Important Announcement
PubHTML5 Scheduled Server Maintenance on (GMT) Sunday, June 26th, 2:00 am - 8:00 am.
PubHTML5 site will be inoperative during the times indicated!

Home Explore Meninos e poemas2

Meninos e poemas2

Published by Paroberto, 2019-07-29 18:52:54

Description: Meninos e poemas2

Search

Read the Text Version

Meninos e poemas



Jairo F. Machado Meninos e poemas Florianópolis 2008

© Jairo F. Machado Rua Frederico Veras, 341 Pantanal – Florianópolis, SC 88040-200 Fone: (48) 3234-9013 / 3233-4283 [email protected] Projeto gráfico, capa e editoração: Paulo Roberto da Silva Revisão: Maria Geralda Soprana Dias Ficha catalográfica M712m Machado, Jairo F. Meninos e poemas: poemas / Jairo F. Machado. – Florianópolis : Ed. do autor, 2008. 80p. 1. Poesia brasileira. I. Título. CDU: 896.0(81)-1 Impresso no Brasil

Ela, os olhos da meiguice e a força da caridade... Ele, os olhos da cor do céu e a precisão da seriedade...



A porteira fechava-se longe, a sua batida, de encantos e desencantos...



Antes que se pense que a vida sempre foi assim, como se é hoje... Antes que se pense que antigamente, tudo era feio e triste... Antes que se pense que toda sapiência nasce dentro da Universidade... Antes que se pense só a modernidade, vale a pena... Saibam que a poesia é um trem imenso, carregado de poemas! O autor

Meninos e poemas 10

Jairo F. Machado As vacas berravam, quando não havia capim, pois não havia chuva; apenas dois olhos azuis nos azuis límpidos do céu... O menino chorava da febre ou da dor, e ela só tinha o amor, entrementes a fé e o fervor da oração... O arado revirava a terra removendo do chão as batatas-doces como se fosse um tesouro que Deus enterrara ali para o menino colher... 11

Meninos e poemas A enxurrada lembrava: infância ingenuidade, os seus pés nus chutando a água na estrada, onde a chuva escorria... o sonho do menino querendo que a chuva chovesse. Mas a chuva... oh... chuva, só chovia nos seus olhos... O cajueiro rimava com janeiro, com frutos carnosos, com castanhas no braseiro. O gosto ímpar, o aroma reacendendo ao longe a infância: meninos à beira do fogão esperando a castanha assar... 12

Jairo F. Machado Eram tantas as perebas, nas canelas, e poucas se curavam, se não eram crostas, eram sangrias! Póstumas pustemas renascendo da carne a cada momento a cada esbarrada... O galo cantava, (o danado havia de madrugar!), sabe-se lá por quê... Mas o menino sabia: era madrugada, hora de trabalhar... 13

Meninos e poemas Seguiam-se a ele dois bois de guia o cangote na canga, a brocha de couro que os atrelava. O menino candeando o carreiro meneando o chocalho o menino, a vara de guia. Bois e menino, num só amuo... Os bois babando, o menino chorando, a dor dos espinhos... Não era luz elétrica era luz do dia, senão luz de lamparina de querosene. O pavio tênue, que mal dava a enxergar, os manuscritos do caderno... As narinas enfumaçadas, de uma noite maldormida, na lição da vida... 14

Jairo F. Machado Os pendões do capim-gordura tombados do orvalho. O sol da manhã, vindo, feito um campanário de luzes reluzindo o brilho dourado... A aurora do amanhecer o menino tocando as vacas bruacas do seu mal-querer... Era o de sempre: se não era chuva era sol, os lençóis dependurados na cerca de arame farpado... farpas, espinhos encravados estercos de boi a se recolher, terreiro pra varrer. E se não era barro era poeira, era torrão, era mijacão. Se não era íngua, era tormento qualquer... 15

