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Mulheres-em-guerra

Published by Paroberto, 2022-08-08 15:25:46

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CAPÍTULO 12 SER PERCEPTIVA E AGIR Podia-se ouvir os pensamentos daquelas mulheres. Elas não diziam, mas com certeza queriam criar um novo tipo de “herói”, porque os de hoje estavam ultrapassados no tempo e no espaço. Elas estavam prontas para a guerra. Quem era o inimigo: o homem. Elas eram as líderes superiores de uma legião de mulheres que faziam o levante feminismo para protestarem contra o assédio sexual – como se fosse possível o homem ficar sem olhar a beleza do corpo feminino. Mas elas queriam tirar dos homens o prazer do fiu-fiu, os galanteios de o homem dizer para a mulher que ela era “gostosa”. Vai ser preferível para os homens se mudarem para Marte ou para Vênus. Claro que os homens irão preferir ser presos que deixarem de fazer fiu-fius e abolir de seus dicionários a palavra “gostosa”, tão peculiar para se dizer a uma mulher de bumbum avantajado e moldado nas academias de ginástica. O novo discurso da nova mulher é duro. O novo feminismo tem atitude pragmática e vem com um caráter transformador,

102  Mulheres em guerra – revolução das Mulheres  muito diferente dos anos 60 (quando as mulheres defendiam o direito a fazer uso de métodos contraceptivos, ter liberdade sobre seu corpo e a sua vida sexual). Se nos anos 80, a luta das mulheres era por igualdades e, em 2006, as reivindicações eram para ser aprovados instrumentos legais de proteção às mulheres vítimas de violência domésticas, resultando na lei 11340/06, chamada “Maria da Penha”, tendo sido criada as Delegacias Especiais da Mulher. O feminismo de 2015 é top, envolve a geração Y e mulheres maravilhosas potencialmente criativas e donas de uma beleza ímpar. O levante é de uma nova geração que não quer ouvir cantada nas ruas nem ouvir que ela é gostosa nem ser chamada de “boazuda”. Reivindicam aprovação do aborto para gravidez indesejada. É um novo feminismo que utilizam as redes sociais e ocupam as ruas das grandes metrópoles para agitar o país, reivindicando mudanças nas leis para coibir cantadas grosseiras e assédios sexuais em ambiente de trabalho e em locais públicos. Milhares de mulheres se organizam para imobilizar o homem pela lei a qualquer custo. Não é um movimento isolado é multifacetado – que possui características variadas e peculiares. As mulheres têm agora a seu favor as redes sociais para convocar outras mulheres de todas as regiões. Unidas, elas migram do mundo virtual para o mundo real, e vão para as ruas reivindicar providências do Estado para liberar o aborto, por um lado, por outro, elas querem coibir cantadas maliciosas e olhares assertivos de homens que se vêm atraídos por seus belos corpos femininos. Homens machistas estão com os dias contados. Logo eles perderão o seu reinado de senhor absoluto de “sexo forte”. As mulheres vão derrubar seus castelos e dominá-los. Elas usam como arma a internet, os meios interativos e democráticos da

 Francisco Brito  103 comunicação virtual para se comunicar com outras mulheres que vivem nas diversas regiões do país, fortalecendo o movimento feminista para mudar a história do sexo frágil ainda neste século. As mulheres não estão brincando de fazer guerra. Elas querem se tornar o sexo forte e ocupar todos os postos de comando – no Governo Estadual (Governador) Municipal (Prefeito) e no Executivo (Presidenta da República), Ministros de Estado e ocuparem o Congresso Nacional. Elas são em número superior 5 milhões a mais que os homens. Há que ressaltar que as mulheres são seres inteligentes e perspicazes. Sabem muito bem usar a internet e as redes sociais para se fortalecerem, conectando-se com outras mulheres onde elas estiverem por um único objetivo: quebrar os paradigmas do homem como sexo forte, tendo como objetivo derrubar os homens heterossexuais machistas de seus pedestais por se acham superiores às mulheres. As mulheres são maioria no mercado de trabalho, nas escolas e nas universidades. Com o poder da internet e dos sites sociais haverá uma verdadeira guerra das mulheres por medidas para pôr por terra o mundo dos homens arrogantes e machistas. Não irá demorar nem duas décadas e as mulheres farão com que o Estado tome providências para coibir o assédio sexual, a violência doméstica e fazer com que sejam aprovadas novas leis que permitam o aborto indesejado – hoje condenado pela igreja católica e as igrejas evangélicas. Com a ajuda das redes sociais – facebook, twiter, Instagram, watsapp e outros sites de interação social – as mulheres poderão mapear as fontes de reivindicações e intensificar a comunicação entre os milhares de pessoas do sexo feminino queixosas de agressões e maus tratos dos maridos, namorados ou de ex- namorados que continuam matando mulheres em nome do amor

104  Mulheres em guerra – revolução das Mulheres  (crimes passionais). São assassinatos de mulheres com tamanho requinte de crueldade que chocam as pessoas – são crimes passionais ou patrimoniais que causam comoção nas cidades onde ocorrem tais crimes. No final de dezembro de 2015 uma jovem foi assassinada com facadas no peito e no abdômen, ferimentos fatais que causaram a morte da jovem gaúcha de 21 anos de idade. Mas, antes de morrer ela lutou com o seu oponente para salvar a sua vida. Infelizmente foi mais um vítima da crueldade do homem que mata para roubar (crime patrimonial) ou passional. Em São Paulo mulher é assassinada após terminar o relacionamento com namorado. Na Zona Oeste do Rio de Janeiro, jovem de 18 anos foi assassinada com golpes de faca pelo ex-namorado por ela ter terminado o namoro e ter iniciado nova relação amorosa com outro rapaz. Todo dia lê-se notícias que uma mulher foi assassinada pelo ex-namorado em alguma região do país. A guerra do homem contra a mulher não é de hoje. As mulheres sempre tiveram que enfrentar o assédio sexual, o estupro e a violência doméstica. As mulheres sempre tiveram seus históricos cheios de opressões e desigualdades. Até os séculos 19 e 20, às mulheres eram incumbidas de cuidar da casa, dar à luz e criar os filhos, ser enfermeiras, freiras, esposas, professoras e exercer trabalhos domésticos. Quando a mulher se casava passava a viver sob o controle do marido. O fato é que a desigualdade entre a mulher e o homem sempre existiu. A importância da mulher para sociedade era por causa da fertilidade e o trabalho doméstico. Em razão disso, a educação da mulher era diferenciada da educação oferecida ao homem. A educação da mulher era voltada para ela servir, enquanto a educação oferecida ao homem visava que ele

 Francisco Brito  105 viesse assumir posições de comando nas instituições. A própria igreja pregava que a mulher devesse obedecer ao marido É recente a participação da mulher como feminista no Brasil, mas foram os movimentos feministas que garantiram à mulher se libertar do homem opressor e ter seu espaço na sociedade do mundo dos homens. Foi uma conquista da mulher fazer com que as constituições brasileiras estabelecesse que “todos são iguais perante a lei”. O lobby das mulheres foi muito forte durante a fase da elaboração da Constituição de 1988, tendo conseguido juntos aos líderes políticos para que fosse estabelecido que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações. Contudo, a necessidade de haver uma continuidade de maiores movimentos feministas para que as normas jurídicas sejam implantadas em sua totalidade a fim de que haja igualdade entre homens e mulheres. E, assim, a mulher precisa aprender a se levantar e ficar de pé e conquistar a ascensão social e deixar a submissão que a faz pensar ter segurança, o que a faz não lutar pela sua emancipação e liberdade do homem opressor que a mantém enclausurada dentro de casa. Isto, porque os fracos não lutam, se acovardam. Preferem tombar e ficar deitado que se manter erguida para lutar pela igualdade com os homens e conquistar o respeito e uma vida mais digna. O levante com os novos movimentos feministas deve ser compartilhado com aquelas mulheres que sofreram assédio sexual ou tenha passado por situações embaraçosas que as deixaram envergonhadas. Os movimentos feministas devem continuar. Cada mulher deve aderir aos movimentos feministas. Cada uma se dispor participar dos protestos nas redes sociais e nas ruas, a fim de reivindicar seus direitos e a igualdade de fato entre homens e mulheres como determina a Constituição.



