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Telaris 7 ano ciências

Published by Artur Mineboy, 2023-01-03 01:51:09

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As gimnospermas e as angiospermas são dois grupos de plantas que, além de No 8o ano você vai ver Orientações didáticas vasos condutores de seiva, apresentam sementes. As gimnospermas não produzem com mais detalhes como frutos e apresentam estruturas conhecidas como cones, que são especializadas na ocorre a reprodução Na sequência, procure ex- reprodução. Vem daí o nome do principal grupo de gimnospermas: as coníferas. Veja nos diferentes grupos plicar o que são as semen- a figura 3.12. de plantas. tes, estruturas presentes em angiospermas e gimnosper- Ricardo Teles/Pulsar Imagens Angiospermas: plantas mas. Não é necessário que os que produzem sementes estudantes saibam o nome dos dentro de frutos; aggeion grupos das plantas que apre- significa “recipiente”, e sentam sementes, mas que sperma, “semente”. esta não é uma característi- ca comum a todos os grupos. Gimnospermas: plantas Cite como ocorre a dispersão com sementes, mas sem das sementes que darão ori- frutos; gymnos significa gem aos novos indivíduos da “nu”, e sperma, “semente”’. espécie. Se for possível, po- de-se levar alguns exempla- Fot res de sementes para que os estudantes possam sentir a os: Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo textura e observar o formato e a coloração. 3.12 Pinheiros-do-paraná (Araucaria angustifolia; 10 m a 35 m de altura em média), exemplos de plantas gimnospermas. No detalhe, pinha (à esquerda; cerca de 15 cm de comprimento) e pinhão (à direita; cerca Solicite aos estudantes que de 5 cm de comprimento). Os pinhões são as sementes das gimnospermas. (Os elementos representados elaborem hipóteses para expli- nas fotografias não estão na mesma proporção.) car por que algumas plantas não possuem sementes ou flores e Nas angiospermas as sementes se encontram dentro de frutos. O arroz, fruto Tim UR/Shut qual seria a vantagem de uma o trigo, o feijão, as verduras e as plantas que produzem o que conhecemos terstock planta apresentar frutos. Embo- como frutas (laranja, uva, melancia, abacate, etc.) são exemplos de an- ra a reprodução seja estudada giospermas. Veja na figura 3.13 o tomateiro, uma angiosperma. com mais detalhes no 8o ano, é interessante estimular a curio- think4photop/Shutterstock sidade deles para que percebam que essas são características que aumentaram a sobrevivência das plantas, porque ocorrem a prote- ção das sementes e o aumento da viabilidade dos descendentes. A formulação de hipóteses tem o intuito de desenvolver a CECN 2, que trata dos conceitos fundamen- tais e das estruturas explicativas das Ciências da Natureza. sementes 3.13 Tomateiros (gênero Solanum; 1 m a 3 m de altura) e, no destaque, seu fruto, o tomate com as sementes evidentes. (Os elementos representados nas fotografias não estão na mesma proporção.) Ecossistemas terrestres • CAPÍTULO 3 67 CAPÍTULO 3 – MANUAL DO PROFESSOR 67

Orientações didáticas Tom Goaz/Shutterstock Reino Animalia Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo Porífero: vem do latim poros, “poro”, e phoros, Ao iniciar o estudo do reino Os animais são seres multicelulares e heterotróficos. Vamos conhecer um pouco “portador de”. animal, procure fazer a compa- dos principais filos desse reino. ração entre as imagens 3.14, Cnidário: vem do grego 3.15, 3.16 e 3.17. Essas imagens Poríferos e cnidários knidós, “urticante”, que podem ser diferentes do ima- queima. ginário dos estudantes. Enfati- Os poríferos, também conhecidos como esponjas, são animais aquáticos e sésseis, ze à turma que os poríferos e isto é, não têm capacidade de locomoção, e vivem fixos a rochas ou outras superfícies. Veja as anêmonas (cnidários) não a figura 3.14. O corpo desses animais apresenta pequenas aberturas, chamadas poros, conseguem se locomover ati- pelas quais a água entra trazendo seres microscópicos que lhes servem de alimento. Por vamente, pois estão fixos a um esse motivo, as esponjas são consideradas animais filtradores. substrato. Os poríferos não ca- çam ativamente como muitos Entre os cnidários encontramos as águas-vivas, os corais e as anêmonas. Veja a animais, mas filtram a água figura 3.15. Esses animais têm células que causam irritação nos tecidos de quem os para obter alimento; já as anê- toca e que servem de defesa e para imobilizar e capturar suas presas. monas podem capturar peque- nos animais e levá-los à boca. boca Em seguida, questione os 3.14 Esponja-barril gigante (Xestospongia 3.15 Anêmona-do-mar (Actinia bermudense), estudantes, por exemplo: “O que testudinaria; 10 cm a 20 cm de diâmetro). com cerca de 3 cm de diâmetro. é uma água-viva?”; “Por que não se deve tocar nos cnidá- Platelmintos e nematoides Platelminto: vem do grego rios?”. Explique a eles que os platys, “chato”, e helmins, cnidários têm células que po- Os platelmintos apresentam corpo achatado. Veja a figura 3.16. Alguns, como as “verme”. dem liberar substâncias tóxicas planárias, são de vida livre e habitam ambientes aquáticos ou solos úmidos; outros e irritantes. Pergunte se alguém são parasitas, como tênias e esquistossomos. Vamos estudar as doenças causadas Nematoide: vem do grego já foi “queimado” por uma água- por esses e outros organismos parasitas no capítulo 6. nema, “filamento”. -viva e informe-os de que a sen- sação de queimadura ocorre Os nematoides têm o corpo alongado e cilíndrico. São encontrados em grande quando a pele entra em conta- quantidade no solo (veja a figura 3.17), na água e como parasitas de plantas e animais. to com estas substâncias irri- tantes que os cnidários usam Laura Dinraths/Shutterstock Nigel Cattlin/Photoresearchers/Latinstock para capturar alimento. 3.16 Planária marinha (aproximadamente 5 cm 3.17 Nematoide (com cerca de 8 mm de Muitos estudantes tendem de comprimento). comprimento) em meio a madeira apodrecida. a considerar as esponjas ani- mais inferiores, se comparados 68 UNIDADE 2 • Ecossistemas, impactos ambientais e condições de saúde aos mamíferos, por exemplo. Reforce que essa concepção é errônea, porque evolução, no entendimento da Biologia, não significa progresso para uma condição superior, mas, sim, a manutenção de características que permitem a sobrevivência e a reprodução em determina- do ambiente. Lembre os estu- dantes de que, embora a estrutura das esponjas possa ser considerada mais simples do que a de outros animais, elas estão bem adaptadas ao seu modo de vida e sobrevivem no planeta há milhões de anos. A teoria da Evolução será apro- fundada no 9o ano, mas é inte- ressante comentar sobre ela em momentos oportunos para introduzir conceitos e evitar concepções equivocadas. 68 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 2

Moluscos e anelídeos Molusco: vem do latim Orientações didáticas mollis, “mole”. Todos os moluscos têm corpo mole, mas muitos possuem o corpo protegido por Ao abordar os moluscos, pro- imago/blickwinkel/Fotoarena uma concha de calcário. Estão presentes nos ambientes aquáticos e terrestres. Vladimir Wrangel/Shutterstock.com cure citar exemplos, como cara- mujos, lesmas, lula e polvo. Use Entre os moluscos, encontramos os caramujos (marinhos e de água doce), os a análise da figura 3.18 para ca- caracóis (em geral terrestres), as lesmas (terrestres e marinhas), as ostras e os mexi- racterizar os moluscos, mencio- lhões (marinhos ou de água doce), os polvos e as lulas (marinhos). As lesmas, os polvos nando o corpo mole, a presença e as lulas não têm uma concha protetora (ou têm uma concha muito reduzida), porém de conchas calcárias em alguns apresentam outras características que permitem sobreviver em seu ambiente. Veja a grupos e a sensibilidade à falta figura 3.18. de água do ambiente. AB No Brasil, alguns moluscos são cultivados, já que fazem 3.18 Alguns exemplos de moluscos: em A, caracol comestível (Helix pomatia), conhecido como escargot. A concha tem cerca de 5 cm parte do cardápio em algumas de diâmetro. Em B, polvo (Octopus vulgaris; 30 cm a 90 cm de comprimento). Os polvos não têm concha; eles podem lançar jatos de tinta culturas. Na França, é muito na água para confundir predadores durante sua fuga. comum o consumo do escar- got, um prato com caracóis Os anel’deos têm corpo mole e alongado com repetições de segmentos em forma Anelídeo: vem do latim terrestres cozidos. Moluscos de anel. Minhocas e minhocuçus são exemplos de anelídeos terrestres. Como estuda- annelus, “anel”. como lula, polvo, ostras e ma- mos no 6o ano, as minhocas são importantes para a fertilidade do solo, pois facilitam riscos podem estar em outros R-P/Kino.com.br a circulação de ar ao se locomoverem e produzem húmus ao se alimentarem de restos André Seale/Pulsar Imagens pratos das culinárias brasilei- animais e vegetais do solo. ra, japonesa ou espanhola. Ca- so considere pertinente, peça Já os poliquetos são encontrados no mar; e as sanguessugas, que parasitam aos estudantes que realizem animais aquáticos, vivem principalmente na água doce. Veja a figura 3.19. uma pesquisa sobre o cultivo de moluscos marinhos no Brasil AB (malacocultura). Ao tratar dos anelídeos, analise com os estudantes a figura 3.19, destacando que as minhocas são um exemplo desse grupo de animais. Em seguida, pode-se perguntar à turma: “Por que as minhocas são boas para o solo?”. Re- lembre os conteúdos vistos no capítulo do 6o ano sobre as propriedades dos solos. Mundo virtual Para obter informações sobre aquicultura, consulte o material “Aquicultura”, do Ministério da Educação, dis- ponível em: <http://portal. mec.gov.br/setec/arquivos/ pdf/cartilha_aquicultura.pdf>. Acesso em: 12 fev. 2019. 3.19 Alguns exemplos de anelídeos: em A, minhocuçu (Chibui bari; até 50 cm de comprimento). Esses animais são muito sensíveis a alterações ambientais e por isso são usados para monitorar a qualidade do solo. Em B, poliqueto (Phyllodoce citrina; cerca de 15 cm). Ecossistemas terrestres • CAPÍTULO 3 69 CAPÍTULO 3 – MANUAL DO PROFESSOR 69

Orientações didáticas Artrópodes e equinodermos Artrópode: vem do grego, árthron, “articulação”, e Esta página e a seguinte têm Os artr—podes têm apêndices articulados, como antenas e pernas, e um es- podos, “pés”. por objetivo familiarizar os es- queleto externo (exoesqueleto) de quitina. Além de sustentar o corpo do animal e tudantes com os animais dos de protegê-lo, o esqueleto diminui a perda de água por evaporação, sendo uma Você conhecerá mais grupos dos artrópodes e equi- adaptação ao meio terrestre. Trata-se do filo animal com maior diversidade de sobre adaptações dos nodermos, identificando as es- espécies conhecidas. seres vivos no 9o ano. pécies mais comuns de cada um. Não é necessário descrever Vamos conhecer alguns grupos de artrópodes. todas as características dos filos, Nos insetos, como gafanhotos, libélulas, pulgas, mariposas, piolhos, baratas, apenas o suficiente para que os abelhas, cupins e formigas, o corpo é dividido em três regiões: cabeça, tórax e abdome. estudantes reconheçam a biodi- Os insetos apresentam um par de antenas na cabeça, três pares de pernas no tórax e versidade. Isso será importante a maioria tem asas. Veja a figura 3.20. para que eles consigam com- preender aspectos relacionados Leonardo Mercon/Shutterstock AB PaoloBis/Getty Images à habilidade EF07CI07. Para que o estudo não seja cansativo, po- apêndices antenas de-se discutir como a presença articulados de exoesqueleto e pernas arti- culadas facilitou a expansão do pernas grupo dos artrópodes. Pode-se mencionar que essas estruturas 3.20 Alguns exemplos de insetos: em A, formiga (gênero Dinoptera; 3 cm de comprimento); e, em B, abelha (gênero Apis; cerca de 1 cm de auxiliam na locomoção e na cap- comprimento) sobre flor. tura de presas. A maioria dos crustáceos, como camarões e lagostas, vive na água; outros, como o Crustáceo: vem do latim Espécimes fixados de alguns tatuzinho-de-quintal (ou de jardim) e certos caranguejos, vivem na terra, em regiões crusta, “crosta”. desses animais podem ser apre- próximas à água ou em ambientes úmidos. O corpo é geralmente dividido em duas par- sentados aos estudantes, como tes: cefalotórax (formado pela união da cabeça com o tórax) e abdome. Na cabeça da insetos, aranhas ou camarões. maioria dos crustáceos há dois pares de antenas. Veja a figura 3.21. Você pode ainda conseguir em algum mercado ou nas feiras li- Millard H. Sharp/Science Source/Fotoarena AB Fabio Colombini/ Acervo do fotógrafo vres camarões e outros crustá- ceos para que os estudantes CDYxowert/Shutterstock Roland Birke/Medical Images/Diomedia 3.21 Alguns exemplos possam identificar as estruturas 70 UNIDADE 2 ¥ Ecossistemas, impactos ambientais e condições de saúde de crustáceos: em A, siri ou fazer uma atividade de repre- (carapaça com cerca de 6 cm sentação(por meio de desenho). de largura); em B, tatuzinho- -de-quintal (cerca de 1 cm de Neste momento, é importante comprimento); em C, cracas explorar ao máximo as relações (cerca de 1 cm de diâmetro; ecológicas entre os artrópodes marinhos; prendem-se a e outros seres vivos. Retome rochas, cascos de navios, etc.); os conhecimentos prévios dos em D, copépode (encontrado estudantes perguntando, por em ambientes aquáticos; 1 exemplo: “O que aconteceria mm a 5 mm de comprimento). com as plantas se todos os in- setos desaparecessem?”. Como atividade complementar, pode- -se pedir aos estudantes que esquematizem cadeias alimen- tares envolvendo artrópodes. Atenção Alguns artrópodes, como aranhas e escorpiões, são perigosos para o ser humano. Reforce aos estudantes que alguns procedimentos bási- cos devem ser adotados para manipular esses animais, co- mo o uso de equipamentos de segurança individual. 70 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 2

Entre os aracnídeos encontramos aranhas, escorpiões e carrapatos. A maioria é Aracnídeo: vem do grego Orientações didáticas terrestre, com o corpo dividido em cefalotórax e abdome. Eles apresentam quatro pares arakhné, “aranha”. de pernas, não possuem antenas e têm um par de quelíceras que agarram presas e as Ao explicar o grupo dos arac- Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo manipulam durante a alimentação. Veja a figura 3.22. Ingo Arndt/Minden Pictures/Fotoarena nídeos, procure enfatizar aos estudantes que estes apresen- AB tam uma divisão corporal dife- rente da dos insetos. Neste 3.22 Alguns exemplos de aracnídeos: em A, aranha-caranguejeira (Acanthuscurria geniculata; pode medir até 20 cm); em B, escorpião grupo, o corpo é dividido em (família Buthidae; mede cerca de 7 cm de comprimento) com filhotes. cefalotórax e abdome. Do grupo dos artrópodes conhecido como miriápodes fazem parte as lacraias ou Miriápodes: vem do grego De maneira complementar, centopeias e os embuás, ou piolhos-de-cobra. São animais terrestres de corpo alon- myria, “dez mil”, e podos, informe aos estudantes que os gado, dividido em cabeça e tronco, com muitos segmentos e vários pares de pernas. “pés”. artrópodes representam o maior Veja a figura 3.23. número de animais em indiví- duos e espécies, ocupando uma Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo segmento ampla diversidade de habitat e nichos ecológicos. Desse modo, antena o extermínio generalizado de artrópodes causaria um impac- pernas to ambiental direto nas plantas que são polinizadas por insetos; cabeça 3.23 Lacraia encontrada nos animais que se alimentam no Brasil (Scolopendra de artrópodes; e, por fim, em viridicornis; 14 cm de todos os ecossistemas. comprimento). Ao final do estudo dos ar- Os equinodermos (estrela-do-mar, ouriço-do-mar, pepino-do-mar, entre outros) Equinodermo: vem do trópodes, destaque a presen- apresentam um esqueleto rígido de calcário, que fica sob a fina “pele” que os reveste. grego échinos, “espinho”, ça das lacraias e do piolho de São todos marinhos. Veja a figura 3.24. e derma, “pele”. cobra, pertencentes ao grupo dos miriápodes. 3.24 Ouriço-do-mar Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo (Echinometra lucunter; 7 cm de Pode-se fazer uma represen- tação esquemática do corpo diâmetro), espécie comum no desses animais, do número de litoral do Brasil. pernas e antenas, do tipo de aparelho bucal, entre outros. Pode-se, também, estimular o registro por meio de desenhos e esquemas ilustrativos no ca- derno. Desenvolva a CG 2 da BNCC, que diz respeito à curio- sidade intelectual e à análise crítica, para poder classificar esses animais de acordo com suas características físicas. Ao trabalhar os equinoder- mos, mencione exemplos co- mo as estrelas-do-mar e o ouriço-do-mar. Se você vive em um município litorâneo, ou próximo ao litoral, é possível que os estudantes conheçam esses exemplos e possam ci- tar outros, enriquecendo o es- tudo do grupo. Ecossistemas terrestres • CAPÍTULO 3 71 CAPÍTULO 3 – MANUAL DO PROFESSOR 71

Orientações didáticas Vertebrados 3.25 Tubarão-tigre (Galeocerdo cuvier; até 6 m Ao tratar dos animais verte- Os peixes, assim como os demais vertebrados, têm esqueleto interno com colu- de comprimento) e a brados, faça uma breve consi- na vertebral. Esses animais apresentam diversas adaptações à vida aquática. Veja a representação de algumas deração sobre os peixes, dando figura 3.25. adaptações dos peixes ao ênfase para as adaptações ao ambiente aquático. ambiente aquático, por exem- Os organismos em geral estão adaptados ao ambiente em que vivem, isto é, têm plo: formato do corpo, presença características que facilitam sua sobrevivência e reprodução nesses ambientes. Por de nadadeiras e de brânquias essa razão, mudanças nos componentes do ambiente podem afetar os seres vivos do que permitem a respiração no local. Você conhecerá mais sobre a reprodução dos animais no 8o ano e sobre adapta- meio aquático. Faça com os es- ções dos seres vivos em geral no 9o ano. tudantes a leitura da figura 3.25, destacando as características Shane Gross/Shutterstock Respiração por brânquias, órgão formado por O corpo alongado e do tubarão, um peixe cartilagi- lâminas finas e cheias de pequenos vasos achatado lateralmente noso. Se julgar pertinente, men- sanguíneos. da maioria dos peixes cione que esse animal pode diminui a resistência da nadar em alta velocidade, faci- água e facilita o litado pela textura da pele, pelo deslocamento. formato do corpo e pela dinâ- mica do movimento. Embora os A água entra peixes ósseos e os cartilagino- pela boca. sos não sejam um grupo mono- filético, já que não apresentam As nadadeiras impulsionam o peixe, A água banha as brânquias um ancestral comum e exclu- dão equilíbrio e servem de freio para e sai pelas fendas. sivo, são representados tradi- o movimento. cionalmente como um grupo, por questões didáticas. Os peixes que apresentam esqueleto de cartilagem formam o grupo dos condrictes. Condricte: vem do Os tubarões e as raias fazem parte desse grupo. grego chondros, No grupo dos anfíbios, procu- “cartilagem”, e ichthyes, re explorar a figura 3.26, pergun- A maioria dos peixes, no entanto, tem esqueleto formado por ossos e pertence “peixe”. tando aos estudantes: “Quais ao grupo dos osteíctes. são as adaptações dos anfíbios Osteícte: vem do grego à vida terrestre?”. Explique a Ao longo da evolução, os antepassados dos anfíbios foram os primeiros ver- osteon, “osso”, e eles que os anfíbios apresentam tebrados a ocupar o ambiente terrestre. Mesmo assim, esses animais ainda de- ichthyes, “peixe”. uma respiração mista, ou seja, pendem da água em sua reprodução. Veja na figura 3.26 algumas das adaptações na fase adulta ela é pulmonar e dos anfíbios. cutânea em algumas espécies, enquanto na fase larval a respi- A maioria dosFabio Colombini/Acervo do fotógrafo Respiração por pulmões e ração é branquial e cutânea. As- anfíbios vive em pela pele, que é lisa, úmida e sim, os anfíbios dependem lugares úmidos, o rica em vasos sanguíneos. muito do ambiente aquático pa- que reduz o risco ra viver. de desidratação. 3.26 Sapo pingo-de-ouro (Brachycephalus ephippium; Neste momento, é importan- Seus dois pares de pernas até 2 cm de comprimento) te enfatizar as relações ecoló- facilitam o deslocamento sobre musgo, com destaque gicas entre os anfíbios e outros em ambientes terrestres. para suas adaptações ao organismos, por exemplo: peixes ambiente terrestre úmido. e anfíbios se alimentam de mui- 72 UNIDADE 2 ¥ Ecossistemas, impactos ambientais e condições de saúde tos insetos (adultos e larvas) que podem ser vetores de doen- Mundo virtual ças, como o Aedes aegypti. Re- lembre a questão de abertura Mais informações sobre controle biológico podem ser encon- desta unidade sobre os aciden- tradas no site: <https://www.embrapa.br/tema-controle-biologico>. tes com barragens de minera- ção em Minas Gerais e destaque Para mais detalhes sobre anfíbios e controle biológico, consul- aos estudantes que, em Maria- te o site: <http://www.ufmt.br/ufmtciencia/es-es/todas-no na, a lama presente no rio Doce ticias/66-ciencias-biologicas/153-a-importancia-dos-anfibios>. causou a morte de muitos giri- nos e sapos, provocando um Acesso em: 12 fev. 2019. aumento na população de mos- quitos Aedes aegypti e outros mosquitos que podem transmi- tir doenças como a febre ama- rela, a dengue, a malária, entre outras. Caso considere relevan- te, você poderá desenvolver um roteiro de pesquisa com o tema do controle biológico de pragas e doenças. 72 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 2

Entre os anfíbios, encontramos sapos, rãs e pererecas (em geral, terrestres), sala- Orientações didáticas mandras (terrestres ou de água doce) e cecílias ou cobras-cegas (encontradas em solos Para iniciar o estudo dos rép- teis, sugerimos que faça uma úmidos). Os anfíbios têm características que os tornam sensíveis a alterações na água, comparação entre os répteis e os anfíbios, principalmente so- no solo e no ar e, por isso, muitas espécies estão sendo extintas, isto é, desaparecendo. bre a resistência à perda de água. Analise a figura 3.27 em A poluição, as alterações no clima e a destruição dos ecossistemas onde esses animais conjunto com os estudantes, pedindo-lhes que levantem hi- vivem são apontadas como as principais causas desse desaparecimento. póteses para explicar como os répteis conseguiram a indepen- Tartarugas, serpentes, jacarés e lagartos são alguns representantes de um dência do meio aquático e con- quistaram o meio terrestre. Em grupo conhecido como répteis. Esses animais apresentam uma série de adaptações seguida, explique algumas des- tas características: pele quera- que lhes permitem viver em ambientes terrestres mais secos. Veja a figura 3.27. tinizada, proteção contra desi- dratação, respiração pulmonar A pele dos répteis contém queratina e pode ser, ainda, recoberta de Pavlo Bais mais eficiente, entre outras. escamas, como em serpentes e lagartos; de placas, como em ja- hev/Alamy/Latinstock O grupo das aves pode ser carés e crocodilos; ou de carapaças, como em tartarugas e cágados. estudado a partir da análise da imagem 3.28, pela observação E. R. Degginger/Photo Researchers/Getty Images Pele com queratina da adaptação desses animais protege contra a ao voo. Você pode pedir aos es- perda de água. tudantes que levantem hipóte- ses para explicar como as aves Respiração ocorre Ovos com casca: resistentes 3.27 Iguana com seus ovos. conseguem voar; cite os tipos exclusivamente à perda de água. Esse animal pode atingir de osso, a presença de penas pelos pulmões no até 1,8 m de comprimento, e as adaptações dos membros. interior do corpo. considerando também Da mesma maneira, estude o a cauda. Na fotografia, grupo dos mamíferos a partir destaque para algumas de da análise da figura 3.29, com- suas adaptações. parando esse grupo com o das aves e o dos répteis. As aves são os únicos animais que apresentam penas, formadas principal- mente por queratina. Veja a figura 3.28. As penas ajudam a prevenir a perda de Atividade água e de calor. complementar O nome mamífero indica uma das características exclusivas do grupo: as fêmeas Caso seja possível, organize apresentam glândulas mamárias desenvolvidas, que produzem leite para alimentar uma visita a um zoológico, mu- os filhotes. Na pele, protegida por queratina, encontra-se outra exclusividade dos seu de zoologia ou instituto de mamíferos: eles têm pelos (em alguns casos, como o da baleia e o do golfinho, só na pesquisa mais próximo. O obje- fase embrionária), que formam uma barreira protetora contra a perda de calor. Veja tivo dessa visita pedagógica é o a figura 3.29. aprendizado sobre os diferentes grupos de animais e suas carac- Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo terísticas. Procure conhecer o local antes de realizar a visita e Mario Friedlander/Pulsar Imagens 3.28 Araracanga (Ara macao; elabore um guia de visitação, cerca de 1 m de com perguntas impressas. Os comprimento). Observe as estudantes deverão pesquisar penas do animal. Entre elas no local as respostas para as retêm-se camadas de ar que questões do guia e otimizar o ajudam a manter a tempo da visita. Se julgar neces- temperatura do corpo. sário, insira um conjunto de nor- mas de conduta, evitando que 3.29 Capivara (Hydrochoerus hydrochaeris; 1 m a 1,30 m de comprimento) amamentando filhote. Observe os haja a perturbação dos animais pelos que cobrem os animais. A capivara é comum em várias regiões do Brasil. e prevenindo qualquer tipo de acidente com os estudantes. Ecossistemas terrestres • CAPÍTULO 3 73 Mundo virtual 73 Mais informações sobre relações ecológicas podem ser encontradas no site: <https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-biologicas/fim- da-megafauna-reduziu-a-distancia-de-dispersao-de-sementes-grandes/>. Para conhecer detalhes sobre animais peçonhentos, acesse: <http://www.saude.sp.gov.br/resources/ses/perfil/cidadao/te mas-de-saude/animais_peconhentos.pdf>. Mais detalhes sobre serpentes e a indústria farmacêutica: <http://revistapesquisa.fapesp.br/2000/10/01/serpentes-e-indus tria-farmaceutica/>. Acesso em: 12 fev. 2019. CAPÍTULO 3 – MANUAL DO PROFESSOR

