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Revista Sophia nº 41

Published by Editora Teosofica, 2021-03-30 18:11:14

Description: A Revista Sophia é uma publicação independente da Editora Teosófica, apresentando artigos que vertem sobre temas como filosofia, ciência e religião. Nesta edição:
• Ao leitor: Dez anos de Sophia;
• Sete dicas para a felicidade – Marcos Resende;
• A arte de cuidar – Roberto Crema;
• A ciência e a Doutrina Secreta – Sylvia Cranston;
• O significado do Sol na alquimia – Eric McGough;
• Adeus às armas nucleares – Mikhail Gorbachev;
• Estar no mundo e viver em paz – Radha Burnier;
• O paraíso e o Xingu – Regina Celi Medina;
• De volta às raízes – Richard Smoley;
• Por que o mundo não acabou – Ricardo Lindemann;
• Dicas de Livros;
• O que é a Sociedade Teosófica.

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www.revistasophia.com.br ANO 11 • Nº 41 R$ 12,00

Ecopsicologia: Marco Aurélio Bilibio Escutando a Alma é professor, psicólo- go, mestre em Psico- da Natureza logia Clínica e Cultu- ra (IP/UnB), douto- Palestras e vivências com Marco Aurélio Bilibio rando em Desenvol- De 8 a 13 de fevereiro vimento Sustentável (CDS/UnB) e mem- bro da Sociedade Teosófica no Brasil. A Reserva Ecológica Paraíso na Terra fica em um local exube- rante, com mais de trinta cachoeiras, num ambiente de paz, fa- vorável à desintoxica- ção, meditação, estu- do e elevação espiritu- al. A alimentação é ovolactovegetariana. Venha se nutrir de TERRA, ÁGUA, AR PURO e SOL, em con- tato com parceiros da mesma tribo, aprofun- dando a sua integra- ção com a natureza!

Sophia 41 Sete dicas FERNANDO WEBERICH para a felicidade Ao leitor BLEND IMAGES / SHUTTERSTOCK Marcos Resende ARQUIVO ST Dez anos de Sophia ANDREW PETRIE 5 SANDRA ZUERLEIN / SHUTTERSTOCK 4 ALETIA / SHUTTERSTOCK A ciência e a SHUTTERSTOCK Doutrina Secreta A arte de cuidar TATIANA POPOVA / SHUTTERSTOCK Sylvia Cranston ARTY FREE / SHUTTERSTOCK Roberto Crema FRED FOKKELMAN 17 ARQUIVO ST 8 Adeus às O significado do armas nucleares Sol na alquimia Mikhail Gorbachev Eric McGough 24 20 O paraíso e o Xingu Estar no mundo Regina Celi e viver em paz Medina Radha Burnier 32 26 Por que o mundo De volta não acabou às raízes Richard Smoley Ricardo Lindemann 36 44 O que é a Dicas de livros Sociedade Teosófica 48 47

[ AO LEITOR ] Dez anos de Sophia SOPHIA completou dez anos de pedidos devem ser feitos através da que eram totalmente infundadas as existência! Até o final de 2012 edi- livraria da Sociedade Teosófica em previsões catastrofistas de que o tamos 40 números (quatro por Brasília, e mais informações podem mundo acabaria em 21 de dezem- ano), e o 11º ano começa com mui- ser obtidas pelo e-mail livraria@ bro de 2012. tas novidades. É com muito júbilo editorateosofica.com.br. que comunicamos que, a partir do Devemos entender que a crise presente número, a periodicidade Nessa época de grandes mudan- que assola o nosso planeta é também da revista passa a ser bimestral. Os ças, o artigo Adeus às Armas Nucle- uma oportunidade para indagar so- assinantes receberão agora seis nú- ares, de Gorbachev, adquire uma re- bre nossos hábitos e nosso estilo de meros por ano. Para os leitores que levância especial. De forma clara e vida, e de buscar novas formas de habitualmente adquirem a revista firme, ele conclama os dirigentes viver, consumir e nos relacionar. Os em bancas de jornal, isso é uma mundiais a destruir todos os seus novos tempos exigem uma postura vantagem. Anteriormente, cada arsenais nucleares. É verdadeira- cooperativa, sustentável e que pos- número de SOPHIA ficava nas ban- mente um descalabro gastar tri- sibilite justiça social e uso racional cas durante sessenta dias e depois lhões de dólares em armamentos, dos recursos do planeta. O mundo era recolhido. Por isso, durante 30 em especial os de natureza nucle- não acabou, mas o modelo de civili- dias por trimestre, os leitores não ar, quando um percentual cada vez zação que temos está agonizando. É conseguiam encontrar nossa revis- maior da população mundial sofre hora de cuidar, de atuar como tera- ta nas bancas. Com a mudança de com a fome e a desnutrição. Con- peutas, de construir as bases de uma periodicidade esse hiato desapare- ferir às forças armadas de alguns nova civilização. ce, e a SOPHIA poderá ser encon- países a capacidade de disparar mís- trada com facilidade. seis nucleares capazes de destruir O artigo A arte de cuidar, de Ro- a vida em nosso planeta com um berto Crema, deve ser lido com Aproveitamos essa época de mu- simples apertar de um botão é algo atenção. Ele comenta que o tera- danças para lançar a nova programa- inaceitável. peuta é aquele que cuida. Afirma ção visual da revista. Temos agora que jamais devemos rotular ou re- uma diagramação e uma tipologia Estamos em 2013 e o mundo não duzir o outro ao seu menor, a um mais moderna e comunicativa. Ou- acabou, mas precisamos cuidar para sintoma, a um sofrimento. Crema tra novidade é o lançamento do vale- que a ganância e a ignorância hu- fala da ética da benção, de adotar a assinatura. Os leitores podem agora mana não acentuem ainda mais a conduta de olhar para a luz das ou- presentear seus amigos e familiares crise na qual nossa civilização se en- tras pessoas; de estar atento não só com uma assinatura de SOPHIA. Os contra. Ricardo Lindemann, em à luz do outro, mas também à som- seu artigo, comenta as razões por bra em si mesmo. Conforme ele afir- ma, quando mudamos nosso olhar, CAPA: FOTO DE SANDRA ZUERLEIN / SHUTTERSTOCK Ano 11, nº 41 – Jan/Fev 2013 – Publicação da Ed. Teosófica transformamos o mundo. SGAS Q. 603, s/nº – Brasília-DF Edição: É chegado o momento de todas CEP 70.200-630 Usha Velasco as pessoas conscientes se mobiliza- Fone: (61) 3322-7843 Revisão: rem para iniciar o projeto de um Fax: (61) 3226-3703 Zeneida Cereja da Silva novo mundo. Para tal faz-se neces- E-mail: editorateosofica@ Tr a d u ç ã o : sário que, como dizia Gandhi, nos- editorateosofica.com.br Edvaldo Batista de Souza sas vidas reflitam o mundo que de- Site: www.editorateosofica.com.br Projeto gráfico e arte: sejamos criar para nossos filhos e Usha Velasco netos. Um mundo melhor é possí- Editor-chefe: Impressão: vel. Mãos à obra. Eduardo Weaver Gráfika Papel e Cores Coordenadora editorial: Distribuição nacional: Eduardo Weaver Zeneida Cereja da Silva Fernando Chinaglia Diretor-Presidente da Conselho Editorial: Tiragem: Marcos Luis Borges de Resende, 8.500 exemplares Editora Teosófica Eduardo Weaver, Pedro Oliveira e Zeneida Cereja da Silva * As imagens utilizadas são de SOPHIA • JAN-FEV/2013 responsabilidade do editor-chefe 4

ALETIA / SHUTTERSTOCK SOPHIA • JAN-FEV/2013 [ BEM-ESTAR ] Sete dicas para a fe‘ licidade Se queremos ser felizes, devemos ser nós mesmos. Enquanto estivermos lutando para ser algo que não manifestamos naturalmente, estaremos em conflito e, ‘portanto, infelizes Marcos Resende* A busca da felicidade é uma questão vital para todo ser huma- no. Todas as pessoas, consciente ou inconscientemente, aspiram a ser felizes, sem ter uma ideia clara do que seja a felicidade ou de como atingi-la. Somos condicionados, desde a infância, a pensar nela como uma condição futura, como algo que almejamos conseguir em um momento que virá. Este é um ponto a considerar. Será a felicida- de uma condição futura? 5

Desde a infância, o garoto ima- A vida é sábia gina que quando ganhar uma bici- cleta será feliz; quando conquistar A segunda dica para a felicidade FERNANDO WEBERICHte algum dia virá. A consciência da aquela garota, a felicidade virá; consiste em aceitar de bom coração realidade inexorável da morte pode quando passar no vestibular, etc quando a vida diz sim e quando ela mudar completamente o sentido da etc. A cada objetivo atingido, há diz não. Se humildemente aceitamos vida. Todo o apego, todo desejo de um momento de felicidade que o não, o que significa que determi- perenização, tudo deve ser conside- logo se esvai, e outro objetivo pas- nado desejo não será realizado, aca- rado e compreendido tendo em con- sa a ser perseguido. A felicidade, bamos descobrindo que a vida é mui- ta que vida e morte são duas faces nesse caso, está sempre lá na fren- to mais sábia do que nós, e lá na fren- de uma realidade profundamente te, evanescente. te encontramos uma realidade me- bela e sagrada. Resistir ao movimen- lhor do que a idealizada. Ela, a vida, to da vida, que inclui a morte, é mer- Será que existe felicidade não sabe exatamente do que precisamos gulhar no sofrimento. condicionada à realização de ob- e nos reserva situações muito mais jetivos externos, que não seja o plenas e felizes quando aceitamos Em quinto lugar, se queremos oposto da frustração que decorre humildemente os seus desígnios. ser felizes, precisamos perceber o quando as mesmas metas não são Quando insistimos em um desejo, nosso egoísmo, sem fazer disso um atingidas? contra tudo e contra todos, e o atin- problema. O ser humano, na fase gimos, na maioria das vezes acabamos em que se encontra, é profunda- Isso não significa que não deva- descobrindo que não valia a pena. mente egoísta, e nós não somos di- mos ter objetivos a alcançar. Ape- ferentes. É melhor nas precisamos ver que a felicida- O terceiro segredo para a felici- sermos honestos e de, se existir, deve ser algo maior e dade diz respeito à autoimagem. ver as coisas como duradouro, que não dependa neces- Por que precisamos tê-la? Não será elas são do que acre- sariamente de condições externas. ela uma ilusão? Quase todas as for- ditar numa imagem Há pessoas muito ricas que são pro- mas de sofrimento estão associadas glorificada de nós fundamente infelizes. Há outras, de à autoimagem. “Como fui injusti- mesmos que não cor- poucas posses, que vivem de bem çado; estou ofendido; quanta ingra- responde à realidade. com a vida, com alegria e plenitu- tidão.” Essas frases surgem na men- Se decidirmos lutar de. Portanto, fica claro que a felici- te e nos jogam para baixo como de- contra o egoísmo em dade não é necessariamente decor- corrência da autoimagem que es- nós, daremos mar- rente das condições materiais, mas tamos sempre a nutrir. gem ao conflito, o da mente e do coração. que não traz felici- Ninguém pode nos ofender, a não Se queremos ser felizes, deve- ser que permitamos, ficando presos a “Desde a infân- mos, em primeiro lugar, ser nós um jogo de imagens mentais. Se per- cia, o garoto mesmos. A espontaneidade é es- cebemos o caráter ilusório dessas imagina que sencial. Enquanto estivermos lu- imagens, quantas ofensas, precon- tando para ser algo que não mani- ceitos e barreiras se desvanecem e se quando ganhar festamos naturalmente, estaremos desfazem. Nós não somos a imagem uma bicicleta em conflito e, portanto, infelizes. de nós mesmos que estamos sempre a nutrir, e, portanto, precisamos per- será feliz; quan- Se precisamos forçar a nós mes- ceber os jogos do pensamento para do conquistar mos, deixando de ser espontâne- nos livrar de um fardo imenso que os, para mantermos uma relação ou impede a felicidade. aquela garota, a posição, ficamos fadados à infelici- felicidade virá; dade, porque não encontramos o A quarta dica diz respeito à per- quando passar nosso lugar no universo. Talvez a cepção da transitoriedade de tudo o no vestibular, felicidade seja encontrar o que foi que é externo. Estamos nesse mun- etc etc. A felici- planejado para nós pelo universo. do material de passagem. Essa é a mais certa de todas as realidades. dade está sem- Nossa espontaneidade não Não sabemos ainda em que momen- pre lá na frente, pode chegar ao ponto de atrope- to sairemos dessa dimensão perce- lar os outros. Tudo tem um limi- bida por meio dos cinco sentidos, evanescente” te, e, como já dizia um amigo, mi- mas não temos dúvida de que a mor- nha liberdade de mover o braço SOPHIA • JAN-FEV/2013 termina onde começa o nariz de quem está próximo. 6

dade. É preciso observar o egoís- Por fim, o sol nascente que é a ser possuído pelo ego, que é neces- mo sem criar a dualidade entre a felicidade surge, a partir de dentro, realidade do que é e a ideia do que clareando toda a vida, sob a forma sariamente limitado. Entretanto, não devia ser. Se apenas observar- de amor. Felicidade e amor são como mos com carinho e paciência, sem a irmãos siameses, inseparáveis. todos nós podemos ser como cálices, ideia do que deveria ser, o egoísmo vai se dissolvendo naturalmente, e, O amor, que é a força mais pode- que recebem a vida e o amor uni- com ele, vai embora uma grande rosa do universo, manifesta-se em quantidade de problemas. tudo o que vive. Em nós ele floresce versais, desde que não seja apenas quando percebemos e compreende- Como consequência, vem a sex- mos todas as limitações que nós para nós mesmos, porém transbor- ta dica: começa a surgir espontane- mesmos antepomos, impedindo o amente, a partir de dentro, uma ale- seu brilho. Nas pequenas e em to- dando para os demais. Só somos ver- gria de se doar. Doar atenção, afeto, das as coisas pode ser percebida a sua paciência, respeito, tempo e até presença, por quem aprende a co- dadeiramente felizes quando faze- mesmo dinheiro, quando temos. mungar com a vida, que é sagrada. Tudo isso vem sozinho, lá de den- mos os outros felizes. tro, com uma alegria a que nada ex- Aqui vai a última dica: muito do terno pode se comparar. Essa explo- que se chama de amor não é amor, Não podemos cultivar ou reter o são interna muda completamente o mas autointeresse. O amor é a ener- sentido do nosso viver. gia mais benéfica e elevada que exis- amor, mas sempre que abandona- te na natureza, e, por isso, não pode mos o centro mental de autopreo- cupações e interesses e abrimos a janela, sob a forma de aquietamen- to interior e receptividade, ele pode vir como a brisa fresca da manhã, tra- zendo a felicidade. S * Marcos Resende é presidente da Sociedade Teosófica no Brasil, advogado e escritor. SOPHIA • JAN-FEV/2013 7

[ SAÚDE ] A arte de cuidar Neste artigo, o psicólogo e antropólogo Roberto Crema fala sobre a saúde plena – “quando a essência transparece na existência” – e sobre cuidar de si e dos outros, por meio da escuta, da interpretação e da bênção. “O terapeuta é alguém capaz de abençoar, ou seja, dirigir ao outro um bom olhar e uma boa palavra”, explica. O texto foi transcrito da palestra realizada no curso Educação Gaia, no Instituto Teosófico de Brasília, em agosto de 2012. Roberto Crema* uma perda. A nossa liberdade con- MARGARET YOUNG siste no que somos capazes de fazer A arte de cuidar é a de saber es- com aquilo que nos chega, e isso cutar. Escutar não é só ouvir; é tam- demanda interpretação. bém interpretar. O terapeuta é al- guém capaz de interpretar, capaz Uma pessoa que aprendeu a in- daquilo que chamamos de ciência e terpretar não vai se deixar soterrar arte da hermenêutica. Como dizi- pelas adversidades, pois a única cri- am os antigos rabinos, cada frase bí- se intolerável é aquela para a qual blica é suscetível de 72 interpreta- não temos como dar nenhum senti- ções. Ou seja, cada sintoma, cada do. O único sofrimento que pode sonho, cada crise que vivenciamos é nos destruir é aquele que não in- sucetível de pelo menos 72 interpre- terpretamos. Se você é capaz de in- tações. Isso nos previne contra o fla- terpretar, extrairá sentido do que gelo contemporâneo do fundamen- quer que aconteça, e conseguirá se talismo e do fanatismo; não só o re- colocar de pé e prosseguir. ligioso, também o fundamentalismo mercadológico, ideológico, pedagó- “Te vejo. Estou aqui”. Essa ex- gico, psiquiátrico, político etc. pressão vem da tradição xamanísti- ca da África do Sul. Quando as pes- Fundamentalismo é superficia- soas vão saudar umas às outras, no lismo e literalismo, é tomar a parte idioma zulu, dizem sawubona, que pelo todo; é o naufrágio da interpre- significa te vejo; e a resposta é si- tação, o que nos torna objeto das cir- khona, que significa estou aqui. Eis cunstâncias, já que nós somos livres o coração de uma nova educação: na justa medida da nossa capacida- educar para ver, para a presença, de de interpretar. Nós não somos para cuidar, para escutar, para in- livres com relação àquilo que nos terpretar. É atender ao telefone chega, que pode ser um tsunami, um que toca [um celular tocou na pla- terremoto, uma crise econômica, teia]. Toda crise é um telefone que toca e nós precisamos atender, es- 8 SOPHIA • JAN-FEV/2013