CAPÍTULO 13 É MODA SER FEMINISTA Priscila Sauer disse que sempre foi feminista. Ela disse que tinha algumas colocações para as mulheres que já sofreram violência doméstica. E começou dizendo que o feminismo não é prerrogativa somente de mulheres adultas. Estava muito feliz que a mulher da geração Y tenha aderido ao movimento contra fiu-fius, olhares maliciosos, violência doméstica e contra o assédio sexual nas escolas, no trabalho e nas universidades. Espera que as mulheres joviais compartilhem realmente dos movimentos das mulheres. As mulheres precisam que todas as mulheres passem a aderir ao movimento feminista para que a luta da mulher alcance o objetivo. As mulheres radicalizaram geral. Pudera! As mulheres são em maior número e são em maior número com título acadêmicos de nível superior – na ordem de 12% de mulheres, enquanto os homens são de 10%. As mulheres são em maioria em número e 63% de todos os títulos acadêmicos de nível superior são dados às mulheres.

108  Mulheres em guerra – revolução das Mulheres  Mas no mercado de trabalho, as mulheres ficam atrás dos homens, não ser sendo cumprida a Constituição que determina a igualdade entre homens e mulheres. Senão vejamos os descompassos entre a proporcionalidade de mulheres empregadas: 81% ocupam cargos de nível superior contra 91% dos homens empregados. Significa que a taxa de desemprego das mulheres são maiores em comparação aos homens, apesar de ser maior o número de mulheres com nível superior. É, portanto, gritante a desigualdade da mulher qualificada no mercado de trabalho em relação aos homens. No quesito “renda”, a formação superior é de supor que aumente a renda entre homens e mulheres, no entanto os homens ganham mais que as mulheres que tenham o mesmo nível superior – as mulheres ganham em média 61% a menor que os homens com o mesmo nível educacional. Quem vai a uma universidade pode ver que nas salas de aula, a presença de mulheres é majoritariamente superior aos homens. Isto significa que as mulheres estudam mais que os homens, razão porque as mulheres são maior com nível superior. Há que ressaltar que as mulheres são em maioria que os homens nos cursos de graduação superior (em 53%) e nos cursos de pós- graduação o sexo feminino é superior aos homens (em 58%). Subentende, portanto, que as mulheres estão mais preparadas que os homens. Um exemplo claro de que a mulheres estuda mais que os homens pode ser mensurado nos concursos públicos (militares servidores públicos), a aprovação das mulheres são em maioria – classe feminina é quase 55% contra 40% dos homens aprovados. Outro dado revelado no censo de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é que a proporção de homens e mulheres é menor numa proporção de cem mulheres para noventa e três homens.

 Francisco Brito  109 Ora se o número de mulheres é superior ao número de homens e tem mais mulheres com diploma universitários, então a mulher tem maior capacidade de pensar numa estratégia de guerra para dominar o mundo dos homens. Então porque os homens continuam dominando a política e o mercado de trabalho? Só tem uma explicação para isso: a mulher trabalha sem objetividade ou ela não é suficientemente boa para superar o homem. Para superar o homem, a mulher deve esquecer que é mulher e que seu corpo físico é frágil em relação ao corpo do homem. Deverá ser rigorosa e trabalhar melhor. Em vez de querer se igualar ao homem, ela deverá querer ser melhor. Enquanto a mulher quiser um padrão de igualdade, ela sempre estará a um passo atrás do homem. O movimento que eclodiu em meado de novembro de 2015, intitulado “primavera das mulheres”, viu-se uma multidão de mulheres formada por mulheres adultas e mulheres abaixo de vinte anos – nova geração de feminista ativistas. Foi bonito, foi. O movimento ganhou destaque na mídia que deu cobertura à mobilização feminista. O resultado foi insignificante, mesmo tendo havido muito barulho. Querer repudiar os homens por eles chamarem as mulheres de “gostosa”, “boazuda”, “periguete” e fazer fiu-fius é querer tapar o sol com a peneira. São reivindicações pobres demais, quando o momento requer intervenções maiores. É preciso que o movimento tenha objetivos específicos, como foi o movimento das “Diretas-Já”, quando ocorreu vários eventos em diversas regiões, consolidando num movimento civil de reivindicação por eleições diretas para Presidente da República em 1983-1984. Outro exemplo de movimento eficaz

110  Mulheres em guerra – revolução das Mulheres  foi a campanha “Fora Collor! Impeachment Já”, em 1992, quando houve uma mobilização popular que culminou com o impeachment de Collor. Faz-se necessário que as feministas promovam encontros regionais que possa culminar com um grande movimento nacional para protestar contra o assédio sexual, violência doméstica e igualdade no mercado de trabalho, a exemplo do movimento estudantil que ficou conhecido como “caras-pintadas” que teve como objetivo principal o impeachment de Collor diante das denúncias de corrupção. Enquanto os movimentos feministas acontecerem de forma isoladas, sem a adesão em massa das mulheres, os resultados serão ineficazes para a gravidade da situação de risco da mulher. É fundamental que a mulher passe a estabelecer um novo discurso para alcançar um nível de excelência, senão ela jamais irá superar as diferenças que se perpetuam. O homem continua ocupando o campo de batalha – seja no mercado de trabalho, na política e na vida doméstica. Enquanto a mulher ficar satisfeita com o padrão “bom” e não se preocupar com o padrão de “excelência”, ela estará sempre pagando caro para participar do clube dos homens. A diferença entre os dois sexos é muito grande. O homem continua ganhando de goleada das mulheres no quesito profissional. Elas são maioria nas universidades e no mercado de trabalho, mas o que se observa é que as mulheres não se preocupam em ser a “melhor” nem se preocupam em “vencer”, como se não valorizasse suas conquistas nem quisesse se posicionar para alcançar o posto mais elevado da pirâmide organizacional. Um exemplo disso foi a eleição presidencial no Brasil. Precisou que um homem (o ex-presidente Lula) levasse pelo braço uma mulher

 Francisco Brito  111 (Dilma Rousseff) para ela encarar as eleições presidenciais. Ele mostrou que era possível uma mulher ocupar a cadeira de Presidente da República. Observa-se que os homens têm grandes sonhos e se esforçam para concretizar os seus sonhos, coisa que a mulher tem demonstrado que ela se satisfaz com o padrão “ótimo”, em vez de buscar alcançar o padrão “extremamente excelente”. É como se a mulher não quisesse se lançar ao desafio para alcançar um estado ideal de excelência na vida profissional. O homem sonha alto: quer se papa ou ser presidente do país, e vai à luta para alcançar o seu objetivo. A mulher se satisfaz em ser uma Senadora da República. É como se ela estivesse presa a suas fraquezas por ser mulher. Isso faz com que a mulher não ascenda na escala corporativa. Tantas mulheres que poderiam alcançar o padrão de excelência, elas teimam em internalizar suas fraquezas, em vez de vencer seus medos de fracassar. Então, por mais que homens e mulheres tenham suas limitações e tratem de diferentes formas de lidar com o fracasso, o homem consegue se levantar e ficar de pé mais rápido que a mulher. O homem consegue lidar melhor com a “perda” que a mulher. Senão vejamos um exemplo um exemplo de superação para lidar com a perda. Quem lembra da trajetória do então metalúrgico Luiz Inácio da Silva, o “Lula”, que nunca desistiu de concorrer às eleições presidenciais. Concorreu, perdeu, mas continuou concorrendo até ser eleito Presidente da República. Quantas mulheres concorreram? Nenhuma. Somente muito tempo depois uma mulher concorreu às eleições presidenciais, a Marina Silva que foi levada pela mão do então Presidente Lula para ela ocupar a pasta de Ministra do Meio Ambiente. Quando fracassou como ministra, ela foi levada pelas mãos dos homens

112  Mulheres em guerra – revolução das Mulheres  de seu partido para concorrer às eleições e perdeu. O fracasso a tornou uma flor murcha. Precisou que um homem a levasse pela mão para concorrer às eleições, não como candidata à Presidência da República, mas como vice na chapa do então candidato do PSDB à Presidência da República, Eduardo Campos, que morreu em campanha quando o seu avião caiu em Santos, litoral de São Paulo. Aprender com as quedas e fracassos não é fácil, é doloroso e angustiante. Pior é mergulhar no seu próprio medo de fracassar novamente. Quando a mulher fracassa ela se torna uma flor murcha, como aconteceu com a ex-candidata à Presidência da República Marina Silva (pelo PV) que ficou num lastimoso terceiro lugar (19% dos votos), perdendo para José Serra (PSDB) que ficou em segundo lugar (com 33% dos votos), enquanto a candidata Dilma Rousseff (PT), levada pela mão de Lula, foi eleita (com 43% dos votos) para disputar com o Candidato José Serra. E no segundo turno a candidata Dilma Rousseff foi eleita com 56% dos votantes. Na disputa do segundo mandato da Presidente Dilma Rousseff, a candidata Marina Silva (que disputou a presidência que era vice de Eduardo Campos) perdeu para o candidato Aécio Neves que disputou o segundo turno com a candidata Dilma Rousseff, a qual foi eleita com 51,6% dos votos contra Aécio Neves que alcançou a margem de 48% dos votos. A porta está aberta para novas mulheres disputarem as eleições presidenciais dos próximos anos no Brasil. Já ouve um precedente, em que uma mulher ocupou a cadeira cobiçada como presidenta por dois mandatos consecutivos. Não importa se Dilma Rousseff foi carregada pelas mãos do ex-presidente Lula para sentar na cobiçada cadeira do Palácio do Planalto, o

 Francisco Brito  113 importante é que uma mulher ocupou a cadeira de presidente por dois mandatos consecutivos. Isto mostra que é possível que novas mulheres possam disputar e vencer os candidatos “machões” e mudar a cara do Brasil para cor de rosa.



