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Aconselhamento Pastoral

Published by IEQ - Igreja do Evangelho Quadrangular, 2017-05-30 11:06:02

Description: Disciplina cujo conteúdo foi preparado para que o estudante SAIBA com base em fundamentos bíblicos da Palavra de Deus, procedimentos pastorais, partindo do estudo e análise dos conflitos que afligem a sociedade pós-moderna do Séc. XXI. Estes saberes levarão o estudante a SER um líder pastoral capacitado a FAZER acompanhamento e orientação das pessoas que buscam através da igreja, resposta, alívio e consolo para os seus conflitos, realizando encaminhamentos de forma multidisciplinar para a solução das situações de conflito.

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ACONSELHAMENTO PASTORALCAPÍTULO 4HABILIDADES NECESSÁRIAS NA VOCAÇÃODO ACONSELHAMENTO PASTORAL CAPÍTULO04 FIG. 4: ACONSELHAMENTO PASTORAL ; em ppcwnc.org; em 06.set.20124.1 INTRODUÇÃO Segundo pesquisas, os conselheiros são mais eficientes quando, além devivenciar as características do ser conselheiro, conhecem bem os problemashumanos e demonstram bom manejo das técnicas de aconselhamento(GARFIELD; BERGIN, 1986). Portanto, é necessário que ainda se consideremalgumas habilidades que o conselheiro deve desenvolver para o seu ministério.4.2 ATITUDES POSTURAIS Antes de tudo, o conselheiro necessita de atitudes posturais. Oconselheiro deve cuidar de si mesmo, pois é ele que será visto enquantoaconselha e, portanto, será copiado. Primeiramente, é importante que o conselheiro desenvolva autenticidade:autocoerência e congruência. Autêntico é alguém “que é como é”. Não utilizamáscaras desnecessárias, não faz de conta, apresenta-se de modo natural; oque não quer dizer que o conselheiro seja inadequado simplesmente porquequer ser autêntico. A autenticidade do conselheiro pastoral é coerente. Seusatos são conexos com suas palavras. Ele não fala o que ele mesmo não faz.Suas ideias são congruentes com a Bíblia que ele prega. Ele mantém relaçãodireta de uma coisa ou fato com o fim a que se destina. Por que é importante aprender coerência e congruência? A coerênciaevita ser manipulável pelo aconselhando ou por situações difíceis. Agindo de 51

ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULARmodo congruente o conselheiro não é chantageável. Ao mesmo tempo o conselheiro coerente e congruente,não se expõe à vulnerabilidade excessiva. Ele diferencia o que pode e o que ele deve fazer, daquilo que já nãoestá mais em sua competência. O conselheiro coerente não fará pelo aconselhando o que é de responsabilidadedeste. Segundo, o conselheiro deve aprender a receptividade com distanciamento. Fica claro que o conselheirorealmente se importa com a pessoa e o sofrimento do aconselhando. Mas, ele pode aceitar um não ou aresistência do aconselhando sem se sentir pessoalmente responsável por isso. Elabora bem a reação hostil doaconselhando. Não se intimida fácil. O conselheiro pode ser caloroso, acolhedor e gentil, enquanto sabe muitobem quando precisa parar, distanciar-se e deixar que coisas aconteçam, que Deus aja, que o aconselhandodecida mudar. Aproximando receptividade e distanciamento, o conselheiro não terá dificuldade em exortar,em ensinar e orientar diretivamente aqueles aconselhandos que necessitam desta diretividade. Portanto, oconselheiro pastoral não é manipulador. Terceiro, o conselheiro tem consciência das relações de poder. Todo relacionamento implica emrepresentar alguns papéis, em agir conforme algumas regras sociais. E ao exercer influência sobre outraspessoas para que elas se adaptem aos papéis sociais, às regras ou a uma conduta considerada adequada, umamelhor que a outra, exerce-se poder, relações de poder. Há poder em qualquer relação interpessoal. Porém, no aconselhamento pastoral o poder deve sucedersem realizar joguinhos. O conselheiro é transparente quanto às suas intenções de ajudar, quanto aos objetivos,passos e metas, quanto às técnicas, de como pretende ajudar e o que acontecerá durante o processo. Oaconselhando é permanentemente informado do que deve e vai acontecer. Quarto, o conselheiro pastoral desenvolve a habilidade da empatia. Empatia é uma projeção imagináriaou mental de um estado subjetivo, estado de espírito no qual uma pessoa se identifica com outra, presumindosentir o que esta está sentindo. Empatia é compreender e entender as coisas como o outro as apresenta seminterferências e interpretações pessoais. A empatia se expressa no aconselhamento pastoral, devolvendo ao outro que o conselheiro sabe do queele fala e o que ele quer dizer. O conselheiro reflete a fala do outro.20 O conselheiro empático se concentratambém nos sentimentos expressos do aconselhando, não apenas no conteúdo de sua fala. O conselheiroempático tem certa facilidade em comunicar ao aconselhando que compreende seu estado subjetivo, dando-lhe feedback (retroalimentação). Quinto, o conselheiro pastoral manifesta atitudes assertivas e assertividade. A assertividade é umcomportamento que se aprende, facilitando a conduta de acordo com os interesses reais da pessoa, de modoa defender-se de um modo controlado, a expressar os sentimentos de forma honesta e adequada, fazer valeros direitos sem negar os dos outros. A assertividade envolve a comunicação direta das necessidades, vontadese opiniões, sem interferir com a liberdade dos seus outros. Uma pessoa assertiva é aquela que é capaz deexprimir o mais diretamente possível o que pensa e o que deseja. Ela faz valer os seus direitos, escolhendoum conjunto de comportamentos e atitudes adequados a cada situação, de acordo com o local e o momento. O conselheiro assertivo tem autoestima elaborada, é determinado sem ser totalitário e impositivo, possuiadaptabilidade a circunstâncias imprevistas sem ser manipulável, desenvolve autocontrole mesmo em situaçõesadversas e desagradáveis, apresenta tolerância à frustração e se apresenta sociável, mesmo que as pessoasao redor lhe sejam adversas. A atitude postural da assertividade demonstra quão maduro o conselheiro éemocionalmente e espiritualmente, e o quanto sua vida depende de Deus e não das pessoas.4.3 HABILIDADES TÉCNICAS, COMUNICACIONAIS E VERBAIS Aconselhamento, foi dito, não é dar conselhos, antes sim, é desenvolver um processo relacional de cura ecrescimento. Para tanto, o conselheiro desenvolve atividades com perspectivas de evolução. Wayne Mack (s/d)denomina as etapas do processo conselheiro de “Oito Elementos do Aconselhamento Pastoral”, brevementedescritos a seguir. Esta sequência constitui-se em técnica de aconselhamento porque facilita o processo eorienta o conselheiro. Ao final, será mais fácil avaliar os resultados seguindo os “Es” a seguir.20 – Esta técnica é detalhadamente descrita em “Cuidando do Ser”, no capítulo de “A conversação pastoral” de FRIESEN (2000).52

ACONSELHAMENTO PASTORAL • Envolvimento: o aconselhando necessita de acolhimento, segurança que vai ser ouvido e compreendido. Portanto, o conselheiro facilita o desenvolvimento de vínculo: estabelecimento de um clima de segurança e trabalho conjunto em busca de soluções. • Engajamento: o aconselhando precisa estar compromissado com o propósito de crescer, de encontrar soluções, de elaborar questões interiores, de superar dificuldades. O conselheiro deixa isso muito claro a partir dos primeiros minutos: ele ajuda, mas quem cresce é o aconselhando. • Encorajamento: refere-se à habilidade de produzir esperança de modo que o aconselhando decida o que Deus quer que ele seja. Motivar o indivíduo a buscar sabedoria como alvo dominante em sua vida. Diante de reveses e dúvidas, o conselheiro mantém a motivação para o aconselhamento. • Exploração: é a habilidade do conselheiro de coletar informações (dados) sobre a vida do aconselhando de maneira que se possa diagnosticar com máxima precisão possível qual a verdadeira natureza de eventuais problemas. • Entendimento: refere-se à habilidade do conselheiro de interpretar para si e para o aconselhando a natureza da dificuldade através de meios como a Bíblia e seus critérios de valor, de atividades caseiras (tarefas entre os horários de atendimento), a análise da história de vida do aconselhando, observar o estado físico, emocional e espiritual. A partir do entendimento se pode desenvolver um projeto de aconselhamento e definir os objetivos do crescimento e das soluções necessárias para a superação de eventuais problemas. • Ensino: uma vez descoberta e esclarecida a dificuldade do aconselhando, uma vez entendido como ele vivencia seus problemas, o conselheiro passa ao ensino (provisório; experimental; sugestivo) de como agir para mudar a queixa. O ensino deve ser bíblico, relevante, prático, interessante, específico, criativo, organizado, persuasivo e adequado. • Exercício: refere-se à aplicação (ou implementação) da instrução bíblica ou psicológica no viver diário do aconselhando. Nenhum aconselhamento pastoral é completo se ele permanecer apenas na conversação. A conversação deverá resultar em planejamento de atividades que reforcem o alcance dos objetivos traçados. As atividades devem estar diretamente relacionadas à questão em tratamento. • Encaminhamento: refere-se à habilidade do conselheiro de terminar o aconselhamento. Uma vez realizado o processo do aconselhamento pastoral, vivenciadas as possibilidades e resultados do processo, o conselheiro poderá concluir junto com o aconselhando que o problema esteja resolvido (a queixa solucionada) e quais são os passos seguintes para a manutenção do estado salugênico (propiciador de saúde). Caso a queixa ainda não tenha sido solucionada, por qualquer motivo, o conselheiro encaminhará o aconselhando para profissionais de acordo com as dificuldades descobertas, analisadas e tratadas. Seguidos os passos destes oito “Es”, tanto o conselheiro quanto o aconselhando terão uma visão maisobjetiva do que realmente se fez e do que se alcançou mediante os esforços realizados. É evidente que essa simplificação dos oito “Es” não sintetiza os segredos de todo o aconselhamento pastoral, nem garante um trabalho de sucesso. O conselheiro necessitará estudar e praticar muitas outras técnicas e práticas para que seu repertórioseja suficientemente amplo de modo a suprir todas as necessidades pastorais. O aconselhamento pastoral é basicamente realizado através da conversação pastoral.21 Embora se utilizemtarefas, ainda que se pratiquem determinadas dinâmicas mesmo no espaço do aconselhamento, em últimaanálise, aconselhamento é comunicação, atividade verbal. Também este item não pode ser amplamente e21 – Sugere-se ao estudante interessado no item a seguir que estude o capítulo sobre “conversação pastoral” (FRIESEN, 2000). 53

ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULARprofundamente estudado. Portanto, sugere-se a seguir apenas alguns aspectos comunicacionais nas quais oconselheiro deverá habilitar-se para realizar aconselhamento profícuo. • Avaliação: como visto em “Organização do Aconselhamento Pastoral”, o início da conversação pastoral pode ser difícil. Há certa insegurança por parte do aconselhando. Será ele compreendido? Ou será julgado e criticado? Igualmente o conselheiro não sabe exatamente como será a sessão de aconselhamento, qual a problemática a ser tratada; como reagirá o aconselhando e muitos outros motivos mais para a insegurança. Assim, é importante que o conselheiro esteja preparado para avaliar a situação de modo que o aconselhando se sinta sempre mais à vontade e seja capaz de livremente tratar de seu problema. • Perguntas fechadas e perguntas abertas: perguntas fechadas permitem pouca exploração de questões pessoais. Por exemplo: Você está deprimido? Permite ao aconselhando responder com “sim” ou “não”. Uma pergunta aberta pode ajudá-lo a explorar mais seu estado deprimido. Por exemplo: você poderia descrever como você tem se sentido nas últimas quatro semanas? Ou: como está o seu humor? Com estas perguntas o aconselhando tem possibilidades de falar sobre si de muitos modos, não apenas com uma resposta positiva ou negativa. E a avaliação poderá aprofundar-se e ampliar-se. • Interpretação: é a tentativa de explicar o porquê do problema ou do sofrimento. Muitos aconselhandos até buscam o aconselhamento pastoral apenas para saber por que têm certas dificuldades. Muitos problemas de fato não se resolvem apenas pelo “faça isto ou aquilo”. Existem causas que têm raízes inconscientes. E muitas vezes a pessoa consegue diminuir sua ansiedade quando as entende. Cabe a Sigmund Freud o mérito de ter entendido e descrito o inconsciente do ser humano. Por exemplo, o abuso sexual tem como consequência dificuldades com a sexualidade. Porém, a maioria das pessoas imagina que, o que passou, passou. Não deveria interferir na vida de uma pessoa adulta, quiçá de um crente fiel. A verdade, porém, é que interfere muito. A compreensão pode vir mediante interpretação da história e da dinâmica emocional e espiritual do aconselhando. É necessário ressaltar aqui que a interpretação cabe a profissionais preparados para tanto. Se o conselheiro pastoral não tem um preparo adequado para esta tarefa, é melhor encaminhar o aconselhando. Caso o conselheiro realize interpretações, deve SEMPRE enunciá-las condicionalmente, não como veredito absoluto. A interpretação tem efeito libertador apenas se o aconselhando sentir que é verdadeira e concordar com a mesma. • Apoio: a comunicação pastoral favorece a esperança. Ela não promete cura e libertação, mas enuncia a possibilidade. Assim, o conselheiro se comunica com positividade e com fé. A disponibilidade deve estar clara tanto no que se diz, quanto no que se manifesta (metacomunicação). Metacomunicação é a mensagem que o ser humano expressa através da expressão de rosto, tonalidade de voz e/ou postura do corpo. • Indagação: com perguntas, o conselheiro estimula o pensamento, a memória e o raciocínio. As indagações, no entanto, facilmente se tornam cobradoras, acusadoras, determinadoras. Ao levantar dados ou ao inquirir a motivação do aconselhando o conselheiro deve evitar a acusação, o julgamento e a condenação. Isso é muito difícil quando o conselheiro percebe pouca disposição para crescer ou resolver problemas. Ainda que se torne claro que não há motivação para crescer, pode-se terminar um aconselhamento sem condenar o aconselhando. Pode-se dizer: “Bem, então vamos aguardar o teu tempo quando você realmente quiser resolver essa situação” ou algo similar. • Conselhos: o ensino, as diretrizes, as orientações são fruto de cuidadosa busca e análise dos dados que o aconselhando traz. Ainda assim, o conselheiro observa com esmero se o conselho é aceito, se há concordância e disposição para seguir o conselho. Um conselho não acolhido não será posto em54

ACONSELHAMENTO PASTORAL prática. Assim, o conselheiro passa conselhos muito mais em forma de sugestões do que de receitas que devem ser absolutamente seguidas. Deve ficar claro também que o conselho serve para descobrir aspectos novos a respeito da dinâmica vivenciada. Mesmo que um conselho não seja praticado, pode-se avaliar a razão e aprender aspectos profundos sobre a fé, as emoções ou as atitudes da pessoa. Caso haja uma área na qual o conselheiro pastoral nunca estará suficientemente preparado, então será esta: a habilidade de comunicar-se com eficiência e eficácia. Tratei do tema em maior profundidade em: FRIESEN, Albert. Cuidando do ser. Curitiba: EEE, 2000.4.4 A ÉTICA DO ACONSELHAMENTO PASTORAL Todo conhecimento, técnica e treinamento que uma pessoa possua, resume-se a muito pouco, caso elanão prime pela ética do aconselhamento. Portanto, deve o conselheiro pastoral guiar-se constantemente peloaxioma máximo da ética do aconselhamento: Toda informação pessoal colhida em aconselhamento deve receber um tratamento confidencial irrestritoe sigiloso. Por que o sigilo é tão importante? Seria útil que todo conselheiro/ toda conselheira tivesse se submetidoa um processo completo de aconselhamento pastoral, tratando de temas pessoais e assuntos realmenterelevantes para perceber como é importante a sensação e a certeza da confiança. Para o aconselhando o seu problema é singular, único e inédito. O assunto tratado lhe causa preocupaçõesem torno de sua autoimagem, do seu self. Ele se preocupa em como é visto, o que se está pensando a respeitodele e do seu problema. Por imaginar-se exposto, portanto em perigo, ele procura alguém em quem possaconfiar. Ele escolheu uma pessoa bem específica: VOCÊ. Portanto, espera encontrar compreensão, simpatia e seriedade – quem não jogue com as informaçõespessoais como se fosse de pouca importância. Quem se expõe num aconselhamento tem a sensação que asinformações pudessem destruir para sempre sua autoimagem, até seu próprio EU. Outra razão por que se deve manter sigilo se deve ao fato que informações sobre problemas e segredos daspessoas causam efeito e impacto sobre as outras pessoas. Para um conselheiro habituado em ouvir todo tipo deproblemas e revelações, tais informações podem não parecer chocantes. Para os familiares do aconselhando eseus amigos, tais informações podem ser devassadoras. Podem gerar angústia, insônia, perplexidade, agitaçãoemocional, raiva, tristeza, mágoa e toda sorte outras emoções negativas. A questão do sigilo ético é tão séria que o tema é tratado na Constituição Brasileira. Médicos, advogados,Ministros Religiosos e qualquer pessoa que possa afirmar que as informações que possui foram colhidas sobpromessa de sigilo ético e/ou profissional, tendo a confirmação desta promessa pelo réu em questão ou pelaregulamentação da profissão, ficam desincumbidos de depor em juízo caso assim lhes pareça por bem. Isto também se refere ao aconselhamento de pessoas leigas, como líderes de grupos familiares, conselheiros pastorais, líderes de células, líderes de estudo bíblico e outras atividades sociais. 55

ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR Versa sobre a obrigação do sigilo o seguinte, Novo Código Civil: Art. 229. Ninguém pode ser obrigado a depor sobre fato: I – a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar segredo; II – a que não possa responder sem desonra própria, de seu cônjuge, parente em grau sucessível, ou amigo íntimo; ninguém pode ser obrigado a depor sobre fato: III – que exponha, ou às pessoas referidas no inciso antecedente, a perigo de vida, de demanda, ou de dano patrimonial imediato. Código do Processo Civil: Art. 406. A testemunha não é obrigada a depor de fatos: I– II – a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo. Código do Processo Penal: Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. Código Penal Brasileiro: Art. 154. Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. # Único: Somente se procede mediante representação. Tanto quanto a lei protege, ao conselheiro se impõe responsabilidade. A quebra do sigilo pode serinterpretada como causadora de danos morais e outros delitos previstos na jurisprudência. Esse assunto parece perigoso, ameaçador e em muitas situações difícil. De fato, pode ser tratado commuita simplicidade. Utilize da Chave de Ouro. Peça a permissão ao seu aconselhando para abrir o assunto tratado com alguma pessoa específica. Apenaspeça permissão. Explique ao aconselhando a razão da importância de abrir algum assunto. Planeje em comofazê-lo da melhor maneira possível. Obtenha o acordo dele em todos os detalhes. Em algumas situações,quando a pessoa demonstra que concorda, mas não está segura, é recomendável que se descreva a permissãoem todos os seus detalhes e o aconselhando assina a mesma. Porém, mesmo os conselheiros mais experientes correm o risco de cometer deslizes éticos, especialmentequando os mesmos exercem também a função pastoral, de pregador, de professor ou outra atividade pública.A seguir serão tratadas algumas armadilhas às quais o conselheiro está sujeito, se não se tornar consciente evigilante delas. A primeira armadilha ocorre por uma intenção boa, quando se pede a outras pessoas que orem a respeitodo problema tratado em aconselhamento, sem a permissão do aconselhando. Um conselheiro bem intencionadosupõe que pessoas sérias, achegadas a ele e/ou ao aconselhando poderiam interceder junto ao trono de Deusbuscando livramento, cura e graça. Muitos conselheiros decidem contar as informações aos seus cônjuges,solicitando inclusive que orem em favor do caso de atendimento. De qualquer maneira, por melhores quesejam as intenções, estes procedimentos pecam contra a ética do aconselhamento. Uma segunda armadilha se constitui no manuseio de informações escritas. Todo trabalho deaconselhamento merece anotações para posteriormente análise, para manter informações vivas, para orar,para pensar e ler a respeito dos temas tratados. As anotações dão ao aconselhando a impressão e a certezaque ele está sendo levado a sério. Todavia, qualquer material escrito mesmo de formulários de avaliação ecrescimento deve permanecer guardado em lugar sigiloso e trancado; inacessível a pessoas estranhas aotratamento do caso. Uma terceira armadilha se apresenta quando o conselheiro necessita de supervisão e envolvimento deoutras pessoas mais experientes no processo de aconselhamento: um terapeuta profissional, um diácono,um ancião experiente da igreja. É sábio que o conselheiro não se tenha como tão pretensioso, achando quepoderá resolver sozinho a todos os problemas que atende. Todos os conselheiros têm restrições e limitaçõesem seu saber e nas suas habilidades de aconselhamento, e podem precisar de outra perspectiva que ajude adesencalhar um atendimento; para saber, como prosseguir.56

ACONSELHAMENTO PASTORAL Não é prudente que o aconselhando veja as anotações do conselheiro a respeito da conversação pastoral.As anotações podem parecer frias e técnicas, podem ser incompreensíveis, portanto, assustam. As anotaçõespodem transmitir informações que o aconselhando ainda não está preparado para ouvir e enfrentar. Em quarto lugar, as ilustrações para pregações e estudos bíblicos podem transformar-se em armadilhas aosigilo ético do aconselhamento pastoral. Quando um palestrante informa que vivenciou pessoalmente algumahistória ilustrativa, especialmente quando indica que se trata de alguém da comunidade, imediatamente aatenção das pessoas se concentrará em identificar a situação e a(s) pessoa(s). O Instituto de Identificação entraem ação, e a verdade central da ilustração acaba se perdendo. “Quem foi?” é a grande questão, e não mais“O que significa para mim?” Por maior que seja o esforço em apresentar a ilustração de maneira anônima, sea própria pessoa estiver sentada entre os ouvintes, se sentirá traída. A pessoa em questão terá o sentimento“agora todos sabem”. Portanto, é importante tomar algumas precauções na utilização de ilustrações e exemplos quando sepratica aconselhamento pastoral. Seguem algumas sugestões: • não utilize material de casos que estiver atendendo na ocasião. • É importante contar o “milagre”, mas não é preciso contar o “santo”. Desta maneira se quebra a curiosidade natural do instituto de identificação. • Contar a fonte pessoal da ilustração gera um efeito de carícia do próprio ego. O conselheiro que precisa disso tem questões de autorreferência (autoestima; autoconceito; autoimagem; crenças de controle) mal resolvidas. Deve ele mesmo buscar aconselhamento pastoral. • Modificar as informações não essenciais à mensagem em questão não é falsidade ou mentira. O importante é a mensagem. Em qualquer ilustração com implicações éticas, é sábio modificar as informações não essenciais que possam identificar o conselheiro e/ou o aconselhando. Outra armadilha na qual alguns conselheiros já caíram foi o impulso de proteger seu aconselhando emcaso de calúnia ou informações falsas. Por saber da intimidade do seu aconselhando, o conselheiro sabe dosfatos. Ele poderá detectar equívocos. Porém, o conselheiro não deverá intervir, especialmente se a fonte dasinformações verdadeiras tiver que ser revelada – neste caso é melhor que o aconselhando seja informado, eeste mesmo poderá corrigir os equívocos. As maiores armadilhas à ética do aconselhamento estão no próprio conselheiro através de suas necessidades não supridas, através de seus problemas pessoais não resolvidos e através de seus desejos não tratados diante de Deus.4.5 DETALHES DA ÉTICA PROFISSIONAL Considerem-se ainda alguns outros detalhes da ética do aconselhamento. Não se deve falar acerca deoutros conselheiros (criticando e/ou censurando), pois as informações fornecidas pelo aconselhando estãona perspectiva deste e, portanto, são unilaterais. Podem ser equivocados. Há pessoas que peregrinam deconselheiro em conselheiro e, por onde passam, precisam justificar-se pela falta de crescimento e dificuldadede mudar de vida. Cuide-se também para não falar a respeito de outras pessoas que não estejam em questão quanto aosproblemas tratados pelo aconselhando. Volte sempre que possível e necessário o foco à pessoa em atendimentoquando esta estiver se desviando de seus assuntos para falar somente sobre terceiros; isto é especialmenteimportante quando se fala sobre terceiros sem a finalidade de crescimento pessoal. O conselheiro não deve tocar o aconselhando desnecessariamente, especialmente se for do sexo oposto.É importante ser cordial, amável e afetuoso, mas também discreto. Pessoas tristes, depressivas ou perturbadaspor experiências difíceis (ex. abuso sexual) podem ter naturais e fortes desejos de afeto. Casos de natureza 57

ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULARsexual, problemas sexuais e conflitos envolvendo esta área são frequentemente acompanhados de sentimentossensuais e de excitação. Evidentemente, em atendimentos de crises e tragédias, ou quando as pessoas são conhecidas comomaduras e centradas, então certamente não será inadequado se elas forem abraçadas ou tocadas decentementepara o seu conforto e consolo. Ao tratar da ética do aconselhamento, ainda é necessário abordar a natureza sensual do aconselhamento.Os seguintes argumentos querem deixar claro que o aconselhamento implica em questões tão pessoais eíntimas que se torna sensual em certo sentido. Pense-se no seguinte: o espaço do aconselhamento é reservado e o relacionamento pode estareroticamente carregado. Isto se evidencia pelas características comuns entre um gabinete pastoral paraaconselhamento e o quarto nupcial. Perceba, em ambos os espaços as seguintes características se repeteme são necessárias: • confiança, • proximidade, • temas íntimos e secretos, • mistérios, • privacidade, • satisfação de estar juntos, • duas pessoas com objetivos comuns, • confidências, • isolamento. Assim sendo, o conselheiro deve estar atento a alguns sinais que indicam um relacionamento deaconselhamento com manifestações sensuais. Em geral estas não são conscientemente geradas ou identificadasde imediato, mas podem estar associadas a algumas das seguintes situações. Tratamento de questões sexuais. Embora problemas sexuais como impotência, frigidez ou outrasdificuldades possam ser tratados tecnicamente e com alguma frieza, mesmo assim podem suscitar sensaçõeseróticas e fantasias sexuais. O tema sexo facilmente evoca o lúdico. Brinca-se ao falar de questões sexuais,até para aliviar a tensão e a vergonha. Assim, facilmente os limites podem se diluir. Brincadeiras em excessoindicam que o limite da profissionalidade está ultrapassado. Outro aspecto que requer o máximo cuidado ético do conselheiro pastoral surge da própria qualidadedo aconselhamento pastoral. Este facilita comunicação melhorada. Torna-se gostoso conversar. Portanto,supre necessidades de falar sabendo-se aceito, compreendido, não julgado. Isso desencadeia o desejo demais comunicação com aquela pessoa. O gosto pela comunicação pode ser curtido tanto pelo aconselhandoquanto pelo conselheiro. Muitas vezes o próprio conselheiro não tem com quem desenvolver qualidadecomunicacional, nem no casamento, nem com amigos e nem com familiares. Muitos conselheiros conseguemproduzir boa qualidade de comunicação apenas no gabinete pastoral. Tais conselheiros precisam procurar umterapeuta para si mesmos. Portanto, cuidado com as carências.58

ACONSELHAMENTO PASTORAL Formas de comunicação que podem indicar paqueras ou apelo sexual: • piadas ambíguas, • abraços, • olhares, os olhos são a janela da alma, revelam o mais profundo da essência humana, • duração do tempo do aconselhamento aumentado, sem limites claros, pode significar um envolvimento afetivo e sentimental, pode significar uma transferência passional. A maioria das pessoas tem certa atração e fascínio pelo misterioso e proibido. Ao perceber sentimentosde adequação por alguma ação considerada necessária, pare e busque auxílio de um supervisor. Por exemplo,se surgir a ideia de encontrar-se com o aconselhando fora do espaço pastoral. Muitos conselheiros têm um secreto sentimento de inveja. Em geral este é inconsciente. Enquanto oconselheiro ouve a aconselhanda, ele pode experimentar secretos desejos de experimentar algumas vivênciasque ela teve/tem, ele pode sentir a vontade de estar no papel do marido dela. Também a aconselhanda podedesejar estar no lugar da esposa do conselheiro, quando este descuidadamente revela sua vida pessoal; elapode ter inveja da esposa do conselheiro, achando que este trata a sua esposa com a mesma gentileza quetrata a sua aconselhanda. O aconselhamento pressupõe delegação de poder. E assim pode haver manipulação de pensamentos,sentimentos, decisões, valores e escolhas. Assim, o aconselhamento pode transformar-se numa ação de certapericulosidade ética. Quem busca aconselhamento, delega poder ao seu conselheiro para interferir na suavida. E como qualquer oportunidade de poder se transforma em tentação, também no aconselhamento oconselheiro se verá tentado a abusar e explorar as possibilidades deste poder. Verifique o que Hoff tem a dizer a respeito em seu livro exemplar: HOFF, Paul. O pastor como conselheiro. São Paulo: Vida, 1996.RESUMO DO CAPÍTULO 4 • Atitudes posturais necessárias no aconselhamento por parte do conselheiro são a disponibilidade, autoconhecimento, lidar bem com a vida e a suas contingências. • Habilidades técnicas a serem desenvolvidas para o exercício do aconselhamento pastoral eficaz são: envolvimento, engajamento, encorajamento, exploração, entendimento, ensino, exercício e encaminhamento. • Habilidades comunicacionais e verbais necessárias para o exercício do aconselhamento pastoral são: avaliação, perguntas fechadas e abertas, interpretação, apoio, indagação e conselhos. • O axioma máximo da ética do aconselhamento é: toda informação pessoal colhida em aconselhamento deve receber um tratamento confidencial irrestrito e sigiloso. • A legislação desobriga o depoimento em qualquer instância de informações coletadas em atividades de ajuda com compromisso de sigilo entre as partes. • Três possíveis armadilhas da ética do aconselhamento para pastores: oração compartilhada com outros em boas intenções. Manuseio de material escrito. Necessidade de supervisão. Utilização de ilustrações para pregações. Impulso de proteção do aconselhando em caso de informações falsas. • A Chave de Ouro para a maioria das situações da ética do aconselhamento é: pedir autorização do aconselhando para qualquer decisão a ser tomada a respeito dele e do seu processo de aconselhamento. 59

ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULARANOTAÇÕES Chegou a hora da autoatividade. Você fará uma revisão do capítulo, responderá as questões, destacará a folha da autoatividade e a entregará para o professor na próxima aula. Boa revisão e ótimos resultados!60

ACONSELHAMENTO PASTORALINSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR NOTAACONSELHAMENTO PASTORALAUTOATIVIDADE DO CAPÍTULO 4 Série: Data: Nome:QUESTÕES1. Liste as atitudes posturais necessárias no aconselhamento por parte do conselheiro.2. Liste as habilidades técnicas citadas na apostila.3. Liste as habilidades comunicacionais e verbais.4. Escreva o axioma máximo da ética do aconselhamento.5. Como a legislação trata da questão do sigilo ético?6. Cite três armadilhas da ética do aconselhamento para pastores.7. Cite a Chave de Ouro para a maioria das situações da ética do aconselhamento.8. Escreva qual é a considerada a maior armadilha na ética do aconselhamento.9. O que você entende da afirmação de Santo Agostinho: “...nas profundezas da alma individual deixa de existir o hiato entre a subjetividade e a objetividade”?10. O que é diretividade na intervenção pastoral ou psicoterapêutica? 61

ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULARANOTAÇÕES62

ACONSELHAMENTO PASTORALCAPÍTULO 5A ORGANIZAÇÃO DA PRÁTICA CAPÍTULO05 FIG.5: ORGANIZAÇÃO; em israeldivino.no.comunidades.net; em 06.set.20125.1 INTRODUÇÃO O aconselhamento pastoral é práxis eclesiástica, quer dizer, faz parte dotodo de uma missão, da própria Obra de Deus na terra, com a Humanidade. Porisso, é necessário refletir o aconselhamento, no Corpo de Cristo, como fazendoparte da liturgia, da adoração, do diaconato, da pregação e evangelização. Assim, primeiramente serão apresentadas sugestões bem práticas paraque o aconselhamento seja bem sucedido, evitando conflitos no contextosocial que é a igreja e seus trabalhos. A seguir, o estudante será levado arefletir sobre o conceito de integralidade e o aconselhamento pastoral comoum elemento da mesma. O aluno encontrará nesta apostila a defesa da ideia do departamentode aconselhamento pastoral e dicas como poderá funcionar. Para finalizar,discute-se a questão: quem aconselha o conselheiro? Ele não é um agentesolitário como muitos psicoterapeutas seculares que atendem seu paciente,mas não interagem com o mesmo fora do espaço terapêutico.5.2 ASPECTOS MAIS QUE PRÁTICOS QUE NÃOPODEM SER ESQUECIDOS Muitos cristãos são conselheiros de corredor, isto é, aproveitam ocasiõesinformais para ouvir pessoas que estão em busca de ajuda para questões da 63

ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULARvida e interagem assim com elas. Quando alguém é luz22 e sal23 não tem como evitar o ser abordado por quemgostaria de saber qual a razão da Esperança24 que transparece em seu estilo de vida. A professora que lecionacrianças, mesmo que não queira, vai precisar ouvir as mães. Ainda que o líder do grupo de jovens se digaadministrador e não conselheiro, será buscado por jovens em conflito. A atividade de aconselhamento ocasionale espontâneo não demanda muita organização. Antes, requer prontidão para atender, disponibilidade paraouvir e presença de espírito, encaminhando o aconselhando à continuidade no aconselhamento com o pastor.Claro, muitas vezes, os personagens citados querem assumir o processo de aconselhamento. Especialmentese tiverem sido treinados para tanto. Mas, tão logo o aconselhando entrar num processo de aconselhamento,torna-se necessário que seja organizado para ser melhor sucedido. Neste livro, se enfoca o aconselhamento pastoral mais formal e tradicional, isto é, com hora marcada,contrato definido, plano de ação com metas e prazos, local e forma de trabalhar especificados. A abordagemmais formal traz vantagens de segurança e previsibilidade. Porém, o conselheiro pastoral, o professor e aprofessora, o líder comunitário, sabem que a grande maioria das conversas de aconselhamento se desencadeiamediante a dor e o sofrimento. E estes não têm local, nem hora, nem costumam avisar quando aparecem.Portanto, ainda que na reflexão a seguir se trate de aspectos práticos do aconselhamento de maneira maisformal, é preciso enfatizar que não se percam as “oportunidades ocasionais de ouro”. Outra razão para organizar a atividade do aconselhamento se dá quando o número de atendimentosaumenta. O líder que se tornar conhecido como conselheiro logo verá sua agenda abarrotada de compromissose correrá o risco de descuidar de si mesmo e de sua própria família. Quando as pessoas procuram um amigoou não profissional para tratar de seus problemas, elas facilmente se esquecem do tempo, com frequênciaabusando da boa vontade. Não, não há maldade! Simplesmente a pessoa que sofre está tão ocupada com asua dor que não consegue empatizar com a pessoa que a ouve. Se o conselheiro não delimitar o tempo e o espaço que concede, poderá sentir-se desrespeitado. Assim,sem perceber, o próprio conselheiro desencadeará raiva, e sem querer, se tornará agressivo. Portanto, paraevitar reações inconscientes, tanto do conselheiro quanto do aconselhando, convém organizar a atividade. Mesmo que o aconselhamento pastoral seja executado por “leigos”, é mais valorizado quando realizadomediante alguns critérios. Quando o conselheiro organiza as suas atividades com hora marcada, localespecificado, fichas de notas, ele dá um tom de seriedade e profissionalidade ao seu ministério. Veja a seguir alguns aspectos práticos que requerem serem organizados para uma ação pastoral maisprofícua através do ministério do aconselhamento.5.2.1 MARCAÇÃO DA ENTREVISTA Torna-se sempre mais comum encontrar nos boletins semanais ou jornais das igrejas a oferta deatendimento através de aconselhamento. Quando as pessoas sabem que o pastor ou algum líder delegatempo para aconselhar, se sentem mais à vontade para buscar o referido ministério. Quem sabe, até hajauma recepcionista para marcar e organizar o horário de atendimento. Mas, essa não é a realidade da grandemaioria das comunidades eclesiásticas no Brasil. Muitas pessoas iniciam uma conversa à porta do templo, ao terminar o culto ou num encontro ocasionalna casa de um dos membros da igreja. O telefone serve muitas vezes como possibilidade de iniciar umaconselhamento ou mesmo um e-mail. O aconselhamento pode ter o seu início no intervalo da aula nafaculdade, no horário do almoço no emprego ou ao encontrar o vizinho no supermercado. Quando alguém diz: “Preciso falar algumas palavras com você”, isso certamente pode significar duasou três horas. Portanto, o conselheiro atento vai imediatamente e amavelmente direcionar a conversa paraa questão do tempo: “Quanto tempo você acha que vai precisar?” Ainda que a pessoa diga dez minutos edepois gaste vinte, isso desgasta menos do que não ter tratado do tempo e a conversa acaba se estende poruma hora ou mais. Nessas ocasiões – “oportunidades de ouro” – convém dar toda a atenção à pessoa. Ela provavelmente22 – Mateus 5. 14 – 16.23 – Mateus 5. 13.24 – 1 Pedro 3. 15.64

ACONSELHAMENTO PASTORALrealizará uma reação emocional expressiva (catarse), falando alto, gesticulando e/ou chorando. Isso não temcomo ser evitado. Mas, talvez se possa mover a pessoa para um lugar mais reservado para que depois não sesinta constrangida pela maneira como reagiu em público. A seguir, é importante ajudar a pessoa a definir o queela precisa neste primeiro momento. Atenção! Não queira resolver todos os problemas agora, exceto no casode haver um comportamento de risco (suicídio ou decisão com graves consequências). A pessoa de improvisonão tem tanto tempo e o conselheiro também foi pego de surpresa. Tão logo a pessoa tenha expressado seussentimentos mais fortes e definido o que de fato precisa, pode-se encaminhar o processo de aconselhamentomais formal através da marcação de um horário. Marcar a entrevista evita abusos, a falta de limites e a invasãode privacidade. Mesmo o aconselhando se sente mais tranquilo quando sabe que tem um tempo que é seu,porque o conselheiro assim programou. A marcação da entrevista requer delimitação de alguns aspectos específicos: horário (início e fim), local,objetivo e a troca dos números de telefone para avisar quaisquer imprevistos. É importante, por algumasrazões, que a duração da entrevista fique logo especificada: se o aconselhando sabe quanto tempo tem, ele seorganiza com mais eficácia para tratar de tudo que é preciso. O conselheiro fica mais tranquilo e pode prestarmais atenção. O aconselhando não se sentirá rejeitado quando o conselheiro avisar que o tempo acabou. Uma prática muito útil é a pré-entrevista, isto é, a conversa ao telefone para marcar a consulta. Nestaocasião o conselheiro poderá deixar que o aconselhando lhe conte em algumas palavras o que está acontecendo,fazendo algumas perguntas. Quais são os problemas que ele gostaria de tratar? O que espera da entrevista?Quem mais sabe das dificuldades ou questões apresentadas? Já houve outras buscas de ajuda: profissionais,pastorais, família, amizades? Que resultados foram obtidos? Esses e outros detalhes podem facilitar o preparo doconselheiro. Assim ele poderá orar, ler e organizar algumas coisas que serão ser úteis na conversação pastoral. Embora seja óbvio, convém avisar que em situações de crise essas formalidades não têm serventia. Emcrise o conselheiro precisa estar presente, acolhedor, ativo, orientador e interventor (MALDONADO, 2005).Durante a crise, se o conselheiro não tem condições de acompanhar de perto e intensamente a pessoa, eledeverá estabelecer algum contato com familiares ou amigos, orientando-os, para que alguém dê assistênciaenquanto necessário. Alguns exemplos: ameaça de suicídio; surto psicótico; o cônjuge saiu de casa paraseparação matrimonial; acidente de carro com familiares em estado crítico; morte de familiares; tragédiasnaturais. Em situações similares o bom senso mostra que se deve evitar todas as formalidades e partirimediatamente para ações práticas de ajuda.5.2.2 LOCAL DA ENTREVISTA Os lugares são associados a efeitos emocionais e mentais sobre o ser humano. Num templo as pessoas setornam meditativas, à beira-mar relaxam, numa rodovia ficam tensas e no hospital, angustiadas. O lugar em sinão causa tais efeitos, antes, o que culturalmente se aprendeu sobre esses lugares. Quando o aconselhandovisita seu conselheiro na sala de visita deste, ele sente que está entrando na privacidade domiciliar. Issopode inibir. Se o encontro suceder no gabinete pastoral, há mais probabilidade de que ambos se sintam maisconfortáveis, pois, esse é normalmente o lugar onde se trata de questões pessoais, onde se ora, onde se buscaa vontade de Deus, onde se lê a Bíblia e onde se aconselha. Ao marcar uma entrevista de aconselhamentoconvém considerar a influência psicológica do lugar. Se o local das conversas puder ser constante, evita-se a necessidade de sempre novas adaptações. Emlugares novos as pessoas não se sentem imediatamente seguras, pois, não existe previsibilidade quanto aoque acontece ali. Na medida em que algumas entrevistas foram bem sucedidas, o aconselhando deixa deconcentrar-se no ambiente e pode concentrar-se melhor em si e no seu tratamento. Como o aconselhamento requer concentração é preciso evitar interrupções pelo telefone, pessoas quebatam à porta ou que transitem pela sala. Um quadro no lado de fora da porta pode avisar a que horas oatendimento termina. O telefone deve ser desligado. Ainda assim, o local deve ser público, de modo que todos saibam que ali é lugar de aconselhamento.Em algumas ocasiões encontros de aconselhamento em restaurantes ou bares podem ser necessários. Mas,essa prática pode levantar suspeitas, especialmente quando conselheiro e aconselhando são de sexo oposto.Para evitar calúnias, muitos pastores atendem pessoas do sexo oposto apenas junto com o cônjuge. Outros 65

ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULARatendem em seus gabinetes, assistidos na recepção por uma secretária. Ainda outra precaução é a porta comjanela, onde qualquer pessoa pode ver o que acontece no interior do gabinete, mas, sem ouvir o que se fala.Se o vidro da janela for de espelho unidirecional, o próprio aconselhando se sentirá ainda mais à vontade. Emalguns ambulatórios de profissionais da saúde (médicos, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas) assalas de consulta têm uma janela de vidro, colocadas suficientemente altas para que ninguém possa enxergarpassando ocasionalmente por elas e suficientemente baixas para que qualquer pessoa dando um pequenosalto possa enxergar o que se passa lá dentro. Não deveriam conselheiros pastorais tomar precauções similares,uma vez que o nome do Senhor Jesus está em jogo? A luz gera estímulos emocionais interessantes, assim ela pode facilitar ou comprometer a ação conselheira.Luz indireta relaxa, luz branca excita, luz refletida diretamente dentro dos olhos irrita, penumbra pode gerarsonolência. Em geral os ambientes com luz do dia são indicados. Quando a luz de uma janela ofusca, recomenda-se mudar a posição da cadeira. O aconselhamento pastoral deve propiciar um encontro verdadeiro entre duas pessoas, isto é, facilitar acomunicação, estimular a reflexão, afinar a compreensão do que é dito e ouvido, permitir que todos estejam àvontade. Para tanto, o conselheiro de evitar se sentar atrás de uma mesa. Mesas de escritório geram distância,comunicam superioridade ou frieza. Bem, em algumas situações de aconselhamento isso pode até ser útil.Por exemplo, quando se desenvolveu uma transferência sentimental (paixão) pelo/a aconselhando/a. Mas,normalmente o conselheiro disporá a mobília de forma que não haja obstáculos entre as pessoas. Uma posturadas cadeiras/dos sofás em 90 graus facilita o olhar um para o outro, tanto quanto o desviar o olhar quandonecessário. Importante é evitar os constrangimentos. Lenços de papel, água potável e um lavatório próximo se tornam necessários num ambiente deaconselhamento. Algumas pessoas precisam de papel e caneta para se expressar, desenhando esquemas ourabiscando imagens que lhes aparecem enquanto falam. Em geral um ambiente para falar sobre problemas,sobre a vida espiritual e sobre questões existenciais tem livros. Eles podem inspirar ideias, sugestões, soluções,podem até servir como tarefas terapêuticas. Livros se tornam interlocutores enquanto não há gente com quemse possa conversar.5.2.3 DURAÇÃO DA ENTREVISTA Em geral os primeiros dez minutos de uma consulta pastoral resumem tudo que há de ser tratado daí em diante, dure a entrevista meia hora ou três horas. Portanto, não é a extensão da entrevista que define o sucesso ou o crescimento da pessoa. Outro fator que requer ser considerado para determinar a duração da entrevista é a especialização doconselheiro. Se este tiver sido treinado, se o assunto tratado é de sua especialidade, então poderá desencadearmais reflexões e elaborações e gastar mais tempo. Mas, conselheiros leigos em geral não sabem exatamentecomo facilitar a abordagem de novos assuntos, novas maneiras de análise, sem forçar a conversação pastoraldiretivamente. E neste caso, a conversa segue o “fio de meada” do conselheiro, e não do aconselhando. O que se quer dizer com “fio de meada”? A escolha dos temas, dos assuntos a serem tratados. Quemdeve escolher o que tratar é o aconselhando, não o conselheiro. Embora este, depois de um bom vínculopossa fazer perguntas ou abordagens diretivas para levar a perspectivas mais úteis, as intervenções diretivasdos conselheiros deveriam ser realizadas apenas depois do vínculo conselheiro x aconselhando muito bemestabelecido. Para iniciantes em aconselhamento pastoral se recomendam 3 sessões de 40 a 50 minutos cada. Seo aconselhando não demonstrar algum crescimento ou mudança objetiva, então se torna necessário oencaminhamento. Se houver crescimento, o atendimento pode se estender de 6 a 10 sessões. Além dessa66

ACONSELHAMENTO PASTORALquantia de atendimentos o aconselhamento em geral passa a girar em círculo, quando houver falta detreinamento. Em síntese, não é a duração da entrevista que garante mudanças e/ou crescimento. Estas são definidaspelas habilidades do conselheiro, empatia, maturidade pessoal tanto do conselheiro quanto do aconselhandoe criatividade diante das circunstâncias da vida. No entanto, devem-se considerar também os objetivos do processo aconselhativo. Se houver a necessidadede uma revisão de vida, ou do que alguns conselheiros chamam de “batalha espiritual”, é evidente que o temporequerido vai aumentar. Mas, note bem, é preciso estar especializado para trabalhar com revisão de vida ou“batalha espiritual”. E as técnicas citadas são explicitamente diferentes do que neste livro se denomina de“aconselhamento pastoral”.5.3 CRITÉRIOS DO ACONSELHAMENTO COMO UM PROCESSO No parágrafo anterior ficou evidente que a questão do tempo no aconselhamento não pode serenquadrada em algumas regrinhas simples. Embora se possam considerar algumas dicas de procedimentogeral, o conselheiro deve estar atento aos detalhes de sua própria formação e capacitação, do assunto queo aconselhando traz, das expectativas e objetivos que apresenta, da cooperação no tratamento, da situaçãocrítica, do vínculo que foi possível estabelecer, do andamento do processo e muitos outros. Esclarecidas essas variáveis, se pode considerar que a orientação vocacional normalmente dura 2 a 5sessões e a intervenção em crises pode requerer 6 semanas adaptando o número de sessões às circunstânciasespecíficas. Se o processo de aconselhamento trata de problemas relacionais (família, matrimônio, filhosrebeldes) deve-se considerar as recomendações dos especialistas em terapia breve (BELLAK & SMALL, 1980),que recomendam de 6 a 10 sessões em mais ou menos 3 meses. Se os objetivos não forem alcançados, oencaminhamento certamente se fará necessário (WORTHINGTON, [ ]). Quadros de transtornos crônicos25, como depressão ou ansiedade, transtornos de personalidade, síndromede pânico ou transtornos sexuais podem demandar acompanhamento em longo prazo, de meses e/ou anos.Considere-se, no entanto, que tal acompanhamento pode ser extremamente extenuante e deveria ser feitopor especialistas. Sem um preparo aprimorado o conselheiro corre o risco de prejudicar o aconselhando egerar problemas para si mesmo. Atualmente se pode encontrar muitas formas e métodos de ajudar e estimular pessoas que gostariamde crescer na vida pessoal, em profundidade espiritual com Cristo, na habilidade relacional com a família eamigos ou mesmo em criatividade e produção profissional. No contexto desta obra sejam citados apenas otreinamento, a supervisão, o mentoreamento e o chamado coaching (GOLDSMITH, 2003). Existem diferençasevidentes entre os métodos citados e o aconselhamento e o discipulado. Mas, o aconselhamento não deixade utilizar-se destes processos de estimulação do crescimento. Estas formas e modelos de ajuda em geral sãorealizados em longo prazo. Porém, mencione-se mais uma vez: sem um preparo específico, mesmo o discipuladose torna vazio de sentido, evidencia imediatamente a falta de profundidade e com isso compromete a suacontinuidade. Assim é com todas as outras formas e modelos de ajuda às pessoas. A interrupção de um acompanhamento pastoral facilmente pode ser visto pelo aconselhando comouma rejeição ou com descaso. Para evitar tal interpretação é útil que o conselheiro estabeleça logo de iníciono contrato verbal a quantia provisória de atendimentos. Saber que não se tem “todo o tempo do mundo”mobiliza e acelera a busca de soluções e crescimento, bem como evita frustração de expectativas falsas econstrangimentos. Todo conselheiro deve estar atento à satisfação, ao prazer que o processo do aconselhamento gera, tantopara o aconselhando quanto para o conselheiro. Sendo prazeroso, o tempo do processo pode se estender maisdo que necessário. Além disso, frequentemente está associado a uma transferência sentimental. Prolongarprocessos de aconselhamento sem objetivos especificamente buscados pode facilitar um envolvimentopassional.25 – Crônico: que dura há muito tempo; persistente, entranhado, inveterado; diz-se das doenças de longa duração, por oposição às manifestações agudas. 67

ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR Um simples paradigma quer facilitar o manejo do tempo no processo do aconselhamento: • Quanto maior a crise > mais encontros por semana necessita o aconselhando > menor pode ser a duração da sessão. • Quanto menor a crise > menos encontros por semana são necessários > maior pode ser a duração de cada sessão. Talvez a dificuldade quanto à duração do aconselhamento enquanto processo, seja a dependênciaemocional. Pessoas carentes, inseguras e deprimidas, com problemas sexuais, com transtornos de personalidadepodem pressionar para que o processo continue, sem que haja necessidade, ou até, desenvolvendo(inconscientemente) mais problemas e sofrimentos (FRIESEN, 2000). São poucos os conselheiros que conseguemconduzir um processo de dependência de maneira a não manifestar raiva e agressividade ou a não se submeterà dependência, mantendo a relação pastoral profícua de crescimento e solucionadora de problemas. “Amor e Firmeza” são o paradigma: amor de Deus e a firme convicção de que é Deus quem salva e cura, não o conselheiro. Deus é presente sempre, o conselheiro não. O aconselhando precisa aprender a depender de Deus, adepositar sua vida completamente nas mãos de seu Criador. Se o conselheiro mantém uma dependência, ele setorna corresponsável por não desenvolver uma experiência de fé e confiança em Deus. Desta maneira se impedeo desenvolvimento da interdependência, que é um dos grandes objetivos da maturidade na vida humana.26 Em charges humorísticas, todo analista senta-se de pernas cruzadas e faz anotações em seu caderninho,enquanto o paciente fala sem parar (monólogo). Conselheiros leigos e/ou pastorais normalmente confiam emsuas memórias para o registro das informações recebidas. Nas últimas décadas pesquisas neuropsicológicasidentificam que a memória absoluta não existe. O que o ser humano faz é recontar a sua história, a partirde algumas imagens e conceitos retidos na memória (rede neural). Assim sendo, é preciso suspeitar que arecontagem seja colorida pelas emoções momentâneas, por experiências e descobertas novas, por fatos edados da atualidade. O que se diz ser uma lembrança é a recomposição de alguns dados da memória, com ainterpretação desses dados a partir de vivências e aprendizagens atuais. Portanto, a história contada pode tornar-se sempre mais dramática e sofrida, se o presente for sofrido;pode também se tornar menos dramática, se a vida estiver tomando um rumo de tranquilidade e crescimento.Em resumo, esse dado a respeito da memória, que é colorida seletivamente por informações úteis ou inúteis,não é totalmente novo. Há milênios o profeta Jeremias já disse: “Quero trazer à memória o que me podedar esperança”.27 Mas, e o que fazer com os fatos trágicos da vida? É possível vê-los sob nova ótica: de fé, deesperança e de amor. Assim, a vida se transforma, a cura se torna viável. Essas considerações querem levar à importância das anotações no aconselhamento, mesmo porconselheiros pastorais e/ou leigos. Os dados que a memória registra na presença de uma pessoa que sofre,que foi tratada com injustiça, que está agressiva ou até desrespeitosa, são impregnados por respectivossentimentos. Se alguém quer ajudar a mudar tais atitudes, é preciso poder pensar e orar sobre o que ouviusem estar sob influência daqueles sentimentos. Se houver algumas anotações, o conselheiro poderá refletir26 – Lawrence Kohlberg (1981) afirma que o desenvolvimento ético e moral das pessoas normalmente passa pelas seguintes etapas de evolução: dependência(infância), contradependência (adolescência), independência (jovem adulto) e interdependência (a partir da meia idade). Como em todo processo evolutivo,também neste existe a possibilidade de estagnar ou cristalizar em uma etapa, ainda que a idade avance.27 – Lamentações de Jeremias 3. 21.68

ACONSELHAMENTO PASTORALmais tarde com menos envolvimento emocional sobre tudo que ouviu, e assim, adotar uma postura nova. Semanotações, sem posterior reflexão e oração, sem apresentação da história do aconselhando a Deus, mesmo omais hábil dos conselheiros terá dificuldades em gerar soluções criativas enquanto depender apenas daquiloque foi registrado em sua memória. Aconselhamento pressupõe que o conselheiro pesquise em livros a respeito dos assuntos tratados, queleve o caso ao seu supervisor,28 que ore a Deus. Mas, o que vai pesquisar se depender apenas de sua memória?Aquilo que seletivamente registrou. E a chave de resolução pode estar justamente num pequeno detalhe, quenormalmente não chama atenção que, portanto, a memória não registra. As anotações durante a conversaçãopastoral podem parecer indefinidas, não importantes, a esmo. Mas, ao se trabalhar sobre as anotações, surgemaspectos fundamentais justamente pelas anotações que às vezes foram feitas sem muita reflexão. Normalmente, o próprio aconselhando se sente levado a sério quando observa que são feitas anotações.Nas situações em que o aconselhando der sinais de insegurança, o conselheiro precisa falar a respeito dasanotações. Dirá qual a finalidade das mesmas, quais providências tomará para dar um caráter de reservae sigilo ao material, qual o destino final. Por fim, pode perguntar ao aconselhando se prefere que não seregistre a conversa. Caso afirmativo, o conselheiro deve anotar logo após a sessão do que lembra ou então,sob responsabilidade do aconselhando, trabalha apenas mediante o registro da memória. Mas, o que se deve registrar? Aparecem tantas informações! Quais são de fato as importantes e úteispara o aconselhamento? Depende do foco teórico do conselheiro. Ninguém consegue observar e pensar o serhumano em todas as suas interfaces, pois ele foi criado de “modo assombrosamente maravilhoso”.29 Por isso,cada conselheiro escolherá a sua interface a partir da qual observa o seu interlocutor e consequentementeregistra tais dados. O que quer dizer foco teórico? É a perspectiva a partir da qual se analisa o ser humano e a sua conduta.Por exemplo: o conselheiro pode ter o foco bíblico, isto é, tudo que ouve passa pelo crivo do que ele sabe que aBíblia diz. Se a pessoa está ansiosa, o conselheiro de foco bíblico lembra o que está escrito sobre ansiedade, quaisas causas, como lidar e vencer. As intervenções também são construídas a partir desse foco. Se o conselheirotiver um foco sistêmico (FRIESEN, 2000), ele atenta para os relacionamentos da pessoa: de quem está próximo,quem está distante, com quem faz alianças, tem conflitos, desvia conflitos, com quem faz triângulos, a quemdeve lealdades. Consequentemente, as anotações se concentrarão nesses assuntos. Na Psicologia se fala de escolas teóricas, por exemplo, a Psicanálise, a analítica, a comportamental, agestáltica, humanista (Ex. centrada na pessoa de Carl Rogers), a cognitivo-comportamental. Se especialistasem comportamento humano precisam selecionar o que vão observar e anotar, o conselheiro leigo/pastoraltambém pode sentir-se à vontade para trabalhar a partir de um só foco teórico. Na medida em que desenvolvesuas habilidades ministeriais, ele poderá sobrepor alguns focos teóricos. É o que se propõe neste livro: que ofoco teórico principal seja o bíblico, mas, que se esforce por desenvolver um foco complementar que é o focode consideração das emoções. Ao conselheiro que continua investindo em seu aprimoramento, sugere-se oterceiro foco teórico que é a visão sistêmica do ser humano. Lawrence Crabb Jr. arrisca uma sugestão bem prática quando sugere que o conselheiro cristão desenvolvaleituras na proporção de 50% por 50%. A metade das leituras deve ocupar-se com a Bíblia e a outra metade comlivros específicos na área de aconselhamento pastoral (CRABB, 1984). Parece bem razoável para o conselheiropastoral que se propõe aconselhar de maneira integral. O material para anotações pode ser variado: pranchetas com papel A4; notebook sobre o colo,30 fichasde resumo (médias ou pequenas). Porém, o conselheiro não pode esquecer-se de “ouvir com os olhos”, pois,a expressão facial transmite mais informações e de valor íntimo do que o discurso verbal. Para tanto é precisoobservar a expressão facial do aconselhando.5.4 EM SINTONIA COM O ACONSELHANDO Quando duas pessoas se entendem, quando desenvolvem e mantém acordos, quando conversam esabem que se compreendem elas estão em sintonia. Sim, pode ser como na música: mesma melodia, mesmo28 – Mediante permissão prévia do aconselhando.29 – Salmo 139. 14.30 – Mas, sem perder o contato visual com o aconselhando; escrever sem olhar para o teclado. 69

ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULARritmo. No aconselhamento existem aspectos que precisam fluir sintonicamente também. Veja os principaisaspectos a seguir.5.4.1 INÍCIO DA ENTREVISTA Para conselheiros iniciantes o início da entrevista normalmente gera algum desconforto. Como será? Oque o aconselhando vai trazer hoje? Como posso ajudar para que se sinta à vontade? O que devo fazer paraevitar que entre por uma trilha de assuntos que não leva ao crescimento? Quem fala primeiro? Os latinos, em geral são bons anfitriões e bem acolhedores. Se preocupam em receber bem e que oconvidado se sinta à vontade. No aconselhamento, no entanto, esse não é o principal objetivo. Em muitasocasiões até se torna necessário que o aconselhando passe por alguma tensão para aprender a lidar com assuas emoções. Se não o fizer num gabinete pastoral seguro, onde vai arriscar uma vivência nova em que seexponha pessoalmente? É importante que a recepção seja calorosa (mais na expressão facial, do que em muitas palavras), que seconduza o aconselhando até o ambiente de trabalho. Mas, logo a seguir convém direcionar a responsabilidadepelo trilho de assuntos para o aconselhando. Com objetividade e tranquilidade o conselheiro pode dizer:“Então, o que devemos tratar hoje?”, “O que o traz aqui?” ou “Conforme você me disse por telefone, teríamosque conversar sobre o seu matrimônio! Quer começar, por favor?” Essa abordagem mais direta aos assuntosorienta ao aconselhando de que ele é corresponsável pelo processo, que ele está livre para se apresentar, quetudo que ele traz é importante. O próprio aconselhando também deve estar muito ansioso para tratar logodo assunto que o aflige. Portanto, ficará bem se puder começar imediatamente. Além disso, uma abordagemdireta evita perda de tempo. Mas, em se tratando da primeira consulta, parece lógico que se ajude ao aconselhando a relaxar, a sesentir bem, para que possa trazer sua dor com objetividade! Correto! Para tanto não é necessário falar dafamília, do tempo, do hobby e do time de futebol. Essa acomodação terapêutica é favorecida mediante atécnica empático-reflexiva (FRIESEN, 2000). Ao refletir os sentimentos, validando-os e aceitando a pessoa,se facilita o encontro e a vinculação de aconselhamento. Ao demonstrar que o conselheiro percebe o que oaconselhando sente, este desenvolve segurança e certeza de aceitação. Ainda assim, deve-se levar em conta a cultura do aconselhando. No Brasil, o sulista de origem europeiacertamente prefere mais diretividade e objetividade. O nordestino provavelmente vai precisar de algumasocialização para abordar a questão central que o mobiliza ao aconselhamento.5.4.2 A CONCLUSÃO DA ENTREVISTA Tal qual o início de uma entrevista, para iniciantes a conclusão pode ser um problema. Uma hora proveitosae construtiva de diálogo pode ser quebrada através de uma ação ou palavra infeliz no final. Como conduzir,então, a conclusão da entrevista? Inicialmente, o conselheiro assume a responsabilidade pela observação do tempo. Ele o faz, definindojá na marcação da entrevista a duração, começo e fim, da mesma. A seguir tentará observar a entrevistasegundo alguns passos: apresentação do tema, exploração do tema, busca de soluções, sugestão de algumaação (conselho)31 e tarefa. Cada etapa será notificada discretamente pelo conselheiro. Por exemplo, a etapada exploração: “Você deveria contar um pouco mais sobre a comunicação de vocês”; a etapa da busca desoluções: “O que você pensou em fazer a respeito?”; a etapa da sugestão de ação: “Qual seria o mínimo sinalde melhora para você? O que deveria acontecer para que você voltasse a ter esperança?” Quando o tempochegar ao fim, o conselheiro poderá sugerir: “Bem, depois dessa caminhada, acho que devemos pensar emalguma ação ou tarefa, antes de nos despedirmos!” Assim, o aconselhando percebe que está inserido nadimensão do tempo e que precisa orientar-se segundo o combinado. Em consultas subsequentes o conselheiro vai deixar que o aconselhando cuide do tempo, para observarse ele consegue se orientar dentro de seus limites. A partir da segunda sessão, delegará subjetivamente (nãoprecisa dizer isso) responsabilidade ao aconselhando, especialmente se a questão tempo tiver sido especificadaanteriormente. A reação do aconselhando pode dar indicativos de sua capacidade de iniciativa, de maturidade,31 – O ideal é que o conselheiro facilite ao aconselhando a descoberta de alguma ação interventiva; que evite “dar conselhos”.70

