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Vale Mais Agosto & Setembro'16

Published by info, 2016-08-03 06:25:04

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VIANADOCASTELO//PONTEDELIMA//ARCOSDEVALDEVEZ//MONÇÃO//CAMINHA//VALENÇA//VILANOVADECERVEIRA//PONTEDABARCA//PAREDESDECOURA//MELGAÇO 2,90€ 1,45€0 # AGAOPSETNOA/SSETE Dme e2seems 29 772183 758009 MBRO’ 16 N.º 5 Meia centena de edições e cinco anos de vida!O simbolismo dos números no mês que marcou o arranque deste projeto. E podemos concluir que, passado este tempo, VALE muito MAIS.Não podemos deixar de agradecer aos nossos leitores. Esta edição especial, de 68 páginas, pretende, também, simbolizar isso.REPORTAGEM CAMPEÕESEUROPEUS REPORTAGEM CASULO ABRIGO ENTREVISTA MANSO PRETOEntrevistacomJoãoCarlosCostaeospaisdeAdrienSilva Tunãomeouves,tunãomevês,maseuexisto Vida de risco e histórias hilariantes 1 Agosto / Setembro’16

EDITORIAL PROPRIETÁRIA / EDITORA CINCO ANOS E 50 EDIÇÕES Calvolima, Lda. Meia centena de edições e cinco anos de vida! O simbolismo dos números no mês que mar- NPC: 506 676 668 cou o arranque deste projeto. E podemos concluir que, passado este tempo, VALE muito Capital Social: 50.000,00€ MAIS. Neste momento, estamos já em todo o Alto Minho, nas bancas, num processo seguro Sede: Apartado 13 - Portas do Sol, de consolidação e que passou, neste último ano, por melhorias substanciais no projeto e a 4950-500 Monção atribuição de um preço de capa. E as respostas, podemos dizê-lo com orgulho, estão a superar DIRETOR as expetativas. Agostinho Lima A aposta nas entrevistas, reportagens e crónicas sobre assuntos relativos aos 10 concelhos da DIRETOR ADJUNTO região que servimos, com o enfoque em temas improváveis, como alguém ligado ao meio da M. del Carmen Calvo comunicação nos observa, tem registado a devida recompensa dos nossos leitores e anun- REDAÇÃO ciantes. Não podemos deixar de o agradecer. Esta edição especial, de 68 páginas, pretende, José C. Sousa (diretor) também, simbolizar isso. Manuel S. ALTO MINHO NO EUROPEU DE FUTEBOL DESIGN GRÁFICO A recente vitória de Portugal no “Europeu” de futebol não passa despercebida à VALE MAIS. José C. Sousa Dois ‘filhos” do Alto Minho estão entre aqueles que, pela primeira vez, conquistaram um tí- REVISÃO GRÁFICA tulo desta dimensão para o nosso país. Adrien Silva, o médio da seleção, tem raízes em Arcos Maria Rosa Gondim de Valdevez; João Costa, treinador-adjunto, é natural de Valença e residente em Caminha COLABORADORES (Moledo). Quisermos saber quais vivências da seleção e das respetivas famílias. Estivemos em Adelino da Silva (opinião) casa dos pais de Adrien e na do adjunto de Fernando Santos e, em tom de conversa, foram- Ana Martins (beleza) -nos referidas ‘estórias’ e peripécias, até, agora, desconhecidas do grande público. Em exclusi- Ao Norte (cinema) vo para a VALE MAIS! Brito Ribeiro (ecossistema) Nesta edição de aniversário, verão e festas, uma nota, a não esquecer, para aqueles que vivem Carla Silva (crianças) em dificuldades extremas, os sem-abrigo. Por isso, a reportagem no ‘Casulo”, uma institui- Eusébio Baptista (agricultura) ção de Viana do Castelo que, em apenas um ano de vida, conseguiu “’tirar da rua’ 37 dessas Fátima Silva (opinião) pessoas. Notável! Jorge Lino ( mundo animal) SILLLY SEASON E OS FAIT DIVERS José Cunha Machado (ensaio) Estamos em plena “silly season”, aquela época do ano em que, teoricamente, nada de especial José Emílio Moreira (opinião) se passa. Os atores da política vão a banhos e a retórica com que nos costumam “brindar” José M. Carpinteira (opinião) também tira umas férias. Este verão, aparentemente, tem sido diferente. Mas, em muitos dos Lígia Rio (saúde) casos, sobretudo na vida política, em pouco mais se traduz do que “fait divers”! Nestes não se Luís Ceia (opinião) incluem, obviamente, às preocupações que se avolumam sobre a possibilidade de Trump ga- Nelson Azevedo (turismo) nhar as eleições americanas, em novembro próximo, e o quão perigoso isso pode ser, mesmo, Manuel Pinto Neves (opinião) a nível mundial! Os populismos (de “direita” ou “esquerda”) são sempre condenáveis – e o Maria Rosa Gondim (ensino) desta personagem não pode ser, de forma alguma, entendemos, menosprezado. Mário Garrido (opinião) Patrícia Costa (justiça) Boas leituras e, se for caso disso, boas férias. Paulo Gomes (desporto) VALE MAIS continua a provar que VALE mesmo MUITO MAIS! VS Advogados (consultório jurídico) DEPARTAMENTO COMERCIAL Manuel S. [email protected] T. +351 925 987 617 IMPRESSÃO LiderGraf - Artes Gráficas, SA DISTRIBUIÇÃO Vale mais PERIODICIDADE Bimestral TIRAGEM 7.000 exemplares DEPÓSITO LEGAL 338438/12 REGISTO na ERC 126166 CONTACTOS T. +351 251 654 927 M. +351 925 987 617 EMAIL [email protected] SITE www.valemais.pt REDES SOCIAIS f Os textos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores, não obedecendo, necessariamente, à linha editorial desta publicação. Toda e qualquer informação 2 publicitária apresentada, eventualmente, pode conter erros alheios ao Vale mais, pelo que requer,Agosto / Seteinmdubbriota’v1e6lmente, confirmação posterior.

REPORTAGEM VALENÇA & Manuel S. & José C. Sousa ARCOS VALDEVEZ Vale mais & João C. CostaAdrien Silva e João Carlos CostaCAMPEÕES DA EUROPA DE FUTEBOL10 de julho de 2016. O dia nascia quente, com sol; no ar, uma adrenalina tímida escondida em cada pessoa. As horas demorar a passar e o burburinho de um domingo de verão começa a desaparecer conforme caminhamos para o “por-do-sol”. As estradas começam a perder os carros, os passeios ficam vazios. São 20h00 e o país parou.Milhões de pessoas estão em casa, nos cafés e restaurantes ou nas praças municipais, previamente preparadas para estemomento. A adrenalina já perdeu a vergonha e as unhas é que sofrem. Amigos, famílias ou meros conhecidos. Todos juntos,a escassas horas de presenciar o que todos sonhávamos, mas poucos acreditavam.Pouco passava das 22h30 e o sonho, afinal, era realidade. Portugal Só tinham passado 4 dias deste feito e já estávamos em Moledo, àtinha-se sagrado Campeão Europeu de Futebol (AA) pela primeira conversa com o adjunto da seleção.vez na sua história. Dias mais tarde, deslocamo-nos aos Arcos de Valdevez para conhe-Em Paris, dois filhos do Alto Minho ajudavam a que um país, junto, cer os pais de Adrien Silva, que, entretanto, casou, tornando 2016festeja-se até de madrugada. Adrien Silva e João Carlos Costa são num ano, seguramente, inesquecível.Campeões Europeus, assim como todos nós. Visivelmente feliz, João Carlos Costa, capa do VALE MAIS da ediçãoAliás, é esta a primeira mensagem que João Carlos Costa nos trans- 35, de Novembro de 2014, conta-nos, na primeira pessoa, como foimite quando felicitado pelo VALE MAIS. “Somos todos campeões. viver este europeu.Todos”. 3 Agosto / Setembro’16

50 DIAS É MUITO TEMPO OS DIAS DE JOGOQuando Fernando Santos disse que só voltava para Portugal no dia O dia do jogo é, normalmente, da seguinte forma.11 de julho, não estava a brincar. “O objetivo foi definido em 2014,quando entramos na Seleção. Logo nas primeiras reuniões com os “Acordamos por volta das 9h30; tomamos o pequeno-almoço,jogadores, foi definido que queríamos ganhar o Europeu”… “Assim obrigatório, às 10h00/10h30; de seguida, dávamos um passeioque, quando iniciámos os trabalhos, programa-mos os 50 dias, ou e depois a reunião sobre o jogo, onde se fazia uma revisão daseja, até a final”… “Estivemos duas semanas em Portugal e quatro forma de jogar do adversário e analizava-se as bolas paradas doem França, no Centro de Formação da Seleção francesa de Rugby. As adversário de forma detalhada. O Almoço acontecia por voltacondições eram boas, tinhamos muita privacidade, o que para nós das 13h00/13h30 dependendo da hora do jogo. Depois havia oera fundamental visto que tinhamos o melhor jogador do mundo e a descanso nos quartos e lanche 3h00/3h30 antes do jogo\".afluência de público e jornalistas, era grande”. \"A saída para o jogo ocorria de forma a chegarmos, ao estádio,“TODOS OS DIAS RECEBÍAMOS UM CORREIO ELE- 2h00 antes do início da partida. No balneário acontecia a conver-TRÓNICO COM AS INDICAÇÕES DE COMO SERIA O sa final e os preparativos para o jogo\".DIA SEGUINTE. O QUE TÍNHAMOS DE VESTIR, ONDETÍNHAMOS DE IR, A QUE HORAS, ETC. ETC. ETC.”… \"No final do jogo, se houvesse viagem longa, jantávamos no bal- neário, os que não jogaram, em função do dia do próximo jogo,“E estar tanto tempo numa concentração, dentro de um hotel, faz treinavam, ou não, no estádio, e depois viajamos para o nossocom que tenhas de encontrar um conjunto de estratégias que te aju- hotel. Nós, equipa técnica, na viagem já começamos a visualizarde a amenizar algum conflito. 50 dias é muito tempo”. o jogo porque, no dia seguinte, quando estas com os jogadores precisas de ter um conhecimento muito concreto do que se vai“Daí que, quando se falou, relativamente à convocatória, que prova- dizer. Então, essa análise, faz-se, muitas vezes, ainda no avião”.velmente não fossem convocados os 23 em melhor forma é, também,devido a estas situações. Os 23 que são convocados são os que fazem Num desses passeios deu-se o episódio do microfone. “Como disse,uma melhor equipa e um melhor grupo e, por vezes, podem não ser no dia do jogo, fazíamos um passeio no exterior. O que limitava mais,os 23 melhores. A personalidade de cada um, o facto de jogarem mais ou menos, o passeio era o número de pessoas que estava presente.ou menos, e a forma como reagem a essas situações, também, são Os jornalistas sempre tiveram acesso e podiam filmar, mas sempreaspetos que contam”. lhes foi dito para não interagirem e para não incomodarem os atle- tas. Nesse dia havia bastante gente e a polícia conseguiu controlar as pessoas no acesso a um parque que havia junto ao hotel. No entanto, o público começou a furar o controlo que havia através de uns ar- bustos, e alguns jornalistas presentes fizeram o mesmo e aproxima- ram-se mais do que o devido. O engraçado é que quando chegamos 4Agosto / Setembro’16

ao fim do passeio e voltamos para o hotel, perguntaram-me como correu, O objetivo era passar. “Claro que queríamos passar em primeiro mase eu respondi: normal; porque não me tinha apercebido de nada. Ou seja, ninguém ficou preocupado por passarmos em terceiro. Claro que nãoquando se dá o episódio do microfone, não aconteceu mais nada. Não houve houve festa pelo apuramento para a fase seguinte, até porque os jo-barulho, discussão, conversas, nada. E muitos de nós não nos apercebemos gadores sentiam que passar a fase de grupos era a obrigação”.de nada. Só quando me mostraram as filmagens é que percebi o que se tinhapassado”… “A situação gerou algum burburinho no hotel, o Cristiano esta- A seguir ao jogo com a Áustria deu-se uma mudança importanteva chateado, mas isso não afetou, em nada, a preparação da equipa para em relação às claques.aquele jogo. Foi um episódio muito pontual e que depois foi bem gerido”. “A partir do terceiro jogo a Federação começou a coordenar as cla-TODOS OS DIAS, O SELECIONADOR TINHA UMA ques dos principais clubes nacionais para os levar aos jogos. Eles con-CONVERSA COM OS JORNALISTAS NUM CONTEX- seguiram estimular os portugueses e isso foi importante. No jogo daTO MAIS INFORMAL, SEM FILMAGENS, SEM GRA- final os nossos adeptos mantiveram a chama acesa enquanto os fran-VAÇÕES, ONDE FALAVAM, ABERTAMENTE, DO QUE ceses se foram apagando. E isto foi importantíssimo”.TINHA ACONTECIDO. A FINALA FASE DE GRUPOS E A FASE FINAL \"Fizemos dois amigáveis com a França e perdemos os dois. Um delesNunca perderam a noção do rumo que tinham traçado. “Nunca sen- no estádio da final, o Saint-Denis, em Paris. Nesse dia em que perde-ti que estivesse em causa a passagem à seguinte fase\". mos 2-1 dissemos: “hoje perdemos, mas vamos cá voltar”.Mesmo no último jogo em que estivemos a perder por 3 vezes? \"Esse E voltaram. Mas o jogo arrancou com uma contrariedade. “Quandojogo com a Hungria foi o único que não conseguimos controlar. O jogo o Ronaldo de lesionou e tentou voltar percebemos que ele não ia con-esteve descontrolado e isso foi notório. Ao contrário dos dois primei- seguir e não estava em condições. Naturalmente que ao entrar outroros jogos que, apesar de empatarmos, estivemos sempre por cima do jogador vai ter caraterísticas diferentes, e a equipa tem de saber en-jogo, controlamos o adversário e tivemos demasiadas oportunidades contrar outro equilíbrio e outro posicionamento. Foi o que fizemospara marcar”… “Um dos problemas quando as coisas começam a com a mudança de posicionamento”.correr mal é termos a tendência de mudar e começar de novo. Essasdúvidas também nos passam pela cabeça, mas manter a linha que tí- “Durante o jogo, o que estava a acontecer é que estávamos a sair bemnhamos traçado foi um dos aspetos que nos fez ter sucesso”. para o ataque mas não estávamos a conseguir segurar a bola na frente. A entrada do Eder deu-nos mais profundidade e capacidade de segurarQuando o jogo terminou pensavam que tínhamos passado em se- a bola. Ele entrou confiante porque, a semelhança de outros que, nãogundo. “Só passados alguns minutos, e ainda no relvado, é que per- jogando tanto tempo, sempre treinou muito bem”.cebemos que tínhamos passado em terceiro”… “O JOGADOR QUE, DO PONTO DE VISTA PROFISSIONAL,\"Esse facto complicou-nos o trabalho porque só tínhamos dois dias MAIS ME DEIXOU SATISFEITO, POR AQUILO QUE FO-de descanso. Ou seja, íamos ser os primeiros a jogar nos oitavos de RAM OS 50 DIAS, FOI UM JOGADOR QUE NÃO JOGOUfinal”... “Essa foi uma das razões que nos levou a alterar muitos joga- 1 ÚNICO MINUTO. O EDUARDO. NO ENTANTO SEMPREdores, relativamente ao que tinha acontecido até ali”. APOIOU OS COLEGAS SEMPRE DEMONSTROU UMA ATITUDE POSITIVA E UMA DISPONIBILIDADE ENORME” 5 Agosto / Setembro’16

