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Portugues - 7 ano

Published by lucasgrisotti15, 2023-07-17 13:52:20

Description: Portugues - 7 ano

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["Aprofundando o pensar A descoberta Linguagem: Conex\u00e3o com o mundo \/ 7o ano \u2013 Bom dia. Eu sou o pai do Buscap\u00e9. \u2013 Do Buscap\u00e9? \u2013 Do Ot\u00e1vio. \u2013 Ah, do Ot\u00e1vio. Pois n\u00e3o. \u2013 Ele \u00e9 um dem\u00f4nio. \u2013 Eu sei. Quer dizer, n\u00e3o. Ele \u00e9 um menino, vamos dizer, hiperativo. \u2013 \u201cHiper\u201d \u00e9 pouco. \u2013 Eu n\u00e3o acho que... \u2013 Por favor. N\u00e3o precisa se cons- tranger. Eu sou o pai e sei. Ele \u00e9 um dem\u00f4nio. \u2013 \u00c9. \u2013 E \u00e9 sobre isso que eu queria lhe falar. \u2013 Ele contou que eu gritei com ele na aula... \u2013 N\u00e3o, n\u00e3o. Isso ele nem nota. Est\u00e1 acostumado. \u00c9 que a m\u00e3e dele est\u00e1 preo- cupada. \u2013 Eu n\u00e3o me preocuparia. Todas as crian\u00e7as s\u00e3o hiperativas nessa fase. O Buscap\u00e9... O Ot\u00e1vio s\u00f3 \u00e9 um pouco mais do que as outras. A sua senhora n\u00e3o deve... \u2013 Mas ela est\u00e1 preocupada com outra coisa. \u2013 O qu\u00ea? \u2013 O Busca n\u00e3o p\u00e1ra de ler. \u2013 N\u00e3o p\u00e1ra de ler? Mas isso \u00e9 \u00f3timo. \u2013 Desde que come\u00e7ou a ler, anda sempre com um livro debaixo do bra\u00e7o. Quando a gente estranha o sil\u00eancio dentro de casa, vai ver \u00e9 ele n\u00e3o fazendo barulho. Est\u00e1 atirado no ch\u00e3o, so- letrando um livro, muito compenetrado. \u2013 Mas eu n\u00e3o vejo problema... \u2013 \u00c9 a m\u00e3e dele que... Bom, ela sente falta. \u2013 Do qu\u00ea? \u2013 Da agita\u00e7\u00e3o do Busca. Ela n\u00e3o est\u00e1 acostumada, entende? A ter um intelectual em casa. Outro dia at\u00e9 brigou com ele. \u2013 Por qu\u00ea? \u2013 Ele estava quieto demais. Ela gritou: \u201cEu n\u00e3o aguento mais. Quebra alguma coisa!\u201d. \u2013 Mas eu n\u00e3o entendo o que eu posso... \u2013 Bom, se a senhora pudesse, sei l\u00e1. N\u00e3o digo desencorajar o Busca. S\u00f3 dizer que ele n\u00e3o precisa exagerar. \u2013 Mas ele est\u00e1 descobrindo o mundo maravilhoso dos livros. Isso \u00e9 formid\u00e1vel. \u2013 \u00c9, s\u00f3 que a gente fica, n\u00e3o \u00e9?, com um certo ci\u00fame. Fonte: VERISSIMO, Luis Fernando. O santinho. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 29\u00ad30. 51","1.\t Observe o t\u00edtulo do texto. Que descoberta foi realizada por Buscap\u00e9? 2.\t Isso alterou sua vida e seu comportamento de Link com Filosofia alguma forma? Por qu\u00ea? Pense em como voc\u00ea 3.\t Quando o pai come\u00e7a a conversar com a pro\u00ad definiria \u201cfelicidade\u201d. Depois fessora, o que ela espera que ele diga? pense nas situa\u00e7\u00f5es em que se sente feliz no dia a dia. 4.\t A preocupa\u00e7\u00e3o dos pais de Buscap\u00e9 surpre- Converse com seus colegas end\u00ad e a professora e isso gera humor. Por qu\u00ea? O sobre as diferentes maneiras que voc\u00ea achou da situa\u00e7\u00e3o? de compreender essa palavra. Pensar diferente nos faz sentir de modo diferente? Cole\u00e7\u00e3o Linguagem: A arte da reflex\u00e3o 5.\t Os dois textos lidos Felicidade clandestina Link com Matem\u00e1tica e A descoberta tratam de um tema semelhante: o prazer pela leitura. Em dupla, converse com um co- Pe\u00e7am ajuda ao(\u00e0) professor(a) lega e troque experi\u00eancias de leitura: que g\u00eanero de Matem\u00e1tica para tabular os textual atrai sua aten\u00e7\u00e3o (poemas, gib\u00ad is, livros, re- dados do question\u00e1rio e elabor\u00adar vistas, jornais, p\u00e1ginas da Internet)? Por qu\u00ea? Ap\u00f3s tabelas e gr\u00e1ficos para ilustrar o fazer esse levantamento, forme um c\u00edrculo com os painel. demais alunos da turma e juntos socializem a dis- cuss\u00e3o. 6.\t Convide o(a) professor(a) para voc\u00eas elabo- rarem um question\u00e1rio para aplicar com outras turmas da escola. Fa\u00e7am um levantamento quanto \u00e0s prefer\u00eancias de leitura de alunos e funcion\u00e1rios (ou at\u00e9 mesmo da comunidade). Investiguem os g\u00eaneros e tipos textuais preferidos, os assuntos de maior interesse, a frequ\u00eancia com que os en\u00adtrevis- tados costumam ler, quantos livros j\u00e1 leram apro- ximadamente, entre outras perguntas ela\u00adboradas por voc\u00eas. Com o resultado em m\u00e3os, construam um painel e exponham em local de destaque da es- cola. 52","Conectando com o mundo Linguagem: Conex\u00e3o com o mundo \/ 7o ano Em Felicidade clandestina, a menina narradora mostra-se insatisfeita com os cart\u00f5es- -postais recebidos como presente de anivers\u00e1rio: \u201cAinda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde mor\u00e1vamos, com suas pontes mais do que vistas\u201d. 1.\t Voc\u00ea sabe para que serve um cart\u00e3o-postal? Muitas pessoas, quando viajam e conhecem um lugar interes\u00adsante, costumam comprar cart\u00f5es-postais com imagens que retratam pontos tur\u00edsticos ou a beleza singular da regi\u00e3o visitad\u00ad a. Elas fazem isso para colecionar, guardar como recorda\u00e7\u00e3o ou enviar pelo correio a familiares e amigos. 2.\t Voc\u00ea tem algum cart\u00e3o-postal? Que recorda\u00e7\u00f5es ele traz a voc\u00ea? 3.\t Caso n\u00e3o tenha cart\u00f5es, voc\u00ea j\u00e1 viajou e guarda na mem\u00f3ria, ou em fotos, boas re- corda\u00e7\u00f5es dos lugares visitados? 4.\t Junto com colegas e o(a) professor(a), busque em revistas, jor\u00adnais e internet imagens de lugares (do Brasil e do mundo) que mereceriam ser ilustrados em cart\u00f5es-\u00ad postais. Justifique suas escolhas. Situando-me 1.\t Proposta de atividade a. Pesquise na Internet imagens de cidades ou pa\u00edses que voc\u00ea gos- taria de visitar (ou que j\u00e1 conheceu). Selecione pontos tur\u00edsticos, monumentos hist\u00f3ricos e paisagens naturais e imprima as imagens em tamanho referente ao de um cart\u00e3o-postal. Procure imprimir em papel de gramatura firme. b. Atr\u00e1s, desenhe os mesmos campos de dados encontrados em um cart\u00e3o-postal. Ent\u00e3o, fazendo de conta que est\u00e1 visitando esse lugar, escreva uma mensagem para um familiar ou amigo, confeccione um selo e entregue a um colega de sala. 53","Cole\u00e7\u00e3o Linguagem: A arte da reflex\u00e3o Mostrando a l\u00edngua Tipos de sujeito I Leia um fragmento de Atr\u00e1s da porta, de Ruth Rocha: Dona Carlotinha era aquele tipo de av\u00f3 que todo mundo quer ter. Brincava com os netos de teatrinho, de acampamento no quintal, de amarelinha, tocava viol\u00e3o, cantava e contava hist\u00f3rias. E que hist\u00f3rias! Dava a impress\u00e3o de que ela sabia todas as hist\u00f3rias do mundo. De fadas, de lobos ferozes, de meninos e meninas que desobedeciam aos pais (era dessas hist\u00f3rias que Carlinhos mais gostava), de reis, de piratas e de marinheiros. O quarto de D. Carlotinha era todo forrado de madeira. E ainda tinham ficado nele alguns livros, muitas fotografias antigas, objetos estranhos, caixinhas de m\u00fasica, caleidosc\u00f3pios, tinha um jogo engra\u00e7ado com uma bola e um espeque, que a m\u00e3e do menino chamava de bil- boqu\u00ea. Carlos se lembrava de uns livros grandes, com muitas figuras, que D. Carlotinha lia para ele, mas eles tinham sumido. Assim como um retrato de sua av\u00f3, muito mais mo\u00e7a, com um vestido bonito de cetim, com flores e bordados. A m\u00e3e e o pai de Carlinhos viviam atr\u00e1s dele, insistindo que ele precisava ler mais. Mas os livros que davam para ele, do mesmo jeito que os livros que a professora mandava ler, eram muito sem gra\u00e7a, para quem tinha conhecido as hist\u00f3rias de D. Carlotinha. Fonte: ROCHA, Ruth. Atr\u00e1s da porta. In: LEITE, Maristela P. A.; SOTO, Pascoal (Coords.). Historinhas pescadas. S\u00e3o Paulo: Moderna, 2001. p. 868\u00ad 7. Nas frases abaixo, os sujeitos est\u00e3o sublinhados. Observe que s\u00e3o formados por apenas uma palavra. Ela \u00e9 o n\u00facleo do sujeito. a. \u201cCarlos se lembrava de uns livros grandes, com muitas figuras\u201d b. \u201celes tinham sumido\u201d 54","Muitas vezes o sujeito \u00e9 formado por mais de uma palavra. Para saber qual \u00e9 o n\u00facleo, voc\u00ea deve observar aquela(s) mais significativa(s). Observe as ora\u00e7\u00f5es: c. \u201cDona Carlotinha era aquele tipo de av\u00f3 que todo mundo quer ter.\u201d d. \u201cO quarto de D. Carlotinha era todo forrado de madeira.\u201d Quem era o tipo de av\u00f3 que todo mundo quer ter? R.: Dona Carlotinha \u2013 palavra mais significativa: Carlotinha. O que era todo forrado de madeira? R.: O quarto de D. Carlotinha \u2013 palavra mais significativa: quarto. Nesse caso, como o sujeito apresenta apenas um n\u00facleo, \u00e9 Linguagem: Conex\u00e3o com o mundo \/ 7o ano considera\u00ad do simples. Observe: e. \u201cA m\u00e3e e o pai de Carlinhos viviam atr\u00e1s dele\u201d Quem vivia atr\u00e1s dele? R.: A m\u00e3e e o pai de Carlinhos \u2013 palavras mais significativas: m\u00e3e e pai. O sujeito apresenta mais de uma palavra como n\u00facleo. Quando isso ocorre, temos um sujeito composto. 55","Observe o trecho: f. \u201cBrincava com os netos de teatrinho\u201d. Quem brincava com os netos de teatrinho? Para saber mais O sujeito n\u00e3o est\u00e1 evidente, mas impl\u00edcito na desin\u00eancia verbal e ser\u00e1 representado sempre por Observe que as palavras um pronome pessoal do caro reto: que podem exercer a fun\u00e7\u00e3o de n\u00facleo do sujeito s\u00e3o subs- g. [Ela] \u201cBrincava com os netos tantivos ou pronomes. de teatrinho\u201d. Depois de identificado o Nesse caso, dizemos que o n\u00facleo ou os n\u00facleos do sujeito, sujeito \u00e9 oculto ou desinencial. as demais palavras s\u00e3o consi- deradas adjuntos adnominais. Esses adjuntos servem para delimitar ou especificar o sig- nificado dos substantivos (n\u00fa- cleos do sujeito). Cole\u00e7\u00e3o Linguagem: A arte da reflex\u00e3o O sujeito tamb\u00e9m pode ser recuperado pelo Voc\u00ea sabia? contexto. Observe, no trecho abaixo, que o sujei- to dos verbos sublinhados pode ser identificado Quando o sujeito for como \u201cDona Carlotinha\u201d. oculto ou desinencial, tamb\u00e9m ser\u00e1 considerado simples. h. \u201cDona Carlotinha era aquele tipo de av\u00f3 que todo mundo quer ter. Brincava com os netos de teatrinho, de acampa- mento no quintal, de amarelinha, tocava viol\u00e3o, cantava e contava hist\u00f3rias.