CAPÍTULO 14 MULHER LÍDER Meyre Haddad recomendava que era preciso agir com decisão na luta da mulher. Elucidava com fundamento que a eficácia da mulher envolvida com mobilização do protesto deve estar sob a égide de um bom planejamento para poder obter o que a mulher quer. Era categórica em dizer que toda mulher deve ser autoconfiante feita uma guerreira no centro de uma batalha. Ela deve ter coragem de incendiar a casa quando a situação chegar ao caos – tipo tudo ou nada, já que está diante do opressor. O que não pode é a mulher apanhar do marido ou namorado e não fazer nada. Se for preciso lutar, lute. Se for preciso matar para defender a sua vida, mate. Matar é melhor que morrer pelas mãos do oponente inimigo – disse uma mulher à impressa ao ser presa por ter matado o marido para não continuar apanhando. Ela dizia que era preciso haver singularidade na conduta da mulher. Toda ação deverá estar estruturada para obter o máximo

116  Mulheres em guerra – revolução das Mulheres  de adesão das mulheres para uma luta compartilhada. Elogiou o movimento das mulheres que ficou conhecido como “Primavera das Mulheres”. Acrescentou, dizendo que o assassinato de mulheres por violência doméstica requer medidas urgentes dos Estados em que acontecem esses crimes. Nos últimos 30 anos milhares de mulheres foram assassinada: em São Paulo foram assassinadas 45 mil mulheres, sendo 70% das mortes foram pelos próprios maridos ou namorados; no Rio de Janeiro foram 92 mil mulheres assassinadas, dessas 68% foram mortas no ambiente do lar doce lar por seus maridos; no Rio Grande do Sul foram assassinadas 90 mil mulheres, sendo 70% por seus maridos por motivos torpes; no Estado de Goiás foram assassinadas 92 mil mulheres, sendo em grande parte dos crimes por seus maridos ou companheiros. Isto sem falar no Estado do Espírito Santo que é o campeão em assassinato de mulheres, seguido dos Estados de Alagoas, Pernambuco, Bahia, Pará e Paraíba. O assassinato de mulheres no Brasil tornou-se um problema de saúde pública de difícil solução. Quem poderá salvar as mulheres que são agredidas no ambiente do lar doce lar? Elas mesmas e ninguém mais. Ou elas reagem para salvar suas vidas ou morrem pelas mãos de seus cônjuges, namorados ou companheiros. Os casos de assassinatos crescem, mesmo com o advento da lei Maria da Penha. Ser feminista é não guardar sentimento de conservadorismo e de auto piedade, se quiser se tornar uma feminista líder. A guerra contra o mundo dos “machões” deve estar fundamentada em estratégias que amplie as possibilidades de conquistas das mulheres. Porque o mundo dos homens é bem vigiado contra as invasoras – as mulheres. Então antes de pensar em atacar os homens, as mulheres devem elaborar um bom plano de ataque,

 Francisco Brito  117 senão jamais conseguirá avançar e ter a chance de igualdade no mercado de trabalho. Ela estará sempre patinando na lama. É preciso fazer como os amantes das artes tailandês (Muay- Tai), a qual requer treinos agitados nas práticas de chutes, socos, cotoveladas, joelhadas, além de treinos com lutas simuladas com o objetivo de dominar o adversário na hora certa – explica Clarissa que se tornou exímia em artes tailandês depois que o noivo foi assassinado ao ser assaltado por um pivete. São muitas as mulheres que aderem ao treinamento forçado das artes marciais para adquirir concentração contínua e aprender ficar em estado de alerta na luta do dia a dia. Quem mora em cidades grandes como Rio de Janeiro e São Paulo, onde a violência é vivenciada minuto a minuto é preciso que cada mulher saiba técnicas de defesas para se defender contra agressões ao descer do ônibus ou do metrô ou de namorados ou maridos violentos. Ou quando os relacionamentos amorosos são interrompidos e o ex-namorado, ou o ex-marido não se conforma e se acha no direito de agredir fisicamente a mulher que o abandona. É hora de se defender. Isto requer concentração permanente para não deixar que o medo atrofie sua defesa, impedindo-a de fazer sequer o mínimo do que saber fazer. Perigos existem desde o momento que a mulher põe os pés fora de casa. Então faz-se necessário que a mulher esteja em permanente alerta contra o perigo. Ter complacência com o inimigo é uma fraqueza. As consequências podem ser danosas e comprometer a sua integridade física, já que o oponente irá se beneficiar de sua complacência. Quem entra numa luta ou disputa não deve sequer ter a intenção de ser agradável ou cortês com o oponente.

118  Mulheres em guerra – revolução das Mulheres  A mulher feminista deve se preparar para liderar. Mesmo que ela tenha grandes habilidades adquiridas no passado, mesmo assim ela deve se preparar para continuar sendo a melhor no presente. Manter-se em estado de concentração irá fazer a diferença no final, já que irá saber o momento certo de atacar o oponente quando surgir a oportunidade.

CAPÍTULO 15 MULHER GUERREIRA Alice Falcão, a líder feminista que esteve à frente do movimento das mulheres, o qual recebeu o nome de Primavera das Mulheres, uma grande homenagem às mulheres. Ela argumentou que a mulher não deve ter medo de fracassar, mas se tornar poderosa a ponto de não confiar mais na família nem nos amigos. Quando isso acontece a mulher se torna incomensuravelmente uma deusa que tudo pode. E todo mulher tem potencial para chegar ao patamar de uma deusa. Ninguém melhor que Clarissa Mostarga para saber que quando a oportunidade surge deve ser agarrada com todas as garras para não deixar a oportunidade escapar. Foi o que ela fez quando surgiu a oportunidade de criar a sua própria empresa de vintage. Clarissa após se formar em arquitetura abandonou a prancheta e deixou a casa dos pais e foi morar sozinha. Como o sonho dela era montar uma loja de roupas finas, ela foi trabalhar

120  Mulheres em guerra – revolução das Mulheres  como balconista numa loja de roupas de grife no Shopping da Barra. Trabalhou um ano para adquirir experiência no ramo de vendas de roupas. Lá aprendeu a comprar e vender roupas. Saiu da loja e foi fazer um curso de gestão, tendo obtido o diploma de MBA pela Fundação Getúlio Vargas, onde aprendeu a ter foco nos negócios. Ela continuou trabalhando no ramo de roupas de grife. Não demorou foi trabalhar como gerente na Carmim, onde teve oportunidade de ampliar o foco sobre o mundo da moda feminina e masculina. Quando surgiu a ideia de montar um loja online, ela agarrou a ideia com determinação. Largou a gerência da Carmim e montou a sua brechó Clara, uma loja vintage online, onde ela pode colocar suas ideias em práticas maquilo que ela acreditava. E tornou-se o cérebro de sua própria empresa. Em um ano de empresa alcançou lucros significantes. Hoje é uma mulher de 25 anos que conheceu o sucesso e continua multiplicando seus lucros. Na gestão de suas lojas físicas e de seu ambiente virtual aplica suas ideias com foco padrão de excelência. Infelizmente nem toda mulher tem disposição para ser uma deusa poderosa. Por que isso acontece? Porque a mulher foi criada para ser mãe e dona de casa, não para ser poderosa. Então ela chega à fase adulta sem confiança em si mesma. Em vez de demonstrar coragem e determinação, ela mostra que é somente uma mulher fragilizada. Sem confiança em si mesma, a mulher não almeja nenhum cargo de chefia. Ela até pode concluir um curso superior, mas ela não se sente capaz de dar um passo maior que a perna. Tem medo de cair e se quebrar a coluna. Então ela jamais será uma mulher bem sucedida na sua profissão. Ela jamais assumirá ser uma feminista por se revelar insegura. São poucas mulheres autoconfiante que