O golo do Eder foi mais controlável do que o do Quaresma, nos ARCUENSES EUFÓRICOS oitavos de final. “No golo do Eder ainda faltavam 10 minutos e sabía- COM VITÓRIA DE PORTU mos que havia coisas a fazer. Por exemplo o Rafael já não estava em condições e alguém tinha de fechar aquele lado. Pusemos o Quaresma Ele vai ficar na história do futebol por dois minutos mas mal ganhamos a bola ele foi logo atacar e então tivemos de colocar o Nani a defesa esquerdo. Já no golo do Quaresma PAIS DE ADRIEN SILV a sensação foi de que aquilo já acabava ali”. À VALE MAIS \"Nos últimos minutos da final o quarto-arbitro dizia-me para mandar “Arcos de Valdevez, onde Portugal se fez. Aqui se fazem campeões”, pode sentar os jogadores e eu queria agradar ao árbitro mas não queria ler-se em diversos outdoors nesta localidade e onde aparece a imagem de que eles se sentassem”, risos. Adrien Silva. NO GOLO DO QUARESMA À CROÁCIA O ANDRÉ GO- Os arcuenses fazem questão de mostrar esse orgulho e contentamento. MES, QUE TINHA SAÍDO COM PROBLEMAS FÍSICOS, Este filho da terra integrou a seleção nacional de futebol que se acaba DEU UM SPRINT PARA FESTEJAR E EU DISSE-LHE NA de sagrar Campeã da Europa. Um feito único e que levou, até, a Câmara ALTURA; ENTÃO ANDRÉ? AO QUE ELE RESPONDEU; Municipal a atribuir-lhe, por unanimidade, um voto público de louvor e re- AGORA ESTÁ A DOER MAIS UM BOCADINHO”, RISOS. conhecimento. \"Quando acabou o jogo festejei com gente que estava ao meu lado A ligação de Adrien, agora com 27 anos de idade, aos Arcos de Valdevez no banco, pessoas que conheço há muitos anos e que, tal como eu, acontece, aos 11 anos, quando os pais se mudam para Arcos de Valdevez nunca tinham conquistado nada desta envergadura. Depois, chora- e o filho passa a jogar na Associação Recreativa e Cultural de Paçô. Deu mos imenso, porque tínhamos noção do feito que tínhamos alcança- logo nas vistas, tanto que, passado um ano, se muda para a Academia do do e do difícil que tinha sido. No estádio, ainda festejei com a minha Sporting, em Alcochete, na Grande Lisboa. família, com o meu pai, a minha mulher, o meu cunhado e um amigo”. A VALE MAIS quis conhecer um pouco os progenitores de Adrien, a família Nesse dia só saíram do estádio perto das 2h00 da manha. “Ninguém que dele se orgulha, que vivem nos arredores da vila de Arcos de Valdevez. queira tomar banho, não havia presa para nada. Houve a entrega da Uma entrevista, à guisa de conversa descontraída, no final de uma tarde taça, os festejos dos jogadores com as famílias, no relvado e nas ban- soalheira, no jardim e à beira da piscina da casa de moradia. cadas. “No balneário ouve muita música, muito champanhe”... Manuel, de 55 anos de idade, o pai, nascido em Leça da Palmeira, conversa No hotel, pouco se dormiu. “Fiz as malas, estive a ver resumos e fo- connosco. A mãe, Annick, francesa, escuta e, de vez em quando, vai, sorri- tografias e descansei duas horas”. dente, metendo a “colherada”. A RECEÇÃO EM LISBOA AOS CINCO ANOS NO FUTEBOL “A receção em Lisboa foi de uma emoção muito grande. A chegada “Vim para aqui em 2001, por causa de um projeto de uma empresa em que trouxe-nos à consciência aquilo que tínhamos alcançado e como esta trabalho na área da aeronáutica e cuja empresa-mãe está em França” – co- vitória tinha sido vivida em Portugal\". meça por nos referir. Foi para as terras gaulesas com seis anos de idade e regressou aos 40. Foram mais de cinco horas muito intensas... “Nesses momentos vem muita coisa à cabeça. A minha mulher dizia-me que eu tinha dan- Adrien nasceu em França, em Angoleme, a 130km de Bordéus. No clube çado muito em cima do autocarro e eu disse-lhe que só havia duas desta cidade começou a dar, com apenas cinco anos de idade, os primeiros hipóteses; ou dançava ou chorava, porque sempre que parávamos e chutos na bola. Já, então, mostrava especial aptidão para o futebol. começava a pensar no feito que tínhamos alcançado descontrolava- -me e começava a chorar, então preferia dançar e saltar”. A mãe Annick sublinha, mesmo, que, em criança, o que Adrien gostava mesmo era de jogar à bola no jardim. ”Desde pequenino. Brincar e brincar \"Naturalmente que o percurso não foi todo “cor-de-rosa” mas foi com a bola. Não foi uma criança complicada, não. Mas já sabia o que queria. giro. Acredito que houve um antes e haverá um depois, do Euro 2016. Muita vontade de jogar futebol.” Nos estudos, era um aluno razoável. As coisas nunca mais serão iguais”. “Esforçava-se. Fez o 12ºano”. CONCLUÍMOS COM UM SORRISO NOS LÁBIOS E COM PEDIDO. O pai Manuel constata, porém, que “quando começou a ir regularmente às EM 2018, CONQUISTEM O MUNDIAL. 6Agosto / Setembro’16

com eles; aquela casa além de formar jogadores, forma pessoas, incul-UGAL NO EUROPEU ca regras e isso foi notório no desenvolvimento do Adrien” – refere o pai. rtuguês “Depois de decidirmos isso, todos os fins de semana íamos para LisboaVA EM ENTREVISTA com o irmão mais velho, o Jeremy, que tem mais quatro anos de idade, jogou aqui no Valdevez, na 2ª divisão – B e agora vive em França. Todos os domingos o acompanhávamos. Todavia, só o facto de ele ver a gen- te já o deixava satisfeito”. Um esforço que, de certo modo, ainda continua. ”Até agora… embo- ra agora menos porque, quando ele joga aqui no Norte, fica mais per- to. Mas ele jogava todos os fins de semana e íamos sempre lá baixo.” A cor clubística dos pais: “A minha esposa é sportinguista e eu…. era portista”.seleções, começou a ser mais ‘complicado’ o estudo. Ele foi internacional aos NO EUROPEU…E NÃO FALAR DE FUTEBOL15 anos. Foi o primeiro jogador em Portugal a ser convocado para a seleçãoeuropeia de sub-18. Mas não foi porque, uma semana antes desse torneio, Os pais de Adrien estiveram sempre em França durante o mês que durou o Europeu. Só regressaram em meados do passado mês, apóslesionou-se num jogo do campeonato de juniores, pelo Sporting.” a final. Viram os jogos todos ao vivo. Adrien só não jogou na 1ª fase,A decisão de, com apenas 12 anos, passar a ir viver longe de casa, na Aca- mas depois, afirmou-se como titular.demia do Sporting, foi bem equacionada. “Foi uma decisão um bocadinhocomplicada. Separar-se de um filho com apenas 12 anos é sempre complica- “Ele estava em estágio, fomos ter com ele a Marcoussis por três vezes.do. Mas foi entregue em boas mãos. O Sporting está a formar grandes joga- Mas quando falávamos era de outras coisas que não o futebol. Mas percebi que estavam muito bem lá.”dores, também forma homens”.PRETENDIDO PELO FC PORTO E BENFICA “EM RELAÇÃO AO FACTO DE, NOS PRIMEIROS JOGOS, NÃO JOGAR, ISSO NÃO É NADA DE ANORMAL. ELE FAZIA PARTE DE UM GRUPO DE 23 JOGADORES E AS ESCOLHAS ERAM FEITASTodavia, já na altura era pretendido pelo F.C.Porto e Benfica. “O Sporting PELO MISTER FERNANDO SANTOS. PARA JÁ, JÁ ERA MUITOmanifestou rapidamente o interesse pelo Adrien – mas não só, os outros BOM ESTAR NOS 23 EM FRANÇA. E, ENTÃO PARA NÓS, UM EU-grandes também o queriam. Mas quando visitámos a Academia não hesitá- ROPEU EM FRANÇA, TEM UM SIGNFICADO ESPECIAL.”mos. Tinha lá, além dos treinos, escola, psicólogos, estava sempre gente lá 7 Agosto / Setembro’16

Assistiam aos jogos na bancada e no fim estavam como Adrien? PARECIA ESTAR A SONHAR“Sim. A Federação Portuguesa de Futebol tinha sempre esse porme-nor de chamar a família próxima para ir ter com eles antes de volta- “Foi inacreditável. Parecia que estávamos a sonhar. Sinceramente.rem a Marcoussis”, explica Manuel, enquanto Annick observa: ”Era Acho que é uma recompensa para esse grupo, foi muito unido, o Fer-pouco tempo, mas o suficiente para apoiar”. nando Santos e a equipa dele fizeram um trabalho fantástico, soube- ram unir todos os jogadores e qualquer que entrasse dava o máximo.A partir de que momento se aperceberam que podiam ser cam- Demos uma imagem, em França, de um grupo coeso e com vontade,peões europeus? “Quando saí daqui, a 3 de junho, disse à minha com querer, com humildade, que permitiu ultrapassar todos os obs-secretária na empresa, que há muitos anos trabalha comigo, que táculos” – conta-nos Manuel Silva.voltava no dia 11 com o caneco”, referiu-nos o pai de Adrien, umaafirmação análoga à que, no mesmo sentido, disse Fernando San- Reconhece que, na altura, o obstáculo principal lhe pareceu ser atos. lesão de Cristiano Ronaldo, logo a meio da primeira parte da final. ”Era o capitão de equipa, que estava à frente, mas acho que o factoA seleção foi, ao longo da prova, subindo de rendimento. Mas os de se lesionar e sair uniu, na adversidade, ainda mais o grupo e levoumotivos da conversa não mudavam. “Depois dos jogos, no Sporting este ter força para ainda ir mais longe”.e na seleção, nunca falámos do jogo. Só passado um ou dois dias. Aquente não é bom. Falámos com ele de outras coisas. Como dos nos- E qual foi a primeira coisa que disseram ao Adrien? - quisemos sa-sos netos, da esposa, como estava a família”. ber. “Parabéns. Foi fantástico. E um sorriso… largo”.Margarida Neuparth, a professora de dança clássica, com quem E onde foi esse primeiro encontro após a final? “Estávamos na ban-Adrien se casou no último dia 16, após um namoro de quatro anos cada e ele veio do campo, com a Taça, ter connosco. Estava eu, a mi-e de quem tem dois filhos - Santiago (de dois anos) e Thomas (de nha esposa, o Jeremy, os primos, os tios, foi fantástico”. Depois, oseis meses), deslocou-se, por diversas vezes, a França durante o Adrien regressou ao grupo dos colegas da seleção. Só voltaram aEuropeu. Numa das vezes levou, até, o filho mais velho. estar com ele dois dias depois.Todavia, os pais de Adrien e outros familiares que vivem em Fran-ça é que estiveram “sempre lá”. No jogo da final com os gaulesestodos vibraram com a vitória de Portugal. Incluindo Annick, que éfrancesa, e respetivos familiares daquele país. 8Agosto / Setembro’16

PressPrémios_A4_3bleed.pdf 1 07/04/16 12:20 PUBLICIDADE O NOSSO MAIOR PRÉMIO É BEBER CAFÉ CONSIGO TODOS OS DIAS. C M Y CM MY CYCMY K Mais do que um café, Delta é partilha. 15.º ANO 4.º ANO 2.º ANO CONSECUTIVO CONSECUTIVO CONSECUTIVO É acordar com um bom dia e desejá-lo aos outros. É o pretexto para mais uma conversa sem horas contadas. A desculpa para estar com os amigos vezes sem conta. Em 2016 continuamos a ser o café da vida dos portugueses. E os portugueses continuam a ser quem diariamente nos enche de vida. Esta é a partilha diária que queremos continuar a saborear consigo. Sempre. DELTA, O CAFÉ DA SUA VIDA. 9 Agosto / Setembro’16

FOMOS PARA CASA MUITO CEDO… DE MANHÃ De resto, os pais vão continuar a ir aos jogos do filho “para ver” se o Sporting (onde é capitão de equipa) “é campeão”.E o resto do dia? “Após o jogo ficámos lá perto do Estádio. Havia láuns bares onde estavam muitos portugueses e estivemos lá muito Quanto às reações em Arcos de Valdevez por Adrien ser campeãotempo. Fomos para casa muito cedo, de manhã\"… europeu, o pai não deixa de manifestar a sua satisfação.“Acho que, principalmente para os emigrantes e o povo português, “Está tudo contente. Feliz. Dão-me os parabéns a mim, mas não fuifoi uma alegria enorme. Já andávamos à procura disso, há muito tem- eu o campeão. Mas é muito simpático. Continuamos a ter uma vidapo. Em 2004, tivemos a mesma infelicidade que teve a França agora normal. É evidente que, dentro de nós, há uma alegria enorme. Eleem casa e foi muito difícil de engolir. Acho que vai dar um novo alento vai ficar para a história no futebol português. Isso não há dúvida. É aà alma portuguesa” – acrescentou. primeira vez que uma seleção ganha um título tão importante e ele esteve na primeira equipa que fez isso.” NUNCA MAIS VÃO GOZAR “Na empresa onde trabalho, quando cheguei do Europeu, estavam bandeiras portuguesas por todo o lado. As pessoas estão todas fe- lizes. Nota-se na cara. Andamos mais tranquilos, mais ninguém vai gozar connosco. Eu…. sou filho de emigrantes. Estive muito tempo em França e sei o que sentem os emigrantes que estão lá. Nunca mais vão gozar com eles. Éramos vistos como um pequeno país que joga muito bem futebol, mas nunca ganha nada. Agora acabou!”- garan- te Manuel. E a homenagem do Município dos Arcos? “É ótimo e é o reconhe- cimento de um filho da terra. Mas, ao mesmo tempo, vai ser uma mais-valia para todo este concelho. Os miúdos veem nele um exem- plo.” O Adrien costuma vir cá a Arcos de Valdevez? “Vem sempre para o Torneio Internacional que fazemos todos os anos (desde 2008). Jogou aqui na ARC Paçô, continua a ajudar o clube e a fornecer equi- pamentos”. Provavelmente, dizemos nós, aproveitará para também se deliciar com a gastronomia local e, quiçá, com algo como um arroz à va- lenciana, já que, referiu-nos o pai, o Adrien é um grande aprecia- dor de marisco. 10 PUBLICIDADEAgosto / Setembro’16

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PONTE DE LIMAHORSEBALL CAMPEONATO MUNDIAL JOGA-SE NA EXPOLIMAPonte de Lima organiza o Campeonato do Mundo de Horseball, modalidade que entusiasma aficionados e público em geral.De 14 a 20 de agosto, a Expolima recebe este mundial que tem 15 jogos por dia, nas categorias de Under16 (sub16), Ladies Portugal é um dos países fundadores da Federação Internacional (feminina), e Pro Elite, sendo as finais no sábado, dia 20 de de Horseball e atualmente uma potência a nível internacional.Agosto. As entradas são gratuitas. O Campeonato do Mundo de Horseball tem como objetivo fortale- cer a oferta da região a nível equestre, criando, assim, no norte doEste Campeonato do Mundo é a maior e mais prestigiante compe- país um entreposto comercial, cultural e desportivo de destaque.tição de horseball, organizada pela Federação Internacional desta Organizado pelo Centro Equestre Vale do Lima e a Federação In-modalidade. ternacional de Horseball, com o apoio do Município limiano, esteEsta competição junta os melhores jogadores do mundo por na- evento vem reforçar Ponte de Lima, como Destino Equestre Inter-ções. nacional.Pelo sucesso registado na realização de vários eventos equestres,Ponte de Lima foi o destino escolhido para acolher este evento dealta competição. 12Agosto / Setembro’16

O HORSEBALL É UM JOGO MUITO RÁPIDO EM PUBLICIDADEQUE FACILMENTE SE PERCEBEM AS REGRAS:“Duas equipas, de quatro jogadores cada, participam num jogo de hor-seball, necessitando de apanhar a bola do chão, sem desmontar. Tendo aposse de bola, a equipa precisa de efetuar três passes, entre três jogadoresdiferentes, antes de poder rematar e marcar golo. Através de um jogo deataques e defesas, as equipas procuram marcar golos nas balizas colocadasnas extremidades do campo, que tem uma dimensão de 65 x 25 metros.”As origens deste jogo, que hoje é de alta competição, são ancestrais. Tudose iniciou no treino de cavalos e cavaleiros para as guerras passando rapi-damente a uma forma de interação e espirito de equipa entre soldados.Filipe Pimenta, diretor do Centro Equestre do Vale de Lima e or-ganizador deste Campeonato do Mundo, disse, em declaraçõesà VALE MAIS, que este evento internacional traz vários países aPortugal. \"Estarão cerca 300 cavalos e atletas em competição emPonte de Lima, o staff do evento é constituído por cerca de 70 pes-soas, sendo bem representativo da dimensão do mesmo\".\"Ponte de Lima tem como bandeira ser Destino Equestre Inter-nacional, nos últimos anos tem sido referência na organização degrandes eventos equestres. A capacidade técnica de bem organi-zar, a logística e uma estrutura de alta qualidade faz da região e dopaís, escolha de cavaleiros, federações e associações\".\"O Campeonato do Mundo de Horseball é sem dúvida um eventoque trará a Ponte de Lima muita gente de vários países, tendo umretorno imediato e indireto elevado na economia da região\".\"A aposta de, através do cavalo, conseguir chegar ao mundo estáganha. Hoje, Ponte de Lima é um destino turístico de excelênciamuito procurado e certamente que o cavalo ajudou muito a comu-nicar a qualidade da região\".\"Esperamos por todos para mais um grande evento internacionalque se realiza em Ponte de Lima\".Seleções participantes no Campeonato do Mundo: 13 Agosto / Setembro’16

