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AGENDA 2030 DA ONU DESAFIOS E PERSPECTIVAS_VOL1

Published by Epitaya Propriedade Intelectual Editora Ltda, 2021-12-11 21:04:31

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Figura 3. Dependência Prioritária da Ação A partir das 270 Oportunidades de Melhorias sugeridas pelo Plano 20-30 foram escolhidas as de maior peso e definidos os 20 Objetivos Prioritários de Desenvolvimento – OPD. Estes resumem os principais conceitos, que embora não incluam todas as ideias discutidas, formam o arcabouço do propósito de desenvolvimento para a cidade durante a segunda década do século XXI e além. CONCLUSÕES Depois de estudar os casos de várias cidades que já aplicaram estes tipos de participação cidadã verificamos que o caminho é longo e muito dinâmico. Portanto chegamos à conclusão de que seria melhor sugerir à população um modelo que tem um programa de implantação bem definido Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 50

por consultoria profissional e um outro modelo modular que poderá ser implementado aos poucos, pelos próprios cidadãos e instituições santa- ritenses. O propósito deste projeto é criar um modelo inovador de participação cidadã para operacionalizar e manter vivas as iniciativas levantadas pelos cidadãos estimulando o aumento da consciência para criar um ecossistema que coordene coletivos sociais visando a implementação das ações para maior atratividade para pessoas e negócios e para a formação de jovens lideranças que venham a provocar a mudança de patamar de desenvolvimento, prosperidade, melhorias para nossa comunidade maior qualidade de vida e felicidade para a população. REFERÊNCIAS CURTIS, M. D.; Shiu, K.; Butler, W. M. e Huffmann, J. C. J. Am. Chem. Soc. 1986, 108, 3335. 2 CURTIS, M. D.; Shiu, K.; Butler, W. M. e Huffmann, J. C. J. Am. Chem. Soc. 1986, 108, 3335. Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 51

A TECNOLOGIA ALIADA AOS OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CRIAÇÃO DE UM APLICATIVO PARA A COLETA DE TAMPINHAS PLÁSTICAS Patrícia Maria Dusek UNISUAM Raphael Porto dos Santos UNISUAM Email: [email protected] Palavras-Chave: produção; tecnologia; cadeia de suprimentos; logística reversa; economia circular. INTRODUÇÃO O objetivo principal deste trabalho consistiu em desenvolver uma solução para o descarte de tampinhas de suco de uma empresa parceira de forma a contribuir com a sustentabilidade ambiental por meio do reaproveitamento desse material para a fabricação de novos produtos. O setor produtivo precisa repensar as suas formas de produzir. Com base nesta questão, foi realizada uma reflexão sobre sistemas de produção, cadeia produtiva e logística reversa. Para um entendimento vasto e reflexivo foram apresentados conceitos e definições sobre legislações ambientais e, também, os objetivos do desenvolvimento sustentável, propostos na Agenda 2030 da ONU, bem como as suas relações com o Triplé da Sustentabilidade (triple botton line). Figuras, conceitos e definições sobre economia linear e economia circular foram inseridas neste estudo. A interseção entre as temáticas definidas e conceituadas neste trabalho foram apresentadas para proporcionar um melhor entendimento sobre as questões do sistema produtivo global. O estudo procurou entender a possibilidade de reversão de resíduos de produção e a responsabilização das organizações no processo de logística reversa. Nesta perspectiva, a tecnologia pode proporcionar métodos inovadores para a solução e a minimização dos impactos dos sistemas de produção na vida humana. Os resultados que foram apresentados nesta pesquisa mostram que de uma maneira simples é possível envolver consumidores, pontos de vendas e indústria para o correto descarte de tampinhas e minimização desse resíduo no ambiente. A tecnologia desenvolvida foi denominada de “Aplicativo Verdinho”, que ser configurou como o produto da dissertação. Trata-se de um aplicativo socioambiental que poderá ser utilizado por outros empresas do segmento de bebidas para o descarte adequado de suas tampas plásticas. Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 52

RESULTADOS E DISCUSSÕES Os estudos demonstraram que a quantidade de tampas de garrafas pets de embalagens PETs utilizadas pela indústria é muito elevada, o que se afirmar com base na quantidade de venda de garrafas pets. Uma tampa de garrafa pet pode permanecer no ambiente por até 150 anos, até sua total decomposição. Durante este período, muitos animais aquáticos ou terrestres podem ingerir este material, causando danos irreversíveis à fauna. A pesquisa teve como norte a Política Nacional do Meio Ambiente, definida na Lei 6.938/1981, tem por objetivo, dentre outros estipulados no art. 4º, a compatibilização do desenvolvimento econômico social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; A Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305 de 2010) e as modernas técnicas de gestão empresarial. Com base nos norteadores acima, foi possível criar um aplicativo que tem por objetivo implantar um projeto piloto para unir pontos de vendas, voluntários (consumidores e estudantes) e instituição de ensino, que num futuro planeja derreter essas tampas para transformar a matéria prima em filamentos para impressora 3D. CONCLUSÕES Há muitos desafios a vencer no quesito produção mais sustentável e logística reversa. O ideal seria a redução ou eliminação desse tipo de embalagem. Porém, como isso ainda não é viável, a ideai do trabalho é apenas um passo.O mais relevante da contribuição deste estudo é trazer um aplicativo (Verdinho), sobre um aspecto e determinar uma simples iniciativa para o reaproveitamento de material que seria descartado no ambiente, a partir de um sistema que conecta pessoas e o setor produtivo no engajamento da causa ambiental. A sociedade estará envolvida na coleta e na transformação do material em novos produtos. AGRADECIMENTOS Agradecimentos ao Laboratório Maker e ao Pólen. Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 53

SMART CITIES – FATORES CRÍTICOS PARA O ENGAJAMENTO CÍVICO Carlos A. P. Franchi, MSc carl os.fr an c hi@ gm ail.co m Leonardo Moreira Oliveira, MBA leo n ard o.s y me q x@ gm ail.c om Rogério Leitão Nogueira, MBA [email protected] Carlos Alberto Figueiredo da Silva, DSc carlos.figuei redo@so uuni s uam.com.br André Luis Azevedo Guedes, DSc [email protected] Palavras-Chave: Cidades Inteligentes, Engajamento, Psicologia Social, Marketing, Gestão de Programas. INTRODUÇÃO O pano de fundo para o entendimento dos fatores deengajamento é a psicologia social que estuda comoas pessoas se relacionam em grupos e explora comose dá a dinâmica do engajamento em massa das diferentes comunidades em empreendimentos com propósitos bem definidos. Entender ocomportamento humano em grupo é uma das coisasmais cruciais que os especialistas em mídias sociais tem de aprender antes de desenvolver estratégias demarketing digital (Mahoney & Tang, 2019). Ressalta-se aqui que a psicologia do comportamento em grupo surgiu no século 20 e deriva da psicologia tradicional que aborda o comportamento de cada indivíduo. Embora se reconheça a importância do comportamento do indivíduo, este, quando em grupo muda seu comportamento (Harari, 2017). O que se pretende num projeto de transformação de uma cidade é mudar o comportamento de grupos levando- os da posição de resistência ou indiferença a posiçãode agentes de mudanças. Portanto a psicologia social será o foco e com ênfase na eficácia das lideranças destes grupos. Deve-se aliar à psicologia social: - O marketing e o uso decisivo das mídias sociais digitais na comunicação (planejadas para seremuma ferramenta essencial para acelerar a mudança de comportamentos de grupos). Neste trabalho não há ênfase no marketing político (também hoje em dia essencialmente digital). Entretanto no marketing político reside a base da confiança da população com os compromissos assumidos em campanhas e expectativas geradas pelos gestores antes de democraticamente eleitos. - A evolução e uso de base de dados associadas a ferramentas de inteligência digital para geração de informação sobre as comunidades a Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 54

partir do uso intensivo das mídias sociais. - A análise dinâmica de contexto considerando-se asvariáveis de dimensões externas que possam interagir com as variáveis do empreendimento. Para a definição dos fatores que levam ao engajamento é necessário então considerar: - Os aspectos psicológicos do engajamento em massa; - Como manter o engajamento, a importância do marketing, das informações geradas e dacomunicação em rede e o poder do contexto; RESULTADOS E DISCUSSÃO Os aspectos psicológicos do engajamento em massa Cooperar em grande número significa ter um comportamento de grupo e não apenas umcomportamento individual. O comportamento orienta- se basicamente para a consecução de objetivos dosindivíduos (Hersey & Blanchard, 1986). Os objetivossão os motivadores do comportamento. O objetivo individual tende a prevalecer sobre o objetivo dogrupo, para a desvantagem da sociedade. (Kock, 2014). Hersey e Blanchard ainda colocam que amudança de comportamento num grupo é atingidaquando cada pessoa do grupo sente que adificuldade de se atingir um objetivo sozinho é grandee que este objetivo é também o de outras pessoas. Não é por acaso que a palavra colaboração trazconsigo a composição de três palavras: CO – Crença, junto, compartilhado; LABOR – Competência, trabalho, tarefa, desafio; AÇÃO – Atitude, movimento, energia. Todos juntos trabalhando no mesmo sentido, para a mesma direção, trabalhando para o mesmo objetivo e sob o mesmo propósito. (Gonçalves & Terentim, 2020). As necessidades variam de pessoa para pessoa, decomunidade para comunidade. Cabe aos gestores sintonizarem com as comunidades as necessidades comuns entre os indivíduos, definirem o propósito do empreendimento e estabelecerem objetivos de cada grupo, de cada comunidade. As pessoas devem ter um papel no estabelecimento de objetivos, devem em última instância serem escutadas (Hersey & Blanchard, 1986). Os objetivos devem ser dos grupos de pessoas, os objetivos devem ser os de cadacomunidade na cidade. Essencial que cada comunidade se sinta protagonista nas releases eiterações que são realizadas. Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 55

Da teoria da complexidade, uma cidade já estabelecida é um sistema complexo e, portanto,tende a ser auto-organizado (Kock, 2014). A auto- organização em pequenos grupos especializados e maduros para atingirem resultados, segundo esta especialização é uma vantagem evolutiva do sistemacomplexo. Entretanto, em uma cidade de milhões dehabitantes, se não houver o poder público presente, as comunidades, sim, se organizarão sob outra forma e, muitas vezes, sob outro poder ou liderança, sendopara o bem ou para o mal esta organização. No casodo Rio de Janeiro pode-se inferir que foi para o mal ao avaliarmos comunidades vivendo sob organização imposta por poder paralelo ao do estado. Portanto é muito melhor os gestores trabalharem junto às comunidades o que se pretende alcançar (baseados na definição de propósito e objetivos comuns) e trabalharem juntos a motivaçãoe o engajamento de grupos e pessoas. O objetivo individual tende a ser subjugado ao coletivo quando as pessoas desenvolvem sentimentos umas às outras. À medida que as interações aumentam mais sentimentos positivostendem a desenvolver entre si. Quanto maissentimentos positivos mais as pessoas tenderão a interagir. (Hersey & Blanchard, 1986). Para havereste tipo de interação devemos trabalhar com grupospequenos. A capacidade natural de um grupo coesoé de pouco mais de 150 pessoas (Kock, 2014), poisaté este número todos se conhecem pelo nome, acima deste número teremos muita dificuldade determos efetividade nos relacionamentos e sentimentos positivos. Esta teoria é largamenteusada para a eficácia do modelo de negócio deorganizações privadas como Microsoft, Google, entreoutras. Mas infelizmente pouco usada para a eficácia de organizações públicas e notadamente quando emempreendimentos públicos. O ser humano tem capacidade limitada de lidar ao mesmo tempo comum número muito grande de relacionamentos. Estespequenos grupos, interagindo com os demais membros e grupos de uma comunidade, são maiseficazes na comunicação e realização, por exemplo, de uma iteração do empreendimento. Precisamosinocular o vírus de uma mudança radical nocomportamento das pessoas na cidade, trazendo-asda apatia ou resistência para o engajamento cívico. Para realizar uma revolução, quantidade de pessoasnão é o principal. Revoluções são conduzidas em geral por uma rede pequena de agitadores erealizadores que conduzem as massas. (Harari,2017). Indivíduos e grupos culturalmente diferentes tendema ter objetivos diferentes e a competir entre si. (Kock,2014). Mais um motivo importante para se atuar comfoco em cada comunidade, ou seja, em grupos socioculturais homogêneos. Uma restrição tecnológica de cerca de 10 anos atrásera a de não poder difundir a comunicação com as massas, com as comunidades e ao mesmo tempo permitir uma interação, participação livre entre as pessoas destas comunidades. Esta barreira foi inteiramente quebrada pelas mídias Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 56