\u201d O sujeito oculto, quando bem utilizado, colabora com a eleg\u00e2ncia e a coes\u00e3o do texto, pois evita a repeti\u00e7\u00e3o desnecess\u00e1ria de palavras. Veja como fi- caria o trecho acima com os sujeitos em evid\u00eancia: 56","i. Dona Carlotinha era aquele tipo de av\u00f3 que todo mundo quer ter. Dona Carlotinha brincava com os netos de teatrinho, de acampamento no quintal, de amarelinha, Dona Carlotinha tocava viol\u00e3o, Dona Carlotinha cantava e Dona Carlotinha contava hist\u00f3rias. EXERC\u00cdCIOS 1.\t De acordo com o fragmento de Atr\u00e1s da porta, de Ruth Rocha, elabore sujeitos sim- ples ou compostos condizentes com as declara\u00e7\u00f5es feitas pelos predicados: a.\t\t eram mais interessantes que os livros da escola. b.\t\t estava vazio sem D. Carlotinha. c.\t\t gostariam que Carlinhos lesse mais. d.\t\t faziam parte das hist\u00f3rias contadas por D. Carlotinha. 2.\t Assinale a op\u00e7\u00e3o em que a ora\u00e7\u00e3o apresenta sujeito oculto e identifique o pronome reto correspondente ao sujeito: a. ( ) Sabia todas as hist\u00f3rias do mundo. Para saber mais Linguagem: Conex\u00e3o com o mundo \/ 7o ano b. ( ) Os livros revelavam in\u00fameras aventuras. c. ( ) Adorar\u00edamos ter uma av\u00f3 feito D. Carlotinha. Relembre: os pronomes d. ( ) Alguns livros ainda estavam no quarto. pessoais do caso reto s\u00e3o: e. ( ) Lembro\u00adme dos livros de minha av\u00f3. eu, tu, ele (no singular) e f. ( ) Carlos e a av\u00f3 ficavam horas dentro do quarto. n\u00f3s, v\u00f3s, eles (no plural). 3.\t Classifique o sujeito das ora\u00e7\u00f5es abaixo relacionando as duas colunas. (a) Sujeito simples ( ) A professora e os pais de Carlinhos sugeriram livros a ele. (b) Sujeito composto ( ) Ouvia as hist\u00f3rias fascinado. (c) Sujeito oculto ( ) Os livros de D. Carlotinha eram cheios de figuras. Finalizando sem finalizar Ao ler e analisar o conto Felicidade clandestina, de Clarice Lispector, voc\u00ea observou que os fatos s\u00e3o contados por uma das personagens que participam da hist\u00f3ria. Quando isso acontece, temos um narrador do tipo personagem. 57","Cole\u00e7\u00e3o Linguagem: A arte da reflex\u00e3o Reflita com seus colegas e o(a) professor(a): a. Que ind\u00edcios lingu\u00edsticos encontramos no texto para comprovar que o narrador est\u00e1 em 1a pessoa? b. A 1a pessoa \u00e9 utilizada apenas no singular ou tamb\u00e9m no plural? c. Identifique ora\u00e7\u00f5es em 1a pessoa (ou outras sugeridas pela turma) e seus sujeitos. Colocando a m\u00e3o na massa 1.\t Como visto em Felicidade clandestina, a menina narra os acontecimentos de acordo com seu ponto de vista (com base em suas emo\u00e7\u00f5es, no que viu, ouviu, pensou). As outras personagens envolvidas n\u00e3o tiveram a oportunidade de contar sua experi- \u00eancia. a. Imagine que uma delas pudesse recontar essa hist\u00f3ria. O que ela poderia dizer? Ser\u00e1 que ela veria as coisas de outra maneira? b. Elabore um texto, em seu caderno, no qual a m\u00e3e ou a menina ruiva conte a hist\u00f3ria sob seu ponto de vista. c. Seja criativo, sua produ\u00e7\u00e3o pode ser uma narrativa, como no texto lido, uma carta, um breve roteiro teatral etc. 58","Cap\u00edtulo Linguagem: Conex\u00e3o com o mundo \/ 7o ano 4 E resolveram sair daqui \/ seguir adiante Bola, pel\u00facia, merenda, crayon Banho de rio, banho de mar, pula cela, bombom Tanque de areia, gnomo, sereia, pirata, baleia, manteiga no p\u00e3o. Crian\u00e7a n\u00e3o trabalha, crian\u00e7a d\u00e1 trabalho Arnaldo Antunes e Paulo Tatit Motivando a pensar O Estatuto da Crian\u00e7a e do Adolescente garante o direto \u00e0 crian\u00e7a de ser crian\u00e7a. Antigamente, as cidades eram sossegadas, n\u00e3o havia carros, por isso muitas crian- \u00e7as brincavam nas ruas: jogavam bola, andavam de bicicleta, pulavam amarelinha e corda.","Cole\u00e7\u00e3o Linguagem: A arte da reflex\u00e3o Hoje, as ruas ficaram perigosas, os pais procuram \u00e1reas fechadas para morar e tam- b\u00e9m para os filhos brincarem. No entanto, algumas crian\u00e7as v\u00e3o trabalhar com os pais, pois n\u00e3o t\u00eam onde ficar. Isso tam- b\u00e9m acontece porque a fam\u00edlia precisa do dinheiro que as suas crian\u00e7as trazem para casa. Na ro\u00e7a, desde cedo as crian\u00e7as ajudam os pais a plantar e colher. Como os pais n\u00e3o estudaram, nem sempre acham importante ter estudo. \u00c0s vezes at\u00e9 acham, mas a escola \u00e9 distante e as crian\u00e7as acabam cres- cendo sem estudo. E a triste realidade \u00e9 que traba- lham desde cedo e se sujeitam a enfrentar as mais duras tarefas. Por um p\u00e9 de feij\u00e3o Nunca mais haver\u00e1 no mundo um ano t\u00e3o bom. Pode ha- ver anos melhores, mas jamais ser\u00e1 a mesma coisa. Parecia que a terra (a nossa terrinha, feinha, cheia de altos e baixos, esconsos, areia, pedregulho e massap\u00e9) estava explodindo em beleza. E n\u00f3s todos acord\u00e1vamos cantando, muito antes do sol raiar, pass\u00e1vamos o dia trabalhando e cantando e logo depois de p\u00f4r-do-sol desmai\u00e1vamos em qualquer canto e adormec\u00edamos, contentes da vida. At\u00e9 me esqueci da escola, a coisa que mais gostava. Todos se esqueceram de tudo. Agora dava gosto de trabalhar. Os p\u00e9s de milho cresciam desembestados, lan\u00e7avam pend\u00f5es e espigas imensas. Os p\u00e9s de feij\u00e3o explodiam as vagens do nosso sustento, num abrir e fechar de olhos. Toda a planta\u00e7\u00e3o parecia nos compreender, parecia compartilhar de um destino comum, uma festa comum, feito gente. O mundo era verde. Que mais pod\u00edamos desejar? E assim foi at\u00e9 a hora de arrancar o feij\u00e3o e empilh\u00e1-lo numa seva t\u00e3o grande que n\u00f3s, os meninos, pens\u00e1vamos que ia tocar as nuvens. Nossos bra\u00e7os seriam bastantes para bater todo aquele feij\u00e3o? Papai disse s\u00f3 \u00edamos ter trabalho da\u00ed a uma semana e a\u00ed \u00e9 que ia ser o grande pagode. Era quando a gente ia bater o feij\u00e3o e iria medi-lo, para saber o resultado exato de toda aquela bonan\u00e7a. N\u00e3o faltou quem fizesse suas apostas: uns diziam que ia dar trinta sacos, outros achavam que era cinq\u00fcenta, outros falavam em oitenta. No dia seguinte voltei para a escola. Pelo caminho tamb\u00e9m fazia os meus c\u00e1lculos. Para mim, todos estavam enganados. Ia ser cem sacos. Da\u00ed para mais. Era s\u00f3 o que eu pensava, enquanto explicava \u00e0 professora por que havia faltado tanto tempo. Ela disse que assim eu ia perder o ano e eu lhe disse que foi assim que eu ganhei um ano. E quando deu meio-dia e a professora disse que pod\u00edamos ir, sa\u00ed correndo. Corri at\u00e9 ficar com as tripas saindo pela boca, a l\u00edngua parecendo que ia se arrastar pelo ch\u00e3o. Para quem vem da rua, h\u00e1 uma ladei- ra muito comprida e s\u00f3 no fim come\u00e7a a cerca que separa o nosso pasto da estrada. E foi logo ali, bem no comecinho da cerca, que eu vi a desgra\u00e7a do mundo: o feij\u00e3o havia desapa- recido. 60","Em seu lugar, o que havia era uma nuvem preta, subindo Linguagem: Conex\u00e3o com o mundo \/ 7o ano do ch\u00e3o para o c\u00e9u, como um arroto de Satan\u00e1s na cara de Deus. Dentro da fuma\u00e7a, uma l\u00edngua de fogo devorava todo o nosso feij\u00e3o. Durante toda uma eternidade, s\u00f3 se falou nisso: que Deus p\u00f5e e o diabo disp\u00f5e. E eu vi os olhos da m\u00e3e ficarem muito esquisitos, vi minha m\u00e3e arrancar os cabelos com a mesma for\u00e7a com que antes havia arrancado os p\u00e9s de feij\u00e3o: \u2013 Quem ser\u00e1 que foi o desgra\u00e7ado que fez uma coisa dessas? Que infeliz pode ter sido? E vi os meninos conversarem s\u00f3 com os pensamentos e vi o sofrimento se enrugar na cara chamuscada do meu pai, ele que n\u00e3o dizia nada e de vez em quando levantava o chap\u00e9u e co\u00e7ava a cabe\u00e7a. E vi a cara de boi capado dos trabalhadores e minha m\u00e3e falando, falando, falando e eu achando que era melhor se ela calasse a boca. \u00c0 tardinha os meninos sa\u00edram para o terreiro e ficaram por ali mesmo, jogados, como uns pintos molhados. A voz da minha m\u00e3e continuava balan\u00e7ando as telhas do avarandado. Sentado em seu banco de sempre, meu pai era um mudo. Isso nos atormentava um bocado. Fui o primeiro a ter coragem de ir at\u00e9 l\u00e1. Como a gente podia ver l\u00e1 de cima, da porta da casa, n\u00e3o havia sobrado nada. Um vento leve soprava as cinzas e era tudo. Quando voltei, papai estava falando. \u2013 Ainda temos um feij\u00e3ozinho-de-corda no quintal das bananeiras, n\u00e3o temos? Ainda temos o quintal das bananeiras, n\u00e3o temos? Ainda temos o milho para quebrar, despalhar, bater e encher o paiol, n\u00e3o temos? Como se diz, Deus tira os an\u00e9is, mas deixa os dedos. E disse mais: \u2013 Agora n\u00e3o se pensa mais nisso, n\u00e3o se fala mais nisso. Acabou. Ent\u00e3o eu pensei: O velho est\u00e1 certo. Eu j\u00e1 sabia que quando as chuvas voltassem, l\u00e1 estaria ele, plantando um novo p\u00e9 de feij\u00e3o. Fonte: TORRES, Ant\u00f4nio. Por um p\u00e9 de feij\u00e3o. In: QUEIROZ, Raquel de et al. Meninos, eu conto. Rio de Janeiro: Record, 2002. p. 151\u00ad 8. Quem \u00e9 o autor? Na cidade de S\u00e1tiro Dias, no sert\u00e3o baiano, nasceu o escritor Ant\u00f4nio Torres (13\/09\/1940). Na escolinha do interior, incentivado pela professora, descobriu sua voca\u00e7\u00e3o como escritor. Logo passou a recitar poemas de Castro Alves na pra\u00e7a da cidade e a escrever cartas para os moradores da cidade. A dedica\u00e7\u00e3o levou-o a S\u00e3o Paulo e Portugal, onde atuou como jornalista e publicit\u00e1rio. Permaneceu algum tempo fora do pa\u00eds, mas atualmente reside no Rio de Janeiro e leciona na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Um dos escritores mais conhecidos de sua gera\u00e7\u00e3o, com livros traduzidos em muitos pa\u00edses, Ant\u00f4nio Torres recebeu em 2000 o pr\u00eamio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra. Fonte: TORRES, Ant\u00f4nio. Por um p\u00e9 de feij\u00e3o. In: QUEIROZ, Raquel de et al. Meninos, eu conto. Rio de Janeiro: Record, 2002. p. 151\u00ad 8. 