 Francisco Brito  121 se julgam capaz de se candidatar à Presidência da República, ou a Senadora... No máximo que aceitarão será disputar uma eleição para vereadora. Mas não se sentirá capaz de ganhar a eleição porque não têm autoconfiança (do tipo ganhar ou ganhar) para se tornar poderosa, então ela perderá a eleição e nunca mais irá se candidatar nem a cargo de síndico no prédio que mora. A mulher para se tornar líder feminista precisa ser confiante e saber tomar iniciativa para conduzir as mulheres para a vitória. Ela deverá saber se comunicar e falar em bom tom forte para ser ouvida, caso contrário perderá a sua liderança e não receberá apoio das demais mulheres. Não basta que a mulher queira derrubar o homem de seu pedestal de macho. O homem continua o senhor absoluto no mundo dos homens, dominando o sexo feminino. Declarar guerra contra o homem machista – que se acha no direito de espancar com socos e pontapés, estuprar e até assassinar mulheres – é uma faca de dois gumes. É preciso que a feminista faça com sabedoria e mediante um esforço conjunto de todas as mulheres brasileiras. E não parar os protestos enquanto não derrubarem o reinado dos homens, tornando-os submissos a elas pela lei. A mulher terá que se revestir de autoconfiança para enfrentar o mundo dos homens. Não é suficiente ir para as redes sociais e fazer movimentos feministas nas ruas se não houver uma proposta bem formulada e consistente. Podem até fazer barulho aqui e ali, mas se não houver consistência e propostas bem fundamentadas não haverá adesão em massa de mulheres. Por mais que a internet tenha se tornado um grande aliada das mulheres na luta por seus direitos, faz-se necessário haja propostas concretas e bem fundamentadas com registros

122  Mulheres em guerra – revolução das Mulheres  reais. Criar um levante, ir às ruas e usarem as redes sociais para arregimentar multidões de mulheres para formar mobilização feminina para protestarem contra os assédios dos homens, se não houver fundamentos, todo esforço cairá por terra. Não basta dizer que os homens têm olhares maliciosos e fazem cantadas agressivas, se não houver uma liderança forte que pressione o Congresso Nacional para aprovar leis que inibidoras de assédios sexuais. Dizer que as mulheres se sentem oprimidas diante de olhares e cantadas indesejadas, direito ao corpo para usar a roupa que tiver vontade, é muito pouco diante da dimensão do problema da violência doméstica. A baixa confiança das mulheres impede de elas conquistarem a igualdade com os homens na profissão e nos ganhos salariais, por um lado, e por outro, conquistarem novos instrumentos inibidores da violência doméstica. Por que esse problema se arrasta por anos a fio sem haver um solução para os assassinatos de mulheres por seus maridos, ex-maridos, namorados e ex- namorados? Porque a mulheres não são unidas. Elas acham que nunca irá acontecer com elas, então não se empenha em participar dos movimentos feministas para criar novas leis inibidoras dos crimes contra a mulher. Falta liderança feminista que incorpore autoconfiança nas mulheres para lutarem em defesa do sexo feminino. As mulheres têm medo de se expor, medo de denunciar os seus opressores. Muitas preferem continuar sendo agredida por seus namorados ou maridos que denunciar os maus tratos na delegacia da mulher. E quando denunciam tem complacência e retiram a queixa, deixando o seu agressor livre para espancá-la novamente. Talvez, as mulheres não sabem da força que elas possuem. Ora, as mulheres são em maioria que os homens. O que faltam

 Francisco Brito  123 são mulheres guerreiras no comando das lutas feministas para levar as mulheres à vitória sobre os homens machistas. É preciso que sejam requisitadas mulheres guerreiras para serem incorporadas à luta das feministas para libertar a mulher do seu opressor – o homem violento que se acha machão. Essas guerreiras demonstrarão que acreditam em si mesma e que podem ser soldados, cabo, sargentos a general a serviço da líder feministas para combater o homem machistas que é guerreiro por natureza. Elas não devem brincar quando o bloco for colocado na rua para protestar. Devem se mobilizarem para pôr o homem machista no seu lugar de homem, conseguindo que o machistas tenha as suas forças cortadas pela lei, como é previsto na “Maria da Penha”. As mulheres sempre foram guerreiras. Agora com a participação da nova geração, as feministas poderão ficar mais fortes. Elas são a maioria em todos os segmentos da sociedade: nas universidades, na aprovação dos concursos públicos, no mercado de trabalho. Elas são maioria na sociedade, o que justifica ocuparem altos cargos nas principais empresas e no Serviço Público. O que falta é determinação para assumirem cargos de comando e exercem a sua sabedoria e inteligência. Porque quando elas assumem o comando, elas são implacáveis – competitivas, temperamentais, mandonas, insensíveis, autoritárias, determinadas e exigem obediência cega a elas pelos subordinados. Quem já teve chefe mulher sabe muito bem o que é isso. Há que admitir que as mulheres são audazes naquilo fazem. Ora, se as mulheres são em maioria, o que as fazem se sentirem temerosas diante do mundo dos machistas? Está na hora de a mulher ir à luta e se tornar guerreira para vencer o inimigo –

124  Mulheres em guerra – revolução das Mulheres  o homem machista – e pôr fim à violência doméstica. Só é possível entender o verdadeiro significado da mulher em guerra contra a violência sexual outra mulher que já tenha sofrido agressões dos homens com quem elas convivem ou tenham convividos. Ninguém melhor que a mulher que sofreu violência doméstica para entender o que é viver à mercê de um homem violento. Mas se as mulheres são em maioria, por que ainda não foi um exército de mulheres para combater o mundo dos homens machistas? Esta é uma pergunta que toda mulher deve se fazer. Mas não basta formar blocos de mulheres isoladas porque uma andorinha não faz verão. Elas devem usar as redes sociais para arregimentar as mulheres de todos os lugares para juntas combater a sociedade machista e reivindicar igualdade no mercado de trabalho, reivindicar melhores instrumentos de combate à violência sexual e doméstica. Requer, pois, endurecer as leis que disciplinam a violência doméstica e abuso sexual (ataques e estupros). E isso somente serão conseguidos se houver união das mulheres em prol de sua sobrevivência. Faz-se necessário enfrentar os machistas com inteligência, e cada mulher escolherá um segmento das reivindicações para transformar os costumes É verdade que as mulheres têm muitos privilégios – tem mulher presidente no Brasil e em outros países, tem aposentaria por tempo de serviço em menor tempo contribuição que os homens entre outros benefícios. E todos os benefícios que as mulheres usufruem são resultados de lutas por igualdade e contra a violência doméstica e sexual.

CAPÍTULO 16 LAR, DOCE LAR Naquela tarde de 02 de janeiro de 2016, o Bistrô Copacabana ficou repleto de mulheres lindas e bem sucedidas na vida profissional. Todas solteiras ou divorciadas. Todas felizes. Era como se o mundo daquelas mulheres fosse ladeado de flores de todas as cores. O sorriso de cada uma delas era mais brilhante que o da outra, tanto que elas eram charmosas e belas. O Joaquim estava igual sabiá em pé de pimenta, não sabia para quem olhar. Pudera! O Bistrô parecia mais um espaço para desfile de mulheres candidatas a miss Rio de Janeiro. Cada uma exibia o seu charme como sabia. Quando chegou a hora de cada uma expor a sua convenção sobre a luta das mulheres, elas sabia expor com didática o seu discurso. A primeira falar foi a ruiva Faustina, a mais animada daquela tarde. Ela fez o discurso de uma hora sem intervalo. Disse o seguinte:

126  Mulheres em guerra – revolução das Mulheres  A solidão tomou conta das pessoas, tornando-as duras até consigo mesmas em muitas das vezes. É bem verdade que todo mundo quer amar, ser amado, beijar e ser beijado e quando chegar a noite dormir de conchinha com a pessoa amada. É na companhia de alguém que tornamos os nossos sentimentos em algo novo. Quando não se tem alguém, a tendência é a pessoa se isolar, por sentir um profundo vazio e a sensação de inútil. Vem a vontade de morrer, como se estivesse vivendo a síndrome do afogado que não tem uma tábua de salvação. Muitos homens solitários (e mulheres) acabam escolhendo uma das vertentes que melhor lhe parece para sobreviver, por estar se sentindo na barriga de uma baleia, porque nenhum lugar lhe parece bom o bastante para viver. Vive numa tortura psicológica sem fim – algo muito comum nas gerações atuais. Em um momento parece ver uma luz no final do túnel, mas aquela luz logo se apaga, e a pessoa fica perdida em seus devaneios, um conflito que o faz pensar que está numa ilha deserta. Uns buscam novas vertente e escolhem uma religião – evangélicos, católicos, espiritismo kardecista. Aí passa a se intitular espírita kardecista, passando a acreditar em reencarnação (vida após a morte), admitindo que o seu sofrimento foi escolhido por ele próprio muito antes da criação do próprio feto ser gerado no útero da mãe. O conflito persiste. Neste mundo o que não falta é louco, mulherengo, estuprador, drogado, alcóolatra, agressor e assassino de mulheres ou de homens. Vive-se um momento de tensão no mundo por causa da solidão que arrasta multidões para o abismo. É uma marcha de verdadeiros lobos solitários em caça. A causa: solidão. Muitas pessoas ficam se indagando de veio, para onde vai e porque veio para no ambiente que nasceu. É como se ninguém

