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Revista Sophia nº 39

Published by Editora Teosofica, 2021-03-30 17:52:15

Description: A Revista Sophia é uma publicação independente da Editora Teosófica, apresentando artigos que vertem sobre temas como filosofia, ciência e religião. Nesta edição:
• Ao leitor: É tempo de construção;
• Transcendendo as distâncias intergalácticas – Dana Wild;
• Sabedoria, a competência perdida – Homero Reis;
• Unidade e espiritualidade – Tim Boyd;
• O que é a realidade? Radha Burnier;
• A morte e o despertar – Ingrid Van Mater;
• Os mistérios da reencarnação – Floise Hart;
• A ira e seus efeitos – Dora Kunz e Erik Peper;
• Como superar o egocentrismo – Mary Anderson;
• Sol, lua e ascendente: a trindade astrológica - Ricardo Lindemann;
• Dicas de Livros;
• O que é a Sociedade Teosófica.

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www.revistasophia.com.br ANO 10 • Nº 39 R$ 12,00

Editora PARA COMPRAR, LIGUE GRÁTIS: Teosófica 0800-610020 Livros para Editora Teosófica viver melhor SGAS Q. 603, s/nº - Brasília-DF - 70200-630 Fone: 61-33227843 - Fax: 61-32263703 E-mail: [email protected] Home page: www.editorateosofica.com.br

Cartas Sophia 39 NASA OCULO/SHUTTERSTOCK Prazer intelectual Ao leitor GALYNA ANDRUSHKO/SHUTTERSTOCK A revista SOPHIA, além de uma apre- É tempo de SHHO construção PAWEL PAPIS/SHUTTERSTOCK sentação de qualidade, oferece artigos 4 PAVELK/SHUTTERSTOCK de alto nível que tornam sua leitura um prazer intelectual, estético e espiritual. Transcendendo as Recomendo esta revista a todos que de- distâncias intergalácticas sejem uma oportunidade de reflexão e Dana Wild aprofundamento espiritual. 5 Maria Coeli Perdigão Coelho Rio de Janeiro (RJ) Sabedoria, a competência perdida Caminho iluminado Homero Reis Parabéns pelas maravilhosas repor- 10 tagens, estão ajudando a iluminar o ca- Unidade e espiritualidade minho da humanidade resgatando o que Tim Boyd há de mais profundo nos ensinamentos 16 de Diotima, Platão, Sócrates, David Bohm, Carl G. Jung, entre outros que O que é a realidade? nos ajudam a compreender quem so- Radha Burnier mos, de onde viemos e para onde va- 20 mos. Gostaria de sugerir uma reporta- gem com Cesar Lattes, o grande cientis- A morte e o despertar ta brasileiro, descobridor do meson-pi. Ingrid van Mater Abraços a todos. 22 Eli Maria da Silva Coelho Palhoça (SC) Os mistérios da reencarnação Nova percepção Eloise Hart Leio a revista SOPHIA movida pela for- 26 ma dinâmica de seus artigos, abordan- A ira e seus efeitos do assuntos relevantes para o nosso tem- Dora Kunz e Erik Peper po, de forma simples, analítica e agradá- 32 vel. Temas da sabedoria antiga são tam- bém contextualizados à luz dos novos Como superar o conhecimentos, revelando ensinamentos egocentrismo desvelados sob uma nova forma de per- Mary Anderson cepção. É uma revista inovadora, que va- 38 loriza o que de melhor a humanidade adquiriu através de milênios e, ao mes- Sol, lua e ascendente: mo tempo, investiga a trajetória atual da a trindade astrológica humanidade, de forma criativa. Uma ver- Ricardo Lindemann dadeira meditação. Um abraço e suces- 42 so para a revista. Regina Celi Medina Dicas de livros Rio de Janeiro (RJ) 46 Para adquirir edições anteriores, entre em con- O que é a tato com a Editora Teosófica pelo telefone (61) Sociedade Teosófica 3322-7843 ou ligue grátis para 0800-610020. 49

É tempo de construção O grau de mobilização em tor- da efetiva de mudanças no senti- nâmico e interdependente, onde no das questões que foram de- batidas na Rio+20 demonstra do da criação de uma economia cada um afeta os demais. Ela co- que a questão socioambiental passou a ocupar uma posição realmente verde, compatível com menta que para superarmos a ira, central na consciência de pesso- as de todo o planeta. um mundo sustentável e social- que é tão corrosiva para nossos Relatórios elaborados por ci- mente justo. relacionamentos, o melhor remé- entistas de várias nacionalidades com base em dados criteriosamen- Mary Anderson em seu artigo dio não é lutar contra este senti- te levantados, como o GEO5 lan- çado pelo Programa das Nações Egocentrismo comenta que a pos- mento negativo, mas deixar que Unidas para tura autocentrada tanto dos seres o amor flua, inundando nossa o Meio Am- biente humanos como de nações, os im- vida com um magnetismo constru- (PNUMA) na Rio+20, pede de ver a realidade como ela tivo e afetuoso. mostram claramente é. A postura egocêntrica é capaz Se projetarmos esta receita que nossos padrões de de criticar, de ver defeitos nos para os relacionamentos interna- produção e consumo outros, mas é incapaz de enten- cionais, vemos que a saída é dei- estão nos conduzin- der que a raiz de todos os pro- xarmos as críticas de lado e tra- do a uma crise sem blemas da humanidade está na ig- balharmos afetuosamente e sem precedentes em nossa história, que as metas definidas em acor- norância e no egoísmo. Mary in- medo na construção de nossos dos internacionais em sua gran- de maioria não estão sendo cum- daga se é possível sairmos desta ideais de um mundo justo, fra- pridas. O Diretor Executivo do PNUMA, Achim Steiner, adverte postura, dissolvendo o sentido de terno e solidário. O trabalho a que, se forem mantidas as atuais tendências de consumo de recur- separatividade. Enquanto perma- ser realizado começa na mente sos naturais, logo os governos precisarão “administrar níveis necemos enclausurados no mun- humana, na aceitação do outro sem precedentes de danos e de- CAPA: FOTO DE OTÁVIO BRITO gradação”. do pequeno criado pelo nosso como ele é, da construção de Diante de um cenário tão pre- ocupante, como explicar a postu- eu, estamos sempre buscando jus- pontes de solidariedade e na ra omissa da maioria dos gover- nos, que se recusam a assumir tificativas para manter as coisas percepção de que o nosso pla- compromissos e a criar uma agen- como estão, resistindo à mudan- neta é um todo integrado, nossa ça, à ruptura com os velhos hábi- casa, nossa nave espacial. tos e crenças. A gravidade da crise ambien- Eduardo Weaver tal, social e climática está exigin- Diretor-Presidente da do dos seres humanos uma nova consciência baseada na unidade, Editora Teosófica na percepção de que fazemos parte SOPHIA - Ano 10, nº 39 - Jul/Set de 2012 - Publicação da Ed. Teosófica de um todo maior. Sem essa nova SGAS Q. 603, s/nº - Brasília-DF Edição: postura, continua- CEP 70.200-630 Usha Velasco remos seguindo Fone: (61) 3322-7843 Revisão: cada um por si na Fax: (61) 3226-3703 Zeneida Cereja da Silva rota de uma catás- E-mail: editorateosofica@ Tradução: trofe ambiental. editorateosofica.com.br Edvaldo Batista de Souza Site: www.editorateosofica.com.br Dora Kunz, em Tiragem: seu artigo A ira e Editor-chefe: 10.000 exemplares seus efeitos, mostra Eduardo Weaver Impressão: que somos parte Coordenadora editorial: Gráfika Papel e Cores de um sistema di- Zeneida Cereja da Silva Distribuição nacional: Conselho Editorial: F. C. Comercial Marcos Luis Borges de Resende, Eduardo Weaver, Pedro Oliveira e * As imagens utilizadas são de exclusiva Zeneida Cereja da Silva. responsabilidade do editor-chefe. 4 SOPHIA • JUL-SET/2012

‘‘A enormidade do universo parece um parâmetro da alma. Algo imenso ocupa cada mente humana e deseja se expandir ‘‘até os limites extremos Transcendendo as distâncias intergalácticas OTÁVIO BRITO Dana Wild* tarefa impossível. No momento é quatro meses. Seriam necessários difícil crer que algum dia o ho- anos para se caminhar (e velejar) A possibilidade de viajar por mem seja capaz de explorar fisi- ao redor dos 40.000 km de circun- toda a amplidão da nossa galáxia camente outros sistemas planetá- ferência da Terra, mas um ser hu- é uma questão que merece ser in- rios. Mesmo as estrelas mais pró- mano saudável e com tempo sufi- vestigada. A ficção científica con- ximas, como Alfa Centauro, a es- ciente poderia fazê-lo. Ainda as- cebeu as viagens espaciais, a co- trela de Barnard ou Sírius, estão sim, quando pensamos em percor- municação subespaço e as colô- inacessíveis. rer 40.000 km, a distância parece nias em forma de naves espaci- gigantesca. ais, viajando durante eras de uma Para se ter uma vaga ideia das estrela a outra. De algum modo, distâncias entre os objetos visíveis Por outro lado, a luz, cuja ve- a imaginação humana tem poten- na galáxia, podemos fazer algu- locidade é de 300.000 km por se- cial para agir sobre tudo. Mas atu- mas comparações. Para compreen- gundo, viaja mais de sete circun- almente os mais avançados cien- der o significado de pequenas dis- ferências da Terra em um segun- tistas espaciais ainda buscam uma tâncias medidas em quilômetros, do. É difícil de imaginar. Mas con- forma de enviar seres humanos a falamos do tempo que se leva para seguimos entender dados signifi- Marte, que, em termos de distân- percorrer essas distâncias. Uma cativos, como o tempo que a luz cia, está a apenas alguns minu- pessoa caminhando rapidamente leva para viajar do Sol à Terra (cer- tos-luz da Terra. Considerando o pode percorrer um quilômetro em ca de oito minutos) e o necessá- tamanho da Via Láctea, viajar de dez minutos. É possível atravessar rio para que os sinais de rádio en- uma estrela a outra parece uma a pé a América do Norte (cerca de viados de Netuno pela Voyager 2 4.800 km) num período de três a chegassem à Terra (quatro horas). SOPHIA • JUL-SET/2012 5

“As explorações NASA humanas não atingiram ou- tras galáxias; a distância física é impeditiva mesmo para a nossa mais avançada tecno- logia espacial” 6 SOPHIA • JUL-SET/2012

Os parâmetros da luz Depois de Netuno está Plutão, e círculo de 100.000 anos-luz da Via vermelho com três sóis dançando no após Plutão o espaço interestelar. A Láctea, consideradas “próximas” de horizonte – Alfa Centauro A, B e C. estrela mais próxima do nosso siste- nós. A Pequena e a Grande Nuvem Você pode se imaginar chegando a ma solar é Alfa Centauro, um sistema de Magalhães são galáxias irregula- esses locais como fizeram Sagan e estelar triplo onde a estrela mais per- res que parecem orbitar a Via Láctea Drake, enviando sinais eletromagné- to de nós (Próxima Centauro) está a a distâncias de 169.000 e 205.000 ticos. Ou pode imaginar que esteve lá 4,2 anos-luz de distância. Nossa no- anos-luz, respectivamente. M31 (que enviando robôs. Os parâmetros das dis- ção de distância começa ficar nebu- Edwin Hubble documentou para con- tâncias galácticas se impõem quando losa, mesmo nesse local relativamen- firmar sua hipótese de que algumas se pensa em fazer essa viagem mate- te próximo. O cálculo de 4,2 anos- nebulosas estão fora da Via Láctea e rialmente: os robôs de exploração mais luz quer dizer que um fóton que per- são, na verdade, galáxias) parece es- rápidos já lançados (as naves Pioneer corre sete vezes a circunferência da tar a cerca de 2,2 milhões de anos- 10 e 11 e Voyager 1 e 2) levariam de- Terra em um segundo precisa de mais luz de distância. Existem cerca de vinte zenas de milhares de anos para per- de quatro anos para viajar de Próxi- galáxias de tamanhos e formatos va- correr essas distâncias. ma Centauro até a Terra. riados a uma distância de cerca de três milhões de anos-luz da Via Láctea. A solução para viajar entre estre- É possível fazer uma comparação Esse conjunto de vinte galáxias é cha- las e galáxias pode estar em compre- em escala, para tornar essa distância mado de Grupo Local. ender o significado de estar em um mais ou menos reconhecível. Entre a lugar. Nosso senso de “estar” encon- Terra e o Sol existem 150 milhões de Os astrônomos estimam haver tra-se firmemente vinculado aos mé- quilômetros. Se essa distância fosse de dez bilhões de galáxias no universo todos, às atitudes e às ideias da ciên- 15 cm, a distância até a Próxima Cen- observável. O Grupo Local está pró- cia e da tecnologia. Acreditamos que tauro seria cerca de 40 km. Altair, a ximo de outro grupo chamado de não podemos viajar até outras estre- brilhante estrela da constelação Auri- Aglomerado de Virgem (na constela- las porque não temos a tecnologia para ga, está a 16,5 anos-luz de distância. ção de Virgem), que tem um diâme- mover objetos físicos através de anos- Na escala de 15 cm, estaria a cerca de tro de dez milhões de anos-luz. Esse luz de espaço no período de uma vida 160 km de distância. E essas são as aglomerado de galáxias se move, jun- humana. Ninguém espera realmente estrelas que estão “próximas”. tamente com o Grupo Local, o Aglo- desenvolver métodos exequíveis para merado Coma e outros, em direção a transcender os parâmetros da luz. Pelo As estrelas mais brilhantes no céu um aglomerado de aglomerados – ou menos, não de imediato. Por essas ra- não estão tão perto comparadas a Pró- superaglomerado – na constelação zões, “estar em algum lugar” não pode xima Centauro e Altair. Betelguese, a de Hércules, que tem em torno de significar estar fisicamente de pé so- maior estrela na figura familiar de Óri- 400 a 600 milhões de anos-luz de ex- bre a superfície de rochas vermelhas on, está a cerca de 520 anos-luz de tensão. Em outra direção há um su- em um planeta fora do sistema solar. distância. Na escala de 15 cm, Betel- peraglomerado chamado Coma- As distâncias são proibitivas, mesmo guese estaria a mais de 5.000 km de A1367, viajando na mesma direção dentro da nossa galáxia. Seres huma- distância. Rigel, nos pés de Órion, está que o superaglomerado de Hércules. nos não podem viajar fisicamente da a 900 anos-luz da Terra, mais de 8.000 Algo muito além do superaglomera- Terra a outras estrelas. km de distância na escala de 15 cm. E do de Hércules parece estar puxan- esses 15 cm, só para lembrar, equiva- do tudo em sua direção. Ninguém Porém, em princípio, como enten- lem a 150.000.000 km. sabe o que é, embora atualmente al- deram Drake, Sagan e Hubble, os se- guns o chamem de “Grande Atrator” res humanos podem viajar essas dis- Imagina-se que toda a Via Láctea, e especulem que se trata de um com- tâncias interestelares e intergalácticas. contendo o Sol, seus vizinhos e tal- posto primário de “matéria escura”, Dizendo de outra maneira, podemos vez outros 300 bilhões de estrelas de que, trocando em miúdos, significa enviar representantes para esses luga- vários tamanhos e temperaturas, te- uma enorme massa de partículas su- res e deles coletar representantes. En- nha cerca de 100.000 anos-luz de diâ- batômicas ainda não estudadas. viamos e recebemos, por exemplo, metro. A essa altura, a escala de 15 feixes de radiação eletromagnética. cm deixa de ser útil, porque nela a O que realmente esperamos, quan- Para lugares mais próximos enviamos galáxia teria aproximadamente um mi- do falamos a respeito de explorar a naves robóticas para pousar em Mar- lhão de quilômetros, e esse número já galáxia, é atravessar os espaços inte- te e Vênus e sobrevoar luas e plane- perde o significado em nossa mente. restelares e chegar a algum planeta tas, colocando-nos lá. Contudo, existem galáxias além do SOPHIA • JUL-SET/2012 7

