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Nossos AssuNtos Pecuária sob pressão título do Anuário 2012 de DBO – “Ex- ção a 2011. Produção, consumo e importações pectativas Positivas” – espelhava o que aumentaram, o que indica aquecimento no se- O várias fontes ouvidas pelos repórteres da tor, mas também aumentaram os custos de pro- revista aguardavam para o ano que passou. In- dução, que tiveram nos concentrados elevação felizmente, a maioria delas não se concretizou. de nada menos que 40%, segundo indicador da Ainda que os preços da arroba do boi gordo já Embrapa Gado de Leite. Por tudo isso, conti- tivessem sofrido uma queda de 2010 para 2011, nua a pressão por melhor gerenciamento e pla- havia alguns sinais de que o quadro poderia ser, nejamento na atividade. no mínimo, mantido. Mas o clima desregulado, No que diz respeito à comercialização de a quebra da safra norte-americana de milho e animais em leilões, o reflexo do que aconteceu uma Europa em crise econômica, além de um com o mercado do boi gordo quebrou a sequ- baixo crescimento da economia brasileira, fize- ência de bons números que vinha sendo regis- ram com que as coisas tomassem outro rumo. trada por DBO nos últimos anos. As vendas de A arroba do boi gordo – que havia evoluí- gado de corte (R$ 566 milhões), ainda que em do 10% em 2011, quando descontada a infla- quantidade semelhante à de 2011 (76.235 lo- ção – teve, pelo mesmo mecanismo de corre- tes) recuaram 13% em faturamento. O Nelo- ção, retração de 12% em 2012, aponta o Cepea – Custos mais altos e preços Centro de Estudos Avança- dos em Economia Aplica- mais baixos continuarão a da, da USP. A deterioração da relação de troca com al- exigir gerenciamento rigoroso guns dos principais insu- mos comprova a conta des- favorável ao pecuarista. Ressalva para quem re, carro-chefe do segmento com 78% das ven- vendeu boi de olho na reposição: a relação de das, diminuiu a oferta em 5% e faturou 17% troca com o bezerro melhorou, à custa de pre- menos. A queda das raças de corte foi arrefe- ços menores também nessa categoria. Mas o cida pelo avanço da Angus, que vendeu 14% problema foi o efeito psicológico: muitos es- mais, tanto em quantidade como em receita, peravam que a arroba do boi fosse romper no- e de outras taurinas e compostas, como Bra- vamente a barreira dos dois dígitos, o que não ford e Brangus . Reflexo da maior demanda aconteceu; ficou na média de R$ 95,00, em ter- por animais de cruzamento industrial. Quan- mos nominais, à vista, segundo o indicador da do incluídas as raças leiteiras, o número total BM&FBovespa, com dados do Cepea. de leilões de 2012 (1.336) foi quase 6% infe- O segmento que pôde comemorar o fecha- rior ao de 2011, o que impactou negativamente mento de 2012 foi o da indústria frigorífica. A (12%) o faturamento (R$ 761 milhões). Ainda combinação de preços mais baixos da arroba assim, foram vendidos 116.469 animais, ape- com um incremento no volume exportado fez nas 2% menos do que os 118.617 comerciali- com que as exportações de carne bovina regis- zados em 2011. trassem números recordes: 1,846 milhão de to- Também reflexo de um mercado mais frou- neladas e fatura de US$ 5,744 bilhões, este úl- xo em termos de remuneração ao produtor, timo 16% superior ao número de 2011. Acerto houve redução de números no mercado de in- na previsão da Abiec, que contava com uma re- sumos. Os mais afetados foram os de suple- versão no quadro de queda dos embarques que mentos minerais e sêmen, este último ainda se mantinha por quatro anos seguidos. com crescimento de vendas, mas com percen- Na pecuária leiteira, a situação foi um pou- tual reduzido a um dígito, após vários anos na co melhor. O clima desregulado inverteu a ló- casa dos dois. gica do comportamento dos preços, fazendo Resta torcer para que alguns fatores – ines- com que o pico de preços acontecesse no fim perados no ano passado – não se repitam este da safra e o piso, na entressafra. Mas, segundo ano. Mas para alguns analistas, a pressão sobre o Cepea, a média de preços pagos ao produtor o produtor vai continuar. n pelo litro de leite (R$ 0,88), também corrigi- da pelo IPCA, recuou apenas 0,97% com rela- Moacir José Anuário DBO 2013 4
Índice Balanço Leite em números 90 Seleção mais adaptada ao Centro- Oeste rende frutos ao Charolês 8 Exportações brasileiras de carne estão 57 Margem de lucro diminui e reforça 91 SC e procura por touros alavancam com a Índia nos calcanhares apelo ao bom gerenciamento vendas do Devon 12 Com exportações em alta e arroba em 58 Seletividade do pecuarista reduz Fêmeas incrementam vendas do baixa, frigoríficos não tiveram motivos número de vacas em lactação 92 para queixas. Braford 60 Custos mais elevados e clima 14 Preços mantiveram-se estáveis no desfavorável contêm avanço da 93 Fêmeas impulsionam vendas do Brangus mercado de reposição produção 94 16 taurinas e compostas abaixo dos 16 Grãos frustram expectativa de 62 Consumo de lácteos cresce mais 3% 10 leilões crescimento do confinamento 64 Preços tiveram “safra invertida” e 96 Raças leiteiras recuam em volume 18 Nordeste melhora estrutura sanitária e ligeiro recuo frente a 2011 e preço parte para mudança de status na febre aftosa 68 Importação aprofunda o déficit da 98 Girolanda avança e passa dos balança comercial R$ 102 milhões 22 Preços dos grãos pressionaram a competitividade da avicultura brasileira Leilões em números Visão Setorial 23 Mesmo com dificuldades, dentro e Acompanhando o mercado do boi, fora do País, carne suína cresce. 70 104 Conjunção de fatores diminui ritmo comercialização se retrai e receita de crescimento nas vendas de sêmen encolhe 12%. Corte em números 106 Trajetória de alta interrompida para 72 O que passou e o que está por vir na os suplementos minerais 31 Abate de fêmeas e maior oferta de visão dos leiloeiros machos pressionam preços para baixo 108 Desempenho menos vigoroso da 74 Crescimento dos taurinos amortece indústria veterinária 32 Rebanho cresce em ritmo menor, queda das raças de corte reflexo da mudança do ciclo pecuário. 110 Sem estoques, queda na fatura do 76 Depois de anos de crescimento, oferta setor de sementes. 34 Mais vacas no gancho engrossam as de Nelore cai. estatísticas de abate 80 Pasto, o novo desafio do Brahman Opinião 36 Preços frouxos deixam mercado do boi em banho-maria 82 Fêmeas dão reforço aos números do 20 Enrico Ortolani troca em miúdos o Guzerá 42 Preço morno da arroba derrubou príon da vaca louca contratos no mercado futuro 84 Tabapuã se consolida em praças de peso 26 Ciro Siqueira aponta o quê fazer 46 No mercado externo, volume garante 86 Angus segue trajetória ascendente e agora que temos o novo Código receita recorde. fatura 14% mais Florestal 50 Alta nos custos estabiliza produção 88 Hereford toma fôlego para continuar 28 Elvison Ramos e Maurício Oliveira mundial de carnes crescendo mostram os caminhos do Plano ABC Diretor Responsável: Editoração Executivas de Contas: Demétrio Costa Edson Alves e Sergio Escudeiro Andrea Canal, Heliete Julia Zanirato e Vanda Motta Coordenação Gráfica REDAçãO Projetos Especiais Editor-executivo Walter Simões Publicação Moacir de Souza José Naira Barelli DBO Editores Associados Ltda. Marketing Gerente Circulação e Assinaturas Rua Dona Germaine Burchard, 229 Repórteres e Colaboradores Rosana Minante Gerente: Perdizes, São Paulo – SP – 05002-900 Carolina Rodrigues, Denis Cardoso, Edna Aguiar Tel.: 11 3879-7099 Fernando Yassu, Luiz Pitombo, Maristela Departamento Comercial www.portaldbo.com.br Franco e Renato Villela. Gerente José Geraldo S. Caetano Diretores: Daniel Bilk Costa, ARtE Tiragem: 20 mil exemplares Demétrio Costa Editor Supervisora de Vendas Impressão e Acabamento e Odemar Costa. Edgar Pera Marlene Orlovas Prol Editora Gráfica Ltda. Anuário DBO 2013 00 5
Balanço C ReposiçãoonCorrentes Com a Índia nos calcanhares País asiático tem crescimento exponencial nos embarques de carne bovina e ameaça a liderança brasileira Tânia Rabello O Brasil e seus principais concorrentes na exportação de carne bovina Colaborou: MaRisTela FRanco País Rebanho (1) Produção (2) Exportação (2) Área de pastagem (3) e a referência utilizada para saber quem ficou em primeiro lugar nas BRasil 213,60 10,061 1,846 167,6 Sexportações mundiais de carne bo- Índia 323,70 3,643 1,680 10,3 vina em 2012 fossem as previsões do De- partamento de Agricultura dos Estados Austrália 28,51 2,140 1,380 344,5 Unidos, o USDA, a Índia já teria passado EUA 90,77 11,709 1,124 238,2 o Brasil. Os dados preliminares dos nor- te-americanos, feitos em novembro do Nova Zelândia 10,06 627 521 10,7 ano passado, apontavam o país asiático Canadá 12,22 1,060 395 15,5 com 1,680 milhão de toneladas embar- cadas, ante 1,394 milhão do Brasil. Mas Uruguai 11,23 520 365 12,6 os dados divulgados pelo Ministério do (1) em milhões de cabeças; em milhões de toneladas equivalente-carcaça; em milhões de hectares; (3) (2) 4) Desenvolvimento, Indústria e Comércio ( carne majoritariamente obtida de rebanho bubalino de 100 milhões de cabeças. do País na primeira quinzena de janeiro Fontes: IBGE, MDIC/Secex, FAO. Elaboração: Scot Consultoria e DBO. apontam para 1,846 milhão de toneladas nos embarques do produto nacional. estimulou os embarques brasileiros em do, destaca que coube à Índia um naco Não foi, portanto, desta vez que o 2012, resultando no recorde de fatura- de 83% no crescimento nos embar- Brasil perdeu a liderança para a Índia. mento. “Começamos 2011 com câmbio ques de carne bovina mundiais des- Mas isso poderá acontecer em 2013. de R$ 1,60 em relação ao dólar e fecha- de 2008. “Um fenômeno”, qualificou Pela previsão do USDA (veja tabela na mos 2012 por volta de R$ 2,05, bem me- ele, em palestra a pecuaristas brasi- pág. 51), os indianos deverão embarcar lhor para exportar”, reconhece Sampaio. leiros, acompanhada por DBO, em ou- 2,160 milhões de toneladas, marca su- tubro de 2012. Ele lembra que Índia, perada apenas pelo recorde brasileiro Desconcertante Austrália, Brasil e Estados Unidos de 2007, quando foram enviadas ao ex- A se confirmar a previsão do USDA são responsáveis por 63% das vendas terior 2,190 milhões de toneladas. Ou para 2013, a Índia terá registrado cres- mundiais do produto. “A produção seja, o País tem o desafio gigantesco de cimento de 28% sobre 2012 e nada me- mundial está praticamente estabiliza- crescer 25% em 2013 se quiser manter- nos do que 67% so- -se na liderança. bre 2011, um avanço Indianos foram responsáveis Se o indicador fosse faturamento em desconcertante num por 83% do crescimento das dólares, a tarefa seria mais fácil: no ano mercado onde cres- passado, o Brasil bateu novo recorde, cer 10% é conside- exportações de carne nos últimos ao faturar, com o 1,7 milhão de tonela- rado de bom tama- cinco anos das, US$ 5,7 bilhões, US$ 200 milhões a nho. O crescimento mais do que em 2011 (veja mais a partir do país asiático justifica-se, segundo o da desde 2009 e os principais produ- da pág. 46) Mas poderia ter sido mais, USDA, pela aquecida demanda por carne tores _ EUA, Brasil, União Europeia _ na opinião de Fernando Sampaio, dire- barata e de baixa qualidade por parte dos e China mantiveram ou diminuíram tor executivo da Abiec (Associação Bra- países subdesenvolvidos, principalmen- sua produção nesse período. Mas a Ín- sileira das Indústrias Exportadoras de te da própria Ásia, da África e do Orien- dia disparou”, diz ele, calculando que Carne): “Não fosse a conjuntura de re- te Médio e pelo aumento no número de o país asiático tenha aumentado em 1 cessão econômica mundial, que fez cair abatedouros no país, que absorvem, além milhão de toneladas sua produção nos _ o preço médio da carne de US$ 4.905 de búfalos, gado leiteiro improdutivo o últimos cinco anos. por tonelada em 2011 para US$ 4.648 leite também está em expansão na Índia, Black informa que a Índia contava por tonelada em 2012, a receita teria que tem investido fortemente em genéti- com 56 frigoríficos em funcionamento sido maior”, explica. ca, segundo o USDA. no início de 2012, mas pretendia inau- Visto de outro ângulo, foi justamente Randy Black, analista de mercado gurar mais 12 até o fim do ano. _ o fato de a carne estar mais barata tur- da consultoria norte-americana Cat- Analistas brasileiros ponderam, po- _ binada por um câmbio favorável que tleFax, sediada no Estado do Colora- rém, que o fôlego indiano pode ser cur- Anuário DBO 2013 8
to, por causa da baixa qualidade da car- Como a Índia se aproximou rapidamente do Brasil ne, advinda principalmente de búfalos e de vacas leiteiras velhas. “Embora a Índia tenha grande potencial, acredito que só no longuíssimo prazo poderá in- comodar o Brasil, pois tem de resolver sérios entraves, tanto sanitários quan- to na estrutura frigorífica, para efetiva- mente se tornar um grande exportador de carne de qualidade e ameaçar a po- Milhões de tonelalda sição do Brasil”, pontua Alex Lopes da Silva, zootecnista e consultor de mer- cado da Scot Consultoria, de Bebedou- ro, SP, ressaltando que os alicerces que sustentam a posição do Brasil são car- ne em volume, com qualidade e a pre- ços competitivos. Nesse sentido, Fernando Sampaio, da Abiec, acrescenta que a Índia já tem encontrado algumas barreiras sanitá- rias. “O Egito tinha começado a com- Fonte: USDA, com dados preliminares de 2012. prar a carne indiana, mas parou por- que estava encontrando cisticercose. A Índia tem de evoluir muito ainda para o ranking, César Alves, da MB Agro, des produtores também reduziram seus conquistar mercados.” ressalta que 2012 foi um ano de recu- plantéis: Argentina, com 2,6 milhões Já César de Castro Alves, analista peração para as exportações brasilei- de vacas, e Canadá, com 1 milhão, são de pecuária da MB Agro, consultoria ras. “Estou falando em toneladas, não os mais expressivos, mas o fenômeno sediada em São Paulo, acredita que o em valores, porque estes sobem e des- ocorreu também com China, União Eu- país asiático tem potencial, sim, para cem. Volumes apontam uma questão ropeia e México, aponta o consultor. afetar alguns mercados brasileiros, so- mais estrutural da cadeia e a conquista “Só no Brasil o número de vacas cres- bretudo os países mais pobres, ávidos efetiva de mercados, por isso é impor- ceu expressivamente; nos últimos cin- por carne de baixo preço, como os do tante medir o desempenho por volume. co anos, foram mais 5,5 milhões de va- Oriente Médio, cujos principais com- Neste quesito nós avançamos”, diz. cas”, calcula Black. pradores (Líbano, Arábia Saudita e Irã) Isso não quer dizer, porém, que o representam 24% das vendas brasilei- Outros concorrentes Brasil não esteja ameaçado pela concor- ras. “Estados Unidos e Austrália, ou- Relatório da FAO (Organização das Na- rência mais direta. No caso dos Estados tros dois grandes exportadores, não ções Unidas para a Agricultura e Alimen- Unidos, que é o quarto maior exportador, competem diretamente com a Índia, tação) de outubro de 2012 confirma que a o rebanho é o menor desde 1958, mas a pois focam em mercados mais valori- produção de carne bovina está praticamente produção de carne dobrou desde então. zados”, diz Alves. estagnada na casa dos 66 milhões de tonela- Segundo o consultor norte-americano, a Fabiano Tito Rosa, diretor de Pes- das (66,7 milhões em quisa de Mercado do Minerva Foods, 2010, 66,6 milhões _ de Barretos, SP o terceiro maior fri- em 2011 e projeção Concorrência maior com a _ gorífico exportador do País , confir- de 66,8 milhões em carne brasileira está no Oriente mou, durante o Encontro de Analistas 2012). Médio e na África da Scot Consultoria, realizado em no- Randy Black, vembro passado, que a Índia já está da consultoria Cat- exportando mais do que o Brasil para tleFax, atribui a causa à queda no nú- explicação para isso está no maior peso o Líbano e os Emirados Árabes, e tam- mero de vacas de corte no mundo todo. das carcaças (passou de 300 kg em 1982 bém disputa espaço na África, con- Segundo seus cálculos, o rebanho para 378 kg em 2012, incremento de 3 kg tinente no qual o Brasil tem o Egito mundial dessa categoria encolheu de por ano) e também no aumento do núme- em quarto lugar entre seus principais 216 milhões de cabeças em 2000 para ro de bezerros leiteiros que antes eram compradores, com cerca de 130.000 204 milhões em 2011. O maior produ- abatidos como vitelos e hoje são confi- toneladas embarcadas e faturamento tor (EUA) registra retração de plan- nados, além da importação de animais de US$ 512 milhões (11% do total ex- tel marcante, agravada em 2012 pela do México. “A taxa de desmama tam- portado), e Angola, em 13º lugar, com pior seca dos últimos 50 anos, que o bém aumentou, passando de 87% para 17.000 toneladas embarcadas e fatura- fez perder 1,8 milhão de cabeças entre 89%. Nos últimos 30 anos, a produção mento de US$ 65 milhões. 2011 e 2012 (92,5 milhões e 90,7 mi- de carne por vaca aumentou 45%”, infor- Independentemente de quem lidera lhões, respectivamente). Outros gran- ma Randy Black. Anuário DBO 2013 9