A ILUZA é uma Sociedade constituída por escritura pública realizada porque para além da venda, efetuamos assistência e reparação, umas no Cartório Notarial de Monção em 20 de julho de 2014, com sede na vezes diretamente, outras com parcerias\" afirma o engenheiro. Rua de São Julião, em Monção. MISSÃO “Dentro dos sectores de actividade a que estamos ligados existem, no A ILUZA (RSCR – Electricidade e Iluminação, Lda), como o próprio Alto Minho, várias entidades individuais que, por vezes, não têm a mesma nome indica é uma empresa jovem e dinâmica que oferece soluções abrangência que a “ILUZA”. Desta forma, quisemos oferecer um leque de de eletricidade , iluminação, telecomunicações, engenharia entre ou- serviços que, dificilmente, será efetuado por alguma entidade dentro dos tras com padrões de excelência nos serviços prestados, melhorando concelhos limítrofes, e outros, no distrito” afirma Ricardo Rodrigues. continuamente a qualidade de vida dos seus clientes e atenta às ne- cessidades de mercado. “Os clientes tem ao seu dispor dois balcões de atendimento, como já referido, VISÃO um em Monção e o outro em Valença, sendo que, para além destes balcões A “ILUZA” RSCR – ELECTRICIDADE E ILUMINAÇÃO LDA. pretende afir- dispõem de linhas telefónicas e do correio eletrónico para contactarem. Após mar-se como uma referência de Excelência nos vários sectores de activi- o primeiro contacto, abordamos as necessidades do cliente e, dependendo das dade, que desenvolve. necessidades, efetuamos uma deslocação ao local para verificarmos e efetuar- Atenta às necessidades da sociedade, a pensar no futuro, tem como ob- mos o levantamento para cotação. Após a entrega e discussão da cotação, se jetivo para os próximos anos internacionalizar-se e expandir a sua ati- a mesma for adjudicada, agendamos a execução dos trabalhos e os prazos de vidade, suprindo as demandas do mercado nacional e internacional, de execução dos mesmos (é algo que nos preocupa e tentamos cumprir com o forma eficaz e eficiente, comprometida com a qualidade e a inovação. máximo rigor, dentro das condicionantes do mercado). Durante a execução dos Valores trabalhos, dependendo da amplitude dos mesmos serão efetuadas algumas Entendem-se por valores os princípios que guiam a nossa empresa. Há duas reuniões com o cliente e/ou o responsável em obra de forma a agilizarmos to- condições cruciais para que os valores tenham relevância e utilidade: serem dos os trabalhos e pormenores que possam surgir durante os mesmos”. definidores da empresa e serem praticados por todos os envolvidos. Deste modo, os valores que guiam a cultura desta empresa são os seguintes: me- A “ILUZA” chega a clientes particulares, comerciais, industriais e em- lhoria contínua, excelência, solidez, credibilidade e integridade, liderança e presas do sector da construção. inovação, bem como de qualidade dos trabalhos, dedicação e ambição, que considera serem fundamentais para o sucesso e crescimento da empresa. Dos vários trabalhos realizados, que vão desde contratos de manuten- Ricardo Rodrigues, 34 anos, Engenheiro Electrotécnico é o responsá- ção de indústrias a contratos de exploração de P.T. (postas de transfor- vel máximo pela empresa. mação), com a emissão do respectivo relatório junto da Direcção Geral Com lojas em MONÇÃO & VALENÇA a “ILUZA” Iniciou a sua atividade em de Energia, execução de moradias (novas e remodelações/ampliações), 2012, com um espirito mais comercial, sendo que em 2014 com a incorpora- edifícios colectivos, pavilhões industriais alguns espaços comerciais no- ção de Ricardo Rodrigues, a vertente técnica acabou por ser a mais signifi- vos e algumas remodelações, bem como sistemas de videovigilância e cativa da empresa. sistemas de alarme de incêndio e intrusão e as respectivas manutenções. \"Desde dezembro de 2015, que alteramos as lojas de forma a colo- car, à disposição dos nossos clientes, um espaço dedicado à venda Destaca-se, recentemente, o envolvimento em 9 de electrodomésticos, com preços muito competitivos no mercado, lojas, do Rio Park Monção. São elas a Radio Popu- lar, Belita Supermercados, Diggi’s, Carlos Santos, 14 Esqueço Papel, Nos, Camipão, Colchões & Com- panhia, Brinca e a primeira fase do BAZAR do RIO.Agosto / Setembro’16 &MONÇÃO VALENÇA Edificio Boavista Cidade Nova PUBLIRREPORTAGEM

PUBLICIDADE 15 Agosto / Setembro’16

REPORTAGEM VIANA DO CASTELO José C. Sousa Casulo AbrigoTUNÃOMEVÊS,TUNÃOMEOUVES…MAS EU EXISTOSe há frases que nos deixam a pensar esta é uma delas. Infelizmente, este é o estado de espírito de um sem-abrigo, que, avida, arrastou até “ao fim de linha”. No entanto, por vezes, essa mesma vida dá segundas oportunidades e um novo alento.Foi o que aconteceu com uma associação do distrito de Viana do Castelo, que, deixando os sonhos e os chás de lado, tornourealidade um projeto que vai crescendo dia após dia, e já retirou das ruas, em apenas um ano de existência, 37 pessoas.O “Casulo Abrigo” é um CAT, um centro de alojamento temporá- “Nunca acreditamos em caridade nem que um ser humano se pos-rio, que para além dos objetivos bases, como teto, alimentação e sa desenvolver através da caridade” afirma Jorge Viana.cuidados de saúde a uma população sem-abrigo, traz a cada umdos nossos utentes, um novo projeto de vida. Assim, há um ano, surgiu o Casulo Abrigo. Uma casa a pensar no ser humano e como é que cada um de nós gostava de ser tratadoJorge Viana é o Presidente da METHAMORPHYS, uma Associação se a vida nos levasse ao extremo da necessidade.que nasceu há 8 anos e que tem o projeto do Casulo. Para sabermos mais sobre esta associação e em particular sobre oNo início “era uma associação com um grupo de pessoas que faziam Casulo Abrigo, fomos à Areosa, em Viana do Castelo, conhecer ouns chás, tinham muitos sonhos e pouca vontade de trabalhar” como Presidente, Jorge Viana, e a diretora técnica da associação, Mafal-o próprio diz. “Quando houve eleições e fui convidado para presiden- da Ribeiro.te decidi acabar com os chás e começar e por 'mãos-a-obra'”. Aqui, já entraram pessoas em “risco extremo de exclusão, porqueNesse dia, Jorge Viana e Mónica Maciel ficamos sozinhos. perdeu a estrutura familiar ou tem uma doença mental; ou teve consumos de algum tipo e acabou por perder a retaguarda; casoA partir daí começou a ser desenvolvida toda a filosofia da institui- de violência doméstica; desemprego prolongado; jovens que nãoção e os novos propósitos começam a surgir. Houve uma extensão tiveram respostas nas casas de acolhimento; entre outras. Temosdo nome para ‘METHAMORPHYS Associação Portuguesa para o situações muito variadas”.Desenvolvimento Humano’. Nesta casa, “há três regras cegas. Não se rouba, não se agride eA ideia desta associação era abraçar tudo que promove o desenvol- não se consome qualquer tipo de aditivo”. “Quando alguém trans-vimento do ser humano como pessoa. gride alguma destas regras, vai embora”. 16Agosto / Setembro’16

Depois há uma quarta regra que também é essencial e que é avalia- Prossegue contando um episódio que o marcou; “Logo no inícioda no primeiro período de três meses de estadia. um dos nossos utentes disse-me; ‘no mês passado ninguém me di- zia boa tarde. Agora, já me dizem’. Isto resume o respeito que deve“Há um contrato de três meses que é realizado com cada um e que haver pelo ser humano”. Isto resume o trabalho que, nesta asso-pode, ou não, ser renovado. Como não acreditamos em caridade, ciação, se realiza com as pessoas. “A partir do dia em que entramachamos que um ser humano que quer mudar de vida, tem de par- aqui, têm uma família”.ticipar da sua mudança de vida”. Mafalda Ribeiro assevera; “Olha para cada pessoa e ver o cresci-Assim, “na casa, eles tem de cuidar de si. Tratam do seu quarto, da mento pessoal e como se vai transformando é motivo de granderoupa, da higiene pessoal, entre outros. Queremos que, quando satisfação”.saíam daqui, continuem a saber cuidar de si próprios”. PROJETOS FUTUROSEste projeto foi idealizado com base no modo de como você gos-tava de ser tratado. Dignidade, respeito e amor ao próximo. “Com “Há vários trabalhos que temos vindo a desenvolver e outros queestas ferramentas, apoiamos o projeto de vida que cada um quer brevemente serão desenvolvidos. Nesse sentido estamos a fazerpara si”. parcerias com a Universidade do Minho e com o IPVC...“Neste primeiro ano tiramos 37 pessoas da rua. Dessas, cerca de Quantos tipos de pobreza existem? Ninguém sabe. Sabemos que17 tem emprego, seis voltaram a estudar, e oito voltaram para as há um grande índice de pobreza através da toxicodependência,famílias”. existe uma subsidiodependência; há um flagelo que é a classe mé- dia empobrecida e envergonhada, que é um dos principais causa-O Casulo Abrigo é voluntário da Cáritas, do Centro Paro- dores de suicídio; a emigração falhada, ou seja, pessoas que dei-quial, do Banco Alimentar, entre muitos outros. xam tudo para emigrar mas depois algo falha e regressam…Há pessoas que chegam à casa em muito mau estado. Portanto, o que nós queremos é definir que tipo de pobreza existe, como se distribui no distrito e assim podermos trabalhar muito me-“Já recebemos pessoas, que os ratos lhes roeram os dedos. E isto lhor no Casulo abrigo. A UM e o IPVC vão trazer o rigor científicoé muito duro”. “Quando um ser humano perde o brio e não liga à desses inquéritos”. Este projeto já entrou na Segurança Social ehigiene pessoal é sinal que já perdeu tudo”. aguarda por ordem de execução.Debaixo de um silêncio inquietante, Jorge Viana continuou; “A Por outro lado, são várias as atividades que se desenvolvem comparte física é má e é visível, mas a parte emocional é muito pior. as parcerias culturais.Entram aqui verdadeiros cacos”. 17 Agosto / Setembro’16

“Já fizemos cabeçudos, trabalhos de artesanato, recuperação e “Talvez seja uma boa oportunidade para, juntos, deixamos umatratamento de Bonsais. Estamos presentes nas Feiras do Livro de questão: como se reeduca um ser humano, estimulando-lhe o des-Viana do Castelo com animações na área da pequenada, com tea- perdício e o desaproveitamento? Fica a pergunta”.tro de sombras. Já cantamos as janeiras, participamos nas feiras deantiguidade, entre outros”. Por fim, Mafalda Ribeiro explica que “ a casa tem permanentemen- te uma vaga transitória, chamada Vaga Linha de Emergência que“Estamos, também, a trabalhar num protocolo com o estabeleci- se pode ativar ligando o número gratuito 144. A pessoa é reenca-mento prisional para, com calma, preparar a saída de alguns reclu- minhada para uma linha nacional, onde são realizadas todas as di-sos. Vamos, ainda, levar o ioga ao estabelecimento e trabalhar com ligências, para que a pessoa seja direcionada para cá, caso cumpraeles a nível psicológico”. os requisitos.Depois, num trabalho de profunda restruturação do Ser Humano, Depois, procura-se uma resposta para essa pessoa num período deforam criadas as oficinas, que para além de criar novos hábitos de 72 horas”.trabalho e motivação, também é o início do projeto de trabalho eautossustentação para cada um dos utentes que integram estas “Nessas 72 horas é criado o registo clinico onde é feita uma bateriaoficinas e que através delas vão usufruir do que se chama “dinhei- de exames, para obtermos o registo clínico e caso esteja em condi-ro de bolso”. ções de saúde pode ficar por um período de três meses. Se ao fim desse tempo a pessoa cumpriu com as regras, empenhou-se, rea-Assim, há Oficinas agrícola; Oficinas das ervas aromáticas; Oficina lizou um projeto de vida, entre outros, podemos renovar a estadiade trabalhos de trolha; e Oficina de mão-de-obra para mudanças. por mais três meses”.Estes serviços servem a população em geral. Toxicodependência, subsidiodependência, doença mental e álcool são os casos mais comuns que levam uma pessoa a chegar ao ex-Neste momento a associação tem cerca de 42 protocolos empre- tremo, ‘ao fim da linha’, como nos diz Jorge Viana.sariais.Quando alguém desenvolve um projeto de vida e sai da casa pode, EQUIPA:caso deseje, solicitar à associação o apoio de um gestor financeiro,para o ajudar a controlar os gastos que terá mensalmente, e de um Presidente Associação: JORGE VIANApsicólogo que realiza um trabalho incansável”. Vice-presidente: MÓNICA MACIEL Tesoureiro: RUI MIGUELAS DIFICULDADES Diretora Técnica: MAFALDA RIBEIRO Técnica: FERNANDA BARROSJorge Viana não entende como é possível que os principais obs- Monitor: DANIEL GONÇALVEStáculos que, diariamente, encontra venham da parte de quem é Auxiliar Ação Direta: RAQUEL PARENTE E ESTER VIEIRAmenos espectável. Auxiliar Serviços Gerais: RITA VIEIRA E JOÃO RESENDE“Salvo erro, há um decreto de lei, que nos regula, copiado de umdecreto americano que foi feito, na altura, para receber os ex.combatentes da segunda guerra mundial. Esse regulamento nãose aplica minimamente a nossa realidade e dificulta a vida as asso-ciações de uma forma incrível”.“Por exemplo: há alimentos que não pode passar por um corredorde seis metros para uma cozinha, porque se torna demasiado peri-goso para a saúde; uma casa de rés-do-chão e primeiro andar quetem de ter oito casas de banho; uma ex. moradia unifamiliar quenecessita de um equipamento de deteção de incêndio que nem umhotel de 5 estrelas tem; temos uma cozinha onde não podemos co-zinhar porque pode ser muito perigoso; reeducamos ser humanospara uma economia social e não podemos aproveitar a comida quesobra de um dia para o outro”... 18Agosto / Setembro’16

PUBLICIDADE 19 Agosto / Setembro’16

MARIO GARRIDO OPINIÃO 20Agosto / Setembro’16

MARIA DE FÁTIMA CABODEIRA OPINIÃOMATHIS, O DIPLOMATA“A França jogou bem, mas nós tínhamos o Rui Patrício”. Com esta e outras frases, o pequeno Mathis tentou consolar atristeza de um adepto francês, na final do Campeonato Europeu de Futebol, que se disputou no passado mês de julho.A imagem do menino vestido com a camisola da seleção portuguesa esten- A vitória da seleção nacional, sob os auspícios do engenheiro Fernandodendo a mão a um adepto adulto (ainda jovem), que envergava as cores da Santos, do Campeonato da Europa, por 1-0, no prolongamento, no Stadebandeira francesa, correu mundo e tornou-se metáfora do valor da fraterni- de France, é um feito inédito, que tem o condão de elevar a auto-estima dosdade humana. portugueses. Mostra que não há obstáculos intransponíveis. Seja no futebol ou noutras áreas de atuação.Neste caso, podemos dizer que a imagem do abraço – genuíno - que se suce-deu entre dois estranhos - o vencedor a enternecer-se com o vencido - valeu Radica no “acreditar” do grupo – Éder marcou um golo saído da alma -, masmais do que mil discursos proferidos por entidades políticas, que são as que trata-se de uma crença acompanhada de metodologia. Só assim, foi possívelgovernam o mundo; tendo adquirido, por isso, um caráter simbólico. vencer.Mathis viria a ser entrevistado, mais tarde, para as televisões portuguesas. Vimos “gente feliz com lágrimas” a apoiar incansavelmente os jogadores e aFiquei perplexa com a maturidade do seu pensamento: “temos que com- comemorar com redobrada alegria (para os que estão fora, os sentimentospreender os outros”, disse, esperando que a sua atitude servisse de exemplo agigantam-se) uma e outra sofrida vitória.aos demais. Há um poema de Eugénio de Andrade, intitulado “É Assim”, em “O Sal da“Não nos conhecíamos, mas confortámo-nos um ao outro”, comentou o me- Língua”, que traduz bem o sentimento português de insatisfação e lamúria,nino de 10 anos, de nacionalidade francesa, filho de emigrantes portugue- que, após algum apaziguamento, culmina num amor incondicional à terrases. que nos viu nascer, “porque não há no mundo/outro lugar onde/enfim dê tanto gosto chafurdar”.Vislumbrei na sua assertividade discursiva uma sedimentação das secularesnegociações e deambulações dos portugueses pelo mundo. Que deixaram Numa época em que as relações entre os povos estão turvas, mormente nalaços. Também por essa razão, a festa se fez no continente, nas ilhas, nos Europa, em virtude do rasto de carnificina dos sucessivos atentados terroris-E.U.A., no Canadá, em Timor, ou seja, onde havia uma alma luso(descen- tas, e de outras formas de instabilidade política emergentes, que ameaçam adente). liberdade e a democracia, é preciso reaprender a linguagem do afeto. Daí a eloquência do abraço aqui rememorado. 21 Agosto / Setembro’16

LUÍS CEIA OPINIÃOCOOPERAÇÃOTRANSFRONTEIRIÇADE 2.ª GERAÇÃOA recente edição do Road Show Portugal Global promovido em Viana do Castelo pela AICEP- Agência para o Investi-mento e Comercio Externo de Portugal, e que teve como tema a cooperação transfronteiriça Portugal-Espanha, permi-tiu uma vez mais focar importância estratégica deste tipo de cooperação para os dos países e muito em particular paraas regiões de fronteira. Aquela que é a maior fronteira interior da União Europeia consagra diferen- Europeu de Cooperação Territorial (AECT). Foi esta região também a gran- tes realidades regionais com particularidades muito específicas. O progra- de impulsionadora da RIET – Rede Ibérica de Cooperação Transfronteiriça ma de cooperação transfronteiriça Espanha - Portugal envolve cinco áreas que alberga Municípios; Instituições de Ensino e Associações Empresariais regionais de cooperação, Galiza-Norte de Portugal, Norte de Portugal-Cas- das zonas raianas e da CECONTRANS – Associação Empresarial transfron- tela e Leão, Centro-Castela e Leão, Alentejo-Centro-Extremadura e Alen- teiriça que integra a AEVC, AIMINHO do lado português e a CEP e CEO, tejo-Algarve-Andaluzia. Globalmente, com constatamos, estão abrangidas Confederações Empresarias de Pontevedra e Orense, respetivamente. por este programa sete províncias espanholas e dez regiões portuguesas, do Minho ao Algarve, numa superfície equivalente a 23,5 por cento do espaço Esta importância crescente, emerge certamente de um ecossistema único ibérico e cinco milhões de habitantes. Num mercado potencial de quase 15 que resulta de um passado comum, duas línguas muito parecidas, da exis- milhões de consumidores, cerca de 1/3 das empresas portuguesas que estão tência de uma corda de fronteira onde abundam diferentes relações a nível instaladas em Espanha localizam-se nas regiões transfronteiriças. social, cultural e económico, de um clima, paisagem e ambiente, gastrono- mia e etnografia semelhantes, e também de ambas regiões serem periferia na A Euro região Galiza - Norte de Portugal assume uma importância incom- Europa e também dentro dos seus respetivos países. parável com as outras regiões transfronteiriças do espaço de cooperação territorial Portugal Espanha. Senão vejamos: é a região claramente mais po- Reconheça-se que muito foi feito, importa agora avançar com outro tipo de pulosa, cerca de 6,5 milhões de habitantes, possui a fronteira mais utilizada cooperação, a cooperação dita de 2ª geração. Esta cooperação de proximi- diariamente por automóveis ligeiros, cerca de 22.000 viaturas dias, e assu- dade local, é porventura aquela que mais potencial tem de evolução, e será me-se também como a região onde o número de trocas comerciais é maior. certamente aquela que mais contribuirá para acabar com a marginalidade Em 2015, os principais clientes de Portugal foram a Galiza (mais de 1.860 dos territórios da raia fronteiriça. Já se deram passos significativos com a milhões de euros, mais de 17% do total das compras de Espanha a Portugal), construção das novas pontes sobre o rio Minho, com a criação das Euro cida- seguida da Andaluzia (9,6%, cerca de 1.030 milhões de euros), Castela e Leão des Valença-Tuy e Monção – Salvaterra, com o reforço da cooperação entre (6%, cerca de 640 milhões de euros) e a Extremadura (mais de 3%, 345 mi- os Municípios de Vila Nova de Cerveira e Tominho e Caminha e a Guarda. lhões de euros). Se tomarmos por referência o comércio externo bilateral em No entanto, todos reconhecemos que devemos e podemos ir mais longe, im- 2015, se considerada isoladamente, a Galiza seria o nosso 8º cliente a nível porta continuar para que a fronteira se transforme paulatinamente numa mundial (Fonte: AICEP, 2016). zona de passagem, de transição, entre dois territórios que são a continuidade geográfica natural um do outro. A humanização deste relacionamento será A Comunidade de Trabalho Galiza – Norte de Portugal foi pioneira no do- certamente a medida despontadora desta cooperação que só será eficaz se mínio da cooperação transfronteiriça e possibilitou a criação de outras enti- for feita com pronúncia raiana. Serão os residentes dos dois lados do Minho dades como o Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular, o Agrupamento que dando as mãos, com o empenhamento institucional das entidades regio- nais e locais competentes, poderão transformar aquilo que neste momento 22 são dois países, duas regiões, num espaço de uma só gente, o espaço da gente da raia.Agosto / Setembro’16