Orientações didáticas Conex›es: Ci•ncia e Hist—ria Sheila Terry/SPL/Fotoarena O objetivo da seção Conexões: A classificação dos seres vivos Ciência e História desta página é desenvolver a competência de A chegada dos europeus ao continente americano os colocou em contato com riquezas naturais até então desco- entender que as ciências são nhecidas por eles. Esse novo mundo os estimulou a coletar plantas e desenvolver um sistema que facilitasse distinguir um empreendimento humano, uma espécie da outra entre centenas de variedades. sendo o conhecimento científico provisório, cultural e histórico. Nessa época, conhecida como Renascimento, os europeus deixavam de entender o mundo apenas com base em explicações religiosas, e começavam a produzir conhecimentos com base em suas próprias observações. Também Ainda que o sistema desen- passaram a buscar a lógica presente em diferentes aspectos da realidade, inclusive nas diferentes formas de vida. volvido por Lineu tenha sido ba- seado em premissas não aceitas Em 1583, o italiano Andrea Caesalpino (1519-1603) propôs um sistema de classificação de plantas usando como nos dias de hoje, por serem oriun- critérios o tipo de tronco e a forma e desenvolvimento dos frutos. Mais tarde, o inglês John Ray (1627-1705) organizou das do essencialismo, o sistema as plantas em função do tipo de embrião (com uma ou duas folhas) e também da presença (ou não) de flores e frutos. de categorias taxonômicas (rei- no, filo, classe, ordem, família, A partir do trabalho de John Ray, o botânico e médico sueco Carl von Lineu (1707-1778; veja a figura 3.30) desen- gênero e espécie) ainda é utili- volveu um sistema hierárquico de classificação para todos os seres vivos. Estes foram agrupados em sete categorias: zado atualmente. reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie. Essa divisão inspirou os atuais sistemas de classificação. Demonstre aos estudantes Lineu criou um sistema científico de classificação usando a espécie como unidade básica, mas não considerou o que a ciência não está posta, parentesco entre as espécies. Isso porque, assim como a maioria dos cientistas da época, Lineu acreditava que o número não está encerrada em seus de espécies era fixo e não se alterava com o tempo. conhecimentos atuais, mas é produzida constantemente a Essa concepção foi modificada somente no sé- partir de procedimentos expe- culo XIX, com o desenvolvimento da teoria formu- rimentais, teóricos e matemá- lada inicialmente pelos cientistas britânicos Char- ticos que reformulam hipóte- les Darwin (1809-1882) e Alfred Russel Wallace ses e confrontam paradigmas. (1823-1913). O estudo da biografia de cien- tistas contribui para o ensino- Para organizar seu sistema de classificação, -aprendizagem à medida que Lineu criou uma nomenclatura para os seres vivos torna familiar ao estudante o usando o latim para nomear as espécies e os ou- processo de fazer ciência. tros grupos. Como movimento histórico, O uso de uma nomenclatura universal para cada é fundamental expor aos estu- espécie facilita a comunicação entre os cientistas dantes que, em substituição ao de diferentes países e regiões e evita confusões. essencialismo, as teorias evo- lutivas reformularam o sistema Lineu também reuniu as espécies semelhantes de classificação lineano. Assim, em um mesmo grupo, o gênero. Por exemplo, o o que estabelece relações entre cão e o lobo pertencem ao mesmo gênero, Canis. os grupos não são apenas suas características físicas, mas tam- A nomenclatura criada por Lineu é chamada de bém as suas relações evolutivas, binomial, porque cada espécie recebe dois nomes, relacionando grupos ancestrais sempre escritos em latim ou adaptados para essa com os grupos derivados. língua. Um dos aspectos mais im- Veja a seguir algumas regras de nomenclatura portantes do trabalho de Lineu para a classificação biológica. foi, portanto, estabelecer uma • Todos os nomes científicos devem ser escritos linguagem comum aos cientis- tas, facilitando a troca de infor- em latim. Se forem derivados de outros idio- mações entre os cientistas de mas devem ser latinizados. Estabeleceu-se 3.30 Carl von Lineu. várias partes do mundo, utili- essa regra porque as línguas modernas, como o português, o inglês e o espanhol, sofrem transformações ao zando o latim para nomear as longo do tempo. Já o latim, por ser uma língua antiga que não possui mais falantes nativos, não se modifica mais. espécies. • Os termos que indicam gênero, família, ordem, classe, filo e reino devem ter inicial maiúscula. • O gênero deve ser escrito em itálico, quando em texto impresso, ou sublinhado, quando escrito à mão. • O nome das espécies é formado por duas palavras (binomial): a primeira palavra indica o gênero, e a segunda, o termo específico (ou epíteto específico) escrito com inicial minúscula. Deve ser escrito em itálico, quando em tex- to impresso, ou sublinhado, quando escrito à mão, como em Homo sapiens (ser humano). Em um texto, a partir da segunda ocorrência, o nome da espécie pode ter o gênero abreviado (H. sapiens). 74 UNIDADE 2 • Ecossistemas, impactos ambientais e condições de saúde 74 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 2

Veja na figura 3.31, a seguir, a classificação da onça-pintada (Panthera onca). Orientações didáticas Reino Animalia onça-pintada tigre gato selvagem lobo-guará mico-leão- rã-touro borboleta Fotos: Luiz Cláudio Marigo/Opção Brasil Imagens (onça-pintada); AppStock/Shutterstock (tigre); Anan Kaewkhammul/Shutterstock (lobo-guará); Arterra Picture Library/ Alamy/ Ao abordar os estudos de Li- europeu -dourado Fotoarena (gato selvagem europeu); Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo (rã-touro, borboleta); Rita Barreto/Acervo da fotógrafa (mico-leão-dourado) neu, procure revisar com os estudantes as principais cate- Filo Chordata onça-pintada tigre gato selvagem lobo-guará mico-leão- rã-touro gorias vistas no início deste ca- europeu -dourado pítulo. Pode-se trabalhar a classificação selecionando al- Classe Mammalia onça-pintada tigre gato selvagem lobo-guará mico-leão- guns animais do cotidiano, co- europeu -dourado mo animais domésticos, ou espécies bem conhecidas, como Ordem Carnivora onça-pintada tigre gato selvagem lobo-guará a banana ou a barata. europeu Converse com os estudantes Família Felidae onça-pintada tigre gato selvagem sobre a importância da manei- europeu ra de descrever as espécies: o nome do gênero deve vir em le- Espécie Panthera onca Gênero Panthera onça-pintada tigre tra maiúscula e em itálico, e o nome da espécie em letra mi- onça-pintada núscula, também em itálico. Esta é uma boa oportunidade 3.31 Classificação da onça-pintada (Panthera onca; 1,90 m a 2,10 m de comprimento). Nas fotos aparecem também: o tigre para trabalhar a CG 4 da BNCC, (Panthera tigris; 1,40 m a 2,80 m de comprimento), o gato selvagem europeu (Felis silvestris; 65 cm de comprimento), o lobo-guará referente à utilização da lingua- (Chrysocyon brachyurus; cerca de 80 cm de altura), o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia; 20 cm de comprimento), a rã-touro gem escrita para se expressar, (Rana catesbeiana; 15 cm de comprimento) e a borboleta (Morpho anaxibia; 15 cm de envergadura). partilhar informações e produ- zir sentidos que levem ao en- Ecossistemas terrestres • CAPÍTULO 3 75 tendimento mútuo. Se julgar relevante, faça per- guntas como: “Por que vocês acham que a onça-pintada e o tigre pertencem ao mesmo gê- nero?”. Espera-se que os estu- dantes possam relacionar o “grau de parentesco” entre es- sas espécies, sendo originários de um mesmo ancestral comum. Atividade complementar Os estudantes podem ser or- ganizados em grupos com até quatro membros e classificar organismos usando a figura 3.31 e os seres vivos apresentados neste capítulo. Caso não seja possível obter uma classificação, um trabalho adicional de pes- quisa pode ser feito como tarefa de casa. CAPÍTULO 3 – MANUAL DO PROFESSOR 75

Orientações didáticas 2 O clima e os biomas Você verá mais sobre as estações do ano no 8o ano. Antes de iniciar o tema O cli- Você consegue imaginar um urso-polar vivendo em uma floresta quente como a ma e os biomas, procure fazer Floresta Amazônica? Como veremos com mais uma breve revisão de concei- detalhes no 8o ano, o clima tos vistos nos itens anteriores Estudando a distribuição de seres vivos no planeta, notamos que os animais e depende ainda de fatores com relação à adaptação dos plantas que formam as comunidades encontradas na Amazônia, por exemplo, são como o calor transportado organismos. Explique aos es- muito diferentes daqueles encontrados em ambientes do polo norte. Isso ocorre, pelas correntes marítimas tudantes que os animais são entre outros motivos, devido à diferença entre os climas e outros componentes físicos e pelas massas de ar adaptados a determinados dessas duas regiões. da atmosfera, o relevo da ambientes, aproveitando para região e a proximidade retomar a conquista do meio O clima de uma região depende de vários fatores. Um deles é a latitude, ou seja, com o mar. terrestre por anfíbios e répteis. a distância dessa região à linha do equador. Quanto mais próxima do equador, mais quente costuma ser a região; quanto mais afastada, mais fria. As estações do ano Em seguida, trabalhe a ques- também influenciam diretamente o clima das regiões. tão da variação do clima, dos tipos de paisagens e espécies O clima de um lugar depende também de sua altitude – o pico de uma montanha que vivem nos diferentes bio- é mais frio que sua base ou algum local baixo, próximo ao nível do mar. Por isso, em mas. Explique aos estudantes áreas de grande altitude podemos encontrar vegetação e animais típicos de regiões como alterações do clima po- frias, mesmo próximo ao equador. dem alterar a vida das diferen- tes espécies, provocando Biomas são grandes áreas caracterizadas por um tipo principal de vegetação. migrações ou mesmo a extin- Dentro de um único bioma, podem existir vários ecossistemas. Observe na figura 3.32 ção. O conteúdo sobre clima a localização dos grandes biomas terrestres do planeta: a Tundra, a Taiga, as Florestas será aprofundado no 8o ano, Temperadas, as Florestas Tropicais, os Campos e Savanas e os Desertos. então é interessante que os estudantes conheçam apenas A vegetação e outros organismos de um bioma são influenciados pelo tipo os conceitos essenciais para de solo e por fatores climáticos, como a quantidade de chuva (pluviosidade) e as compreender a diversidade de temperaturas. ecossistemas. O objetivo des- sas questões é desenvolver a Principais biomas do planeta habilidade EF07CI08 da BNCC. Meridiano de Greenwich0º OCEANO GLACIAL ÁRTICO Mundo virtual Banco de imagens/Arquivo da editora Círculo Polar Ártico Mais informações sobre monitoramento dos biomas N brasileiros: <www.inpe.br/ noticias/noticia.php?Cod_No OL ticia=4663>. Trópico de Câncer S Mais detalhes sobre mu- OCEANO danças climáticas e impactos PACÍFICO OCEANO OCEANO 0 3 180 6 360 km ambientais: <https://www.iba ATLÂNTICO PACÍFICO ma.gov.br/incendios-flores Equador tais/mudancas-climaticas>. 0º Trópico de Capricórnio Acesso em: 12 fev. 2019. OCEANO ÍNDICO Círculo Polar Antártico OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO Florestas Tropicais Campos e Savanas Desertos Tundra Taiga Florestas Temperadas Fonte: elaborado com base em PB Works. Terrestrial Biome Brochure Project. Disponível em: <http://americaslibrary.pbworks.com/w/page/12601534/ Terrestrial%20Biome%20Project>. Acesso em: 6 fev. 2019. 3.32 Os principais biomas do planeta. Os biomas brasileiros não estão representados e serão vistos a seguir. 76 UNIDADE 2 • Ecossistemas, impactos ambientais e condições de saúde Texto complementar – Mudanças climáticas e ambientais e seus efeitos na saúde: cenários e incertezas para o Brasil [...] O processo da mudança do clima, que vem se agravando nas últimas décadas, cujas evidências foram sistematizadas no IV Relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC em inglês), lança à sociedade e aos setores de governo um desafio sobre as causas e o papel das alterações ambientais sobre as condições de saúde. Dentre os efeitos já estimados, no campo da saúde humana, desta- cam-se a propagação de doenças infecciosas, em especial aquelas de transmissão vetorial, aquelas com reservatórios animais em sua cadeia de transmissão e as de transmissão hídrica ou alimentar; os danos à saúde decorrentes dos desastres de origem natural ou antropogênicos; 76 MANUAL DO PROFESSOR – UNIDADE 2

Vamos nos concentrar no estudo dos biomas brasileiros: Floresta Amazônica, No capítulo 4 estudaremos Orientações didáticas Mata Atlântica, Pampas, Cerrado, Caatinga e Pantanal. Veja a figura 3.33. Estudaremos as zonas costeiras, onde ainda alguns ecossistemas associados a esses biomas: a Mata das Araucárias e a Mata estão a Restinga e o Procure desenvolver os con- dos Cocais. Manguezal, além de ceitos de ecossistema e biomas ecossistemas aquáticos com os estudantes. Ao explicar em geral. as características dos biomas, destaque elementos do meio fí- Biomas do Brasil sico e do biológico. Pode ser so- licitada uma pesquisa para que 50º O Banco de imagens/Arquivo da editora os estudantes consigam infor- mações atualizadas sobre os RR AP problemas ambientais que amea- 0º Equador çam as diferentes espécies dos biomas brasileiros e que aumen- AM PA MA CE tem sua conscientização sobre RN esses problemas. AC PB Para iniciar os estudos dos bio- N RO PI PE mas brasileiros, procure indicá-los no mapa do Brasil, analisando a OL AL figura 3.33. Relacione cada bioma TO SE com as características do meio S físico, desenvolvendo a habilida- MT BA de EF07CI07 da BNCC sobre o Floresta Amazônica DF estudo das paisagens. Mata Atlântica Pampas GO MG Se possível, comente sobre Cerrado variações sazonais de caracte- Caatinga ES rísticas do meio físico, tais co- Pantanal MS mo umidade, luminosidade e Zona Costeira temperatura, e relacione essas Transição SP RJ Trópico de mudanças com as adaptações Amazônia-Caatinga Capricórnio das espécies, por exemplo: na Transição PR Caatinga, as plantas perdem as Amazônia-Cerrado SC OCEANO folhas nas épocas mais secas, Transição RS ATLÂNTICO reduzindo a perda de água. Co- Cerrado-Caatinga mente sobre as adaptações das 0 570 1 140 km 3.33 Mapa dos biomas brasileiros plantas do Cerrado às queima- originais e de áreas de transição das recorrentes nesse bioma. entre alguns biomas. Com a intensa ocupação humana, grande parte da Utilize a seção Conexões: Ciên- vegetação original foi destruída. cia e ambiente para que os estu- dantes possam desenvolver a Fonte: elaborado com base em FUNDO Mundial para a Natureza (WWF). Biomas brasileiros. habilidade EF07CI08 . Solicite à Disponível em:<www.wwf.org.br/natureza_brasileira/questoes_ambientais/biomas>. turma que levante hipóteses pa- Acesso em: 6 fev. 2019. ra explicar por que alterações climáticas podem causar a extin- Conex›es: Ci•ncia e ambiente ção de espécies de animais. Aler- te os estudantes de que as As extinções em massa Anthony Bannister/Corbis/Getty Images variações climáticas podem cau- sar a escassez de alimentos, a Ao longo da história da Terra, o clima mudou bastante. Houve épocas 3.34 O mamute (gênero morte de larvas de anfíbios, pei- em que o gelo cobria boa parte do planeta e períodos em que a temperatura Mammuthus; entre 3 m e 4 m xes e outros animais e que as global aumentou, provocando degelo e inundações. Como consequência des- de altura) se extinguiu há secas causam enormes impactos sas alterações, alguns seres vivos migraram para outras áreas, enquanto outros cerca de 12 mil anos. ambientais. foram extintos. Assim como as mudanças ambientais podem levar à extinção, elas Mudanças climáticas são também podem desencadear o surgimento de novas espécies pelo processo de evo- apontadas como uma das Atividade lução, como veremos no 9o ano. possíveis causas da extinção complementar desse animal. Os ecossistemas também foram alterados por catástrofes. Um exemplo são os choques Se achar relevante, peça aos de asteroides que provocaram mudanças climáticas e a extinção de grande número de estudantes que desenvolvam espécies em um curto intervalo de tempo (em termos geológicos, curto significa entre 10 uma pesquisa com o tema das e 100 mil anos). Extinções como essas, em que cerca de 50% a 95% das espécies desapa- extinções em massa, associan- recem, são chamadas extinções em massa. Veja a figura 3.34. do-as às mudanças climáticas. Elabore um roteiro de pesqui- Para muitos cientistas, acontece hoje mais uma extinção em massa, causada pelo sa para auxiliar o cumprimen- impacto da ação humana sobre o planeta. A poluição, por exemplo, provoca a degradação to da tarefa. de ambientes naturais, a perda de biodiversidade e mudanças climáticas, que estudaremos com mais detalhes no 8o ano. Ecossistemas terrestres • CAPÍTULO 3 77 doenças crônicas não infecciosas relacionadas às modificações ambientais e deficiências nutricionais. Estes efeitos são pouco perceptíveis em análises de curto prazo, exceto em situações de exposição aguda, como no caso de desastres, mas apresentam um grande potencial de intensificação, o que pode ser analisado por meio de séries históricas e com a utilização das ferramentas adequadas. [...] MINISTÉRIO DA SAÚDE. Mudanças climáticas e ambientais e seus efeitos na saúde: cenários e incertezas para o Brasil. Disponível em: <http://www.saude.sp.gov.br/resources/ccd/saude-ambiental/mudanca_climatica_e_seus_efeitos_na_saude_brasil.pdf>. Acesso em: 12 fev. 2019. CAPÍTULO 3 – MANUAL DO PROFESSOR 77

Orientações didáticas 3 Floresta Amaz™nica Mundo virtual Antes de iniciar os estudos As Florestas Tropicais localizam-se na região equatorial. Reveja a figura 3.32. Instituto de Pesquisa sobre as florestas tropicais, pro- Ocupando apenas 7% da superfície do planeta, as Florestas Tropicais contêm mais Ambiental da Amazônia cure fazer a análise da figura espécies de plantas e animais que todos os outros biomas juntos: é o bioma com a http://ipam.org.br/ 3.35. Peça aos estudantes que maior biodiversidade do planeta. educacao descrevam ou representem a Cartilhas sobre temas paisagem presente na imagem. A Floresta Amaz™nica é uma floresta tropical localizada ao norte da América do ambientais Enfatize com eles que abaixo da Sul, com 60% de sua área em território brasileiro. Nessa região, o clima é quente e (desmatamento, unidades copa das árvores existe um ecos- muito úmido, com chuvas frequentes e abundantes. Veja a figura 3.35. de conservação, sistema diferente, mais úmido recuperação de áreas e com menor temperatura. Ex- Andre Dib/Pulsar Imagens degradadas, etc.) e plique as características dos di- glossário de termos. ferentes estratos das florestas, Acesso em: 9 jul. 2018. mencionando as adaptações dos animais e das plantas que 3.35 Vista aérea da Floresta vivem nesses espaços. Amazônica no Parque Nacional da Serra do Divisor (AC), 2017. Utilize as informações pre- sentes nesta página para que os Em linhas gerais, a floresta pode ser dividida em terra firme e alagada, cada qual estudantes possam representar com um ecossistema diferente, além das matas de várzea que são apenas tempora- uma cadeia alimentar, identifi- riamente inundadas. Veja a figura 3.36. cando as relações ecológicas entre as espécies. Com relação Paulo/kino.com.br aos impactos ambientais, per- gunte aos estudantes: “De que maneiras a Floresta Amazônica está ameaçada?”; “Quais podem ser as consequências ecológicas dos desmatamentos?”. Para trabalhar essas questões é possível formar rodas de de- bate, com ou sem a simulação de papéis sociais. Esta atividade tem o objetivo de desenvolver a CECN 5, que estimula a argu- mentação com base em dados, evidências e informações con- fiáveis para negociar e defender pontos de vista que promovam a consciência socioambiental. Assim, procure trabalhar me- didas sustentáveis para a utili- zação de recursos naturais. A sustentabilidade pode ser traba- lhada em formato de pesquisa, incentivando práticas racionais de uso do solo e otimização da agricultura, evitando queimadas e desmatamentos. 3.36 Vista de mata de várzea na margem do rio Guamá, em Belém (PA), 2015. 78 UNIDADE 2 • Ecossistemas, impactos ambientais e condições de saúde Texto complementar – Monitoramento da Floresta Amazônica é tema de seminário de cooperação franco-brasileira [...] A Amazônia brasileira perdeu mais de 760 mil km² de seus que recebeu na última sexta-feira (17) parte da programação da 5 milhões de km² de florestas segundo dados do PRODES, sistema Semana de Cooperação Franco-Paraense na Amazônia, evento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) que monitora promovido pela Embaixada da França no Brasil e pensado para o desmatamento na região por satélite. Ser um centro de referên- debater o desenvolvimento sustentável na região. Durante a Se- cia mundial no monitoramento de florestas é uma das missões do mana, um ciclo de seminários em várias instituições localizadas Centro Regional da Amazônia (CRA) do INPE, em Belém (PA), em Belém, como o CRA/INPE, a Empresa Brasileira de Pesquisa 78 MANUAL DO PROFESSOR – UNIDADE 2

Devido à sua localização equatorial, Marcos Amend/Pulsar Imagens Orientações didáticas a Floresta Amazônica recebe luz solar abundante durante todo o ano. A lumi- 3.37 Buritis (Mauritia Complementando os estudos nosidade e a temperatura alta constan- flexuosa; cerca de 30 m de sobre as características do meio te favorecem o desenvolvimento de altura) na Terra Indígena físico da Floresta Amazônica, uma vegeta•‹o densa, com muitas ár- Raposa Serra do Sol, em destaque as propriedades do vores, como a castanheira, o cedro e o Uiramutã (RR), 2017. solo, que é argiloso e pobre em buriti. Veja a figura 3.37. nutrientes. Esse estudo tem o objetivo de desenvolver a habi- Por ser uma vegetação densa, lidade EF07CI07 da BNCC, rela- muitas plantas que crescem à som- cionando as características do bra de árvores maiores apresentam meio físico e a biodiversidade. folhas largas, cuja superfície permite captar mais energia da luz do Sol. Faça perguntas, como: “Se o solo da Floresta Amazônica é As folhas e os frutos no alto das argiloso e pobre em nutrientes, árvores alimentam muitos animais ar- como pode haver tantas espé- borícolas, como os macacos e as pregui- cies diferentes de plantas?”. ças, além de muitas espécies de aves e insetos. Os animais herbívoros podem ser ali- Durante a troca de ideias, ajude mento para os carnívoros, como a onça-pintada, o cachorro-vinagre e o quati. Veja nas os estudantes a deduzir que a figuras 3.38 e 3.39 representantes de animais que ocorrem na Floresta Amazônica. própria matéria orgânica oriun- da das folhas que caem pode André Gilden/Alamy/Fotoarena 3.38 Urutau (gênero Nyctibius sp.; o adulto tem cerca ser prontamente reciclada pelos de 40 cm de comprimento), uma ave que vive na Floresta decompositores, havendo reab- Amazônica, no ninho com seu filhote. Muitas aves, insetos sorção dos nutrientes pelas raí- e outros animais apresentam camuflagem, isto é, têm zes das plantas. Se julgar formato ou cor que se confundem com o ambiente, o que necessário, retome as informa- favorece sua sobrevivência. ções sobre o solo, assunto tra- balhado no 6o ano. Luciana Whitaker/Pulsar Imagens Além disso, analise com os Apesar de toda essa diversidade de espécies e da abundância de organismos, o 3.39 Nos rios e lagos da estudantes a figura 3.39 e des- solo das florestas tropicais compõe-se, na maior parte, de uma massa de areia e ar- Floresta Amazônica são taque as características hidro- gila, pobre em sais minerais. Sobre essa massa há apenas uma camada fina de húmus, encontrados mamíferos gráficas da Floresta Amazônica. formada pela decomposição de restos de plantas e animais, rica em nutrientes mine- aquáticos, como o boto (Inia Mencione que a bacia do rio rais que podem ser absorvidos pelas raízes das plantas, em geral pouco profundas. geoffrensi; cerca de 2,5 m de Amazonas é a maior bacia hi- comprimento), além de drográfica do mundo. Peça aos No solo quente e úmido, os seres decompositores, protegidos da luz solar direta, muitas espécies de peixes. estudantes que representem reproduzem-se rapidamente o ano todo. Nessas condições, a decomposição da ma- essas paisagens, por exemplo, téria orgânica é muito rápida, e os sais minerais absorvidos pelas plantas são rapida- por meio de desenhos ilustra- mente repostos no solo. tivos em cartolina. Discuta a importância da preservação da mata ciliar, na borda dos ma- nanciais, para impedir que ocor- ra a erosão dos rios. Mundo virtual Para conhecer experimen- tos simples que demonstram a importância das raízes das plantas para evitar a erosão, consulte o site: <http://www. proenc.iq.unesp.br/index. php/ciencias/35-experimen tos/60-erosao-do-solo>. Acesso em: 13 fev. 2019. Ecossistemas terrestres • CAPÍTULO 3 79 Agropecuária (Embrapa) e o Museu Paraense Emílio Goeldi, reu- para o monitoramento da floresta, que juntos visam à redução dos niu diversos pesquisadores para abordar o incentivo à cooperação índices de desflorestamento. DETER-B, Terra Class e Capacitree entre França e Pará. No INPE a pauta foi a cooperação franco-bra- foram apresentados e discutidos em mesas-redondas com pesqui- sileira no monitoramento espacial da floresta. Na capital paraense, sadores franceses e brasileiros, a fim de unirem esforços em prol o CRA é responsável por três grandes projetos do INPE voltados de aperfeiçoamento e parcerias. [...] INPE. Monitoramento da Floresta Amazônica é tema de seminário de cooperação franco-brasileira. Disponível em: <http://www.inpe.br/noticias/noticia.php?Cod_Noticia=4220>. Acesso em: 13 fev. 2019. CAPÍTULO 3 – MANUAL DO PROFESSOR 79

Orientações didáticas Conex›es: Ci•ncia e Hist—ria Utilize a seção Conexões: Seringueiros na Amazônia Ciência e História para desen- volver a CG 1 da BNCC, relativa A seringueira (Hevea brasiliensis) é uma árvore brasileira da qual se extrai o látex, seiva usada na produção da borracha aos conhecimentos historica- natural. A árvore pode chegar a 50 metros de altura e produzir até 100 gramas de látex por dia. Veja a figura 3.40. mente construídos para viabili- zar uma sociedade democrática Andre Dib/Pulsar Imagens e inclusiva. Aborde a questão Bruno Zanardo/Fotoarena do ciclo da borracha, extraída 3.40 Seringueiro coletando o látex em Tarauacá (AC), 2017. das seringueiras, e a sua impor- tância para a indústria de ma- Explorada em pequena escala desde o início do século XIX, a extração da borracha intensificou-se na Amazônia a teriais e a automobilística. Mos- tre aos estudantes os benefícios partir de 1860. Principalmente entre os anos de 1905 e 1912, a exportação do látex chegou perto de ter importância econômicos trazidos pelo de- senvolvimento tecnológico, pe- econômica comparável à do café. Nesse período, que ficou conhecido como Ciclo da Borracha, ocorreu o maior movi- dindo-lhes que ponderem sobre as consequências negativas mento de migração da população brasileira em direção à Amazônia. desse desenvolvimento. Estima-se que 500 mil pessoas te- Caso julgue relevante, solici- te uma pesquisa sobre tecnolo- nham chegado à região amazônica vin- gias sustentáveis ou práticas de logística reversa. Enfatize aos das do Nordeste para trabalhar nos estudantes que a descoberta de novos materiais contribui para seringais. O extrativismo da borracha, o desenvolvimento socioeconô- mico, mas pode trazer impactos comandado por empresas estrangeiras, ambientais. A borracha natural foi substituída, em parte, por trouxe algumas contribuições para o de- borracha sintética misturada com plásticos, derivados de pe- senvolvimento da cidade de Manaus. tróleo, usados para dar mais re- sistência aos pneus. Porém, a O Teatro Amazonas, por exemplo, foi reutilização desses materiais não é muito simples, porque a inaugurado em 1896. Desde então re- sua queima pode liberar subs- tâncias tóxicas que contêm en- cebeu todo tipo de espetáculo: óperas, xofre e contribui, por exemplo, para a ocorrência de chuva áci- musicais, peças de teatro, shows de da. Portanto, os pneus mais re- sistentes de borracha sintética cantores líricos e populares, orquestras podem configurar uma fonte de poluição e apresentar impactos e muitos outros. Além de casa de es- ambientais se não descartados corretamente. petáculos, o Teatro Amazonas é um A técnica da logística reversa lugar de referência fundamental para a permite que materiais sejam reutilizados, gerando lucro pa- cidade, funcionando como centro cul- 3.41 Teatro Amazonas em Manaus (AM), 2017. O local foi o antigo Palácio da Justiça e ra as empresas e mitigando da- tural. Veja a figura 3.41. é o atual Centro Cultural. nos ambientais. Nesse caso, restos de pneus deteriorados Fonte: elaborado com base em SOUZA, C. A. A. “Varadouros da liberdade”: cultura e trabalho entre os trabalhadores seringueiros do Acre. Pro- podem ser usados para a pavi- jeto História, São Paulo (16). 1998. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/viewFile/11202/8210>; Portal da Amazônia. mentação de estradas e ruas, dando utilidade a produtos que Borracha, apogeu e decadência. Disponível em: <https://portalamazonia.com.br/amazoniadeaz/interna.php?id=114>. seriam considerados lixo. Acesso em: 6 fev. 2019. Mundo virtual 80 UNIDADE 2 • Ecossistemas, impactos ambientais e condições de saúde Mais informações sobre Texto complementar – Plano Amazônia Sustentável logística reversa podem ser encontradas em: <http://www. O Plano Amazônia Sustentável (PAS) propõe um conjunto de diretrizes para orientar o desenvolvimento sustentável da Amazônia com valorização da scielo.br/scielo.php?script=s diversidade sociocultural e ecológica e redução das desigualdades regionais. Lançado em maio de 2008 [...], o plano foi elaborado sob a coordenação da Casa c i _ a r t tex t & p id = S 010 4 Civil da Presidência da República e dos ministérios do Meio Ambiente e da Integração Nacional. Sua elaboração envolveu a participação dos governos dos -14282013000100012>. Aces- nove estados da região amazônica e expressivos segmentos da sociedade civil por meio das consultas públicas que mobilizaram seis mil pessoas na região. [...] so em: 13 fev. 2019. Com o PAS, o governo federal e os governos estaduais da Amazônia assumem compromisso efetivo com uma população de 24 milhões de pessoas da região, ao viabilizar a implementação de uma estratégia de longo prazo que concilie a promoção do desenvolvimento econômico com o uso sus- 80 MANUAL DO PROFESSOR – UNIDADE 2 tentável dos recursos naturais, viabilizando inclusão social e distribuição de renda e resultando na melhoria da qualidade de vida dessa população. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Plano Amazônia Sustentável. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/florestas/controle-e-preven %C3%A7%C3%A3o-do-desmatamento/plano-amaz%C3%B4nia-sustent%C3%A1vel-pas>. Acesso em: 13 fev. 2019.

