A Voz deJORNAL DEFENSOR DOS INTERESSES DA VILA DE PAÇO DE ARCOS E DAS LOCALIDADES CIRCUNDANTESFUNDADO EM 1979 POR ARMANDO GARCIA, JOAQUIM COUTINHO E VÍTOR FARIA Diretor: José Serrão de Faria | Bimestral | N.º 13, Outubro de 2017 DISTRIBUIÇÃO GRATUÍTA
ESTATUTO EDITORIAL FICHA TÉCNICA1 – A VPA é um jornal bimestral de PROPRIEDADE: Associação Cultural “Ainformação geral na área da cultura e Voz de Paço de Arcos”da língua portuguesa, em particular na SEDE: Rua 1º de Maio, 6-A, 2.º Dto. 2770-defesa dos interesses dos habitantes da 140 Paço de Arcosvila de Paço de Arcos e das localidades E-mail: [email protected]. N.I.F.- 513600493 | E.R.C. nº 126726 DIRECTOR: José Serrão de Faria2 – A VPA pretende valorizar todas DIRECTOR-ADJUNTO: José Manuelas formas de criação e os próprios Marreirocriadores, divulgando as suas obras. SUBDIRECTOR: Maria Aguiar EDITOR: José Lança-Coelho 3 – A VPA defende todas as liberdades, [email protected] particular as de informação, COLABORADORES: Alexandra deexpressão e criação. Ao mesmo tempo, C. Antunes; António do Carmo Vieira;afirma-se independente de quaisquer António M. dos Santos; Circe; Edgardoforças económicas e políticas, grupos, Xavier; Filipa; Coelho; Gina Maio; Josélóbis, orientações, e pretende contribuir Lança-Coelho; José Marreiro; José Gago;para uma visão humanista do mundo, Luís Álvares; Maria Aguiar; Manuel depara a capacidade de diálogo e o espírito Andrade; Mario Matta e Silva; Rui Sintra;crítico dos seus leitores. Santos Zoio, Serrão de Faria e Virginia Branco4 – A VPA recusa quaisquer formas Fotografia: Santos Zoio, Tozé Almeidade elitismo e visa compatibilizar a Rodriguesqualidade com a divulgação, para levar a Capa: Aguarela de Serrão de Fariainformação e a cultura ao maior número Paginação: Andreia Pereirapossível de pessoas. Impressão: www.artipol.net Tiragem: 2000 exemplares. Facebook: www.facebook.com/avozdepacodearcos Redacção e Administração: Sede Publicidade: [email protected] Tel.: 919 071 841 (José Marreiro) Depósito Legal: 61244/92 Retrato de Maria Aguiar Aguarela de Serrão de Faria2 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017
EDITORIAL Este número de lizmente, já não poderá contribuir com o «A Voz de Paço seu parecer sobre ela, pois já não se encon- de Arcos» é de- tra fisicamente entre nós, é o actor Igrejas dicado a Maria Aguiar Caeiro, cujo centenário do seu nascimen- (Lança-Coelho), no to passa este ano, efeméride que «A Voz caso, minha mãe, o de Paço Arcos» comemora, destacando que torna difícil es- tudo, e foi muito, o que de importante tão crever sobre ela, por insigne figura realizou. dois motivos a saber: primeiro, porque ela José Lança-Coelhoé avessa a todos os protagonismos, e as- (escreve de acordo comsim, todos os artigos que constituem estenúmero, tiveram de ser ocultados do seu a antiga ortografia)conhecimento, até ao momento da saída Erratado mesmo; segundo, porque um filho vê No nº 12 da 3ª série de Agosto de 2017,a mãe com olhos completamente dife- publicámos a Convocatória da Assem-rentes da maioria dos paços de arquenses bleia Geral da Associação Cultural Aque a conhecem do dia-a-dia, da sua in- Voz de Paço de Arcos, realizada na As-tensa actividade cultural, nomeadamen- sociação Paço de Artes, em que por lap-te, a constituição do seu Clube de Poetas so se indicava como local da sua sede, ade Paço de Arcos, a que se dedica há mais Rua Adriano José da Silva, 19 Cave dtade uma dezena de anos. (As outras inicia- em Paço de Arcos. Esta morada foi ativas que constituem o seu «curriculum sede provisória e posteriormente pas-vitae» poderão ser lidas em lugar próprio, sou a sede atual sita na Rua José Pedrotal como os depoimentos e poemas a ela da Silva, 14ª em Paço de Arcos.dedicados). Pelo facto apresentamos as nossas de- Um dos seus grandes amigos, que, infe- sculpas aos associados assim como àquela Associação. NATAL Como diz o poeta,«o Natal» é quando um Homem quiser!» Assim, os nossos votos são: um feliz Natal e um Bom Ano de2018, para todos os nossos leitores, colaboradores e anunciantes. Boas Festas! E Bom Ano de 2018!Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017 Aguarela de Serrão de Faria 3
POESIAO brilho que há em nós [À Maria Aguiar, Amiga verdadeiramente Desde sempre (sendo que sempre é início, nunca fim)]Ressoas em mimAo correr da pena,Como todos os (poucos) queRevisito com agradoE que sinto tão intensamente.A inquietude, A buscar transformarO sorriso, o Saber e a Vontade que te inflamamO gesto arrebatado, mas melódico, Em coisa que todosO fulgor irreprimível Possam comungar.De um TeatroQue nos mexe por dentro e galvaniza. Maria. Teu nome rima com Poesia[Tens, a espaços, E isso é bastante para mim.Uma MisantropiaSeletiva (Isso e a alegre gargalhada(de umas vezes, Maria, Que sublinha sempre as conversas a sósde outras, claramente, Diva)] Em que analisamos tudo e nada.E é assim que te vejo, E em que, com a cera da ironia,Que te sinto, Aumentamos o brilho que há em nós.)Múltipla de ti; e portanto, por vezesHumilde projeção António Manuel dos Santos4 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017
SOBRE A HOMENAGEM DE CAPACurrículo Sui Géneris dam a recitar. Estes dois recitadores, Lereno e Villa-Nome – Maria Aguiar Lança-CoelhoNaturalidade - Lisboa ret, levam-na para a «Guilherme Cos-Residência - Paço de Arcos (há mais de soul», onde recita poesia e conhece os60 anos) actores que, mais tarde, integram a Com-Infância – Com 5 anos preferia que lhe panhia de Teatro de Amélia Rey Colaço.lessem poesia a histórias de princesas:Com 7 anos, sobe pela primeira vez a um Em 1948, casa e dedica-se exclusiva-palco, na Voz do Operário, para recitar mente aos três filhos.um poema de Guerra Junqueiro.Filha de republicanos, frequenta a Ins- Enviúva em 1991, e depois dos filhos játrução Primária no Grémio Republicano criados, reinicia o seu antigo sonho. Fre-de Lisboa (as primeiras aulas mistas do quenta um Curso de Teatro com óptimospaís), onde faz o exame da 4ª classe com professores, e um Curso de Escrita Cria-distinção. tiva, ambos organizados pela CâmaraAdolescência – Escola Comercial Fer- Municipal de Oeiras.reira Borges, onde conclui o Curso Com-plementar. É convidada pelo director do «Interva- lo – Grupo de Teatro», a participar como Estuda solfejo e piano, chegando ao 6º intérprete na peça «Lorca, Espanha,ano do Conservatório Nacional. Cumplicidades», que obtém enorme êxi- to, pelo que a Companhia é convidada Estuda línguas nos Institutos Francês e pela Embaixada de Espanha a apresen-Britânico. ta-la além-fronteiras. Frequenta as aulas de ginástica rítmi- Escreve como jornalista ‘free-lancer’ca, introduzidas em Portugal por um no «Jornal da Região» e em «A Voz deprofessor húngaro, no Ginásio Clube Paço de Arcos».Português. Funda, em 2004, o «Clube dos Poetas Em 1947, tem o seu primeiro emprego de Paço de Arcos» que, já publicou trêsna firma da família, como secretária da Antologias, com poesias de membroscontabilidade, onde ganha o ordenado que os compõem.(fabuloso para a época) de 400 escudos. Neste momento, faz parte da equipa Frequenta a «Tábua Rasa», onde ouve que criou a «Associação Cultural A Vozos melhores declamadores da época – de Paço de Arcos», que edita o jornal «AManuel Lereno, João Villaret – que, ven- Voz de Paço de Arcos».do o seu entusiasmo pela Poesia, a convi- José Lança-CoelhoJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017 5
DE FILHO PARA MÃEMãe, há só umaMÃE, disse-te muitas vezes que, Maria Aguiar se tirei um curso superior a ti te posso agradecer, e com este a Escola me queria impingir.texto, venho mais uma vez reiterar essa Uns anos depois, MÃE, não vale averdade. pena referir quantos, pois tu sabes Quando acabei a Instrução Primá- quantos chumbei e me atrasei, final-ria, e entrei para o Ciclo Preparatório, mente, cheguei ao Instituto Comercial,cujas disciplinas não me despertavam onde as matérias aí ministradas, já esta-qualquer interesse, o Benfica estava no vam de acordo com a maturidade que,seu auge, e esses dois anos académicos entretanto, ganhara, e havia uma quecorresponderam a duas Taças dos Cam- sempre me tinha fascinado, acerca depeões Europeus, daí que, tivesse nascido tudo o que lera do seu âmbito – Filo-em mim uma aguda clubite que, aliada sofia. Por esta altura, já ganhara o gostoà Banda Desenhada que devorava, ain- pela leitura e, devorara tudo o que haviada mais me arredou dos estudos. Com a na biblioteca cá de casa, nacionais, Eçatua ajuda, Mãe, lá completei o referido de Queirós, Ramalho Ortigão, Pessoa eCiclo, que me levou ao Curso Comer- seus heterónimos, Torga, e muitos ou-cial. tros, e estrangeiros, Borges, Rilke num livro de poesia teu, etc. Neste grau de ensino, havia apenasuma disciplina que me merecia algum Um ano antes de entrar na Faculda-interesse – Inglês – porque nesse ano, de de Letras, frequentei, com aprovei-para além da clubite já referida, come- tamento, o 1º ano do curso de Jornalis-çou uma «doença» que me acompanha- mo, em Comunicação Social. Assim, norá até à morte – a Beatlemania, a que ano seguinte, matriculei-me no 2º anoadicionei toda a música pop-rock. deste curso, e no 1º ano de Filosofia, na Universidade de Lisboa. E perante esta Lembra-me que na disciplina de Por-tuguês, tinha de ler um dos livros do Jú-lio Dinis, (ainda não havia livrinhos comresumos das obras, como há hoje, paraquem não gosta de ler), mas isso nãome dizia nada, quando havia o «MajorAlvega», o «Zorro» e outras publicaçõesaos quadradinhos. Foi aí, MÃE, que,com a tua pedagogia, me incutiste o gos-to por outro Júlio, - este era francês - océlebre Júlio Verne, de que comecei porler Viagem ao Centro da Terra, e cujasaventuras me fizeram ganhar o gostopela leitura de «livros de letras», comoeu chamava aos que não eram de BandaDesenhada. Penso que, também, eu eramuito imaturo para toda a porcaria que6 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017