A consciência e o conhecimento Num certo sentido, estar em nando-nos tendo estado em outros está de algum modo relacionada um lugar é ter conhecimento des- locais além da Lua, damos um pas- ao sonho, irreal pelos parâmetros se lugar. Para a ciência, conheci- so na direção da redefinição da da ciência, mas real pelos parâ- mento significa um corpo de da- noção de estar. As explorações metros da experiência humana. dos físicos, ao lado de inferênci- espaciais do homem não atingi- as lógicas a respeito dos dados. ram outras galáxias; a distância fí- Imaginar um salto às estrelas Qualquer coisa que possa ser re- sica é impeditiva mesmo para a é tarefa muito maior que imagi- petida em laboratório ou consis- nossa mais avançada tecnologia nar um salto até Netuno, porque tentemente observada de um mo- espacial. Contudo, essa distância as distâncias são muitíssimo mai- mento a outro constitui um dado não foi de fato uma barreira. Es- ores. São distâncias enormes para científico. As árvores estão cons- tivemos lá com um exercício de se viajar no sentido físico da for- tantemente presentes e assim pro- imaginação. Ao nos imaginarmos ma como viajamos até Netuno. veem dados científicos. Os obje- como uma nave espacial em Ne- Mas a viagem da Voyager foi ape- tos e eventos do espaço sideral tuno estendemos o significado da nas parcialmente física. Foi tam- estão constantemente lá e podem nossa própria existência. bém parcialmente imaginativa. No ser observados consistentemente. sentido real, e mesmo no sentido À medida que os instrumentos ci- Se a distância até Netuno nos entíficos tornam-se mais refinados impede de ir até lá em nossos “Aparentemente, os sonhos são e precisos, os dados – números e corpos, por outro lado nos impe- uma função da consciência. inferências lógicas – podem mu- le a imaginar uma maneira alter- Mas, apesar de 400 anos de me- dar, mas os objetos e eventos per- nativa de lá chegar. O salto de tódicas coletas de dados, os cien- manecem. Estão todos lá. imaginação necessário para ven- tistas ainda não têm explicação cer essa enorme distância é não para a consciência humana” Alguns fenômenos represen- apenas satisfatório para a curio- tam problemas especiais para a ci- sidade, mas extraordinariamente YUGANOV KONSTANTIN/SHUTTERSTOCK ência. A consciência humana é um excitante para o espírito humano. deles. Ninguém duvida que ela exista; no entanto, não pode ser Ao usar a palavra espírito es- quantificada ou empiricamente tamos instantaneamente além do explicada. A ideia de que o cére- reino dos objetos e eventos ob- bro é composto de interações serváveis. O espírito humano não químicas e elétricas está longe de é um objeto válido de investiga- explicar a atividade consciente em ção científica. Já que poderia es- termos científicos. tar relacionado à consciência, e uma vez que a consciência pode- Outro fenômeno que constitui ria estar relacionada à química do um problema são os sonhos. É cla- cérebro, o espírito poderia, algum ro que eles existem, mas sua fun- dia, ser um tópico de discussão ção e até mesmo os parâmetros científica, mas ainda não há qual- de sua existência são apenas tó- quer evidência clara de sua exis- picos de especulação. Os cientis- tência. Para a ciência, o espírito tas sabem que modificações físi- não existe. E se não existe, então cas ocorrem no corpo durante o as possibilidades do espírito hu- sono, e que aparentemente os so- mano não existem. nhos são uma função da consci- ência. Mas, apesar de 400 anos de Contudo, a possibilidade de metódicas coletas de dados e in- viajar até Netuno despertou nos ferências, na verdade os cientis- seres humanos quando a Voyager tas não têm explicação para a foi lançada; posteriormente, al- consciência humana. gum elemento de consciência apreendeu a enorme distância da Sabemos, no entanto, que po- Terra a Netuno e imaginou que demos conscientemente imaginar os seres humanos haviam estado que estivemos no espaço. Imagi- nesse planeta. Essa imaginação 8 SOPHIA • JUL-SET/2012

científico, estivemos em Netuno, são limites fixos somente se os con- as distâncias até outras galáxias. e isso significa que os termos da cebermos como limitantes. Para a O que pode significar transcen- imaginação humana são, em si imaginação, essas distâncias tre- dência? Viagem em cabo de vas- mesmos, muito reais. mendas não são restrições, mas soura? Viagem astral? Telepatia? possibilidades. As possibilidades Esses termos estão cheios de alu- Em alguma junção interna da são gigantescas. Nesse momento, sões às restrições de distância. consciência, onde a realidade fí- estão além de nossa compreensão, Viagem astral pressupõe um cor- sica encontra a imaginação, ocor- nadando num caos de nada, vazio, po etéreo que voa através de lo- re um tipo de evento onírico, e a entre estrelas e galáxias. Para via- calidades físicas. Telepatia pres- realidade material é transforma- jar nesses espaços desertos é pre- supõe comunicação através de da em conhecimento – o que ciso transcender o problema da dis- uma distância física. equivale a dizer em realidade. tância física, e essa transcendência Talvez o espírito humano seja esta não reside na tecnologia nem na Provavelmente as invenções fí- junção: o espaço onde duas li- ciência, mas na imaginação huma- sicas não produzirão um salto até nhas paralelas da realidade física na, na consciência, no espírito. a galáxia M31. É a imaginação que e da imaginação se encontram. transcenderá essa distância. É inte- Essa noção é tão desconcer- ressante pensar que as distâncias Se assim for, então as distânci- tante para a mente científica como entre estrelas e entre galáxias são as físicas entre estrelas e galáxias convites deliberados para a expansão do espírito humano. A enormidade do universo parece um parâmetro da alma. Algo imenso ocupa cada men- te humana e deseja se expandir até os limites extremos – até o mais afastado aglomerado de estrelas, até os conjuntos estelares mais distantes –, habitá-los e conhecê- los tão completamente quanto possível. As aparentes restri- ções impostas pela dis- tância são possibilida- des de existência. O que “pode ser” está contido nos parâmetros das ga- láxias. Não estamos sa- indo de nossa diminu- ta Terra para os vácuos interestelares. Já esta- mos viajando. Para via- jar entre as estrelas é necessário compreen- der que não estamos li- mitados por nossos cor- pos físicos. SOPHIA • JUL-SET/2012 * Dana Wild é escritora e profes- sora da School of Health Profes- sions, Departamento de Fisiote- rapia, em Galveston (EUA). 9

Sabedoria, a competência perdida ‘‘Em nossa jornada profissional, competência, atitude e informação são coisas importantíssimas; ‘‘porém, sabedoria é fundamental YURI ARCURS/SHUTTERSTOCK Homero Reis* secretos, ainda que não tenhamos tanta consciência deles. Mas ra- Nem todos conhecem a histó- ros são os que se preocupam em ria de Salomão, filho de Davi, que adquirir sabedoria, mesmo por- foi rei em Israel. É uma história que nem sabemos ao certo o que bem significativa, vista sob o pris- isso significa. ma da gestão. Com a morte de Davi, Salomão assume o reino. Sabedoria é mais que conhe- Logo no início de seu reinado ele cimento. É a capacidade de fazer tem um encontro com Deus, no com que a vida se mantenha em qual lhe foi feita uma oferta es- seu sentido mais pleno. É o modo pecial. “Peça o que quiser”, dis- como aplico minha inteligência e se-lhe Deus, “que eu atenderei. minhas emoções em meus relaci- Seu pedido não tem limites nem onamentos, de tal forma que feli- condições. Peça, apenas!” cidade, paz e serenidade se ins- talem. Ter acesso ao conhecimen- O jovem rei, diante de tantas to e informação é fácil: bibliote- possibilidades e cheio de so- cas, internet, professores. No en- nhos, aceita a oferta e faz seu tanto, acesso à sabedoria pode ser mais profundo pedido. “Nada mais complicado. Sabedoria está me será útil se não tiver sabe- relacionada com trajetória de vida doria para conduzir a vida e o e com a plena integração na na- reino. Por isso, peço que me dê turalidade das coisas. Investimos sabedoria para governar”, disse em conhecimento, mas não nos ele. “Como pedistes bem”, dis- tornamos sábios. se-lhe Deus, “farei mais e lhe darei todas as demais coisas que Veja o pedido do rei: nada me desejas.” será útil se não tiver sabedoria. Então vem a questão: por que pre- Essa história provoca muitas ciso de sabedoria? Tenho refleti- reflexões. Imagine que lhe seja do sobre isso e quero comparti- feita a mesma oferta. Riquezas, eli- lhar alguns resultados, dentro dos minação dos inimigos, fama, po- domínios da vida cotidiana. Vejo der, etc. O que você pediria? muitas pessoas investindo tempo e dinheiro em cursos, capacita- Não é uma questão retórica. É ções e coisas do gênero. Mas nun- com ela que nos confrontamos to- ca ouvi alguém dizer que está in- dos os dias, fazendo coisas que vestindo em sabedoria. reproduzem nossos desejos mais 10 SOPHIA • JUL-SET/2012

SOPHIA • JUL-SET/2012 “Vejo um profis- sional sábio quan- do enxergo a admiração de seus colaboradores, a serenidade de seus negócios, o sorriso de seus amigos, o cuidado com seus afetos, o acolhimento aos seus clientes” 11

Buscando o que vale a pena O entendimento de muitas pessoas tos da vida. Para compreender que nada Entender as angústias e demandas das pes- sobre a sabedoria está ligado aos do- é imediato, que tudo tem seu tempo. soas que nos cercam nos humaniza e nos mínios da religiosidade ou, quando não, Sabedoria é entender que posso esco- integraliza. O resultado é a construção de a um forte apelo místico ou esotérico. lher todas as coisas, mas não posso tudo; relacionamentos íntegros. Mas sabedoria vai além disso. Encon- é estar em paz, também, com as coisas trar o sentido das coisas e agir manten- que não escolho. Salomão não pede que as mulheres do sua integridade é um elemento fun- deem provas das circunstâncias, não man- damental para começar a compreender Em nossa jornada profissional, com- da investigadores ao local, não coleta tes- o que se entende por sabedoria. Por petência, atitude e informação são coi- temunhas nem coteja provas do crime. princípio, sabedoria diz respeito ao sas importantíssimas; porém, sabedoria Ele vai direto ao ponto – que desejos e modo como se caminha. É fluir na vida, é fundamental. motivações estão por baixo das deman- é ser inspirador. das daquelas pessoas? O essencial é in- O rei Salomão, dotado de uma sabe- visível aos olhos, mas se estampa nas Mas por que preciso de sabedoria? doria excepcional, despertava admiração Porque grande parte dos problemas que e curiosidade em todos e destacava-se “Ter acesso ao conhecimento tenho poderia ser resolvida se eu fosse por sua capacidade de discernir as coisas e informação é fácil: bibliotecas, capaz de aprender com a minha história, e julgá-las com justiça. internet, professores. No entanto, antes de procurar me justificar o tempo acesso à sabedoria pode ser todo. Preciso entender que sou o criador Entre os relatos de seus feitos há, em mais complicado” da maioria dos meus problemas. especial, um que chama a atenção. Logo no início de sua gestão, Salomão vê-se di- CARLO LAZZERI Dificuldades surgem na vida não para ante de um caso, no mínimo, bizarro. Duas nos paralisar, mas para construir espaços prostitutas deram à luz a seus filhos e uma de aprendizagem. A sabedoria, portanto, delas, enquanto dormia, deitou-se sobre reflete-se no modo como enxergo as coi- ele, que, sufocado, veio a falecer. Deses- sas que me acontecem. Não há azar, sorte perada, ela pega o filho morto e troca pelo ou maldição a não ser a dádiva de enten- filho da outra. Ao acordar, a segunda mu- der que as ocorrências da vida devem nos lher percebe a criança morta, mas reco- remeter a questões que precisamos apren- nhece que não é seu filho. Esse é o caso der. Se estou ligado nisso, começo a en- que chega a Salomão. Como descobrir quem tender que existem coisas que posso mu- é a verdadeira mãe da criança viva? dar e outras que tenho que aceitar. Discer- nir umas das outras me torna sábio. É evidente que naquela época não havia exames de DNA nem outros recur- Preciso de sabedoria porque grande sos tecnológicos. Salomão propõe uma parte dos meus problemas poderia ser solução inusitada: dividir a criança viva ao antecipada se tivesse a serenidade para meio, para que cada uma fique com uma entender que faço parte da regra e não metade. Uma das mulheres aceita. A ou- da exceção. Muitas vezes, achamos que tra, diante da terrível sentença, prefere ab- conosco não acontecerá o que ocorreu dicar da criança a vê-la morrer. Salomão com outros. Assim, tratamos a vida com entende que o amor maior preserva a vida, uma leviandade crônica, até que a casa reconhece naquela atitude a verdadeira cai. Constantemente, temos a sensação mãe e lhe devolve a criança. de que as dificuldades nos perseguem. Na verdade, isso é uma declaração de O curioso nessa história é que não é que ainda não aprendi o que devia e, uma questão de Estado, uma disputa ter- conscientemente ou não, continuo repro- ritorial, um problema estratégico sobre duzindo coisas que me trazem compli- economia internacional ou uma dificulda- cações e não soluções. de geopolítica que marca a sabedoria de Salomão como estadista, mas uma ques- Preciso de sabedoria porque ainda tão relacional entre duas mulheres. terei que enfrentar novos problemas. Ter a devida calma e serenidade para en- Tentando entender esse episódio, tender que essa é a mecânica da vida percebo algumas coisas estruturais sobre faz-me sábio. a sabedoria. A conduta gerencial se reve- la no modo como cuido das pessoas que Preciso de sabedoria porque sei que fazem parte do meu contexto (família, ainda não sou a pessoa que deveria ser, colegas de trabalho, amigos, etc). Salo- mas também sei que já não sou mais a mão investia tempo na gestão dos relaci- pessoa que era. Preciso de sabedoria onamentos. Entender como as pessoas para entender os tempos e os movimen- estão se relacionando sob meu comando é uma forma de exercício da sabedoria. 12 SOPHIA • JUL-SET/2012

emoções. Uma das mulheres estava cheia colaboradores e gestores, pais e filhos, gios estragam as pessoas? Você é capaz de ressentimento – se não posso ter meu marido e mulher, “amigos”. Com o tem- de pedir desculpas ou acha que descul- filho, que ele também não seja seu. A po as relações vão se deteriorando e par-se denota fraqueza? Você ensina a partir outra estava repleta de generosidade – aprendemos a entender essa mecânica do erro ou acredita que a punição é o me- quero meu filho vivo, mesmo que com como “normal”. Ledo engano. Sabedoria lhor remédio? Você se envolve com seus outra mãe. A capacidade de discernir a tem a ver com inspiração. Aquelas mu- colaboradores ou acredita que é a distân- emoção que sustenta o drama é uma de- lheres, cada uma com sua intenção, le- cia que promove a autoridade? claração de sabedoria. Discernir a emo- varam o caso a Salomão porque havia ção por trás de uma demanda permite nelas a admiração pelo rei. Aqui está uma boa chave para o exer- manter a inocência sem ser ingênuo. cício de todas as nossas habilidades e Pergunte-se sobre o que você sente competências: reavaliar antigas crenças Um gestor sábio é alguém cuja con- pelos seus colaboradores, pelo seu chefe, e construir novos níveis de relaciona- duta é inspiradora. Pouco tenho visto, etc, e observe-se sobre o que tem feito mento. Sabemos o que sabemos para me- nos últimos trinta anos como consultor, para garantir relacionamentos íntegros. lhorar quem somos e inspirar aqueles admiração recíproca entre as pessoas – Você é capaz de elogiar ou acha que elo- que nos cercam. SOPHIA • JUL-SET/2012 13

