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Janelas da Alma

Published by D'Almeida ©, 2017-06-26 04:16:25

Description: Editor: Edição de Autor * Autor: Milu Carmelo Dias © * Capa: GMoura © (fotografia) * Tipografia e técnica de capa: D'Almeida Ateliê * Grafismo, paginação e arte final: D'Almeida Ateliê

Keywords: autores portugueses,livros de poesia,poesia portuguesa,edição de autor,publicar livro,diva almeida,d'almeida

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Maria SóEdição de Autor

Título original“Janelas da Alma”AutoraMaria Só(Milú)CapaDiva Almeida ©Crédito FotográficogMoura ©Paginação e Arte FinalDivalmeida Atelier GráficoImpressão e AcabamentoTipografia Rápida de Setúbal, Ld.ªTiragem250 exemplaresEdição de Autor1.ª Edição | Janeiro 2010Depósito Legal 304119/09Ajude a proteger os Direitos de Autornão fotocopiando nem reproduzindo livrossem a autorização do mesmo.

AGRADECIMENTOPor tudo que me foi dedicado, a todosque colaboraram e possibilitaram a rea-lização deste sonho, e porque não en-contro as palavras certas, deixo o meuprofundo sentir.A gratidão sente-se. Maria Só



DEPOIMENTOSPelo Projecto Cultural “Poemas do País da Vida”:O Poema sai quando a gente o sentee o quer libertar;Depois de liberto, o Poema pousana mão que o segurae entra no olhar que o abraça;Desta forma, o Poema percorre o Tempodo Passado, do Presente e do Futuro.Para a Milú, toda a Amizade M.ª José AlmeidaPelo Atelier Gráfico: Este é um grande sonho realizado. Uma janelada alma aberta ao mundo, partilhando os sen-tires de uma longa vida de luta, de sonhos, fra-cassos e conquistas. Aproveito a mesma janelapara que esvoace através dela o meu mais pro-fundo louvor a esta senhora que aos 84 anos,ainda que tão sofrida e debilitada, mantém umainvulgar e extraordinária vontade de aprender,tentando a todo o custo, mesmo nos momentosimpossíveis, e livre de qualquer preconceito, sa-ciar a sede de conhecimento, deixando-nos a to-dos um legado inesquecível.“O acto de entender é vida” (Aristóteles)“Conhecimento: uma pequena luz que ilumina aescuridão” (Textos judaicos) Diva Almeida Janelas da Alma 7



Depoimentos O Reitor e professores da Oficina de Poesia daUniseti têm o grato prazer de testemunhar àquerida Milú toda a admiração que por ela sen-tem e o imenso carinho e afecto que lhe dedi-cam.Pelo Reitor da Universidade Sénior: Conheço a poetisa Maria Só há muitos anos.Trata-se de uma senhora, de idade avançada,que revela uma sensibilidade fantástica na ex-pressão de sentimentos, ideias e convicçõesatravés das palavras. Sabe escrever, memorizare dizer Poesia como poucos. Aqui presto ho-menagem a esta grande mulher das Artes e fe-licito-a pela edição de “Janelas da Alma”. Brissos LinoPelos Professores da Oficina de Poesia: Deve ter sido lindo o dia em que nasceu… Um Sol radioso terá afastado todas as nuvenspara lhe dar, como tem, um coração cheio decalor humano; uma brisa suave certamente ainundou de delicadeza, tolerância e simpatia; aLua, discreta, terá oferecido de presente a magiae o sonho; sobretudo Deus tê-la-á distinguidocom um Amor sem medida que lhe reconhe-cemos na relação com as pessoas que com aMilú têm o prazer de se cruzar e, particular-mente, no seu diálogo com a Vida. Tudo o resto, que é muito, que é a própriaVida, a si se deve. É mérito seu. Parabéns! Eduarda Gonçalves Janelas da Alma 9

Na nossa passagem pela Vida, neste entrela-çar de caminhos, no decorrer de todo o tempoque nos é permitido viver, há sempre encontroscom alguém que nos impressiona de tal forma,que no nosso coração fica de imediato um lugarcativo que lhe é destinado. Foi o que aconteceuquando conheci a Milú, esta MULHER extraordi-nária, que simboliza bem a grandeza ímpar detodos os grandes valores de um grande ser hu-mano. Agradeço a Deus tê-la colocado no meu ca-minho. Alexandrina Pereira Nasce o sol, nasce no lugar onde tudo nasce,onde nasce a paz, onde nasce o amor, ondenasce a amizade. Foi assim que sempre começámos as aulas daOficina de Poesia, onde a Milú, sempre na pri-meira fila, nos oferece com amor e com a “ci-ência” de ter Deus, poemas ditos de cor. Para si, Milú, deixo, com uma verdadeira ami-zade, um bem-haja pela sua colaboração e pai-xão pela escrita. Para que nunca esqueçamos oque nos deve mover sempre que escrevemos: “escrever para habitar o amor” Fernando Paulino10 Maria Só