ACONSELHAMENTO PASTORALdo controle das emoções, da tendência à dependência emocional, do perfeccionismo e muitos outros aspectosda personalidade do mesmo. Assim, a finalização de uma entrevista pode ser conduzida através de resumos, conclusões, planos e tarefas.Procedendo assim, a conclusão da entrevista não será abrupta, nem percebida como descaso ou rejeição.5.4.3 AS TAREFAS Como se partiu do pressuposto de que o ser humano é uma complexidade espiritual, emocional(psicológica), biológica e social, o aconselhamento pastoral deve levar em conta todas essas dimensões.Portanto, por mais importante que seja levar a pessoa a orar e buscar crescimento em Deus através da suaPalavra, o conselheiro que se esforça em ver o ser humano como um todo incluirá outras perspectivas na suaação ministerial. A Psicologia social comprovou extensivamente que não é somente o que se pensa que faz agirde uma ou outra forma,32 mas o que se faz também faz pensar como se pensa (Bolt & Myers, 1989; Freedman;Carlsmith & Sears, 1977). Tiago deixou isso claro quando afirma que a ação é a comprovação da fé.33 Tendoa ação tal importância no tratamento da conduta humana, torna-se inconcebível fazer aconselhamento semtarefas. Ao planejar a tarefa em conjunto com o aconselhando, o conselheiro mantém alguns objetivos em vista:conectar o aconselhamento com a vida prática e diária; exercitar o que se pretende para crescer e alcançarresultados objetivos; avaliar o comprometimento do aconselhando; objetivar e deixar mais concreto o assuntotratado; fortalecer a autoestima através da ação bem sucedida; delegar responsabilidade ao aconselhando;observar as reações do aconselhando e outros. Mas, que tarefas se devem desenvolver? Quais os tipos de tarefas úteis em cada situação? ConformeMack (1991), as tarefas devem ser construídas a partir dos assuntos que foram tratados durante a sessão; elasdevem ser simples e práticas; é importante que o aconselhando demonstre interesse ao planejar uma tarefa;é importante que o aconselhando se disponha a cumprir a tarefa, comprometendo-se; depois de acordada atarefa, será útil que ele diga o que deverá executar como tarefa e que descreva o como. A ideia de que tarefas grandiosas são mais terapêuticas é falsa. Pelo contrário, tarefas complexas podemlevar a frustrações, o que inibe a evolução satisfatória do processo. Pequeno também é grande, um passopequeno também leva para frente, enquanto um pulo grande pode terminar numa queda. Portanto, seescolhem tarefas que ofereçam mais probabilidade de darem certo, de poderem ser desenvolvidas com êxito. Para o aconselhando será fundamental que a tarefa seja objetiva, concreta, mensurável, de efeitosprevisíveis e descritíveis em atos e passos verificáveis. Tarefas de reflexão, de desenvolvimento de sentimentose sensações são subjetivas, dificilmente podem ser verificadas e avaliadas porque cada pessoa as vivenciade maneira diferenciada. Assim, as tarefas devem ser mensuráveis para serem claramente avaliadas. Tarefasmensuráveis ajudam a evitar conflitos gerados por expectativas diferenciadas. Por exemplo, o marido que decidebeijar a sua esposa durante a semana e fez isto três vezes, pode desencadear uma frustração da esposa porqueela esperou três beijos por dia, todos os dias da semana. Quantificar os beijos é deixar a tarefa mensurável. Aobjetividade das tarefas facilita a comunicação das pessoas envolvidas e a percepção do crescimento. Trabalhar com tarefas também significa levar o aconselhando a experimentar sua própria capacidadede gerar soluções através da ação. Ações bem sucedidas geram autoestima e diminuem emoções negativas,paralisantes. A confiança na capacidade de resolver problemas desmorona aos poucos, quando se sofreprolongadamente as consequências de um relacionamento ineficaz, por exemplo. Dentro desta perspectiva,existem terapeutas seculares que dizem não enfocar o passado, a origem dos problemas ou as limitaçõesdas pessoas, somente se centralizam em sua capacidade e possibilidades (O’HANLON & DAVIS, 1994).Evidentemente, para cristãos esta abordagem é incompleta, uma vez que a Palavra afirma que o pecado(passado, presente) requer ser tratado para ser perdoado, e assim deixar de ter efeito letal.34 Por fim, o conselheiro em todos os casos deve considerar que não é possível não realizar uma tarefa:mesmo a não realização é uma resposta à tarefa e tem algum significado útil. Pois, ainda que o aconselhando32 – Romanos 12. 2.33 – Tiago 2. 14 – 26.34 – Romanos 3. 23; 6. 23. 71

ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULARnão tenha realizado o que se programou ou prescreveu, ele vivenciou algo em relação ao dever e descobriualgo novo. Talvez se tenha evidenciado que existe uma timidez ou medo de confronto. Talvez o aconselhandodescubra que sozinho ele não pode resolver uma questão familiar e a partir daí se sente motivado a convidara família para o gabinete pastoral. Encarando desta maneira a utilização e realização de tarefas no aconselhamento pastoral, o próprioconselheiro se protege de frustração e dá uma conotação positiva às tarefas. Por exemplo, se o marido nãobeijou sua esposa conforme combinado, o conselheiro poderá dizer: “Ora, você deve ter feito um esforçogrande para não beijá-la, sendo que tinha tomado esse propósito. Vocês devem ter aprendido algumas coisassobre o que facilita ou dificulta o carinho entre o casal. O que seria?” A interpretação da tarefa não realizadapode fornecer excelentes descobertas a respeito do funcionamento do casal.5.5 O BOM FECHAMENTO DE UM PROCESSO DE ACONSELHAMENTO Não é suficiente que todos os passos práticos do aconselhamento sejam bem sucedidos. É necessárioque o fechamento seja bem sucedido. Por fim, o que realmente se aprendeu e se conquistou, o que mudou,que novas perspectivas existem e que planos há?5.5.1 COMPROMETIMENTO PARA O RETORNO Mesmo entre muitos pastores brasileiros ainda não existe o hábito e a cultura de fazer do aconselhamentopastoral um processo de começo, meio e fim que se prolonga por uma série de sessões. Com muita frequênciao aconselhamento é constituído apenas por uma só conversa, alguns conselhos e oração. Não se faz, nemse sabe fazer, o acompanhamento durante algumas sessões seguidas. Assim sendo, os próprios membrosdeixam de solicitar um processo de aconselhamento ou resistem em querer uma continuidade, ainda que oconselheiro a proponha como processo. Para que o aconselhamento pastoral possa transformar-se em ação libertadora, transformadora erestauradora é preciso que o próprio conselheiro esteja disposto e preparado para tanto. Além disso, o sucessoda primeira sessão facilita um comprometimento de retorno. Se a vivência não foi boa, haverá resistênciaexplícita ou implícita na ausência do próximo horário marcado. Nem todas as pessoas que buscam ajuda se dispõem a mudar. Elas gostariam que o mundo ao redor delasmudasse. Se a primeira sessão foi contra as expectativas básicas do aconselhando, se a atividade conselheiralhe impôs um ônus que ele não queria, se implica em confrontos e mudanças, então um retorno para umprocesso de aconselhamento não será desejado e pode desencadear a fuga. A ausência em geral é racionalizada,as verdadeiras razões são negadas, com frequência acontecem fatos que impedem o comparecimento aoencontro marcado com o conselheiro. Em geral, o aconselhando não reconhece que tomou uma decisão, aevitação está associada a uma atuação inconsciente. O que o conselheiro pode fazer para facilitar o compromisso de retorno? Definir junto com o aconselhandoos objetivos do aconselhamento concentrando-se atenciosamente nos itens que este gostaria de resolver;especificar alguma metodologia inicial de trabalho que motive o aconselhando e lhe dê segurança que vai alcançarmudanças e transformações importantes; projetar uma duração inicial de apenas 5 sessões para o processotodo; apresentar uma proposta clara de trabalho, resumindo objetivos, métodos, procedimentos, critériosde avaliação e prazo de conclusão; avaliar a disponibilidade do aconselhando; obter seu comprometimentoverbal, quem sabe, até escrever algumas linhas de um contrato; marcar já a próxima consulta e avisar queesta será confirmada no dia anterior por telefone; combinar que o aconselhando desmarcará a entrevista seacontecer algum imprevisto. Em geral esse procedimento garante que a pessoa retorne ou que decida semmaiores rodeios que não quer um processo de aconselhamento.5.5.2 CONTRATO DO ACONSELHAMENTO PASTORAL A ideia do contrato soa muito profissional. E de fato pode transmitir um sentimento de estranheza para oaconselhando, especialmente advindo de um líder comunitário ou leigo. Mas, o contrato de aconselhamentopastoral não necessita ser formal e redigido. É importante que o conselheiro especifique verbalmente algunsitens que organizem o trabalho e que pergunte se o aconselhando concorda que por ora se proceda tal qual.72

ACONSELHAMENTO PASTORAL Alguns itens úteis a serem abordados: a intenção de sigilo por parte do conselheiro; o aviso prévio se umadas partes não puder comparecer à entrevista; o tempo provisoriamente planejado para cada sessão e parao processo todo; como proceder se outras pessoas forem incluídas no aconselhamento; previsão de algunscritérios e algumas formas para a interrupção do processo. Esses itens não precisam ser escritos, nem necessitamser denominados de contrato. Depois de terem sido apresentados, basta perguntar se o aconselhando aceitatrabalhar mediante tais critérios. Pronto! Esse é o contrato! Um contrato se escreve enquanto se é amigo, e se lê quando aparecem questões para inimizade. Senão houver critérios que norteiam um relacionamento durante um conflito, cada parte agirá conforme seussentimentos, o que pode transformar-se em sérios problemas de relacionamento.5.5.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE A ORGANIZAÇÃO DOACONSELHAMENTO PASTORAL A organização dos aspectos práticos do ministério da misericórdia quer ser uma ajuda, não um peso.Cada conselheiro tem de descobrir o que precisa organizar para funcionar adequadamente e o que atrapalhano trabalho. As ideias acima pretendem ser apenas lampejos na escuridão daqueles que muitas vezes nãosabem o que fazer quando um processo de aconselhamento emperra. Acima de toda a organização está o amor, o respeito às pessoas e as habilidades relacionais. Umprocedimento burocrático não garante bons resultados no aconselhamento pastoral. O Espírito Santo querguiar aos servos de Cristo quando estes não souberem o que fazer: “Porque o Espírito Santo vos ensinará,naquela mesma hora, as coisas que deveis dizer”.35 Livros que podem ajudar a aprofundar a temática: O’HANLON, William Hudson & DAVIS, Michele Weiner. Em busca de soluções – novos rumos em psicoterapia. Campinas: Editorial Psy II, 1994. SATHLER-ROSA, Ronaldo. Cuidado pastoral em tempos de insegurança – uma hermenêutica teológico-pastoral. São Paulo: ASTE, 2004.RESUMO DO CAPÍTULO 5 • O contexto eclesiástico propicia e demanda a prática do aconselhamento pastoral por sua própria natureza. Não tem como evitar. Resta somente o dever de organizar, treinar e realizar a vocação da melhor maneira possível. É preciso aconselhar como Jesus teria aconselhando. À beira do poço de Jacó. À noite na caminhada com Nicodemos. É preciso organizar a prática. • A marcação da entrevista requer delimitação de alguns aspectos específicos: horário (início e fim), local, objetivo e a troca dos números de telefone para avisar quaisquer imprevistos. É importante, por algumas razões, que a duração da entrevista fique logo especificada. • É importante que aconselhamento pastoral seja visto como processo, não somente como um momento de intervenção. Este processo deve ser entendido com começo, meio e fim; com duração que permite vários encontros seguidos; que engloba tempo, pessoas e dinâmicas necessárias para que o aconselhando possa realmente alcançar transformações ou os objetivos almejados. • Um paradigma que quer facilitar o manejo do tempo no processo do aconselhamento em situações de crise: 99 quanto maior a crise > mais encontros por semana necessita o aconselhando > menor pode ser a duração da sessão.35 – Lucas 12. 12. 73

ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR 99 quanto menor a crise > menos encontros por semana são necessários > maior pode ser a duração de cada sessão. • O início de uma entrevista deve ser calorosa (mais na expressão facial, do que em muitas palavra). Logo a seguir, convém direcionar a responsabilidade pelo trilho de assuntos para o aconselhando. Com objetividade e tranquilidade o conselheiro pode dizer: “Então, o que devemos tratar hoje?”, “O que o traz aqui?” A abordagem direta aos assuntos orienta ao aconselhando de que ele é corresponsável pelo processo, que ele está livre para se apresentar, que tudo que ele traz é importante. A abordagem reduz direta reduz ansiedade evita perda de tempo. • Todo aconselhamento, para transformar-se num processo, requer o retorno, a remarcação de novas entrevistas. Para que o aconselhamento pastoral possa transformar-se em ação libertadora, transformadora e restauradora é preciso que o próprio conselheiro esteja disposto e preparado para tanto. Se a primeira entrevista foi de sucesso, será mais fácil convidar o aconselhando ao retorno. • Itens úteis a serem abordados para a elaboração do contrato de aconselhamento pastoral: a intenção de sigilo por parte do conselheiro; o aviso prévio se uma das partes não puder comparecer à entrevista; o tempo provisoriamente planejado para cada sessão e para o processo todo; como proceder se outras pessoas forem incluídas no aconselhamento; previsão de alguns critérios e algumas formas para a interrupção do processo. Chegou a hora da autoatividade. Você fará uma revisão do capítulo, responderá as questões, destacará a folha da autoatividade e a entregará para o professor na próxima aula. Boa revisão e ótimos resultados!74

ACONSELHAMENTO PASTORALINSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR NOTAACONSELHAMENTO PASTORALAUTOATIVIDADE DO CAPÍTULO 5 Série: Data: Nome:QUESTÕES1. Por que é importante que a Igreja e o conselheiro pastoral organizem a prática?2. Quais são alguns aspectos práticos que devem ser levados em conta no momento de marcar a entrevista?3. Por que um local definido é importante para o aconselhamento?4. O que é aconselhamento como processo?5. Qual é o paradigma sugerido pelo autor no manejo tempo/frequência de aconselhamento em situações de crise?6. Como se sugere que seja o início de uma entrevista?7. O que fazer para que o aconselhamento se transforme em processo e desencadeie crescimento em direção à vitória e aos objetivos almejados?8. Quais itens devem ser incluídos num contrato de aconselhamento pastoral?9. Quais são algumas finalidades das tarefas de aconselhamento? 75

ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULARANOTAÇÕES76

ACONSELHAMENTO PASTORALCAPÍTULO 6ACONSELHAMENTO PASTORAL INTEGRAL CAPÍTULO06 FIG.6: ACONSELHAMENTO; em oru.edu; em 06.set.20126.1 INTRODUÇÃO O conceito “integral” é comum nas últimas décadas. Quer indicar açãocompleta, levando-se em conta todos os fatores de alguma questão. Narealidade, o termo integral e holístico vem da ideia de sistema. Tudo queexiste está conectado e integrado. Nada existe absolutamente isolado. Semaprofundar mais essas concepções neste espaço, seja considerado nesta seçãoo aconselhamento como integral. O aconselhamento pode ser praticado de diferentes métodos e através dediversos conteúdos. Por exemplo, um conselheiro poderá dizer-se “conselheirobíblico”, isto é, ouve a queixa do aconselhando, busca informações na Bíbliaque tratem do assunto problemático e então orienta como a pessoa deveconduzir-se. Tal conselheiro pode não levar em conta o estado emocionaldo seu aconselhando, nem a situação familiar, econômica, social, de saúde edoenças, idade, cultura e outros. Evidentemente, é muito difícil ser conselheirobíblico de modo puro, porém, muitos praticam esta abordagem reducionista.Outro exemplo: aquele conselheiro que aborda seu consulente focado apenasem aspectos psicológicos, também age de modo reducionista. Nesta seção será tratada a possibilidade do aconselhamento pastoralintegral, quer dizer, o contrário de abordagens reducionistas. O grande desafioé incluir o máximo de aspectos possíveis na análise do problema e na busca deajuda para as soluções. Por isso, já esteja considerado: nenhuma abordagemde fato é totalmente integral; apenas podem-se alcançar aproximações maiseficazes e completas através de epistemologias integralistas. 77

ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR6.2 INTERFACES DA INTEGRALIDADE NO ACONSELHAMENTO PASTORAL Para que o aconselhamento pastoral possa ser maximamente integral é necessário enfocar alguns aspectosbásicos do ser humano, do próprio aconselhamento, da igreja e da sociedade. Com certeza existem aindaoutros fatores importantes, que tornariam o aconselhamento pastoral ainda mais integral. Porém, neste livrose restringe o enfoque integral às seguintes questões: • Antropologia – o que é o ser humano para o conselheiro pastoral? • Metodologia – quais técnicas e métodos o conselheiro pastoral tem ao seu dispor? • Eclesiologia – quais competências e autoridade tem a igreja para interferir na vida das pessoas que procuram ajuda? • Recursos Sociais – quais são os recursos disponíveis e consideráveis a partir do município, do Estado e do governo federal?6.2.1 ANTROPOLOGIA O que é o ser humano? Embora esta pergunta seja filosófica, aqui ela será respondida biblicamente epsicologicamente. O autor desta apostila compreende que os conceitos comuns que definem o ser humanoa partir das duas perspectivas, bíblica e psicológica, podem ser três: emoções, comportamento e conceitos. PRIMEIRO ELEMENTO DA INTEGRALIDADE ANTROPOLOGIA Emoções Ações/ Comportamentos Conceitos Básicos QUADRO 1.1PRIMEIRO ELEMENTO DA INTEGRALIDADE; FONTE: O autor Toda experiência humana percebida pelos órgãos dos sentidos é primeiramente e inconscientementeregistrada como emoção. Por exemplo, o desafio de assumir uma nova disciplina na faculdade geraimediatamente emoções ou de insegurança, prazer, raiva, cansaço ou qualquer outra. Pessoas pré-reflexivas, quer dizer, pessoas que não observam, nem pensam nas suas emoções “reagem”a partir das mesmas. Isto é, produzida a emoção, a ação, o comportamento é congruente com a mesma. Sea emoção é de medo, a reação/ação será de fuga ou ataque; se a emoção é de afeto, a reação/ação será deaproximação e assim sucessivamente com qualquer possibilidade emocional. No entanto, é possível agir demodo reflexivo. Quer dizer, se alguém percebe uma emoção, analisa a mesma dentro da situação vivenciadae então decide como agir. Assim, a emoção não dirige a ação, que daí seria reação. Mas, há outro fenômenodirigindo a ação, que é a análise, a síntese e a escolha de agir de determinada maneira. A grande pergunta é: o que dirige as muitas possibilidades de interpretação e ação das vivências que o serhumano tem? Segundo a escola psicológica cognitiva, são os conceitos e as crenças que definem a interpretaçãoe definição das escolhas humanas. Segundo Rm 12.2 é a “mente” que dirige a vida das pessoas, tanto queo apóstolo Paulo desafia aos cristãos romanos que renovem a sua mente. Portanto, o terceiro fator, o fatoressencial do ser humano são seus pensamentos, suas crenças, seus conceitos e sua cosmovisão. Neste livrose utilizará apenas a palavra conceitos. Aliás, para ser justo com a antropologia bíblica, é preciso lembrar que o ser humano é um ser volitivo,isto é, um ser que constantemente analisa, sintetiza e a partir das suas compreensões toma decisões. É um sercom vontade. A partir da Psicologia se sabe que a consciência (estar consciente de si, dos outros e das coisasao redor) não é algo completo. A maioria das coisas não passa pela consciência para poder ser analisada.Ainda assim, os conceitos básicos, fundamentais através de hábitos e padrões de ação dirigem o ser humanode maneira similar enquanto este não modificar ativamente seus conceitos. E um último aspecto que deve ser considerado ao definir brevemente a antropologia é o seguinte: entreos três fatores humanos citados, emoções, comportamentos e conceitos, estes é que são mais facilmente78

ACONSELHAMENTO PASTORALtransformáveis. Mudar ações habituais é possível com algum esforço, porém, modificar uma emoçãoimediatamente parece impossível. As emoções mudam, mas com muita elaboração, oração, mudança depensamentos e ações.Assim sendo, o conselheiro pastoral age e interfere nosconceitos das pessoas.6.2.2 METODOLOGIA Como o conselheiro pode agir nos conceitos das pessoas? Como pode influenciar? O que pode fazer?Estas questões são metodológicas. Para responder a estas questões se recorre a termos bíblicos, mas que certamente podem ser encontradose fundamentados em escolas de pensamento psicológico também.SEGUNDO ELEMENTO DA INTEGRALIDADEANTROPOLOGIA METODOLOGIAEmoções Encorajamento – Rm 1.11-12; Cl 3.16Ações/ Comportamentos Exortação – 1Tm 4.1-2; Tt 1.7 e 9Conceitos Básicos Ensino – Tt 1.7 e 9; 2Tm 2.24-26QUADRO 1.2. SEGUNDO ELEMENTO DA INTEGRALIDADE; FONTE: O autor Ao estudar vários métodos de psicoterapia se encontram indicações similares. Por exemplo, ao atenderuma família, a Terapia Familiar Sistêmica (TFS) sugere iniciar com joining, quer dizer, interessar-se para cadaparticipante da reunião, perguntar algumas coisas a cada um e tentar incluí-lo na ação prevista. Isso é muitosimilar ao encorajamento. A palavra exortação é um tanto desatualizada. As pessoas se opõem a serem exortadas. Não se ouvemais falar tanto assim de pecados nas pregações. Porém, em termos psicológicos, exortar significa intervir,pontuar, fazer pensar, considerar, questionar, levantar questões que as pessoas em geral não conseguemperceber por si mesmas. O correspondente psicológico do ensino não é encontrado em todas as escolas psicológicas, apenasaquelas que são mais diretivas. Por exemplo, a Psicanálise propõe que o analisando descubra suas própriasverdades, não se ensina as mesmas. Isso seria aconselhar. Porém, na terapia familiar o terapeuta está autorizadoa mostrar os padrões familiares, a dizer o que uma ação significa, a mudar propositalmente alguma condutaou a desafiar a alguma ação diferente por algum tempo. Isso é ensinar. É interferir. É orientar. Depois haveráavaliações dos efeitos das interferências e novas modificações, se necessário. Volte ao diagrama acima. Perceba: emoções precisam de encorajamento; ações precisam de exortaçãoe conceitos precisam de ensino. Assim, a metodologia está adaptada à antropologia.6.2.3 ECLESIOLOGIA A Igreja já teve muito poder: social, econômico (algumas denominações ainda detém muitas riquezasmateriais), filosófico, educacional, familiar e sobre as pessoas enquanto indivíduos. Isso mudou radicalmentea partir da Renascença, séculos XIV a XVI. A Igreja perdeu ainda mais poder de influência sobre as pessoase a sociedade desde o século XVII com o Iluminismo. As pessoas começaram a pensar por si mesmas. Elasescolhem em que, no que crer e como pensar. 79

ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR A definição da própria cosmovisão é expressivamente após a segunda guerra mundial, quando jáinfluenciado pelo humanismo moderno surge o existencialismo. Isto é, cada ser humano teria que fazera sua própria história. Daí surgiram vários estilos de cosmovisão: relativismo; hedonismo; imediatismo;individualismo; consumismo; midiatismo e outros. Essas cosmovisões retiraram das instituições o poder degovernar as pessoas. Porém, a Igreja tem um propósito, um chamado para o mundo segundo a Bíblia. E elanão pode tornar-se omissa a respeito. Existe uma missão a cumprir. Todos os cristãos são chamados para a mesma. A Bíblia orienta essa missão.Os pastores e líderes têm tarefas específicas na condução deste processo. Eles são responsáveis diante deDeus pela diferença ou indiferença que a Igreja faz no mundo. TERCEIRO ELEMENTO DA INTEGRALIDADE ANTROPOLOGIA METODOLOGIA ECLESIOLOGIA Emoções Encorajamento Igreja Ações Exortação Bíblia Conceitos Básicos Ensino Pastores/ líderes preparados QUADRO 1.3.TERCEIRO ELEMENTO DA INTEGRALIDADE; FONTE: O autor Assim sendo, a Bíblia desafia a todos os cristãos (a Igreja) à prática do encorajamento mútuo, fortalecendoassim as emoções. Somente quem conhece a Bíblia de fato pode exortar, pois, baseado em quais fundamentos alguémexortaria se não fosse da Bíblia? Qual seria a autoridade para corrigir ações, senão da lei, da constituição deum país, portanto de sua força policial? A partir da Igreja somente quem se fundamenta na Bíblia pode corrigiras ações daquelas pessoas que voluntariamente se submetem aos princípios da Palavra de Deus. E por fim, quem é capaz de ajudar na elaboração e modificação de conceitos? Somente quem estiverrealmente preparado para tanto: pastores e líderes. Estes ensinam para que as pessoas possam ajustar seusconceitos, suas cosmovisões de modo bíblico e psicologicamente saudável.6.2.4 RECURSOS SOCIAIS Ao pensar aconselhamento pastoral integral não se pode esquecer que a Igreja existe no mundo. De fatoseus membros estão conectados de muitas maneiras à sociedade: escola, trabalho, saúde, lazer. Portanto, aIgreja precisa conduzir sua ação pastoral levando em conta o fator social. Nenhuma igreja pode assistir a todasas necessidades de seus membros, não existem recursos, nem preparação profissional e logística para tanto. Assim sendo, convém considerar os recursos sociais de ajuda que existem no entorno em que a igreja existe.Centros médicos, atendimentos psicológicos; profissionais da Psicologia e da psiquiatria; casas de recuperaçãode dependências (drogas; álcool; jogo; sexo); Amor Exigente; Alcoólicos Anônimos; Al-Anon; hospitais queinternam pessoas com surtos psicóticos até saírem de perigo; CAPS – Centro de Atenção Psicossocial; oficinasprotegidas para pessoas que buscam profissionalização técnica quando têm poucos recursos pessoais; escolasespeciais; APAEs; casas de idosos e de assistência 24h; fundações de ação social em várias áreas. Com assugestões provavelmente ficou evidente que a igreja pode desenvolver uma rede de interconexão e colaboraçãopara ajudar e ser ajudada quando houver necessidades. Todas as igrejas podem desenvolver um cadastro deinstituições, profissionais e recursos de ajuda para encaminhamento e colaboração. QUARTO ELEMENTO DA INTEGRALIDADEANTROPOLOGIA METODOLOGIA ECLESIOLOGIA RECURSOS SOCIAIS Emoções Ações Encorajamento Igreja LeigosConceitos Básicos Exortação Bíblia Mediação pastoral Ensino Pastores/ líderes preparados Profissionais/ especialistas QUADRO 1.4.QUARTO ELEMENTO DA INTEGRALIDADE; FONTE: O autor80

ACONSELHAMENTO PASTORAL Todas as igrejas têm pessoas dispostas a produzir ações sociais voluntárias, mas isso precisar ser organizado.Aliás, quem melhor alcança o coração do dependente químico, quando este busca libertação, não é nenhumprofissional por mais qualificado que seja. É sim, o ex-dependente, que sabe exatamente como isso é. Destamaneira, os leigos têm muito a contribuir para o aconselhamento pastoral em termos práticos. Por exemplo, quando uma família entra em crise porque seus pais idosos precisam de ajuda, mas os irmãosestão em conflitos porque ninguém quer assumir de fato, ou há poucos filhos naquela família, ou vivem emoutras cidades, a igreja pode oferecer certo apoio através da assistência orientada de leigos. Porém, alguémprecisa organizar. Aconselhamento pastoral pode significar justamente esta organização. Mais um desafio é desenvolver e manter contatos com profissionais e especialistas de confiança a quemrecorrer em situações mais específicas. Pode-se denominar essa ação pastoral de mediação pastoral. Muitofrequentemente pessoas leigas desconhecem recursos na sociedade para dificuldades específicas. Pastores elíderes de igreja podem fazer essas pontes. Nesse sentido, aconselhamento pastoral é conhecer profissionais,desenvolver relacionamentos, convidá-los a participar do processo social de ajuda que se dá naturalmentepara a igreja. Em havendo disponibilidade, podem-se conseguir acessos e facilidades, que pessoas leigas, compouca instrução ou desinformadas dificilmente conseguiriam. Por exemplo: quem sabe que o Estado forneceadvogados para várias situações sem ônus e como alcançar estes serviços? Assim existem muitas facilidadesprogramadas por lei, mas desconhecidas pelo povo, que não são utilizadas. Para finalizar, é necessário facilitar a compreensão do aconselhamento pastoral através do diagramaconstruído enquanto se redigia esta seção. Veja: A INTERAÇÃO DOS QUARTO ELEMENTOS DA INTEGRALIDADEANTROPOLOGIA METODOLOGIA ECLESIOLOGIA RECURSOS SOCIAIS1 Emoções Encorajamento Igreja Leigos2 Ações Exortação Bíblia Mediação pastoral3 Conceitos Básicos Ensino Pastores/ líderes preparados Profissionais/ especialistas QUADRO 1.5. A INTERAÇÃO DOS QUARTO ELEMENTOS DA INTEGRALIDADE; FONTE: O autor A linha 1 apresenta o conjunto de ação integral que assiste as emoções, através do encorajamento, quepela Bíblia é dever de toda a igreja através da ação supervisionada de leigos. A linha 2 indica a correção de ações inadequadas através da exortação por pessoas que realmenteconhecem e interpretam bem a Bíblia. Portanto, elas serão capazes também de encaminhar adequadamentequando perceberem seus próprios limites. Por fim, na linha 3 indica-se a ação pastoral de correção de conceitos básicos através do ensino porpessoas conhecedoras da Teologia, um tanto de Psicologia e Pedagogia, que sejam preparadas formalmentepara ajudar pessoas e que possam encaminhar para profissionais e especialistas, de modo que a ajuda sejacompleta no que for necessário. Uma pesquisadora brasileira que se empenhou na busca da compreensão da saúde comunitária integral está citada a seguir: STRECK, Valburga Schmiedt. Terapia familiar e aconselhamento pastoral, uma experiência com famílias de baixos recursos. São Leopoldo, RS: Sinodal, 1999.6.3 DEPARTAMENTO DE ACONSELHAMENTO PASTORAL Igrejas de grande porte têm desenvolvido departamentos de aconselhamento pastoral e assistência social.Quando o processo não é excessivamente burocrático, facilita as atividades do(s) pastor(es) e dispõe de um 81

ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULARefetivo que realmente pode dedicar-se a atender às pessoas em termos mais integrais. Este tema é digno deuma disciplina a parte. Por isso, aqui se apresenta apenas um esboço do que poderia ser um Departamentode Aconselhamento Pastoral. Além disso, toda igreja precisa encontrar seu modo de ser e praticar tantoo aconselhamento pastoral, quanto toda ação social. Caso seja através dum departamento, este terá ascaracterísticas da comunidade em questão, levarão em conta os recursos existentes e se adequarão ao meiosocial no qual está inserido. Neste esboço de reflexão, se traduz a pequena experiência do autor. O alcance do que será apresentadopode ser muito maior. Um departamento de aconselhamento pastoral pode ser constituído de algumas frentes de ação:intervenção em crises; orientação espiritual e religiosa; aconselhamento pastoral como processo; espaço parapsicoterapia com profissionais; assistência social que alcança inclusive os lares; visitação hospitalar, prisionale de instituições donde os internos não podem locomover-se para fora; capelania (em todas as suas formas,inclusive escolar e empresarial); recursos e equipes para intervenção em tragédias naturais e/ou sociais. Aoestudante atento fica claro que várias sugestões acima são paralelas a projetos dos municípios e dos governos.6.3.1 INTERVENÇÃO E APOIO EM CRISES A morte, a doença letal e as tragédias sempre existiram. Porém, na sociedade contemporânea os índicesde mortalidade mudaram segundo faixas etárias (a idade média de vida aumenta a cada década também noBrasil), desde a segunda guerra mundial o ocidente não tem experimentado mais os horrores das guerras (noOriente Médio esta ainda não é a realidade), a medicina evolui espantosamente, os muito doentes são isoladosem UTIs. Assim, parece que mortes e tragédias não fazem parte do cotidiano. Porém, quando acontecem atravésde acidentes de trânsito ou a matança de um ser insano que possui uma arma de fogo, então “o mundo cai”. Acolher os primeiros momentos, minimizar os danos decorrentes de tragédias e caminhar com quemestá paralisado por acontecimentos abruptos, imprevistos, ajudar pessoas a se recuperar e retomar a vidaem qualquer sentido se chama intervenção em crises. Crises são totalmente diferentes em sua natureza queproblemas espirituais e psicológicos, familiares e sociais de modo geral. Portanto, requerem preparo específicodos conselheiros que trabalham com esta temática. Um departamento de aconselhamento pode ter um catálogo de pessoas preparadas e disponíveis paraengajarem-se quando necessário. Pessoas que possam ser convocadas com presteza. Pode-se inclusive estarem estreito relacionamento com a Defesa Civil do local ou da região e trabalhar em pareceria.6.3.2 ORIENTAÇÃO ESPIRITUAL E RELIGIOSA A maioria das pessoas, quando entra em sofrimentos, não procura aconselhamento pastoral, mas, sim,orientação espiritual e religiosa. Isso pode e deve ser acolhido. Evidentemente, com pessoas preparadas paraencaminhar ao aconselhamento pastoral, psicológico ou qualquer especialidade segundo necessário. Esta é a grande oportunidade do início do aconselhamento integral. Respeitando a expectativa doconsulente, pode começar no questionamento espiritual um processo que vai muito além. A orientação espiritual e religiosa em geral é realizada pelos pastores, por pessoas que preferem a visãoe análise bíblica, mais que a psicossocial e comportamental. A fundamentação deste trabalho se dá pelainterpretação dos problemas trazidos pelo aconselhando, pela correspondente aplicação de conceitos e valoresbíblicos à situação e à caminhada conjunta com oração e práticas religiosas até que os problemas estejamresolvidos (ou se proceda a encaminhamento para outras especialidades).6.3.3 ESPAÇO PARA PSICOTERAPIA PROFISSIONAL Algumas igrejas brasileiras têm proporcionado espaço para serviços profissionais à população de modogeral, não somente aos membros da comunidade eclesiástica. Embora essa prática possa parecer estranha parauma instituição religiosa e, quem sabe, suspeita sob perspectiva da ética profissional dos conselhos federaisde Psicologia, existem razões para tanto.82

