psicológica voltava-se com grande interesse para o estudo das neuroses, particularmente da histeria, utilizando a hipnose como meio de investigação. Nessa época, constatou- se a importância das lembranças inconscientes de acontecimentos traumáticos, e ainda a ação terapêutica da hipnose, da sugestão e da catarse. No tratamento da paciente Ana O., o Doutor Josef Breuer ( I E:42-1925) criou a terapia catártica (purgação) sob hipnose, por volta de 1881 . Esse caso deu origem posteriormente à publicação dos Estudos sobre a histeria (1895), realizados com a colaboração de Freud. Pierre Janet (1859-1947) comprovou a ação patogênica da lembrança perdida de acontecimentos ligados a emoções violentas. Em Automatismo psicológico ( 1889), escreveu que a lembrança traumática só pode ser repetida em estado de sonambulismo. Para ele, a dissociação da memória seria um processo puramente mecânico, definida como fraqueza psicológica, e não um processo dinâmico de recalque. Freud, livre-docente de neuropatologia, trabalhava na França ao lado de Charcot. Em 1886, estabeleceu-se como médico em Viena. Esteve em Nancy com Bernheim e Liébault, onde se informou sobre os limites da sugestão hipnótica. Seu primeiro trabalho sobre o Mecanismo psíquico dos fenômenos histéricos foi publicado em 1893. A princípio, Freud aplicou o método catártico, em colaboração com seu colega Breuer, e só mais tarde adotou o postulado do determinismo psíquico, segundo o qual, cada acontecimento estaria em conexão com algum ponto de partida. Sintonia e Passividade Verificou-se, depois, que as oscilações mentais do hipnotizando entram em sintonia com as ondas de força 101
do hipnotizador, regressando ao paciente carregadas com as sugestões do agente ativo, instaurando o campo alucinatório no qual se processam as respostas aos apelos recebidos, conforme o grau de passividade do hipnotizado, que pode ir da hipnose comum até à letargia e à catalepsia ou sonambulismo. Na hipnose comum e na letargia, as aglutininas mentais liberadas pelo paciente favorecem o sono comum, esmaecendo o controle de seu arbítrio sobre as suas atividades cerebrais, que passam a ser influenciadas pelas ondas volitivas do hipnotizador. Na catalepsia e no sonambulismo dirigido, pode ocorrer o desprendimento do perispírito do paciente, em condições de maior ou menor apassivamento, sob o comando da vontade do hipnotizador. Note-se, porém, que os fenômenos mencionados podem verificar-se sem a interveniência de qualquer agente externo, nos casos de auto-magnetização Noluntária, através de vigorosa concentração de suas próprias energias mentais, ou por reflexo condicionado específico, resultante de forte fixação de idéias ou lembranças. O Legado Espírita A razão fundamental das dificuldades científicas para o entendimento das patologias neuropsíquicas é a não utilização da chave das realidades espirituais que o Espiritismo generosamente oferece, válida não apenas para o diagnóstico e o tratamento dos processos obsessivos e auto-obsessivos, senão também para a justa compreerisão dos fenômenos especificamente mediúnicos e dos fenômenos psíquicos em geral, e de suas ressonâncias no cosmo fisiológico das pessoas humanas. 102
15. SUPERSTIÇÕES Crendices Folclóricas e Mágicas São inumeráveis as pessoas que se apegam a apetrechos materiais ou ritos e fórmulas mágicas, no intuito de obter através delas benefícios ou vantagens. Recorrem para isso a relíqu-i-as, escapulários, guias, cristais, figas, simpatias, velas, despachos, fitas, breves, jaculatórias, etc.. Respeitamos essas pessoas e as suas convicções, porque todas as expressões de fé merecem consideração e significam devoção e apreço a poderes superiores. Importante e justo a esse respeito é apenas, como em tudo o mais, a adequada valorização do Espírito humano, no sentido da sua dignificação e do seu progresso, para que, libertando-se pouco a oouco de enganosas superstições, possa ele ir ampliando a sua sabedoria e o seu poder, em favor do d0mínio, da posse e da felicidade de si mesmo. À medida que a mente se esclarece e fortifica, vai-se tornando cada vez m’enos dependente de tudo que 103