Meninos e poemas A mulher e o fogão de lenha... As panelas na trempe cozinhando o arroz-com-feijão. O angu já pronto ao lado o olfato da carne na frigideira, as lombrigas atiçando a fome... Um naco pra cada um. – Tenha educação menino, tenha educação... – Senão, o couro come! Havia um curral por perto também havia um paiol, assim como havia uma cacimba, pouco mais distante, o chiqueiro, à beira do terreiro, o galinheiro. E havia meninos de sobra, e calçados de menos... 16

Jairo F. Machado Além das conta-de-lágrimas havia o que nunca faltava: o rosário, a fé, o coração e um jardim florido: dálias, rosas, tinhorão... e uma mulher franzina, catando ervas daninhas... Era “magrinho”. Mesmo que muito comesse comiam-lhe as lombrigas com mais fome que ele. E se multiplicavam enquanto ele, definhava, das terras que ingeria. 17

Meninos e poemas O cajueiro de galhos tortuosos era como dádiva, a abundância dos frutos vindos em janeiro ou fevereiro dependia da chuva. Na época do fruto maduro as castanhas assadas eram santificadas como um terço rezado na hora da Ave-Maria. Em meio ao cafezal o abacaxi maduro ainda nem de todo comido tinha-se lá a casca como marca de algum guaxinim guloso que andara por li... Marcas de chifres no barranco chifrado como se um touro andasse por ali chifrando a raiva, chifrando o cio... 18

Jairo F. Machado Estilingue às mãos bolotas no embornal invento de menino mau asas ao vento... ainda que voassem e morressem juntos: meninos e pássaros. Goiabas de vez, vez que não eram verdes, nem maduras, brigava-se assim mesmo por elas antes do marimbondo chegar antes que as saíras os deixassem sem nada. Vez que na vida tudo passa, e depressa amadurecem, goiabas e meninos... 19

Meninos e poemas Íngremes trilhas mentes conturbadas pelo sol. Andavam aos bandos os irmãos, os vizinhos a caminho da escola... Voltavam ao entardecer tecendo conversas, tecendo sonhos, nas trilhas que os levavam – meninos e os traziam – homens. Mugia, a distância, a vaca Mansinha, amargosamente mansa que do lugar nem saía. A bruaca, preguiçosa, as tetas entornando o leite... Vez que era branca e cega a serração das manhãs. E eram inúteis os chamados... a vaca ia remoendo, o capim mascado. 20

Jairo F. Machado As folhas da cana entrelaçadas como obras artesanais ou serviço de sobrenaturais: saci-pererê, mula-sem-cabeça, ou duende qualquer fazendo ali as suas traquinices. Ou, fosse antes, invencionices de menino, ou malandrices do vento. O pé de manga-guiana manga doce que nem mel, amadurecia em dezembro, escasseava em janeiro. Maneiros os meninos as chupavam, feito neném na mamadeira, o doce caldo suculento que da manga abundava. 21

Meninos e poemas Sob o assoalho da casa havia um porão raso com buracos a volta por onde os meninos se metiam arrastando-se feito lagartos a cata dos ovos das patas feitos patas feito cachorro comedor de ovos feitos meninos... Ladeira gramada um tapete mágico a veloz folha do coqueiro: os meninos deslizando nela, impetuosos, teimosos, à revelia, em desembalada correria os ais da picardia inda que ouvissem sermões, a salmoura ardia nos vergões da guaxima... 22

Jairo F. Machado A bica d’água como cantiga de ninar! Escorado por forquilhas o moinho que o menino fazia, com estiletes enfiados em miolos de bananeira girava pela força da água e os pingos reluzindo ao sol da magia... antes que a água o levasse para longe dali. Um ponto, lá distante, e o arrebol se abrindo esfuziante. Não era noite; no seu coração era dia. As luzes refletindo nos seus olhos o sol... O amanhecer era o sol do seu dia-a-dia... 23