61","Cole\u00e7\u00e3o Linguagem: A arte da reflex\u00e3o Investigando e refletindo 1.\t Qual o tema central do texto? 2.\t Quem conta a hist\u00f3ria? Qual a idade dele? 3.\t No primeiro par\u00e1grafo \u00e9 utilizado o pronome \u201cn\u00f3s\u201d. Por qu\u00ea? 4.\t Ant\u00f4nio Torres, em seu texto Por um p\u00e9 de feij\u00e3o, apresenta uma narrativa real ou fict\u00edcia? Justifique sua resposta. 5.\t O trabalho na ro\u00e7a \u00e9 muito \u00e1rduo. A personagem sofre muito? Ela quer essa vida? Justifique com trechos do texto. 6.\t Por que a personagem diz que at\u00e9 se esqueceu da escola? Comente o sentido que a palavra \u201cesqueceu\u201d apresenta nesse contexto. 7.\t Quando a personagem volta \u00e0 aula, a professora diz que assim a crian\u00e7a perderia o ano; ela responde: \u2013 \u201cfoi assim que eu ganhei um ano\u201d. Justifique sua resposta. 62","8.\t Os pais que aparecem na hist\u00f3ria demonstram alguma preocupa\u00e7\u00e3o com a frequ\u00eancia escolar dos filhos? Voc\u00ea acha que a atitude tomada pelos pais do menino trar\u00e1 benef\u00edcios a ele? 9.\t Qual foi a decep\u00e7\u00e3o do menino ao voltar da Link com Ci\u00eancias escola? E como cada integrante da fam\u00edlia reagiu \u00e0 situa\u00e7\u00e3o? Converse com seu(sua) professor(a) para saber quais 10.\t Qual a alternativa encontrada pelo pai para s\u00e3o os motivos mais fre- resolver o problema? O que voc\u00ea achou da atitude quentes de perda das safras. tomada por ele? Como voc\u00ea reagiria diante de uma Pesquise quais os principais situa\u00e7\u00e3o semelhante a essa? problemas que afetam as principais safras (feij\u00e3o, trigo, soja, cacau, tomates e bata- tas). Como a ci\u00eancia ajuda o homem do campo a lidar com essas situa\u00e7\u00f5es? 11.\t A hist\u00f3ria da personagem pode ser caracteri- Linguagem: Conex\u00e3o com o mundo \/ 7o ano zada como trabalho infantil? Justifique sua resposta. Aprofundando o pensar O trabalho infantil explora a crian\u00e7a e a impede de exercer seus direitos. Em Por um p\u00e9 de feij\u00e3o, o garoto deixa de ir \u00e0 escola para trabalhar e alegra-se em ajudar a fam\u00edlia: apesar disso, essa continua sendo uma atividade ilegal que prejudica seu desenvolvimento. O texto a seguir aprofunda essa quest\u00e3o, apresentando a realidade de crian\u00e7as que, al\u00e9m de n\u00e3o terem acesso aos estudos, perdem o direito \u00e0 inf\u00e2ncia e colocam em risco sua integridade f\u00edsica. 63","Cole\u00e7\u00e3o Linguagem: A arte da reflex\u00e3o As crian\u00e7as do sisal Quem vai falar sobre elas \u00e9 o seu Non\u00f4 que, entre outras qualidades, tem muito jeito pra explicar coisas complicadas. \u2013 Vamos l\u00e1, seu Non\u00f4? \u2013 Bem, vou come\u00e7ar falando sobre o sisal, uma planta espinhosa, dura e resistente. \u00c9 muito cultivada no sert\u00e3o da Bahia, porque o sisal se d\u00e1 muito bem com o clima seco de l\u00e1. \u2013 \u00c9. E com a fibra seca do sisal as pessoas fazem sacos de aniagem, cordas, estofados, colch\u00f5es, n\u00e3o \u00e9 mesmo, seu Non\u00f4? \u2013 \u00c9, Serafina... Bem, em todas as cidades baianas que se dedicam \u00e0 cultura dessa planta, a gente v\u00ea muitas crian\u00e7as trabalhando. Na ro\u00e7a, elas ajudam a cuidar da lavoura; algumas chegam a sofrer mutila\u00e7\u00f5es quando t\u00eam que lidar com os motores paraibanos, que s\u00e3o umas m\u00e1quinas muito antigas feitas para tirar a casca verde do sisal. Na cidade... \u2013 Deixe que eu conto esse peda\u00e7o, seu Non\u00f4. Na cidade, as crian- \u00e7as catam, escolhem e v\u00e3o amontoando as fibras secas em fardos. Da\u00ed levam esses fardos at\u00e9 as batedeiras, que s\u00e3o como grandes tambores que giram, onde o sisal vai ser preparado para poder ser usado. Dessas batedeiras sai um p\u00f3, da casca seca do sisal que faz muito mal aos pulm\u00f5es. Para se proteger dele, as pessoas t\u00eam que trabalhar com um len\u00e7o amarrado no rosto. Ah, e... \u2013 Espere a\u00ed, Serafina. Voc\u00ea n\u00e3o disse, no come\u00e7o, que era eu que ia contar essa hist\u00f3ria? Pois ent\u00e3o me deixe terminar. Bem, como eu ia dizendo, na ro\u00e7a, pais e filhos trabalham a semana inteira para ganhar 15 reais; na cidade, o sal\u00e1rio da semana n\u00e3o passa de 10 reais. Pronto, Serafina. Acho que j\u00e1 contei tudo. Ou ser\u00e1 que me esqueci de alguma coisa? \u2013 Esqueceu sim, seu Non\u00f4. O senhor n\u00e3o contou que l\u00e1 na Bahia a dona Catarina ficou sabendo de muitos casos de crian\u00e7as que se machucaram n\u00e3o s\u00f3 nos motores paraibanos, mas tamb\u00e9m nas folhas pontudas e duras do sisal, como o caso daquele menino que espetou um dos olhos e perdeu a vista. Que horror, n\u00e3o, seu Non\u00f4? Bom, agora o meu papo \u00e9 com voc\u00ea, de novo. Por acaso j\u00e1 espetou o dedo no espinho de uma rosa? Doeu, n\u00e3o doeu? Mas, por mais forte que tenha sido a dor, acho que nem se compara \u00e0 que o seu Jeremias, dono da oficina que fica aqui perto da minha casa, sentiu quando perdeu a metade do dedo fura-bolo na m\u00e1quina da f\u00e1bri- ca onde ele trabalhava antes de abrir a oficina. E, por falar em fura-bolo, vou interromper a viagem e parar um pou- co pra comer um peda\u00e7o do bolo de laranja molhadinho que a minha m\u00e3e fez. Acho que s\u00f3 assim consigo tirar da cabe\u00e7a essa hist\u00f3ria dolorida. \u2013 Quando eu voltar trago um pe- da\u00e7o pro senhor, viu, seu Non\u00f4? Fonte: AZEVEDO, J\u00f4 et al. Serafina e a crian\u00e7a que trabalha. 10. ed. S\u00e3o Paulo: \u00c1tica, 1999. p. 18\u00ad19. 64","1.\t Qual \u00e9 o assunto do texto? Linguagem: Conex\u00e3o com o mundo \/ 7o ano 2.\t O texto As crian\u00e7as do sisal \u00e9 apresentado pelos narradores em form\u00ad a de di\u00e1logo. Quem s\u00e3o os narradores? 3.\t Quem s\u00e3o as personagens dos fatos narrados? 4.\t Compare a personagem central do texto de Ant\u00f4nio Torres com as crian\u00e7as que trabalham com o sisal. 5.\t Forme duplas e, com seu(sua) colega, discutam propostas para combater o trabalho infantil. Conectando com o mundo Quando abordamos a tem\u00e1tica do trabalho infantil, podemos levantar algumas quest\u00f5es, principalmente relacionadas ao que \u00e9 considerado trabalho infantil. Observe as figuras abaixo e indique em quais delas as crian\u00e7as desenvolvem atividades que podem ser consideradas de explora\u00e7\u00e3o. Elabore um coment\u00e1rio para cada figura justificando seu posicionamento quanto a considerar ou n\u00e3o a cena uma explora\u00e7\u00e3o do trabalho infantil. 65","Cole\u00e7\u00e3o Linguagem: A arte da reflex\u00e3o Situando-me 1.\t Ao falarmos de trabalho, percebemos que nossa sociedade n\u00e3o v\u00ea restri\u00e7\u00f5es a algumas atividades exercidas por crian\u00e7as. 2.\t Forme grupos e discuta com seus colegas as situa\u00e7\u00f5es sugeridas abaixo ou outras que voc\u00eas consideram importantes. a. Um menino de 12 anos que deixa sua cidade natal e sua fam\u00edlia, vai para um clube famoso para ser jogador de futebol e, em troca, recebe alimenta\u00e7\u00e3o e alojamento e sua fam\u00edlia recebe uma cesta b\u00e1sica. b. Uma menina que pratica gin\u00e1stica ol\u00edmpica desde seis anos, treinando cerca de seis horas di\u00e1rias em um gin\u00e1sio de esportes e vivendo distante de sua fam\u00edlia. c. Um(a) apresentador(a) de programa infantil que apresenta um programa di\u00e1rio de quatro horas, tem aulas de dan\u00e7a e canto e grava CDs. d. Uma menina que se torna modelo e manequim aos tr\u00eas anos, faz campanhas publicit\u00e1rias para revistas e televis\u00e3o, viaja muito para participar de desfiles e para fazer sess\u00f5es de fotos. 3.\t A partir das situa\u00e7\u00f5es apresentadas, o grupo v\u00ea restri\u00e7\u00f5es ou n\u00e3o com rela\u00e7\u00e3o \u00e0 pr\u00e1tica dessas atividades? 4.\t Escolham um(a) ou mais componentes do grupo para atuar como porta-voz e apre- sentar ao grande grupo os argumentos levantados. Mostrando a l\u00edngua No cap\u00edtulo anterior vimos os sujeitos simples, composto e oculto (ou desinencial). Agora apresentaremos os demais tipos. Tipos de sujeito II Leia a tirinha a seguir: 66","Compra Obrigado, uma flor, hoje n\u00e3o! mo\u00e7o?! Mandaram que vendesse todas as flores. Linguagem: Conex\u00e3o com o mundo \/ 7o ano Quem mandou que vendesse todas as flores? R.: A desin\u00eancia verbal indica que o verbo est\u00e1 na 3a pessoa do plural, mas pelo contexto n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel saber qual \u00e9 o sujeito da ora\u00e7\u00e3o. Nesse caso, quando n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel identificar o sujeito (ou n\u00e3o se quer), tem-se um sujeito indeterminado. O sujeito indeterminado pode ocorrer de duas formas: a. Quando o verbo \u00e9 empregado na 3a pessoa do plural: Sumiram sem dar explica\u00e7\u00f5es. Enviaram flores para voc\u00ea. 67","ATEN\u00c7\u00c3O Comeram meu bolo de N\u00e3o confunda sujeito indeterminado com su- jeito oculto. chocolate! Tanto o sujeito oculto quanto o indeterminado podem apresentar a desin\u00eancia verbal em 39 pes- soa do plural. Contudo, o sujeito indeterminado n\u00e3o pode ser identificado pelo contexto, mas o oculto sim. Abriu a geladeira e gritou indignado: \u2013 Comeram meu bolo de chocolate! (Sujeito indeterminado) Os meninos assistiram ao jogo desde o in\u00edcio. Cantaram alto o hino do time. (Sujeito oculto) Cole\u00e7\u00e3o Linguagem: A arte da reflex\u00e3o b. Quando o verbo \u00e9 empregado na terceira pessoa do singular, acompanhado do pronome se (\u00edndice de indetermina\u00e7\u00e3o do sujeito): Necessita-se de puni\u00e7\u00e3o para os criminosos. Acredita-se no cumprimento das leis que protegem os jovens. ATEN\u00c7\u00c3O Quando a part\u00edcula se atuar como apassivadora, o sujeito n\u00e3o ser\u00e1 indetermi- nado, pois estar\u00e1 indicado na ora\u00e7\u00e3o: Encontrou-se\t a solu\u00e7\u00e3o para o problema. (voz passiva sint\u00e9tica) \tPredicado\t Sujeito A solu\u00e7\u00e3o para o problema\t foi encontrada. (voz passiva anal\u00edtica) \tSujeito\t Predicado 68","Observe que a ora\u00e7\u00e3o abaixo \u00e9 formada apenas pelo predicado, ou seja, a informa\u00e7\u00e3o declarada por ele n\u00e3o