemos atacá-la. O ilusão do homem? resto segue como causalidade lógi- ca. Assim como há causalidade na A ilusão não tem existência na natureza, também há em nossa psi- natureza; é uma criação da mente, que. A não ser que cheguemos à cau- da imaginação, algo a que estou sa principal e a eliminemos, o res- dando enorme importância e que tante segue como um corolário ló- na realidade não é importante. O gico, uma sequência inevitável. Por- conflito é gerado da ilusão ou dos tanto, não é mera filosofia levar a fatos? O fato é que somos diferen- cabo essa investigação; é uma neces- sidade urgente. 23

tes uns dos outros. Será a divisão também SOPHIA • MAI-JUN/2013 um fato, ou uma criação da minha forma limitada de pensar? O hindu é verdadeiramente diferente do muçulmano, ou será que eles se sentem tão diferentes simplesmente porque pensam as- sim? O pensamento pode mudar. Se você des- cobre que o falso é falso, então o falso termi- na. Portanto, se a causa do conflito tem raí- zes na ilusão, pode ser eliminada. Se eu caio e quebro uma perna, sinto dor. Não é uma dor psicológica; não é cria- ção da mente. O sábio sofre essa dor tanto quanto eu. Mas eu também sinto muita au- tocomiseração, e isso o sábio não sente. Por- tanto, o sofrimento psicológico tem de ser separado da dor, que é biológica. O sofri- mento psicológico surge da ilusão, de uma imagem mental que não tem realidade. Então, novamente indagamos: onde es- tará a diferença entre os homens? Apenas no conhecimento, na camada superficial de condicionamento adquirido. Um homem é diferente porque nasceu numa família di- ferente, numa cultura diferente, num país diferente. Essa camada superficial é chama- da de condicionamento da mente. O hindu ouviu algo a respeito de Deus e propaga-o como verdade. O muçulmano ou- viu algo diferente e também o propaga como verdadeiro. São essas ilusões que nos dividem. Se tivéssemos a humildade de di- zer a nós mesmos: “Eu realmente não sei o que é Deus” – o que é verdade –, seríamos amigos inquirindo juntos o verdadeiro sig- nificado do divino. Não é importante dizer “eu sei”; é mais importante saber que você não sabe e viver com uma mente investiga- tiva. É importante reconhecer o valor da dúvida, duvidar das próprias opiniões, das próprias conclusões. “O hindu ouviu algo a respeito de Deus e propaga-o como verdade. O muçulmano ouviu algo diferente e também o propaga como verda- deiro. Se tivéssemos a humildade de dizer: ‘Eu não sei o que é Deus’, seríamos amigos inquirindo juntos o significado do divino” 24

Ignorância e ilusão Buda assinalou que a ignorância Quando abordamos a vida de é a causa da dor; ignorância não modo egoísta, nossa nacionalidade, como falta de conhecimento, mas nossos valores, nossa religião são como ilusão. Meu sentimento de usados para construir nosso ego, para que sou diferente do paquistanês, encontrar uma identidade. Pode- do americano ou do chinês tem raí- mos eliminar o psicológico e perma- zes na ilusão. O nacionalismo está necer somente com os fatos. É ne- radicado na ilusão, e daí surge a di- cessário perceber o perigo desse visão e o conflito. processo psicológico, perceber os fatos para não ficar preso à ilusão. Se a raiz do conflito está na ilu- Não será isso inteligência? Se você são, o conflito pode terminar porque não tem essa inteligência, fica pre- a ilusão pode terminar. Você saberá so à ilusão, é atraído à divisão e co- que não é diferente de um ser hu- meça a odiar e a destruir o amor e a mano que vem de uma outra famí- amizade. Mesmo irmãos que cres- lia. Você verá a diferença somente ceram juntos e muito próximos, ou como cor de pele, altura, tipo de amigos íntimos, separam-se e lutam comida, e isso não é importante. entre si porque não têm essa sabe- Quando se dá importância, cria-se doria. Esse processo egoico surge de divisão. Ela surge quando atribuímos nossa abordagem da vida, porque da- superioridade ou inferioridade a mos tremenda importância ao que uma diferença. Diferenças não cri- recebemos das árvores, do país, do am divisão. Nunca tivemos guerra nosso amigo. entre pessoas altas e pessoas baixas, pelo menos até agora... A raiz de todo conflito, tanto em nossa vida pessoal quanto na socie- Se eu não noto que um africano dade, está no processo egoico den- é negro e um europeu é branco, algo tro da consciência humana. O ego é está errado com meus sentidos. Mas essencialmente um mendigo, sem- se digo que os brancos são superio- pre pedindo coisas para si em todo res, eu me transformo num racista relacionamento. Daí surge o gosto e ponho fim à fraternidade entre os e a aversão, a divisão, e, portanto, o homens. Por que a mente age as- conflito. Precisamos descobrir se é sim? Porque abordamos as coisas possível nos aproximar de todos e de com algum tipo de desejo. Se eu lhe tudo como um verdadeiro amigo, perguntar se a figueira é superior não buscando nada desse relaciona- ao eucalipto, como você responde- mento. Somente então haverá um ria? Se você quiser sombra, a figuei- relacionamento de amor verdadei- ra é superior. Se quiser óleo, o euca- ro no qual não há divisão e, conse- lipto é superior. Se não quer coisa quentemente, não há conflito. S alguma, o que seria superior? O sen- timento de superioridade está liga- * P. Krishna é físico, escritor e ex-reitor do Cen- do ao fato de eu querer que as coisas tro Educacional de Rajghat, Fundação Krish- me sejam favoráveis, e essa é a es- namurti, Varanasi, Índia. sência do processo egoico. ZURIJETA/SHUTTERSTOCK P. KRISHNA NO BRASIL SOPHIA • MAI-JUN/2013 Workshop com o tema “Nosso relacionamento com o mundo” Retiro de Corpus Christi – Paraíso na Terra – Brasília - DF De 29 de maio a 2 de junho – mais informações na p. 51 25

[ MESTRES ] A sabedoria de Patañjali e Krishnamurti 26 SOPHIA • MAI-JUN/2013

“Todo ensinamento real PEPPI18/SHUTTERSTOCK Ravi Ravindra* “Os grandes mestres oferece pontes de ‘lá’, são originais, no ver- onde estão a verdade Todos os grandes mestres são ori- dadeiro sentido da e a liberdade, para cá, ginais, sem ser necessariamente palavra – estão próxi- onde estamos nós” novos. São originais no verdadeiro mos das origens” sentido da palavra – estão próximos SOPHIA • MAI-JUN/2013 das origens. Cada um deles expres- mais alinhada à percepção direta do sa a verdade segundo seu modo pró- que ao pensamento ou ao raciocí- prio, peculiar. Krishnamurti falou de nio. Há um lembrete de Krishnamur- uma inteligência além do pensamen- ti: “Não pense; olhe!” Isso nos cha- to. Ele insistia em que precisamos ir ma para uma percepção da inteligên- além do conhecimento. Embora ge- cia além do pensamento. Podemos ralmente pensemos no conhecimen- muito bem dizer que o yoga tem to como uma coisa boa, Krishnamur- como propósito cultivar a visão di- ti enfatizava que o conhecimento é reta, sem imaginação. O yoga leva à a fonte do problema, não a fonte da gnose, um conhecimento que é bas- solução. E Patañjali sustentava que tante diferente do conhecimento os movimentos da mente, inclusive racional. Na verdade, Patañjali pre- todo o conhecimento, são a fonte do fere chamar o verdadeiro conhece- problema. Existe muito em comum dor de “vidente”. entre Patañjali e Krishnamurti, mas cada um expressava seus insights à “Então o vidente está estabele- sua maneira peculiar. cido em sua natureza essencial” (Su- tra I.3). A natureza essencial, a ver- “Yoga é o estabelecimento da dadeira forma do vidente, é purusha, mente na tranquilidade” (Sutra o ser transcendente. Purusha é ple- 1.2). A tradução literal deste Sutra na atenção sem distrações, energia (“yoga é a cessação das modificações consciente ou pura percepção. Quan- da mente”) fala do processo do yoga do as distrações são removidas, o vi- para alcançar o objetivo de “estabe- dente se estabelece em sua verdadei- lecer a mente na tranquilidade”. A ra natureza. O verdadeiro vidente mente de um yogue consumado tem conhece através da mente. O propó- a qualidade do silêncio profundo. sito do yoga é refinar a mente, de Krishnamurti corporificava essa modo que ela possa servir como um tranquilidade da mente. Certa oca- instrumento apropriado para o pu- sião eu lhe perguntei: “Qual é a na- rusha. Quando surge o pensamen- tureza de sua mente, Krishnamur- to, a mente traz suas expectativas e ti? O que você vê quando olha para suas projeções; então não consegui- uma árvore?” Ele permaneceu em mos ver a realidade como ela é. silêncio por algum tempo e depois disse: “Minha mente é como a água Em certa ocasião, perguntei a num moinho. Qualquer distúrbio Krishnamurti o que ele pensava de que seja criado nela logo desapare- algo para o qual estivéramos olhan- ce, deixando-a tranquila como an- do. Ele disse: “O senhor K [como ele tes.” Então, como se lendo o que eu frequentemente se referia a si pró- estava para perguntar, acrescentou prio] não pensa absolutamente; ele com um sorriso: “E a sua mente, se- apenas olha.” nhor, é como o moinho!”. Na tradição indiana, a ênfase Os sábios disseram que, quando tem sempre recaído sobre a visão, a mente está silenciosa, sem distra- mas ela é uma percepção além dos ções, o estado original de inteligên- órgãos dos sentidos, uma ilumina- cia ou de consciência, muito além ção além do pensamento, um insi- da capacidade da mente pensante, ght da presença. O verdadeiro co- está presente. Essa inteligência está nhecedor não é a mente, embora ela possa ser um instrumento apropria- do do conhecimento. A mente pre- 27