Sabedoria na prática Cada época revela pessoas que se Até então, ela tinha o conhecimen- CHARLIE BALCH “Grande parte dos tornam ícones para a sua geração e as to dos fatos atribuídos a Salomão, que, problemas que te- gerações futuras. São pessoas que ins- de tão extraordinários, requeriam que nho poderia ser re- piram por seus feitos, personalidade, fossem vistos. Desse encontro, impres- solvida se eu fosse genialidade... Enfim, inspiram porque siona-me alguns detalhes que fazem a capaz de aprender são diferenciadas. Salomão foi o mais diferença na qualidade do governo e com a minha histó- sábio dos governantes em todos os tem- da gestão. Salomão manifesta um tipo ria. Preciso enten- pos. Sua vida é fonte de inspiração. de sabedoria capaz de objetivar-se na der que sou o cria- vida. Não é um concurso de palavras e dor da maioria dos Transcrevo aqui um trecho da vida frases maravilhosas, é uma vida que se meus problemas” desse rei: “Tendo a rainha de Sabá ou- pode observar, que inspira e contagia. vido a fama de Salomão, veio prová-lo liz a partir da própria felicidade. Essa com perguntas difíceis. Chegou a Je- Primeiro, ser sábio significa ter um é a razão pela qual nos relacionamos, rusalém com grande comitiva, came- tipo de sabedoria capaz de organizar a trabalhamos, produzimos e nos repro- los carregados de especiarias, muitíssi- vida e não apenas as ideias. Tem gente duzimos – ser e fazer outros felizes. A mo ouro e pedras preciosas... Salomão que consegue explicar tudo, falar so- rainha viu como eram felizes aqueles lhe deu resposta a todas as perguntas bre tudo, refletir exaustivamente sobre que se relacionavam com Salomão, e nada houve que não soubesse expli- as coisas, mas não consegue realizar suas esposas, seus servos, seus cola- car. A rainha de Sabá, vendo toda a nada. Ou, na melhor hipótese, tem uma boradores e funcionários. Salomão não sabedoria de Salomão, o palácio que realização sofrida e angustiada. Tomar tinha o trabalho como um fim em si construiu, a comida de sua mesa, a consciência disso e organizar a vida é mesmo, mas como o modo pelo qual casa de seus oficiais, o serviço de seus um propósito sábio. A sabedoria não poderia melhorar a vida de seu reino criados e as roupas deles e seus copei- pretende encher nossas mentes de idei- e de sua comunidade. Não via o co- ros, (...) ficou perplexa e disse ao rei: as e conhecimentos, mas abri-la para nhecimento que adquirira como algo ‘Foi verdade a palavra que ouvi a teu ver nossa coerência. desconectado de suas relações. Quan- respeito. Eu, contudo, não cria até que do o saber encontra o outro, revela o vim e vi com meus próprios olhos. E o A rainha viu coerência nas pesso- que sou capaz de fazer para melhorar que me contaram não é nem a metade as e nas coisas que cercavam Salo- a mim mesmo e ao outro. de tudo o que vi e ouvi aqui. Felizes mão. A vida real era um reflexo de são teus empregados e todos aqueles sua vida interior e um convite ao Quando governo ou gerencio com que convivem contigo.’ Salomão pre- aprendizado. O que Salomão falava senteou a rainha de Sabá com muitos estava presente no modo como vivia SOPHIA • JUL-SET/2012 presentes, mais do que ela lhe havia seu reino e como conduzia seu povo. ofertado, e atendeu abundantemente O exemplo de vida e a vida exemplar a todos os seus desejos.” lhe concediam a autoridade necessá- ria para gerir com sucesso. Essa ideia Um dos princípios chave para en- nos mostra que a competência nas tender a sabedoria é a sua efemerida- relações executivas não pode ser ex- de. Quem a julga ter já a perdeu, e cludente das competências na vida quem a busca encontra-a na própria privada e relacional. busca. Sabedoria não é um destino; é antes um caminhar. O sábio deseja con- Conheço vários executivos, “chei- tinuar a jornada cada vez mais, sua- os de sucesso” na vida profissional, vemente e em equilíbrio de vida. No cuja vida afetiva, familiar e emocional entanto, para isso, acerca-se de um estão a ponto de explodir. Vidas sus- tipo de sabedoria muito necessária tentadas por doses diárias de antide- àqueles que desejam ser governantes pressivos, cuja intimidade mostra uma e gestores efetivos. confusão totalmente antagônica ao aparente sucesso profissional. Autori- Num sentido amplo, a sabedoria dade se dá quando as pessoas conse- é contagiante e expansiva. A rainha guem enxergar o que eu falo, quan- de Sabá sai de sua terra e vai ao en- do meus atos são reflexo das coisas contro de Salomão, atraída por aqui- em que creio, e isso tudo envolvido lo que ouviu sobre ele. A fama do rei em qualidade de vida. transbordou o limite de seu reino e gera admiração. Ser sábio significa ter um tipo de sabedoria que ajuda o outro a ser fe- 14

efetividade, tenho como objetivo a gócios, o sorriso de seus amigos, o cial. Sabedoria tem a ver com o pra- melhoria na qualidade de vida das cuidado com seus afetos, o acolhi- zer da convivência. É nessa perspecti- pessoas em primeiro lugar. Isso, no mento aos seus clientes. va que os demais interesses devem se entanto, começa comigo. Estar bem pautar. Se tenho isso em mente, aten- comigo mesmo é condição para ser Há um ditado que diz: “Tua vida do melhor, produzo com qualidade, capaz de gerenciar com eficiência e me impede de crer no que dizes.” Sa- comercializo com honestidade, hon- qualidade. Não quero que as pessoas bedoria é ver no exterior meu mundo ro meus compromissos, relaciono-me se impressionem com minhas palavras, interior e melhorar meu mundo interi- com sinceridade, gerencio com inte- quero estar satisfeito com minha vida or se o exterior não me traz felicida- gridade, meu ganho é justo e dele não para ser capaz de servi-las com inte- de. É ter menos papo e fazer aquilo me envergonho, e aprendo sempre. gridade. Quem não respeita esse prin- que se propõe. cípio pode até ser cheio do conheci- É esse tipo de sabedoria que está mento, mas tem pouca autoridade no Terceiro, ser sábio tem a ver com faltando para que o que sabemos faça servir e vive uma relação interna es- gratidão. A sabedoria revela-se no mais sentido prático na nossa vida e quizofrênica, frustrada e inquieta. modo como sou grato porque vejo no na vida daqueles que nos cercam. outro a possibilidade de aprender. Sa- Vejo um profissional sábio quan- lomão dá mais presentes à rainha de * Homero Reis é administrador, mestre em do enxergo a admiração de seus co- Sabá do que aqueles que dela rece- Educação, coach ontológico empresarial laboradores, a serenidade de seus ne- beu. Ele entende que não se estava e diretor da Homero Reis Consultoria. estabelecendo ali uma relação comer- SOPHIA • JUL-SET/2012 15

Unidade e espiritualidade ‘‘Estamos todos unidos em uma totalidade maior. A unidade é a base da espiritualidade, e todo movimento em direção a uma experiência de ‘‘unidade mais profunda pode ser chamado de espiritual espírito. Mas uma sugestão útil as do universo, maior até mes- Tim Boyd* encontra-se na etimologia da pa- mo do que o valor da dívida na- lavra. A raiz da palavra “espíri- cional dos Estados Unidos. A cé- Na cultura contemporânea, a to” é spiritus, a raiz latina para lula é o elemento básico de to- palavra “espiritual” é usada com “alento”. No nível psicológico dos os organismos vivos. Segun- crescente frequência. Tornou-se mais básico, o alento sustenta a do a perspectiva da biologia, é a comum as pessoas dizerem: “sou vida. Em muitos simbolismos re- menor coisa viva. Embora pense- espiritualista, mas não sou reli- ligiosos é o alento (espírito) que mos nessas células como parte de gioso”, como uma maneira de verdadeiramente traz a vida à algo maior a que chamamos de identificar sua abordagem ao di- existência. Na Bíblia, Deus “so- “eu”, para a célula individual vino. Ouvimos cada vez mais prou o alento de vida” em Adão. esse “eu” é irrelevante. pessoas fazendo referência à sua No Hinduísmo os universos são “prática espiritual”. Também pa- exalados e inalados. Cada uma das cem trilhões de rece haver líderes espirituais em células que compõem nossos grande quantidade. Encontramos Há alguns anos fiquei um tan- corpos tem necessidades e ativi- budistas, hindus, cabalistas, to frustrado com um desvio no dades próprias. A célula precisa gnósticos, nativos norte-america- significado da palavra. Achei que de nutrição. Ela busca se repro- nos, druidas, maias e uma infi- estava havendo abuso no seu duzir, busca um ambiente hospi- nidade de formas de espirituali- uso, tornando-o sem sentido, uma taleiro ao seu crescimento. Há dade. Isso pode facilmente des- mera palavra técnica. Pensei es- pouca consequência para a célula nortear uma pessoa. tar fazendo piada quando predis- no fato de eu ter ou não um bom se que a essa velocidade, a pala- dia de trabalho, apreciar o filme Embora tenhamos a ideia de vra “espiritual” logo iria tornar-se que assisti ou ficar zangado com que a espiritualidade seja seme- um termo de marketing. Haveria minha filha. lhante à religião, para a maioria roupas espirituais, tênis espiritu- das pessoas o significado da pala- ais, spas espirituais. Mas há al- Se de algum modo uma des- vra não é claro. O ponto de vista guns meses eu estava dirigindo sas células começasse a sentir que comum é que as coisas espirituais numa região que nunca visitara era parte de algo maior, e sentir são do “outro mundo”, afastadas antes. Quando dobrei uma esqui- uma urgência de se conectar com do que é considerado o “mundo na, olhei para o letreiro de uma esse todo maior ou de nele parti- real”. Ao procurar no dicionário, loja local e lá estava, em letras cipar mais conscientemente, essa as várias definições não nos aju- garrafais: “Butique Espiritual”. seria uma célula com uma nascen- dam muito. Ele define espiritual te percepção espiritual. Se a cé- como “incorpóreo”, “que afeta a Sendo assim, o que quer di- lula começasse a inquirir a respei- alma do homem”, “pertencente a zer “espiritual”? Vamos começar to do funcionamento desse algo Deus”, “sagrado ou religioso”, etc. com um exemplo. Há no corpo maior, isso seria estudo espiritu- humano um número estimado de al. Se a partir da informação que Embora tudo isso forneça uma 75 a 100 trilhões de células. É a célula adquiriu ela desenvolves- sombra de significado, não ofe- uma quantidade assustadora, se uma disciplina que acentuasse rece muita coisa com que possa- além de nossa compreensão, um sua percepção do todo maior, essa mos trabalhar em termos de defi- número maior do que as galáxi- seria sua prática espiritual. nir nossa própria abordagem ao 16 SOPHIA • JUL-SET/2012

“Vivemos dentro de totalidades em eterna expansão, como, por exemplo, as conexões que temos com membros da família, da co- munidade, da na- ção e, cada vez mais, do planeta” SERGEJ KHAKIMULLIN/SHUTTERSTOCK SOPHIA • JUL-SET/2012 17

Se a célula percebesse outras do de espiritual. científica contemporânea ou às for- células que passaram por esse O exemplo da célula, embora mulações religiosas do mundo. mesmo despertar e encontraram a Cada uma dessas tentativas de sa- harmonia com as energias e pa- impossível, faz sentido. Nós, como ber tem um certo mérito, mas na drões desse algo maior – células as células, vivemos e nos move- melhor das hipóteses é parcial. que pudessem dizer “eu e o ‘mai- mos dentro de uma vida maior. As Não poderia ser diferente. or’ somos um” – teria encontrado várias maneiras como descreve- instrutores espirituais. mos essa vida indicam tanto a ex- Vivemos dentro de totalidades tensão quanto os limites da nossa em eterna expansão, como, por Estamos todos unidos em percepção. Em Hamlet, Shakespe- exemplo, as conexões que temos uma totalidade maior. A unida- are afirma: “Existem mais coisas membros da família, da comuni- de é a base da espiritualidade, entre o céu e a terra do que pode dade, da nação e, cada vez mais, e todo movimento em direção a sonhar vossa filosofia.” Isso se do planeta. Como pessoas, todos uma experiência de unidade aplica tanto às nossas elucubra- nos reconhecemos como parte da mais profunda pode ser chama- ções individuais quanto à opinião família humana. 18 SOPHIA • JUL-SET/2012

O mundo do pensamento Durante longo tempo essas Num determinado nível pare- osófica, da qual encontramos eco ce inverossímil considerar a pos- também na mensagem do Dalai conexões, embora evidentes, fo- sibilidade de ser influenciado Lama, é a compaixão. pelos pensamentos de pessoas ram ignoradas. O limite máximo que jamais encontramos, pesso- A Voz do Silêncio (Ed. Teosófi- as que não são os principais pen- ca) diz: “A compaixão não é um a que conseguíamos estender nos- sadores ou aqueles que movem atributo. É a Lei das leis.” Com a a cena mundial. Se o presidente crescente percepção da presença so sentido de relacionamento era diz alguma coisa, isso provavel- permanente da vida una, deve tam- mente vai nos afetar. Se um cien- bém crescer nossa responsivida- a comunidade local, ou talvez tista famoso declara algo, deve- de às necessidades e ao sofrimen- mos considerar essa declaração. to de milhões de vidas individu- nossa nação em particular. Pode- Poetas e artistas podem nos sen- ais que participam do todo mai- sibilizar. Mas acreditar que so- or. A espiritualidade não é ape- mos nos sentir suficientemente mos influenciados por inúmeras nas um bálsamo para a alma in- pessoas anônimas como você e dividual ou um sentimento de paz confortáveis para pensar e agir lo- eu, pensando seus próprios pen- e harmonia, embora certamente samentos particulares, poderia esses sejam alguns dos seus sub- calmente e só em certas ocasiões parecer cômico. produtos. A espiritualidade vai além do indivíduo. Isso é um pro- focar uma rede mais ampla de re- Contudo, no livro O Poder do blema, mas somente no sentido Pensamento, Annie Besant comen- que foi expresso nas escrituras lacionamentos. ta: “A maioria das pessoas pensa cristãs: “O espírito está pronto, ao longo de certas linhas, não por- mas a carne é fraca.” O senso de No entanto, as que tenha pensado cuidadosa- responsabilidade para com o so- mente na pergunta e chegado a frimento dos outros, que é a mar- Somos como o informações a uma conclusão, mas pelo fato de ca distintiva de espiritualidade, é que temos aces- um grande número de pessoas uma atitude desconfortável para ter pensado ao longo dessas li- a personalidade imatura, pois ela jardineiro; nosso so hoje em dia nhas e carregado consigo os ou- está saturada de egocentrismo. tros.” Ela vai adiante: “Há tam- papel não é ma- são tantas que a bém certos modos nacionais de Felizmente, nosso nível de pensar, sulcos definidos e pro- controle sobre esse processo é nipular a luz do percepção do fundos, resultantes da reprodu- mínimo. Somos como o jardinei- ção contínua durante séculos de ro; nosso papel não é manipular sol nem fazer nosso envolvi- pensamentos semelhantes, surgi- a luz do Sol nem fazer com que a dos da história, das lutas e dos chuva caia, mas nutrir e promo- com que a chuva mento íntimo costumes da nação. Essas coisas ver as condições para o crescimen- caia, mas nutrir em coisas maio- modificam e colorem profunda- to da semente. À medida que de- e promover as res do que nós mente todas as mentes nascidas sempenhamos esse papel, dentro condições para mesmos está se naquele país.” de nós mesmos testemunhamos o o crescimento impondo. Não nascimento de uma nova vida. As da semente temos muita es- O acompanhamento necessá- sementes de compaixão, gentile- colha. Temos rio a uma espiritualidade em ex- za e responsabilidade, que por pansão é um nível de responsa- fim concedem os frutos da vida que despertar. bilidade em expansão – para nos- espiritual, adquirem vida e flores- sas ações, nossos sentimentos e cem. Que isso possa, em breve, Existem vári- nossos pensamentos. À medida chegar a todos nós. que desabrochamos, perdemos a as outras totali- opção de dizer “não é minha cul- * Tim Boyd é presidente da Sociedade pa”. Uma das maiores mensagens Teosófica nos Estados Unidos da América. dades que talvez dos fundadores da Sociedade Te- 19 sejam menos óbvias, mas que nos influenciam poderosamente. Uma das mais negligenciadas, mas talvez a mais potente, o mundo em que vivemos, é o mundo do pen- samento – não apenas nossos próprios pensa- mentos, mas o OCULO/SHUTTERSTOCK ambiente criado pelo pensamen- to combinado de todas as pes- soas do mundo. SOPHIA • JUL-SET/2012

O que é a ‘‘ realidade? ‘‘O endurecimento da mente deve terminar. Devemos prestar atenção à qualidade de nossas respostas ao desenvolvimento da sensibilidade Radha Burnier* o medo obriga a mente a plane- consciência destituída de inocên- jar maneiras de autodefesa. As- cia. A criança que sofre ao ouvir Muitas crianças choram quan- sim se instala a insensibilidade, uma história em que um animal do suas mães choram ou quando e a consciência perde sua inata morre provavelmente está muito veem alguém chorando. Talvez a delicadeza de resposta. mais próxima da verdade da vida consciência inocente no corpo do que o adulto que sabe tudo a jovem, não tendo tido ainda ex- A maioria de nós adota atitu- respeito da sobrevivência, do con- periências na vida material, ins- des duras; se formos honestos, forto e de vantagens pessoais. tintivamente sinta que a infelici- descobriremos como e quando dade não é algo correto. Uma cri- elas ocorrem – como são perdi- Os seres humanos são parte ança responde com naturalidade, das a inocência da infância e a do mundo natural, são criação da e portanto sente que algo está er- qualidade de estar em harmonia natureza, mas nós nos tornamos rado quando alguém está infeliz. com as outras criaturas vivas. estranhos. Ao perder a inocência, A maioria das crianças é atraída nós nos exilamos do paraíso e es- por outros seres inocentes – ou- O que é o mundo real? Esta é colhemos viver num falso mun- tras crianças e animais, particu- uma pergunta que ocorre a estu- do de ambição, paixões e guer- larmente os mais jovens. dantes e pensadores. O mundo na- ras. Esse mundo, produto do tural – montanhas, rios, estrelas, pensamento humano, é irreal, Esse estado de inocência se árvores e pássaros – é real? Prova- porque está baseado em percep- perde quando a criança torna-se velmente é, sendo parte da vida ções distorcidas e em falsos va- adulta, e o modo de vida moder- una fora da qual nada existe. Por lores. A ilusão não está nas ár- no não ajuda o jovem a preservá- outro lado, uma vez que o mundo vores, nos animais e na terra, mas lo. Assistir repetidamente a epi- natural é apenas uma parte da re- no olho do homem que vê tudo sódios de violência na televisão, alidade total, ele pode ser real de como objeto para possuir e ex- por exemplo, ajuda a destruir o maneira relativa, e não de manei- plorar. Aqueles que viam o rio e senso instintivo de unidade que ra absoluta. Nos textos hindus a montanha como presenças di- as crianças possuem. Os huma- sugere-se que os rios, montanhas vinas viam a mesma água e a mes- nos, como é bem sabido, preci- e toda a natureza são apenas par- ma montanha que nós vemos sam de proteção e cuidados du- te do divino esplendor que o Su- hoje, mas nós os reduzimos a nada rante um período de tempo mui- premo revela, pois os nossos olhos mais que matéria inerte. to mais longo do que os animais. são incapazes de ver além. Ape- Isso pode ser parte do plano da nas um fragmento da realidade é O endurecimento da mente natureza para desenvolver nossa manifestado como universo, sen- deve terminar. Devemos prestar sensibilidade. do o não manifesto a parte maior. atenção à qualidade de nossas respostas ao desenvolvimento da O animal jovem é forçado a Portanto, o mundo natural não sensibilidade – e isso não é sen- lutar pela sobrevivência, o que é irreal, porque é parte de uma timentalismo. Os grandes viden- inclui aprender a desconfiança, suprema existência, mas é apenas tes não cediam ao emocionalis- o medo e a agressividade, ten- parte, não o todo. É um meio atra- mo; eles viam a realidade. dências que contribuem para o vés do qual algo muito mais vas- comportamento competitivo. to pode ser vislumbrado. No en- * Radha Burnier é escritora e presidente inter- Quando existe insegurança e tanto, que tipo de mente e cora- nacional da Sociedade Teosófica. medo, desenvolve-se a agressão; ção consegue ver o esplendor além das formas externas? Não a 20 SOPHIA • JUL-SET/2012