situação da frequência de dois cursos cenciatura no Ensino Superior.universitários em simultâneo, mais uma PS – Actualmente, o teu filho quevez entraste tu, MÃE, na leitura de livrose elaboração de resumos dos mesmos, só ligava ao Benfica e aos Beatles, tempara que eu lendo-os e estudando-os, uma biblioteca de cinco mil livros quepudesse prestar provas no curso de Jor- abrangem todos os assuntos da Culturanalismo. Humana, repartida por três casas, in- cluindo a tua, MÃE, que ficou um pouco Entretanto, dois estágios feitos em ou- desarrumada, quando. por contingên-tros tantos órgãos de informação, mos- cias da existência tive de regressar a ela.traram-me como este era um mundo- Para terminar, aqui fica em jeito confes-cão, o que me levou a desistir do curso sional, o pedido que tu me fazes, quan-de Jornalismo, e a dedicar-me em pleno do sabes que saio para visitar livrarias,ao curso de Filosofia, que terminei já a feiras de livros e bibliotecas: «Zé, por fa-dar aulas num Liceu. vor, não tragas mais livros!» E eu respon- do, a brincar: «Criaste-me o gosto pelas Pelo que fica exposto, termino como Letras e pela leitura, agora tens de meiniciei esta viagem pela minha memó- aguentar, MÃE!»ria, agradecendo-te tudo o que fizestepor mim, MÃE, sobretudo, a minha li- José Lança-CoelhoNo nosso panorama cultural poéticos que, semanalmente, se rea- existem, como é obvio, muitas lizavam no restaurante Aquarela do senhoras que nele participam e Brasil, cujos proprietários tambémo enriquecem, todavia algumas dessas amantes da poesia, destinavam, apóssenhoras podemos identificá-las, pelo jantar, um período de tempo para aseu destaque, como grandes senhoras. declamação poética.Algumas dessas grandes senhoras, E aqui Maria Aguiar ponteava na lide-obreiras das suas características pro- rança deste culto momento literário.fissionais, têm reconhecimento nacio- Mais tarde, com o beneplácito do Pre-nal, outras pelo seu labor regional, são sidente da Junta de Freguesia de Paçosímbolos culturais na sua região. de Arcos, iniciavam-se as sessões li-Ora neste enquadramento destaca- terárias no salão nobre da Junta, emmos no Município de Oeiras, mais consideração aos pedidos que Mariaconcretamente, na região de Paço de Aguiar fez ao Presidente.Arcos, a artista Maria Aguiar, figura Estas sessões têm vindo a serem feitasproeminente nos meios literários da quinzenalmente até aos dias de hoje,poesia, na defesa constante dos poetas sob a batuta do escritor e professordesta região e na divulgação das suas José Lança-Coelho, filho da grande se-obras literárias, mas, com grande des- nhora, Maria Aguiar.taque, na declamação da melhor poe- Eis o exemplo de uma grande senho-sia da língua portuguesa. ra.Foi com estas características que co-nheci a Maria Aguiar nuns saraus Manuel de AndradeJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017 7
CONTODiário IntermitenteAconteceram tantas coisas desde essa data! Impossível esquecê- -las, mais impossível narrá-las! Paço de Arcos, 17 de Outubro de 2017 - Ó mãe, com este Agosto em No- como a consegui. Saí do comboio novembro, por que não vamos à Caixoei- Cais do Sodré e ia para me enfiar norinha? Sempre tão fresca! Há quanto metro, naquele mar de gente, escapuli-tempo não pomos lá os pés? E… estáva- me a tempo e resolvi fazer o caminho amos umas horas com as tias, coitadas pé até ao Rossio. Era quase criminosonunca têm hipóteses de vir a Lisboa, e não aproveitar aquele dia lindo… Pou-também tenho umas coisas para tirar ca gente olha para o nosso Tejo, porém,dúvidas. destaquei a uns bons metros à frente, uma figura que, desde o chapéu ao ca- - Que dúvidas são essas? pote com a gola de raposa, que era a - São cá coisas minhas, mas daquela imagem que eu retinha desde os qua-geração já não há mais família, e … tro anos, era a do pai do meu pai. Fi- - Então quando iríamos? Amanhã ce- quei curiosa para vê-lo de frente, masdinho? tive de estugar o passo, e aqui está o - E por que não já? Sim agora! É só que vi. Será que as tias não têm por aímetermos umas coisitas no saco, com- um irmão que não saibam?prarmos uns mimos e as despesas fi-cam por minha conta, ok? Ah!, é me- Elas riam, riam.lhor levar as chaves do anexo… - Parem as risadas, mas há mais famí- - Já as tenho comigo. lia… - Então «let’s go», em meia hora po- - Não, não. Apesar de ser um impos-mo-nos lá. - Chegámos, vê lá as horas? - Foram só mais dez minutos. Tantos beijinhos e abraços, estavamcarentes. Não podia perder tempo. Sa-quei logo do bolso das calças a foto quetinha tirado há dias e perguntei às tiasse o reconheciam. Quase em uníssono,abriram a boca de espanto. - Não pode ser! Não pode ser o teuavô, quando ele morreu ainda não ha-via retratos a cores. Mas é ele por umapena… Quem é? Quem ta deu? - Parem, parem, que vou contar-lhes8 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017
tor, não era homem para fazer filhos e fora prenda de casamento da noiva.não os perfilhar. Mas falaste com o ho- Acerca do chapéu que trazia, logo as fi-mem? Quem era? lhas lhe disseram que precisava de um arranjo, e nesse mesmo dia levaram-no - Falei, mas não me adiantou nada. ao chapeleiro. Quando foi à cata dele,Só me disse que se chamava Augusto já não o encontrou, e em seu lugar apa-e que vivia perto de Viseu. E quanto ao receu uma boina. Recusou-se a pô-la,nosso apelido Aguiar, não o conhecia e acompanhado desta frase que disse,riu-se à gargalhada. demonstrando todo o seu desprezo: «Eu sou lá homem de boinas. Isso é Nesta altura, a mãe e as tias riam-se para os operários!» O meu pai ouviuaté às lágrimas e de seguida, iniciaram esta conversa no ar e levou-o à cha-o interrogatório, sobre o que eu me pelaria para que escolhesse o chapéulembrava do avô. que mais gostasse, que ele depois pa- garia. Ufanamente, ao fim do dia, já se - Bem, o relógio de prata que exibia pavoneava pela capital, não sem antescom a respectiva corrente, do anel da ter dito ao filho, para que não dissessepedra azul a que o meu pai chamava nada às manas, para elas não se senti-cachucho, nunca percebi porquê, do rem mal, por terem mandado arranjarresto é das histórias que sempre ouvi o velho chapéu, ao mesmo tempo quei-contar ao pai e às tias. xava-se a estas últimas, que, gastara to- das as suas economias na aquisição do Mais crescida, tirei as minhas conclu- novo penante. As raparigas olharamsões: que era um aldrabão, mulheren- uma para a outra e decidiram pagargo (casara seis vezes, fora os ameaços!). metade cada uma. Entretanto, pediu-Dessa visita que fizera, dizia que fora lhes para que, não dissessem ao filho,só para me conhecer, recordo-me que pois ele já tinha gasto muito a renovar-achava muito mal não me terem pos- lhe as bragas. Concluindo: o esperto doto o nome dele (Eduardo) ou o do pai meu avô, foi para a terra com um visual(Armanda), pois sempre me chamou novo. Talvez passado um mês, o vizi-Armandinha. Era analfabeto, mas «lia» nho chapeleiro, muito timidamente,“O Século” de pernas para o ar para os abordava o meu pai, lembrando-o queoutros compinchas dos copos. Quando se esquecera certamente da dívida doum filho do tio Álvaro lhe fazia o repa- chapéu do pai, que logo naquele mo-ro do modo como estava a «ler» o jor- mento foi liquidada. O meu avô era umnal, ele dava-lhe um toque no braço e vigarista de se lhe “tirar o chapéu”.exclamava: «Deixa lá, não te importes,eles não percebem!» Tudo isto se pas- sava em Monsanto, a aldeia mais por-tuguesa, e com mais de setenta anos Maria Aguiartinha casado há pouco com uma viúvaabastada desta localidade. Nessa sema-na que aqui passou também fez as suasproezas. Só não mudou o capote, queJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017 9
POESIAS Vida Longa Maria Aguiar Dedicado à Maria Aguiar Nos teus anos há doçura Senhora Dona do Sonho Insubmisso Duma viagem alongada À torpe vulgaridade. Vida às vezes agitada Mulher Rebelde Ou bafejada em ternura. Sem grilhetas ou corrente Admiro a teimosia Mas não esquiva De sentinela alerta E nunca ausente Mulher ágil, mulher esperta Nem distante dos sentidos Sabendo rir de alegria. Nem dos Outros. Tanto calendário virado Em anos de desassossego Com seus lábios de pétalas Na existência teu apego E de solicitude Às recordações do passado. De cor assumidamente rosa Com muita tenacidade Tece eficiente e imperiosa Lá fazes o teu caminho Os laços benignos da virtude. Com teus filhos, no carinho Na gentileza, amizade. E se três existências corpóreas Vida longa já venceste Maria tivesse A caminho dos noventa Seria sempre Ela E em cada passada lenta E sempre imensa e virtuosa. A erudição tu nos deste. No teatro e na poesia António do Carmo Vieira Preenches o tempo sereno E no teu querer ameno Vences a noite e o dia. Com um abração amigo do Mário Matta e Silva10 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017