se refere a sujeito algum. Quando isso ocorre, o resultado \u00e9 uma ora\u00e7\u00e3o sem sujeito: Chovia muito naquela manh\u00e3. O n\u00facleo desse predicado \u00e9 um verbo impessoal, empregado na 3a pessoa do singular. Os principais verbos com que ocorre ora\u00e7\u00e3o sem sujeito s\u00e3o: a. Verbos que indicam fen\u00f4menos da natureza: ventar, chover, nevar, trovejar, anoitecer, relampejar. Ventou muito durante a tempestade. No inverno, anoitece mais cedo. ATEN\u00c7\u00c3O Linguagem: Conex\u00e3o com o mundo \/ 7o ano Quando os verbos que exprimem fen\u00f4menos da natureza apresentam sentido figurado, tornam-se pessoais e, por isso, apresentam sujeito. Sua voz trovejava em meus ouvidos. (Sujeito: sua voz) Ap\u00f3s o mau desempenho dos jogadores, choveram cr\u00edticas. (Sujeito: cr\u00edticas) b. Verbos fazer, ser e estar indicando tempo transcorrido ou condi\u00e7\u00e3o de tempo. Faz dias que perdi meu emprego. Era meio-dia quando iniciamos nossas atividades. Estava frio na rua. 69","Cole\u00e7\u00e3o Linguagem: A arte da reflex\u00e3o ATEN\u00c7\u00c3O Devido ao fato de n\u00e3o possu\u00edrem sujeito, os verbos impessoais (com exce\u00e7\u00e3o de ser) devem ser empregados sempre na terceira pessoa do singular. Faz dois anos que deixei minha terra. c. Verbo haver indicando tempo decorrido ou com de existir. H\u00e1 dias que n\u00e3o vejo minha fam\u00edlia. Havia um segredo entre n\u00f3s. ATEN\u00c7\u00c3O Mesmo quando empregado no lugar do verbo haver, o verbo existir n\u00e3o \u00e9 impessoal, possui sujeito e deve concordar com ele. H\u00e1 jovens trabalhando de modo irregular. (Ora\u00e7\u00e3o sem sujeito sentido) Existem jovens trabalhando de modo irregular. (Sujeito: jovens) Exerc\u00edcios 1.\t Em cada par de ora\u00e7\u00f5es h\u00e1 uma com sujeito indeterminado, identifique\u00ada: a. (\t ) Trabalhamos muito colhendo o feij\u00e3o. \t(\t ) Ficaram desesperados com o inc\u00eandio. b. (\t ) Pens\u00e1vamos que a pilha de feij\u00e3o tocaria o c\u00e9u. \t(\t ) Causaram a maior desgra\u00e7a do mundo. c. (\t ) Destru\u00edram a colheita de feij\u00e3o. \t(\t ) Arrancava os cabelos desesperada. 70","2.\t Elabore duas frases com sujeito indeterminado utilizando os verbos falar e mexer. 3.\t Identifique as ora\u00e7\u00f5es sem sujeito: Linguagem: Conex\u00e3o com o mundo \/ 7o ano (\t ) Era tarde para salvar a colheita. (\t ) Havia esperan\u00e7a de sucesso para a pr\u00f3xima colheita. (\t ) Faz muita diferen\u00e7a a uni\u00e3o da fam\u00edlia. (\t ) Choveram notas baixas. (\t ) Fazia pouco tempo que a colheita terminara. 4.\t Indique as ora\u00e7\u00f5es em que o verbo haver apresenta o sentido de existir. Depois, reescreva-\u00ad as substituindo haver por existir: a. (\t ) H\u00e1 duas x\u00edcaras sobre o balc\u00e3o. b. (\t ) Havia uma hora que aguardava pelo m\u00e9dico. c. (\t ) Havia meninas lindas na festa. d. (\t ) Houve um problema a ser resolvido. Colocando a m\u00e3o na massa Din\u00e2mica de produ\u00e7\u00e3o de texto 1.\t Agora voc\u00ea \u00e9 o escritor. a. Junte-se a um(a) colega. Escolham fatos ocorridos na vida de uma crian\u00e7a de rua de sua cidade, da vizinhan\u00e7a, ou vista na televis\u00e3o, em livro ou em jornal, ou pesquise na Internet. b. Elaborem uma narrativa. Ofere\u00e7am ao leitor informa\u00e7\u00f5es como data, local, nomes das pessoas, causa e consequ\u00eancia dos acontecimentos. c. Imaginem que o texto ser\u00e1 publicado em um jornal local. A linguagem deve ser objetiva e f\u00e1cil de compreender. Adjetivos e ju\u00edzos de valores devem ser evitados. O mais importante \u00e9 contar a hist\u00f3ria e n\u00e3o apresentar a opini\u00e3o de voc\u00eas sobre ela. 71","2.\t Troque o texto com outra dupla de colegas. a. Verifiquem se voc\u00eas conseguem compreender bem como, quando, onde e por que os acontecimentos narrados ocorreram. b. Fa\u00e7am sugest\u00f5es para os colegas quanto ao t\u00edtulo, ao conte\u00fado e \u00e0 linguagem. c. Troquem novamente os textos e reescrevam a narrativa, aproveitan do as ideias sugeridas pelos colegas. 3.\t Exponham no mural da escola. Finalizando sem finalizar Cole\u00e7\u00e3o Linguagem: A arte da reflex\u00e3o A nossa Constitui\u00e7\u00e3o admite o trabalho a partir Link com Hist\u00f3ria dos 16 anos de idade. Em caso de adolescentes na condi\u00e7\u00e3o de aprendizes, a partir dos 14 anos de Como era a legisla\u00e7\u00e3o idade. No entanto, \u00e9 comum vermos crian\u00e7as tra- brasileira em rela\u00e7\u00e3o ao tra- balhando em novelas, apresentando programas de balho de menores em \u00e9pocas televis\u00e3o, cantando e fazendo publicidade e propa- passadas? Quando foi apro- ganda. Qual ser\u00e1 o futuro dessas crian\u00e7as? Saber\u00e3o vado o Estatuto da Crian\u00e7a e conviver com a fama? do Adolescente? Traga figuras (fotos) de artistas que come\u00e7aram suas carreiras na inf\u00e2ncia e que conseguiram ou n\u00e3o \u2018sobreviver\u2019 ao sucesso. Partindo dos artistas pesquisados, verifique quantos deles conseguir\u00adam manters\u00ad e na carreira e quantos n\u00e3o conseguiram, elencando as poss\u00edveis causas para seu sucesso e\/ou seu fracasso. Em seguida, fa\u00e7a um gr\u00e1fico com os dados coletados. a. Idade na qual iniciou sua carreira. b. Teve apoio da fam\u00edlia durante sua carreira? E voc\u00ea, o que pensa a respeito do trabalho de crian\u00e7as e adolescentes? 72","Unidade 2 Chegando ao sudeste","Cortar o tempo Quem teve a id\u00e9ia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indiv\u00edduo genial. Industrializou a esperan\u00e7a, fazendo-a funcionar no limite da exaust\u00e3o. Doze meses d\u00e3o para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. A\u00ed entra o milagre da renova\u00e7\u00e3o e tudo come\u00e7a outra vez, com outro n\u00famero e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente Carlos Drummond de Andrade Cole\u00e7\u00e3o Linguagem: A arte da reflex\u00e3o Vista panor\u00e2mica da orla de Ubu, em Anchieta, Esp\u00edrito Santo. Vista da por\u00e7\u00e3o sul do Parque Nacional do Igrejas barrocas no munic\u00edpio de Mariana, Minas Gerais. Capara\u00f3, entre Esp\u00edrito Santo e Minas Gerais.","A regi\u00e3o Sudeste apresenta a maior densidade demogr\u00e1fica do pa\u00eds, formada pelos estados do Esp\u00edrito Santo, de Minas Gerais, do Rio de Janeiro e de S\u00e3o Paulo. Destaca-se por ser um polo industrial, comercial e cultural. Recebe migrantes e imigrantes de todos os lugares, tornando-a, culturalmente, muito diversa. As cidades do Rio de Janeiro e de S\u00e3o Paulo s\u00e3o consideradas o eixo cultural do pa\u00eds. Transmitem enorme influ\u00eancia cultural, econ\u00f4mica e pol\u00edtica para v\u00e1rios setores em todo o pa\u00eds. Belo Horizonte, Minas Gerais. Vila Velha, Esp\u00edrito Santo. Linguagem: Conex\u00e3o com o mundo \/ 7o ano Vista panor\u00e2mica das praias de Ipanema Regi\u00e3o central de S\u00e3o Paulo. e Leblon, Rio de Janeiro. 75","Cap\u00edtulo 5 Chegando \u00e0 regi\u00e3o sudeste Cole\u00e7\u00e3o Linguagem: A arte da reflex\u00e3o Voc\u00ea culpa seus pais por tudo Isso \u00e9 absurdo S\u00e3o crian\u00e7as como voc\u00ea O que voc\u00ea vai ser Quando voc\u00ea crescer? Legi\u00e3o Urbana A Fam\u00edlia, \u00f3leo sobre tela de Tarsila do Amaral, 1925. Motivando a pensar Os relacionamentos afetivos s\u00e3o algo extremamente importante na vida de todo indiv\u00edduo. \u00c9 ineg\u00e1vel, nesse contexto, o valor dos la\u00e7os familiares. O que \u00e9 fam\u00edlia para voc\u00ea? Qual a import\u00e2ncia dela em sua vida? Ser\u00e1 que \u00e9 verdadeiro o pensamento de que todas as fam\u00edlias s\u00e3o iguais? Nos \u00faltimos tempos, s\u00e3o vis\u00edveis as mudan\u00e7as ocorridas na estrutura familiar. A defini\u00e7\u00e3o tradicional de fam\u00edlia formada por pai, m\u00e3e e filhos n\u00e3o corresponde mais adequadamente aos v\u00ednculos firmados pelas fam\u00edlias brasileiras. Atualmente, encontramos forma\u00e7\u00f5es familiares diversas, podendo ter como \\\"chefes de fam\u00edlia\\\" m\u00e3es, av\u00f4s e av\u00f3s, tios, entre outros. Contudo, sejam quais forem as escolhas e as possibilidades para a forma\u00e7\u00e3o dos la\u00e7os, o ingrediente que de modo algum pode ser esquecido \u00e9 o amor incondicional.","Beijos m\u00e1gicos Linguagem: Conex\u00e3o com o mundo \/ 7o ano Nanda tinha duas casas. Numa, ela passava quase todos os fins de semana com a m\u00e3e. Na outra, ela morava com o pai e a av\u00f3. Quem pegava Nanda no col\u00e9gio e a levava para brincar e andar de veloc\u00edpede na pra\u00e7a era a av\u00f3. Mas quem acordava Nanda com beijinho, tomava caf\u00e9 com ela de manh\u00e3 e a levava para o col\u00e9gio era o pai. E tamb\u00e9m era ele quem de noite botava Nanda para dormir, conversava um pouco, ajeitava as cobertas, contava hist\u00f3ria, e dava beijo de boa noite. As hist\u00f3rias muitas vezes acabavam com \\\"... e viveram felizes para sempre\\\". Nanda gostava. Ela sabia que o pai e a m\u00e3e resolveram que para serem felizes para sempre era melhor n\u00e3o ficarem juntos. E tinha muita pena. Mas Nanda tamb\u00e9m sabia que era feliz para sempre quando passava uns tempos com a m\u00e3e \u2013 que a botava no colo, fazia brincadeira e tinha uns beijos m\u00e1gicos que faziam passar qualquer dor de machucado. E Nanda tamb\u00e9m era feliz para sempre com o pai, naquele apartamento em que os dois cuidavam um do outro. Muitas vezes, parecia at\u00e9 que ela era uma daquelas princesas das hist\u00f3rias que o pai contava. Branca de Neve, ajudando a cuidar da casa dos an\u00f5es. Rapunzel, penteando os cabelos para esperar o pr\u00edncipe. Cinderela, dan\u00e7ando a noite toda com o pr\u00edncipe, mas tendo que ir deitar no melhor da festa. A Bela Adormecida, acordando com beijo de pr\u00edncipe. E o pr\u00edncipe sempre era muito bonito e carinhoso, assim meio parecido com o pai dela. Com quem ela vivia feliz para sempre. Mas, depois, o pai foi come\u00e7ando a contar as hist\u00f3rias mais depressa, pulando peda\u00e7os. Ela reclamava: \u2013 Assim, n\u00e3o! Voc\u00ea esqueceu... Ele corrigia, mas acabava r\u00e1pido. E apagava a luz e sa\u00eda do quarto. Ent\u00e3o Nanda n\u00e3o dormia logo, como antes. Ainda ficava um pouco ouvindo os