Balanço ConCorrentes Outro ponto: o alto custo da carne bo- trizes nos próximos dois anos: me- Efeito da vaca louca vina naquele país (US$ 80/@, ante US$ 45 nos 480.000 vacas em 2013 e menos Embora no fim de 2012 a descober- no Brasil, segundo cálculos de César Al- 100.000 em 2014. E, pela projeção do ta do príon causador da Encefalopatia ves, da MB Agro) tem levado a indústria USDA, deverão exportar um pouco Espongiforme Bovina (BSE, na sigla frigorífica a destinar a produção local para menos do que em 2012. em inglês), ou doença da vaca louca, a exportação, abastecendo o mercado inter- Quanto à Austrália, outro concor- em uma vaca no Paraná tenha causado no com carne importada de outros países. rente direto do Brasil, embora tenha preocupação no mercado exportador de Em 2011, os EUA registraram o momento aumentado seu rebanho em quase 2 carne bovina, o fato acabou não afetan- em que mais se aproximaram do Brasil, de- milhões de cabeças, não tem tanto fô- do as exportações. Em parte porque a pois de 2003, quando suas exportações fo- lego para ampliar mercados, analisa Organização Mundial de Saúde Animal ram afetadas por casos de vaca louca: 1,263 Fernando Sampaio, da Abiec. “A Aus- (OIE) manteve o status brasileiro como milhão de toneladas, ante 1,635 milhão do trália já exporta 75% do que produz”, de risco insignificante para a doença e Brasil. Segundo o analista da CattleFax, os pontua. Assim, para atender à deman- o País soube prestar esclarecimentos a EUA estão deslocando suas exportações da crescente dos emergentes vizinhos, tempo a respeito do ocorrido, que foi para áreas do mundo onde o Brasil atua jus- como China, Vietnã e Indonésia, teria um caso “não clássico” da doença. tamente porque não conseguem voltar aos de embarcar menos carne para os valo- Em que pese o embargo de dez _ níveis pré-BSE, especialmente junto ao Ja- rizados Japão e Coreia do Sul. “Apesar paí ses à carne bovina brasileira de _ pão, que era seu maior comprador. “A ex- da vantagem logística da Austrália, os um total de 138 compradores , o portação é essencial para a saúde financei- preços competitivos do Brasil seriam País fechou os embarques de carne in ra da indústria da carne norte-americana”, atraentes para esses emergentes, e, se natura, industrializada e miúdos com pontua o analista. a Austrália começar a vender para um desempenho 26% maior em volume e Para nossa sorte, a previsão da lado, tem de parar de vender para ou- 18% em receita em relação ao mesmo consultoria norte-americana é a de tro, dada a limitação da sua produção”, mês do ano anterior (Veja reportagem que os EUA continuarão a perder ma- acredita Sampaio. na pág. 36). Anuário DBO 2013 10
Balanço F ReposiçãorigoríFicos Sem motivo para queixas Exportações em alta e arroba menos valorizada melhoraram margens de lucro e elevaram faturamento Maristela Franco Recuperações gorífico de Araguari funcionando a toda [email protected] De fato, o setor apresentou perfil re- carga e retomou os abates em Rondonó- lativamente estável em 2012, seja no polis (MT), no mês de dezembro. s frigoríficos guardarão boas lem- que diz respeito a incorporações seja no As demais recuperações judiciais branças de 2012. Com a arroba mais que se refere a insolvências. Registrou- não chegaram a bom termo, tirando o Obarata (o indicador Esalq apresentou -se apenas um novo pedido de recupe- sono dos credores. Em abril, uma plan- média nominal 5,3% inferior à de 2011), ração judicial em janeiro, o do Frigo- ta do Quatro Marcos em Alta Floresta, os gastos da indústria com aquisição de rífico Mondelli, de Bauru, SP, empresa MT, quase foi leiloada, por R$ 9,8 mi- matéria-prima diminuíram, ao mesmo familiar criada em 1930 que começou a lhões, para pagamento de dívidas tra- tempo em que o faturamento aumentou, apresentar problemas financeiros após balhistas. Já o caso do Independência devido ao bom desempenho das expor- a crise de 2008. Sob administração da somente teve um desfecho, não necessa- tações e ao mercado interno em expan- consultoria especializada KPMG, o fri- riamente honroso, no final de novembro, são. O setor obteve receita recorde com gorífico conseguiu, contudo, voltar a quando a compra dos ativos da empresa vendas externas (US$ 5,7 bilhões, 16% gerar caixa e teve seu plano de recupe- foi finalmente aprovada em assembléia. a mais do que no ano anterior), favoreci- A JBS pagará por quatro frigoríficos, do, ao mesmo tempo, pela valorização do dois curtumes, dois centros de distribui- dólar, pela demanda estável e por preços Marfrig levantou ção e marcas de carne o equivalente a co afetados pela conjuntura econômica R$ 1,05 bilhão R$ 268 milhões, sendo R$ 135 milhões internacionais relativamente firmes, pou- em ações e R$ 133 milhões em dinheiro. recessiva. Somente o episódio da vaca com nova venda Os pecuaristas, contudo, receberão ape- louca, comunicado em dezembro, nublou nas parte do que lhes é devido. um pouco esse cenário, mas sem conse- de ações quências muito nocivas sobre o mercado. Movimentos da JBS Maior empresa do setor, a JBS apre- Mercosul ração aprovado pela assembléia de cre- sentou balanço bastante positivo no ter- dores, no dia 3 de dezembro. O acordo ceiro trimestre de 2012, registrando lu- responderá por 35% ainda deve ser ratificado pela Justiça e cro recorde de R$ 495,4 milhões, contra do faturamento da JBS propõe o pagamento de R$ 65 milhões um prejuízo de R$ 67,5 milhões no mes- mo período do ano anterior. Os resultados (R$ 22 milhões a pecuaristas), em parce- em 2013 las anuais de R$ 1 milhão, que subiriam do quarto trimestre somente serão divul- gradativamente até atingir R$ 4 milhões gados em março, mas a empresa prevê em 2017, valor assim mantido até mea- encerrar o ano bem menos endividada e Antônio Camardelli, presidente da dos de 2030, quando a dívida seria final- com receita pelo menos 20% superior à Abiec, Associação das Indústrias Exporta- mente quitada. de 2011. Seu apetite para aquisições arre- doras de Carne, classifica 2012 de positivo, Dos muitos frigoríficos que já esta- feceu, porém não muito. Em fevereiro, ar- não apenas pelos resultados econômicos, vam em processo de recuperação, ape- rendou quatro plantas frigoríficas do Gua- mas porque as indústrias demonstraram ha- nas três conseguiram avançar em 2012: poré Carnes; em maio, entrou no mercado bilidade gerencial para enfrentar os proble- o Frigol, o Frialto e o Mataboi, que têm brasileiro de aves, arrendando dois aba- mas pontuais que foram surgindo ao lon- cumprido os planos de pagamento acor- tedouros da Frangosul; Em outubro, ar- go do ano. Péricles Salazar, presidente da dados com os pecuaristas. O primeiro, rematou a canadense XL Foods e a em- Abrafrigo, Associação Brasileira de Frigo- com unidades de abate em Lençois Pau- presa avícola catarinense, Agrovêneto; e, ríficos, é da mesma opinião. “Eu diria que lista, SP, e Água Azul do Norte, PA, re- em dezembro, concluiu a compra do In- o ano foi bom para toda a cadeia, inclusive estruturou sua administração e criou dependência. para o produtor, que conseguiu manter seu uma empresa de capital aberto, a Fri- A companhia conseguiu elevar a par- negócio, o que é altamente desejável, pois gol Foods, para comercializar produtos ticipação do mercado doméstico em sua isso garante a sobrevivência da pecuária a cárneos de maior valor agregado. O se- receita total e pretende reforçar essa estra- longo prazo. Tivemos uma demanda sólida, gundo já está operando suas quatro plan- tégia. Segundo informou Wesley Batista à preços compatíveis e uma indústria menos tas, três no Mato Grosso e uma no Mato imprensa, em novembro, a JBS Mercosul vulnerável”, avalia. Grosso do Sul. O Mataboi mantém o fri- deverá responder por 35% do faturamento Anuário DBO 2013 12
Sem motivo para queixas Ações do Minerva será aplicado em parte para pagamnto de da surgiram rumores sobre a abertura de uma CPI na Câmara dos Deputados para débitos, a empresa apresentou o melhor retorno no mercado de dívida em dólares, investigar a questão do BNDES, que po- Exportações em alta e arroba menos valorizada melhoraram subiram 133% dentre emissores brasileiros. Suas ações deria ter convertido as debêntures que de- também subiram, acumulando alta de tém da companhia em ações (o contra- até fins de setembro margens de lucro e elevaram faturamento 133% até fins de setembro, contra 11% do to lhe garantia essa prerrogativa, caso a Marfrig fizessse nova emissão antes de JBS e 41% do Marfrig, embora esses per- total da empresa já em 2013, contra 24% centuais tenham se deteriorado um pou- 2015), mas o banco, estranhamente, pre- em 2012. Contribuirão para isso o recém- co após o anúncio do caso não-clássico de feriu abriu mão dessa opção. -montado negócio avícola, voltada à ex- vaca louca no País, em dezembro. Um pouco mais distante do trio de portação, e a maior capacidade de abate grandes frigoríficos de capital aberto, o de bovinos, que subirá para 1,3 milhão de Tatuibi pretende Tatuibi, pertencente ao Grupo Rodopa, cabeças neste ano (aumento de 20%), de- continuou crescendo em 2012 e deverá vendo chegar a 2 milhões em 2014. A JBS ampliar sua capacidade dobrar sua capacidade de abate, passan- já colocou quatro novas plantas para fun- do de 3.000 para 6.000 cabeças/dia, com cionar: Rolim de Moura (RO), Nova An- de abate de 3.000 a construção ou arrendamento de duas no- dradina (MS) e Pontes e Lacerda (MT), vas plantas, que se somarão às quatro já que pertenciam ao Independência, além para 6.000 cab/dia existentes, localizadas em Ipuã e Santa Fé de Vila Rica, que era do Quatro Marcos. do Sul, SP; Goiás Velho, GO; e Cassilân- Em fevereiro, entra em operação a unida- dia, MS. O projeto é do diretor-executivo de de Senador Canedo (GO), que também Já a Marfrig, segunda maior em- do Tatuibi, Sérgio Longo, que, em outu- era do Independência, e, no mês de abril, presa do setor, também obteve bons re- bro, junto com seus sócios da Selo Con- a de Castelo dos Sonhos, no Pará, arren- sultados no terceiro trimestre, mas não o sultoria, assumiu o controle acionário da dada do Grupo Guaporé. suficiente para dissipar dúvidas do mer- companhia, criada em 1958 pela famí- cado quanto a seu futuro. Cerca de 70% lia Bindilatti. A transação foi fechada por Outros grandes do dinheiro obtido com a oferta de ações R$ 200 milhões e incluiu a assunção de O Minerva também está focando seu feita em dezembro (R$ 1,05 bilhão) se- encargos financeiros de R$ 160 milhões. crescimento no Mercossul. Em setembro rão usados para quitar débitos com ven- Para ganhar fôlego, a empresa fez uma de 2012, comprou, por R$ 35 milhões, um cimento de curto prazo, mas a dívida da captação externa de US$ 100 milhões em segundo frigorífico no Paraguai, o Frigo- empresa continuará muito elevada, acima bonds, alongou dívidas e está aumentan- merc, que abate 1.000 cabeças/dia. Por dos R$ 8,5 bilhões. Além disso, como as do tando sua capacidade de abate quanto ter fechado o terceiro trimestre com lu- ações foram vendidas a R$ 8 cada, abaixo suas exportações. Também planeja abrir cro (R$ 21,3 milhões) e bom caixa (R$ dos R$ 11 propostos inicialmente, a cota- capital, qundo atingir receita anual de R$ 920 milhões), além de ter vendido novas ção dos papéis da Marfrig na Bolsa caiu 3 bilhões. Atualmente, fatura cerca de R$ ações por R$ 474,4 milhões, dinheiro que muito, no final do ano. Para piorar, ain- 1 bilhão/ano. n COMPARANDO BEM, NÃO TEM COMPARAÇÃO! Experimente o que os clientes da JC Maschietto atestam há mais de 40 anos: sementes de qualidade incomparável! aproxima.com.br Ao comprar sementes para pastagem, analise sempre a qualidade. Peça e receba grátis um Coletor de Amostra (calador). 18 3652 1260 www.jcmaschietto.com.br RENDE MUITO MAIS Anuário DBO 2013 13
Balanço Reposição Preços não decolaram Momento pode ser boa oportunidade para compra de animais Renato Villela (1) Apesar da estabilidade nas [email protected] Evolução trimestral do abate de vacas cotações do boi magro, o ano Trimestre 2012 2011 2010 2009 foi difícil para os confinado- mercado de reposição res. Além de o mercado do frus trou a expectativa dos 1º 2.749.878 2.588.852 2.303.284 2.308.640 boi gordo não ajudar, 2012 fi- O criadores que esperavam 2º 2.727.658 2.526.978 2.278.182 2.237.830 cou marcado pelo disparada no por uma recuperação dos pre- 3º 2.630.266 2.286.816 2.029.146 2.030.600 preço dos insumos usados na ços em 2012. A oferta maior (2) engorda. A Scot apontou alta de animais, decorrente da re- 4º n.d. 2.276.835 2.160.500 2.142.945 de 12,4% no valor dos concen- tenção de matrizes entre 2006 Total do 8.107.802 (3) 9.679.481 8.771.112 8.720.015 trados energéticos (média do e 2010, e o frouxo mercado do ano milho grão, farelo de trigo e boi gordo foram os responsá- % de polpa cítrica). O encarecimento vacas no veis por segurar os valores do abate total 35,4% 33% 30% 31% da ração freou o apetite do con- gado magro. “Estamos numa finador, o que contribuiu para fase de baixa da atividade pe- (1) Abate inspecionado; (2) Dado não disponível; (3) Parcial até setembro. Fonte: IBGE segurar o preço do boi magro. cuária”, diz Hyberville Pau- No Mato Grosso, por exemplo, lo D’Athayde Netto, analista da Scot o ano valendo R$ 860, queda de 6% em re- foram confinadas 792.800 cabeças ante Consultoria, de Bebedouro, SP. Com a lação a janeiro. Já a bezerra desvalorizou-se 813.900 animais em 2011. rentabilidade pressionada, o criador não 3% e findou 2012 negociada, em média, por Após dois anos de preços estagna- hesitou em mandar as matrizes para o R$ 570 no Estado. Dentre as principais pra- dos, o criador pode esperar por dias me- gancho. Conforme o IBGE (Instituto ças, a queda mais pronunciada da categoria lhores em 2013? O quadro pouco deve Brasileiro de Geografia e Estatística), o foi em Goiás, onde o criador amargou perda se alterar este ano. “Acredito num mer- abate de vacas cresceu pelo segundo ano de 8% no valor da bezerra, vendida em de- cado novamente ‘murcho’, sem reações seguido e alcançou em 2012 a marca de zembro pela média de R$ 520. significativas das cotações”, afirma Ly- 35,4% do total abatido (veja tabela), indi- gia. Para ela, porém, há uma diferen- cando ciclo de baixa. Difícil engorda ça alentadora em relação ao último ci- A estagnação do preço do bezerro aju- O mercado do boi magro andou de lado clo de baixa da pecuária, que viveu seu da a entender o abate de fêmeas. Segundo a em 2012. O preço da categoria sofre dire- auge em 2007. “A forte estiagem em Scot, o bezerro Nelore de 12 meses (7 @) tamente o impacto da arroba do boi gordo, 2010 e 2011 provocou a repetição de fechou o ano cotado em R$ 770, pratica- que ano passado deixou muito a desejar. “O cio das vacas e acelerou o abate das fê- mente o mesmo valor de janeiro, quando abate cresceu e a oferta maior de carne man- meas. Acredito que o mercado sentirá a era negociado por R$ 775. Em Goiás, na teve os preços baixos”, diz Lygia Pimentel, falta das matrizes um pouco mais cedo comparação do mesmo período, a categoria consultora da Agrifatto, de Bebedouro, SP. desta vez.” Para a consultora o abate de recuou de R$ 745 para R$ 740. No Mato Conforme o IBGE, o abate de bovinos atin- matrizes se refletirá num mercado mais Grosso e no Mato Grosso do Sul o preço giu 8,027 milhões de cabeças no terceiro tri- enxuto de bezerros, o que deve alterar do bezerro subiu, mas o reajuste foi pouco mestre de 2012, 5% mais que no trimestre as cotações. “Acredito que o preço do expressivo. Passou de R$ 755 para R$ 770, anterior e 10,2% maior que o resultado do bezerro comece a subir em meados de e de R$ 700 para R$ 715, alta de 1% e 2%, mesmo período do ano passado. 2014”, diz. respectivamente. “Os valores baixos deses- Em São Paulo, o boi de 12@, negocia- Hyberville compartilha a impressão timulam a produção de bezerros, por isso o do por R$ 1.212 em janeiro, foi vendido, em sobre o mercado. “A menos que a deman- criador olha para a vacada como ativo al- média, por R$ 1.170 em dezembro, queda da surpreenda, os preços da reposição de- tamente líquido, facilmente convertido em de 3,5%. A retração do preço acompanhou a vem continuar frouxos.” O prognóstico dinheiro”, diz Hyberville. desvalorização da arroba do boi gordo, que parece pouco animador, mas o consultor O desinteresse pela cria derrubou a cota- terminou o ano valendo, em média, R$ 97 a sugere um olhar diferente. “Pode ser um ção das fêmeas no mercado de reposição. A prazo no Estado, ante R$ 100 em janeiro. No bom momento para entrar na atividade, maior desvalorização ocorreu em São Paulo, Mato Grosso do Sul o boi magro foi vendi- ou mesmo ampliar o plantel. Não é hora onde o preço da vaca magra (10,5 @) caiu do, em média, por R$ 1.140 em dezembro, de se desfazer do rebanho.” Para ele, sob 10% em 2012, ao passar de R$ 942 em ja- recuo de 1,1%. Em Goiás, principal Estado a ótica do ciclo pecuário, o mais indica- neiro para R$ 850 em dezembro. No mesmo confinador do País, houve reajuste de 3% so- do é comprar animais na baixa, quando período, a cotação da bezerra Nelore (6@) bre o valor apurado em janeiro, com a cate- os valores estão menores. “Daqui a dois foi de R$ 622 a R$ 590, retração de 6%. No goria sendo negociada por R$ 1.125, em mé- anos, quando o mercado se recuperar, os Mato Grosso do Sul, a vaca magra encerrou dia, no fim de 2012. preços tendem a subir novamente.” n Anuário DBO 2013 14
