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Sebenta de Gestão de Parque de Máquinas

Published by Paulo Carvalho, 2022-05-10 16:40:44

Description: Sebenta de Apoio ao Aluno (Técnico de Produção Agropecuária)

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Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa Técnico de Produção Agropecuária Sebenta de Apoio aos alunos UFCD 7597 “Gestão do Parque de Máquinas” Cursos de Técnico de Produção Agropecuária e Afins Eng.º Paulo Carvalho Engenheiro Agrícola

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa Índice OBJETIVOS ................................................................................................................................. 4 1 - Importância da mecanização e da eletrónica na empresa agrícola e na sua competitividade ........................................................................................................................... 5 2 - Fatores condicionantes do nível e da sofisticação da mecanização na empresa ............... 8 3 - Identificação das atividades, operações e tarefas mecanizáveis......................................... 9 4.1 - Constituição – tratores, máquinas e equipamentos ............................................. 17 4.2 - Condicionantes – necessidade de potência a instalar; combinação trator/máquinas agrícolas; forma e dimensão da folhas de cultura ................................. 17 4.3 - Critérios de seleção do trator................................................................................. 19 4.4 - Critérios de seleção das máquinas agrícolas......................................................... 19 4.5 - Estrutura e organização espacial do parque de máquinas.................................. 21 5 - Programação e organização da utilização do parque de máquinas ................................ 23 5.1 - Determinação dos períodos culturais e dos dias disponíveis para a realização das operações................................................................................................................................ 23 5.2 - Análise dos registos de tempos de trabalho e utilização de tempos-padrão ............ 25 5.3 - Programação das operações culturais e da utilização do trator e das máquinas.... 26 5.4 - Utilização de programas informáticos de gestão de máquinas agrícolas................. 31 5.5 - Necessidade de adquirir serviços no exterior ............................................................. 33 6 - Organização do trabalho..................................................................................................... 33 6.1 - Disponibilidades de trabalho do operador de máquinas ........................................... 34 6.2 - Qualificação do operador ............................................................................................. 35 6.3 - Tarefas a atribuir ao operador .................................................................................... 35 6.4 - Programação, organização e orientação das operações....................................... 36 6.5 - Avarias e reparações............................................................................................... 36 6.6 - Na empresa – equipamento de oficina, reparações possíveis .............................. 36 6.7 - Em oficinas de mecânica – aspetos a assegurar na aquisição de serviços.......... 37 6.8 - Substituição de máquinas....................................................................................... 38 7 - Programação, organização e orientação das tarefas de manutenção e de conservação do trator e das máquinas ............................................................................................................... 39 8 – Custo de um Produto .......................................................................................................... 40

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa 8.1 - Sistema de custo e cálculo dos encargos fixos, variáveis e totais .............................. 40 8.2 - Encargos indiretos – perdas de tempo, desperdício de fatores, perdas de colheita 40 8.3 - Cálculo de custos unitários........................................................................................... 40 8.4 - Imputação de custos às atividades............................................................................... 40 9 - Utilização comum de tratores e máquinas agrícolas – formas associativas, objetivos, funcionamento, vantagens/desvantagens ................................................................................ 40 10 - Segurança, higiene e saúde no trabalho ........................................................................... 42 10.1 - Principais riscos associados........................................................................................ 42 10. 2 - Normas de segurança e de higiene............................................................................ 43 10.3 - Equipamento de proteção individual ........................................................................ 45 11 - Proteção do ambiente ........................................................................................................ 52 11.1 - Conservação do solo, dos recursos aquíferos e da biodiversidade.......................... 54 11.2 - Recolha de resíduos das operações de reparação, de manutenção e de conservação ................................................................................................................................................. 56 12 - Registos e consulta de informação.................................................................................... 58 Bibliografia/Webgrafia ............................................................................................................. 62

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa OBJETIVOS No final da Unidade UFCD 7597, os alunos devem ser capazes de: • Programar e organizar a utilização racional do parque de máquinas. • Programar e organizar a reparação, manutenção e conservação das máquinas e equipamentos. • Organizar e orientar o trabalho do operador de máquinas agrícolas. • Controlar os custos de utilização e os consumos. • Promover as condições de segurança no trabalho e de proteção ambiental. NOTAS IMPORTANTES: Esta sebenta tem como base prática os exercícios propostos pelo professor da disciplina UFCD 7597, que terão ANEXOS complementares à componente teorica e explicativa constantes nesta SEBENTA. NOTA 1: Consultar Caderno de Exercíos ”Parque de Máquinas” ANEXO I e Respetivas Tabelas ANEXOS II e III . NOTA 2: Consultar Apontamentos das UFCDs já ministradas: - UFCD 7595 (Programação e organização de atividades e segurança no trabalho agrícola); - UFCD 6363 (Contabilidade agrícola simplificada), - UFCD 2853 T(rator e máquinas agrícolas - constituição, funcionamento, manutenção e regulação) - UFCD 2889 - Gestão da empresa agrícola Revisões, Conceitos & Aprendizagens

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa 1 - Importância da mecanização e da eletrónica na empresa agrícola e na sua competitividade Durante a segunda década do século XX e princípios do século XXI houve progressos significativos na mecanização agrícola, quando se deram os primeiros passos na sua automatização, em grande medida devido à chegada da eletrónica. As mudanças na mecanização têm estado condicionadas por fatores externos, entre os quais se destacam: o A obrigatoriedade do cumprimento da política de segurança aplicada às máquinas agrícolas. o A redução das emissões de gases de efeito de estufa pelos escapes dos motores. o A limitação na aplicação de agroquímicos. O melhor conhecimento da agronomia levou também a uma drástica redução do trabalho no solo, historicamente considerado como a base da agricultura. Em menos de 50 anos: o Passou-se da lavoura convencional do solo para um preparo mínimo e plantio direto, permitindo o desfasamento da fronteira agrícola em zonas tropicais e subtropicais com agricultura sustentável. o O desenvolvimento de herbicidas com um impacto ambiental baixo juntamente com as variedades de OGM, modificaram a paisagem agrícola de muitas regiões. o Melhoraram-se as técnicas de aplicação de produtos fitofarmacêuticos em culturas de menor safra, mas falta solucionar os problemas de penetração destes produtos em culturas mais desenvolvidas, especialmente arbóreas. o A aplicação de fertilizantes sólidos em doses variáveis continua condicionada pela precisão na distribuição por projeção. o Foi solucionada a colheita de cereais e sementes através de automotrizes coletoras. O mesmo se pode dizer em relação à recolha das forragens, tanto por via seca como húmida.

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa o Há no mercado equipamentos de recolha para culturas como a batata, beterraba, algodão, linho, tabaco, cana-de-açúcar, vinha, café, azeitona, hortaliças variadas… Mecanizou-se a agricultura empresarial, para as culturas mais difundidas, a partir do trator agrícola com um propulsor a diesel com mais potência e eficiência, para aumentar a velocidade de trabalho, garantindo a segurança e ergonomia na cabine de condução. Em suma: o A tecnologia mecânica aplicada amadureceu, sendo que os avanços mais significativos estão relacionados com a incorporação da hidráulica e da eletrónica. o Em alguns casos aparecem soluções mecânicas inovadoras. o As limitações para a sua utilização estão condicionadas pela dimensão económica das exportações e pela disponibilidade da mão de obra. o As épocas de produção são muito curtas e a utilização da maquinaria é sazonal, aumentando os custos financeiros do proprietário e atrasando a colocação no mercado de novos produtos. Os avanços tecnológicos traduzem-se em função das necessidades e da sociedade: o Segurança no trabalho e na deslocação das pessoas. o Proteção do meio “natural”, pressionados maioritariamente pela sociedade urbana. o Limitações na utilização de tecnologias inovadoras por serem consideradas “perigosas”, como os OGM. o Rastreabilidade e segurança alimentar. Diversos autores e técnicos referem que as inovações que se criaram nos últimos tempos e que marcam tendências para os próximos anos em relação ao equipamento mecânico para trabalhar o solo e à implementação de culturas, são enormes.