barulhos da casa. Uma noite, ouviu o pai se despedindo da av\u00f3. Quando depois a av\u00f3 veio ver se estava tudo bem com ela, ficou espantada de ver Nanda acordada. E mais ainda quando ouviu: \u2013 Cad\u00ea papai? \u2013 Saiu, Nanda. \u2013 E aonde \u00e9 que ele foi? \u2013 Passear com os amigos... No dia seguinte, no caf\u00e9 da manh\u00e3, Nanda perguntou: \u2013 Aonde \u00e9 que voc\u00ea foi ontem? \u2013 Fui jantar com uma amiga, a Bebel. Pensou um pouco e falou: 77","Cole\u00e7\u00e3o Linguagem: A arte da reflex\u00e3o \u2013 Voc\u00eas precisam se conhecer, voc\u00ea vai gostar muito dela. Gostar dela, coisa nenhuma. O pai tinha dito que Bebel era linda, alegre, um amor... Mas n\u00e3o foi nada disso que Nanda viu. Viu uma mulher magra, de nariz grande, cabelo liso e comprido, vestida de preto, toda hora dando gargalhada. Nanda logo desconfiou o que ela era de verdade. S\u00f3 perguntou, para conferir: \u2013 Voc\u00ea tem gato? \u2013 Tenho, sim. Como \u00e9 que voc\u00ea adivinhou? Toda bruxa tem, ela pensou. Mas n\u00e3o disse nada. S\u00f3 ficou olhando em volta e procurando a vassoura, que n\u00e3o viu estacionada em lugar nenhum. Mas ficou espantada do pai n\u00e3o ter descoberto quem Bebel era. E ele n\u00e3o descobria mesmo. Nanda tentou avisar, mas ele n\u00e3o acreditou. Sa\u00edram juntos muitas vezes. Foram at\u00e9 jantar em casa de Bebel um dia. Uma comida que Bebel fez, mexendo numa panela que era bem disfar\u00e7ada, mas era num caldeir\u00e3o. Numa cozinha cheia de vidrinhos, potes de plantas, ramos secos de ervas pendurados. Nanda n\u00e3o comeu, mas o pai at\u00e9 repetiu. Vai ver que era por isso que estava encantado, devia ter tomado po\u00e7\u00e3o m\u00e1gica. Ou, ent\u00e3o, devia ser o beijo enfeiti\u00e7ado da Bebel, porque os dois ficavam toda hora se dando beijinho. E quanto mais beijinho, mais o pai achava Bebel maravilhosa. Nanda resolveu conversar com a m\u00e3e. Mas ela riu e disse que aquilo era bobagem, que Nanda estava era com ci\u00fames porque o pai estava namorando a Bebel. Falou mais coisas. Falou que isso era muito bom, que ela tamb\u00e9m tinha um namorado, e que se ela se casasse eles iam morar num lugar maior, mais perto do col\u00e9gio de Nanda, ia dar para Nanda ter um quarto s\u00f3 dela e ficar muito tempo l\u00e1, se quisesse. E que era \u00f3timo se o pai tamb\u00e9m casasse de novo, porque a Bebel ia poder ajudar a cuidar da Nanda. Quando ouviu a m\u00e3e dizer essas coisas, Nanda ficou achando que, com toda a certeza, a tal da Bebel tinha dado uns beijos enfeiti\u00e7ados nela tamb\u00e9m. E passou a tomar o maior cuidado, para n\u00e3o ganhar beijo da Bebel. Mas n\u00e3o adiantou muito. Bebel enfeiti\u00e7ou o pai de Nanda, de tanto beijo. E acabou mesmo casando com ele e virando madrasta de verdade. Como, na mesma \u00e9poca, a m\u00e3e de Nanda tamb\u00e9m casou e mudou, chamou a filha para morar com ela e o marido. Nanda foi. Mas quando vinha passar fim de semana com o pai e a av\u00f3, n\u00e3o esquecia de ficar de olho em Bebel. E no gato da Bebel, que agora tamb\u00e9m morava com eles. Um dia, quando estava l\u00e1, o pai saiu com a av\u00f3 para ir ao supermercado e Nanda ficou sozinha com o gato e Bebel, que disse que estava muito pesadona e cansada para sair naquele calor. Tamb\u00e9m, tinha ficado t\u00e3o barriguda... 78","Assim que as duas ficaram sozinhas, Bebel come\u00e7ou Linguagem: Conex\u00e3o com o mundo \/ 7o ano a fazer o que sempre fazia: tentar agradar Nanda. Oferecia chocolate batido, biscoito, iogurte, colo, hist\u00f3ria, cantiga. E beijinho, sempre beijinho. Mas Nanda ficava firme, e n\u00e3o aceitava. Mas, dessa vez, Bebel depois se deitou no sof\u00e1 e per- guntou se Nanda n\u00e3o queria fazer uma coisa que ela adorava e nunca deixavam: andar de veloc\u00edpede na sala. Nanda aceitou. Andou sem parar, de um lado para o outro, a toda veloci- dade, batendo nos m\u00f3veis, derrubando coisas, e Bebel nem ligou. At\u00e9 que Nanda levou um tombo, ralou o joelho e botou a boca no mundo: \u2013 U\u00e1!!!! Bebel veio acudir, foi l\u00e1 dentro pegar um dos vidrinhos dela, e passou um rem\u00e9dio que nem ardeu. Depois, botou Nanda no colo, fez carinho no cabelo dela, e a encheu de bei- jinho. Um mont\u00e3o! Nanda gostou do dengo. Mas n\u00e3o queria gostar e chorou mais ainda. Ent\u00e3o Bebel abra\u00e7ou a menina e ficou s\u00f3 alisando de leve e falando umas coisas carinhosas, dizendo que ia dar um irm\u00e3ozinho para ela, e todos iam ser muito felizes. Foi dando um sono bom, e Nanda acabou dormindo. Foi assim que o pai e a av\u00f3 encontraram as duas. Acharam t\u00e3o bom e fizeram tanto barulho que Nanda acordou. Mas ela nem teve tempo de saber se tinha ficado encan- tada com os beijos de Bebel, porque a madrasta falou assim: \u2013 Ai, que bom que voc\u00eas n\u00e3o demoraram. Acho que est\u00e1 chegando a hora... Come\u00e7aram todos a falar ao mesmo tempo, a olhar o re- l\u00f3gio, mexer em gavetas, pegar uma maleta. Num instante, o pai e Bebel sa\u00edram. N\u00e3o voltaram nem para dormir. No dia seguinte, a av\u00f3 falou: \u2013 Nasceu seu irm\u00e3ozinho, Nanda. Vamos l\u00e1 ver. Elas foram. E viram um nen\u00e9m muito pequenininho, de olhinhos fechados, dormindo. Nanda foi fazer carinho nele, e o nen\u00e9m apertou o dedo dela, t\u00e3o gostoso. Ent\u00e3o o pai disse: \u2013 Senta aqui no meu colo, que eu ponho o nen\u00e9m no seu colo. Porque agora voc\u00ea \u00e9 a princesa de n\u00f3s dois. Ela achou gra\u00e7a e foi. Mas ficou pensando assim: \u2013 Pois sim, voc\u00eas \u00e9 que s\u00e3o meus pr\u00edncipes. E se eu sou princesa, vou \u00e9 lhe dar um beijo m\u00e1gico e voc\u00ea vai acordar do encanto que essa bruxa lhe fez. Mas primeiro pegou o irm\u00e3o. Ficaram todos sorrindo, enquanto ela sentia aquele calorzinho gostoso entre os bra\u00e7os. Como se um passarinho tivesse pousado na m\u00e3o dela. E fosse preciso, ao mesmo tempo, segurar firme para ele n\u00e3o voar e fazer carinho de leve para ele n\u00e3o se assustar. Mas talvez o nen\u00e9m tenha se assustado. Porque, de re- pente, chorou: \u2013 Nh\u00e9m! Nh\u00e9m! 79","Uma boca bem aberta, com um choro t\u00e3o forte! Todo mundo ficou sem saber o que fazer. Mas a\u00ed Bebel disse: \u2013 D\u00e1 um beijinho na testa dele, Nanda. E depois voc\u00eas me trazem ele para mamar... E a\u00ed foi m\u00e1gico. Ele ficou quietinho e parou de chorar, s\u00f3 mamando feliz. Nanda olhou bem para ele, para o pai, para Bebel. E fez com os dois o mesmo que j\u00e1 tinha feito com o nen\u00e9m: deu beijos. Beijos m\u00e1gicos, como s\u00f3 ela podia dar. Beijos capazes de quebrar encantos de um pr\u00edncipe, de acalmar choro de nen\u00e9m e de fazer nascer sorriso em gente grande. E, principalmente, beijos capazes de fazer bruxa virar gente de verdade, com quem at\u00e9 se pode ser feliz para sempre. Fonte: MACHADO, Ana Maria. Beijos m\u00e1gicos. In: MACHADO, Ana Maria et al. Quem conta um conto? S\u00e3o Paulo: FTD, 2001. p. 7-14. Quem \u00e9 a autora? Cole\u00e7\u00e3o Linguagem: A arte da reflex\u00e3o Ana Maria Machado nasceu no Rio de Janeiro, em 24 de dezembro de 1941. Ela atuou como jornalista, professora e pintora, mas foi como escritora que obteve seu maior destaque. Sua forma\u00e7\u00e3o foi em Letras, pela Universidade do Brasil. Ana Maria Machado lecionou na Universidade Fe- deral do Rio de Janeiro (UFRJ) e na Pontif\u00edcia Universidade Cat\u00f3lica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Como jornalista, trabalhou por mais de 10 anos na R\u00e1dio Jornal do Brasil. Foi uma das fundadoras, em 1980, da primeira livraria in- fantil no Brasil, a Malasartes (no Rio de Janeiro), que existe at\u00e9 hoje. Nessa d\u00e9cada ela publicou mais de 40 livros, e em 1981 recebeu o Pr\u00eamio Casa de Las Am\u00e9ricas com o livro De olho nas penas. E em 1978, j\u00e1 havia recebido o Pr\u00eamio Jabuti de Literatura. Alguns de seus livros mais conhecidos s\u00e3o Bisa Bia, bisa Bel; Raul da ferrugem azul; e Menina bonita do la\u00e7o de fita. No ano de 2000, aconteceu o reconhecimento mundial das obras de Ana Maria Machado, quando recebeu o Pr\u00ea- mio Hans Christian Andersen, o mais importante pr\u00eamio de literatura infantil. No mesmo ano foi agraciada com a Ordem do M\u00e9rito Cultural. Atualmente, al\u00e9m de escrever, ela atua intensivamente na promo\u00e7\u00e3o da leitura e no fomento do livro. Fonte: Adaptado de: WIKIP\u00c9DIA. Ana Maria Machado. Dispon\u00edvel em: <http:\/\/pt.wikipedia.org\/wiki\/Ana_Ma- ria_Machado>. Acesso em: 20 dez. 2010. 80","1.\t Quem \u00e9 a personagem principal? 2.\t O que h\u00e1 de curioso na forma como mora? 3.\t Com quem ela costumava passar os finais de semana? 4.\t Transcreva do texto a parte que explica como era a rotina de Nanda durante a semana. 5.\t Qual foi a solu\u00e7\u00e3o encontrada pelos pais de Nanda para serem \\\"felizes para sempre\\\"? Linguagem: Conex\u00e3o com o mundo \/ 7o ano O que h\u00e1 de diferente nessa solu\u00e7\u00e3o? Como Nanda era feliz para sempre diante da decis\u00e3o dos pais? 6.\t Como surgem os \u201cbeijinhos m\u00e1gicos\u201d na hist\u00f3ria? 7.\t Leia o trecho: Mas, depois, o pai foi come\u00e7ando a contar as hist\u00f3rias mais depressa, pulando peda\u00e7os. Ela reclamava: \u2013 Assim, n\u00e3o! Voc\u00ea esqueceu... Ele corrigia, mas acabava r\u00e1pido. E apagava a luz e sa\u00eda do quarto. Ent\u00e3o Nanda n\u00e3o dormia logo, como antes. 81","As coisas iam bem para Nanda at\u00e9 o pai co- Sugest\u00e3o de leitura me\u00e7ar a mudar seu comportamento. O que estava acontecendo com o pai da menina que gerou um novo comportamento? 8.\t Como Nanda via Bebel? O que ela imaginava a respeito da namorada do pai? 9.\t Quais eram as diferen\u00e7as entre os beijinhos O livro Guerra na casa do da m\u00e3e e os de Bebel? Jo\u00e3o, de Toni Brand\u00e3o, apresen- ta o garoto Jo\u00e3o envolvido com 10.\t Quando Nanda desabafa com a m\u00e3e, o que conflitos frequentes vivenciados essa afirma a respeito das queixas da menina? pelos pais e a consequente se- para\u00e7\u00e3o do casal. Cole\u00e7\u00e3o Linguagem: A arte da reflex\u00e3o 11.\t Por que Nanda vai morar com a m\u00e3e? 12.