4 Mata Atl‰ntica Epífita: vem do grego epi, Orientações didáticas “sobre”, e phyton, “planta”, A Mata Atlântica é uma Floresta Tropical de clima quente e úmido; no entanto, indicando plantas que se Antes de iniciar o estudo da frentes frias podem fazer cair as temperaturas no inverno. Apresenta grande volume desenvolvem sobre outras Mata Atlântica, faça perguntas de chuvas ao longo do ano. Existem muitos trechos dessa mata ao longo da costa do plantas sem parasitá-las. para verificar os conhecimentos Brasil. Reveja a figura 3.33. prévios dos estudantes, por exem- Fabio Colombini/A plo: “Onde está situada a Mata A flora e a fauna da Mata Atlântica apresentam adaptações seme- Atlântica?”; “Podemos classificar lhantes às de outras Florestas Tropicais. Assim como na Floresta Ama- cervo do fotógrafo a Mata Atlântica como uma flo- zônica, a vegetação é densa e abriga grande biodiversidade. Entre resta tropical?”. É esperado que muitas árvores da Mata Atlântica, estão o jequitibá-rosa, a quares- alguns estudantes consigam iden- meira, o ipê, a peroba e a palmeira-juçara – da qual é extraído o tificar que a paisagem da Mata palmito juçara –, além de arbustos e grande variedade de trepa- Atlântica é semelhante, em mui- deiras e epífitas. Veja a figura 3.42. tos aspectos, à Floresta Amazô- nica. Analise em conjunto com Edson Grandisoli/Pulsar Imagens eles a imagem 3.42, destacando os estratos desse bioma. Para aprofundar o assun- to, compartilhe com os es- tudantes o audiovisual disponível no Material Digital do Professor. 3.42 Vista aérea da Mata Atlântica no Parque Estadual Carlos Botelho (SP), 2017. No detalhe, riacho e vegetação da Mata Atlântica. As trepadeiras e epífitas crescem sobre outras plantas, ficando mais expostas à luz do Sol. (Os elementos representados nas fotografias não estão na mesma proporção.) Mundo virtual Instituto brasileiro de florestas – Bioma Mata Atlântica https://www.ibflorestas.org.br/bioma-mata-atlantica.html Textos e imagens sobre a história e as características da Mata Atlântica. A página traz ainda informações sobre a fauna e a flora associadas ao bioma, detalhando as espécies ameaçadas de extinção. Acesso em: 6 fev. 2019. Ecossistemas terrestres • CAPÍTULO 3 81 CAPÍTULO 3 – MANUAL DO PROFESSOR 81

Orientações didáticas Na Mata Atlântica vivem diversos mamíferos: marsupiais (como o gambá e a cuíca-d’água), primatas (como o muriqui, o mico-leão e o macaco-prego), guaxinins, Mencione aos estudantes a quatis, onças-pintadas, cutias, ouriços-cacheiros, porcos-do-mato, tatus, pacas, biodiversidade riquíssima desse tamanduás-mirins e preguiças. Entre as aves, estão: macuco, inhambu, sanhaço, bioma, exemplificando os diversos araponga, muitas espécies de beija-flor e saíra-sete-cores. A diversidade de inse- animais e plantas responsáveis tos também é grande. Veja na figura 3.43 alguns representantes da fauna da Mata por essa enorme biodiversidade. Atlântica. Se julgar interessante, mencione que esse bioma é considerado AB área com alta diversidade, ou um Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo hotspot. Faça a leitura da imagem Cesar Diniz/Pulsar Imagens 3.43 para discutir as adaptações dos animais a esse bioma. 3.43 Em A, borboleta Heliconius erato phyllis (cerca de 6 cm da ponta de uma asa à outra) em flor de bromélia em Santo Antônio do Pinhal (SP), 2017. Muitas plantas da Mata Atlântica dependem da interação com borboletas e outros insetos para sua reprodução. Essa borboleta usa uma estrutura Peça aos estudantes que le- fina e comprida para alcançar o néctar produzido pela flor. Em B, ouriço-cacheiro (Coendou villosus; atinge, em média, 70 cm de comprimento) vantem hipóteses sobre as ca- no Rio de Janeiro (RJ), 2015. Esse animal se alimenta de insetos e pequenos frutos, que são abundantes na Mata Atlântica. racterísticas da fauna da Mata Atlântica relacionadas a essa Desde o início da colonização do Brasil, a Mata Atlântica foi o bioma que mais Comunidades quilombolas paisagem. É possível que eles sofreu com a ocupação humana. A extração do pau-brasil (usado como fonte de co- são aquelas que se reconheçam que a paisagem rante vermelho para tecidos), o ciclo da cana-de-açúcar e o do café, a mineração, a desenvolveram a partir de fechada do bioma, com muitas extração de madeiras nobres, a pecuária, a caça predatória e o crescimento das cidades antigos quilombos, locais plantas epífitas, dificultaria o causaram o grande desmatamento da região. afastados dos centros deslocamento de grandes ma- urbanos em que viviam míferos em seu interior. É importante levar em conta que, além da enorme biodiversidade, a Mata Atlân- pessoas que se libertaram tica abriga valiosa diversidade cultural: comunidades indígenas, quilombolas e caiçaras da escravidão. Hoje essas Assim, a maior biodiversida- vivem no litoral. comunidades existem em de de animais no bioma Mata praticamente todos os Atlântica é de animais menores Mundo virtual estados brasileiros. e de invertebrados, como inse- tos, minhocas, moluscos, entre Fundação SOS Mata Atlântica outros. Reforce as característi- www.sosma.org.br cas do meio físico, como alta Informações sobre esse bioma e sobre projetos de conservação da diversidade. Acesso em: 6 fev. 2019. umidade, baixa incidência de ventos, pouca luminosidade no 82 UNIDADE 2 ¥ Ecossistemas, impactos ambientais e condições de saúde interior da mata, temperaturas mais amenas, solo rico em nu- Atividade complementar trientes. Relacione essas carac- terísticas do meio físico com a Se possível, trabalhe com gráficos do desmatamento da Mata biodiversidade presente no bio- Atlântica ou mostre imagens aéreas para representar a perda da ma, trabalhando a habilidade extensão territorial desse bioma. Discuta com os estudantes me- EF07CI07 da BNCC. didas que poderiam ser implementadas para mitigar essa perda. Pode ser pedida uma pesquisa sobre a história da exploração da Reforce para os estudantes Mata Atlântica, um bioma dos mais diversos do planeta, o que oca- que a faixa litorânea em que a sionou a extinção de inúmeras espécies e o quase total desapare- Mata Atlântica está situada é a cimento dessa floresta. região do país com maior ocu- pação humana. Portanto, desde a colonização do território bra- sileiro, esse bioma tem sido des- matado para a construção de casas e edifícios, bem como para o cultivo de plantas de in- teresse econômico, mineração e desenvolvimento industrial. Assim, práticas de desenvol- vimento econômico levaram à perda de território do bioma, fragmentando a Mata e dimi- nuindo sua cobertura. Esse tipo de fragmentação pode ser es- tudado em atividades comple- mentares, investigando medidas para mitigar a destruição das florestas tropicais, como os cor- redores ecológicos e as áreas de preservação permanente. As unidades de conservação serão vistas com mais detalhes no 9o ano. 82 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 2

Ameaças às Florestas Tropicais Como vimos no 6o ano, a Orientações didáticas erosão é um fenômeno A cobertura vegetal das Florestas Tropicais é fundamental para o equilíbrio do natural e lento, que se Ao tratar das ameaças sofri- ambiente por diversas razões. Os organismos que vivem associados às florestas de- inicia quando a chuva das pelas Florestas Tropicais, pendem desse tipo de vegetação para se abrigar, buscar alimento e se reproduzir. e o vento desagregam procure abordar vários pontos as partículas mais de vista. Lembre os estudantes As árvores que formam as florestas também previnem a erosão e os deslizamen- superficiais do solo, de que a região da Mata Atlânti- tos de terra: a copa das árvores impede que a chuva caia diretamente no solo, e as tornando-o cada vez ca, por exemplo, é ocupada por raízes ajudam a reter a água que escorre com a chuva e arrasta partículas do solo. menos fértil. Esse vários povos tradicionais, como Quando a mata é destruída ou substituída por cultivos agrícolas, o solo fica vulnerável, fenômeno pode ser ribeirinhos, quilombolas e indí- prejudicando plantas e animais. Os deslizamentos também podem prejudicar as pes- intensificado pela ação genas. A poluição e o desmata- soas, sobretudo quando ocorrem em áreas próximas a moradias e a cidades. humana. mento prejudicam diretamente a vida dessas pessoas. Além de proteger o solo, a Floresta Amazônica tem forte influência no clima de Aten•‹o várias regiões do planeta. Isso porque ela se estende por uma vasta região e a trans- Deve-se ressaltar ainda que piração vegetal em conjunto com a evaporação da água do solo da floresta lançam na É crime ambiental a poluição, o desmatamento e atmosfera grandes quantidades de vapor de água que são carregadas pelos ventos de derrubar matas em a fragmentação da mata podem uma parte para outra do planeta. áreas preservadas por levar à extinção de espécies e lei e promover ao desequilíbrio das relações No entanto, parte das Florestas Tropicais vem sendo destruída para extração de queimadas para fins ecológicas, levando a impactos minérios, de madeira e para dar lugar a lavouras, pastos e hidrelétricas. Veja a figura agropecuários sem ambientais. Portanto, é recomen- 3.44. A mineração na Amazônia, feita sem controle do impacto ambiental e sem fis- autorização. dável que os estudantes possam calização das condições de trabalho, afeta o ambiente e a qualidade de vida das popu- atuar em grupos para fazer pes- lações dessa região. Além disso, os animais silvestres são vítimas de caça, de comér- quisas, conscientizando-se so- cio ilegal e da pesca sem controle. bre a necessidade de usar os recursos naturais de forma sus- A destruição das Florestas Tropicais acarreta a extinção de espécies, pela perda tentável, sem que haja a des- do ambiente natural onde encontram alimento e outras condições de sobrevivência. truição total do bioma. O desmatamento é feito muitas vezes por meio de queimadas, que destroem os mi- crorganismos do solo, prejudicando a decomposição da matéria orgânica e a reciclagem Distribua roteiros de pesqui- dos nutrientes. sa sobre os impactos ecológicos causados pelo desmatamento Mudanças nos componentes desses ecossistemas também colocam em risco a na Mata Atlântica. Desse modo, sobrevivência dos Povos e Comunidades Tradicionais, como as comunidades indígenas, aproveite o momento para de- quilombolas, seringueiros, castanheiros, ribeirinhos, entre outros, que utilizam conhe- senvolver a CECN 4, relacionada cimentos e práticas transmitidos pela tradição e que dependem diretamente dos re- às implicações políticas, so- cursos disponíveis nesses ambientes. cioambientais e culturais da ciência na proposição de alter- nativas aos desafios do mundo contemporâneo. Chico Ferreira/Pulsar Imagens 3.44 Toras de madeira provenientes de área alagada para a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, em Vitoria do Xingu (PA), 2017. Ecossistemas terrestres • CAPÍTULO 3 83 CAPÍTULO 3 – MANUAL DO PROFESSOR 83

Orientações didáticas 5 Pampas e Cerrado Antes de iniciar o item sobre Os Pampas ocupam cerca de 2% do território brasileiro e são chamados também Pampas e Cerrado, faça uma aná- lise das características do meio de Campos Sulinos ou Campos do Sul. Localizam-se no estado do Rio Grande do Sul físico do bioma Pampas. Relem- bre a localização desse bioma no e são caracterizados pelo predomínio de vegetação de pequeno porte, como capins Os Pampas não são mapa do Brasil, mencionando aos (gramíneas), com algumas árvores e arbustos. Veja a figura 3.45. habitados por grandes estudantes que o clima dessa mamíferos atualmente, região é subtropical. Peça-lhes O clima nos Pampas é subtropical, com média anual de temperatura de 18 oC, com mas registros fósseis que façam desenhos no cader- as quatro estações do ano bem definidas. O verão é quente e no inverno as tempera- mostram que, até cerca no ou em folha de papel sulfite turas são baixas. de 8,5 mil anos, havia para ilustrar a paisagem. Anote preguiças e tatus, todos no quadro as principais carac- Entre os mamíferos herbívoros, há o veado-campeiro e, entre os carnívoros, muito maiores do que as terísticas, como luminosidade, o gato-do-pampa, o zorrilho (espécie de raposa) e o guaxinim. Muitos animais, espécies que existem hoje. variação de temperatura e ca- racterísticas do solo. como o tatu e diversos roedores, cavam tocas no solo. Entre as aves, encontram- Peça aos estudantes que ana- -se o marreco, o tachã e o quero-quero. Reveja a figura 3.45. SESSEGOLO, P. F. (2016). [WA2333035, Bartrami lisem a figura 3.45 e, em segui- da, associe as características Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo a longicauda (Bechstein, 1812)]. Wiki Aves - A Enciclop do meio físico representado com a fauna e a flora. Peça também édia das Aves do Brasil. que elaborem hipóteses sobre os tipos de adaptações que os animais e as plantas teriam que aumentam a sobrevivência nes- se bioma. Identifique os princi- pais grupos de animais presentes nos Pampas e os seus hábitos alimentares. 3.45 Paisagem dos Pampas na Área de Proteção Ambiental do Ibirapuitã, em Santana do Livramento (RS), As frequentes queimadas 2017. No detalhe, maçarico-do-campo (Bartramia longicauda; cerca de 30 cm de altura), ave que chega e o pastoreio do gado ao Pampa vindo da América do Norte. Assim como ele, outras aves realizam grandes migrações, fugindo aceleram a erosão e o do frio e se dirigindo a regiões com mais recursos alimentares ou propícias para a reprodução. esgotamento do solo. Por causa do clima e do relevo, a região dos Pampas é explorada para o cultivo Espécies end•micas: de trigo, arroz, milho e soja, além da pecuária. A ocupação desses locais vem provo- são aquelas que cando o desmatamento e a extinção de vários animais devido à perda de seu am- ocorrem somente em biente natural. uma determinada região geográfica. O Cerrado é a segunda área mais rica em biodiversidade no país, depois da Amazônia. Apesar de apresentar uma vegetação composta principalmente por capins, árvores baixas e arbustos esparsos, apresenta muitas espécies endêmicas. Veja, na próxima página, a figura 3.46. No entanto, grande parte dele já foi substi- tuída por campos de agricultura e pecuária. O clima do Cerrado é quente e úmido no verão e frio e seco no inverno, com tempe- ratura média anual de 23 ºC. As chuvas predominam no verão e na primavera. Fenômenos naturais, como raios, atrito entre rochas e queimadas intencionais (para a prática de atividade agropecuária) provocam incêndios no Cerrado. Entretan- to, o fogo no Cerrado nem sempre é prejudicial. 84 UNIDADE 2 ¥ Ecossistemas, impactos ambientais e condições de saúde Texto complementar – O Bioma Cerrado O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, ocupando uma área de 2 036 448 km2, cerca de 22% do território nacional. [...] Neste espaço territorial encontram-se as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata), o que resulta em um elevado potencial aquífero e favorece a sua biodiversidade. [...] Do ponto de vista da diversidade biológica, o Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo, abrigando 11 627 espécies de plantas nativas já catalogadas. Existe uma grande diversidade de habitats, que determinam uma notável alternância de espécies entre diferentes fitofisionomias. Cerca de 199 espécies de mamíferos são conhecidas, e a rica avifauna compreende cerca de 837 espécies. Os números de peixes (1 200 espécies), répteis (180 espécies) e anfíbios (150 espécies) são elevados. O número de peixes endêmicos não é 84 MANUAL DO PROFESSOR – UNIDADE 2

Marcos André/Opção Brasil Imagens Conforme a intensidade e a duração do fogo, as árvores permanecem vivas Orientações didáticas graças a adaptações ao bioma: raízes profundas e caules subterrâneos; presença de Marcos André/Opção Brasil Imagens uma cutícula espessa no caule, que age como isolante térmico; cutícula impermeá- Marcos Amend/Pulsar Após analisar os Pampas, fa- vel nas folhas, que protege contra a perda de água. Algumas espécies dependem do Imagens ça uma comparação sucinta com fogo para sua reprodução. o Cerrado, tendo como base a figura 3.46. Identifique com os 3.46 Aspecto da vegetação estudantes a localização do Cer- típica do Cerrado: gramíneas, rado no mapa do Brasil, lembran- arbustos e árvores baixas do que os cerrados estão pre- com tronco retorcido. sentes em áreas tropicais, sen- Parque Nacional da Serra da do o clima diferente do dos Pam- Canastra (MG), 2017. pas. Compare as duas paisagens, relacionando a fauna e a flora Durante a seca, algumas plantas perdem as folhas, evitando a perda excessiva de com os tipos de clima e as ca- água por transpiração; outras perdem também os ramos, restando apenas o caule racterísticas do meio físico dos subterrâneo, que permite que a planta brote novamente após fogo ou seca prolonga- dois biomas. da. Em geral, os caules das árvores são tortuosos e retorcidos e atingem as reservas de água subterrânea. Reveja a figura 3.46. Durante a aula, reforce as características únicas desse Entre os animais que ocorrem no Cerrado estão o tamanduá-bandeira, o tatu-ca- bioma, como a altíssima inci- nastra, o sagui, o rato-do-mato, a anta, o lobo-guará, o cachorro-vinagre. Mais de um dência de relâmpagos e incên- terço das aves brasileiras vive no Cerrado; entre elas estão a seriema, a gralha, a asa- dios. As queimadas são muito -branca, o papagaio, a araraúna, a ema (maior ave das Américas), o gavião-carcará e o frequentes nessa região do Cen- urubu-rei. Veja na figura 3.47 exemplos de animais encontrados no Cerrado. tro-Oeste e, assim, muitas es- pécies de plantas apresentam O manejo inadequado do solo, o uso sem controle de defensivos agrícolas, con- raízes profundas. Essa adapta- taminando o solo e a água, o desmatamento excessivo e incêndios sem controle têm ção é importante tanto para a levado ao esgotamento e à erosão do solo. absorção de água quanto para a regeneração das partes su- AB periores das árvores. 3.47 Em A, tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla; 2,20 m de comprimento). Esse animal tem garras fortes e focinho longo que Faça a leitura da figura 3.47 o ajudam a escavar cupinzeiros, comuns no Cerrado, e capturar os insetos com sua língua extensível. Em B, lobo-guará (Chrysocyon para examinar as relações eco- brachyurus; cerca de 85 cm de altura). A cor ajuda na camuflagem, as pernas longas possibilitam ao animal ver acima da vegetação e as lógicas do bioma Cerrado. É pos- grandes orelhas ajudam a identificar os sons. sível solicitar aos estudantes que elaborem cadeias alimenta- Ecossistemas terrestres • CAPÍTULO 3 85 res baseando-se nas informa- ções do Livro do Estudante e conhecido, porém os valores são bastante altos para anfíbios e répteis: 28% e 17%, respectivamente. De acordo com estimativas recentes, o nos tipos de animais e plantas Cerrado é o refúgio de 13% das borboletas, 35% das abelhas e 23% dos cupins dos trópicos. que estão presentes no Cerrado. [...] Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o bioma brasileiro que mais sofreu alterações com a ocupação humana. Com a crescente pressão Compare a disponibilidade para a abertura de novas áreas, visando incrementar a produção de carne e grãos para exportação, tem havido um progressivo esgotamen- de água no Cerrado com a dos to dos recursos naturais da região. Nas três últimas décadas, o Cerrado vem sendo degradado pela expansão da fronteira agrícola brasilei- biomas vistos anteriormente, ra. Além disso, o bioma Cerrado é palco de uma exploração extremamente predatória de seu material lenhoso para produção de carvão. como os Pampas e as Florestas Tropicais. Neste momento, as MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. O Bioma Cerrado. comparações são úteis para Disponível em: <http://www.mma.gov.br/biomas/cerrado>. Acesso em: 13 fev. 2019. que os estudantes percebam que os diferentes ambientes exercem diferentes pressões sobre as espécies que vivem na região. Reforce que essas espécies estão adaptadas às condições, mas que alterações nos ecossistemas podem cau- sar extinções e migrações. Avalie o uso do Cerrado e dos Pampas como territórios para a agricultura. Relembre aos es- tudantes que a principal amea- ça para o Cerrado é a utilização da área para o plantio de soja e a criação de gado. Grande par- te da soja plantada no Cerrado é exportada para o exterior pa- ra a produção de ração animal. CAPÍTULO 3 – MANUAL DO PROFESSOR 85

Orientações didáticas 6 Caatinga O aspecto árido, desbotado e sem folhas verdes deu Ao tratar da Caatinga, procu- A Caatinga ocupa aproximadamente 1 milhão de quilômetros quadrados (pouco nome a esse ecossistema: re evitar que haja qualquer tipo mais de 11% do território brasileiro) e estende-se por estados do Nordeste e por Minas Caatinga é um termo de de brincadeira quanto ao nome Gerais. O clima é quente, com temperatura média anual de 27 oC, seco, e semiárido, origem tupi e significa desse bioma, ou que piadas pe- com baixo volume de chuva e períodos de seca prolongada. “mata branca”, em jorativas sejam feitas. Se pos- referência às plantas que sível, inicie a aula falando da Na época da seca, boa parte dos rios e lagoas secam e a maioria das árvores perdem as folhas nos etimologia da palavra, que em perde as folhas (uma adaptação que reduz a perda de água por transpiração). Veja a períodos secos, restando tupi-guarani significa “mata figura 3.48. Quando chove, as árvores se cobrem de folhas e a paisagem volta a ficar apenas os galhos branca”. Procure esclarecer aos verde. esbranquiçados. estudantes que esse bioma apresenta uma grande sazona- Ricardo Azoury/Pulsar Imagens lidade: nas épocas mais secas, as folhas caem e a paisagem 3.48 Vegetação típica da fica predominantemente com Caatinga na seca, no Parque aspecto de galhos retorcidos; Nacional da Serra da Capivara em épocas mais úmidas, ao (PI), 2015. contrário, a mata fica cheia de folhas verdes. Como as plantas transpiram pelas folhas, a queda das folhas durante a estiagem é uma adaptação ao clima seco. Outras adaptações à escassez de água são: raízes bem desenvolvidas Faça a leitura da imagem 3.48 e profundas que absorvem água do solo; uma película impermeável sobre as folhas, que diminui em conjunto com os estudan- a perda de água por transpiração; e folhas reduzidas ou transformadas em espinhos, o que tes, destacando as caracterís- reduz a superfície de perda de água pelas folhas (o caule verde pode colaborar na fotossíntese ticas do meio físico. Em seguida, e na respiração). Algumas plantas, como os cactos (veja a figura 3.49), armazenam água em informe a eles que, apesar de tecidos da raiz ou do caule. Além disso, elas têm as folhas transformadas em espinhos, ou ser uma região do semiárido, bastante impermeáveis, o que diminui a perda de água. há uma enorme biodiversidade de lagartos e de espécies endê- micas (presentes apenas nes- se bioma). Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo 3.49 Cacto xiquexique (Pilosocereus gounellei; até 3,75 m de altura). Parque Nacional da Serra da Capivara (PI), 2015. 86 UNIDADE 2 ¥ Ecossistemas, impactos ambientais e condições de saúde Texto complementar – A corrosão da Caatinga [...] A ação humana sobre a vegetação nativa do interior do Nor- Na introdução ao livro Caatinga – The largest tropical dry forest deste é antiga. No século XVI, o sertão produzia carne e alimentos region in South America, publicado em 2017, Tabarelli [ecólogo para os moradores do litoral, que priorizavam a produção de cana- Marcelo Tabarelli, da UFPE, coordenador do grupo de pesquisa] -de-açúcar. Como resultado de cinco séculos de exploração econômi- os biólogos Inara Leal, também da UFPE, e José Maria Cardoso, ca, quase metade (45%) da área original da Caatinga – 826 mil km2, da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, observaram que o equivalente a 11% do território nacional – já foi desmatada, como os moradores de comunidades rurais da Caatinga dependem da resultado principalmente da ação dos grandes produtores rurais. vegetação nativa para sobreviver, o que causa uma lenta e contínua 86 MANUAL DO PROFESSOR – UNIDADE 2