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa Outros referem que também nas áreas da distribuição de fertilizantes e aplicação de produtos fitossanitários, em relação às forragens e a biomassa vegetal, assim como as outras culturas, tem evoluído cada vez mais sempre ao serviço dos produtores e da agricultura. Por outro lado, a indústria da mecanização agrícola está a desenvolver-se com base em “plataformas” focadas nos diferentes segmentos do mercado, abandonando a sua estrutura piramidal para passar a outra em forma de rede que possa responder com rapidez à demanda agrícola das diferentes regiões. Por exemplo: o As áreas geográficas de maior nível de desenvolvimento (EUA, UE) têm tratores e máquinas de qualidade, com elevada potência e elevado nível de tecnologia; centralizam o fabrico a partir de componentes de qualquer região para assim baixar os custos, com especial atenção a motores com baixas emissões, transmissões automatizadas, eletro-hidráulicas, ergonómicas e seguras. o Nas regiões com consumo próprio muito elevado (China e Índia), a produção é orientada para tratores de baixa potência, robustos e fiáveis, com tecnologia básica (agricultura e transporte), e para o fabrico de componentes e tratores simples para a sua exportação, com grande presença nas grandes multinacionais do setor com fábricas próprias e associadas a empresas locais. o Nas regiões com consumo próprio e com fábricas desatualizadas (Federação Russa), está a decorrer uma mudança nas estruturas de produção, mediante os próprios desenvolvimentos e acordos com as grandes multinacionais do setor, orientadas para produzir tratores e máquinas agrícolas com elevada capacidade de trabalho e uma tecnologia intermédia, uma vez que se potenciam as redes comerciais, os serviços de assistência técnica e garantias de produto que eram inexistentes. o Nas áreas geográficas com consumo próprio, e com agricultura competitiva (Brasil, Argentina), o fabrico é orientado para os tratores e máquinas de alto desempenho, robustas e muito fiáveis, com tecnologia intermédia, produzidas em

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa fábricas de multinacionais implementadas na região, que exportam para países desenvolvidos e em desenvolvimento, competindo em preço e em fiabilidade, especialmente quando a tecnologia de plantio direto se difunde com altas prestações (Semeadores/ Pulverizadores). Resumindo: a mecanização agrícola foi evoluindo ao nível das culturas intensivas (amadurecimento tecnológico). Fizeram-se novos avanços para a recolha de biomassa (para fins energéticos) e de vegetais para a indústria. Progressivamente põe-se em marcha a “Agricultura de precisão”, os sistemas de comunicação entre tratores e alfaias (ISSO- BUS), a mecatrónica e robótica estão em fase experimental para situações especiais como as estufas, mas como um objetivo a longo prazo. 2 - Fatores condicionantes do nível e da sofisticação da mecanização na empresa Em termos de fatores condicionantes do nível e da sofisticação da mecanização na empresa agrícola, podemos referir os: a) Fatores Sistémicos São os fatores que influenciam a competitividade da empresa, mas que elas pouco ou nenhum controle têm. Exemplos: Regime de incentivos na agricultura e restruturação do Parque de Máquinas; Regulação da concorrência; Política de Financiamentos com juros elevados; Impostos e Políticas de Proteção Familiar; Estruturas da Explorações Agropecuárias.

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa b) Fatores Estruturais e Empresariais Quanto aos fatores estruturais, o mercado, a indústria, o regime de incentivos e regulação da concorrência, condicionam o setor devido ao pouco poder de decisão das empresas ou do produtor. Resumindo: Em Portugal as condicionantes do nível e da sofisticação da mecanização na empresa agropecuária não permitem que os Parques de máquinas sejam adaptados às condições necessárias para cada tipo de exploração, pelos motivos referidos anteriormente. Assim, constatamos Parques de Máquinas já envelhecidos, pouco sofesticados, que penalizam o produtor no que diz respeito à produção de qualidade dos produtos a baixo custo. 3 - Identificação das atividades, operações e tarefas mecanizáveis As atividades, operações e tarefas mecanizáveis em agricultura podem ser definidas, de acordo com as culturas praticadas. As atividades agrícolas são bastante diversificadas e exigem disponibilidade de máquinas e equipamentos para fazerem face aos trabalhos desenvolvidos, tendo sempre como objetivos a minimização de custos e fazer face à escassez da mão-de-obra. As operações culturais (Tabela I) mais importantes realizadas no Alentejo, caracterizada pela grande extensão de áreas e culturas praticadas (rotações de sequeiro, de regadio, horticultura extensiva e olival) são as seguintes:

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa Operações culturais Passagem grade de discos Passagem de Chisel Passagem de Vibrocultor Sementeira/ Adubação de fundo Passagem com rolo compactador Monda química pré- emergencia Dois tratamentos pragas e doenças Ceifa Carregamento da Semente Respigação Enfardação Carregamento da palha Tabela I – Operações culturais Relativamente às tarefas mecanizáveis, elas são agrupadas por letras também designadas por tabela do “Grau de sensibilidade”: A, B, C, D, E (Tabela II) a seguir representada: A Ceifa-debulha, colheita de feno e palha, tratamentos fitossanitários B Sementeira, rolagem C Gradagens, escarificações, sacha, colheitas sachadas D Lavouras, transportes, adubações, podas, vindima E Dias não disponíveis Tabela II – Grau de sensibilidade para as tarefas a realizar NOTA: Relativamente às tarefas mecanizáveis podemos referir, de acordo com Complemento ANEXO I - “Gestão do Parque de Máquinas”, para uma rotação cultural de sequeiro e de regadio, sugerida no exemplo A, para 4 parcelas com a mesma área de acordo com a Figura 1.

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa AA D 55 hectares 55 hectares B 55hectares 55 hectares C Fig. 1 – Parcelas da rotação de sequeiro e regadio. Exemplo A Rotação Sequeiro ( A): Grão de bico - Trigo- Cevada Cultura de regadio ( B ): Milho Parcela A + B + C + D = 55 ha+ 55 ha +55 ha +55 ha = 220 hectares

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa As seguintes tarefas mecanizáveis são as seguintes: a) Grão-de-bico - Preparação de solo -Passagem de grande de discos; - Passagem de Chisel; - Passagem de Vibrocultor; - Sementeira/ Adubação de fundo - Utilização do semeador mecânico de linhas; - Passagem do rolo compactador; - Combate de infestantes - Monda química pré- emergência; - Combate de doenças e Pragas - Dois tratamentos para pragas e doenças; - Ceifa - Utilização de ceifeira debulhadora; - Enfardação - Respigação; - Utilização de uma enfardadeira; - Carregamento da palha;

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa b) Trigo - Preparação de solo -Passagem de grande de discos; - Passagem de Chisel; - Passagem de Vibrocultor; - Sementeira/ Adubação de fundo - Utilizo o semeador mecânico de linhas; - Passagem do rolo compactador; - Adubação de cobertura - Utilização de um distribuidor de adubo; - Combate de Infestantes - Monda química pós emergência; - Ceifa - Utilização de ceifeira debulhadora; -Enfardação - Utilização de enfardadeira; - Carregamento/ Transporte da palha;

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa c) Cevada - Preparação de solo -Passagem de grande de discos; - Passagem de Chisel; - Passagem de Vibrocultor - Sementeira/ Adubação de fundo - Utilização de semeador mecânico de linhas; - Passagem com rolo compactador; - Adubação de cobertura -Utilização de um distribuidor de adubo; - Combate de Infestantes - Monda química pós emergência; - Combate de pragas e doenças - Dois tratamentos - Ceifa - Para a ceifa a utilização de ceifeira debulhadora; - Enfardação - Utilização de enfardadeira; - Carregamento/ Transporte da palha; Cultura de regadio