PUBLICIDADEPROGRAMA SÁBADO 10 DOMINGO 11 SEGUNDA-FEIRA 12QUARTA-FEIRA 7 Primeira feira franca Segunda Feira Franca Última Feira Franca 08h00 - Salva de Morteiros. 08h00-SalvadeMorteiros Dia Consagrado às Solenidades Reli-Da Alameda de São João até ao Largo 08h30 - Expolima Picadeiro grande 08h30- LargodeCamões giosas em honra de Nossa Senhora dasde Camões Concurso pecuário. Zés Pereiras, gaiteiros gigantones e Dores - Padroeira das Festas.21h30 - Arruada de Concertinas. Grupo de música popular da Feitosa. cabeçudos. 08h00-SalvadeMorteiros22h00 - Abertura Solene das Feiras 08h30 - Largo de Camões 09h00- LargodeCamões 09h00 - Largo de CamõesNovas com o espetáculo “ CANTO Grupo de Zés Pereiras, gaiteiros; Bandas de Música com concertos durante Bandas de Música com concerto duranteTRADICIONAL”. Gigantones e cabeçudos; todo o dia e noite: todo o dia:22h30 - Abertura oficial da iluminação. Amigos d’Areia – Darque; Banda Musical de Baltar. Banda Musical de São Martinho da Grupo de Bombos Santiago de Poiares; Banda Musical de Vilela. Gandra.QUINTA-FEIRA 8 Bombos de São Marçal; 10h00 - Banda de Gaitas São Tiago de Banda Musical da Casa do Povo de Bombos de Santo André; Cardielos de Viana Do Castelo. Moreira do Lima (Ponte de Lima).18h00 - Edifício Casa dos Sabores Voluntários de Baião; 12h00- LargodeCamões 10h30 - Igreja MatrizApresentação e lançamento do livro Unidos da Paródia; Ribombar de Zés Pereira e Gigantones. Missa solene com Sermão em honra de“Raça Bovina Minhota”. ”Amigos da Farra”; 15h30- CentroHistórico Nossa Senhora das Dores.22h00 - Largo de Camões Amigos da Borga. Cortejo Histórico 16h30 Centro históricoCONCERTO 09h00 - Largo de Camões “FEIRASNOVAS190ANOS”. Procissão em honra de Nossa SenhoraBanda de Música de Estorãos (Ponte de (Bandas de música com concerto duran- 18h00 - Expolima das Dores, com muito figurado alegóri-Lima). te todo o dia e noite): Tourada com os cavaleiros: co, confrarias, Fanfarra dos Bombeiros Grupo de Cultura Musica de Ponte de Rui Salvador; Voluntários de Ponte de Lima e Associa-SEXTA-FEIRA 9 Lima. Sónia Matias; ções locais. Banda Musical de Melres (Gondomar). João Telles Junior 19h00 Largo de Camões08h00 - Salva de Morteiros 12h00 - Desfile dos Participantes do Despedida das Bandas20h30 - Largo da Lapa Concurso Pecuário. Forcados 22h30 Largo de CamõesFADOS 12h15 - Largo de Camões Évora e Portalegre; Verbena PopularPonte de Lima recebe o Fado de Coim- Ribombar de Zés Pereira e Gigantones. Ganadaria – Cary; Orquestra PANORAMA.bra com o grupo Fado ao Centro 16h00 -Centro Histórico Abrilhantada pela Banda de Música de21h30 - Largo da Lapa Cortejo Etnográfico Ponte de Lima. 23CONCERTO DE TUNAS (Estarão representadas as freguesias do 21h30- CentroHistórico22h00 - Largo de Camões Concelho). Festival de Folclore Agosto / Setembro’16CONCERTO 16h30 – Expolima Palco A – ExpolimaBanda de Música da Casa do Povo de Picadeiro grande Palco B – Largo da LapaMoreira de Lima. Animada e original corrida de garranos. 00h30 - Fogo-de-artifício “ Fogo do Meio “Banda de Música de Rio Mau (Penafiel). 22h00 -Centro Histórico22h00 - Expolima Rusgas e Concertinas.Cantares ao Desafio 00h30 - Uma importante sessão deZé Cachadinha e seus amigos. fogo-de-artifício.

MANUEL PINTO NEVES OPINIÃOCOMUNICAÇÃO A BASE DA VIDA A sociedade actual é, cada vez mais, dominada por uma cultura despersonalizante e manipulada por políticas ideoló-gicas desprovidas de qualquer ética. Os “grandes” meios de comunicação estão sub- ras sociais, políticas e económicas. A causa disso, a presença familiar dos “pequenos” jornais como,vertidos por forças obscuras, que só transmitem em grande parte, é o desenvolvimento tecnoló- por exemplo, a “Vale Mais”. Pedaços de vida deo que lhes interessa e que levam o homem a per- gico dos meios de comunicação. Hoje, cada um pessoas simples, de gente que vive as suas folhas,der a capacidade de análise e de espírito crítico. de nós é uma ilha cercada de comunicações por que lhes transmite sensibilidade, que falam de todos os lados. coisas e sentimentos nossos. É por isso que trago a este espaço de opiniãouma reflexão sobre os “pequenos” meios de co- Os meios de comunicação de massa aumenta- Eles simbolizam a manutenção de um mundomunicação social: revistas e jornais locais ou ram a sua eficiência técnica mas têm-se esqueci- mais humano onde os valores éticos, que nor-mesmo regionais. do de alimentar a natureza humana e geram um teiam os nossos princípios, não se corrompem, vórtice comunicativo que passa a comandar os não são hipócritas e não se deixam alienar. O “pequeno” jornal é o reflexo do homem pois próprios acontecimentos.nele encontra a sua outra face. Na síntese de ins- Nesses “pequenos” meios de comunicação, cujatantâneos por ele exposta congrega as suas ati- Neste momento, quando ainda vamos tendo a lema procura ser “verdade sim, espadas não!”,tudes, os seus actos e partilha as suas alegrias e ainda conseguimos encontrar a verdade acima daangústias. percepção de estar a ser engolidos pelo “monstro mentira, da adulação, da lisonja, da conveniência O jornal, para ter substância, tem de ser huma- da comunicação”, é bom e de tantas outras fórmulas ou drogas que,no; para ter poder, tem de servir a comu- tantas vezes, se impingem à opiniãonidade; para ser livre, tem de sentirmos pública, como se ela ven-ser responsável; desse o seu respeitopara ser bom, por qualquer preço.tem de buscara verdade. Que os “pequenos” meios de comunica- A socie- ção não se deixemdade que devorar pelos “grandes,George comprometidos até àOrwellpreviu na medula, e pos-sua obra sam continuar“1984” a dizer como o(datada riacho de Lordde 1949), Tennyson: “Murmu-em que ro, murmuro, cor-uma rendo ao encontroenorme tela do rio transbor-vigiava todos dante, que os ho-os actos e até mens podem vir eos pensamentos os homens podemde cada indiví- partir, mas o meuduo, está muito curso é eterno” epróxima de con- sintam que tudocretização. vale a pena porque a “a luz brilha nas tre- vas”. O mundo actual atra- vessa uma fase de transformação de costumes tradicionais, de valores, de estrutu- 24Agosto / Setembro’16

PUBLICIDADE 25 Agosto / Setembro’16

JOSÉ MANUEL CARPINTEIRA OPINIÃOAS FREGUESIAS UM PATRIMÓNIO NACIONALFoi há 100 anos, com a Lei nº 621, de 23 de junho de 1916, que as “Paróquias Civis” passaram a ter a denominaçãooficial de “Freguesias” e a “Junta da Paróquia” passou a designar-se “Junta de Freguesia”, designações que se mantêm atéhoje para identificar o conceito territorial e o órgão executivo.Do ponto de vista da divisão político-administra- As freguesias têm sido um espaço fundamental de afirmação tiva, as “freguesias” formaram-se a partir da territorial, de representação política e de debate democráti- Idade Média, associadas à organização terri- co. Contribuindo com o seu trabalho para o desenvolvi- torial da Igreja Católica, com atribuições de mento económico, para a sustentabilidade do territórionatureza civil e eclesiástica. Séculos depois, o Regime Libe- e para a dinamização e participação cívica dos cida-ral introduziu os conceitos de “Paróquia Civil” e de “Junta da dãos. As freguesias têm sido a célula de proximidade porParóquia”, atribuindo competências nos domínios da saúde, excelência e um dos mais influentes agentes de coesão so-do ensino, nas Escolas das Primeiras Letras, tarefas de limpe-za, conservação do espaço público, registo de nascimentos, cial. De facto, a proximidade com as populações e o profundocasamentos e óbitos. Com a implantação da República, a se- conhecimento do território constituem uma verdadeira marcaparação da Igreja e do Estado e o registo civil obrigatório, genética das freguesias. As raízes da freguesia são muito pro- fundas, mesmo as que foram recentemente alvo de agregação, não deixaram de ter uma identidade própria.as “Paróquias Civis” assumiram competências reforça- Com a publicação da Lei nº 11-A/2013, do Governo PSD/das, ficando dotadas de poderes de administração pú- CDS, foram agregadas/extintas 1168 freguesias, a pretexto doblica e participação na organização do Estado. Mas é “memorando de entendimento com a Troika” e da redução daem 1916 que verdadeiramente nasce a Freguesia, tal despesa do Estado. Contudo, a chamada “reforma Relvas”,como a conhecemos hoje, em que as “Paróquias Ci- e ao contrário do que muitas vezes foi repetido, não trouxevis” passaram a ter a denominação oficial de “Fre- poupança ao Estado, resultando mesmo, em muitas situações,guesias”. E ao celebrar um século de administração em encargos acrescidos para as freguesias e maiores dificul-civil, não será excessivo afirmar-se que as freguesiasconstituem um dos principais alicerces do regime de- dades na resposta aos problemas e anseios das populações.mocrático. Foi uma oportunidade perdida de uma reforma consensual que reforçasse as competências, os meios e a dimensão dasApesar do caminho percorrido através dos vários regimes, freguesias. Há assim que corrigir, o mais rápido possível, os er-I República, Estado Novo e III República, só com a Cons- ros e os casos mal decididos no âmbito da “lei Relvas”.tituição da República Portuguesa aprovada em 1976, que Uma verdadeira reforma administrativa só pode ser concretizadaagora faz 40 anos, se criaram condições efetivas para que com a real participação e envolvimento dos eleitos locais e das po-a autonomia do Poder Local pudesse ser sustentada. A pulações. E num tempo em que os cidadãos se sentem mais distantes doConstituição veio definir que “as autarquias locais são pessoas coletivas poder político, o reforço da descentralização pode ser um contributo deci-territoriais dotadas de órgãos representativos, que visam a prossecução de sivo para alterar esse estado de coisas e reforçar a qualidade da nossa de-interesses próprios das populações respetivas”. E consagra a dignidade cons- mocracia. Precisamos agora de fazer avançar uma nova geração de políticastitucional das freguesias, com os seus órgãos representativos, a Assembleia descentralizadoras, pensando naquilo que deve ficar no Poder Central e na-e a Junta de Freguesia. quilo que pode ser gerido, com vantagem, pelas associações de municípios, pelas áreas metropolitanas, pelos municípios e pelas freguesias. YES INSTITUTE APRENDEMOS . BRINCAMOS . [email protected] JFuilliipeeDCarwuezs Edificio Via - Sol Fr J | Rua 25 de Abril | 4930-596 Valença - Portugal | tlm. +351 251 825 691 | tlm. +351 938 315 431 26Agosto / Setembro’16

ADELINO SILVA PONTE DE LIMA OPINIÃOO RESGATE DA CENTRALIDADEGEOESTRATÉGICAPonte de Lima, a formosa povoação que o mundo descobriu nas margens do rio Lethes, onde o espaço é paradisíaco e apaisagem avassaladora, resgatou — com todo o mérito — a “centralidade geoestratégica” que Roma lhe havia atribuídono contexto do noroeste peninsular e, com isso, recuperou a grandeza do seu esplendor e da glória que ostentou, pelomenos, até ao crepúsculo da Idade Média.Tudo isto, porque este burgo sedutor VISITE PONTE DE LIMA FEIRAS NOVAS: O MAIOR se transformou num “cluster criativo”, E TIRE CONCLUSÕES RITO DE PASSAGEM insofismavelmente dos maiores e dos mais dinâmicos do Norte de Portugal O leitor até pode pensar que estamos a exagerar, Para que Ponte de Lima se tenha transformado no— mas também da Galiza —, no âmbito da reali- mas se ainda se sente incrédulo desloque-se — de mais desejado “santuário” da animação cultural, ar-zação de eventos direcionados para a promoção espírito aberto —, à lendária vila e tire as suas tística e económica (onde se inclui a gastronomia)da cultura, do turismo, do desporto, da saúde, da conclusões. Outros já percorreram esse caminho — ou numa “vila criativa” — não podemos ignorareconomia, da educação, do património e das ar- e ficaram cativados para sempre com a dinâmica os “mimos” com que Víctor Mendes, Gaspar Martinstes. Um real “case study”. cultural limiana. e restante vereação têm “brindado” a vila “velhinha e moça” — assim designada por Jaime Cortesão —E o impulso para a ascensão a um patamar qua- Tudo acontece pelos recantos mais sublimes e potenciando a sua vitalidade com a reabilitação delitativamente superior — sublinhe-se com justiça aprazíveis da vila medieval, e mesmo do conce- edifícios históricos e a requalificação e valorização de— foi dado, sem vacilar, no atual mandato autár- lho, mas os “pratos-fortes” destes programas de espaços, onde brilha a estética e o requinte.quico, sob a liderança de Víctor Mendes, Gaspar animação multidimensional — com incontestá-Martins e restante equipa, e é fruto de uma es- vel impacto na dinamização da economia local Se o leitor dúvida do “resgate” que Ponte de Lima feztratégia competitiva e da capacidade ímpar de — desenvolvem-se no recinto multiusos da “Ex- da sua “centralidade geoestratégica” desloque-se, noinovar e de correr riscos, com eventos que apre- polima”, um “templo cultural” dedicado às mais mês setembro, às festividades concelhias — as “Feirassentam uma complexidade crescente, em termos diversificadas “feiras”, “exposições-venda”, “fes- Novas” — a “festa-mãe” do “ciclo das colheitas e dade conceção e de operacionalização, mas que os tivais”, “concertos”, “mercados” e outros “eventos partilha” do “calendário camponês”.estudos atuais apontam como um novo paradig- exclusivos” e no sempre solene Teatro Diogo Ber-ma potenciador do desenvolvimento endógeno. nardes — romântica “catedral” disseminadora Aí terá oportunidade de participar no maior e mais de cultura — que, nestes três últimos anos, tem exuberante “rito de passagem” da atualidade em todoO território limiano ocupa uma distinta posição acolhido, com uma regularidade surpreendente, o noroeste peninsular, que ocorre mesmo em cima dogeográfica; o pensamento estratégico emerge espetáculos diferenciados de arrebatadora exce- “equinócio do outono”, por altura do fim do verão e danuma torrente dinâmica e inovadora; a vontade lência e singularidade. entrada no outono, e de mergulhar na mais fulguran-política existe em harmonia com a arte de bem te celebração popular de um “rito calendárico”, numagovernar; o saber-fazer impõe-se com proficiên- explosão festiva, que assinala, de forma antológica, ocia; o marketing cultural é eficaz; o público com- início de uma nova existência — como diria o antro-parece em massa, aprecia e aplaude. pólogo francês Van Gennep.Resultado: a “movida” do Norte (e da Galiza)“instalou-se” em Ponte de Lima.Se por este burgo se cruzaram e albergaram — nodecurso de muitos séculos — números infindá-veis de peregrinos na rota de Santiago e distin-tos viajantes nos trilhos da Europa e de outraslatitudes, hoje visitam e permanecem, nesta ma-ravilhosa obra-prima do homem e da natureza,milhares de cidadãos, de todo o noroeste penin-sular, para participarem, alegremente, nos maisvariados eventos — todos com o “selo de excelên-cia” — que Ponte de Lima disponibiliza em “épo-ca alta” e em “época baixa”. 27 Agosto / Setembro’16