Meninos e poemas To-fraco, to-fraco... Um inseto aqui outro acolá. Lá vai a galinhola galinha d’angola senhora dos pastos cacarejando, olhos e ouvidos atentos: quem vem lá? É menino, caçador de ninho! To-fraco, to-fraco, to-fraco... Cata aqui, cata acolá. Batia a disenteria. – Quem mandou se lambuzar de melado, menino? Corria-se pra trás da moita inda que só houvesse lá assa-peixe pra se limpar... 24

Jairo F. Machado Se não era cachorro, era gato se não era galo, era galinha ou bicho entrão qualquer... Comendo na mesma vasilha, entre um rosnar e outro saía briga de fato: o cachorro mordia o gato o galo bicava a galinha. Uma luta dos infernos até que alguém acudia. Gato com fome comia lagartixa, senão camaleão. Quanto mais comia, mais emagrecia... Acabou-se o querosene! Alguém se esqueceu de comprar... – Foi a patroa. Não... foi o beltrano, foi sicrano... Evaporou-se! – Menino, monte a cavalo, vá buscar, aproveite e traga fósforo, e também traga fumo, que eu quero pitar. 25

Meninos e poemas Nos dias de chuva, o açude transbordava, os lambaris iam-se embora junto à sobra da enxurrada. Nos dias de sol, tomava-se banho por lá: as primas vinham da cidade o menino ia pra trás da moita, pecar... Murundu à beira da estrada: de dia, era murundu de noite, era assombração. Tinha até orelhas grandes e olhos esbugalhados. Rosnavam, de longe se ouvir... ou fosse apenas imaginação de menino cagão... 26

Jairo F. Machado A galinha inquieta cacarejava arredando-se no ninho botando fora as cascas dos ovos, os pintainhos saindo de sob as asas da mãe. A galinha rodava as asas: “são meus, são meus”. Os pintainhos esperneando nas mãos da dona que lhes arrancava os calos do bico. 27

Meninos e poemas Galo cantava no poleiro bezerro berrava no curral, longe cantava o suiriri, a garacava, o bem-te-vi a vaca também berrava... A aurora anunciando o dia o dia que vinha molhado de orvalho. O menino, de olhos serenos... Tarde da noite. O cão latia longe, vivia de caçar lá nos cafundós. Era de se dar dó, era de se dar medo, mas o cão não se emendava, a cara cheia de espinhos feito ouriço-caixeiro. Retirados os espinhos, o cão, logo voltava pra lá, modo dá o troco... 28

Jairo F. Machado Travesseiros voavam, e voavam também penas de galinha, painas de taboa. – Menino, já vou indo aí... – É o fulano, mãe... O cinto cantava, e logo, o silêncio se abatia. – Dorme menino, que amanhã é outro dia... As maritacas vinham aos bandos feito matracas voantes e pousavam ali nas goiabeiras... Comendo, quietas, glutonas, arredias, entre as nuanças das folhas. De repente, iam-se falantes voantes no céu de anil... Sabe-se lá o que diziam ou pra onde iam. 29

Meninos e poemas Aos porcos magros, o bagaço da cana. Aos porcos da engorda, o milho, a lavagem com fubá... Uns viviam de chorar outros engordavam, do toucinho se rachar. Um touro pra poucas lidas poucas vacas poucas novilhas. Um touro só chifrando os barrancos esperando o cio esperando... 30

Jairo F. Machado Cada um com sua obrigação: carpir um trecho ajuntar os bezerros arear as panelas. Ainda assim, sobravam tarefas no fim do dia... Gramíneas crescendo bezerros transpondo a cerca fuligens nas vasilhas... A lida, tanta, que uma noite inteira, era pouca pra se descansar... Ele cunhava as iniciais no tronco da árvore. Talvez passasse por ali um ano depois, talvez mais... pra ver se ainda estavam lá as tais iniciais... 31