 Francisco Brito  127 estivesse satisfeito com a vida que leva. Aí começa a buscar resposta sobre ao que veio fazer neste mundo. O fato é que tem gente (homens e mulheres) que vive aprisionada em suas convicções ou nas religiões escolhidas. Isso acontece porque as pessoas vivem numa solidão profunda. Então, qualquer religião pode ser a sua taboa de salvação para sair do conflito existencial em que vive. Cada um com seus problemas. Mesmo assim quer saber a sua origem e de sua vida passada. Mal pode supor que o que existirá são suposições. Porque ninguém viverá o seu sonho nem dormirá o seu sono, mesmo assim continua buscando encontrar uma resposta para os seus problemas. E como não encontra resposta para a sua indagação acaba aliando-se a pessoas diferentes de sua conduta – sem ética, sem moral e sem Deus. Quando se dá conta não encontra o caminho de volta. E acaba seguindo vertentes diversas, deixa de acreditar no estilo “operário padrão” e passa a acreditar que somente os “espertos” é que se dão bem na vida. O lobo solitário na primeira oportunidade que tem de estuprar, ele estupra a primeira mulher que deu oportunidade. Na primeira oportunidade de matar, ele não pensa duas vezes e mata. Na primeira oportunidade de aceitar uma propina, ele aceita, tornando-se um corrupto. Esse é o tipo de comportamento movido pela solidão em que vivem os lobos solitários. Solitários, os homens se tornam um animal raivoso e atacam as mulheres numa forma de protestar por estar vivendo na solidão, sendo um ser vazio. A sua reação é atacar as mulheres, por se acharem em condições de minoria e subjugado pelas mulheres que os desprezam. A sociedade ainda não atinou para o fato de homens solitários terem comportamento de cães em matilha famintos.

128  Mulheres em guerra – revolução das Mulheres  Solitário, o homem se torna um predador com instinto animal, por não controlar as suas necessidades de sexo. Não é de admirar que existam tantos ataques a mulheres à luz do dia ou nas ruas claras de grandes metrópoles a mulher, como tem sido os casos de abusos sexuais nos metrôs de São Paulo e Rio de Janeiro. Parece ser impossível que aja ataque a mulheres nos vagões do trem do metrô. No entanto é uma prática comum nos horários de maior movimento nas dependências do metrô de São Paulo e do Rio de Janeiro – as cidades mais populosas do Brasil. A causa desses ataques é a solidão dos homens que vivem sem mulheres que os suprem de sexo e amor. Nenhum homem casado que viva feliz ao lado da esposa atacará uma mulher na rua nem agirá como um lobo solitário. Um homem solitário e carente é igual um animal na floresta. Ele vive com desejos de sexo incontroláveis. Solitário, o homem é capaz de cometer violência sexual contra as mulheres só para ter um milissegundos de felicidade ao possuir o corpo de uma mulher. É doloroso para o homem não ter uma mulher que o sacie de sexo. A carência masculina e o desejo de sexo afeta o cérebro do homem. Ele se torna um animal feroz e ataca a primeira mulher que dá chance ao azar de ser agarrada e estuprada. No Estado de São Paulo, a cidade mais populosa do Brasil (e mais solitária), entre 2005 e 2010, ocorreram 53.000 casos de estupros. Só em 2012 foram 12.886 estupros ou seja 35 estupros por dia. Quanto mais populosa for a cidade, mais solidão padece o homem que não encontra uma mulher para se casar. Desesperado e sem mulher, ele ataca a primeira que dá chance de ser atacada – tipo lei da selva. O mesmo acontece com os Estados pobres e miseráveis, como o Estado do Piauí, onde o homem pouca

 Francisco Brito  129 chance tem de se casar devido a sua condição financeira. Então, o homem se torna um bicho feroz. Só em 2014 houve 662 casos de estupros levados à polícia, sem contar naqueles que não foram denunciados. Em Roraima foram 664 casos; em Mato Grosso do Sul foram 443 casos; em Rondônia foram 481 casos; Amapá foram 454 casos; em Santa Catarina foram 443 casos. Não fizeram parte das estatísticas aqueles casos que as vítimas não denunciaram para não se expor (cerca de 35%). As autoridades acreditam que em 2014 tenha ocorrido 143 mil casos de estupro em todo o Brasil. Além dos estupros tem o problema da violência doméstica contra a mulher que a polícia não consegue combater os agressores. Mesmo com a Lei “Maria da Penha” não solucionou o problema, uma vez que aquela lei não é diferente de outras leis que não são aplicadas com rigor. As mulheres continuam sendo espancadas, estupradas, assassinadas, e seus agressores não são punidos ou ficam pouco tempo presos. Logo são soltos e voltam a atacar as vítimas que os denunciaram. Qualquer mulher – pobre ou rica – está sujeita a sofrer agressão do marido ou namorado. O homem agressor de mulher não muda nunca, mesmo que ela o denuncie na delegacia de mulher. Agredir a esposa ou companheira é uma forma de ele diminuir a autoestima da parceira e mostrar que ela não se esforça o suficiente para deixá-lo satisfeito. Contudo, mesmo que a mulher se esforce para fazer o melhor que possa, pior ela será tratada daí em diante. O melhor que a mulher faz é ir à delegacia e denunciar e sair de casa e buscar abrigo o mais longe que puder ficar. A violência doméstica nunca terá fim porque está no DNA do homem ser violento quando se frustra. E para descontar as

130  Mulheres em guerra – revolução das Mulheres  suas frustrações ataca a pessoa mais frágil que estiver ao seu lado – a mulher com quem se casou para embelezar o lar doce lar. Alegar que existe lei específica para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher (Lei 11.340/06 – conhecida por Lei Maria da Penha) não tem surtido efeito, porque os homens agressores de mulheres não se intimidam em ser preso, por saber que a aplicação da lei é branda, logo estará solto para praticar os mesmo delitos. O resultado são um grande número de mulheres agredidas sem ter a quem recorrer, já que se vive numa sociedade que prima pelo modelo de sistema patriarcal, onde o homem é o dono da mulher com quem se casa ou tem sob o seu teto. Enquanto isso a violência doméstica – agressão física praticada pelos parceiros das mulheres no interior do lar doce lar. Segundo o Relatório do Banco Mundial, no Brasil, entre 1980 e 2010 foram assassinadas 91 mil mulheres. Em 80% dos casos de violência doméstica, o agressor é o marido ou namorado em decorrência do senso de machismo que ao matar a mulher alega defesa da honra. Deve, portanto, que haja movimentos feministas para reivindicar a aplicação da lei com rigor contra o homem agressor da mulher. Não justifica que o agressor que agrediu a esposa ou companheira receba pena branda. Mesmo com as inúmeras denúncias e queixas de violência doméstica, o Estado envida esforços insuficientes para ajudar as mulheres vítimas de violência doméstica. Os números de casos de agressão à mulher por seus maridos ou companheiros continuam a crescer. A cada 15 minutos uma mulher é agredida pelo marido, namorado ou companheiro. É como se fosse uma convenção dos homens machistas estapear a mulher com quem se casa ou vai viver sob o mesmo teto para

 Francisco Brito  131 mostra a ela que é ele quem domina e, portanto, ela deve se tornar submissa a ele. Agredindo a mulher ele tem total controle sobre ela e sua total dominação. E se a mulher não denuncia o agressor na delegacia da mulher, ele repete as agressões físicas. A agressão começa com um empurrão, apertão do braço, tapas e logo passa para socos e pontapés, queimadura com ponta de cigarros e não irá demorar ele agredirá a mulher com facadas para ver o corpo dela marcado e com hematomas pelo corpo para se sentir o possuidor dela por inteiro e ela ficar inteiramente submissa a ele. Somente a mulher poderá evitar ser agredida pelo marido agressor: na primeira ameaça, o primeiro xingamento, o primeiro empurrão, o primeiro tapa, ela criar coragem e denunciar o agressor na delegacia da mulher. Mas poucas denunciam ou se armam para se defender em caso de haver nova violência física. Você não precisa ser agredida pelo namorado ou marido para pensar em opções: apanhar, morrer ou matar. Comece a se preparar para o que virá depois do casamento ou para o que virá depois da terceira transa sexual. Antes do segundo tapa, a mulher deve reagir e se impor contra o mito da masculinidade. Significa dizer: bateu, não ofereça a outra face. Denuncie e largue o agressor, como forma de cortar o mal pela raiz. Senão na próxima agressão você será assassinada no interior do lar doce lar. Determine um local de trincheira para se proteger do namorado ou marido agressor no interior do seu lar doce lar. Que arma usará em caso de ser agredida? Como irá se defender das agressões do homem machista? Que atitude irá tomar se vier ser agredida? Não trate o seu marido como se ele fosse um balão de oxigênio indispensável a sua vida, trate-o de igual para igual, não se torne submissa nem capacho do seu marido.