ACONSELHAMENTO PASTORAL Primeiramente, os custos de profissionais da psicoterapia fogem à maioria da população brasileira. Sea igreja mediar a oferta destes serviços negociando preços acessíveis com os profissionais ou engajandovoluntariado, torna-se viável dar atenção de alto nível a quem não tem os recursos, mas necessita deles. Emsegundo lugar, a maioria da população brasileira ainda nutre preconceitos diante das “profissões psi”. Partindoda igreja, as pessoas sentem maior segurança e cooperam com mais presteza em tratamentos psicoterápicos. Os profissionais precisam confessar a mesma fé que a igreja que oferece serviços profissionais em seusprogramas e espaços? As faculdades preparam os seus profissionais para que sejam neutros, de maneiraque não interfiram nas crenças políticas, filosóficas ou religiosas das pessoas. Porém, é compreensível que aslideranças de igrejas dificilmente se sentirão a vontade com profissionais que não professem a mesma fé quea igreja prega. Evidentemente, os “profissionais psi” precisam cuidar com zelo da questão ética de cada especialidade. Estetrabalho pode ser realizado somente por profissionais credenciados pelas devidas instituições e autoridades.Por fim, esta oferta de atendimento deve ser supervisionada por um profissional.6.3.4 ASSISTÊNCIA SOCIAL QUE ALCANÇA INCLUSIVE OS LARES O mundo é cada dia mais móvel. Ainda assim, há pessoas e situações em que o ajudador precisa semover ao local do necessitado. Claro, assistência social é muito mais que isso. No Brasil, o INSS providenciaserviços médicos, odontológicos e sociais através dos programas municipais de saúde. Quem sabe, a igrejacom departamento de assistência possa trabalhar em parceria com os órgãos municipais. O objetivo é cumprir a oferta do amor de Cristo expresso na prática onde ele mais é necessitado. Ainda que a obra citada a seguir seja para a área da educação, ela fornece excelentes ideias a respeito da interdisciplinaridade: NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. Interdisciplinaridade aplicada. São Paulo: Érica, 1998.6.4 VISITAÇÃO E O ACONSELHAMENTO PASTORAL Diferente das ajudas profissionais seculares, o apoio da Igreja em nome de Cristo vai aonde as pessoasestão. Como o bom pastor que deixou 99 ovelhas no curral para procurar a que havia se perdido, o conselheiropastoral assume a iniciativa de ir atrás. A visitação é uma forma já tradicionalmente conhecida e praticada.Assim, pode-se considerar a visitação hospitalar, prisional e de instituições donde os internos não podemlocomover-se para fora. Este é um espaço de ação ainda pouco reconhecido como oportunidade por igrejas que tendem apermanecer entre as suas paredes. O hospital é onde a doença fragiliza, onde o isolamento paralisa e os coraçõesse abrem à mensagem da esperança. Toda igreja pode desenvolver uma equipe de voluntários visitadores, emparceria com o hospital e/ou sua respectiva capelania. Voluntários podem ser treinandos na própria igreja. Ao mesmo tempo, nenhuma igreja pode fazer todas as coisas associadas ao aconselhamento pastoral.Portanto, convém discernir e buscar de Deus “para que” a igreja foi chamada. O texto a seguir quer facilitar aidentificação de algumas possibilidades na área de visitação. Mas, o mesmo deve acontecer em todas as frentesdo sofrimento humano: uma escolha de fazer bem aquilo que se faz e desenvolver parcerias, interconexões eredes de trabalho para encaminhamentos e assistência integral. O texto seguinte de Friesen (2004) tem como objetivo diferenciar entre os vários tipos de visitação,apresentando vantagens e desvantagens, facilitando a análise e a escolha a que espécie de ministério devisitação mais se adapta a cada pessoa e/ou igreja. Igualmente, quando uma igreja pretende desenvolver seuministério de visitação, precisa levar em conta alguns tipos para definir os objetivos e o alcance do projeto. Ao 83

ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULARpensar sobre os tipos de visitação, também fica mais fácil desenvolver as metas e os passos da implementaçãoe consecução desse ministério. Espera-se que a descrição seguinte seja de ajuda para realizar esta organizaçãopessoal ou institucional.6.4.1 CAPELANIA HOSPITALAR A capelania hospitalar normalmente constitui um departamento oficial do hospital. Isso significa que adiretoria do hospital interage, trabalha e coopera com a capelania, e vice-versa. Como a capelania é um dosserviços prestados pelo hospital, cabe a ela coordenar todas as visitas de cunho religioso e assistencial, alémde acompanhar as visitas familiares quando solicitado por estes ou pela equipe médica. As formas de manutenção financeira desse serviço são variadas. No Brasil dificilmente o próprio hospitalcusteia a capelania. Ela é mantida por agremiações de igrejas, de maneira interdenominacional ou a partir deuma só denominação, por sociedades beneficentes, por organizações não governamentais (ONGs) ou outrasinstituições filantrópicas. Em muitos hospitais de porte menor um pastor isoladamente, mas em acordo com adiretoria hospitalar, presta o serviço voluntariamente enquanto sua subsistência provém da igreja que assiste. Outro aspecto da capelania hospitalar é a sua continuidade, isso é, existe um compromisso e umaconstância para a prestação desse serviço. O hospital pode desenvolver uma descrição de funções e de cargospara evitar conflitos organizacionais, integrando a capelania aos projetos globais da instituição. Se a capelaniaé um departamento do hospital, ela está sujeita aos direitos e deveres civis do mesmo. Assim, ela se tornaresponsável pelos seus atos, devendo organizar-se, planejar os seus projetos, supervisionar a ação daquelesque agem a partir de suas funções e princípios e responder diante da diretoria geral por sua atividade. A interação hospital-capelania em geral acontece de maneira mais organizada e previsível enquanto acapelania é executada por capelães treinados e ajustados à realidade diária do hospital. Mas, quando a capelaniaresponde também por um programa de visitação voluntária, a complexidade aumenta porque voluntáriosnão frequentam o hospital diariamente, não são treinados continuamente, não conseguem dimensionar osefeitos de sua ação sobre o todo. Assim sendo, capelania hospitalar requer um constante treinamento, aperfeiçoamento nas técnicasde aconselhamento, tanto dos capelães quanto de visitadores voluntários. Outro aspecto fundamental é aconstante interação com a diretoria clínica e a equipe médica e de enfermagem. Sem esta interação se perde ainterdisciplinariedade, e as intervenções podem ser contraproducentes, com efeitos negativos para o paciente.Felizmente existe um movimento profícuo nos seminários bíblicos, nas faculdades teológicas (nível de graduaçãoe pós-graduação) e cursos de especialização que oferecem possibilidades de reciclagem acadêmica e técnicaem capelania (em todas as interfaces: hospitalar; prisional; empresarial; escolar; portuária). Existem hospitaisque mantém cursos regulares de visitação hospitalar e especialização em capelania. Mesmo as faculdadesde Psicologia estão adaptando suas disciplinas, fornecendo estudos em Psicologia hospitalar (ANGERAMI-CAMON, 1998). Atualmente a atividade psicológica e espiritual em hospitais recebe atenção significativaatravés de pesquisas e desenvolvimento de programas de preparo para atuação mais eficaz. Instituições sériase profissionais gabaritados no Brasil e no mundo estão empenhados em tais projetos. Basta navegar na internetsob as siglas “capelania” e “Psicologia hospitalar” para constatar este fato.6.4.2 VISITAÇÃO HOSPITALAR GERAL POR VOLUNTÁRIOS TREINADOS EORIENTADOS PELA CAPELANIA HOSPITALAR Em gera,l a demanda por atendimento é muito maior do que alguns poucos capelães conseguem suprir.Assim, em vários hospitais brasileiros foram desenvolvidos serviços de visitação voluntária. Pessoas que sesabem vocacionadas passam por treinamento, normalmente fornecido pela capelania. Então entram numaescala e organização de visitas, com fichas de relatório e em conexão com o departamento oficialmenteresponsável, que é a Capelania. O visitador conselheiro fará bem se primeiro entrar em contato com a capelania do hospital, especialmentese quiser visitar sistematicamente pacientes internados. Se houver uma capelania funcionando, também háum programa de visitação. E este deve ser respeitado e aproveitado. Quando se trabalha com planejamentode visitas, se evita visitação repetida de alguns pacientes e omissão de outros.84

ACONSELHAMENTO PASTORAL Algumas capelanias trabalham com relatórios após as visitas. Se este for o caso, o relatório poderá ser útilpara outros visitadores, fornecendo-lhes dados a respeito de temas e assuntos conversados, além de dados arespeito de decisões e crescimento do paciente. Atenção! É preciso levar em conta a ética do aconselhamentopastoral nestes relatórios. Alguns pacientes poderiam ser levados a aceitar a Jesus várias vezes, pois lhes faltaa informação do significado da conversão. Se o visitador trabalha em conexão com a capelania, será possível fazer uma vinculação com igrejas nasimediações em que o paciente mora. Pode-se providenciar a conexão com alguma igreja. Assim, o pastor poderácontinuar a assistência da pessoa que se converteu no hospital e o trabalho da visitação receberá continuidadee trará frutos por toda a eternidade. O visitador voluntário se compromete a comparecer com regularidade, em datas pré-definidas e comdisponibilidade de horários específicos. Antes de ir às enfermarias, busca informações sobre os pacientesna capelania. O capelão dá orientações prévias. Então, o visitador prestará seu ministério. Os detalhes serãovistos a seguir. Ao concluir as visitas, o voluntário se compromete a escrever um pequeno e simples relatório,ocasião em que se pode realizar culto de oração em favor dos pacientes visitados, dos familiares, da equipemédica e do hospital. Diferente da visita hospitalar, por voluntários treinados, é a visita hospitalar espontânea do/a visitador/aque vai ao hospital para visitar alguém pré-determinado. Alguém que recentemente foi internado. Um entequerido da família ou amigo. Um membro da igreja ou um vizinho... seja lá quem for! A maioria das visitas hospitalares é ocasional. Visita-se uma pessoa conhecida e amada por ocasião do seuinternamento. Depois que ela teve alta, também as visitas são interrompidas. O visitador procura somente opaciente pré-determinado, não faz contatos com outros pacientes, não faz visitas regulares, não tem nenhumcompromisso com a instituição hospitalar, nem com um programa de capelania. Esta atividade não recebetreinamento, nem está sujeita a nenhuma supervisão. São as visitas que familiares e sacerdotes fazem comoparte de seus relacionamentos com as pessoas internadas. Ainda assim, a igreja pode e deve preparar aos seus membros para que suas visitas sejam mais produtivase eficazes. Informações em pregações, ou mesmo através de cursos de curta duração, podem aprimorar avisita e abençoar o doente.6.4.3 VISITA AOS FAMILIARES DE PESSOAS DOENTES E/OUHOSPITALIZADAS A família do doente pode ficar tão mobilizada, sofrida e tensa quanto o próprio doente. Mas,frequentemente, a atenção gira apenas em torno de quem está hospitalizado. O que a família está passando?Como estão dando conta do trabalho, das consultas, das visitas, das permanências noturnas no hospital? Osofrimento dos familiares em geral é compreendido apenas por quem já passou pela experiência de ter umente querido hospitalizado com alguma doença grave e/ou de longa duração. É preciso atender e cuidar da família tanto quanto do paciente. Aliás, uma família bem cuidada, apoiada,espiritualmente forte e descansada em Cristo, consegue passar o mesmo cuidado, apoio e força espiritual aoseu familiar adoentado. É possível que o doente seja mais influenciável pelos familiares do que por visitadorespastorais, por mais especializados que estes sejam. Portanto, a visitação hospitalar é constituída também peloapoio que se dá aos familiares do paciente. Um aspecto muito frequentemente esquecido é a visita domiciliar a doentes. As pessoas se mobilizamquando alguém conhecido é hospitalizado, mas se esquecem de que a pessoa pode convalescer longamenteem sua residência. A visita domiciliar é necessária, pois alguns dos sofrimentos mencionados36 não acabamcom a alta hospitalar. O benefício da visita domiciliar pode ser maior que a hospitalar, porque o doente estáagora em um ambiente mais seguro, pode estar mais tranquilo para manter conversas mais longas e profundas.Por isso a visitação ao doente deve continuar na sua residência. Se o paciente teve uma experiência espiritual no hospital em função de alguma visita recebida, quemsabe tenha aceitado a Cristo ou tomado novo propósito de fé, ele precisa de acompanhamento para o seu36 – Capítulo 3: Possibilidades dolorosas da hospitalização. 85

ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULARcrescimento espiritual, inserção em alguma igreja e conhecimento da Palavra de Deus. É compreensível quealguém que se converteu no hospital não tenha a iniciativa para buscar esse crescimento. Ele precisa de alguémque o oriente e facilite os contatos até que esteja firme na fé. A visitação pós-hospitalar tem uma finalidadeevangelística fundamental. Não deixe de ler as sugestões a seguir. Elas complementam o tema abordado: Site:http://psicoterapiaePsicologia.webnode.com.br/products/ interven%C3%A7%C3%A3o%20em%20crise/ AITKEN, Eleny Vassão de Paula. No leito da enfermidade. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. BRÄUMER, Hansjörg. Sombras no meu caminho – o enfermo diante da enfermidade do Deus inescrutável. Curitiba: Esperança, 1999.6.5 QUEM ACONSELHA O CONSELHEIRO? No ano de 1978 perguntou-se a um grupo de mais de 100 conselheiros como passariam o resto de suasvidas se tivessem condições financeiras de fazer o que quisessem. Somente três responderam que gostariampassar a vida aconselhando, e somente um disse que o faria como forma de lazer em seu tempo livre (GARTE& ROSENBLUM, 1978, p.158-160). Todo conselheiro tem limites. Todo conselheiro é humano. Aconselhar é uma tarefa árdua. O limiar defrustração (capacidade de suportar reveses) precisa ser extremamente elevado. Por mais realizadora que aatividade possa ser em certo tempo, todo conselheiro precisa de seu conselheiro. Essa necessidade em partesjá foi explicitada no estudo realizado sobre a ética do aconselhamento pastoral.37 Mas, aqui se quer aprofundaro tema, enfocando aspectos que fragilizam a estrutura do conselheiro e considerando prevenções para quesobreviva com qualidade de vida. Atenção com o estresse. Haverá sempre mais demandas que um bom conselheiro possa atender. Osofrimento humano nunca terá fim nesta parca existência. Terapeutas profissionais passam por treinamento rigoroso para serem eficientes, mas também para seprotegerem. Em especializações de terapia familiar sistêmica existem cursos em que o conselheiro analisa suaprópria família, a família de origem e a família nuclear. A finalidade é se envolver emocionalmente minimamentee assim se desgastar menos. Aconselhamento pode desgastar a alegria de viver, levando a “uma progressivaperda de idealismo, energia e propósitos” (EDELWICH & BRODSKY, 1980, p. 14). Sinais desse desgaste podem ser sensações de inutilidade, impotência, fadiga, ceticismo, apatia,irritabilidade e frustração. O conselheiro já faz um quadro de stress quando apresenta taquicardia, tensãomuscular, sudorese, desconforto estomacal, pesadelos, fadiga, ansiedade diária, hipersensibilidade geral evários outros sintomas psicossomáticos. Convém que se procure médico especialista e reveja o modus operandi.6.5.1 AÇÕES PREVENTIVAS O fortalecimento espiritual mediante oração, leitura da Palavra e meditação são essenciais para quempretende fugir ao envolvimento emocional com os problemas dos seus aconselhandos. Conviver com pessoasque nos amam independentemente de quão eficientes somos pode ser similar à respiração para o organismovivo. Todo conselheiro deve avaliar-se com frequência quanto às suas motivações para o sucesso e rebalizar o37 – Unidade 3; Seção 4.86