cisa se livrar das distrações que a “Morrer diariamente ocupam e que não lhe permitem a é uma prática espiri- verdadeira visão. Os Yoga-Sutras en- tual – a recuperação fatizam a necessidade de aquietar a de um tipo de ino- mente para que possa haver cada vez cência, abertura e mais correspondência com a visão humildade. Toda me- clara do purusha. Somente uma ditação séria é uma mente aquietada consegue ser aten- prática de morrer ta; somente uma mente aquietada para o eu comum” pode ser a morada do purusha em sua forma verdadeira. Existe uma Autoconhecimento qualidade de atenção e divisão que podem produzir uma ação em nós Os sutras II.1 e II.32 enfatizam a quer sentido em ler a literatura sa- mesmos e permite que naturalmen- importância de svâdhyâya, que é au- grada a não ser para nos auxiliar a te ocorra uma mudança radical, a toestudo, autoinvestigação, autoco- chegar a uma autopercepção cada vez partir do interior. nhecimento e autopercepção. mais clara. Krishnamurti afirmava que Svâdhyâya é um dos niyamas, parte a coisa mais importante era estudar o Patañjali começa com o fato de do Kryia Yoga nos Yoga-Sutras. A au- livro de si próprio, na sua própria vida. que a atenção é a principal preocu- toinvestigação é enfatizada em toda Ele não estava absolutamente inte- pação do yoga. Por outro lado, o vi- a tradição indiana, mas gradualmen- ressado em recomendar o estudo das dente – que está acima da mente – te svâdhyâya passou a se referir ao mensagens dos sábios. está incorretamente identificado estudo das escrituras sagradas. No com o instrumento da visão. Plena entanto, dificilmente haveria qual- A autoinvestigação é o coração atenção é a primeira exigência para do yoga de Krishnamurti. Ele disse: permitir que o real se revele a nós. O real está sempre se revelando em SOPHIA • MAI-JUN/2013 toda parte, mas em nosso estado não transformado não estamos aptos a perceber essa revelação. Todos os sá- bios da humanidade estão de acordo ao dizer que existe um nível de reali- dade que perpassa todo o espaço, den- tro de nós e também fora, que não está sujeito ao tempo. Os sábios cha- mam-no por vários nomes – como Deus, Brahman, o Espírito Santo, Alá. No entanto, nós geralmente não es- tamos em contato com esse nível porque somos distraídos pelo irreal, pelo pessoal e pelo transitório. Certa vez perguntei a Krishna- murti sobre a natureza da atenção que ele chamava de atenção total. Eu disse que o que descobri em mim é que a atenção flutua. Ele respon- deu: “O que flutua não é a atenção. Somente a desatenção flutua.” Po- demos ver a partir desse breve diá- logo que, para Krishnamurti, a aten- ção era o chão, como purusha; ela não flutua. Minha pergunta levava a crer que a atenção pode ser distra- ída – uma identificação incorreta do vidente com a mente. 28

501ROOM/SHUTTERSTOCK do é simples, quando não mais ar- mazena, condena, julga, pesa. Só a “Sem autoconhecimento, a experi- a qual a mente consegue escapar. mente simples pode compreender ência alimenta a ilusão; com o auto- Mas se a pessoa começa a compre- o real, não a mente que está cheia conhecimento, a experiência, que ender o ‘eu’ em todas as suas várias de palavras, conhecimento, informa- é a resposta ao desafio, não deixa atividades, dia após dia, então nessa ção. A mente que analisa, calcula, resíduo cumulativo como memória. mesma compreensão, sem qualquer não é uma mente simples.” O autoconhecimento é a descober- esforço, o ignoto, o perene vem à ta, de momento a momento, dos ca- existência. Mas o perene não é uma “A sabedoria surge quando exis- minhos do eu, suas intenções e bus- recompensa pelo autoconhecimen- te a maturidade do autoconheci- ca, seus pensamentos e apetites. to. Aquilo que é eterno não pode mento. Sem conhecer a si próprio, (...) Quando não nos conhecemos, ser buscado; a mente não consegue não é possível ordem, e portanto o eterno torna-se uma mera palavra, adquiri-lo. Ele vem à existência não há virtude. (...) O importante um símbolo, uma especulação, um quando a mente está aquietada, e a não é como reconhecer alguém que dogma, uma crença, uma ilusão para mente só pode estar aquietada quan- seja liberto, mas como compreender a si próprio. Nenhuma autoridade SOPHIA • MAI-JUN/2013 aqui nem no futuro pode lhe dar o conhecimento de você mesmo; sem autoconhecimento não há liberta- ção da ignorância, da dor.” Os Yoga-Sutras afirmam: “Abni- vesha é a tendência automática à continuidade; ela oprime até mes- mo os sábios” (Sutra II.9). Embora abhinivesha seja algumas vezes tra- duzido como “desejo de viver”, está mais próximo de “desejo de conti- nuar”, ou desejo de preservar o sta- tus quo. Abhinivesha é o que é cha- mado de “inércia” em física, como na Primeira Lei do Movimento de Newton (também chamada Lei de Inércia), segundo a qual um corpo continua no estado de repouso ou de movimento em linha reta a não ser que seja afetado por alguma for- ça externa. Abhinivesha é o desejo de conti- nuidade em qualquer estado, em qualquer situação que já se conhe- ça. Tememos o desconhecido e, por- tanto, tememos a mudança que pode levar ao desconhecido. A libertação de abhinivesha, do desejo de conti- nuar no conhecido, é a morte do eu, ou a morte para o mundo, de que tanto se fala em tantas tradições. Os sábios sempre afirmaram que so- mente quando somos capazes de morrer para o nosso velho eu é que podemos nascer para uma nova vi- são e para uma vida nova. Um ditado profundo de um antigo mestre sufi, que tanto ecoa na literatura sagra- 29

da, diz: “Se você morrer antes de cobrir até que verdadeiramente to continuar através da memória, morrer, então você não morrerá morra enquanto vive.” através do desejo, através da experi- quando morrer.” ência, ele jamais poderá se renovar; Morrer diariamente é uma prá- portanto, aquilo que é continuado Durante uma conversa a respei- tica espiritual – a recuperação de um não consegue conhecer o real.” to da vida após a morte, Krishnamurti tipo de inocência, abertura e humil- disse que a verdadeira pergunta é: dade. É um inconsciente ativo, não Ele também nos legou observa- “Posso morrer enquanto estou vivo? alcançado, mas que precisa ser re- ções sugestivas sobre o “eu”: “De- Posso morrer para todos os meus petidamente renovado. Toda medi- vemos pôr de lado todas essas coi- acúmulos – materiais, psicológicos, tação séria é uma prática de morrer sas e ir à questão central: como dis- religiosos? Se você consegue mor- para o eu comum. solver o ‘eu’ que está preso ao tem- rer para tudo isso, então descobrirá po, no qual não há amor, não há o que existe após a morte. Ou nada Sobre este tema cabe citar outra compaixão. Quando há amor, não existe, absolutamente nada, ou exis- afirmação de Krishnamurti: “Aquilo há eu. Ser absolutamente nada é te algo. Mas você não consegue des- que tem continuidade jamais pode- estar além da medida.” rá se renovar. Enquanto o pensamen- 30 SOPHIA • MAI-JUN/2013

Atividade e silêncio uma prescrição para mais alguém. Ele enfatizava muito que a pessoa Os Yoga-Sutras afirmam tam- que o orador é uma aberração?” não consegue se elevar até a verda- bém: “Ekâgratâparinâma, a trans- Aberração ou não, ele certamente formação que leva à unidirecionali- era extraordinário e incomum. de, mas que a verdade pode descer dade, é um estágio de transforma- Como foi mencionado anteriormen- ção no qual a atividade e o silêncio te, sua mente era como a água; qual- até a pessoa. estão igualmente equilibrados na quer perturbação que nela fosse cri- mente” (Sutra III.12). Os sábios que ada por algum estímulo externo logo Há muitos anos escrevi um arti- passaram por esse tipo de transfor- desaparecia, deixando-a tranquila mação radical têm uma diferente como antes. Patañjali diz que toda a go intitulado “Carta a J. Krishnamur- qualidade de mente. Parecia obvia- diferença entre a pessoa comum e o mente verdadeiro no caso de Krish- verdadeiro yogue está na qualidade ti”, a pedido dos editores do A Jour- namurti. Eu fui tocado pela nature- da profundidade do silêncio da men- te e na rapidez com que esse silên- nal of Our Time. Tentei falar sobre za especial e pela cio retorna após uma impressão ex- qualidade da men- traordinária ter sido recebida. minhas dificuldades para seguir o te de Krishnamur- ti; e assim, muitas Krishnamurti disse certa vez, du- que ele dissera durante tantos anos. vezes lhe pergun- rante uma conversa comigo, que a tei a respeito das inteligência além do pensamento Esse pequeno artigo terminava da particularidades de simplesmente está lá, como o ar, e sua mente. Ele fre- não precisa ser criada por disciplina seguinte maneira: “Estou preocupa- quentemente fala- ou esforço: “Tudo que é preciso fa- va a respeito da zer é abrir a janela.” Eu sugeri que do porque não sei como reconciliar mente religiosa e as janelas, em sua maioria, estão fe- sua inocência, fres- chadas e pintadas e que seria preci- o chamado que ouço de sua praia dis- cor e vulnerabilida- so muita raspagem antes de pode- SVETLANA LARINA/SHUTTERSTOCKde, e frequente-rem ser abertas, e perguntei como tante com as realidades de onde es- mente sugeria que se raspa. Ele não queria prosseguir era exatamente nessa linha e terminou dizendo: tou. É claro que uma ponte não pode como qualquer ou- “Você é esperto demais para o seu tra pessoa e não al- próprio bem.” ser construída daqui para Lá. Mas guém especial, mas isso jamais me con- Patañjali oferece auxílio prático poderá ser construída de lá para cá?” venceu. na preparação da mente e do corpo para que a janela da nossa consciên- Alguns anos após o artigo ter Em certa oca- cia possa ser aberta. Purusha sim- sião, quando insisti plesmente está lá; ele não precisa ser sido publicado houve uma ocasião em perguntar a res- criado, não pode ser criado, porém a peito da natureza de purificação dos instrumentos de per- em que pude passar algum tempo sua mente extraor- cepção permite que se revele. dinária, ele disse: com Krishnamurti em Ojai, na Cali- “Senhor, você acha Na prática, isso era igualmente verdadeiro com Krishnamurti, pela fórnia, local onde ele se sentia mais A inteligência grande ênfase que colocava na sen- além do pensa- sibilidade corporal, na receptivida- em casa. Tivemos uma conversa lon- mento simples- de emocional e na libertação do pen- mente está lá, samento que leva à tranquilidade da ga e intensa durante a noite, e iría- como o ar: mente. Ele praticava yoga e enga- “Tudo que é jou-se em cânticos e meditação, e mos nos encontrar novamente na preciso fazer é no geral levava uma vida espiritual abrir a janela” em completa harmonia com todos manhã seguinte. Pedi-lhe para que os yamas e niyamas mencionados por Patañjali nos Sutras II.30 e II.32. lesse meu pequeno artigo e fiquei Mas, em geral, não desejava prover ansioso para saber o que ele iria co- mentar. Ele disse que gostou da úl- tima oração, e acrescentou: “Uma ponte pode ser construída de lá para cá.” Não disse muito mais a respei- to, senão para insinuar que foi so- bre aquilo que esteve falando todos aqueles anos. Todo ensinamento real oferece pontes de “lá”, onde estão a verda- de e a liberdade, para cá, onde es- tamos nós. Para Krishnamurti, lá é o reino da verdade, da beleza e do amor; cá é o domínio do pensamen- to, do tempo e da dor. Autoinvesti- gação sem o “eu” é o que nos pode revelar que o eterno não está dis- tante do tempo ou da vida, mas pode ser percebido dentro do tempo e na vida diária. S SOPHIA • MAI-JUN/2013 * Ravi Ravindra é Ph.D em Física, professor e chefe do Departamento de Religião da Univer- sidade de Dalhousie, Canadá. 31