\t Como foi poss\u00edvel, para Nanda, uma bruxa virar Outro livro, do mesmo autor, gente de verdade? que d\u00e1 sequ\u00eancia \u00e0 hist\u00f3ria \u00e9 O casamento da m\u00e3e do Jo\u00e3o, em que a m\u00e3e do garoto conhece um homem por quem se apaixona. 82","Aprofundando o pensar Fam\u00edlia Fam\u00edlia, fam\u00edlia, Fam\u00edlia \u00ea Papai, mam\u00e3e, titia, Fam\u00edlia \u00e1 Fam\u00edlia, fam\u00edlia, Fam\u00edlia. Almo\u00e7a junto todo dia, Nunca perde essa mania. Mas quando a filha quer fugir de casa Fam\u00edlia, fam\u00edlia, Linguagem: Conex\u00e3o com o mundo \/ 7o ano Precisa descolar um ganha-p\u00e3o Cachorro, gato, galinha. Filha de fam\u00edlia se n\u00e3o casa Fam\u00edlia, fam\u00edlia, Papai, mam\u00e3e, n\u00e3o d\u00e3o nenhum tost\u00e3o. Vive junto todo dia, Nunca perde essa mania. Fam\u00edlia \u00ea Fam\u00edlia \u00e1 A m\u00e3e morre de medo de barata Fam\u00edlia. O pai vive com medo de ladr\u00e3o Jogaram inseticida pela casa Fam\u00edlia, fam\u00edlia, Botaram um cadeado no port\u00e3o. Vov\u00f4, vov\u00f3, sobrinha. Fam\u00edlia, fam\u00edlia, Fam\u00edlia \u00ea Janta junto todo dia, Fam\u00edlia \u00e1 Nunca perde essa mania. Fam\u00edlia. Mas quando o nen\u00ea fica doente Fonte: ANTUNES, Arnaldo; BELLOTTO, Tony. Fam\u00edlia. Int\u00e9rprete: Tit\u00e3s. In: Procura uma farm\u00e1cia de plant\u00e3o TIT\u00c3S. Cabe\u00e7a dinossauro. Produ\u00e7\u00e3o de Liminha, V\u00edtor Farias e Pena Sch- O choro do nen\u00ea \u00e9 estridente midt. WEA, 1986. 1 CD. Assim n\u00e3o d\u00e1 pra ver televis\u00e3o. 1.\t Como \u00e9 a forma\u00e7\u00e3o da fam\u00edlia apresentada na m\u00fasica? 2.\t Nos dias de hoje, \u00e9 comum, na mesma casa, haver tantos moradores de uma mesma fam\u00edlia? Comente. 83","Cole\u00e7\u00e3o Linguagem: A arte da reflex\u00e3o 3.\t Leia: \u201cFam\u00edlia, fam\u00edlia,\/Cachorro, gato, galinha\u201d. Essa fam\u00edlia, al\u00e9m de ter bichos de estima\u00e7\u00e3o, tamb\u00e9m tem galinha. Para ter tantos animais, voc\u00ea acredita que a moradia seja de que tipo? 4.\t Uma fam\u00edlia que more em apartamento poder\u00e1 ter que tipos de animais? Por qu\u00ea? 5.\t Essa fam\u00edlia \u00e9 igual \u00e0 fam\u00edlia de Nanda ou diferente (do texto Beijos m\u00e1gicos)? Busque semelhan\u00e7as e\/ou diferen\u00e7as. 6.\t A fam\u00edlia da m\u00fasica vive em total harmonia ou h\u00e1 conflitos? Se houver, indique algum exemplo. 7.\t Leia: \u201cNunca perde essa mania\u201d. Que mania \u00e9 essa? Voc\u00ea acha que esse seja um mau h\u00e1bito para uma fam\u00edlia? Comente. 8.\t Voc\u00ea leu dois textos com modelos diferentes de constitui\u00e7\u00e3o familiar. Agora responda como \u00e9 formada a sua fam\u00edlia. 9.\t Em sua opini\u00e3o, qual \u00e9 a import\u00e2ncia da fam\u00edlia? Que fun\u00e7\u00e3o ela tem para o desenvol- vimento da sociedade? 10.\t Em grupos, escolham figuras em revistas e construam cartazes que indiquem os valores e os sentimentos que envolvem a fam\u00edlia nos dias de hoje. 84","Conectando com o mundo Link com Hist\u00f3ria Linguagem: Conex\u00e3o com o mundo \/ 7o ano Sabemos que, no Brasil, a lei reconhece apenas O(A) professor(a) de Hist\u00f3ria o casamento monog\u00e2mico. Em outras palavras, pode ter dicas importantes para n\u00e3o \u00e9 permitido casar com mais de uma pessoa voc\u00ea entender o modo como as simultaneamente. Por outro lado, as pessoas podem mudan\u00e7as sociais e hist\u00f3ricas pedir o div\u00f3rcio e casar novamente, formando, assim, influenciaram a transforma\u00e7\u00e3o outras fam\u00edlias. das fam\u00edlias at\u00e9 chegar aos dias de hoje. Al\u00e9m disso, h\u00e1 as pessoas que preferem n\u00e3o oficializar seu relacionamento, passando a morar Link com Geografia junto de quem gostam para ter seus filhos e formar sua fam\u00edlia. Mesmo sem a oficializa\u00e7\u00e3o do casa- Converse com o(a) profes- mento, essas pessoas t\u00eam seus direitos legais sor(a) de Geografia e pe\u00e7a su- garantidos. N\u00e3o podemos nos esquecer, tamb\u00e9m, gest\u00f5es de sociedades com dos casais homossexuais. Cada vez mais, esses organiza\u00e7\u00e3o cultural diferente homens e mulheres lutam para construir suas fam\u00edlias da nossa. e serem reconhecidos e respeitados pela sociedade e pela Justi\u00e7a. 85 Essa \u00e9 uma vis\u00e3o geral do que ocorre no Brasil atualmente. Sabemos que em alguns lugares do mundo tamb\u00e9m \u00e9 assim, mas n\u00e3o em todos. Convide seu(sua) professor(a) para realizar uma pesquisa no laborat\u00f3rio de inform\u00e1tica. Procurem descobrir como s\u00e3o organizadas as fam\u00edlias em so- ciedades diferentes da nossa. Voc\u00eas podem formar grupos com diferentes objetivos: podem pesquisar a organiza\u00e7\u00e3o da fam\u00edlia em tribos ind\u00edgenas, pa\u00edses mu\u00e7ulmanos, indianos, tribos africanas etc. Situando-me 1.\t Atualmente vemos fam\u00edlias constitu\u00eddas das mais variadas formas. Enquanto na forma tradicio- nal a fam\u00edlia tem o pai, a m\u00e3e, os irm\u00e3os, a tia, o tio, os av\u00f3s... Hoje vemos fam\u00edlias com dois pais, duas m\u00e3es, crian\u00e7as que s\u00e3o criadas e educadas pelos tios, av\u00f3s, irm\u00e3os e assim por diante. 2.\t Leve em considera\u00e7\u00e3o os textos oferecidos para leitura neste cap\u00edtulo, e outros escolhidos por voc\u00ea, e produza um texto dissertativo explicando a sua opini\u00e3o a respeito das estruturas familiares existentes (evite coment\u00e1rios preconceituosos).","Mostrando a l\u00edngua ORTOGRAFIA X E CH Sons do X Voc\u00ea j\u00e1 deve ter percebido que, em nossa l\u00edngua, a letra X pode apresentar diferentes sons, variando de acordo com o contexto em que se encontra. Observe como isso ocorre nos quadros abaixo. x = ch x=s x=z x = cs enxame explos\u00e3o exame reflexo bexiga aux\u00edlio exemplo flex\u00edvel pr\u00f3ximo pirex lixa existe Cole\u00e7\u00e3o Linguagem: A arte da reflex\u00e3o EXERC\u00cdCIOS 1.\t Complete as palavras com X e, em seguida, escreva outras grafadas com X que apresentem o mesmo som. a. e\t clu\u00eddo\t \t b. e\t ibido\t \t c. trou\t e\t \t d. en\t uto\t \t e. t\u00e1\t i\t \t 2.\t Leia as palavras com aten\u00e7\u00e3o e observe o som apresentado pela letra X. Em seguida, distribua as palavras de acordo com seus grupos sonoros. extenso crucifixo trouxa exibido exigido auxiliar l\u00e1tex ex\u00e9rcito peixe exausto pr\u00f3ximo ox\u00edtona 86","x = s x = cs x = z x = ch Uso de X ou CH? A ch\u00e1cara do Chico Bolacha Voc\u00ea sabia? Linguagem: Conex\u00e3o com o mundo \/ 7o ano Na ch\u00e1cara do Chico Bolacha, Um charco \u00e9 um terreno alagado. o que se procura nunca se acha! Quando chove muito, o Chico brinca de barco, porque a ch\u00e1cara vira charco. Quando n\u00e3o chove nada, Chico trabalha com a enxada e logo se machuca e fica de m\u00e3o inchada. Por isso, com o Chico Bolacha, o que se procura nunca se acha. Dizem que a ch\u00e1cara do Chico s\u00f3 tem mesmo chuchu e um cachorrinho coxo que se chama Caxambu. Outras coisas, ningu\u00e9m procure, porque n\u00e3o acha. Coitado do Chico Bolacha! Fonte: MEIRELES, Cec\u00edlia. Ou isto ou aquilo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1987. 87","Como j\u00e1 vimos, as letras X e CH podem apresentar o mesmo som e muitas vezes causar d\u00favidas. Veja abaixo algumas regras que auxiliam na hora da escrita. Devemos usar X depois a. de ditongo: deixa, peixe, baixa Exce\u00e7\u00e3o: recauchutar (e derivados). b. da s\u00edlaba en- no in\u00edcio de palavra: Cole\u00e7\u00e3o Linguagem: A arte da reflex\u00e3o enxame, enxaqueca, enxurrada Exce\u00e7\u00e3o: quando as palavras s\u00e3o es- critas com ch ou derivam de outras gra- fadas assim, ao receberem o prefixo en-, preservam a grafia original: enchente, encharcar. c. depois da s\u00edlaba me- no in\u00edcio de palavra: mexicano, mexer, mexerico Exce\u00e7\u00e3o: mecha (referente a cabelo). Obs.: tenha sempre em mente que, al\u00e9m de saber essas regras, voc\u00ea precisa ampliar, constantemente, o conhecimento do vocabul\u00e1rio da l\u00edngua portu- guesa e exercitar sua escrita. EXERC\u00cdCIOS 1.\t Forme fam\u00edlias de palavras a partir da lista a seguir. 88","acha chuchu charco coxo inchada faxina machuca puxar 2.\t As palavras abaixo devem ser sempre grafadas com X. Releia as regras apontadas anteriormente e indique o porqu\u00ea dessa grafia. enxada queixo M\u00e9xico exurrada Colocando a m\u00e3o na massa Linguagem: Conex\u00e3o com o mundo \/ 7o ano As rela\u00e7\u00f5es humanas est\u00e3o em constante transforma\u00e7\u00e3o. A vis\u00e3o de fam\u00edlia que havia h\u00e1 alguns anos mudou completamente. O que n\u00e3o mudou e, certamente, n\u00e3o mudar\u00e1 \u00e9 nossa necessidade de rela\u00e7\u00f5es afetivas. Em busca de carinho, aten\u00e7\u00e3o e acolhimento, procuramos diferentes formas de inte- ra\u00e7\u00e3o: grupos de jovens, de pr\u00e1ticas esportivas, de dan\u00e7a, de rela\u00e7\u00f5es pela Internet, de colegas de estudo, entre outras. Muitas vezes at\u00e9 imitamos modos de ser, vestir e falar. De certa forma, grupos como esses caracterizam fam\u00edlias afetivas. Produza um texto (poema, rap, carta etc.) que descreva e valorize um grupo do qual voc\u00ea faz parte e que seja uma esp\u00e9cie de complemento para suas rela\u00e7\u00f5es familiares. Finalizando sem finalizar 1.\t Considere as discuss\u00f5es levantadas neste cap\u00edtulo a respeito das estruturas familiares com as quais convivemos atualmente. 2.\t Junto a um(a) colega, fa\u00e7am uma s\u00edntese das ideias apresentadas e levantem hip\u00f3teses a respeito do que n\u00e3o foi abordado, como o caso da ado\u00e7\u00e3o de crian\u00e7as por pessoas solteiras ou por casais homossexuais, al\u00e9m do preconceito que essas crian\u00e7as podem sofrer, entre outras quest\u00f5es. 3.\t Em casa, busque conversar com outras pessoas (pais, av\u00f3s, amigos etc.), de modo a conhecer pontos de vista diferentes daqueles encontrados na escola. 4.