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa a) Milho - Preparação de solo - Duas passagens de grande de discos; - Duas passagens de Chisel; - Passagem de Vibrocultor - Adubação de Fundo - Utilização de distribuidor de adubo; - Passagem de vibrocultor - Sementeira / Adubação de fundo - Para a sementeira do milho utilizamos o semeador pneumático; - Passagem de rolo - Adubação de Cobertura - Utilização de distribuidor de adubo; - Combate de infestantes / pragas - Uma aplicação em pré- emergência; - Uma aplicação em pós emergência/ tratamento de pragas - Ceifa - Para a ceifa utilizamos a ceifeira debulhadora com frente de milho NOTA: Consultar Caderno de Exercíos ”Parque de Máquinas” ANEXO e Respetivas Tabelas

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa 4 - Parque de máquinas da empresa: parque de máquinas agrícola português O parque de máquinas agrícolas português evoluí positivamente ao longo dos anos em termos de aquisições, mas continua a ser considerado um parque envelhecido, presenciando equipamentos agrícolas com idade superior à idade de vida útil recomendada (que é de 10 anos). Com a volatilidade dos mercados existe sempre a incerteza do preço final do produto final produzido, sucedendo-se a variação do custo de máquinas de agrícolas na sua aquisição ou aluguer e ainda a sua utilização e manutenção. O ajustamento do parque de máquinas e alfaias agrícolas ao nível da exploração deve minimizar as necessidades de mão-de-obra e reduzir o tempo de realização das tarefas, levando à diminuição do desgaste dos equipamentos utilizados e economia de combustíveis. Se pensarmos num plano a longo prazo tendemos para um aumento da produtividade do equipamento e a contínua inovação tecnológica do parque em função do sector que trabalha. O futuro da mecanização agrícola passará em parte pelo requerimento de prestadores de serviço em função da região onde se labora e das práticas culturais praticadas, minimizando-se o custo de manutenções dos equipamentos agrícolas e aquisição de novos equipamentos, que apresentam um enorme custo e encargo para o agricultor e exploração. Sendo de salientar a importância que a agricultura e os agricultores representam ao longo da sua actividade, está dependente destes assegurar o futuro das seguintes gerações, sem descurar a melhoria da sua qualidade de vida e inovando na sua exploração agrícola e seu sector. A caracterização de um parque de máquinas agrícolas pode ser feita sob diferentes óticas, nomeadamente, pela identificação do número de tratores e máquinas agrícolas operacionais, pelos tipos de tratores e máquinas agrícolas e pela idade do parque.

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa Conhecer o parque de máquinas agrícolas permite-nos conhecer o nível de mecanização e de inovação tecnológica adotada pelos agricultores com o significado que isso representa, do ponto de vista da economia do setor e da própria empresa. Em Portugal, os dados que nos permitem proceder a uma análise do parque de máquinas agrícolas podem ter origem em documentação publicada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), pela Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR) através dos dados referentes ao gasóleo agrícola, Instituto da Mobilidade e dos Transportes e Associação de Comercio Automóvel de Portugal (ACAP) que, facultaram gentilmente a informação referente ao mercado de tratores agrícolas. 4.1 - Constituição – tratores, máquinas e equipamentos A Unidade UFCD 2853 (“Trator e máquinas agrícolas - constituição, funcionamento, manutenção e regulação”), a constituição dos tratores, máquinas e equipamentos e sua manutenção foram e são abordados. Nesse sentido, todos os formandos/alunos devem procurar acompanhar a presente SEBENTA com os conceitos e conteúdos apreendidos nas UNIDADES referidas. 4.2 - Condicionantes – necessidade de potência a instalar; combinação trator/máquinas agrícolas; forma e dimensão das folhas de cultura Os principais fatores que afetam a capacidade de trabalho efetiva de um parque de máquinas são:

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa A - Características de operação das máquinas: - Características físicas da própria máquina (velocidade, dimensões manobrabilidade, manutenção); - O desempenho das máquinas em função da dimensão e forma da parcela ou tipo de solo (textura, rochas presentes); - Características biológicas da cultura a ser trabalhada: * Produção e densidade da cultura; *Variedade das culturas; - Características ambientais, onde se destacam as condições climáticas e estados meteorológicos; - Tomadas de decisão do operador: * Conhecimento das condições de trabalho; * Habilidade e experiência com as máquinas e alfaias; * Conforto da máquina e conhecimentos de segurança para o rendimento da tarefa e do trabalho em questão. B - Máquinas agrícolas e a sua capacidade de trabalho efetivo Na capacidade de trabalho efetivo temos de ter em conta a eficiência de campo que varia tendo em conta o: • O tamanho e forma das parcelas agrícolas; • A modelação e teor humidade do solo; • O modelo de execução do trabalho; • A produção e condições da cultura;

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa • O tempo despendido devido à capacidade do operador e as suas políticas de operação; • O não uso de toda a capacidade da máquina. 4.3 - Critérios de seleção do trator No momento da compra de uma nova máquina agrícola é sempre uma decisão que é tomada com preocupação pelo agricultor. Ele sabe da necessidade, vê perspectivas de melhorias no seu sistema de produção, mas preocupa-se com a capacidade de endividamento e com o retorno económico que esta compra pode trazer. Isto se ele estiver convencido da qualidade técnica e da propriedade da escolha do modelo. 4.4 - Critérios de seleção das máquinas agrícolas Os critérios de seleção das máquinas agrícolas, tem como base critérios objetivos e critérios subjetivos: Assim temos: a) Critérios objetivos: • Custo: Custo de aquisição, custo operacional, capacidade de pagamento etc. • Crédito: Acesso, condições, viabilidade. • Especificações técnicas: Capacidade de atender as necessidades da operação ou operações em que a máquina está envolvida.

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa b) Critérios subjetivos • Tendência natural de aumentar o tamanho da máquina comprada, mesmo sem ter aumentado a área trabalhada e o rendimento do produto. Esta tendência também é seguida pelos fabricantes que quase sempre lançam produtos dirigidos para as maiores escalas de produção, tratores mais potentes, semeadoras com maior número de linhas, colhedoras maiores etc; • Pressão exercida pelo vendedor da máquina que crê que o conhecimento que ele possui sobre a máquina é mais importante do que o produtor sabe sobre as suas necessidades. Também a sedução gerada pelos supostos avanços tecnológicos (muitas vezes de grande inutilidade). Desta forma o produtor criterioso, no momento da aquisição de uma máquina, deve fazer análises dos seguintes aspetos: - Análise tecnológica: Nesta análise deve-se fazer uma comparação entre ofertas do mercado, com todas as opções disponíveis, contrastando com as necessidades do sistema agrícola e empresarial utilizado. Neste caso não se deve omitir opções, todas devem ser analisadas. O atendimento pós-venda deve ser avaliado e a qualidade do atendimento de oficina e seção de peças da revenda também. - Análise financeira: São analisadas as possibilidades de financiamento, a viabilidade do investimento, os valores de compra e os possíveis descontos e bonificações. - Análise económica: Na posse da decisão de compra com os critérios técnicos e financeiros chega a hora de analisar o custo operacional da máquina em diferentes operações e o fluxo de caixa/capacidade financeira de compra (consequência da aquisição) proporcionado pela compra. Quase se poderia dizer que no momento da aquisição de um bem de grande valor se deveria fazer um \"conselho familiar\" para analisar estas perspetivas.