sociais digitais que hoje integram horizontalmente as pessoas e grupos através de diversos motivadores, desde banalidades, entretenimento, passando por educação, política, saúde, serviços e indo até a provocação de revoluções e como também de eleições de presidentes (Mahoney & Tang, 2019). As mídias sociais são fatores críticos de sucesso na gestão dos grupos, em sua integração com a comunidade e destas comunidades com a cidade, desde que sejam planejadas e estruturadas para usocomo tal. Outro aspecto favorável à cooperação é o estabelecimento de uma cultura orientada a objetivos comuns em detrimento aos individuais que molde (oumude) o comportamento dos indivíduos. Comunidades com este perfil associativo e de visão comum apresentam maior eficácia na evolução de empreendimentos para o bem comum que outras mais individualistas. Roma conquistou a Grécia não por causa de sua maior capacidade intelectual e material e sim, principalmente, por causa de sua capacidade de atuar colaborativamente e com uma organização de grupos extremamente coesos. (Harari, 2017). Entretanto há uma necessidade intrínseca à organização humana de líderes. Em qualquer grupo,caso não se estabeleça um líder formal, ou este sejafraco, o próprio grupo estabelecerá um líder informal (Hersey & Blanchard, 1986). Se você quer provocar uma mudança não pergunte “quantas pessoas apoiarão minhas ideias”. Ao invés disto pergunte“Quantos dos meus apoiadores são capazes de efetiva colaboração” (Harari, 2017). Pequenos grupos com lideranças fortes e papéis bem definidos, quando associados a um contexto favorável, implementam grandes ideias e projetos que revolucionam a humanidade, liderando a descontinuidade de padrões estabelecidos. Os líderes então têm um papel fundamental na transformação pela colaboração das comunidades econsequentemente na efetividade dos projetos a serem conduzidos. Os líderes devem estar treinados e adaptados para conduzir pessoas num ambiente em constante mudança e adaptar o empreendimento utilizando métodos ágeis de gestão de projetos e mudanças. Como manter o engajamento, a importância do marketing e da comunicação em rede e o poder do context Normalmente o Marketing acaba não sendo considerado essencial quando o assunto é motivação e engajamento cívicos por estar muito associado ao consumo de bens e serviços. Está relacionado geralmente com empresas privadas ou no máximo com a propaganda direta difundida por empresas e setores públicos. Em empreendimentos sociais o lucro se apresenta em benefícios para a comunidade. É mais um lucro social que econômico, como pode acontecer com os serviços públicos e assim a visão Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 57

do Marketing se aplica (Vasconcellos, 1976). No mundo solidário e integrado de hoje a separação entre o público e o privado torna-se tênue, notadamente em se considerando objetivos comunscomo os de sustentabilidade em sua forma mais abrangente. Além desta constatação, esta é uma dasáreas de conhecimento que mais estuda e aplica a psicologia e a psicologia social, procurando estudar o comportamento de pessoas e grupos no consumo de produtos, serviços, ideias, ideais. O objetivo fundamental do Marketing é influenciar o comportamento das pessoas para consumir determinado produto, num preço determinado, comprar um serviço, apoiar ideias e ideais. (Rucker, Petty, & Briñol, 2015) Em síntese, os profissionais de marketing envolvem-se no marketing de bens, serviços, experiências, eventos, pessoas, lugares, propriedades, organizações, informações e ideias. Na verdade, o objetivo do Marketing 3.0 é fazer um mundo melhor.(Kotler, Kartajaya, & Setiawan, 2010) A principal premissa na estratégia de comunicação éter a confiança do “consumidor” nos emissores (gestores) e, consequentemente, na mensagem emitida. No caso, do empreendimento do Rio deJaneiro, confiança nos gestores e nas mensagens emitidas em promessas de campanha. Se não há esta confiança ela deve ser conquistada através de aproximação da gestão com a comunidade para o planejamento e a execução de iterações do empreendimento. Com base na confiança, o Marketing usa estratégias de comunicação vertical (difusão de ideias, conceitos, produtos, serviços, marcas.) e de comunicação horizontal (participação,interação entre pessoas, grupos, populações – aboca a boca) (Mahoney & Tang, 2019). Com a sofisticação e alcance de tecnologia analíticade dados em massa (“big data”) com inteligência artificial (“A.I. Artificial Intelligence”), o processo de difusão de mensagens foi aperfeiçoado, permitindo mensagens individualizadas com o conhecimentodos hábitos de cada indivíduo. Esta individualizaçãotorna a difusão e a persuasão um processo muito mais eficaz e abrangente em tempos atuais. E com a evolução sem precedentes do potencial dacomunicação horizontal através das mídias sociais digitais, abriu- se um leque de opções não aindatotalmente mapeadas ao Marketing para a indução da aceleração de mudanças comportamentais em larga escala. Originalmente, as técnicas de comunicação de difusão foram criadas para ser uma armagovernamental muito eficiente, usada para persuadir e dominar a mente das pessoas. A técnica de dominação foi chamada de “Gestão de Opinião” (Mattelart, 2000). Essa técnica foi muito útil durante a primeira e a segunda guerra, quando a comunicaçãose concentrava em atender à adesão em massa às ideias e ideais de um governo. Ainda hoje essatécnica é usada em todos os lugares, mas se tornoumais sofisticada, assumindo muitas faces e disfarcesdiferentes, atende às necessidades de Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 58

uma sociedade muito complexa e usa meios intensivos de tecnologia da informação para acessar e analisar o comportamento, a opinião e as necessidades das pessoas. No Marketing 2.0 e no 3.0 considera-se pela primeiravez a difusão para persuasão em conjunto à técnica de participação para soluções de serviços que atendam ao bem comum da sociedade (Kotler, Kartajaya, & Setiawan, 2010). Entretanto, em ambientes não democráticos pode dar legitimidade social / política ao poder constituído ou legitimarqualquer sede de poder, de consumo e pode influenciar a evolução ou mesmo a involução social e antropológica. (Mattelart, 2000) e (Kotler, Kartajaya, & Setiawan, 2010). A teoria da comunicação para o desenvolvimento se refere à aplicação de estratégias de comunicação nomundo em desenvolvimento em direção à instauração da democracia, aumentar os níveis de educação, de produtividade e de longevidade dedeterminada população (Mahoney & Tang, 2019). Os pesquisadores em comunicação para o desenvolvimento estão interessados na mudança decomportamento em larga escala de populações necessitadas para engajamento destas naimplantação das soluções de seus problemas. Para a mudança de comportamento em larga escalaocorrer, normas sociais, culturais e desigualdades estruturais devem ser levadas em consideração, e, portanto o foco é na comunidade como unidade de mudança e não na população inteira (Mahoney & Tang, 2019). Este ponto reforça os fatores críticos desucesso a serem considerados na psicologia social edeles derivam. Como visto, a mídia social pode ampliar para um alcance não imaginado a possibilidade de participação das massas nos processos de planejamento, execução e controle dos empreendimentos, pode acelerar o engajamento, mas também a resistência e a indiferença, se mal utilizada. Mídias sociais digitais trouxeram um sem-número de oportunidades para organizações do setor público incluindo, mas não limitado a participação democrática, engajamento, coprodução, cocriação eaté crowndsourcing de soluções. As mídias sociais podem ajudar às organizações em melhorar o diálogo e dar voz às comunidades e desenvolver soluções de serviços em cocriação e coprodução com as comunidades, envolvendo servidores públicos e cidadãos. Até pode servir para um espaço virtual de crowndsourcing onde múltiplos atores (cidadãos, gestores, academia, área privada, entre outros) são convidados para desenvolver soluções inovadoras para problemas locais. (Lovari & Chiara, 2019). De fato a teoria da participação é baseada em um conceito amplamente usado nas mídias sociais que é a inteligência coletiva, que é Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 59

definida como a habilidade de um grupo de resolver melhor problemas do que cada membro, se agindo individualmente (Hersey & Blanchard, 1986) e (Mahoney & Tang, 2019). O pensador Paulo Freire sugere que o indivíduo é capaz de intervir ativamente no seu processo de evolução de se tornar consciente de sua realidade para aí poder agir para mudá-la. O diálogo é a base desta consciência social e compromisso com a mudança e são elementos principais da participação.Esta possibilidade de diálogo ficava na teoria como um componente ideológico em 1969 e hoje com as mídias sociais se torna prática e viável sendo usadano Marketing! (Mahoney & Tang, 2019) A cultura política aqui no Brasil muitas vezes não incentiva a participação das comunidades em gruposde discussão e encaminhamento, desenvolvimento de soluções de problemas comuns a todos seushabitantes, (como ocorre por exemplo no caso americano e no australiano) e a população, por sua vez, não tem o hábito de ser ativa participante de discussões comunitárias, notadamente em grandes conglomerados urbanos, como Rio e São Paulo,mesmo que esta ocorra em pequenos condomínios onde as pessoas residam. No caso da cidade do Rioa situação atual é pior considerando o descrédito e apatia da maior parte da população com dezenas deanos de idas e vindas e uma cidade que é vista comodecadente moral e economicamente. Neste caso também as empresas de mídias devem fazer parte do esforço de difusão de conquistas e não apenas destacar os problemas e derrotas. A comunicação efetiva com a comunidade é uma exigência e é assim o primeiro passo para se restabelecer um vínculo entre os setores públicos e oprivado com as pessoas e suas necessidades e a partir daí gerar soluções aos problemas específicos de cada comunidade considerando-se as releases eiterações do empreendimento. Uma básica definição de comunicação é “quem diz oque, para quem e com que efeito” (Griffin, 2011). Entretanto com as mídias sociais digitais a velocidade de proliferação da mensagem associada a quantidade de receptores que pode atingir (incluindo não somente a difusão como também a troca participativa de opiniões entre as pessoas)pode trazer um impacto imensurável e inesperado, pouco tempo depois de seu envio. Este potencial dedisseminação é exponencial (Mahoney & Tang, 2019). As mídias sociais digitais são ferramentas poderosas de disseminação de informação, falsa ou verdadeira, podendo ter efeitos positivos ou negativos para o engajamento das pessoas. Se usadas apenas como ferramentas de comunicação deve- se então configurar, planejar esta comunicaçãopara plantar a semente da mudança de comportamento e o engajamento cívico da comunidade. Plantar a semente é essencial pois o nível de maturidade do uso de mídias digitais pelo setor público brasileiro é ainda baixo, considerando- se o objetivo do uso para se aumentar o engajamento cívico. Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 60