ENSAIO JOSÉ EMÍLIO MOREIRA MONÇÃO&MELGAÇOALVARINHO PRESENTE E FUTURODelirando, depois da FEIRA DO ALVARINHO…Agora, reformado e livre de compromissos protocolares e institucionais, fruí da FEIRA DO ALVARINHO, em Monção (1,2,3 de julho), com outradescontração, interagindo com amigos de ontem e de hoje, na partilha da comunhão de tantos excelentes vinhos Alvarinhos presentes, de Feira (e/ou FESTA) foi um sucesso. Vindos de todos os recan- 1.tos do país e de Espanha, o recinto coberto, devidamente climatizado, foi pequeno, sobretudo, nas noites de sexta eAsábado. Os restaurantes do concelho também beneficiaramMonção (19 empresas) e de Melgaço (11 empresas), acompanhados, também, de apetitosos petiscos à disposição dos visitantes. Tecido Empresarial na Região dos Vinhos Verdes: 612 empresas.deste importante certame organizado, fundamentalmente, pela Câmara Em Monção-Melgaço: 62 (10%).Municipal. Beberam-se e venderam-se milhares de garrafas.Estive lá nos três dias. Mas a noite de sábado foi o máximo. Encontrei mui- Marcas de VINHO VERDE ALVARINHO DOC, em M-M, 151.tos amigos e conhecidos, do meu concelho e de muitos outros, do “tem-po dos vinhos”, do tempo do ensino, do tempo da política. Foi tempo de Litros de Alvarinho produzido em M-M, 2014: 6.341.000.conviver, de apreciar, provar e beber daquele leque tão rico, tão variado etão extraordinário de VINHOS ALVARINHOS E ESPUMANTES ALVARINHOS Litros de Alvarinho Identificação Geográfica Minho: 147.000 L.de MONÇÃO e MELGAÇO, que misturados com a alegria do encontro, oreviver da amizade e a descontração da situação, nos fizeram (a mim, pelo Total de vinhos brancos produzidos em M-M: 7.000.000 litros.menos…) perder o controlo do limiar absolutamente máximo que podía-mos atingir e a efusão, a alegria, a boa disposição e a vontade de “provar Mas com as novas plantações feitas ultimamente, a produção tende a au-mais um” reinava naquele ambiente quente, vivo e descomprometido,com consequências óbvias, sobretudo, para quem gosta de vinho, de Alva- 2.mentar.rinho, mas nunca bebe muito… À uma da manhã, impunha-se fugir. Senão,não sei o que aconteceria! Vinho vendido: Alvarinho DOC (M-M), em 2011: -1.098.624 litros, em 2012: -1.124.674 L; em 2013: -1.025.095 L.Com cautela redobrada (e responsável!) cheguei a casa. Mas não me ape-tecia ir já para a cama. Sentei-me à minha secretária para relaxar… mas, Não houve variações significativas.revendo as imagens daquela FEIRA DE SUCESSO indesmentível, ideias,pensamentos, desejos, certezas, esperanças, misturados com dúvidas, Alvarinho de IG Minho (em lote ou extreme, em toda a Região dos Vinhosangústias e incertezas invadiram o meu espírito que parecia andar já à Verdes): 2011:-315.000 L; 2012:-867.000L; 2013:-893.000 L.volta… Já não sabia se pensava ou delirava! Então, só para descarregaraquelas energias e pesadelos, puxei de uma caneta e dumas folhas bran- Há 73 marcas de Vinho regional Alvarinho IG Minho, na RVV.cas de papel e pus-me a escrever de supetão. E foi o que me saiu, númerose perguntas, sem grande discernimento, que, sem corrigir, vou comunicar Em M-M, há apenas 12.ao leitor de VALE MAIS. 28Agosto / Setembro’16

COM ESTA DINÂMICA COMERCIAL, SERÁ QUE O 5. Vou terminar com mais algumas interrogações que deixo no“ALVARINHO IG MINHO” IRÁ ULTRAPASSAR ASVENDAS DO “ALVARINHO DOC”? ar… Não teremos que fazer uma grande revolução? Produzir cerca de 7.000.000 de litros de alvarinho e vender apenas cerca de UM MILHÃO,As exportações não são surpreendentes: sem estatísticas exatas, calcula- exportando somente 10%, não dará que pensar?-se que somente 10% do vinho vendido é exportado. SE AS VIAS MAIS FÁCEIS SÃO VENDER O ALVARINHOPor exemplo, em 2012, a marca n.º 1 do Alvarinho Doc de M-M vendeu, no EM LOTE OU A GRANEL, A PREÇOS DE ESCOAMENTOseu total, 227.000 litros, 25% do total de vendas. Mas, em 2013,essa marca, OU EM ATOS DE DESESPERO COMERCIAL, VENDER GARRAFASDEALVARINHODOCAOSCONSUMIDORES3.para os EUA, encontrava-se em 41.º lugar entre os vinhos exportados. A 3,5€ OU MENOS AINDA, SERÁ BOM PARA AS EMPRESAS E PARA O PRESTÍGIO DESTA CASTA TÃODimensão empresarial em M-M: das 62 empresas registadas, a maior par- NOBRE E ENOLOGICAMENTE TÃO EXTRAORDINÁRIAte são microempresas (5.000 – 20.000 litros), outras pequenas (20.000 DE M-M?- 100.000 L), apenas 5 ou 6 podem ser consideradas médias, quer pelonúmero de garrafas vendidas, quer pelo valor faturado. Não falta nem Valerá a pena a dispersão em tantas marcas (151!), algumas com tão pe-qualidade dos produtos apresentados — são muitos os prémios atribuí- quena expressão, muitas delas em favor de pequenos vendedores para odos no país e no estrangeiro — nem paixão e saber aos produtores – en- mesmo alvo de mercado, em vez de se apostar forte em marcas que po-garrafadores de M-M. Mas falta dimensão crítica às empresas existentes dem conquistar os consumidores e garantir estabilidade comercial? Com-para atuarem, com mais dinâmica e crescente expansão, quer no mercado preendo e incentivo até “Marcas” excelentes para nichos de mercado,interno e, sobretudo, no imenso, mas ainda pouco explorado, mas difí- mas com valor acrescentado significativo! Temo pelo futuro financeiro doscil mercado internacional. Das 62 empresas de M-M, só 8 participam em produtores de minifúndio. Lanço um repto ao movimento e organizaçãoações promocionais no mercado externo com a C.V. R.V. V. (Embora isto associativo de pequenos produtores – engarrafadores, na sua estratégianão queira dizer que outras empresas, independentemente da sua dimen- empresarial, quer no domínio produtivo, quer no processo transformador, quer, sobretudo, na área comercial, para além de se aproveitar melhor as4.são, não tenham, as suas iniciativas e canais próprios e diferentes). vendas diretas com o ENOTURISMO, ROTAS DE VINHO, e no casamento perfeito do vinho com a CULTURA, com a GASTRONOMIA e também comQUE FUTURO para os produtores - engarrafadores do Alvarinho Doc de a SAÚDE.M-M, em confronto com os Alvarinhos de IG Minho ou Doc das outras sub- Certamente não terei razão, pois estou, há cerca de vinte anos, fora des--regiões da R.V.Verde, ou de outras regiões do país ou mesmo do estran- ta luta empresarial. Mas é uma opinião, talvez demasiado frágil, dum re-geiro? QUE FUTURO para os produtores da uva? Há mais de 25 anos, já formado acabado de chegar de uma FEIRA/FESTA DE ALVARINHO, a altasse pagaram 1,5 € (trezentos escudos) pelo quilo de uvas alvarinho. Agora horas da noite …o preço anda entre os 0,90 € - 1€. Com o aumento da produção e com o Depois desta bebedeira de certezas e dúvidas, de esperança e angústia,alargamento do Alvarinho Doc a toda a região dos Vinhos Verdes, será que prometo que irei a mais FEIRAS/FESTAS DE VINHO, mas, tão cedo, não es-poderão cair para os 0,50€? creverei mais sobre o “ ALVARINHO”.COMO DEFENDER O FUTURO DA NOSSA 29VITIVINICULTURA? QUEM SOU EU PARA ORDENAR Agosto / Setembro’16OU TRAÇAR ESTRATÉGIAS? APENAS, ME VÊMÀ CABEÇA, EM “DELÍRIO” DEPOIS DA FEIRA,ALGUMAS DICAS MUITO IMPRESSIONISTAS E1.SUBJETIVAS: Manter e/aumentar a qualidade, quer na viticultura quer na vinifi 2.cação. Reorganizar e fortalecer o tecido empresarial: com mais dimen-são; com mais formação técnico-cultural (acredito muitos nos jovens que3.estão a dedicar-se à vinha e ao vinho!); Ddoção de processos mais eficazes, mais concertados e ino-vadores no domínio da PROMOÇÃO, quer no país quer no mundo mais4.complexo e competitivo das exportações. Agora, mais do que promover o “ALVARINHO”, há que promo-ver o “ALVARINHO DE MONÇÃO – MELGAÇO”. Mais o TERROIR do que aprópria casta. TODOS! E deixando-nos da parolice de dizer que o do “nos-so concelho” é que é o melhor, o mais genuíno, o verdadeiro!

PONTE DA BARCARomaria de S. BartolomeuCAPITAL DAS RUSGAS POPULARESRomaria de S. Bartolomeu volta, entre os dias 19 e 24 de agosto, a ser o centro polarizador de milhares de pessoasUm monumento às rusgas com inauguração marcada para o dia 19 de A segunda-feira começa com a salva de morteiros, seguida da missa emagosto, o primeiro dia das festas, na Praça da República, é apenas uma das honra a S. Bartolomeu. A noite promete encher a Praça da República paranovidades deste ano. escutar os dez “cantadores” e “cantadeiras” que vão preencher o palcoMantendo o enfoque na tradicionalidade e nos fatores distintivos da Ro- com os cantares ao desafio.maria, Ponte da Barca terá várias novidades para a edição 2016 da Romaria Na terça-feira o destaque vai para a Feira do linho e para o desfile pelasde S. Bartolomeu. ruas da vila, que culminará com a entrega de prémios no Centro de Ex-Uma delas é o concurso de montras engalanadas que pretende aumentar posição e Venda de Produtos Regionais. O dia 23 reserva um dos pontosa envolvência do comércio tradicional ao mesmo tempo que torna mais altos da Romarias com a saída do Cortejo Etnográfico e com as freguesiasatrativa a visita ao concelho. Este concurso inspira-se na tradição secular a exibir aquilo que de melhor têm para mostrar. Espetáculos musicais nade colocar franjeiros nas janela e colchas à passagem do cortejo e procis- Praça da República e na Praça Terras da Nóbrega a par do desfile de cen-são, gestos que o Município Barquense espera que se mantenham. tenas de rusgas tornam, esta noite, na mais longa da festa. A sessão de fogo de artifício, junto ao Rio Lima, é o coroar de uma noite festiva.A simbologia do cartaz deste ano remete para as várias gerações que vi- O último dia da Romaria e aquele que encerra um cariz mais religioso, sen-vem e sentem intensamente, ainda que cada uma à sua maneira, a Roma- do que tal, como referiu a Vereadora da Cultura, Turismo e Desporto, Sílviaria de S. Bartolomeu. Uma romaria que nas palavras do autarca Barquen- Torres, ”A Romaria de S. Bartolomeu conjuga de forma harmoniosa o sa-se, Vassalo Abreu, “é de todos e para todos, vindos de todo o concelho, grado e o profano e é isso que faz com que ela seja uma romaria inter-gera-a que se juntam os muitos conterrâneos espalhados pelo mundo e de mi- cional”, começa com salva de morteiros, grupos de Zés Pereiras e da partelhares de forasteiros, da região e de outros locais do país, que visitam o de tarde as bandas de música. Pelas 17h00 tem lugar a missa solene emconcelho nesta semana festiva. Vêm pela gastronomia, pelo divertimento, honra de S. Bartolomeu (sendo esta uma pequena alteração em relaçãomas sobretudo pelo ambiente caraterístico e acolhedor, quase familiar, aos anos anteriores já que costumava realizar-se da parte da manhã) se-da Romaria”. guida da majestosa e imponente procissão em honra do Santo Apóstolo. A última novidade prende-se com o projeto\"Ó Meu S. Bartolomeu\" que CONVITE tendo como horizonte uma eventual candidatura da Romaria de S. Barto- lomeu a Património Imaterial da Humanidade pretende, durante a semana S.BARTOLOMEU em que decorrem as festividades, recolher entrevistas aqueles que quei- ram deixar o seu depoimento, antigo ou recente, e com isso adensar a CAPITAL RUSGAS POPULARES recolha que está a ser feita para memória futura. O primeiro dia das festas, dia 19, tem início com a abertura da Feira das Numa perfeita simbiose entre o sagrado e o profano, a Romaria de S. Bartolo- Tasquinhas dinamizadas, na sua grande maioria, pelas associações do con- meu, que acontece todos os anos entre os dias 19 e 24 de agosto, assume-se como celho, e que volta a ser ponto de encontro, de conversas e sabores gastro- nómicos. Esta feira será, aliás, alvo de animação constante por parte de um convívio no meio de gente alegre que vibra com a sua Romaria e que tem vários grupos de folclore locais e de outros vindos de países como França orgulho nela. A Romaria de S. Bartolomeu é o condensar das múltiplas facetas e Andorra. O folclore terá, contudo, a sua expressão máxima com o Festi- val Terras da Nóbrega, na praça com o mesmo nome, e com a atuação de de um território onde as tradições e vivências, espelhadas no extenso progra- oito grupos do concelho. ma das festas e nas diversas manifestações que este encerra, se mantêm vivas No sábado pelas 21h30 decorre, no Centro de Exposição e Venda de Pro- e renovadas. Perpetrada por gente de trabalho, gente que congrega tudo num dutos Regionais, o concurso de melão casca de carvalho. A noite é ainda clima de verdadeira e genuína alegria, a Romaria de S. Bartolomeu é por si só marcada pelo 29.º aniversário da Rádio Barca e pelos vários espetáculos um verdadeiro cartaz de promoção do concelho e uma montra da sua dinâmica musicais programados. No domingo comemora-se o 81.º aniversário dos Bombeiros Voluntários associativa. e por isso há lugar a uma programação especial. As crianças têm, a partir das 15h00, o seu espaço na Praia Fluvial com a já habitual festa da criança Com o seu expoente máximo nas rusgas, não fosse Ponte da Barca a Capital que este ano conta com algumas novidades. Ao mesmo tempo decorre no das Rusgas Populares, a Romaria de S. Bartolomeu é a Romaria de todos e para Campo do Libório o Torneio de Jogo da Malha. À noite os focos viram-se para a praça Terras da Nóbrega com a atuação da banda Costa Rica e do todos, dos forasteiros, que a vivem como sendo sua e dos Barquenses, dos que famoso cantor David Carreira, ambos com entrada gratuita, a prometer cá vivem, e dos que tendo emigrado, nos habituaram a colocar estes seis dias de muita animação já que, o cantor, tem o condão de cativar e conquistar o festa na sua agenda, funcionando para todos como um importante regulador de público. equilíbrio e renovação da ordem social. 30 Venha à Romaria de S. Bartolomeu, maravilhe-se com o colorido das ilumi-Agosto / Setembro’16 nações e dos fogos de artifício, partilhe da nossa alegria, saboreie as nossas iguarias gastronómicas, cante, dance, ao som das concertinas nas “rodinhas” que espontaneamente se vão formando e encha o coração de alegria, simpatia e calor humano. António Vassalo Abreu

PUBLICIDADE 31 Agosto / Setembro’16

MONÇÃORIO PARK COLOCA MONÇÃONOUTRO PATAMARSitua-se a 500 metros da Galiza, custou 10 milhões de euros, criou mais de 300 postos de trabalho e espera 1, 5 milhão deOeuros de visitantes no primeiro ano, 60 a 70 por cento dos quais espanhóis. Rio Park abriu há um mês em Monção (2 de julho) e por SEM ESPANHÓIS NÃO ERA POSSÍVEL ele já terão passado, estima-se, perto de 150 mil pes- soas. E foi logo com as suas 22 lojas – com áreas entre “O mercado espanhol procura este tipo de lojas no Porto, em Bra- os 75 e os 2 500 m2 – ocupadas. Estas, por sua vez, terão ga e o objetivo do Rio Park foi encurtar a distância e tirar proveitoinvestido já perto de cinco milhões de euros. desta proximidade a Espanha. Se não fossem os espanhóis não seriaHá já, porém, outas marcas interessadas em virem para este con- possível, pois não há mercado suficiente em Monção para um proje-junto comercial! Quem o garante é Nuno Afonso, diretor-geral do to desta envergadura. Monção tem perto de 20 mil habitantes e umRio Park, ao mesmo tempo que sublinha o facto de ter acabamen- projeto destes não é possível com menos de 100 a 150 mil pessoas detos muito acima da média. Neste momento, 40% do projeto está já mercado”.vendida a um fundo de investimento imobiliário; o restante poderá O empresário assegura mesmo que “é uma oportunidade paraser comercializado daqui a três anos Monção, pois um investimento desta natureza vai atrair gente e con-O promotor imobiliário, há 15 anos a desenvolver esta atividade, solidar o comércio tradicional; é uma oportunidade como motor dofalou à VALE MAIS de alguns dos aspetos deste investimento de turismo, porque vai atrair muito mais gente do que o habitual e Mon-que o Minho e a Galiza falam. ção que poderá tirar proveito disso.”“Surgiu porque tínhamos a propriedade; pesquisamos e consegui- Conforme nos refere, os números, pelas indicações dos lojistas, es-mos encontrar um mercado. No fundo, isto foi um processo criativo, tão a superar as expetativas. Só nos primeiros cinco dias, passaramcriar mercado no target espanhol, essencialmente”, explica Nuno, 50 mil pessoas. A pensar nos espanhóis, uma das principais compo-defendendo que ele permitiu outro posicionamento estratégico nentes do Rio Park são as lojas de têxteis-lar.para Monção. “40 a 45% do retail é têxteis lar para criar oferta às necessidades do mercado. No fundo, é o que mais procuram cá; por tradição, também em Valença é a principal oferta para os espanhóis. Somos mais com- petitivos e foi esse a estratégia. Trouxemos para Monção as melhores ofertas de têxteis lar que existem em Portugal”. 32Agosto / Setembro’16