ACONSELHAMENTO PASTORALvalor pessoal na perspectiva de Deus. Ninguém sobrevive à atividade conselheira intensa sem períodos regularesde descanso. A complexidade da profissão exige que o conselheiro se recicle regularmente e que mantenhacontato com outros profissionais com quem possa trocar experiências e supervisão. Como o aconselhamentopastoral em geral é realizado no âmbito da igreja, o ideal é que se desenvolva uma equipe de conselheiros.Assim, a carga pode ser dividida. Talvez não haja habilidade mais útil contra o stress no aconselhamento pastoral do que a autodiferenciaçãoemocional já tratada neste livro.6.5.2 CUIDADOS COM AS REAÇÕES PESSOAIS DIANTE DO ACONSELHANDO Nem sempre as pessoas querem realmente ajuda quando buscam um conselheiro. As pessoas procuramajuda por diversas razões. Assim, podem surgir três direções disfuncionais e de difícil manejo para o conselheiro. Manipulação. É o esforço de conseguir o que se quer controlando outros. O sofrimento alheio mobilizaas pessoas a querer ajudar. Quando um conselheiro se descuida, pode ser manipulado para fazer peloaconselhando o que não é de sua função somente porque este deixa muito evidente quão grande é seusofrimento. Consulentes passam frequentemente a mensagem que o conselheiro deveria de fato fazer algopor eles. Essa é uma armadilha que pode ser fatal. Em geral, pessoas que realmente querem crescer e resolverseus problemas, não são exigentes. Portanto, cuidado com os superexigentes. Outra reação que pode se tornar inadequada é chamada de contratransferência. Todo aconselhandodesenvolve determinados sentimentos diante do seu conselheiro e transfere inconscientemente determinadasexpectativas sobre o mesmo. Por exemplo, alguém pode sentir o conselheiro como seu pai e transfere sobreele sentimentos de relação paterno-filial. Se o conselheiro reagir como um pai, estará contratransferindo opapel de pai. A relação de aconselhamento pode se transformar em relação paterno-filial seria, portanto,excessivamente envolvente. O conselheiro deve permanecer conselheiro para realmente poder ajudar. Quando um conselheiro percebe que não consegue mais discernir seus próprios sentimentos ou que osseus sentimentos são excessivamente fortes diante do aconselhando, provavelmente estará contratransferindoinadequadamente. Precisará buscar um supervisor ou deverá entrar pessoalmente num procedimentoterapêutico. Por fim, consulentes podem resistir ao aconselhamento por mais que indicam que querem o processo.Muitos problemas produzem ganhos secundários dos quais as pessoas inconscientemente não gostariam deabrir mão. A doença implica em receber atenção e cuidados. Por pior que seja a doença, ela muitas vezesfornece o que a pessoa de outra maneira nunca obteria: atenção, amor, afeto, carinho. Por que abrir mão dadoença? A isso se chama resistência. Quando o conselheiro perceber a resistência deverá indicá-la tão logo possível ao consulente. Caso oaconselhando não compreender a indicação ou continuar resistindo, deverá ser encaminhado para uma terapiamais profunda. O pastor conselheiro acompanhará apenas como pastor.6.5.3 O MARAVILHOSO CONSELHEIRO Em Is 9. 6 Jesus é apresentado profeticamente e uma de suas essências é ser o Maravilhoso Conselheiro.Antes de tudo ele é o modelo cristão para o conselheiro pastoral. Porém, mais que pautar-se pelo ideal, Ele éo Conselheiro dos conselheiros, o médico dos médicos (Is 53. 3, 5; Lc 7. 22). A vivência espiritual curadora eafirmadora de Jesus Cristo é acima de tudo fonte renovadora e inspiradora do conselheiro cristão e pastoral.Porém, como Ele se manifesta frequentemente através de coisas ou pessoas, é extremamente importante quecada conselheiro tenha seu conselheiro pessoal também.6.5.4 FORMAS COMO O ACONSELHAMENTO DO CONSELHEIRO PODEOCORRER PROFICUAMENTE Caminhada conjunta de dois conselheiros pastorais. Em encontros regulares dois conselheiros “entramna Luz” e “andam na Luz” (1Jo 1. 5, 7) abrindo as suas vidas um para o outro em confiança, se encorajam, 87

ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULARexortam e apoiam. Pode-se trabalhar a análise de “casos” que estejam difíceis. Evidentemente, mesmo emtanta intimidade fraternal e missionária os princípios da ética requerem ser seriamente observados. Supervisão e/ou mentoreamento. Infelizmente são poucos os pastores e líderes religiosos que desenvolveme mantém relacionamentos de caminhada ministerial. Parece que pastores não podem ser frágeis, muitomenos mostrar e admitir sua fragilidade humana. Assim, a supervisão é uma forma de cuidados que atende aoconselheiro, porém, pode ser útil especialmente para tratar de casos difíceis, buscando saídas e qualificaçãotécnica. Supervisão ou mentoreamento pode ser realizada por um pastor mais experiente, uma pessoa madurae perceptiva, por profissionais da Psicologia, Psiquiatria, Administração ou Sssistência Social. Uma formacontemporânea é denominada coaching.38 O ideal mesmo é que o conselheiro pastoral encontre um profissional da Psicologia, do mentoreamentoou de coaching para tratar de si e/ou dos casos difíceis com os quais trabalha. O contrato pode ser especificadosegundo as necessidades. Nenhum conselheiro irá longe com saúde, vitalidade e alegria se não gostar de ler. Na atualidadeexistem inúmeros livros de bons autores que facilitam a reflexão sobre o aconselhamento, a psiquê humana,relacionamentos, personalidade, saúde mental. Portanto, nem um conselheiro precisa ficar sem o conselheirode cabeceira de cama, os livros. Para finalizar, todo conselheiro deve participar regularmente de congressos, seminários e atividades deformação na área. O conselheiro que não se reciclar entrará em zonas de conforto, pontos cegos, modelospadrões e cristalizados de analisar e entender a dinâmica dos problemas humanos, assim também não seráestímulo criativo para que o consulente encontre as suas melhores soluções. O estudante interessado pode encontrar sugestões práticas e inspiradoras nas seguintes obras: PRICE, Donald E. (org.). Os desafios do aconselhamento pastoral – soluções práticas. São Paulo: Vida Nova, 2009. Capítulo 12: “Mantenha seu equilíbrio psicológico”, de Jim Smith. WOLFF, Hanna. Jesus psicoterapeuta. São Paulo: Paulinas, 1988.RESUMO DO CAPÍTULO 6 • Integralidade é comum e recorrente nas últimas décadas. Quer indicar ação completa, levando-se em conta todos os fatores de alguma questão. Na realidade, o termo integral e holístico vem da ideia de sistema. Tudo que existe está conectado e integrado. Nada existe absolutamente isolado. • Um aconselhamento pastoral integral leva em conta quatro interfaces básicas da existência humana: a antropologia, a metodologia, a eclesiologia e os recursos sociais. • A reflexão antropológica aborda o ser humano enquanto emoções, ações/comportamentos e conceitos. Ela desenvolve o aspecto psicológico do ser humano. • A metodologia do aconselhamento aborda a abordagem do encorajamento, da exortação e do ensino. Ela procura responder à questão do que fazer. • A eclesiologia do aconselhamento deve definir pelo que é responsável, considerando os recursos religiosos humanos, bíblicos e pastorais. • A igreja deve desenvolver conexões com os recursos sociais do meio para qualificar maximamente o ministério do aconselhamento pastoral integral. As conexões a que se refere são os recursos humanos leigos disponíveis, os recursos governamentais, sejam municipais, estaduais ou federais, e os recursos de profissionais especialistas em todas as áreas da ajuda humana.38 – Se o assunto for do interesse do aluno, ele poderá buscar mais informações por recursos da internet.88

ACONSELHAMENTO PASTORAL • Um departamento de aconselhamento pastoral pode ser constituído de algumas frentes de ação: intervenção em crises; orientação espiritual e religiosa; aconselhamento pastoral como processo; espaço para psicoterapia com profissionais; assistência social que alcança inclusive os lares; visitação hospitalar, prisional e de instituições donde os internos não podem locomover-se para fora; capelania (em todas as suas formas, inclusive escolar e empresarial); recursos e equipes para intervenção em tragédias naturais e/ou sociais. • Todo conselheiro tem limites. Todo conselheiro é humano. Aconselhar é uma tarefa árdua. O limiar de frustração (capacidade de suportar derrotas e fracassos) precisa ser extremamente elevado. Por mais realizadora que a atividade possa ser em certo tempo, todo conselheiro precisa de seu conselheiro. • O fortalecimento espiritual mediante oração, leitura da Palavra e meditação são essenciais para quem pretende fugir ao envolvimento emocional com os problemas dos seus aconselhandos. Conviver com pessoas que nos amam independentemente de quão eficientes somos pode ser similar à respiração para o organismo vivo. Todo conselheiro deve avaliar-se com frequência quanto às suas motivações para o sucesso e rebalizar o valor pessoal na perspectiva de Deus. 89

ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULARFINAL E agora, mãos à Obra! Coração à Obra! As necessidades são tantas! As oportunidades infindas! E você realmente gostaria de servir a Jesus através de sua ação vocacional no aconselhamento? Noentanto, necessito contar-lhe alguns segredos: Ninguém é um conselheiro, uma conselheira depois da leitura de um texto, da participação de um curso deaconselhamento ou da obtenção de certificados e diplomas. O aconselhamento como arte requer ser praticado.Repetidas vezes! Pois, é a prática analisada e refletida que aprimorará a arte na próxima oportunidade. A açãorepetida como desenvolvimento da arte requer a consideração de algumas questões essenciais. Quem busca ajuda é quem tem que crescer. O crescimento pessoal do aconselhando independe doconselheiro. O conselheiro deve crescer enquanto conselheiro e pessoa, mas somente o seu próprio crescimento. Permaneça humilde. Você é somente um facilitador, uma facilitadora. Sem a plena disposição doaconselhando, da aconselhanda nada mudará. E a culpa não é sua. Não force! Convide! Não pressione! Encante para as possibilidades da plenitude de vida! Não obrigue! Isso gera ainda mais resistência e reação! Obter-se-á o contrário do almejado. Ninguém é igual a ninguém! A abordagem eficaz em um caso, não garante a eficácia em outro caso. Todo conselheiro e toda conselheira tem um jeito peculiar de ser! Não o desconsidere! Em geral o modopessoal e autêntico de ser é o caminho que melhor acolhe o aconselhando/a aconselhanda. Autenticidade! Autenticidade permite intuição! Vá além de toda a teoria, escute seu coração, ouça a voz do EspíritoSanto! Mas, sem esquecer a teoria e a técnica já aprovadas por outros conselheiros. Cuide de si mesmo, antes de tudo! Durma. Exercite-se. Tenha amigos, esteja com eles muito frequentemente.Trate dos seus dilemas com seu conselheiro. Ore, ore constantemente. Leia a Bíblia, inspire-se nela para suaprópria vida. Cuide de si mesmo, antes de tudo! Conselheiros e conselheiras também têm problemas: ansiedade, depressão, conflitos familiares e conjugais,brigas com colegas de ministério e irmãos/irmãs de igreja. Todo médico também já foi ferido e doente. Aliás, o médico que não tiver experimentado a doença, terá menos compaixão, menos empatia. O médicoferido compreende melhor a dor da ferida. Se até Jesus passou pela humanidade para demonstrar que compreende a Humanidade, por queconselheiros deveriam ser perfeitos para poderem ajudar? O conselheiro não se torna conselheiro por um curso, pela prática constante ou por vivências pessoais deaconselhamento. O conselheiro se desenvolve ininterruptamente por suas experiências, por leituras e cursos.Congressos, seminários, grupos de estudos são o constante estímulo para permanecer vigilante e preparado.Participe, sempre que puder! Leia tudo o que puder na área do aconselhamento. E, por fim, o Espírito Santo é o Grande Conselheiro! Ouça-o sempre! Esteja aberto à sua influência! Ele semanifesta através dos pensamentos e dos sentimentos, da cognição e da emoção, da Palavra e da Humanidade.A completa e constante sintonia é a melhor garantia para a vocação pastoral profícua. Então, mãos à Obra! Coração à Obra! Prof. Dr. Albert Friesen CRÉDITOS DO AUTOR O Prof. Dr. Albert Friesen é Teólogo pelo ISBIM; psicólogo pela UFPR; doutor em Ciências da Religião, área Práxis Religiosa e Sociedade pela UMESP; psicoterapeuta de casais e família.90

ACONSELHAMENTO PASTORALREFERÊNCIASADAMS, Jay E. Conselheiro capaz. São Paulo: FIEL, 1977.________. O manual do conselheiro capaz. São Paulo: FIEL, 1978.ANGERAMI-CAMON, Valdemar Augusto (org). Urgências psicológicas no hospital. São Paulo: Pioneira, 1998.ARANHA, Maria Lúcia de Arruda & MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de Filosofia. São Paulo: EditoraModerna, 1998.BELLAK, Leopold & SMALL, Leonard. Psicoterapia de emergência & psicoterapia breve. Porto Alegre: ArtesMédicas, 1980.BOLT, Martin & MYERS, David G. Interação humana. São Paulo: Vida Nova, 1989.CANCLINI, Nestor Garcia. Consumidores e cidadãos. 4a edição. Rio de Janeiro, Editora UFRJ, 1999.CLINEBELL, Howard J. Aconselhamento pastoral – modelo centrado em libertação e crescimento. São Paulo:Paulus; São Leopoldo: SINODAL, 1987.COLLINS, Gary R. Aconselhamento cristão – edição século 21. São Paulo: Vida Nova, 2004.COSTA, Jurandir F. “A sedução dos objetos”. Tempo e Presença, no 280, 03-04/1995, Rio de Janeiro.COSTA, Samuel. Psicologia e cristianismo. Rio de Janeiro: S. SilvaCosta, 2006.________. Psicoteologia geral. Rio de Janeiro: SilvaCosta, 2004.CRABB, Lawrence J. Aconselhamento bíblico efetivo. Brasília: Refúgio, 1985.________. Princípios básicos de aconselhamento bíblico. Brasília: Refúgio, 1984.DRAKEFORD, John W. Psychology in search of a soul. A survey study in the psychology of religion. Nashville:Broadman Press, 1964.EDELWICH, Jerry & BRODSKY, Archie. Burnout: stages of disillusionment in the helping professions. New York:Human Science Press, 1980.FEATHERSTONE, Mike. Cultura de consumo e pós-modernidade. São Paulo: Studio Nobel, 1995.FERREIRA, Aurélio B. de H. Dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.FREEDMAN, CARLSMITH & SEARS. Psicologia social. São Paulo: Cultrix, 1977.FRIEDMAN, Edwin H. De generación a generación – el processo de las familias en la iglesia y la sinagoga.Buenos Aires: Nueva Creación, 1996.FRIESEN, Albert. Cuidando do ser. Curitiba: Evangélica Esperança, 2000.________. Cuidando na enfermidade. Curitiba: EEE, 2004.GARTE, Summer H. & ROSENBLUM, Mark L. “Lighting fires in burned-out counselors”, Personnel and GuidanceJournal, novembro de 1978.GARFIELD, Sol L. & BERGIN, Allen E. (eds.). Handbook of psychotherapy and behavior change: en empiricalanalisys. New York: Wiley, 1986.GOLDSMITH, Marshall (org). Coaching – o exercício da liderança. Rio de Janeiro: Elsevier, Editora Campus, 2003.HURDING, Roger F. A árvore da cura – modelos de aconselhamento e de psicoterapia. São Paulo: Vida Nova,1995.JONES, Stanton L. & BUTMAN, Richard E. Modern psychotheraphies – a comprehensive christian appraisal.Illinois: InterVarsity Press, 1991.KOHLBERG, Lawrence. The philosophy of moral development. San Francisco: Row and Harper, 1981.KORNFIELD, David. Introdução à restauração da alma. São Paulo: SEPAL, [ ]. 91

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