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Balanço C Reposiçãoonfinamento Expectativas frustradas Alta dos grãos e arroba baixa derrubam previsões de crescimento Maristela Franco mente não foi mais expres- [email protected] As estimativas de animais siva porque as maiores re- confinados em 2012 trações ocorreram em locais s confinadores levaram onde o confinamento ainda um susto em 2012. No Assocon 3,4 milhões está engatinhando, como as Oprimeiro semestre, emba- sub-regiões nordeste, nor- lados por expectativas de pre- Minerva 3,9 milhões te e centro-sul. O número de ços mais baixos para o milho projetos em funcionamento e de valorização da arroba na no Estado também caiu de entressafra, apostaram firme na Bigma 4 milhões 77% para 71,54% do total atividade, iniciando o primeiro cadastrado. ciclo de engorda com os cur- Embora o prolongamen- rais lotados, mas foram surpreendidos importante fonte de informações sobre to das chuvas até meados de junho te- por movimento contrário do mercado. A o setor, também reavaliou suas proje- nha favorecido a terminação a pasto partir de junho, os preços dos grãos dis- ções iniciais para baixo, porém espe- no Mato Grosso, o fator que realmente pararam, devido às notícias de quebra na ra que o confinamento cresça no míni- inibiu a engorda intensiva em 2012 foi safra americana, e a arroba fechou agos- mo 4%, alcançando 3,915 milhões de a alta dos grãos. Conforme pesquisa do to, mês de arrancada das vendas de bois cabeças, ante 3,758 milhões em 2011. Imea, o farelo de soja, principal fonte confinados, com a mais baixa média do Já a Bigma Consultoria manteve a esti- de proteína das rações bovinas, subiu _ ano R$ 90,48, conforme levantamento mativa de 6,5% de crescimento divul- 118% de janeiro até o pico de preço em do Cepea. Assustados, muitos deixaram gada por ocasião do balanço do Rally agosto, quando foi cotada a R$ 1.256 de fazer o segundo ciclo ou reduziram da Pecuária, em outubro, o que eleva- por tonelada, movimento inverso ao o número de animais alojados. Em fun- ria o total de animais confinados de 3,8 ocorrido em 2011, quando esse insumo ção desse cenário, as projeções otimistas milhões para 4 milhões. Apesar das di- sofreu deságio de 24% em igual perío- de crescimento, divulgadas no início de ferenças numéricas entre as fontes ou- do. O milho, apesar da safra recorde de 2012 por várias entidades do setor, não vidas por DBO, todas concluíram que 15,6 milhões de toneladas no Estado, se confirmaram. 2012 foi um ano difícil para a ativida- também subiu bastante, variando 29% Conforme censo realizado pela As- de, com baixa margem de manobra e de janeiro a agosto, mês em que foi socon, Associação Nacional de Confi- movimentos inesperados de mercado, comercializado por R$ 24,67 a saca. nadores, 770 projetos de engorda espa- o que dificultou a gestão do negócio. Nada comparado à alta verificada em lhados pelo País pretendiam arraçoar outros Estados, como São Paulo, onde mais de 3,866 milhões de bovinos no Desaceleração o insumo chegou a valer R$ 35 a saca. ano passado, o que significaria incre- Até mesmo no Mato mento de 15% em relação a 2011, quan- Grosso, onde a engorda do foram confinados 3,360 milhões de intensiva vinha crescen- Mato Grosso cabeças. Bruno Andrade, gerente exe- do de forma significati- confinou 792,8 mil cutivo da entidade, não acredita, con- va, registrou-se frustração cabeças, 15% a menos tudo, que esse número se confirme. “A de expectativas. Segundo do que o esperado. partir de fevereiro, iniciaremos o le- o Imea, Instituto Mato- vantamento do montante efetivamente -Grossense de Economia confinado, mas esperamos um percen- Agropecuária, cujas estatísticas são “No caso da soja, já havia perspec- tual muito menor de crescimento, entre bastante confiáveis, os confinadores tiva, no fim de 2011, de uma possí- 0,8% e 1,5%, que daria no máximo 3,4 mato-grossenses pretendiam confinar vel alta, devido à seca no sul do País, milhões de bovinos arraçoados”, infor- 929,9 mil bovinos em 2012, mas o ter- com reflexos negativos sobre o volu- ma o executivo. Goiás, pelos dados do ceiro levantamento da instituição, rea- me colhido do grão. Já a volorização censo, continuaria sendo o maior Esta- lizado em outubro, mostrou que houve do milho pegou o confinador de sur- do confinador, seguido por Mato Gros- queda de 15% em relação ao planejado. presa. Quando ele tomou suas deci- so (veja gráfico). O Estado fechou o ano com 792,8 mil sões, em março/abril, falava-se em boa O Departamento de Pesquisa de bovinos confinados, 2,6% a menos do oferta do cereal a preços mais baixos. Mercado do Frigorífico Minerva, outra que em 2011 (veja tabela). A queda so- A seca nos Estados Unidos e o conse- Anuário DBO 2013 16
Goiás ainda se mantém à frente Com base na estimativa do início de 2012, de 3,8 milhões de animais confinados. Fonte: Assocon. quente aumento das exportações bra- mento é essencial nessa atividade.” Pelo sileiras, mudaram esse quadro”, ex- que tudo indica, as cotações dos grãos plica Leonardo Alencar, analista do deverão continuar nos patamares atuais, Departamento de Pesquisa de Merca- pois os estoques mundiais estão baixos. do do Minerva. Segundo ele, também Já sabemos também que haverá menor se esperava que o preço do boi magro oferta de caroço de algodão, o que indi- caísse um pouco, devido à maior ofer- ca aumento de preço. Além disso, a arro- ta, mas, como a demanda aumentou, ba pode não subir em termos nominais, ele ficou estável, enquanto a arroba do a não ser que haja crescimento expressi- boi gordo não ultrapassou a barreira vo da demanda. O mais provável é que dos R$ 100 conforme previa o merca- as margens do confinador continuem es- do futuro. “Ocorreu uma frustração se- treitas”, prevê o executivo. Nogueira, da quencial de expectativas”, diz Alencar. Bigma, reforça esse diagnóstico. “Ainda é cedo para falar, mas possivelmente a Projeções para 2013 atividade se manternha estável ou apre- Com tantos imprevistos, é natural sente apenas pequeno crescimento em que a rentabilidade do setor tenha sido 2013”, pondera. prejudicada. Safou-se apenas quem pla- Hudson Castro, gerente nacional nejou bem seu negócio. “Em maio de de bovinos de corte da Nutron, tam- 2012, era possível adquirir milho, em bém prevê outro ano complicado, po- São Paulo, por R$ 24 a R$ 25 a saca e rém mais favorável ao confinamento do farelo de soja por R$ 900 a R$ 1.000 a que 2012. “Achamos que o boi magro, tonelada. Quem aproveitou essa jane- item de maior peso nos custos de produ- la e vendeu o boi gordo no mercado fu- ção, poderá sofrer algum deságio”, arris- turo por R$ 100 a R$ 101/@ conseguiu ca. Apresentando análise mais positiva de margens razoáveis”, ressalta o analista 2012 do que outros especialistas, Castro do Minerva. Segundo ele, o travamento lembra que o setor não perdeu seu dina- de preços poderá ser boa alternativa tam- mismo. “Vimos surgir projetos novos no bém em 2013, pois os preços dos grãos Centro-Oeste e muitos de nossos clien- cairão pouco e o gado de reposição se tes tradicionais ampliaram sua capacida- manterá estável. “Além disso, é provável de instalada. Como havia expectativa de que a arroba continue variando abaixo da margem satisfatória no início do ano, o inflação, devido à maior oferta de ma- primeiro ciclo foi bom, com número de chos para abate. Ou seja, o confinamento animais superior ao de 2011. Foi isso, in- poderá ter mais um ano complicado, que clusive, que impediu uma retração maior exigirá boa capacidade gerencial do pro- da atividade”, salienta. Hudson informa dutor”, antecipa. ainda que os frigoríficos confinaram mais O gerente da Assocon, Bruno An- em 2012, para aumentar a oferta de boi drade, é da mesma opinião. “Planeja- gordo na entressafra. n Anuário DBO 2013 17
Balanço Saúde animal Aftosa: Nordeste no caminho da erradicação Sete Estados, mais o centro-norte do Pará, podem alcançar status de livres de aftosa com vacinação no início de 2013 Renato Villela Alagoas e Ceará, além do centro-norte trimestre de 2013”, afirma Plínio Leite [email protected] do Pará, deram início no mês de junho Lopes, coordenador do Pnefa (Progra- à sorologia, última etapa do processo ma Nacional de Erradicação e Preven- m 2012 o Brasil deu um passo im- antes da mudança de status, que visa a ção da Febre Aftosa). A etapa seguinte à portante na batalha para erradicar avaliar a circulação do vírus da aftosa validação do Mapa é buscar o reconhe- Ea febre aftosa. O Ministério da na área. Em novembro, após corrigir as cimento internacional. Segundo Lopes, Agricultura, Pecuária e Abastecimen- inconformidades apontadas pelo Mapa, caso tudo ocorra bem, o Brasil enviará to (Mapa) realizou auditorias em sete juntaram-se ao grupo Rio Grande do no segundo semestre deste ano um rela- Estados da Região Nordeste, classifi- Norte e Paraíba. tório para ser analisado pela OIE (Orga- cados com o status de risco médio para A expectativa do governo é a de que a nização Mundial de Saúde Animal) em a doença, com o objetivo de avaliar o investigação epidemiológica esteja con- 2014, durante a assembleia-geral da or- cumprimento das obrigações sanitárias cluída até março deste ano. “Se os re- ganização, que ocorre durante o mês de e dar continuidade à ampliação da zona sultados forem favoráveis, o reconhe- maio, em Paris, França. livre da doença com vacinação. Apro- cimento dos Estados como áreas livres A Região Norte também progrediu vados, Maranhão, Piauí, Pernambuco, da aftosa deverá ser feito no primeiro no combate à doença. No fim de ou- tubro, o Ministério da Agricultura ini- ciou o processo de auditoria em Rorai- ma. Em novembro foi a vez do Estado Status sanitário do Brasil para febre aftosa em 2012 do Amapá, seguido pelo Amazonas, no começo de dezembro. “Terminamos o ano com um balanço da Região Norte que nos permitirá traçar as estratégias e ações necessárias para a mudança do status sanitário”, diz Lopes. Atual- mente os três Estados são classificados como de Alto Risco. Segundo Lopes, a primeira meta para a Região Norte é rebaixar o status para Médio Risco e então conquistar o status de zona li- vre da doença com vacinação. “Temos boas perspectivas de estar livres da af- tosa em 2014 e alcançar o reconheci- mento internacional em 2015”, afirma. As duas únicas regiões a abrigarem Estados não reconhecidos como áreas livres de aftosa com vacinação, Nor- te e Nordeste passaram a receber aten- ção maior do governo federal a partir Zona livre sem vacinação de 2008, após a restituição de zona li- Zona livre com vacinação vre da doença com vacinação no Mato Grosso do Sul, que restabeleceu por Zona não livre completo a área suspensa em 2005. “Era preciso inicialmente estabilizar a situação da aftosa nos Estados com re- banho mais expressivo”, justifica Lo- pes. O redirecionamento das ações do Anuário DBO 2013 18
Mapa resultou na adoção de uma série _ de medidas. “Atualizamos os cadastros Estrutura dos Serviços Veterinários Oficiais Nordeste e Pará das propriedades, realizamos as cam- panhas de vacinação assistida, investi- 2008 2012 mos na melhora da estrutura física dos 2500 Estados e na contratação de médicos veterinários”, afirma Lopes. 2000 Um balanço dos últimos quatro anos mostra o avanço da estrutura ve- 1500 terinária nas duas regiões. O número de 1000 Unidades Veterinárias Locais (UVL) _ escritórios administrativos que de- 500 senvolvem ações regionais de defesa agropecuária, sob a responsabilidade 0 Unidades Escritórios _ de um médico veterinário passou de veterinárias de atendimento Veículos Computadores Internet 278 para 301 na Região Nordeste e no locais à comunidade Pará. O total de Escritórios de Atendi- mento à Comunidade (EAC), cujas atu- EEB (Encefalopatia Espongiforme Bo- on encontrado no animal teve como ações têm enfoque local, subiu de 823 vina), conhecida como doença da vaca origem uma mutação aleatória, e não a para 1.178 neste período (veja gráfi- louca. A mudança da condição sanitá- ingestão de alimentos contendo proteí- co). “Melhoramos muito nossa estru- ria contribuiu principalmente para im- na animal, o que é expressamente proi- tura física e operacional nos últimos pulsionar o mercado de tripas bovinas, bido no País. Segundo as autoridades anos. Quando o Ministério da Agricul- que tem na União Europeia seu princi- do governo, esta condição classifica o tura iniciou as auditorias, já estávamos pal comprador. No acumulado do ano, ocorrido como um caso “não clássico” muito bem preparados para atender a segundo a Abiec (Associação Brasilei- da doença. todas as exigências”, afirma a fiscal ra das Indústrias Exportadoras de Car- Apesar do esforço do Mapa e da agropecuária Késia Alcântara Quei- nes), o volume de exportações somou Abiec em prestar os esclarecimentos roz Pontual coordenadora do Pnefa da 4.033 toneladas, 37% superior ao total e tranquilizar os compradores de car- Adagro (Agência de Defesa e Fiscali- exportado em 2011. A receita, por sua ne do Brasil, e de a OIE não ter rebai- zação Agropecuária de Pernambuco). vez, passou de US$ 16.326 para US$ xado o risco para EEB, a notícia rapi- O Pará também fez seu dever de 20.584. damente repercutiu de forma negativa casa para tornar livre de aftosa com va- No fim de 2012, o mercado foi sur- no mercado. Até o fim de 2012, Japão, cinação a porção do Estado que com- preendido com a notícia de que um Arábia Saudita, África do Sul, China preende o nordeste paraense, a região exame em uma vaca morta aos 13 anos e Taiwan haviam suspendido a compra do Baixo Amazonas e o arquipélogo de no Estado no Paraná em 2010 acusou de carne do País. A Venezuela, princi- Marajó, responsáveis por pouco mais a presença de um príon, agente infec- pal compradora de gado em pé do Bra- de 3 milhões de animais, cerca de 20% cioso causador da EEB. Segundo o De- sil - absorveu 80% do total embarcado do rebanho bovídeo (bovinos e bubali- partamento de Saúde Animal do Mi- pelo Brasil em 2012 - também inter- nos). “O Estado contratou veterinários, nistério da Agricultura, o animal não rompeu a compra de animais, já resta- aumentou o índice de vacinação con- morreu em decorrência da doença, o belecida. (leia mais na reportagem da tra a doença e instituiu a GTA eletrô- que levantou a hipótese de que o prí- página 46). n nica na maioria dos seus municípios”, informa André Reale Simões, fiscal _ agropecuário e responsável pelo Pne- Recursos Humanos Nordeste e Pará fa do Pará. Da mesma forma, os de- mais Estados da Região Norte apres- 2008 2012 saram o passo para deixar a condição 1500 de Alto Risco e conquistar o status de Médio Risco da doença. Em qua- tro anos, o número de UVLs e veteri- 1000 nários contratados dobrou no Amazo- nas, Amapá e Roraima, passando de 17 e 74 para 41 e 166, respectivamente. 500 Vaca louca O Brasil conseguiu, em maio de 0 2012, a reclassificação do status de ris- Médicos Assistentes Assistentes co controlado para insignificante para Veterinários Técnicos Administrativos Anuário DBO 2013 19