132  Mulheres em guerra – revolução das Mulheres  Mostre ao seu marido que você está pronta para o que der e vier, tipo “vem quente que eu estou fervendo”. Evitar homem machista exige uma reorganização dos seus sentimentos. Ame, mas não vicie a ponto de obsessão. Você precisa gostar de você em primeiro lugar. Homem só bate em mulher que se mostra submissa e baixa a cabeça quando ele fala, como se ele fosse o dono da verdade. Saiba dialogar de forma inteligente – evite opiniões agressivas que possa incitar violência verbal que possam ser consideradas desrespeito. Vive-se um momento de transição que leva as pessoas a viverem com os nervos à flor da pele. Os tempos são de agito, nervosismo, demandas por direitos da mulher, somos usuários das redes sociais que contribuem para nos tornarmos polemistas. Por mais que saibamos que precisamos de paciência, vivemos com tolerância zero com as pessoas de nosso convívio. Um simples embate ou discussão pode tornar o nosso interlocutor (namorado ou marido) intolerante. O melhor que a mulher deve fazer é evitar entrar em discussão para não enfrentar a ira do marido ou namorado machista. Evite conflitos com o marido. O melhor que faz a mulher é não se desgastar com discussões inúteis com o marido. Homem não aguenta perder um debate com a mulher. Quando vê que está perdendo, ele logo se posiciona numa atitude agressiva e pode se tornar violento. Ela deve usar sempre a brandura, táticas de negociação, paciência e moderação, procurando ângulos em comum para tentar focar pontos de equilíbrios e consensos. Existe um ditado popular que diz: “quando um não quer, dois não brigam”. Significa dizer que ao observar que o marido ou namorado mostra-se intolerante com divergências, passe a usar a moderação para abrandar os ânimos.

 Francisco Brito  133 Se possível use o sentimento doce para manter a convivência no casamento. Conheço muitos casais que a mulher nunca contradisse o marido, em compensação ele nunca levantou a voz assertiva nem agressiva para ela. A mulher deve ter personalidade aberta e generosa para manter o homem dela sempre carinhoso com ela. Evitar todo tipo de queixa, transformando as limitações da convivência a dois em esperanças. A mulher casada não deve tratar as rotinas do casamento de forma depressiva nem deixar a TPM (tensão pré-menstrual) no pior amargor, ficando com tolerância zero. Mas mostrar-se gratificada com o marido que tem, a quem se entrega sem ressalva. Quem é casada deve estar disposta a seguir o marido, trabalhar juntos, construir juntos, com indisfarçável gratidão. Mesmo que não exista casamento ideal, é injusto que o homem levanta a mão para a esposa. O que mais poderia ser mais cruel que um homem bater na esposa ou namorada? Quão infeliz é o homem que mata a esposa. É verdade que nenhum casamento é perfeito, porque durante o tempo de vida a dois, o casal é obrigado a discutir a construção da casa, a reforma e pintura da casa ou apartamento, as crises financeiras, os cuidados com os filhos que têm suas próprias necessidades – levar e buscar na escola, ajuda nos deveres escolares de casa, levar ao médico, levar ao dentista, dar bons exemplos e educá-los. Tudo isso requer equilíbrio do casal para dar equilíbrio aos filhos, porque criar filhos e educá-los são tarefas por demais difíceis. Então, não poderá haver equilíbrio se o marido agredir fisicamente a esposa. Mesmo diante das dificuldades é preciso que o amor resista. Nenhum motivo é motivo para o homem agredir a esposa no interior do lar doce lar. Todavia o homem continua cometendo

134  Mulheres em guerra – revolução das Mulheres  as piores crueldades com suas esposas no interior do lar doce lar – agressão física como empurrão, tapas, pontapés e assassinatos – tornou-se corriqueiro pelos homens contra as suas mulheres. Dados oficiais do Governo mostram que em cinco anos os registros de estupro aumentaram em 168% e a cada 12 segundos uma mulher sofre violência no Brasil, como foi ressaltado pela Ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para Mulheres. Faz-se necessário que mais mulheres venham aderir ao feminismo e não se limitem somente nas redes sociais, saiam para as ruas para protestar conjuntamente para dar força ao movimento revolucionário ativista das mulheres. Ter como parâmetro as contribuições que líderes feministas que marcaram suas presenças como a francesa Simone de Beauvoir e americana Betty Friedan que tiveram uma contribuição muito grande para os benefícios que as mulheres tem hoje. É fato que as mulheres não deve se limitar às redes sociais, mas ir para as ruas e chegar até ao Congresso Nacional, como ativistas de um gênero – a mulher – para reivindicar igualdade no trabalho, apoio às causas da mulher, e adoção de instrumentos eficazes de combater veemente o estupro e a violência doméstica. Mais e mais é necessário que mulheres com liderança para aderir ao momento feminista para arregimentar e organizar mulheres para a luta da mulher contra a sociedade dos homens machistas que continuam dominando a sociedade das mulheres submissas. Chega de apanhar. A mulher ao se deparar o “monstro” que se levanta do leito conjugal para surrar, esbofetear, socar, esfaquear, a mulher não deve ficar pensando em suas fraquezas como mulher, mas escolher uma opção de ataque. Para isso deverá ter sempre um objeto escondido em algum lugar que possa pegar

 Francisco Brito  135 e utilizar para se defender e atacar. Faz-se necessário, portanto, que mantenha o foco que terá que salvar a sua pele. A sua prioridade é se livrar do agressor com quem é casada. Então deve manter o foco em sua sobrevivência, porque um descuido poderá significar a sua morte. O melhor que a mulher agredida deverá fazer é denunciar e em seguida largar o agressor e fugir para um lugar desconhecido que ele não a encontre. Porque o próximo passo será ela ser surrada a pontapés ou ser assassinada. Portanto, a mulher não deverá ser complacente e achar que foi um rompante do marido e que não irá acontecer mais com ela nova agressão. Tudo que ela não deve fazer é continuar com o marido que a agrediu, esperando que ele mude e volte a ser o companheiro de antes, porque o agressor de mulher nunca muda. A tendência do agressor é repetir as agressões para dominá-la e torná-la submissa. Chegará o dia em que ele a matará, e alegará defesa da honra. Não queira isso para a sua vida. Valorize o seu viver, defenda a sua vida. Aja em sua legítima defesa, se não tiver outra saída. Mas salve a sua vida. Caso se deparar com uma situação desesperadora e não ter para onde fugir do seu marido ou namorado agressor, tendo a porta fechada atrás de si e o seu oponente à sua frente na iminência de lhe matar, incendeie a casa como forma de tudo ou nada. Significa não desistir de viver e lutar com todas as forças. Queimar a casar é uma forma simbólica que deverá lutar e assumir riscos com inteligência emocional para salvar a sua própria vida. Toda mulher sabe do que o seu marido agressor é capaz, então ela deverá ter em mente que não se vence uma luta com as mãos abanando, é preciso saber que tem habilidades e os recursos necessários para ser a vencedora daquela luta. Se incendiar a casa é