Independentemente do nível de maturidade de uso é necessário saber explorar o potencial das mídias sociais e não errar na construção dos elementos básicos para que consigamos atingir o ponto davirada ou seja a mudança de comportamento das comunidades envolvidas no empreendimento. O termo ponto de virada foi usado por Malcolm Gladwell em seu best seller de Marketing, “O ponto da virada”.Para o ponto de virada ocorrer, independente do usoou não das mídias sociais digitais, há que se atentar para a presença no processo de comunicação dos seguintes elementos: A mensagem Esta tem de ser sincera no objetivo / conteúdo, contagiante e inesquecível. Sincera pois parte de alguém, ou de um emissor em quem as pessoas confiem ( (Mahoney & Tang, 2019). Contagiante poisdeve alcançar o maior número de pessoas possível, sem ser alterada em sua transmissão boca a boca. Mas o difícil na comunicação é como ter certeza que a mensagem não vai entrar por um ouvido e sair poroutro. A mensagem então deve causar impacto, deveser inesquecível e deve se fixar (Gladwell, 2009). O comunicador O comunicador é um perfil daquelas pessoas especiais que conhecem muita gente, acima da média comum, têm paixão pelo relacionamento comestas pessoas, estão atentos aos detalhes das pessoas com as quais se relacionam, atraem a todospara o convívio. São as figuras das quais todosgostam, todos querem ter por perto, todos escutam. São líderes informais natos. Estes perfis devem ser localizados nas comunidades e delas fazerem de fato parte. O comunicador é a voz que garante a sinceridade da mensagem, alavanca o contágio ou odireciona. No caso das mídias sociais são os influenciadores. E não necessariamente influenciadores sociais. (Gladwell, 2009). O especialista São as pessoas nas quais confiamos para obterinformações sobre assuntos que não dominamos. São aquelas pessoas que garantem informações corretas às pessoas sobre assuntos que elas não dominam como Educação, Saúde, Energia, Água e que consigam explicar a mensagem para atingir o público-alvo esperado. O expert acumula conhecimento e garante a fixação da mensagem e que ela não entre por um ouvido e saia por outro. Garante a consistência da mensagem para que possa haver convergência de objetivo (Gladwell, 2009). Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 61

O vendedor Pessoas, mesmo com todo o esforço na mensagem, dos comunicadores e especialistas não acreditarão. Para estas que não acreditam, deve-se ter o perfil do vendedor. Os vendedores conseguem convencer aquelas que não estão acreditando no que estão ouvindo, localizam os resistentes e completam o que dizem o comunicador e o especialista. Neste processo isola os resistentes na massa como minoria silenciosa. Os perfis do comunicador, do especialista e do vendedor podem estar presentes em uma única pessoa ou num grupo de ativistas e/ou líderes comunitários. O que importa é que conheçamos o público-alvo e que se localize em cada comunidade interlocutores com estes perfis. Estes perfis são catalizadores da mensagem e agentes de mudança.Os perfis acima são essenciais na elaboração da mensagem, identificação do público-alvo e no plano e execução de comunicação. Notar que mensagem, comunicador, especialista e vendedor são elementosda comunicação e do marketing e independem da mídia usada. As mídias sociais digitais garantem o diálogo entre osgestores, as pessoas e as comunidades, através de comunicadores, especialistas e vendedores. Paratanto um excelente plano de comunicação é necessário. O engajamento cívico ao empreendimento se dá, a partir de uma mensagem fixada, dentro da comunidade, difundida pelos gestores, disseminada pelos comunicadores, garantida pelos especialistas e vendedores. A partir da fixação, usando a característica de colaboração e participação democrática das mídias sociais o ciclo de mudança comportamental se inicia. Entretanto para este ciclo ser efetivo há um outro elemento central a ser considerado, o poder do contexto. O poder do contexto Em geral quando se trata de interpretar o comportamento dos outros, os seres humanos falham ao superestimar a importância dos traços fundamentais de caráter e subestimar a importância do contexto. Buscamos sempre uma explicação emocional para os acontecimentos e não contextual (Gladwell, 2009). Pequenas mudanças no contexto dentro do ciclo das releases e iterações de um empreendimento podem levar a grandes mudanças de comportamento. Locais limpos tendem a serem mantidos limpos pelas pessoas (Exemplos do projeto Metrô Rio, nas favelasde Medellin na Colômbia e outros). Um ou dois casos de violência policial sem apuração, ou com apuraçãotendenciosa, favorecendo culpados, podem afetar a imagem de toda a corporação e seu trabalho positivo junto às comunidades, Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 62

independentemente deste trabalho ser bom, até mesmo se estatisticamente comprovado. Um outro exemplo atual e radical é o novo normal, provocado pelo contexto da pandemia COVID. Vários serviços e produtos que tradicionalmente não eram prestadoseletronicamente migraram rapidamente para a web. O trabalho remoto ou home office proliferou semquase nenhuma barreira, derrubando resistências, mudando então comportamentos de pessoas,grupos, comunidades inteiras. Na história temos inúmeros exemplos de que o pontode virada foi alcançado por um detalhe no contexto. Na década de 1980 as pichações no metrô de NY eram o símbolo do colapso do sistema e do avanço da criminalidade das gangs na cidade que se locomoviam de graça nos trens e espalhando o terror nos passageiros. Uma incansável limpeza daspichações e pintura nos trens integrada a um esforçode punição aos responsáveis e caça aos que viajavam de graça, deixando-os algemados a vista nas plataformas detonou um inédito apoio da população usuária dos trens e a conclusão de que 80% dos caloteiros presos eram de fato criminosos com extensa fixa e ainda impunes. Em 1994 Giulianifoi eleito as mesmas técnicas foram aplicadas em geral para NY, primeiramente na desordem urbana ecomo consequência atacando toda as milícias que estavam por trás de sérios eventos criminosos. Estefoi o ponto de virada para NY dominar o crime organizado. (Gladwell, 2009). Alguma semelhança com o Rio de Janeiro de hoje? Entretanto em tempos de transformação e mídias digitais, o poder e impactode contextos considerando as várias dimensões, com suas variáveis interagindo em conjunto, tem uma velocidade de mudança muito maior e, portanto,exige análise ágil para se permitir adaptações emreleases, iterações ou mesmo no empreendimentode forma interativa com as comunidades. A análise de risco antes estática, deve agora ser dinâmica (Jain, Fritz, Poppenslecker, & White, 2021). Os riscos inesperados ou grandes oportunidades(como os pontos de virada) vêm das variações contextuais. A análise de comportamento de variáveis do contexto não é novidade para a administração de empresas fazendo parte de, por exemplo, de: - Metodologias tradicionais de planejamento estratégico, como Matriz SWOT (do inglês, Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças). As Forças e Fraquezas são oriundas da organização interna do empreendimento (sua Governança por exemplo) e as Oportunidades e Ameaças são oriundas das dimensões externas ao empreendimento. - Metodologias de análise de complexidade em projetos como “Managing Complex Projects (Hass, 2009), Aspects of Complexity : Managing Projects in a Complex World (Cooke - Davies, Loch, & Payne, 2011), Cynefin Handbook : An Introduction to Complexity and the Cynefin Framework” Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 63

(Brougham,2015) - Metodologia de análise para influenciar mudança no comportamento do consumidor como as de Ethnography for Marketers – A Guide to Consumer Immersion (Mariampolski, 2006). E várias outras propostas apresentam métodos para análise do impacto das variáveis contextuais. E estesmétodos não são de aplicação simples para atenderao dinamismo atual de mudanças de contexto num empreendimento de transformação de uma grande cidade. Muitos destes métodos contêm algoritmos deinteligência artificial que nos permitem, a partir de imensa massa de dados estruturados ou não (“big data”), gerar alguns resultados probabilísticos interessantes. Entretanto inteligência artificial e “big data” ainda não estão presentes na realidade da gestão das cidades brasileiras para uso imediato, devendo sim ser objeto para um futuro próximo. Então, uma questão que se apresenta é quanto maiso sistema é complexo, mais simples deve ser aabordagem de gestão deste sistema, já que neste domínio não há relação de causa e efeito determinística entre os eventos (Brougham, 2015). E pequenos eventos podem causar grandes impactos (Gladwell, 2009). A tolerância zero às pichações no metrô de Nova York iniciou um movimento que culminou com a redução drástica da criminalidade nacidade. Portanto, deve-se, não apenas analisar o contexto, mas dinamicamente aproveitar as probabilidades de se ter um ponto de virada, que as variáveis contextuais nos dão! As oportunidades a serem potencializadas são aquelas com maiorprobabilidade de provocar mudanças de comportamento preparando uma evolução exponencial na sociedade, buscando assim o ponto da virada (Gladwell, 2009). A auto-organização de um ambiente complexo podeser favorável, se houver atenção dos gestores nas variações de contexto que possam provocar uma virada. A partir da virada o sistema adquire um novo comportamento e todas demais iterações serão facilitadas. Mais uma vez aqui as pessoas, as comunidades e as redes de comunicação são o motor central da mudança. Portanto a forma mais simples de perceberos pontos de virada será de estarmos próximos das pessoas, das comunidades, de seu dia a dia e dos demais atores envolvidos com as dimensões da cidade. A base, como visto acima é ter uma aproximação com as comunidades, entender suas necessidades, ter um plano de comunicação eficaz efazer uso pragmático das mídias sociais, dentro da estratégia de comunicação. O engajamento se dá sempre através do processo de participação. Mudanças sutis de contexto, mas de grande impacto,somente são percebidas quando os papéis de comunicadores, experts e vendedores estão ativos nas comunidades (Gladwell, 2009). Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 64

Mudanças sutis podem também significar uma mudança mínima sustentável no tempo, atendendo aos objetivos da comunidade, gerando o menor nívelde resistência possível para que um ciclo virtuoso demudanças seja iniciado, criando um ambiente desegurança psíquica e confiança para que as demaismudanças sejam implantadas. (Gonçalves &Terentim, 2020). Ou seja, plantar a semente. Na prática a colaboração se dá para atender àsnecessidades das comunidades. As necessidades das comunidades estão contidas na implantação,manutenção ou melhoria dos serviços à população, aí incluído um processo eficaz e rápido de comunicação e adaptação. Implantar, manter ou melhorar serviços em uma cidade, os tornando inteligentes e adaptáveis a novos contextos, significaanalisar e avaliar dinamicamente o impacto das interações das variáveis contidas nas dimensões primárias de governança e urbanismo com as demais variáveis contidas nas demais dimensões. A partir desta avaliação identificam-se as principais oportunidades e mitigam-se ou eliminam-se os riscospotenciais do ambiente. Esta avaliação é uma análisereal de viabilidade de atendimento às necessidades priorizadas no tempo junto às comunidades e dará sentido ou não às soluções planejadas apoiando decisivamente com transparência e fatos o processode comunicação com as comunidades. Portanto a governança deve ser colaborativa e realizada em diversos níveis, desde a administraçãocentral até a administração da casa de cada família. Todos são igualmente responsáveis por tornar a cidade humanizada. Para ser inteligente, a dimensãogovernança (incluindo aí o planejamento urbano)deve ter indicadores quantitativos e qualitativos de medição de todos os processos de geração dosserviços. A transparência na divulgação públicadestes indicadores será chave na evolução da cidadepara se transformar em humanizada e inteligente. (Capelli, Reis, Bernardes, Cortese, & Nunes, 2020) As dimensões de governança e urbanismo, se avaliadas conjunta e continuamente, dão aosgestores a segurança de qual será o melhor escopoinicial para a transformação da cidade, considerando-se cada comunidade. A partir desta avaliação, parte-se com mais segurança para se definir quais serãoas interações com as demais dimensões que de fatoserão importantes como oportunidades ou riscospara a transformação. Desta rápida abordagem do Marketing e do Poder do Contexto, destaca-se o foco num plano de comunicação do público-alvo analisado (com lideranças definidas) com uso do marketing digital / mídias sociais, plano de realizações factível, acompanhado conforme medição da evolução das iterações, ajustes dinâmicos dos planos e a análise dinâmica das variáveis contextuais. Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 65