AURELIA WERNECK “A maioria das crian- 21 ças é atraída por outros seres inocentes – outras crianças e animais, particular- mente os mais jovens” SOPHIA • JUL-SET/2012

A morte e o despertar ‘‘Podemos nos ver como parte de um esquema divino de infinito desabrochar evolutivo, com horizontes cada vez ‘‘mais amplos diante de nós Ingrid van Mater* vel, uma soma, enquanto a morte mesmo material/de que são feitos é, para nosso mundo tangível, os sonhos/e nossa pequena vida/ A morte é inevitável, familiar, uma subtração. Além disso, para está cercada de sono...” Que pen- e contudo ainda permanece um cada morte há dois aspectos: exis- samento confortante é reconhecer dos grandes mistérios da consci- te aquele que está morrendo e que a morte está ligada ao sono, ência. Nosso dilema humano é o aqueles que ficam para trás. A imi- no qual penetramos com confian- de estarmos literalmente entre nência de nossa própria morte, ou ça, sabendo que despertaremos no dois mundos. Prendemo-nos a perda de um membro da famí- dia seguinte. Mas o que sabemos como escravos ao que podemos lia, costuma nos lançar de volta a realmente a respeito do sono? ver, e ficamos insatisfeitos. Que- nós mesmos, trazendo novamen- “Sono”, diz Shakespeare, é “a mor- remos saber mais, mas nos senti- te questões essenciais: quem sou te de cada dia de vida”. mos inseguros a respeito do que eu? Por que estou aqui? O que re- podemos ver. almente acontece na morte? Se combinarmos esses dois pensamentos, temos o quadro É lógico que aceitamos o nas- Shakespeare, ao escrever sobre revelador do sono como uma pe- cimento com mais felicidade do a impermanência deste mundo, quena morte, e a morte como um que a morte, pois o nascimento é responde à pergunta “quem sou longo sono que circunda nossa essencialmente um processo visí- eu?” dessa maneira: “Somos do “pequena vida”. Entre os antigos, 22 SOPHIA • JUL-SET/2012

a morte era muitas vezes chama- tamos estamos revigorados, e sim- cercada ou temporariamente com- GALYNA ANDRUSHKO/SHUTTERSTOCK da de “o sono maior”, ou “o sono plesmente reassumimos nossos pletada por um repouso e um in- perfeito”. Sabemos como o sono afazeres no ponto em que os dei- terlúdio que são bem-vindos. De- é necessário ao nosso bem-estar. xamos no dia anterior. Às vezes, pendendo da qualidade de nosso É uma lei da natureza tanto para no entanto, temos sonhos pertur- pensamento e de nossa vida, esse o homem quanto para o animal. badores, ou excepcionalmente be- sono mais longo, em seu derradei- los, que nos parecem mais inten- ro pós-morte, é cheio de sonhos O “material de que são feitos sos até mesmo do que aquilo que maravilhosos que jamais foram os sonhos” sugere que a verda- experienciamos no estado de vi- realizados durante a vida aqui na deira parte de nós não é o corpo gília. Existem profundos mistéri- Terra – uma realização de nossas nem a personalidade, pois ambos os sobre aonde vamos quando aspirações mais elevadas. são transitórios, mas a consciên- dormimos e sobre os vários está- cia interior. Quando vamos dor- gios do sonho. Embora a alma humana esteja mir, estamos obviamente num es- desfrutando seus sonhos de bem- tado de consciência diferente. À luz do cenário maior de aventurança, a parte mais eleva- Sonhamos, mas, via de regra, pou- muitas vidas, cada vida é verda- da de nós, a divindade imortal, co nos lembramos do que acon- deiramente apenas um ponto na está livre para voar até seu lar teceu, exceto que quando desper- eternidade, uma “pequena vida” estelar. Reconhecer esse elo en- SOPHIA • JUL-SET/2012 23

-tre sono e morte, e saber que nada “Não podemos completamente estranho ou assus- nos permitir vi- tador acontece quando morremos, ver no passado; é em si mesmo um alívio e um con- devemos nos mo- solo tanto para aquele que está en- ver para a frente frentando a morte quanto para com confiança e aqueles que são deixados para trás. esperança, sa- Simplesmente compreendemos bendo que, tudo que fomos e que esperávamos quando uma ser enquanto encarnados; compre- porta se fecha, endemos a essência do que somos. outra se abre” É vital apreender o padrão sub- SOPHIA • JUL-SET/2012 jacente à continuidade do espírito por trás do fluxo e refluxo da vida manifestada. Podemos nos ver como parte de um esquema divino de infinito desabrochar evolutivo, com horizontes cada vez mais am- plos diante de nós. Um panorama assim oferece perspectiva à vida atual. Sabendo que nosso destino é feito por nós mesmos, vemos a justiça das circunstâncias nas quais nos encontramos, que foram cria- das por nós no passado. Nessa estrutura, podemos com- preender que para cada um de nós existe o momento certo para nas- cer e o momento certo para mor- rer, e que isso está em consonân- cia com as leis cíclicas da existên- cia que transcendem o tempo e o espaço. Obviamente, se interferi- mos nessas leis, há problemas. Como é triste ver aumentar o nú- mero de suicídios entre os jovens de hoje, pois esse é um exemplo característico de que tirar a vida é um distúrbio da harmonia da na- tureza e do tempo interior. É uma agonia não apenas para aqueles que ficam, mas para aqueles que escolheram dar esse passo; em vez de trazer paz e repouso imediatos, a condição duvidosa e desespera- da que levou a esse ato intensifi- ca-se num sonho depois que o cor- po se foi. Se eles ao menos pudes- sem saber a tempo como a vida é preciosa, e como as profundezas do desespero podem extrair de nós novas dimensões, novos insights, novas forças... 24

Um poder sustentador ROI BROOKS/SHUTTERSTOCK Os que sucumbem à ilusão de funda brilha uma beleza inequívo- resolver seus problemas com o sui- ca quando começamos mesmo a cídio estão muitas vezes sob influ- sentir a verdadeira natureza do que ência de drogas, não sabem o que está ocorrendo, compreendendo estão fazendo ou estão oprimidos que internamente não há separa- pelas pressões sobre eles exerci- ção, e que aquele que se foi está das, sentindo-se incapazes de li- descansando. dar com elas. Mas a natureza, em- bora severa, é também misericor- Há uma passagem no Bhaga- diosa. É simplesmente lógico que vad Gita que pode, a princípio, uma pessoa boa e consciente, não parecer um tanto insensível, con- importando qual o modo como tudo fala da força dentro de nós, morreu, no tempo devido recebe- e não nega a verdadeira compai- rá o repouso pacífico a que tem xão: “A morte é certa para todas direito. Apesar de tudo, somos, na as coisas que nascem, e o renas- morte como na vida, nós mesmos. cimento é certo para todos os que morrem; daí não ser conveniente Certamente não se pode mudar afligir-se a respeito do inevitável.” o sentimento de tristeza, de soli- dão, daqueles que foram deixados Uma sabedoria tão iluminada para trás e perderam alguém pe- como a contida nessas palavras las portas da morte. Se não hou- jamais teria sido dada numa es- vesse carinho nesse mundo, ele critura que tem guiado as vidas seria um local desolado. O verda- de milhões de pessoas através dos deiro amor tudo suporta ao longo séculos, a não ser que contivesse da vida e da morte, e aqueles que uma filosofia que pudesse ser se sentem atraídos uns pelos ou- compreendida e aplicada. Como tros pelos laços do amor serão re- seres humanos, conquistamos o petidamente reunidos em outras direito, devido ao nosso potenci- vidas. Na época da morte, a preo- al mental e espiritual, de lidar cupação de amigos cerca e prote- com a missão, por mais difícil que ge aquele que está sofrendo, sen- possa ser, de nos tornarmos cada do um auxílio tangível. vez mais universais e impessoais em perspectiva e compreensão. Quando estamos intimamente envolvidos com outra pessoa, há A vida não é uma estrada fácil, uma rede de pensamentos e sen- e a morte, que chega para toda a timentos, uma troca. Depois que humanidade, é uma das muitas ex- essa pessoa se vai, a troca é inter- periências de despertar através das rompida. É como se uma parte de quais provamos nosso vigor e pe- nós morresse com aquele que se netramos em nós mesmos. Dentro foi. A experiência é particularmen- de cada um está um poder susten- te aguda para os que foram edu- tador que nos transporta através cados com a ideia de que a morte de qualquer provação. Não pode- é o fim e que jamais haverá reen- mos nos permitir viver no passa- contro. No entanto, a natureza é do; devemos nos mover para a infinitamente benigna. A plena frente com confiança e esperança, compreensão do que aconteceu sabendo que, quando uma porta leva algum tempo para penetrar se fecha, outra se abre. todos os níveis do nosso ser, mas chega gradualmente. Seria um cho- * Ingrid van Mater escreveu vários livros e ar- que grande demais se assim não tigos para a revista Sunrise. Falecida em 2011, fosse. Mas através da dor mais pro- foi por muitos anos membro da Sociedade Teosófica nos EUA. SOPHIA • JUL-SET/2012 25

No livro Fernão Capelo SOPHIA • JUL-SET/2012 Gaivota, o sábio pássa- ro expressa um ponto de vista interessante: “Você tem alguma ideia de quantas vidas devemos ter vivido an- tes de sequer termos a primeira ideia de que existe mais coisas com relação à vida do que comer, lutar, ou o po- der do rebanho? Mil vidas, Jon, dez mil!” 26

Os mistérios da reencarnação ‘‘O estudo do karma e da reencarnação ajuda a compreender que nossos problemas e os do mundo foram ‘‘criados por nós mesmos, e só podem ser resolvidos por nós Eloise Hart* SHHO SOPHIA • JUL-SET/2012 A reencarnação intriga as pessoas. É como se suas almas soubessem algo que a mente não consegue entender. Quando pela primei- ra vez ouvi falar em reencarnação, vi que isso respondia perguntas desconcertantes: por que algumas crianças nascem na pobreza e outras têm tantas vantagens? Por que pesso- as boas encontram tantas dificuldades? Como pode um Deus amoroso ser tão injusto? A morte será o fim absoluto? Céu e inferno são eternos? Aqueles que não creem estão con- denados para sempre? A ideia de que viveremos muitas vidas pôs fim aos meus pesadelos. A explicação de que somos o que somos por causa de pensamen- tos e ações passados convenceu-me de que havia justiça e propósito na vida. As situações em que as pessoas se encontram são oportu- nidades para crescer, desenvolver a compre- ensão e melhorar a vida. Henry Ford acreditava nisso: “Quando des- cobri a reencarnação, foi como se encontras- se um plano universal, uma oportunidade de trabalhar minhas ideias. Eu não era mais es- cravo do relógio. Havia tempo suficiente para planejar e criar.” Todos nós temos memórias de vidas pas- sadas, embora vagas. Frequentemente senti- mos que vivemos um determinado momento em alguma existência prévia. Mas isso não é o essencial; a essência da experiência é que é valiosa e permanece conosco. O espírito dentro de cada indivíduo usa inúmeras almas e corpos para se expressar. Cada um desses corpos, almas e espíritos está buscando a evolução por meio de um proces- 27

so de repetidas corporificações. tes de nossa constituição – o cor- lhor expressar as qualidades es- Ao examinar os processos envol- po, feito de componentes astrais- pirituais de compaixão, inteligên- vidos, podemos perceber vários vitais-físicos; a alma, com elemen- cia, imaginação e força de vonta- aspectos da reencarnação. tos mentais e emocionais; e o es- de. Considerando isso, começa- pírito imortal – trabalham e evo- mos a entender como cada vida é Como seres humanos, nossa luem juntos durante nossa esta- importante, como as lições que consciência está centrada em nos- dia na Terra. Essa evolução con- aprendemos e o bem que fazemos so ego encarnante, que é o veícu- siste, atualmente, em refinar pen- contribuem para o progresso de lo de expressão de nossos eus samentos e sentimentos para me- cada parte de nós mesmos. divinos e espirituais. As três par- 28 SOPHIA • JUL-SET/2012

Desenvolvimento espiritual O estudo do karma e da reen- soluções. Quando o indivíduo se A mudança é intrínseca à vida: carnação ajuda a compreender que esforça para se responsabilizar nada está parado. Nós mudamos nossos problemas e os do mundo por sua vida, percebe cada vez de aparência, personalidade, foram criados por nós mesmos, e mais as consequências de suas perspectiva, tamanho, forma. só podem ser resolvidos por nós. ações e sente-se impelido a trans- Após a morte as mudanças conti- Imersos em nossos problemas, formar o que é egoísta em algo nuam: quando retornarmos, nos- estamos imersos também em suas útil para o bem geral. sa alma estará transformada pela integração das experiências de “O embrião retira do vida e aspirações espirituais. reservatório de genes de seus pais qualida- Muitos de nossos problemas des inerentemente atuais são consequências kár- suas. Por causa disso, micas de encontros que deixa- em nossa próxima mos pendentes na vida anteri- vida seremos muito or. Mas, graças à bênção do es- semelhantes ao que quecimento, estamos livres de somos hoje, porém envolvimentos emocionais e me- enriquecidos pelas lhor equipados para resolver lições que agora esta- esses distúrbios. mos aprendendo” Alguns têm medo de voltar SIMONA BALINT como outra pessoa. Isso não é possível. Somos nós mesmos, eternamente. Quando uma alma reencarna e retorna à Terra, é atra- ída por familiares com traços se- melhantes. O embrião retira do reservatório de genes de seus pais qualidades inerentemente suas, quer pareçam ou não similares às de um membro da família. Por causa disso, em nossa próxima vida seremos muito semelhantes ao que somos hoje, porém enri- quecidos pelas lições que agora estamos aprendendo. Revigorados por nossas expe- riências pós-morte, retornaremos prontos e capazes de tocar adian- te aquilo que deixamos inacaba- do e enfrentar os desafios que nos ajudarão a desabrochar nosso po- tencial espiritual. No epitáfio de Benjamin Franklin isso foi expres- so de maneira clara: “O Corpo de B. Franklin/como a capa de um velho livro/seu conteúdo arranca- do/e despojado de suas inscrições e decoração/aqui jaz/alimento para os vermes/mas a obra não se perderá/pois, como acreditava/ aparecerá mais uma vez/revisada e corrigida/pelo autor.” SOPHIA • JUL-SET/2012 29