[ TRANSFORMAÇÃO ] Sombra e luz Surendra Narayan* nossa própria felicidade exclusiva. ANDREAS KRAPPWEIS “A Bíblia diz que Não é preciso uma fé cega em Deus ‘a luz brilha nas É agradável sentar-se à sombra de ou em qualquer plano divino para trevas e as trevas uma árvore num dia de calor. Por compreender que a dor está na ati- não a compreen- outro lado, como dizem as escritu- tude autocentrada, na dualidade e dem’. O Vedanta ras, caminhamos através do “vale da na busca das sombras projetadas por compara isso ao sombra da morte”, e nossos dias so- nossos próprios pensamentos, na eclipse solar ou bre a Terra são uma sombra que de- identificação do observador com o ao sol oculto por saparece. Sombra geralmente re- que é visto. trás das nuvens” presenta trevas indesejáveis e depri- mentes, obscuridade ou algo que é É por isso que tanto se enfatiza o mudando o centro de nossa consci- imaterial, irreal ou transitório. Em altruísmo, para arrancar a gigantes- ência de uma mente que é separati- contraste, claridade e luz do sol sig- ca raiz do “eu” e reduzi-la a zero. Essa va, possessiva e dominada pelo de- nificam esperança, ânimo e alegria. ênfase no altruísmo é às vezes com- sejo e a paixão, para uma que é com- preendida como supressão das emo- passiva, pacífica, intuitiva e que pen- A sombra representa obscurida- ções e da mente. Na verdade, a ên- sa e sente em termos de uma vida de do real, a natureza impermanen- fase não está na negação compulsó- maior. Neste sentido, a humildade te de tudo que compõe nossa vida ria, mas na correta compreensão. não é a morte dos sentidos e da men- normal no dia a dia – as posses físi- te, mas sua iluminação, o que leva a cas e mentais que nos esforçamos Além da necessidade de modés- um crescente refinamento das per- para conquistar, e o poder que mui- tia, enfatiza-se a importância, o po- tas vezes é obtido em função da po- der e a glória de cada ser humano in- SOPHIA • MAI-JUN/2013 sição social ou econômica, seja na dividual: “O homem é a medida de política, no aprendizado, na arte ou todas as coisas”. Diz um Upanishad: na religião, e que desesperadamen- “Isso sou eu dentro do coração, mai- te tentamos reter. Se essas coisas nos or do que a Terra, maior do que a at- escapam, como deve acontecer al- mosfera, maior do que o céu, maior gum dia, nós nos sentimos “criatu- do que esses mundos.” ras miseráveis”. Apegamo-nos a pes- soas – esposa, marido, filhos, ami- Esses aspectos que nos reduzem gos, inimigos – num relacionamen- à total insignificância e que ao mes- to de atração ou repulsão. Permane- mo tempo proclamam nossa grande- cemos presos a ideias, tradições e za não são contraditórios entre si. teorias, que acreditamos serem as Referem-se a dois lados – à sombra únicas certas, e assim criamos uma em nossa veste e à luz interior que diferença entre nós e os outros, que ainda deve brilhar. Somos nós que têm suas próprias convicções. bloqueamos a luz e depois reclama- mos da escuridão. Várias escrituras Caminhamos através do “vale da fazem referência a isso. A Bíblia diz sombra” porque essas posturas são a que “a luz brilha nas trevas e as tre- causa de dor, medo, conflito e sofri- vas não a compreendem”. O Vedan- mento. O sofrimento chega até nós ta compara isso ao eclipse solar ou não porque Deus fez deste mundo ao sol oculto por trás das nuvens. um local de trevas, mas por causa de Nós, na Terra, vemos as trevas ou a nossas próprias atitudes. O germe da sombra, mas na verdade o sol conti- dor é implantado no momento em nua a brilhar com o mesmo esplen- que começamos a pensar e sentir em dor de sempre. termos do estreito “eu” pessoal – de O caminho espiritual leva da 32 sombra para a luz. Nós o trilhamos

cepções – uma mudança da vida tores e que se autoprojetam. Rumi, o famoso poeta e místico egoica e da dualidade para a unida- Se uma folha cai num pequeno sufi do século III, escreveu: “As de consciente. Isso pode ser visto lamparinas são diferentes, mas a luz como uma mudança do movimento córrego ou num rio, num lugar sa- é a mesma; ela vem do além. Po- centrípeto para o centrífugo. Come- grado ou numa rua, que efeito be- rém, se continuas olhando para a ça com a indiferença aos desejos e néfico ou maléfico isso causa à árvo- lamparina, estás perdido, pois en- anseios dos corpos, mas não negli- re? O que se aplica à árvore e às suas tão surge a aparência de número e gência esses corpos. Cresce pela dis- folhas deve começar a ser aplicado pluralidade. Fixa teu olhar na luz, solução da estreita esfera de nossos ao elogio e à recriminação, aos chu- e serás retirado do dualismo ine- pensamentos limitantes, autoprote- tes e às carícias que recebemos em rente ao corpo finito.” nossa vida diária. SOPHIA • MAI-JUN/2013 33

O despertar da percepção É a fixação do olhar na luz – na São os indivíduos que fazem o CHRISTA RICHERT “A sombra está vida una que tudo permeia – que mundo; cada um pode, se tentar ligada à luz. A purifica nossas percepções, amplian- conscientemente, tornar-se um natureza é mui- do assim nossa visão. A disciplina agente da construção de um mundo to frugal e não requerida é bem conhecida: auto- mais belo. Somos privilegiados como cria nada des- purificação, estudo e reflexão pro- líderes no movimento rumo a um necessário” fundos, e o serviço altruísta que se futuro no qual a vida no planeta será segue naturalmente. Cada um des- vivida em harmonia, em cooperação soa pode contribuir para a atmosfe- ses passos é importante, mas são ape- e paz, interna e externamente. ra mental que influencia as ações da nas passos e não fins em si mesmos, humanidade. E à medida que trilha como às vezes se pensa. Por exem- Tudo que é feito por nós no mun- o caminho da pureza e do altruís- plo, o aprendizado e o desenvolvi- do visível baseia-se ou surge da ma- mo, seus pensamentos e irradiações mento dos poderes de compreensão neira como trabalhamos com os nos- benéficas tornam-se cada vez mais são necessários e úteis, mas não deve sos sentimentos e pensamentos. Que agudos, mais fortes, mais poderosos. mos permitir que se tornem despro- cada um de nós afeta os outros pelos Quanta claridade cada um de nós porcionalmente importantes. seus pensamentos não é mais apenas pode doar ao mundo e mais particu- uma noção filosófica; aparece como larmente àqueles com quem está em Com relação a isso, lembro-me de fato da ciência moderna no domínio contato mais próximo! uma história sobre Shankaracharya. da física das partículas e da fisiologia. Numa manhã bem cedo, quando se- O importante papel do indivíduo guia para o Ganges para o banho diá- Por exemplo, descobriu-se expe- tem sido realçado por muito sábios. rio e as orações, ele ouviu um estu- rimentalmente que a observação J. Krishnamurti diz: “Se você fizer dante repetindo em voz alta as re- envolve participação. O universo co- uma transformação básica em si mes- gras da gramática sânscrita. Shanka- meça a ser visto como um todo parti- mo, então afetará não apenas aque- racharya sentiu que aquela decoreba cipativo e interligado no qual todos les que estão próximos de você, mas naquela hora gloriosa era perda de afetam todos os demais. Carl Sagan, tempo que poderia ser mais bem uti- no seu famoso livro Cosmos, afirma: SOPHIA • MAI-JUN/2013 lizado para a contemplação das ver- “A história humana pode ser vista dades da vida ou da natureza. E assim como o lento despertar da percepção ele compôs o chamado Hino da Re- de que somos membros de um grupo núncia, que diz que sem jnana, ou maior. (...) Alargamos o círculo da- sabedoria, nem o estudo nem o queles a quem amamos. (...) Se te- aprendizado assegurará a liberdade mos que sobreviver, nossas lealdades de alguém, mesmo em cem vidas. As devem ser ampliadas ainda mais para regras de gramática não trazem pro- incluir toda a comunidade humana, veito algum – contempla Govinda, o todo o planeta Terra.” eu supremo que reside em tudo. Cada um de nós pode contribuir Quando a sabedoria começa a rai- um pouco para a plena iluminação ar, chega a luz – a luz da compreen- deste planeta por meio de nossos são e da compaixão, da unidade, da pensamentos positivos, amorosos, síntese e do amor que vê não as pe- úteis, pois os pensamentos estão na ças individuais, mas o quadro total raiz da fala e da ação. É a mente que no qual as peças se encontram. guia o movimento de nossos lábios, mãos e pés. A realização de nossa divindade, mesmo que seja parcial, pode não Alguém pode, talvez, perguntar ocorrer durante muito tempo, mas o que pode fazer sozinho. A vida na medida em que tentamos viver adulta média dura cerca de 40 anos, uma vida mais pura, e portanto me- ou 14.600 dias. Durante pelo me- nos egoísta, podemos pelo menos nos doze horas por dia a pessoa está começar a entender que a felicida- desperta, seu cérebro está funcio- de duradoura está na consciência, nando e produzindo correntes men- não na satisfação dos nossos desejos. tais – boas, ruins e indiferentes. Pode-se ver então o quanto uma pes- 34

toda a consciência do mundo.” Ra- bém em relação ao nosso eu inferi- misteriosa entre o corpo físico e o mana Maharshi observou que um or – o corpo físico unido aos pensa- atma, o espírito divino no homem. atma-jnani, uma pessoa autorreali- mentos e sentimentos. Incompre- Portanto, a sombra está ligada à luz. zada, não precisa fazer nada para be- endido e mal utilizado, o eu inferi- A natureza é muito frugal e não cria neficiar o mundo. Sua poderosa in- or é a morada das trevas; se for cor- nada desnecessário. Helena Bla- fluência espiritual é capaz de cau- retamente percebido e usado, pode vatsky diz, em A Doutrina Secreta, sar, silenciosa e imperceptivelmen- levar a pessoa à glória e ao esplendor que para se tornarem divinos, deu- te, um grande bem a todos. infinitos. Portanto, a relevância de ses plenamente conscientes, as in- nosso eu inferior não deve ser perdi- teligências espirituais primevas de- Todo ensinamento espiritual en- da de vista. Embora os ensinamentos vem passar pelo estágio humano. Na fatiza que devemos reduzir nós mes- digam que os corpos devem ser do- busca da compreensão dessa natu- mos a zero, desenvolvendo a abne- minados, dizem também que uma reza dual do homem – sombra e luz gação e o desprendimento. Contu- encarnação humana – uma vida físi- – está a nossa oportunidade e tam- do, zero é um fator muito significa- ca – é um bem necessário para a sal- bém a nossa responsabilidade. S tivo e um grande poder quando co- vação. É o campo no qual a batalha locado junto a qualquer número, pela luz deve ser travada e vencida. * Surendra Narayan é escritor e foi vice-presi- pois pode elevar um simples dígito dente internacional da Sociedade Teosófica. ao infinito. Isso é verdadeiro tam- Existe também uma correlação 35 SOPHIA • MAI-JUN/2013