Depoimentos Para a Milú, com muito, muito carinho e a sin-cera amizade de todos os colegas da turma deOficina de Poesia. Guerreira de Amor e Coragem, serena e doceno trato, te felicito e abraço. Suzete Pereira Força, nada é impossível às mulheres decoragem. Glicínia Portela Na Fé e na Esperança a Paz se alcança. M.ª de Lourdes P. Alves Mesmo no Outono da Vida, permanece naPrimavera. M.ª Helena Barata Como a SOLIDARIEDADE não é uma palavravã, demos as mãos para atenuar a solidão. Viriato Horta O Inverno é frio, mas o calor da amizadeaquece a alma, conforta o coração e dá co-ragem… Filomena Lopes A alegria e a emoção cabem em teu coração. Anna Netto O teu olhar semeia ondas de ternura. M.ª do Carmo Branco Janelas da Alma 11

A força de VIVER anula tudo o mais… Conceição PortelaPaira no ar a Poesia. A poetisa cria Magia. Inácio Lagarto Grande valor poético e humano. Memória pro-digiosa. Constantino Para a Milú, o tudo é pouco para agradecer oque me dá. Obrigada, Amiga! Idalece Rocha Mulher-Coragem, Senhora que tudo faz bem,tudo de bom para ela. Adelaide Palmela Milú, volta depressa ao nosso convívio; o teulugar está vazio na sala, mas preenchido nonosso coração. Célia AbreuCheira numa flor a inocência de uma criança. Deolinda da ConceiçãoA poesia une-nos na amizade. Lucinda Neves A Poesia é a ponte que liga o Homem às Es-trelas. NatáliaQuanta luz irradia da sua Poesia! Sara Monteiro12 Maria Só

Depoimentos Poesia… nada é mais forte que a doçura deuma palavra. Custódia Procópio A ternura de um sorriso pode apagar uma dor. Henrique Mateus Pomos toda a força no desejo de que a pu-blicação do seu Livro, que foi o sonho da suavida, lhe traga a energia vivificadora que nospropicie, por muitos anos, o privilégio da suaagradável companhia. Fátima e João Santiago Para a Poetisa e Mulher a minha profundaadmiração. Berta Janelas da Alma 13



P R E FÁ C I O“Os poetas são pessoas queconservaram os olhos de criança” (A. Daudet)“Eles são, para as gerações futuras,o eco das vozes e dos pensamentosdo seu tempo” (Valtour) Apresentação Não é mais um livro de poesia. Daqueles que aparecem, por capricho ou paracumprir programa, ou apenas por gratificaçãopessoal. Não precisaria disso quem tem nome feito,antes de qualquer livro publicado. Esta obra, ao nascer, é já uma Antologia pre-ciosa, duma escritora bastante conhecida e apre-ciada que, quer em jornais, revistas, ou colec-ções de diversas associações culturais ou até emgravações radiofónicas, se tem imposto a ummeio não muito restrito, que a não dispensa,como colaboradora ou apresentadora de sessõese espectáculos dos mais variados, sempre ricosde conteúdo e acção. É, de facto, uma Antologia indispensável, todafeita de sensibilidade rara, de arte e de imagi-nação, de carinho e de mensagens fora do co-mum, porque plena de vivências profundas dumavida de entrega aos outros, por imperativo deconsciência e ao mesmo tempo de devoção. É uma imposição do público que conhece ovalor da autora, de nome simples, poético, qualvioleta escondida e recatada de agreste ambi-ente, para melhor expandir o seu perfume: Janelas da Alma 15

Maria Só! É este nome mágico e empolgante que damoshoje a conhecer à grande plateia, como um brin-de de valor raro, que não pode ficar no silêncio. As suas poesias são rendilhados de arte, semartifício, de colorido que não fere, de sabor espe-cial que não se confunde com mais nenhum. Desde o ano em que começou a ser conhe-cida, num Concurso de Quadra Obrigatória a Mo-te, com a timidez natural de dois poemas, alcan-çou, logo em primeira mão, duas menções hon-rosas, e o seu estro nunca mais parou. Continuou a escrever no silêncio, como gostade dizer, “e a mostrar raramente a amigos queme diziam para publicar livro, mas não havia hi-póteses.” Com certeza, por falta de um mecenas, o queera normal no seu tempo e ainda agora, mastambém porque talvez o silêncio fosse, no seucaso, a única condição de sobreviver em paz, nocampo social e ou familiar. Por isso confessa que “uma certa indiferença,que me rodeava, me levou a criar o pseudónimode Maria Só”, acima referido. Escrevia, mas paraa gaveta… “Só mais tarde, em 2003, é que a poetisa D.Maria José Almeida me convidou a participar noseu Projecto Cultural “Poemas do País da Vida”,onde através da publicação de colectâneas depoesia e dinâmicas pensantes se partilha a es-sência humana. Tenho 10 dessas pequenas colectâneas!”- afir-ma, com um certo júbilo de quem se sente, nãosó reconhecida, mas sobretudo aceite, por distin-ção e merecida deferência – o que é verdadeiro! Uma das características desta escritora é aimprovisação fácil, em que os poemas lhe saemespontaneamente, para definir situações ouapresentar personalidades que urge realçar, emmomentos de homenagem ou de festa. São momentos inesquecíveis vê-la, a decla-mar aquilo que viveu por si mesma e depois re-16 Maria Só