lhe é inferior, sejam seres ou coisas, porque em qualquer lugar, tempo ou situação, o mais sábio e o mais forte sempre prevalecem sobre todos os que menos sabem e menos podem. Quando o Espírito consegue estabelecer contato com potências que lhe são superiores, em planos mais elevados da vida, deixa de temer e de sofrer o que se demora abaixo de seus níveis de força e que, por lhe ser inferior, não pode mais agir sobre ele. Talismãs e Rituais Sabemos que certos objetos podem ser facilmente impregnados de força magnética, guardando determinados potenciais de influenciação indutiva; mas, quaisquer que eles sejam, podem sempre ser desmagnetizados e até remagnetizados em sentido oposto, dependendo de que se saiba e possa fazê-lo. Certos rituais podem também sugestionar hipnoticamente quem neles crê ou a eles se submete, mas eles não têm nenhuma força em si mesmos; seu aparente poder é daqueles que deles se servem, dos Espíritos que deles se utilizam. O Livro dos Espíritos é deveras incisivo ao tratar desse assunto. Diz que fórmulas e práticas utilizadas para iludir, atemorizar e influir sobre as pessoas não passam de charlatanaria, porque é somente através do pensamento que os Espíritos podem comunicar-se e influenciar-se, determinando pela sua qualidade o nível moral das relações que estabelecem. 104
Desmistificação Espírita A Doutrina Espírita surgiu no mundo como radioso Sol que se erguesse no horizonte das dores e das perplexidades humanas, dissolvendo as trevas da ignorância e esparzindo sobre os vales da amargura as luzes da consolação e da esperança. Se a muitos desagrada é porque destrói velhos tabus e arraigadas crendices. O processo do esclarecimento sempre encontra resistência nas sedimentações de antiquíssimos conceitos. Desde as mais remotas civilizações, a humanidade terrestre lida com símbolos, signos e alegorias. Os mais diversos rituais sempre assinalaram as-cerimônias iniciáticas. A mitologia floresceu entre os antigos gregos, o vedismo entre os indus, o mitraísmo entre os persas, enquanto nos templos egípcios praticavam-se os mistérios, guardados zelosamente por sacerdotes e hierofantes. Grande ainda é o poder fixador do folclore e das tradições na memorização das pessoas, de gerações a gerações. Tudo isso ainda influencia poderosamente as mentes imaturas, mas são apenas ilusões que o progresso do Espírito vai deixando para trás, ao longo do caminho. 105
São necessários à sabedoria e à Ciência longos esforços, lenta e penosa ascensão para conduzir-nos às altas regiões do pensamento. O amor e o sacrifício lá chegam de um só pulo, com um único bater de asas. Na sua impulsão conquistam a paciência, a coragem e a benevolência, todas as virtudes fortes e suaves. O amor depura a inteligência, põe à larga o coração e é pela soma de amor acumulada em nós que podemos avaliar o caminho que temos andado para Deus. Léon Denis. (DENIS, Léon. O prob/emo do ser. do destino e da dor. 14. ed. Rio de Janeiro: FEB. 1987. p. 369). 106
SEGUNDA PARTE
NOS ATALHOS DO CORAÇÃO Ocoração tem suas razões, que a razão não conhece: percebe se isso em mil coisas. (. .. ) Conhecemos a verdade não só pela razão, mas também pelo coração; é desta última maneira que conhecemos os princípios, e é em vão que o raciocínio, que deles não participa, tenta combatê-los. Blaise Pascal ( 1623-1662). (PASCAL, Blaise. Pensamentos. 2. ed. São Paulo : Abril Cultural, 1979. p. 107). 108
CAPÍTULO I DE ALMA PARA ALMA Mensagens Mediúnicas 109