[ ESPIRITUALIDADE ] VIOLET KAIPA/SHUTTERSTOCK A unidade d‘ as religiões Existe apenas uma blasfêmia – a negação de Deus no homem. Existe apenas uma heresia – a heresia da separatividade, que ‘diz que não somos um 36 SOPHIA • MAI-JUN/2013

Jan Lawson* as, confundindo o que significa re- “As religiões não são ligião e vendo as contendas, as con- rivais, e não devem Annie Wood tinha apenas vinte trovérsias, os ódios, as lutas que sur- odiar umas às ou- anos quando se casou com o cléri- gem a partir disso, dizem que estarí- tras. Elas são filhas go evangélico anglicano Frank Be- amos melhor sem religião, que de- de um pai comum, sant, em 1867. O casamento não veríamos pôr de lado a religião, pois distribuindo, para durou muito. Ao longo de seus vin- ela nutre a maldade, a dissensão, a benefício da humani- te anos ela fez perguntas às quais disputa e o ódio. Mas é inútil dizer à dade, as verdades ninguém conseguiu responder, so- humanidade para pôr de lado a reli- que aprenderam no bre sua fé e as crenças existentes gião. O homem é constituído de tal lar ancestral” no século XIX. Quando tentou en- maneira, em sua natureza interior, contrar livros que poderiam respon- que existe uma sede inextinguível – o conhecimento de Deus –, e to- der a essas questões, foi-lhe dito dentro dele, e nada, senão o conhe- das as religiões são ramos desse tron- que ela já havia lido demais. cimento de Deus, pode satisfazê-la. co, a Árvore da Vida. (...) Assim, um Durante algum tempo, especial- eu brilha em todo coração. Existe Na década seguinte, Annie Be- mente na juventude, ele facilmen- apenas uma blasfêmia – a negação sant não apenas desafiou abertamen- te se satisfaz com coisas externas, de Deus no homem. Existe apenas te o status da Igreja Anglicana e o mas quando as dificuldades da vida uma heresia – a heresia da separati- controle que detinha sobre as vidas têm de ser enfrentadas, quando as vidade, que diz que não somos um.” das pessoas como tornou-se uma das leis da vida são experienciadas, quan- oradoras mais poderosas da Inglater- do a dor oprime o coração e o desa- Depois de aderir à Teosofia em ra e uma fervorosa ativista social, pontamento destrói a coragem, é 1919, Annie voltou as costas ao ati- especialmente em defesa das mu- então que desperta no homem a vismo social e colocou toda a sua lheres e de seus direitos. sede por Deus, e bem disse Santo energia na Sociedade Teosófica. Agostinho: ‘O homem jamais con- Mas não conseguiu ignorar duran- Durante esse período de sua vida segue encontrar repouso até que te muito tempo os problemas da ela rejeitou a religião e as religiões encontre repouso em Ti’.” condição humana e o imperativo conjuntamente – buscou acreditar para promover uma diferença radi- que a raiz do sofrimento humano Num panfleto distribuído em cal no mundo. podia ser atacada e que a transfor- fevereiro de 1913, chamado “A Fra- mação social fundamental só acon- ternidade das Religiões”, Annie afir- “Julguemos nossa espiritualida- tecia como resultado do ativismo. mou que Deus é tão grande que ne- de pelo efeito que causamos no Mas Annie se desesperou de modo nhuma religião, por mais perfeita mundo”, declarou Annie em suas crescente. Ela começou a compre- que seja, conseguiria por si própria palestras de 1903, compiladas em ender que a verdadeira transforma- expressar Sua plenitude. Na reali- um livro intitulado As Leis da Vida ção, individual ou em conjunto, exi- dade, toda grande religião contribui Espiritual (editado em 2012 pela ge o engajamento em uma dimen- com uma letra para o nome de Deus, Editora Teosófica). “Para que esta- são “religiosa”. ilumina uma faceta da natureza de mos aqui, senão para nos ajudarmos Deus, acrescenta uma compreensão uns aos outros, para nos amarmos Durante décadas, ponderou so- ao conhecimento de Deus. uns aos outros, para nos elevarmos bre o papel da religião e das grandes uns aos outros? Observem como religiões. Ficou evidente para ela Ela dá exemplos: o Hinduísmo sua influência afeta os outros; se- que a humanidade não conseguia contribui com o Dharma, a noção de jam cuidadosos no modo como suas simplesmente pôr de lado a religio- lei, ordem, dever, obediência; o Zo- palavras afetam as vidas dos outros sidade. O bem viver, por si só, sem roastrismo com a pureza; o Budis- (...). Todas as escrituras declaram religião, nunca alcançará “sua graça mo com a sabedoria; o Cristianismo que o coração da vida divina é com- mais formosa”. A sede de Deus “é com o serviço abnegado; o Islã com paixão infinita. Compassivo, então, parte integrante da constituição a submissão à Vontade que guia os deve ser o homem espiritual. (...) humana”, e a aspiração religiosa, “a mundos. O panfleto conclui assim: Isso, e somente isso, é verdadeira aspiração do coração por Deus”, for- “As religiões não são rivais, e não espiritualidade.” ma a essência dos seres humanos, e devem odiar umas às outras. Elas são por consequência, das nações. filhas de um pai comum, distribuin- Annie declarou em 1917 que a do, para benefício da humanidade, verdadeira religião exige o “nobre No discurso intitulado “O Lugar as verdades que aprenderam no lar da Religião na Vida Nacional”, que ancestral. (...) Existe uma religião 37 proferiu em Madras, na Índia, An- nie Besant afirmou: “Muitas pesso- SOPHIA • MAI-JUN/2013

viver” e o serviço. Sem total dedica- Um poder unificador ção, sem expressão externa, qual- quer religião e qualquer vida, é “uma “A essência da religião, aquilo ao ansiar por Deus e ao buscar Deus, concha vazia”. Esse imperativo a que é comum a todas as religiões, é usa diferentes vestes, mas a emoção guiou até o fim de sua vida, criando a aspiração do coração por Deus, a e o esforço são os mesmos.” não apenas a Ordem Teosófica de busca por Deus e a resposta de Deus Serviço e todas as suas ligas, mas à busca”, declarou Besant; “você co- Annie via a Vida Una permean- também seu comprometimento to- meça a compreender que o homem, do todas as religiões, e sabia que to- tal e contínuo para com a indepen- das as religiões compunham uma dência da Índia. Annie Besant teve sempre uma visão idealizada do país que chamou de lar. Ela acreditava que a Índia es- tava destinada a unir as essências das grandes e principais religiões, as quais permeiam e estão visivelmen- te presentes em sua vida nacional, e que isso traria a franqueza e a inte- gralidade à nação que uma religião jamais poderia trazer. Também tor- naria a Índia um modelo pelo qual outras nações pudessem se guiar. Em Madras, em 1917, Annie pu- blicou sua visão e enunciou sua con- vicção firmemente estabelecida: “Se eu tentasse dizer qual é o lugar da religião na vida nacional, (...) certa- mente diria que seu lugar é em toda parte.” Ela acreditava que, quando a religião é removida da vida, segue- se o declínio da nação. Annie falava sobre a Índia – de sua diversidade religiosa, das dife- renças nos modos, nos costumes e dogmas (as formas exteriores) das várias religiões. Mas sabia também que quando nos movemos da circun- ferência para o centro da roda, essas diferenças diminuem rapidamente. Ela comparava o ritual e a prática hindu com o ritual e a prática cató- lico-romana, e então colocava o foco no centro da roda. “A verdadeira religião SOPHIA • MAI-JUN/2013 exige o serviço. Sem total dedicação, sem ex- pressão externa, qualquer religião e qualquer vida é uma concha vazia” 38

fraternidade e uma comunhão glo- Por volta de 1946, o país estava posta de Mountbatten da divisão da bal. Era inflexível no fato de que a caminhando violentamente rumo à religião devia se tornar “um poder independência. Havia conflitos san- Índia em dois estados, um hindu e o unificador, não uma força separatis- grentos entre hindus e muçulma- ta” no mundo. Ela morreu em 1933; nos sobre o papel que os muçulma- outro muçulmano. Em 15 de agosto certamente teria se angustiado mui- nos desempenharariam no governo to com os eventos que ocorreram do país. Em maio de 1947, o Gabine- de 1947 surgiram os domínios inde- entre 1946 e 1947, na Índia. te Britânico concordou com a pro- pendentes da Índia e do oeste e les- te do Paquistão. A divisão foi violenta e 12,5 mi- lhões de pessoas foram desalojadas, na maior migração na história. No ADRIANO GONÇALVES final de 1947, 400 mil pessoas, en- tre muçulmanas e hindus, foram mortas e 100 mil outras sofreram com a fome e o abandono. Um mês depois, Gandhi, que acabara de com- pletar um jejum de seis dias pela unidade hindu-muçulmana, foi as- sassinado; o assassino era membro de um grupo hindu que se opunha à tolerância religiosa. Em 1913, Annie Besant afirmou enfaticamente que “a multiplicida- de de crenças seria uma vantagem, não um dano, à religião, se as religi- ões fossem uma fraternidade em vez de um campo de batalha”. Cem anos depois ainda nos vemos, e talvez ain- da vejamos mais tarde, no campo de batalha, com acusações, provocações e locais perigosos onde problemas políticos surgem e espalham-se para outras nações. Mas será essa a única realidade? AnnieBesant sabia que o princi- pal papel da religião é unir, e não separar. A palavra re-ligare significa “unir de volta firmemente”. Ela tam- bém compreendia que é o amor que atrai cada coração a Deus. Em seus centros de interesse, as grandes re- ligiões sempre souberam disso, e serviram à humanidade com cora- ções que são profundamente com- passivos e edificantes. Como reve- renciar, e ver como crucial para o propósito divino, a beleza única e a voz de cada religião, e de cada indi- víduo, dentro de uma única vida? Manter a visão de Annie Besant pode nos ajudar a lidar com ambos os desafios. S SOPHIA • MAI-JUN/2013 * Jan Lawson é palestrante da Sociedade Teosófica na Nova Zelândia. 39

Astrologia e mistériosUrano, Plutão e o MATTIA ATH/SHUTTERSTOCKnovo Papa Ricardo Lindemann é SOPHIA • MAI-JUN/2013 engenheiro civil e as- trólogo, licenciado em Filosofia pela UFRGS, presidente dos Sindicato dos Astrólogos de Brasí- lia e membro do Conselho Mundial da Sociedade Teosófica Internacional. Linde- mann escreve regular- mente par4a0SOPHIA.