Mãe Mexo na minha memória Foi há tanto, tanto tempo!Mãe: Teria cinco, seis anos?Brecht sem o saber, Mas lembro, lembro bem distoEscreveu «Mãe Coragem», Que um dia, sem mais nem menosSem te conhecer. Te perguntei:Porém, decerto sabia Quem foi Cristo?Que algures existia, Pousaste-me nos joelhosUma Mãe com a tua força, Começaste a dissertarCom movimentos de corça, - Que Cristo, viera ao mundoQue as suas crias defendia, Para sofrer e amar!Fosse noite ou dia. Aos carrascos perdoouCoragem, E a outra face deuÉ uma palavra pequena, A igualdade pregouQue não chega para te definir. Aos mais fracos defendeu!Pois não passa de aragem, E a criança de entãoNa luta travada na arena, Depois de ouvir tudo istoDas contingências do existir. Uma conclusão tirou:Mãe infinita, Sem nenhuma hesitaçãoDe vontade indómita, Disparou à queima-roupa:Que do teu ternurento abraço, - ENTÃO TU TAMBÉM ÉS CRISTO!Brota a amizade emérita,Desfazendo a incógnita, Maria AguiarDa angústia do tempo e do espaço.Mãe rochedo, OutonoTransbordante de qualidades,Que velas por teus filhos, No Outono, a noite,Afasta o medo não tarda a aparecerPreservando as identidades, e eu...Dos teus eternos cadilhos. ali muda e queda!...Mãe coragem, Esperando sem respirarQue um amador do verso, sonhos irreais e... por isso mesmoEm rimas quis cantar. irrealizáveis!Aceita esta homenagem, Já a Lua se mostraQue nada tem de perverso, e eu, que tardei a vê-la!Nem te quer fazer chorar. e eu que recusei amá-la!José Lança-Coelho Esta noite traí-meIn 1ª Antologia do Clube dos Poetas de Paço Ela traiu-mede Arcos. Eu... traí-te! Ousadias secretas bailam-me na mente. tardei a vê-las! Agora perdidas! Já não sonho! Não há mais, Lua Nova... Nem quarto crescente...Ela mente! Na noite de breu... Abrigos de outrora Que jamais serão meus!!! Maria AguiarJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017 11
CAMINHOSDa Fonte de Maio até ao Chafariz do EspargalVamos começar o nosso cami- S. Januário, e Rua nho, mais uma vez, no antigo de Macau, junto à bairro da Fonte de Maio, por antiga escola pri-ter sido aqui a primeira casa da nossa mária, hoje crechehomenageada de capa, a subdiretora, da Ajuda de Mãe,e colaboradora de décadas, do “nosso” e a dois passos dajornal A Voz de Paço de Arcos. estação de cami- nho de ferro, que Com efeito, foi na bonita vivenda que a família Lançafaz esquina das artérias Av. Conde de Coelho inicial- mente se instalou, Fonte de Maio tendo anos depois mudado para a Rua 1º. de Maio, onde se mantém. De novo temos de referir o caos no trânsito na zona provocado pelas manobras dos autocarros, pelas constantes cor- rerias dos passageiros, muitas vezes fora das passadeiras, e pelo trânsito constante da via que liga a Caxias. Ul- trapassada que foi a possibilidade do Terminal construído para o efeito, re- solver este grave problema, continua por decidir onde encontrar alternativa. Segundo está anunciado em placa co- locada no terreno na margem direita da12 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017
Casa de Maria Aguiar (1ª Casa em Paço de Arcos) durante décadas fun- cionou a desaparecida serração e carpintaria, temos um edifício aban- donado, em pré ruina, la- deado por um vasto lote de terreno, que perten- ceu a José Maria Duarte Júnior, construtor e ur- banizador, e que durante anos teve ocupação irre- gular. Recentemente foi colocada uma vedação a proteger a propriedade, após limpeza do terreno que não da casa. De se-ribeira, que está Bairro da Fonte de Maioem estudo umprojeto de ur-banização, peloque esperamosque seja possí-vel nele incluiresta tão neces-sária estruturapara regularizaro trânsito, nestamuito movimen-tada encruzilha-da. No fim da Ruade Macau, ondeJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017 13
CAMINHOS Casas em recuperação ger dos carros que subissem o passeio, já que estavam coloca-guida aconteceu um a coisa que nos pa- dos junto à dita rede. A nossareceu estranha, à volta da rede referida perplexidade tinha razão deforam colocados pilaretes para a prote- ser, já que passadas algumas semanas foram os injustifica- Casa abandonada dos pilaretes retirados. O que se terá passado? Obra desne- cessária, decidida por quem? Fica a dúvida para quem tenha acesso à informação e tire con- clusões. Em frente temos o prazer de ver que continua a recupera- ção dos antigos prédios que muito va- lorizam esta bonita zona. Parabéns aos empreendedores. Entramos na Estrada de Paço de Ar- cos para a descer em di- reção ao cen- tro da Vila, e começamos por assinalar a obra que está em fase de acabamen- to, dum par- que de esta- cionamento coberto, no edifício cons-JÁ ABRIU EM PAÇO DE ARCOS LEITÃO DE NEGRAIS AOS SÁBADOS >> ENCOMENDAS: 96 966 68 90 <<RUA DO LIMA, 16C RUA LUCIANO CORDEIRO, 27B2775-321 PAREDE 2770-112 PAÇO DE ARCOS14 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017
truído para Terminal de Camionagem,já referido. Este parque, da responsabi-lidade da empresa municipal ParquesTejo, vem proporcionar cerca de 200lugares para uso de quem se dirija ao Entrada do futuro Parque de estacionamento a Monumento ao Hóquei em patins. (Emídio Pinto, inaugurar brevemente Jesus Correia e Correia dos Santos)centro histórico, onde escasseiam, e muito valorizava a zona e a Vila, subs-para quem se dirija aos transportes co- tituindo o previsto, e necessário, Audi-letivos que operam na zona, comboio tório José de Castro, enquanto este nãoe autocarros. Esperamos que as tarifas vê a luz do dia. Que a dinâmica anun-sejam adequadas, e que não afastem os ciada atinja e resolva estas situações.potenciais utilizadores. Junto, e na estação de caminho de fer- Em frente a Estação dos Navegado- ro, estão lojas de retalho e alimentaçãores, estação principal onde está insta-lado o equipamento, pelo que não tem que são frequentadaspermitido o uso deste bom espaço para não só por quem utili-outros fins (atividades culturais) o que za os transportes mas também por muitos Av. Sr. Jesus dos Navegantes residentes na vila que aqui encontram muito do que necessitam no seu dia a dia. A Av. Sr. Jesus dos Navegantes de acesso ao centro histórico, muito movimentada por quem a atravessa eJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017 15
CAMINHOSpor quem se desloca à Igreja Paroquial, que não se eternize a situação, e queàs capelas mortuárias, ao supermerca- rapidamente possa dispor deste es-do e demais estabelecimentos comer- paço que pode vir a prestar, de novo,ciais que são abundantes na zona. Para grandes serviços à comunidade comoaliviar a pressão do trânsito nesta zona fez no passado.foi alterado o sentido da Rua LucianoCordeiro, passando o mesmo a ser de Do lado norte, já falámos em núme-nascente para poente, o que permite ro anterior, e voltaremos a ele breve-desviar o trânsito que se destina para mente, do lado sul estamos agora alá do centro, das vias centrais. fazê-lo referindo as boas construções que tem. Vamos dar um pulo à Praceta, Na esquina temos o antigo quar- local muito frequentado pelo paçoar- Banca de peixe do Mercado do Sr. João Bartolo quenses dada a presença na praça,tel dos Bombeiros, que está fechado de cafés e suas es-a aguardar resolução do conflito que planadas, dos CTT,opõe a direção da corporação à CMO. papelarias floris-Para bem da população fazemos votos tas, drogaria, con- sultórios, lojas de roupa, tudo o que o comércio tradicio- nal tem para ofere- cer e que tem se ser defendido e apoia- do, dado o grande serviço prestado à comunidade e à manutenção dos laços que mantém vivos os sentimen- tos de pertença e amor à terra onde se nasceu ou habita, e que de preferência todos queremos, e temos o direito de ser felizes.16 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017
ço, pelo que re- metemos o leitor para uma peça própria. Subindo, volta- mos à Rua Lucia- no Cordeiro, para a continuar a des- cer em direção à nossa meta, ao Espargal.Mercado de Paço de Arcos, Escola de pintura extinta Assim seguimos ao longo da linhaSubimos em direção à Rua Dionísio de caminho de ferro, e no lado esquer-dos Santos Matias, onde à esquerda do encontramos uma bela vivenda, com terraçotemos a cen- e um paineltenária ins- de azulejos,tituição que onde residiuformou mui- o já falecido,tas gerações, o Sr. AméricoNIB - Núcleo Niza, grandede Instrução e paçoarquen-Beneficência, se que paradada a riqueza além da suada sua história vida empre-não cabe falar sarial, ex-dela neste espa- Escola Dionísio dos Santos Matías ploração do cinema de Paço de Arcos, e empresas de distribuição de filmes, se dedicou às ativi- dades de cidadania fazendo parte dos orgãos sociais dos Bombeiros Voluntários de Paço de Arcos, do Clube Des- portivo de Paço de Arcos, e de comissões e projetos vários a favor da comunidade paçoar- quense. É das figuras que não podem ser esquecidas porNIB, Núcleo de Instrução e Beneficência quem com ele conviveu.Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017 17