Meninos e poemas O milharal verde os pendões marrons os cabelos das espigas espigadas, que lembram a papa-de-milho, a espiga assada, a água na boca... Um tubérculo rotundo e grande lá nas funduras disfarçado em ramas como se nada fosse. Mas era cará dos maiores, de não caber em bacia... Mal cabia no olhar do menino... 32

Jairo F. Machado Os guaxos vinham aos bandos, em contraste, as penas amareladas da calda, o brilho azulado do corpo esguio. O menino admirando eles dependurando o ninho feito artesãos no pé de jamelão... Era um montão gorjeando os seus cantos e os seus encantos... O pé de laranja na porta da cozinha, onde o canarinho, pernoitava... Amarelinho, a fêmea pardinha nos galhos da laranjeira onde o gato não sabia... 33

Meninos e poemas O pé de murta floria atraindo as abelhas; mais tarde, o sabiá vinha comer dos seus frutos; também o coleirinho vinha fazer o seu ninho de raízes tênues e claras... Enquanto a fêmea chocava, ele gorjeava pro menino admirar. Chovia, ventava forte, tanto quanto relampejava e trovejava antes de a chuva cair: caíam raios por ali rasgando árvores e chão. Depois de a chuva passar os meninos corriam pra debaixo do pé de manga pois chovia lá, mangas de montão. 34

Jairo F. Machado Os pendões do capim-gordura, um manto grená num morro florido as cores do pasto ficaram na lembrança de um tempo existido... As moças usavam batom e vestidos de rendas. Os moços olhavam de viés alvissareiros já pensando em casamento... Meninos brincavam de cavalo-de-pau, coiceando uns aos outros... O cavalo, ah!... esse era de imaginação até alguém coicear a canela do outro de propósito, ou não... Então, o cavalo era porrete e a brincadeira acabava em confusão... 35

Meninos e poemas “Era uma vez... Assim, ela começava suas histórias de mãe sentada à cabeceira da cama... Modo acalentar menino medroso até que ele dormisse. De véspera recolhia-se da bananeira as folhas secas para sapecar o porco que na madrugada morria grunhindo a dor da faca espetada. A meninada por perto entre o pesar e a fome... Depois de sapecar o porco, cuidava-se, primeiro da barrigada... As tripas, lavadas com limão fazia-se dela o chouriço, sangue e tempero preparado a gosto. E já não se lembrava mais dos grunhidos e dos degostos... 36

Jairo F. Machado O sol estorricando vez em quando uma nuvem passageira sombreando o caminho que o menino transitava carregado de sonhos... À beira do caminho havia uma árvore que se chamava Farinha-Seca... Que ainda se chama e que continua lá, que chama nenhuma destruiu. E somente o tempo pode tirá-la de lá, imponente, erguida no meio do nada fazendo as suas sombras... Ao lado da Farinha-Seca, uma cruz lembrando um passado: um tal Protásio, assassinado ali... 37

Meninos e poemas O arroz maduro era dourado era ouro era promessa de casamento era palha de brincadeira era ranhura era choro era ninho de galinha chocadeira. Era sacio de fome era arroz na peneira... Havia uma bomba d’água que era bomba que era água de se beber e banhar de se tocar, de se cansar, de se bombear, todo dia... Uma garagem onde duas portas se abriam feitas balizas de um gol... os moleques chutando bola ali. Dentro, havia uma máquina de picar capim; havia cana, havia arreio só não havia carro de passeio... 38

Jairo F. Machado Peladas no terreiro ao entardecer! Dividir-se-iam os meninos: – Quem chuta pra cá – Quem chuta pra lá... tão difícil de acertar, quanto à bola, que não havia, só uns trapos, dentro de uma meia velha, costurada à mão para as peladas do fim do dia. A peteca voava e voavam penas, e voavam embiras de bananeira e voavam sonhos... 39