SOPHIA • JAN-FEV/2013 “Uma normose fre- quente é fazer um inventário apenas do que é desequilíbrio e enfermidade na pes- soa. Nós encontramos aquilo que buscamos. Em outras palavras, a porta na qual bate- mos é, naturalmente, a que se abre” cutar e interpretar, senão ele vai continuar tocando, às vezes com outros números. Infelizmente, no que denomi- namos de normose, a patologia da normalidade, afirmamos: “Tomou doril, a dor sumiu”. Você vai ao mé- dico com um problema e, quando normótico, a única atitude desse técnico será eliminar o sintoma. Certa vez uma pessoa me procurou no consultório com dor nos seios, depois de ter consultado muitos mé- dicos em vão. Ela já estava com algu- mas fantasias catastróficas a respei- to dessa dor. Indaguei se ela podia se colocar no lugar dos seios e falar como se fosse eles. Ao entrar em contato com essa parte do corpo, ela imediatamente se conectou com algo que tinha recentemente acon- tecido: havia se separado do marido e abriu mão da guarda do filho. Des- de então, os seios da maternidade começaram a doer. Quando ela pôde fazer a catarse, redecidindo a sua ati- tude, saiu do consultório sem dor. Mas imagine se não tivesse escuta- do o seu sintoma, se não o tivesse interpretado... Um dia, faria uma doença física. Geralmente as doen- ças começam num plano mais sutil e depois contagiam o plano concre- to, que é o físico. 9

Olhar, sorrir e abençoar Devemos cuidar da saúde com a de nós mesmos; prevalacerá aque- pode ensinar algo de bom, quando escuta, a interpretação e a bênção. le que for alimentado com a nossa nos abrimos para o aprendizado. O terapeuta é alguém capaz de aben- atenção e energia. Uma pessoa que Mas não acredite simplesmente; çoar, ou seja, dirigir ao outro um se sente abençoada não é violenta faça a experiência. Mudar o mundo bom olhar e uma boa palavra. Trata- – eis a arte da paz. A maldição, o é mudar o olhar. se de jamais rotular ou reduzir o mau olhar e a má palavra – eis a fon- outro ao seu menor, a um sintoma, te de violência. A vida é o que fazemos dela. As a um sofrimento. Abençoar é ser ca- viagens são os viajantes. O que vemos paz de reconhecer no outro o seu O olhar e a palavra são estrutu- não é o que vemos, senão o que somos, potencial não só de saúde, mas tam- rantes. Olhar para a luz no outro e diz um belo poema de Fernando bém de plenitude. É ser capaz de dirigir-lhe uma palavra de reconhe- reconhecer o semblante original, a cimento e de acolhimento estrutu- “O olhar e a palavra dimensão do sujeito. É uma pena ra o bem, o belo e o bom. Por outro são estruturantes. que nós não nos abençoemos mais, lado, olhar apenas para a sombra e Olhar para a luz no que não pedimos mais a bênção. dizer olá apenas para o sintoma do outro e dirigir-lhe Namastê! Namascar! Aloha! Te vejo! outro estrutura o mal, o feio e a pe- uma palavra de Essas são diferentes e singelas for- quenez. E não apenas no outro, tam- acolhimento estru- mas de abençoar, provenientes de bém em si mesmo – pois nos torna- tura o belo e o bom. culturas onde a tradição sapiencial mos aquilo para o qual olhamos e Olhar apenas para ainda é viva. Aloha, por exemplo, é aquilo que evocamos. a sombra e dizer uma bênção da tradição xamanísti- olá apenas para o ca dos kahunas do Havaí, que signi- Uma normose terapêutica mui- sintoma do outro fica trocar energia, trocar amor. No to frequente é a de fazer um inven- estrutura o mal, o Japão, o inclinar-se perante o outro tário apenas do que é disfunção, sin- feio e a pequenez” também é um rito de bênção, de re- toma, desequilíbrio e enfermidade conhecimento da nobreza humana. na pessoa. Nós encontramos aquilo BLEND IMAGES / SHUTTERSTOCK que buscamos. Em outras palavras, Ao entrar em algum consultório, a porta na qual batemos é, natural- já presenciou o rito do terapeuta se mente, a que se abre. Diz o poeta inclinar diante de você? Ou um pro- Neruda: Se cada dia cai dentro de fessor, numa sala de aula? Não? É cada noite, então há um poço onde a uma pena, e uma indicação de que luz está retida. Basta sentar ao lado nós perdemos de vista o que é um do poço e pescar luz caída, com paci- ser humano no seu potencial de in- ência. O autêntico terapeuta é um teireza – esse espaço onde o próprio pescador de luz caída. universo pode aprender a se conhe- cer, a se saber, a sonhar, a sorrir, a De uma maneira intuitiva, cuidar, a orar, a abençoar. Uma pes- aprendi a praticar a ética da bênção soa que foi uma única vez abençoa- na minha primeira infância. Quan- da pode atravessar infernos. do pequeno, percebi que o mundo estava um pouquinho mal frequen- Qual foi o primeiro ato terroris- tado. Então, para sobreviver, adotei ta na tradição judaico-cristã? Eram a conduta de olhar para a luz das dois irmãos; um se sentia abençoa- outras pessoas, o que tornou o mun- do, acolhido pelo mistério da vida, do imediatamente melhor. Ficar era pastor e oferecia o seu melhor atento à luz do outro e à sombra em ao Senhor da vida. O outro não se si mesmo é pura alquimia de liber- sentia abençoado, não se sentia tação. Experimente. Durante ape- aceito pelo mistério, então inveja- nas um dia, imagine que todas as va... E Caim matou Abel. Esses dois pessoas são Buda, exceto você. Tal- irmaõs são arquétipos no interior vez nesse dia você se veja aprenden- do com todos à sua volta, pois tudo 10 SOPHIA • JAN-FEV/2013

Pessoa. Quando mudamos o nosso Como afirmava Heidegger, a tra- lapidamos o diamante. olhar, quando somos capazes de bên- gédia moderna é o esquecimento do Ser um terapeuta é cuidar, es- ção, nós também transformamos o ser. Nós tombamos no esquecimen- mundo. Você não me engana, eu sei to do essencial que nos fundamenta cutar, interpretar, abençoar e tam- quem você é. Eu sei que você foi acei- – esse é o resumo da Queda. Aben- bém sorrir. O sorriso é um grande to pela vida; quem sou eu pra lhe re- çoar é acenar para a essência lumi- segredo. A menor distância entre cusar? Quem sou eu pra lhe dar no- nosa da pessoa enquanto ser e se- duas pessoas é o riso e a lágrima. tas, para lhe comparar com qualquer nhor da própria existência. Entre- Entretanto, o sorriso não tem opos- outra pessoa? Você não me engana, tanto, somente podemos abençoar to; ele é o apanágio do humano. Sa- eu sei que você é um ser humano, que o outro quando já nos abençoamos a ber sorrir, sorrir saber, talvez seja a há em você uma centelha do infinito nós mesmos, quando já cavamos a expressão mais simples da nobreza eterno – eis uma bela bênção. nossa pedra bruta e minimamente encarnada em cada um de nós. Não é por acaso que a maioria das pesso- SOPHIA • JAN-FEV/2013 11

CHRISTIAN FERRARI as que visita o museu do Louvre, em Paris, se detém diante da ima- “Ficar atento à luz do outro e à sombra em si mesmo é gem de uma mulher que sorri de pura alquimia de libertação. Experimente. Durante apenas forma enigmática, arte maior de Leonardo Da Vinci. um dia, imagine que todas as pessoas são Buda, exceto você. Talvez nesse dia você se veja aprendendo com to- Eis o segredo do Dalai Lama, que sorri olhando para o seu relógio ou dos à sua volta. Mudar o mundo é mudar o olhar” para um copo d’água em sua mão... O sorriso é a forma mais simples de 12 abençoar e de expressar a paz. Sor- rir significa não se levar a sério, não levar o mundo a sério. Significa re- lativizar o que é relativo e conectar- se com o essencial, porque do secun- dário vem a discórdia. Sorrir é com- preender que o mal é relativo, é es- quecimento de si, é ignorância exis- tencial. Enquanto o amor é de onde viemos e para onde retornaremos, é a ciência e a tecnologia mais pode- rosa de todos os universos e é quem dirá a palavra final. O sorriso é um dom premonitó- rio e uma profecia que nos faz lem- brar que tudo passa, exceto o amor. Gosto de praticar a meditação do sorriso. Basta silenciar e sorrir – e o sol da essência começa a irradiar os seus raios, de dentro para fora, ilu- minando e aquecendo, a partir do interior, o mundo inteiro. Muito além do sorriso amarelo paira o sor- riso da graça, do sol e do sagrado. Ele é a fonte da confiança original, de um confiar que é fiar com, fiar consigo, com o outro, com a huma- nidade, com a própria vida; um sor- riso de parceria com o mistério, da aliança do melhor em nós com o melhor do outro e de tudo. Te vejo. Estou aqui. Tudo isso é para dizer que eu re- conheço você como um terapeuta, um ser capaz de cuidado integral, a partir de uma ecologia inclusiva: in- dividual, social e ambiental. É um longo processo, mas é preciso, em algum momento, assumir a respon- sabilidade e a habilidade de respon- der, tornando-se agente de um cui- dado total. [Nesse ponto da pales- tra, abriu-se espaço para perguntas e comentários da plateia.] SOPHIA • JAN-FEV/2013

Ter é tardar, ser é partir “A abundância é um estado de consciência que não tem Cuidar, em primeiro lugar, é cia e da veracidade, virtudes raras a ver com a propriedade, cuidar da saúde; e depois? que não são conquistadas facilmen- mas com o saber que nada te. Se você me perguntar o que é somos e, ainda assim, somos Cuidar da saúde por meio da es- saúde plena, eu respondo: é trans- amados infinitamente pela cuta, da interpretação, da bênção, do parência, é veracidade, é quando a vida. Basta ser” sorriso, mas também observar o que essência transparece na existência. no outro é disfuncional e facilitar, É por isso que temos que ser muito tem, o que sabe e o que é. através da saúde, que a ferida se cure. pacientes conosco, com o outro, com Fernando Pessoa diz num poe- Trata-se de uma ressignificação da todo mundo, porque “quem não tem palavra terapeuta e da função tera- paciência não vê pedra florir”... ma: Basta a quem basta o que lhe pêutica. Mas cada caso é um caso; basta/o bastante de lhe bastar./A vida não posso responder sobre o depois, Gostaria de saber o que você é breve, a alma é vasta/ter é tardar. porque cada pessoa é única. Cada ser pensa sobre o comportamento de Isso é muito belo: ter é tardar. A ilu- humano necessita de uma terapia propriedade na sociedade, já que são da propriedade nos aprisiona e singular e intransferível. Não há não somos seres humanos tendo nos faz tardar, pelo peso dos apegos, resposta a priori. Porém, se você for uma experiência espiritual, e sim de todas as nossas identificações. A capaz de olhar para o outro e escu- espíritos tendo uma experiência tarefa da saúde é a tarefa do movi- tá-lo, poderá facilitar que ele tam- humana. mento, de dar o passo seguinte. bém se olhe, se escute e encontre a sua própria resposta. O terapeuta Isso me faz pensar num ancião Como dizem os bons navegantes, não é aquele que tem a resposta; é da tradição nativa norte-americana, o único naufrágio é não partir. A aquele que facilita que a pessoa en- com cento e um anos. Perguntaram única tragédia é deter a marcha contre a resposta que já está lá, no a ele: “O que você faz?” Ele respon- rumo à leveza do ser. Quando nós coração da sua pergunta. deu: “Eu ensino meu povo”. “O que estamos na ilusão da propriedade, de você ensina?” Ele disse: “Quatro coi- querer ser proprietário de algo, um Sobre o abençoar, as famílias sas. Primeiro, a escutar. Segundo, cargo, uma pessoa, um conhecimen- antigas gostavam de abençoar... que tudo está ligado com tudo. Ter- to, um status, nossas mãos estão fe- ceiro, que tudo está em movimen- chadas e nós não vamos receber o Eu sou de uma geração que ain- to. Quarto, que a terra não é nossa, maná do agora. Seremos miseráveis, da sabia pedir a bênção e abençoar. nós é quem somos da terra.” De fato, mesmo que tenhamos helicópteros “A bênção, mãe! Deus te abençoe, essa concepção de propriedade, que e fortunas em bancos da Suíça; se- meu filho!” É belo esse rito. Mas é muito arraigada, sobretudo nesse remos pobres diabos. não precisa ser desse jeito, há mui- tempo em que vivenciamos um ca- tas outras formas... Talvez uma de pitalismo exacerbado, é uma ilusão. Um exemplo de uma pessoa re- nossas tarefas seja a de reinventar a Nada nos pertence, a não ser aquilo almente milionária é Francisco de arte de abençoar. que doamos. Assis. Um ladrão foi roubá-lo e ele pediu: “Não leve só isso, por favor, Mas tem que falar de coração, Mas todos vamos aprender essa leve mais esses trapos!” A abundân- senão acaba se tornando uma lição fundamental. A hora da mor- cia é um estado de consciência que obrigação. Não é uma coisa ver- te é a ocasião em que vamos apren- não tem a ver com a propriedade, dadeira, é uma coisa que as famí- der que nada nos pertence. Tudo o mas com o saber que nada somos e, lias cobram: Vem pedir bênção! que julgamos ter nos será arranca- ainda assim, somos amados infini- Então se pede, senão vai levar do pela maestria da morte. A única tamente pela vida. Basta ser. Se ter uma bronca. coisa que a morte não nos pode ti- é tardar, ser é partir. Basta ousar rar é aquilo que nós oferecemos, o mais um passo a partir de onde nós Mas nós sabemos quando somos que fomos capazes de ofertar in- nos encontramos, para sempre dar abençoados. Quando você está na condicionalmente. Aqui chegamos o passo seguinte. Precisamos presença de um olhar que te aceita nus e daqui partiremos nus; o úni- aprender a morrer a cada momen- verdadeiramente, o seu melhor se co passaporte que levaremos é o de to, para renascer no momento se- expressa. Sabemos também quando nossas doações. Por isso doar é tão guinte, na eternidade do instante. não somos abençoados; se a pessoa importante; uma pessoa é rica não disser palavras vazias, nós percebe- na medida do que tem, mas na me- 13 mos e algo em nós se fecha, se enco- dida de que é capaz de doar o que lhe. A sua questão é muito impor- tante, porque trata da transparên- SOPHIA • JAN-FEV/2013