Ricardo Lindemann conjunção de Mercúrio e Urano, que acentue a disposição para ideias pró- dá brilho intelectual, em quadratura prias e mudanças pela causa social. O processo geral de renovação e com Marte, indica um tipo de comu- Também a austeridade de Saturno em ingresso da Era de Aquário, enfatiza- nicação muito direta e nem sempre Peixes em conjunção com a cúspide do atualmente pelas sete quadraturas diplomática, podendo mesmo gerar da IX Casa e oposição com Netuno de Urano com Plutão, parece agora polêmica, como foi o caso de sua re- lhe dão uma visão sacrificial da reli- mostrar seu efeito sobre o Vaticano. A ferência ao Islã no início de seu pon- gião, própria de uma disciplina jesuí- renúncia do Papa Bento XVI parece tificado, que o obrigou a visitar ime- ta com coração franciscano, amor aos ter surpreendido até a Cúria Roma- diatamente a Turquia para tentar acal- pobres (Lua em Aquário) e proteção na, e a subsequente eleição do Papa mar os ânimos. à natureza (Netuno em Virgem), con- Francisco, um jesuíta e sul-america- forme consta em sua homilia inaugu- no, é absolutamente sem precedentes. Sua Lua em Libra, em quadratura ral. A escolha declarada do nome em com Plutão, indica sua dificuldade de homenagem a São Francisco de Assis Nos últimos artigos, tenho enfati- conviver com conflitos, o que deve recebeu prontamente elogios do Da- zado a importância das sete quadra- ter contribuído para sua renúncia, lai Lama, representando uma favorá- turas de Urano com Plutão como esti- apesar do Sol em Áries, pois este está vel aproximação do Budismo, e o muladoras de um processo algo ace- abrandado pelo místico trígono com Papa Francisco tem demonstrado dis- lerado de transformação da humani- Netuno, e tem seu dispositor, Marte, posição ecumênica e boa vontade para dade, que estará ocorrendo pelo me- em Gêmeos, dando-lhe mais disposi- aproximar-se também de outras reli- nos desde 24 /06 /2012 até 16 /03 / ção para afirmar suas posições no pla- giões, o que caracteriza uma absoluta 2015, datas exatas da primeira e da no das ideias. O Ascendente em Pei- necessidade da Era de Aquário. última das sete quadraturas. Urano é xes inclina à devoção, o que por si já é o planeta da renovação por excelên- um indicativo que inclina à vida reli- No ano de 2013, a direção simbó- cia, enquanto Plutão é um agente giosa, e é ainda reforçado pela con- lica do seu mapa apresenta a Lua (re- transformador pelo despertar da junção com o grande benéfico Júpi- gente do mapa) em conjunção com o consciência. Urano em Áries pode ter, que é o regente do MC, podendo MC, o que bem caracteriza a popula- ser inesperado, impulsivo, indepen- representar ascensão de posição soci- ridade de sua eleição como Papa, ain- dente, libertador, revolucionário ou al em relação às suas origens. Chama da que inesperada, como é próprio belicoso, enquanto Plutão em Capri- também a atenção, no mapa astral da da conjunção de Urano com MC no córnio está relacionado a estruturas vigência da renúncia ou Sé Vacante seu mapa astral natal. hierárquicas de poder, como a cabra (na página seguinte) às 20h de 28/02 / montesa que ambiciona alcançar o 2013, em Roma, a posição de Urano O seu Sol em Sagitário em con- ápice da montanha, bem como se re- em trânsito (06º Áries 55’) em trígo- junção com Júpiter e o Nodo Lunar laciona com as questões de austerida- no com o Saturno natal de Bento XVI na VI Casa em trígono com o MC é de econômicas e ecológicas, por ser (06º Sagitário 59’R), particularmen- digno da ascensão ao pontificado, mas um signo de terra. te atingindo a exatidão absoluta no dia guarda a humilde postura de um ser- 01 /03 /2013, representando justamen- vidor, bem como o Cristo em forma Nesse contexto, alegando falta de te o primeiro dia de sua plena liberta- de Sol radiante em seu Brasão com o saúde pela idade avançada, a renún- ção dos encargos do pontificado. profético lema: “Miserando atqve eli- cia do Papa Bento XVI, fato que não gendo” (Com misericórdia o elegeu). ocorria nos últimos seiscentos anos, O mapa astral natal do Papa Fran- Saturno em Peixes, sendo o regente ou quase, abre precedente para a ideia cisco (na página seguinte, agradecen- da VII Casa, em oposição com Netu- de reformas mais profundas na Igre- do sua certidão de nascimento pron- no na III Casa, acentuam uma mente ja, pois todos sabem que outros desa- tamente enviada pela ex-presidente do mística com tendência à sublimação fios, como o Vatileaks e o dossiê en- SINARJ, Celisa Beranger, e pela as- do casamento, contudo Marte tam- tregue ao Papa, apontando inúmeras tróloga argentina Claudia Rizzi), nas- bém na III Casa dá a essa mente uma irregularidades na Igreja, contribuí- cido em 17/12 /1936, às 21h, em Bue- coragem assertiva em suas ideias. ram para a sua renúncia. Alguns auto- nos Aires, apresenta o Ascendente em Mercúrio e Júpiter em trígono com res, como o historiador Pe. José Ar- Câncer, que lhe dá um ar afetivo e Urano lhe dão brilho intelectual e co- naldo Juliano, referem que o Papa protetor. Além disso, a Lua (regente municação fácil. Bento XVI, mesmo antes de ser eleito do Ascendente) tem sua natureza ma- Papa, já sustentava que tal cargo não ternal acentuada pela conjunção com Querem alguns, baseados na in- fosse vitalício. Vênus em Aquário, que lhe intensifi- terpretação tradicional das profecias ca o amor protetor em favor dos po- de Nostradamus (Centúria I-43), que A renúncia teve, é obvio, efeito bres, mas sua quadratura com Urano ele seja o Papa negro, por ser o pri- retumbante, sendo interessante notar (em conjunção com o MC) lhe difi- meiro Papa jesuíta, ordem que tradi- que, no mapa astral natal do Papa culta o casamento, embora também cionalmente usa a batina negra, en- Bento XVI (na página seguinte), a quanto outros, baseados nas profeci- SOPHIA • MAI-JUN/2013 41

as de São Malaquias, que ele seja o cia por mandato limitado, podendo tólica Romana permitir que o cle- último Papa. Mas tais profecias cos- aceitar reeleições, como é o caso do ro casasse, como foi por mais de mil tumam ter o caráter apocalíptico de Bispo Presidente da Igreja Católica anos? Não eram casados alguns dos fim do mundo, e sobre essa interpre- Liberal, fundada em Londres em 1916, próprios apóstolos escolhidos por tação eu já me manifestei contrário, que acabou se constituindo numa Igre- Cristo? Não seria a falta dessa coe- com a devida fundamentação no ca- ja sem dogmas, com liberdade de pen- rência uma das causas da falta de vo- lendário hindu, em artigo publicado samento, particularmente influenci- cações para o sacerdócio, e até dos na revista SOPHIA nº 27: “A cultura ada como uma reação ao dogma da desvios de conduta sexual que têm cristã tem sido sempre atormentada infalibilidade papal que foi estabele- gerado escândalos no Vaticano? pelas diferentes interpretações do cido no Concílio Vaticano I, em 1870. ‘Juízo Final’, originadas nas Revela- Ocorre que a renúncia do Papa Bento Dizia São Paulo, que evidente- ções do Apocalipse de São João na XVI revigora o debate sobre a polê- mente não considerava o celibato Bíblia Sagrada”, em meu artigo Nos- mica questão da infalibilidade papal, obrigatório nem mesmo para os bis- tradamus e a Nova Era Astrológica, bem ou mesmo sobre a infalibilidade das pos: “É preciso, porém, que o bispo como na SOPHIA nº 41, de janeiro decisões e escolhas do Colegiado dos seja irrepreensível, esposo de uma úni- de 2013 (Por que o Mundo Não Aca- Cardeais em concílios e conclaves, ca mulher, sóbrio, cheio de bom-sen- bou), quando considerei: “Tudo pa- considerados inspirados pelo Espíri- so, simples no vestir, hospitaleiro, rece indicar que o medo do fim do to Santo, que tem tornado irreversí- competente no ensino, nem dado ao mundo na psicologia humana é ape- veis as decisões de concílios anterio- vinho, nem briguento, mas indulgen- nas o medo da morte individual pro- res, o que torna difícil a renovação. te, pacífico, desinteresseiro” (I Timó- jetado em algum cataclismo fenome- teo III; 2). “Se não podem guardar a nal e, portanto, enquanto houver fal- O Papa Francisco foi considera- continência, casem-se, pois é melhor ta de autoconhecimento e discerni- do conservador ao comentar o casa- casar-se do que ficar abrasado” (I Co- mento, serão inúmeras as dramáticas mento gay em 2010, ano em que a ríntios VII; 9). e falsas profecias sobre o fim do mun- Argentina aprovou a respectiva lei, do que ainda virão...” quando afirmou: “É um ataque des- O fato é que muitas mudanças se- trutivo aos planos de Deus.” Mas, pelo rão necessárias, e a oportunidade Por outro lado, o Papa Francisco menos por coerência, se há uma con- agora é evidente, nesse período de terá uma oportunidade única de ser cepção cristã do plano de Deus para transição para a Era de Aquário, a de fato o último Papa vitalício, ou os seres humanos expresso na natu- chamada Nova Era de paz e fraterni- transformar o cargo em uma presidên- reza, então não deveria a Igreja Ca- dade universais, sendo muito impor- tante para tal conquista que as religi- 42 SOPHIA • MAI-JUN/2013