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa Assim é possível formar uma lista de critérios objetivos de compra de máquinas: • Custos: aquisição, operação, manutenção e reparação etc.; • Qualidade técnica: projeto bem desenvolvido, aspeto visual, conforto e segurança do operador etc.; • Serviço de assistência: reputação do (re)vendedor, stock de peças e agilidade de reposição, proximidade da propriedade (menores custos de atendimento) etc; • Projeto em curso: adaptação às condições particulares, tipos de manobras, facilidade de ajustamentos e manutenção, possibilidade de transportar e colocar alfaias; • Modernidade: Garantia de que o produto não fique obsoleto em pouco tempo; • Marca: nome comercial, linha, modelo - fidelidade, prestígio do fabricante. Isso resulta em maior valor de (re)venda; • Dimensões da máquina: adequadas às necessidades da propriedade. Esta análise pode ser feita por um técnico que poderá calcular a dimensão da máquina a ser comprada e a sua programação de uso durante os ciclos das culturas, com o seu consequente custo operacional. 4.5 - Estrutura e organização espacial do parque de máquinas A estrutura e organização de um parque de máquinas deve atender às - Condições da propriedade/Exploração; - Dimensão da Propriedade/Exploração.

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa O Parque de máquinas deve ter duas partes distintas: - Uma de acondicionamento dos tratores e alfaias agrícolas; - Outra, que diz respeito à área de manutenção. Embora se registem, atualmente, algumas tendências para a agregação funcional de algumas das tarefas da Manutenção e Acondicionamento das máquinas devemos sempre assegurar a gestão técnica dos materiais e equipamentos. Ter sempre disponível a preparação das intervenções e a assistência técnica é ganhar tempo e dinheiro na empresa. O Planeamento dos trabalhos e das manutenções deve estar sempre presente e registados em cadernos apropriados para o efeito. A disponibilidade dos equipamentos em bom estado é outra consideração a ter em conta num parque de máquinas, para a realização das tarefas da exploração. Por isso, são importantes considerar: • A dimensão e a dispersão geográfica das instalações relativamente à exploração; • A diversidade, a complexidade e sensibilidade doa equipamentos; • A diversidade das especialidades envolvidas. Resumindo: A estrutura e organização espacial do parque de máquinas deve sempre estar de acordo com as dimensões da propriedade e das existências de máquinas e equipamentos da exploração, obedecendo às normas vigentes na Legislação Nacional. (Decreto-lei 48168, de 28 de dezembro).

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa 5 - Programação e organização da utilização do parque de máquinas A capacidade de trabalho varia também com o tempo disponível que é o tempo de trabalho que uma máquina demora a executar uma operação em função da área. É um fator de caracterização do desempenho das máquinas com o significado e valor inverso da capacidade de trabalho. O Decreto-Lei n.º 97/93, aprova a Lei Orgânica do Instituto de Estruturas Agrárias e Desenvolvimento Rural, onde entre outras medidas propõe a coordenação, a programação e regulamentação das medidas de política sócio-estrutural, designadamente as associadas a instrumentos comunitários de apoio, bem como a gestão das Explorações/Empresas que respeitem: - A infraestruturas, organização e modernização das explorações agrícolas na organização do Parque de Máquinas e políticas agroambientais, - A valorização do meio rural apoiando as explorações nas respetivas áreas produtivas. 5.1 - Determinação dos períodos culturais e dos dias disponíveis para a realização das operações NOTA: Esta determinação é feita de acordo com a Tabela dos “Dias Disponíveis – para o Distrito de Beja) de acordo com o “Grau de Sensibilidade” (Tabelas dos Anexos II e III).

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa Os fatores que afetam os dias disponíveis das máquinas agrícolas, são: I - Características ambientais • Os estados meteorológicos durante o período de trabalho ou época cultural são o principal fator limitante dada a sua imprevisibilidade; • As características do solo e os possíveis problemas de tração associados; II - Características físicas das máquinas • Desempenho das máquinas em função da dimensão e forma da parcela além do declive e tipo de solo; • A tipologia da tarefa e sua facilidade de mecanização; III - Características biológicas da cultura • O ciclo cultural é um fator muito limitante devido à fase de maturação da planta; • Tomadas de decisão do gestor e do operador: • A disponibilidade temporal do operador e a sua flexibilidade de trabalhar fora de horas são fatores a ter em conta. RESUMINDO: DIAS DISPONÍVEIS O teor de água no solo e as condições meteorológicas são os principais fatores que determinam o número de dias durante o ano em que é possível realizar as diferentes operações culturais necessárias à produção agrícola. Habitualmente, este aspeto assume particular importância na agricultura a céu aberto. Normalmente, o intervalo de tempo em que os equipamentos podem ser utilizados em condições consideradas boas para a realização das operações culturais é invariavelmente curto. As condições em que essas operações são realizadas têm, inevitavelmente, repercussões na quantidade e na qualidade dos produtos (Pinheiro, 2009). Segundo Reboul (1965), no caso concreto dos dias disponíveis, existem dois métodos utilizados para o seu cálculo.

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa O primeiro método baseia-se na precipitação e o segundo na humidade do solo. Este último apresenta-se como o mais fiável pelo facto de se basear na precipitação efetiva do dia considerado e dos quatro dias anteriores e considerar o fator solo, o que dá uma indicação concreta e precisa para a possibilidade de realização da tarefa cultural em vista. NOTA: Esta determinação é feita de acordo com a Tabela dos “Dias Disponíveis – para o Distrito de Beja) de acordo com o “Grau de Sensibilidade” (Tabelas dos Anexos II e III). 5.2 - Análise dos registos de tempos de trabalho e utilização de tempos-padrão Alguns conceitos importantes sobre os tempos de trabalho a saber são: - Os tempos de trabalho são dados destinados à gestão das explorações, para serem utilizados na avaliação do custo de execução das tarefas e no planeamento do trabalho ao longo do ano. A unidade utilizada é de horas/hectare - Tempos elementares são os tempos necessários para efetuar de forma correta e na velocidade normal, para cada caso, as fases elementares resultantes da decomposição de uma tarefa. São tempos excessivamente pormenorizados relativamente às exigências da gestão agrícola, sendo por isso agrupados em tempos de execução e em tempos de tarefa. - Tempos de Execução são os tempos necessários para realizar uma tarefa no local de trabalho. É formado pelo agrupamento dos seguintes tempos elementares: tempo efetivo (ou tempo principal), tempos acessórios e tempo morto inevitável. É utilizado na estimativa do custo de execução de tarefas: - Custos de execução (Eur/ha) = Tempo de execução (h/ha) * Custo de utilização de mão-de-obra e das máquinas (Eur/ha)

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa NOTA: Esta determinação é feita de acordo com a tabela dos “Dias Disponíveis – para o Distrito de Beja) de acordo com o “Grau de Sensibilidade” (Tabelas dos Anexos II e III). 5.3 - Programação das operações culturais e da utilização do trator e das máquinas No ciclo da gestão distinguem-se três fases, todas ligadas entre si e sem princípio ou fim aparente (Figura 3): - O Planeamento (Programação), - A Implementação - O Controlo. Figura 3 – Ciclo de gestão Gerir, planear e coordenar o funcionamento de sistemas de mecanização e de automação das atividades agrícolas de produção vegetal e de produção animal, com uma eficiente racionalização dos fatores de produção, nomeadamente os relativos à mecanização, à fertilização, à proteção das culturas, da rega e das instalações e dos