Nesse sentido, a morte é uma O método sintético grande mestra. O problema é que todo mundo quer renascer e pou- Jamais deixei de ser analista, Um dia experimente falar tudo cos aceitam morrer... pois essa é uma função muito im- o que vier à sua mente. Não vai ser portante para investigar o mundo fácil, a censura é impiedosa, mesmo Essa fase de interpretar, na exterior e desenvolver tecnociên- que você esteja só num quarto, de nossa atual normose, não seria cia. Entretanto, é um método in- portas fechadas. Mas ligue um gra- uma armadilha? Qual seria a suficiente e perigoso quando usa- vador e fale tudo o que vier. E, por qualidade de um bom interpre- do exclusivamente. A nossa mente compaixão, escute apenas no dia se- tador? A nossa mente toda hora é uma comadre fofoqueira, que fica guinte... Você verá a quantidade de quer entrar naquele monólogo... o tempo todo repetindo as mesmas lixo que contamina a sua mente, o coisas, sobretudo o que nós decidi- passado que assassina a vivência do A mente mente. Essa é uma mos na primeira infância. instante. E isso prossegue, pois não grande questão, que naturalmen- te não posso esgotar, mas talvez KASHFIA RAHMAN SOPHIA • JAN-FEV/2013 possa fornecer algumas indicações. Há duas formas de escutar, co- nhecer e interpretar. Uma é a analítica: interpretar é explicar. Como o paradigma convencional é inerentemente analítico, todos aprendemos esse tipo de interpre- tação redutiva causal. A forma ana- lítica de interpretar tem o seu substrato neurofisiológico no he- misfério cerebral esquerdo, do ra- cionalismo positivista, da lógica, da previsão e da angústia huma- na. Analisar é fragmentar o todo para tentar compreendê-lo por suas partes. É a tarefa diabólica – do diabolos, que significa o que di- vide. Utilizo esse termo de forma epistemológica, não valorativa. Todos nós fomos educados para re- talhar a totalidade e buscar expli- car tudo e todos. Há um quarto de século com- preendi isso no meu consultório, como um analista didata. As pes- soas me procuravam porque sofri- am, e sofriam porque estavam fragmentadas no seu interior, nos seus relacionamentos, na sua exis- tência. Percebi, então, que com o meu elegante bisturi analítico eu só tinha aprendido a dividir e frag- mentar ainda mais o todo do indi- víduo – que significa “indivisível” –, ou seja, a atomizá-lo, para su- postamente explicá-lo. E, depois de alguns anos de uma análise bem-sucedida, lá estava o pobre normótico, fragmentado bem or- ganizadamente! 14

aprendemos a abrir a escuta para o do não saber. Há uma dupla forma meditação, que você vai encontrar nosso interior e acabamos vítimas da de atuar diante da realidade. Uma é em todas as tradições sapienciais da compulsividade de pensamentos pela mente analítica, que precisa- humanidade, é a via real que nos ofe- perversos, de diálogos internos tó- mos respeitar e honrar, para desen- rece uma tecnologia de desenvolvi- xicos, de autotortura, de autopieda- volver o imprescindível rigor críti- mento da escuta silenciosa, para de, de emoções delinquentes que co, adquirir novas informações e você se esvaziar do passado e do fu- nos assaltam pelas costas. construir no mundo externo. A ou- turo. A interpretação por esse mé- tra é pela via sintética, pelo apren- todo não é pela explicação, mas pela Para o mergulho na interiorida- der a não saber, pela arte do esvazia- compreensão, pela comunhão. de e para desenvolver as virtudes da mento, para lograr a plena atenção alma, necessitamos de outra via de ao instante, o que Khrisnamurti de- Wilhelm Dilthey, um grande fi- escuta e de interpretação: a sintéti- nominava atenção sem escolha. lósofo do Iluminismo alemão, apre- ca. O método sintético se respalda sentou uma hermenêutica compre- no hemisfério cerebral direito, do Essa é a arte de estar aqui, de tes- ensiva, desenvolvendo o que deno- sentimento, da intuição, da melodia, temunho, de observação interior. A minou ciências do espírito, depois renomeadas como ciências huma- nas. “A natureza se explica, a alma se compreende”, conclamava esse grande desbravador da visão holís- tica. Ele foi contemporâneo de Freud e percebeu bem a contradi- ção e a estreiteza de um método neopositivista e redutor, que bus- ca naturalizar a inteireza vasta e in- capturável da alma. Dilthey contestou, de forma lú- cida e ousada, todo um espírito que predominava no século XIX e iní- cio do XX, que insistia na competi- tividade e no determinismo: Marx e a competição entre as classes so- ciais e o determinismo econômico; Darwin e a competição entre as es- pécies e o determinismo biológico; Freud e a competição entre as po- tências da alma e o determinismo SOPHIA • JAN-FEV/2013 “A meditação ofere- ce uma tecnologia de desenvolvimento da escuta silenciosa, para você se esva- ziar do passado e do futuro. A interpre- tação por esse método não é pela explicação, mas pela comunhão” 15

psíquico; e ainda o determinismo para o encontro consigo, com o ou- tos. Sua importância é possibilitar o geográfico, entre outros. tro, com a natureza e com o misté- mergulho no abismo da alma e o apri- rio da vida. Ninguém transforma moramento do mundo interior. Além de Dilthey, outras vozes ninguém e ninguém se transforma lúcidas se ergueram, apontando sozinho; nós nos transformamos no Análise e síntese são dois cami- para o horizonte do symbolos, que encontro. O futuro da humanidade nhos complementares de apreensão é o oposto do diabolos e significa o depende de uma pedagogia e de uma da realidade, como duas pernas que que religa, o que estende pontes terapia do encontro. possibilitam o caminhar por trilhas entre as fronteiras que a mente aliadas do conhecer e do comungar. analítica inventa: Jung, Assagioli, Interpretar é explicar e também A compreensão implica uma conver- Viktor Frankl, Pietro Ubaldi, Krish- compreender. A inteligência analí- gência do saber e do ser. Fernando namurti e, mais perto de nós, Pier- tica fraciona e busca explicar o todo Pessoa afirmava que Deus é um gran- re Weil, entre outros. O que bus- pelas suas partes. A sua importância de intervalo. Vamos praticar o silên- camos na abordagem transdiscipli- consiste no desenvolvimento do cio, com a coluna ereta, a conexão nar é a integração entre o método mundo exterior, por meio da ciên- com o instante, com a música dos analítico e o sintético, entre o he- cia e da tecnologia. A compreensão pássaros, o mantra das águas, as vo- misfério esquerdo e o direito, Oci- vem de um ato de abertura e de si- zes humanas, as paisagens da alma, dente e Oriente, saber e ser, co- lêncio, que acolhe o instante e a sa- a pausa – essa pátria doce de quie- nhecimento e amor, explicação e bedoria do não saber, a douta igno- tude – entre a inspiração e a expira- compreensão. rância. Trata-se de uma inteligên- ção. Vamos habitar o agora. S cia intuitiva, que faz juz ao cerne Há uma forma de interpretar que mesmo da palavra intelegere: ler * Roberto Crema é psicólogo, escritor, vem do silêncio interior. Se não há dentro das coisas, das letras, dos fa- antropólogo e reitor da Unipaz. silêncio interior, não haverá espaço “Sorrir é compre- ender que o mal é relativo, enquanto o amor é de onde viemos e para onde retornare- mos, é a ciência mais poderosa de todos os universos e é quem dirá a palavra final” 16 SOPHIA • JAN-FEV/2013 YURI ARCURS/ SHUTTERSTOCK

[ OCULTISMO ] A ciência e a D‘outrina Secreta O átomo é divisível, e deve consistir de partículas ou de subátomos. É sobre a doutrina da natureza ilusória da matéria, e da infinita divisibilidade do átomo, que ‘toda a ciência do ocultismo está construída H.P. Blavatsky, 1889 Sylvia Cranston* Inúmeros cientistas têm-se interessado pelo livro A Doutrina Secreta, de Helena Blavatsky, publicado em 1889. Einstein, se- gundo contou uma sobrinha, sempre tinha uma cópia em sua escrivaninha. A obra contém ensinamentos negados pelos cien- tistas da época, mas subsequentemente provados verdadeiros. Há três exemplos notáveis: AGSANDREW / SHUTTERSTOCK 1. Os átomos são divisíveis Isaac Newton escreveu que “no início Deus modelou a maté- ria em partículas móveis, impenetráveis, duras, solidamente com- pactas, com propriedades tais (...) que conduzisse à finalidade para SOPHIA • JAN-FEV/2013 17

que foi formada”. Posteriormente os cia do ocultismo está construída.” aventada, Werner Heisenberg co- cientistas eliminaram a teologia, mas Quanto à infinita divisibilidade, mentou: “Mesmo que os quarks retiveram as “partículas duras, impe- pudessem ser encontrados, por netráveis”, ou átomos, como os com- um cientista amigo meu escreveu: tudo que sabemos eles poderiam ponentes básicos do universo. “A ciência prosseguiu nessa direção mais uma vez ser divididos em dois a passos de cágado, descobrindo pri- quarks e um antiquark (...), e as- Quando o elétron foi descober- meiro os elétrons, depois os prótons, sim não seriam mais elementares to, em 1897, viu-se que o átomo era os nêutrons, os quarks e outras par- do que um próton. (...) Teremos de divisível. Anos antes, Blavatsky, em tículas, pensando a cada vez que ti- abandonar a filosofia de Demócrito A Doutrina Secreta, já afirmara: “O nha encontrado a partícula ultérri- e o conceito de partículas elemen- átomo é divisível, e deve consistir ma. Agora finalmente alcançou as tares fundamentais. Em seu lugar de partículas ou de subátomos. (...) ondas puras, como na teoria das cor- devemos aceitar o conceito de si- É sobre a doutrina da natureza ilu- das, que corresponde à ciência de A metrias fundamentais, extraído da sória da matéria, e da infinita divisi- Doutrina Secreta.” filosofia de Platão.” bilidade do átomo, que toda a ciên- Quando a teoria dos quarks foi 18 SOPHIA • JAN-FEV/2013

2. Os átomos estão ção eterna e incessante, que é tão to energia é matéria estendida. Em perpetuamente em movimento rápida que, ao olho físico, o corpo parece absolutamente destituído de A Doutrina Secreta, Blavatsky diz: Os cientistas da época de Bla- movimento (...). Mas para a ciência vatsky acreditavam que os átomos física, isso será um absurdo.” “As mônadas [parte imortal do ser eram não apenas indivisíveis, mas imóveis. Quando o elétron foi des- Hoje em dia é difícil acreditar humano] podem, a partir de um coberto, era tido como um mito. Mas que se possa ter pensado nisso como A Doutrina expôs esse “mito” oito um absurdo. Segundo A Doutrina ponto de vista, ser chamadas de for- anos antes: “O ocultismo diz que em Secreta, o movimento incessante todos os casos onde a matéria pare- dos átomos naquilo que considera- ça, e de outro, matéria. Para a ciên- ce inerte, ela está em plena ativida- mos ser um objeto sólido está em de. Um pedaço de madeira ou um conformidade com uma lei univer- cia oculta, força e matéria são ape- bloco de pedra é imóvel (...). Toda- sal subjacente ao cosmo: não há re- via, suas partículas estão em vibra- pouso na natureza. nas dois lados da mesma substância.” “Um bloco de pedra Isso está de acordo com o ponto Em Ísis Sem Véu, Blavatsky asse- é imóvel. Todavia, de vista de Einstein, discutido por Garrett Service em The Theory of vera diretamente a conversibilidade suas partículas estão Relativity: “As investigações cientí- em vibração eterna ficas mostram que nas coisas infini- de força e matéria: “Toda manifesta- e incessante, que é tamente pequenas como nas infini- tão rápida que, ao tamente grandes, tudo é movimen- ção objetiva, seja o movimento de um olho físico, o corpo to, (...) nada existe em repouso. Diz parece absoluta- Einstein que o movimento deve ser membro vivo (braço, perna etc,) ou o mente destituído de considerado a condição natural e ver- dadeira da matéria, um estado de coi- movimento de um corpo inorgânico, movimento. Mas para sas que não necessita de explicação a ciência física, isso nossa, pois surge a partir da própria requer duas condições: vontade e for- será um absurdo.” constituição do universo. É a própria H.P. Blavatsky, 1889 essência da existência.” Blavatsky afir- ça – além de matéria, ou aquilo que mou em A Doutrina Secreta que “o SOPHIA • JAN-FEV/2013 movimento abstrato absoluto” é um torna o objeto assim movido visível símbolo do próprio absoluto. aos nossos olhos; e essas três forças 3. Matéria e energia são todas conversíveis.” são conversíveis A referência a seguir, de A Dou- A ciência do século XIX acredi- tava no oposto, e foi refutada por trina Secreta, é especialmente inte- Einstein em sua famosa equação E=mc2. Millikan a traduz assim: “m ressante não apenas porque as pala- é a massa em gramas, c é a velocida- de da luz e E é a energia. Em lingua- vras “energia atômica” indicam que gem comum, (...) se um grama de massa for transformado em calor a os átomos possuem energia, mas cada segundo, 90 bilhões de quilo- watts de eletricidade serão produ- porque Blavatsky parece ter sido a zidos continuamente.” primeira a usar essa expressão: “O “Aqui está a concepção tremen- damente importante de que a ma- movimento ondulatório das partícu- téria é em si mesma conversível em energia radiante”, acrescenta Milli- las vivas torna-se compreensível na kan. Uma maneira mais generaliza- da de explicar isso é dizer que maté- teoria de um Princípio Vital espiri- ria é energia condensada, enquan- tual (...) universal, independente de nossa matéria, e manifestando-se como energia atômica somente em nosso plano de consciência.” Em vista de tudo isso, não é sur- preendente saber que professores de universidades norte-americanas frequentemente procuram A Dou- trina Secreta. Um professor do Cali- fornia Institute of Technology, que faz pedidos a cada dois ou três anos, explicou que sempre que um exem- plar fica por demais marcado, difi- cultando a leitura, ele compra um novo. Comportamentos assim mos- tram que é possível que o livro de Blavatsky contenha muitas outras sugestões de fatos científicos que ainda não foram aceitos. S KENJITO/ SHUTTERSTOCK * Sylvia Cranston foi autora de diversas obras importantes, entre elas H.P. Blavastky, a vida e a influência extraordinária da Fundadora do Movimento Teosófico Moderno (Ed. Teosófica). 19

[ SIMBOLOGIA ] Eric McGough* O significado do sol na A mágica e secreta “ciência” da alqui- alquimia mia evoca uma aura de admiração e misté- rio mesmo no mundo objetivo e científico de hoje. Conhecida em latim como Opus Magna, ou Grande Obra, a alquimia é a ma- neira de transformar o mundo no qual vi- vemos em algo sublime, transcendental. É o modo de alcançar a quintessência da vida por meio da pesquisa prática e esotérica do material da vida e do universo. Isso pode ser metafórico ou pode signi- ficar a efetiva criação de uma nova estrutu- ra ou energia. Sempre que tentamos trans- formar criativamente nosso mundo em algo melhor, começamos a entrar no campo da alquimia. No passado, era assim que os an- tigos tentavam descobrir um mundo ocul- to que ajudasse a humanidade a melhorar sua vida. O objetivo era descobrir a mágica e eterna “Pedra Filosofal”. A Teoria da Relatividade de Einstein, no século XIX, a subsequente divisão do ANDREW PETRIE 20 SOPHIA • JAN-FEV/2013