CONCLUSÕES Empreendimento complexo em tempos de aceleração da transformação digital é um desafio àsmetodologias tradicionais de gestão. As variações constantes de contexto no tempo provocam mudanças nas interações entre as diversas dimensões do empreendimento e do ambiente que ocerca. Para perceber estas variações de contexto e reagir em tempo, aproveitando oportunidades e mitigando ou eliminando riscos e restrições do ambiente, os gestores de mudança devem ser adaptativos (ágeis conforme o termo de mercado). Para ser adaptativo o foco deve ser garantir o engajamento dos participantes do empreendimento, de todos os atores, de todas as pessoas. Todos devem ter o mesmo propósito e a mesma visão do empreendimento. Para garantir o mesmo propósito evisão para todos os participantes deve-se ter um plano de comunicação alicerçado por conceitos, métodos e ferramentas da Psicologia Social, do Marketing e Marketing Digital. O projeto decomunicação deve ser adaptado, para uso deprocessos de difusão e participação via mídias sociais, conforme o público-alvo analisado, ou seja,para cada comunidade ou grupo sócio culturalhomogêneo. Para conhecer o público-alvo deve-seestar próximo às comunidades ou grupos sócioculturais (ou deles ter informações suficientes, consistentes e atuais). Para se ter proximidade é essencial a identificação pelos gestores, em cadapúblico-alvo, de pessoas ou grupos com papéis decomunicador, especialista e vendedor, ou seja,líderes fortes de fato. A liderança engajada representa o primeiro e decisive passo do engajamento das comunidades ou grupos sócioculturais. Estes papéis são essenciais para segarantir a eficácia do processo de comunicação, a boca a boca e, principalmente identificar tempestivamente os pontos de virada provocados pormudanças de contexto. Os pontos de virada podemacelerar a mudança de comportamento do público-alvo, passando de indiferença ou resistência, para ade agentes proativos de mudanças, acelerando-as. As expectativas sobre o empreendimento vão variarsegundo cada comunidade ou grupo sócio cultural e,portanto, as interações deverão ser planejadas paraatendimento específico, sendo alteradas e comunicadas sempre que alguma variação decontexto ocorrer. Além de planejadas, as iterações devem ser monitoradas e controladas conforme indicadores padrões de mercado relacionados aos objetivos a serem atendidos. Portanto a colaboraçãoentre os gestores e todos os atores, através daslideranças, é a essência do poder de transformação.A responsabilidade passa a ser de todos e não mais apenas dos gestores. Neste processo colaborativo é essencial ao gestor ter domínio sobre todas asvariáveis da dimensão de governança que tenhaminterações com o empreendimento e com as demais dimensões externas a ele e de seu ambiente. Esta análise de variáveis Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 66

deve ser dinâmica, ágil e nãoapenas um elemento tático-estratégico estático doprocesso de iniciação do empreendimento. Portanto, obter e manter o engajamento dos participantes em projetos complexos depende darealização, dinâmica e eficaz do ciclo: O centro de equilíbrio deste ciclo é dado pelo uso correto dos conceitos, métodos e ferramentas de Marketing, Marketing Digital para a execução de um plano de comunicação, usando prioritariamente as mídias sociais, que se adapte às variações de contexto no tempo e que atinja rapidamente as comunidades ou grupos socioculturais. Os ativistas deste plano são os gestores, se atuando colaborativamente com os comunicadores, os especialistas e os vendedores. Ao olhar para o empreendimento de transformação de uma cidade, como o Rio de Janeiro, em humanizada e inteligente, a primeira tarefa é definitivamente conhecer de fato quem são as pessoas que habitam as comunidades e como elas se comportam em grupos, independente desta comunidade estar ou não no século 21. A ativação planejada de um processo de comunicação moderno, ágil e eficaz deverá fazer uso de conceitos, métodos e ferramentas de Marketing não dominadas pelogestor público, mas já de uso comum na área privada. A senha para o engajamento será a colaboração entre todos os atores e as comunidadesse sentindo participes de cada iteração do empreendimento que as envolva. Para a colaboração, lideranças fortes deverão ser ativadas através dos papéis de comunicador, especialista e vendedor. As mídias sociais, com a mensagem correta a ser difundida, deverão privilegiar a participação das pessoas e os processos de feedback. A proximidade com as comunidades, a integração com os demais atores, a visão real das variáveis contextuais, suas interações e a agilidade do processo de comunicação facilitarão encontrar oportunidades de evolução ou realizar ações de mitigação ou evitar de riscos ou restrições advindas de variações contextuais. Reações positivas ou negativas poderão vir das comunidades durante as variações de contexto. Entretanto serão sempre aproveitadas ou atenuadas através da proximidade eda agilidade. E aí reside a grande chance de o Rio deJaneiro aproveitar muitos pontos de virada,alavancando saltos, com soluções, muitas vezes simples, aplicadas Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 67

dentro de um empreendimento complexo. Com certeza, conseguindo ser uma cidade humanizada, certo será evoluir sempre e de forma inteligente usando a transformação digital a favor das pessoas e conforme as mais diferentes necessidades. REFERÊNCIAS BROUGHAM, G. (2015). The Cynefin Mini-Book - An Introduction to Complexity and the Cynefin framework. C4 Media - Livro Digital. CAPELLI, C., REIS, L. C., BERNARDES, M. B., CORTESE, T. T., & NUNES, V. (2020). Capítulo 4 - Governança. Em A. L. Guedes, C. A. Soares, & M. V. Rodriguez y Rodriguez, Smart Cities. Cidades Inteligentes nas dimensões Planejamento, Governança, Mobilidade, Educação, Saude (pp. 61-70). Rio de Janeiro: Livro Digital. COOKE - Davies, T.-e., LOCH, C.-a., & PAYNE, F. C.-a. (2011). Aspects of Complexity: Managing Projects in a complex world - Chapter 4 - Strategic Management : Developin Policies. Newton Square - Pennsylvania USA: PMI - Project Management Institue. COVA, B., GHAURI, P., & SALLE, R. (2002). Project Marketing - Beyond Competitive Bidding. New York: John Wiley and Sons. GLADWELL, M. (2009). O ponto da virada. Rio de Janeiro: Sextante. GONÇALVES, V., & TERENTIM, G. (2020). Gestão de Mudanças em Projetos Ágeis - HCMBOK to Agile. Rio de Janeiro: Brasport. GRIFFIN, E. (2011). Communication: A first look at communication theory. New York: McGraw Hill. GUEDES, A. L., RODRIGUEZ y RODRIGUEZ, M. V., SOARES, C. A., & et all. (2019). Smart Cities - Cidades Inteligentes nas Dimensões: Planejamento, Governança, Mobilidade, Educação e Saúde. Riode Janeiro: Livro Digital - smart.rio.br/e-book/. HARARI, Y. N. (2017). Homo Deus A brief history of tomorrow. NewYork: Harper Collins. HASS, K. (2009). Managing Complex Projects - A New Model. Vienna: Management Concepts. HERSEY, P., & BLANCHARD, K. H. (1986). Psicologia para admnistradores. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária. Jain, R., Fritz, N., Poppenslecker, T., & White, O. (2 de February de 2021). McKinsey and Company. Fonte: McKinsey Quaterly - Risk Practice: Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 68

https://www.mckinsey.com/business- functions/risk/our-insights/meeting-the- future-dynamic-risk- management-for-uncertain-times. KOCK, R. (2014). O poder 80 / 20. São Paulo: Gutenberg. KOTLER, P., KARTAJAYA, H., & SETIAWAN, I. (2010). Marketing 3.0.New Jersey: John Wiley and Sons. LOVARI, A., & CHIARA, V. (2019). Public Sector Communication and Social Media - Opportunities and limits of current policies, activities and practices in digital governments. Em A. Lovari, & V. Chiara, The handbook of public sector communication (pp. Cap 4-4). Wiley. MAHONEY, M. L., & TANG, T. (2019). Strategic Social Media: FromMarketing to Social Change. New York: Wiley. MARIAMPOLSKI, H. (2006). Ethnography for Marketers: A Guide to Consumer Immersion. London: Sage. MATTELART, A. (2000). Networking the world (1794 - 2000). Minnesota: Minnesota Press. RUCKER, D. D., PETTY, R. E., & BRIÑOL, P. (2015). Social Psycology foundations of Social Marketing. Em D. D. Rucker, R. E. Petty, & P. Briñol, The handbook of persuasion and social marketing (pp.Vol 1, pp 27-60). D. Steward. VASCONCELLOS, M. M. (1976). Marketing Básico, domínio e extensão do conceito. Rio de Janeiro: Conceito Editorial. Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 69

PRINCIPAIS DIFICULDADES ENCONTRADAS PELA EQUIPE ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA DURANTE A PRÁTICA DOS CUIDADOS PALIATIVOS Luciana Fuentes Universidade Paulista-UNIP Micheli P.F. Magri [email protected] Universidade Paulista-UNIP Palavras-Chave: Cuidados paliativos. Espiritualidade. INTRODUÇÃO Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) cuidados paliativos é uma abordagem que melhora a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares frente a problemas associados à doença terminal, através da prevenção e alívio do sofrimento, identificando, avaliando e tratando a dor e outros problemas, físicos, psicossociais e espirituais (CAMPOS; SILVA; SILVA; 2019)1. Com a crescente incidência de casos de câncer, torna-se estratégico ter uma equipe preparada para oferecer tais cuidados aos pacientes terminais. Objetivou-se conhecer as principais dificuldades encontradas pela equipe da ESF durante a prática dos cuidados paliativos, como também saber se aplicam alguma prática de espiritualidade e religiosidade durante seus cuidados. A pesquisa caracteriza-se como um estudo quantitativo, descritivo e exploratório, com 18 membros da equipe do ESF Dr. Edward Gabriolli, na Cidade de Vargem Grande do Sul/SP, que atua cotidianamente com pacientes em tratamento oncológico com cuidados paliativos domiciliares, através da aplicação de um questionário semiestruturado com perguntas abertas e fechadas. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Paulista, Número do Parecer: 3.858.631. A análise dos dados deu-se por meio da aplicação da porcentagem e elaboração de tabelas para os dados quantitativos. Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 70

RESULTADOS E DISCUSSÕES Tabela 01. Porcentagem das principais dificuldades encontradas pela equipe ESF durante os cuidados paliativos Dificuldades Médico Enf. TE ACS Total Aceitação 3,5 0 0 21,4 25 Família 3,5 3,5 7 3,5 17,8 Sentimento 0 7 3,5 3,5 14 Paciente 3,5 3,5 0 7 14 Preparo 3,5 0 0 3,5 7 Pena 0 0 0 7 7 Atenção 0 0 7 0 7 Pouco funcionário 0 0 3,5 0 3,5 Consolo 0 0 0 3,5 3,5 Total 14 14 21,4 50 100 Fonte: Próprio autor (2020) Tabela 02. Porcentagem das ações de espiritualidade e religiosidade praticada pela equipe ESF durante os cuidados paliativos Ações Médico Enf. TE ACS Total Oração 0 2,7 0 8,1 10,8 Palavra otimista 2,7 0 0 8,1 10,8 Conversar 0 10,8 10,8 10,8 10,8 Apoio 0 2,7 0 5,4 8,1 Fé 0 2,7 2,7 2,7 8,1 Escutar 0 2,7 0 2,7 5,4 Incentivar 0 2,7 0 2,7 5,4 Não faz nada 0 0 5,4 5,4 5,4 Empatia 0 2,7 0 0 2,7 Respeitar Crença 2,7 0 0 0 2,7 Paz 0 0 0 2,7 2,7 Total 5,4 27 19 48,6 100 Fonte: Próprio autor (2020) A espiritualidade também é utilizada pelos profissionais de saúde como forma de enfrentamento ao deparar-se com a morte. A busca de conforto que a espiritualidade produz costuma auxiliar tais profissionais em momento de luto no ambiente de trabalho (UTIDA; FACO JUNIOR; MOUSFI, 2019)2. O significado da espiritualidade para quem é cuidado deve ser observado como necessidade básica (SÁ; PEREIRA, 2007)3. Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 71

CONCLUSÕES Através dessa pesquisa, foi possível analisar que os profissionais da ESF entendem a importância e sua atuação com os cuidados paliativos oferecidos o paciente em tratamento oncológico e seus familiares, porém possuem dúvidas sobre cuidados pautados na espiritualidade. REFERÊNCIAS 1CAMPOS, V.F.; SILVA, J.M.; SILVA, J.J. da. Comunicação em cuidados paliativos: equipe, paciente e família. Revista Bioética, Brasília, v. 27, n. 4, p. 711-718, dez. 2019. Disponível: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S198380422019000 400711&lng=en&nrm=iso>. Acesso: 27 jul. 2020. 2UTIDA, A.R.S.; FACO JUNIOR, A.S.; MOUSFI, G.K.J. Assuntos inacabados: relato de encontro e rito de passagem. Rev. Bioética, Brasília, v.27, n.4, p.600-602, dez. 2019. Disponível: <http://- www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S19838042201900040060 0&lng=en&nrm=iso>. Acesso: 27 jul. 2020. 3SÁ, A.C.; PEREIRA, L.L. Espiritualidade na enfermagem brasileira: retrospectiva histórica. O mundo da saúde. São Paulo, v. 31, ed. 2, p. 225- 237, abr./jun. 2007. Disponível: http://www.saocamilosp.br/pdf/mundo_saude/53/10_Espiritual_enfermagem .pdf. Acesso: 16 mar. 2019. Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 72