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa equipamentos, respeitando a conservação do ambiente, a segurança dos operadores e a qualidade dos produtos alimentares, devem ser previamente planeadas. Para o efeito deve ser considerada fundamental a programação das atividades principais. Programação das atividades principais: a) Coordenar e organizar a aplicação correta das normas de higiene e segurança no trabalho com máquinas, equipamentos, instalações e animais; b) Elaborar e gerir a execução de planos e de processos de fertilização das culturas de acordo com as características de fertilidade do solo e as necessidades das culturas; c) Gerir e realizar atividades de produção vegetal; d) Gerir e realizar atividades de produção animal; e) Gerir e organizar planos, processos e métodos de proteção fitossanitária e de aplicação de produtos fitofarmacêuticos; f) Planear, organizar e controlar trabalhos de manutenção, de reparação e de conservação de máquinas e de equipamentos, orientar, supervisionar e realizar a condução e a operação de tratores agrícolas com equipamentos montados ou rebocados; g) Coordenar e organizar processos de calibragem e de execução de atividades práticas de preparação de máquinas para o trabalho e para a operação de máquinas; h) Planificar, selecionar e dimensionar sistemas de mecanização para as operações culturais em explorações agrícolas; i) Gerir o funcionamento de sistemas de utilização eficiente da água em regadio; j) Organizar informação geográfica da parcela e gerir a captura e registo, seja por GPS, deteção remota ou informação analógica através de sistemas de informação geográfica; k) Elaborar planos de modelação do terreno no sentido de obter informação contínua sobre a parcela;

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa l) Elaborar planos de manutenção, de reparação e de funcionamento das instalações e dos equipamentos. Para o efeito devemos considerar o conhecimento, como uma das competências de todos os técnicos e empresários agrícolas: a) Conhecimentos abrangentes de produção vegetal: ciclos culturais, rotação cultural, propagação, nutrição, sanidade, condução, colheita, pós-colheita e qualidade dos seus produtos; b) Conhecimentos abrangentes de produção animal: sistemas de produção, maneio, reprodução, alimentação, prevenção de doenças e qualidade dos seus produtos; c) Conhecimentos abrangentes das características físicas e químicas do solo, da fertilidade e da conservação dos solos; d) Conhecimentos especializados das principais pragas, doenças, processos e métodos de proteção fitossanitária e da oportunidade de intervenção na proteção das plantas; e) Conhecimentos especializados da constituição, do funcionamento, da regulação, do desempenho, da manutenção e da segurança de máquinas, dos equipamentos agrícolas e dos instrumentos de medição e controlo; f) Conhecimentos abrangentes das regras do código da estrada, da sinalética e das normas de segurança rodoviária aplicadas aos veículos agrícolas em trânsito rural e urbano; g) Conhecimentos abrangentes de planeamento das operações culturais dos sistemas de produção; h) Conhecimentos abrangentes dos fatores que influenciam a seleção e a gestão dos sistemas de mecanização; i) Conhecimentos especializados de utilização, de conservação e de gestão de instalações agrícolas e dos seus equipamentos.

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa j) Conhecimentos especializados dos diferentes métodos e dos sistemas de rega e das técnicas de programação e de condução da rega; k) Conhecimentos abrangentes dos sistemas de coordenadas, sistemas de posicionamento globais, deteção remota e sistemas de informação geográfica; l) Conhecimentos abrangentes de políticas e legislação setorial (nacional e comunitária). Também as aptidões devem ser consideradas: a) Identificar e selecionar espécies e ou cultivares de culturas, de acordo com as condições agroambientais, e aplicar as mais adequadas técnicas de maneio produtivo, reprodutivo e alimentar dos animais; b) Identificar e selecionar espécies e ou raças de animais, de acordo com as características dos sistemas de produção, e aplicar as mais adequadas técnicas de maneio produtivo, reprodutivo e alimentar dos animais; c) Interpretar resultados de análises de solo e outras observações de campo de forma a propor planos de fertilização e de correção do solo em função das necessidades das culturas; d) Identificar e selecionar meios de proteção das culturas, técnicas e equipamentos de aplicação de produtos fitofarmacêuticos de acordo com as condições das culturas e condições ambientais; e) Preparar, organizar e avaliar o desempenho das máquinas e dos equipamentos agrícolas na preparação do solo, na aplicação de produtos fitofarmacêuticos, de fertilizantes e de corretivos, na sementeira e na colheita; f) Conduzir e operar trator com alfaia ou equipamento em situação de campo, caminhos rurais e em estrada (condições urbanas), a partir do momento em que possuam a idade legal para esta aprendizagem, 6 meses antes dos 18 anos (artigo

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa 20.º, ponto 3.º, Decreto-Lei n.º 138/2012, de 5 de julho, e Decreto-Lei n.º 37/2014, de 14 de março); g) Criar, gerir e atualizar um sistema de gestão de parque de máquinas para um dado sistema de produção; h) Avaliar o desempenho, identificar as necessidades de manutenção e da conservação das instalações, dos equipamentos e dos mecanismos de controlo e automação; i) Elaborar planos de condução e de programação da rega para diferentes culturas, diferentes cenários climáticos e diferentes sistemas de rega; j) Realizar levantamentos cartográficos e topográficos, operar com GPS e georreferenciar elementos do terreno e interpolar dados relativos ao solo e às culturas através de sistemas de informação geográfica; k) Identificar e avaliar problemas e opções tecnológicas; l) Avaliar e selecionar os elementos de aplicação, a regulação e a calibração dos equipamentos de modo a realizar a aplicação de fitofármacos em segurança, reduzindo os riscos e os acidentes para operadores, ambiente, espécies e organismos não visados e consumidores; m) Propor soluções de mecanização, que integre o planeamento de operações culturais, a utilização de máquinas próprias ou de aluguer ou em regime associativo e os custos de operação e das atividades culturais; n) Propor plano de melhoria das instalações, dos equipamentos e dos mecanismos de controlo e automação. No campo da atitudes: a) Demonstrar capacidade e disponibilidade de aprendizagem, de rever e desenvolver o desempenho dos operadores agrícolas e tratoristas;

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa b) Demonstrar capacidade de iniciativa e de ponderação na conceção de soluções para a resolução de problemas; c) Demonstrar responsabilidade e ética no cumprimento de normas, de regulamentos e da legislação técnica em vigor; d) Demonstrar flexibilidade e capacidade de adaptação a diferentes situações e contextos profissionais; e) Demonstrar capacidade de liderança; f) Demonstrar responsabilidade e consciência ambiental e social; g) Demonstrar capacidade de cooperação em equipa de trabalho ou de projeto; h) Demonstrar autonomia nas tomadas de decisão; i) Demonstrar capacidade de comunicação e de motivação de colaboradores e de prestadores de serviços; j) Demonstrar capacidade de persuasão e de estabelecer relações estáveis com clientes, fornecedores e outros interlocutores. Resumindo: A formação dos operadores de máquinas e dos operadores agrícolas é fundamental, para a programação das atividades e na gestão do Parque de Máquinas. 5.4 - Utilização de programas informáticos de gestão de máquinas agrícolas Cada vez mais as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e programas emergentes para a gestão de máquinas agrícolas se torna fundamental atualmente.

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa A atividade agrícola é caraterizada pela enorme quantidade de informação disponível, o que torna a sua gestão complexa, pelo que a utilização de sistemas de suporte à decisão (SSD), que ajudam o agricultor (técnico) nessa tarefa, são fundamentais. Quantificação dos fatores de produção A escolha entre as várias soluções possíveis de serem implementadas para execução das atividades agrícolas é facilitada com a utilização de programas informáticos que permitam quantificar os fatores de produção a utilizar em cada situação e prever os seus resultados. Sistemas de Gestão de máquinas e equipamentos Ùtil na gestão de stocks e manutenção das máquinas e equipamentos.