Aprendizado constante O “retorno” à vida terrena ocor- e pelo qual trabalhamos. O que ANDRZEJ POBIEDZINSKI “Não é possível re mais cedo para aqueles que se perde quando morremos? A retornar à vida criaram pouco karma psicológi- resposta é: nada. O conhecimen- como um ani- co e mais tardiamente para os to que obtemos e as habilidades mal. Uma vez mais espiritualizados, que preci- que desenvolvemos permanecem desenvolvida a sam de tempo para assimilar to- no interlúdio pós-morte e desa- autoconsciência, das as lições espirituais. brocham em vidas futuras com não podemos poder aumentado. Platão fez re- mais retroceder” Também não é possível retor- ferência a isso ao dizer que todo nar à vida como um animal. Uma conhecimento e sabedoria são após a morte, um lama pode en- vez desenvolvida a autoconsciên- memórias de existências prévias. carnar no corpo de outro. A Asso- cia, não podemos mais retroceder. À medida que essa sabedoria se ciated Press divulgou a história de Essa ideia surgiu de uma interpre- desenvolve no presente, novas Simon Heh, filho de pais tibetanos tação literal de figuras de lingua- possibilidades são moldadas para – chineses vivendo em Victor Vil- gem, como era o caso de um índio expressar as características e ne- le, Califórnia – que reconheceu um norte-americano que falava em se cessidades de nossas condições monge tibetano que visitou sua tornar lobo, águia ou toupeira. internas e externas. cidade como um amigo de uma Isso não queria dizer que ele se vida passada. O monge, Geshe tornaria um desses animais, mas Shakespeare dizia a mesma coi- Tsepel, achou que a criança po- que seria tão esperto e dedicado sa ao afirmar que um ator repre- deria ter sido Lopsang Phakpa, um à família quanto o lobo, com uma senta muitos papéis durante sua lama com quem havia estudado visão de alcance longo como a da vida, identificando-se com eles. quando menino e que morreu na águia, e tão próximo à terra quan- Assim como o ator sabe que está China nos anos 1950. Ele escreveu to a toupeira, para sondar seus se- desempenhando papéis, nosso eu aos líderes de seu mosteiro; não gredos. Seres humanos não po- permanente também sabe, embo- querendo influenciar a opinião dem voltar a ser animais, e animais ra possa ser incapaz de transmitir deles, nomeou cinco monges que não se transformam em seres hu- esse conhecimento à “máscara” ou poderiam ter reencarnado como manos da noite para o dia, mas só personalidade temporária. Simon. Após exame, os líderes de- após muito, muito tempo. Mas a pergunta mais comum SOPHIA • JUL-SET/2012 No entanto, mudanças psicoló- é: se vivemos antes, por que não gicas e físicas ocorrem o tempo nos lembramos? Henry Ford tinha todo. Nossos átomos estão cons- certeza de que retemos memórias tantemente transmigrando: sempre de vidas passadas, mas, como não que acariciamos nossos animais de estamos familiarizados com os estimação, cheiramos uma rosa, processos de reencarnação, so- ouvimos música ou pensamos mos incapazes de reconhecê-las. num amigo, trocamos partículas de Os budistas acreditam que o ca- vida e força. Nossas almas também ráter é a soma de nosso passa- “migram” continuamente de um es- do. Os ensinamentos teosóficos tado de consciência para outro, do explicam essas ideias, dizendo sono com sonhos para a percep- que a memória é armazenada na ção de vigília, do pensamento su- parte superior de nossa nature- perficial para a concentração pro- za; ela é vislumbrada ocasional- funda. E isso continua após a mor- mente e vista claramente no mo- te. Essas trocas podem ser benéfi- mento da morte. Livres dos em- cas ou danosas, dependendo da baraços terrenos, vemos em re- qualidade da energia. Sabendo trospectiva as causas, as inter-re- disso, o sábio considera um de- lações, o propósito e a justiça de ver pensar e viver tão gentilmente tudo que ocorreu na vida. quanto possível. Há “lembranças” que os tibeta- Outra pergunta frequente é o nos chamam de tulku, quando, sob que acontece àquilo que amamos certas condições e alguns anos 30

terminaram que a criança era real- tas dos vínculos de suas limita- comer, lutar, ou o poder do reba- mente a reencarnação de Lopsang ções, retornavam à morada ante- nho? Mil vidas, Jon, dez mil! E Phakpa. Em 3 de janeiro de 1993 rior para repousar e assimilar as depois outra centena de vidas até o jovem foi homenageado numa experiências terrenas. Depois de que comecemos a aprender que cerimônia tradicional que marcou certo tempo, elas novamente se- existe algo chamado perfeição, e o início de sua jornada espiritual guem adiante, revigoradas e pron- mais cem vidas novamente até no caminho para se tornar nova- tas para enfrentar as novas prova- adquirirmos a ideia de que nos- mente um lama. ções por meio das quais obtêm co- so propósito para viver é encon- nhecimento da vida e visualizam trar essa perfeição e manifestá-la.” Todos os seres vivos existiram as alturas que um dia alcançarão. antes de sua atual aparição na A mesma regra aplica-se a nós; Terra. Orígenes, um padre da Igre- Quantas vidas vivemos? No li- escolhemos nosso próximo mun- ja Primitiva, explicou que as almas vro Fernão Capelo Gaivota, de Ri- do através daquilo que aprende- humanas existiam no mundo es- chard Bach, a sábia gaivota ex- mos neste. Se não aprendermos piritual dentro do ambiente divi- pressa um ponto de vista interes- nada, o próximo mundo será se- no, antes de encarnarem. Platão sante: “Você tem alguma ideia de melhante, com todas as limitações foi além, explicando que as almas quantas vidas devemos ter vivi- e pesos para superar. não apenas existiam no universo do antes de sequer termos a pri- antes de entrar neste reino de ex- meira ideia de que existe mais * Escritora e Membro da Sociedade Teosófica periência, mas que, quando liber- coisas com relação à vida do que em Pasadena - CA. SOPHIA • JUL-SET/2012 31

A ira e seus efeitos 32 SOPHIA • JUL-SET/2012

‘‘Observe os efeitos dos impactos COKA/SHUTTERSTOCK Dora Kunz e Erik Peper* emocionais. Você é capaz de intervir, reduzir as tensões e O amor tende a irradiar um senso de ‘‘otimizar seus relacionamentos quietude, paz e tranquilidade que abre uma conexão energética entre as pessoas. A ira “Cada intercâmbio entre tende a fechar e a isolar o outro, porque o pessoas traz experiências con- receptor tende a responder da mesma ma- neira, formando assim uma barreira. Em dicionadas, imagens e emo- cada caso há uma forma de energia fluindo ções que podem afetar o an- de uma pessoa para a outra, e esse impul- damento da comunicação” so energético nos afeta independentemen- te de sugestões verbais ou não verbais. SOPHIA • JUL-SET/2012 Ser capaz de controlar e compreender esse fluxo energético é um desafio. Quan- to mais emocionalmente envolvida está a pessoa, mais dificuldade ela tem de ser ob- jetiva. Fortes apegos emocionais tendem a bloquear a experiência do presente, de modo que a interação é influenciada por imagens passadas e antecipações do fu- turo. Por exemplo, quando as pessoas conversam, a comunicação entre elas se torna menos eficaz se elas tentam ocultar seus sentimentos. A abertura entre elas é afetada por experiências prévias de de- sapontamento, falta de apoio ou de cari- nho. Cada intercâmbio entre pessoas traz experiências condicionadas, imagens e emoções que podem afetar o andamento da comunicação. Ao lidar com energias dessa maneira, adotamos um ponto de vista chamado “perspectiva energética”. Pressupõe-se que os pensamentos e as emoções estão não apenas contidos no indivíduo, mas são também irradiados para fora. Além disso, considera-se que cada indivíduo está in- serido num campo energético que permeia o espaço e que se interconecta com os outros, afetando-os. Assim, fica claro que interagimos uns com os outros porque somos parte de um sistema total, dinâmi- co e interdependente. Se uma pessoa compreende que está con- tinuamente interagindo e afetando os ou- tros, o que pode fazer para fomentar a saú- de e o crescimento em si e no próximo? An- tes de oferecer estratégias possíveis, des- creveremos primeiramente o mecanismo por meio do qual efeitos negativos como a ira, o ressentimento, os preconceitos e as expectativas afetam a outra pessoa. 33

Fluxos poderosos hostilidade a quem a enviou, a não ser que a pessoa consiga aquie- Muitas vezes o amor não é Ironicamente, a ira possui um tar-se e permitir que a energia da doado livremente; pode ser con- fluxo tão poderoso quanto o ira se atenue e se dissipe. Nesse dicionado pelo fato de que a pes- amor, só que ao atingir a outra processo dinâmico, o receptor da soa, inconscientemente, espera pessoa ela energiza a hostilidade ira frequentemente se “desliga”, e obter retorno por aquilo que dá. e inibe o bom relacionamento. A assim a comunicação quase não Isso pode produzir uma hostili- ira tende a se refletir e retornar a ocorre. Mas na maioria dos casos dade inconsciente e obstruir o li- quem a enviou, de modo que um a pessoa retribui ira com ira, de vre fluxo de energia. Por outro mútuo antagonismo é desenvol- modo que se estabelece uma es- lado, emitir amor sem estar cen- vido. O impacto da ira é incons- piral de antagonismo. O resulta- trado em si mesmo pode afetar o cientemente percebido pelo re- do é um crescente e descontrola- receptor, tornando-o mais aberto ceptor como um impacto violen- do sistema de realimentação. a influências espirituais. Um pa- to no campo emocional, uma drão mais altruísta, mais sociável, energia destrutiva e fragmentada, Embora a carga emocional as- produz empatia e permite uma tro- que é automaticamente rejeitada. sociada à ira seja direcionada à ca livre entre duas pessoas. pessoa com quem se está brigan- Geralmente a ira retorna com do, ela também é experienciada 34 SOPHIA • JUL-SET/2012

por outras pessoas nas proximi- de maneira irracional, porque seus soal e supõem que estão erradas dades. Mesmo sem palavras, o sentimentos foram fragmentados. – um processo que diminui sua padrão de energia associado à ira As crianças são muito sensíveis e autoconfiança. irradia-se para fora e afeta outras têm menos habilidade para se pro- pessoas no ambiente. teger das energias negativas. A maioria de nossas interações emocionais é de curta duração e É através desse processo que Não se sabe por que algumas os efeitos são transitórios. Mas se pais podem inconscientemente pessoas conseguem lidar mais fa- repetimos essa mesma interação e magoar seus filhos. Por exemplo, cilmente com a ira do que outras; não percebemos um distúrbio se marido e mulher estão com rai- no entanto, algumas crianças pa- emocional, isso pode fazer com va um do outro, os filhos são ata- recem nascer com mais sensibili- que os ombros enrijeçam e o ple- cados energeticamente pela troca dade que outras. As mais sensí- xo solar se contraia. Quando essa emocional entre os adultos. É como veis são mais facilmente afetadas reação emocional se torna habitu- se os pais atirassem flechas para pelas ondas de ira. Uma vez que al, pode levar a distúrbios gastro- atingir um ao outro e assim feris- as crianças não têm discernimen- intestinais. Outro resultado é o de- sem os filhos, que estão no meio to suficiente para compreender créscimo na captação de energia, do fogo cruzado. A criança pode se que a ira não é dirigida a elas, que pode levar à exaustão crôni- enfurecer, chorar, retrair-se ou agir experienciam o ataque como pes- ca e à suscetibilidade a doenças. “O amor tende a Expectativa negativa irradiar um sen- so de quietude, MAX TOPCHII/SHUTTERSTOCK Esses conceitos a respeito das Às vezes parecem telepatas e re- paz e tranquili- energias podem ser aplicados em alizam a expectativa projetada. dade que abre situações de terapia. Para otimi- Essa projeção talvez seja o meca- uma conexão zar o encontro terapêutico, o pro- nismo por meio do qual a polari- energética entre fissional não deve levar consigo zação experimental afeta o resul- as pessoas. A ira expectativas negativas a respeito tado da pesquisa. tende a fechar e de seu cliente nem trazer consigo a isolar o outro” sentimentos, emoções e tendên- O prejulgamento do terapeuta cias associados à sessão anterior. produz ansiedade ou rejeição au- SOPHIA • JUL-SET/2012 tomática, uma vez que tende a re- Sempre que antecipa alguma percutir no campo do paciente com dificuldade, a pessoa tende a se crenças, pensamentos ou imagens enrijecer e ficar exausta, o que que ele inconscientemente tem de contribui para dissipar energia. si mesmo. Em vez de diminuir as Além disso, existe uma alta pro- dúvidas internas, há a ativação babilidade de que o cliente in- dessas autoimagens internas nega- conscientemente experiencie os tivas, de modo que sua autoesti- sentimentos negativos projetados ma e autoconfiança diminuem. e rejeite a intervenção terapêuti- ca. Essa reação inconsciente é pro- Um processo semelhante ocor- vavelmente despertada pelo fluxo re se a pessoa estiver ansiosa de- de energia negativa associado aos mais por um resultado positivo, pensamentos, às imagens e expec- como desejam os terapeutas para tativas do terapeuta. seus clientes ou os pais para seus filhos. Nesses casos, os pacientes Pensamentos momentâneos ou os filhos experienciam uma do tipo “espero que essa pessoa pressão por mudança que pode não fique zangada”, “gostaria que diminuir seu aprendizado de no- essa sessão terminasse” ou “não vas habilidades. Isso também acredito que ela queira melhorar”, pode acentuar a ansiedade ou o são imagens negativas inconsci- medo de ser rejeitado se não atin- entes. Pacientes e clientes reagem gir as expectativas do terapeuta a essa postura automaticamente. ou dos pais. 35

Imagens mentais SOPHIA • JUL-SET/2012 Sente-se sossegadamente e rela- xe. Inspire lentamente, e a cada vez que inspirar sinta-se afundan- do gentilmente na cadeira. A cada expiração sinta a força da gravi- dade puxando e permitindo que você relaxe cada vez mais. Pense em alguém que você ama ou imagine um local sossegado na natureza, como uma queda d’água, uma árvore ou uma mon- tanha. Experiencie a tranquilida- de e a paz. Quando imaginar a natureza, veja, ouça, sinta, sabo- reie a cena. Imagine que a pessoa ou o even- to de que você se ressente este- ja sete metros à sua frente. Man- tenha essa imagem enquanto continua a respirar sem esforço, e relaxe todo o corpo. Se você se contrair em resposta à ima- gem, deixe que ela se vá. Imagine novamente uma pes- soa que você ama ou um lugar tranquilo na natureza. Deixe que esses sentimentos de amor e quietude lhe preencham e re- movam quaisquer traços de res- sentimento. Mais uma vez, repita a visualiza- ção da pessoa ou do evento do qual você se ressente e dê pros- seguimento a isso imaginando uma pessoa que você ama ou um lugar pacífico na natureza. Repi- ta uma ou duas vezes. Mantenha o sentimento de cari- nho, de amor ou de quietude e deixe que ele flua em direção à pessoa ou ao evento do qual você se ressente. 36

Para evitar o efeito da projeção é chamada de “centramento”. negativa, é útil relaxar e aquietar No processo de mudar a pró- a mente e os sentimentos durante algum tempo antes de alguma en- pria percepção para essa experi- trevista difícil. Durante essa pau- ência unificadora, a pessoa pode sa, as tendências condicionadas perceber sua mente tagarela e um são reduzidas, de modo que há padrão no qual ela continuamen- menos antecipações negativas. te se mantém em contemplação. Essa atitude de não julgamento é Os terapeutas ou os pais podem essencial no encontro terapêutico. agora, conscientemente, passar de um sentimento negativo para um Contudo, como relaxar e per- positivo a respeito do paciente ou mitir que a mente e as emoções do filho, o que produz uma em- entrem em harmonia? Provavel- patia intensificada e permite o li- mente é mais fácil, em vez de ten- vre fluxo de energia entre as pes- tar criar um branco na mente, per- soas. Dentro de cada um existe manecer sossegado e visualizar um potencial humano ou uma uma cena unificadora que simbo- natureza denominada buddhica, lize um senso interno de totalida- em sânscrito, que está relaciona- de, como uma árvore ou uma da com a intuição pura. Se manti- montanha. Essa mudança de aten- vermos isso em mente, cada tro- ção na qual a pessoa se identifica ca de energias positivas pode es- com as qualidades da totalidade timular esse potencial. Como reduzir a ira NICOLAS RAYMOND O ressentimento e a ira muitas tratégia desenvolve a percepção vezes levam a doenças; por isso, que lentamente transforma a res- é importante não se deixar conta- posta automaticamente hostil minar automaticamente por uma numa resposta natural e suave. pessoa zangada e manter-se aten- to ao crescimento da própria ira Muito embora a pessoa possa em resposta à ira do outro. Mes- perceber que está reagindo com mo que esse sentimento surja, raiva, hostilidade e ressentimen- pode-se mudar o foco da atenção, to, muitas vezes ela resolve não visualizar alguém com quem se mudar, já que não reagir negativa- tem um relacionamento amoroso mente à emoção negativa da ou- e deixar que esse amor flua para tra pessoa é interpretado, em nos- fora, mesmo que seja durante um sa cultura, como fraqueza ou sub- curto espaço de tempo. missão. Porém, ao escolher deli- beradamente uma resposta positi- Essa mudança de atenção per- va, a pessoa desenvolve um mé- mite perceber as causas da ira e todo ativo de mudar seu próprio nossa habilidade de diminuir nos- comportamento condicionado. sas próprias respostas hostis. Em suma, isso nos fornece uma me- Perceba os efeitos dos impac- lhor perspectiva do padrão da in- tos emocionais. Você é capaz de teração. É possível, dessa forma, intervir, reduzir as tensões e oti- produzir um fluxo mais positivo de mizar seus relacionamentos. pensamentos suavizantes, calmos, e enviá-los à pessoa com quem se * Dora Kunz foi escritora, clarividente e espe- está zangado. De início isso pare- cialista em toque terapêutico. Foi presiden- ce uma tarefa impossível, mas a te da Sociedade Teosófica nos EUA. Erik tentativa de implementar essa es- Peper é especialista em cura holística, pro- fessor, palestrante e presidente da Biofeed- back Foundatition of Europe. SOPHIA • JUL-SET/2012 37