PUBLIRREPORTAGEMOUTRAS MARCAS INTERESSADAS Além de têxteis-lar, o retail tem estabelecimentos ligados à alimen- tação e bebidas, desporto, vestuário, calçado, perfumes, brinque-“Temos outras lojas interessadas a aderir ao Rio Park e, provavelmen- dos, etc... “ Temos um mercado de 150 mil pessoas, 40% do ladote, dentro de um ou dois anos, estará mais consolidado e, se calhar, português e 60% do lado espanhol, a 15 minutos de carro”com uma oferta ainda mais interessante do que aquela que temosneste momento… pois poderão haver lojas que não se adaptem e “Temos até um supermercado (Belita) que foi escolhido estrategica-temos outras marcas interessadas em aderir ao projeto.” mente por ser uma âncora interessantíssima e já instalada noutros retails. Com preços muito competitivos, abaixo 30 a 40% das princi-Para sustentar esta argumentação, a vinda de outras marcas, Nuno pais marcas de mercado” – garante o diretor-geral.Afonso sublinha que um “retail park é um ser vivo que vai-se adap-tando às necessidades do mercado.” Por outro lado, nota: “Isto não é um retail park normal. Tem um pa- drão de qualidade a nível de acabamentos exteriores. Tanto nos pas-CENTRO COMERCIAL LOW COST seios, parque de estacionamento, arruamentos, que não e típico de retail park, é quase um centro comercial ao ar live, Funciona como umE acrescenta: “O Rio Park foi pensado em termos de áreas comer- comércio de rua, é quase uma praça. Pelo qualidade que demos emciais – é um terreno com 40 mil m2, cerca de 12 mil m2 de ABL, 100 por termos de acabamentos ao projeto, funciona melhor em termos decento ocupado, tem mais de 400 lugares de estacionamento gratui- aspeto e atratividade. O que nos proporciona criar outro tipo de even-to, zonas verdes, é composto de lojas que vão de 75m2 ou 2500 m2 tos, como agora tivemos na final do Europeu de futebol que, ainda por(grande parte entre os 300 e os 600 m2) e foi pensado desta forma cima, ganhamos, correu muito bem e as pessoas aderiram em força.”para criar uma oferta que vá de encontro às necessidades de merca-do. No fundo, funciona como um centro comercial low cost, muito “O Rio Park é um um pólo atrativo que pode fazer chegar e circular 1,mais competitivo em termos de preços, pois pagam-se rendas mais 5 milhão de pessoas a Monção. Este tem um património cultural, gas-baixas que em centros comerciais e com áreas superiores.” tronomia, alvarinho, ecoturismo, comércio tradicional, uma série de atrativos que poderá depois captar essa possibilidade. Nós fizemos aA opção pelo retail deveu-se, pois, ao preço. ”Só podia ter sido isso. nossa parte, o nosso investimento e criámos o negócio. AcreditamosAs marcas em retail park conseguem ter lojas maiores nestes e pra- que poderá potenciar o desenvolvimento do turismo em Monção.ticar preços e fazer promoções que podem chegar aos 80%, algo que Agora é uma questão de criar condições e aproveitar” – conclui.não é possível fazerem centros comerciais que pagam 3 vezes mais derenda.”Convicto do sucesso do projeto, está “a fazer a administração do 33retail durante 2/3 anos para o poder comercializar à posteriori. Emtermos de investimento, é muito atrativo. Pode ser comercializado a Agosto / Setembro’16qualquer momento. Neste momento já com uma rentabilidade de 8%”.

ARCOS DE VALDEVEZ Rugby em Arcos de Valdevez 'CRAV' UM CLUBE IMPROVÁVEL É, praticamente, o único clube de rugby com atividade regular, ao mais alto nível, no Alto Minho. O Clube de Rugby de Arcos de Valdevez (CRAV) nasceu a 9 de julho de 1986 (tem 35 anos de vida) e, cinco anos após o seu nascimento, estreou o primeiro campo relvado destinado à prática exclusiva do rugby. Ali se disputou, em 1989, o primeiro jogo internacional de rugby (Portugal – Alemanha). Em termos desportivos, foi em 2006/2007 que subiu, pela primeira vez, à primeira divisão nacional. Além disso, foi vencedor da Taça de Portugal Bowl na época 2011/12; conta com duas presenças em meias-finais da Taça de Portugal e uma na final da Taça de Portugal no escalão sub-18 em 2010/11: Foi campeão nacional da 1ª divisão seniores (2009/10); campeão nacional de 2ª Divisão (1991/92); cam- peão nacional da 3ª Divisão (1982/83). O clube milita na Divisão de Honra, escalão mais alto do Rugby Na- cional desde 2010/11. A celebrar 35 anos, é considerado um clube de referência no Norte e dos núcleos populacionais pequenos (dispu- tam o seu campeonato com seis equipas da região de Lisboa, uma de Coimbra, uma de Porto outra da Lousã). DETERMINAÇÃO A projeção conseguida pelo rugby em Arcos de Valdevez, confor- me referiram os seus diretores à VALE MAIS, “ é produto da deter- minação dos elementos que compõem o CRAV.” “Arcos de Valdevez não tinha condições à partida para a implanta- ção do rugby. Era uma modalidade sem tradição e desconhecida, nem Arcos de Valdevez era um meio de estudantes (os principais clubes portugueses provêm de faculdades e universidades). Era e é um meio rural, geograficamente isolado e de baixa densidade geográfica. Além disso, a tarefa dificulta-se, pois não há transpor- tes públicos a partir das 17h30, hora a partir da qual começam os treinos dos vários escalões do CRAV. Estamos a falar de uns 22 mil habitantes espalhados em cerca de 445 km2... Para suplantar todas estas adversidades, foram fundamentais pessoas como Júlio Faria que, morando a mais de 50 km de Arcos de Valdevez, serviu duran- te 25 anos o CRAV sem qualquer compensação material e construiu as bases da sua estrutura desportiva”. AUTARQUIA POSSIBILITA IMPROBABILIDADE Da Câmara Municipal vem o principal apoio. “Tornou possível a im- probabilidade do CRAV”, referem-nos. A autarquia é a proprietária do Estádio Municipal (relva sintética) e do Estádio de Rugby. 34Agosto / Setembro’16

Em termos patrimoniais, o CRAV dispõe de um autocarro de 40 lu- com sub 8, sub 10, sub 12 e sub 14. Exclusivamente masculinos sãogares e três carrinhas de nove lugares. Registe-se, ainda, o apoio os sub 16, sub 18, seniores e veteranos. O clube tem também umade vários patrocinadores privados. equipa de seniores femininos.O orçamento anual do CRAV atinge os 120 mil euros. PROJETOS E CORPOS SOCIAISA maioria dos atletas são de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca. Os projetos incidem, sobretudo, na “parte desportiva, no aumentoExistem, porém, outros oriundos de Ponte de Lima, Viana do Caste- do recrutamento dos escalões de base, formação de treinadores elo, Braga e, até, do Porto. São, no total, 180, de ambos os géneros, consolidação da organização do clube”. A Direção é presidida por Fernando Manso, tendo Eduardo Pimen- ta como vice. Como adjuntos figuram Rui Aguiam, Manuel Loureiro Teixeira, e Miguel B. Correia. Filipe Machado é o secretário, Gonça- lo Pereira o seu adjunto, e Nelson Fernandes o tesoureiro. A Assembleia Geral é composta por José Júlio Pinto (presidente), José Carlos Azevedo (vice) e Cândida Abreu da Silva (secretária). Isabel Araújo preside ao Conselho Fiscal, sendo acompanhada, como vogais, por Mário Ascenção e Eduardo Gameiro. PUBLICIDADE 35 Agosto / Setembro’16

ENTREVISTA CAMINHA Manuel S. Manso PretoMANSO PRETOVIDA DE RISCO E HISTÓRIAS HILARIANTESJORNALISTA DE PESO… E COM PESOÉ Touro no horóscopo e “Dragão Assanhado” no mundo virtual - mesmo em ano de “só desgostos” com o seu “querido F.C.Porto”. É uma jornalista de e com peso. Acaba de ser SEXagenário! Chama-se José Luís Manso Preto e vai já nos 36 anos de jornalismo, onde se destacou no campo da investigação, sobretudo, a nível do narcotráfico. O seu trabalho foi já premiado e o seu nome é conhecido e reconhecido aquém e além-fronteiras. Um dia destes, VALE MAIS esteve à conversa Portugal (MDLP). Supostamente, andavam por GRANDE PONTAPÉ… FUI PARA com esta referência viva do jornalismo. Natural Espanha e publicava fotos deles a entrevistá-lo O DIABO de V. N. Cerveira, há muitos anos que vive em ao lado de uma placa do Gerês.” Vila Praia de Âncora, no concelho de Caminho, \"Entretanto, surgiu-me o convite para abrir a localidade onde se encontrou com a nossa re- “Havia uma boa equipa numa Redação com delegação do “Primeiro de Janeiro” em Viana portagem. Após concluir os estudos na Univer- mais de 100 jornalistas. Fazia de tudo – polícia, do Castelo, onde já havia um delegado, Maurí- sidade Católica, onde se formou na área da co- hospitais, sociedade, até desporto. Mas, na al- cio Teixeira. “Fui eu que tratei de tudo” – con- municação social, e iniciou a carreira no extinto tura, a parte que eu mais gostava já era a po- ta-nos, mas notando logo que “foi o grande “O Comércio do Porto”. licial.” pontapé que dei em mim próprio”. “Foi nas velhinhas instalações da Avenida dos “Fiquei, entrei para o quadro e colocaram-me “Tive uma experiência muito desagradável, Aliados. Um estágio de 18 meses. Onde estava na delegação de Guimarães. Não gostei, estive desconhecia a situação económica muito débil eram quatro secretárias juntas. Fui colega do lá quase dois anos, não conhecia lá ninguém (ti- (no mínimo) do jornal. Foi em meados da dé- falecido Fernando Barradas que, na altura do nha um ou dois amigos), cidade violenta, não se cada de 80, inicialmente estava convencido ser PREC, fazia aquelas célebres entrevistas a mal- podia andar à noite, havia grupos de gangues.” desorganização… Ao fim de nove meses disse ta que andava fugida – Alpoim Calvão e outros que chegava. E fui para ao ‘O Diabo’\". 3d6o Movimento Democrático de Libertação deAgosto / Setembro’16

BEM DISPOSTO, MANSO PRETO ATALHANDO: E O PERCURSO PROSSEGUIU,CONTA: TAMBÉM, NA IMPRENSA DO “Mas, dizia, não havia evidencias de droga. Entre- PAÍS VIZINHO“N’O Diabo sucedeu uma história engraçada. Fui tanto, há uma lancha que é apreendida no Algar-ter com a Vera Lagoa, a diretora, ao Porto, estive ve com 300 quilos de haxixe. E era uma das que “Depois do Faro de Vigo passei para o Voz da Galiza,para aí uma hora no seu gabinete e durante 55 mi- estava em Viana. Foi o meu ALERTA. Isto numa depois para o El Mundo e o El Pais, onde ainda estounutos esteve a aconselhar-me a fazer dieta. Apa- altura em que era comum veres, numa 1.ª página a colaborar. Além de trabalhos pontuais para outrasnhei uma seca tremenda. Depois viu que não adian- de jornal, uma notícia de género: ‘Foram apreen- revistas, como a Interviú. Isto durou anos. Chegoutava nada e, em cinco minutos, contratou-me”. didos cinco quilos de haxixe. Fazia parte de uma uma altura que tinha a convicção de que estava a par rede internacional de tráfico de droga’. Hoje são de tudo o que se passava: nomes, locais onde viviam,E COMO SURGIU A ENTRADA NO duas ou três toneladas e já nem é 1.º página ... Essa eu seguia-os, fazia um trabalho totalmente de polícia,JORNALISMO DE INVESTIGAÇÃO, lancha estava em Viana. E fui ver, pelos documen- sabia onde viviam. Em que casas viviam, se as casasSOBRETUDO NA ÁREA DO tos, quem eram os indivíduos que estavam nessa eram dele eram alugadas, andavam com bons car-NARCOTRÁFICO? lancha. Que foi apreendida não porque as auto- ros…” ridades portuguesas a tivessem perseguido ou“O Diabo era proprietário de um outro jornal, O interceptado, mas porque lhe avariaram os mo- RECONHECE, PORÉM, QUE ESTECrime. Que, na altura, tinha muito sucesso. Lem- tores e estavam à deriva. E passa a Guarda Fiscal, TIPO DE ATIVIDADE JORNALÍSTICObro-me que chegou a tirar 120 mil exemplares. vistoria-a e encontra a droga.” JÁ NÃO É POSSÍVELDele até se dizia que era um jornal que se enrolavae saía sangue... de faca e alguidar. Era um jornal Foi, pois, o despoletar de nova investigação. “Hoje não se pode fazer esse tipo de trabalho. Sesensacionalista, não quer dizer que mentisse…” “Isso surgiu-me como uma campainha através do fosse preciso passava uma semana inteira no porto porto de Viana. “Quem era a gente que andava na- de Viana, de manhã e de tarde, e às vezes, quase aÉ a ênfase que se dá a determinados aspetos da quela lancha. Foram presos três, mas aquela lancha desmaiar, no verão, com o calor e dentro do carro,notícia – atalhámos. “Podes pegar numa notícia poderia ser frequentada por mais 20 pilotos. Que e não via um único galego... e não eram só galegos,e tratá-la de diversas maneiras. Na altura apare- também andavam noutras lanchas. Ou seja, se na- mas marroquinos, jugoslavos, italianos, holande-ceram em Viana as lanchas voadoras – fui eu que quela lancha iam três indivíduos e a frequentavam ses, jugoslavos, gregos, portugueses, uma série delhe pus o nome. Eram lanchas que só estávamos outros 20, era porque andavam noutras lanchas que nacionalidades… e não acontecia nada. Como, dehabituados a ver nos filmes. Havia uma série na faziam parte da mesma organização. Chego à con- repente, se fosse preciso, começava a aperceber-tv, americana, a Miami Vice, em que a polícia tinha clusão, com posteriores apreensões, que havia três -me do frenesim de carros espanhóis, de testaremuma lancha dessas. Havia perseguições ao tráfico grandes redes de tráfico de droga sedeadas em Viana as voadoras, dos motores ficarem ali uma meia horade cocaína, no mar, e o movimento passava mui- do Castelo – a mais poderosa, a ROS - as iniciais dos ligados…apercebia-me que ia haver saída. E erato por aí. Começámos a vê-las junto à antiga doca chefes (Ramon, Olegario e Sito) -; a outra do Oubina; quando se tirava as fotografias. Na altura, nem se-dos pescadores, na ribeira da cidade. Na altura, e a outra de Charlins; Depois, havia ainda uma mais quer tinha teleobjetiva, estive muitas vezes no caisconstava que os indivíduos se dedicavam ao con- pequena, a dos Viriatos, que se abastecia diretamen- com uma máquina escondida, e quando viravam astrabando de tabaco.” te das outras, composta maioritariamente por por- costas ou os via distraídos, tirava-lhes fotografias\". tugueses, mas alguns com naturalidades espanhola.ALGO ESTRANHO Neste momento, os principais chefes estão detidos. ADVOGADO Curiosamente, alguns deles até são aqui da zona.”FOI, TODAVIA, AÍ, QUE COMEÇOU A FAZER Av. Duarte Pacheco, n.º 12 | 4950-454 MonçãoAQUILO EM QUE MAIS DE DESTACOU. REVELAÇÃO Á VALE MAIS Tlf./Fax 251 652 880“Dei os primeiros trabalhos de investigação. Perdi “Vou dizer uma coisa que poucos sabem. Na altura em Email: [email protected] semanas junto ao porto de Viana, vi quem que estava a trabalhar para O Diabo, era, também, oeram os indivíduos e sempre achei muito estranho correspondente do Faro de Vigo. Só que, como es- 37aquelas lanchas. Na altura, finais da década de tava a ter muitos problemas cá - com perseguições,80, já custariam uns 10 mil contos (50 mil euros) - estava muito limitado – resolvi ‘estourar’ com aquilo Agosto / Setembro’16e o lucro do contrabando de tabaco…. dava para na Galiza em termos de comunicação social. E, entãoaquilo tudo?! Cada lancha, só em gasolina, gasta- preparei uns suplementos que saíram ao domin-va 5 mil contos (25 mil euros)/mês. E não era só o go no Faro de Vigo e, ironicamente, assinava compreço das lanchas. Também a manutenção!” o pseudónimo de Viriato. Com fotos\".COMO SE CHEGA A ESSES VALORES? AMEAÇAS E VIDA ALTERADA“Saíam muitas vezes, cheguei a ver um camião cheio COMEÇA, ENTÃO, A TER PROBLEMASde bidões de gasolina encostados a encherem osdepósitos das voadoras, eram lanchas com cinco “Não gosto de falar disso. Mas foram ameaçase seis motores, cada um de 300 a 500 cavalos; de e casos concretos, como me destruírem o car-modo que tinha informação de quanto aquilo gas- ro. A minha vida alterou totalmente. Posso di-tava. Tinha esse controle, porque acesso a toda essa zer que, pelas 19h30/20h00, metia-me em casa,documentação – qualquer embarcação que chegue podiam tocar à porta que não abria. A não serao porto de Viana, desde que entra e até sair, tem que estivesse à espera. Vivia num 1.º andar. Dede entregar os documentos na capitania. Cheguei a dia tinha de ter a luz acesa dentro de casa. Ti-contabilizar mais de 300 indivíduos envolvidos.” nha o papel prateado dentro das janelas, para não se ver de fora para dentro. Era fácil um in-O DESPOLETAR…. dividuo lá de fora matar-me… estamos a falar de gente que ‘fez’ ajustes de contas”.