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa 5.5 - Necessidade de adquirir serviços no exterior A necessidade de adquirir serviços no exterior no setor agropecuário, deve-se ao facto dos produtores não terem capital para aquisição de máquinas para fazer face a todas as necessidades da exploração e também nas ocasiões onde o volume de trabalho é grande e onde o trator da exploração não consegue executar o serviço em tempo útil. Esse tempo útil pode ser refletido nas alterações das condições atmosféricas, nos tempos de receção das produções nos postos de venda e também nos “timings” urgentes dos tratamentos fitossanitários. 6 - Organização do trabalho Organização do trabalho é nos dias de hoje um dos parâmetros de medição, eficiência e eficácia dos trabalhadores na empresa. É importante ter consciência de um estabelecimento adequado de critérios de atuação e da hierarquização das tarefas a executar segundo critérios e uma planificação atempada do trabalho e dos “timings” de atuação conduzem a total eficácia profissional. Há autores, que numa abordagem mais científica na organização do trabalho, defendem que o objetivo de uma boa administração é pagar salários altos e ter baixos custos unitários de produção. Independentemente das várias abordagens utilizadas na organização do trabalho, existem alguns princípios considerados fundamentais para gerir e organizar o trabalho, sendo os mais importantes: - O principal fator são as pessoas (seres humanos); - Distinguir o fundamental do acessório;

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa - Comunicar eficazmente; - Delegar funções e responsabilidades; - Gestão por objetivos; - Ligar o trabalho à tarefa; - Existência de responsáveis; - Formar. 6.1 - Disponibilidades de trabalho do operador de máquinas Dizer que o principal fator para gerir e organizar o trabalho são as pessoas é dizer que a organização é uma equipa de pessoas. As pessoas devem ser vistas como talentos criativos com necessidades, desejos e objetivos que pretendem ver satisfeitos, que reagem de forma diferente de acordo com o estilo de liderança adotado. Assim, na empresa ou na exploração deve existir trabalhos bem definidos para os operadores de máquinas agrícolas. Ligar o operador à tarefa a realizar deve ser feita de acordo com as características do trabalho e do operador. Ter operadores polivalentes numa empresa é uma política a ser seguida com o objetivo de minimização de custos e ter disponível trabalhadores altamente responsáveis para a execução das tarefas que são necessárias para a obtenção de boas produtividades.

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa 6.2 - Qualificação do operador Sendo as pessoas o principal recurso de uma organização torna-se necessária atualizar os seus conhecimentos e aptidões. Além da qualificação e conhecimentos base do operador, a formação deve ser continua e adequada às características do trabalhador e posto de trabalho, de modo assegurar a competência do trabalhador no desempenho das tarefas ou funções específicas desenvolvidas na empresa. 6.3 - Tarefas a atribuir ao operador Na gestão da propriedade, devemos ter em atenção os seguintes fatores: - Características do operador - Culturas praticadas; - Épocas do ano; - Disponibilidade de máquinas e equipamentos; - Condições climáticas; - Prioridades diárias. Em termos gerais podemos dizer que a tarefa atribuir aos operadores de máquinas agrícolas são: - Operar máquinas agrícolas motorizadas para desenvolver atividades/tarefas agrícolas; utilizando diversas alfaias: charrua de aivecas, grades, chisel, escarificadores, pulverizadores, reboques, cisternas, destroçadores, plantadores, distribuidores de adubo, etc.

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa - Operar equipamentos similares; - Operar máquinas agrícolas automotrizes; - Executar pequenos serviços de mecânica e manutenção e reparações de emergência em máquinas agrícolas motorizadas; - Zelar pela conservação e manutenção das máquinas agrícolas em geral; - Anotar em agenda de campo próprio a hora da partida, percurso ou trabalho realizado e hora de chegada do trator; - Verificar diariamente as condições de óleo, água, combustível, lubrificação, bateria, lanternas, faróis e rodas do trator; - Executar outras tarefas de mesma natureza e mesmo nível de dificuldade. 6.4 - Programação, organização e orientação das operações Nota: Já dado na UFCD 2853 6.5 - Avarias e reparações Nota: Já dado na UFCD 2853 6.6 - Na empresa – equipamento de oficina, reparações possíveis SERVIÇOS DE OFICINA DE MECÂNICA AGRÍCOLA NA EMPRESA A oficina na empresa deve estar preparada e equipada para prestar diariamente diversos serviços. Assim, uma oficina devera ter na sua estrutura:

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa - Condições pra reparação de máquinas agrícolas como por exemplo enfardadeiras, máquinas de vindimar, ensiladoras, tratores, etc .. - Condições para reparação de alfaias agrícolas - Deve ter torno mecânico - Uma serralharia agrícola - Um conjunto de acessórios entre os quais tubos hidráulicos - Capacidade de arranjar os carregadores frontais - Sistema de carregamento de ar-condicionado - Pneus - Capacidade para realizar diagnósticos 6.7 - Em oficinas de mecânica – aspetos a assegurar na aquisição de serviços Oficina Mecânica, é um ramo de atividade que visa o conserto e a manutenção de automóveis. Dentre os serviços prestados pelas Oficinas Mecânicas, podemos citar: • Troca de óleo e lubrificantes; • Alinhamento e calibragem; • Afinação e manutenção de Motores; • Sistemas de direção; • Ar-condicionado; • Manutenção de escapes; • Direção Hidráulica; • Sistemas eletrónicos

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa A oficina mecânica nos dias de hoje deve ter um ambiente limpo, organizado e seguro e devem estabelecer com as empresas/clientes uma relação de confiança nas questões técnicas e de manutenção, ser eficiente na manutenção das máquinas e praticarem preços competitivos. Além disso, os tratores cada vez mais mostram avanços tecnológicos e exigem precisão na reparação. Portanto, a equipa de mecânicos deve ser qualificada, os processos bem definidos e os equipamentos sempre calibrados e atualizados. 6.8 - Substituição de máquinas Existem em Portugal um conjunto de apoios no sentido de incentivar a remodelação do Parque de máquinas. O Regulamento (CE) n.º 1257/1999, de 17 de Maio, relativo ao apoio do Fundo Europeu de Orientação e de Garantia Agrícola (FEOGA) ao desenvolvimento rural, prevê, no artigo 33.º, a concessão de apoios para a criação de serviços de substituição e gestão de explorações agrícolas. A melhoria da viabilidade das explorações agrícolas num contexto económico e social mais exigente e fortemente condicionado pela globalização só se afigura possível através de intervenções que, por um lado, garantam a modernização das mesmas e, por outro, perspetivem soluções inovadoras numa ótica de diversificação de atividades e de rendimentos. A disponibilidade de serviços de substituição e de gestão e de serviços produtivos comuns pode, em determinadas situações, constituir elemento fundamental da modernização das explorações agrícolas no âmbito da organização do trabalho e do processo produtivo e da gestão técnica, económica, financeira e administrativa. Neste contexto importa prever a possibilidade de apoiar a criação de serviços cuja ação se insira no âmbito dos objetivos atrás definidos.

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa a) Serviços de gestão - serviços que se destinam a apoiar as explorações agrícolas no âmbito da gestão técnica, económica, financeira e administrativa; b) Serviços produtivos comuns - serviços prestados num conjunto de explorações visando economias de escala, designadamente círculos de mecanização e outros serviços que visem o aproveitamento dos excedentes de capacidade de trabalho, de máquinas ou de mão-de-obra existente nas explorações agrícolas; c) Equipamentos agrícolas específicos - equipamentos agrícolas direta e imediatamente relacionados com as atividades a desenvolver no âmbito dos serviços produtivos comuns propostos no plano de acção. d) Substituição de equipamentos obsoletas. 7 - Programação, organização e orientação das tarefas de manutenção e de conservação do trator e das máquinas Embora seja uma abordagem da unidade UFCD 2853, é de salientar e relembrar alguns aspetos gerais. Assim, entende-se por manutenção o conjunto de procedimentos realizados com o propósito de prolongar a vida útil do trator, mantê-lo disponível para o trabalho, em perfeitas condições de funcionamento e, consequentemente, reduzir o custo operacional. O conhecimento dos componentes e sistemas do trator e sua manutenção permitirão ao operador executar as diversas tarefas e operações agrícolas, tornando-o apto a exercer sua função de forma correta e segura. O trator agrícola é uma máquina bastante complexa, constituída por um motor de combustão interna, vários tipos de sistemas de transmissões e rodados, utilizados para realizar tarefas em diferentes locais e condições de trabalho.