átomo e a descoberta do mundo su- mais refinado, ou seja, em indivídu- Segundo a visão batômico podem significar uma os espirituais, com maior compreen- de muitos alqui- moderna alquimia, que se aproxi- são de si mesmos e insights místicos mistas, filósofos e ma do que era buscado pelos anti- quanto ao significado da vida. cientistas, “deve- gos alquimistas. Com os últimos se dar ao Sol ab- desenvolvimentos da ciência, como A antiga alquimia helênica teve soluta primazia na a teoria dos quarks e dos quanta, origem no Egito e ali floresceu por ordem planetária outro mundo parece estar se abrin- volta de 200 d.C., no contexto do como ponto me- do e exigindo que mesmo o cien- gnosticismo e do hermetismo. Foi re- diano na criação tista mais materialista aceite que o descoberta pelos árabes nos séculos mundo é mais complexo do que ele VII e VIII, e posteriormente trans- entre o cosmo imaginava. formada e transmitida à Europa no exterior e nosso século XII. O objetivo dos alquimis- próprio nível de Existem dois aspectos da alqui- tas, tanto árabes quanto ocidentais, mia. O primeiro é a abordagem ci- era a criação da Pedra Filosofal. Os manifestação” entífica. Os antigos alquimistas ten- processos químicos e espirituais taram, com várias técnicas e proces- eram comparados aos processos re- sos experimentais, transformar me- dentores e transformadores de pu- tais inferiores, básicos, em ouro. A rificação, sofrimento, morte e, final- segunda abordagem, que às vezes mente, renascimento. O toque da também envolvia esses “experimen- pedra mágica poderia curar doenças tadores”, era a alquimia espiritual, e conferir imortalidade. A “pedra” era com um método e um processo eso- produto do perfeito equilíbrio de térico para transformar a natureza opostos – enxofre e mercúrio; ma- inferior dos seres humanos em algo cho e fêmea; o casamento sagrado SOPHIA • JAN-FEV/2013 21

do rei e da rainha; o andrógino. Uma imagem de Michael Maier vam inicialmente interessados em A alquimia alcançou seu ponto mostra o alquimista efetuando a desenvolver novos remédios. Fludd quadratura do círculo, tentando se opunha à ordem vigente em sua culminante por volta de 1470 até transformar os dois sexos em um. época, em que se acreditava que a 1700, quando foi considerada “a” Ele está tentando “criar um círculo doença era resultado de um dese- arte hermética, posteriormente pra- a partir de um homem e uma mu- quilíbrio entre quatro humores. Ele ticada por cientistas famosos, como lher, daí derivar um quadrado, e do acreditava que a Criação, em si, era Robert Boyle e Isaac Newton. quadrado um triângulo: fazer um um processo químico no qual o mys- círculo e (criar) a Pedra Filosofal”. terium magnum, ou matéria-prima, Entre os ilustres e antigos al- O triângulo denota a unidade de estava separada nos quatro elemen- quimistas do século XVI e XVII corpo, alma e espírito. A meta dos tos – terra, água, ar e fogo. Para ele, encontravam-se Paracelso (1491- alquimistas era criar o andrógino, a doença era um mau funcionamen- 1541), John Dee (c. 1527-1624), onde os dois opostos complementa- to das reações químicas, que pode- Michael Maier (1568-1622) e Ro- res se fundem em um, no casamento ria ser identificado pela análise quí- bert Fludd (1574-1637). Cada al- místico de união espiritual e divina. mica e tratado com remédios quimi- quimista seguia seu próprio cami- camente preparados. nho, muitas vezes influenciado por Paracelso e Robert Fludd esta- outros alquimistas. 22 SOPHIA • JAN-FEV/2013

Força expansiva Sol representa a luz exterior, en- quanto o que é essencial do ponto de vista espiritual é a luz interior Alquímica e astrologicamente, o dor de calor, energia e luz. Esoteri- dentro de cada ser humano. Mais Sol ocupa um lugar especial no camente, é o centro do ser humano mundo do esoterismo. Simbolica- e simboliza a alma, a energia do cora- próximo da verdade está afirmar-se mente ele se relaciona ao ouro, ção e a iluminação espiritual. como a força e energia mais resplan- que a “luz”, como energia de vida, decente e radiante no mundo per- Em muitos sistemas filosóficos o ceptível. Representa a meta que os Sol é a energia masculina, ou yang, é tanto interior quanto exterior, e alquimistas buscavam com seus ex- e está associado às cores amarelo, perimentos para transformar em laranja, branco e ouro, ou a uma que para viver precisamos de am- ouro os metais inferiores. O ouro é mistura delas. A Lua é a energia fe- imutável e inalterável, irradiando minina, ou yin. Suas cores são o pra- bos os tipos, tanto energia cósmica tanto energia quanto pureza. Ao ta e às vezes o branco. O Sol é a força lado do diamante, é um dos materi- expansiva e criativa, enquanto a Lua quanto orgânica. é reflexiva e contemplativa. ais naturais mais esti- Cientificamente falando, o Sol é mados que existem. O Os principais símbolos do Sol são Sol divide com o ouro o círculo, a estrela e o anel com um apenas uma entre bilhões de estre- essas mesmas qualida- ponto no centro. Outros símbolos des, mas a partir de são a cruz solar e a cruz equilateral, las que iluminam o universo. Para uma dimensão superi- simbolizando os quatro elementos: or dos mundos cósmi- terra, água, ar e fogo. nós é a estrela doadora de vida, no co e espiritual. Como símbolo astrológico, o Sol centro de nosso sistema solar. O Sol Em algum momen- é um anel com um ponto no centro, to, a maioria das cultu- representando, com seu núcleo in- é a razão material por que existimos. ras adorou o Sol como terno, a forma externa. Existem a suprema força cósmi- muitas outras imagens simbólicas, Ele afeta nossas vidas em muitos ní- ca. Ele é a força que como a custódia católica, a rosa-dos- DED PIXTO / SHUTTERSTOCKcria e sustenta a vida noventos gótica e várias estruturas ge-veis. Nossa própria existência pode planeta. É vital para ométricas. O significado do Sol na toda a vida como doa- vida humana é ser a principal fonte ser localizada geneticamente desde de luz, energia e calor. Esoterica- “O ouro é imutá- mente é o símbolo da elevação espi- o início de nosso sistema solar. Sem vel e inalterável, ritual, da iluminação e da verdade. irradiando tanto a energia do Sol ao longo dos últi- energia quanto Em uma gravura de Robert Fludd, pureza. É um dos o Sol emana raios de calor e luz, ten- mos quatro ou cinco bilhões de anos, materiais naturais do recebido uma face humana para mais estimados. representar a microscósmica luz in- não estaríamos aqui. Ele é uma par- O Sol divide com terior e a alma da humanidade. Para o ouro essas Fludd, o Sol é também o coração do te intrínseca de quem somos. As mesmas qualida- macrocosmo, o ponto preciso entre des, mas a partir os triângulos de luz e treva, a “esfe- emanações de forças cósmicas, in- de uma dimensão ra de equilíbrio” de forma e maté- superior dos ria. No interior do Sol está a alma cluindo radiação e magnetismo, mundos cósmico cósmica doadora de vida. e espiritual” combinam-se para nos afetar e nos Robert Fludd aceitava a visão de SOPHIA • JAN-FEV/2013 muitos alquimistas, filósofos e ci- manter ao longo de nossa vida. entistas de que se deve dar ao Sol absoluta primazia na ordem plane- O modo como reagimos ao Sol tária como ponto mediano na cria- ção entre o cosmo exterior e nosso durante nosso período de vida de- próprio nível de manifestação. A vi- são de algumas religiões é de que o termina aspectos de nossa psicolo- gia, fisiologia e bem-estar espiritu- al. A evolução da humanidade e do planeta é também determinada pela vida do nosso Sol. O relacionamento de nosso sis- tema solar com nossa galáxia e ou- tros sistemas planetários nos liga a todo o cosmo. Talvez a jornada da raça humana esteja apenas come- çando, e em algum ponto no futu- ro tenhamos que viajar até outras regiões cósmicas, de uma maneira ou de outra. Enquanto isso, conti- nuamos a nos maravilhar com o mi- lagre do Sol e a geração de energia solar, eletromagnética e cósmica que mantém nosso planeta, a na- tureza e a força-vida dentro de nós e à nossa volta. S * Eric McGough é editor da Revista Esotérica, em Londres. 23

[ POLÍTICA DA PAZ ] ‘ Adeus às O que parece estar armas faltando atualmente são líderes com a nucleares ousadia e a visão para construir a confiança necessária à reintrodução do desarmamento nuclear como peça central de uma ordem ‘global pacífica 24 SOPHIA • JAN-FEV/2013 SANDRA ZUERLEIN / SHUTTERSTOCK

Mikhail Gorbachev* taram o caminho para dois tratados “Constrangimentos econômi- históricos. O Tratado de Armas Nu- cos e o desastre de Chernobyl Há vinte e cinco anos, sentei-me cleares de Médio Alcance de 1987 ajudaram a nos impelir à ação. frente a frente com Ronald Reagan destruiu os temidos mísseis de ação Por que a grande recessão em Reykjavik, na Islândia, para ne- rápida que ameaçavam a paz na Euro- e o desastre das usinas nucle- gociar um tratado que iria reduzir e pa. Em 1991, o 1º Tratado de Redução ares no Japão não evocaram poderia eliminar, por volta do ano de Armas Estratégicas reduziu os ar- resposta semelhante hoje?” 2000, os terríveis arsenais de armas senais nucleares dos Estados Unidos nucleares dos Estados Unidos e e da Rússia em torno de 80%, por do do poço. Mas Reagan e eu fomos União Soviética. Apesar das nossas mais de uma década. Mas as perspec- diferenças, partilhávamos a convic- tivas para o progresso do controle e capazes de criar um reservatório de ção de que países civilizados não não proliferação estão obscurecendo deveriam transformar armas tão bár- na ausência de um impulso confiável espírito construtivo, com superação baras em peças-chave de sua segu- pelo desarmamento. rança. Muito embora tivéssemos fra- constante e interação face a face. cassado em atingir nossas maiores Aprendi, durante aqueles dois aspirações, o encontro foi um mo- longos dias em Reykjavik, que as dis- O que parece estar faltando atu- mento decisivo na busca por um cussões sobre desarmamento podem mundo mais seguro. ser tão construtivas quanto árduas. almente são líderes com a ousadia e Ao unir um conjunto de questões Os anos vindouros poderão de- interligadas, Reagan e eu construí- a visão para construir a confiança ne- terminar se nosso sonho de livrar o mos a compreensão necessária para mundo de armas nucleares será rea- moderar a corrida às armas, sobre a cessária à reintrodução do desarma- lizado. Os críticos consideram o de- qual tínhamos perdido o controle. sarmamento algo não realista, na mento nuclear como peça central de melhor das hipóteses, e um sonho O fim da Guerra Fria anunciava a utópico, na pior. Eles apontam a “lon- chegada de um arranjo de poder glo- uma ordem global pacífica. Cons- ga paz” da Guerra Fria como prova bal mais confuso. As potências nu- de que a dissuasão nuclear é o úni- cleares deveriam aderir às exigên- trangimentos econômicos e o desas- co meio de evitar uma grande guer- cias do Tratado de Não Proliferação ra. Como alguém que teve essas ar- de 1968 e retomar as negociações tre de Chernobyl ajudaram a nos mas sob seu comando, eu discordo pelo desarmamento. Isso iria au- veementemente. A dissuasão nu- mentar o capital moral dos diploma- impelir à ação. Por que a grande re- clear sempre foi uma maneira difí- tas que se esforçavam para restrin- cil e frágil de garantir a paz. gir a proliferação nuclear em um cessão e o desastre das usinas nu- mundo onde cada vez mais países Ao não conseguir propor um pla- possuíam meios de construir uma cleares no Japão não evocaram res- no convincente para o desarmamen- bomba. Mas somente um programa to nuclear, os Estados Unidos, a sério de desarmamento nuclear uni- posta semelhante hoje? Rússia e outras potências nucleares versal pode restabelecer a confian- remanescentes estão promovendo, ça e a credibilidade necessárias para Um primeiro passo seria os Esta- com a inação, um futuro no qual es- reconstruir o consenso global de sas armas poderão ser usadas. Essa que a persuasão nuclear é uma dou- dos Unidos finalmente ratificarem catástrofe precisa ser evitada. trina morta. Não mais podemos per- mitir, política ou financeiramente, o Abrangente Tratado de Banimen- A dissuasão torna-se menos con- a discriminação de países que “têm” fiável e mais arriscada à medida que e “não têm” armas nucleares. to de Testes Nucleares de 1996 aumenta o número de países com armas nucleares. Somente passos Reykjavik provou que a ousadia (CTBT). Barack Obama endossou decisivos rumo ao desarmamento po- é recompensada. As condições para dem fornecer a segurança mútua um tratado de desarmamento esta- esse tratado como instrumento vi- necessária para forjar compromissos vam longe de ser favoráveis em firmes sobre controle e não prolife- 1986. Antes de me tornar líder da tal para evitar a guerra nuclear. É ração de armas. União Soviética, em 1985, as rela- ções entre as superpotências da hora de Obama pôr em prática os A confiança e o entendimento Guerra Fria tinham atingido o fun- construídos em Reykjavik pavimen- compromissos assumidos, vestir a SOPHIA • JAN-FEV/2013 camisa de grande comunicador de Reagan e persuadir o Senado dos Estados Unidos a formalizar sua ade- rência ao CTBT. Isso iria instigar as nações reti- centes – China, Egito, Índia, Indo- nésia, Irã, Israel, Coreia do Norte e Paquistão – a também considerar o CTBT. E nos aproximaria de um ba- nimento global de testes nucleares em qualquer ambiente – subterrâ- neo, na atmosfera, no fundo do mar e no espaço sideral –, para o bem da humanidade e do planeta. S *Ex-presidente da União Soviética. 25

ALETIA / SHUTTERSTOCK [ CONSCIÊNCIA ] Estar no mundo e viver em paz ‘ Para que a paz chegue ao mundo, não deve haver dentro de nós luta, ambição nem ilusões de insegurança. Quando nossas ilusões terminarem, seremos ‘precursores da harmonia “As crianças são felizes por nature- za. Elas não lutam contra o mun- do, não se preocupam em adquirir bens nem em se autoengrandecer. São apenas elas mesmas” 26 SOPHIA • JAN-FEV/2013

SOPHIA • JAN-FEV/2013 Radha Burnier* Nos tempos antigos, comparava- se a vida mundana ao girar de uma roda. Aquele que nasce como prínci- pe pode tornar-se escravo, dizia-se, e um serviçal pode se alçar a uma ele- vada posição. Ninguém pode ter cer- teza de que a felicidade de hoje exis- tirá amanhã. A roda de samsara, de renascimentos e mortes, é um sím- bolo da incerteza em um mundo em constante mudança; ninguém está li- vre de perder o que possui. A condição mundana também é comparada ao oceano da vida (bhava- sagara), cheio de perigos, sacudido por tormentas, habitado por tubarões e outras criaturas vorazes. Mas mes- mo aqueles que concordam com es- sas imagens raramente levam a sério a necessidade da mudança, e conti- nuam vivendo com as incertezas e os perigos como se eles não existissem. O perigo não é apenas perder posses ou status; é ser arrastado impotente pelas correntes do oceano, agindo mecanicamente, inconsciente do que está acontecendo, sem um rumo mo- ral e espiritual. Uma terceira descrição da vida mundana são as palavras bhava-roga: uma doença grave. Assim como a do- ença enfraquece cada célula do corpo, fazendo-o perder a saúde e por fim pro- duzindo a morte, pertencer ao mun- do é uma aflição psicológica constitu- ída de distorções mentais que levam à desintegração moral e espiritual. Ape- sar das incertezas, uma coisa é quase certa – a influência dos opostos, espe- ranças e medos, resultará em agitação mental e perda da paz. Essa é a experiência, em maior ou menor grau, de quase todas as pesso- as. A esperança de crescer, ganhar afe- to, “tornar-se alguém” e assim por di- ante é acompanhada pelo medo do fra- casso e da perda. Oriundas dos opostos básicos (temor e esperança) surgem outras dualidades. A esperança reali- zada leva à exultação; não realizada, à frustração. A mente balança entre a 27

exasperação e o gozo, e ignora os va- formas de fuga são uma distração da formidade, por isso a maioria faz o que lores e os propósitos da vida. necessidade de refletir sobre a vida todo mundo faz e espera o melhor. e seu significado. Muitos são os caminhos para ten- Qualquer que seja o rumo ado- tar fugir dos altos e baixos da vida, Outra fuga é se isolar do mundo e tado, a fadiga se instalará a seu tem- com suas esperanças e temores. Uma de seus acontecimentos, dizendo: po. Muitos idosos têm essa experi- forma de fuga é a busca do prazer, “Não quero participar desse jogo.” ência, não simplesmente porque é tão comum hoje – encontrar coisas Milhões de pessoas, nesses tempos difícil lidar com um corpo que en- boas para comer, novas roupas, pas- de violência, estão preocupadas ape- velhece, mas por sentir um tipo di- seios. Essas atividades não são erra- nas com seus próprios afazeres e vi- ferente de cansaço. Todas as experi- das, desde que não haja crueldade vem alheias a qualquer outra coisa. ências mundanas são repetitivas; ou indiferença para com as necessi- Não fosse assim, a maior parte delas depois de algum tempo tornam-se dades dos outros; porém, a fuga dei- se levantaria para protestar contra a chatas, sem graça, até mesmo into- xa a mente com seu problema bási- fabricação de armas e outras calami- leráveis. Por isso, em todas as civili- co de incerteza e confusão. Todas as dades atuais. Existe conforto na con- zações, homens e mulheres retira- “A mente egocêntri- ca está em toda parte. Mesmo o monte Everest está cheio de lixo, e lo- cais remotos não estão livres de ruí- do. Não é fácil se retirar do mundo nem ser parte dele” 28 SOPHIA • JAN-FEV/2013