136  Mulheres em guerra – revolução das Mulheres  o melhor meio para vencer e salvar a sua vida, não hesite em fazer, incendeie, porque a sua vida é mais importante que qualquer bem material, como diz aquele provérbio português: “vão-se os anéis e ficam os dedos”. Significa dizer: é melhor perder todos os bens materiais (neste caso, a casa), mas ficar com a vida preservada, porque a pior prisão para uma pessoa é perder a vida. Saber a hora de cair fora de um relacionamento é ter inteligência emocional. O que não deve é ficar num relaciona- mento que o parceiro deu provas que é violento. Insistir num relacionamento que o parceiro já fez ameaça, xingou ou a empurrou é dar sorte ao azar. É fundamental compreender que a mulher precisa conservar o seu sexto sentido para saber a hora que deve manter o relacionamento ou cair fora. Requer, pois, que a mulher esteja pronta – de corpo, mente e espírito – para assumir que é hora de sair daquele relacionamento antes que seja tarde demais. Comece a internalizar a sua decisão, em vez de continuar tentando fazer dar certo o relacionamento. É bom lembrar que não se tira o sentimento com uma varinha mágica. É provável que você sofra ao deixar o seu marido ou namorado, mas se há risco de seu parceiro vir lhe agredir o melhor que faz é cair fora. É importante lembrar que a cada minuto uma mulher é espancada pelo marido ou namorado. Saia da zona de perigo e busque um lugar seguro que possa ter a proteção contra o marido ou namorado agressor. Ninguém pode prever quando nem o que leva um homem bater na esposa ou namorada. Nenhum estudo revelou qual o perfil do homem que bate em mulher. Infelizmente são muitos homens que se acha no direito de dominar as mulheres com quem namora ou é casado pela força, por acreditar a mulher precisa saber que é ele que manda. E a melhor estratégia que acredita é

 Francisco Brito  137 fazer ameaças, apertar o braço da mulher de machucar, esbofetear o rosto dela, como forma de fazê-la obedecer ou respeitá-lo. Homens agressores estão em toda parte, e prontos para conquistar lindas mulheres. Muitas vezes nem chegam a se casar, logo perde as afeições pela mulher e se torna feroz, passando a agredi-la para mostrar que é o macho que manda. Tudo começa com a discussão entre o casal. Como o homem agressor não aceita ser contrariado, ele fica enfurecido e a impede de se expressar e querer dialogar, aí vem a primeira agressão física para minar a autoestima da mulher. Aí vem o primeiro empurrão, logo vem os tapas no rosto. A partir daí passa a espancar a namorada ou esposa com frequência, como se ele tivesse direito de punir a esposa e espancá-la para ela obedecê-lo e mostra-la que ele é superior. A mulher ao se casar deve se preparar para reagir ao primeiro xingamento (violência verbal e psicológica) que o marido fizer. Deve denunciar o marido no primeiro tapa que ele der nela. A violência contra a mulher no Brasil chegou a um ponto que a cada um minuto uma mulher é gravemente ferida, aleijada, torturada, ou assassinada, pelo marido dentro do lar doce lar.



CAPÍTULO 17 VIOLÊNCIA SEXUAL Daisy Verneck assumiu o microfone que a Faustina tinha cedido para ela, e discursou com propriedade. Ela disse: Parece que o senso moral não faz parte de nosso tempo. É como se a moralidade de caráter individual não fizesse sentido para as virtudes que conduzem à felicidade de alguém. Moralidade é coisa dos filósofos da antiga Grécia, perdida no tempo e no espaço. Ética? Só existe no conceito filosófico como ciência normativa, idealizada pela cultura grega, mas que caiu em desuso e foi sucumbida pelo tempo. A nossa sociedade é avassalada por violência doméstica, estupro e corrupção, reduzindo o homem honesto e respeitador do sexo feminino à condição de tolo. Quem poderá dizer sobre o que leva um homem atacar uma mulher estuprá-la? O fato é que quando um estuprador ataca uma mulher, a violência física é tamanha que é capaz de matar a vítima. Nenhum estudo delineou sobre o que a mulher deve fazer para se defender de um estupro.

140  Mulheres em guerra – revolução das Mulheres  Ela simplesmente é atacada e violentada. O ataque é comparado ao ataque de um tigre sobre um animal indefeso. Nunca se viu tantos casos de estupros a mulheres como se tem noticiado na imprensa. Quem diria que o Brasil chegasse a situação a que chegou: o caos. O ser humano está cada vez mais irracional, demonstrando o mínimo apego às pessoas à sua volta. As pessoas estão cada vez mais solitárias e angustiadas com a falta de amor. A que se deve tantos estupros? Só tem uma explicação: a solidão. Carentes e com os hormônios aflorando por todos os poros, o homem se torna um animal e ataca a mulher indefesa para saciar as suas necessidades de sexo. Se bem que essa suposição é contestada por especialistas que não acreditam que a causa de estupro seja a necessidade de sexo devido ao acúmulo hormonais que o homem se encontre, não porque ele ignore os direitos das mulheres, mas pela necessidade de sexo com mulheres que ele sabe que pelas vias normais jamais conseguirá. O que fazer com o estuprador que for pego em flagrante delito? Castrá-lo. Isto será o mesmo que praticar a pena de morte ao criminoso sem haver um julgamento e ser-lhe dado o direito de defesa. É um fato que toda mulher tem pavor de ser estuprada pelo desconhecido que a espreita numa rua deserta. Porque o estupro não é somente uma agressão física, é emocional que acompanhará a mulher enquanto ela viver. O ódio e a dor acompanharão a mulher por toda a sua vida. O estupro é uma agressão de abuso sexual, deve ser combatido da mesma forma que é feito no caso de violência doméstica. As mulheres devem protestar e reivindicar leis mais severas para os casos de estupros. Quem poderá saber o que se passa na cabeça de um homem na hora de escolher a vítima para atacar e forçar a penetração

 Francisco Brito  141 nela, sabendo que estará infringindo a lei e sujeito a ser preso? Tudo que for dito é mera especulação, porque ninguém conhece o que se passa na cabeça de uma pessoa. O estuprador pode ser uma pessoa que é considerada como “boa e cumpridora do dever”, considerada ser um “amigo da família”, ser um bom estudante de uma universidade, ser um bancário que é querido por todos os colegas do banco, ser considerado um bom filho, ser um homem responsável e cumpridor do dever que nunca teve passagem pela polícia... O estuprado é um homem com suas limitações e fraquezas. O fato é que homens e mulheres vivem carentes e dependentes de um pouco de carinho e atenção. Nem bem começa um relacionamento e já abre mão de sua individualidade e se entrega sem ressalva. Isto acontece porque a solidão está corroendo por dentro, enquanto a angústia e a aflição rasga peito de dentro para fora. Muitas vezes a pessoa se depara com o mundo hostilizado da dor do amor pela enésima vez. E sofre por amar demais, mas não aprende como se livrar da dor. Ter alguém do nosso lado nos faz se sentir vivo. Porque ter alguém para agradar, beijar, ser beijado, abraçar e ser abraçado é o que todo mundo quer... Alguém que seja sincero e alegre que possa ganhar o nosso coração e mantê-lo em suas mãos suaves por toda a vida. Ninguém quer viver sozinho e solitário. O amor é uma sensação mágica. Aí sonha com alguém que tenha um mundo interior maravilhoso e todos os dias descubra algo novo naquela pessoa. Promete a si mesmo que irá abrir o coração e deixar novo amor ocupar os espaços do coração. E se acha pronto para amar. E quando conhece alguém se deixa seduzir. E o amor enche a sua alma de luz e calor. Mas se o amor

142  Mulheres em guerra – revolução das Mulheres  não dá certo, cada um vai para o seu lado. A solidão volta se fazer presente e nos faz sofrer. Quando o amor acaba perdemos o melhor de nós. Vem a dor e a solidão expulsa a alegria, deixando o coração partido. É um tédio quando a gente está só. O dia é maçante e parece que tudo está perdido. Nessa hora o mal faz parte de sua mente. Como faz mal a solidão. Dói. Parece um bichinho que rói sem parar. Não tem remédio que faça a dor passar. Vem a saudade que logo se transforma em ciúme. Desesperado decide ir procurar a pessoa amada para implorar que reconsidere e volte a ficar juntos. E se a mulher não aceita, a dor é potencializada, aí vem o senso de fracasso e inútil. O amor é como o vento, ninguém pode vê-lo, mas pode senti-lo. Todo homem e toda mulher criar uma família unida e viver numa casa aconchegante em algum lugar – na cidade ou no campo. Ter um lar significa felicidade. A mulher sonha ser de um homem só, o homem sonha ter uma mulher toda dele. Quem tem alguém para amar tem sempre um sorriso caloroso. Infelizmente todo amor compartilhado entre um homem e uma mulher é um passo para a solidão. Sofre a mulher e sofre o homem, porque a solidão é o mal do século XXI. Quem não tem amor não tem motivo para ser amigo de uma mulher. Todo homem sabe que conseguir uma mulher para fazer sexo é uma coisa difícil. A mulher não abre a guarda para o homem, mesmo sabendo que ela é desejada pelo homem. As mulheres estão preocupadas em encontrar um homem que a faça se sentir amada e que a faça sentir que está vivendo o amor que ela sempre sonhou. É verdade que nenhuma mulher quer ser forte, ela quer ser feminina para ser de um único homem. Não quer um homem que a force fazer sexo. Nenhum homem precisa de uma mulher

 Francisco Brito  143 forte, ele precisa de uma mulher para formar uma família e ter sexo com ela quando tiver ereção. Um homem normal não tem ereção ao travar luta corporal com uma mulher. Só se ele estiver drogado com uma droga muito forte que não o impeça continuar com ereção ao travar uma luta corporal com uma mulher. Não é fácil fazer uma mulher abrir as pernas quando ela não quer ceder.