Prefácioviveu e saboreou, sem ser por encomenda, oque poderia soar a artifício oco ou insípido. Nãovai nesse jogo, como artista que busca o ge-nuíno e que se lhe entrega pelo caminho dasimples e natural inspiração. Também não se alimenta de citações, paravalorizar o que diz: - é o seu sentir que está emcausa, definido a seu gosto, como uma borda-deira ou tecedeira original que cria os seusestilos e impõe as suas ideias, ou como o pintor,sempre sequioso de pincéis, telas e cores sadias,nunca experimentadas, que cria a diferença dosmodelos. Criar não é fácil, mas, para quem tem almade originalidade inventiva, o acto de criar é oseu ambiente natural, é jogar em casa, como ofilho que, apenas nascido, sabe onde está afonte do alimento. Senão, vejamos a riqueza e a abundância dostemas variados e assumidos, ao longo dos cercade 100 poemas, saídos desta preciosa concha desurpresas, desde a fonte da sua inspiração, aque chama, ora Silêncios… gritantes sem tervoz/ feitos de angústias, saudades, solidões…/Na crista das montanhas/ Queimando como lavade vulcões/… ora apenas Estados de Alma, orasimplesmente Poesia, à qual pergunta, em título,Quem és Tu? e que a seguir define carinhosa-mente como aquele brinquedo necessário “quelima as arestas da amargura” ou “o raio de solque aquece o coração” ou a encantada “varinhade condão, sonho, magia…/ que me procuras,me sentes e me vives, dia a dia!”. Destacamos esta sextilha, como exemplo maiscompleto: “Poesia é sentir o peito a arder, Cantar o sonho, o amor, cada momento, Em cada esquina da vida oferecer Um hino à Paz e à Liberdade Que brota no meu ser e oiço ao vento, No poema constante que me invade”. Janelas da Alma 17

A riqueza do seu temário pode impressionar,não apenas os principiantes, mas até aquelesque já fizeram história, antiga ou recente e seimpuseram no meio literário, porque desde muitocedo que Maria Só era fã desse íntimo arcano, amuitos vedado ou até desconhecido. Falando de si própria, o que só revelou muitotarde aos amigos mais chegados, por modéstia ehumildade inconfessáveis, mesmo em família, as-sim ela escreve, acentuando: “Quanto à poesia, amei-a, desde criança.Guardo ainda um caderninho, já amarelado, compoemas dos nossos clássicos. Decorava-os erecitava-os nos aniversários da família” E pouco mais poderia fazer, a avaliar poraquilo que acrescenta e por aquilo que fica pordizer, mas se adivinha… Mas, voltemos, ainda que superficialmente, aotemário que vínhamos seguindo. Não é de admirar que os temas mais usadossejam os familiares: -a Mãe, “esse farol cintilante/ essa luz vigi-lante/ feita de renúncia e perdão”…; -a Mulher, “o ombro amigo que a família tem/toda doação/ e vitória de amor/ na palma da tuamão; -a Criança, “toda vestida de esperança/ ondeo sonho não tem fronteiras; -a Filha, “Quando nasceste, ó meu Deus, / puso Céu nos braços meus!...”; -a Amizade, “Tão forte como o amor, maisleal que a paixão/ Como afecto de mãe é fiel nocoração…/ ela resiste ao tempo e à idade”; -o Amor, “Sem o amor que era a vida?/ Se eleé quem reina e dá flor/ num anseio sem me-dida!”; -a Mulher Mãe, “Ela é garra, ela é seda, ela éflor…/ Se em seu ventre novo ser vai ter guari-da/ Então é sol, é fogo, é mel, luz, ideal/ Cente-lha divina a ilumina, doce bem/ Quando, aindapara além de ser mulher, é Mãe!” -sem esquecer os Avós, “esse elo de ligação/apoio e sabedoria/ Entre cada geração”18 Maria Só