CAMINHOS pelo Simion, para nosso orgulho. Casa do Sr. Américo Niza, já falecido Na esquina está agora uma simpática esplana- da que veio dar vida a este espaço de convívio, café e pastelaria, e que agora se chama “A Es- quina” precisamente. Chegados à Rua 1º de Maio, temos no lado es- querdo o prédio onde mora a família Lança -Coelho, como já se disse, e onde a nossa associação, a Associação Cultu- ral A Voz de Paço de Arcos, tem a sua sede provisória por especial atenção e disponibilização da nossa subdiretora, que hoje homenageamos com muito Casa da família do Sr. Joaquim Coutinho Pastelaria Esquina Logo ao lado o prédio construídopelo Sr. Joaquim Coutinho para alber-gar a sua numerosa família e onde vi-veu até nos deixar, há quase dois anos.A sua viúva, filhos e netos continuama habitar o edifício e, para grande sa-tisfação nossa, a colaborar e a apoiaro nosso jornal, o que também é feito18 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017
de Poesia de Paço de Arcos. Também nos deu o nosso editor, o seu filho José Lança-Coelho e outros dois filhos. Em frente um bem recuperado imó- vel e quintal. Mais abaixo, quase à es- quina, a casa onde viveu José de Castro e onde se encontrava com muitos dos seus amigos para longas e interessan- tes tertúlias.prazer e honra, e por ser mais que me- Estamos em frente ao quartel. Estarecido, por toda a colaboração prestada unidade militar hoje, com reduzida atividade, Cen- tro de Logística, foi muito im- portante no pas- sado para Paço de Arcos, com grande impac- to na economia local. No futuro será, certamente, a nova fase de crescimento da vila dada a sua privilegiada loca-Atual residência de Maria Aguiar lização junto ao mar. Paço de Ar-ao longo dos quarenta anos do jornal e cos tem, desde já, que ter isso em contapela sua contribuição em todas as suas quando antevê o futuro.atividades culturais, em especial rela- À direita temos o Bairro da Couraça,tivamente aos eventosde poesia. Colaboran-do com muitas outrasiniciativas com desta-que para a festa anualde homenagem a Joséde Castro, de quem eraamiga e grande admi-radora, e com outrasinstituições culturais,criou e dirige o Clube A casa onde viveu o actor José de CastroJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017 19
CAMINHOS Casa ao lado do posto da UCAL já demolido acesso à marginal e à praia, em frente a estação de ser-onde ainda habitam antigos funcioná- viço da BP, e as entradasrios da fábrica de produtos de beleza e para o Bº. Joaquim Matias,saúde que aí existiu. Ainda estão bem vulgo J. Pimenta, com ovivos na ideia de muitos habitantes os supermercado, o centro decheiros agradáveis das matérias primas dia da Misericórdia, a esco-utilizadas, alecrim, rosmaninho, e muitas la de condução, o gabineteoutras plantas igualmente bem cheirosas. de arquitetura, a farmácia e restaurantes logo à entrada. Chegados à rotunda, à esquerda o No interior do dito bairro destaque para a Escola Superior Náutica Infante D. Quartel de Paço de Arcos, Centro de Logística Henrique e Instituto Tecnologias Náuti- cas, para o Pavilhão Desportivo do Clu- be Desportivo de Paço de Arcos, restau- rantes e outros comércios que fornecem os habitantes de tudo o que necessitam no seu dia a dia. Um antigo edifício construído para ser um centro comercial está a aguardar, há muito tempo diga-se de passagem, por proje- to que o converta em espaço de fruição da população que mui- ta falta faz. Refira-se que este famoso e populoso bairro, não dispõe de qualquer outro espa- ço de lazer para além do referi- do pavilhão, como biblioteca, cinema/teatro, jardim, etc. Obra prioritária, portanto. De regresso ao nosso caminho20 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017
Viaduto do Espargal bateu o então Presidente da CMO, Cor. Silva Ramos pela urgência que haviasubimos o viaduto sobre a linha de ca- em melhorar a ligação de Paço de Arcosminho de ferro. Obra conjunta da CMO ao novo bairro da Figueirinha e à sedee da CP (hoje Refer), pela qual muito se do concelho, Oeiras. Degradação do viaduto Inaugurado em 1986, é atravessado por fluxos de trânsito sempre crescen- Antiga casa junto à linha de Caminho de ferro tes que o têm deteriorado, o que é bem visível nos resguardos laterais onde se podem ver os ferros ferrugentos, e o cimento a desfazer-se. A segurança e o bom estado dos equipamentos exigem intervenção atempada para que aciden- tes não ocorram. Assim esperamos que aconteça também neste caso. Descemos do viaduto de onde se tem uma ótima vista para o Parque dos Poe- tas, e chegamos ao jardim, alameda fronteira à entrada sul, do dito parque, e ao terreno camarário onde estão em fase terminal as oficinas da CMO. Al- gumas demolições e limpezas já foram feitas, estando as restantes em curso, A que será destinado este valioso e bem localizado terreno? Aguardamos infor- mação, e abertura ao debate público para que seja encontrada a solução que melhor sirva os interesses dos oeirien- ses. Este bonito espaço, com jardins não tem topónimo, que seja do nosso conhe- cimento. No entanto, foi aprovada por unanimidade no mandato que agora ter- minou, na Assembleia de Freguesia de Oeiras, Alto da Barra, Paço de Arcos e Caxias, uma proposta no sentido de que seja atribuí-Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017 21
CAMINHOS Paço de Arcos, e o atelier, criou muitas das obras de arte de que Paço de Arcos dispõe, tal como o Monumento a José de Castro, a estátua do Marquês de Pom- bal, rotunda da Quinta do Marquês, a sinaleira Maria Mendes que faleceu ví- tima de acidente quando tentava salvar Antigas oficínas da C.M.O em demoliçãodo o nome do escultor Prof. JoaquimCorreia que é o autor da obra de arteque alberga, ÍCARO. Este grande artis-ta que fez a sua residência principal em Ícaro, escultura de Joaquim Correia Escultor Joaquim Correia22 uma passageira e muitas outras que es- tão espalhadas pelo país e estrangeiro. A sua dedicação à arte e à sua terra ado- tiva, justificam esta homenagem que aguarda execução por parte da C.M.O. Para terminar este já longo caminho seguimos para o Espargal, onde o novo se liga ao antigo. Os bairros da Figuei- Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017
O futuro vai começar com a urbanização dos terrenos camarários, que antes das oficinas al- bergaram o Entrada sul do Parque dos Poetas Chafariz do Espargalrinha, do Moinho das Antas e do J.Pimenta, do século XX, encontramaqui vestígios do século XVIII,pelo menos, no Chafariz, a aguar-dar reparação, e na correnteza deprédios urbanos que foram paióise armazéns de víveres, e que hojea par de habitações características,tem lojas (restaurantes, funerária)tendo encerrado a casa de pneusque durante décadas aqui funcio-nou. matadouro municipal que ain- da está na memória de quantos então aqui viviam e trabalha- vam e onde a agricultura era a principal atividade. Hoje tudo mudou, tudo é diferente, tudo é, em princípio bem melhor a vida é muito mais fácil, mas as memórias continuam vivas e a fazer parte da identidade destas populações que continuam a so- frer para que a mudança conti-Ae ngétingearsosinasltiamlaeçnõteasremsilitares, deposito de munições nue e a proporcionar melhores condições de vida. Oinborvaasddoor muro de jardim, sistema de escoamento Texto de José Marreiro,Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017 Aguarelas e Desenhos de Serrão de Faria, Fotografias de Tozé Almeida e Santos Zoio 23
PATRIMÓNIOColónia da Sineta em CaxiasUm edifício singularOedifício implantado no número modo a que todos possamos entender 9 da Avenida Taborda de Ma- a abrangência do adjectivo ‘singular’ no galhães, em Caxias, tão notá- título deste escrito.vel quanto ignoto e em cuja fachada se O valor patrimonial e identitário daexibe a inscrição ‘Asilo de Santo Antó- casa é indissociávelnio’, é um caso formalmente singular de das condições emobra filantrópica. que foi criada. 2. João Taborda de Magalhães 1. Asilo de Santo António em 1961 Para além da dinâ- (Arquivo Fotográfico da C.M. Lisboa) mica determinação do seu fundador, o Soubemos, recentemente, que a asso- edifício é o resultado de largos contri-ciação a que tinha sido doada a proprie- butos em dinheiro e em materiais dedade pelo seu fundador, em 1921, a teria construção, do apoio do Diário de Notí-vendido a um particular. Acreditamos cias e do seu director Alfredo da Cunhaque uma intervenção correctamente (na divulgação da iniciativa), mas tam-projectada e executada será a única so- bém das ofertas de Croft de Moura (quelução para esta moradia que, desde há cedeu a parcela de terreno a um preçovários anos, se encontra devoluta e com meramente simbólico) e do celebradoa cobertura em progressiva ruína, com arquitecto Miguel Ventura Terra (queconsequências irreversíveis para a es- ofereceu o projecto).trutura e todos os elementos em madei- Em Agosto de 1906, o magistrado Joãora. O colapso da cobertura é visível nas Taborda de Magalhães, solteiro e comimagens aéreas, já não muito recentes, 58 anos, depois de ler um artigo no Diá-do Google Earth. rio de Notícias sobre ‘o bem estar das No momento em que se aguarda a classes menos afortunadas’, da escrito-reabilitação e sequente reutilização do ra Alice Pestana (de pseudónimo Caiel),edifício que o seu fundador denominou decidiu criar uma ‘subscrição para oColónia da Sineta é pertinente conhe- estabelecimento de colónias de verãocermos um pouco da sua história, de para crianças pobres’. A missão de recolha de fundos de Ta- bordinha (como carinhosamente era tratado por uma boa parte dos seus con- temporâneos), através de donativos, foi iniciada ainda em Agosto de 1906. A re- colha dos valores doados e dos nomes24 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017