OpiniãO Saúde animal O que é o príon da vaca louca notícia divulgada em dezembro pelo Ministé- cando os nervos. Da medula nervosa o príon se mul- rio da Agricultura, Pecuária e Abastecimento tiplica e vai em direção ao cérebro na velocidade de A (Mapa) pegou a todos de surpresa. O temido um milímetro ao dia. Os sintomas vão surgindo len- príon infeccioso que causa a doença da vaca louca tamente de acordo com a parte do cérebro atingida. apareceu entre nós em 2010 e a informação só foi A propósito, a vaca paranaense tinha o príon na me- divulgada após confirmação laboratorial, em terras dula, mas não apresentava os sintomas típicos (ner- da rainha da Inglaterra. A vítima foi uma singela vosismo, tombos e morte após vários meses de doen- vaca anelorada, do Paraná, já cansada de guerra com ça), morrendo dentro de um dia de outra enfermidade seus 13 anos e lá vai pedrada. O Mapa se preocupou nervosa, daí o quadro não clássico. com as consequências da notícia, que poderia colo- A doença da vaca louca iniciou-se na Ingla- car em risco nossa exportação de carne, em especial terra, em 1984, por uma sequência de coincidên- aos russos, sempre em busca de pretextos para rene- cias. Provavelmente, o príon originou-se a partir gociar preços. Antes do anúncio o Mapa convocou de uma vaca que teve mutação. Naquele país, eram especialistas veterinários para opinar, incluindo-me comuns empresas que retiravam das propriedades nesse time. E afirmou que o príon surgiu na vaca por os bovinos e outros animais mortos. As carcaças mutação aleatória, mas que este agente não matou o eram levadas para fábricas especiais para produção animal, o qual desenvolveu um quadro não clássico. de farinha de carnes e ossos, sendo nesse processo As declarações levaram muitos a ter a sensação de cozidas. Para retirar o excesso de gordura da fari- “entendeu, mas não compreendeu”. nha empregava-se um solvente. Em seguida, essa Vamos “comer a vaca aos bifes”. Os mamíferos farinha era vendida para consumo animal, inclusi- normalmente têm príons. Eles são proteínas produ- ve para bovinos. Enrico Lippi Ortolani zidas em pequenas quantidades pelos neurônios, e Para baratear o processo, a maioria das fábri- Professor, titular da acredita-se que ajudem na comunicação entre as cé- cas da Inglaterra substituiu em 1982 o solvente pela Clínica de Ruminantes lulas nervosas. Os príons infecciosos podem surgir prensagem. Aí começaram os problemas. Por azar, a da FMVZ-USP e de mutações na forma que serve de modelo para que carne da vaca original doente virou farinha contami- pesquisador do CNPq. E-mail:[email protected] a célula produza o príon normal. Essa mutação é rara nada e seu superpríon foi comido por outras centenas e tem caráter aleatório. Até onde se sabe, não é trans- de vacas que também viraram farinha, resultando em mitida pela via vertical, da mãe para o feto. Portanto, mais de 200 mil casos da doença e sacrifício de mais a herdabilidade da mutação é quase nula, pois é alea- 1,6 milhão de cabeças. Gado que comeu farinha pro- tória e ao que se sabe não depende da genética. cessada com solvente não ficou doente. Essa mutação tem maior risco de ocorrer em Mais de uma centena de ingleses, a maioria de- mamíferos velhos. A doença priônica humana mais les jovem, que comeu alimentos que continham cé- conhecida leva o nome dos autores que a descreve- rebro ou medula de gado com o superpríon mor- ram, Creutzfeldt-Jakob, e atinge pessoas idosas. Os reram com uma doença semelhante à descrita por príons gerados por mutação invadem aos poucos o Creutzfeldt-Jakob. A vaca anciã brasileira foi enter- rada no fundo de uma cova, não representando pro- blema de saúde pública. Caso fosse abatida em fri- Se a vaca brasileira tivesse sido abatida, gorífico inspecionado, sua carne não teria risco de não ofereceria risco, pois os tecidos que poderiam causar doença priônica no homem, pois os tecidos como o cérebro e a medula nervosa, que poderiam conter o príon vão para a graxaria. conter o príon, não são utilizados para consumo e vão para a graxaria. O rebanho do qual a vaca fazia parte é de cérebro, causando a loucura. Um em cada milhão criação extensiva. O proprietário jurou por todos de pessoas desenvolve a doença. A vaca anelorada os santos que o gado não comeu cama de frango, com o príon infeccioso tinha 13 anos, idade para proibida pelo Mapa desde 1997. Nenhum caso ser uma vovozinha. suspeito novo ocorreu na propriedade. O conjun- Enquanto o príon normal é destruído pelo calor, to dessas informações e as medidas do Mapa le- desinfetantes, solventes e pelo suco do estômago de varam a Organização Mundial de Saúde Animal quem o ingere, o superpríon infeccioso resiste a qua- a afirmar que o Brasil mantém o risco mínimo se tudo, menos aos solventes ou às altíssimas tempe- de ter a doença, o que deve evitar especulações, raturas. Esse príon engana os neurônios e ordena que principalmente dos russos. Tranquilize-se: nosso eles o repliquem sem parar, se acumulando e danifi- churrasco está garantido. n Anuário DBO 2013 20
BAlAnço AvesAves Competitividade na ordem do dia estiagem no Sul do País no início do ano, embarcado de carne de aves cresceu apenas 0,5%, que causou a escassez de farelo de soja, passando de 4,117 milhões de toneladas para 4,138 A insumo que representa 30% do total da ra- milhões de toneladas. ção que alimenta o plantel brasileiro, e a quebra Contando apenas carne de frango, os embar- da safra norte-americana de milho, que fez enco- ques em volume recuaram 0,6%, de 3,918 milhões lher a produção mundial do cereal, deflagraram de toneladas em 2011 para 3,894 milhões, enquan- a maior crise dos últimos anos do setor avícola. to a receita em dólar caiu 6,7%, de US$ 8,219 bi- Esses desequilíbrios climáticos tiveram como lhões em 2011 para US$ 7,703 bilhões. Apesar de o consequência a elevação de mais de 100% no preço ter recuado em dólar em 6,1%, a valorização preço do farelo de soja e de 40% nas cotações do do dólar em 20% em 2012 em relação a 2011 ga- milho em plena safra, já que as negociações no rantiu mais reais para os frigoríficos, compensando, mercado interno brasileiro dessas duas commo- assim, o aumento dos custos de produção. dities seguem os valores praticados pela Bolsa A competitividade do setor continuou a enfren- Francisco Turra de Chicago, que foi drasticamente afetada pela tar também os problemas causados pelos gargalos estiagem dos Estados Unidos. logísticos, como a nova legislação que estabelece Presidente da Ubabef O custo de produção de frango de corte no Bra- diretrizes sobre o exercício da profissão do moto- (União Brasileira de Avicultura) sil deu um salto e aumentou em mais de 40%, ge- rista (Lei nº 12.619, conhecida como “Lei do Ca- rando incertezas que tiveram como resultado gran- minhoneiro”), a tolerância na pesagem dos cami- des prejuízos e fazendo com que empresas tivessem nhões, a cabotagem, a racionalização de processos que buscar recuperação judicial. Outras simples- nos portos, assim como as necessidades dos inves- mente suspenderam as linhas de produção em de- timentos prioritários em infraestrutura. corrência da falta de crédito e do excesso de res- A Ubabef continuará em 2013 a promover Brasil é o maior trições impostas pelas instituições financeiras. Mais ações junto ao governo para reduzir os impactos dessas e de outras questões que afetam a compe- de 10.000 empregos foram perdidos e houve redu- exportador de ção de 3,17% na produção, que fechou o ano com titividade e o aproveitamento de oportunidades carne de frango do 12,645 milhões de toneladas. para o setor avícola nacional. A população mun- A crise foi mais dramática no segundo semestre dial atingirá 9 bilhões de habitantes em pouco mundo, com de 2012, quando a produção, segundo estimativas mais de três décadas, e precisará do Brasil como 40% do mercado. da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), teve grande fornecedor de alimentos. Temos que es- queda de 10%. Desacelerou também a produção tar prontos para exercer esse papel. Temos tra- Arábia Saudita foi de ovos. Apesar do aumento dos custos em 20%, balhado constantemente para nos manter na po- o repasse para o consumidor não foi tão expressivo sição de maior exportador e para superarmos a o maior comprador no mercado interno. Mesmo com o recuo na recei- posição de segundo maior produtor mundial de de 2012, com ta em dólar em 5,5% em relação a 2011, passando carne de frango. de US$ 8,82 bilhões para US$ 8,362 bilhões, in- Nesse sentido, contamos com a dedicação de 629.000 toneladas. cluindo carnes de frango, peru, pato, ganso e outras 3,5 milhões de trabalhadores em empregos diretos aves, as exportações, graças à valorização do dólar e indiretos e negócios que envolvem um movimen- em 20%, foram a alternativa segura que garantiu a to de R$ 36 bilhões e participação de 1,5% no Pro- rentabilidade das agroindústrias avícolas. O volume duto Interno Bruto (PIB). Aliados a isso, somam-se as décadas de empenho e investimentos das agroin- Números demonstram crise em 2012 dústrias brasileiras em melhoria do desempenho produtivo e comercial, fazendo ascender a compe- 2012 2011 Variação titividade do País a um patamar que permitiu ocu- Produção¹ 12,6 13 -3% par mais de 150 mercados pelo mundo. Exportação² 4,138 4,118 0,5% O ano de 2012 foi desafiador para a avicul- tura, e a competitividade do setor nunca esteve Receita cambial³ 7,7 8,2 -6,7% tão ameaçada. Apesar de todos os entraves, nos- Consumo 4 45 47,4 -5% sa expectativa para 2013 é positiva. Ainda há Matrizes 5 - 50 - necessidade de cuidado e atenção por parte do poder público, porém acreditamos que o pior já ¹em milhões de toneladas; ²em milhões de toneladas, incluindo carnes de 4 frango, peru, pato, ganso e outras aves; ³em bilhões de dólares; em kg passou. O setor avícola manteve-se e continuará 5 per capita/ano; Plantel de matrizes cresceu 7,5% em 2011, atingindo 50 forte, graças à base que sustenta as suas ações: milhões de exemplares, contra 46,5 milhões em 2010. união e planejamento. n Anuário DBO 2013 00 22
Balanço SuínoS Crescimento em meio a dificuldades ano de 2012 foi marcado, internamente, por 2,8 milhões de toneladas. Em termos de consumo uma crise de pressão de custos no setor de per capita, permaneceu ao redor de 15 kg por ha- O carne suína. Os preços mais altos do milho e bitante/ano. da soja levaram a uma rápida elevação dos custos No front externo, o custo de produção mais de produção, reduzindo a rentabilidade dos pro- elevado e a desvantagem na área logística fizeram dutores e dos frigoríficos. Além disso, é preciso com que o produto brasileiro perdesse competi- lembrar dos efeitos negativos sobre a produção de tividade frente ao similar norte-americano e eu- alimentos na Região Sul do Brasil, grande produ- ropeu, principalmente no mercado russo, nosso tora de suínos, atingida pela forte seca. maior cliente, e, em parte, no mercado asiático. A situação desfavorável do primeiro semes- Pela proximidade com a Rússia, os europeus de- tre foi mais grave para as empresas que só ven- sovaram seus estoques subsidiados a preços mui- dem produtos in natura no mercado interno e para to competitivos. as dependentes dos mercados russo e argentino, Das 21 fábricas que estavam autorizadas a ex- Pedro de Camargo Neto o primeiro mantendo restrições de importação da portar carne suína para a Rússia, apenas uma em carne suína brasileira, e o segundo dificultando Santa Catarina não foi afetada pela suspensão, que Presidente da Abipecs (Associação Brasileira nosso acesso. As companhias focadas no mercado teve início em junho de 2011, e outras três foram da Indústria Produtora e de cortes (in natura) foram as mais afetadas pela liberadas no início de 2012. A autoridade sanitária Exportadora de pressão dos custos: houve queda nas exportações russa Rosselkhoznadzor continua a reclamar de Carne Suína) e dificuldades de colocação dos seus produtos no atrasos persistentes na entrega de documentos por mercado interno. O escoamento dos volumes que parte do Ministério da Agricultura (Mapa), embo- iriam para esses países acabou sendo vendido a ra este informe que toda documentação solicitada outros mercados, mas com certo prejuízo, já que a foi entregue, certamente com atrasos. Infelizmen- Ucrânia desbancou remuneração foi menor. te, a presidente Dilma Rousseff não conseguiu ter- minar com o embargo aos Estados do Rio Gran- Esses fatores provocaram, sobretudo no pri- Hong Kong como meiro semestre, sobra de carne in natura no mer- de do Sul, Paraná e Mato Grosso em sua visita de maior importador cado interno, elevando rapidamente os estoques e dezembro passado. A Rússia é um mercado com- plexo, mas ainda pode se tornar bom para 2013. obrigando as empresas a vendê-la a preços me- da carne suína nores. A situação melhorou no segundo semestre, Vamos aguardar. As vendas diretas para a China – promissor com baixa nos estoques e gradual recuperação dos brasileira, com preços. mercado para a carne suína brasileira na Ásia, A boa notícia de 2012 foi o aumento da produ- para o qual foram habilitados cinco estabeleci- 138 mil toneladas. ção, que atingiu 3,49 milhões de toneladas, 2,5% mentos – permaneceu muito restrita. Um dos mo- superior ao registrado em 2011. Esse desempenho tivos foi que boa parte das necessidades daquele foi possível graças à elevação de 1,5% na pro- país, 500.000 toneladas, foi atendida pelos Esta- dutividade do rebanho e do peso médio de abate dos Unidos, travando a negociação para o Brasil. de 600 gramas por carcaça, a despeito da alta no É provável que os chineses tenham pagado preço custo da ração. Internamente, não houve variação de mercado por essa carne, mas a venderam a pre- significativa, com o volume comercializado regis- ço baixo em seu mercado interno, numa manobra trando marca próxima à de 2011 – em torno de para segurar o processo inflacionário, já que a car- ne suína é a mais consumida na China, terceiro Ano de crise não impediu aumento maior importador mundial do produto. no volume exportado Apesar de as vendas se concentrarem em paí- 2012 2011 Variação (%) ses que pagam menos pela tonelada, como Ucrâ- nia e Hong Kong, e da desvalorização de 7,45% Plantel de matrizes (1) 2,4 2,4 _ no preço médio pago pela tonelada (US$ 2.571 Abate (1) 37,6 36,4 3,2 ante US$ 2.778 em 2011), o faturamento cres- Produção de carne (2) 3,4 3,4 _ ceu 4% e atingiu US$ 1,495 bilhão. Já o volume Volume exportações (3) 581 516 12,5 exportado fechou o ano com 581.000 toneladas, 12,5% maior do que o desempenho de 2011. Ain- Receita exportações (4) 1,495 1,434 4 da assim, é um volume bem inferior ao patamar Consumo per capita (5) 15 15 _ alcançado pelo País em 2007 (ano anterior à cri- (3) (1) Em milhões de cabeças; em milhões de toneladas; em mil toneladas; se financeira mundial), quando foram embarcadas (2) (4) em bilhão de dólares; em kg/ano. Fonte: Abipecs 607.000 toneladas. n (5) Anuário DBO 2013 00 23
C anuncio_phibro_anuario_dbo_jan2013.pdf 1 20/12/12 17:00 M Y CM MY CY CMY K
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OpiniãO MeiO AMbiente Temos um novo Código Florestal. E agora? emos um novo Código Florestal. Em poder público começou, então, a exigir o outubro de 2012, o Congresso Nacio- cumprimento do novo porcentual, inclu- Tnal finalmente concluiu um longo e sive daqueles produtores que cumpriram difícil processo legislativo de elaboração a regra anterior. O velho código punia até da Lei 12.651, que revogou o antigo Có- aqueles que jamais haviam cometido uma digo Florestal (Lei 4.771/65) e estabeleceu infração, distorção que foi retirada da lei. novas regras para uso de imóveis rurais no Imóveis rurais com área de até 4 mó- Brasil. Embora tenha revogado e substitu- dulos fiscais deverão ter, a título de Reser- ído a lei anterior, a nova lei ainda traz exi- va Legal, apenas o remanescente de ve- gências duras e suscita o questionamento getação nativa existente no imóvel em 22 se essa reforma foi boa para o setor. de julho de 2008. Esses pequenos imóveis Indubitavelmente, o novo texto traz estão desobrigados de fazer a recuperação vários avanços em relação à lei anterior. de Reserva Legal até os porcentuais pre- Por exemplo, não é mais necessário vistos na lei. É importante ressaltar que o estabelecimento de Áreas de Preserva- cada município tem o tamanho de seu mó- ção Permanente (APP) nos chamados cur- dulo fiscal definido por ato normativo do sos d’água efêmeros, grotas resultantes de Instituto Nacional de Colonização e Re- Ciro Fernando Siqueira drenagens de chuva. Criou-se também a forma Agrária (Incra). É engenheiro agrônomo, figura da área rural consolidada em áre- pós-graduado em as ocupadas antes de 22 de julho de 2008, Incorporação Gestão Econômica do com edificações, benfeitorias ou ativida- O novo texto também instituciona- Meio Ambiente pela des agrossilvipastoris. Elas terão trata- lizou o cômputo das APPs no cálculo da Universidade de mento diferenciado ao longo do proces- área de Reserva Legal dos imóveis. A títu- Brasília, e consultor so de adequação dos imóveis à nova lei. lo de exemplo, um produtor rural que pre- do Instituto CNA. Algumas atividades de produção, assim cise de 100 hectares de Reserva Legal e [email protected] como residências e infraestrutura produ- já tenha preservado 50 hectares de APPs tiva, poderão ser mantidas em margens de poderá contabilizar essas APPs no cálcu- rios mediante recomposição mínima, de lo dos 100 hectares devidos como Reserva acordo com o tamanho de cada proprieda- Legal. Pelas novas regras, portanto, basta- de e a largura do rio. rão mais 50 hectares de RL para o produ- Os plantios em encostas com inclina- tor cumprir as exigências. ção superior a 45º – como ocorre em mui- Destaque-que também a ampliação tas culturas de maçã, uva, café e banana das possibilidades de compensação da Re- O produtor terá de Minas Gerais, São Paulo e Santa Cata- serva Legal fora do imóvel rural. O produ- um ano, rina –, que eram considerados crime am- tor que tenha dentro do imóvel menos Re- biental pela legislação anterior, o deixa- serva Legal do que o exigido poderá fazer a partir de maio ram de ser. a regularização de três formas: compran- Outro avanço importante é o restabe- do outro imóvel, comprando Cotas de Re- ou junho, para lecimento do princípio da irretroativida- serva Ambiental (CRA) de outro produtor cadastrar seu imóvel de. Conheci produtores rurais no Pará que que tenha Reserva Legal em excesso, ou abriram fazendas na década de 70, obede- doando ao Estado uma área dentro de Uni- no CAR. cendo rigorosamente à lei que exigia Re- dade de Conservação que esteja penden- serva Legal de 50%. Foram multados 40 te de regularização fundiária. Estas opções anos depois, precisamente por terem obe- são possíveis desde que os imóveis fiquem decido à lei. Este absurdo ocorreu porque no mesmo bioma. o velho Código Florestal sofreu altera- Também acabou a exigência de aver- ções no final dos anos 90, passando a exi- bação da área de Reserva Legal dos imó- gir um porcentual maior de Reserva Le- veis rurais à margem das matrículas nos gal para imóveis situados na Amazônia. O cartórios. O registro passará a ser feito por Anuário DBO 2013 26