Prefácio Esta é uma pequenina amostra dum temárioque nos é familiar e que Maria Só modela, recriae entretece como poucos. Mas nunca ninguém pode esquecer a sua in-fância, adolescência e juventude e os lugares,secretos ou conhecidos, onde deixou pedacinhosde vida, que nunca mais morrerão. É o caso do seu Poema a Setúbal, “minha ci-dade de gente alegre e hospitaleira/ orgulhosade seus filhos/ que a honraram mundo fora/ co-mo o poeta Bocage e Luísa Todi, a cantora…/por belas praias famosa/ De Albarquel à Figuei-rinha,/ Até à Arrábida formosa/ que o poeta Ga-ma amou…/ Jóias da cidade minha!” … e que refere de várias formas, ainda quan-do canta o Meu Rio Azul (O Sado), “a navegarnum cruzeiro de magia sem ter fim; ou a ilha deTróia, “linda pérola de poesia/ namorando a nos-sa cidade/ Já desde os tempos romanos/ beijadapor dois rivais,/ o rio Sado e o Oceano”. É longo e sempre matizado do colorido davida, qualquer dos assuntos, que poderíamos ci-tar, sem enfado, porque no seu variegado rolnos perderíamos, a gosto, fazendo-lhe compa-nhia, como num rosário que desfia aos nossosolhos, com pormenores que nos deslumbram,seja na descrição -do Social, como os poemas sobre a Paz e aGuerra, A Palavra, Amigos, A Separação…, -do Religioso, que vive intensamente, num ca-minho da Fé, como o Poema da Criação ou doArquitecto Divino, Glória, Noite de Natal ou o dainvocação pessoal, Ajuda-me, Jesus! etc., -ou pura e simplesmente na paz dos camposou no silêncio da natureza, como os poemas:Sonhos de Abril, A Ver o Mar…, -ou de índole literária, tais como os poemasdedicados a Bocage, a Sebastião da Gama, OLivro, Quero Aprender Contigo…, -ou nos mistérios do ser humano, que apeli-damos de psicológicos…, em que se distinguem Janelas da Alma 19

estes: Estados de Alma, Magia, Iguais e Dife-rentes, etc., -ou, quando se aproxima da gente humilde,mais de perto e descobre As Mãos do Povo /“calejadas e trigueiras/ generosas, carinhosas,/mãos que salvam e sabem embalar/ força vivadia a dia,/ sabem criar mais valia/ Mãos do povo,Mãos Poesia!” Por isso, está sempre desperta, de janelaaberta ao mundo. Isto é, à janela da alma! JANELAS DA ALMA é exactamente o feliz títulodeste livro, escolha bem significativa da autora,que a si mesma se define deste jeito: “Sou uma mulher sensível, sofrida, mas luta-dora, que tem enfrentado grandes problemas,sempre com coragem, para tentar superá-los” “Depois do Curso de Iniciação à Biodinâmica,passei a colaborar na Revista CONTACTO, per-tença do Movimento”. Como várias vezes lhe temos ouvido, foi apartir deste Curso de Dinâmica de Grupo (Bi-odinâmica), que a sua Janela se abriu mais à luzda relação humana, onde terá descoberto, naprofundidade do Ser, novos olhos, adquirido ou-tras mãos e outros pés, que lhe imprimiramasas, para poder voar mais além, ao encontro dasua criança adormecida e ler um mundo que lhefaltava ler, talvez o de uma nova infância ouadolescência, não experienciadas, e do aqui eagora que quis aprofundar, a outros níveis, aindanão atingidos, porque só em grupo se pode láchegar. E de que maneira! É por isso, que ela não perde um Encontro ouuma Reciclagem do Grupo e é primeira, entre asprimeiras, no falar, no agir, no poetar ou atérepresentar. Foi, na verdade, no encontro com Maria IsabelCruz Ferreira, do seu Curso, que começou a pen-sar a sério em levar a sua mensagem poética aogrande público, pois foi esta colega que, se-20 Maria Só

Prefáciogundo afirma, “instou para que eu criasse umpequeno livro. Foi ela quem me digitou os po-emas e fez o desenho da capa. Um trabalhotodo artesanal. Já lá vão onze anos!” A partir daí, cada dia que passa, as solici-tações desta artista são um crescendo contínuo,como uma mina que se descobriu, a tempo decada um poder aproveitar o seu quinhão, alémdo que ela reparte generosamente, hoje sempeias nem falsa modéstia, mas com a simpli-cidade de quem sabe que “é dando que se re-cebe sempre mais.” Atentemos na última parte do seu documentoescrito: “Depois de criada a UNISETI (Universidade Sé-nior de Setúbal), logo ingressei nela e passei acolaborar com notícias e poemas no nosso jornalMinerva. Escrevo também no Mensageiro da Po-esia, no Seixal. Tenho 5 Colectâneas daí e 4 doCanto do Poeta. Também na Cadeira de Poesiada Universidade, já publicámos 3 Colectâneas.Na participação de vários Concursos, já ganheimenções honrosas no Algarve e possuo uma me-dalha. Tenho ido a muitos recitais e já enchiuma gaveta, só com diplomas. Gravei um CD naRádio Azul local, onde vou semanalmente ler po-emas e outro CD gravado, nas noites de Músicae Poesia, no Bar D. José. E eis o meu percursode amante da Poesia!” Este depoimento, cheio de simplicidade etambém de muito amor e gratificação pessoal,reflecte bem a caminhada que se lhe seguiu eque nunca mais teve paragem, como confessano seu poema Talvez, em que refere sem saberdonde lhe vem: /“esta ânsia incontida de me dar/ a alma pos-ta a nu, a revelar/ emoções que a invadem/ Serápudor ou timidez?/ Que se passa?/ É como umamordaça/ que me sufoca/ silencia e causa dor./ Janelas da Alma 21