Na Caatinga são comuns as plantas da família das cactáceas, como o quipá, de Você já ouviu a música Orientações didáticas porte arbustivo, ou os cactos arborescentes, como o mandacaru, o facheiro, a coroa- \"Asa-Branca\"? Ela foi -de-frade e o xiquexique. Reveja a figura 3.49. Destacam-se também a maniçoba, o composta por Luiz Assim como foi feito com os marmeleiro, o umbuzeiro, a barriguda e os ipês. Há ainda a oiticica e o juazeiro, que se Gonzaga e Humberto outros biomas brasileiros, solici- caracterizam por não perderem suas duras folhas no período da seca. Teixeira em 1947. O tema te aos estudantes que levantem da canção é a seca no hipóteses para explicar possíveis Na fauna observa-se a presença de répteis (calango, serpentes e jabutis), anfíbios Nordeste do Brasil e suas adaptações dos animais para vi- (sapo-cururu), aves (carcará, pomba-avoante, galo-de-campina) e mamíferos (cutia, implicações sociais. ver em um ambiente semiárido. gambá, preá, sagui-do-nordeste, macaco-prego, caititu). Veja na figura 3.50 alguns Destaque as dificuldades relacio- animais encontrados na Caatinga. Em sua maioria, os animais da Caatinga possuem Quando se explora um nadas a temperaturas elevadas, hábitos noturnos. Esse comportamento lhes possibilita evitar o calor excessivo que recurso de modo não falta de água, disponibilidade de existe durante o dia. sustentável, não há alimentos e diferenças sazonais preocupação de preservá-lo marcantes da Caatinga. Embora o solo seja razoavelmente fértil e apto para a agricultura e a pecuária, para as necessidades muitas plantações acabam secando por falta de chuvas. Por isso é necessário irrigar atuais e futuras, podendo Após o levantamento de hi- o solo e construir açudes, que são pequenas represas que guardam água da chuva. levá-lo ao esgotamento. póteses, analise a biodiversi- dade da fauna desse bioma. O desmatamento, principalmente para exploração não sustentável de lenha para Faça a leitura da imagem 3.50 a produção de carvão vegetal, vem provocando, entre outros problemas, a degradação para falar sobre a camuflagem do solo. É necessário, portanto, deter o corte da vegetação e realizar ações de reflo- dos lagartos, comparando a co- restamento, entre outras práticas de manejo sustentável. loração da pele queratinizada com a cor do solo da Caatinga. AB Pergunte aos estudantes por Cassandra Cury/Pulsar Imagens que essa tonalidade pode favo- Renato Rizzaro/Acervo do fotógrafo recer a sobrevivência. 3.50 Em A, calango-de-lajeiro (Tropidurus semitaeniatus; Utilize a seção Conexões: cerca de 12 cm de comprimento), espécie endêmica da Ciência e ambiente para tratar Caatinga. Em B, periquito-de-cara-suja (Pyrrhura do processo de desertificação. griseipectus; 20 cm de comprimento), endêmico do Brasil, Associe as ações humanas com está ameaçado de extinção pela captura e tráfico ilegais. esse processo, ressaltando me- Esses animais utilizam buracos nas árvores cavados por didas que possam mitigar ou pica-paus para construir seus ninhos. intensificar a desertificação. Conexões: Ci•ncia e ambiente Atividade complementar A desertificação Uma atividade complementar Alterações climáticas podem fazer com que certas regiões do Nordeste passem por períodos de seca pro- de pesquisa pode auxiliar o pro- longada, diminuindo a cobertura vegetal dessas regiões. Essas alterações podem levar a um processo conhecido cesso de ensino-aprendizagem como desertificação: o solo fica sem proteção contra a erosão, perde sua camada fértil e torna-se arenoso e quanto ao desenvolvimento da estéril. Há perda de fauna e flora, aumento do risco de incêndios e aumento da contaminação por parasitas em habilidade EF07CI08 . razão da falta de água potável. Distribua roteiros de pesqui- Além das alterações climáticas, a desertificação pode ser provocada por ações humanas, como práticas agropecuárias sa sobre os impactos ecológi- inadequadas, o desmatamento e a mineração. Para reverter esse processo, é preciso promover o reflorestamento ou cos causados pelo uso de a reconstituição da vegetação natural, investir em obras de captação de água e dar assistência técnica aos agricultores recursos naturais da Caatinga. – incentivando práticas como o plantio em curvas de nível, a irrigação adequada e o manejo sustentável. Assim, desenvolva a CECN 4, relacionada às implicações po- Ecossistemas terrestres • CAPÍTULO 3 87 líticas, socioambientais e cul- turais da Ciência na proposição de alternativas aos desafios do mundo contemporâneo, sobre- tudo com relação à extinção de espécies. alteração do ambiente. Segundo eles, somando a ação dos mora- o Catimbau. “Os programas de transferência de renda, princi- dores do sertão com os grandes projetos de infraestrutura e a agri- palmente a aposentadoria rural, desaceleraram a exploração da cultura comercial, pelo menos 63% da Caatinga já deve ter sofrido Caatinga e deixaram as famílias menos dependentes dos recursos os efeitos da ação humana. naturais”, observa. “Em vez de caçar, os sertanejos podem com- prar frango e, em vez de tirar lenha da mata, podem comprar gás [...] Políticas públicas já em vigor têm ajudado a preservar a Caa- para cozinhar.” [...] tinga, observa Tabarelli, que desde 2012 percorre com frequência FIORAVANTI, C. A corrosão da Caatinga. Revista Fapesp. Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.br/2018/04/19/a-corrosao-da-caatinga/>. Acesso em: 13 fev. 2019. CAPÍTULO 3 – MANUAL DO PROFESSOR 87

Orientações didáticas 7 Pantanal Antes de iniciar os estudos O Pantanal, também chamado de Pantanal Mato-Grossense, situa-se nos esta- sobre o Pantanal, procure le- dos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, estendendo-se até a Bolívia e o Paraguai. vantar os conhecimentos pré- vios dos estudantes através O verão é quente e úmido, com chuvas fortes e frequentes, características do de perguntas norteadoras, por clima tropical. No inverno, frio e seco, chegam massas de ar frio do polo sul, provocan- exemplo: “Qual é a localização do a queda da temperatura. do Pantanal no mapa do Bra- sil?”, “Qual é o tipo de clima Cerca de dois terços do Pantanal ficam alagados na época das chuvas abundantes, do Pantanal?”. quando os numerosos rios que cortam as planícies transbordam. O solo recebe então fertilizantes naturais vindos da água dos rios das regiões mais altas. Nos meses res- Enfatize as características tantes, permanecem na região várias lagoas que se formaram com as enchentes. Veja do meio físico, sobretudo com as figuras 3.51 e 3.52. relação à bacia hidrográfica e à sazonalidade da disponibili- 3.51 Pantaneiro tocando dade de água. Analise as ima- gado em campo alagado, gens 3.51 e 3.52, destacando em Poconé (MT), 2017. a atividade da pessoa ao cen- Andre Dib/Pulsar Imagens tro da figura 3.51, ou seja, a Andre Dib/Pulsar Imagens criação de gado. Em seguida, mencione a imensa biodiver- sidade desse bioma. Peça aos estudantes que ca- racterizem a paisagem do Pan- tanal com uma atividade de desenho. Complementarmente, podem ser feitas comparações com as Florestas Tropicais e o Cerrado tanto em relação aos aspectos biológicos quanto às características do meio físico. Para trabalhar com as carac- terísticas desse bioma, podem ser selecionados materiais au- diovisuais, ilustrando a imensa fauna de aves, répteis, anfíbios e mamíferos nessa região tão peculiar do Brasil. Alternativa- mente, podem ser analisadas imagens impressas do Pantanal e pode ser feito um estudo da paisagem, caracterizando o meio físico e a biodiversidade. Solici- te aos estudantes que elaborem uma cadeia alimentar com as espécies desse bioma. 3.52 Vista aérea de lagoas no Pantanal de Nhecolândia, Corumbá (MS), 2017. 88 UNIDADE 2 ¥ Ecossistemas, impactos ambientais e condições de saúde Texto complementar – Pantanal [...] O bioma Pantanal é considerado uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta. Este bioma continental é considerado o de menor extensão territorial no Brasil, entretanto este dado em nada desmerece a exuberante riqueza que o referente bioma abriga. A sua área aproximada é 150 355 km² (IBGE, 2004), ocupando assim 1,76% da área total do território brasileiro. Em seu espaço territorial o bio- ma, que é uma planície aluvial, é influenciado por rios que drenam a bacia do Alto Paraguai. O Pantanal sofre influência direta de três importantes biomas brasileiros: Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. Além disso sofre influên- cia do bioma Chaco (nome dado ao Pantanal localizado no norte do Paraguai e leste da Bolívia). Uma característica interessante desse bio- ma é que muitas espécies ameaçadas em outras regiões do Brasil persistem em populações avantajadas na região, como é o caso do tuiuiú – ave símbolo do Pantanal. Estudos indicam que o bioma abriga os seguintes números de espécies catalogadas: 263 espécies de peixes, 88 MANUAL DO PROFESSOR – UNIDADE 2

No Pantanal, a vegetação varia de acordo com o tipo de solo, a altitude e o alaga- Na enchente, os animais Orientações didáticas mento ou não da região. Dependendo do local, há uma vegetação típica de biomas terrestres migram para próximos, como Floresta Amazônica, Cerrado e Mata Atlântica, além da vegetação das terras altas, protegendo-se Uma das características mais lagoas e rios (algumas plantas aquáticas têm tecidos com cavidades cheias de ar que da água. marcantes do Pantanal é a sa- facilitam a flutuação). zonalidade do nível de água, motivo pelo qual, nas épocas Nesse bioma há a maior diversidade de aves do mundo, como araras, tucanos, de cheia, muitas espécies po- emas e seriemas. Muitas delas são migratórias, vindas de outras regiões em busca de dem migrar para outras regiões. alimento, como garças, maçaricos e tuiuiús (ave símbolo do Pantanal). Veja a figura 3.53. Esses movimentos migratórios Por causa da facilidade de deslocamento, as aves migratórias podem aproveitar os ciclos são importantes para muitas de enchentes e vazantes (quando as águas voltam aos rios) do Pantanal. espécies de aves, devendo ser levado em consideração na ava- Entre os répteis, há o jacaré-do-pantanal (veja a figura 3.54), a sucuri e o sinimbu liação de impactos ambientais. (um lagarto). Dentre as muitas espécies de peixes, destacam-se o pintado, o dourado, Caracterize a luminosidade, a o jaú, o lambari e a piranha. temperatura e a umidade do Pantanal em diferentes épocas Entre os problemas que ameaçam esse bioma estão as grandes criações de gado, do ano, relacionando o clima que aceleram a erosão do solo e causam o assoreamento de alguns rios – o acúmulo com a biodiversidade. de terra no fundo faz o rio ficar mais raso e diminui sua capacidade de escoamento –, o garimpo de ouro, que polui rios com mercúrio; a caça ilegal e a pesca predatória, que Peça aos estudantes que le- ameaçam a fauna da região. vantem hipóteses sobre ações humanas que poderiam preju- A exploração do Pantanal deve dicar a vida desses animais. levar em conta as particularidades e Ressalte que a exploração inde- fragilidades desse bioma. É preciso, por vida das águas ou do solo pode exemplo, fiscalizar e controlar a pesca levar à contaminação de peixes, para evitar a captura de peixes na épo- prejudicando a sobrevivência ca de reprodução e para impedir o uso das aves e dos répteis. de redes de malhas muito finas, que apanham filhotes. A caça e a captura Aproveite essas relações eco- de outros animais também precisam lógicas para desenvolver a ser combatidas. CECN 5, referente ao levanta- Marcos Amend/Pulsar Imagens mento de evidências e informa- Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo3.53 Tuiuiú (Jabiru mycteria;ções confiáveis, promovendo chega a 1,6 m de altura), ave a consciência socioambiental. símbolo do Pantanal. O bico Discuta a importância da pre- fino e pontudo facilita a servação do solo e das águas captura de peixes. para manter a biodiversidade. 3.54 Jacaré-do-pantanal Atividade (Caiman crocodilus yacare; complementar 2,5 m a 3 m de comprimento). Neste caso, um estudo em Ecossistemas terrestres • CAPÍTULO 3 89 formato de campanha pode ser fundamental para demonstrar a toda a comunidade escolar a relevância de usar de forma consciente o solo e as águas. Deve-se, sobremaneira, evitar a liberação de detergentes, óleos e agrotóxicos no leito dos rios. Esses compostos podem impedir o voo de aves e preju- dicar a vida de peixes e anfíbios. Para tanto, organize uma ativi- dade de campanha em formato de feira de Ciências para a co- munidade escolar. 41 espécies de anfíbios, 113 espécies de répteis, 463 espécies de aves e 132 espécies de mamíferos sendo 2 endêmicas. Segundo a Embrapa Pantanal, quase duas mil espécies de plantas já foram identificadas no bioma e classificadas de acordo com seu potencial, e algumas apre- sentam vigoroso potencial medicinal. Apesar de sua beleza natural exuberante o bioma vem sendo muito impactado pela ação humana, principalmente pela atividade agrope- cuária, especialmente nas áreas de planalto adjacentes do bioma. De acordo com o Programa de Monitoramento dos Biomas Brasileiros por Satélite – PMDBBS, realizado com imagens de satélite de 2009, o bioma Pantanal mantém 83,07% de sua cobertura vegetal nativa. [...] MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Pantanal. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/biomas/pantanal>. Acesso em: 13 fev. 2019. CAPÍTULO 3 – MANUAL DO PROFESSOR 89

Orientações didáticas 8 Mata das Araucárias Mundo virtual Antes de tratar da Mata das e Mata dos Cocais Ministério do Meio Araucárias e Mata dos Cocais, Ambiente procure localizar com os estu- A Mata das Araucárias, também chamada de pinheiral ou Floresta das Araucárias, http://www.mma.gov.br/ dantes esses ecossistemas no é um tipo de floresta de clima subtropical, que se encontra nos estados do Paraná, São biomas mapa do Brasil. Peça a eles que Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e em regiões de maior altitude. Informações sobre levantem hipóteses sobre as biomas brasileiros. características do meio físico, Nesse ecossistema, há quatro estações bem marcadas, temperaturas mais baixas Acesso em: 8 fev. 2019. baseando-se na localização geo- no inverno do que em outros ecossistemas brasileiros e chuvas regulares, principal- Portal EBC gráfica desses ecossistemas. mente no verão. http://www.ebc.com.br/ Espera-se que os estudantes infantil/voce- consigam relacionar que as Ma- A espécie vegetal predominante é o pinheiro-do-paraná, uma planta nativa cujo sabia/2014/08/voce-sabe- tas das Araucárias se localizam, nome científico, Araucaria angustifolia, origina o nome desse ecossistema. São comuns quais-sao-os-biomas- principalmente, nas regiões ao também a canela, a imbuia, a erva-mate, entre outras plantas. Veja a figura 3.55. brasileiros sul, sendo de clima mais frio. Informações sobre O pinheiro tem folhas compactas, longas e em forma de agulhas. As folhas dessa biomas brasileiros. Descreva as características árvore são protegidas por uma camada de cera que diminui a perda de água por trans- Acesso em: 8 fev. 2019. do meio físico da Mata das Arau- piração. Essa característica é vantajosa, pois no inverno a água do solo pode congelar, cárias, relacionando-as com as atrapalhando a absorção pelas raízes. A forma de agulha das folhas também reflete José Augusto Ro espécies que vivem nesse ecos- uma adaptação relacionada ao clima frio. Desse modo, a área de transpiração é menor, sistema. De acordo com as ca- o que também ajuda a diminuir a perda de água no inverno. racterísticas, solicite aos estu- dantes que levantem hipóteses Entre os animais, há várias espécies de insetos, de aves (como o sabiá e a gralha- sobre as possíveis adaptações -azul) e de mamíferos (como o tatu). O pinhão, a semente do pinheiro-do-paraná, é o de plantas e animais que os aju- alimento de muitos animais dessa região. Reveja a figura 3.55. dam a sobreviver nesse ecos- sistema. Andre Dib/Pulsar Imagens ndon Ribeiro/Acervo do fotógrafo Explique aos estudantes que 3.55 Mata das Araucárias a principal característica dessa no Parque Nacional das paisagem é a presença de pi- Araucárias (SC), 2016. nheiros-do-paraná de grande No detalhe, gralha-azul porte. Mencione que essas plan- (Cyanocorax caeruleus; cerca tas apresentam um longo perío- de 40 cm de comprimento), do de germinação das sementes uma das aves típicas da fauna e crescimento lento. Dessa for- da região. ma, o uso indevido da madeira da araucária pode ser um risco à recuperação desse ecossis- tema, sendo muito difícil o re- florestamento. Assim, uma ameaça cons- tante à Mata das Araucárias é a exploração irregular da ma- deira, prejudicando plantas, ani- mais e outros organismos. Discuta com os estudantes ma- neiras de prevenir o desmata- mento e a atividade madeireira para gerar um consumo sus- tentável de recursos naturais. 90 UNIDADE 2 ¥ Ecossistemas, impactos ambientais e condições de saúde Texto complementar – Pesquisas com araucárias em São Paulo são reunidas em livro [...] As florestas com araucárias já ocuparam uma área de 180 mil km² entre os estados do Sul e do Sudeste brasileiros, reduzidas especial- mente pela ação do homem a não mais que 6 mil km² de fragmentos florestais. Por conta dessa redução, a araucária é considerada amea- çada de extinção pela International Union of Conservation of Nature. Para os pesquisadores, os resultados apresentados no livro formam um arcabouço de conhecimento que pode ser utilizado no manejo mais adequado de florestas replantadas para que se evite o extermínio da espécie, entre outras contribuições. 90 MANUAL DO PROFESSOR – UNIDADE 2

A maior parte da Mata das Araucárias foi devastada para a retirada de madeira Orientações didáticas e o cultivo de eucalipto e de pinheiros do gênero Pinus, que são utilizados, principal- mente, na produção de móveis e de papel. Por causa do desmatamento e das mo- Faça uma análise da Mata dificações ambientais, muitas espécies de animais sofreram as consequências da dos Cocais ou babaçual relacio- perda de seu habitat e estão ameaçadas de extinção. A vegetação original é mantida nando o clima e as adaptações em algumas unidades de conservação. das espécies à dispersão de sementes e à captação de água A Mata dos Cocais ou babaçual está localizada nos estados do Maranhão, Piauí, pelas raízes. Comente o uso das Ceará e Rio Grande do Norte, entre a Floresta Amazônica e a Caatinga. O clima é sementes pelas comunidades quente e a disponibilidade de água pode variar de acordo com a região. locais e compare a sustentabi- lidade do uso do babaçu com a Essa mata é formada por vários tipos de palmeira, como o babaçu (planta extração de madeira. Pergunte, predominante), a carnaúba, a oiticica e o buriti. Veja a figura 3.56. Os frutos, se- por exemplo: “Qual das utiliza- mentes e folhas dessas palmeiras são usados pelas comunidades tradicionais para ções dessas plantas é mais sus- diversos fins. tentável? Por quê?”. Espera-se que os estudantes identifiquem A Mata dos Cocais está sendo intensamente desmatada para ceder espaço às que a utilização de frutos e se- monoculturas, o que afeta o ambiente e as pessoas que dependem da comercialização mentes é mais sustentável, por- dos produtos locais, como as matérias-primas extraídas do babaçu e da carnaúba. Nos que não causa a morte da estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Pará, vivem as mulheres conhecidas como planta. quebradeiras de coco babaçu. São mais de 300 mil trabalhadoras que dependem do extrativismo dessa palmeira como atividade econômica. As famílias que dependem Ao final deste estudo, men- economicamente do babaçu estão lutando pelo estabelecimento de uma lei que garan- cione que as florestas nativas ta o livre acesso aos babaçuais, mesmo os localizados em propriedades privadas, e têm sido desmatadas para o cul- restrições à derrubada dessas palmeiras. Essa lei é conhecida como Lei do Babaçu Livre. tivo de plantas de interesse co- mercial. Essa prática ameaça Delfim Martins/Pulsar Imagens todos os ecossistemas brasilei- ros, causando impactos e dese- 3.56 Mata dos Cocais em Nazária (PI), 2015. Na tela quilíbrios ecológicos. Para saber mais, pode ser feita uma pes- Centro de Divulgação quisa sobre esse tema, relacio- Científica e Cultural nando-o com a introdução de da Universidade de espécies exóticas. São Paulo http://www.youtube.com/ Se julgar interessante, é pos- watch?v=0dlXce3s4mo sível, neste momento, fazer co- Vídeo sobre biomas letivamente algumas atividades brasileiros e suas do Aplique seus conhecimentos, alterações. Acesso em: como forma de sistematizar os 11 fev. 2019. conceitos. Ecossistemas terrestres • CAPÍTULO 3 91 Mundo virtual Mais informações sobre im- pactos causados por plantas invasoras: <http://cienciaecul tura.bvs.br/scielo.php?script =sci_arttext&pid=S000 9-67252009000100012>. Mais detalhes sobre ma- nejo de florestas naturais: <https://www.embrapa.br/ busca-de-publicacoes/-/pu blicacao/313537/manejo-e -exploracao-sustentavel-de -florestas-naturais-tropicais -opcoes-restricoes-e-alter nativas>. Acesso em: 13 fev. 2019. “Sobraram pouquíssimas plantações nativas de araucária e, se queremos trabalhar no sentido da sua preservação, temos que conhecer me- lhor toda a microbiota que convive com essa planta. Isso se aplica tanto ao replantio como às florestas nativas, que não são puras e crescem junto a outros tipos de árvore”, disse Elke Jurandy Bran Nogueira Cardoso, professora da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP) e coeditora do livro ao lado de Rafael Leandro de Figueiredo Vasconcellos. [...] FREIRE, D. Pesquisas com araucárias em São Paulo são reunidas em livro. Agência Fapesp. Disponível em: <http://agencia.fapesp.br/pesquisas-com-araucarias-em-sao-paulo-sao-reunidas-em-livro/22021/>. Acesso em: 13 fev. 2019. CAPÍTULO 3 – MANUAL DO PROFESSOR 91

Orientações didáticas Francesco Dazzi/Shutterstock Saiba mais Incredible Arctic/Shutterstock Tundra, Taiga e Floresta Temperada Embora o tema principal des- Andre Nantel/Shutterstock sirtravelalot/Shutterstock te capítulo seja o estudo dos A Tundra ocupa a região ao redor do polo norte (Tundra significa, em finlandês, “colina ártica”). O solo perma- biomas e ecossistemas brasi- nece congelado a maior parte do tempo, mas, durante o verão, uma fina camada dele descongela e surge uma leiros, vale ressaltar que exis- vegetação rasteira (musgos, liquens, capins). Entre os animais, há insetos, pássaros, caribus, lemingues, urso- tem outros biomas, como -branco (ou polar), lebre ártica, raposa polar e lobo ártico. Veja a figura 3.57. No inverno, as aves e alguns ma- Tundra, Taiga e Floresta Tem- míferos migram para regiões mais quentes. perada. Caso julgue relevante, mencione esses biomas aos AB estudantes, relacionando as características do meio físico 3.57 Em A, Tundra alpina, nos Andes (Peru); em B, paisagem de Tundra na América do Norte (Alasca), com caribu ou rena americana com as espécies ali presentes. (1,2 m a 2,2 m de comprimento, desconsiderando a cauda; no inverno, o caribu escava o solo gelado à procura de liquens e raízes; caribu significa “animal que escava a neve”, em uma língua indígena norte-americana). Compare as características do meio físico desses biomas, A Taiga, ou Floresta de Coníferas, localiza-se ao sul da Tundra, em áreas do Canadá, da Sibéria e dos Estados Unidos. de preferência localizando-os Por estar mais perto do equador, recebe maior quantidade de energia solar que a Tundra. Há gimnospermas, como o no globo terrestre ou no mapa. pinheiro, a sequoia e o abeto. Veja a figura 3.58. Essas localidades são mais frias e costumam ter menor diversi- AB dade de animais e plantas. Além disso, nessas regiões a sazo- C nalidade é mais evidente, ha- vendo uma maior importância das estações do ano no com- portamento animal, sendo que algumas espécies podem hi- bernar no inverno. Destaque as adaptações dos animais, como pelagem grossa e camada de gordura densa, que os protegem contra o frio intenso. Mencione também a cor da pela- gem dos animais, que pode ser- vir como camuflagem, impedindo predação ou fácil visualização. Discorra sobre os hábitos alimen- tares dos animais e suas relações ecológicas. iStockphoto/Getty Images 3.58 Em A, aspecto da vegetação de Taiga (Canadá); em B, marmota com filhotes (30 cm a 50 cm de comprimento, desconsiderando a cauda; a marmota é um roedor da família dos esquilos); em C, urso-pardo (2 m a 3 m de comprimento; possui uma grossa camada de gordura como adaptação ao frio). 92 UNIDADE 2 ¥ Ecossistemas, impactos ambientais e condições de saúde 92 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 2