dos subscritores da ‘ideia generosa’ de 4. Antiga Colónia da Sineta em 2011João Taborda é surpreendente. Nos (Foto ACA 2011)anos que se seguiram, até ao fim de 1910,contam-se mais de três centenas de con- Em 1921 a casa estava por terminar e es-tributos em dinheiro, estando a maior casseavam os recursos para pagar ao cons-parte dos doadores ocultos em iniciais trutor Passos de Mesquita. Ventura Terra,ou no anonimato. A soma angariada que acompanhava assiduamente o desen-seria, aos dias de hoje, equivalente a rolar da obra, morrera em 1919. Tabordi-mais de cinquenta mil euros. Da lista de nha não encontrou outra solução senãosubscritores destacamos algumas im- doar a sua Colónia da Sineta ao Asilo Ofi-portantes figuras da sociedade de então: cina de Santo António de Lisboa − umaconde d’Arnoso (Bernardo Pinheiro de das instituições de caridade que haviaMello, amigo e secretário particular do merecido grande apoio da rainha D. Amé-rei D. Carlos), visconde de Agarez (Fran- lia. O compromisso era que se mantivessecisco Alves Machado, depois conde de a função social da casa. Muitos foram osAgarez) e Cândido Sotto Mayor (bem usos públicos dados à propriedade, desdesucedido negociante e banqueiro, trans- os finais da década de 1920 até ao início domontano tal como Tabordinha e igual- novo milénio, assunto a abordar em outramente migrado para Lisboa). ocasião. Agora que a Colónia da Sineta está em 3. Detalhe do projecto de construção mãos de privado, acreditamos que caso se (Arquivo da C.M. Oeiras) respeitem as memórias e a integridade da casa, até João Taborda de Magalhães nos À data da implantação da república esta- perdoará ter-se perdido a sua função so-vam concluídas as fundações da futura coló- cial, pela qual tanto lutou.nia e em Fevereiro do ano seguinte já estava Acreditamos que quando, em finais decolocado o telhado. Como seria de esperar os 2018, dermos à estampa a história da casaapoios à missão de João Taborda cessaram, das colónias incluiremos um feliz capítuloafinal este era um assumido monárquico e sobre a sua adequada reabilitação e reuti-apoiante do jovem rei D. Manuel II. lização. Alexandra de Carvalho AntunesJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017 25
INSTITUIÇÃO - NIBNúcleo de Instrução e Beneficência (Nib)- Instituição CentenáriaCriado em 1909, o Núcleo de Ins- funcionamento consta do alvará nº trução e Beneficência (NIB) de- 1253, emitido em 1957 pelo Ministério dica-se desde a sua fundação da Educação, sendo tecnicamente tute-à instrução. Dedicado inicialmente à lado por este Ministério no quadro doinstrução primária e de adultos, veio Estatuto do Ensino Particular e Coope-a estender a sua acção à educação pré rativo.-escolar, para apoiar as famílias mais A Instituição regula-se pela Lei de Ba-carenciadas de Paço de Arcos. ses do Sistema Educativo – Decreto-Lei no 46/86 de 14 de outubro e pela Lei Em 1957 o Ministério da Educação quadro da Educação Pré-escolar – Leiautorizou o funcionamento da Casa no 5/97, de 10 de fevereiro e é regula-da Criança Rainha Santa Isabel. Cons- mentada por normas do Ensino Parti-truído em 1958, na zona histórica de cular e Cooperativo. Em virtude do seuPaço de Arcos, este edifício passou a cariz marcadamente social, o Núcleoacolher a valência de Creche e Jardim-de-infância. Em 2000, para responderàs necessidades da comunidade, o NIBabre a Creche do Bugio, também emPaço de Arcos, onde passa a funcionaro berçário. O Núcleo de Instrução e Beneficênciaé uma instituição particular de solida-riedade social (IPSS), com estatutosaprovados no quadro do Decreto-Lein.º 119/83, de 25 de fevereiro, sendoproprietária de um estabelecimentode educação pré-escolar denominadoCasa da Criança Rainha Santa Isabel,com a Sede na Rua Dionísio dos San-tos Matias, n.º 1, cuja autorização de26 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017
EquipaRita Virtudes Alexandra Gomes Nuno GonçaloDiretora Pedagógica Diretora Financeira Presidente da Direçãode Instrução e Beneficência celebra efetivos e três suplentes, e o Conselhocom o Centro Regional de Segurança Fiscal, constituído por três associa-Social de Lisboae Vale do Tejo dos efetivos e doisum protocolo suplentes, todosmediante o qual eleitos em assem-recebe apoio fi- bleia geral para umnanceiro, com- mandato de trêsprometendo-se, anos, renovável porem contraparti- uma vez.da, a manter um nível de mensalidades O Núcleo de Ins-compatível com as reais possibilidades trução e Beneficência de Paço de Arcosdas famílias. gere a valência de creche e a de jardim A Associação tem como corpos geren- de infância.tes a Assembleia Geral que é consti-tuída por três associados, a Direção do A DireçãoNúcleo constituída por sete associadosJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017 27
INSTITUIÇÃO- APCL/CNBCAssociação de Paralisia Cerebral de LisboaCentro Nuno Belmar da CostaAAssociação de Paralisia Ce- Oeiras, equipamento da Associação de rebral de Lisboa conta com Paralisia Cerebral de Lisboa, foi pionei- mais de meio século de vida,tendo iniciado em Portugal um per- ro no apoio residencialcurso único no apoio especializado à às pessoas com paralisiapessoa com Paralisia Cerebral e suas cerebral em Portugal.famílias. Nos vários equipamentos Com 35 anos de histó-da Associação, as equipas de traba- ria, inovou através delho procuram desenvolver ao máxi- um modelo de serviçosmo as capacidades dos seus clientes, apostado no bem-estarvisando a concretização dos seus dos seus clientes e comprojectos de vida e o pleno exercício base numa forte ligaçãoda cidadania. à comunidade envol-O Centro Nuno Belmar da Costa em vente. O Centro Nuno Belmar da Costa é um equipa- mento social complexo,28 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017
que contempla as valências de Centro Bar, jardinagem, etc.).de Atividades Ocupacionais (CAO I, Desenvolve, ainda,CAO II) e de Lar Residencial e que en- atividades pontuais,globa um Clube Desportivo próprio, como passeios, festas,com provas dadas no domínio do des- sessões culturais, entreporto adaptado. outras.A fim de responder às necessidades O Centro aposta tam-dos seus clientes, a vários níveis, dispo- bém na qualidade dasnibiliza um conjunto diversificado de intervenções técnicas,atividades ocupacionais permanentes: as quais contribuemateliers de artes oficinais, atividades de decisivamente para aeducação física e desporto, atividades manutenção da fun-artísticas e criativas, atividades cívicas cionalidade e do beme religiosas, atividades pedagógicas e -estar físico, psíquico,atividades socialmente úteis (atendi- emocional e ocupacio-mento telefónico, trabalhos adminis- nal dos seus clientes, através dos servi-trativos, jornal Sobre Rodas, serviço de ços de psicologia, fisioterapia, terapia ocupacional, terapia da fala e enferma- gem. O Centro tem 28 clientes permanentes e 1 temporário (para descanso da famí- lia) em Lar Residencial e 51 clientes em Centro de Actividades Ocupacionais (CAO I – 28 e CAO II – 23). A Equipa do Centro tem como objetivo fundamental promover a concretização do plano individual de vida de cada cliente e, assim, contribuir para uma boa qualidade de vida. A DireçãoJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017 29
ARTE URBANA NOS BAIRROS Bairro do Alto da Loba Pinturas murais30 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017
CULTURAEnvio de livros para S.Tomée Príncipe, ilha do PríncipeComo resultado duma iniciativa do A todos os que colaboraram com a Movimento Cultura “ O Mirante” oferta de livros, e a divulgar a iniciativa de Caxias, que realizou a recolhade livros para os presos das prisões de o nosso obrigado.Caxias, e que foi prolongada, dado o seu Um agradecimentogrande êxito, agora, para remeter paraS. Tomé e Príncipe. especial aos nossos só- cios, Sr. Onofre Pereira Foi, para a Associação Cultural A Voz por ter cedido a sua lojade Paço de Arcos uma grande alegria para recolha dos livros eter podido concretizar esta interessan- Sr. Engº. Daniel Nuneste iniciativa, que vai proporcionar aos pela sua colaboração naleitores daquele país irmão, meios de logística da operação deleitura, e de estudo, de matérias de di- transporte e doação.ferentes níveis de exigência, que eramdifíceis de obter de outra forma. O Presidente da Direção José Manuel MarreiroJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017 31
AUTÁRQUICASSobre as eleiçõesNo passado dia 1 de Outubro as suas necessidades e os seus anseios. realizaram-se as eleições au- No caso concreto do concelho de tárquicas que foram a festa da Oeiras, o Grupo independente, li-democracia. derada pelo Dr. Isaltino Morais,Os portugueses acompanharam com logrou obter a maioria absoluta paraentusiasmo e curiosidade o desenro-lar das campanhas eleitorais e opta- a Assembleia Muni-ram por votar, livremente, nos candi- cipal, para a Câmaradatos em quem depositam maiores e para a União de Fre-esperanças de que venham a satisfazer guesias de Oeiras, Alto da Barra, Paço de Arcos e Caxias e maioria re- lativa nas restantes, à exceção da Freguesia de Porto Salvo onde o P.S. repetiu a vitória por maioria relativa. A Voz de Paço de Arcos dá os parabéns aos ven- cedores, e faz votos que, com o trabalho de todos, Oeiras melhore e que se resolvam as si- tuações mais difíceis que estão a prejudicar o desenvolvimento har- monioso do nosso con- celho. José Marreiro32 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017