\t Traga para a escola os posicionamentos encontrados e socialize essas informa\u00e7\u00f5es. 89","Cap\u00edtulo 6 Mais gente vindo por aqui Motivando a pensar E viveram felizes para sempre E viveram felizes para sempre Estavam livres da perfei\u00e7\u00e3o Que s\u00f3 fazia estragos Jota Quest Cole\u00e7\u00e3o Linguagem: A arte da reflex\u00e3o As f\u00e1bulas povoam o imagin\u00e1rio humano desde tempos remotos. Elas foram contadas e recontadas de forma oral, atravessaram os s\u00e9culos preservadas (e recriadas) pela mem\u00f3ria de seus contadores. At\u00e9 que, finalmente, foram registradas por meio da escrita. Algumas dessas hist\u00f3rias tornaram-se conhecidas mundialmente, como A Bela Adormecida, Cinderela, Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve e os Sete An\u00f5es, A Bela e a Fera, Jo\u00e3o e Maria, entre muitas outras. No entanto, o que poderia ter ocorrido a essas hist\u00f3rias se n\u00e3o tivessem sido regis- tradas em forma de livro? Estariam perdidas no passado, desgastadas pela fragilidade da mem\u00f3ria humana? O texto teatral de Pedro Bandeira, O fant\u00e1stico mist\u00e9rio de Feiurinha, aborda esse tema. Acompanhe a seguir um trecho extra\u00eddo da pe\u00e7a e, se ficar curioso, busque o texto completo para saber o desenrolar da hist\u00f3ria.","O fant\u00e1stico mist\u00e9rio de Feiurinha Linguagem: Conex\u00e3o com o mundo \/ 7o ano No sal\u00e3o do castelo, Dona Branca Encantado est\u00e1 sentada em sua cadeira de espaldar alto, tricotando um sapatinho de l\u00e3. Est\u00e1 visivelmente gr\u00e1vida. Entra Caio, o Lacaio. Curva-se respeitosa e espalhafatosa- mente e anuncia: Caio Alteza, a Senhorita Vermelho acaba de chegar ao castelo e pede... Branca Chapeuzinho Vermelho? Que \u00f3timo! Pe\u00e7a para ela entrar. Vamos, Caio, r\u00e1pido! [...] Dona Branca corre para abra\u00e7ar a amiga. Branca Chapeuzinho Vermelho! Querida! H\u00e1 quanto tempo! Como vai a Vovozinha? Chap\u00e9u Branca! As duas d\u00e3o-se tr\u00eas beijinhos nas faces. Chap\u00e9u Um... dois... e tr\u00eas! Pra ver se eu caso, Branca! Ai, ai! Sou uma das poucas neste Pa\u00eds das Fadas que n\u00e3o \u00e9 princesa! Tamb\u00e9m... voc\u00ea sabe, n\u00e3o \u00e9? Branca Sei, Chap\u00e9u! A sua hist\u00f3ria terminou dizendo que voc\u00ea ia ser feliz para sempre ao lado da Vovozinha, e o autor esqueceu de fazer aparecer um Pr\u00edncipe Encantado no final pra casar com voc\u00ea. Por isso, voc\u00ea ficou encalhada... Chap\u00e9u Tamb\u00e9m n\u00e3o precisa falar assim... Eu estou solteira mas... Quem sabe, n\u00e3o \u00e9? Branca Ora, voc\u00ea tem a Vov\u00f3 para lhe fazer companhia... Chap\u00e9u E quem quer uma av\u00f3 caduca daquelas? Eu quero \u00e9 um Pr\u00edncipe! Dona Branca olha fixamente para Chapeuzinho, tentando confort\u00e1-la. Branca Coragem, Chapeuzinho! Chap\u00e9u Branca, por que voc\u00ea tem esses olhos t\u00e3o grandes? Branca Ora, deixe de besteira, Chap\u00e9u! Chap\u00e9u Ahn... quer dizer... desculpe, Branca. \u00c9 que eu sempre me distraio... sabe? Estou sempre pensando na minha hist\u00f3ria. N\u00e3o fosse a falta do Pr\u00edncipe... A minha hist\u00f3ria \u00e9 t\u00e3o linda, com o Lobo Mau, t\u00e3o terr\u00edvel, e o Ca\u00e7ador, t\u00e3o valente... Branca At\u00e9 que a sua hist\u00f3ria \u00e9 pass\u00e1vel, Chap\u00e9u. Mas linda mesmo \u00e9 a minha, que tem espelho m\u00e1gico, ma\u00e7\u00e3 envenenada, bruxa malvada, an\u00f5ezinhos e at\u00e9 ca\u00e7ador generoso! Chap\u00e9u Quest\u00e3o de gosto, querida... Dona Chapeuzinho senta-se confortavelmente, coloca a cestinha ao lado, tira um sandu\u00edche de mortadela e p\u00f5e-se a comer. Chap\u00e9u Aceita um brioche? Branca N\u00e3o, obrigada. Chap\u00e9u Quer uma ma\u00e7\u00e3? Branca N\u00e3o! Eu detesto ma\u00e7\u00e3! Chap\u00e9u Pena... Pode fazer bem para voc\u00ea que est\u00e1 assim... esperando... Branca Voc\u00ea notou, Chap\u00e9u? Chap\u00e9u \u00c9... ia ser dif\u00edcil n\u00e3o notar... Branca Pois \u00e9, menina! Estou esperando o meu s\u00e9timo! Chap\u00e9u S\u00e9timo? 91","Cole\u00e7\u00e3o Linguagem: A arte da reflex\u00e3o Branca Pois \u00e9. \u00c9 que faltava um para ser afilhado do \u00faltimo an\u00e3ozinho... Mas a ocasi\u00e3o at\u00e9 que \u00e9 \u00f3tima, Chap\u00e9u. O nen\u00ea vai chegar logo depois das minhas Bodas de Prata! Chap\u00e9u Bodas de Prata? Branca Voc\u00ea n\u00e3o sabia? Daqui a uma semana eu e o Pr\u00edncipe Encantado fazemos vinte e cinco anos de casados. Vinte e cinco anos de felicidade para sempre! Chap\u00e9u Sei, sei... Mas hoje eu n\u00e3o vim aqui para falar de boda nenhuma. (Olha para a amiga com aquele olhar conspirador que as comadres usam quando est\u00e3o conversando por cima do muro do quintal.) Menina, voc\u00ea n\u00e3o imagina o que aconteceu... Branca Aconteceu? O que foi que aconteceu? Ah, vamos, conte logo! Sou doida por uma fofoca. Vai ver foi aquela sirigaita da Gata que... Chap\u00e9u Branca, Branca! Voc\u00ea sabe que Cinderela Encantado detesta ser chamada de Gata Borralheira... Branca Ah, deixe pra l\u00e1. Continue! Chap\u00e9u (Olhando em volta, como para ver se h\u00e1 algu\u00e9m \u00e0 escuta:) O Pr\u00edncipe est\u00e1 no castelo? Branca O Pr\u00edncipe? Que Pr\u00edncipe? Chap\u00e9u O Pr\u00edncipe Encantado. Seu marido. Branca Ah! N\u00e3o est\u00e1 n\u00e3o. Foi \u00e0 ca\u00e7a. Chap\u00e9u E as crian\u00e7as? Branca Os meninos est\u00e3o na aula de esgrima e as meninas est\u00e3o na aula de minueto. Mas conte logo, vai! Chap\u00e9u Ent\u00e3o vamos ao assunto. Eu falei com a Rapunzel Encantado e ela me disse que o Pr\u00edncipe... Branca Pr\u00edncipe? Que Pr\u00edncipe? Chap\u00e9u O Pr\u00edncipe Encantado. Marido da Rapunzel. Branca Ah... Chap\u00e9u Pois \u00e9. O marido da Rapunzel encontrou-se com o Pr\u00edncipe... Branca Pr\u00edncipe? Que Pr\u00edncipe? Chap\u00e9u O Pr\u00edncipe Encantado. Marido da Cinderela. Branca Ah... Chap\u00e9u Resumindo: o Pr\u00edncipe da Rapunzel encontrou-se com o Pr\u00edncipe da Cinderela que tinha passado pelo castelo da Feiurinha... Branca A Feiurinha! H\u00e1 quanto tempo eu n\u00e3o vejo a mi- nha querida cunhada Feiurinha Encantado... Chap\u00e9u Pois \u00e9 exatamente essa a fofoca: h\u00e1 muito tem- po ningu\u00e9m v\u00ea a Feiurinha! Branca Ela desapareceu? Chap\u00e9u Completamente! O Pr\u00edncipe deve estar des- consolado... Branca Pr\u00edncipe? Que Pr\u00edncipe? Chap\u00e9u O Pr\u00edncipe Encantado. Marido da Feiurinha. Branca Ah... Ser\u00e1 que a Feiurinha abandonou o marido? Chap\u00e9u E fugiu com outro? Acho dif\u00edcil. A essa altura n\u00e3o existe mais nenhum Pr\u00edncipe Encantado solteiro. Eu que o diga! Estou cansada de ser solteirona e aguentar aquela Vov\u00f3 caduca! Tenho procurado feito louca, mas s\u00f3 encontro Pr\u00edncipe casado... 92","Branca Espere a\u00ed! Se a Feiurinha desapareceu, Sugest\u00e3o Linguagem: Conex\u00e3o com o mundo \/ 7o ano isso significa que ela pode estar correndo perigo. E, se isso for verdade, ser\u00e1 a primeira vez que uma de n\u00f3s Al\u00e9m de ler a pe\u00e7a, voc\u00ea corre perigo desde que casamos para sermos felizes pode assistir ao filme Xuxa em \u201cO para sempre! mist\u00e9rio de Feiurinha\u201d. Ele \u00e9 uma adapta\u00e7\u00e3o do livro O fant\u00e1stico Chap\u00e9u Voc\u00eas casaram? Eu n\u00e3o... mist\u00e9rio de Feiurinha, de Pedro Branca Espere a\u00ed, Chap\u00e9u. N\u00e3o temos tempo Bandeira, e conta como Cinde- para suas lamenta\u00e7\u00f5es agora. Voc\u00ea n\u00e3o percebe o rela, Rapunzel, Bela Adormecida, que pode estar acontecendo? Branca de Neve, Bela (de A Bela Chap\u00e9u Claro que percebo! A Feiurinha desapa- e a Fera) e Chapeuzinho Vermelho receu! unem-se para desvendar o mist\u00e9rio Branca Sei. Mas isso pode significar que est\u00e1 do desaparecimento da princesa quebrado o encanto que nos garantia felicidade eterna Feiurinha. neste Pa\u00eds das Fadas! De acordo com o encantamento, nada pode acontecer de errado com nenhuma de n\u00f3s! Chap\u00e9u Quer dizer que... se a Feiurinha desapa- receu... Branca Qualquer uma de n\u00f3s, a qualquer momento, poder\u00e1 tamb\u00e9m desaparecer! Ou coisa pior! Chap\u00e9u Que horror! Eu n\u00e3o posso desaparecer at\u00e9 encontrar o meu Pr\u00edncipe, menina! Branca Ai, ai, ai! L\u00e1 vem voc\u00ea! Chap\u00e9u Mas... talvez a Feiurinha n\u00e3o tenha desa- parecido. Talvez ela... Branca Precisamos descobrir o que houve! Enquanto n\u00e3o soubermos, estamos sem garantia nenhuma, Chap\u00e9u! Chap\u00e9u Mas o que n\u00f3s podemos fazer? Branca Vou convocar uma reuni\u00e3o de todas n\u00f3s! Chap\u00e9u Boa id\u00e9ia! Chame os Pr\u00edncipes tamb\u00e9m! Branca Os Pr\u00edncipes n\u00e3o adianta chamar. Est\u00e3o todos gordos e passam a vida ca\u00e7ando. Al\u00e9m disso, Pr\u00edncipe de hist\u00f3ria de fada n\u00e3o serve pra nada. A gen- te tem de se virar sozinha a hist\u00f3ria inteira, passar por mil perigos, enquanto eles s\u00f3 aparecem no final para o casamento! Chap\u00e9u \u00c9... os \u00fanicos decididos s\u00e3o os ca\u00e7ado- res. Eu devia ter casado com o Ca\u00e7ador que matou o Lobo... Fonte: BANDEIRA, Pedro. O fant\u00e1stico mist\u00e9rio de Feiurinha. S\u00e3o Paulo: FTD, 2001. p. 13-19. Quem \u00e9 o autor? Pedro Bandeira nasceu em Santos, S\u00e3o Paulo, em 9 de mar\u00e7o de 1942. \u00c9 o autor de literatura juvenil mais vendido no Brasil (20 milh\u00f5es de exemplares at\u00e9 2006). J\u00e1 alcan\u00e7ou o n\u00fa- mero de 77 livros publicados, entre eles t\u00edtulos consagrados como Os Karas, A marca de uma l\u00e1grima, Agora estou sozi- nha\u2026, A hora da verdade e Prova de Fogo. 93","Recebeu v\u00e1rios pr\u00eamios, como o Pr\u00eamio APCA, da Associa\u00e7\u00e3o Paulista de Cr\u00edticos de Arte, e o Pr\u00eamio Jabuti, da C\u00e2mara Brasileira do Livro. Trabalhou em teatro profissional at\u00e9 1967 como ator, diretor, cen\u00f3grafo e com teatro de bonecos. Al\u00e9m disso, desde 1962, Pedro j\u00e1 trabalhava na \u00e1rea de jornalismo e publicidade. Seu primeiro livro infantil, O dinos- sauro que fazia au-au, fez grande sucesso, mas foi com A droga da obedi\u00eancia, voltado para adolescentes, que ele se consagrou. Ent\u00e3o, desde 1983 Pedro Bandeira dedica-se inteiramente \u00e0 literatura. Ele garante que a experi\u00eancia em jornais e revistas ajudou como escritor, uma vez que o jornalista \u00e9 obrigado a estar preparado para escrever sobre quase tudo e que a inspira\u00e7\u00e3o para cada hist\u00f3ria vem de livros que leu e dos acontecimentos de sua pr\u00f3pria vida. Fonte: Adaptado de: WIKIP\u00c9DIA. Pedro Bandeira. Dispon\u00edvel em: <http:\/\/pt.wikipedia.org\/wiki\/Pedro_Bandeira>. Acesso em: 20 jul. 2010. Investigando e refletindo 1.