meio do Cadastro Ambiental Rural (CAR). regras. Os médios serão tratados como Próximos passos O CAR é outra inovação do Código atual. grandes produtores pela nova lei, embo- O produtor não precisa sair às pres- Será o primeiro passo para a regularização ra seus imóveis não lhes permita escala sas para adequar seu imóvel rural às dos imóveis rurais. de produção compatível com altos gas- novas regras. Ele terá um ano, com Outras distorções do velho Código Flo- tos em recuperação ambiental. possibilidade de prorrogação por mais restal foram retiradas do ordenamento ju- Mas, sempre que me perguntam se a re- um ano, para cadastrar seu imóvel no rídico. De acordo com a velha lei, era pra- forma do código foi boa para o setor rural, Cadastro Ambiental Rural (CAR), que ticamente impossível cultivar arroz em eu cito um episódio acontecido em outu- é o primeiro passo do processo. O pra- várzeas de rios. Mas não havia nada que bro passado, por ocasião dos vetos feitos zo começará a contar a partir da data nos impedisse de importar arroz produzi- pelo Executivo a artigos da lei aprovada em que o Ministério do Meio Ambien- do em várzeas de rios de outros países. O pelo Congresso. Eu estava no computa- te tornar disponível o sistema de ca- novo texto criou a possibilidade de adoção dor, diante de uma imagem de satélite do dastro, o que está previsto para ocorrer de medidas de restrição à importação de vale do rio Ribeira, em São Paulo, mos- apenas em maio ou junho. produtos agropecuários e florestais de pa- trando um plantio de bananas nas mar- No entanto, muitas definições nor- íses que não obedeçam a regras semelhan- gens de um dos rios da região. Dedicava- mativas ainda precisam ser feitas até tes às nossas. -me à tarefa de analisar o efeito dos vetos que os imóveis rurais possam ser cadas- Mas o produtor deve ficar atento presidenciais na perda de área agrícola trados. O produtor deve esperar e ficar ao fato de que toda a reforma do Códi- em margens de rios, quando o então re- atento. Haverá campanhas amplas de di- go Florestal foi pautada pela desonera- lator da reforma do Código Florestal na vulgação das regras do CAR e de regu- ção de exigências excessivas de recu- Comissão Especial da Câmara dos Depu- larização dos imóveis rurais. peração ambiental dentro dos imóveis. tados, Aldo Rebelo, apareceu numa rede É preciso reconhecer que 2012 foi Isso não implica a liberação para a aber- social falando em tempo real. Aproveitei um ano em que obtivemos uma grande tura de novas áreas para cultivo. To- a oportunidade e perguntei a ele como fi- vitória ao conseguir, de forma democrá- dos os avanços citados aqui são sempre cariam os bananicultores do vale do Ri- tica, uma nova lei ambiental mais ra- para efeito de recuperação ambiental. beira – região que ele conhece bem – com zoável. Mas é igualmente necessário o novo Código Florestal, depois dos vetos lembrar que 2013 será, novamente, um Desafios feitos pelo Executivo. A resposta foi ape- ano de grandes desafios. O primeiro de- O Código Florestal atual ainda é uma nas uma palavra: “Melhor”. les será observar a regulamentação da lei bastante onerosa ao setor rural. Al- De fato, “melhor” descreve bem o que lei, cuidando para que os avanços não guns produtores, sobretudo os médios representou o novo Código Florestal em se percam nos atos normativos inferio- proprietários com áreas entre 4 e 15 mó- relação ao velho, muito embora o setor ru- res, uma vez que a aplicação, de fato, da dulos fiscais, terão muita dificuldade de ral ainda esteja atado a exigências pesadas nova lei deve se iniciar apenas no segun- adequação dos seus imóveis às novas e onerosas de proteção ambiental. do semestre. n Anuário DBO 2013 27
OpiniãO integraçãO Sustentabilidade na pecuária Elvison Nunes Ramos m 2009, durante a 15ª Conferência das gases de efeito estufa (GEE), e, simultanea- Partes (COP 15), realizada em Cope- mente, elevem a renda dos produtores rurais. Engenheiro Agrônomo, coordenador de E nhague, na Dinamarca, o governo brasi- O Plano ABC está inserido na Política Na- Manejo Sustentável leiro se comprometeu, de forma voluntária, a cional sobre Mudanças do Clima (PNMC) e dos Sistemas reduzir as emissões de gases de efeito estufa é de abrangência nacional. Sua linha de cré- Produtivos do Depros (Departamento de (GEE) entre 36,1% e 38,9% em relação às dito pode ser acessada em todas as agências Sistema de Produção emissões projetadas até 2020. Sob a coorde- bancárias que trabalham com o crédito rural. e Sustentabilidade nação da Casa Civil da Presidência da Repú- No âmbito dos Estados, existe um Gru- da Secretaria de Desenvolvimento e blica, em 2010, o Ministério da Agricultura, po Gestor do Plano ABC, o qual é coorde- Cooperativismo do Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o Minis- nado pelas Secretarias de Estado da Agri- Mapa) e coordenador tério do Desenvolvimento Agrário (MDA) cultura, com representantes dos diversos do plano ABC. lançaram o Plano de Agricultura de Baixa segmentos do setor produtivo do agrone- Emissão de Carbono (ABC), que tem ainda gócio. Esse grupo gestor tem por finalidade a participação do Ministério da Fazenda, da elaborar um Plano Estadual que esteja ali- Maurício Carvalho de Oliveira Confederação da Agricultura e Pecuária do nhado com as diretrizes e metas do Plano Engenheiro agrônomo, Brasil (CNA), da Organização das Coopera- ABC Nacional. chefe da Divisão tivas Brasileiras (OCB) e do Fórum Brasilei- de Agricultura Conservacionista do ro de Mudanças Climáticas. Entre as ações consideradas priori- Depros Ele foi concebido para incentivar a ado- tárias dentro do Plano ABC estão: ção de sistemas de produção sustentáveis l Recuperar pastagens degradadas por que assegurem a redução de emissões de meio de projetos técnicos; Anuário DBO 2013 0028
l Expandir a adoção de sistemas integrados Estaduais estruturados para conduzir o Pla- do incremento da produtividade e da diver- de lavoura-pecuária-floresta ou sistemas no ABC que, de forma coordenada e inte- sificação da produção, com recuperação de agroflorestais; rinstitucional, devem atuar para dinamizar a parte do passivo ambiental, principalmente l Difundir a adoção do sistema de plantio di- adoção de tecnologias que venham produzir no que se refere à qualidade de pastagens e à reto; resultados positivos em termos de geração integração lavoura-pecuária-floresta. l Ampliar o uso da fixação biológica de ni- de renda para o produtor rural e no que tange Para os próximos anos, o Mapa deve- trogênio (FNB); à melhoria da qualidade do meio ambiente. rá concentrar esforços no sentido de apoiar l Ampliar a área de florestas plantadas; Mesmo contemplando um elenco de as atividades de validação de pesquisas em l Incentivar o uso de tecnologias para o tra- práticas consideradas prioritárias no con- âmbito local, difusão de tecnologias, de tamento de dejetos de animais (geração de texto da produção agropecuária, a adoção monitoramento e definição de indicadores energia e biofertilizantes). de um plano como o ABC impõe uma série ambientais de sustentabilidade (se o solo de desafios, entre eles a viabilização econô- está sendo recuperado, se sua porosidade No Plano Agrícola e Pecuário 2012/2013 mica da recuperação do grande estoque de aumentou, quanto de matéria orgânica está o governo federal destinou ao Programa pastagens em processo de degradação ou sendo incorporada, etc.), que permitirão ABC R$ 3,4 bilhões, a uma taxa de juros de degradadas, que estimativas não oficiais cal- aos técnicos aferir objetivamente se a ati- 5% ao ano, com carência de até 8 anos e até culam varie entre 70 milhões e 100 milhões vidade desenvolvida na propriedade está 15 anos de prazo para amortização do finan- de hectares. atingindo os critérios de sustentabilidade ciamento, dependendo do projeto técnico. Estados como Paraná, Mato Gros- tanto econômicos (aumento da produtivi- Desse montante, R$ 1,2 bilhão foi aplicado so do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais e dade com redução dos custos) quanto am- no período de julho a novembro de 2012. O Goiás para mencionar alguns, têm se orga- bientais (redução de emissão de gases de valor se aproxima do R$ 1,5 bilhão aplica- nizado estrategicamente para dar uma dinâ- efeito estufa). do em toda a safra 2011/2012, quando fo- mica própria em seus planos estaduais. Esse O aperfeiçoamento do seguro rural e ram liberados R$ 3,1 bilhões para o progra- trabalho coordenado tem permitido uma a criação de incentivos a mecanismos de ma. Naquela safra foram contratados 5.038 maior eficiência na incorporação de tecno- certificação e agregação de valores aos projetos. logias sustentáveis ao processo produtivo, produtos finais da agropecuária nacional Têm-se atualmente 25 Grupos Gestores proporcionando aumento de renda por meio também estão incluídos nessa tarefa. n Anuário DBO 2013 00 29
Corte em Números Pressão baixista continuará em 2013 Analistas preveem um mercado difícil para o pecuarista, marcado pela continuidade do movimento de abate elevado de fêmeas e maior oferta de machos. Denis CarDoso Pecuária bovina de corte do Brasil em números [email protected] 2013* 2012* 2011 2010 2009 ano de 2012 marca, em definitivo, Rebanho (1) 210,3 213,6 212,8 209,5 195,6 a reversão do ciclo pecuário, ou Abate (1) 47,5 45,5 42,2 42,8 42,8 O seja, teoricamente, espera-se, em 2013, um enfraquecimento ainda maior Desfrute (%) 22,6 21,3 19,8 20,44 21,87 nos preços do boi gordo e demais catego- Produção de carne (2) 10,498 10,062 9,337 9,507 9,035 rias de animais, por causa do aumento da Consumo interno (2) 8,752 8,396 7,800 7,748 7,368 oferta. “Todos os fatores levam a crer que Consumo per capita (3) 43,75 42,33 39,67 40,16 38,50 teremos mais um ano de preços frouxos no mercado interno”, prevê José Vicente Exportações (2) 1,809 1,846 1,572 1,797 1,851 Ferraz, diretor técnico da Informa Econo- Importações (4) 62,5 56,6 35,6 32,8 33,1 mics FNP, de São Paulo. No ano passado, *Estimativas Scot Consultoria, exceto o item exportações, da Secex. Em milhões de cabeças; Em milhões de tone- (2) (1) (3) (4) a cotação média da arroba do boi gordo ladas equivalente-carcaça; kg/habitante/ano. Em mil toneladas equivalente-carcaça. Fontes: Secex/MDIC e IBGE. sofreu desvalorização de 12% no Esta- Adaptação: DBO. do de São Paulo, para R$ 99,21 (valor a prazo, deflacionado), em relação ao preço (valor médio a prazo, deflacionado) – no Abates crescentes de 2011 (R$ 113,01), segundo dados do Mato Grosso do Sul, Estado de referên- Embora haja perspectivas de redução Cepea/Esalq. cia para atividade de cria. Como resposta de plantel, os abates de bovinos conti- Tal movimento frustrou as expectati- a esse quadro negativo, intensificou-se o nuarão crescendo este ano, prevê o ana- vas de muitos pecuaristas, que ainda acre- movimento de abate de fêmeas, uma ten- lista Hyberville Neto, da Scot. Segundo ditavam na reação da arroba – os melhores dência iniciada ainda em 2011, mas que ele, depois do aumento de 8% em 2012, preços foram vistos nos primeiros meses se consolidou no ano passado, resultando em relação a 2011, os abates gerais (in- de 2012, em plena safra, quando se conse- em aumento de oferta de gado e, conse- cluindo o gado não inspecionado) subi- guiu, na praça paulista, valores acima de quentemente, maior pressão baixista so- rão mais 4,4% este ano, para 47,5 mi- R$ 100/@ – janeiro foi o mês de melhores bre as cotações. lhões de cabeças. “Além da perspectiva preços para o boi gordo no ano, que alcan- Segundo dados parciais do IBGE, o de elevação ainda maior na oferta de fê- çou, em média, R$ 106,84 (a prazo, cor- abate de gado inspecionado cresceu 7% meas, ainda há muitos machos remanes- rigidos pela inflação, veja tabela da pág. entre janeiro e setembro de 2012, com centes da safra de 2010, período mar- 36). A partir de maio, até dezembro, o boi forte participação de matrizes, que res- cado pela forte retenção de matrizes” , oscilou para abaixo de R$ 100/@, para a ponderam por 35,5% das matanças ge- aponta Neto. insatisfação geral dos produtores, que ti- rais no período – percentual acima do A maior disponibilidade de gado veram que incorporar aumentos no custo registrado em igual intervalo de 2011, só não está sendo ruim para a indús- de produção, motivados pela valorização de 33,3%. Na avaliação da Scot, a atu- tria frigorífica, que depois de dois anos de insumos como fertilizantes e suplemen- al falta de investimento na atividade de seguidos enfrentando escassez de ofer- tos minerais, além da mão de obra. Em ter- cria resultará em queda anual do reba- ta, teve, no ano passado, maior poder mos nominais, os preços oscilaram abaixo nho bovino brasileiro, que, caso se con- de barganha na negociação do boi gor- de R$ 100,00 o ano todo. Dados da Scot firme, quebrará um ciclo de pelo menos do, elevando suas escalas de abate e a Consultoria indicam elevação de 4,9% no cinco anos de crescimento de plantel. A margem de lucro. Do lado da deman- custo de produção para sistemas de baixa consultoria prevê um rebanho de 210,3 da, analistas acreditam que os consu- tecnologia e de 6,8% para os de alta tec- milhões de cabeças em 2013, o que re- midores, terão condições de absorver, nologia. presentará uma queda de 1,5% sobre o com certa tranquilidade, este aumen- A frouxidão dos preços do boi gordo número projetado para 2012 (213,6 mi- to esperado de oferta de boi gordo. A contaminou o mercado de reposição, que lhões de cabeças). O último dado oficial Scot prevê um consumo interno de 8,7 acabou registrando variações negativas do rebanho nacional, divulgado pelo milhões de toneladas equivalente-car- muitas vezes superiores às oscilações do IBGE, refere-se ao ano de 2011, quan- caça de carne bovina em 2013, o que boi – em setembro, o bezerro desmamado do foram contabilizadas 212,8 milhões significará um aumento de 4% sobre a atingiu o seu pico de baixa – R$ 704,14 de cabeças. demanda de 2012. n Anuário DBO 2013 31