Assim como ocorre com as araucárias na América do Sul, as folhas das árvores da Taiga são protegidas por umaStephane Bidouze/Shutterstock Orientações didáticas camada de cera que diminui a perda de água por transpiração. No inverno, a água do solo congela, impedindo as plantas de repor a água perdida pela transpiração. O formato fino e comprido das folhas também ajuda a diminuir a perda deBarry Blackburn/Shutterstock Hung Chung Chih/Shutterstock Com relação às adaptações água por transpiração inverno. Além disso, o formato de agulha das folhas impede o acúmulo de neve sobre elas: como de animais e plantas ao inverno os ramos são mais flexíveis, eles se curvam, em vez de quebrar, e deixam a neve cair. rigoroso, mencione que nas flo- restas temperadas as plantas A fauna é mais rica que a da Tundra, com insetos, aves, lebres, alces, renas, ratos silvestres e musaranhos, que servem podem perder as folhas, evitan- de alimento a carnívoros, como martas, linces, lobos e ursos-pardos. Reveja a figura 3.58. do o congelamento. Peça aos estudantes que levantem hipó- As Florestas Temperadas localizam-se nas regiões de clima temperado, com as quatro estações do ano bem teses sobre outras possíveis definidas, como algumas áreas dos Estados Unidos, da Europa, da Ásia e da América do Sul. A maioria das funções da perda das folhas no Florestas Temperadas caracteriza-se pela perda das folhas das árvores no fim do outono, o que reduz a perda outono até a primavera. de água no inverno. As folhas voltam a crescer na primavera. Nessas florestas encontram-se vários inverte- brados, anfíbios, répteis, aves e mamíferos, como ratos silvestres, marmotas, veados, ursos, gambás, pumas, Procure instigar a curiosida- lobos, linces, raposas, gatos selvagens e esquilos. Veja a figura 3.59. de dos estudantes com pergun- tas sobre situações como: “O A que ocorreria se a temperatura do planeta aumentasse?”; “Se- BC rá que essas espécies seriam prejudicadas? Como?”. Espe- 3.59 Em A, vista de Floresta Temperada no inverno, completamente sem folhas; em B, veado-da-virgínia (0,95 m a 2,20 m de ra-se que os estudantes consi- comprimento); em C, panda (1,6 m a 1,9 m de comprimento; animal raro que vive nas montanhas do sul da China; come gam relacionar as mudanças quase exclusivamente folhas e brotos de bambu). climáticas com a disponibilida- de de alimentos, água e as con- Ecossistemas terrestres • CAPÍTULO 3 93 dições mínimas de sobrevivên- cia destas espécies de animais e plantas, associando a extin- ção e os seus efeitos em cadeia devido às relações ecológicas. Atividade complementar Se possível, fomente a produ- ção textual dos estudantes, es- timulando as comparações des- ses biomas mundiais com Flo- restas Tropicais ou com as Matas das Araucárias. Utilize como pa- râmetroasimagens3.57, 3.58e 3.59. “Que tipos de característi- cas do meio físico são perceptí- veis nas imagens?”; “Quais são as adaptações dos animais à temperatura destas florestas?”. Espera-se que os estudantes consigam relacionar a pelagem dos animais e a perda de folhas com as temperaturas mais bai- xas e a adaptação para a manu- tenção de uma temperatura cor- pórea adequada, no caso dos ani- mais, e para a diminuição da per- da de água, no caso das plantas. Mundo virtual Mais informações sobre alterações climáticas e ex- tinção de espécies: <http:// www.pbmc.coppe.ufrj.br/en/ news/453-mudancas-clima ticas-ameacam-extinguir -1-em-6-especies>. Mais detalhes sobre es- pécies nativas e mudanças climáticas no site: <http:// www.pbmc.coppe.ufrj.br/pt/ noticias/221-mudanca-do -clima-impacta-primeiro-es pecies-nativas-diz-estudo>. Acesso em: 13 fev. 2019. CAPÍTULO 3 – MANUAL DO PROFESSOR 93

Respostas e ATIVIDADES orientações didáticas Respostas da seção Atividades nas Orientações didáticas. Aplique seus conhecimentos Aplique seus conhecimentos 1. Cinco gêneros e nove es- 1 Veja a seguir uma lista de anfíbios (sapos, rãs e pererecas) brasileiros ameaçados de extinção e seus nomes científicos: pécies. • sapinho-de-barriga-vermelha: Melanophryniscus dorsalis; • sapinho-narigudo-de-barriga-vermelha: Melanophryniscus macrogranulosus; 2. Apesar de ser pobre em sais • perereca: Hyla cymbalum, Hyla izecksohni; minerais, o solo na Floresta • perereca-verde: Hylomantis granulosa; Amazônica é quente e úmido • rãzinha: Adelophryne baturitensis, Adelophryne maranguapensi, Thoropa lutzi, Thoropa petropolitana. devido às condições climá- Quantos gêneros e quantas espécies diferentes aparecem nessa lista? ticas. Essas condições favo- recem a sobrevivência de 2 Se o solo da Floresta Amazônica é pobre em sais minerais, como ele pode sustentar tanta riqueza em termos de muitos animais porque o ca- fauna e de flora? lor mantém seu organismo em constante atividade. O 3 Por que a retirada da mata original é prejudicial a um ecossistema, mesmo quando o desmatamento é feito para o clima também acelera a ati- cultivo de outras plantas, como a soja? vidade de seres decomposi- tores que, protegidos da luz 4 Embora catástrofes naturais, como erupções vulcânicas e tsunamis, não ocorram no Brasil, períodos de chuvas in- solar direta pela vegetação, tensas são comuns em algumas regiões. Veja a figura 3.60. reproduzem-se rapidamen- te, acelerando a decomposi- Eduardo Anizelli/Folhapress ção da matéria orgânica. Dessa forma, os sais mine- 3.60 Deslizamento rais absorvidos pelas plantas de terra causado por e consumidos depois pelos fortes chuvas em animais são rapidamente Mairiporã (SP), 2016. repostos no solo. Por que o desmatamento favorece a ocorrência de catástrofes como a observada na foto? 3. O desmatamento retira 5 Algumas plantas de Florestas Tropicais não são muito altas, mas têm folhas grandes e largas. plantas nativas de diver- sas espécies e tamanhos a) Que vantagem esse tipo de folha pode trazer às plantas que vivem nesse ambiente? e substitui por poucas varie- b) Por que plantas com essas características não são comuns em ecossistemas mais secos? dades de pequenas plantas, 6 Cite algumas medidas que devem ser tomadas para impedir a destruição do Pantanal. como soja e milho. Como os 7 Por que podemos dizer que os maiores tesouros das Florestas Tropicais são ainda desconhecidos? organismos de um ecossis- 8 As raízes das árvores das Florestas Tropicais costumam ser superficiais ou profundas? Justifique sua resposta com tema estão intimamente re- base nas características do solo encontrado nesse bioma. lacionados e apresentam 9 Os anfíbios são encontrados em diversos ecossistemas. Com base no que você sabe sobre esses animais, onde se adaptações específicas, as espera encontrar a maior variedade de espécies de anfíbios: na Caatinga ou na Floresta Amazônica e na Mata Atlân- novas plantas não garantem tica? O que pode acontecer com os anfíbios no caso de secas prolongadas? a sobrevivência dos animais 10 Que característica das aves possibilita que esses animais consigam sair de uma região com condições desfavoráveis, e a de outros organismos buscando abrigo e alimento em locais bem distantes, ou seja, realizando migrações? nativos. Além disso, as árvo- res que formam as florestas 94 ATIVIDADES previnem a erosão do solo. calização e repressão à caça clandestina; criação de progra- 8. As raízes das árvores das Florestas Tropicais costumam ser 4. Porque o desmatamento mas de estudo sobre a ecologia do Pantanal. superficiais, já que a maior parte dos nutrientes fica concen- retira as plantas e suas raí- 7. Muitas plantas e outros seres vivos que ainda não foram estu- trada na camada superior do solo. zes, deixando o solo vul- dados podem possuir substâncias químicas com propriedades nerável e favorecendo úteis ao ser humano, que talvez sirvam, por exemplo, para a 9. Espera-se encontrar mais espécies de anfíbios nas florestas deslizamentos de terra. produção de novos medicamentos. Como apenas uma peque- e matas úmidas, onde esses animais ficam mais protegidos na parte dos organismos das Florestas Tropicais foi estudada, da perda de água. A Caatinga tem clima muito seco, o que traz 5. a) Folhas com essas carac- pode-se dizer que os maiores tesouros dessas florestas são mais risco de perda de água pela pele dos anfíbios. Esses terísticas têm grande ainda desconhecidos. animais morreriam em caso de seca prolongada porque de- superfície de exposição pendem da alta umidade para respirar e para se reproduzir. à luz, o que favorece a realização da fotossín- tese e pode compensar a menor exposição ao sol em função da baixa estatura. b) Porqueasfolhasgrandes e largas favorecem a per- da de água por transpira- ção, o que seria prejudicial em um ambiente seco. 6. Proibição da pesca em épo- cas de reprodução dos pei- xes e do uso de redes de malha fina, que capturam filhotes; aumento da fis- 94 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 2

Respostas da seção Atividades nas Orientações didáticas. Respostas e orientações didáticas 114 Diversas espécies de lagartos vivem na Caatinga. Como há muitas rochas e frestas na paisagem desse bioma, ao longo do tempo, foram favorecidas espécies de lagartos de corpo achatado, que se abrigam nessas frestas. Aplique seus a) Que características dos répteis possibilitam a esses animais viver em ambientes secos, como a Caatinga? conhecimentos b) O que poderia acontecer com esses lagartos em uma catástrofe natural, como uma inundação? 11.a) Os répteis apresentam 124 Por que a queimada acaba prejudicando a fertilidade do solo? a pele grossa, seca e 134 Você conheceu diversos biomas que se encontram no Brasil: a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, o Panta- muito resistente à perda de água. Assim eles con- nal, a Caatinga, os Campos Sulinos (Pampas) e o Cerrado. Também conheceu os ecossistemas Mata das Arau- seguem sobreviver em cárias e Mata dos Cocais. Agora, associe as características seguintes com os biomas e com os ecossistemas locais secos, como a Caa- mencionados. tinga. Seus ovos também a) Ocorre no extremo sul do país. Nele predominam as gramíneas (capim) e, como atividade econômica, destaca-se apresentam adaptações que evitam a desidrata- a criação de gado. ção dos embriões. b) É o maior bioma do Brasil, com grande biodiversidade, árvores de grande porte e clima quente e úmido. c) Possui solo ácido, com muitas gramíneas (capim) e árvores e arbustos esparsos, com galhos retorcidos e raízes b) Esses lagartos prova- velmente morreriam se longas. É encontrado no Brasil central. as frestas onde vivem d) É muito quente durante o dia. Nesse bioma predominam plantas com folhas reduzidas ou transformadas em fossem inundadas. espinhos, caules que armazenam água e outras adaptações à falta de água. É encontrado no Nordeste do Brasil. 12. A queimada mata os orga- e) Situado na costa brasileira, esse bioma é uma floresta bastante devastada pela ação humana, com rica biodiver- nismos decompositores, prejudicando a reciclagem sidade. da matéria. Com isso, a fer- f) Ocorre em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul; boa parte de sua área fica periodicamente alagada na época das tilidade do solo diminui. chuvas. 13. a) Pampas; g) O pinheiro-do-paraná é a árvore típica desse bioma. h) Situado entre a Floresta Amazônica e a Caatinga, com vários tipos de palmeira, como o babaçu e a carnaúba. b) Floresta Amazônica; 144 Assinale as afirmativas verdadeiras. a) Na Caatinga existem plantas com adaptações ao clima seco. c) Cerrado; b) A Mata das Araucárias é uma floresta de clima tropical encontrada no nordeste do Brasil. c) A Floresta Amazônica é a maior Floresta Tropical do mundo. d) Caatinga; d) As queimadas nas Florestas Tropicais contribuem para aumentar a fertilidade do solo em longo prazo. e) A Floresta Amazônica possui solo fértil, propício à agricultura e à pecuária em extensas áreas. e) Mata Atlântica; f) A vegetação dos Campos não é suficiente para sustentar os animais herbívoros. g) Os Pampas são campos que se encontram no Rio Grande do Sul. f) Pantanal; h) O pinheiro não perde as folhas no inverno porque elas possuem uma cobertura protetora e impermeável. i) Folhas transformadas em espinhos e caules que armazenam água são adaptações características da vegetação g) Mata das Araucárias; da Caatinga. h) Mata dos Cocais. j) No Brasil, a maior concentração de gimnospermas é encontrada nos Cerrados. 14. a, c, g, h, i. De olho no texto De olho no texto Leia o texto a seguir, veja a figura 3.61, relacione as ideias apresentadas com os conceitos que você viu neste capítulo e depois faça o que se pede. a) Respostas pessoais. Durante três dias de sol forte,na segunda semana de março de 2018,uma equipe da Universidade Federal de Pernam- b) Caatinga. buco (UFPE) cavou crateras na terra seca de roças abandonadas no Parque Nacional do Catimbau, na região central de Pernambuco, para examinar o interior de ninhos de saúva. [...] c) O aumento no número de ninhos de saúva é uma evi- A proliferação dos ninhos de saúva evidencia o empobrecimento da Caatinga causado pela retirada lenta e contínua dência da degradação da de árvores e de animais das matas. Por consistir na extração de pequenas porções de recursos naturais, esse processo Caatinga, causada pela re- escapa das imagens de satélite, mas, em silêncio, transforma a paisagem do sertão nordestino e aumenta o risco de de- tirada das árvores e dos ani- sertificação. Outro sinal visível da metamorfose é a proliferação de plantas invasoras como a algaroba (Prosopis juliflora), mais. O estudo dos ninhos árvore nativa dos Andes usada para extração de madeira e alimentação do gado. As invasoras crescem com rapidez em é importante porque essa ambientes mais abertos e tornam-se dominantes em roças ou pastos abandonados. evidência não pode ser per- cebida por imagens de sa- [...] télite. ATIVIDADES 95 d) Algaroba (Prosopis juliflo- ra). A planta veio dos Andes para ser usada na produ- ção de madeira e na alimen- tação do gado. e) A exploração econômica e a ação dos grandes produto- res rurais. 10. A maioria das aves pode voar, por isso elas conseguem per- correr grandes distâncias, fugindo de condições desfavorá- veis, como o frio ou a seca. CAPÍTULO 3 – MANUAL DO PROFESSOR 95

Respostas e Respostas da seção Atividades nas Orientações didáticas. orientações didáticas A ação humana sobre a vegetação nativa do interior do Nordeste é antiga. No século XVI, o sertão produzia carne e Trabalho em equipe alimentos para os moradores do litoral,que priorizavam a produção de cana-de-açúcar. Como resultado de cinco séculos de exploração econômica, quase metade (45%) da área original da Caatinga – 826 mil km2, o equivalente a 11% do terri- 1. Alguns exemplos de cadeias tório nacional – já foi desmatada, como resultado principalmente da ação dos grandes produtores rurais. [...] alimentares: na Floresta Tropical: folhas, frutos e se- FIORAVANTI, Carlos. A corrosão da Caatinga. Pesquisa Fapesp. mentes de árvores ➝ ma- Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.br/2018/04/19/a-corrosao-da-caatinga>. Acesso em: 11 fev. 2019. cacos (ou preguiças, araras, tucanos) ➝ onças (ou ji- Delfim Martins/Pulsar Imagens boias, sucuris, harpias). Na Savana: capim ➝ ze- 3.61 Algaroba (Prosopis bras (ou gnus, antílopes) juliflora; chega a 12 m ➝ leão (ou hienas, cachor- de altura). ros-do-mato, chacais). a) Consulte em dicionários o significado das palavras que você não conhece e redija uma definição para essas No Cerrado: capim (ou folhas, palavras. raízes, frutas, sementes) ➝ cutias (ou antas, capivaras, b) Qual é o bioma brasileiro mencionado no texto? veados-campeiros) ➝ onças c) De que forma a procura por ninhos de saúva pode ajudar os pesquisadores a entender mudanças no ambiente (ou lobos-guará). estudado? No Pantanal: capim (ou fo- d) Espécies invasoras são aquelas que foram introduzidas em um ambiente. Por não terem inimigos naturais, essas lhas, raízes, frutas, semen- tes) ➝ cervos-do-pantanal espécies se multiplicam rapidamente, provocando impactos. Qual a espécie invasora mencionada pelo texto? Por (ou antas, capivaras, pa- que essa espécie foi levada para a Caatinga? cas) ➝ onças. e) De acordo com o texto, qual a principal causa de degradação do bioma estudado? 2. Países de megadiversida- de são os países mais ricos Trabalho em equipe em biodiversidade do mun- do, com o maior número de Cada grupo de estudantes vai escolher uma das atividades a seguir para pesquisar em livros, revistas ou sites confiáveis espécies endêmicas (espé- (de universidades, centros de pesquisa, etc.). Vocês podem buscar o apoio de professores de outras disciplinas (Geografia, cies que só existem naque- História, Língua Portuguesa, etc.). Exponham os resultados da pesquisa para a classe e a comunidade escolar (estudantes, le país). Hotspots (“pontos professores e funcionários da escola e pais ou responsáveis), com o auxílio de ilustrações, fotos, vídeos, blogues ou mídias quentes”, em inglês) são eletrônicas em geral. Ao longo do trabalho, cada integrante de grupo deve defender seus pontos de vista com argumentos regiões de grande biodi- e respeitando a opinião dos colegas. versidade e ameaçadas de extinção. Para ser con- 1 Elaborem uma apresentação no computador, um cartaz ou construam uma maquete com alguns animais e plantas siderado um hotspot, um em um exemplo de cadeia alimentar para os seguintes biomas: Tundra, Taiga, Floresta Temperada, Floresta Tropical, bioma deve ter pelo menos Savana, Cerrado e Pantanal. Considerando o conteúdo visto no 6o ano, em cada cadeia identifiquem os produtores, 1500 espécies endêmicas os consumidores primários e os consumidores secundários. de plantas e ter perdido 70% ou mais de sua área original. 2 O que são países de megadiversidade e o que é um hotspot? 3. Povos e Comunidades Tra- 3 Como são definidos pela legislação brasileira os membros dos Povos e Comunidades Tradicionais? Deem exemplos dicionais (PCTs) são, con- forme o Decreto desses povos e de comunidades encontrados no Brasil. Que medidas governamentais existem para preservar a 6040/2007: “Grupos cul- tradição e a cultura desses povos e comunidades? Pesquisem também se alguns desses grupos são encontrados turalmente diferenciados na região em que vocês vivem e, em caso afirmativo, quais os hábitos e as tradições culturais deles. e que se reconhecem como tais, que possuem formas 96 ATIVIDADES próprias de organização social, que ocupam e usam praieiros, sertanejos, jangadeiros, ciganos, açorianos, cam- Conhecer diferentes modos de vida presentes nas comunida- territórios e recursos na- peiros, varzanteiros, pantaneiros, geraizeiros, veredeiros, turais como condição para caatingueiros, retireiros do Araguaia, entre outros. Existe uma des tradicionais e refletir sobre eles, procurando desmistificar sua reprodução cultural, Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos social, religiosa, ancestral e Comunidades Tradicionais para promover o desenvolvimen- os estereótipos a eles associados, pode promover o desenvolvi- e econômica, utilizando co- to sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, com mento gradativo da competência socioemocional de percepção nhecimentos, inovações e ênfase no reconhecimento, no fortalecimento e na garantia social. Veja mais no Material Digital do Professor. práticas gerados e trans- dos seus direitos territoriais, sociais, ambientais, econômicos mitidos pela tradição.”. e culturais, com respeito e valorização à sua identidade, suas Exemplos de PCTs encon- formas de organização e suas instituições. trados no Brasil: povos in- dígenas, quilombolas, se- ringueiros, castanheiros, quebradeiras de coco-de- -babaçu, comunidades de fundo de pasto, faxinalen- ses, pescadores artesa- nais, marisqueiras, ribeiri- nhos, varjeiros, caiçaras, 96 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 2

Respostas da seção Atividades nas Orientações didáticas. 8. Entre muitos outros fatos, o estudante poderá relatar 44 Quais são as principais causas do desmatamento e da destruição do solo no Brasil? Obtenham dados atuais sobre que, na ocasião da chegada o desmatamento e as áreas ameaçadas de desertificação. Quais os projetos e programas que estão sendo desen- dos primeiros portugueses volvidos para resolver esses problemas? Que problemas estão afetando esse bioma? O que pode ser feito para ao continente sul-america- minimizar os problemas? no, o pau-brasil (Caesalpinia echinata) era abundante 54 Elaborem um texto sobre os problemas atuais que afetam os seguintes biomas brasileiros e as medidas que estão na área original correspon- sendo adotadas para preservá-los: Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pantanal, Pampas. Iden- dente à Mata Atlântica, mas tifiquem esses biomas em um mapa do Brasil. que hoje a espécie está se- riamente ameaçada de ex- 64 Identifiquem o bioma mais representativo da cidade ou do estado em que vocês vivem e investiguem quais são os tinção, devido à exploração impactos que esse bioma vem sofrendo, que consequências isso pode trazer para a população local e o que pode ser intensiva. Com a derrubada feito para evitar isso. Entrevistem alguns moradores e perguntem a eles o que pensam sobre a preservação desse das árvores de pau-brasil, bioma, o que deveria ser feito para isso, etc. foi destruída boa parte da Mata Atlântica, um dos bio- 74 Elaborem uma campanha explicando a importância da preservação da biodiversidade. Utilizem principalmente da- mas de maior biodiversida- dos da biodiversidade no Brasil. Podem ser usados cartazes, apresentações no computador, frases de alerta, folhe- de do mundo e também um tos com textos e imagens e outros recursos. dos mais ameaçados do planeta. 84 Com o apoio dos professores de Ciências, História, Geografia, Língua Portuguesa e Arte, façam uma pesquisa sobre a árvore conhecida como pau-brasil. Descubram, por exemplo: seu nome científico; sua utilização pelo ser humano A árvore, que atinge até cer- e a história de sua exploração pelos europeus; a relação entre a exploração do pau-brasil e a Mata Atlântica; o que ca de 30 m de altura, tem foi, na literatura, o Manifesto Pau-Brasil, etc. esse nome por causa da cor Procurem saber se, em sua região, existe alguma instituição educacional (por exemplo, uma universidade, um mu- da madeira, fortemente seu, um centro de ciências) que trabalhe com o tema “flora brasileira” ou que mantenha uma exposição sobre esse avermelhada, e sua explo- tema e verifiquem se é possível visitar o local. Como opção, podem ser pesquisados sites de universidades, museus, ração excessiva na época etc. que disponibilizem uma exposição virtual sobre as plantas da flora nacional. da colonização se devia ao fato de que era usada na 94 Há uma brincadeira em que um grupo de pessoas se reúne e cada uma, em sequência, tem de dizer o nome produção de um corante de uma fruta com a letra A. Cada um que deixa de responder é eliminado. A brincadeira continua com a letra B, para roupas. O Manifesto depois com a letra C, e assim por diante, até que acabem as opções. Essa brincadeira mostra que o Brasil pos- Pau-Brasil, publicado por sui uma imensa variedade de frutas comestíveis. Façam essa brincadeira, anotem o nome das frutas e depois Oswald de Andrade, em pesquisem em que regiões do Brasil são encontradas as frutas mencionadas. Falem também um pouco sobre 1924, defendia a produção cada fruta: entre outras características, expliquem como ela é consumida. de uma literatura ligada à realidade brasileira, e foi 104 Pesquisem algumas espécies de répteis encontradas no Brasil: onde são encontradas, quais são suas relações eco- muito importante para a lógicas com os seres humanos, quais delas estão em risco de extinção e que medidas devem ser tomadas para evi- primeira fase do movimen- tar que isso ocorra. Busquem também informações sobre o trabalho desenvolvido pelo Projeto Tamar, que é ligado to modernista no Brasil. ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). 9, 10, 11 e 12. As listas vão depender da época e da 114 Pesquisem uma lista atualizada de aves ameaçadas de extinção no Brasil. Escolham uma ordem e identifiquem pelo região em que for feita a menos um representante, com fotos ou ilustrações. Pesquisem também os estados brasileiros em que cada espécie pesquisa. escolhida é encontrada, seu nome científico e seu nome popular, algumas características dessas espécies, alguns fatores responsáveis pela extinção e possíveis planos de ação desenvolvidos para evitar a extinção delas. Autoavaliação 124 Pesquisem uma lista atualizada de mamíferos da fauna brasileira ameaçados de extinção. Cada grupo deverá, então, 1. Faça um levantamento dos escolher dois desses animais e fazer um resumo de algumas de suas características (habitat, alimentação, modo de temas mais citados pelos locomoção, dimensões do corpo, mecanismo de defesa ou captura de outros animais, etc.). estudantes, sistematizando as dúvidas, e retome esses Autoavaliação assuntos com eles. É impor- tante incentivá-los a se ex- 1. Você teve dificuldade para compreender algum dos conteúdos deste capítulo? Se sim, o que fez para superar essa pressarem nesse momento, dificuldade? para que encarem com na- turalidade (e não com cons- 2. Considerando o que você estudou neste capítulo, que atitudes do seu cotidiano podem ser modificadas para me- trangimento) a existência de lhorar a conservação do bioma em que você vive? dúvidas e a busca pela reso- lução delas. 3. Neste capítulo você viu que uma grande diversidade de animais vive no Brasil. A sua percepção sobre a importância de conservar essa diversidade mudou após estudar o capítulo? 2. Reduzir a produção de lixo, economizar água e conver- ATIVIDADES 97 sar com a população para conscientizá-la da impor- Respostas e orientações didáticas 6. Esta atividade permite que o estudante tenha contato com tância da conservação do Trabalho em equipe os problemas que afetam o ambiente da região em que ele ambiente são ações que po- vive e verifique como se dá a percepção desses problemas deriam ser listadas. 4. O objetivo é estimular o estudante a desenvolver a atividade pela população local. de pesquisa, consultando várias fontes diferentes, a apren- 3. Atente para as respostas da- der a usar a internet e a organizar uma espécie de banco de 7. Esta atividade ajuda o estudante a desenvolver a criativida- das pelos estudantes e, se dados sobre os biomas brasileiros e seus problemas. de, a exercitar a expressão oral, escrita e gráfica, além de possível, promova uma dis- estimular a preocupação com a preservação da biodiversi- cussão a respeito desse te- 5. Esta atividade possibilita que o estudante se mantenha atua- dade e de possibilitar uma interação entre diversas discipli- ma. Verifique se houve, em lizado sobre os problemas ambientais que afetam os biomas nas e a comunidade escolar. geral, conscientização por brasileiros. parte dos estudantes sobre a importância de conservar a diversidade. CAPÍTULO 3 – MANUAL DO PROFESSOR 97