ram-se para viver em solidão, oração Hábitos destrutivos e contemplação. Mas também aí as emoções e os pensamentos funcio- ADEH DESANDIES Um corpo doente fica estressa- Para que lutamos? Por que o es- nam. Também num convento há ci- do, e uma mente com temores, es- tresse surge das profundezas do nos- úmes a respeito de pequenas ques- peranças e incertezas também se so ser? A luta do nosso passado ani- tões, angústias e busca de poder. estressa. Esse estresse está em alta mal ainda estará ativa no cérebro? no mundo moderno, com sua filoso- Por que as pessoas que desfrutam A reclusão não é muito diferen- fia de competitividade e autopromo- das benesses da vida sentem-se po- te de estar no mundo, quando a men- ção. Por isso tantas pessoas estudam bres? As crianças são preparadas para te funciona da mesma forma. A men- o Budismo, o Zen, o Vedanta, ou- assumir posições cada vez melhores, te egocêntrica está em toda parte. vem palestras e frequentam tem- adquirir mais habilidades, realizar Mesmo o monte Everest está cheio plos, tentando escapar de tudo. sempre mais. Além disso, existe a de lixo, e locais remotos não estão luta para ser amado. Quanto mais as livres de ruído. Não é fácil se retirar O monge erudito Srngeri afir- pessoas anseiam por amor, admira- do mundo nem ser parte dele. mou: “As pessoas acreditam que é ção e reconhecimento, mais estres- necessário ir para uma floresta pra- sadas se tornam. Desejando e exi- SOPHIA • JAN-FEV/2013 ticar tapas, mas ela pode ser pratica- gindo – em vez de estarem elas mes- da onde quer que se esteja.” Tapas mas amando e sendo úteis –, pas- significa “queimar” os elementos do sam suas vidas lutando. mundanismo e da impureza. Tapas corporal inclui ser honrado, inofen- A luta é um hábito psicológico sivo e casto. Tapas verbal são pala- destrutivo para provar o próprio vras corretas, que não causem dor, mérito, para parecer esperto, obter que sejam úteis, que levem ao au- vantagens, progredir rapidamente e toconhecimento. Tapas mental é ser assim por diante. Mas por que deve- sereno, ter sentimentos puros e mos parecer espertos? Por que de- uma mente controlada. vemos parecer alguma coisa? Por que todo esse esforço? Será possível Estar fora do mundo significa ser agir e viver, fazer o que vale a pena, livre, controlar a própria vida sem o que é útil e bom, sem precisar psi- ser levado a adotar atitudes, valores cologicamente lutar para isso? e crenças por compulsão. No Yoga- Vasishtha e na Bíblia, encontramos Como lutar é um hábito do ego, conselhos de Vasishtha e Jesus, res- quando as pessoas decidem não fazer pectivamente, para sermos como cri- parte do mundo e viver a vida espiri- ancinhas. As crianças são felizes por tual, a mente continua ansiosa por natureza. Elas não lutam contra o obter a atenção do guru, para se ilu- mundo, não se preocupam em ad- minar rapidamente ou para encon- quirir bens nem em se autoengran- trar o melhor método de vencer os decer. São apenas elas mesmas. defeitos. Assim, ela não é pacífica. É fácil ser mundano enquanto se ima- Em contraste, a essência do mun- gina ser espiritual. Por outro lado, ao danismo expressa-se nos adultos em perceber que o eu egoísta se alimen- uma atitude de confrontação, cons- ta da confrontação com os outros, ciente ou inconsciente. Mesmo em com as ideias, as circunstâncias e os pessoas que não vivem em circuns- seus próprios defeitos, a pessoa se li- tâncias duras, o tempo todo existe vra da tensão, e sobrevém a calma. algo que luta, em um nível sutil. Existe competição na família, no tra- Viver uma vida saudável, ser na- balho, nas outras obrigações. Então, tural e feliz como as crianças signi- fatigados pela luta, as pessoas se es- fica não lutar, mas permanecer qui- forçam para se livrar dela. Ainda não eto e calmo com o que quer que seja. ousam permanecer quietas e em O Taoísmo ensina a não resistência, paz; querem sempre realizar algo, o que implica profundo contenta- chegar a algum lugar. mento interior, em harmonia com o 29

céu e a terra. Não será isso o que Pessoas inteligentes e talentosas tar das manipulações genéticas? quer dizer o Bhagavad Gita ao acon- oferecem soluções variadas para os Somos incapazes de dar fim aos selhar a pessoa a agir “estabelecida imensos problemas atuais, mas mui- no yoga”? Yoga é realizar plenamen- tas vezes a cura é pior que a doença. conflitos no mundo ou de erradicar a te a harmonia do céu e da terra dos O uso de produtos químicos artifici- pobreza. Será que somos tão impo- quais somos parte. Quando não há ais é um exemplo. Supunha-se que tentes porque somos vítimas do es- sentimento de luta, ocorre uma mu- prenunciavam uma sociedade livre tresse do ego, que essencialmente dança nos nossos relacionamentos de doenças, mas criaram novos pro- projeta ilusões a partir de mentes per- e em nosso próprio ser. blemas. Quem sabe o que irá resul- turbadas e, portanto, obscuras? Ob- viamente, apenas a mente tranquila 30 SOPHIA • JAN-FEV/2013

possui clareza; a mente confusa acre- néfica? Tranquilidade e ação podem quilo e claro, não de uma mente em dita em suas capacidades e supõe que parecer contradições, mas não são. A a confusão pode ser subitamente dis- “inação na ação e a ação na inação” luta. A não ser que nos aprofunde- sipada. Mas isso não acontece, por- de que fala o Bhagavad Gita é a ação que suas percepções não são nem oriunda de uma mente profunda e mos nisso e não nos permitamos ser totais nem saudáveis. clara. Tudo o mais é atividade inqui- eta e infrutífera. É vital para o mun- empurrados pela corrente do mun- Como podemos produzir tranqui- do que os indivíduos aprendam a agir lidade e harmonia interior, as únicas a partir de um estado interior tran- danismo, a dor não cessará. coisas capazes de assegurar a ação be- “Yoga é realizar ple- Precisamos parar para compreen- namente a harmonia do céu e da terra dos der como funcionamos. Uma peque- quais somos parte. Quando não há senti- na ação praticada no correto estado mento de luta, ocorre uma mudança nos mental faz muito mais bem do que nossos relaciona- mentos e em nosso grandes ações frutos da luta egocên- próprio ser” trica. No oceano, quando sopra um vento forte, de início ocorrem pe- quenas ondulações, mas se o vento continua soprando, as ondulações tornam-se mais fortes e maiores, e se transformam em enormes ondas. Todos nós lutamos nossas pe- quenas lutas por causa de ambições sem importância e necessidades imaginárias. No reino psicológico, como no oceano, existe um proces- so cumulativo, como acontece com uma perturbação numa multidão. Algumas pessoas ficam assustadas, depois todo mundo entra em pâni- co, resultando em debandada. O mundo inteiro é assim. Nossas pe- quenas lutas se acumulam e se tor- nam guerras. Pessoas como Krish- namurti e o Dalai Lama dizem que somos responsáveis por todo o mun- do. Quando não vivemos na sereni- dade e na paz, criamos guerras. Os Budas nascem no mundo quan- do há degeneração, mas não deixam de ser Budas. Jamais são do mundo, são livres, sem karma, já que são a corporificação da paz. O karma não é apenas ação física, ele engloba o tipo de energia que colocamos em nossa ação. A energia dos Budas é amor e paz, enquanto a energia que as pes- soas comuns geram é egoísta num grau maior ou menor, sendo, portan- to, causa de violência. Para que a paz chegue ao mundo, não deve haver dentro de nós luta, ambição nem VACLAV HROCH / SHUTTERSTOCK ilusões da insegurança. Quando nos- sas ilusões terminarem, seremos precursores da harmonia. S SOPHIA • JAN-FEV/2013 * Radha Burnier é escritora e presidente inter- nacional da Sociedade Teosófica, na Índia. 31

[ TRANSFORMAÇÃO ] O paraíso e o Xingu Regina Celi Medina* MANGOSTOCK / SHUTTERSTOCK Desde crianças ouvimos falar de um paraíso bíblico onde houve felicidade constante, onde homens, mulheres e crianças teriam convivido com os animais e a natureza sem agressores ou vítimas. Segundo a Bíblia, o que acabou com esse paraíso foi a maçã da árvore do conhecimento, fru- to por meio do qual o homem passou a identificar o bem e o mal. Fontes históricas tentaram identificar tal pa- raíso, localizando-o na Mesopotâmia. Foi primei- ramente mencionado na saga de Gilgamesh, um rei daquelas terras em tempos imemoriais. Na Índia e na Grécia também se fala em uma Idade do Ouro, onde não havia violência nem lugares murados. A pesquisa histórica mostra que, há mais de cinco mil anos, a cidade de Mohenjo Daro, na Índia, possuía o conforto da água encanada e tinha uma vida civilizada e pacífica, até uma mudan- ça brusca. Mas, seja qual for a fonte, o mencionado pa- raíso um dia acaba, e o ho- mem é obrigado a se de- frontar com graves proble- mas, com grupos diferen- tes, com um novo meio físi- SHUTTERSTOCK co cheio de dificuldades, com todo tipo de problemas que o expulsam do paraíso e o obrigam a mudar. Mesmo se esquecermos “Os europeus as fontes históricas ou reli- aprenderam giosas, podemos observar que muitos povos ficaram com os índios a isolados por milênios, cerca- tomar banho e a dos pelos seus iguais, perfei- utilizar novas fon- tamente harmonizados e co- tes de alimentos nhecedores do seu ambien- te, atendidos pela natureza nutritivos; suas plantas curativas que conheciam bem, até ajudaram a cons- chegar o dia de enfrentar a truir a medicina” 32 SOPHIA • JAN-FEV/2013

‘ Há muitas pessoas que se esforçam para que a Terra seja, um dia, um novo tipo de paraíso. As mudanças benéficas deverão ser plantadas ‘nos corações, de forma consciente, crítica, fraterna e inovadora SOPHIA • JAN-FEV/2013 33

mudança. Geralmente surge um Consciência coletiva povo mais violento e dominador, com estratégias e conhecimentos Nos anos 1950 ainda havia para- costumes e identidade, avançando ameaçadores, e impõe seu modo de ísos intocados no nosso país, escon- com outros parâmetros. vida. Também é verdade que, mui- didos numa natureza preservada tas vezes, é influenciado por conhe- pela distância e dificuldade de aces- O estado de consciência relativo cimentos existentes entre os domi- so. Foi o sonho de conhecer essa ao paraíso mitológico cumpre um nados, os quais desconhecia. A tro- realidade que motivou os irmãos tempo determinado. Por mais que ca cultural é inevitável; a violência Villas-Bôas, três jovens bem-educa- os antropólogos queiram mantê-lo não deveria ser a tônica, mas tem dos de São Paulo, a se embrenhar a todo custo, a necessidade da mu- sido. Do encontro, violento ou não, no sertão. O governo queria avan- dança acaba se impondo de alguma sempre surgirá o novo na cultura, çar em direção a esses povos perdi- forma. Tradições unem e são impor- no conhecimento e na adequação dos na selva, visando à conquista de tantes para a identidade, mas serão para uma evolução de algum tipo. O territórios e integração à sociedade modificadas, fatalmente, pelo tem- sábio grego Heráclito, em cerca de “civilizada”. A tragédia teria se re- po e pela evolução do ser humano. 500 a.C. , um dia ensinou que não petido, não fosse a intervenção des- A realidade física, emocional ou há nada permanente, exceto a mu- ses três jovens idealistas, apaixona- mental é mutável pelas condições dança. Até os paraísos um dia aca- dos, de antemão, pelo desafio da de vida. O único paraíso que pode bam, pois a estagnação não faz parte aventura e decididos a registrar com ser preservado é o espiritual, a reve- do projeto da natureza, o que pode um novo olhar o momento desse lação do eu interno. O paraíso será ser facilmente verificado. novo descobrimento. Esforçaram-se construído dentro de nós, por meio muito para virar a história e conse- da compreensão da unidade da vida, No nosso país, o paraíso descri- guiram, com muita determinação, to na Carta do Descobrimento por criar um território indígena. Pero Vaz de Caminha não durou muito. O encontro dos europeus O primeiro choque repetiu a com aqueles povos, inocentes história quando a simples presença quanto à existência de gente tão daqueles “brancos amigos” infec- diferente, vindos de lugares igno- tou os indígenas com a gripe e ma- rados e possuidores de armas mais tou muitos deles. Mas, a partir daí, destruidoras, acabou em um cho- recorreram às vacinas e salvaram os que de doenças, escravidão e mor- outros. Aprenderam a língua e re- te. Alguns jesuítas tentaram salvá- gistraram a cultura ainda original los, tornando-os mais adaptados aos desses povos. Conseguiram um ter- estrangeiros, em uma tentativa de ritório enorme; o Parque Nacional integrá-los. Fizeram um belo tra- do Xingu é ainda uma realidade. balho no sul do Brasil, na Argenti- Mas como deter a mudança? Os na e no Paraguai. Provaram que próprios irmãos constataram que aquela gente diferente era inteli- seria impossível impedir a influên- gente, aprendia técnicas de cons- cia externa para sempre. Porém, trução, música e arte, e até a ler, poderiam criar meios para que hou- conhecimento raro entre os portu- vesse uma integração mais respei- gueses mais simples. Mas, para isso, tosa e adequada, que pudesse reter sua cultura foi sacrificada, e, depois, muitos perderam a vida, vítimas das “O único paraíso que disputas políticas e divisão de terras pode ser preservado é o entre Portugal e Espanha, após anos espiritual, a revelação do de reinado unificado sob a coroa es- eu interno. O paraíso será panhola. Os índios missioneiros fa- construído dentro de nós, lavam espanhol e não poderiam ha- por meio da compreen- bitar as terras que seriam devolvi- são da unidade da vida” das a Portugal. A violência destruiu as missões e a maior parte de seus SOPHIA • JAN-FEV/2013 habitantes no Brasil. 34

da aceitação das leis que a regem, vestigadas com grande interesse, matamento da região, para ensinar o da vivência da fraternidade e da embora sem reconhecimento e sem seu povo a usar GPS e técnicas que união com tudo e com todos. retorno de riqueza para as tribos. Co- apontem novas destruições e façam mandados pelo índio e piloto Marcos soar o alarme para as autoridades. Odi- É por isso que não somos mais Terena, chegaram ao Rio com câme- ados pelos madeireiros, tentam man- canibais, não escravizamos e não ras fotográficas, computadores e fil- ter a floresta que lhe coube de forma enviamos hereges para a fogueira, madoras. Não queriam perder o re- inteligente e criativa. características de nossos antepassa- gistro dos novos aspectos de sua his- dos. Na reunião de cúpula Rio +20, tória. Receberam camisas do Vasco A mudança é mesmo inevitável os representantes dos índios do Xin- da Gama, pois adoram futebol, assis- e sempre surge o novo, que não é gu estiveram no Rio de Janeiro. tem às partidas e guardaram o amor mais o que foi ontem, para qualquer Como anfitriões de seus colegas de que os irmãos Villas-Bôas lhes trans- pessoa. Quando há uma consciên- outros cantos do planeta, vieram mitiram pelo time deles. cia coletiva que age na transforma- construir a Kari-Oca, a grande casa ção através da sabedoria, surge uma indígena que abrigou as discussões Estranharam o barulho e adoraram troca construtiva, baseada na análi- de suas lideranças. conhecer o mar. Não são iguais aos se e assimilação das diferenças pro- índios de cinquenta anos atrás, mas veitosas. Há muitas pessoas que se No passado, os europeus apren- continuam índios, cumprindo a sua esforçam para que a Terra seja, um deram com os índios a tomar banho evolução da forma que a incorporaram. dia, um novo tipo de paraíso. As mu- e a utilizar novas fontes de alimen- Um outro cacique, de Rondônia, con- danças benéficas deverão ser planta- tos nutritivos, como o milho e a seguiu que técnicos norte-america- das nos corações, de forma conscien- mandioca. Suas plantas curativas nos do Google viessem ao seu territó- te, crítica, fraterna e inovadora. Tal ancestrais ajudaram a construir a rio, única área verde no meio do des- paraíso deverá ser construído com medicina moderna e ainda são in- base na fraternidade, PETAR PAUNCHEV / SHUTTERSTOCKequilíbrio e felicidade. Nesse momento só nos cabe uma ação idealista e trabalhadora na cons- trução desse futuro, como os irmãos Villas- Bôas tiveram a coragem de fazer durante sua his- tórica participação. Tal- vez, um dia, homens, mulheres, animais e na- tureza possam viver no- vamente em paz, como no paraíso mítico, des- frutando da maçã do co- nhecimento e da sabe- doria, sem culpas, sem castigos ou qualquer tipo de violência, habi- tando um paraíso que merecerão, porque o construíram. Até que a evolução determine os novos caminhos. S SOPHIA • JAN-FEV/2013 * Regina Celi Medina é mem- bro da Sociedade Teosófica no Rio de Janeiro e diretora na- cional da Ordem Teosófica de Serviço, voltada para a assis- tência social. 35