A UTILIZAÇÃO DA AURICULOTERAPIA PARA O TRATAMENTO DA OBESIDADE EM MULHERES Adriana Santiago Soares Mestranda em Desenvolvimento Local pelo Centro Universitário Augusto Motta, Docente do Curso de Pós-Graduação em Farmácia Clínica da Universidade Anhanguera; Pós-Graduação em Acupuntura da ABACO/CBA e Pós- Graduação em Acupuntura na Universidade Anhanguera E-mail: [email protected] Orcid: https://orcid.org/0000-0003-0374-6628 Vanessa Indio do Brasil da Costa Doutora em Vigilância Sanitária pelo INCQS/ FIOCRUZ. Coordenadora Acadêmica e Docente do curso de graduação em Farmácia da UNISUAM/ Rio de Janeiro, RJ e dos cursos de saúde da Anhanguera/ Niterói/RJ E-mail: [email protected] Orcid: http://orcid.org/0000-0002-0360-143X Kátia Eliane Santos Avelar (PQ)* Doutora em Ciências pela UFRJ. Pesquisadora em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora do CNPq. Docente e Pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Local no Centro Universitário Augusto Motta, UNISUAM, Rio de Janeiro, RJ E-mail: [email protected] Orcid: https://orcid.org/0000-0002-7883-9442 Palavras-chave: Práticas Integrativas e Complementares em saúde, Doenças Crônicas, Auriculoterapia, Obesidade. INTRODUÇÃO As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) cresceram consideravelmente, ampliando a visão da terapêutica em todos os sistemas de saúde, com a finalidade de prevenir e curar doenças e agravos à saúde. O debate dessas práticas deu-se o início em setembro de 1978, coma Primeira Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e UNICEF, em Alma-Ata, na República do Cazaquistão, queexpressava a “necessidade de ação urgente de todos os governos, de todos os que trabalham nos campos da saúde e do desenvolvimento da comunidade mundial para promover a saúde de todos os povos do mundo”. O documento resultante dessa conferência, denominado como Declaração de Alma Ata, em síntese, afirmava a partir de dez pontos que os cuidados primários de saúde precisavam ser desenvolvidos e aplicados em todo o mundo com urgência, particularmente nos países em desenvolvimento. Naquele momento, conforme defesa feita pela própria OMS, a saúde era entendida como “completo bem-estar físico, mentale social, e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade” (BRASIL, 2018b). Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 73

No Brasil, a partir da Oitava Conferência Nacional de Saúde (1986) e a declaração da Alma Ata, na qual as demandas e necessidades de atenção à saúde da população foram colocadas em uma nova perspectiva cultural trazendo uma visão ampliada ao mecanismo saúde-doença e apromoção global do cuidado humano (BRASIL, 2015; BRASIL, 2018). Conseguinte, a Comissão Interministerial de Planejamento e Coordenação (CIPLAN) em 1988, menciona os atendimentos em homeopatia, acupuntura, termalismo e em técnicas alternativas de saúde mental e fitoterapia e na 10ª Conferência Nacional de Saúde em 1996, essas práticas foram incorporaram a utilização das terapias alternativas e práticas populares nos serviços de saúde destinado à população no Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2006a). Diante dos desafios da saúde tanto no âmbitonacional e internacional, os debates sobre a promoção da saúde e bem-estar nas sociedades tornaram-se cada vez mais intensos e tratamentos que sejam eficazes para a prevenção e cura das doenças, principalmente em relação as doenças crônicas não transmissíveis que são responsáveis pela maior carga de doença e mortalidade. Em 2011, o Ministério da Saúde lançou o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) no Brasil, 2011-2022, que contou com colaboração de outros ministérios do governo brasileiro, de instituições de ensino e pesquisa, de membros de organizações não governamentais, entidades médicas associações de portadores de doenças crônicas, entre outros , com o objetivo de promover o desenvolvimento e a implementação de políticas públicas efetivas, integradas, sustentáveis e baseadas em evidências para a prevenção e o controle das DCNT e seus fatores de risco, além de fortalecer os serviços de saúde voltados às doençascrônicas. Foram abordados no plano quatro principais grupos de doenças crônicas (circulatórias, cânceres,respiratórias crônicas e diabetes) e seus fatores de risco em comum modificáveis (tabagismo, álcool,inatividade física, alimentação não saudável eobesidade) e definiu diretrizes e ações em três eixos: a) vigilância, informação, avaliação e monitoramento; b) promoção da saúde; c) cuidado integral (BRASIL, 2020). De acordo com o balanço das metas do Planode Ações Estratégicas para o enfrentamento dasDCNTs 2011-2022, em análise de prevalência da obesidade, observou-se que nos últimos cinco anos (2015 a 2019), a velocidade de aumento reduziu, com um aumento médio de 0,37 pontos percentuais,em comparação aos primeiros anos de implantação do Plano (2010 a 2015), em que foi observado um crescimento médio de 0,71 pontos percentuais. Embora o aumento da obesidade entre adultos não tenha sido tão marcante nos últimos anos monitorados, a previsão é de que a magnitude desteindicador continue crescendo, chegando ao final do Plano de DCNT sem êxito nessa meta (BRASIL, 2020). Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 74

No Brasil, as DCNTs se destacam como as principais causas de morbimortalidade, sendo que no ano de 2015 foram responsáveis por 75% dos óbitos (MALTA et al., 2017). Tais mortes resultaram,em sua maioria, dos quatro grupos de doenças citados anteriormente, das quais se destacam as doenças do aparelho circulatório (30%) e as neoplasias (15,6%), que acometem, principalmente, os níveis mais pobres da população e os idosos (BRASIL, 2018a). Nesta perspectiva a ONU (Organização das Nações Unidas), preocupada com a saúde de todos os cidadãos, propôs em seus 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, listados na Agenda 2030 da (ONU), o terceiro, que visa assegurar uma vida saudável e bem-estar para todas as pessoas em todas as idades e lugares. Nesta perspectiva, também foi incluído o indicador “redução da probabilidade de morte prematura por DCNT em30% até 2030”, dando continuidade ao compromissojá assumido pela Assembleia Mundial de Saúde até 2025. A obesidade é uma doença crônica que pode desencadear ou agravar uma série de outrasdoenças, como síndrome metabólica, diabetes melito tipo 2, doença cardiovascular, respiratória, do trato digestório, psiquiátrica e neoplasias, podendo ocasionar a morte prematura dos indivíduos acometidos por esta enfermidade. O tratamento da obesidade exige identificação e mudança de componentes inadequados no estilo de vida, assim como reeducação alimentar e prática de atividade física (WHO, 2015). Devido às dificuldades em se aderir aos tratamentos, outros tipos de intervenções vêm sendo estudadas, é nesse contexto que a Auriculoterapia , uma Prática Integrativa e Complementar, vem ganhando espaço no enfrentamento da obesidade Essa prática vem sendo utilizada para o controle da obesidade deforma natural, pois atuam através da estimulação depontos na orelha, por meio de agulhas, sementes, pedras, lasers, tratamento elétrico e pressão pelas mãos, resultando na melhora das atividades metabólicas e digestivas, além do alivio da ansiedade e supressão do apetite (KUREBAYASHI; SILVA, 2015). RESULTADOS E DISCUSSÃO PANORAMA DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO BRASIL No Brasil, a busca por novas formas de praticar o cuidado e autocuidado da saúde, considerando o indivíduo biopsicossocial, bem como seus determinantes e condicionantes em saúde foi promulgada a Portaria no 971 de 3 de maio de 2006,da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PNPIC), apoiada nas diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS),com a consolidação inicialmente, das práticas no Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 75

âmbito da Medicina Tradicional Chinesa (BRASIL, 2006). Atualmente, o SUS preconiza, atualmente, 29 PICs, intensificando o desafio da capacitação, implantação e oferta destas na saúde pública do país: Arteterapia, Ayurveda, Biodança, Dança Circular, Meditação, Musicoterapia, Naturopatia, Osteopatia, Quiropraxia, Reflexoterapia, Reiki, Shantala, Terapia Comunitária Integrativa e Yoga, Apiterapia, Aromaterapia, Bioenergética,Constelação familiar, Cromoterapia, Geoterapia, Hipnoterapia, Imposição de mãos, Ozonioterapia, Terapia de Florais (BRASIL, 2018). A variedade de práticas sugeridas na PNPIC vem ao encontro da necessidade de saúde percebida na conformação do perfil epidemiológico para a escala de doenças de ordem crônica. Segundo o Ministério da Saúde são consideradas DCNTs, o diabetes mellitus, obesidade, câncer, doenças cardiovasculares, doenças respiratórias(BRASIL, 2019). A PNPIC, de 2006, trouxe diretrizes norteadoras para a Medicina Tradicional Chinesa/Acupuntura, Homeopatia, Plantas Medicinais e Fitoterapia, assim como instituiu os observatórios de Medicina Antroposófica eTermalismo Social/Crenoterapia. A partir da PNPIC, foram criadas normativas para o cadastramento de serviços de práticas integrativas e complementares no SCNES (Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde), e a criação de procedimentos específicos das PICS, o que permitiuo monitoramento da implantação desses serviços nopaís (BRASIL, 2011). Em janeiro de 2008, a Portaria nº 154, determinou a criação do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), incluindo as PICS em seu escopo de ação e a incorporação de profissionais específicos das PICS, como o acupunturista, de acordo com os artigos 4º e 5º, para atuarem na Atenção Básica. O NASF estende a proposta de assegurar suporte especializado às equipes e profissionais da Estratégia de Saúde da Família (ESF), contando com profissionais e áreas estratégicas em apoio às atividades físicas/práticas corporais, reabilitação (fisioterapia), alimentação e nutrição (nutrição), saúde mental (psicologia epsiquiatria), serviço social (assistência social), saúdeda criança/adolescente/jovem (pediatria), saúde da mulher (ginecologia) e assistência farmacêutica(farmácia) e, dentre elas, as práticas integrativas e complementares , entre outros programas e ações do SUS (BRASIL, 2008; FAUSTO et al., 2014). Em 2011, foi lançado o Programa Nacional deMelhoria do Acesso e da Qualidade na Atenção Básica (PMAQ-AB), com o objetivo de incentivar os gestores e as equipes a melhorarem a qualidade dos serviços de saúde oferecidos aos cidadãos do território. Para isso, foi proposto um conjunto de estratégias de qualificação, acompanhamento e avaliação do trabalho das equipes de saúde, onde os resultados do primeiro e do segundo ciclos indicaram que havia mais oferta de PICS nos serviços de saúde na Atenção Básica do país do que o registrado no SCNES. Tal evidência Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 76

impulsionou o monitoramento das atividadesrelacionadas às PICS para a Atenção Básica(BRASIL, 2011). Segundo Amado et al. (2017), nos anos de 2013 e 2014, os avanços relacionados às PICs, tanto em incentivos em projetos de pesquisa quanto em capacitação de profissionais, foram contemplados de forma significativa O Ministério da Saúde, em consonância com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico(CNPq), no ano de 2013, publicou um edital de fomento à pesquisa e contemplou 28 projetos de pesquisa de interesse do SUS além de 17 projetos envolvendo estados e municípios. No ano seguinte, em 2014 houve grande repercussão das PICS por meio da IV Mostra de Experiências em Atenção Básica/Saúde da Família o que possibilitou a capacitação de mais de 6 mil profissionais entre Agentes comunitários de saúde/ Atenção Básica emtodo o país, com uma plataforma interativa, que oferecia cursos de Gestão em PICS, PlantasMedicinais e de Auriculoterapia. Na interface das diretrizes da PNPIC, atores sociais e instituições são participativos na construção, implementação e ampliação dessa política e do controle social. Esses atores criaram a Rede Nacional de Atores Sociais em PICS (Rede PICS), em novembro de 2015, com o intuito de promover a articulação e interação entre os diversosatores a fim de gerar informações e produzir notícias, monitorar e assessorar o processo de implementação da PNPIC, instituir canais de comunicação entre as PICS e as diversas instituições públicas (SILVA et al., 2020). As PICS estão em expansão, dentre os Estados com maior número de municípios Minasgerais e São Paulo estão no topo frente aos demais (figura 1). A abrangência das PICS pode ser evidenciada pelo dimensionamento dos atendimentos nos Estados, que segundo o Cadastro de Estabelecimentos em Saúde do Brasil (CNES), no ano de 2018, estavam presentes em 15.955 serviços de saúde, sendo que na atenção primária estão presentes em 14.456 (92%) dos estabelecimentos, distribuídos em 4.323 municípios (78%) e em todas das capitais (100%), para uma população de aproximadamente 150 milhões de usuários do SUS (BRASIL, 2019). Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 77