Meninos e poemas Verrugas nas canelas, simpatia: atirava-se sal ao fogo, corria-se pra não ouvir os estalos, o menino tropeçando nas portas e tramelas... Dor de dente rosto inchado: espera um pouco, menino, o leite vai aumentar o preço vão melhorar as colheitas; enquanto isso: Deus ajeita... Constipação: lá vem o clister o menino de ponta-cabeça, às avessas... Injetava-se profundo naquele lugar: água morna, sal, óleo vegetal, que, de imediato, resolvia-se o mal... 40

Jairo F. Machado Na falta do canivete batia-se o gomo da cana com uma pedra, até esmagá-lo. Depois se torcia a cana, e abria-se a boca pra se degustar... “Caburé mais a coruja, São parentes e não se dão Caburé dorme no toco, Coruja dorme no chão...” Seus versos, no abecedário da vida, eram, sim, estrofes de um relicário... Hortaliças à vontade! Com carinho, ela fazia os canteiros plantava cuidava das lagartas, colhia as alfaces, temperava-se ao esmero comia-se dali verduras o ano inteiro... 41

Meninos e poemas Ela molhava de cuspe o lenço e esfregava as orelhas os buracos dos ouvidos. Ia tirando as cacas as caracas pros cidadãos não caçoarem dos seus filhos... A coruja esconjurando: – Quem vem lá... – Quem vai lá... O menino na boléia da carroça indo pra cidade ou mesmo voltando de lá... As latas de leite entoando barulheira das rodas na buraqueira... 42

Jairo F. Machado A vaca lá parindo, deita, levanta, agiganta-se... O bezerro nascendo, santificada vida o urubu na esperança de vir a morte, em seguida... Dois pés descalços no meio do espinhal: era dor, era febre era íngua do mal e sinal de agonia... A pedra reluzindo à luz que não era ouro. Ou, quem sabe, fosse: pois que era água nascendo no cume da serra... 43

Meninos e poemas O joão-de-barro oleiro obreiro obra-prima primazia que rima. Que é santificado... Abobrinha verde, antes, flor amarela que é rama que se acentua nela o sabor. As abelhas, ali colhendo o mel da degustação... A poeira como pó, dourado. Só não era ouro, tampouco tesouro. Era poeira, era choro... 44

Jairo F. Machado O pé de pitanga ao lado da pedreira, as suas frutas maduras eram azedume de se fazer careta! Ainda assim o menino pedia mais... Canavial à beira da estrada. A cana era convite canivete bagaço mastigado nos rastros do caminho... O galo dava o sinal as galinhas corriam e corriam os pintainhos... Os mais lerdos iam, piando, pro céu nas garras do gavião... 45

Meninos e poemas Saracuras escondidas no meio dos banhados, os cães correndo atrás; mas, num apraz de um vôo empoleiravam-se ilesas multicoloridas defesas... O pé de jambo branco que era flor cheirosa que era abelha que era fruto néctar de doçura... Mas eram poucos os frutos pra muitos marimbondos... O pássaro picava o pau que era podre que era larva que era pico que era bico que se chamava pica-pau que de longe se ouvia... 46

Jairo F. Machado A figueira assombrada, durante o dia, era figueira era árvore frondosa era sombra era repouso. Mas, durante a noite, somente assombração... “Se eu fosse um peixinho que soubesse nadar, eu tirava o fulano, do fundo do mar...” Que era um canto, e muitos encantos, nas noites de luar... Pique de esconder, valia tudo, depois do escurecer, só não valia falar-se de lobisomem... 47

Meninos e poemas O relógio badalava onze horas meia-noite, uma hora... Ele, insone, sonolento, querendo parar as horas. Inhame à beira do brejo. O porco fuçando lá removendo a terra feito porcos famintos. O cheiro do melado era moenda era tacha, era fornalha, era rapadura, marimbondo pousado no bagaço de cana, era engenho, de vida dura. Era raspa de tacho era amargura... 48


Like this book? You can publish your book online for free in a few minutes!
Create your own flipbook