[ FILOSOFIA ] De volta às ‘ raízes Não existe maior aventura espiritual do que retornar à nossa concha cultural aparentemente vazia e forçá-la a se abrir até encontrar as pérolas em seu interior. Então teremos servido a um ‘propósito maior do que nós mesmos, unindo início e fim 36 SOPHIA • JAN-FEV/2013

ENTREVISTA • PETER KINGSLEY TATIANA POPOVA / SHUTTERSTOCK Richard Smoley* Estudioso dos pré-socráticos, Kingsley afirma que es- ses “pais” do pensamento ocidental foram visioná- Peter Kingsley é um tipo raro de rios esotéricos com um entendimento do universo mui- pessoa: um erudito com um senso das to mais amplo do que a ciência consegue abarcar, e verdades que se situam além do reino propõe uma profunda reavaliação do “solo sobre o da erudição. Conhecedor da literatu- qual a nossa visão da realidade está construída” ra greco-romana com credenciais im- pecáveis, incluindo doutorado pela SOPHIA • JAN-FEV/2013 Universidade de Londres, fez carrei- ra aventurando-se além das praias dos acadêmicos convencionais. Kingsley devotou muito de sua atenção aos filósofos pré-socráticos – plêiade de pensadores que floresceu na Grécia antiga, aproximadamente entre 600 e 430 a.C. Todo estudante de filosofia foi apresentado a esses personagens, entre os quais se inclu- em Pitágoras, Heráclito, Parmênides e Empédocles. Porém, como seus es- critos sobreviverem somente em frag- mentos, eles são tidos como pensa- dores materialistas cujo mérito foi principalmente servir como precur- sores da ciência moderna. A visão que Kingsley tem dos pré- socráticos é radicalmente diferente. Ele discorda de que seus sucessores, notadamente Platão e Aristóteles, te- nham deixado deles visões incomple- tas e distorcidas. Em obras como Phi- losophy, Mystery and Magic: Empedo- cles and Pythagorean Tradition, In the Dark Places of Wisdom e Reality, Kings- ley afirma que os pré-socráticos – pais intelectuais do pensamento ociden- tal – não foram provedores de siste- mas científicos primitivos, mas visio- nários e esotéricos com uma visão do universo muito mais ampla e profun- da do que a ciência atual consegue compreender. Em seu último livro, A Story Wai- ting to Pierce You: Mongolia Tibet and the Destiny of the Western World, publicado em novembro de 2010, Kingsley enfoca uma figura da Anti- guidade pouco conhecida, de nome Abaris, que, segundo ele, representa o elo perdido entre a sabedoria da Ásia Central e o conhecimento da civili- zação ocidental. 37

Qual é a visão convencional diferente. Esses chamados filósofos tal. Durante anos eu me senti in- dos pré-socráticos, e onde você não eram pensadores nem especu- teiramente só com o mistério do que acha que ela está errada? ladores teóricos, e em nada se asse- tinha descoberto. Então, para minha melhavam aos racionalistas no sen- surpresa, comecei a descobrir que Meu trabalho sobre os pré-socrá- tido moderno. Muitos eram seres es- os sufis persas da Idade Média, os ticos começou quando eu ainda era pirituais imensamente poderosos. alquimistas árabes, os místicos da adolescente. Foi nessa época que Textos gregos mal interpretados e Espanha, Egito, Meca e Ásia Cen- eles começaram a exercer influên- mal traduzidos revelam, quando as tral preservaram a percepção essen- cia sobre mim. Começou não como distorções são afastadas, ensinamen- cial do que eu tinha experimentado uma investigação intelectual ou tos extraordinariamente espirituais diretamente: muitos pré-socráticos histórica, mas como uma ânsia que e técnicas de meditação potentes eram mestres de sabedoria e guias me consumia – uma necessidade de que ainda podem ser aplicadas e pra- da humanidade, e estabeleceram as descobrir o que está faltando no ticadas. Eu as pratiquei e fui trans- leis espirituais para aquilo que a ci- moderno mundo ocidental. Amigos formado. Entrei em contato direto vilização ocidental originalmente estavam imersos no Budismo e ou- com os ensinamentos de antigos estava destinada a ser. tras religiões do Oriente, mas uma mestres que ajudaram a moldar o voz interior que me impressionava mundo ocidental e a nossa cultura. Algumas figuras notáveis da Ida- com sua clareza e lógica instruía-me de Média se consideravam seguido- a focar no Ocidente. Era a compre- Os primeiros anos dessas desco- res dos pré-socráticos que viveram ensão intuitiva de que a solução para bertas foram incalculavelmente dois mil anos antes – uma história os males contemporâneos deve ser significativos para mim, no senti- surpreendente que comecei a con- encontrada no coração do problema, do pessoal. Ao longo do tempo, no tar no meu livro Ancient Philosophy, sem desviar o olhar para outro lu- entanto, vi implicações muito mais Mistery and Magic. Descobri o que gar. Fui atraído a voltar à pré-aurora amplas – não apenas pelo modo significa ser parte de uma tradição do que chamamos filosofia ociden- como abordamos a história ociden- que está tão viva agora como estava tal: aos “pré-socráticos”. tal, mas também pelo modo como nos primórdios da nossa cultura. entendemos a nós mesmos e o des- Esse nome é um rótulo para os tino da nossa cultura. Os chamados Nos seus livros você afirma filósofos que viveram antes de Só- pré-socráticos não eram os tolos que a filosofia ocidental saiu dos crates. Se você retornar a Platão, primitivos que nos são apresenta- trilhos no estágio primitivo de discípulo e sucessor direto de Sócra- dos. Pelo contrário, alguns situam- sua história. Quais foram as con- tes, encontrará a raiz do modo como se entre os fundadores da civiliza- sequências? as pessoas se referiam aos “pré-so- ção ocidental e conscientemente a cráticos” desde então: divertimen- trouxeram à existência, para servir Podemos criar abordagens teóri- to e fascinação, uma certa atração a um propósito sagrado. cas, explicações revolucionárias, misteriosa, misturada com uma su- etc, mas jamais entenderemos a re- perioridade intelectual que se tor- Assim como os nativos norte- alidade da história no nível da teo- nou cada vez mais inquestionável. americanos veneravam seus ances- ria. Só conseguimos entendê-la com Deus proíbe que nós tenhamos algo trais, que lhes deram instruções ori- a nossa própria experiência, porque a aprender com os ingênuos pré-so- ginais que jamais devem ser esque- tudo existe dentro de nós exatamen- cráticos! Na melhor das hipóteses, cidas, nós, no Ocidente, também te- te agora. Se formos verdadeiramen- eles apenas realçam nosso avançado mos nossas instruções e os grandes te honestos, começaremos a ver o refinamento. mestres que as legaram: pessoas quanto temos recebido da vida. Mas como Pitágoras, Parmênides, Empé- veremos também como somos atraí- Mas, quando entrei no mundo docles. O problema é que não mais dos a trivializar dons extraordinári- dos pré-socráticos, em seus textos temos a humildade intelectual para os, não lhes dando atenção e trans- antigos, descobri algo totalmente lembrar de onde viemos, e a lei a formando o miraculoso em algo co- esse respeito é muito simples. Quan- mum e esperado, seguro e rotinei- “Textos gregos mal interpreta- do esquecemos, perdemos de vista ro. O processo, a não ser que viva- dos e mal traduzidos revelam, o quadro maior e sofremos. mos constantemente num nível ex- quando as distorções são afas- cepcional de consciência, é tão ine- tadas, ensinamentos espirituais Nós não apenas perdemos a me- vitável quanto nossos corpos se tor- e técnicas de meditação que mória de nossas raízes, como sofre- narem mais fracos com a idade, ou ainda podem ser praticadas” mos uma condenação por esse es- os pneus de um automóvel perde- quecimento: nossa história sagrada rem a banda de rodagem. 38 foi resgatada fora da cultura ociden- Isso explica por que a filosofia SOPHIA • JAN-FEV/2013

“Assim como os nativos norte-ameri- canos veneravam seus ancestrais, que lhes deram instru- ções que jamais de- vem ser esquecidas, nós, no Ocidente, também temos gran- des mestres, como Pitágoras, Parmêni- des, Empédocles” JOSÉ GIL / SHUTTERSTOCK SOPHIA • JAN-FEV/2013 3939

ocidental saiu dos trilhos tão rapi- ficamos cada vez mais centrados em centenas de outros exemplos, como damente. Filosofia quer dizer “amor nossos pensamentos e preocupa- a expressão “bom senso”. Ninguém à sabedoria”, e esse amor é imensa- ções. Algo que antes era real trans- tem ideia do que isso significa. O mente perigoso, porque significa formou-se num simples recurso de bom senso é um mistério profundo. que é preciso querer sacrificar tudo linguagem; o que originalmente Refere-se ao que, entre pré-socráti- pela sabedoria, até mesmo morrer teria envolvido todo o nosso ser tor- cos como Empédocles, era a prática por ela, se necessário. Isso aconte- nou-se especulação vazia na segu- de se tornar consciente simultane- ceu de modo literal com Sócrates e rança de nossas academias; e enga- amente através de todos os nossos também com pré-socráticos que se namos a nós mesmos ao explicar es- sentidos. Era uma técnica rara e eso- recusaram a transigir. sas mudanças como provas de nossa térica, usada para despertar poderes “evolução”. O que começou como espirituais adormecidos e precipitar Mas nós ficamos apavorados com amor à sabedoria tornou-se institu- o processo evolutivo da consciência. uma paixão e uma integridade as- cionalizado até que a verdadeira sa- sim. Muita intensidade é exigida, e bedoria fosse excluída. Sem compre- Quando Aristóteles pinçou a ex- os riscos em cada estágio podem ser ender, vivenciamos um dos princí- pressão “bom senso” e começou a assustadores; assim, começamos a pios dos pré-socráticos: tudo se trans- jogá-la ali e acolá, tudo o que podia economizar esforços e a buscar uma forma em seu oposto. dar errado deu errado. Ele arrogan- rota mais segura. Em vez de o foco temente supunha que o bom senso primário ser a realidade do sagrado, Além da palavra “filosofia”, há era algo ativo em todo ser humano, 4040 SOPHIA • JAN-FEV/2013

inclusive nele mesmo. Não enten- Pode-se ver esse mesmo proces- significado sagrado. O resultado é o dia que era o raríssimo fruto de um so na história do que ingenuamen- mundo em que vivemos, onde per- treinamento iniciático árduo, por- te chamamos de lógica. Todos acha- demos a conexão com a realidade e que não possuía mais a humildade mos que temos uma ideia do que tentamos seguir adiante numa exis- para testar pessoalmente os ensina- seja a lógica, mas com Parmênides, tência estranhamente sem vida, que mentos de Empédocles. fundador da lógica ocidental e tal- nunca é capaz de nos satisfazer. Afir- vez o pré-socrático mais influente, mamos ter faculdades muito além de “Somos atraídos a trivi- tudo era praticamente o oposto. A nosso alcance – lógica, sabedoria, alizar dons extraordinários, lógica era um dom divino oferecido bom senso – em vez de lembrar que transformando o miraculo- aos humanos pela deusa no coração precisamos de ajuda para encontrá- so em algo comum e es- de toda a existência, para nos guiar los e esforço para adquiri-los. No perado, seguro e rotineiro. de volta à compreensão da verdadei- Ocidente nós nos tornamos hábeis Esse processo é tão inevi- ra unidade, nossa fonte última. A ló- em nos livrar dos mestres. tável quanto os pneus de gica era sagrada sob todo aspecto – um automóvel perderem a em sua origem, na poesia encanta- Quem sente o mais leve anseio banda de rodagem” tória usada para comunicá-la e em por uma realidade mais plena fica seu propósito geral. propenso a buscá-la em outro lugar, SOPHIA • JAN-FEV/2013 no seio de alguma cultura exótica Pode-se dizer que essa conversa com rituais fascinantes. Mas ao bus- a respeito do divino é só uma vesti- car em outro lugar a realidade que menta mitológica que nós, homens perdemos em casa, nós nos arrisca- modernos e instruídos, precisamos mo a cair numa armadilha. Não exis- jogar fora – até que se comece a ver te maior aventura espiritual do que o propósito da lógica. Nas mãos de retornar à nossa concha cultural Parmênides e de seu famoso suces- aparentemente vazia e forçá-la a se sor Zeno, ela era uma ferramenta abrir até encontrar as pérolas em seu usada para rasgar todas as nossas ilu- interior. Então teremos servido a sões a respeito de nós mesmos e da um propósito maior do que nós mes- natureza da realidade. mos, unindo início e fim. Mas sutilmente, a princípio com Por que o conhecimento oci- Platão e depois com Aristóteles, dental apresenta um quadro tão tudo começou a mudar. A lógica foi em desacordo com o que você forçada a funções inadequadas. Em descreve? vez de permitir que o divino nos penetre com seu conhecimento Pode-se ser tentado a dizer que oniabarcante, foi usada para provar o conhecimento ocidental é um ex- a esperteza humana, e perdeu com- perimento fracassado, mas isso seria pletamente o foco original. Em vez falso e injusto. Ele tem permaneci- de nos libertar, foi usada para refor- do notavelmente fiel à sua função e çar nossas ilusões; em vez de cortar propósito iniciais. O termo scholar diretamente o nosso imaginário, fal- (estudioso) deriva de uma palavra sidades e discriminações, ela nos grega aplicada a pessoas que não têm prendeu dentro disso ainda mais. A nada melhor a fazer do que passar o lógica também se transformou no dia todo conversando. Nada descre- seu oposto. Tornou-se uma discipli- na puramente mental, e o mistério “A lógica se transformou no de sua origem foi enterrado profun- seu oposto. Tornou-se uma damente. Aqui também tentamos disciplina puramente mental, e tornar tudo seguro e administrável, o mistério de sua origem foi mas a um preço terrível. enterrado profundamente. Aqui também tentamos tornar Em cada uma dessas palavras – tudo seguro e administrável, filosofia, bom senso, lógica – algo profundamente esotérico foi pisote- mas a um preço terrível” ado, mal utilizado e despido de seu 41 ILKER