Figura 1: Panorama das PICS no Brasil Fonte: Ministério da Saúde – Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil/CNES Com relação aos atendimentos individuais parciais nos anos de 2017 e 2018, em um total de 2.401.76, as Práticas Integrativas em Antroposofia aplicada à saúde e Medicina Tradicional Chinesa somam um número significativo, onde a primeiratotaliza 714.864 e a segunda 252. 096. Das atividades coletivas, as práticas corporais da MTC e Plantas Medicinais / Fitoterapia, lideram com o número de participantes, bem como, com a oferta de atendimentos. Salienta-se as Práticas Corporais em MTC, se destacou devido ao aumento exponencial em ambos os aspectos, que chegaram à marca de 500% em média de um ano para outro (BRASIL, 2019). Dos procedimentos em MTC, a Acupuntura e Auriculoterapia, evidenciam uma margem de adesãoexpressiva em comparação aos demais procedimentos, ressaltando a Auriculoterapia, como mostra na figura 2, a otimização substancial à níveis percentuais. Figura 2: Procedimentos em PCIS na atenção primária à saúde em 2017 e 2018 Fonte: BRASIL, 2019 Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 78

É nesse cenário que o repertório de práticas integrativas, com seu vasto arsenal de recursos, pode contribuir para a integração interdisciplinar, pois descende de uma tradição milenar de uso continuado e praticamente inalterado dos mesmos recursos tecnológicos, pautados na natureza disciplinar dos atendimentos. A utilização das PICS nas doenças crônicas não transmissíveis nas últimas décadas, despontamno cenário ocidental como resposta à crescente demanda da população em busca da prevenção de doenças e tratamentos complementares para a recuperação da saúde. Outro aspecto a ser considerado é o baixo custo que as práticascomplementares representam, em especial, no momento global de evidente crescimento demográfico, com carência de recursos assistenciais, aliado a uma expansão e oferta de tecnologia com rápida obsolescência de soluções e recursos (FALCI; SHI; GREENLEE, 2016; TELES, 2016). Além disso, a alta incidência das DCNTs gera um problema econômico, visto que os recursos do SUS são direcionados ao tratamento dessas doenças acarretando um grande custo para o país. Existe também uma associação de problemas econômicos e sociais como é o caso da invalidez que gera uma grande adversidade tanto para o indivíduo como para o SUS (SANTOS et al., 2012). Vale ressaltar que as PICS, segundo dados oficiais, estão presentes em até 56% dos municípiosbrasileiros. Seus usos vêm crescendo ao longo dos anos devido a seus resultados positivos na terapêutica das DCNTs e inúmeras outras patologias, tais como dependências de drogas lícitas/ilícitas, reabilitação após procedimentos cirúrgicos e acidentes vasculares cerebrais, estresse, ansiedade, obesidade, cefaleia, epicondilite, fibromialgia, dor miofascial, osteoartrite, lombalgias, asma, depressão, ansiedade, dentre outras. Em torno de 80% das PICS são utilizadas na atenção primária de saúde (APS), vinculada ao SUS(TESSER; POLI NETO, 2018). Dacal e Silva (2018) em um estudo observacional retrospectivo, de corte transversal, utilizou registros em prontuários médicos em umcentro de saúde especializado em endocrinopatias, localizado em Salvador (BA). Neste estudo foi observado impactos aparentes das terapias complementares no alívio de sintomas psicológicos, emocionais e físicos, tais como ansiedade, estresse e dores no corpo ao longo de um ano de tratamento.Neste estudo, foram utilizadas práticas de Reiki e Reflexologia podal. Foram coletados dados de 59 pacientes, sendo que 55 eram mulheres e 4 eram homens, com idade média de 53,2 anos e com um tempo médio de 7,6 anos de tratamento endócrino na unidade. Com relação à diabetes, 20% dos pacientes apresentavam doenças da tireoide. Das PICS oferecidas, aproximadamente 70% dos pacientes foram atendidos com ambas as terapias (Reiki e Reflexologia podal), 15% apenas com Reiki e Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 79

outros 15% apenas com Reflexologia podal. Amaioria dos pacientes (69%) realizou até 5 sessões,29% dos pacientes realizaram entre 6 e 10 sessões, 2% realizaram acima de 15 sessões, sendo quenenhum paciente realizou entre 10 e 15 sessões. Todos os pacientes relataram o desejo de continuar frequentando o ambulatório de PICS. Quanto às principais queixas, relatadas no estudo acima, 85% dos pacientes referiram a dores no corpo e 80% relataram ansiedade, seguida por: estresse e cansaço (ambos, 78%); inchaço nas pernas e nos pés (66%); ganho de peso (50%); e insônia (46%). Os pacientes ainda referiram a pressão arterial elevada (44%); depressão (39%); constipação (31%); glicemia alta (34%); sintomas damenopausa (24%); e cólicas (12%) (gráfico 1). Tais queixas se apresentam como motivações para os encaminhamentos por parte dos profissionais, bem como apresentam relação direta com a demanda espontânea dos pacientes para o ambulatório de PICS. No que tange à melhora dos sintomas percebidas pelos pacientes após acompanhamento com as PICS, têm-se que 51% dos pacientes relataram melhora nas dores no corpo e no estado de estresse, além da melhora percebida em: cansaço (39%); ansiedade e inchaço nas pernas e nos pés (ambos, 34%); e insônia (27%). Ospacientes ainda perceberam melhoras em sintomas como: pressão arterial (17%); depressão (15%); ganho de peso (13%); constipação (7%); glicemia alta (7%); cólicas (2%); e sintomas da menopausa (2%) (gráfico 1). Vale destacar que o maior percentual (51%) de pacientes que relataram melhoras percebidas refere-se, também, aosmaiores percentuais relativos às queixas iniciais: dores no corpo (85%) e estresse (78%) (DACAL; SILVA, 2018). Os avanços inerentes à utilização da PICS em doenças crônicas ampliaram de maneira substanciala melhoria de qualidade de vida, a partir dos impactos positivos, associadas às terapêuticas convencionais ou de maneira singular, resultando na redução dos agravos e recuperação da saúde. A AURICULOTERAPIA COMO PRÁTICA INTEGRATIVA PARA O TRATAMENTO DA OBESIDADE A Auriculoterapia é uma prática milenar oriunda da Medicina Tradicional Chinesa (MTC). Utiliza mecanismos naturais como estratégia terapêutica de tratamento, assim vem conquistando espaço exponencial entre as terapias alternativas e complementares, como revelam os dados exibidos nos atendimentos de atenção primária à saúde entreos anos de 2017 e 2018 (BRASIL, 2019). Em 2006, foi estabelecida SUS por meio da PNPIC (BRASIL, 2006a). A OMS reconhece a auriculoterapia como um método auxiliar nos tratamentos terapêuticos e potencializadora de efeitos desejados. Os efeitos Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 80

podem ser rápidos para diversos tratamentos,avaliando-se cada caso para a evolução terapêutica satisfatória (SCAVONE, 2016). A crescente busca por terapias alternativas e complementares tem sido considerável, devido a sua comprovada eficácia em doenças crônicas, principalmente as com sintomatologia dolorosa, de ordem musculoesquelética. O emprego da Auriculoterapia como recurso terapêutico de forma isolada ou complementar a outros tratamentos, pode ser útil no manejo clínico pode ser um importante instrumento para a promoção, prevenção etratamento à saúde, por ser uma técnica de rápida aplicação, baixo custo e fácil adesão dos pacientese que tem trazido resultados positivos no manejo de diferentes quadros sintomatológicos (HOU, 2015). Os princípios da Auriculoterapia sãonorteados com base na Medicina Tradicional chinesa e da Neurofisiologia, representados pela Escola Chinesa. É praticada há séculos e a Escola Francesa que teve seu início à partir dos estudos dePaul Nogier, que em 1957 avançou com a proposta de uma cartografia do pavilhão Auricular na visão um feto invertido, como um mapa somatotópico (figura 3), representando por partes reflexas de estimulação ao corpo, como um microssistema, onde cada parte refere-se a uma área anatômica e pontos correspondentes que estimulam determinados órgãos, ossos e músculos (YANG et al., 2017). Todas as alterações ou desequilíbrios do organismo são refletidos em regiões correspondentes no pavilhão auricular. É comumente visualizado na orelha manchas, dor à palpação dentre outros sinais e sintomas como consequência desses desequilíbrios, o que caracteriza o ponto. São utilizadas agulhas e sementes, eletroestimulação, bem como outrosmateriais aplicados nos pontos até a cura completa ou alívio dos quadros sindrômicos avaliados (LEE, 2010). Figura 3: Mapa somatotópico do pavilhão auricular Fonte: ARTIOLI; TAVARES; BERTOLINI,2019. Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 81

Os efeitos mediados pela Auriculoterapia podem serexplicados tanto na visão paradigmática vitalista da MTC, como pelo neurofisiológico da biomedicina.Segundo a MTC, a estimulação dos pontos auriculares é capaz de restaurar e regular o fluxo da“Energia Vital” (Qì) e Xue (sangue), sutis (Yang) e manifestas (Yīn) que circulam por canais específicos:  meridianos principais (Jīng Mài) e colaterais (Luo Mài) interligando a orelha com todo o corpo. Yin- Yang se relacionam entre si com interdependência, não podendo existir separadamente e de consumo mútuo. O bloqueio do fluxo energético nos canais é responsável pela manifestação de dor e desequilíbrio das funções energéticas dos órgãos e vísceras, onde a perfeita relação de equilíbrio entreo Yin e Yang são cruciais para a manutenção de boa saúde (Zàng-Fŭ) (UNSCHULD; TESSENOW, 2011). No contexto paradigmático da MTC, a teoria dos cinco elementos aborda a ideia de que o mundo material e imaterial é formado por elementos quesão em número de cinco, a saber: Água, Madeira, Fogo, Terra e Metal, representados por órgãos e vísceras. Esses elementos participam de um contínuo ciclo de geração, que se refere à forma como se originam, e de um ciclo de dominância, que apresenta a relação natural de um elemento sobre outro. Quando o Qi de uma pessoa se encontra em desiquilíbrio, essa se torna vulnerável à doença e a Auriculoterapia seria capaz de harmonizar tal fluxo, minimizando a probabilidade do desencadeamento de sintomas (MILLER, 2019). Na visão da neurofisiologia, a ação da auriculoterapia é explicada pela estimulação dos nervos que inervam as regiões da orelha onde os pontos estão localizados. A região mais central da orelha, conhecida como concha auricular, é ricamente inervada pelo nervo vago (figura 4) e sua estimulação desencadeia o reflexo colinérgico, como a ativação dos receptores muscarínicos no local da inflamação, mediando efeitos anti- inflamatório e anti-edematogênico (ZHANG et al., 2014; BONAZ;SINNIGER; PELLISSIER, 2016) pela diminuição da concentração plasmática de citocinas pró inflamatórias e aumento das citocinas anti- inflamatórias em indivíduos com dor musculoesquelética (YEH et al., 2017). Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 82