HOMENAGEMHomenagem a Conway Shiply - Monumento recuperado“O Município promoveu, no passa- do Tejo e o que restava da do dia 21 de setembro, a cerimónia marinha portuguesa sob de rededicação do monumento de o domínio dos franceses. homenagem a Conway Shiply (1782-1808) Desejo de liberdade e in- localizado na praia de Paço de Arcos e re- dependência uniam numa centemente requalificado. causa comum portugueses e ingleses. A empreitada de conservação e restau- ro do monumento, conhecido pelos lo- Durante uma tentativa de cais como ‘túmulo do inglês’, teve início capturar o bergantim Gai- no final do mês de maio, com a limpeza vota, fundeado ao largo de e consolidação que incluiu eliminação Paço de Arcos, sob o con- de colonizações biológicas e musgos, re- trole dos franceses, Shipley moção e substituição de argamassas que foi atingido e caiu à água. tinham perdido a sua função inicial, rea- Durante muito tempo a lização de micro-estuca- praia das Fontainhas foi gem para preenchimento chamada de praia do Inglês de pequenas lacunas na Morto e para perpetuar a superfície e evitar a pene- sua memória foi mandado tração de água. erigir, em 1809 ou 1810, pelo comandante supremo da Seguiu-se, já em se- esquadra portuguesa, um tembro, a segunda fase monumento funerário. da obra, consistindo no tratamento das letras, O monumento a Conway preenchimento com tinta Shiply está classificado preta e retificações finais. como Imóvel de Valor Con- Acerca de Conway Shiply, celhio.” recordar que em 1807 co- mandava o La Nymphe, navio que integrou a es- quadra que patrulhava a entrada do Tejo, blo- queando o porto de Lis- boa das ofensivas france- sas. O bloqueio do Tejo pela Royal Navy prolongou-se até agosto de 1808. A si- tuação da época era tensa e complexa, com Lisboa ocupada pelos franceses, a Royal Navy na barraJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017 33
A VELHICE E A SUA DIGNIDADEDesculpas não se pedem, evitam-seÉverdade, as “desculpas evitam-se, caixa do supermercado, com o carrinho não se pedem”. Porém, quando não de compras, descontraídos pela chegada conseguimos evitar, manda a boa da nossa vez. Ao avançar “pé ante pé”,educação pedi-las. Existem muitas situa- “chocamos” inadvertidamente com o par-ções em que se pode evitar um pedido de ceiro da frente, ao ponto de interferirmosdesculpas, basta para tal, não precipitar- ligeiramente com a sua integridade física.mos antes de fazer algo, pensar duas vezes Nesse caso, já não há nada a fazer, deve-antes de falar, mais atento às coisas, aos mos pedir-lhe desculpa e disponibilizar-horários, mais concentração, de modo a mos para a ajuda.evitar situações embaraçosas. Advertência: Se estamos perante um pedido de perdão, já nem os factos que No íntimo profundo, somos avisados deram motivo ao arrependimento podemque tal atitude ou verbalização, poderá ser evitados. Por isso, as desculpas ou secausar aborrecimentos, mesmo assim, aceitam ou se recusam. Não se pode in-avançamos, sem fazer a tal revisão e pon- ventar nada aqui. Se alguém pede descul-deração, obviamente, candidatamo-nos a pa, a outra pessoa só tem de dizer se acei-uma grande “bronca”, que depois temos ta ou não. Se disser que as desculpas nãoque engolir em seco e apresentar um pe- se pedem, evitam-se, então deve infligir-dido de desculpas. No entanto, o mal já se novo castigo sobre a pessoa em causa,está feito, o pedido de desculpas apenas com a consequente necessidade de pedirservirá para atenuar a situação, jamais novamente desculpas, estas então aindapara a eliminar, porque não há borracha mais inevitáveis.que apague, as marcas deixadas no ínti- Por esses dias, personalidades de váriosmo de cada um de nós..... quadrantes têm pedido desculpas pelos De facto, gostaríamos apagar os erros seus atos irrefletidos…Merecem ser des-que cometemos, mas ainda bem que o culpados por nós?não conseguimos, porque eles trazem Aproveitando o tema, deixo agora aquiconsigo um conjunto de aprendizagens, um pedido de desculpas pelos artigos queque ficarão, assim se espera, arrumadas habitualmente escrevo, nem sempre donas “gavetas” da nossa sensibilidade. seu agrado. Prometo voltar em breve… Reconheço que nem todas as pessoasestão dispostas a aprender com os erros, *Luís Álvarese muitas até perante a evidência não ad-mitem que “meteram água”. Assim, essaspessoas jamais aprenderão com os erros,simplesmente se recusam a aprender,continuarão a pensar que são “génios” eque nunca erraram e jamais irão errar! Mas as desculpas nem sempre se podemevitar, a não ser que a pessoa tenha tantafalta de escrúpulo, que não só faz asneiracomo ainda evita pedir desculpa. Vamos supor que estamos numa fila da34 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017
TOPONÍMIARuas de CaxiasJoão TABORDA DE MAGALHÃES, licitou o nasceu em Freixo de Espada à Cin- projecto de ta em 1848, tendo vindo a falecer arquitectu-em Lisboa no mês de Fevereiro de 1923. ra que teve como exe- Licencia- cutante o do em Di- construtor reito, foi civil José Procura- de Passos dor Régio Mesquita. na Relação De salien- do Porto tar que o imóvel possui um conjunto de e Juiz em azulejos atribuídos a Jorge Colaço (que várias co- faleceu am Caxias em 1942), da época marcas. em que trabalhava na Fábrica da Loiça Transferido para Lisboa, foi ajudan- de Sacavém. O edifício, ainda por ter-te de Procurador Régio da Relação de minar, foi doado em 1921, por escrituraLisboa, sendo Juiz de 1ª Classe. a favor da Associação Protectora da In- O nome dado à artéria de Caxias, de- fância- Asilo Oficina S. António de Lis-ve-se ao facto de nela ter sido erigida boa (aos Anjos), estando Taborda deuma casa de férias (Colónia da Sineta) Magalhães muito doente. conseguida com a sua dedicação para Saliente-se também o magnífico tra-com as crianças desfavorecidas. balho como Taborda de Magalhães Assim, adquiriu no Lagoal (Caxias) dirigiu no Arrolamento Judicial dasum terreno ao Conde de Cuba, desen- obras de arte da Rainha D. Maria Pia,volvendo uma subscrição pública atra- existentes no palácio da Ajuda entrevés do jornal Diário de Notícias, para 1911 e 1913.angariação de fundos que foram cons-tituídos em dinheiro, materiais e mão Artur Luís Antunesde obra, entre Agosto de 1906 e Marçode 1910. Ao seu amigo transmontanoMiguel Ventura Terra (1866-1919) so-Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017 35
EFEMÉRIDESC(2e-1n2t-e20n1á7r)io de Igrejas Caeiro bitual comemoração de homenagem ao actor José de Castro, com uma romagem ao monumento er- guido em sua memó- ria e um programa teatral na sede do Clube Desportivo de Paço de Arcos. sJoesmé ECsacrrdeovseor (P19ir9e7s-2-01270) Anos No próximo dia 2 de dezembro vai ascido em São João realizar-se, em Tábua, uma ce- do Peso, no rimónia comemorativa do cente- concelho de Vila de Rei, filho deNnário do nascimento de Igrejas Caeiro, José António Ne- ves e de sua mu-que ocorreu no passado dia 8 de agosto. lher Maria Sofia O programa, que ainda está a ser ela- Cardoso Pires, ele daí natural e elaborado, será divulgado oportunamente, e de Cardigos, emserá realizado no Centro Cultural Muni- Mação, foi muito cedo para Lisboa comcipal daquela vila, A iniciativa é da Fun- pais, ele Oficial da Marinha Mercante, eladação Sarah Beirão a que se associam a dona de casa.Câmara Municipal, a Junta de Freguesia, Entre 1935 e 1944 frequentou o Liceu Ca-e a Casa do Povo de Tábua. mões, onde foi aluno de Rómulo de Car- valho e de Delfim Santos, iniciando, de se- Naquela data seguirá uma carrinha com guida, uma nunca terminada licenciaturadoações para as vítimas dos incêndios. em Matemáticas Superiores, na Faculdade de Ciências. A A.C. A Voz de Paço de Arcos está a Em 1945 alista-se na Marinha Mercante,recolher doações, para o efeito, de bens como praticante de piloto sem curso, acti-alimentares, brinquedos, livros, utilida- vidade que abandona compulsivamente,des, etc. Aguardamos a sua colaboração «suspeito de indisciplina e detido em via-possível. Colabore - Ajude-nos a ajudar quemprecisa nesta hora DifícilAniversário de José De Castro gem do navio Niassa». Tendo optado pelo jornalismo, veio aUma vez mais a Câmara Municipal assumir a direcção das Edições Artísticas de Oeiras, a União de Freguesias Fólio, onde Aquilino Ribeiro publicou O de Paço de Arcos, Caxias, Oeiras e Retrato de Camilo. Na mesma editora a co-S. Julião da Barra, e a Associação Cultural lecção Teatro de Vanguarda contribui paraA Voz de Paço de Arcos, organizam a ha- a revelação de obras de Samuel Beckett,36 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017