\t O t\u00edtulo de qualquer texto \u00e9 importante. Ele \u00e9 o primeiro contato dos leitores com o que ser\u00e1 con- tado. Dessa forma, cabe tamb\u00e9m a ele atrair, cati- var e gerar expectativa no leitor. Comente a escolha do t\u00edtulo O fant\u00e1stico mist\u00e9rio de Feiurinha, ele \u00e9 eficiente? Que expectativa ele causou em voc\u00ea? Cole\u00e7\u00e3o Linguagem: A arte da reflex\u00e3o 2.\t O texto teatral escrito possui algumas seme- Voc\u00ea sabia? lhan\u00e7as com o texto narrativo, entre elas est\u00e3o os fatos, as personagens, o lugar e o tempo. O texto teatral \u00e9 feito para ser encenado. O tempo fica a. Qual \u00e9 o fato principal da cena retirada de O fan- restrito apenas ao necess\u00e1rio t\u00e1stico mist\u00e9rio de Feiurinha? para o desenrolar dos di\u00e1logos das personagens. b. Que personagens participam da cena? c. Onde ocorre a cena relatada no texto? 94","d. Quanto tempo dura, aproximadamente, a cena descrita? 3.\t Uma diferen\u00e7a importante entre o texto narrativo e o texto teatral \u00e9 de que o texto teatral n\u00e3o tem a presen\u00e7a do narrador. a. Quando lemos o texto de Pedro Bandeira, como ficamos sabendo do desenrolar dos acontecimentos? b. Se o narrador n\u00e3o introduz a fala das personagens com express\u00f5es como \u201cela disse\u201d, \u201cele respondeu\u201d, entre outras, como sabemos qual personagem est\u00e1 falando nos diferentes momentos? 4.\t Observe os trechos abaixo. \u201cNo sal\u00e3o do castelo, Dona Branca Encantado est\u00e1 sentada em sua cadeira de espaldar Linguagem: Conex\u00e3o com o mundo \/ 7o ano alto, tricotando um sapatinho de l\u00e3\u201d. \u201cChap\u00e9u Sei, sei... Mas hoje eu n\u00e3o vim aqui para falar de boda nenhuma. (Olha para a amiga com aquele olhar conspirador que as comadres usam quando est\u00e3o conversando por cima do muro do quintal.) Menina, voc\u00ea n\u00e3o imagina o que aconteceu...\u201d a. O texto apresentado no primeiro exemplo e a informa\u00e7\u00e3o entre par\u00eanteses, no segundo, s\u00e3o conhecidos como rubricas e t\u00eam uma fun\u00e7\u00e3o muito importante no texto teatral. Discuta com os colegas e descubram que fun\u00e7\u00e3o \u00e9 essa. b. Identifique outras rubricas presentes no texto. 5.\t O texto teatral \u00e9 marcado pela presen\u00e7a do discurso direto, ou seja, \u00e9 formado basi- camente pela fala direta das personagens. Essa caracter\u00edstica torna esse texto bastante din\u00e2mico, tendo em vista que n\u00e3o ocorrem interrup\u00e7\u00f5es do narrador. a. Para compreender melhor como ocorre esse dinamismo, realize com seus colegas uma leitura dramatizada do texto. 95","Cole\u00e7\u00e3o Linguagem: A arte da reflex\u00e3o b. Ap\u00f3s a realiza\u00e7\u00e3o da leitura, responda se \u00e9 correto afirmar que o texto teatral escrito e a dramatiza\u00e7\u00e3o dele no palco ocorrem da mesma maneira. Explique sua resposta. 6.\t Todo texto, oral ou escrito, \u00e9 produzido tendo em vista seu interlocutor. Identifique o interlocutor do texto teatral escrito e da dramatiza\u00e7\u00e3o. 7.\t Em O fant\u00e1stico mist\u00e9rio de Feiurinha, encontramos as personagens Branca de Neve e Chapeuzinho Vermelho anos depois de finalizadas suas hist\u00f3rias. a. Como geralmente terminam os contos de fadas? b. Apesar de Branca de Neve afirmar que \u201ccasamos para sermos felizes para sempre!\u201d, ela parece, totalmente, satisfeita com o comportamento do Pr\u00edncipe Encantado, seu marido? O que ela diz a respeito dele e dos pr\u00edncipes em geral? c. Branca de Neve tem quantos filhos? d. Depois de casada, como tanto queria, qual \u00e9 a realidade di\u00e1ria vivida por Branca de Neve? e. Segundo o fim da hist\u00f3ria de Chapeuzinho Vermelho, ela deveria viver feliz para sempre com a Vovozinha. Ela est\u00e1 satisfeita com isso? O que a incomoda? f. Discuta com seus colegas: apesar de haver um \\\"encantamento\\\" que garanta \u00e0s perso- nagens serem felizes para sempre, voc\u00ea acredita que elas n\u00e3o enfrentam dificuldades di\u00e1rias? Registre em seu caderno que dificuldades poderiam surgir do conv\u00edvio entre Branca de 96","Neve e o marido e durante a cria\u00e7\u00e3o dos filhos; ou entre Chapeuzinho Vermelho e sua av\u00f3 j\u00e1 bastante idosa e, segundo a neta, \u201ccaduca\u201d. g. No mundo \u2018real\u2019, \u00e9 poss\u00edvel algu\u00e9m ser feliz para sempre? Que posturas podem ser adotadas para se buscar a felicidade di\u00e1ria? 8.\t O di\u00e1logo entre Branca de Neve e Chapeuzinho Vermelho aponta ainda uma quest\u00e3o interessante: a busca da felicidade por meio do casamento. a. Cite exemplos de hist\u00f3rias infantis em que a he- ro\u00edna vivencia priva\u00e7\u00f5es e humilha\u00e7\u00f5es e depois se casa com um pr\u00edncipe e melhora sua vida. b. Mesmo aquelas personagens sem problemas Voc\u00ea sabia? Linguagem: Conex\u00e3o com o mundo \/ 7o ano financeiros buscaram no casamento a felicidade. Nos dias atuais, voc\u00ea acredita que o casamento ainda Voc\u00ea sabia que os contos tem a mesma import\u00e2ncia de quando a mulher n\u00e3o de fadas originariamente n\u00e3o tinha profiss\u00e3o e independ\u00eancia financeira? tinham o final \u201ce foram felizes para sempre\u201d? Leia o artigo A 9.\t A cena lida ganha car\u00e1ter bem-humorado de- origem sangrenta dos contos vido a uma de suas personagens. Qual? de fadas, publicado na revista Mundo Estranho, no m\u00eas de 10.\t Outro aspecto que gera humor est\u00e1 relacio- abril de 2010. nado ao nome dos maridos das Princesas. Descreva a situa\u00e7\u00e3o. 97","Cole\u00e7\u00e3o Linguagem: A arte da reflex\u00e3o Aprofundando o pensar No texto O fant\u00e1stico mist\u00e9rio de Feiurinha h\u00e1 a presen\u00e7a das personagens dos contos de fadas, o que o aproxima de um texto de fic\u00e7\u00e3o. Leia o texto Fita verde no cabelo: nova velha est\u00f3ria e observe at\u00e9 que ponto pode ser caracterizado como fic\u00e7\u00e3o ou realidade. Fita verde no cabelo: nova velha est\u00f3ria Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas que nasciam e cresciam. Todos com ju\u00edzo, suficientemente, menos uma meninazi- nha, a que por enquanto. Aquela, um dia, saiu de l\u00e1, com uma fita inventada no cabelo. Sua m\u00e3e mandara-a, com um cesto e um pote, \u00e0 av\u00f3, que a amava, a uma outra e quase igualzinha aldeia. Fita-Verde partiu, sobre logo, ela a linda, tudo era uma vez. O pote continha um doce em calda, e o cesto estava vazio, que para buscar framboesas. Da\u00ed, que, indo, no atravessar o bosque, viu s\u00f3 os lenha- dores, que por l\u00e1 lenhavam; mas o lobo nenhum, desconhecido, nem peludo. Pois os lenhadores tinham exterminado o lobo. Ent\u00e3o, ela, mesma, era quem dizia: \u2013 Vou \u00e0 vov\u00f3, com cesto e pote, e a fita verde no cabelo, o tanto que a mam\u00e3e me mandou. A aldeia e a casa esperando-a acol\u00e1, depois daquele moinho, que a gente pensa que v\u00ea, e das horas, que a gente n\u00e3o v\u00ea que n\u00e3o s\u00e3o. E ela mesma resolveu escolher tomar este caminho de c\u00e1, louco e longo, e n\u00e3o o outro, encurtoso. Saiu, atr\u00e1s de suas asas ligeiras, sua sombra tamb\u00e9m vindo-lhe correndo, em p\u00f3s. Divertia-se com ver as avel\u00e3s do ch\u00e3o n\u00e3o voarem, com inalcan\u00e7ar essas borboletas nunca em buqu\u00ea nem em bot\u00e3o, e com ignorar se cada uma em seu lugar as plebeinhas flores, princesinhas e incomuns, quando a gente tanto por elas passa. Vinha sobejadamente. 98","Demorou, para dar com a av\u00f3 em casa, que assim lhe respondeu, quando Linguagem: Conex\u00e3o com o mundo \/ 7o ano ela, toque, toque, bateu: \u2013\t Quem \u00e9? \u2013\t Sou eu... \u2212 e Fita-Verde descansou a voz. \u2212 Sou sua linda netinha, com cesto e com pote, com a fita verde no cabelo, que a mam\u00e3e me mandou. Vai, a av\u00f3 dif\u00edcil, disse: \u2013\t Puxa o ferrolho de pau da porta, entra e abre. Deus a aben\u00e7oe. Fita-Verde assim fez, e entrou e olhou. A av\u00f3 estava na cama, rebu\u00e7ada e s\u00f3. Devia, para falar agagado e fraco e rouco, assim, de ter apanhado um ruim defluxo. Dizendo: \u2013 Dep\u00f5e o pote e o cesto na arca, e vem para perto de mim, enquanto \u00e9 tempo. Mas agora Fita-Verde se espantava, al\u00e9m de entristecer-se de ver que perdera em caminho sua grande fita verde no cabelo atada; e estava suada, com enorme fome de almo\u00e7o. Ela perguntou: \u2013 Vovozinha, que bra\u00e7os t\u00e3o magros, os seus, e que m\u00e3os t\u00e3o trementes! \u2013 \u00c9 porque n\u00e3o vou poder nunca mais te abra\u00e7ar, mi- nha neta... \u2212 a av\u00f3 murmurou. \u2013 Vovozinha, mas que l\u00e1bios, a\u00ed, t\u00e3o arroxeados! \u2013 \u00c9 porque n\u00e3o vou nunca mais poder te beijar, minha neta... \u2013\t a av\u00f3 suspirou. \u2013\tVovozinha, e que olhos t\u00e3o fundos e parados, nesse rosto enco- vado, p\u00e1lido? \u2013\t \u00c9 porque j\u00e1 n\u00e3o te estou vendo, nunca mais, minha netinha... \u2212 a av\u00f3 ainda gemeu. Fita-Verde mais se assustou, como se fosse ter ju\u00edzo pela primeira vez. Gritou: \u2212 Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!... Mas a av\u00f3 n\u00e3o estava mais l\u00e1, sendo que demasiado ausente, a n\u00e3o ser pelo frio, triste e t\u00e3o repentino corpo. Fonte: GUIMAR\u00c3ES ROSA, Jo\u00e3o. Fita verde no cabelo: nova velha est\u00f3ria. In: . Meus primeiros contos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p. 37-39. 99","1.\t Qual \u00e9 o assunto do texto? 2.\t Quais as personagens diretamente envolvidas na hist\u00f3ria? 3.\t Diferente do texto teatral, Fita verde no cabelo apresenta narrador. Ele \u00e9 um narrador personagem ou observador? Justifique sua resposta com um exemplo. 4.\t Essa narrativa assemelha-se a que conto de fadas? 5.\t Compare as personagens das duas hist\u00f3rias. Busque semelhan\u00e7as e diferen\u00e7as entre elas. Cole\u00e7\u00e3o Linguagem: A arte da reflex\u00e3o Personagem Chapeuzinho Vermelho Caracter\u00edsticas Chapeuzinho Vermelho Vovozinha Ca\u00e7ador ou lenhador Lobo mau 100"]


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