Figura 4: Ramos dos nervos localizados na orelha Fonte: Adaptada de Yamamura; Yamamura, 2015. Em face da sua abrangência terapêutica para o tratamento de mais de 200 doenças,considerando o pluralismo em cuidados de saúde, com a integração de abordagens que ampliam as possibilidades diagnóstico- terapêuticas, o uso da auriculoterapia vem ganhando espaço e, vários estudos reiteram os mecanismos supracitados para a sua efetividade nas dinâmicas de diversos tratamentos e a prevenção de muitas doenças, por um mecanismo simples e de fácil adesão por parte dos pacientes. No que diz respeito ao uso das PICS, Ornela et al. (2016) realizaram um estudo clínico randomizado com o objetivo de analisar o efeito da estimulação dos pontos de acupuntura no tratamento da obesidade. A partir do acompanhamento oferecido, observou-se uma resposta com relação à perda de peso e medidas corporais (redução de Índice deMassa Corporal – IMC – e circunferência abdominal)com 10 sessões de acupuntura, aliadas à atividade física e reeducação alimentar. O estudo destaca resultados da acupuntura não somente na redução do peso, mas, também, na melhora de aspectos da qualidade de vida dos pacientes com obesidade, tais como controle da ansiedade, tensão emocional e autoestima, além de aumentar a motivação. Os benefícios inerentes à utilização das PICS para aprevenção e manejo da obesidade, estão vinculadosà melhoria e minimização de sinais e sintomas relacionados a esta, tais como controle da polifagia, qualidade do sono, melhora nos mecanismos doestresse, dentre outros. No que tange à esfera psíquica, há uma exponencial melhora nos quadros de ansiedade e transtorno depressivo. Evidencia-se a necessidade de uma mudança no estilo de vida com a introdução de prática de atividades físicas e uma atenção aos hábitos nutricionais. O uso da Auriculoterapia concede ao paciente a oportunidadede vivenciar a experiência terapêutica e ser o co- responsável no processo de melhora do seu quadro clínico, com a Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 83

possibilidade de evitar efeitos colaterais, além de avançar para um processo de desmedicalização tendo em vista comorbidades concomitantes. A OMS define a obesidade como o acúmulo anormalou excessivo de gordura que apresenta risco à saúde como uma doença crônico- degenerativa (OMS,2020). De acordo com o Ministério da Saúde (MS), o balanço energético positivo é o determinantemais imediato do acúmulo excessivo de gordura e ocorre quando a quantidade de energia consumida émaior que a quantidade de energia gasta. Entretanto, existem várias maneiras de classificar ou diagnosticar a obesidade, dentre elas a mais utilizada é o Índice de Massa Corporal (IMC ou Índice de Quetelet) com a utilização da seguintefórmula: IMC = Peso atual (kg)/ altura (m2) (BONIZOL et al., 2016). Para a MTC a obesidade traduz um desequilíbrio energético, que tem como consequência fatores como: o tipo e a quantidade de alimentos consumidos, regularidade da alimentação e estado emocional enquanto se alimenta (ORNELA et al., 2016). O tratamento se baseia na possibilidade do resgate da essência e da vitalidade, onde se busca o equilíbrio do estado emocional que resultará na perda de peso, bem-estar e melhora da qualidadede vida (BONIZOL, 2016). Em um estudo experimental, de caráter prospectivo e transversal, desenvolvido por Bonizol et al. (2016),apresentado na forma de relato de casos, quatro indivíduos de ambos os sexos foram selecionados e identificados como “A, B, C, e D”, com base noíndice de massa corporal (IMC > 25). Os autores empregaram a técnica de auriculocibernética, considerando a descrição específica para cada ponto, que consiste na inserção de agulhas inoxidáveis semipermanentes na orelha dominante. O intervalo entre as sessões foi de uma semana, sendo que um ciclo de tratamento correspondeu a oito sessões completas. Como resultado, os indivíduos A e B foram os que mais perderam peso, em média 2,75 kg, em seguida, a paciente D com 1,6 kg e, por último, o paciente C que perdeu 700 gramas. Concluíram que o conjunto de pontosauriculares foi efetivo na redução do peso corporal. Na abordagem sindrômica para a seleção dos pontos auriculares no manejo terapêutico da obesidade, alguns critérios devem ser considerados,tendo em vista comorbidades associadas, quedevem ser avaliados de maneira individual em cadacaso, pressupondo o elenco de pontos preconizadosna literatura, destinados ao gerenciamento de peso e nos demais quadros concomitantes, estabelecendo em linhas gerais, o equilíbrio dos fatores causadores e os desenvolvidos em consequência da obesidade. Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 84

CONCLUSÕES De acordo com os achados oriundos desta pesquisa bibliográfica foi possível verificar impactospositivos na utilização da auriculoterapia nos quadros de obesidade, bem como em outras doenças crônicas. Tais patologias apresentam quadro clínico complexo, com a sobreposição de sintomas físicos/orgânicos e sintomas psicológicos,que demandam uma abordagem integral à saúde dos indivíduos, com o dimensionando dos benefícios nas áreas psicológicas e emocionais. A auriculoterpia apresentou, em muitos pacientes,efeito rápido, prolongado, duradouro, contínuo, debaixo custo, de fácil manejo, além de ser umatécnica segura para a aplicação e com poucos efeitos colaterais. Vale destacar a necessidade de reconhecimento e aceitação das PICS por parte dos profissionais de saúde, na orientação dos usuários de serviços de saúde com relação aos benefícios para a prevençãoe tratamento das doenças. Há a necessidade de estudos científicos contínuos que se debrucem sobre aspectos como qualidade de vida, adesão ao tratamento e promoção da saúde, e que utilizem medidas sempre confiáveis para a avaliação dos impactos das PICS na saúde dos pacientes. Isso porque evidências científicas nessa área servirão para o fortalecimento e a expansão das PICS, bem como para a ampliação do olhar sobre o adoecer e as práticas em saúde AGRADECIMENTOS Meus agradecimentos à: - À minha família, meu marido e meus três flihos, pelo incansável carinho, paciência e compreensão em perseguir meus sonhos e metas; - À minhas queridas orientadoras Kátia Avelar e Vanessa Indio, pela dedicação, carinho e atenção no acompanhamento das orientações e sugestões; REFERÊNCIAS AGUIAR, Z. N. O Sistema Único de Saúde e as LeisOrgânicas da Saúde. In: AGUIAR, Z. N. Org. SUS: Sistema Único de Saúde: Antecedentes, Percurso, Perspectivas. 1. ed. São Paulo: Martinari, p. 42-68, 2011. AMADO, D. M. et al. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde 10 anos: avanços e perspectivas. Journal of Management and Primary Health Care. v. 2, n. 8, p. 290-308, 2017. Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 85

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AÇAFRÃO DA TERRA E SUA AÇÃO ANTI-INFLAMATÓRIA Carolyna de M. Davi Email: [email protected] UFG – Goiânia Julianna C. de Miranda Instituto Monte Pascoal - Goiânia Maria Geralda de Miranda Email: [email protected] PPGDL/UNISUAM – Rio de Janeiro Palavras-Chave: processo inflamatório; RENISUS; curcumina. INTRODUÇÃO A planta medicinal Curcuma longa L. de origem asiática, conhecida no Brasil como açafrão da terra. Contém, várias ações terapêuticas incluindo antioxidante, anticarcinogênicos, antimicrobianas e em destaque a anti- flamatória. (SCHOLZE, 2014). Ao longo dos anos, a fitoterapia vem avançando nos estudos, com a presença de curcuminóides, que são moléculas com propriedades de impedir o avanço da inflamação, agindo na redução das citocinas, como IL-1-β e IL-6, além de atuar também em problemas intestinais e pancreatites. (MOSHIRI, 2014) A inflamação é um processo de agrupamento dos leucócitos e proteínas plasmáticas do sangue para o local da infecção e da lesão tecidual. Nesse sentindo, o açafrão irá atuar no sistema imunológico auxiliando na resposta inflamatória do organismo. Essa planta medicinal faz parte da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao Sistema Único de Saúde (RENISUS, 2009), no vigésimo segundo lugar. Tal relação tem a finalidade orientar pesquisa e estudos sobre os fitoterápicos. A cúrcuma é um fenólico com coloração amarelada e apresenta três componentes: curcumina, demetoxcurcumina e bisdemetoxcurcumina. Os curcuminóides tem sido utilizado principalmente nas indústrias alimentícias e farmacêuticas, além de ser um bioativo. Seus benefícios são estudados e obtendo resultados positivos, no caso de doenças respiratórias, cardiovasculares, autoimunes e alérgicas, pois constitui ações imunomoduladoras, o que significa fazer a regulação da resposta do sistema imune contendo e facilitando o tratamento da doença. (GRASSO, 2017) Assim, esta pesquisa pretende analisar os efeitos anti- flamatórios da Curcuma longa L e sua ação no nosso organismo. Ademais, a revisão de literatura apontou seus benefícios medicinais e como ela age no corpo humano. Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 91

RESULTADOS E DISCUSSÃO A cúrcuma longa L. é uma planta herbácea de origem asiática, conhecida como tumérico, açafrão, açafrão-da-terra, gengibre amarelo, dentre os outros nomes. Os benefícios do extrato da curcumina vem sendo utilizado em várias doenças, por causa de suas ações antioxidante, antimicrobianas, anticarcinogênicos e antiflamatória. A sua composição possui principalmentetrêsconstituintes, a demetoxcurcumina, a curcuminae o bisdemetoxcurcumina. (GRASSO,2017). Essessão responsáv eis pela sua cor amarela e pelo tratamento de vários distúrbios, além de ser usado para dar cor e sabor aos alimentos. A planta medicinal que é incluída na fitoterapia pelas suas propriedades. Homeostase é responsável pela manutenção e existência da estabilidade do organismo humano. Nesse sentindo, quando algo for alterado ocorre a ativação do sistema imune, que irá buscar fazer a regulação do corpo ao funcionamento normal. O sistema imune tem duas respostas a inata e adaptativa. A primeira resposta, também chamada de natural, é a primeira linha de defesa contra o microrganismo, seus componentes são: barreira física e química, células fagocíticas (neutrófilos, macrófagos), células dendríticas e células assassinas naturais (NK), proteínas sanguíneas, além dos membros do sistema complemente e mediadores da inflamação. Já a segunda reposta, chamada também de adquirida ou específica, tem como capacidade distinguir as substâncias a especificidade e a habilidade de responder mais rápido ao um microrganismo por ter células de memória, seus componentes são: linfócitos e suas secreções como os anticorpos. (ABBAS,2019) A inflamação é um processo de agrupamento dos leucócitos e proteína plasmática do sangue que acumula ativando o sistema imune contra o microrganismo. A inflamação pode ser definida como crônica, ou seja, um processo que infecção não é suprimida ou a lesão tecidual é delongada, além disso, a inflamação aguda pode se desenvolver em questão de minutos e durar poucos dias. (ABBAS, 2019). Uma das etapas de resposta imune nativa é a secreção de citocinas por células teciduais. As alterações são feitas com a estimulação feita por PAMP (Padrões Moleculares Associados a Patógenos) e DAMP (Padrões Associados ao Dano), que são induzidas pelas citocinas e pequenas partículas mediadoras. (ABBAS, 2019) O TNF (fator de necrose tumoral) e a interleucina-1 tem funções similares está presente na resposta infamatória aguda das bactérias e outros microrganismos, produzido por macrófagos principalmente, são conhecidas por induzir a morte celular, ativar os fatores de transcrição NF- κB e AP-1(proteína ativadora-1) e expressão gênica. Outra citocina importante é a interleucina-6 com efeito local e sistêmicos, é um dos maiores colaboradores da inflamação em várias doenças, afim de que seu bloqueio Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 92

está sendo usado como forma de tratamento de certas enfermidades. (MOSHIRI, 2014) A curcumina adequa negativamente várias expressões de citocinas pró-inflamatórias, como as interleucinas IL-1-β, IL-6, TNF-α (fator de necrose tumoral), e também, quimiocinas. Alguns estudos apresentam a modulação na ativação de células-T, células-B, macrófagos, neutrófilos, células NK e células dendríticas, o que significa inibe a produção das citocinas inflamatórias. Essa inibição é por meio da supressão do NK desregula a expressão COX-2(cicooxigenase-2) e NOS (óxido nítrico sintase), outro mecanismo seria a ativação dos fatores de transcrição, como da proteína ativadora-1(AP-1) e NF-κB atrapalhando assim o processo de inflamação e tumorigênese. A ação do açafrão é feita a partir da modulação de diferentes elementos biológicos, que vão ativar a células do sistema imunológico, fazendo todo o processo para volta da homeostase do corpo humano. (JURENKA, 2009) CONCLUSÃO Portanto, a pesquisa permitiu constatar a importância da Curcuma longa L. e sua utilização para medicina, pelos seus efeitos antioxidante, antiflamatórios, antimicrobianos e anticarcinogênicos, sendo aplicada para diversas disfunções. Além disso, percebe-se o seu funcionamento junto ao sistema imunológico, destacando-se a resposta inflamatória. Contudo, faz-se necessário os estudos dos tratamentos fitoterápicos contra várias doenças. REFERÊNCIAS 1 ABBAS, Abul K.; et al. Imunologia: Celular e Molecular. 9 eds. Rio De Janeiro: Editora Elsevier Ltda, 2019. 2 Clínica Funcional - ano 14, nº60, 2014. 3 GRASSO. Eliane da costa. et al. Ação antiflamatória de Curcuma longa L. (Zingiberaceae). Revista Eletrônica Thesis, São Paulo, ano XIV, n.28, p.117-129, 2° semestre, 2017. 4 JURENKA JS. Anti-inflammatory properties of curcumin, a major constituent of Curcuma longa: a review of preclinical and clinical research. Altern Med Rev.Erratum in: Altern Med Rev. 2009 Sep; 14(3):277. PMID: 19594223. Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 93