William Faulkner e Vladimir Maiakovski. português no qual confluem as principaisEm 1959 estagiou na revista Época, de Mi- linguagens estéticas norteadoras do futurolão, com vista à publicação de um semaná- pós-modernismo português devido à mis-rio que a censura impediu. tura de géneros, à polifonia, à fragmenta- Entretanto lança a revista Almanaque, ção narrativa e à metaficção.cuja redacção integra Luís Sttau Montei- A 1 de Outubro de 1985 foi feito Comen-ro, Alexandre O’Neill, Augusto Abelaira e dador da Ordem da Liberdade e a 4 deJosé Cutileiro. Foi ainda cronista do Diário Fevereiro de 1989 foi agraciado com a Grã-de Lisboa, da Gazeta Musical e de Todas as Cruz da Ordem do Mérito.Artes e da Afinidades. Antes de falecer visitou muitas vezes Unanimemente considerado um dos Caxias, onde tinha família que aí habitava.maiores escritores portugueses do século Foi sepultado em 1998 no Talhão dos Artis-XX, numa galeria onde podemos encon- tas do Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.trar nomes como José Saramago ou An- Uma vez que deixou de escrever em 1997,tónio Lobo Antunes, a sua carreira literá- fazem neste ano de 2017, vinte anos que oria está marcada pela inquietação e pela autor abandonou a sua oficina da escrita,deambulação. Autor de dezoito livros, embora tenham sido publicados postuma-publicados entre 1949 e 1997, não se iden- mente dois livros. Da sua obra completatifica com nenhum grupo, nem se fixa em constam os seguintes livros.nenhum género literário, apesar de serconsiderado sobretudo como um roman- • Os Caminheiros e Outros Contos (Contos),cista. A sua relação mais duradoura no 1949campo literário deu-se com o movimento • Histórias de Amor (Contos), 1952neo-realista português, até ao 25 de Abril • O Anjo Ancorado (Novela), 1958, com prefá-de 1974, justificada com a oposição ao re- cio de Mário Dionísiogime autoritário português. A inserção da • Cartilha do Marialva (Ensaio), 1960sua obra no neo-realismo é, por essas ra- • O Render dos Heróis (Teatro), 1960zões, contraditória. Frequentou também • Jogos de Azar (Contos), 1963 ; 1993os grupos surrealistas, no início da década • O Hóspede de Job (Romance), 1963de 1940. Foi influenciado pela estética de • O Delfim (Romance), 1968Hemingway, pela narrativa cinematográfi- • Dinossauro Excelentíssimo (Sátira), 1972ca, o que resulta em discursos curtos e diá- • E agora, José ? (Ensaio), 1977logos concisos. • O Burro em Pé (Contos), 1979 O Delfim, de 1968, é geralmente conside- • João Janito, o burro em pé, Moraes, 1979rado a sua obra-prima, em que o narrador • Corpo-Delito na Sala de Espelhos, 1980assume uma condição de forasteiro, apa- • Balada da Praia dos Cães (Romance), 1982rentemente descomprometido com uma • Alexandra Alpha (Romance), 1987realidade anacrónica. A Gafeira, aldeia • A República dos Corvos (Contos), 1988inexistente do distrito de Leiria, simboliza • Cardoso Pires por Cardoso Pires (Crónicas), 1991o Portugal marcelista, com um crime no •A Cavalo no Diabo (Crónicas), 1994centro da história. Tendo sido recebido, • De Profundis, Valsa Lenta (Crónicas), 1997até 1974, como romance neo-realista, tem • Lisboa, Livro de Bordo (Crónicas), 1997despertado um interesse crescente como • Lavagante, editado em 2008narrativa pós-modernista. Pode efectiva- • Celeste & Làlinha — Por Cima de Toda a Folhamente ser lido como o primeiro romance (Ilustrações de Rita Cardoso Pires), 2015 José Lança-CoelhoJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017 37
EFEMÉRIDEHá 50 anos, cheias devastadoras em OeirasA25 de Novembro de 1967, faz agora No dia seguinte, 26 de Novembro, o cinquenta anos, grandes cheias Instituto de Meteorologia veio explicar atingem a região de Lisboa, pro- que, tinha havido «precipitação máximavocando 700 mortos e deixando milha- na ordem dos 89 mm em 24 horas, prin-res de pessoas sem abrigo. São inúmeros cipalmente entre as 19 e a 1 hora. Paraos prejuízos em Lisboa e arredores, e ajudar à enxurrada, a preia-mar ocorreutambém, no Ribatejo. às 22.50 h. A submersão das centrais te- lefónicas de Alhandra e Tojal deixam 10 Fotografia: CMO - Arquivo histórico mil telefones sem trabalhar. Lisboa fica sem electricidade. Só os transístores dão Em Oeiras, nas instalações da Funda- notícias através do Rádio Clube Portu-ção Calouste Gulbenkian, os elevados guês (RCP), única estação que continuaprejuízos têm de ver com obras de arte no ar graças a um gerador.e material de investigação do Centro deBiologia. O jardim Municipal ficou de- Às 7.10 h explodiu o paiol do Forte dobaixo de água, morrendo os cavalos que Carrascal, que fez estremecer o bairro dose encontravam no picadeiro aí situado. Restelo, sentindo-se em Lisboa e estilha- çou vidros em Algés e Linda-a-Velha. En- tre os muitos feridos que deram entrada no Hospital de S. José, grande parte tra- balhava na fábrica do Café Tofa. O Século escreve que se trata da «maior catástrofe que assolou a capital e arredores depois do Terramoto de 1 de Novembro de 1755». O Diário de Lisboa faz quatro edições, mas a Comissão de Censura Prévia envia a surpreendente ordem para as redacções dos jornais e das rádios: «A partir deste momento não morreu mais ninguém». Também da Co- missão de Censura: «Informação do Go- verno Militar de Lisboa sobre a explosão no paiol do Carrascal – CORTAR, orde-38 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017
jetas entupidas por falta de limpeza de manutenção e, o deficiente sistema de drenagem pluvial, são as grandes causas desta imensa tragédia. A 29 de Novembro, a Comissão da Cen- sura através de um dos seus representan- tes, que dava pelo nome de Dr. Ornelas, informa os órgãos de comunicação so- cial do seguinte: «Inundações: os títulos não podem exceder a largura de ½ página e vão à CENSURA. Não falar no mau cheiro dos cadáveres. Actividades beneméritas de estudantes – CORTAR». Os estudantes universitários de Lisboa, através das suas associações académicas, auxiliaram imenso as pessoas que fica-Viatura em cima do muro junto à ponte do Lagoal ram sem abrigo, embora isso não fossenada pelo coronel Roma Torres.» divulgado, pois ao regime convinha-lheA 27 de Novembro, continua o balanço dar uma imagem negativa dos estudan-da tragédia que assolou Lisboa e arredo- tes das diversas academias, visto que,res. A Direcção-Geral de Saúde e aCompanhia das Águas recomendamque não se beba água sem ser fervida.As águas atingiram entre 2,5 e 3 me-tros de altura, o que fez com que amaioria dos óbitos se verificasse embairros de lata.Os solos da região de Lisboa, dadaa construção selvagem que se verifi-cava, estavam cada vez mais imper-meabilizados, as bacias hidrográficastinham fraca capacidade de respostadevido à sua reduzida área, as sar- Av. António Florêncio dos Santos, junto à ponte da CartuxaJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017 39
EFEMÉRIDESAv. Croft de Moura tatar que o enorme monte de areia, descarregado a 24, desaparecera completamente. Passado umas ho- ras, soube que a areia descera toda a citada Av. Conde de S. Januário, e, a pouca que restava, se encontrava amontoada na Rua Fonte de Maio. A outra memória foi mais gra- ve. Chegaram até mim, os ecos das dezenas de pessoas que faleceram, só no concelho de Oeiras, nomea- damente em Caxias, em que qua- tro pessoas de uma família e uma criança, de apenas 5 anos de outra família.eram, quase, os únicos que se manifes- José Lança-Coelhotavam e faziam greves contra aditadura.A minha memória deste dia, 25de Novembro de 1967 - eu tinhadezassete anos de idade –, es-praia-se por dois eventos.Morava na Av. Conde S. Januá-rio, em Paço de Arcos, e o meupai estava a fazer uma casa noquintal da moradia onde ha-bitávamos. No dia anterior, 24,chegara uma camionete cheiade areia para a referida obra. A25 ninguém saiu de casa, devidoà impiedosa bátega de chuva. A26, quando dos primeiros raios Pontão de carga da pedra nos batelões, destruído pelasde Sol, saí e, lembra-me de cons- cheias na praia de Caxias40 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017
Tu És sem SerAli a beleza não era para ver. Cida Annoni Garcia – Conheci-a em Alfenas,Tinha jeito, força e bravura. Minas Gerais, há muitos anos. Fazia uma pin-O que tocava partia. tura gongórica excessiva, plena de sensibilidade.O que não destruía amava, Já gostava de fotografia mas ainda estava longecom a boca, a língua, as unhas e os dentes. dos voos que passaram pela Europa em geral eNão fora a melodia que escapava ao caos por Portugal de ume a beleza que não se via, não se sabia, modo todo especial.não seria cais para o meu barco inteiro, Fotografou o País dememória de alguns caminhos, lés a lés, fotografou-travo acre de bons vinhos, nos . Guardou a arteamargura como entrada numa luta surpresa. e a cultura portugue-Na verdade, tu és sem ser uma beleza. sas em milhares deEdgardo Xavier. imagens que estão aPublicado RDL, 2017. correr mundo em pu- blicações da especia-Onda lidade e em livros que abordam este novoPara lá dos teus olhos nasce a noite olhar de Cida Garciae o recado da tua boca diz, para as coisas queperverso, tantas vezes olhamoso lado bom da pele, sem ver. A imagemos caminhos do mar, de hoje é o exemploa sombra que vem para ser água da riqueza de podee vento sem contudo deixar de arder, estar contida ondelenta e docemente, aqui. menos se espera. O importante faz fronteira entrePara lá dos teus olhos uma voz a paisagem comum e um interior que se adivinhame chama ao corpo degradado. Espessura, transparência, reflexos, en-para ser onda. quadramento, luminosidade e a certeza do olharEdgardo Xavier que convoca, para esta raridade visual, a poesia.In “ Vozes”, Universalis, Roménia, 2017. Edgardo Xavier, critico de arte A. I. C. A. PortugalJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017 41
POESIA42 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017