Corte em Números rebaNho Rebanho cresce em ritmo menor Plantel sofrerá queda este ano, refletindo reversão no ciclo pecuário. rebanho nacional de bovinos Rebanho bovino* (em cabeças) (13,9%) e Sul (13,1%). Mato (de corte e de leite) cresceu no- Grosso (13,8%) possui o maior O vamente em 2012, embora em 2011 2010 efetivo, à frente de Minas Ge- ritmo menor do que o observado nos BRasil 212.797.824 209.541.109 rais (11,2%), Goiás (10,2%) e dois anos anteriores. A Scot Consul- Mato Grosso do Sul (10,1%). Os toria, de Bebedouro, SP, estima que NoRte 43.238.310 42.100.695 dez principais Estados criadores o plantel brasileiro tenha alcançado PaRá 18.262.547 17.633.339 concentram 81,1% do rebanho o patamar de 213,6 milhões de cabe- RoNDôNia 12.182.259 11.842.073 brasileiro, que ocupa a segun- ças, aumento de 0,4% sobre 2011. A toCaNtiNs 8.025.400 7.994.200 da posição no ranking mundial, consultoria usa como parâmetro os aCRe 2.549.497 2.578.460 atrás da Índia, cujo rebanho em números do Instituto Brasileiro de 2011 atingiu 324,5 milhões ca- Geografia e Estatística (IBGE), por amazoNas 1.439.597 1.360.800 beças, segundo o Departamento meio da pesquisa Produção da Pecu- RoRaima 651.511 577.050 de Agricultura dos Estados Uni- ária Municipal (PPM). amaPá 127.499 114.773 dos (USDA). “Só que os últimos dados do NoRDeste 29.583.041 28.762.119 Um dos crescimentos mais IBGE se referem ao rebanho con- expressivos de rebanho em 2011 solidado no fim de 2011 (veja ta- Bahia 10.667.903 10.528.419 deu-se no Pará, com 600.000 cabe- bela)”, explica Hyberville Paulo maRaNhão 7.264.106 6.979.844 ças a mais, ou 3,5%, com plantel D’ Athayde Neto, especialista do CeaRá 2.611.712 2.546.134 alcançando 18,3 milhões de ani- setor de corte da Scot. Assim, os PeRNamBuCo 2.502.156 2.383.268 mais. Na série história dos últimos números da consultoria procuram dez anos do IBGE, o rebanho para- antecipar as análises do IBGE, que Piauí 1.688.024 1.679.957 ense registrou expressivo salto de só divulgará os dados consolidados PaRaíBa 1.354.268 1.242.579 65%, ou 7,2 milhões de animais no de 2012 em outubro. alagoas 1.268.304 1.219.578 período. Ainda no Norte, destaque Segundo Hyberville, o ligeiro Rio gRaNDe Do NoRte 1.047.797 1.064.575 para Rondônia, cujo rebanho au- aumento de plantel esperado para seRgiPe 1.178.7715 1.117.765 mentou 2,9% em 2011, ou acrésci- 2012 reflete o forte movimento de mo de 340.000 animais, para 12,2 retenção de fêmeas observado en- suDeste 39.334.869 38.251.950 milhões de cabeças. tre 2007 e 2010. Porém, confor- miNas geRais 23.907.915 22.698.120 No Sudeste, o rebanho de me o especialista, 2012 marcou, são Paulo 11.024.796 11.197.697 Minas Gerais ficou próximo em definitivo, o início da fase de esPíRito saNto 2.223.262 2.195.406 de 24 milhões de cabeças em baixa do ciclo pecuário. “Os pre- 2011, após cinco anos girando ços do boi gordo e de animais de Rio De JaNeiRo 2.178.896 2.160.727 ao redor de 22,5 milhões de ani- reposição perderam força no ano sul 27.979.385 27.866.349 mais. Segundo o IBGE, o Es- passado, o que levou a um maior Rio gRaNDe Do sul 14.478.312 14.469.307 tado registrou forte aumento de crescimento de abates de fêmeas PaRaNá 9.461.856 9.411.380 5,3% no rebanho, ou 1,2 milhão (veja reportagem na página se- de cabeças a mais, no período guinte).” Como consequência do saNta CataRiNa 4.039.217 3.985.662 de um ano. Em contrapartida, novo movimento, o rebanho de CeNtRo-oeste 72.662.219 72.559.996 o rebanho paulista reduziu-se bovinos tende a diminuir já a par- mato gRosso 29.265.718 28.757.438 1,5% em 2011, para 11 milhões tir de 2013. “Neste ano, estima- mato gRosso Do sul 21.553.851 22.354.077 de cabeças. No Nordeste, Ma- mos um plantel de 210,2 milhões goiás 21.744.650 21.347.881 ranhão e Ceará se destacaram, cabeças, queda de 1,6% sobre o com elevação de plantel de 4% número esperado para 2012.” DistRito FeDeRal 98.000 100.600 e 2,5%, alcançando 7,2 milhões Em 2011, o rebanho nacional * Rebanho de corte e de leite e 2,6 milhões de cabeças, res- atingiu 212,8 milhões de cabeças, Fonte: IBGE/Pesquisa Pecuária Municipal, dados disponíveis em nov./2012. pectivamente. 1,5% mais em relação a 2010, com avan- O Centro-Oeste concentra o maior nú- No Centro-Oeste, os rebanhos ficaram ços mais significativos no Norte (2,6%), mero de animais, com 34,1% do total do praticamente estáveis, com exceção do Mato Nordeste (2,8%) e Sudeste (2,9%). No Sul rebanho de 2011. O Norte ocupa a segun- Grosso do Sul, que teve forte redução de e Centro-Oeste, os plantéis ficaram estáveis, da posição, com 20,3% do plantel geral, 3,6%, para 21,55 milhões cabeças, ou me- segundo o IBGE. seguido por Sudeste (18,5%), Nordeste nos 800.000 animais. (D.C) n Anuário DBO 2013 32
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Corte em Números AbAte Vacas no gancho engrossam estatísticas de abate Dados parciais do IBGE apontam elevação de 7% nas matanças de bovinos em 2012, com forte aumento de participação das matrizes s abates de bovinos – bois, va- gindo o patamar mais alto desde o iní- Caso seja mantido o mesmo ritmo cas, novilhos, novilhas, vitelos e cio de série histórica do IBGE, que co- de crescimento de abates registrados Ovitelas – registraram aumento de meçou a divulgada os dados em 1997 nos três primeiros trimestres do ano 7% entre janeiro e setembro de 2012, – superou o recorde obtido no primei- (de 7,6 milhões de cabeças, em mé- em relação ao mesmo período do ano ro trimestre daquele mes- passado, com forte participação de ma- mo ano, de 7,9 milhões de trizes (35,5%) no total de animais le- cabeças. A marca alcan- Recorde para um terceiro vados ao gancho no período, segundo çada no trimestre de ju- trimestre: mais de 8 milhões dados oficiais do Instituto Brasileiro de lho-setembro significou Geografia e Estatística – IBGE, que co- aumento de 5% sobre o de cabeças abatidas. lhe informações apenas de estabeleci- número registrado no tri- mentos sob inspeção sanitária federal, mestre imediatamente an- estadual ou municipal. terior (7,6 milhões de cabeças) e ele- dia), o ano de 2012 terá computado Embora sejam ainda números par- vação de 10% na comparação com o o envio de 30,5 milhões animais aos ciais, as estatísticas sobre o abate de mesmo período de 2011 (7,3 milhões abatedouros brasileiros, o que repre- bovinos em 2012 demonstram clara- de animais abatidos). sentará um acréscimo de 6% sobre mente que o setor de corte vive um pe- ríodo de reversão de ciclo pecuário, marcado pela falta de perspectiva dos Evolução anual (em milhões de cabeças) pecuaristas em relação à recuperação do preço do boi gordo, que no ano pas- sado girou abaixo da inflação (veja ma- téria na pág. 41), segundo avaliação do médico veterinário Hyberville Neto, da Scot Consultoria. “A arroba do boi em baixa também influencia negativamente os preços dos animais de reposição, o que acaba re- duzindo a rentabilidade dos pecuaris- tas, sobretudo os que atuam na ativi- dade de cria. Assim, o criador se sente obrigado a vender as fêmeas do reba- nho, para tentar recompor o caixa e, ao mesmo tempo, diminuir o investi- mento mobilizado na atividade”, expli- Evolução anual (em milhões de cabeças) ca Neto. 2012 (2) 2011 (3) 2010 (3) 2009 (3) Segundo o IBGE, no acumulado de Total (1) 45,50 42,20 42,8 40,21 janeiro a setembro do ano passado, fo- ram abatidas 22,89 milhões de cabe- Inspecionado 22,89 28,82 29,28 28,06 ças de bovinos, ante as 21,45 milhões Boi (peso@) 17,91 17,81 17,76 17,79 registradas em igual período de 2011. Vaca (peso@) 13,18 12,99 13,04 12,93 Somente no terceiro trimestre de 2012, (1) Abate total estimado pela Scot Consultoria. Dados de 2012 preliminares até setembro, referentes aos abates ins- (2) as matanças de bovinos ultrapassaram pecionados de bois, vacas, novilhas, vitelos e vitelas. Dados anuais. Fontes: Pesquisa Trimestral de abate, IBGE e (3) a marca de 8 milhões de cabeças, atin- FNPPC, elaboração DBO. Anuário DBO 2013 34
Percentagem de vacas no abate mensal do Brasil 2012* 2011 2010 2009 35,50% 33,63% 29,99% 31,35% *Números de 2012 preliminares, considerando abates até setembro. Fonte: Pesquisa trimestral de abates inspecionados, IBGE, elaboração DBO. o total de abates inspecionados em mar em 50 anos”, relembra Hyberville 2011, de 28,8 milhões de cabeças. Neto, o analista da Scot. Em 2006, de O peso acumulado de carcaças tam- acordo com dados históricos do IBGE, bém atingiu resultado recorde no ter- o percentual médio de participação de ceiro trimestre de 2012, de 1,911 mi- vacas em relação ao abate total ficou lhão de toneladas, valor 6% maior que em 37%. o verificado no trimestre anterior, e 10% acima ao obtido em igual perío- Previsão para 2013 do de 2011. O recorde anterior havia Na previsão da Scot, os abates to- sido registrado no segundo trimestre de tais de bovinos, incluindo o gado não 2010, quando foi apurado um peso acu- inspecionado, alcançaram 45,5 mi- mulado de 1,828 milhão de toneladas. lhões de cabeças em 2012, um cres- Em arrobas, o peso médio das carcaças cimento de 8% em relação ao total de boi e de vacas atingiu, no acumu- de 2011, de 42,2 milhões de animais. lado de janeiro a setembro, 17,91@ e “É, sem dúvida, o número mais altos 13,8@, respectivamente. dos últimos cinco anos”, avalia Neto, que prevê um novo aumento nas ma- Vacas no gancho tanças em 2013. “Será mais um ano Os dados preliminares do IBGE in- de boas ofertas”, acrescenta o analis- dicam uma participação de 35,5% das ta da Scot, que projeta um abate total vacas no total de abates inspeciona- ao redor de 47,5 milhões de cabeças, dos até setembro, o que significa um o que representaria aumento de 4,4% aumento de um ponto percentual (p.p) sobre 2012. na comparação com a fatia verifica- Na avaliação de Neto, além da ex- da no mesmo período do ano anterior pectativa de uma continuidade este ano (34,5%) e de quase dois p.p em rela- da tendência de elevação nos abates de ção ao número fechado em 2011 (de fêmeas, muitos animais machos que 33,6%). “Os números de participação nasceram entre 2010-2011, períodos ca- das fêmeas se aproximam dos percen- racterizados pela forte retenção de ma- tuais verificados nos anos de 2005 e trizes, ainda não chegaram à fase ideal 2006, quando a pecuária vivia o perí- para o abate. “São animais frutos de sa- odo de pico de abate de matrizes, re- fras de bezerros de 2010, que só agora fletindo a forte queda no preço do começam a engrossar as estatísticas de boi, que havia atingido o menor pata- abate do IBGE”, avalia. (D.C) n Anuário DBO 2013 35
Corte em Números Preços Mercado do boi gordo em banho-maria Preços frouxos frustam as expectativas dos pecuaristas rustração é a palavra certa para definir veterinário Hyberville Paulo D’Athayde o sentimento dos pecuaristas ao longo Cotação média da arroba em SP* Neto, consultor da Scot Consultoria. Em Fde 2012, que receberam pelo boi gor- 2012 2011 relação a 2011, os preços do boi em 2012 do e animais de reposição valores inferio- foram menores em todos os meses, atin- res aos do ano anterior, e ainda tiveram Janeiro 106,84 117,33 gindo o pico de baixa em agosto, quando que amargar um aumento nos custos de Fevereiro 105,57 118,12 o valor médio recuou para R$ 92,36/@ produção e da inflação. Por sua vez, o ou- (deflacionado). tro lado do balcão – no caso as indústrias Março 101,79 118,28 Mesmo assim, apesar da pressão bai- frigoríficas – vivenciou uma situação mais Abril 102,48 116,45 xista, o valor anual da arroba em São confortável, pelo menos em relação à dis- Paulo ainda ficou ligeiramente acima da ponibilidade de oferta de animais prontos Maio 99,14 111,76 média história dos últimos dez anos, de para o abate, que foi bem mais generosa Junho 97,82 108,37 R$ 98,24 (corrigido pela inflação). Se- em 2012, revertendo o quadro de escassez gundo Alcides Torres, o diretor da Scot, registrado nos dois anos anteriores. Julho 94,79 110,55 o que sustentou as cotações para níveis “O mercado do boi gordo ficou em Agosto 92,36 112,06 acima da média histórica foi o aqueci- ‘banho-maria’ em 2012”, diz o engenheiro mento da demanda interna, favoreci- agrônomo Alcides Torres, diretor da Scot Setembro 97,10 108,72 da pela melhoria de renda da população Consultoria, de Bebedouro, SP. Na sua Outubro 96,81 109,04 e pela redução da taxa de desemprego, avaliação, depois de dois anos de preços além da recuperação nas exportações bons, houve, no ano passado, um “acha- Novembro 98,99 115,24 de carne bovina (veja matéria sobre os tamento” nas margens do produtor, mas Dezembro 96,85 110,20 embarques brasileiros na pág.46). “Os nada que comprometesse a sua rentabi- mercados internos e externos absorve- lidade. “Embora o preço não tenha subi- Média anual (R$) 99,21 113,01 ram bem a essa maior disponibilidade do como se imaginava, também não caiu Média anual (US$) 53,46 67,65 de boi gordo”, ressalta Torres. drasticamente”, afirma. Com Torres con- Em 2012, o mercado de reposição foi corda José Vicente Ferraz, diretor técnico Média 1º semestre (R$) 102,27 115,05 marcado pelo aumento crescente de ofer- da Informa Economics FNP, de São Paulo. Média 2º semestre (R$) 96,15 110,97 ta, frente a uma demanda mais enfraque- “Não foi um ano desastroso para a pecuá- cida, reflexo da reversão do ciclo pecuá- ria de corte, mas também não foi um dos Média em 10 anos 98,24 47,56 rio para a fase de baixa de preços. Como melhores”, observa Ferraz, que há mais de * Média ponderada dos preços de SP considerando qua- consequência, a queda das cotações dos 30 anos acompanha o setor. tro praças de SP: Araçatuba, S. J. Rio Preto, P. Prudente animais para reposição foi superior à ve- Contudo, os dois analistas apontam o e Marília-Bauru. Valores a prazo deflacionados pelo IGP- rificada no mercado de boi gordo. Da- segmento de confinamento como o mais -M de 12/2012. Fonte: Cepea/Esalq, elaboração DBO. dos da Scot Consultoria mostram que o problemático em 2012. “Os resultados preço médio mensal do bezerro desma- da engorda intensiva foram medíocres”, lo recuaram 12%, para R$ 99,21 (valores mado (5,5@) sofreu desvalorização de avalia Ferraz, que aponta como fator de- a prazo deflacionados pelo IGP-M), em 4,1% entre janeiro de 2012 e dezembro terminante para o mau desempenho do relação à cotação média do ano anterior do mesmo ano (média da primeira quin- setor no ano passado, além do movimen- (R$ 113,01/@), segundo informações do zena), caindo de R$ 703,75 por cabeça to de baixa da arroba do boi gordo, o for- Centro de Estudos Avançados em Eco- para R$ 675,00/cabeça. No mesmo inter- te aumento nas cotações do milho e fare- nomia Aplicada – Cepea/Esalq. Durante valo, o garrote (9,5@) recuou 3,1%, de lo de soja, principais insumos utilizados o ano, o melhor preço do boi gordo foi R$ 975/cabeça para R$ 945, enquanto o no confinamento (veja mais informações registrado em janeiro, de R$ 106,84/@ boi magro teve desvalorização de 3,9%, nas pág. 16). (corrigido pela inflação), em média. “Daí caindo de R$ 1.212,50, em janeiro, para para frente, a cotação entrou em tendên- R$ 1.165,00 em dezembro. Por sua vez, Queda geral cia baixista, refletindo a maior oferta de no período, o preço do boi gordo em São Em 2012, os preços médios da arro- animais machos terminados e o aumento Paulo recuou 3%, de R$ 99,98/@ para R$ ba do boi gordo no Estado de São Pau- nos abates de fêmeas”, afirma o médico 97,00/@. (D.C.) Anuário DBO 2013 0036
SP lidera baixa Cotações médias mensais e anuais do boi* da arroba preço do boi gordo sofreu maior re- O cuo, em termos percentuais, no Esta- do de São Paulo. Em 2012, o valor mé- dio de quatro praças paulistas – Araçatuba, São José do Rio Preto, Presidente Pruden- te e Marília-Bauru – ficou em R$ 99,21/@ (corrigido pelo IGP-M ), a prazo, uma queda de 12% sobre a cotação verificada em 2011, segundo dados do Cepea/Esalq. Mesmo com a maior retração, o valor do boi de São Paulo ficou acima do obtido nas quatro praças analisadas pelo Cepea/ Médias anuais R$/arroba** Esalq – Campo Grande (R$ 93,76/@, em média); Goiânia (R$ 92,28/@) e Triângu- Campo Grande, MS Goiânia, GO Triângulo, MG São Paulo** lo Mineiro (R$ 94,08/@). O incremento na oferta de boi gordo, 2012 93,76 92,28 94,08 99,21 aliado ao maior descarte de matrizes e no- 2011 104,92 101,27 103,07 113,01 vilhas, trouxe alívio para os frigoríficos, que nos dois anos anteriores foram prejudicados *Valores a prazo corrigidos pelo IGP-M. **SP: média ponderada dos preços de Araçatuba, S. J. Rio Preto, P. Prudente e Marília-Bauru; nas demais praças, média simples. Fonte: Cepea/Esalq, elaboração DBO. pela escassez de oferta de animais termina- dos. “A despeito dos problemas de gestão de alguns frigoríficos, 2012 foi um ano fa- vorável à indústria, que conseguiu reduzir o nível de ociosidade de seus abatedouros”, Bezerro recua Cotações médias do bezerro avalia José Vicente Ferraz, da FNP. 9% no MS em Campo Grande, MS* Números da Scot Consultoria indicam 2012 2011 que a escala média de abate do ano passado foi superior à de 2011. A média em 2012 foi companhando a tendência baixista Janeiro 776,68 788,56 de 4,5 dias, frente a 3,7 dias do ano anterior. A do boi gordo, os preços do bezer- Fevereiro 776,44 801,17 O pico de escala do ano passado ocorreu em ro também caíram em 2012, em relação julho, de 7,3 dias, ante uma máxima de 5,7 ao ano anterior. No Mato Grosso do Março 766,83 828,46 dias registrada em setembro de 2011. Sul – Estado de referência para a ativi- Abril 775,91 856,02 Diante do cenário de aumento dos aba- dade de cria –, a cotação média anual tes, a oferta de carne bovina ao mercado teve retração de 9%, para R$ 737,16/ Maio 744,11 849,44 doméstico cresceu significativamente. Se- cabeça (preço a prazo, deflacionado), Junho 739,45 824,91 gundo a Scot, de janeiro a outubro, a dis- em comparação ao valor de 2011, de Julho 718,14 825,76 ponibilidade interna mensal de carne bovina R$ 812,00/cabeça. cresceu 6,9%, para 695 mil toneladas equi- O pico de baixa do bezerro foi re- Agosto 694,54 811,83 valente-carcaça, em relação à média mensal gistrado em setembro, quando o seu Setembro 704,14 776,51 obtida em igual período de 2011. Somente valor caiu para R$ 704,14. no mês de agosto, mês de pico de baixa da No entanto, mesmo com o movi- Outubro 714,34 788,94 arroba do boi, foram destinados ao mercado mento baixista, os criadores recebe- Novembro 727,64 807,67 interno 764,8 mil toneladas de carne bovina, ram ao longo de 2012 valores supe- o maior volume dos últimos três anos. riores ao preço histórico (média em Dezembro 707,66 784,68 A elevação de oferta, porém, não foi su- dez anos), de R$ 699,30 (deflacionado Média anual (R$) 737,16 812,00 ficiente para derrubar os preços da carne no pelo IGP-M). varejo. Graças à demanda aquecida, os fri- No primeiro semestre, os preços do Média anual (US$) 379,55 486,56 goríficos tiveram mais um ano de margens bezerro no Mato Grosso do Sul fecha- Média 1º semestre (R$) 763,24 824,76 positivas. Foram raros os momentos em que ram cotados, em média, a R$ 763,24, os preços da carne ficaram abaixo dos de com desvalorização de 7,4% sobre Média 2º semestre (R$) 711,08 799,23 2011, o que proporcionou à indústria mar- igual período de 2011. No segundo se- Média em 10 anos R$ 699,30 US$ 341,97 gens de comercialização de até 35% em re- mestre, o valor do bezerro caiu 11%, * Valores a prazo corrigidos pelo IGP-M. lação ao preço pago pela arroba do boi. para R$ 711,08, em média. Fonte: Cepea/Esalq, elaboração DBO. Anuário DBO 2013 00 37