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16. NA ESTRADA V iajavas feliz na luminosa estrada da vida quando as luzes se apagaram. Então, no inesperado negrume do ,caminho, os teus pés, que pisavam sobre flores, feriram-se nos acúleos de espinhos imprevistos. Aflito, agora, desarvorado e confuso, receias prosseguir, temendo o desconhecido. É naturâl, meu filho, que as surpresas da senda às vezes te inquietem, mas não permitas que a paralisia do medo te impeça de avançar. Se seguires, corajoso, vencerás o túnel sombrio e encontrarás de novo a luz. Ergue uma vez mais a tez valorosa e avança confiante, no trabalho e na esperança. dor é a chave milagrosa que abre ao coração as portas da alegria. O obstáculo é o trampolim que alça ao triunfo os verdadeiros heróis. E as flores que deixaste de pisar são as que ornarão a tua fronte venturosa na vitória final. Letícia 111
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17. SONHOS P ercebo-te, meu filho, a ansiedade, a inquietação. Consultas o calendário, conferes o relógio, anotas os dias, os anos, e contemplas o céu. Desde os anos mais tenros sonhas e esperas. Que radiosos castelos de esperanças ergueste nas florações da juventude! Com que frenesi te moveste no trabalho e no cultivo dos ideais, ao calor da madureza realizadora e vigorosa! E como ainda agora, nas luzes esmaecidas do crepúsculo que te acaricia, ergues ao firmamento uma muda interrogação, suplicando, sem palavras, uma resposta da vida! Aquieta, meu filho, o coração; repousa a mente no regaço divino e espera, sem datas e sem termos. A prudência da celeste sabedoria não se apressa. O rio do tempo corre sem preocupação e sem tardança para o mar da eternidade. Inexistem fronteiras para a evolução ou prazos para a felicidade. Tranqüiliza-te e caminha. De repente, quando menos esperares, a suprema ventura te envolverá e acordarás nos seus braços sublimes, resplendente de luz. Letícia 113
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18. EMOÇÕES B atida pelo vento e pela chuva, a superfície do lago se encrespa, pondo em perigo o navegante. É assim também teu coração, quando te inquietas. A tempestade que fustiga a copa da árvore ameaça-lhe as raízes. O tufão da insegurança, que instila temor e ansiedade, desorganiza o pensamento e compromete a paz. Contra o ímpeto das marés, os navios valem-se das âncoras, para não serem arrastados pelas vagas. odes também arrimar-te na fé, que assegura os favores da confiança. Asserena-te, pois, refugiando-te na prece e no trabalho, até que as lufadas da incompreensão amainem os seus terrores. E a calma reinará de novo na tua alma, para que as luzes da esperança e da ventura marchetem de reflexos brilhantes o lago cristalino das tuas emoções. Letícia 115
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19. RESSURGE V ejo, meu filho, as labaredas de fogo que se evolam de: tua mente aflita. Teu coração descompassado desgoverna-se no peito, em ritmo de angústia. Vestida de dor, tu'alma carpe na sombra um sofrimento atroz. Por que permites que o monstro do desespero se ceve nas lágrimas que vertes ? Por que entregas o Espírito indefeso às feras da revolta ensandecida? Não sabes que noite alguma dura,,para sempre, e que as trevas não resistem ao retorno do Sol? Ignoras porventura que o teu desencanto é injusto desapreço aos corações que te amam? Repeles assim, com tanta ingratidão, as mãos invisíveis e carinhosas que te afagam e abençoam? Recusas o orvalho do céu, que desce, como divino refrigério, sobre a tua fronte entristecida, para alentar-te o ânimo e renovar-te a fé ? Descrês do amanhã, como se à beleza e a luz, a graça e a verdade, o bem e a paz, a felicidade e a vida, estivessem a morrer e a sepultar-se agora? 117
Acovardas-te desse modo, ante a simples requisição da existência, para que assumas o governo de ti mesmo, à face do Eterno Pai e dos teus irmãos da Terra? Letícia 118
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