ões se renovem em tolerância mútua vência religiosa, dos quais eu desta- do em vista que Urano, o planeta da e entendam-se harmonicamente en- caria principalmente a interpretação tre si; pois o entendimento entre os rígida das escrituras, sem considerar renovação e regente da Era de Aquá- políticos, motivados por questões seu caráter parabólico (Marcos IV; 11- econômicas e às vezes até eleitos pelo 12, e IV; 33-34) e o envolvimento das rio, estará em Áries, que é um signo lobby armamentista, parece mais di- religiões com dinheiro... Se quiser- fícil. Como dizia Krishnamurti, em mos que a paz universal da Era de beligerante; enquanto Plutão, o pla- Aos Pés do Mestre (Ed. Teosófica): Aquário se expresse na fraternidade “Deves sentir perfeita tolerância por entre as diversas religiões, esses obs- neta do poder e da regeneração e re- todos e um sincero interesse pelas táculos deverão ser vencidos.” crenças daqueles de outra religião, gente do Meio Céu da mesma Era es- tanto quanto pela tua própria. Por- Conforme considerei no artigo su- que a religião dos outros é um cami- pracitado 2012 e as Sete Quadraturas de tará em Capricórnio, que sendo um nho para o Supremo, da mesma for- Urano com Plutão: “As sete quadratu- ma que a tua. E para auxiliar a todos ras exatas de Urano com Plutão ocor- signo de terra poderá afetar desde a deves a todos compreender.” rerão em 24 /06 /2012; 19 /09 /2012; 20 /05 /2013; 01 /11 /2013; 21 /04 / falta de água até as questões ecológi- Encontra-se nas Cartas dos Mes- 2014; 15 /12 /2014 e 16 /03 /2015, no tres (1881) que inspiraram a funda- horário de Brasília, e as pessoas que cas e crises ambientais em geral. Plu- ção da Sociedade Teosófica: “As dou- tiverem planetas ou ângulos (exem- trinas fundamentais de todas as reli- plo: Ascendente e Meio Céu) impor- tão em Capricórnio regenerará tam- giões se comprovarão idênticas em seu tantes nos seus mapas astrais em sig- significado esotérico, uma vez que nos cardinais (a saber: Áries, Câncer, bém as estruturas hierárquicas e for- sejam desagrilhoadas e libertadas do Libra e Capricórnio) nos graus 08°, peso morto das interpretações dogmá- 06°, 11°, 09°, 13°, 12° e 15° sentirão mas anacrônicas de poder autoritário. ticas, dos nomes pessoais, das con- mais intensamente os seus efeitos nas cepções antropomórficas e dos sacer- respectivas datas. No nosso planeta A plena superação das sete qua- dotes assalariados.” Esses seriam os ocorrerão crises de aceleramento kár- grandes obstáculos à aproximação de mico e transformação por motivos eco- draturas de Urano com Plutão acon- diferentes religiões, que costumam nômicos e ecológicos, bem como con- também corromper a verdadeira vi- flitos por problemas de governo, ten- tecerá, portanto, somente a partir de SOPHIA • MAI-JUN/2013 18/07/2026, quando ocorrerá o pri- meiro dos próximos trígonos entre esses dois planetas, estendendo seu efeito até 2029, conforme pode-se observar no mapa astral da possível Federação das Nações (abaixo). Tudo isso ocorrerá como um karma cole- tivo, não meramente para destruir, mas para despertar a humanidade de modo a perceber a absoluta necessi- dade da unificação planetária por meio da Federação das Nações, resul- tando no fim das guerras e numa nova era de fraternidade e paz.” S 43

Endereços da Sociedade Teosófica no Brasil www.sociedadeteosofica.org.br CAPITAIS [email protected] Reuniões 2ª, 14h. Balneário Camboriú-SC Florianópolis-SC Loja Himalaia: tel (21) 2710- GET Luz no Caminho: R. 2.700, Brasília-DF – SGAS Q. 603, cj. E, s/nº, CEP 70200-630. Tel: GET Florianópolis: R. José 3890. nº 350, CEP 88.300-000. Tel: (61) 3226-0662. Francisco Dias Areias, 390, Trin- Loja Jinarajadasa: reuniões (47) 3046-0069 e 8401-4412. dade, CEP: 88036-120. Tel: (48) Reuniões: quinzenalmente, do- Loja Alvorada: Reuniões 6ª 19h30. 9960-0637 (Adolfo). Reuniões 3ª, 14h. Site: www.lojajinara- mingo às 17h30. E-mail: Loja Brasília: Reuniões 4ª, 19h. para membros: 1ª, 2ª e 3ª terça jadasa.com. [email protected] E-mail: lojabrasilia@sociedade do mês, 19h30. Palestras gratui- Bragança Paulista-SP teosofica.org.br tas: última terça do mês, 19h30. Loja Nirvana: reuniões 6ª, 17h. Loja Fênix: Reuniões 3ª, 19h. E-mail: get.florianopolis@socie- Loja Perseverança: reuniões 5ª, Loja Alaya: Alameda Polônia,9, E-mail: lojafenix@sociedade dadeteosofica.org.br 14h. E-mail: stlojaperseveranca@ Jardim Europa, CEP 12916-160. teosofica.org.br Fortaleza-CE gmail.com Tel: 4032-5859. Reuniões: 6ª, Coordenadoria das lojas de Loja Rio de Janeiro: reuniões 20h. E-mail: Brasília – programação pública Loja Unidade: R. Rocha Lima, sáb. 16h30h. [email protected] conjunta: sáb., 14h30 a 21h30. 331, Centro, CEP 65000-010. Salvador-BA Campina Grande-PB Belém-PA Reuniões: dom. 9h, 5ª 19h20. Loja Kut-Humi: R. das Rosas, 646, Loja Annie Besant: R. Tiraden- Tel: (85) 3214-2392. Reuniões: Pq. N. S. da Luz, Pituba. CEP: 41810- GET Sírius: R. Clementino Si- tes, 470, Reduto. CEP 66053- 5ª, 19h20. Site: lojateosoficauni- 070. Tel: (71) 3353-2191 / 9919-1065. queira, 34, Jardim Tavares (lateral 330. Tel: (91) 3242-6978. dade.com.br. E-mail: fgerson51 E-mail: teobahia@sociedadeteo- do restaurante Tábua de Carne). Reuniões: 5ª, 19h. @gmail.com sofica.org.br. Site: www.sociedade- CEP: 58.402-070. Tel: (83) 3055- Belo Horizonte-MG Goiânia-GO teosofica.org.br/teobahia. Reuni- 1770. Reuniões: dom., 16h30. Loja Bhagavad Gotama: Av. ões: sáb., 16h. E-mail: get.sirius@sociedadeteo- Afonso Pena, 748, 26º andar. GET Sophia: R. T-46, nº 110, Q. São Paulo-SP sofica.org.br ou bruno.san@ CEP: 30130-300. Tel: (31) 8854- 12, Lt. 23, Setor Oeste, CEP Loja Amizade: R. Mituto Mizu- globo.com 3925. E-mail: bhagavad@socie- 74010-160. Reuniões: sáb. 17h. moto 301, Liberdade, CEP: Campinas-SP dadeteosofica.org.br. Reuniões: E-mail: [email protected] 01513-040. Tel: (11) 3271-3106. sáb, 17h. João Pessoa-PB Reuniões: 3ª, 20h. GET Lótus Branco: Cenapec, Campo Grande-MT Loja Liberdade: R. Anita Gari- Bibl. Adir Gigliotti, R. Mogi das Loja Campo Grande: R. Per- Loja Esperança: R. Arquiteto baldi, 29, 10º andar, CEP: 01018- Cruzes, 255, Ch. da Barra, CEP nambuco, 824, São Francisco, Hermenegildo Di Lascio, 468, 020. 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CEP: org.br 3421-2600/(32) 9111-8181 e (32) Curitiba-PR 90039-900. Tel: (51) 3225-1801. Loja São Paulo: R. Ezequiel 9984-1164. Reuniões: 3ª, 20h, Loja Libertação: R. Deputado Site: www.lojadharma.org.br. Freire, 296, Santana (imediações sáb., 19h. E-mail: Carlos René Egg, 205, Jardim Ipê, Reuniões: 4ª, 20h (membros); metrô Santana), CEP: 02034- lojaunicidade@socie- Santa Felicidade, CEP 82410-450. sáb., 15h às 18h30 (público). 000. Tel: (11) 3865-4922 / 99406- dadeteosofica.org.br Tel: (41) 3088-8140 / 9968-7625 / 0183. Reuniões: dom., 17h30. Criciúma-SC 9646-5853. Reuniões: 6ª, 20h; Loja Jehoshua: Pç. Osvaldo Site: groups.yahoo.com/group/ sáb., 10h30 e 18h. E-mail: Cruz, 15, Ed. Coliseu, s. 2108, ltsp-sampa. E-mail: ltspsampao- GET Mabel Collins: Cx P. 263, [email protected] Centro, CEP: 90030-160. Tel.: wner @yahoogroupps.com CEP 88801-970. Tel: (48) 3433- Loja Paraná: R. Dr. Zamenhof, (51) 8417-2533. Reuniões: 3ª, Vitória-ES 0380 / 9904-2080. Reuniões: 1º 97, Alto da Glória, CEP: 80030- 20h. E-mail: inaiazluhan Loja Sabedoria Universal - Tel: sábado do mês, 15h. 320. Tel: (41) 3254-3062. @gmail.com 3340-028 (Sr. Alcione). Reuniões: Guarulhos-SP Reuniões: 3ª, 20h. Recife-PE 1ª terça do mês, 20h. E-mail: GET Dario Vellozo: R. 13 de [email protected] GET Mahatma Gandhi: R. Fran- Maio, 538, Centro, CEP 80510- Loja Estrela do Norte: R. Diogo GET Blavatsky: Pç. Getúlio cisco de Assis, 87, s. 1, Centro, CEP 030. Reuniões: 2ª e 4º domin- Álvares, 155, Torre, CEP: 54420- Vargas, 35, Ed. Jusmar, s. 614, 07095-020. Reuniões: 4ª, 19h. gos, 15h30 às 17h30. Tel: (41) 000. Tel: (81) 3459-1452. Reuniões: Centro, CEP 29010-925. Tel (27) Joinville-SC 3352-7175, 9979-7970, 9675- dom., 16h. E-mail: lojaestreladonor- 3227-8249. Reuniões: 3ª, 19h30. 8126. E-mail: jorgebernardi [email protected] E-mail: [email protected]. Loja Shanti-OM: R. Waldemaro [email protected] ou Rio de Janeiro-RJ Maia, 130, CEP 89202-260. Tel: [email protected] OUTRAS CIDADES (47) 3433-3706. Reuniões: 4º GET Água Verde: R. Alcebía- Loja Augusto Bracet - Tel: (21) domingo do mês, 19h. des, 198, Água Verde, CEP 2569-9978. E-mail: fcarreira07@ Águas de São Pedro-SP Juiz de Fora-MG 80620-270. Tel: (41) 3243-9119. yahoo.com.br. Reuniões: 6ª, GET Águas de São Pedro: R. Reuniões: 2ª e 4ª, 19h30. E-mail: 14h30. Loja Estrela D’Alva: Av. Barão Pedro Boscariol Sobrinho, nº 95, do Rio Branco, 2721, s. 1006, 44 Lojas Conde de Saint Germain, SP. CEP: 13525-000. Telefone: (19) Centro. CEP: 36025-000. Tel: Jinarajadasa, Nirvana, Perseve- 3482-1009. Reuniões: 5ª, 20h. (32) 3061-4293. Reuniões: 2ª, 4ª, rança e Rio de Janeiro: Av. 13 de sáb., 18h15. Maio, nº 13, s. 1.520, Centro, Jundiaí-SP CEP 20053-901. Tel: (21) 2220- 1003. GET Jundiaí: R. Santa Lúcia, 25, Chácara Urbana, CEP Loja Conde de S.Germain: 13201-834. Fone: (11) 4586- SOPHIA • MAI-JUN/2013