Beijo de Rodin Qualquer PoemaAqueles dois corpos sós, nus, enlaçados, Um qualquer poema,Mãos suaves acariciando tosca pele, Trás em suas asas todas asLábios de pedra, quentes, bem tocados, palavras que te diria…Seios dela roçando o peito dele. Em longas mãos suaves do tempo,Libertam loucura daquele abraço. Trago teu rosto pintado naTudo é amor naquele beijo; manhã do novo dia…Cinzel de artista criou o traço, Em suaves cânticos celebro teuDa angustia, da ternura e do desejo. canto. Em minhas mãos sinto a tuaAnos sonhei a paixão do monumento, pele…Que nuas almas à alma me trazia, Toco-te em imagens facetadas,Sem me dar um só corpo um momento. No doce canto da poesia… Em risos te celebro,Hoje a velha esperança não foi vã, A um Deus pequeno e alado…Um corpo com alma me trouxe um dia, Em lágrimas de desesperoO eterno beijo de Rodin! Meu amor em tuas mãos deixado… Jose Martins Gago CIRCEJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017 43
POESIA RecordandopSoofrraimmeonrto Minhas memórias soltam-se como gotas de orvalhoSempre foi por medo Na parede branca e fria…que eu de ti fugi Invernos de mágoas prendem-seNunca houve outra Entre os dedos fortes do tempo…razão… Em luzes cintilantes,Toda a minha vida Ergo-as aos céus negros que setentei esconder iluminam…Isto no meu coração… Devagar, sinto as lembranças aMas chegou um dia que não aguentei me envolverem,E fui-te revelar o que era para ti viver Como um halo de luz,sem mim… Onde brilha teu rosto,Tu viste que era difícil, Na cadência exacta do meuMas mesmo assim tu ignoraste… ser….Não penses que és só tu…Se não fosses tu há muito que já CIRCENão estaria, cá para ajudar.Não foste só tu a fazer-me sofrerEstou farta, isto vai ter de parar devez…Filipa Coelho14 anos44 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017
Os Jardins da berma da linhaAonde eram baldios de fedores (repletos de ervas e de canino excremento…)-são agora Jardins deMARAVILHOSAS FLORES (de plantas de ornamento !)Tal se deve aos jardineirosAmadores (dos vizinhos apartamen-tos)que anónimos sem favores -as cuidam (com Sentimento !)Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017 45
POESIACada talhão é o mais Vistoso ! (ao olhar do tratador!)formando um Mural Glorioso !(um Espectáculo do AMOR !)A Rua chama-se “Peixinho Júnior”mas depois deste Monumentodeverá chamar-se:“Rua do Jardineiro Amador” em sinal de Público Agradecimento !Santos Zoio46 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017
HOMENAGEMHomenagem a José de CastroNo próximo dia 26 de Novembro celho de Oeiras, que viu perder uma de 2017, vai realizar-se, mais das suas mais ilustres e populares figu- uma vez, a habitual Homena- ras.gem ao actor José de Castro, como aliás,vem anunciado neste número. Embora José de Castro tenha desapa-Aproveitamos para recordar o que, “A recido do mundo dos vivos, a sociedadeVoz de Paço de Arcos”, publicou a este civil, -e- nomeadamente o concelho derespeito, pela pena de Rui Sintra, há Oeiras e a freguesia de Paço de Arcos,cerca de 20 anos. não se esqueceram deste seu filho, pre- servando, até hoje, a figura deste muní- José de Castro nasceu em 1931, ten- cipe-actor, através de homenagens pú-do aos 21 de idade iniciado aquilo que blicas que ocorrem anualmente, querviria a ser uma carreira de sucesso no junto à sua estátua, em Paço de Arcos,teatro. A sua estreia aconteceu em 1952, quer no Salão Nobre do Clube Despor-exactamente no Clube Desportivo de tivo de Paço de Arcos, local onde o ho-Paço de Arcos, tendo pouco tempo de- menageado iniciou a sua promissorapois transitado para o Teatro D. Maria mas curta carreira.11, onde viria a confirmar todo o seu ta-lento. Em Novembro passado, no dia 22, realizou-se mais uma cerimónia de De entre os galardões recebidos, este homenagem a José de Castro, que con-homem e actor paço-arcoense teve o tou, para além da habitual romagemprivilégio de receber quatro Prémios ao monumento, com a apresentaçãode Imprensa (1958, 1964, 1968 e 1970), da peça «O Pranto de Maria Parda»para além de dois galardões como soberbamente interpretada pela actrizMelhor Actor Português - os Prémios Maria do Céu Guerra, e perante umEduardo Brazão referentes aos anos de auditório que esgotou a capacidade do1962 e 1972. Salão Nobre do Clube Desportivo de Paço de Arcos. José de Castro tinha 46 anos de ida-de quando a morte o surpreendeu, A Memória de José de Castro,roubando-o do convívio com o seu pú- O Actorblico. O teatro e a cultura portuguesasficaram mais pobres, bem como o con- Ritual que se repete anualmente, o cer-Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017 47
HOMENAGEMto é que a autarquia pretende desde um outro equipamento, com cercahá algum tempo a esta parte ir mais de 300 m2, onde será instalado umlonge, nomeadamente na associação auditório com capacidade para cercado nome do actor a um espaço de cul- de 150 lugares sentados, camarins, sa-tura, ideia que tem sido bem acolhida las de arrumos, e ainda um foyer quenos diversos sectores da sociedade, comunicará com as duas unidades, in-principalmente na freguesia de Paço terligando-os.de Arcos. Nas traseiras do Centro Cultural José_ Com efeito,, encontra-se já concluí- de Castro irá ser construído um jar-do um estudo prévia para a criação dim público com uma área de cerca dedo Centro Cultural José de Castro, um 1000 m’, que para além da sua compo-espaço que ocupará as antigas insta- nente de lazer, estará preparado paralações do Externato 1” de Maio, em receber eventos ao ar livre, como, porPaço de Arcos, e cuja maqueta esteve exemplo, concertos de música clássi-em exposição no Clube Desportivo de ca.Paço de Arcos. Com um investimento municipal cal-O edifício, da época oitocentista, será culado em perto de 170 mil contos,totalmente recuperado exteriormen- prevê-se que o Centro Cultural Joséte, mantendo assim a traça original. O de Castro esteja pronto em meadosseu interior, constituído por três pisos, do ano 2000, fazendo não só jus à me-com cerca de 550 m’, irá albergar áreas mória do actor, como, também, e nãodestinadas a exposições de artes plás- menos importante, contribuindo paraticas, uma biblioteca, salas de apoio uma valorização e dinamização doadministrativo, e um bar. Centro Histórico de Paço de Arcos.Por outro lado, a autarquia vai cons-truir no terreno anexo a este imóvel Rui SintraBREVES À SOLTAENIDH - Escola Naútica de Paço de Arcos sendo a do Infante, uma referência às Or- dens de Cristo e de Avis, das quais ele foiNo âmbito das comemorações do 93º Grão Mestre. aniversário da ENIDH, em Paço d’Arcos, realizou-se no passado dia 28 de Srª. Ministra do Mar, Pintor Luís Vieira-Batista eSetembro a cerimónia de inauguração o Presidente da Escola Engº .Luís Batista.da peça dedicada ao patrono da escola -o Infante Dom Henrique - da autoria dopintor e escultor Luís Vieira-Baptista.Presidiram ao acto a Senhora Ministra doMar, Eng.ª Ana Paula Vitorino, e o Presi-dente da ENIDH, Eng.º Luís Batista.A obra é um óleo sobre pedra e evoca,para além da imagem reconhecida como48 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017
BREVES À SOLTAIsabel Mourão (Porto), artista plástica.Tem atualmente estúdio em Oeiras, na Fá- brica da Pólvora-Atelier 27.Frequência do Curso de Introdução ao Dese-nho e Pintura (IADE)- mestre Lima de Freitase Martim Lapa (1980), passagem por diversosateliers (Manuela Pinheiro, Luís Guimarães,Rui Aço-Oficina do Desenho, Patrícia Tave-ra), frequência de curso de gravura -GaleriaDiferença (João Cochofel).Inicialmente na vertente retratista, a sua car-reira artística, a partir de 2005 passa a eviden-ciar-se, com a apresentação de temas livres.A sua arte é essencialmente conceptual, comforte pendor onírico e simbólico, ora intros-pectiva ora satírica, utilizando como meioso Desenho e a Pintura e ainda que de formamais descontinuada, a Gravura, a Fotografiae a Escrita . Apresentação do Jornal nº 12 A Voz de Paço de Arcos. Actuação do Coro de Stº. Amaro de Oeiras e leitura de poesia, na homenagem ao Maestro César Bata- lha e apresentação do nosso ùltimo número do Jornal.Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017 49
BREVES À SOLTAPequenas Histórias para as mesmas encer-Gente Grande/ Novo Léxico ram; por outro lado, Novo Léxico, é aÉo mais recente livro de José Lança- forma de que o au- Coelho, licenciado e pós-graduado tor se serviu para la-em Filosofia, pela Faculdade de Letras da vrar o seu veemen-Universidade Clássica de Lisboa. O autor te protesto contraestreou-se no universo literário, em 1989, o Acordo Ortográ-com O Enigma da Gruta, obra com que fico, desmontan-ganhou o Prémio de Revelação de Litera- do as palavras datura Infanto-Juvenil da Associação Por- língua portuguesa,tuguesa de Escritores. Tem mais de vinte mostrando comolivros publicados, de entre os quais se des- as mesmas adqui-taca O Caso do Poeta dos Mil Nomes, uma rem um sentidobiografia de Fernando Pessoa. Escreve em completamentejornais e revistas, sobretudo, artigos de diferente, quandoinvestigação históricos, filosóficos e literá- fraccionadas. Nesterios. contexto, chama-O livro agora publicado é um 2 em 1, pois se a atenção para ase, Pequenas Histórias para Gente Grande, profusão da palavraé um conjunto de «short-stories», cuja in- «dor», na formaçãotenção é evidenciar o absurdo da existên- do numeroso léxicocia e das suas leis, destacando a ironia que português.OSimion é colaborador do Jornal, tendo sido o res- ponsável pela montagem gráfica dos últimos nºs dasegunda série.(O preço do livro é de 10 euros. Pode fazer a sua encomen-da através do endereço [email protected] ou pelotelefone 963 769 817.)50 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 13 outubro 2017
Search