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa Por isso, é importante adotar procedimentos adequados de manutenção antes e depois das operações, de modo a evitar falhas no funcionamento, o que poderia causar quebras e prejuízos. A existência de um mapa de manutenção, com a indicação da periodicidade vs tipo de operação de manutenção, é fundamental para assegurar uma correta manutenção dos equipamentos. 8 – Custo de um produto 8.1 - Sistema de custo e cálculo dos encargos fixos, variáveis e totais 8.2 - Encargos indiretos – perdas de tempo, desperdício de fatores, perdas de colheita 8.3 - Cálculo de custos unitários 8.4 - Imputação de custos às atividades Neste parâmetro, Custo de um produto; Sistema de custo e cálculo dos encargos fixos, variáveis e totais, Encargos indiretos – perdas de tempo, desperdício de fatores, perdas de colheita; Encargos indiretos – perdas de tempo, desperdício de fatores, perdas de colheita; Cálculo de custos unitários, Imputação de custos às atividades, foram já abordados nas Unidades UFCD 6363 (Contabilidade agrícola simplificada) e UFCD 2889 (Gestão da Empresa Agrícola), pelo que não serão abordados neste presente trabalho. 9 - Utilização comum de tratores e máquinas agrícolas – formas associativas, objetivos, funcionamento, vantagens/desvantagens As Sociedades de Agricultura de Grupo dispõem de uma natureza e características específicas, estatuída por legislação especial, que define os princípios essenciais que

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa regem a sua constituição e funcionamento interno, que por essa razão também lhes permite beneficiar de apoios específicos concedidos pelo Estado. O acesso a esses apoios específicos depende da verificação pelo Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural da sua conformidade com os princípios essenciais definidos no estatuto jurídico das Sociedades de Agricultura de Grupo, aprovado pelo Decreto-Lei nº 336/89 de 4 de outubro, e da consequente emissão do Alvará de Reconhecimento como Sociedade de Agricultura de Grupo. Assim, as Sociedade Agrícolas que pretendam ser reconhecidas como Sociedade de Agricultura de Grupo (SAG), deverão, aquando da sua constituição, requerer ao Ministério da Agricultura e do Mar o seu reconhecimento, apresentando para o efeito a documentação necessária à verificação da sua conformidade. Ter disponibilidade de máquinas agrícolas e equipamentos necessários a algumas atividades desenvolvidas por empresas, é de facto uma das soluções possíveis quando falamos em Sociedades de Agricultura de Grupo (Associativas de Máquinas). Estas Sociedades, visam sobretudo disponibilizar todas as máquinas e equipamentos necessários aos seus associados. O funcionamento é determinado pela gestão dos produtores e das culturas praticadas. Relativamente às vantagens e desvantagens, salientamos: Vantagens: - Nenhum investimento inicial em máquinas e equipamentos; - Ter disponibilidade de usufruir das máquinas e equipamentos da Cooperativa/Sociedade Agrícola de Grupo a baixos custos (aluguer); Desvantagens: - Sobreposição de tarefas entre os associados; - Escassez dos equipamentos;

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa 10 - Segurança, higiene e saúde no trabalho Relativamente à segurança, higiene e saúde no trabalho, além das aprendizagens adquiridas na UFCD 7595 (Referencial de Formação) importa salientar os aspetos da importância da Ergonomia. A Ergonomia é uma ciência que visa o máximo de rendimento, reduzindo os riscos do erro humano ao mínimo, ao mesmo tempo que trata de diminuir, dentro do possível, os perigos para o operador de máquinas (trabalhador). A Associação Portuguesa de Ergonomia define que “Ergonomia (ou estudo dos fatores humanos) é a disciplina científica relacionada com a compreensão das interações entre os seres humanos e os outros elementos de um sistema, e a profissão que aplica os princípios teóricos, dados e métodos pertinentes para conceber com vista a otimizar o bem-estar humano e o desempenho global do sistema”. Aplicando estas noções aos operadores de máquinas agrícolas, significa que entre o homem e a máquina deve existir o máximo de conforto e bem-estar no desenvolvimento das várias tarefas (bancos, volante, comandos, espelhos e visibilidade, acessos à cabine, facilidade nas operações, etc.), nunca esquecendo os princípios elementares da segurança no trabalho. 10.1 - Principais riscos associados Os principais riscos de acidentes associados à atividade dos operadores de máquinas e equipamentos agrícolas, estão associados à fadiga, excesso de horas de trabalho, duração dos tempos de trabalho ou tarefas, aos movimentos bruscos, posição de trabalho, acesso aos comando e por último os riscos associados ao consumo de álcool. Os principais riscos são:

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa - Capotamento; 10. 2 - Normas de segurança e de higiene As empresas são responsáveis por proporcionar um ambiente de trabalho seguro para os colaboradores. A higiene e saúde no trabalho procura reduzir os riscos profissionais, identificando e minimizando fatores que podem, eventualmente, afetar o ambiente dos colaboradores. A segurança no trabalho sensibiliza os colaboradores e procura eliminar as condições inseguras, prevenindo os acidentes de trabalho. De acordo com a legislação em vigor (lei n.º 102/2009 de 10 de setembro), a responsabilidade de ter higiene e segurança no trabalho aplica-se: - A todos os ramos de atividade, setores privado, cooperativo e social; - Aos trabalhadores por conta de outrem e respetivos empregadores; - Aos trabalhadores independentes; - Aos serviços domésticos; - Ao trabalho prestado sem subordinação jurídica (o prestador de trabalho encontra-se na dependência económica do beneficiário da atividade). Regras Gerais de Higiene e Segurança do Trabalho A Lei n.º 102/2009 de 10 de setembro enumera as regras gerais que devem ser cumpridas pelos empregadores: - Assegurar o exercício da atividade em condições de segurança e de saúde (de acordo com os princípios gerais de prevenção);

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa - Disponibilizar informação e formação adequadas para que os colaboradores possam desenvolver a atividade em condições de segurança e de saúde; - Adotar medidas e instruir os trabalhadores para que possam cessar atividade em caso de perigo grave e/ou iminente; - Adotar medidas de primeiros socorros e de combate a incêndio e evacuação, identificando os colaboradores responsáveis pela sua aplicação; - Vigiar a saúde dos colaboradores em função dos riscos a que estes se encontram potencialmente expostos; - Observar as prescrições legais, gerais e específicas, de segurança e saúde a serem aplicadas na empresa; - Suportar os encargos com a organização e funcionamento do serviço de segurança e saúde do trabalho e respetivas medidas de prevenção. Por sua vez, os colaboradores têm as seguintes obrigações: - Cumprir as instruções definidas pelo empregador; - Zelar pela sua saúde e segurança, assim como dos outros que possam ser afetados pelas suas ações ou omissões no trabalho; - Utilizar corretamente máquinas, equipamentos, materiais e substâncias perigosas de trabalho, assim como meios e equipamentos de proteção coletiva e individual; - Comunicar imediatamente quaisquer avarias e deficiências que possam originar perigo ou defeitos encontrados nos sistemas de proteção;