5022 e 9700-2012. Reuniões: FRED FOKKELMAN 5ª, 20h. E-mail: [email protected]. O que é a Site: www.rosemeiredealmei- da.com Sociedade Teosófica Mogi das Cruzes-SP A Sociedade Teosófica foi fundada em Nova Ior- Não há religião Loja Raimundo Pinto Seidl: que em 1875 por um grupo que inclui a russa Hele- superior à Rua Bráz Cubas, 251, sala 14, na Blavatsky e o norte-americano Henry Olcott, seu 1º andar, Centro. CEP: 08715- primeiro presidente. A sede internacional foi trans- verdade 060. Tel: (11) 4799-0139. Reuni- ferida para Chennai, na Índia, onde se encontra hoje. ões sáb.15h30. A Sociedade tem sedes em mais de 60 países e divi- Esse é o lema da Niterói-RJ de-se em Seções Nacionais formadas por Lojas e Sociedade Teosófica. Grupos de Estudos. Mas a Sociedade não Loja Himalaya: R. da Concei- se impõe como porta- ção 99, s. 207, Centro. CEP A Sociedade Teosófica estrutura-se sobre o prin- dora da verdade; o 24020-090. Tel: (21) 2710-3890, cípio da fraternidade universal e a livre investiga- laço que une os teoso- 2611-6949. Reuniões: 2ª, 18h. ção da verdade. Seus objetivos são formar um nú- fistas não é uma Piracicaba-SP cleo da fraternidade universal da humanidade; en- crença comum, mas corajar o estudo de religião comparada, filosofia e a investigação da ver- Loja Piracicaba: R. Sta Cruz, ciência; investigar as leis da natureza e os poderes dade em relação às 467, Alto. CEP: 13416-763. Tel: latentes no homem. diversas religiões, à (19) 3432-6540. Reuniões: 3ª e filosofia ou à ciência. 5ª, 20h. E-mail: lojapiracicaba@ Membros de diversas religiões se filiaram à So- sociedadeteosofica.org.br. ciedade, mantendo suas tradições. Considerando 45 Praia Grande-SP que ela não é uma religião nem uma seita, somente o respeito à liberdade de pensamento torna possí- Get Thoth: Rua Maurício José vel a convivência harmônica que favorece a investi- Cardoso, nº 1086, Forte, CEP gação e o aprendizado. 11700-140. Tel: (13) 3474-5180. Reuniões: 2ª, 20h. E-mail: A origem da palavra theosophia é grega (“sabedo- get.thoth@sociedade teoso- ria divina”). Quem primeiro utilizou esse termo foi fica.org.br Amônio Saccas, em Alexandria, no século III d.C, Ribeirão Preto-SP que, juntamente com seu discípulo Plotino, fundou a Escola Teosófica Eclética. Esses filósofos neoplatô- GET Ahimsa: R. João Pentea- nicos não buscavam a sabedoria apenas nos livros, do, 38, Jardim Sumaré, CEP mas através de correspondências da alma com o mun- 14020-180. Fones: (16) 3024- do e a natureza. A Sociedade Teosófica moderna, 1755 e 9144-1780. Reuniões: sucessora dessa antiga escola, almeja a busca da sa- Sáb., 16h. E-mail: getahimsa bedoria não pela crença, mas pela investigação da @sociedadeteosofica.org.br verdade que se manifesta na natureza e no homem. GET Acordar: R. Américo Brasiliense, 1.639-A, Vila Seixas, CEP 14014-000. Fones: (19) 3024-1755 e 9144-1780. Reuni- ões: Sáb., 16h. E-mail: luisyogadearaujo@gmail. com São Caetano do Sul-SP GET do Grande ABC: R. Mare- chal Deodoro, 904, Sta. Paula. CEP 09541-300. Tel: (11) 4229- 7846. Reunião 3ª, 20h. E-mail: [email protected] São José dos Campos-SP Loja Vida Una: R. General Osó- rio, 48, Vila Ema. Reunião: 3ª, 19h30. E-mail: lojavidauna@ gmail.com Uberlândia-MG GET Uniconsciência: ESP. SAMSARA, Av. Cesário Alvim, 619, Centro. CEP 38400-000. Tel: (34) 3236-8661. Reuniões: sáb., 16h. SOPHIA • MAI-JUN/2013

Conheça as publicações da Editora Teosófica Bhagavad Gitã – Dentro da Luz Histórias Zen Cartas dos Mestres A Canção Cherie Sutherland Paul Reps (comp.) de Sabedoria do Senhor Este livro apresenta re- O Zen-Budismo é um Transcritas e compiladas latos de experiências próxi- ensinamento especial, sem Tradução: Annie Besant mas à morte (EPM), quan- palavras, além de qualquer por C. Jinarajadasa do uma pessoa está à beira escritura, que aponta para A essência espiritual da da morte (ou, em muitos a essência do ser humano, Este volume reúne duas luta entre o bem e o mal casos, clinicamente morta) buscando a iluminação da séries de cartas escritas en- está magistralmente simbo- e é, então, ressuscitada, ou sua natureza espiritual. tre 1870 e 1900 por Mestres lizada nesta obra, que nar- sobrevive de alguma forma de Sabedoria para seus dis- ra o diálogo entre o Mestre para contar sua intensa e Este livro reúne históri- cípulos. São documentos (Shri Krishna) e seu discí- significativa experiência. as ligadas à sabedoria do de valor incalculável. Pela pulo (Arjuna) na batalha de Zen-Budismo. Admirada primeira vez em português, Kurukshetra. São relatos de pessoas em todo o mundo, a obra temos reunidas em um só que se aproximaram de coloca o leitor em contato volume as duas séries de Este livro é uma verda- uma fronteira desconheci- com a plenitude da consci- cartas. “Muitos peregrinos deira joia de inspiração para da e dela retornaram pro- ência humana que não pode da Senda encontrarão auxí- aqueles que aspiram por fundamente transformadas, ser descrita por palavras, lio e inspiração neste livro”, mais luz, sabedoria e amor. tendo deixado para trás o porque está além do mun- escreveu Annie Besant no Nela, sábios como Gandhi medo da morte e descober- do tridimensional. Livre de prefácio à primeira edição. meditavam diariamente, to o serviço altruísta como especulações intelectuais, De fato, cada frase está ple- em sua busca pela verdade um dos valores essenciais este livro transforma a ex- na de ensinamentos para e pela paz. da vida. O livro é, portan- periência direta da percep- quem tem olhos para ler. to, um testemunho da força ção do êxtase, estimulando Este livro é um instrumen- A primorosa tradução do espírito presente na no leitor a intuição imedi- to poderoso nas mãos de de Annie Besant é um ines- consciência humana. ata da realidade universal. quem busca o caminho da timável presente que acom- sabedoria divina. panhará o leitor em todos os momentos de sua vida. www.editorateosofica.com.br 46 SOPHIA • MAI-JUN/2013

Compre pelo cartão Visa [ LANÇAMENTO ] ou depósito bancário. Peça por fax, correio ou Caminhos e-mail: editorateosofica@ e atalhos editorateosofica.com.br Ligue grátis: Os Mestres e Suas Mensagens Porém, um novo tipo de literatura 0800-610020 Raul Branco vem aparecendo nas últimas décadas, Editora Teosófica – 296 p. oferecendo um caminho mais suave e Os Ideais da Teosofia aparentemente ao alcance de todos, Annie Besant (tradução Todo buscador da verdade já ouviu prometendo resultados surpreenden- de Fernando Pessoa) falar dos grandes instrutores da huma- tes, como alcançar a iluminação numa nidade, geralmente chamados no Ori- única vida. Essa atraente literatura é Neste livro a Teosofia é ente de mahatmas e no Ocidente de conhecida como as “Mensagens dos aplicada na solução prática mestres de sabedoria. Mestres Ascensos”. de problemas da vida, como a fraternidade aplicada ao A vida desses irmãos mais velhos da Um número crescente de médiuns governo e à educação. Traz humanidade está inteiramente volta- e sensitivos alegam serem canais para temas como tolerância, co- da para promover a evo- nhecimento e a eterna bus- lução de todos os seres. as mensagens desses ca da perfeição humana. Noite e dia, por séculos mestres. As mensagens e milênios sem conta, geralmente expressam A autora, Annie Besant, eles estão fazendo tudo o amor dos mestres as- teve uma vivência genuína o que é possível, dentro censos pela humanida- dos ideiais que comenta. da Grande Lei, para ace- de, alertam que uma Foi Presidente Internacio- lerar o processo evolu- nova era está sendo nal da Sociedade Teosófica tivo, ajudando no des- adentrada, com grandes e Presidente do Partido do pertar e na expansão de perigos para a raça hu- Congresso na Índia. Fun- consciência das almas mana, e acenam que dou várias escolas e univer- que estão maduras. novas regras para o ca- sidades, foi sucessora de minho foram estabele- Blavatsky e tutora de Krish- Alguns desses mes- cidas e novas práticas namurti. A tradução de Fer- tres aceitam candidatos simplificadas instituí- nando Pessoa enriquece o ao discipulado, ou seja, aspirantes que das, que permitem ao postulante “as- texto com o toque de beleza se julgam preparados para submeter- cender” nessa mesma vida. conhecido por todos. se ao rígido e exigente processo de pre- Essas promessas certamente são paração para trilhar a senda acelerada atraentes e despertam o interesse de SGAS Q. 603, conj. E, s/nº que, no seu devido tempo, transforma inúmeros postulantes. Mas será que Brasília-DF – CEP 70.200-630 o discípulo num mestre. elas são confiáveis? Fone: (61) 3322-7843 O livro Os Mestres e Suas Mensa- Fax: (61) 3226-3703 Ciente de que deve assumir a total gens examina detalhadamente as fun- responsabilidade por sua vida espiritu- damentações das práticas recomenda- SOPHIA • MAI-JUN/2013 al, o postulante aos mistérios da luz das pelos principais movimentos dos procura por todos os meios ajudar a si mestres ascensos, comparando-os com mesmo nesse processo. O que pode fa- as práticas milenares da Tradição-Sa- zer para progredir mais rapidamente, bedoria. se possível queimando etapas? Afinal, é lícito buscar atalhos que nos facilitem alcançar mais rapidamen- Por um lado, a milenar Tradição- te nossa meta. Porém, devemos estar Sabedoria aponta um caminho longo atentos para não nos extraviarmos por e árduo de purificação como necessá- trilhas inglórias, que em nada nos apro- rio para a autotransformação. É dito ximarão de nossa meta: a consciência que esse é o método para ser aceito da realidade última. nos Templos dos Mistérios como can- didato às iniciações. 47