FINGIR ESTAR A PESCAR tenciam. Fazia incursões à Galiza, onde também tura, mas vêm os dados que lá estão, os nomes e tirava fotografias, contactava a policia espa- as fotografias. Se estão lá é porque há documen-“Outras vezes fazia de conta que estava a pescar. nhola para saber a quem pertenciam os carros, tos e porque aquilo era autêntico e não forjado.Punha-me junto às lanchas com uma cana de pes- quem eram aquelas organizações\"… Hoje, passados bem mais de 20 anos do livro serca, vi-os a entrar e a sair, ia tirando as fotos que publicado, ainda m’o pedem.”podia, só mais tarde, com o entusiasmo, é que \"...andavam indivíduos aí em Viana na maior e comcomecei a pensar melhorar em termos de equipa- mandados de busca em Espanha. Cá reconhecidos so- CNN FAZ PROGRAMA SOBREmento fotográfico.” cialmente nos restaurantes e lojas caras, tidos como in- MANSO PRETO divíduos simpáticos e sociáveis. Com uma certa auréolaUM TRABALHO DESENVOLVIDO de aventureiros e de gente com fair play. Longe de se A carreira de Manso Preto passou, também,POR CONTA PRÓPRIA, COMO pensar que eram criminosos. Entretanto, com a Opera- por aquele que é considerado o principal jornalFREELANCER. ção Nécora, em 1990, tudo isto caiu\". de referência no nosso país, o Expresso. Antes“Sim. Punha um preço. Não disso, colaborou em diver-o diziam propriamente que sos programas de investi-me pagavam tanto. Porque gação a nível das televisõesisto dava muitos gastos. No – nomeadamente a SIC, vá-entanto, de início, existiam rios canais espanhóis, a CNNpessoas, atendendo ao jornal fez um programa sobre ele,onde isso apareceu – O Diabo deslocando uma equipa– que achavam que aquilo era para o efeito. Pelo meio,sensacionalismo. Se calhar, muitos incómodos, sustosmuitos colegas não levavam e, até, uma detenção.aquilo a sério. Só à medidaque foram vendo as apreen- “O meu trabalho acabou porsões e que tudo batia certo… ser reconhecido. No Expressoa droga inundou aí o mercado fiz vários trabalhos, no finale começam a aparecer cole- da década de 90. De facto,gas de Espanha a fazer repor- era o único jornal portuguêstagens cá em Portugal e a sair que podia fazer investigação.nos jornais de lá… a velha Tinha dinheiro e não olhavamáxima, muitas vezes há um a meios. Já trabalhavam umescândalo cá e é publicado pouco como os espanhóis.primeiro lá fora e depois va- Só para teres ideia das condi-mos atrás e publicamos cá.” ções, uma vez colaborei com um canal espanhol, apare-OS MEIOS TAMBÉM ceram aqui, fiz um trabalhoNÃO ERAM OS QUE com eles e a determinadaEXISTEM AGORA. altura era preciso ir aos Esta- dos Unidos. Tentar falar com“Nem sequeArdvtoignadhaaS Cacédno.dPmrroafp:G4u9.6t5Fa0rP-anNcIiFsc:o205 135 790 alguém da DEIA – Departa- mente Anti-Droga America-dor, era tudo anotado, tinha no. Eles comunicaram paraumas fichas com os dados to- Madrid, no dia seguinte ti-dos, matrículas e a quem per- nham autorização e fomos a Washington\". Sandra G. Francisco TUDO ISTO DEU, POIS, ORIGEM A PROCESSOS EM TRIBUNAL AAdvogada | Céd. Prof: 49650P UMLIVRO(1992)QUE,MAISTARDE PARTIR DE REPORTAGENS (2001), ATÉ VIRIA A SER EDITADO EM BRAILLE. Concretizando. “Os espanhóis, em termos de in- vestigação, não pensavam se aquilo custava 100, “Cheguei a uma altura em que vi que tinha mil ou 10 mil. Enquanto cá me davam um prazo muita informação e resolvi escrever o ‘Minho (numa semana podes não conseguir saber nada, Connection’. Pensei assim – uma coisa é fazer como apanhar muita informação). Houve mui- hoje uma reportagem, tu lês, e daqui a 15 dias tos processos que nasceram nos tribunais, mas a ou três semanas faço outra e já não te lembras partir de reportagens feitas por mim\". do que escrevi antes. Outra coisa é juntares Rua das Andorinhas n.º 216, Edf.VeigaVelha, bloco A, 3º tudo num livro em que as pessoas chegam ao 4950-854 Monção fim… aliás, começam a ler as primeira páginas e ficam de boca aberta. Estão muito longe de Tel. 258 028 440 - Fax 258 092 475 pensar o que era Viana do Castelo, naquela al- [email protected] PUBLICIDADE 38Agosto / Setembro’16 Rua das Andorinhas nº 216, Edf. Veiga Velha, bloco A, 3º, 4950-854 Monção

Em 2002, é detido por ordem do me ‘entalou’. A juíza queria – a insistência do advo- dois indivíduos. Isto durou o dia todo. Sem me da-tribunal gado dos irmão Pinto - que eu dissesse qual tinha rem nada para me alimentar. Inclusive, pedi para ir sido a fonte de determinada reportagem. E respon- ao wc, era daqueles com um buraco no chão; quis“Há mais de 10 anos tinha começado a fazer re- di que não podia revelar. beber água; mandaram-me beber pela torneira, re-portagens sobre o envolvimento de quadros da cusei - não sabia quem tinha bebido por ela… Fuiprópria Polícia Judiciária (PJ) no narcotráfico. A “Apenas disse que era um inspetor da PJ, na situa- depois apresentado a uma juíza de instrução parahistória começou em Aveiro e depois passou para ção de reformado, que me pedia sigilo... e eu não confirmar ou não a minha detenção. Fiquei comSetúbal. Em todas as profissões há as ovelhas ia violar, não só por uma questão de principio, mas Termo de Identidade e Residência. “negras. Fiz uma série de reportagens, nunca fui porque quando noticiei aceitei essa condição. Aliás,processado por elas, avancei com nomes e da- se revelasse a fonte, estava queimado, nunca mais PRIMEIRO JORNALISTA DETIDOdos, droga que desaparecia, dinheiro que nunca confiavam em mim. Ficava visto como um delator.aparecia, indivíduos infiltrados que nunca eram A profissão, para mim, acabava.” “Longe estava eu de pensar o sururu que esta-detidos, com conhecimento de altos quadros da va a dar na comunicação social. A TSF abriu umprópria PJ, nada contra a instituição, apenas um Todavia, “o Ministério Público insistiu, recusei-me programa sobre o caso, as televisões passaram omodus operandis muito estranho. Que depois e a juíza acabou por aceitar os meus argumentos. dia todo entre a Tribunal Boa Hora e o DIAP… es-está fora de controle, não só de chefias, como do Só que o Ministério Público recorreu para a Rela- tavam todos a ver se se confirmava a detenção.”próprio Ministério Público. Não conseguiam con- ção. Depois, fui lá novamente chamado. Então, atrolar a situação.” juíza informa-me que tinha havido um recurso do Manso Preto foi, pois, o primeiro jornalista – Ministério Público para a Relação. Curiosamente, “que eu saiba, até hoje, o único” – que foi detidoSurge, então, o episódio da sua detenção. “Ha- foi um juiz de turno que analisou a situação… os juí- por não revelar a fonte de informação.via um processo, o dos irmãos Pinto, os camionis- zes de turno só atuam quando são casos urgentes!tas que estiveram envolvidos na questão da ponte A decisão era no sentido de eu revelar a fonte sob “A Procuradora empregou 90% do tempo quede 25 de Abril e aquilo, no meu entender, foi um pena de ser detido por desobediência ao tribunal. A esteve a falar elogiou a minha atividade, mas nacaso de infiltrados com antecedentes criminais. juíza confrontou-me com isso. De maneira que dis- parte final disse que, apesar de tudo, tinha havi-Civis que provocaram determinada situação. Arro- se para me deter. Só pedi para telefonar para o sin- do um desrespeito ao tribunal e pedia a minhalaram-me como testemunha para o processo. Mas dicato, a fim de ter apoio jurídico. Fui para a DIAP condenação. Fui condenado a três anos de penanem sequer os conhecia. O advogado deles é que - Departamento de Ação e Investigação e Ação Pe- suspensa. Mas tive a felicidade de ter a classe toda nal. Meteram-me numa cela onde estavam outros comigo, mesmo a nível internacional. Centenas d3e9 Agosto / Setembro’16

páginas, desde o “Pravda” a jornais americanos, BOM GARFO E HISTÓRIAS E mais outra situação: “Uma vez tive um pro-ingleses e de outros países. Uma série de organi- HILARIANTES cesso em V.N. Cerveira, onde nasci. Um trafi-zações internacionais que tomaram posição, as cante, depois preso, que tinha investimentos notestemunhas foram jornalistas que eram referên- MANSO PRETO É, POIS, UM HOMEM DE PESO… concelho. Chapei com a foto, o nome e historialcias minhas, como o falecido Óscar Mascarenhas. E UM BOM GARFO dele. Ele meteu-me um processo por abuso daAndei três anos em que, aconselhado, pelo sindi- liberdade de imprensa, em que fui absolvido.cato, não escrevi nada nessa área … Mas recorri “Costumo dizer que a grande vantagem de uma pes- Curiosamente, durante o julgamento, a juízae a condenação não acabou por entrar em vigor\". soa ser gorda e fazer dieta… é que emagrece e pode perguntou a uma das testemunhas dele se co- começar a comer de novo... ou ter offshores\"… nhecia o arguido (eu) e se estava incompatibi-SINAL VIOLENTO E lizado. Perguntas habituais. O homem, já deAUTOCENSURA “Tenho muitas situações engraçadas. Posso dizer idade e com a simplicidade, respondeu: ‘olhe, que uma vez que fui aos Estados Unidos, entrei sabe, ele não me conhece, mas eu até já andeiTodavia, o acontecimento acabou por alterar no avião e o cinto de segurança não apertava. com ele ao colo. Mas, claro, hoje não podia…’a sua posição face à profissão. “Mais violento Já estava entalado na cadeira… E vem a hospe- Resultado, numa sessão do tribunal, até a juízado que isso foi o sinal que eu e os colegas rece- deira verificar se todos tinham posto o cinto… e o Ministério Público se riram.”bemos. Por mim, a partir dessa altura, aquele chega à minha beira e eu não o tinha. Disse-meentusiasmo, a pica que tinha de investigar, de que tinha de o por. Disse-lhe que não precisava, O nosso interlocutor é, gastronomicamente, aoir e acolá sem pensar – costumo dizer que tinha estava de tal maneira entalado que o avião bem contrário do que se possa pensar, um homemtanto de consciente como de inconsciente nos podia cair... ela soltou uma gargalhada enorme.” de gostos simples. “Adoro bolinhos de bacalhaurisco que podia correr - foi por água abaixo.” com feijão frade, com molho verde por cima. Até me Outra. “Uma vez tive um acidente na Caparica. vem água na boca. E, no Natal, não gosto daqueleManso Preto confessa mesmo: “Senti-me total- Ia para o casamento de um grande amigo meu bacalhau, que fazem. Já quando a minha mãe eramente desmotivado, fiz muitas vezes autocensu- no Palácio de Queluz. E capotei no carro. Vinha viva, que recordo com saudade, na ceia com os meusra e às vezes dou comigo a interrogar-me sobre um camião a ultrapassar outro, para não bater pais, levava sempre duas latas de atum, ela fazia umse valeu a pena”. de frente encostei-me de lado direito, apanhei molho verde, com batata cozida. Parecia que estava areia e fui por ali abaixo… até que o carro ficou a comer um cozido à portuguesa. Ainda hoje, todosTodavia, a questão não deixa de ser pertinente. parado de pernas para o ar. Nem saí do carro, es- os anos, no Natal, é isso que como. Adoro”.Ainda se aposta no jornalismo de investigação? tava atordoado e, passado um bocado, ouço um burburinho de pessoas a chegarem e queriam ALGUNS PORMENORES“Os bons jornalistas não desapareceram. Se que eu saísse – perguntaram se estava aleijado,calhar não há tantos tolos como eu. Mas, sem respondi que não. Estava de fato e gravata escu- - Sócio honorário da Federação das Asso-meios económicos, não há qualquer hipótese. ra, do Partido Conservador inglês. Mas disse que ciações Galegas Anti-DrogaE não vamos pagar do nosso bolso... ainda por não podia sair. Era gordo. E queriam que saís-cima numa crise que afeta a todos, não temos se pela parte de trás. Era uma 4L. Estava toda - Admirador de Nelson Mandelapossibilidade de andar para aí a investigar\". amassada.” - 1992 Homenagem e entrega de medalhaCOLABORAR COM A POLÍCIA “Lá viraram o carro. Estava sem capô, sem da PJ (SRITE –Secção Regional de Tráfico mala... puxaram-me o carro para cima, quando de Estpefacientes);“A partir do momento em que fazia esse trabalho saí já ninguém tinha pena do carro. A figura cen-era quase como um polícia. Tinha era o privilégio de tral já era eu. E meti-me no carro, meti as chaves - 1998 – 10 dias em Washington a convitepoder escrever. É evidente que tinha fontes lá den- na ignição, funcionava, deixei o capô fora e fui da DEA (Drugs Enforcement Administra-tro, mas também eu era fonte deles a partir do mo- para o casamento com o carro todo amassado, tion) onde estive no Pentagono e na sedemento em que publicava as reportagens. Chegava a pela frente, dos lados, sem mala traseira, e sem da DEA;publicar coisas que eles próprios não sabiam\". o capô à frente… E lá apareço no Palácio de Que- luz. Tinham-me dito no local do acidente, zona - 2001 Edição do Minho Connection emAPOIO AO PODER POLÍTICO da Caparica, que não ia conseguir passar a ponte Braile a cargo da Bibioteca da ACAPO de sobre o Tejo. A polícia não deixava. Tinha a por- Coimbra. Ofereceu os direitos;O poder político ‘entrava’? “Tivemos casos, aqui tagem, nem sequer olhei para o lado direito, pa-no Minho, em que o narcotráfico que existia era guei a portagem e avancei.” - 2007 Homenageado num Tributo pelauma das fontes (e, antes, o contrabando) de Escola Superior de Portalegre (alinos deapoio ao poder político.” “Imagina 200 pessoas à espera dos noivos e eu a Comunicação); chegar na 4 L, vermelha Ferrari, sem portas, semUm caso: “Fiz uma reportagem sobre um indi- capô, sem mala, amassada.. e eu a sair lá de dentro - 25 Novembro 2011 Recebeu o Prémioviduo preso por cinco toneladas de cocaína a com este cabedal todo, de fato escuro, de gravata, ‘Nécora de Ouro’, no auditório de Vila-passear, de iate, com o presidente da Junta da mas todo borrado, cheio de pó e óleo! O aconteci- garcia de Arousa (Galiza) , o único portu-Galiza, na Ilhas Cies. Tem quintas em Melgaço e mento já era eu. O noivo veio ter comigo, expliquei- guês até hoje homenageado, entre pes-Caminha… há muitos com propriedades no Alto -lhe a situação, não queria ir à cerimónia, mas ele soas como juíz Baltasar Garzón, o fiscalMinho. Também no Alentejo, em Setúbal e no insistiu. E fui lá para a Igreja todos borrado”. antidroga Javier Zaragoça, membros daAlgarve.” Segurança do Estado espanhol, e outros. 40Agosto / Setembro’16

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VILA NOVA DE CERVEIRA ADCJC QUER REMO NAS ESCOLAS DE CERVEIRA Com cerca de 80 títulos nacionais conquistados, a Associação Desportiva e Cultural da Juventude de Cerveira (ADCJC) é uma referência incontornável quando se fala em desporto na Vila das Artes. Já teve natação e canoagem, mas, hoje em dia, limita a sua atividade ao remo, com seis dezenas de atletas distribuídos pelos diversos escalões. Carlos Bouça é o presidente desta coletividade que, em novembro próximo, completa já 27 anos de existência. Em breve conversa com a VALE MAIS, deu-nos a conhecer um pouco daquilo que é a ADCJC. Quais os principais momentos do historial da ADCJC? A ADCJC surgiu em 16/11/1989 por iniciativa de um grupo de jovens cerveirenses que, juntamente com o pároco local, criaram a Asso- ciação Desportiva e Cultural da Juventude de Cerveira. Começou por se praticar canoagem, depois tivemos também a na- tação e o remo, mas, hoje em dia, a única modalidade que disponi- bilizamos aos desportistas da nossa região é o remo. Os principais momentos que ficam no historial da ADCJC são as conquistas que temos realizado, quer a nível organizativo, nomea- damente, a constante melhoria das instalações e equipamentos do clube, quer a nível desportivo, as quais nos deixam muito satisfeito. Quais as mais-valias que um concelho como V. N. Cerveira proporciona ao remo e a projeção que este, neste concelho, alcançou? O concelho de Vila Nova de Cerveira, através do papel desempe- nhado pelo Município, tem proporcionado à modalidade todas as condições para a prática do remo. Este tem vindo a conquistar o seu espaço no desporto cerveirense, fruto de uma polí tica basea- da na formação. Esta tem dado os seus frutos, porque temos conseguido atrair mais jovens à modalidade. De que apoios dispõe e estruturas possui? A ADCJC conta com o apoio anual do município de Vila Nova de Cerveira e do tecido empresarial cerveirense. Possui umas instalações adequadas à modalidade, nomeadamen- te, um ginásio bem equipado, um tanque para a prática do remo e uma plataforma de embarque e desembarque com cerca de 32 metros, assim como uma frota de barcos que nos permite compe- tir, pela vitória, nos campeonatos nacionais que se realizam todos os anos. 42Agosto / Setembro’16

Ainda este ano adquirimos uma embarcação (Quadri - 4X) a qual PUBLICIDADEnos custou cerca de 26 mil euros. Esta aquisição só foi possível de-vido à colaboração do Município de Vila Nova de Cerveira e de al- 43gumas empresas do nosso concelho que se aliaram à nossa causa. Agosto / Setembro’16As nossas instalações são utilizadas também pela comunidade pis-catória local, mais concretamente pelos sócios da Associação dosPescadores da Ribeira Minho.De quanto é o orçamento anual?Para o ano 2016 é de cerca de 44 mil euros.O que representa hoje a ADCJC em termos de númeroatletaserespetivosescalõesetários?AlémdeV.N.Cerveira,de que concelhos, predominantemente, são oriundos?Nesta época de 2015/2016 alcançamos os 60 atletas, dos diversosescalões: Benjamins, Infantis, Juvenis, Juniores, Seniores e Vete-ranos.Temos, também, jovens dos concelhos de Caminha e de Valença.Projetos para o futuro?Pretendemos consolidar, cada vez mais, a posição da ADCJC nodesporto concelhio e regional. Como projeto de futuro gostaría-mos que a modalidade do remo fosse integrada no plano curricu-lar do desporto nas escolas do nosso concelho.Esta seria uma forma de dar a conhecer esta modalidade aos maisjovens e, quem sabe, recrutar para o remo futuros campeões na-cionais.Uma preocupação contínua da ADCJC é a melhoria das condiçõespara a prática da modalidade.ÓRGÃOS SOCIAISDIREÇÃO:Presidente: Carlos Alberto Limeres Bouça;Vice-Presidente: Carlos Rodrigues Fernandes;Secretário: Paula Maria Ferreira de Sousa;Tesoureiro: Ana Margarida Nogueira Vale Costa;Vogais: António Alexandre Malheiro Gonçalves, Ernesto Filipe Caldas Costa,Carlos Daniel Fernandes da Cunha, Emanuel Alberto Esteves Fernandes eMárcio Filipe da Silva LopesASSEMBLEIA GERALPresidente: Silvério José Alves Carvalho;1.º Secretário: Nelson Fernandes;2.º Secretário: José Fernandes;CONSELHO FISCALPresidente: Vítor Nelson Torres da Silva;1.º Secretário: Cândido Magalhães Malheiro;2.º Secretário: Nuno Miguel Silva Lopes.