Mas vencerá como for/ Meu fiel coração/ melibertará desta prisão/ desatará todos os nós/ eos meus versos andarão/ de mão em mão/ e vosdirão meu Eu/ minha verdade/ a todos vós”. O que acabamos de citar foi apenas uma bre-ve amostra de parte do mundo interior que ha-bita Maria Só e que talvez não tenha dado aimagem que os leitores esperavam da autora… Como não poderia ser de outra forma, porque,na realidade, só poderá conhecer o Conventoquem entrar lá dentro, como diz o povo.É esse o caminho que falta percorrer. Aconselho a fazê-lo com calma, meditando, si-lenciosamente, página a página, verso a verso,palavra a palavra, à luz das janelas da alma decada um, como ela o fez, nesse adejar suavecomo a brisa, a que a Poesia nos convida, nadescoberta dos caminhos por fazer. Deixo por aqui os estimados leitores, na espe-rança de ter contribuído, na medida do possível,para a fruição de alguma horas lazer, entregan-do este valioso brinde nas suas mãos. Felicitações à autora e parabéns aos leitoresque tiverem a sorte de poder desfrutar deste seumundo, às janelas da alma desta apreciada An-tologia, que nasce adulta, no tempo, de recortequase senhorial e nobre, como um desafio dehomenagem à sua merecida juventude. Venhammais janelas! Sá Vieira*Lisboa, Maio/2009*Professor, psicólogo e escritor, autor dos seguintes livros de poesia:No Silêncio do Verbo (Beiras); O Tecido da Esperança (Angola);Passaporte Visado (Lisboa) e mais de 20 títulos, que vão da História à Psicologia,com 14 Obras prefaciadas.22 Maria Só

Janelas da Alma Abertas de par em par,convidando-vos a conhecer-me.



MIRAGEMQuisera poder ir por esse mundoQuão caprichoso vai meu pensamentoOra ligeiro e ledo, ora profundoDeter-me aonde o bem fosse fecundoPassar pelo mal mais rápida que o vento.Aspirar do amor todo o prazerSem ressaibos de dor nem amarguraE na fonte da vida conhecerOnde alegria e rosas só beberIgnorando a tristeza, a desventura.Aguardar sem receios o porvirE pelo céu ser sempre protegidaSem ter porque chorar, apenas saber rirE alheia às leis do tempo possuirA minha mocidade toda a vida.- 1942 Janelas da Alma 25

MENINA Menina só sem carinhos Órfã de afagos de mãe Mas tal como os passarinhos Para sonhar asas tem. E o sonho não tem fronteiras Toda vestida de esperança Tenta derrubar barreiras Crendo que quem espera alcança. Menina a florescer, já ama, já é mulher. Traz no seu olhar profundo Toda a beleza do mundo Que quer dar e receber. Menina, vive feliz Tua doce primavera Que o tempo veloz não espera Procura a felicidade Canta um hino à alegria Que a vida passa e um dia Já só te resta a saudade. - 194326 Maria Só

UM SONHODeclina o dia, lenta, lentamenteNa hora que convida a meditarE eu sinto que me invade tristementeProfunda angústia e quedo-me a cismarTudo em redor de mim é dor e crueldadeBatem-se o mal e o bem já contundidosNo firmamento há guerraNo mar há tempestadeEm que lutam os bravosMas são por fim vencidosFoi renegada a fé e corta o coraçãoO luto e a orfandadeSem peito a que se arrimePorque um feroz egoísmo e a ambiçãoOs seres dominaram levando-os ao crimeDa minha alma ao céu sobe uma precePara que entre os homens nasça a irmandadeReviva a paz que quase já pereceE lavre a Luz da Fé, Esperança e CaridadeComo por milagre, ao triste pôr do diaSucede-se uma aurora radiosa e deslumbranteDe paz, de luz e pão, respira-se alegriaE soa das crianças o riso radianteO céu é todo azul, o sol é de ouroO mar é calmo, voltou a Fé perdidaReina no mundo o amor, doce tesouroBendito Deus, que bela que é a vida!Mas, oh desilusão, quando acordadaExpulsa das paragens irreaisConstato com surpresa, magoadaQue fora um sonho apenas, nada mais...- 1945 Janelas da Alma 27