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa - Adotar medidas previamente estabelecidas para situações de perigo grave e/ou iminente; - Comparecer aos exames determinados pelo médico do trabalho. 10.3 - Equipamento de proteção individual Equipamentos de Proteção Individual Segundo a Diretiva 89/656/CEE o Equipamento de Proteção Individual é “qualquer equipamento destinado a ser usado ou detido pelo trabalhador para sua proteção contra um ou mais riscos suscetíveis de ameaçar a sua segurança ou saúde no trabalho, bem como qualquer complemento ou acessório destinado a esse objetivo”. Os EPI representam a terceira linha de defesa do trabalhador perante o risco de acidente, sendo que os EPI devem ser utilizados quando os riscos existentes não puderem ser evitados ou suficientemente limitados, em primeiro lugar, por medidas, métodos ou processos de prevenção inerentes à organização do trabalho e em segundo lugar, por meios técnicos de proteção coletiva. Para além de um estudo prévio, que deve envolver os trabalhadores na escolha do EPI mais adequado à tarefa a executar, devem sensibilizar-se os trabalhadores que têm a necessidade de utilização dos EPI para: - Utilizarem o equipamento de proteção de forma adequada; - Estarem cientes de quando o EPI é necessário; - Saberem que tipo de equipamento de proteção é necessário; - Entenderem as limitações do EPI na proteção de trabalhadores contra lesões; - Colocar, ajustar, vestir e retirar EPI devidamente; - Manter o equipamento de proteção de forma adequada;

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa Os EPI são uma ferramenta útil, mas que deve ser bem estudada para que a sua ação seja efetivamente preventiva e não prejudicial ao trabalhador quando a utiliza, quer por pôr perigo a sua condição, ou por não permitir que execute com eficiência e conforto a sua tarefa. Em termos legais, o regime jurídico da promoção da segurança e saúde no trabalho, presente na Lei Nº 102/2009, no seu artigo Nº 15- Obrigações gerais do empregador – refere como um dos princípios gerais de prevenção, que devem ser priorizadas as medidas de proteção coletiva em relação às medidas de proteção individual. Como as ações de prevenção e proteção coletiva podem não ser suficientes para reduzir os riscos, uma política de sensibilização e utilização de EPI faz toda a diferença. E essa diferença situa-se entre incidente, ou quase acidente, e um acidente com consequente lesão e/ou dano. Assim os EPI não devem fazer desaparecer as medidas de prevenção e proteção coletiva, mas sim complementá-las, visto que os EPI são um instrumento fundamental para diminuir a sinistralidade ao “transformarem” potenciais acidentes em incidentes ou quase acidentes, reduzindo assim o potencial de lesão do trabalhador. É função do empregador disponibilizar os EPI necessários para a execução do trabalho, tendo os serviços de segurança do trabalho um papel vital, e legal, de supervisão na seleção e dimensão dos EPI. Os diferentes tipos de EPI a selecionar devem ter em linha de conta as funções ou tarefas realizadas pelos trabalhadores, os níveis de risco presentes na organização, devem ser dimensionados em função da sua categoria, classe de risco e dados antropométricos dos trabalhadores. Toda e qualquer organização que adquira EPI, só o deve fazer se a marcação CE estiver presente e consequente informação técnica adequada fornecida pelo fabricante. Por fim cada organização deve possuir procedimentos internos de planeamento, gestão e controlo de distribuição dos EPI aos seus trabalhadores.

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa Em termos históricos, é de referir que até 1989 não existia qualquer legislação relativamente a EPI na União Europeia, visto que até essa data cada país fazia uso da sua própria normativa. Foi então que em 1989 foi decidido colocar-se em prática um sistema para harmonizar os requisitos básicos em relação a EPI, com a finalidade de assegurar a proteção dos trabalhadores. Partes do corpo a proteger Existindo diferentes tipologias de trabalhos a efetuar, diferentes formas de o executar e diferentes meios utilizados para tal efeito, é necessário proceder-se a uma identificação não só dos diferentes tipos de EPI existentes e dos diferentes materiais ou matérias que protegem, mas também, e em primeiro lugar, conhecer que zonas do corpo há a proteger e para as quais existem EPI. É na Portaria Nº 988/93 que encontramos as diferentes partes do corpo a proteger, e a forma como são agrupadas: Cabeça – crânio, ouvidos, olhos, vias respiratórias, rosto, cabeça inteira; Membros Superiores – mão, braço; Membros Inferiores – pé, perna; Diversas – pele, tronco/abdómen, via parentérica, corpo inteiro; Riscos para o trabalhador São diversos os riscos existentes para os trabalhadores no seu local de trabalho e o conhecimento destes é essencial para se efetuar a proteção a utilização dos EPI correta e eficaz.

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa De acordo com a Portaria Nº 988/93 os riscos para o trabalhador podem ser agrupados da seguinte forma: - Físicos – Mecânicos; - Quedas em altura; - Choques, Golpes; Impactes, Compressões; - Perfurações, Cortes, Abrasões; - Vibrações; - Quedas ao mesmo nível – Térmicos; - Calor e Chamas; - Frio – Radiações; - Não Ionizantes; - Ionizantes – Ruído; - Químicos – Aerossóis; - Poeiras, Fibras; - Fumos; - Névoas – Líquidos; - Imersões; - Salpicos e Projeções – Gases e Vapores; - Biológicos – Bactérias Patogénicas, Vírus Patogénicos, Fungos produtores de micoses, Antigénicos biológicos não microbianos;

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa Conformidade CE Todo e qualquer EPI fabricado e posteriormente colocado no mercado tem de obedecer a diversos requisitos. Esses requisitos servem para proteger tanto o fabricante, como o comprador, pois são uma segurança para o fabricante que se encontre certificado para produzir determinado EPI, como para o comprador de equipamento, que assim tem possibilidade de efetuar uma compra segura e dentro dos parâmetros legais existentes. As informações obrigatórias devem responder aos requisitos de marcação CE, sendo uma obrigatoriedade para qualquer fabricante de EPI incluir nos seus produtos informação, redigida na língua portuguesa, acerca de: - Nome e endereço do fabricante; - Marca, modelo e referências do EPI; - Instruções de armazenamento, utilização, limpeza, manutenção, revisão e desinfeção; - Resultados obtidos em ensaios de conformidade efetuados para determinar os níveis ou classes de proteção do EPI, somente em casos em que tal é aplicável; - Acessórios utilizáveis com EPI e, mais uma vez somente em casos em que é aplicável, características de peças sobresselentes; - Classes de proteção adequadas a diferentes níveis de risco e aos limites de utilização correspondente; - Data ou prazo de validade, ou se for aplicável, dos seus componentes; - Género de embalagem apropriado para transporte do EPI; - Significado de marcações, símbolos ou pictogramas apostos no EPI;

Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa Categorias A existência e permanência de um qualquer EPI no mercado tem obrigatoriamente de conter a marcação CE, mas para além desse aspeto, é necessário atentar que os EPI não pertencem todos à mesma categoria e nem todos necessitam de passar pelos mesmos processos para obterem a marcação CE. Assim, e de acordo com as diferentes categorias e processos para emissão da declaração de conformidade CE, os EPI agrupam-se da seguinte forma: Categoria I – EPI de Conceção Simples – O fabricante declara a conformidade pela emissão de uma declaração de conformidade CE. Nesta tipologia de EPI, o utilizador do equipamento assume um papel central, tal deve-se ao facto de que é o utilizador quem avalia o risco de proteção oferecida pelo EPI contra riscos mínimos cujos efeitos, à medida que forem aumentando, serão capazes de ser observados pelo utilizador do EPI, ocorrendo essa observação em tempo útil. Os EPI inseridos na Categoria I estão capacitados a proteger quem os utilize em diversos casos, como são exemplo, os riscos de ação mecânica, cujos efeitos são superficiais, riscos associados aos produtos de limpeza de fraca ação e com efeitos facilmente reversíveis, contra riscos decorrentes da manipulação de objetos quentes e que não exponham quem utiliza o EPI a uma temperatura superior a 50º C ou a choques perigosos. Existem ainda outros riscos aos quais os EPI de Categoria I são capazes de responder, como são o caso dos riscos decorrentes de agentes atmosféricos que não sejam de natureza excecional nem extrema, os riscos de pequenos choques e vibrações que não atinjam zonas vitais do corpo e que não possam causar lesões irreversíveis, como também a riscos de exposição à luz solar.


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