5 MINISTÉRIO DA SAÚDE (BR). RENISUS (Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao Sistema Único de Saúde). Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/sus/pdf/marco/ms_relacao_plantas_me dicinais_sus_0603.pdf. 6 MOSHIRI M, VAHABZADEH M, HOSSEINZADEH H. Clinical Applications of Saffron (Crocus sativus) and its Constituents: A Review. Drug Res (Stuttg). Doi: 10.1055/s-0034-1375681. Epub 2014 May 21. PMID: 24848002. Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 94

COGNIÇÃO EM IDOSAS QUE PARTICIPAM DE OFICINAS DE ESTIMULAÇÃO COGNITIVA E MOTORA COM MATERIAIS RECICLÁVEIS EM UMA UNIVERSIDADE ABERTA DA TERCEIRA IDADE Rose C. S Sobral [email protected] Patrícia S. Vigário [email protected] 1Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Local; Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM). Palavras-Chave: sustentabilidade; envelhecimento, cognição. INTRODUÇÃO Atualmente no Brasil, o número de idosos ultrapassa 28 milhões, representando 13% da população1. O aumento do número de idosos reforça a necessidade de ajustes em diferentes âmbitos incluindo econômico, social, de segurança e de saúde, de modo que o envelhecimento ocorra com qualidade e não represente apenas o aumento da quantidade de anos vividos. É imprescindível que o idoso se sinta bem física e emocionalmente, seja visto e se sinta parte integrante e participativa da sociedade, tenha os seus direitos respeitados e cumpra os seus deveres. No processo de envelhecimento, os indivíduos se deparam com modificações biológicas, psicológicas e sociais e por isso, é essencial que o idoso seja assistido de modo a prevenir a ocorrência e/ ou minimizar as repercussões negativas na saúde e qualidade de vida. A Universidade Aberta da Terceira Idade (UNATI) é um canal que visa a realização de ações de naturezas distintas em prol do envelhecimento ativo e exercício digno da cidadania. A Estimulação Cognitiva e Motora (ECM) é um método comumente trabalhado nas UNATIs devido à alta frequência de declínios cognitivos entre os idosos, incluindo perda de concentração, atenção, memória e função cognitiva abaixo do que se espera para a idade e nível educacional, além da perda da capacidade para a realização das atividades de vida diária (AVDs). A ECM envolve a realização de atividades e jogos lúdicos, interativos e dinâmicos com o intuito de proporcionar melhoras cognitivo-motoras, resgate da autoestima, redução de ansiedade e depressão, inclusão social e maior independência para as AVDs. Os recursos utilizados variam desde materiais de fácil acesso e baixo custo como recicláveis até jogos eletrônicos mais sofisticados. Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 95

OBJETIVOS Investigar aspectos cognitivos de idosas que participam de oficina de ECM por meio de jogos e atividades criados com materiais recicláveis na UNATI da UNISUAM. MATERIAIS E MÉTODOS Foi realizado um estudo seccional, com a participação de 54 mulheres com idade ≥ 60 e ≤ 89 anos e participação semanal da oficina de ECM com jogos criados com materiais recicláveis ofertada uma vez por semana pela UNATI da UNISUAM. Para a avaliação do estado mental atual foi aplicada a Escala Mini Exame do Estado Mental (MEEM)2 e para o rastreio cognitivo foi utilizado o teste do desenho do relógio3. A análise exploratória foi feita por meio do cálculo da média± desvio-padrão (valor mínimo-valor máximo), além da frequência relativa (%) (SPSS 17.0). RESULTADOS E DISCUSSÃO  A maior parte das participantes tinha como grau de escolaridade o ensino médio completo (31,5%) ou o ensino superior completo (28,1%), e a maior parte era casada (33,4%) ou viúva (35,2%). Cerca de 61% declararam ter um “bom” estado de saúde e um relacionamento “muito bom” com a família e a maioria (83,3%) recebia atenção dos filhos. Todas declararam ter um relacionamento muito bom (88,8%) ou bom (11,1%) na UNATI, sendo o tempo médio de participação de 55,1 ± 34,6 meses.  Grupo apresentou pontuação média no MEEM= 25,3±2,6 (mínimo=18; máximo=30) e 26% (n=14) teve classificação sugestiva de declínio cognitivo, isto é, ≤ 23 pontos.  No teste do relógio, 27,8% (n=15) apresentou a pontuação máxima representativa de um relógio sem erros, 37% (n=20) erros visuoespaciais pequenos, 27,8% (n=15) organização visuoespacial correta, porém com representação do horário incorreta e 7,4% (n=04) moderada desorganização visuoespacial dos números, tornando impossível a representação correta do horário. CONCLUSÃO As duas avaliações de cognição realizadas mostraram que a maior parte das participantes não apresentava declínio cognitivo (74% pelo MEEM e 65% pelo teste do relógio – pontuações 5 ou 4). Uma vez que a cognição é Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 96

multifatorialmente influenciada, acredita-se que a participação nas oficinas de ECM seja um dos fatores que contribua para o estímulo e preservação da cognição. Portanto, a sua continuidade deve ser estimulada e não ser restrita à UNATI, abrangendo também outros ambientes, como o domicílio. O uso de materiais recicláveis e reutilizáveis facilita a realização das atividades já que são de fácil acesso e obtenção. REFERÊNCIAS 1 IBGE Idosos indicam caminhos para uma melhor idade. Disponível: https://censo2021.ibge.gov.br/2012-agencia-de-noticias/noticias/24036- idosos-indicam-caminhos-para-uma-melhor-idade.html. Acesso: 10 de jun. 2021. 2BERTOLUCCI, Paulo H.F. et al. O Mini-Exame do Estado Mental em uma população geral: impacto da escolaridade. Arq. Neuro-Psiquiatr., São Paulo, v. 52, n. 1, p. 01-07, mar. 1994. 3SHULMAN KI. Clock-drawing: is it the ideal cognitive screening test? Int J Geriatr Psychiatry 2000; 15:548-61. Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 97

TRANSFORMAÇÃO DIGITAL E EDUCAÇÃO 4.0: CULTURA DIGITAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA Moisés Luiz Gomes Siqueira Centro Universitário Augusto Motta - UNISUAM-RJ Email: [email protected] Alexandre Horácio Couto Bittencourt Centro Universitário UNIFAMINAS – MG Email: [email protected] Ana Maria Pires Novais Fundação de Apoio à Escola Técnica – FAETEC Email: [email protected] Katia Eliane Santos Avelar Email: [email protected] Palavras-Chave: educação; educação tecnológica; tecnologias da educação. INTRODUÇÃO A escolha do tema para a elaboração deste estudo foi inspirada nas Novas Tecnologias Educacionais e de Comunicação e na Educação 4.0. Na atualidade, a tecnologia está cada vez mais presente em todas as áreas de nossas vidas e, tem sido utilizada em salas de aula tanto por alunos quanto por professores. Tecnologia é uma palavra de origem grega onde tekne significa técnica, arte ou ofício e logos significa conjunto de saberes. Logo, fica implícito que a tecnologia tem a capacidade de modificar o meio em que vivemos estabelecendo assim resoluções de problemas com um conjunto de técnicas, métodos e processos que são específicos de uma ciência, ofício ou indústria que, nesse caso, é a educação. Ramos (2012) considera em seu estudo que as tecnologias usadas pelos professores durante as aulas podem ajudar a estabelecer um elo entre conhecimentos acadêmicos e os adquiridos e vivenciados pelos alunos, ocorrendo assim transições de experiência e ideias entre professor e aluno. Ele diz ainda que se entende por tecnologia educacional, o conjunto de técnicas, processos e métodos que utilizam meios digitais e demais recursos como ferramentas de apoio aplicadas ao ensino, com a possibilidade de atuar de forma metódica entre quem ensina e quem aprende. Ainda, segundo Ramos (2012), quando se pensa as tecnologias em Sala de Aula, vem à ideia e muito dos estudos falam sobre as TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) que são tecnologias utilizadas em sala de aula como quadros digitais, filmes interativos, entre outros. A educação 4.0 é o modelo de educação que representa a era da inovação pela qual o mundo está passando. Nesse modelo, é necessário fazer com que quem está aprendendo consiga aprender a aplicar as novas Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 98

tecnologias, para que possa desenvolver mudanças na sociedade. É um novo modelo de aprendizado no qual o aluno aprende sobre coisas que vão perdurar por toda a sua vida e que vão beneficiar a sociedade como um todo (PUNCREOBUTR, 2016). Para que a Educação 4.0 seja empregada de forma satisfatória, é importante que o docente esteja atrelado a ela de forma plena. É importante que ele saiba utilizar bem as ferramentas e por isso: O professor 4.0 deve ter percepção e flexibilidade para assumir diferentes papéis: aprendiz, mediador, orientador e pesquisador na busca de novas práticas. Ele deverá criar circunstâncias propícias às exigências desse novo ambiente de aprendizagem, assim como propor e mediar ações que levem à aprendizagem do aluno. Para isso, é preciso ter metas e objetivos bem definidos, entendendo o contexto histórico social dos alunos e as dificuldades do processo (GAROFALO, 2018b, s/d). Porém, o foco do estudo é a tecnologia utilizada, fora de sala de aula, pelos professores como um facilitador para a preparação de suas aulas sendo que a intenção é que haja uma grande rede de colaboração de materiais didáticos de qualidade que possam agregar conteúdo para alunos da rede pública e privada levando em consideração a realidade de cada um. METODOLOGIA Este artigo utiliza métodos de pesquisa exploratória, bibliográfica e documental para analisar e discutir os resultados da pesquisa. Para tanto, são utilizados diversos recursos científicos sobre o assunto, que fundamentam o trabalho. A pesquisa documental pode seguir dois critérios de análise, a saber: documentos de primeira mão, ou seja, “materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa” (GIL, 2008, p. 51). Para a revisão de literatura, foi utilizado o site Google Acadêmico e Scielo. A busca concentrou-se nas seguintes palavras-chave: Tecnologias da Educação, Tecnologias de Informação e Comunicação e Educação 4.0. RESULTADOS E DISCUSSÃO Está cada vez mais comum o uso de diferentes tecnologias em sala de aula por professores. Porém, como veremos a seguir, ainda temos um grande caminho a percorrer e muito para se conhecer. Cadernos UNISUAM de Pesquisa, Extensão e Inovação - ISSN 2317-5028 Editora Epitaya | ISBN: 978-65-87809-33-5 | Rio de Janeiro | 2021 | pag. 99


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