CAPÍTULO 18 DIREITO AO AMOR E SEXO Luana Sant’Anna discursou com muita sabedoria. Ela ressaltou que toda mulher sabe que tem direito ao amor e ao sexo. Elas sabem que viver sem amor e sem sexo é morrer em vida. Mas sabem que sexo sem amor é uma tortura, então ela lutará com todas as suas forças para ter o seu homem ao seu lado. Medirá bem as palavras para não dizer o que não deve ao marido. Ela não quer se separar do marido. Então medirá as suas palavras para não provocar ao seu marido. Ela espera nunca passar pela situação de apanhar do marido. Pior que apanhar do marido é viver sozinha sem amor. Luana contou que muitas mulheres não seguem as regras do casamento nem com as regras de convivência com o homem. Umas são humildes excessivas a ponto de se deixarem ser dominadas pelo homem com quem se casou. Outras provocam os maridos a ponto de exaustão e acabam se agredindo verbalmente. Daí em diante é um passo para as agressões físicas.

146  Mulheres em guerra – revolução das Mulheres  Ela argumentou que a mulher escolhe um homem para ser feliz no amor e tornar a vida do seu homem melhor. Sem exceção, toda mulher sente falta de ter um homem ao seu lado que a torne a rainha do lar. É a intenção de toda mulher ser carinhosa e amorosa para o seu homem. E acredita que o homem que passar a fazer parte da vida dela, ele nunca irá se arrepender, porque ela irá colocar seu coração e alma nas mãos dele para serem felizes juntos. Toda mulher precisa de um homem para compartilhar com ela o seu fogo interior. Nenhuma mulher quer ter um homem com habilidades extras, ela quer que ele seja honesto, carinhoso, cuidadoso com ela e ele seja capaz de compartilhar tudo com ela. Se no decorrer do relacionamento o amor acaba, não foi por falta de empenho da mulher para fazer dar certo. A Luana foi categórica ao dizer que toda mulher que não tem um homem a seu lado encara o espelho todo dia e se pergunta: onde está o homem que irá fazer parte de sua vida para juntos criarem a sua própria família. É da natureza da mulher esperar que o seu homem não fique com raiva quando ela volta para casa um pouco mais tarde por ter ficado numa reunião no seu trabalho. Ela espera que em vez de ele ficar zangado, ele deva adivinhar o que ela deseja para aquele momento. É da natureza da mulher ser cuidadosa com a família e com os filhos. Ela ao falar de si mesma, disse que gostaria de ser mais otimista e fosse dada as boas seguir as regras da convivência de um relacionamento, mas ela não era. Esteve casada durante dois anos, um dia olhou para o marido e se perguntou o que estava fazendo ao lado daquele homem que mais a incomodava do que a fazia feliz. Então, ela fez igual uma música que dizia que “ia levar só o violão e o cachorro”. Então, ela chegou para ele e disse que o casamento tinha sido um erro de percurso na vida dela, queria

 Francisco Brito  147 se separar. E antes que ele dissesse alguma coisa, ela se adiantou e disse que ele podia ficar na casa, era ela que ia sair. O que eles tinham comprados durante o tempo que foram casados não ia ser preciso dividir, ele podia ficar com a casa inteira e tudo que tinha dentro da casa. Ela só ia levar a roupa de uso dela. Ela foi embora e só o viu o ex-marido no dia da audiência para oficializar a separação. Não houve briga porque as brigas acontecem quando é para dividir os bens materiais. E ela não deu chance de ele se enfurecer por estar se separando dele. Ficou seis meses morando noutra cidade onde o ex-marido não poderia encontrá-la, com medo de ele ter uma recaída e querer vir procurar briga com ela e querer espancá-la por ela tê-lo deixado. Ela ressaltou que a mulher não deve aceitar homem que a maltrata, não aceitar que o homem com quem se casou ouse em bater nela. Denunciar sem dó e sem pena. Mulher que contemporiza e é complacente com homem agressor, ela será uma mulher morta amanhã pelo próprio marido. Ela não deve ficar calada, deve se juntar às ativistas e aderir aos protestos femininos, seja sair às ruas ou participar dos levantes nas redes sociais para arregimenta outras mulheres para combater a violência doméstica e os estupros. A luta é de todas as mulheres, não importa a classe social em que esteja, porque o homem agressor de mulher está onde menos se espera. Então a mulher deve se preparar para enfrentar o homem que se acha no direito de bater nela, denunciando-o na delegacia e não retirar a queixa em hipótese alguma. A Luana era a favor de que as mulheres devem pedir umas às outras para andarem juntos em lugares que apresentem riscos de serem atacadas a caminho do trabalho ou ao descer do ônibus, do metrô, na saída da escola ou faculdade, como forma de se protegerem de estupros.

148  Mulheres em guerra – revolução das Mulheres  Luana é a favor de que haja renovação dos movimentos feministas pelo menos uma vez por ano para discutir os direitos da mulher renovar as reivindicações. E, assim, não deixar cair no esquecimento junto às autoridades que a violência à mulher deve ser combatida, como forma de fortalecer a luta da mulher por seus direitos. As mulheres têm a seu favor a internet, como um importante instrumento de comunicação para serem ouvidas. Quem não grita não é ouvido nem ajudado. O grito de uma mulher é pouco, de duas já chama a atenção, mas um milhão de mulheres unidas farão um barulhão de estremecer as estruturas do mundos dos homens machistas – concluiu ela.

CAPÍTULO 19 O ENLACE Rio de janeiro, 31 de dezembro de 2015. Clarissa acordou cedo naquela quinta-feira para o enlace dela com o Júlio César. Ela estava feliz e muito agradecida aos deuses pelas bênçãos de ela ter encontrado em Júlio o grande amor de sua vida. Tinha como distintivo a fidelidade e o compromisso de cuidar do homem com quem ela se casasse. E ela tinha encontrado em Júlio o homem que realmente a fez tropeçar e cair de amor por ele. Desde que o conhecera que o seu coração havia escolhido ele para ser o seu par para experimentar o prazer de viver um grande amor. Quando o noivo foi assassinado, no enterro do namorado ela rezou para a alma de Lucas e pediu a ele permissão para se casar com Júlio, por acreditar que ele era a sua verdadeira alma gêmea. Ele era o homem que ela queria chamá- lo de “meu marido, meu dono”. Ela tinha certeza que ele ia saber como fazê-la se sentir uma mulher amada. Ele era alguém que é sexualmente importante para ela, alguém que seria confortável

150  Mulheres em guerra – revolução das Mulheres  em seus braços. Ele era ótimo para os carinhos dela. Era com ele que ela queria passar toda a sua vida, por ser ele o homem que ela poderia amar e confiar. Clarissa estava disposta em se empenhar e ser coesa no seu sentimento com o seu futuro marido. Ela sabia que o casamento é um grande desafio que a mulher enfrenta na vida, mas ela ia se empenhar para triunfar no seu propósito de fazer aquele amor valer para os dois. Como em tudo na vida é preciso se ter grandes planos e foco persistente para fazer dar certo um propósito para evitar erros, ela ia se empenhar naquele relacionamento para viverem juntos e não deixar a rotina os separar. Ela ia se esforçar para viver com o Júlio com ausências de erros para manter aquela conquista todos os dias que estiver ao lado dele. Ela é adepta de a mulher não ficar dispersa, apagando incêndios, mas sentar e se dedicar coerentemente à sua vida sentimental. Embora ela saiba que no amor não se deve tratar a relação como quem trata uma relação empresarial, ela sabia que no amor o que faz o coração bater forte é a emoção de encontrar a pessoa que ama. Nessa hora os hormônios são lançados na corrente sanguínea e a pessoa se sente nas nuvens, como se o corpo e mente se preparassem para aquele momento. Mas durante a entrada na igreja e o espaço a percorrer até chegar ao altar e ser entregue ao noivo, ninguém nunca saberá quão detalhes acontecerão antes de ser entregue ao noivo que espera no altar. Quando a noiva segura a mão do noivo para recebê-la para o enlace é a emoção mais forte que ela poderá sentir. Clarissa caminhou lentamente em direção ao altar, segurando o buquê flores com uma mão e com a outra ela segurava firma o braço do pai que a conduziu até o altar e entregou-a ao


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