“Os estudiosos têm um mentar com a maioria dos estudio- DAN BRECKWOLDT / SHUTTERSTOCK maravilhoso sortimento de sos, porque eles interpretam mal o ferramentas, mas não sa- que tento dizer, ignoram o óbvio, “Ou a cultura ociden- bem como usá-las. Isso encobrem ou manipulam evidênci- tal teve um ‘nasci- porque operam apenas no as e surgem com os mais absurdos mento virgem’, nível da mente, sem perce- pseudoargumentos para agradar isolado do resto do ber o que é necessário seus pares, enquanto parecem se planeta, ou, se houve para fazer a mente traba- expressar de maneira racional. influências externas, lhar com sabedoria” só podem ter vindo O modo como interpretamos mal de culturas elevadas ve melhor a dinâmica básica que os pré-socráticos não é apenas uma como as do Egito, move as rodas da pesquisa e da dis- preocupação intelectual ou históri- Babilônia ou Pérsia” cussão erudita hoje. Mas nada pode ca. Distorcer a realidade do que eles estar mais distante do impulso que representam é cortar a respiração, o SOPHIA • JAN-FEV/2013 guiou os pré-socráticos, que cons- sangue vital do mundo ocidental. É tantemente apontavam a fragilida- nos separar do propósito sagrado da de de nossas vidas passageiras e a ur- nossa cultura. No início do meu li- gência de encontrar a realidade an- vro In the Dark Places of Wisdom, as- tes de morrermos. sinalei que os estudiosos incumbi- dos de compreender os pré-socráti- É aí que está o X da questão. Os cos tornaram-se como os escribas e estudiosos têm um maravilhoso sor- fariseus denunciados por Jesus: timento de ferramentas, mas não “Eles detêm as chaves do conheci- sabem como usá-las corretamente. mento, mas as ocultam; eles não Isso porque operam apenas no nível penetram em si mesmos nem abrem da mente, sem perceber o que está as portas para mais alguém”. por trás da mente, o que é necessá- rio para fazer a mente trabalhar com Seu livro A Story Waiting to sabedoria. E a mente sempre nos en- Pierce You tem como subtítulo gana fazendo-nos crer que temos Mongólia, Tibete e o Destino do tempo. A realidade é que não temos Mundo Ocidental. Por que você tempo a perder, não apenas porque foi atraído nessa direção? vamos morrer, mas porque toda a nossa cultura está morrendo à nos- Esse novo livro tem a ver com as sa volta e dentro de nós. origens do mundo ocidental. Ou a cultura ocidental teve um “nasci- Em uma cultura, sempre que mento virgem”, isolado do resto do uma fase é alcançada, traz a necessi- planeta, ou, se houve influências dade de reunir a essência do passa- externas, só podem ter vindo de do no presente, para o bem do futu- culturas elevadas como as do Egi- ro. Infelizmente a maioria dos eru- to, Babilônia ou Pérsia. Certamen- ditos está a ver navios a respeito des- te houve influências dessas fontes, sa dinâmica essencial. A erudição como documentei durante anos. não está preocupada com a busca da Quando olhamos as evidências, sur- verdade. Essa é apenas uma aparên- ge um quadro amplo, que mostra cia decorativa. Ela está preocupada pré-socráticos como Pitágoras em em nos proteger de verdades que contato com a Ásia Central e a poderiam pôr em risco nossa segu- Mongólia. Não há como negar a im- rança. E assim o faz, perpetuando portância histórica de áreas como as ilusões coletivas num nível mais pro- montanhas Altai ou o deserto de fundo do que os eruditos podem Gobi: a evidência está lá, nos textos perceber. No que diz respeito aos escritos e nos registros arqueológi- pré-socráticos, não faz sentido argu- cos. Mas ninguém está querendo li- gar os pontos. 42 Há nessa história uma tremenda unidade – não uma unidade espiri-

tual acessível somente em níveis dente sempre estiveram intima- mundo ocidental. O único proble- elevados de consciência, mas uma mente conectados e que a civiliza- unidade profunda, crua, vibrante, o ção ocidental está unida às culturas ma é que esquecemos até mesmo o solo sobre o qual a nossa visão da da Ásia Oriental é somente a “cas- realidade está construída. É uma ca” desse livro. Quando se começa a que significa lembrar. Lembrar não história que abarca as negligencia- observar de perto como a nossa cul- das culturas xamânicas da Ásia Cen- tura surgiu, podemos ver princípios é entulhar a mente com fatos e da- tral, da Mongólia, do Tibete, assim espirituais comuns a todas as civili- como as tradições dos nativos nor- zações. Começamos também a ver dos, mas trazer de volta ao momen- te-americanos. É a história de como por que elas declinam, e como as a nossa própria civilização veio à exis- pessoas terminam desperdiçando a to presente todas as partes espalha- tência, e a história da vida espiritu- semente divina. al no planeta como um todo. das de nós mesmos, numa simplici- Podemos ajudar as águas da vida Mas mostrar que Oriente e Oci- a fluir novamente no deserto do dade que nos permita seguir rumo SOPHIA • JAN-FEV/2013 ao futuro. S * Richard Smoly é editor da Sociedade Teosófica em Chicago, EUA. Para saber mais a respeito de Peter Kingsley e sua obra, veja www.peterkingsley.org. 43

Ricardo Lindemann é Astrologia e mistérios Por que o engenheiro civil e as- mundo não trólogo, licenciado ARTY FREE / SHUTTERSTOCK em Filosofia pela ‘ acabou UFRGS, presidente dos Sindicato dos Se a alma for imortal, mesmo o fim Astrólogos de Brasí- de todo o sistema solar não poderia lia e membro do Conselho Mundial da afetá-la. Tudo parece indicar que Sociedade Teosófica o medo do fim do mundo é apenas o Internacional. Linde- medo da morte individual projetado em mann escreve regular- ‘algum cataclismo fenomenal mente pa4ra4SOPHIA. SOPHIA • JAN-FEV/2013

Ricardo Lindemann antecedência, que publicou em A Dou- Tais ocorrências parecem indicar trina Secreta, quando escreveu ‘até o Com o início do ano de 2013, pa- ano de 1897 dar-se-á um grande ras- que as quadraturas Urano com Plutão rece oportuno refletir sobre o que afir- gão no véu da natureza, e a ciência mei na revista SOPHIA nº 27, no meu materialista receberá um golpe mor- estão se comprovando alinhadas com artigo Nostradamus e a Nova Era Astro- tal’; ‘no dia em que a descoberta da lógica: “A cultura cristã tem sido sem- matéria radiante do Sr. Crookes con- a chamada Primavera Árabe e outras pre atormentada pelas diferentes in- duzir a um estudo mais completo so- terpretações do Juízo Final, origina- bre a verdadeira origem da luz, revo- tensões no Oriente Médio, em con- das nas Revelações do Apocalipse de São lucionando todas as teorias atuais’.” É João na Bíblia Sagrada”. um fato histórico que J.J. Thompson formidade com o que comentei no descobriu o elétron e, portanto, de- Atribui-se ao Buddha o ensinamen- monstrou a divisibilidade do átomo, artigo 2012 e as Sete Quadraturas de Ura- to sobre a impermanência, bem como para total surpresa do ceticismo cien- o pensamento de que tudo que é com- tífico da época, exatamente no ano de no com Plutão, na revista SOPHIA nº posto cedo ou tarde decompõe-se, e 1897 (fim do primeiro ciclo sombrio portanto o planeta Terra terá um fim, de 5.000 anos do Kali Yuga do calen- 36: “As sete quadraturas exatas de Ura- mas as dimensões de tempo astronô- dário hindu). micas são imensamente maiores do no com Plutão ocorrerão em 24 /06/ que a duração de uma vida humana. Por outro lado, A Doutrina Secreta Talvez esse seja o primeiro problema enfatiza a existência de um plano divi- 2012; 19/09/2012; 20/05 /2013; 01 /11 / para avaliar quanto tempo ainda dura- no, e embora mencione o grande dilú- rá este planeta, cuja vida obviamente vio ou afundamento da grande Ilha de 2013; 21 /04 /2014; 15 /12 /2014 e 16/ depende do Sol. A astronomia estima Poseidonis (Atlântida, 9.564 A.C.), que o Sol já tenha 4,57 bilhões de anos, marcando o fim da civilização da quar- 03 /2015, no horário de Brasília, e as e que brilhará por mais 5 bilhões, quan- ta raça-raiz, simplesmente não menci- do viriam alterações mais significati- ona um fim do mundo tão próximo. pessoas que tiverem planetas ou ân- vas que inviabilizariam as formas de Na verdade, menciona que a duração vida hoje conhecidas na Terra. do Kali Yuga, ou Idade Negra ou de Fer- gulos (exemplo: Ascendente e Meio ro (materialista) é de 432.000 anos, e Muito antes disso, obviamente, que teria apenas iniciado em 17 de fe- Céu) importantes nos seus mapas as- nosso corpo físico terá morrido, pois vereiro de 3.102 A.C., quando se deu a dificilmente dura mais que cem anos; morte de Krishna. Restariam, pois, se- trais em signos cardinais (Áries, Cân- portanto, se não houver uma alma ou gundo o calendário hindu, pelo me- algo imortal no ser humano, todos nos ainda 427 mil anos antes que a onda cer, Libra e Capricórnio), nos graus esses bilhões de anos serão absoluta- de vida humana saia desse ciclo plane- mente irrelevantes para o indivíduo, tário do globo terrestre. 08°, 06°, 11°, 09°, 13°, 12° e 15°, senti- porque ele terá fim muito antes do fim do mundo. Por outro lado, se a Outra reflexão que também pode- rão mais intensamente os seus efeitos alma for imortal, como predicam as se fazer agora, a partir dos fatos, é so- diversas religiões e também a Teoso- bre a primeira quadratura de Urano nessas datas. No planeta ocorrerão fia, enquanto estudo de religião com- com Plutão que ocorreu exatamente parada, então mesmo o fim de todo o em 24 /06/2012, quando foi conside- crises de aceleramento kármico e sistema solar não poderia afetá-la. Em rado democraticamente eleito Moha- qualquer caso, tudo parece indicar med Mursi, novo presidente do Egito, transformação por motivos econômi- que o medo do fim do mundo na psi- que apresentou comentários contro- cologia humana é apenas o medo da versos sobre o ataque ao World Trade cos e ecológicos, bem como conflitos morte individual projetado em algum Center em 11 /09/2001. Além disso, na cataclismo fenomenal, e, portanto, en- segunda quadratura de Urano com Plu- por problemas de governo, tendo em quanto houver falta de autoconheci- tão ocorreram as revoltas no mundo mento e discernimento serão inúme- árabe, após o lamentável filme ameri- vista que Urano, o planeta da renova- ras as dramáticas e falsas profecias cano anti-Islã que gerou o injustificá- sobre o fim do mundo. vel assassinato do embaixador dos EUA ção e regente da Era de Aquário, esta- na Líbia, Christopher Stevens, e ainda Ao contrário, como então também culminou nas lamentáveis charges pu- rá em Áries, que é um signo belige- comentei: “H.P. Blavatsky fez uma blicadas na França contra Maomé, exa- verdadeira profecia em 1888, preven- tamente na data de 19/09/2012. rante; enquanto Plutão, o planeta do do fatos históricos com nove anos de poder e da regeneração e regente do SOPHIA • JAN-FEV/2013 Meio Céu da mesma Era, estará em Capricórnio, que, sendo um signo de terra, poderá gerar falta de água e cri- ses ambientais. Plutão em Capricór- nio regenerará também as estruturas hierárquicas e formas anacrônicas de poder autoritário. A plena superação das sete qua- draturas de Urano com Plutão acon- tecerá, portanto, somente a partir de 18/07/2026, quando ocorrerá o pri- meiro dos próximos trígonos entre esses dois planetas, estendendo seu efeito até 2029, conforme se pode observar no Mapa Astral anexo [na- quela edição] da possível Federação das Nações. Tudo isso ocorrerá como um karma coletivo, não mera- mente para destruir, mas para des- pertar a humanidade de modo a per- ceber a absoluta necessidade da uni- ficação planetária por meio da Fede- ração das Nações, resultando no fim das guerras e numa nova era de frater- nidade e paz.” S 45

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Tel.: (67) 3025- Empresarial, Bessa. CEP 58035- 020. Tel: (11) 3256-9747. Reuni- Loja Unicidade: R. Cel João 7251/9982-8106. Reuniões: sáb, 030. Tel: (83) 3246-1478, 9117- ões: 6ª, 20h. E-mail: lojaliberdade Duarte, 78, s. 204. CEP: 36770- 18h. E-mail: lojacampogrande@ 4488, 8866-5051. E-mail: lojaes- @sociedadeteosofica.org.br e 000. Tel: (32) 3421-8601/(32) sociedadeteosofica.org.br peranç[email protected] [email protected] 3421-2600/(32) 9111-8181 e (32) GET Flor de Lótus: R. Tinhorão, Porto Alegre-RS 9984-1164. Reuniões: 3ª, 20h, 672, Cidade Jardim, CEP 79040- Loja Raja Yoga: R. Mituto Mizu- sáb., 19h. E-mail: 630. Tel: (67) 3028-6548 / 9637- Loja Dharma: R. Voluntários da moto 301, Liberdade. CEP: lojaunicidade@socie- 7525. Reuniões: 3ª e 6ª, 18h. E- Pátria, 595, s. 1408. CEP: 01513-040. Tel: (11) 3271-3106. dadeteosofica.org.br mail: [email protected] 90039-900. Tel: (51) 3225-1801. Reuniões: 6ª, 20h. E-mail: lojaraja- Criciúma-SC Curitiba-PR Site: www.lojadharma.org.br. [email protected] Loja Libertação: R. Deputado Reuniões: 4ª, 20h (membros); GET Mabel Collins: Cx P. 263, Carlos René Egg, 205, Jardim Ipê, sáb., 15h às 18h30 (público). Loja São Paulo: R. Ezequiel CEP 88801-970. Tel: (48) 3433- Santa Felicidade, CEP 82410-450. Freire, 296, Santana (imediações 0380 / 9904-2080. Reuniões: 1º Tel: (41) 3088-8140 / 9968-7625 / Loja Jehoshua: Pç. Osvaldo metrô Santana), CEP: 02034- sábado do mês, 15h. 9646-5853. Reuniões: 6ª, 20h; Cruz, 15, Ed. Coliseu, s. 2108, 000. Tel: (11) 5661-1383. Reuni- Guarulhos-SP sáb., 10h30 e 18h. E-mail: Centro, CEP: 90030-160. Tel.: ões: dom., 17h30. Site: [email protected] (51) 8417-2533. Reuniões: 3ª, groups.yahoo.com/group/ltsp- GET Mahatma Gandhi: R. Fran- Loja Paraná: R. Dr. Zamenhof, 20h. E-mail: inaiazluhan sampa. E-mail: ltspsampaowner cisco de Assis, 87, s. 1, Centro, CEP 97, Alto da Glória, CEP: 80030- @gmail.com @yahoogroupps.com 07095-020. Reuniões: 4ª, 19h. 320. Tel: (41) 3254-3062. Recife-PE Vitória-ES Joinville-SC Reuniões: 3ª, 20h. GET Dario Vellozo: R. 13 de Loja Estrela do Norte: R. Diogo Loja Sabedoria Universal - Tel: Loja Shanti-OM: R. Eugênio Maio, 538, Centro, CEP 80510- Álvares, 155, Torre, CEP: 54420- 3340-028 (Sr. Alcione). Reuniões: Moreira, 114, Anita Garibaldi. 030. Reuniões: 2ª e 4º domin- 000. Tel: (81) 3459-1452. Reuniões: 1ª terça do mês, 20h. E-mail: CEP: 89202-100. Tel: (47) 3433- gos, 15h30 às 17h30. Tel: (41) dom., 16h. E-mail: lojaestreladonor- [email protected] 3706. Reuniões: 4º domingo do 3352-7175, 9979-7970, 9675- [email protected] mês, 19h. 8126. E-mail: jorgebernardi Rio de Janeiro-RJ GET Blavatsky: Pç. Getúlio Juiz de Fora-MG [email protected] ou Vargas, 35, Ed. Jusmar, s. 614, [email protected] Loja Augusto Bracet - Tel: (21) Centro, CEP 29010-925. Tel (27) Loja Estrela D’Alva: Av. Barão GET Água Verde: R. Alcebía- 2569-9978. E-mail: fcarreira07@ 3227-8249. Reuniões: 3ª, 19h30. do Rio Branco, 2721, s. 1006, des, 198, Água Verde, CEP yahoo.com.br. Reuniões: 6ª, 15h. E-mail: [email protected]. Centro. CEP: 36025-000. Tel: 80620-270. Tel: (41) 3243-9119. (32) 3061-4293. Reuniões: 2ª, 4ª, Reuniões: 2ª e 4ª, 19h30. E-mail: Lojas Conde de Saint Germain, OUTRAS CIDADES sáb., 18h15. [email protected] Jinarajadasa, Nirvana, Perseve- Águas de São Pedro-SP Jundiaí-SP rança e Rio de Janeiro: Av. 13 de Maio, nº 13, s. 1.520, Centro, GET Águas de São Pedro: R. GET Jundiaí: R. Santa Lúcia, CEP 20053-901. Tel: (21) 2220- Pedro Boscariol Sobrinho, nº 95, 25, Chácara Urbana, CEP 1003. SP. CEP: 13525-000. Telefone: (19) 13201-834. Fone: (11) 4586- 3482-1009. Reuniões: 5ª, 20h. Loja Conde de S.Germain: Balneário Camboriú-SC Reuniões 2ª, 14h. GET Luz no Caminho: R. 2.700, Loja Himalaia: Tel (21) 2710- nº 350, CEP 88.300-000. Tel: 3890. (47) 3046-0069 e 8401-4412. Reuniões: quinzenalmente, do- Loja Jinarajadasa: Reuniões mingo às 17h30. E-mail: 46 SOPHIA • JAN-FEV/2013