CAPÍTULO 4 CAPÍTULO O ambiente aquático e a Objetivos do capítulo 4 região costeira Neste capítulo, serão estu- Edu Lyra/Pulsar Imagens dados os ecossistemas costei- ros, com foco naqueles que 4.1 Manguezal na ilha de Maiandeua, no município de Maracanã (PA), 2017. Observe os ramos que ajudam na Para começar existem no Brasil: manguezal, sustentação dessa espécie de árvore que vive apenas no manguezal. Essa vegetação protege o solo da costão rochoso, restinga e du- erosão porque diminui o impacto das ondas do mar. 1. Qual é a importância nas. Serão explorados ainda os da preservação dos ecossistemas aquáticos a par- Respostas do boxe Para começar nas Orientações didáticas. manguezais? tir do plâncton, nécton e bentos. Por fim, serão trabalhados os O Brasil tem um extenso litoral, que vai do estado do Amapá ao Rio Grande do 2. Como a luz afeta problemas existentes e as Sul, banhado pelo oceano Atlântico. Na costa brasileira são realizadas a pesca, o turis- a distribuição dos ameaças a esses ambientes. mo e a extração de petróleo, entre outras atividades. organismos nos ecossistemas Habilidades da BNCC A zona costeira é uma região de transição entre a terra e o ambiente aquático. aquáticos? abordadas Grande parte dos ecossistemas dessa área, como os manguezais (veja a figura 4.1), é aterrada para o estabelecimento de construções ou está ameaçada por derramamen- 3. Quais são as EF07CI07 Caracterizar os prin- to de petróleo, pesca sem controle, exploração de madeira e lançamento de produtos principais ameaças cipais ecossistemas brasileiros e resíduos industriais no litoral. originadas por quanto à paisagem, à quanti- atividades humanas dade de água, ao tipo de solo, à vida aquática? à disponibilidade de luz solar, à temperatura etc., correlacio- 4. O que pode ser feito nando essas características à para preservar os flora e fauna específicas. organismos dos ecossistemas EF07CI08 Avaliar como os im- aquáticos? pactos provocados por catás- trofes naturais ou mudanças 98 UNIDADE 2 ¥ Ecossistemas, impactos ambientais e condições de saúde nos componentes físicos, bioló- gicos ou sociais de um ecossis- Respostas do boxe Para começar tema afetam suas populações, podendo ameaçar ou provocar 1 Os manguezais são locais de reprodução e desenvolvimen- zantes; chuva ácida e outras consequências da queima de a extinção de espécies, altera- ção de hábitos, migração etc. to de vários animais, como peixes e crustáceos. Sua vege- combustíveis fósseis; pesca industrial. Orientações didáticas tação ajuda a evitar o assoreamento das praias. 4 É necessário evitar desequilíbrios ambientais causados, A imagem de abertura e as 2 A luz solar não atinge profundidades maiores que cerca de por exemplo, por poluentes. É necessário fiscalizar indús- perguntas do boxe Para come•ar 200 m, limitando a presença de seres fotossintetizantes. trias, construir estações de tratamento de esgoto, usar podem ser usadas para verificar os conhecimentos prévios dos 3 Despejo de esgoto sem tratamento, poluentes industriais; corretamente os agrotóxicos e buscar alternativas aos estudantes sobre ecossistemas aquáticos, desenvolvidos ao lon- vazamento de petróleo; poluição por agrotóxicos e fertili- combustíveis fósseis. go deste capítulo. Pergunte a eles quais elementos contribuem para as características da pai- sagem presentes na figura 4.1, questionando, por exemplo, so- bre luminosidade, salinidade e umidade. Aponte na imagem as raízes das plantas que estão so- bre o solo. Mencione que esse tipo de raiz-suporte auxilia na estabilização da planta em solo lamacento, para que os estudan- tes notem que os organismos apresentam adaptações às di- ferentes condições do meio em que vivem e desenvolvam a ha- bilidade EF07CI07 . Para ampliar o trabalho com o conteúdo, consulte a Sequência Didática dispo- nível no Material Digital do Professor. 98 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 2

1 A zona costeira Orientações didáticas No litoral brasileiro há diversos ecossistemas próximos à costa. Cada um deles Antes de abordar os diversos apresenta características próprias, com fauna e flora típicas. Os principais ecossis- ecossistemas aquáticos, procu- temas brasileiros associados ao litoral são os manguezais, as restingas, os costões re trazer aos estudantes dados rochosos, as praias e os recifes. Veja a figura 4.2. sobre a extensão territorial da zona costeira utilizando um ma- Tales Azzi/Pulsar Imagens pa do Brasil. Relembre que o lito- ral brasileiro apresenta uma Ernesto Reghran/Pulsar Imagens 4.2 Vista aérea de recifes extensão de aproximadamente de corais em Maxaranguape 8500 km. Esses dados são im- (RN), 2018. portantes para que os estudantes se atenham ao tamanho consi- Em muitos dos ecossistemas que vamos estudar, vivem importantes comunida- derável da zona costeira brasilei- des tradicionais. É o caso dos caiçaras, que habitam certas regiões do litoral do Brasil ra, bem como sua importância e vivem principalmente do extrativismo e da pesca artesanal. Além dos recursos do em termos de biodiversidade e mar, eles usam os recursos da mata para construção de casas, redes e canoas. As recursos naturais. comunidades caiçaras misturam heranças culturais de vários povos, como indígenas e portugueses. Veja a figura 4.3. Em seguida, mencione que esta faixa litorânea apresenta A seguir, vamos conhecer os manguezais, os costões rochosos e a restinga com uma grande variação com rela- mais detalhes. ção ao meio físico, sendo muito diversa em termos de clima, lu- 02_04_f24_7TCieg20At Foto Nova minosidade, salinidade, tempe- ratura e, portanto, biodiversidade. Ernesto Reghran/Pulsar Imagens Apresente características gerais sobre manguezais, restingas, 4.3 Comunidade caiçara na praia dos Castelhanos, em Ilhabela (SP), 2017. 02_04_f25_7TCieg20At Foto Nova costões rochosos, praias e reci- No detalhe, crianças da comunidade jogando futebol. fes, com o intuito de familiarizar O ambiente aquático e a região costeira • CAPÍTULO 4 99 os estudantes à terminologia. Faça a leitura da figura 4.2 com os estudantes para moti- vá-los a investigar as caracte- rísticas dos recifes de corais. Pergunte à turma o que pode- mos perceber sobre as carac- terísticas desse ecossistema. Espera-se que percebam que é uma região de pequena profun- didade, com alta luminosidade e águas mais calmas, sem a presença de arrebentação. Ao final desta página, pro- mova a valorização das culturas de povos tradicionais, como quilombolas, caiçaras, ribeiri- nhos e indígenas, que se utili- zam do extrativismo e da pesca como forma de subsistência. Para isso, faça a leitura coletiva da figura 4.3. Se possível, em algum momento neste capítulo, proponha um trabalho interdis- ciplinar com História e/ou Lín- gua Portuguesa, destacando elementos da cultura dos povos tradicionais e os modos de ex- trativismo, destacando as es- pécies animais e vegetais utilizadas na alimentação. Além de esse tipo de atividade con- tribuir para o desenvolvimento de competências gerais da BNCC (CG 1, CG 4, CG 6, CG 9 e CG 10), o trabalho interdiscipli- nar pode ajudar na sistemati- zação dos conteúdos. CAPÍTULO 4 – MANUAL DO PROFESSOR 99

Orientações didáticas Manguezal Existem aproximadamente 10 000 km2 de área de Sugere-se iniciar os estudos O manguezal, também conhecido como floresta de mangue, situa-se em vários manguezal no Brasil, sobre ecossistemas aquáticos locais da costa brasileira e é característico das regiões onde o mar se encontra com a desde o Amapá até Santa tratando dos manguezais, por água doce dos rios. Reveja a figura 4.1. Catarina. O estado de São meio da análise da figura 4.4. Paulo concentra grandes É fundamental esclarecer que A matéria orgânica carregada pela água dos rios se deposita no manguezal, uma áreas desse ecossistema, os manguezais são regiões li- região de solo lodoso, alagada por uma mistura de água doce e salgada (denominada com 240 km2 de torâneas em que os rios se en- água salobra) e mal arejada. Essas condições limitam o desenvolvimento da vegetação, manguezais. contram com as correntes ma- que é pouco diversificada. Entre as adaptações encontradas em algumas plantas do rinhas. Enfatize ainda as carac- manguezal estão as ramificações do caule, que ajudam na sustentação da planta, e as Eduardo terísticas do meio físico, desta- ramificações das raízes conhecidas como pneumatóforos. De forma diferente do que cando que a concentração de ocorre com a maioria das raízes, os pneumatóforos afloram do solo e facilitam a ab- gás oxigênio no solo é muito sorção do oxigênio do ar. Veja a figura 4.4. baixa. Essa noção contribui pa- ra o desenvolvimento da habi- Vitor Marigo/Tyba Justiniano/AGB Photo Library lidade EF07CI07 . As plantas do manguezal possuem adap- João Prudente/Pulsar Imagens 4.4 Árvores do gênero Avicennia em manguezal de Paraty (RJ), 2018. Observe, no detalhe, os Muitos animais vivem tações que viabilizam a vida de- pneumatóforos aflorando do solo. permanentemente no las em tal solo: pneumatóforos manguezal, mas outros especializados em captar gás O manguezal é fundamental para a reprodução de muitas espécies de animais. têm o mar como habitat e oxigênio do ar. Nele vivem diversos invertebrados, como poliquetas, moluscos e caranguejos (veja passam apenas uma fase a figura 4.5), e muitos vertebrados, como peixes, aves, répteis e mamíferos. Várias da vida no local. Após abordar as caracterís- espécies de peixes se reproduzem nos manguezais, enquanto aves (como gaivotas, ticas do meio físico, mencione garças, socós e urubus), jacarés e mamíferos (como guaxinins e lontras) buscam Mundo virtual a enorme biodiversidade pre- alimento nesse ambiente. sente nesse ecossistema, re- O ecossistema manguezal lembrando que muitas espécies Infelizmente, devido à valorização das http://ecologia.ib.usp.br/ fazem a postura de ovos no regiões onde estão localizados, boa par- portal/index. manguezal. Destaque a presen- php?option=com_ ça de caranguejos, moluscos, te dos manguezais já foi degradada content&view=article&id=7 répteis, mamíferos e aves que para a construção de casas e con- 0& habitam esse ecossistema. Pa- domínios, por exemplo, enquanto Site com informações ra analisar as relações ecológi- a parte restante sofre com a ocu- sobre os manguezais, cas, os estudantes podem de- pação humana e com a instalação como localização, senhar uma cadeia alimentar de indústrias que poluem esses vegetação, fauna, típica do manguezal. ecossistemas. importância, uso sustentável e proteção. Assim como feito no capítulo 4.5 No Brasil, muitas pessoas conseguem seu sustento com a comercialização de Acesso em: 4 fev. 2019. anterior, é importante mencio- caranguejos, como o caranguejo-uçá (Ucides cordatus; cerca de 8 cm de largura). nar aos estudantes que a explo- ração do território pode causar 100 UNIDADE 2 ¥ Ecossistemas, impactos ambientais e condições de saúde impactos ambientais, prejudi- cando os organismos que vivem Texto complementar – ICMBio lança plano para conservação dos manguezais no ecossistema. Como existe um grande interesse econômico [...] O PAN Manguezais é resultado do trabalho da Coordenação de de importância socioeconômica, para as comunidades locais”, co- em áreas litorâneas, muitas re- giões de manguezais têm sido Planos de Ação Nacional (COPAN/ICMBio) com o apoio do Projeto mentou Kátia Barros [chefe do CNPT/ICMBio]. [...] degradadas para a construção de hotéis e condomínios. Manguezais do Brasil, e sob a coordenação do Centro Nacional de Foram estabelecidas ações de conservação para 74 espécies-alvo, Pesquisa e Conservação da Sociobiodiversidade Associada a Povos sendo 20 espécies consideradas ameaçadas em nível nacional, nove Para aprofundar o assun- e Comunidades Tradicionais (CNPT/ICMBio). espécies ameaçadas constantes exclusivamente em listas estaduais, to, compartilhe com os es- tudantes o audiovisual disponível no Material Digital do Professor. Mundo virtual Mais informações sobre impactos ambientais nos manguezais no site: <http:// revistapesquisa.fapesp. br/2016/06/15/yara-schaef fer-novelli-no-atoleiro-do -manguezal/>. Acesso em: 5 fev. 2019. “O PAN tem uma abordagem inovadora no planejamento da con- além de 45 espécies de importância socioeconômica e não ameaçadas, servação de espécies ameaçadas, associado ao manejo de espécies indicadas por representantes de Povos e Comunidades Tradicionais. 100 MANUAL DO PROFESSOR – UNIDADE 2

Costão rochoso Mundo virtual Orientações didáticas Costões rochosos são ambientes costeiros formados sobre rochas à beira-mar, ou Vegetação de praias Inicie os estudos sobre os cos- seja, na transição entre o meio aquático e o meio terrestre. Eles estão presentes em e dunas tões rochosos perguntando aos quase todo o litoral brasileiro, do Maranhão ao Rio Grande do Sul. Entre os organismos http://www.ib.usp.br/ estudantes se eles conhecem o que compõem esse ecossistema estão: esponjas-do-mar, anêmonas, moluscos, crus- ecosteiros/textos_educ/ ciclo das marés. Mencione que táceos e algas. O ambiente do costão é pobre em nutrientes, salgado e muito impactado restinga/caract/praias_e_ as águas do mar apresentam pelas ondas. A variação do nível da maré expõe parte das rochas ao ambiente seco duas dunas.htm correntezas cíclicas e a maré po- vezes ao dia, condição para qual alguns organismos apresentam adaptações que ajudam Traz características de estar subindo ou descendo, na fixação ao substrato (a rocha) e que diminuem a perda de água. Veja a figura 4.6. do ambiente das dependendo do momento do dia. praias, como a influência mexilhões das marés, o tipo de Assim, a água do mar pode vegetação e de substrato, submergir, provisoriamente, al- além da importância gumas porções de rochas. Por da área para alimentação essa razão, as marés têm um e rota migratória efeito direto na vida dos orga- de animais. nismos marinhos. Aproveite es- Acesso em: 4 fev. 2019. te momento para fazer a análise Edson Grandisoli/Pulsar Imagens da figura 4.6. Peça aos estudan- Vitor Marigo/Opção Brasil Imagens tes que descrevam este ambien- 4.6 Algas verdes e mexilhões te, elencando as espécies que (moluscos bivalves; 5 cm a habitam este ecossistema. algas 8 cm de comprimento) em costão rochoso de praia em Utilizando um mapa do Bra- Vila Velha (ES), 2014. sil, debata com os estudantes a localização geográfica dos Restinga e dunas costões rochosos presentes em quase todo o litoral brasileiro. A restinga ocupa áreas próximas ao mar, a parte mais alta da praia e as dunas Ao tratar sobre restinga e – montes de areia acumulada e movimentada pela ação dos ventos. Nessa região Enrico Marone/P dunas, analise a figura 4.7 em arenosa há uma vegetação rasteira com arbustos e, em certos locais, algumas árvores. conjunto com os estudantes. Poucas gramíneas e plantas rasteiras, como o cipó-de-flores, conseguem viver nas ulsar Imagens Mencione as características do meio físico, como a presença dunas. As raízes dessas plantas muitas vezes impedem que a areia ao redor seja le- de ventos, luminosidade, umi- dade e as propriedades do so- vada pelo vento. Veja a figura 4.7. lo. Realce as adaptações das plantas que vivem em solo A vegetação está adaptada a um solo arenoso, de baixa fertilidade e elevada sa- arenoso, com poucos nutrien- tes. Se julgar interessante, ca- linidade. As árvores de maior porte são encontradas em pontos mais distantes do mar. racterize esta paisagem em atividades de desenho em fo- Nas restingas aparecem aves lhas avulsas. Apesar de esse ambiente parecer apenas uma (algumas migratórias, outras perma- grande quantidade de areia sem plantas arbóreas, relem- nentes; reveja a figura 4.7), como gar- bre a grande biodiversidade de invertebrados e aves que ha- ças e gaivotas, e mamíferos, como a bitam este ecossistema. Para o desenvolvimento da habili- queixada. Há também caranguejos, dade EF07CI07 , recomenda- -se o estudo de relações eco- lagartos e tartarugas marinhas que lógicas entre as espécies. fazem a desova na restinga. Mundo virtual Dunas e restingas vêm sendo Mais informações sobre res- tingas no site: <http://www. cada vez mais utilizadas para a cons- meioambiente.pr.gov.br/arqui vos/File/cobf/V1_Restinga. trução de moradias, deixando a re- pdf>. Acesso em: 5 fev. 2019. gião mais exposta à erosão pelas ondas do mar e provocando a migra- 4.7 Vegetação de restinga na praia do Pontal em Itacaré (BA), 2016. No destaque, ção ou a extinção de espécies pela andorinha-do-mar (Sterna paradisaea; cerca de 35 cm de comprimento), ave migratória perda de habitat. em Cururupu (MA), 2016. O ambiente aquático e a região costeira • CAPÍTULO 4 101 O PAN Manguezal integra representantes de Povos e Comunidades “A elaboração do PAN Manguezal teve um envolvimento muito Tradicionais, pesquisadores, gestores de Unidades de Conservação, forte da comunidade científica, das lideranças dos movimentos so- representantes do governo e de Organizações Não Governamentais. ciais, que têm essa relação não só com as Resex, mas com outros Além disso, a gestão desse ecossistema engloba diferentes saberes: espaços que independente de ser UC têm populações tradicionais, tradicional, científico e político. com os estados e com os órgãos do Governo Federal”, afirmou Ro- berto Vizentin. [...] LIMA L. ICMBio lança plano para conservação dos manguezais. ICMBio. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/portal/ultimas-noticias/20-geral/6701-icmbio-lanca-plano-para-conservacao-dos-manguezais>. Acesso em: 5 fev. 2019. 101CAPÍTULO 4 – MANUAL DO PROFESSOR

Orientações didáticas Gerson Gerloff/Pulsar ImagensConexões: Ci•ncia e sociedade Ao avaliar a seção Conexões: Pesca sustentável e as comunidades tradicionais Ciência e sociedade sobre a pes- ca sustentável, aborde o assun- O extrativismo é a atividade que consiste em retirar do meio ambiente recursos para fins comerciais ou industriais. to com os estudantes de forma Esses recursos podem ser de: origem mineral, como a prata, o cobre e o ouro; origem vegetal, como o látex; ou origem cautelosa, visando desenvolver animal, como os peixes provenientes da pesca. O extrativismo sustentável busca uma maneira de retirar os recursos a competência específica da do meio ambiente de forma consciente, com a preocupação de que esses recursos não se esgotem. BNCC que trata do embasamen- to na defesa das opiniões, sem A pesca sustentável, por sua vez, é uma das mais importantes atividades extrativistas praticadas pelos povos e a presença de preconceitos de comunidades tradicionais da Amazônia, da costa do Brasil e de outras regiões. Os peixes capturados servem, so- qualquer natureza (CECN 5). bretudo, de fonte de alimento dessas comunidades. Por isso, a preservação do habitat e das espécies é fundamental Explique aos estudantes que a não somente para o equilíbrio do ecossistema como também para a sobrevivência das pessoas. Veja a figura 4.8. retirada massiva de organismos com fins comerciais causa de- 4.8 Cacique guarani sequilíbrios ecológicos, podendo pescando com arco levar espécies à extinção. Utilize e flecha na aldeia a leitura coletiva dessa seção Kouenjú-M’bya em para desenvolver a habilidade São Miguel das Missões EF07CI08 da BNCC. (RS), 2016. A seção aborda também ati- As comunidades pesqueiras no Brasil são formadas por aproximadamente 800 mil trabalhadores que têm na vidades de povos tradicionais, pesca artesanal sua principal, ou única, forma de sustento. Muitos desses pescadores fazem parte de uma cultura ressaltando suas relações com conhecida como caiçara. A palavra “caiçara” é de origem tupi-guarani: caa significa “galhos” ou “paus” e içara significa o ambiente e organismos vivos “armadilha”. O termo denomina as comunidades de pescadores tradicionais dos estados de São Paulo, Paraná e sul que lhes servem de sustento. A do estado do Rio de Janeiro. partir disso, é possível conver- sar com os estudantes sobre os Em decorrência do vasto conhecimento de pesca que possuem, muitos caiçaras abandonaram a atividade de sub- riscos a que estão submetidas sistência e passaram a trabalhar em grandes barcos de pesca comercial. as populações de organismos marinhos devido à superexplo- A proibição da pesca em alguns períodos do ano é chamada defeso. Essa medida foi necessária porque, nas últimas ração pelo ser humano. décadas, a intensificação da atividade pesqueira e o uso inadequado de rios e lagos de várzea tiveram como conse- quência o esgotamento de algumas espécies de animais. Assim, o risco de extinção tornou necessário criar acordos de pesca, que, para serem efetivos, dependem da participação e do empenho da comunidade. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o defeso é uma medida que visa proteger os organismos aquáticos durante as fases mais críticas de seu ciclo de vida, que são: • época de reprodução; • período em que o crescimento é maior. Além de impedir a pesca quando os peixes estão mais vulneráveis, o defeso favorece a sustentabilidade dos estoques pesqueiros. Contudo, são necessárias outras medidas para proteger os ambientes aquáticos e terrestres. A preservação das culturas indígenas e caiçaras também é uma das maneiras de cuidar do habitat e tornar sustentáveis a pesca e outras formas de extrativismo. Considerando ainda o trabalhador que vive exclusivamente da pesca, o governo garante um benefício chamado seguro-defeso para que esses pescadores não sejam prejudicados durante os períodos nos quais a pesca deve estar suspensa. 102 UNIDADE 2 ¥ Ecossistemas, impactos ambientais e condições de saúde 102 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 2

2 A vida aquática Eufótica: vem do grego Orientações didáticas eu, “bem”, e phôs, “luz”. Um dos aspectos importantes para a vida aquática é a disponibilidade e intensi- Afótica: vem do grego a, Para dar sequência aos estu- dade da luz no ambiente, uma vez que ela é necessária para a fotossíntese e tem “sem”, e phôs, “luz”. dos sobre os ecossistemas aquá- impacto direto na diversidade de organismos. ticos, pergunte aos estudantes: Os seres heterotróficos da “É fácil enxergar debaixo da No ambiente aquático, a intensidade de luz diminui com a profundidade: quanto zona afótica dependem da água?” ou “A luz do Sol consegue mais fundo, menor a quantidade de energia luminosa disponível, uma vez que parte matéria orgânica vinda chegar ao fundo do oceano?”. dela é refletida na camada superficial da água, parte é absorvida pelos organismos da zona eufótica. Espera-se que eles percebam fotossintetizantes das áreas mais superficiais e outra parte é absorvida pela própria que nem sempre é possível en- água. xergar embaixo da água, sobre- tudo se houver matéria orgânica A zona eufótica ou fótica é uma região bem iluminada, que vai da superfície da ou detritos em suspensão na água até cerca de 200 m de profundidade. Nessa região há muitos organismos fotos- superfície. Além disso, a luz do sintetizantes, como algas, que são produtores na cadeia alimentar. Consequentemen- Sol não consegue chegar até as te, essa também é uma zona rica em consumidores, como invertebrados e peixes. profundezas do oceano, haven- do uma grande região muito es- Abaixo da zona fótica está a zona afótica, cuja intensidade de luz é insuficiente cura, em que não é possível para a realização da fotossíntese e por isso ela não é habitada por algas nem por outros realizar a fotossíntese. seres fotossintetizantes. Veja a figura 4.9. Em seguida, faça a leitura da Luiz Iria/Arquivo da editora superfície figura 4.9 para mostrar aos es- tudantes a zona fótica, ilustran- zona fótica cerca de 200 m do que há estratos da maior zona afótica para a menor luminosidade, até correntes de 4.9 Representação das zonas fótica e uma faixa de profundidade do ressurgência afótica e exemplos da distribuição vertical oceano em que não há incidên- de alguns organismos de um ecossistema cia de raios luminosos. Procure marinho. As correntes de ressurgência estabelecer uma relação entre levam a água do fundo do mar para a a intensidade de luz e a presen- superfície, como veremos adiante. ça de produtores, associando-a (Elementos representados em tamanhos ao processo de fotossíntese. não proporcionais entre si. Cores fantasia.) Mencione aos estudantes que Fonte: elaborado com base em a matéria orgânica presente em HICKMAN, C. P. et al. Integrate zonas mais luminosas pode de- cantar até as zonas mais pro- Principles of Zoology, 14. ed. fundas, e as correntes marítimas Boston: McGraw-Hill, 2008. podem trazer materiais presen- p. 816. tes no fundo para a superfície, através das correntes de ressur- O ambiente aquático e a região costeira • CAPÍTULO 4 103 gência. Esse tipo de movimen- tação de matéria orgânica tem relevância nas relações ecoló- gicas, de forma que muitas es- pécies de peixes se deslocam em direção às correntes de res- surgência. Mundo virtual Mais informações sobre impactos ambientais da pes- ca no site: <http://www.ta mar.org.br/interna.php?cod =73>. Para mais detalhes sobre o defeso, consulte o site: <http://www.fiperj.rj.gov.br/ index.php/main/defeso>. Acesso em: 5 fev. 2019. 103CAPÍTULO 4 – MANUAL DO PROFESSOR

Orientações didáticas Pl‰ncton, nŽcton e bentos Plâncton: vem do grego plagktós, Antes de iniciar este item, O plâncton é formado pelo conjunto de seres que, com poder de locomoção limi- “errante”. procure fazer perguntas aos tado, são transportados horizontalmente no meio aquático, sendo, por vezes, arras- estudantes, como: “Vocês já tados pelas ondas e correntes aquáticas. Alguns exemplos desse conjunto são: algas Fitoplâncton: vem visitaram um aquário ou têm microscópicas, protozoários, pequenos crustáceos e outros invertebrados, além de do grego phyton, aquário em casa?”; “Vocês já larvas de vários animais. “planta”, e plagktós, pensaram que em um aquário “errante”. pode haver peixes que vivem Os organismos microscópios fotossintetizantes, como algumas algas, compõem rastejando no fundo, nadando o fitoplâncton, que é a base da cadeia alimentar aquática e da produção de gás oxigênio Zooplâncton: vem do na coluna de água e seres mi- (necessário para a respiração celular da maioria dos seres vivos). Veja a figura 4.10. Os grego zoon, “animal”, croscópicos que flutuam na organismos microscópicos heterotróficos constituem o zooplâncton, que se alimenta e plagktós, “errante”. superfície da água?”. Em se- do fitoplâncton. Veja a figura 4.11. Conforme a profundidade aumenta, a intensidade da guida, aborde as três classifi- luz diminui, tornam-se escassas a população de fitoplâncton e, consequentemente, a cações de plâncton, nécton e de zooplâncton, pela redução da oferta de alimento (fitoplâncton). bentos, relacionando-os com o exemplo apresentado. SPL/Fotoarena © FLPA/D P Wilson/AGB Photo Library Com relação aos estudos da 4.10 Organismos fotossintetizantes que fazem parte do fitoplâncton 4.11 Organismos que fazem parte do zooplâncton vistos biodiversidade e das interações ecológicas entre as espécies, vistos ao microscópio óptico (aumento de cerca de 140 vezes). ao microscópio óptico (aumento de cerca de 30 vezes). procure citar as diferentes es- pécies que vivem nas frações O nécton inclui os seres capazes de nadar e vencer a força das correntes, como Nécton: vem do grego da coluna de água. Associe este os peixes e os mamíferos aquáticos. Veja a figura 4.12. nekton, “aquele que objeto do ensino-aprendizagem nada”. com a zona fótica, vista no item O bentos é formado pelos seres que vivem no leito do mar ou dos rios e lagos. anterior, e estabeleça relações Alguns são fixos (sésseis), como as esponjas, as cracas e as anêmonas; outros se Bentos: vem do grego entre luminosidade e presença movem, como as estrelas-do-mar, os siris e os caramujos. Veja a figura 4.13. benthos, “profundidade”. de seres fotossintetizantes. Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo Faça relações entre o siste- ma locomotor dos animais e o comportamento alimentar nas diferentes frações da coluna de água. Exemplifique aos estu- dantes tipos de espécies do plâncton, nécton e bentos, e solicite que cadeias alimenta- res sejam estabelecidas pen- sando nestes organismos do ambiente aquático. Para que os estudantes de- senvolvamahabilidade EF07CI08 da BNCC, peça que levantem hi- póteses para explicar o que ocor- reria com espécies marinhas se houvesse impactos ambientais como a poluição das águas do oceano ou o aumento da tem- peratura. Os estudantes podem levantar informações confiáveis e criar argumentos, desenvol- vendo uma competência espe- cífica da BNCC (CECN 5). 4.12 Golfinhos-rotadores (Stenella longirostris; cerca de 2 m 4.13 Estrela-do-mar (Oreaster reticulatus; cerca de 24 cm de comprimento) são representantes do nécton. de diâmetro), uma representante do bentos. 104 UNIDADE 2 ¥ Ecossistemas, impactos ambientais e condições de saúde Texto complementar – O presente crítico e o futuro incerto dos oceanos [...] Pode-se dizer que uma em cada duas respirações humanas depende dos oceanos, uma vez que eles respondem por 55% do oxigênio presente na atmosfera. Eles também são essenciais para a alimentação mundial, com o consumo anual per capita de pescado tendo atingido o recorde de 20 kg em 2016, de acordo com a Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês) das Nações Unidas. Os oceanos são também o lugar de maior circulação de commodities e mercadorias entre os países e seu leito é local de exploração de pe- tróleo, gás e minérios. Tudo isso sem falar na possibilidade de descoberta de substâncias e genes que podem resultar em medicamentos e outros produtos úteis para a humanidade. 104 MANUAL DO PROFESSOR – UNIDADE 2