Para comprar os livros da Editora Teosófica, peça pelo número! L0i8g0u0e-6g1rá0t0is2:0 1. Além do Despertar - Textos do 19. A Ciência da Meditação - Leadbeater: 34,00 58. Milagre do Nascimento - Geoffrey Mestre Hakuin sobre Rohit Mehta: 35,00 39. Helena Blavatsky - Sylvia Hodson: 16,00 Meditação Zen: 23,00 20. Ciência do Yoga - I. K. Cranston: 65,00 59. Momentos de Sabedoria - H. P. 2. Alvorecer da Vida Espiritual, O Taimni: 45,00 40. Hino de Jesus, O - G. R. S. Blavastky: 14,00 (de bolso) - Murillo Nunes de Azevedo: 25,00 21. Conheça-te a Ti Mesmo - Mead: 13,00 60. Mundo Oculto, O - A. P. Sinnett: Valdir Peixoto: 15,00 41. Histórias Zen - Paul Reps 30,00 3. Apolônio de Tiana - G. R. S. Mead: 23,00 22. Conquista da Felicidade, A - (comp.): 27,00 61. Natal dos Anjos, O - Dora van Kodo Matsunami: 23,00 42. Homem: sua Origem e Gelder Kunz - 12,00 4. Aprendendo a Viver a Teosofia - Radha Burnier: 31,00 23. Consciência e Cosmos - Evolução, O - N. Sri Ram: 62. Ocultismo Prático - Helena Menas Kafatos & Thalia 17,00 Blavatsky: 12,00 5. Aspectos Espirituais das Artes Kafatou: 34,00 43. Ideais da Teosofia, Os - de Curar - Dora van Gelder Annie Besant: 23,00 63. Ocultismo, Semi-ocultismo e Kunz: 41,00 24. Contos Mágicos da Índia - 44. Idílio do Lótus Branco, O - Pseudo-ocultismo - Annie Marie Louise Burke: 21,00 Mabel Collins: 20,00 Besant: 13,00 6. Autocultura à Luz do 45. Inteligência Emocional - As Ocultismo - I. K. Taimni: 25. Criança Encantada, A [livro Três Faces da Mente - Elaine 64. Pensamentos para Aspirantes 39,00 de bolso] - C. Jinarajadasa: de Beauport & Aura Sofia ao Caminho Espiritual - N. Sri 12,00 Diaz: 49,00 Ram: 20,00 7. Autoconhecimento - Marcos 46. Introdução à Teosofia - C.W. Resende: 18,00 26. Dentro da Luz - Cherie Leadbeater: 15,00 65. Pérolas de Sabedoria - Sri Ra- Sutherland: 31,00 47. Investigando a Reencarnação mana Maharshi: 25,00 8. Autorrealização pelo Amor - I. - John Algeo: 24,00 K. Taimni: 21,00 27. Desejo e Plenitude - Hugh 48. Leis do Caminho Espiritual, 66. Pés do Mestre, Aos - J. Shearman: 15,00 As - Annie Besant: 20,00 Krishnamurti: 12,00 9. Bhagavad-Gita - Trad. Annie 49. Libertação do Sofrimento, A - Besant: 12,00 28. Despertar da Visão da Alberto Brum: 21,00 67. Pistis Sophia - Trad. Raul Sabedoria, O - Tenzin 50. Luz da Ásia, A - Edwin Ar- Branco: 49,00 10. Caminho do Gyatso, 14º Dalai Lama: nold: 23,00 Autoconhecimento, O - 22,00 51. Luz e Sombra - Emma 68. Poder da Sabedoria, O - Carlos Radha Burnier: 12,00 Costet de Mascheville: 17,00 Cardoso Aveline: 25,00 29. Despertar de Uma Nova 52. Luz no Caminho - Mabel 11. Cartas dos Mahatmas para Consciência, O - Joy Mills: Collins: 12,00 69. Poder da Vontade, O - Swami A. P. Sinnett, Vol. 1 - 17,00 53. Meditação - Sua Prática e Budhananda: 13,00 Mahatmas K. H. e M.: 47,00 Resultados - Clara M. Codd: 30. Doutrina do Coração, A - 17,00 70. Poder Transformador do 12. Cartas dos Mahatmas para Annie Besant: 19,00 54. Meditação - Um Estudo Cristianismo Primitivo, O - Raul A. P. Sinnett, Vol. 2 - Prático - Adelaide Gardner: Branco: 21,00 Mahatmas K. H. e M.: 49,00 31. Em Busca da Sabedoria - N. 22,00 Sri Ram: 26,00 55. Meditações: Excertos das 71. Potência do Nada, A - Marcelo 13. Cartas dos Mestres de Cartas dos Mestres de Malheiros: 23,00 Sabedoria - C. Jinarajadasa: 32. Escolas de Mistérios, As - Sabedoria - Katherine A. 38,00 Clara Codd: 35,00 Beechey (comp.) [livro de 72. Preparação para Yoga - I. bolso] - 12,00 K.Taimni: 22,00 14. Causas da Miséria e Sua 33. Estudos Seletos em A 56. Meditação Taoísta - Thomas Superação, As - Ulisses Doutrina Secreta - Salomon Cleary (comp.): 21,00 73. O Processo de Riedel: 25,00 Lancri: 21,00 57. Mestres e suas Mensagens, Autotransformação - Vicent Hao Chin Jr.: 35,00 15. Chamado dos Upanixades, 34. Fim da Divindade Mecânica, Os - Raul Branco: 22,00 O - Rohit Mehta: R$ 39,00 O - John David Ebert 74. Princípios de Trabalho da (comp.): 33,00 Sociedade Teosófica - I. 16. Chave para a Teosofia, A - K.Taimni: 14,00 H. P. Blavatsky: 36,00 35. Fotos de Fadas - Edward L. Gardner: 17,00 75. Procura o Caminho Rohit 17. Chegando Aonde Você Está Mehta: 25,00 - A Vida de Meditação - 36. Fundamentos da Filosofia Steven Harrison: 31,00 Esotérica - H. P. Blavatsky: 76. Raja Yoga - Wallace Slater: 15,00 20,00 18. A Ciência da Astrologia e as Escolas de Mistérios - 37. Gayatri - O Mantra Sagrado 77. Regeneração Humana - Radha Ricardo Lindemann: 51,00 da Índia - I. K. Taimni: 26,00 Burnier: 21,00 38. Gnose Cristã, A - C. W. 78. Rumo a uma Mente Sábia e uma Sociedade Nobre - Radha RECORTE OU TIRE CÓPIA DESTE CUPOM E ENVIE P/ EDITORA TEOSÓFICA - SGAS Q. 603, CJ. E, S/Nº - BRASÍLIA-DF - CEP 70.200-630 [SOPHIA 43] Desejo adquirir as publicações nº por meio deste cupom ou do site www.editorateosofica.com.br, na seguinte forma de pagamento: Cartão VISA nº Validade: Titular: Cheque nominal à Editora Teosófica FRETE – ATÉ 3 LIVROS = R$ 15,00 Depósito bancário: Banco do Brasil, Ag. 3476-2, Conta 40355-5 ACIMA DE 3 LIVROS = R$ 18,00 Desejo assinar SOPHIA por um ano (6 números) por R$ 66,00 Por dois anos (12 números) por R$ 128,00 Por três anos (18 números) por R$ 183,00 Nome: Data de nasc.: CPF: Estado: Endereço: CEP: Cidade: Fone (com.): E-mail: Fone (res.):

Burnier e outros: 18,00 79. Sabedoria Antiga, A: 37,00 80. Sabedoria Antiga e Visão Moderna - Shirley Nicholson: 33,00 81. Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada, A - Geoffrey Hodson: 67,00 82. Saúde e Espiritualidade - Geoffrey Hodson: 14,00 83. Segredo da Autorrealização, O - I. K. Taimni: 20,00 84. Senda Graduada para a Libertação, A - Geshe Rabten: 15,00 85. Senda para a Perfeição, A - Geoffrey Hodson: 15,00 86. Sete Grandes Religiões, As - Annie Besant: 35,00 87. Sete Temperamentos, Os - Geoffrey Hodson: R$ 20,00 88. Shiva-Sutras - I.K. Taimni: 35,00 89. Suprema Realização através da Yoga, A - Geoffrey Hodson: 29,00 90. Sussurros da Outra Margem - Ravi Ravindra: 23,00 91. Teatro da Mente, O - Henryk Skolimowski: 24,00 92. Teia de Maya, A - Atapoã Feliz: 17,00 93. Teosofia como os Mestres a Vêem - Clara Codd: 33,00 94. Teosofia Prática - C. Jinarajadasa: 19,00 95. Teosofia Simplificada - Irving Cooper: 21,00 96. Tradição-Sabedoria, A - Pedro Oliveira e Ricardo Lindemann: 21,00 97. Três Caminhos para a Paz Interior - Carlos Cardoso Aveline: 25,00 98. Tudo Começa com a Prece - Madre Teresa de Calcutá: 23,00 99. Vegetarianismo e Ocultismo - C. W. Leadbeater - Annie Besant: 18,00 100. Vida de Cristo, A - Geoffrey Hodson: 43,00 101. Vida e Morte de Krishnamurti - Mary Lutyens: 37,00 102. Vida Espiritual, A - Annie Besant: 27,00 103. Vida Interna, A - C. W. Leadbeater: 39,00 104. Visão Espiritual da Relação Homem & Mulher, A - Scott Miners (comp.): 33,00 105. Viveka-Chudamani - A Joia Suprema da Sabedoria - Shankara: 28,00 106.. Vivência da Espiritualidade, A - Shirley Nicholson: 13,00 107. Você Colhe o que Planta - Antonio Geraldo Buck: 15,00 108. Wen-tzu - A Compreensão dos Mistérios - Ensinamentos de Lao-tzu: 29,00 109. Yoga - A Arte da Integração - Rohit Mehta: 43,00 110. Yoga do Cristo no Evangelho de São João, A - Ravi Ravindra: 33,00

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Revista Sophia nº 43

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