PAREDES DE COURAPAREDES DE COURA NO “MOMENTO MAIOR” DO ANOParedes de Coura já se prepara para o evento que representa 50 a 60 por cento da faturação do comércio local. Estabelecimentospara quem o certame dita a sua sobrevivência! O festival de música, que decorre nas idílicas margens do Tabuão, decorre entre 17 e 20 deste mês de agosto e, se a promessa se cumprir, vai contar, até, com a presença do primeiro-ministro António Costa.A vila do interior minhoto, sede de um concelho com 9 mil habi- O cartaz completo ficou conhecido na primeira metade de julho.tantes, anima-se e torna-se, durante esse período, o centro das Da última vaga de confirmações fazem parte os britânicos Theatenções desta iniciativa cuja primei-ra edição ocorreu em 1993, então, Vaccines, que regressam onde foramcom entrada livre. Este ano, os passes felizes em 2013 e trazem com eles ogerais custam 90€ e podem ser adqui- seu quarto registo de estúdio, com so-ridos no site oficial do festival e ainda noridades diferentes do habitual. Paraem BOL.pt, Ticketscript, Seetickets e além do concerto, os Vaccines prota-noutros locais habituais. Os bilhetes gonizarão também um DJ Set já emdiários estão também disponíveis por jeito “after hours”.45€. Esta irá contar com o tropical chilenoO certame, se se cumprirem os nú- Matias Aguayo no último dia de fes-meros da última edição, anda pelos 3, tival, fechando assim a edição deste5 milhões de euros, com a autarquia ano ao som dos ritmos mais quentescourense a comparticipar com 250 mil da América do Sul. Para este último diaeuros, mas, apenas, 80 mil em termos estão também confirmados os braca-financeiros. O resto é em infraestru- renses GrandFather’s House.turas, casas-de-banho, vedações, ma-terial de apoio para a recolha de lixos, De regresso estão também os norte-a-montagem de vedações, camarins e bilheteiras. Pelo recinto do mericanos Algiers, depois de estado (efestival, estima-se, devem passar, durante os quatro dias em que o bem) na mais recente edição do Primavera Sound. A banda surgiumesmo decorre, cerca de 100 mil pessoas. quando Lee Tesche e Ryan Mahan (guitarrista e baixista ligados à cena underground do rock e noise) se juntaram a Franklin James Fisher, cujas raízes remontavam ao gospel, dando origem a um som que inclui gospel, blues e pós-punk. 44Agosto / Setembro’16

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ESTUDO ALTO MINHO José Cunha Machado // U. MinhoDEMOGRAFIA DO ALTO MINHOSITUAÇÃO ATUALDe acordo com as estimativas da população residente, divulgadas no passado dia 16 de Junho pelo Instituto Nacional de Estatística, apopulação residente nos concelhos do Alto Minho em 31 de Dezembro de 2015 foi estimada em 236 270 pessoas, ou seja, menos 1 727Epessoas quando comparado com a população estimada no mesmo dia do ano anterior.sta perda populacional traduziu-se numa taxa de crescimento Em contrapartida, no decurso da última década, o saldo migratório temnegativa de -0,73%, um reflexo da conjugação de saldos natural e contribuído de forma diversa para o crescimento populacional no Alto Mi-migratório negativos, correspondendo a taxas de crescimento na- nho. O saldo migratório positivo que se registou nos anos de 2006 e 2007,tural e migratório de -0,56% e -0,17%, respetivamente. correspondendo a uma tendência que já vinha desde 1995 (tendo mesmo registado um valor de 1 745 no ano 2000), foi o principal responsável pelaDa população residente estimada para o Alto Minho, no final de 2015, 109 atenuação do decréscimo populacional. Contudo, nomeadamente nos632 eram do sexo masculino e 126 638 eram do sexo feminino, registando- anos de 2012 a 2014, os saldos migratórios ao registarem valores muito-se uma relação da masculinidade de 86,6, isto é, cerca de 87 homens por negativos (entre as sete e as oito centenas), avolumaram a força com quecada 100 mulheres. a população alto minhota diminuiu neste período. Entretanto, no último ano, graças a um saldo migratório menos negativo, o decréscimo popula-Comparativamente com as estimativas divulgadas em anos anteriores, a cional foi mais reduzido.taxa de crescimento efetivo da população não é tão negativa quanto a re-gistada entre 2011 e 2014, período em que as taxas de crescimento anuaisforam inferiores a -0,80% (no ano de 2014 chegou a -0,89%). O período maisrecente em que a população alto minhota registou taxas de crescimentopositivo ocorreu entre 1996 e 2002 (depois de também ter registado taxasde crescimento negativas nos anos que precederam este período).Consequentemente, a diminuição da população é evidente, desde o anode 2003, tendo já ficado aquém dos 250 mil residentes durante o ano de2005. Todavia, se bem que quer a população masculina quer a populaçãofeminina se esteja a reduzir, esta redução é mais evidente entre os homens(Fig. 1). De tal modo que a relação de masculinidade tem vindo progressi-vamente a diminuir (em 2006, era ligeiramente superior e igual a 88,2). Embora o decréscimo populacional afete particularmente a dimensão da população, esta também se vem progressivamente alterando na sua com- posição por sexo e idade, com uma redução significativa da população jo- vem (com menos de 15 anos) e um aumento da população idosa (com 65 ou mais anos), favorecendo o envelhecimento demográfico (Fig. 3). Na dé- cada em análise, a população jovem reduziu cerca de 20%, corresponden- do a uma redução de 6 757 jovens (passou de 35 294 para 28 537), enquan- to a população idosa aumentou perto de 7%, correspondendo neste caso a mais 3 643 pessoas com 65 ou mais anos (passou de 53 166 para 56 809). O decréscimo populacional tem como explicação principal o persistente Esta variação na composição da população por grandes grupos etários registo de saldos naturais negativos, facto incontornável da realidade de- está bem patente no persistente crescimento do índice de envelhecimen- mográfica alto minhota nas últimas décadas (Fig. 2). Embora no início da to, o qual passou no decurso desta década de um valor de 150,6 para 199,1. última década, entre 2006 e 2009, a diferença entre o número de óbitos e Ou seja, no espaço temporal de uma década o número de idosos passou o número de nascimentos tivesse estabilizado abaixo do milhar, esta dife- a ser o dobro do número de jovens, quando dez anos antes apenas era 1,5 rença voltou a aumentar nos anos mais recentes de modo que, entre 2013 vezes superior. e 2015, passou a ser superior a 1 300. Em particular, no ano de 2015, o saldo natural foi de -1 317, o que significa que o número de óbitos foi largamente superior ao número de nascimentos. 46Agosto / Setembro’16

Avaliando este mesmo índice de envelhecimento, tomando em considera- PUBLICIDADEção a distribuição da população por sexo e idade, verifica-se uma diferençamuita significativa entre os homens e as mulheres do Alto Minho. Enquan- 47to no sexo masculino, a relação entre o número de idosos e o número dejovens passou de 116 para 152 idosos por cada 100 jovens, já em relação ao Agosto / Setembro’16grupo feminino, o índice de envelhecimento passou de 187 para aproxima-damente 250 idosas por cada 100 jovens.A pirâmide etária para o Alto Minho no final de 2015, com a distribuiçãoda população por sexo e grupos etários quinquenais, permite visualizar oduplo envelhecimento que esta população está a atravessar (Fig. 4). O es-treitamento da pirâmide na base, em resultado da forte diminuição da na-talidade nos últimos anos, tem conduzido ao envelhecimento na base. Poroutro lado, o alargamento da pirâmide no topo, resultante da melhoriadas condições de saúde e consequentemente no aumento da esperançade vida e da longevidade, conduziu ao envelhecimento no topo.É também bem visível nesta pirâmide etária a maior presença de mulhe-res com idades mais avançadas, o que pode ser facilmente medido pelarelação de masculinidade. Assim, enquanto a relação de masculinidadeestá conforme os ditames demográficos entre os jovens com menos de 15anos, ou seja, cerca de 105 jovens do sexo masculino por cada 100 jovensdo sexo feminino, já no grupo etário dos idosos a presença de mulheresé inequivocamente maioritária. Entre a população com 65 ou mais anos,a relação de masculinidade reduz-se para 64,3, ou seja, na população altominhota estão presentes cerca de 64 homens por cada 100 mulheres.Nota: Não tendo sido publicadas as Estatísticas Demográficas de 2015, oque deverá acontecer apenas no mês de Outubro, o valor do saldo naturalem 2015 é relativo aos dados apurados com base na informação registadanas Conservatórias do Registo Civil até Março de 2016.

VIANA DO CASTELOENTRE 19 E 21 DE AGOSTO“ROMARIA DAS ROMARIAS” TEM SOTAQUE BRASILEIROViana do Castelo já está a preparar-se para a Romaria da Senhora d’Agonia, a “romaria das romarias”, que decorrerá entre ospróximos dias 19 e 21, sexta a domingo, deste mês de agosto. A cidade multiplica várias vezes a sua população e celebra umafesta de que há registos desde o séc. XVII.No programa, variado, destacam-se o Cortejo Histórico e Etnográ- Apresenta-se com um Trajefico (na tarde de domingo), desfile de mordomia de Domingar, na cor azul,(manhã do dia 19), Procissão que foi adquirido em Via-Solene (tarde do dia na do Castelo numa das19), Noite dos tape- suas deslocações a terrastes na Ribeira (de 19 lusas. O ouro que envergapara 20), Procissão ao na imagem do cartaz é deMar (tarde do dia 20), valor sentimental, por serFesta do Traje (pelas emprestado por familiares22h do dia 20), fogo e amigos.de artifício (todas asnoites, com destaque A designer, Anna Galvão,para a Serenata, no tem 22 anos, é também bra-último dia) e revistas sileira com raízes familia-de gigantones e cabe- res em Portugal, no caso açudos (todos os dias, Madeira. À semelhança deao meio-dia). Bárbara, pertence ao Ran- cho Folclórico José Ferreira Todavia, a grande no- ríodo Vaz, na cidade de Niterói, vidade deste ano é visitar. Como neste mo- vizinha do Rio. Foi a mãe da o sotaque do cartaz. Anna, que, sabendo da sua Este ano, entre 28 paixão pelo design e pelo propostas a concur- folclore, lhe lançou desafio, so, acabou por ser depois de ter tido conheci- escolhido aquela que mento, através da internet, apresentava sotaque da abertura do concurso. brasileiro e, daí, pela primeira vez, se re- Quanto ao cartaz, que to- gistar uma inspiração dos os anos corre mundo internacional. A mor- apresentando a maior ro- doma do cartaz, Bár- maria portuguesa aos qua- bara Temporão, com tro cantos, é uma ilustração 19 anos de idade, nas- da imagem de Nossa Senho- ceu no Rio de Janeiro ra da Agonia, padroeira dos (familiar de José G. pescadores, inspirada num Temporã, ex-ministro ex -voto de 1777 exposto de Lula da Silva), mas no consistório do Santuário. a família materna é do “Ressaltei principalmente a questão Alto Minho, de Mon- artesanal da cultura e tradições portuguesas: o bordado ção, terra que, em pe- de Viana, no título, no trabalho de confecionar um cesto a ilustra- de férias, costuma ção feita à mão, as flores, remetendo à relação da lavradeira com mento está já a suceder. a natureza”. 48Agosto / Setembro’16

PUBLICIDADE 49 Agosto / Setembro’16

CINEMA AO NORTE MELGAÇO Associação cineclubistaFILMES DO HOMEM ESTÁ AÍ MAIS UMA EDIÇÃO DO O Festival dedica-se também a identificar e re- FILMES DO HOMEM, FESTIVAL gistar as histórias da região que espelham estas INTERNACIONALDEDOCUMENTÁRIO mesmas problemáticas. Através da residência DE MELGAÇO, ESTE ANO DEDICADO artística Plano Frontal, destinada a jovens cria- AO TEMA IDENTIDADE(S). É ATRAVÉS DO CINEMA QUE O FESTIVAL PROPÕE dores, o município revela a preocupação e o UM OLHAR SOBRE A HUMANIDADE, cuidado de encontrar essas histórias e regis- MÚLTIPLA, COMPLEXA E, TAMBÉM POR tá-las, para evitar que esses fragmentos desa- ISSO, FASCINANTE. AO RECONHECER pareçam, criando um arquivo audiovisual com ESTAS CARACTERÍSTICAS, O EVENTO ENCONTRA UM ESPAÇO PARA CELEBRAR imagens fixas e em movimento, e construin- A DIVERSIDADE, QUER HUMANA QUER do um acervo. Já nas duas edições anteriores CINEMATOGRÁFICA, PRIVILEGIANDO se realizaram filmes documentais e projetos A INCLUSÃO DAS IDENTIDADES DAS fotográficos. Em 2016, mais uma vez, aco- MARGENS, COM OLHARES CENTRADOS NAS PERIFERIAS. lher-se-ão equipas de jovens artistas, para prosseguir com esse trabalho de recolha eÉatravés de uma mostra competitiva, na representação das memórias locais. qual é atribuído o prémio Jean Loup Pas- sek, que se revelam olhares de vários rea- Os processos migratórios e de identidade lizadores e que se constroem narrativas de nas representações cinematográficas são valor estético sobre temas como a identidade, a também matéria de questionamento e memória e a fronteira. Uma forma de promover o reflexão no seminário de verão denomi- cinema etnográfico e social, questionando os limi- tes geográficos impostos ao ser humano e promo- nado Fora de Campo. Estimula-se assim vendo a tolerância. Estão por isso selecionados para o debate multidisciplinar e aproximam- a terceira edição deste festival uma multiplicidade de -se abordagens artísticas, tecnológicas abordagens, filmes políticos e sociais, mas também e das ciências sociais e humanas ao ensaios poéticos e narrativas autobiográficas que ex- ploram e questionam a memória. cinema. O seminário realiza-se de 3 a 7 de Agosto e é gratuito para os habi- As 13 longas-metragens e 14 médias e curtas-metra- tantes do município. É um espaço de gens selecionadas são disso exemplo. São filmes que encontro, de partilha, de questiona- unem essa diversidade, ao mesmo tempo que tornam visíveis os problemas de adaptação nos deslocamentos mento, com uma abordagem teóri- humanos e as identidades nacionais. Filmes sobre os re- ca e prática. fugiados Sírios que diariamente chegam à Europa, sobre os portugueses emigrados em França, sobre as memórias Haverá ainda lugar a exposições de um avô rememorado, sobre a fé que acompanha as pe- de fotografia, apresentações de regrinações, sobre os desabafos femininos que acontecem filmes pelos realizadores, exibição num cabeleireiro que recebe mulheres árabes e judias… os de filmes ao ar-livre, em regime 27 filmes selecionados apresentam uma multiplicidade de abordagens, filmes políticos e sociais, mas também ensaios de itinerância pelas freguesias poéticos e narrativas autobiográficas que exploram e ques- envolventes de Melgaço e na Ga- tionam a memória. liza, do outro lado da fronteira. Mas apesar de evocarmos me- mórias não queremos ancorar- -nos no passado. As histórias que buscamos, em cada uma das iniciativas do Festival Internacional de Documen- tário, são do domínio do tempo presente, seja na vivência ou na lembrança. O que pretendemos com esta reflexão é, sobretudo, olhar o futuro. 50 HTTP://WWW.FILMESDOHOMEM.PTAgosto / Setembro’16


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