Como superar o egocentrismo ‘‘Com a percepção da unidade, a personalidade pode ser um instrumento para o ‘‘superior, não simplesmente para si própria Mary Anderson* Ela às vezes fala de si mesma na “nós”, que estão separadas de nós. terceira pessoa: “Ana está com Certamente é o caso no nível Durante uma palestra, Krish- sede.” Com o tempo ela desenvol- namurti observou que a plateia ve o sentimento do “eu”. Será que físico. Temos um corpo físico de- estava desatenta e perguntou: “Em aprende com os pais ou com o finido e aparentemente sólido. que vocês estão interessados?” A ambiente? Ou esse sentimento Sabemos que ele continuamente conclusão foi que cada pessoa es- será inato? troca partículas atômicas com o tava interessada em si mesma. ambiente, mas, como não vemos Com poucas exceções, todos ten- De qualquer forma, podemos isso acontecer, não conseguimos dem, consciente ou inconsciente- ver facilmente as razões psicológi- realmente acreditar. Estamos su- mente, a ser egocêntricos, ou seja, cas dessa tendência. Nós nos co- jeitos à ilusão que nos leva a cui- a imaginar-se no centro. Mesmo locamos no centro para nos pro- dar do corpo, a providenciar ali- ao imaginar uma bela paisagem, teger e nos autoafirmar. Temos mento, teto etc, se tivermos que nós a vemos a partir do nosso medo de ser magoados ou desa- permanecer no plano físico. Fisi- ponto de vista e nos colocamos parecer no anonimato. Esse medo camente percebemos que somos no centro. significa que percebemos as pes- entes separados do ambiente; so- soas e coisas de acordo com a nos- mos obrigados a colocar nosso Podemos dizer que essa ten- sa imaginação; imaginamos que corpo no centro para cuidar dele. dência é simplesmente humana. elas podem nos magoar ou nos Mas uma criancinha ainda não tem ignorar. O medo surge da noção Mas não estamos ocupados um sentimento definido de “eu”. de que há pessoas que não são com o corpo o tempo todo. Não vivemos somente como corpos, 38 SOPHIA • JUL-SET/2012

“Mesmo ao imaginar uma bela paisagem, nós a vemos a partir do nosso ponto de vista e nos colocamos no centro” mas também como sentimentos e são de separatividade e medo de ção é usada como incentivo, mas PAWEL PAPIS/SHUTTERSTOCK pensamentos. Nosso nível psíqui- perder nossa posição. seu efeito sobre o caráter não é co não é uma estrutura tão sólida nada desejável. Krishnamurti di- quanto o corpo físico; é mais flui- Como estamos no centro, não zia, em suas escolas: “Não se com- do. Nesse nível estamos muito podemos ver a nós mesmos pare a ninguém.” A crítica e a com- mais intimamente relacionados como realmente somos. Vemos, paração com os outros surgem da com os outros. nas outras pessoas, nossas pró- noção de estarmos no centro e for- prias falhas e as criticamos. Esse talecem essa noção. Constantemente trocamos sen- tipo de crítica, mesmo não ex- timentos e pensamentos com ou- pressa, perturba o relacionamen- Como as causas e os efeitos tras pessoas. Queremos “congelar” to com o nosso meio, e essa per- dessa posição central são as mes- nossos sentimentos e pensamen- turbação fortalece o sentimento mas, podemos falar de um círculo tos, “patentear” nossas ideias e de separatividade. vicioso infinito. Podemos esque- protegê-las com direitos autorais. cer causas e efeitos e ver somente Como não podemos fazer isso, Por não conseguirmos nos ver, a situação total, onde diferentes acabamos tendo problemas psico- construímos uma imagem de nós aspectos existem simultaneamen- lógicos. Examinamos as razões por mesmos que resulta em compara- te. Estar no centro, sentir-se sepa- que nos sentimos “no centro”. ções: “Eu sou melhor que fulano rado, ter medo, criticar, comparar Quais são os resultados desse sen- e sicrano.” Isso pode levar à ar- – tudo isso são expressões da si- timento? Eles não são diferentes rogância ou ao desespero; de tuação em que estamos. Podemos das causas: uma crescente impres- qualquer modo, leva a mais se- simplesmente sair disso? paração. Nas escolas a compara- SOPHIA • JUL-SET/2012 39

Amor, coragem e confiança Soube de um grupo de bom- A chave para manifestar as vir- sa deixar o centro. beiros que, ao combater um gran- tudes está na auto-observação e Se vemos um animal ser mal- de incêndio, experimentou um no autoconhecimento. Paradoxal- sentimento de grande unidade mente, a preparação para deixar tratado e sentimos raiva, essa rai- que eliminou todo o medo de o centro pode ocorrer melhor de va é uma expressão de separati- perigo pessoal. Situações assim maneira inconsciente, ou pelo vidade tão ruim quanto a cruel- são frequentes. Numa crise súbi- menos natural e espontânea. To- dade do malfeitor. Isso não quer ta a pessoa pode esquecer de si das as virtudes são expressões de dizer que não devemos interferir, mesma, deixar de defender sua uma atitude – e essa atitude nada mas que devemos interferir sem posição autocentrada e mostrar tem a ver com estar no centro. violência. Uma vez perguntaram uma extraordinária coragem. Mas Para ser virtuosa a pessoa preci- a Krishnamurti o que ele faria se nem sempre é assim. Quando um amigo fosse atacado na sua ameaçadas de escassez, elas ten- dem a comprar provisões em ROMA FLOWERS quantidades ridiculamente gran- des, porque a mente teve tempo “Nós nos colocamos no centro para nos proteger. O medo surge da no- para reagir e ocupar seu central. ção de que há pessoas que não são “nós”, queSOePsHtãIAo •sepJUaLr-SaEdT/a2s01d2e nós” Retirar-se do centro deve ser como uma surpresa, de algum modo iludindo o tempo. Isso não pode ser planejado de antemão. Mas há condições para essa reti- rada. Frequentemente menciona- se as virtudes. Podemos escolher algumas e nos examinar para ver se as desenvolvemos. Mas assim podemos fortalecer a posição au- tocentrada e nos afastar ainda mais da unidade, rumo a mais separatividade. Ao examinar nossas virtudes, devemos atentar para todas elas, porque nenhuma pode florescer à custa das demais. Se isso ocor- rer será um exagero que pode se tornar um vício. A virtude está na moderação. Não pode haver regras rígidas e inalteráveis; cada um deve, como um bom mestre-cuca, julgar a quan- tidade certa de cada ingrediente. Isso significa que certas virtudes, num determinado caso, devem ce- der lugar a outras. Ao educar os fi- lhos, tem-se que decidir quando o amor deve ceder à justiça e vice- versa. Todas as virtudes levadas à perfeição tornam-se uma só virtu- de. O amor perfeito expressa-se também como sabedoria perfeita. 40

frente. Ele disse que sempre vi- Vistas de uma perspectiva fa- um passo rumo à unidade. veu sem violência e que agiria vorável, nossas pequeninas pre- Com a percepção da unidade, como sempre vivera. ocupações parecem sem impor- tância. Alguém pode até nos in- a personalidade pode ser um ins- Como sair do centro? Será pos- sultar, mas se estivermos absor- trumento para o superior, não sim- sível abrir mão dessa posição? Isso tos em criação, amor, devoção, ou plesmente para si própria. Deve- é possível numa crise súbita, quan- ajuda a outra pessoa, nos ocupa- mos viver e agir como somos – do a separatividade, o medo e as mos com algo maior e o insulto mas isso não quer dizer que não comparações simplesmente se desaparece. Podemos até mesmo precisamos tentar melhorar. A afastam. Em vez de estar no cen- ver a sua causa no nosso próprio questão é se aprofundar na con- tro, passamos a estar simplesmen- interior, e compreender a pessoa cepção da unidade sem se imagi- te em nenhum lugar ou em toda que se comportou de maneira de- nar melhor do que se é – sem parte, onipresentes no todo. Em sagradável. pensar no eu. Talvez então tenha- vez de separatividade, existe uni- mos um insight sobre o que sig- dade com todos; em vez de medo Nesse caso nós morremos para nifica a iluminação. Ficará claro há coragem e confiança; em vez de o nosso eu anterior, a pessoa au- que o fim está no início e o início crítica, amor e compreensão; em tocentrada. Quando temos dife- no fim; que, a partir desse ponto vez de comparação, apreciação. renças de opinião e nos irritamos, de vista, o tempo não existe; e Isso também pode ocorrer sem avi- podemos simplesmente pôr fim à que o centro que pensávamos ser so, sem causa aparente; podemos irritação. Podemos olhar a pessoa nunca existiu. simplesmente nos sentir unos com como se fosse pela primeira vez, tudo. Ou pode haver uma causa sem preconceitos. Podemos sair * Mary Anderson foi secretária internacional como amor, devoção, criatidade, do nosso centro e ver o seu cen- da ST e é autora de artigos sobre teosofia e altruísmo ou estudo profundo. tro, o seu ponto de vista. Esse é religião comparada. SOPHIA • JUL-SET/2012 41

Astrologia e mistériosSol, lua e ascendente: PAVELK/SHUTTERSTOCKa trindade astrológica ‘‘A importância do Sol é considerada superior aos planetas por simbolizar o espírito com sua luz própria, representando nossos ‘‘valores e características mentais Ricardo Lindemann SOPHIA • JUL-SET/2012 é engenheiro civil e astrólogo, licencia- do em Filosofia pela UFRGS, presidente dos Sindicato dos Astrólogos de Bra- sília e membro do Conselho Mundial da Sociedade Teo- sófica Internacio- nal. Lindemann escreve regularmen- te para4S2OPHIA.

O signo solar, também chama- como a nossa maneira de andar dos os planetas do sistema so- do popularmente de signo do ou até de dirigir o automóvel. lar, ocupando diversos signos mês, é considerado pela tradição do Zodíaco para caracterizar como o mais importante, mas não Em síntese, o signo solar re- uma personalidade. é suficiente para constituir um presenta como nós vemos a nós mapa astral ou caracterizar a com- mesmos, o signo lunar represen- Zodíaco, aliás, é uma palavra plexidade de uma personalidade. ta como nós gostaríamos que os de origem grega que significa “cír- A importância do Sol, conforme outros nos vissem, e o signo as- culo de animais”, e ele é realmen- foi considerado no artigo A As- cendente representa como de fato te isso: um círculo (chamado pe- trologia e o Poder da Mente, maté- os outros nos veem. Imagina as los antigos de via solis) por onde ria de capa da revista SOPHIA an- pessoas se relacionando entre si o Sol parece caminhar ao longo terior, é considerada superior aos com essas três camadas e terás de um ano em relação às estrelas planetas não só por ser a fonte uma noção da complexidade dos fixas ou constelações (agrupa- primária de energia de todo o sis- relacionamentos humanos. mentos de estrelas às quais eram tema solar e representar 99% da geralmente atribuídas figuras de sua massa, mas também por sim- Maiores detalhes podem ser animais). Esse movimento do Sol bolizar o espírito com sua luz pró- obtidos em meu livro A Ciência é aparente, porque na verdade pria, representando nossos valo- da Astrologia e as Escolas de Mis- trata-se do movimento de trans- res e características mentais. En- térios (Ed. Teosófica), do qual lação projetado pela Terra, que tretanto, a importância emocional cito: “O signo solar ou do mês está girando ao redor do Sol. As- da Lua e física do Ascendente não de nascimento dará a caracterís- sim, o Sol parece caminhar ao lon- podem ser subestimadas na ver- tica da alma, com o que ela se go de um mês no mesmo signo. dadeira Astrologia. identifica, intelectualmente e mentalmente, ou seja, a sua au- O leitor pode imaginar o cin- O signo lunar é também cha- toimagem consciente.” to da sua calça riscado bem no mado de signo do dia, porque a meio com uma linha ao longo de Lua fica aproximadamente dois “O Signo da Lua já vai caracte- toda a sua extensão? Basta fechar dias e seis horas em cada signo, rizar, especificamente, aquilo que o cinto para transformar-se em uma vez que leva 27,32 dias para a pessoa traz mais como uma au- um círculo ao redor do seu cor- percorrer os doze signos do Zo- toimagem inconsciente, porque é po, e basta dividir o círculo em díaco, ou seja, completar uma uma luz indireta do Sol refletida doze partes iguais para ter uma volta no céu em relação às estre- pela Lua, representando um tem- réplica do Zodíaco. las. A Lua representa as nossas peramento de como a pessoa gos- características emocionais e de re- taria que os outros a vissem. A Se quisermos ser mais preci- lacionamento. Lua já simboliza uma reação ou sos, o Zodíaco é um círculo alar- predisposição subconsciente e, gado, com 8º para cima e para bai- O signo ascendente é também portanto, sentimentos de autoi- xo, para dar lugar e abranger tam- chamado signo da hora, porque magem e assuntos correlaciona- bém o movimento dos planetas, a linha do horizonte oriental pa- dos. [A Lua representa o nosso ou seja, o Zodíaco é um cinturão rece ascender no céu, pois a Ter- lado inconsciente, como quando ou faixa de 16º que tem o círculo ra completa uma volta em torno nós vamos dormir, ficando mais da via solis, ou eclíptica, exata- de si mesma, ou rotação comple- vulneráveis e, portanto, o lugar mente como linha média ao lon- ta, em 24 horas, de modo que, se onde nós buscamos segurança.]” go de toda a sua extensão. dividirmos por doze, ele ficará aproximadamente duas horas “Sendo a Lua o luminar de ca- Isso é suficiente para dar uma apontando para cada signo do Zo- racterística mais feminina, pois o noção panorâmica de um mapa díaco. O signo ascendente, mais Sol tem característica mais mascu- astral, pois suas referências bási- conhecido sinteticamente como lina, a influência do signo da Lua cas desde tempos imemoriais são ascendente, representa as nossas (ou “signo do dia”) pode predo- o Sol, a Lua e o ascendente, loca- características físicas, influencian- minar, no mapa astral das mulhe- lizados nos diversos signos do do as formas do corpo, sua saú- res, em relação ao signo do Sol Zodíaco, sendo que esses três de e seus pontos de possíveis so- (ou “Signo do mês”).” constituem um reflexo da Trinda- matizações, bem como a expres- de Divina espelhada como micro- são externa da personalidade, Portanto, é importante com- cosmo no homem, conforme o preender que o mapa astral é es- clássico axioma hermético do Prin- sencial na verdadeira astrolo- cípio da Correspondência, que é gia, porque ele se utiliza de to- SOPHIA • JUL-SET/2012 43

fundamental na astrologia: “Como mente comprovadas cientifica- Lua está relacionada com o cor- em cima, assim embaixo.” mente. Poderão, contudo, suge- po astral ou emocional, que é a rir que a vida é uma escola onde expressão do amor espiritual no Lembrando que o ascendente a alma (signo solar), ao utilizar nível da personalidade; e o ascen- é a projeção da linha do horizon- um novo corpo, assimilaria algo dente está relacionado com o cor- te, ou seja, da Terra no céu, po- de sua vibração (signo ascenden- po físico, que é a expressão da demos melhor compreender o co- te) para si mesma, ampliando as- vontade espiritual no nível da per- mentário de Helena Blavatsky a sim suas qualidades. Por isso, o sonalidade. esse respeito, em A Chave para a signo ascendente tende a predo- Teosofia (Ed. Teosófica): “‘O ho- minar à medida que a pessoa Dessa forma, os signos expres- mem’, diz Plutarco, ‘é composto; amadurece. Na verdade, o signo sam a personalidade, que é um e estão errados aqueles que pen- ascendente está sendo, ao lon- reflexo inferior da alma. O signo sam ser ele composto de duas go do tempo, melhor assimilado ascendente é a nossa casca mais partes apenas. (...) Agora, esta pela alma.” externa, que os outros mais veem, combinação da alma (psyche) com mas da qual somos mais o entendimento (nous) constitui Por outro lado, se buscarmos inconscientes. a razão; e com o corpo (ou thu- a correspondência pela doutrina mos, a alma animal) constitui a dos invólucros, então o Sol está SOPHIA • JUL-SET/2012 paixão – da qual esta é o início relacionado com o corpo men- ou princípio do prazer e da dor e tal, que é a expressão da aquela, da virtude e do vício. sabedoria ou inteli- Dessas três partes combinadas e gência espiritual compactadas, a Terra deu o cor- no nível da po; a Lua, a alma; e o Sol, o en- personali- tendimento, para a geração do dade; a homem.’ Esta última frase é pura- mente alegórica, e será compre- endida apenas por aqueles que são versados na ciência esotérica das correspondências e que sa- bem qual planeta é relaciona- do com cada princípio.” Sobre tal correspondên- cia, também comentei em meu supracitado livro: “A astrologia esotérica tra- dicionalmente afirma que o signo ascen- dente dessa vida será o signo solar da próxima vida, assim como o sig- no lunar dessa vida teria sido o signo solar da encarnação an- terior. Tais analogias, em- bora interes- santes como fermento para nossa refle- xão, não po- dem ser facil- 44