Vida no mar Por essas características, Orientações didáticas a região costeira é uma As regiões do mar onde há maior biodiversidade são as menos profundas, que área propícia para a pesca. Como visto nos itens anterio- ficam perto do litoral. Nessas regiões, o ambiente terrestre é a principal fonte de sais res, a luz no ambiente aquático minerais da água. Com abundância de luz e sais minerais, as algas do fitoplâncton se 4.14 Praia das Dunas é muito importante e delimita reproduzem rapidamente e servem de alimento a muitos consumidores aquáticos e em Cabo Frio (RJ), 2018. estratos diferentes na coluna de terrestres. água. Explique aos estudantes que as regiões menos profun- Em algumas regiões costeiras, um outro fator contribui para a ocorrência de mui- das, com maior luminosidade, tas algas, peixes e outros seres aquáticos: o fenômeno conhecido como corrente de apresentam maior número de ressurgência. Essa corrente leva os sais minerais existentes no fundo do mar para a produtores e a biodiversidade superfície oceânica, que é iluminada, aumentando a disponibilidade de nutrientes para é bem maior que em áreas mais os organismos aquáticos dessa região. Reveja a figura 4.9. Um exemplo de região com profundas. Aproveite para tra- correntes de ressurgência é Cabo Frio, no estado do Rio de Janeiro. Veja a figura 4.14. balhar a habilidade EF07CI07 da BNCC, caracterizando estes Outras regiões de grande biodiversida- ecossistemas. de são os recifes de corais, que se desen- volvem em águas pouco profundas e quen- Analise a figura 4.14 enfati- tes (acima de 20 °C) das regiões tropicais e zando a ocupação da faixa lito- subtropicais. Veja a figura 4.15. No Brasil, rânea brasileira. Mostre que há os maiores recifes de corais estão em Re- grande interesse econômico de cife, em Pernambuco, e no arquipélago de construtoras e prefeituras na Abrolhos, na Bahia. Neles há uma grande construção de empreendimen- variedade de peixes tropicais, caranguejos, tos que trazem desenvolvimen- tartarugas e aves (atobás, mergulhões, fra- to econômico para as regiões. gatas). Abrolhos é ainda local de acasala- Por outro lado, estimule os es- mento de baleias jubarte. tudantes a refletir sobre os im- Edson Grandisoli/Pulsar Imagens pactos ambientais causados Andre Dib/Pu Luciana Whitaker/Pulsar Imagens não somente pela ocupação do espaço, como também pela li- lsar Imagens beração de esgoto e lixo no oceano. Solicite a eles que des- 4.15 Vista aérea de recifes crevam medidas possíveis pa- de corais (porções escuras ra mitigar estes impactos no mar) na praia do Mucugê, ambientais oriundos da ocupa- em Porto Seguro (BA), 2017. ção humana. Tartarugas e peixes são alguns dos animais que vivem Ao final da página, faça a lei- próximos a recifes de corais, tura da figura 4.15, pedindo aos onde encontram alimento. No estudantes que descrevam a destaque, uma tartaruga-de- fotografia, destacando os ele- -pente (Dermochelys coriacea; mentos do meio físico. Espera- até 1 m de comprimento), -se que eles afirmem que a fotografada em Fernando região tem uma grande incidên- de Noronha (PE), 2016. cia de raios luminosos, tempe- ratura elevada, com baixa O ambiente aquático e a região costeira • CAPÍTULO 4 105 profundidade e pouca arreben- tação de ondas marinhas. Essas Para dimensionar a importância dessas pesquisas bioquímicas, basta lembrar da coleta de 6 milhões de genes de diversos organismos características possibilitam a marinhos feita pelo bioquímico Craig Venter em seu veleiro-laboratório na década passada, com o objetivo de “construir” organismos ar- presença de recifes de corais. tificiais funcionais, como uma bactéria que produza nitrogênio, um combustível não poluente. Relembre que os recifes apre- sentam uma grande quantidade Mas qual é o quadro clínico geral desse sistema tão complexo e fonte de tantos recursos e quais as possibilidades de tratamento, se não de seres vivos e riquíssima bio- para a cura, pelo menos para a mitigação dos sintomas e suas consequências para os ecossistemas e para a vida humana? [...] diversidade. BELLESA, M. O presente crítico e o futuro incerto dos oceanos. Instituto de Estudos Avançados da USP. Comente as ações antrópicas Disponível em: <http://www.iea.usp.br/noticias/o-futuro-dos-oceanos-1>. Acesso em: 5 fev. 2019. que podem prejudicar a vida marinha, como a liberação de lixo, plástico e esgoto, a ocupa- ção de manguezais e corais e o derramamento de óleo e pe- tróleo. Aproveite o momento para retomar com os estudan- tes os benefícios e as conse- quências negativas da produção de novos materiais, assunto visto no 6o ano. 105CAPÍTULO 4 – MANUAL DO PROFESSOR

Orientações didáticas Os corais obtêm boa parte de seu alimento de algas que vivem dentro de seus corpos e, enquanto isso, fornecem a elas sais minerais e gás carbônico. As algas tam- Ao abordar o estudo dos bém auxiliam os corais na transformação dos sais de cálcio da água do mar em car- ecossistemas marinhos, pro- bonato de cálcio, componente-base do esqueleto do coral. Veja a figura 4.16. cure fazer a leitura coletiva das figuras 4.16 e 4.17. Pergunte Danita Delimont/Alamy/Fotoarena aos estudantes se eles conse- guem classificar estes seres Dmitrydesign/Shutterstock vivos de acordo com o que foi visto no capítulo anterior. Es- 4.16 À esquerda, coral-cérebro (Diploria labyrinthiformis; cerca de 1 m de diâmetro) vivo. À direita, apenas clareça que os corais são do o esqueleto do coral, composto de carbonato de cálcio. grupo dos cnidários e que, em- bora sejam sésseis, eles con- Nos últimos anos, os pesquisadores perceberam que os corais de grandes áreas seguem capturar alimento estão ficando brancos, o que significa que estão perdendo suas algas e sua sobrevi- disponível na água. vência está ameaçada. Embora os recifes de corais correspondam a menos de 1% da área dos oceanos, há estimativas de que eles sirvam de abrigo para 2 milhões de es- Uma das maneiras de detec- pécies de seres vivos. Estudos científicos indicam que o aumento da temperatura da tar o impacto causado nos água do mar devido ao aquecimento global pode ser o principal fator que desencadeia recifes de coral é o seu bran- o branqueamento dos corais, já que a alga morre quando a temperatura aumenta. Veja queamento. Com a perda de a figura 4.17. algas microscópicas pela aci- dificação do meio ou pelo au- WaterFrame RM/Getty Images mento da temperatura, os corais perdem sua coloração e podem acabar morrendo, restando ape- nas seu esqueleto interno. Explique aos estudantes que os recifes ocupam uma peque- na extensão territorial no meio oceânico e que, porém, são co- nhecidas cerca de 2 milhões de espécies que vivem nestes ecos- sistemas. Aproveite a oportuni- dade para fazer estudos de ca- so, levantando ações humanas que prejudicam a vida de corais e ecossistemas marinhos. Neste momento, pode ser interessante sistematizar al- guns assuntos vistos até ago- ra por meio do trabalho com atividades do Aplique seus co- nhecimentos, como as ativida- des 1, 2, 3 e 4. 4.17 O branqueamento dos corais indica que as algas associadas a eles morreram. Sem essa associação, os corais perdem grande parte do suprimento nutritivo, o que pode levá-los à morte. Na foto, corais do gênero Sinularia (colônias com cerca de 15 cm de altura), no mar da Indonésia, próximo da ilha de Sulawesi. 106 UNIDADE 2 ¥ Ecossistemas, impactos ambientais e condições de saúde 106 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 2

Fora das regiões costeiras, uma grande parte dos nutrientes deposita-se no fun-Peter David/Getty Images Orientações didáticas do do mar, onde há pouca ou nenhuma luz. Abaixo de 2 mil metros de profundidade encontra-se a zona abissal, sem nenhuma luz. Além da intensidade luminosa, tanto Ao tratar do assunto dispo- a temperatura como a salinidade diminuem com a profundidade, enquanto a pressão nibilidade de nutrientes, deba- aumenta, o que torna a zona abissal o habitat de organismos com adaptações muito ta com os estudantes que ela específicas a essas condições. depende de organismos fotos- sintetizantes, como as algas Muitos peixes da região abissal têm, em seu corpo, bactérias que emitem luz macroscópicas e microscópicas. (bioluminescência). Isso os ajuda a encontrar alimento, além de facilitar a identificação Enfatize que o nível trófico dos de machos e fêmeas da mesma espécie. Veja a figura 4.18. produtores está localizado nas zonas fóticas. No entanto, real- 4.18 Peixe abissal ce que isso não impede que (Himantolophus animais heterotróficos sobre- groenlandicus; atinge vivam em regiões mais profun- cerca de 50 cm das, como a zona abissal, sem de comprimento). a presença de luz. Isso ocorre Essa espécie habita porque carcaças de animais, profundidades de dejetos, microrganismos e ou- até 4 000 m. tros tipos de material podem decantar no fundo do oceano. Saiba mais Muitos organismos da zona Quando crescer vou ser... carcin—logo! abissal apresentam biolumi- Carcinólogos estudam crustáceos. Logo, sabem muito sobre lagostas, camarões, siris, caranguejos, pulga- nescência, como pode ser ob- servado na figura 4.18. Debata -d’água [...], entre outros animais invertebrados do grupo dos artrópodes, que vivem principalmente em ambien- com os estudantes como a bio- tes marinhos. luminescência poderia ser uma adaptação para a vida na zona Esses seres essencialmente das águas tanto podem ser encontrados nas profundezas dos oceanos – nas cha- afótica. Pergunte à turma: “Co- madas fossas abissais – quanto em lagoas temporárias, em pleno deserto. Na verdade, alguns crustáceos também mo os peixes poderiam encon- frequentam ambientes terrestres. [...] trar alimento sem a presença de luz?”. Comente que essa ilu- Até hoje já foram descobertas cerca de 52 mil espécies de crustáceos.As formas de vida pertencentes a esse minação corporal por biolumi- grupo são bastante diversas e se tornar um especialista nelas exige muita dedicação: \"Quem quiser seguir a car- nescência atrai diversos reira precisa ingressar em um curso de graduação na área de Ciências Biológicas, como Biologia ou Oceanografia. organismos que podem ser pre- Depois disso, na maioria das vezes, é necessário que se faça mestrado, com duração de dois anos, e doutorado, dados. Além disso, mencione que dura mais quatro anos, explica Marcelo Pinheiro, professor de Zoologia dos Invertebrados do Campus do que a maior parte desses seres Litoral Paulista, da Universidade Estadual Paulista (Unesp). [...] não consegue enxergar e, por- tanto, a orientação pelo espaço Na verdade, observar, perguntar, pesquisar e tentar responder é, geralmente, o trabalho de um carcinólogo ocorre utilizando outros siste- pela vida toda. [...] mas de percepção, como o ol- fato muito apurado. Enfatize Regular a época do ano e as localidades em que o camarão pode ser pescado, por exemplo, é tarefa de car- para os estudantes que a pres- cinólogo. são em zonas afóticas é muito intensa, o que pode favorecer TURINO, F. Quando crescer vou ser... carcinólogo! Ci•ncia Hoje das Crianças, 2012. n. 234, p. 22-23. algumas adaptações, como um corpo mais mole. O ambiente aquático e a região costeira • CAPÍTULO 4 107 Utilize a seção Saiba mais para relacionar ciência ao mun- do do trabalho e aprofundar o conhecimento sobre o grupo dos crustáceos, suas relações eco- lógicas e comportamentos. Com- pare o hábito de vida desses organismos com os demais gru- pos estudados neste item. Peça aos estudantes que identifiquem se os crustáceos são animais planctônicos, bentônicos ou nec- tônicos. A turma deve levantar argumentos sobre essas clas- sificações, dependendo do gru- po de crustáceos estudado. Aproveite o momento para con- versar com eles sobre a impor- tância de profissões como os carcinólogos. 107CAPÍTULO 4 – MANUAL DO PROFESSOR

Orientações didáticas Vida na água doce Mundo virtual Até o momento, neste capí- A expressão “água doce” indica que a quantidade de sais dissolvidos na água é Britannica Escola tulo, haviam sido estudados menor do que nos oceanos. Além da menor salinidade, a profundidade média também https://escola.britannica. ambientes marinhos, com maior é menor e as variações de temperatura costumam ser mais intensas, mudando con- com.br/levels/ salinidade da água. Neste item forme as estações do ano. fundamental/article/ são estudados ambientes de vida-marinha-nas-regioes- água doce, com concentrações A água em movimento nos rios se desloca das regiões mais altas, a partir das abissais/625727 mais baixas de sais diluídos. nascentes, para as mais baixas. Ao longo desse trajeto, além das variações de condições Explicações sobre a vida Aproveite para trabalhar a ha- físicas, como a temperatura, há variações das condições químicas, como teor de gás marinha nas regiões bilidade EF07CI07 da BNCC, oxigênio e nutrientes. Veja a figura 4.19. abissais. caracterizando estes ecossis- Acesso em: 4 fev. 2019. temas. Ernesto Reghran/Pulsar Imagens Comente com os estudantes que ecossistemas de água doce 4.19 Vista aérea do encontro Alamy/Fotoarena são diversos, dependendo das das águas entre o rio Solimões características do meio físico. (à esquerda) e o rio Negro (à Compare o movimento da água direita) em Manaus (AM), 2015. dos rios com o da água dos la- A água do rio Solimões arrasta gos, comentando que essa dife- parte do solo das margens e rença altera completamente a por isso é barrenta; já a água disponibilidade de nutrientes e do rio Negro é rica em matéria tipos de plantas que vivem às orgânica e por isso tem uma margens do leito da bacia hidro- cor bem escura. gráfica. Os rios geralmente recebem grandes quantidades de matéria orgânica dos solos Em seguida, faça a leitura coletiva da figura 4.19, e peça das margens, sendo exemplos de matéria orgânica folhas e organismos mortos. aos estudantes que apontem diferenças entre os dois rios. Em sua fauna há insetos que ficam sobre as pedras, voam sobre a água ou nadam. Espera-se que eles observem que ao lado esquerdo da ima- Há também certos invertebrados capazes de se fixar ao substrato (leito do rio ou em gem existe a presença de sedi- mentos, como terra e argila, ao pedras), como moluscos e sanguessugas. Veja a figura 4.20. passo que o rio da direita apre- senta uma cor mais escura, in- Rita Barreto/Fotoarena dicativa de bastante matéria orgânica. Utilize as figuras 4.20 4.20 Jacaré-do-pantanal e 4.21 para debater a piracema (Caiman crocodilus yacare; e a biodiversidade dos rios, com cerca de 3 m de comprimento) ênfase nas relações ecológicas em Cuiabá (MT), 2017. entre as espécies que habitam No detalhe, uma sanguessuga este ecossistema. (tamanho varia de poucos milímetros até cerca de 15 cm Ao abordar o tema dos rios, po- de comprimento), animal do de-se tratar do fenômeno do as- grupo dos anelídeos que se soreamento. Nele, a corrente alimenta de sangue de pode arrastar terra e outros de- vertebrados, como o jacaré. tritos das margens para o fundo do rio. Com o depósito intenso de 108 UNIDADE 2 ¥ Ecossistemas, impactos ambientais e condições de saúde materiais, o fluxo dos rios fica pre- judicado, podendo haver vaza- Texto complementar – Aquífero Guarani mentos ou perda do volume da bacia hidrográfica. Verifique se os [...] O Sistema Aquífero Guarani (SAG) é um corpo hídrico subterrâneo e transfronteiriço que abrange parte dos territórios da Ar- estudantes reconhecem as con- gentina, do Brasil, do Paraguai e do Uruguai. Possui um volume acumulado de 37.000 km3 e área estimada de 1.087.000 km2. Na parte sequências do assoreamento e brasileira estende-se a oito estados: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catari- a importância da mata ciliar. Estes na e São Paulo. O SAG tem características físicas, geológicas, químicas e hidráulicas específicas e complexas as quais foram estudadas aspectos são fundamentais para pelo Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do SAG (2003-2009) e que fornecem as bases para o Programa Es- compreender a importância da tratégico de Ação (PEA). preservação das áreas de ma- nanciais, assunto que foi estuda- do também no 6o ano. Mundo virtual Mais informações sobre assoreamento no site: <http://www.usp.br/agen/ ?p=66896/>. Acesso em: 5 fev. 2019. 108 MANUAL DO PROFESSOR – UNIDADE 2

Alguns peixes, como o dourado (Salminus brasiliensis), nadam contra a correnteza Orientações didáticas na época de reprodução. Nessa época, conhecida como piracema, muitos peixes cos- tumam formar cardumes, migrando em direção às nascentes dos rios para se repro- Ao trabalhar com o ecossis- duzir. Por isso, durante esse período, a pesca é limitada, sendo punida com multas tema dos lagos, destaque que aplicadas pela Polícia Ambiental. Veja a figura 4.21. a ausência de correntezas mais fortes viabiliza a permanência Zig Koch/Natureza Brasileira/Isuzu Imagens de plantas sobre as águas, tais como o aguapé e a vitória-régia. 4.21 Peixes migrando no Faça a leitura da imagem 4.22 rio Juruena, no estado de com os estudantes e mencione Mato Grosso, 2014. que sob estas plantas há um grande volume de água e as Nas partes afastadas da margem, próximo à superfície da água, o produtor é o A teia alimentar de um raízes destas espécies podem fitoplâncton, e os peixes são a maioria dos consumidores. Já nas regiões mais profun- lago pode ser formada por chegar ao fundo do lago, fixan- das e escuras existem apenas seres decompositores e organismos que se alimentam fitoplâncton e plantas do o organismo. de restos de matéria orgânica originários da superfície. aquáticas, caramujos, insetos e outros Faça a leitura em voz alta das Próximo às margens de um lago, onde a água é mais rasa, os produtores são o artrópodes, bem como espécies que habitam regiões fitoplâncton e algumas plantas aquáticas, como o aguapé e a vitória-régia. Veja a vermes, rãs e garças, entre de lagos no Brasil. Em seguida, figura 4.22. outros organismos. construa coletivamente com os estudantes uma teia alimentar, Arco Images GmbH/Alamy/Fotoarena usando as informações dispo- níveis no livro. Explique para 4.22 Vitória-régia (Victoria eles a importância dos lagos amazonica; cerca de 2 m de como berçário de larvas de in- diâmetro) e sua flor em lago setos e girinos e como local que em região do Pantanal (MT). abriga grande biodiversidade Essa planta apresenta um de animais e plantas. formato de disco e compartimentos de ar que O estudo dos lagos tem uma ajudam na flutuação. Ao fundo grande importância para áreas é possível ver também de mananciais, já que este ecos- aguapés (Eichhornia sistema pode ser de extrema crassipes). relevância no abastecimento de água para a população. No O ambiente aquático e a região costeira • CAPÍTULO 4 109 entanto, a liberação de matéria orgânica no leito pode causar um fenômeno chamado de eu- trofização. Trabalhe este con- ceito em conjunto com os estudantes. Na eutrofização, um corpo de água adquire ní- veis altos de nutrientes e, as- sim, de matéria orgânica em decomposição. Nesse proces- so, a deposição de materiais orgânicos na água favorece o crescimento populacional de bactérias e algas que liberam toxinas na água. Neste momento, se julgar interessante, é possível pedir aos estudantes a pesquisa so- bre eutrofização, do Trabalho em equipe. A coordenação do projeto no Brasil esteve a cargo da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Am- biente. Para acompanhamento e articulação das ações previstas foi estruturada a Unidade Nacional de Execução do Projeto (UNEP) que contou com a participação de algumas instituições do Governo Federal, representantes de universidades, associação técnico-científicas (ABAS), organizações não-governamentais (ONGs) e organismos de bacias hidrográficas, além dos 8 Estados de ocorrência do aquífero [...]. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Aquífero Guarani. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/agua/recursos-hidricos/aguas-subterraneas/item/8617.html>. Acesso em: 5 fev. 2019. 109CAPÍTULO 4 – MANUAL DO PROFESSOR

Orientações didáticas 3 Ameaças aos ambientes O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Neste item deve haver maior aquáticos e costeiros Naturais Renováveis enfoque à habilidade EF07CI08 (Ibama) proíbe a pesca da BNCC, com ênfase nas ações A figura 4.23 mostra um barco pesqueiro equipado com redes de arrasto. Enquan- de arrasto em certas humanas que impactam direta- to o barco se desloca, arrasta as redes, capturando peixes e outros animais marinhos regiões do país. mente os ecossistemas aquáti- indistintamente. Essas grandes redes acabam capturando e provocando a morte de cos. Ao iniciar o item, explique a moluscos, crustáceos e peixes pequenos demais para a comercialização, além de prática da pesca comercial com outros animais, como tartarugas marinhas. redes de arrasto, ilustrada na fi- gura 4.23. Com a utilização des- Outra grande ameaça aos ecossistemas aquáticos é o lançamento de substâncias tas práticas, pescadores acabam não biodegradáveis em cursos de água, como metais (veja a figura 4.24), e poluentes matando tartarugas, crustáceos que se degradam lentamente, como a maioria dos plásticos e alguns agrotóxicos. Como e outras espécies sem interesse você já sabe, alguns compostos, como metais e plásticos, tendem a se concentrar ao comercial, causando enormes longo das cadeias alimentares e a intoxicar direta ou indiretamente os organismos. impactos ambientais. Luciana Whitaker/Pulsar Imagens Thiago Gomes/AGIF/AP Images/Glow Images Além da pesca, o ecossiste- ma marinho está ameaçado 4.23 Barco pesqueiro com rede de arrasto na baía de 4.24 Alagamento de lama vermelha com alumínio em área de pela liberação de compostos Babitonga (SC), em 2016. empresa mineradora em Barcarena (PA), 2018. A população foi tóxicos em ações de extrativis- diretamente impactada pelo incidente, pois usava essas águas mo de matéria-prima, como o para recreação, consumo e pesca. derramamento de lama e me- tais pesados da mineração. Se O petróleo também pode causar poluição no ambiente aquático em todas as fases Impregnado por petróleo, o julgar necessário, revise este de exploração, desde o refino até seu transporte e distribuição. Além dos vazamentos, animal perde a capacidade assunto em conjunto com os são comuns os navios que utilizam água do mar em diferentes atividades e a descar- de isolamento térmico, não estudantes. tam contaminada por petróleo. Essa mistura de caráter oleoso adere às brânquias dos consegue se proteger do peixes e dos invertebrados, impedindo sua respiração. Veja a figura 4.25. Além disso, frio e morre, pois a Metais e plásticos se acumu- petróleo também se prende às penas das aves e aos pelos dos mamíferos, podendo temperatura corporal fica lam no ambiente e podem se con- causar a morte desses animais. abaixo do normal. centrar nas cadeias alimentares, contaminando uma extensa quan- KIM JAE-HWAN/AFP tidade de organismos. O derra- mamento de petróleo causa 4.25 Caranguejo (carapaça com cerca de 3 cm de contaminação de vários estratos largura) caminha em meio ao petróleo na praia de da coluna de água: os materiais Sinduri, na Coreia do Sul. À direita, uma concha de menos densos flutuam na super- molusco. Em 2007 houve o derramamento de mais fície e podem contaminar inúme- de 10 mil toneladas de petróleo nessa região, sendo ras espécies, como mostra a considerado o pior desastre ambiental daquele país. figura 4.25. 110 UNIDADE 2 ¥ Ecossistemas, impactos ambientais e condições de saúde Durante a aula, incentive os estudantes a propor maneiras Texto complementar – Pesca sustentável de mitigar estes impactos am- bientais. Podem ser sugeridas [...] A pesca realizada nas regiões marinhas e costeiras do Brasil é essencial para as famílias dos pescadores que diretamente vi- multas, proibições de explora- vem dessa atividade e para o fornecimento de alimento para um grande número de outras pessoas. No entanto, é importante que ção, regulações da atividade os pescadores utilizem estratégias ambientalmente corretas para permitir que seus filhos e as gerações futuras possam conhecer econômica, licenças, biorreme- e conservar a biodiversidade aquática do tempo de seus avós. É preciso estar alerta e seguir alguns cuidados necessários para não diação, procedimentos de des- causar danos ao ambiente marinho ou mesmo a extinção das espécies existentes. A constatação de que a quantidade de peixes vem contaminação, entre outras diminuindo, cada vez mais, afeta, de imediato, aqueles que têm na pesca o seu meio de sobrevivência. maneiras de evitar os impactos ambientais em ecossistemas Em longo prazo, essa é uma situação preocupante. Mas isso pode ser mudado com a ajuda dos governos e com a participação marinhos. dos próprios pescadores. Como? Mudando procedimentos e atitudes, e praticando técnicas de pesca sustentável, que levam em Mundo virtual Para saber mais sobre biorremediação de áreas li- torâneas, acesse o site: <http://www.jornaldocam pus.usp.br/index.php/20 14/07/nova-esponja-ajuda -em-vazamento-de-petroleo/>. Mais detalhes sobre a lim- peza de petróleo usando pro- dutos biológicos podem ser encontrados no site: <http:// agencia.fapesp.br/detergen te-biologico-para-limpar-pe troleo/2917/>. Acesso em: 5 fev. 2019. 110 MANUAL DO PROFESSOR – UNIDADE 2