PELA PAZ Naquele lar humilde e desolado Em que a desgraça suas garras ferra A dolorosa mãe de olhar angustiado Chora a perda do amparo abençoado Morto na guerra Enquanto noutra casa em que a ventura O seu lugar cedeu à dor que aterra A esposa aniquilada p'la amargura Chora o companheiro amado com ternura Morto na guerra E na escola ao recreio, dos outros afastado Um quadro oferece que só tristeza encerra Um petiz não brinca, o olhar magoado Chorando com saudade o pai tão adorado Morto na guerra Quantos exemplos, quantos, como este Todos os dias lavrou por sobre a terra Gerando a morte, o luto, a fome, a peste Esse dragão que com o mundo investe E que se chama guerra28 Maria Só

E agora que das suas crueldadesPor toda a parte o rasto é bem visívelE se empenham p'la paz boas vontadesQue 'inda haja quem prepare hostilidadesParece incrívelE recruta-se a ciência p'ra matarComo se não bastasse a destruiçãoE valores que melhor fora aproveitarEm prol da humanidade irão lançarMaior devastaçãoPortugueses irmãosSe é matadouro humanoA guerra infernalAos céus roguemosE juremos lutarP'ra que sempre a paz possa reinarNo nosso Portugal- 1946 Janelas da Alma 29

A FLORISTA Na praça movimentada A todos dava nas vistas De flores emoldurada Graciosa e perfumada A mais linda das floristas Das rosas tinha a beleza Como os lírios era pura Da violeta a singeleza Possuía, e concerteza Todas ganhava em frescura E entre as flores que vendia Por todos era benquista Como a flor da alegria E toda a praça sorria No sorriso da florista Até que um dia o amor Tocou o seu coração E um terno olhar sedutor Implorante mas traidor Seu peito encheu de paixão Deu-se em amor e beleza Ao leviano egoísta Que roubou sua riqueza A alegria e a pureza E abandonou a florista E a multidão apressada Vendo-a triste não entende Que já não sorri, coitada Porque é flor abandonada Entre as flores que hoje vende. - 194730 Maria Só

A AMIZADESabe quem viveu a desventuraEncontrando uma afeição sincera e puraQue é como em rude temporal achar abrigoNas horas tristes, um coração amigo.Quantas almas que a dor já condenaraA mergulhar no caos da desesperançaForam salvas por essa chama raraQue conforta e restitui a confiança.Tão forte como o amorMais leal que a paixãoComo afecto de mãe é fiel no coraçãoConstante, ela resiste ao tempo e à idadeÉ dádiva de Deus aos filhos seusSeu nome é a AMIZADE.- 1948 Janelas da Alma 31

SAUDADE Saudade, és bem portuguesa atinges profundamente a alma da nossa gente sempre que há separação veste de mágoa e tristeza pelo bem que está ausente nosso luso coração Saudade, sofrimento ‘inda maior se parte para sempre alguém não há regresso, há só dor morreu a esperança d’amor é como morrer também principalmente se for no coração duma mãe Saudade, tu dóis mais suavemente se está prestes a chegar o amor que esteve ausente e breve se vai beijar... Mas a que meu peito invade e ainda não compreendi é esta estranha saudade dum Bem que ainda não vivi - 194832 Maria Só

MAGIAAi se eu pudesse pintarCom paleta de magiaOnde a vida era sombriaPintava um sol de esplendorQue iria transformarO frio em luz e calor.A uma menina tristonhaPintava-lhe no colinhoUma boneca risonhaE na mãozinha rosadaUm bombom muito docinhoE ela sorria encantada.A um menino doenteQue não tem com quem brincarPintava-lhe um carrosselOnde ele a rodopiarJá sozinho se não senteDe olhar feliz a brilhar.A jardins abandonadosPintava-os de mil coresLindos tão cheios de floresQue os velhinhos voltariamA passear e recordarQuando em novos lá iamDe mão na mão namorar.E para mim… que decidir?Talvez pincelar o meu narizPara que ao ver todos a rirJulgasse que era feliz.- 1949 Janelas da Alma 33

AJUDA-ME, JESUS Neste mundo em que vivemos Sob o olhar do mesmo Deus Como é crível que ignoremos Tanta dor em filhos seus? Se é tão grata esta certeza De um só gesto de carinho Poder curar a tristeza De quem cruza o meu caminho Como é que não vejo então Quem sofre perto de mim Abre bem meu coração Ó meu Jesus p'ra que assim Não peque por omissão Ajuda-me a ser bordão Ajuda-me a sarar dor Ser paz, justiça, perdão Bondade a cada momento E ao seguir teu mandamento Que é mandamento de amor Seja amar minha missão - 195334 Maria Só