O signo lunar ainda é subconsci- depois vamos gradualmente des- da personalidade. ente, mas nossa identificação com cobrindo as camadas mais inter- Como dizia o bispo George S. ele já é mais natural; assim, ele nas do outro, e ele terá a mesma expressa a maneira como sentimos dificuldade para nos conhecer e Arundale, terceiro presidente in- e gostaríamos que os outros nos compreender. ternacional da Sociedade Teosófi- vissem e aceitassem, representan- ca, em seu livro The Lotus Fire, so- do nossa necessidade de seguran- O problema é que em cada es- bre o crescimento de nossas po- ça e aceitação no grupo ou na fa- pelhamento a imagem fica menos tencialidades através da reencar- mília. O signo solar é a nossa au- nítida ou algo degradada em re- nação, “uma fraqueza é uma força toimagem interna consciente, mas lação ao original. Na Trindade Di- em formação; um vício é uma vir- que os outros têm mais dificulda- vina, o Pai representa a onipotên- tude em formação; uma força é um de de perceber. Frequentemente cia, que se reflete na vontade es- poder em formação; uma virtude nos apaixonamos pelo ascenden- piritual e se degrada na força físi- é uma glória em formação; ódio é ca no nível da personalidade; o amor em formação; paixão é com- te, a casca mais externa, Filho representa a onipresença, paixão em formação; orgulho é e somente que se reflete no amor espiritual compreensão em formação; egoís- e se degrada na paixão no nível mo é generosidade em formação”. SOPHIA • JUL-SET/2012 da personalidade; e o Espírito Em suma, para encontrar a fe- Santo representa a onisciên- licidade nessa escola da vida, re- cia, que se reflete na sa- gulada pelo karma maduro (pra- bedoria ou inteligên- rabdha karma), que pode ser cia espiritual e se lido no mapa astral, precisamos degrada na nos desenvolver em equilíbrio, astúcia no vontade, amor e sabedoria espi- nível rituais, que se expressam como ser, bem-aventurança e consciên- D. GUGLIELMOcia pelas capacidades de autodo- mínio, autoentrega e autoconhe- cimento, que sempre podem ser desenvolvidas em qualquer cir- cunstância de nossas vidas. Afinal, a alma reencarna com sede de desenvolver vontade, amor e sabedo- ria espirituais, mesmo que, uma vez encarna- da e obnubilada pela personalidade, não esteja mais consci- ente disso, ou que pareça já ter es- quecido o que veio buscar nes- se mundo, pois essa é a Trin- dade micro- cósmica da nossa essên- cia espiritual. Tal conquis- ta é a liberta- ção de nosso verdadeiro ser. 45

Conheça as publicações da LANÇAMENTO Teosofia Prática Pistis Sophia – O Homem, sua Origem A Senda para a Perfeição C. Jinarajadasa Os Mistérios de Jesus e Evolução Geoffrey Hodson Comentários de Helena N. Sri Ram Este livro traz uma série Blavatsky , Tradução e inter- Esta é uma obra escrita de reflexões e comentários pretação de Raul Branco “O homem é o microcos- por alguém que conhece a sobre como aplicar os princí- mo que reflete em sua consti- senda espiritual que conduz pios da Teosofia na nossa Este livro contém parte tuição o macrocosmo.” Este ao estado de perfeição além vida diária, tanto no lar como dos ensinamentos secretos de livro é uma investigação sobre do humano, de total domínio na escola ou universidade, Jesus, ministrados aos discí- o enigma do homem. Trata-se sobre si mesmo e de amplo nos negócios, na investigação pulos após a ressurreição. de uma boa introdução à conhecimento das leis e dos científica, nas artes e na ges- Originalmente escrito em antropologia teosófica, com poderes que sustentam todos tão pública. Ele traça um grego e tido como perdido, destaque para diversas abor- os seres, tornando o homem mapa de caminhos alternati- esse documento foi encontra- dagens, nas quais o homem é um verdadeiro servidor, um vos que podem conduzir a do numa tradução para o visto como um peregrino iniciado nos mistérios divinos. uma vida harmônica e feliz. copto, a língua do Alto Egito. espiritual, uma chispa divina e uma inteligência em busca de O autor, Geoffrey Segundo Jinarajadasa, com A tradição oral confirma a uma maior expressão da sua Hodson, é um ocultista reno- o uso da plena atenção e de importância de Pistis Sophia natureza mais sutil. mado e experiente clarivi- nossas faculdades intuitivas, como o mais esotérico dos dente, que dedicou sua vida podemos fazer escolhas mais ensinamentos de Jesus. Esta Neste estudo, essas ao auxílio daqueles que bus- acertadas, tornando-nos, as- edição, com comentários de questões fundamentais são cam o caminho da espirituali- sim, pessoas mais integradas Helena Blavatsky, contém analisadas à luz dos princípios dade, oferecendo orientações e realizadas. Teosofia Prática novas sugestões de interpre- teosóficos. N. Sri Ram, autor teóricas e práticas, em suas enfatiza a importância de defi- tações na Introdução e mais de várias obras já lançadas diversas obras. nirmos nossas metas na vida, de 400 notas explicativas ao por esta editora, aponta um e de seguirmos a senda que longo do texto, facilitando horizonte mais amplo para a Nesse livro são dispostas, leva à autorrealização. assim o seu entedimento. existência humana. de forma didática e coerente, descrições dos diversos mo- Sete maneiras fáceis de Editora Teosófica dos de percorrer a senda comprar nossos livros: espiritual, a partir das dife- SGAS quadra 603, conj. E, s/nº renças nos temperamentos 1. Ligue grátis: 0800-610020 Brasília-DF - CEP 70.200-630 dos aspirantes. Hodson orien- 2. Peça por fax Fone: 61-3322-7843 ta o peregrino sobre os está- 3. Peça por correspondência Fax: 61-3226-3703 gios que deve ultrapassar no 4. Cheque nominal caminho para a plena consci- 5. Depósito bancário E-mail: [email protected] ência, ao estado de perfeição, 6. Cartão Visa / Pague Seguro Home page: www.editorateosofica.com.br desde os primeiros passos de 7. Visite nosso site: seu despertar, passando pelas www.editorateosofica.com.br instruções e contatos interme- diários, até o encontro com o seu mestre espiritual. 46 SOPHIA • JUL-SET/2012

Editora Teosófica A Ciência do Yoga Sete Grandes Religiões O Fim da Divindade A Luz da Ásia – I. K. Taimni Annie Besant Mecânica Os ensinamentos de John David Ebert (comp.) Gautama Buddha Esta obra conduz a um Essa antologia de pales- Edwin Arnold reencontro com a essência do tras da Dra. Annie Besant Mudanças radicais têm Yoga, a partir de um estudo evidencia a unidade essen- alterado a nossa maneira de A primeira edição de A comparativo da ciência mo- cial contida nos ensinamen- olhar o mundo. Trata-se de Luz da Ásia foi publicada derna com a clássica e da tos das grandes religiões – uma transformação cultural em 1879. Desde então primeira codificação da disci- Budismo, Cristianismo, revolucionária. No entanto, milhares de leitores no plina do Yoga – os Yoga- Islamismo, Hinduísmo, até agora parte dela tem mundo vêm se deleitando Sutras, de Patañjali, filósofo Siquismo, Janaísmo e Zoro- ocorrido inconscientemente, com a história da vida de indiano do século VI a.C. astrianismo. como se suas partes não Buddha, contada de forma formassem um todo. tocante, com linguagem A física quântica demons- Quando nos remetemos poética, para descrever em tra que a irradiação da luz é às mensagens deixadas Esta obra oferece uma detalhes as várias faces da descontínua, através dos pelos fundadores das gran- maneira de enxergar o todo. A vida de Siddharta Gautama. fótons. Esse fato está em des religiões, transcenden- visão científica e a religiosa se perfeita harmonia com a do os dogmas, os rituais, as reencontram. Como resultado, Os ensinamentos do teoria das Kshanas, conforme superstições e os aspectos percebemos de uma maneira Budismo são expressos os Yoga Sutras III-53 e IV- mais temporais e superfici- nova e abrangente qual é o naturalmente como decor- 33, que considera descontí- ais dessas religiões, encon- nosso lugar no universo. rência das vivências de nua a natureza do tempo e tramos as mesmas verdades Buddha. O leitor viaja inici- da matéria. Como Patañjali eternas. Observamos que Em O Fim da Divindade almente pela atmosfera de poderia, há 2.600 anos, co- todos esses grandes instru- Mecânica, oito pensadores de encantamentos e prazeres nhecer isso sem o apoio da tores espirituais foram diferentes áreas compartilham dos palácios onde Siddharta tecnologia atual? canais de uma mesma sa- o hábito de pensar de modo viveu os anos de sua ju- bedoria divina e a expres- criativo, multidimensional, ventude, em seguida pela O autor define o Yoga saram em linguagem apro- inovador e não dogmático: vida de renúncia, austerida- como uma ciência de autoco- priada ao tempo e à cultura Deepak Chopra (A Ioga do de e privação na floresta, nhecimento e libertação pro- onde viveram. Desejo); Ruper Sheldrake (O para descobrir depois o gressiva da consciência. Essa Envelhecimento das Células e a caminho do meio, atingir a pergunta, portanto, seria res- A unidade religiosa não Física dos Anjos); Stanislav iluminação e tornar-se um pondida não pela crença ou deve ser buscada no âmbito Grof (O Nascimento, a Morte e grande instrutor. especulação metafísica, mas de uma única religião, mas o que está Além); Lynn Margu- pela experiência direta da na compreensão de que lis (A Evolução de Gaia); Ralph Edwin Arnold nasceu meditação enquanto método todos os credos são ex- Abraham (Os Alicerces do na Inglaterra. Foi escritor, progressivo de pesquisa, pressões de uma mesma Caos); Brian Swimme (Deus e jornalista, editor e educa- através das diferentes “cama- sabedoria universal, que o Vácuo Quântico); Terence dor. Morou vários anos na das” da mente. Assim, o ser todos os credos têm a mes- McKenna (A Etnobotânica) e Índia, onde foi reitor de humano pode conhecer a ma origem e conduzem ao William Irwin Thompson (A uma renomada faculdade própria essência do universo. mesmo fim. Imaginação da Cultura). de sânscrito. SOPHIA • JUL-SET/2012 47

Peça pelo número! Ligue grátis: 0800-610020 1. Além do Despertar - Textos do Mestre Hakuin 34. Fotos de Fadas - Edward L. Gardner: 17,00 Malheiros: 23,00 sobre Meditação Zen: 23,00 35. Fundamentos da Filosofia Esotérica - H. P. 68. Preparação para Yoga - I. K.Taimni: 22,00 69. O Processo de Autotransformação - Vicent 2. Alvorecer da Vida Espiritual, O - Murillo Blavatsky: 15,00 Nunes de Azevedo: 25,00 36. Gayatri - O Mantra Sagrado da Índia - I. Hao Chin Jr.: 35,00 70. Princípios de Trabalho da Sociedade 3. Apolônio de Tiana - G. R. S. Mead: 23,00 K. Taimni: 26,00 4. Aprendendo a Viver a Teosofia, Radha 37. Gnose Cristã, A - C. W. Leadbeater: 34,00 Teosófica - I. K.Taimni: 14,00 38. Helena Blavatsky - Sylvia Cranston: 65,00 71. Raja Yoga - Wallace Slater: 20,00 Burnier, R$ 31,00 39. Hino de Jesus, O - G. R. S. Mead: 13,00 72. Regeneração Humana - Radha Burnier: 21,00 5. Aspectos Espirituais das Artes de Curar - Dora 40. Histórias Zen - Paul Reps (comp.): 27,00 73. Rumo a uma Mente Sábia e uma Sociedade Nobre 41. Homem: sua Origem e Evolução, O - N. Sri van Gelder Kunz: 41,00 - Radha Burnier e outros: 18,00 6. Autocultura à Luz do Ocultismo - I. K. Ram: 17,00 74. Sabedoria Antiga, A: 37,00 42. Ideais da Teosofia, Os - Annie Besant: 23,00 75. Sabedoria Antiga e Visão Moderna - Taimni: 39,00 43. Idílio do Lótus Branco, O - Mabel Collins: 7. Autoconhecimento - Marcos Resende: 18,00 Shirley Nicholson: 33,00 8. Autorrealização pelo Amor - I. K. Taimni: 20,00 76. Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada, A - 44. Inteligência Emocional - As Três Faces da 21,00 Geoffrey Hodson: 67,00 9. Bhagavad-Gita - Trad. Annie Besant: 12,00 Mente - Elaine de Beauport & Aura Sofia 77. Saúde e Espiritualidade - Geoffrey Hodson: 14,00 10. Caminho do Autoconhecimento, O - Radha Diaz: 49,00 78. Segredo da Autorrealização, O - I. K. Taimni: 20,00 45. Introdução à Teosofia - C.W. Leadbeater: 15,00 79. Senda Graduada para a Libertação, A - Burnier: 12,00 46. Investigando a Reencarnação - John Algeo: 11. Cartas dos Mahatmas para A. P. Sinnett, 24,00 Geshe Rabten: 15,00 47. Leis do Caminho Espiritual, As - Annie 80. Senda para a Perfeição, A - Geoffrey Hodson: 15,00 Vol. 1 - Mahatmas K. H. e M.: 47,00 Besant: 20,00 81. Sete Grandes Religiões, As - Annie Besant: R$ 35,00 12. Cartas dos Mahatmas para A. P. Sinnett, 48. Libertação do Sofrimento, A - Alberto 82. Suprema Realização através da Yoga, A - Brum: 21,00 Vol. 2 - Mahatmas K. H. e M.: 49,00 49. Luz da Ásia, A - Edwin Arnold: R$ 23,00 Geoffrey Hodson: 29,00 13. Cartas dos Mestres de Sabedoria - C. 50. Luz e Sombra - Emma Costet de 83. Sussurros da Outra Margem - Ravi Ravindra: 23,00 Mascheville: 17,00 84. Teatro da Mente, O - Jinarajadasa: 38,00 51. Luz no Caminho - Mabel Collins: 12,00 14. Chamado dos Upanixades, O - Rohit Mehta: 52. Meditação - Sua Prática e Resultados - Henryk Skolimowski: 24,00 Clara M. Codd: 17,00 85. Teia de Maya, A - Atapoã Feliz: 17,00 R$ 39,00 53. Meditação - Um Estudo Prático - Adelaide 86. Teosofia como os Mestres a Veem - 15. Chave para a Teosofia, A - H. P. Blavatsky: Gardner: 22,00 54. Meditações: Excertos das Cartas dos Clara Codd: 33,00 36,00 Mestres de Sabedoria - Katherine A. 87. Teosofia Prática - C. Jinarajadasa: 19,00 16. Chegando Aonde Você Está - A Vida de Beechey (comp.) [livro de bolso] - 12,00 88. Teosofia Simplificada - Irving Cooper: 21,00 55. Meditação Taoísta - Thomas Cleary 89. Tradição-Sabedoria, A - Pedro Oliveira Meditação - Steven Harrison: 31,00 (comp.): 21,00 17. A Ciência da Astrologia e as Escolas de 56. Mundo Oculto, O - A. P. Sinnett: 30,00 e Ricardo Lindemann: 21,00 57. Natal dos Anjos, O - Dora van Gelder Kunz 90. Três Caminhos para a Paz Interior - Mistérios - Ricardo Lindemann: 51,00 - 12,00 18. A Ciência da Meditação - Rohit Mehta: 35,00 58. Ocultismo Prático - Helena Blavatsky: 12,00 Carlos Cardoso Aveline: 25,00 19. Ciência do Yoga - I. K. Taimni: 45,00 59. Ocultismo, Semi-ocultismo e Pseudo- 91. Tudo Começa com a Prece - Madre Teresa de 20. Conheça-te a Ti Mesmo - Valdir Peixoto: 15,00 ocultismo - Annie Besant: 13,00 21. Conquista da Felicidade, A - Kodo 60. Pensamentos para Aspirantes ao Caminho Calcutá: 23,00 Espiritual - N. Sri Ram: 20,00 92. Vegetarianismo e Ocultismo - C. W. Matsunami: 23,00 61. Pérolas de Sabedoria - Sri Ramana 22. Consciência e Cosmos - Menas Kafatos & Maharshi: 25,00 Leadbeater - Annie Besant: 18,00 62. Pés do Mestre, Aos - J. Krishnamurti: 12,00 93. Vida de Cristo, A - Geoffrey Hodson: 43,00 Thalia Kafatou: 34,00 63. Pistis Sophia - Trad. Raul Branco: 49,00 94. Vida e Morte de Krishnamurti - Mary Lutyens: 37,00 23. Contos Mágicos da Índia - Marie Louise 64. Poder da Sabedoria, O - Carlos Cardoso 95. Vida Espiritual, A - Annie Besant: 27,00 Aveline: 25,00 96. Vida Interna, A - C. W. Leadbeater: 39,00 Burke: 21,00 65. Poder da Vontade, O - Swami 97. Visão Espiritual da Relação Homem & Mulher, 24. Criança Encantada, A [livro de bolso] - C. Budhananda: 13,00 66. Poder Transformador do Cristianismo A - Scott Miners (comp.): 33,00 Jinarajadasa: 12,00 Primitivo, O - Raul Branco: R$ 21,00 98. Viveka-Chudamani - A Joia Suprema da 25. Dentro da Luz - Cherie Sutherland: 31,00 67. Potência do Nada, A - Marcelo 26. Desejo e Plenitude - Hugh Shearman: 15,00 Sabedoria - Shankara: 28,00 27. Despertar da Visão da Sabedoria, O - Tenzin 99. Vivência da Espiritualidade, A - Shirley Gyatso, 14º Dalai Lama: 22,00 Nicholson: 13,00 28. Despertar de Uma Nova Consciência, O - Joy 100. Você Colhe o que Planta - Mills: 17,00 Antonio Geraldo Buck: 15,00 29. Doutrina do Coração, A - Annie Besant: 101. Wen-tzu - A Compreensão dos Mistérios - 19,00 Ensinamentos de Lao-tzu: 29,00 30. Em Busca da Sabedoria - N. Sri Ram: 26,00 102. Yoga - A Arte da Integração - Rohit Mehta: 43,00 31. Escolas de Mistérios, As - Clara Codd: 35,00 103. Yoga do Cristo - No Evangelho de São João, A - 32. Estudos Seletos em A Doutrina Secreta - Ravi Ravindra: 33,00 Salomon Lancri: 21,00 33. Fim da Divindade Mecânica, O - John David Ebert (comp.): 33,00 RECORTE OU TIRE CÓPIA DESTE CUPOM E ENVIE PARA: EDITORA TEOSÓFICA - SGAS Q. 603, CONJ. E, S/Nº - BRASÍLIA-DF - CEP 70.200-630 [SOPHIA 39] Desejo adquirir as publicações nº por meio deste cupom ou do site www.editorateosofica.com.br, na seguinte forma de pagamento: Cartão VISA nº Validade: Titular: Cheque nominal à Editora Teosófica PEDIDOS DE LIVRO – ATÉ 3 LIVROS = R$ 15,00 Depósito bancário: Banco do Brasil, Ag. 3476-2, Conta 40355-5 ACIMA DE 3 LIVROS = R$ 18,00 Desejo assinar SOPHIA para receber 4 edições, trimestralmente, por R$ 44,00 Para receber 8 edições, trimestralmente, por R$ 85,00 Para receber 12 edições, trimestralmente, por R$ 122,00 Nome: Data de nascimento: CPF: Endereço: CEP: Fone (c4o8m.): E-mail: Cidade: Estado: SOPHIA • JUL-SET/2012 Fone (res.):