Além disso, uma parte do petróleo espalha-se pela superfície da água e No capítulo 9, você vai Orientações didáticas forma uma fina película que diminui a passagem da luz e impede a troca de gases estudar como ocorre a necessária à fotossíntese. Com isso, o fitoplâncton é destruído e muitos consu- formação do petróleo e Explique aos estudantes que midores também morrem. como é feita a sua a liberação de petróleo pode cau- extração. Além disso, serão sar a morte dos produtores do No capítulo 2, você estudou que os gases de enxofre e nitrogênio emitidos por abordados problemas ambiente aquático, impedindo fábricas, usinas à base de carvão ou petróleo, carros e outros veículos podem se ambientais causados por as trocas gasosas e o processo combinar com o vapor de água do ar e formar ácidos. Quando chove, a água car- esse e outros combustíveis da fotossíntese. A liberação de rega essas substâncias, tornando-se assim mais ácida que o normal, o que carac- fósseis. compostos oleosos também im- teriza a chuva ácida. pede as trocas de gases através da pele de diversos animais, o A chuva ácida pode prejudicar o crescimento das plantas e danificar as folhas e que pode levá-los à morte. Por outras partes dos vegetais, atingir rios e lagos e causar a morte de peixes e de outros essas razões, os derramamen- organismos aquáticos. Além disso, corrói construções como casas e prédios que con- tos de petróleo causam inúme- têm calcário. ros problemas ambientais, com muitas consequências diretas Os habitat marinhos também são prejudicados pela emissão excessiva de gás sobre a vida marinha. carbônico na atmosfera. Esse gás se dissolve na água e transforma-se em ácido car- bônico, o que aumenta a acidez da água e dificulta, com isso, a formação de conchas Comente também que o au- e do esqueleto dos corais, constituídos por carbonato de cálcio. mento na concentração de gases na atmosfera pode levar à chuva Conexões: Ci•ncia e sociedade ácida e à acidificação dos ocea- nos. Se possível, debata estas A pegada ecológica questões de forma integrada com outras disciplinas, como O uso racional dos recursos está relacionado ao estilo de vida das pessoas. Ou seja, a Cesar Diniz/Pulsar Imagens Mundo virtual Geografia e Língua Portuguesa, alimentação, as roupas, o transporte e as formas de lazer, por exemplo. Tudo o que fa- estimulando a produção textual zemos no planeta deixa rastro, ou pegadas. Acidificação dos oceanos – dos estudantes. Utilize a seção Greenpeace Brasil Conexões: Ciência e sociedade A Pegada Ecológica mostra de maneira aproximada a quantidade média de recursos http://www.youtube.com/ para tratar de consumo cons- naturais usada para manter um estilo de vida, e, por isso, é desigual em diferentes watch?v=QlQnfT0PRZ8 ciente e desenvolvimento huma- populações. Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, a média costuma ser Animação sobre a no. Esse tipo de debate propicia muito menor do que aquela dos países desenvolvidos, como os Estados Unidos. Por acidificação dos oceanos o desenvolvimento da compe- que isso acontece? decorrente das emissões tência geral da BNCC referente à excessivas de gás criação de argumentos com fun- Nos países desenvolvidos, as pessoas costumam ter muito mais acesso a recursos, carbônico na atmosfera. damento em fontes confiáveis como a água e combustíveis. Nesses países, as pessoas também compram muito mais do conhecimento (CG 7). produtos, como equipamen- Programa de voluntariado: tos eletrônicos. Assim, é co- Abrolhos – ICMBio Atividade mo se um habitante de um http://www.youtube.com/ complementar país desenvolvido ocupasse watch?v=uh2-bziQ3fE uma área muito maior do Vídeo que mostra o Ao debater os impactos am- planeta do que o habitante programa de voluntários bientais e a exploração dos re- da América do Sul, por no Parque Nacional cursos naturais, procure abordar exemplo. Marinho dos Abrolhos, o tema de forma transversal. na Bahia. Por meio do Para tanto, um trabalho de si- Fontes: elaborado com base 4.26 Sempre que possível, é interessante optar por meios de programa é feito o mulação de papéis sociais pode em PNUD. Relatório do transporte individuais que não poluam, como a bicicleta, ou monitoramento da ser interessante para desenvol- coletivos, que poluem menos por pessoa, como o ônibus. Na biodiversidade de ver as competências específicas Desenvolvimento Humano 2015: foto, ônibus movido a energia elétrica em São Paulo (SP), 2015. tartarugas marinhas da BNCC relativas à consciência o trabalho como motor do e corais. socioambiental (CECN 5). Acesso em: 4 fev. 2019. desenvolvimento humano. Nova Organize os estudantes de York: PNUD, 2015. p. 76; modo que cada grupo represen- te um setor da sociedade, como IBGE. Síntese de indicadores ambientalistas, governo, cien- sociais: uma análise das tistas, comunidades tradicionais, investidores e judiciário, para condições de vida da população debater a aprovação de um em- brasileira. Rio de Janeiro: IBGE, preendimento em região no li- toral do Brasil ocupada por 2015. Disponível em: <http:// ecossistemas costeiros. O grupo biblioteca.ibge.gov.br/ do judiciário deverá julgar qual dos setores tem razão ao defen- visualizacao/livros/liv95011.pdf>. der se determinado empreendi- Acesso em: 4 fev. 2019. mento deverá ou não ser realizado, de acordo com os le- O ambiente aquático e a região costeira • CAPÍTULO 4 111 vantamentos de possíveis ben- feitorias ou impactos que a obra conta a importância da conservação dos recursos marinhos. [...] O Mapa da Pesca Sustentável é uma ferramenta desenvolvida poderá causar. pelo Governo do Estado de São Paulo para auxiliar pescadores e agentes de fiscalização na correta condução de suas atividades. As áreas com restrição à pesca definidas nas normas federais e estaduais vigentes são visualizadas no mapa, permitindo ao inte- ressado o conhecimento do local proibido para a atividade. Para orientar os usuários, foi elaborado um manual: o “Manual prá- tico para a utilização do Mapa da Pesca Sustentável”, com um tutorial passo a passo para a melhor utilização da ferramenta nos seus diversos formatos. SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE – SP. Pesca sustentável. Disponível em: <http://arquivos.ambiente.sp.gov.br/cea/2014/11/caderno-18-pesca-sustentavel.pdf>. Acesso em: 5 fev. 2019. 111CAPÍTULO 4 – MANUAL DO PROFESSOR

Respostas e ATIVIDADES orientações didáticas Respostas da seção Atividades nas Orientações didáticas. Aplique seus conhecimentos Aplique seus conhecimentos 1. Nos manguezais podem 1 Muitas aves procuram os manguezais para procriar, outras para se alimentar ou descansar durante a migração. Que ani- ser encontrados muitos mais podem ser encontrados nos manguezais e assim servir de alimento para aves migratórias? peixes, além de inverte- brados, como poliquetas, 2 Escreva uma crítica para a seguinte afirmativa: Os manguezais são regiões pantanosas, com mau cheiro e sem camarões e caranguejos. importância ecológica ou econômica. Por isso, podem ser aterrados e usados para a instalação de moradias ou de fábricas. 2. Além de muitos animais vi- verem nos manguezais, ou- 3 Quais características adaptativas permitem que alguns seres vivos habitem costões rochosos, áreas constante- tros vêm do mar e passam mente atingidas pelo impacto das ondas do mar? apenas uma fase da vida nesse ambiente, que é um 4 Dunas são montes de areia acumulada trazida pelo vento. Formadas por um solo arenoso, seco e quente, as dunas grande viveiro, no qual vá- abrigam pequena diversidade de animais e plantas se comparadas às florestas, por exemplo. Que adaptações você rias espécies se reprodu- esperaria encontrar em animais e plantas que vivem nas dunas? zem e se desenvolvem. Os manguezais também ame- 5 Um estudante afirmou que o fitoplâncton é a base das cadeias alimentares marinhas, estando presente apenas na nizam o impacto das marés zona fótica. Você concorda com a afirmação? Justifique sua resposta. e retêm sedimentos trazi- dos pelos rios, evitando o 6 Você viu neste capítulo que, dependendo do modo como se locomovem, os organismos aquáticos são classificados assoreamento das praias. em três grupos: plâncton, nécton e bentos. Agora, escreva quais grupos citados têm as características abaixo. Iden- Algumas comunidades cos- tifique também os organismos que pertencem a cada grupo. teiras também retiram dos a) Seres que vivem no fundo de ambientes aquáticos se movem ou estão associados ao substrato. manguezais seu alimento, b) Seres levados pelas correntes de água. como ostras e caranguejos, c) Seres que vivem na coluna de água, se movimentam e vencem as correntes. que podem ainda ser ven- d) Algas microscópicas. didos por elas. e) Peixes e baleias. f) Esponjas e estrelas-do-mar. 3. Os organismos associados aos costões geralmente vi- 7 Qual é o efeito do lançamento de petróleo e de materiais não biodegradáveis, como o plástico, no ambiente aquático? vem fixos às rochas, como 8 Um biólogo afirmou que a morte de peixes em uma lagoa tinha sido causada pelo lançamento de gases poluentes é o caso de cracas, anêmo- nas, mexilhões e algas. As- pelas chaminés de uma indústria da região. A indústria assumiu a responsabilidade apenas pela emissão de gases, sim, mesmo com o impacto, alegando que não seria responsável por danos à água da lagoa. esses organismos seguem fixos ao substrato. Eles tam- Quem você acha que está com a razão? Justifique sua resposta. bém apresentam estruturas 9 Explique a importância de se proibir a pesca e a captura durante a reprodução de peixes e outros organismos aquáticos. que lhes permitem resistir 10 Por que as regiões de ressurgência são ricas em peixes? aos impactos (por exemplo, 11 Muitos peixes abissais possuem boca grande e estômago bastante elástico (veja a figura 4.27). Como essas adap- as conchas duras dos me- xilhões ou o corpo flexível tações contribuem para a sua sobrevivência na região abissal? de algas que resistem ao vaivém das ondas). Danté Fenolio/Science Source/Fotoarena 4. Esses organismos devem 4.27 Peixe-víbora (Chauliodus sloani; 20 cm a 35 cm ser resistentes à perda de de comprimento). Esse animal habita regiões do água. Não seria esperado, oceano a cerca de 2 500 metros de profundidade. por exemplo, encontrar grande variedade de anfí- 112 ATIVIDADES bios nesse ambiente. As plantas devem ser rastei- ses animais. Os materiais não biodegradáveis se acumulam duos. Por essa razão proíbe-se a pesca durante o período ras e ter suas folhas pro- no ambiente e podem ser absorvidos ou ingeridos pelos seres conhecido como defeso. tegidas contra a perda de vivos, sendo transmitidos pela cadeia alimentar e podendo 10. As regiões de ressurgência são ricas em peixes porque, quan- água por transpiração. causar intoxicação e doenças. do os sais minerais e nutrientes depositados no fundo do mar 8. Espera-se que o estudante considere que o biólogo tenha ra- sobem para a superfície, o fitoplâncton aumenta e, com isso, 5. Sim, porque o fitoplâncton zão, porque pode ter havido poluição por chuva ácida: os ga- o zooplâncton e o número de peixes também aumentam. realiza fotossíntese e é o ses emitidos pela indústria podem se combinar com a água 11. Essas adaptações lhes permitem ingerir grande quantidade principal produtor do am- da chuva e produzir ácidos que afetam a vida aquática. de alimento de uma só vez. Como nas regiões abissais o ali- biente aquático e porque 9. Para que as populações de animais consigam se manter, é mento é escasso, essas adaptações contribuem para sua esses organismos usam a necessário que possam se reproduzir e gerar novos indiví- luz para realizar a fotos- sobrevivência. síntese. 6. Exemplos de organismos: plâncton: b, d; nécton: c, e; bentos: a, f. 7. O petróleo adere às brân- quias dos animais aquáti- cos, ou às penas das aves e pelos dos mamíferos, po- dendo causar a morte des- 112 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 2

Respostas da seção Atividades nas Orientações didáticas. Respostas e orientações didáticas De olho no filme De olho no filme Veja o filme (animação) Procurando Nemo (Disney/Pixar, 2003, 101 min). O filme conta a história de um peixe-palhaço que se torna órfão de mãe e cujo pai, Marlin, assume sua educação. a) Além de peixes, há estrela- Chega o momento de Nemo ir à escola e o peixinho, desobedecendo seu pai, vai mais longe do que deveria, nas águas -do-mar (equinoderma), distantes do recife de coral onde a comunidade vivia, e é caçado por um mergulhador que o coloca em um aquário. Seu pai, água-viva (cnidário), corais então, empreende uma longa viagem pelo oceano enfrentando todos os medos que tinha de sair das proximidades de sua (cnidário), caranguejo (crus- casa, para achar seu filho. Nessa viagem é ajudado por vários animais, como a “peixinha” Dory, e até por um grupo de táceo), pelicano (ave), baleia tartarugas marinhas. Também enfrenta a travessia pelo meio de um grupo de perigosas águas-vivas. (mamífero), tartaruga (rép- Enquanto isso, Nemo participa da vida do aquário, onde os seres que ali habitam são tristes e querem voltar para o mar. til), lula (molusco), etc. Depois de ver o filme: b) O peixe produz um muco a) Tente identificar os grupos a que pertencem os animais que aparecem no filme. que o protege dos tentá- b) Pesquise que tipo de troca de favores ocorre entre os peixes-palhaços e as anêmonas. Pesquise também como culos da anêmona. O peixe se protege de seus preda- esses peixes conseguem viver entre as anêmonas, que produzem uma toxina em seus tentáculos, sem se queimar. dores e a anêmona conse- c) Há uma cena em que o tubarão Bruce sente o cheiro do sangue e vai atrás de Marlin e Dory. Pesquise se tubarões gue capturar presas atraídas pelo movimento realmente podem sentir o cheiro do sangue. do peixe-palhaço. d) Em um certo momento do filme, uma lula lança jatos de tinta. Por que ela faz isso? Qual a vantagem disso para a lula? c) Sim, tubarões podem de- Trabalho em equipe tectar até mesmo peque- nas gotas de sangue a Cada grupo de estudantes vai escolher uma das atividades a seguir para pesquisar em livros, revistas ou sites confiáveis muitos metros de distância (de universidades, centros de pesquisa, etc.). Vocês podem também buscar o apoio de professores de outras disciplinas através do olfato. (Geografia, História, Língua Portuguesa, etc.). Exponham os resultados da pesquisa para a classe e a comunidade escolar (estudantes, professores e funcionários da escola e pais ou responsáveis), com o auxílio de ilustrações, fotos, vídeos, d) A lula lança jatos de tinta blogues ou mídias eletrônicas em geral. Ao longo do trabalho, cada integrante do grupo deve defender seus pontos de como uma forma de se es- vista com argumentos e respeitando as opiniões dos colegas. conder dos predadores e po- der fugir com mais facilidade. 1 A imagem a seguir mostra uma represa que apresenta o fenômeno da eutrofização. Pesquise o que é eutrofização (ou eutroficação), como ela ocorre e quais são as consequências dessa forma de poluição. Trabalho em equipe Chico Ferreira/Pulsar Imagens 1. A eutrofização ocorre quan- do são lançados esgotos 4.28 Represa Billings com água verde devido à eutrofização em São Bernardo do Campo (SP), 2016. domésticos ou detergentes, fertilizantes e adubos nas ATIVIDADES 113 águas de rios, lagos ou ma- res. O excesso de sais mine- rais provoca a proliferação excessiva de algas, que for- mam uma camada densa sobre a superfície da água, diminuindo a luminosidade que chega até as algas abai- xo da superfície. Assim, re- duz-se a fotossíntese e pode-se até provocar a mor- te das algas abaixo da su- perfície. Isso acarreta um acúmulo de substâncias orgânicas na água, o que favorece a multiplicação das bactérias decomposi- toras. Como a atividade de- compositora consome gás oxigênio e como o gás oxi- gênio produzido pelas algas da superfície passa quase por completo para o ar, em vez de se dissolver na água, começa a faltar gás oxigê- nio na água, o que leva à morte de peixes e outros organismos que dependem desse gás. Com a falta de gás oxigênio, a decomposição da matéria orgânica, antes aeróbia, pas- sa a ser anaeróbia, o que leva à produção de gases tóxicos, como o gás sulfídrico. 113CAPÍTULO 4 – MANUAL DO PROFESSOR

Respostas e Respostas da seção Atividades nas Orientações didáticas. orientações didáticas 2 De Natal (RN) a Salvador (BA), o litoral nordestino apresenta vários pontos de formação de recifes. Porém, essas estru- Trabalho em equipe turas são constituídas de camadas de areia compactadas, conchas, argila – e nem tanto de corais. São recifes de pedra, que podem apresentar corais. Veja a figura 4.29. 2. a) O estudante poderá des- cobrir que Recife locali- Em grupo e sob a orientação dos professores de Ciências e de Geografia, escolham um dos temas a seguir para za-se no litoral do oceano pesquisar. Atlântico e é a capital de Pernambuco. A cidade é Ilustrem a pesquisa com fotos (ou vídeos), mapas e desenhos dos animais e das regiões. Verifiquem se na região dividida por canais e cor- em que vocês moram há alguma instituição educacional (por exemplo: um museu, um centro de ciências ou uma tada pelos rios Capibaribe universidade) que desenvolva atividades relacionadas com o tema da pesquisa e se é possível visitar o local. Outra e Beberibe. É a cidade co- opção é pesquisar, na internet, sites de universidades, museus, etc. que mantenham uma exposição virtual sobre nhecida como “Veneza o tema. brasileira”. Possui forma- a) Recife. A localização da cidade, o clima, as características da água, a origem do próprio nome. Como são as forma- ções de recifes de areni- to e de recifes de coral. ções de recifes? Os recifes de arenito for- b) Atol das Rocas. Localização, extensão, clima, características da água, outras características. Como são as forma- maram-se ao longo do tempo pela superposição ções de recife? Que seres abrigam? de camadas compacta- c) Arquipélago de Abrolhos. Localização, extensão, clima, características da água, outras características. Como são das de areia, conchas e argila. O nome é derivado as formações de recife? Que seres abrigam? de uma barreira de pe- dras, os “arrecifes”. Tales Azzi/Pulsar Imagens b) Os atóis são ilhas de co- 4.29 Piscina ral que apresentam, no natural formada centro, uma laguna pou- em recife de co profunda. O atol das pedra na praia Rocas é uma reserva bio- dos Carneiros, lógica que pertence ao em Tamandaré estado do Rio Grande do (PE), 2015. Norte. Fica a 266 quilô- metros do litoral. Forma- Aprendendo com a prática do por um conjunto de rochas calcárias e argila 1 Cada membro do grupo deve ter em mãos lápis, borracha e papel de desenho. e um anel de recifes de coral com cerca de 2 Individualmente, desenhem – sem consultar nenhuma fonte que não seja a memória – um peixe visto na natureza 1,6 quilômetro de diâme- ou em um aquário. Não se esqueçam de indicar o nome das partes principais do corpo do animal (escrevam os no- tro, ocupa uma área de mes de que se lembrarem). 7,2 quilômetros quadra- dos. Abriga uma grande 3 Guardem o desenho e preparem-se para a próxima tarefa: trabalhar com o peixe real. variedade de peixes tro- picais, algas, esponjas, Material caramujos, caranguejos, siris, estrelas-do-mar e • Um peixe fresco, que pode ser adquirido em mercados municipais ou em feiras livres. (Peçam ao comerciante um ouriços-do-mar, além de muitas aves (atobás, peixe que ainda tenha escamas, barbatanas e órgãos internos intactos.) Atenção mergulhões, fragatas), • Tesoura tartarugas marinhas e • Luvas de látex É importante usar golfinhos. • Pinças de dissecção instrumentos e utensílios • Panos absorventes limpos e também lavar as c) No Brasil, os maiores re- • Uma bandeja retangular de plástico (ou uma forma de bolo) mãos antes da atividade, cifes estão no arquipéla- • Lápis, borracha e papel de desenho mantendo o animal limpo. go de Abrolhos, que fica a Assim, ele poderá ser 65 quilômetros da cidade consumido depois. de Caravelas, na costa sul do estado da Bahia. Ocu- 114 ATIVIDADES pa uma área de 75 km² e tem águas claras, de tem- Aprendendo com a prática Outro aspecto importante das atividades práticas é trabalhar com peratura amena. A tem- as competências gerais da BNCC “exercitar a empatia, o diálogo, a peratura média anual é A prática permite que os estudantes conheçam melhor as par- resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e pro- de 25 °C. Além de apre- tes dos peixes, aprendendo a identificá-las num peixe fresco. movendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhi- sentar uma grande varie- Permite também que eles compreendam como são as brânquias mento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos so- dade de peixes, essa é a (a cor vermelha deve-se à grande quantidade de sangue que ciais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem região de acasalamento passa por esse órgão); com o lápis, os estudantes podem per- preconceitos de qualquer natureza” (CG 9) e “agir pessoal e coleti- de baleias jubartes (que ceber que as brânquias se comunicam com a boca do peixe, já vamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência ocorre entre julho e no- que é por ela que entra a água com o gás oxigênio que será ab- e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, vembro). A região abriga sorvido pelas brânquias. democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários” (CG 10). várias espécies endêmi- cas, como o coral-cérebro, e espécies ameaçadas de extinção. 114 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 2

Luciana Whitaker/Pulsar ImagensRespostas da seção Atividades nas Orientações didáticas. Respostas e orientações didáticas Procedimento 1. O professor vai pôr o peixe deitado lateralmente na bandeja. Vocês não devem encostar os dedos no animal. É Autoavaliação melhor tocá-lo com uma espátula de madeira. 1. Estimule os estudantes a 2. Observem o peixe e façam um desenho que represente todas as características externas observadas. Depois, expressar suas opiniões e refletir sobre o que foi estu- comparem esse desenho com o que fizeram anteriormente, de memória, e confiram o que faltou desenhar no dado. Se houver oportunida- primeiro. de, faça questionamentos 3. Verifiquem se o peixe está fresco (olhos brilhantes e transparentes, brânquias vermelhas, pele firme e elástica, sobre os motivos pelos quais que não se desmancha ao ser tocada com a espátula, e sem cheiro desagradável). cada um considerou deter- 4. Levantem um dos opérculos (placas que cobrem as brânquias) com a pinça e observem as brânquias do animal. minado assunto interessan- Como elas são? Que cor elas têm? Por que são dessa cor? te, quais os impactos desses 5. O professor vai introduzir a pinça pela boca do peixe e mostrar que ela sai pela abertura das brânquias. Por que conhecimentos no cotidiano isso acontece? deles e qual o papel de cada 6. O professor vai abrir o ventre do peixe com a tesoura e expor os órgãos internos do animal. Procurem identi- indivíduo na divulgação dos ficar alguns órgãos, desenhem o peixe em corte e indiquem com legendas os órgãos que foram identificados conhecimentos com relevân- pelo grupo. cia social e ambiental. 7. Verifiquem se na região em que vocês moram existe alguma instituição educacional (universidade, museu ou cen- tro de ciências) que trabalhe com peixes ou mantenha uma exposição sobre esses animais. Se for possível, façam 2. Avalie se os estudantes con- uma visita ao local. Outra opção é pesquisar na internet sites de universidades, museus, etc. que disponibilizem seguem relacionar os con- uma exposição virtual sobre o tema. teúdos estudados com a realidade. Essa avaliação é 4.30 Peixes à importante principalmente venda no mercado se o contexto escolar não municipal em abranger ambientes aquáti- Tucuruí (PA), 2017. cos e regiões costeiras. In- vestigue se os estudantes Autoavaliação compreendem que ações locais podem ter consequên- 1. Que assuntos deste capítulo você achou mais interessantes? Por quê? cias até mesmo de abran- 2. Quais outros temas ou situações do seu cotidiano se relacionam com os conteúdos estudados neste capítulo? gência global e que é dever 3. Você buscou sanar suas dúvidas sobre os temas estudados conversando com o professor e com os colegas ao de todos proteger e preservar ambientes aquáticos. longo do capítulo? 3. Oriente os estudantes a re- ATIVIDADES 115 fletir sobre a necessidade de dialogar com o professor e os colegas para sanar dú- vidas. Peça-lhes que avaliem a importância da troca de informações e do respeito à fala de outras pessoas. Caso algum estudante rela- te não sentir necessidade de dialogar para sanar dú- vidas, questione se ele pre- fere outras estratégias e se estaria aberto a dialogar so- bre suas dúvidas em outras oportunidades, incentivan- do a prática sem torná-la obrigatória. 115CAPÍTULO 4 – MANUAL DO PROFESSOR

CAPÍTULO 5 5CAPÍTULO Condições de saúde Objetivos do capítulo iStockphoto/Getty Images Neste capítulo, serão estuda- 5.1 A saúde é um estado físico, mental e emocional. Para começar dos alguns indicadores socioe- Respostas do boxe Para começar nas Orientações didáticas. conômicos relacionados à 1. Que informações os qualidade de vida e à saúde, além Pode ser simples descrever os sintomas de uma doença como a gripe: ficamos governos podem de algumas políticas públicas di- cansados, com o nariz escorrendo, podemos ter febre e dores de cabeça. Mas como analisar para avaliar recionadas à saúde da população. saber se estamos saudáveis em outros momentos? a saúde e a Ainda sobre as condições de saú- qualidade de vida de de, serão explorados assuntos A saúde pode ser considerada um estado de equilíbrio – físico, mental e emocio- uma população? relacionados à alimentação, co- nal – que permite ao ser humano viver bem. Veja a figura 5.1. Quando esse equilíbrio mo nutrientes e suas principais é rompido, é sinal de que estamos doentes. Diversos fatores prejudicam a saúde, como 2. Quais são os fontes, desnutrição e obesidade. parasitas, má nutrição, falta de saneamento, poluentes, entre outros. Veremos alguns programas sociais desses fatores neste capítulo; e no capítulo seguinte estudaremos as doenças trans- que atendem as Habilidade da BNCC missíveis com mais detalhes. pessoas que moram abordada em sua região? Por Além da saúde de cada um, é importante acompanhar a saúde da população como que esses EF07CI09 Interpretar as condi- um todo: governo e sociedade podem analisar as condições de saúde de uma comu- programas são ções de saúde da comunidade, nidade, cidade, estado ou país, e então implementar ações que melhorem a qualidade importantes? cidade ou estado, com base na de vida de todos. análise e comparação de indica- 3. O que é segurança dores de saúde (como taxa de alimentar? Que mortalidade infantil, cobertura medidas devem ser de saneamento básico e incidên- tomadas para evitar cia de doenças de veiculação hí- a desnutrição? drica, atmosférica entre outras) e dos resultados de políticas pú- 116 UNIDADE 2 ¥ Ecossistemas, impactos ambientais e condições de saúde blicas destinadas à saúde. Respostas do boxe Para começar Orientações didáticas 1 A saúde e a qualidade de vida de uma população podem ser 3 Considera-se que há segurança alimentar quando as pes- Trabalhe o conceito de saúde de forma mais ampla, evitando avaliados por indicadores sociais e econômicos (mortali- soas têm acesso permanente a alimentos com qualidade que os estudantes associem esse conceito simplesmente à dade infantil, escolaridade, IDH, etc.). nutricional e em quantidades adequadas para uma vida ausência de doenças. Apresen- te a eles o conceito de saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS): “estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não, simplesmente, a ausên- cia de doenças ou enfermidades”. Pergunte à turma quais ações auxiliam a manter a saúde e quais podem ser prejudiciais. Espera-se que os estudantes identifiquem como ações posi- tivas as atividades físicas e a alimentação equilibrada; e que o tabagismo e o sedentarismo, por exemplo, sejam reconheci- dos como prejudiciais. Estimule os estudantes a também pensar na saúde em termos populacio- nais, lembrando das campanhas de vacinação e prevenção de doenças feitas pelo Ministério da Saúde. Para ampliar o trabalho com o conteúdo, consulte a Sequência Didática dispo- nível no Material Digital do Professor. 2 Os programas sociais de cada região vão depender de onde ativa e saudável. Para evitar a desnutrição é preciso que o estudante reside. A importância dos programas pode ser todos tenham acesso a uma alimentação saudável, e pa- analisada caso a caso, ressaltando as necessidades da re- ra isso é preciso combater a pobreza e investir em edu- gião e como esses programas atendem a tais necessidades. cação alimentar, entre outras medidas. 116 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 2


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