Corte em Números Preços Bezerro se valoriza Cotações médias mensais e anuais do bezerro* mais em SP praça paulista foi a que melhor re- A munerou o bezerro no ano passado, registrando uma cotação média anual de R$ 746,96 (a prazo, deflacionado pelo IGP-M), segundo informações di- vulgadas pelo Cepea/Esalq. No entanto, em termos percentuais, São Paulo teve a maior queda, ao lado de Goiânia, GO – em ambas as praças, houve recuo de 10% sobre as cotações médias verificadas em 2011, de R$ 835,49/cabeça (SP) e R$ 784,29/cabe- ça, respectivamente. A praça de Goiás recebeu a pior co- tação em 2012 – R$ 704,83 por bezer- Médias anuais R$/arroba** ro, em média. Campo Grande, MS Goiânia, GO Triângulo, MG São Paulo** Nas demais praças – Campo Gran- de, MS, e Triângulo Mineiro, MG 2012 736,00 704,83 715,75 746,96 –, as cotações recuaram 9%, para R$ 736,00/bezerro e R$ 715,75/cabe- 2011 808,99 784,29 785,14 835,49 ça, respectivamente, em relação aos preços registrados no ano anterior, de *Valores a prazo corrigidos pelo IGP-M. ** Média ponderada dos preços de Araçatuba, S. J. Rio Preto, P. Prudente e Marília-Bauru. Fonte: Cepea/Esalq, elaboração DBO. R$ 808,99 e R$ 785,14. Melhora a relação de troca Previsão 2013 ano de 2013 começou como terminou, ouve nítida melhora na relação de Relação de troca boi gordo/bezerro O ou seja, com um mercado de boi gordo H troca entre boi gordo e bezerro des- em 2012 ofertado, sem perspectivas de elevação nos mamado no ano passado, na compara- preços no curto e médios prazos. “Tudo in- ção com o ano anterior. dica que teremos mais um ano de mercado “A melhoria reflete a queda mais frouxo, pois, embora haja previsão de re- forte dos preços de animais de repo- dução de rebanho este ano, ainda há mui- sição em relação aos animais termina- tos garrotes e boiadas para manter o merca- dos”, observa Hyberville Neto, analis- SP* CG GO MG do ofertado, sem contar o crescente abate ta da Scot Consultoria. de fêmeas”, diz Hyberville Neto, da Scot. Levantamento do Cepea/Esalq, SP* 2,22 2,26 2,36 2,32 Essa pressão baixista, diz ele, se estenderá que analisa 16 possibilidades de ne- para o mercado de reposição, que também gociação em quatro praças de referên- CG 2,08 2,11 2,20 2,17 sentirá o peso de excesso de oferta, que en- cia no País, mostra que as melhores globa bezerros desmamando oriundos da situações de troca ocorreram em fa- GO 2,08 2,11 2,20 2,17 estação de monta iniciada no fim de 2011. zendas localizada no Estado de Goiás José Vicente Ferraz, da FNP, diz quem – pico de 2,36 bezerros/boi de 16,5@, MG 2,12 2,15 2,24 2,21 em períodos de preços baixos, é preciso que envolveram invernistas de São maior atenção ao trabalho de gestão e pla- Paulo. nejamento. “O lado bom é que os pecuaris- A pior situação foi registrada em *Dados de SP consideram quatro praças: Araçatuba, tas já vêm investindo na gestão de suas pro- propriedades de São Paulo, em nego- S. J. Rio Preto, P. Prudente e Marília-Bauru. CG – Campo priedades. É nítida a melhoria de eficiência, Grande, MS; GO - Goiânia, GO; MG – Minas Gerais. ciação com fornecedores de Campo garantida pelo avanço em produtividade, Grande e Goiás, cujas relações de tro- É considerado um boi gordo de 16,5@. controle dos gastos, e uso de tecnologias”. ca foram de 2,08 bezerros/boi. Fonte: Cepea/Esalq, elaboração DBO. 0038
Corte em Números Preços Custos sobem diante de arroba enfraquecida Gasto com insumos dispara, enquanto preço do boi sofre desvalorização de 4%. s custos de produção da pecuária de Custos da pecuária de corte sobem e preço médio corte voltaram a subir em 2012, se- do boi recua no Brasil Oguindo tendência já observada em Estados CoE (1) Cot Boi gordo (3) (2) 2011. No ano passado, os vilões da in- Goiás 3,89% 7,53% 3,54% flação na pecuária de corte foram os su- Minas Gerais plementos minerais e fertilizantes, além 6,99% 6,56% 1,70% do aumento do valor da mão de obra. Mato Grosso 3,59% 4,93% -5,50% O encarecimento dos insumos foi pre- Mato Grosso do Sul 2,21% 5,02% 1,67% judicial a todos os tipos de pecuaristas. Pará 4,67% 4,94% 6,60% “Engana-se quem pensa que somente os confinadores tiveram problemas com a Paraná 5,79% 5,37% 1,35% elevação de custos; muitos pecuaristas Rio Grande do Sul 8,12% 7,33% -1,84% que atuam no sistema extensivo a pasto Rondônia 3,90% 4,10% 4,88% já lançam mão de tecnologias em certo São Paulo 1,75% 3,01% -2,12% período da produção, principalmente no inverno”, diz Alcides Torres, diretor da Tocantins 6,11% 5,22% 4,82% Scot Consultoria. Brasil (4) 4,11% 5,28% -4,18% Segundo a consultoria de Bebedou- (1) Custo Operacional Efetivo: considera a variação nominal acumulada de janeiro a novembro/2012 nos preços pagos por ro, SP, o farelo de soja subiu 56% no insumos, salários e impostos relacionados à pecuária de corte. Custo Operacional Total: abrange o COE e a deprecia- (2) (3) ano passado, em relação a 2011, para ção de instalações, equipamentos e formação de pastagens. Variação da cotação da arroba de janeiro a novembro de (4) R$ 1.066 a tonelada, em média, em São 2012, em reais. Juntos, os Estados citados representam quase 80% do rebanho nacional. Fonte: Cepea/USP e CNA. Paulo. A alta foi puxada pelo aumento da demanda e, sobretudo, pela forte va- cional efetivo (COE) – que compreende ária de corte foram registradas no Mato lorização no preço da soja, consequên- os gastos mensais com insumos, paga- Grosso, Rio Grande do Sul e São Paulo, cia das quebras nas safras do Brasil e mento de salários e impostos – teve va- que apresentaram variação negativa para dos Estados Unidos. Em 2012, foram lorização de 4,11%, segundo dados do a arroba do boi gordo de 5,5%, 1,8% e necessárias, em média, 11,2@ de boi Cepea/Esalq. O custo operacional total 2,1%, respectivamente. Em São Paulo, o gordo para a compra de uma tonelada de (COT), que considera o COE, além de COE e o COT tiveram aumento de 1,75% farelo de soja, o que significou aumento depreciação de máquinas e instalações, e 3%, no acumulado de janeiro a dezem- de 63% na relação de troca em compara- subiu 5,28% no mesmo período. bro. No Mato Grosso, a variação dos cus- ção ao ano anterior. Entre os Estados brasileiros analisados, tos foi de 3,6% (COE) e 4,9% (COT). Além do farelo de soja, outros con- as situações menos favoráveis para a pecu- Situação mais complicada foi verificada centrados proteicos substitutos, como farelo e caroço de algodão, subiram de preço. Os fertilizantes nitrogenados so- o que se comprou com o preço de um boi gordo* freram elevação de 3,7% em 2012 so- 2012 2011 Média EM 10 anos bre 2011, segundo a Scot Consultoria. No mesmo período, os adubos potássi- Arame Liso Ovalado 1.000m 8,28 9,10 8,14 cos e fosfatados tiveram alta de 11% e Calcário Dolomítico (tonelada a granel) 34,93 41,38 37,23 4,3%, respectivamente. A ureia agríco- Vacina aftosa (dose) 1.377,02 1.249,27 1.071,39 la subiu 5,8%. Sal mineral 90g de P (sc 30kg) 35,71 40,62 34,42 Custos gerais Quantos bois gordos foram necessários para adquirir... No acumulado de 2012, a arroba do Trator MF 265/2 37,67 36,30 54,33 boi gordo teve queda, em termos nomi- *Animal de 17@. Valores dos insumos à vista, em São Paulo. Preço do boi em São Paulo, a prazo, ponderado, não nais, de 4,18%, enquanto o custo opera- deflacionado. Fonte: Cepea/USP, elaboração DBO. Anuário DBO 2013 0040
no Rio Grande do Sul, onde os custos su- rentabilidades em 2012 biram mais fortemente – 8,1% (COE) e 7,3% (COT). Um quadro favorável na relação cus- to/preço da arroba foi registrado no Pará, onde a variação de preço da arroba do boi, de 6,6% para o período de janeiro a dezembro, foi superior à taxa de aumento nos custos de produção, de 4,7% (COE) e 4,94% (COT). Embora em menor pro- porção, o Estado de Rondônia também apresentou uma relação positiva, com elevação de 4,9% no preço do boi gor- do e aumento de custos de 3,9% (COE) e 4,1% (COT). outras relações de troca Em 2012, a perda do poder de com- pra dos pecuaristas de corte, em relação ao ano anterior, fica mais evidente quan- do se analisa a relação de troca de alguns outros insumos considerados fundamen- tais à produção. No ano passado, o va- lor médio obtido pela venda a prazo de um boi gordo, em termos nominais, per- mitiria a compra de 8,28 fardos de 1.000 metros de arame liso ovalado, ante 9,10 fardos registrados em 2011. Com a ven- da do boi também seria possível comprar Dados levam em conta o preço médio da terra, de agricultura ou de pastagem, nas seguintes regiões: SP, MG, PR (leite); 34,93 toneladas de calcário (menos que Centro-Oeste, SP, MG (corte); GO, MT, PR (grãos); SP (cana). Fonte: FGV / Bacen / Banco do Brasil / Scot Consultoria as 41,38 toneladas supostamente obtidas no ano passado); e 35,71 sacos de 30 kg tido de 5,4%. Porém, este percentual ficou da para a atividade de ciclo completo com de sal mineral (40,62 sacos em 2011. No um pouco abaixo do obtido pela atividade aplicação crescente de tecnologia, com lu- entanto, apesar da queda do arroba, me- em 2011, de 6,5%. A segunda melhor ren- cro de 5,3%, embora também inferior ao re- lhorou a relação de troca entre boi gor- tabilidade do setor pecuário foi verifica- sultado do ano anterior (6,5%). Ambos os do/vacina contra febre aftosa – ganhos, porém, ficaram abaixo seria possível adquirir 1.377,02 da inflação, de 8,1% (IGP-DI), doses de vacina em 2012, ante Peso de cada item nos custos de produção em - %* situação contrária ao que ocor- 1.249,27 doses em 2011. 2012 2011 reu em 2011, quando os lucros Em termos de maquinário, Bezerro e outros animais de reprodução 31,75 32,66 nas duas atividades foram supe- a relação de troca boi gordo/ Suplementação mineral 15,75 20,24 riores ao índice de inflação da- trator mostra que quase não quele ano (IGP-DI de 5%). houve diferença entre um ano e Dieta 0,85 0,71 A atividade cria com apli- outro. Em 2012, seriam neces- Adubos e corretivos 4,02 4,13 cação crescente de tecnologia sários 37,67 bois gordos para Sementes forrageiras 2,96 2,53 também fechou 2012 no azul, se comprar um trator modelo Máquinas agrícolas 7,13 4,98 com lucro de 1,4%, percentu- MF 265/2, enquanto em 2011 al inferior aos 1,9% obtidos em essa relação seria de 36,30 Implementos agrícolas 2,46 0,78 2011. A categoria de ciclo com- bois/máquina. Defensivos agrícolas 0,89 0,32 pleto com baixa tecnologia teve Repetindo o desempenho de Medicamentos em geral** 2,78 3,25 ganhos de 1,1%, ante 1,5% do 2011, a atividade de recria e en- ano anterior. A recria e engorda gorda com aplicação crescente Insumos para reprodução animal 0,06 0,07 com baixa tecnologia pratica- de tecnologia registrou o melhor Mão de obra 15,46 16,74 mente registrou ligeiro lucro de desempenho no ano passado en- Construções civil 7,79 6,61 0,1%, enquanto a atividade de tre todas as categorias da pecu- Outros (Energia, Administrativos, Utilitário) 8,12 6,96 cria com baixa tecnologia teve ária, segundo levantamento da taxa negativa, de 1,5%, repetin- Scot Consultoria (veja gráfico *Situação em novembro, referente aos principais insumos que compõem o COT – Custo do o desempenho desfavorável Operacional Total. Média ponderada para GO, MT, MS, PA, RO, RS, MG, PR, TO e SP. acima). O setor teve lucro opera- **Inclui vacinas, controle parasitário, antibióticos, entre outros. observado nos dois anos ante- cional sobre o patrimônio inves- Fonte: Cepea/USP e CNA, adaptação DBO. riores. (d.C.) n Anuário DBO 2013 00 41
Corte em Números merCado futuro Preço morno derrubou contratos Mas quem ficou atento às ofertas negociou boi até a R$ 103,98 Fernando Yassu Tabela 1. Negócio a futuro tem nova queda [email protected] em contratos negociados em 2012 (*) s negócios com boi gordo no mer- Ano/Contrato cado futuro registraram novo recuo Meses 2012 2011 2010 2009 2008 Oem 2012 em relação ao ano ante- Janeiro 55.138 61.105 72.229 72.394 120.854 rior. A queda foi de 9,56%, de 1,170 Fevereiro 50.430 62.311 62.696 56.503 84.931 milhão para 1,058 milhão de contratos negociados na Bolsa de Mercadorias Março 79.192 63.750 101.781 104.239 74.651 e Futuros (BM&FBovespa). O tom- Abril 78.634 76.945 104.642 61.230 116.697 bo só não foi maior porque, em 2012, Maio 90.494 112.866 78.966 72.985 189.776 houve um bom incremento no mercado Junho 83.332 99.084 55.515 50.839 212.378 de opções, cujos contratos cresceram Julho 131.817 124.623 86.154 74.444 207.453 53,7%. Sem os contratos no mercado de opções, os negócios tradicionais no Agosto 109.384 124.299 140.230 70.813 173.540 mercado futuro recuaram 22,19% em Setembro 119.094 116.410 155.460 68.885 176.471 relação ao ano anterior, passando de Outubro 128.442 85.256 228.082 94.957 169.836 975.000 para 759.000. Novembro 72.643 160.824 187.878 80.713 89.095 O comportamento morno do mer- cado físico ao longo do ano afetou de Dezembro 59.654 82.627 78.836 88.839 97.381 certa forma os negócios a futuro, que, Total 1.058.254 1.170.100 1.352.469 896.401 1.713.060 ao longo do ano, andou a reboque do Equivalente/boi 21.165.080 23.402.000 27.049.380 17.928.020 34.261.260 primeiro. A diferença de preço entre os (*) dois mercados foi muito estreita ao lon- Fonte: BM&F/Bovespa. Inclui mercado futuro e de opções go de 2012 e em nenhum mês chegou a superar 10% para os contratos para pação na terminação dos animais, que, 92,80; R$ 89,85 no fim de julho e R$ a liquidação em outubro, o pico da en- em tempos normais, estariam prontos 92,82 no fim de agosto. No mês consi- tressafra e o mês de maior volume de apenas no quarto trimestre de 2012 e no derado o do pico da entressafra, outu- negócio a futuro. Além dos custos de primeiro trimestre de 2013. bro, o preço ficou em R$ 96,50. produção, o pecuarista-confinador nor- Com maior oferta de bois na entres- O achatamento da cotação da arroba malmente considera uma diferença mí- safra, o mercado físico ficou de ponta-ca- no mercado físico, iniciado em março nima de 10% entre os dois mercados beça: o preço começou a cair no fim da e encerrado no fim de agosto, segurou para travar o preço e confinar. E ela va- safra, em março, e atingiu o pico de bai- as ofertas no mercado futuro exatamen- riou entre uma mínima de menos 0,35% xa no fim de julho, o início da fase mais te no período em que os confinadores (fevereiro) e uma máxima de 9,79% em aguda da entressafra. Isso fez com que, travam o preço do mercado futuro. “O abril para os contratos para a liquidação em 2012, o Indicador Boi Gordo do Ce- mercado futuro ficou pessimista com a em outubro. entressafra precificada em valores mui- O problema foi o clima, que alte- to baixos e o pecuarista ficou com medo rou a dinâmica na formação de preço. Futuro andou a de investir”, diz Gustavo Aguiar, con- Graças ao inverno chuvoso, os abates reboque do mercado sultor da Scot Consultoria, de Bebedou- no segundo e no terceiro trimestres fo- físico em 2012 ro, SP. Sem oferta atraente, os negócios ram maiores do que no primeiro, o do a futuro não andaram em março, abril, auge da safra. Em 2012, os abates ins- maio e junho. pecionados, no primeiro trimestre, al- pea apontasse maiores preços em janeiro Essa é a explicação para o cres- cançaram 7,2 milhões de cabeças, se- e fevereiro e os piores no fim de junho, cimento dos contratos no merca- gundo o IBGE. No segundo e terceiro julho e agosto. do de opções, também negociados trimestres, eles alcançaram, respecti- Segundo o Cepea, os pecuaristas re- na BM&FBovespa, que cresceram vamente, 7,65 milhões e 8,027 milhões ceberam em janeiro R$ 99,52 em São 53,4%, passando de 194.000 para de cabeças, 6,25% e 11,2% a mais do Paulo e R$ 99,34 em fevereiro. No fim 299.000. Nesse mercado, o investidor que no primeiro, indicando uma anteci- de junho, receberam preço médio de R$ compra opções de preço para o boi e Anuário DBO 2013 42