A origem da pala- vra theosophia é grega e significa sabedoria divina. A Sociedade Teo- sófica moderna busca a sabedoria não pela mera crença, mas pela investigação da verdade na natu- reza e no homem. FRED FOKKELMAN O que é a Sociedade Teosófica A Sociedade Teosófica foi funda- des em mais de sessenta países. Está tendo, ao mesmo tempo, suas tradi- da em Nova Iorque, em 17 de no- dividida em Seções Nacionais, que se ções. Considerando que ela não é uma vembro de 1875, por um grupo de compõem de Lojas e Grupos de Estu- religião, muito menos uma seita, so- pessoas, entre as quais se destacaram dos. Seus objetivos são: mente o respeito à liberdade de pen- a russa Helena Petrovna Blavatsky e samento torna possível a convivên- o norte-americano Henry Steel Olcott, Formar um núcleo da Fraternida- cia harmônica que favorece a investi- que foi seu primeiro presidente. Pos- de Universal da Humanidade, sem gação e o aprendizado. teriormente, a sede internacional foi distinção de raça, credo, sexo, casta transferida para a Índia, na cidade de ou cor. Sabedoria viva Chennai, antiga Madras, onde se en- Encorajar o estudo de Religião contra atualmente localizada. Comparada, Filosofia e Ciência. A origem da palavra theosophia Investigar as leis não-explicadas da é grega e significa, etmologicamen- Com mais de um século de exis- natureza e os poderes latentes no te, sabedoria divina. Quem primei- tência, a Sociedade Teosófica espa- homem. ro utilizou esse termo foi Amônio lhou-se por todo o mundo, com se- Saccas, em Alexandria, no Egito, no A Sociedade Teosófica estrutu- século III d.C, que, juntamente com Não há religião ra-se sobre o princípio da fraterni- seu discípulo Plotino, fundou a Es- superior à dade universal. Seus objetivos apon- cola Teosófica Eclética. Esses filó- tam na direção de uma livre inves- sofos neoplatônicos não buscavam verdade tigação da verdade. a sabedoria apenas nos livros, mas através de analogias e correspon- Esse é o lema da Sociedade Teosó- Uma vez que essa investigação só dências da alma humana com o fica. Ele não significa que a Socie- pode ser realmente empreendida em mundo externo e os fenômenos da dade se imponha como portadora uma atmosfera de liberdade, a Socie- natureza. Assim, a Sociedade Teo- da verdade; quer dizer que o laço dade assegura aos membros o direito sófica moderna, sucessora dessa an- que une os teosofistas não é uma à plena liberdade de pensamento e tiga escola, almeja a busca da sabe- crença comum, mas a investigação expressão, dentro dos limites do res- doria não pela mera crença, mas da verdade em relação às diversas peito para com os demais. pela investigação da verdade que se religiões, à filosofia ou à ciência. manifesta na natureza e no homem. Membros de diversas religiões se filiaram à Sociedade Teosófica, man- www.sociedadeteosofica.org.br SOPHIA • JUL-SET/2012 49

Endereços da Sociedade Teosófica no Brasil www.sociedadeteosofica.org.br Capitais Rio de Janeiro-RJ ões: 3ª, 20h. Loja Augusto Bracet: Tel: (21) 2569-9978. E-mail: Loja Liberdade: R. Anita Garibaldi, 29, 10º an- Brasília-DF – SGAS Q. 603, cj. E, s/nº. CEP: 70200-630. Tel: (61) 3226-0662. [email protected]. Reuniões: 6ª, 15h. dar. CEP: 01018-020. Tel: (11) 3256-9747. Reuni- Lojas Conde de Saint Germain, Jinarajadasa, ões: 6ª, 20h. E-mail: lojaliberdade@ Loja Alvorada: Reuniões 6ª, 19h30. sociedadeteosofica.org.br e loja@teosofia Loja Brasília: Reuniões 4ª, 19h. E-mail: Nirvana, Perseverança e Rio de Janeiro: Av. 13 liberdade.org.br [email protected] de Maio, nº 13, s. 1.520, Centro, Cep 20053-901. Loja Fênix: Reuniões 3ª, 19h. E-mail: Tel: (21) 2220-1003. Loja Raja Yoga: R. Mituto Mizumoto 301, Li- [email protected] berdade. CEP: 01513-040. Tel: (11) 3271-3106. Coordenadoria das lojas de Brasília – progra- Loja Conde de S.Germain: Reuniões 2ª, 14h. Reuniões: 6ª, 20h. E-mail: lojarajayoga@ mação pública conjunta: sáb., 14h30 a 21h30. Loja Himalaia: Tel (21) 2710-3890. sociedadeteosofica.org.br Belém-PA Loja Jinarajadasa: Reuniões 3ª, 14h. Site: Loja Annie Besant: R. Tiradentes, 470, Redu- www.lojajinarajadasa.com. Loja São Paulo: R. Ezequiel Freire, 296, to. CEP 66053-330. Fone: (91) 3242-6978. Reu- Loja Nirvana: Reuniões 6ª, 17h30. Santana (imediações metrô Santana). CEP: niões: 5ª, 19h. Loja Perseverança: Reuniões 5ª, 14h30. E-mail: 02034-000. Tel: (11) 5661-1383. Site: groups. Belo Horizonte-MG [email protected] yahoo.com/group/ltsp-sampa. E-mail: ltsp- Loja Bhagavad Gotama: Av. Afonso Pena, 748, Loja Rio de Janeiro: Reuniões sáb. 15h30h. [email protected]. Reuniões: 26º andar. CEP: 30130-300. Tel: (31)3222-5934. Salvador-BA dom. 17h30. E-mail: [email protected]. Loja Kut-Humi: R. das Rosas, 646, Pq. N. S. da Luz, Vitória-ES Reuniões: domingos, 16h. Pituba. CEP: 41810-070. Tel: (71) 3353-2191 / 9919- Campo Grande-MT 1065. E-mail: [email protected]. Loja Sabedoria Universal: Tel: 3340-028 (Sr. Loja Campo Grande: Rua Pernambuco, 824, Site: www.sociedadeteosofica.org.br/teobahia- Alcione). E-mail: [email protected]. Reuni- São Francisco, CEP 79010-040. Tel.: (67) 3025- Reuniões: sáb., 16h. ões: 1ª terça do mês, 20h. 7251/9982-8106. Reuniões: sáb, 18h. E-mail: São Paulo [email protected] Loja Amizade: R. Mituto Mizumoto 301, Liber- G.E.T. Blavatsky - Praça Getúlio Vargas, 35, Curitiba-PR dade. CEP: 01513-040. Tel: (11) 3271-3106. Reuni- Ed.Jusmar, sala 614, Centro, CEP 29010-925. Tel Loja Libertação: R. XV de Nov., 1700, 2º (27) 3227-8249. E-mail: luz_trina@yahoo. andar, s. 5. CEP: 80050-000. Tel: (41) 3037- Outras cidades com.br. Reuniões: 3ª, 19h30. 5586, 3363-8312. Reuniões: 4ª, 19h45 (mem- bros); 5ª 19h e sáb. 16h (público). E-mail: Águas de São Pedro-SP CEP: 63010-440. Tel: (88) 3511-2905. Reuniões: do- [email protected] G.E.T. Águas de São Pedro: Rua Pedro Boscari- mingo, 15h. E-mail: getashrama@sociedade- Loja Paraná: R. Dr. Zamenhof, 97, Alto da teosofica.org.br Glória. CEP: 80030-320. Tel: (41) 3254-3062. ol Sobrinho, nº 95, SP. CEP: 13525-000. Telefone: Juiz de Fora-MG Reuniões: 3ª, 20h. (19) 3482-1009. Reuniões: 5ª, 20h. G.E.T. Dario Vellozo: R. 13 de Maio, 538, Balneário Camboriú-SC Loja Estrela D’Alva: Av. Barão do Rio Branco, Centro, CEP 80510-030. Reuniões: 2ª e 4º do- 2721, s. 1006, Centro. CEP: 36025-000. Tel: (32) mingos, 15h30 às 17h30. Tel: (41) 3352-7175, G.E.T. Luz no Caminho: R. 2.700, nº 350, CEP 3061-4293. Reuniões: 2ª, 4ª, sáb., 18h15. 9979-7970, 9675-8126. E-mail: jorgebernardi 88.300-000. Tel: (47) 3046-0069 e 8401-4412. Reu- Jundiaí-SP [email protected] ou [email protected] niões: quinzenalmente, domingo às 17h30. E-mail: Florianópolis-SC [email protected] G.E.T Jundiaí: R. Santa Lúcia, 25, Chácara Urba- G.E.T. Florianópolis: R. José Francisco Dias Arei- Bragança Paulista-SP na, CEP 13201-834. Fone: (11) 4586-5022 e 9700- as, 390, Trindade, CEP: 88036-120. Tel: (48) 9960- 2012. Reuniões: 5ª, 20h. E-mail: Luciano.Irlanda@ 0637 (Adolfo). Reuniões para membros: 1ª, 2ª e 3ª Loja Alaya: R. Teixeira, 505, Taboão. CEP 12900- yahoo.com.br. Site: www.rosemeiredealmeida.com terça do mês, 20h. Palestras gratuitas: última terça 000. Tel: 4032-5859. Reuniões: 6ª, 20h. E-mail: Mogi das Cruzes-SP do mês, 20h. E-mail: get.florianopolis@socieda- [email protected] deteosofica.org.br Campina Grande-PB Loja Raimundo Pinto Seidl: Rua Bráz Cubas, Fortaleza-CE 251, sala 14, 1º andar, Centro. CEP: 08715-060. Loja Unidade: Endereço: R. Rocha Lima, 331, G.E.T. Sírius: R. Clementino Siqueira, 34, Jar- Tel: (11) 4799-0139. Reuniões: sábado, 15h30. Centro, CEP 65000-010. Reuniões: domingo 9h dim Tavares (lateral do restaurante Tábua de Car- Niterói-RJ e 5ª 19h20. Tel: (85) 3214-2392. Reuniões: 5ª, ne). CEP: 58.402-070. Tel: (83) 3055-1770. Reuni- 19h20. Site: lojateosoficaunidade.com.br. E- ões: dom., 16h30. E-mail: get.sirius@sociedade- Loja Himalaya: R. da Conceição 99, s. 207, mail: [email protected] teosofica.org.br ou [email protected] Centro. CEP 24020-090. Tel: (21) 2710-3890, Goiânia-GO Campinas-SP 2611-6949. Reuniões: 2ª, 19h. G.E.T. Sophia: Rua T-46, nº 110, Qda 12, Lote Piracicaba-SP 23, Setor Oeste, CEP 74010-160. Reuniões: Sá- G.E.T Lótus Branco: Cenapec, Bibl. Adir Gigliot- bados 17h. E-mail: [email protected] ti, R. Mogi das Cruzes, 255, Ch. da Barra, CEP Loja Piracicaba: R. Sta Cruz, 467, Alto. CEP: 13416- João Pessoa-PB 13.090-710. Reuniões: sáb. 15h. Fones: (19) 3027- 763. Tel: (19) 3432-6540. Reuniões: 3ª e 5ª, 20h. E- Lj.Esperança:Av. ArgemirodeFigueiredo,2957,s. 1224/8815-2970. E-mail: [email protected] mail: [email protected]. 203, Ed. Empresarial, Bessa. CEP 58035-030. Tel: (83) Cataguases-MG Praia Grande-SP 3246-1478, 9117-4488 ou 8866-5051. E-mail: lojaesperanç[email protected] Loja Unicidade: R. Cel João Duarte, 78, s. 204. Get Thoth: Rua Maurício José Cardoso, nº 1086, Porto Alegre-RS CEP: 36770-000. Tel: (32) 3421-8601/(32) 3421- Forte, CEP 11700-140. Tel: (13) 3474-5180. Reu- Loja Dharma: Rua Voluntários da Pátria, 595, 2600/(32) 9111-8181 e (32) 9984-1164. Reuniões: niões: 2ª, 20h. E-mail: get.thoth@sociedade s. 1408. CEP: 90039-900. Tel: (51) 3225-1801. 3ª, 20h, sáb., 19h. E-mail: lojaunicidade@socie- teosofica.org.br Site: www.lojadharma.org.br. Reuniões: 4ª, 20h dadeteosofica.org.br Ribeirão Preto-SP (membros); sábado, 17h e 19h (público). Criciúma-SC Loja Jehoshua: Praça Osvaldo Cruz, 15, Ed. G.E.T Ahimsa: R. João Penteado, 38, Jardim Coliseu, s. 2108, Centro. CEP: 90030-160. Tel.: G.E.T. Mabel Collins: Cx P. 263, CEP 88801-970. Sumaré, CEP 14020-180. Fones: (16) 3024-1755 e (51) 8417-2533. Reuniões: 3ª, 20h. E-mail: Tel: (48) 3433-0380 / 9904-2080. Reuniões: 1º sába- 9144-1780. Reuniões: Sáb., 16h. E-mail: getahim- [email protected] do do mês, 15h. sa @sociedadeteosofica.org.br Recife-PE Franca-SP Loja Estrela do Norte: R. Diogo Álvares, 155, G.E.T Acordar: R. Américo Brasiliense, 1.639-A, Torre. CEP: 54420-000. Tel: (81) 3459-1452. Reu- G.E.T. Consciência: R. Jardinópolis, 508. CEP 14405- Vila Seixas, CEP 14014-000. Fones: (19) 3024-1755 niões: domingo, 16h. E-mail: lojaestreladonorte 065. Tel: (16) 3723-5676. Reuniões: domingo, 15h. E- e 9144-1780. Reuniões: Sáb., 16h. E-mail: @sociedadeteosofica.org.br mail: [email protected] [email protected] Guarulhos-SP São Caetano do Sul-SP G.E.T Mahatma Gandhi: R. Francisco de Assis, G.E.T. do Grande ABC: R. Marechal Deodoro, 904, 87, s. 1, Centro, CEP 07095-020. Reuniões: 4ª, 19h. Sta. Paula. CEP 09541-300. Tel: (11) 4229-7846. Reu- Joinville-SC nião 3ª, 20h. E-mail: [email protected] São José dos Campos-SP Loja Shanti-OM: R. Eugênio Moreira, 114, Anita Garibaldi. CEP: 89202-100. Tel: (47) 3433-3706. Loja Vida Una: Av. Barão do Rio Branco, 699 (nas Reuniões: 4º domingo do mês, 19h. dependências do Espaço Vivar). Reunião: 3ª 19h30. Juazeiro do Norte-CE E-mail: [email protected] Uberlândia-MG G.E.T. Ashrama: R. Santa Rosa, 835, Salesianos. G.E.T Uniconsciência: ESP. SAMSARA, Av. Cesá- rio Alvim, 619, Centro. CEP 38400-000. Tel: (34) 3236-8661. Reuniões: Sáb., 16h.


Revista Sophia nº 39

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