5022 e 9700-2012. Reuniões: FRED FOKKELMAN 5ª, 20h. E-mail: [email protected]. O que é a Site: www.rosemeiredealmei- da.com Sociedade Teosófica Mogi das Cruzes-SP A Sociedade Teosófica foi fundada em Nova Ior- Não há religião Loja Raimundo Pinto Seidl: que em 1875 por um grupo que inclui a russa Hele- superior à Rua Bráz Cubas, 251, sala 14, na Blavatsky e o norte-americano Henry Olcott, seu 1º andar, Centro. CEP: 08715- primeiro presidente. A sede internacional foi trans- verdade 060. Tel: (11) 4799-0139. Reuni- ferida para Chennai, na Índia, onde se encontra hoje. ões sáb.15h30. A Sociedade tem sedes em mais de 60 países e divi- Esse é o lema da Niterói-RJ de-se em Seções Nacionais formadas por Lojas e Sociedade Teosófica. Grupos de Estudos. Mas a Sociedade não Loja Himalaya: R. da Concei- se impõe como porta- ção 99, s. 207, Centro. CEP A Sociedade Teosófica estrutura-se sobre o prin- dora da verdade; o 24020-090. Tel: (21) 2710-3890, cípio da fraternidade universal e a livre investiga- laço que une os teoso- 2611-6949. Reuniões: 2ª, 19h. ção da verdade. Seus objetivos são formar um nú- fistas não é uma Piracicaba-SP cleo da fraternidade universal da humanidade; en- crença comum, mas corajar o estudo de religião comparada, filosofia e a investigação da ver- Loja Piracicaba: R. Sta Cruz, ciência; investigar as leis da natureza e os poderes dade em relação às 467, Alto. CEP: 13416-763. Tel: latentes no homem. diversas religiões, à (19) 3432-6540. Reuniões: 3ª e filosofia ou à ciência. 5ª, 20h. E-mail: lojapiracicaba@ Membros de diversas religiões se filiaram à So- sociedadeteosofica.org.br. ciedade, mantendo suas tradições. Considerando 47 Praia Grande-SP que ela não é uma religião nem uma seita, somente o respeito à liberdade de pensamento torna possí- Get Thoth: Rua Maurício José vel a convivência harmônica que favorece a investi- Cardoso, nº 1086, Forte, CEP gação e o aprendizado. 11700-140. Tel: (13) 3474-5180. Reuniões: 2ª, 20h. E-mail: A origem da palavra theosophia é grega (“sabedo- get.thoth@sociedade teoso- ria divina”). Quem primeiro utilizou esse termo foi fica.org.br Amônio Saccas, em Alexandria, no século III d.C, Ribeirão Preto-SP que, juntamente com seu discípulo Plotino, fundou a Escola Teosófica Eclética. Esses filósofos neoplatô- GET Ahimsa: R. João Pentea- nicos não buscavam a sabedoria apenas nos livros, do, 38, Jardim Sumaré, CEP mas através de correspondências da alma com o mun- 14020-180. Fones: (16) 3024- do e a natureza. A Sociedade Teosófica moderna, 1755 e 9144-1780. Reuniões: sucessora dessa antiga escola, almeja a busca da sa- Sáb., 16h. E-mail: getahimsa bedoria não pela crença, mas pela investigação da @sociedadeteosofica.org.br verdade que se manifesta na natureza e no homem. GET Acordar: R. Américo Brasiliense, 1.639-A, Vila Seixas, CEP 14014-000. Fones: (19) 3024-1755 e 9144-1780. Reuni- ões: Sáb., 16h. E-mail: luisyogadearaujo@gmail. com São Caetano do Sul-SP GET do Grande ABC: R. Mare- chal Deodoro, 904, Sta. Paula. CEP 09541-300. Tel: (11) 4229- 7846. Reunião 3ª, 20h. E-mail: [email protected] São José dos Campos-SP Loja Vida Una: Rua General Osório, 48, Vila Ema. Reunião: 3ª, 19h30. E-mail: lojavidauna@ gmail.com Uberlândia-MG GET Uniconsciência: ESP. SAMSARA, Av. Cesário Alvim, 619, Centro. CEP 38400-000. Tel: (34) 3236-8661. Reuniões: Sáb., 16h. SOPHIA • JAN-FEV/2013

Conheça as publicações da Editora Teosófica Shiva Sutras O Caminho do Cartas dos Mahatmas Teosofia Prática I.K. Taimni Autoconhecimento para A. P. Sinnett C. Jinarajadasa A palavra sânscrita sutra Radha Burnier Em dois volumes Este livro traz uma sé- significa “fio, linha, cor- rie de reflexões sobre como dão”. Textos importantes nas \"A fonte da felicidade Na tradição de diversas aplicar os princípios da Te- tradições filosófico-religio- é a própria consciência. religiões, uma coletividade osofia na vida diária, tanto sas da Índia são chamados Sabedoria, amor, liberda- de sábios conduz, silencio- no lar como na escola ou de sutras. Eles contêm afir- de e inteligência são al- samente, a humanidade no universidade, nos negócios, mações muito concisas so- guns dos dons naturais da caminho para paz e a sabe- na investigação científica, bre a natureza da realidade consciência\". doria. O Taoísmo mencio- nas artes e na gestão públi- suprema, da consciência na os imortais, o Hinduís- ca. Ele traça um mapa de humana e da relação entre Todos que têm por mo, os rishis, o Budismo, os caminhos alternativos que ambas. Este livro traz um meta redescobrir este es- arhats. Outros os chamam podem conduzir a uma vida dos mais profundos tratados tado, que desejam trilhar de mahatmas, Mestres de harmônica e feliz. Segundo da escola filosófica indiana o caminho do autoconhe- Sabedoria ou Iniciados. Jinarajadasa, com o uso da Shaivismo de Kashmir: os cimento, poderão encon- plena atenção e de nossas Shiva-Sutras. Ele procura trar neste texto ferramen- Segundo a filosofia eso- faculdades intuitivas, pode- esclarecer a natureza da re- tas úteis para uma com- térica, eles se libertaram do mos fazer escolhas mais alidade suprema, sua reali- preensão maior da vida e estágio humano, mas per- acertadas, tornando-nos, as- zação pelo indivíduo e a na- de si mesmos. manecem ligados a nós por sim, pessoas mais integra- tureza e o trabalho daque- compaixão e solidarieda- das e realizadas. Teosofia les que estão permanente- A autora é presidente de. O livro Cartas dos Prática enfatiza a importân- mente estabelecidos nessa internacional da Socie- Mahatmas reúne a corres- cia de definir nossas metas realidade, chamados de dade Teosófica desde pondência entre dois desses na vida e seguir a senda que Mahatmas (Mestres). 1980. Entre seus livros, instrutores e Alfred Sinnett, leva à autorrealização. está Regeneração Huma- um dos líderes do início do na, publicado pela Edi- movimento teosófico. tora Teosófica. www.editorateosofica.com.br 48 SOPHIA • JAN-FEV/2013

Compre pelo cartão Visa [ LANÇAMENTO ] ou depósito bancário. Peça por fax, correio ou Um mergulho na e-mail: editorateosofica@ editorateosofica.com.br consciência Ligue grátis: 0800-610020 Advaita Bodha Deepika – A Luz do cebidos como reais. A pessoa que está Conhecimento Não Dualista sonhando sofre, emociona-se e alegra- A Suprema Realização Ed. Teosófica – 192 páginas se como durante a consciência de vigí- Através da Ioga lia. Somente ao despertar a mente per- Geoffrey Hodson Este é um dos poucos livros alta- cebe, aliviada, que aquelas imagens eram mente recomendados pelo sábio india- ilusórias. Da mesma forma, somente Esta é uma obra para ser no Sri Ramana Maharshi. É uma com- quando o ser humano desperta desse lida e relida por todos os pilação feita de forma didática dos pon- mundo projetado e ilusório ele é capaz que buscam o caminho es- tos mais significativos de comentários de entender que tudo aquilo que toma- piritual, não importa em escritos por vários sábios do passado, va como real é, em verdade, apenas um que tradição. É um livro prá- como Sri Shankaracharya, sobre a filo- conjunto de sombras fantasmagóricas. tico, escrito por alguém que sofia Advaita Vedanta da não dualidade. vivenciou uma profunda sa- Os sábios que são os autores do livro bedoria. O leitor ficará sur- Segundo essa linha ensinam que é possível se libertar da roda preso com o vasto mananci- da Vedanta, o véu de al de informações sobre téc- maya, a ilusão, envolve de nascimentos e da ig- nicas das várias modalida- a consciência, fazendo norância através do méto- des de ioga, incluindo man- com que o mundo exte- do da inquirição, que tra yoga, bhakti yoga, raja rior, composto por indi- consiste de quatro eta- yoga e a pouco conhecida víduos e objetos, seja pas: escutar com a men- atma yoga. Além das técni- percebido como real, te aberta, refletir atenta- cas, o autor apresenta pré- quando na realidade é mente, meditar com a requisitos e alerta sobre os fruto de uma criação mente silenciosa e dese- perigos da prática sem ori- mental ilusória. O livro jar com intensidade a li- entação. Os capítulos sobre comenta que, durante o bertação da ilusão e o Kundalini, Vida Oculta e sono, os sonhos são per- mergulho na paz, na Discipulado são especial- consciência de samadhi, mente importantes. a consciência não dualista. SGAS Q. 603, conj. E, s/nº NOVIDADES! 49 Brasília-DF – CEP 70.200-630 Fone: (61) 3322-7843 InFfooaruçmapaesçoAlõousleaitlveisvreldarpeonarfeioscaslonot1deeem5oa-(hsm6eEó1àndaf)sidiictl32oola3i0vrs!2arhaE3d,Tr-naeci1avooE6@imsad8óm7ietSfo,diocodrisaatleoimpaPrtaaegeetrronieaçrrseoaata.soamvodesfoeinácnodabteo.aBc.doraoms, i.lb. r Fax: (61) 3226-3703 wVwepnwrd.oeeCdgmoirtnooassrmauttalaetemsoasbdoélaifsmicTtaaDV.ncVSooDumsspit.cebroer/mnd.vods SOPHIA • JAN-FEV/2013

Para comprar os livros da Editora Teosófica, peça pelo número! L0i8g0u0e-6g1rá0t0is2:0 1. Além do Despertar - Textos do Escolas de Mistérios - 37. Gayatri - O Mantra Sagrado 56. Meditação Taoísta - Thomas Mestre Hakuin sobre Ricardo Lindemann: 51,00 da Índia - I. K. Taimni: 26,00 Cleary (comp.): 21,00 Meditação Zen: 23,00 19. A Ciência da Meditação - Rohit Mehta: 35,00 38. Gnose Cristã, A - C. W. 57. Mundo Oculto, O - A. P. Sinnett: 2. Alvorecer da Vida Espiritual, O 20. Ciência do Yoga - I. K. Leadbeater: 34,00 30,00 - Murillo Nunes de Azevedo: Taimni: 45,00 25,00 21. Conheça-te a Ti Mesmo - 39. Helena Blavatsky - Sylvia 58. Natal dos Anjos, O - Dora van Valdir Peixoto: 15,00 Cranston: 65,00 Gelder Kunz - 12,00 3. Apolônio de Tiana - G. R. S. 22. Conquista da Felicidade, A - Mead: 23,00 Kodo Matsunami: 23,00 40. Hino de Jesus, O - G. R. S. 59. Ocultismo Prático - Helena 23. Consciência e Cosmos - Mead: 13,00 Blavatsky: 12,00 4. Aprendendo a Viver a Menas Kafatos & Thalia Teosofia, Radha Burnier, R$ Kafatou: 34,00 41. Histórias Zen - Paul Reps 60. Ocultismo, Semi-ocultismo e 31,00 24. Contos Mágicos da Índia - (comp.): 27,00 Pseudo-ocultismo - Annie Marie Louise Burke: 21,00 Besant: 13,00 5. Aspectos Espirituais das Artes 25. Criança Encantada, A [livro 42. Homem: sua Origem e de Curar - Dora van Gelder de bolso] - C. Jinarajadasa: Evolução, O - N. Sri Ram: 61. Pensamentos para Aspirantes Kunz: 41,00 12,00 17,00 ao Caminho Espiritual - N. Sri 26. Dentro da Luz - Cherie Ram: 20,00 6. Autocultura à Luz do Sutherland: 31,00 43. Ideais da Teosofia, Os - Ocultismo - I. K. Taimni: 27. Desejo e Plenitude - Hugh Annie Besant: 23,00 62. Pérolas de Sabedoria - Sri Ra- 39,00 Shearman: 15,00 mana Maharshi: 25,00 28. Despertar da Visão da 44. Idílio do Lótus Branco, O - 7. Autoconhecimento - Marcos Sabedoria, O - Tenzin Mabel Collins: 20,00 63. Pés do Mestre, Aos - J. Resende: 18,00 Gyatso, 14º Dalai Lama: Krishnamurti: 12,00 22,00 45. Inteligência Emocional - As 8. Autorrealização pelo Amor - I. 29. Despertar de Uma Nova Três Faces da Mente - Elaine 64. Pistis Sophia - Trad. Raul K. Taimni: 21,00 Consciência, O - Joy Mills: de Beauport & Aura Sofia Branco: 49,00 17,00 Diaz: 49,00 9. Bhagavad-Gita - Trad. Annie 30. Doutrina do Coração, A - 65. Poder da Sabedoria, O - Carlos Besant: 12,00 Annie Besant: 19,00 46. Introdução à Teosofia - C.W. Cardoso Aveline: 25,00 31. Em Busca da Sabedoria - N. Leadbeater: 15,00 10. Caminho do Sri Ram: 26,00 66. Poder da Vontade, O - Swami Autoconhecimento, O - 32. Escolas de Mistérios, As - 47. Investigando a Reencarnação Budhananda: 13,00 Radha Burnier: 12,00 Clara Codd: 35,00 - John Algeo: 24,00 33. Estudos Seletos em A 67. Poder Transformador do 11. Cartas dos Mahatmas para Doutrina Secreta - Salomon 48. Leis do Caminho Espiritual, Cristianismo Primitivo, O - Raul A. P. Sinnett, Vol. 1 - Lancri: 21,00 As - Annie Besant: 20,00 Branco: R$ 21,00 Mahatmas K. H. e M.: 47,00 34. Fim da Divindade Mecânica, O - John David Ebert 49. Libertação do Sofrimento, A - 68. Potência do Nada, A - Marcelo 12. Cartas dos Mahatmas para (comp.): 33,00 Alberto Brum: 21,00 Malheiros: 23,00 A. P. Sinnett, Vol. 2 - 35. Fotos de Fadas - Edward L. Mahatmas K. H. e M.: 49,00 Gardner: 17,00 50. Luz da Ásia, A - Edwin Ar- 69. Preparação para Yoga - I. 36. Fundamentos da Filosofia nold: R$ 23,00 K.Taimni: 22,00 13. Cartas dos Mestres de Esotérica - H. P. Blavatsky: Sabedoria - C. Jinarajadasa: 15,00 51. Luz e Sombra - Emma 70. O Processo de 38,00 Costet de Mascheville: 17,00 Autotransformação - Vicent Hao Chin Jr.: 35,00 14. Causas da Miséria e Sua 52. Luz no Caminho - Mabel Superação, As - Ulisses Collins: 12,00 71. Princípios de Trabalho da Riedel: R$ 25,00 Sociedade Teosófica - I. 53. Meditação - Sua Prática e K.Taimni: 14,00 15. Chamado dos Upanixades, Resultados - Clara M. Codd: O - Rohit Mehta: R$ 39,00 17,00 72. Procura o Caminho Rohit Mehta: 25,00 16. Chave para a Teosofia, A - 54. Meditação - Um Estudo H. P. Blavatsky: 36,00 Prático - Adelaide Gardner: 73. Raja Yoga - Wallace Slater: 22,00 20,00 17. Chegando Aonde Você Está - A Vida de Meditação - 55. Meditações: Excertos das 74. Regeneração Humana - Radha Steven Harrison: 31,00 Cartas dos Mestres de Burnier: 21,00 Sabedoria - Katherine A. 18. A Ciência da Astrologia e as Beechey (comp.) [livro de 75. Rumo a uma Mente Sábia e bolso] - 12,00 uma Sociedade Nobre - Radha Burnier e outros: 18,00 RECORTE OU TIRE CÓPIA DESTE CUPOM E ENVIE P/ EDITORA TEOSÓFICA - SGAS Q. 603, CJ. 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Revista Sophia nº 41

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