EU VOU PELA VIDAEu vou pela vida buscando a tua luzVacilo e tropeço, tu sabes, JesusNos rudes atalhos que a vida contémMe firo, me rasgo, mas nada detémEste anseio louco de ir mais alémEscolhi o caminho, vou p'la porta estreitaÀ beira do abismo o pecado espreitaMas sei que contigo eu encontrareiO fim da jornada em que me empenheiÉs misericórdia, meu Jesus, eu seiTira dos olhos o pranto e a dorP'ra que eles contemplemTodo o teu esplendorCegos para o mal sigam só tua luzPois pobre que sou de matéria impuraComo ascender à tua alturaSe não me estenderes tua mão, Jesus?- 1955 Janelas da Alma 35

MINHA FILHA Quando nasceste, o meu Deus Pôs o céu nos braços meus Deslumbramento, alvoroço Sentir os bracinhos teus À volta do meu pescoço. Os teus risos e os teus prantos Ri e chorei-os também No meu coração de mãe Como dói se amando tanto Eu não sei amar-te bem. Nas horas duras, querida Quis sempre poupar-te a dor Talvez que mal sucedida Mas ver-te feliz na vida Foi o meu sonho maior. Vou rezar p'la vida fora Todos os dias, meu bem P'ra que te guie hora a hora A Mãe das Mães, a Senhora Que é Mãe do meu Deus também. - 1956 / 6036 Maria Só

CRIANÇAUm hino de glória vai subindo ao CéuQuando a mãe cansada e deslumbrada(mas ainda dorida)Acolhe nos braços seusEssa dádiva de Deus… Um filho!Escreveu-se o poema mais belo da vida.Depois, anseios dobrados, angústias, cuidadosE tanta noite perdidaUm passinho insegurouma mãozinha estendidaApontam-nos o futuroDão novo sentido à vida.Crianças, crianças, são sóis bem quentinhosQue aquecem Invernos, velhinhos, mas ternosDe seus avozinhosBelas, adoráveis, por vezes implacáveisNão haja ilusõesJulgam sem piedade, exigem verdadeE dão-nos lições.Crianças, crianças, da vida o melhorCriança é amorE eu sei, graças ao SenhorQue fui mãe tambémE essa emoção, sentidaSofrida como hora maiorJamais é esquecidaCrianças, crianças, benditas criançasSois bragal de esperanças, na arca da Vida.- 1960 Janelas da Alma 37

OBRIGADA, MEU DEUS No esplendor do sol Trina o rouxinol Sinto a mão de Deus Soutos e valados Nascentes, ribeiros Planuras e outeiros Vejo a mão de Deus Nos vales e montes No cantar das fontes Na seara que se agita Na seiva que palpita Na águia que grita Sob o azul dos Céus está a mão de Deus Plantas a brotar Vida a germinar Dunas, areais Fragas e ilhéus O imenso mar E a prata do luar São obra de Deus Beleza em orgia Os sons e os odores Na festa das flores Numa sinfonia que me inebria E me faz quedar muda, extasiada Por tanta grandeza da Mãe Natureza Milagre de amor do Pai Criador E minha alma enlevada Só sabe dizer Meu Deus, obrigada. - 196538 Maria Só

MÃEMãe silenciosa calmaQuantas vezes perdida de cansaçoMas o amor vibrando em sua almaDe mãos suaves, serenasAbre o acolhedor regaçoE nele sara feridas e suaviza penas.Mãe, farol cintilanteSe um filho erranteO Norte perdeuSua luz vigilanteTraz o mareanteAo refúgio seu.Mãe, renúncia, perdãoEm paz e amorDá-se dia a diaE a luz que irradiaDo seu coraçãoÉ pura POESIA.- 1975 Janelas da Alma 39

TE ESPERAREI Eu sei que chegarás E todo o mundo então tu mudarás Já uma vez vieste e todo a nós te deste Na Cruz p'ra nos salvar A Cruz que ficou sempre a te lembrar Oh, meu Jesus de paz Eu sei que voltarás Cada Natal o aço duro abrandarás E o mais vil em puro tornarás Porque é Natal Cada Natal, meu menino Jesus Virás trazer aos homens nova luz E aos famintos de amor, justiça e paz Eu sei que chegarás Pelas crianças que sofrem, pelos velhos Te peço de mãos postas de joelhos Pela paz, pelo amor, pela união Por cada irmão E a teus pés te ofereço As alegrias que tenho e nem mereço Por que a dor e o sofrimento tem um preço E às vezes desespero Mas porque te venero e creio em ti, Jesus Eu sei que a perdoar virás E então com a dor e o amor Que há em meu coração Num grito te direi Eu sei que chegarás, oh! sim, eu sei Jesus te esperarei. - 197540 Maria Só