Corte em Números merCado futuro paga um valor pelo contrato. No dia do Tabela 2. Cotações contidas nos pregões vencimento, pode ou não exercer a op- de boi gordo da BM&FBovespa ção. Ou seja, vender os bois pelo va- lor acertado com o comprador. Se não Mês de Datas dos pregões exercer a opção, perde apenas o valor liquidação 31/12 1 31/1 2 29/2 30/3 30/4 31/5 29/6 31/7 31/8 28/9 31/10 30/11 do contrato. Nos negócios a futuro, o Jan risco é total, segundo Aguiar, da Scot. 98,77 - - - - - - - - - - - Fev 98,30 97,33 - - - - - - - - - - Acima dos R$ 100/@ Mar 97,23 96,40 94,96 - - - - - - - - - Quem ficou atento às ofertas no mer- cado futuro fez bom negócio. Alguns Abril 96,25 96,43 94,75 96,38 - - - - - - - - exemplos de oferta acima dos R$ 100 Maio 95,78 - 94,10 96,57 94,85 - - - - - - - podem ser vistos na tabela 2: em março, Jun - - 95,10 97,40 95,82 94,10 - - - - - - para os contratos em liquidação em agos- to; em abril, maio e junho, para os contra- Jul 97,70 97,30 95,00 99,50 98,50 96,50 94,10 - - - - - tos em liquidação em setembro. Para ou- Ago - 98,27 97,20 100,20 99,71 97,75 95,59 92,15 - - - - tubro, os pecuaristas tiveram oferta acima de R$ 100 em janeiro, março, abril, maio Set - 99,15 98,00 101,20 100,87 100,00 97,00 95,00 98,64 - - - e agosto. Para novembro, houve ofer- Out 100,74 100,95 99,00 103,30 103,98 101,45 98,62 97,80 102,69 97,50 - - ta acima de R$ 100 em janeiro, feverei- ro, março, abril, maio, agosto e outubro. Nov - 101,10 100,29 103,55 103,98 102,50 99,64 98,80 103,76 98,55 101,05 - Finalmente, para a liquidação em dezem- Dez - - 101,20 102,20 102,97 101,50 98,60 98,10 102,00 96,75 100,31 95,55 bro, o mercado futuro ofereceu preço aci- Fonte: BM&FBovespa (1) 2011 (2) 2012 ma de R$ 100 em fevereiro, março, abril, maio, agosto e outubro. Nesses mesmos meses, o Indicador Evolução do Indicador Boi Gordo ao longo de 2012 Boi Gordo do Cepea, usado para liquida- ção dos contratos negociados a futuro na Datas de liquidação dos contratos a futuro BM&FBovespa, não registrou cotação aci- Especificações 31/1 29/2 30/3 30/4 31/5 29/6 31/7 31/8 28/9 31/10 30/11 28/12 ma de R$ 100 em nenhum dos 12 meses de 2012 no mercado físico em São Paulo (veja Preço à vista 1 99,52 99,34 94,43 94,72 94,98 92,88 89,85 92,82 96,09 96,59 96,89 96,54 tabela da evolução do indicador Boi Gor- (1) Valores em reais. Média dos últimos cinco dias úteis do mês na praça de São Paulo é usada na liquidação de contratos do ao longo de 2012). n futuro negociado na BM&F/Bovespa. Anuário DBO 2013 44
Corte em Números exportações Volume garante receita recorde Aumento de 13% nos embarques de carne bovina elevou fatura para US$ 5,7 bilhões Fernando Yassu Na pauta de exportação, a carne in sado e depois as retomou, caiu para a séti- [email protected] natura vai ganhando peso. Em 2012, ma posição (foi o quarto em 2011), ao des- a receita cresceu 7,79% e representou pender US$ 324 milhões, ante US$ 689 pesar da queda nos preços em dólar, 78,2% do total faturado pelos frigorífi- milhões em 2011, recuo de 53%. as exportações de carne bovina – in cos brasileiros no exterior. A grande surpresa da lista foi a Lí- Anatura, industrializada e miúdos – O crescimento de 7,79% das ven- bia: triplicou suas aquisições, passando registraram receita recorde em 2012. O das externas da carne in natura foi puxa- de US$ 22 milhões em 2011 para US$ 79 total chegou a US$ 5,744 bilhões, 7,38% do pela Líbia (253%), Chile (88%), Hong milhões ano passado e já ocupa a décima a mais do que no ano anterior, com US$ Kong (32%), Egito (28%), Arábia Saudita posição entre os maiores compradores. 5,349 bilhões. Em volume, o crescimento (19%) e Venezuela (19%). foi mais expressivo, aumentando 12,9%, Preço passando de 1,635 milhão de toneladas Concentração Maior exportadora do mundo, a cadeia equivalente-carcaça para 1,846 milhão. Apesar de a cadeia da carne bovina da carne bovina brasileira continua basica- O câmbio, com a desvalorização da embarcar para 138 países, as vendas es- mente vendendo preço. Dos mercados con- moeda nacional em aproximadamen- tão concentradas em apenas dez compra- siderados premium, só conta com a Europa, te 20% em relação a 2011, ajudou, me- dores, que foram responsáveis por 84% que vem diminuindo sua participação. Os lhorando a competitividade da cadeia da (US$ 4,8 bilhões) do faturamento (veja 27 países da União Europeia – que já che- carne bovina brasileira. Em 2012, o pre- tabela). A Rússia manteve-se no topo do garam a gastar mais de US$ 1 bilhão alguns ço da arroba do boi em dólar no Brasil pódio, com gasto de US$ 1,103 bilhão, anos atrás – em 2012 desembolsaram US$ ficou entre os mais baixos do mundo, apenas 4% a mais do que no ano anterior. 466 milhões na importação de carne in na- atrás dos grandes concorrentes no mer- O país foi responsável por 19,2% da re- tura, menos da metade do que gastaram os cado internacional, como Estados Uni- ceita dos frigoríficos exportadores, 0,6% russos (US$ 1,057 bilhão) e menos do que dos, Irlanda, Argentina e Uruguai. a menos do que em 2011. o Egito (US$ 532 milhões), mas foram os O ponto negativo em relação a 2011 Em segundo ficou Hong Kong, que que remuneraram melhor, apesar do recuo foi o recuo dos preços em dólar no mer- serve de entreposto para a China, com de 16,5%: em 2012, os europeus pagaram cado internacional. A mais prejudicada foi desembolso de US$ 823 milhões. Não US$ 8.232 a tonelada líquida, ante US$ a carne in natura – a de maior peso na ex- foram os miúdos – dos quais é o maior 9.877 em 2011. Na carne industrializada, os portação –, com recuo de 6,6%. Na indus- importador do Brasil, com gasto de US$ Estados Unidos continuam sendo o país que trializada a queda foi pequena, menos de 390 milhões em 2012 – que catapultaram paga melhor. Os americanos desembolsa- 1%, e, nos miúdos, apenas 1,1%. Hong Kong à vice-liderança entre os im- ram US$ 10.360 pela tonelada líquida. Em Apesar da queda no preço em dólar, os portadores, e sim a carne in natura, onde 2011, pagaram melhor: US$ 13.246,00. frigoríficos brasileiros aumentaram forte- a possessão chinesa gastou US$ 433 mi- mente a receita não só em dólar, mas tam- lhões, 32% a mais do que em 2011. Boas perspectivas bém em reais. Em dólar, cresceu 7,38%. O Chile ampliou sua relevância como A notícia da descoberta da presença de Em reais, com a desvalorização da moe- importador e passou a ocupar a sexta po- príon – o agente da vaca louca – em uma da nacional em 20% na média de 2012, a sição entre os maiores compradores, au- matriz no Paraná em 2010 e comunicada receita dos frigoríficos exportadores pode mentando de US$ 200 milhões para US$ no dia 6 de dezembro último (veja artigo ter crescido em torno de 25%, passando de 390 milhões suas compras, crescimento de do professor Enrico Ortolani na página 20) R$ 8,6 bilhões (dólar a R$ 1,60) para R$ 87,31% sobre 2011. O Irã, que suspendeu causou apreensão no mercado, mas, passa- 11 bilhões (dólar entre R$ 1,90 e R$ 2,00). as compras do Brasil no início do ano pas- do o choque inicial, o impacto foi irrele- Tabela 1. Exportação cresce em volume e receita, mas preço em dólar tem recuo. Receita (1) Volume (2) Preço médio (3) TiPo 2012 2011 2010 2012 2011 2010 2012 2011 2010 Carne in natura 4.494 4.169 3.861 1.389 1.206 - 4.754 5.093 4.059 C. industrializada 635,6 615 498 267 257 311 5.941 5.990 4.005 Miúdos 613,6 564 436 190 173 155 3.229 3.267 2.815 ToTal 5.744 5.349 4.795 1.846 1.635 1.863 - - - (1) em milhões de dólares; (2) em toneladas equivalente-carcaça; (3) em US$/tonelada líquida. Fonte: MDIC/Mapa. Anuário DBO 2013 46
Enquanto a demanda por alimentos aumenta, como podemos fazer crescer a produção? Enquanto a população mundial aumenta, também o faz a demanda por alimentos. Isso cria um desafi o para a produção agropecuária, que está sujeita à infl uência dos riscos da natureza, das doenças e dos preços das commodities. Como a Swiss Re Corporate Solutions pode ajudar? Nossa abordagem inovadora de gestão de riscos ajuda a indústria do agronegócio a melhorar sua estabilidade fi nanceira, permitindo aumentar a produção. O risco é nossa matéria-prima; o que criamos para os nossos clientes são oportunidades. Acesse nosso site e saiba mais sobre a Swiss Re Corporate Solutions: www.swissre.com/corporatesolutionsbrasil ou ligue (11) 3073 8000. ©2013 Swiss Re A Seguradora Brasileira Rural agora faz parte da Swiss Re Corporate Solutions. Consulte seu corretor de seguros e saiba mais sobre nossos produtos! Seguro Agrícola | Seguro Pecuário | Seguro Florestal | Crop-Shorfall Size = w 20.8cm X 27.5cm h + 5mm Sangria- CMYK fi le: 13-CS_Wheat_Agro-Brazil_BDO_Jan14
Corte em Números exportações (1) Tabela 2. os dez maiores importadores do Brasil, em receita . Países Receita Volume Preço médio 2012 2011 2010 2012 2011 2010 2012 2011 2010 Rússia (2) 1.103 1.060 1.073 381 345 419 4.213 4.464 3.592 Hong Kong (2) 823 691 503 268 223 197 3.712 3.667 3.039 UE-27 (3) 792 813 663 218 204 242 6.889 7.545 5.511 Egito (3) 551 440 434 206 197 185 3.949 4.164 3.532 Venezuela (4) 448 376 186 128 104 59 5.140 5.308 4.639 Chile (3) 390 209 104 102 71 39 5.762 5.882 4.845 irã (4) 324 689 807 99 192 281 4.780 5.272 4.223 EUa (5) 189 162 76 44 31 35 10.134 13.246 5.642 arábia Saudita (4) 163 136 127 49 28 44 4.572 3.982 4.583 líbia 79 22 – 28 22 – 4.181 5905 4.988 (1) Receita em milhões de dólares, volume em toneladas equivalente-carcaça e média em US$/tonelada líquida; (2) inclui carne in natura e miúdos; (3) inclui carne in natura, industriali- zada e miúdos; (4) só carne in natura; (5) só carne industrializada. Fonte: MDIC/Mapa. van te. Em dezembro, no calor da notícia bia) e Norte da África (Egito), além da recorde registrado em 2010, quando as em- do caso, os embarques de carne bovina in Ásia (China e Hong Kong). presas exportadoras faturaram US$ 658 mi- natura, industrializada e miúdos cresce- Em relação à Europa, há três proble- lhões, não foi quebrado. ram 26% em volume e 18% em receita mas para resolver. O primeiro é a crise O Estado campeão, responsável por em relação ao mesmo mês do ano ante- econômica, que freia o consumo e, con- 89% dos embarques, continua sendo o rior, segundo o Ministério da Agricultu- sequentemente, a importação. O segundo Pará, de cujas fazendas saíram 459.000 ra, Pecuária e Abastecimento. A expan- é a solução para o caso do uso dos beta- cabeças. A receita ficou em US$ 533,6 são dos embarques foi puxada pela carne -agonistas na alimentação animal. A Eu- milhões, média de US$ 1.161 por cabeça, in natura (32% em volume e 24% em va- ropa não aceita o uso e quer garantia de ou aproximadamente R$ 2.300,00 (dólar lores) e miúdos (16% em volume e 10% ausência do resíduo na carne, o que exigi- a R$ 2,00), quase 30% superior à média em valores). rá a segregação dos animais antes de se- brasileira em 2012, de R$ 1.782, consi- Além de não perder o status sanitário guirem para o abate. O terceiro é a am- derando um boi de 18@ e arroba cota- de risco insignificante para a BSE do OIE, pliação do número de fazendas incluídas da em R$ 99. Em 2011, o Pará embarcou o Brasil sofreu embargo de apenas dez pa- na Lista Traces, que hoje está em esquáli- 385.000 cabeças e arrecadou US$ 429 íses, de um total de 138 compradores. O das 1.833 propriedades. milhões, média de US$ 1.114 por cabeça mais importante é a Arábia Saudita, nono e US$ 1,838 (dólar a R$ 1,60). maior importar de carne bovina do Brasil. Gado em pé O maior importador foi novamente a Com o caso do príon amenizado e o câm- Outro segmento exportador que teve um Venezuela, que absorveu 80% do total em- bio na faixa entre R$ 2,00 e R$ 2,10, a As- bom ano foi o de gado em pé. As exporta- barcado pelo Brasil. O reajuste do dólar sociação Brasileira das Indústrias Expor- ções cresceram 26,5% em cabeças e 33,5% em 20% em média ajudou a recuperar as tadoras de Carne (Abiec) aposta em novo em receita em relação ao ano anterior. Em vendas. Em 2011, além do real apreciado, crescimento em 2013, ancorado na con- 2012, foram embarcados 512.320 bovinos o país andino desvalorizou a sua moeda, o tinuidade do crescimento das vendas na vivos ante 404.850 no ano anterior e a recei- bolívar, encarecendo o gado em dólar. O América Latina (Chile e Venezuela), no ta subiu de US$ 444 milhões para US$ 593 maior problema para 2013 é a instabilida- Oriente Médio (Irã, Arábia Saudita e Lí- milhões. Apesar desse expressivo avanço, o de política do país, em decorrência da do- ença do presidente Hugo Chávez. A Associação Brasileira dos Exporta- Receita com exportação de gado em pé (em US$ milhão) dores de Bovinos (Abeg) está trabalhan- do para diversificar o mercado para re- duzir os riscos econômicos das empresas e dos próprios pecuaristas. “Em 2012, a novidade foram os embarques para a Tur- quia, que comprou 12.000 cabeças e deve aumentar a importação para 40.000 bo- vinos este ano”, diz Daniel Freire, presi- dente da entidade. “O vizinho Suriname também começou a comprar gado em pé do Brasil, mas em volume pequeno, 500 cabeças”, informa. n Anuário DBO 2013 48
ANUNCIO MORLAN 20,8 x 27,5.pdf 1 02/10/12 16:27 Para cercas elétricas ou convencionais a Morlan tem o arame certo.
Corte em Números muNdo Alta nos custos estabiliza produção global de carnes Preços dos grãos, principalmente, inibiram aumento da oferta, que cresceu apenas 1,8% em 2012. Denis CarDoso Produção mundial de carnes (1) produção de suínos, que tam- [email protected] bém cresceu 2% no ano passa- 2013 (2) 2012 (3) 2011 do, para 104,3 milhões de to- epois de crescer 1,8% em BovInA 57.525 57.170 56.988 neladas, deverá permanecer 2012, a oferta mundial de car- sUínA 104.710 104.363 101.984 neste mesmo patamar este ano, Dnes – bovinos, aves e suínos – AvEs 88.982 87.920 85.969 de acordo com o USDA. ficará praticamente estável em 2013, Com desempenho mais fra- alcançando 251,2 milhões de tone- totAl 251.217 249.453 244.941 co em relação às demais car- ladas equivalente-carcaça, ligeira (1) Em milhões de toneladas equivalente-carcaça. Estimativa. Dados pre- nes, a produção mundial de (3) (2) alta de 0,7% em relação à produção liminares. Fonte: USDA, out/2012, adaptação DBO. carne bovina seguirá patinan- verificada no ano passado, de 249,4 do em 2013, repetindo um qua- milhões de toneladas. Os números dro de estabilidade que já tem são estimativas do Departamento de Assim como nos anos anteriores, duração de cinco anos. Des- Agricultura dos Estados Unidos - USDA. a produção de aves (frango e peru) é de 2009, a oferta global gira em tor- Os aumentos nos custos de produção re- a que deve registrar a maior taxa de no de 57 milhões de toneladas equiva- gistrados nos últimos anos na cadeia das crescimento anual, de 1,2%, totalizan- lente-carcaça. Segundo a estimativa do carnes, ocasionado pela forte elevação de do, em 2013, a quantia recorde de 89 USDA para 2013, a produção irá atin- alguns insumos, como os grãos, espremeu milhões de toneladas equivalente-car- gir 57,525 milhões de toneladas equi- as margens de lucros dos produtores, o caça. Em 2012, a oferta do setor teve valente-carcaça, apenas 0,6% acima que explica o fraco desempenho do setor crescimento anual superior a 2%, fi- do resultado esperado para 2012, de esperado para este ano. cando em 87,9 milhões de toneladas. A 57,170 milhões de toneladas. s números de produção glo- Principais produtores mundiais elevação de 14,4% sobre o ano bal de carne bovina só não de carne bovina (1) anterior, quando, de acordo com Oserão inferiores aos do ano dados preliminares do departa- passado porque a Índia vem se PAís 2013 (2) 2012 (3) 2011 mento norte-americano, a ofer- destacando sobre os demais pa- EUA 11.273 11.709 11.988 ta indiana cresceu 12,3% sobre íses, compensando o fraco de- BrAsIl 9.375 9.210 9.030 2011, para 3,6 milhões de tone- sempenho de algumas nações UE (27) 7.700 7.815 8.023 ladas. produtoras, como os Estados O crescimento da produção Unidos, que, em 2013, deve re- ChInA 5.580 5.540 5.550 na Índia acompanha o aumento gistrar o terceiro ano consecuti- índIA 4.168 3.643 3.244 da demanda interna por produtos vo de queda na oferta de carne ArgEntInA 2.780 2.620 2.530 lácteos. Nos últimos anos, os in- bovina. AUstrálIA 2.185 2.140 2.129 vestimentos aplicados pelo setor India em destaque MéxICo 1.795 1.815 1.804 privado resultaram em significa- tiva melhoria do sistema produ- Segundo o USDA, o reba- PAqUIstão 1.400 1.400 s1.435 tivo de lácteos do país asiá tico, nho da Índia, que produz car- rússIA 1.345 1.350 1.360 incluindo serviços de extensão ne de búfalo, chegará a 330 mi- oUtros 9.924 9.928 9.895 rural, cuidados veterinários e me- lhões de cabeças este ano, o que totAl 57.525 57.170 56.988 lhoramento genético. O maior in- deverá render 4,2 milhões de to- teresse de países consumidores (2) neladas de carne em equivalen- (1) Em milhões de toneladas equivalente carcaça. Estimativa. pela carne produzida na Índia (3) te-carcaça. Isso significará forte Dados preliminares. Fonte: USDA, out/2012, adaptação DBO. (veja mais informações sobre as Anuário DBO 2013 50
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