SONHO DE ABRILNa alvorada da esperançaSonho primaverilCorações batendo forteNuma manhã de AbrilQue iria mudar a sorte.Raiar da liberdadeQue ficou na historiaComo bela memóriaDa façanha virilDos Capitães de Abril.Vivem no coraçãoBelas canções ecoandoVitória, LiberdadeDepois, desilusãoDe cravos murchandoE hoje, saudade.E fica escrito aquiQue só do exemplo de amorQue dermos à criançaNa justiça, no valor e na verdadeIrá surgir o Bem, a Paz e a EsperançaAbril de um mundo novo, vem daí.- 1976 Janelas da Alma 41

PENSAMENTOS Quem não ama a Natureza um sorriso ou um carinho é infeliz com certeza pois vai ficando sozinho A razão e o coração devem sempre equilibrar-se se só impera a razão o coração vai fechar-se Não há maior vitória que mesmo em horas más vivermos a glória do coração em paz Na madrugada dum novo dia surgem na Natureza sinais de que tudo se renova da dor pode surgir a beleza e a alegria Quando erramos somos julgados por três tribunais diferentes o da nossa consciência tolerante o do mundo implacável e o do nosso Deus infinitamente misericordioso A força do coração está na verdade na justiça, no perdão e no amor sem medida nem idade - 197942 Maria Só

A VER O MARDo mar me abeiravae olhavaquantas vezes? Já não sei!Junto àquela imensidãodei asas ao coraçãoe ele voava, voavae a minha prece elevava;ali junto ao mar choreiolhei o céu e rezeiquantas vezes? Já não sei!Do mar me abeiravae olhavaquantas vezes? Já não sei!Fitava o céu e entãopedi ao meu coraçãoque voasse por favorbem alto até vós, Senhorlevando a minha oração;quantas vezes lhos rogueiquantas vezes? Já não sei!- 1980 Janelas da Alma 43

MARIA SÓ Se há sol e flores, crianças a brincar O mar imenso e noites de luar Se Deus criou tanta beleza, então Porquê tanta tristeza? Porque vive em mim Tamanha solidão? No deserto perdida, sonhos feitos em pó Eu caminho vencida, sem esperança na vida Uma Maria só, tão só… Mas eis que me desperta, voz firme mas calma Que toca a minha alma E me deixa alerta… E escuto Mulher, põe-te de pé Lembra essa Graça que te dei A Fé. Se sabes perdoar e tens no coração Algo de bom para dar Ajuda o teu irmão Terás para viver uma razão. Arrependida, ao céu peço perdão A Voz em mim calou, a Voz ideal Das trevas surgiu luz Afinal não sou Maria só, não sou. Comigo, está Jesus. - 198044 Maria Só

A PRIMEIRA COMUNHÃOComo avezinhas de asas abertasÀ descoberta do Teu AmorCom alegria em tão lindo diaSomos oferta para Ti, SenhorNossa promessa que nunca esqueçaAqui depomos aos pés da CruzO coração dar a cada irmãoComo ensinaste, meu bom JesusSomos crianças, Tuas esperançasFaz dos botões que serão florP'la vida fora em cada horaPor Tua Graça frutos de amor.- 1982Janelas da Alma 45

ESTADOS DE ALMA Quando eu partir não me lamentem até pode ser libertação que vale uma vida em solidão como entre tanta gente os sós se sentem! Se quem semeia cria, onde é que errei? Se me dei toda, toda! O que encontrei? Se mal amada ainda e sempre amei diz-me porquê, meu Deus, eu não sei. Condenada a caminhar hoje vencida dos sonhos que sonhei desiludida com secura e frieza ao meu redor faminta sou de amor. E agora a esperança já me abandonou quanto mais aspirei a vida me negou Deus sabe que lutei, pobre de mim só tenho certo o fim. O meu refúgio é somente a minha fé. - 198446 Maria Só

TESTEMUNHO DE UMA CATEQUISTA Faz tempo, foi a chamada Tudo se mobilizou Nós, os pais e a criançada Deu-se início à caminhada E o Senhor nos ajudou Quase um ano assim ficámos Companheiros de viagem A Jesus nos confiámos Vivemos e partilhámos Sua Palavra e Mensagem Nos corações das crianças Cresceu a Fé em Jesus Nos nossos vive a esperança De alcançar a semelhança Dos seus caminhos de Luz E é finda a nossa jornada Mas nada aqui terminou Após esta caminhada Com Jesus na mesma estrada Mais Amor em nós ficou Amor que anunciaremos Jesus viveu para amar Graças pelo Amor que demos Perdão p'lo que não soubemos Mas quisemos também dar Cá estaremos novamente Para ano haja o que houver Mais unidos certamente Diremos todos presente Será como Deus quiser. - 1986 Janelas da Alma 47


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