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Livro em Indesign

Published by Emerson Silva, 2020-10-27 16:15:41

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A Verdade A verdade, meu amigo, é uma dessas abstrações para as quais tende o espírito humano incessantemente, sem jamais poder atingi-la. ( ...) (...) há duas verdades: a verdade relativa e a verdade absoluta. A verdade relativa é o que é; a verdade absoluta é o que deveria ser. Ora, como o que deveria ser sobe por graus até a perfeição absoluta, que é Deus, seguese que, para os seres criados e seguindo a rota ascencional do progresso, só há verdades relativas. Mas porque uma verdade relativa não é imutável, não é menos sagrada para o ser criado. ( ... ) Eis, meu amigo, tudo quanto te posso dizer sobre a verdade. Humilhate ante o grande Ser, por quem tudo vive e se move na infinidade de mundos, que seu poder rege; pensa que se Nele se acha toda a sabedoria, toda a justiça e todo o poder. Nele também se acha toda a verdade. Pascal (Espírito). (KARDEC, Allan. Revista Espírita. São Paulo: EDICEL, maio 1865. p. 147-148) 7

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SUMÁRIO 9

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PREFÁCIO Afirmou Allan Kardec em O Evangelho segundo o Espiritismo, no capítulo 1, que a Ciência e a Religião — tendo em Deus o princípio — são alavancas da inteligência. Entretanto, esses dois aspectos do conhecimento humano se repeliam (o que ainda hoje acontece) porque cada um examinava as coisas sob um ponto de vista exclusivo. Disse Kardec, também, que seria preciso preencher o vazio que os separava e apontou o conhecimento das leis que regem o mundo espiritual e suas relações com o mundo corporal como o traço de união que, finalmente, aproximaria um do outro. A Doutrina Espírita, desde a codificação, cumpre esse papel. As leis que regem o mundo espiritual e suas relações com o mundo corporal foram sobejamente apresentadas aos homens. Os horizontes da Ciência e da Religião tornam-se um amplo e generoso campo de estudo para os de boa vontade e, como afirmou o Codificador, o materialismo será vencido, já que a fé está dirigida à razão e essa nada de ilógico encontra na fé. 13

É natural que esse esforço de elucidação e aproximação seja feito inicialmente pelos que se preocupam mais com os destinos da alma, embora a Ciência, pelo seu próprio desenvolvimento, venha a desempenhar um papel preponderante e irrecusável no esclarecimento dos aparentes mistérios que afastam o homem do seu Criador. Nesta obra que ora temos a satisfação de apresentar, o leitor encontrará trilha segura e simples para o exercício instigante de ligar Ciência à Religião, tarefa de importância crescente nos tempos atuais. O autor movimenta-se entre velhos e novos argumentos. Fatos, conceitos e fenômenos são explicados com agilidade, leveza e graça; matéria e magnetismo, abordados como partícipes da natureza do mundo espiritual, recebem a análise das repercussões que exercem nas relações com o mundo material. É um trabalho que se dirige à razão, ao mesmo tempo em que chama o sentimento nas várias advertências amorosas de benfeitores espirituais, sempre impregnadas de terno encantamento. É leitura compensadora para os que se interessam pelas ligações entre Ciência e Religião, as duas alavancas da nossa inteligência. Gilson de Mendonça Henriques Júnior. Brasília, outubro de 1996 14

Dia virá, em que todos os pequenos sistemas, acanhados e envelhecidos, fundir-se-ão numa vasta síntese; abrangendo todos os reinos da idéia. Ciências, filosofias, religiões, divididas hoje, reunir-seão na luz e será então a vida, o esplendor do espírito, o reinado do Conhecimento. (...) A alma orientar-se-á para os mais altos cimos, mantendo ao mesmo tempo o equilíbrio de relação necessário para regular a marcha paralela e ritmada da inteligência e da consciência na sua ascensão para a conquista do Bem e da Verdade. Léon Denis. (DENIS, Léon. O problema do ser, do destino e da dor. 14. ed. Rio de Janeiro : FEB , 1987. p. 29) 15

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PRIMEIRA PARTE

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NAS ASAS DO PENSAMENTO O homem não passa de um caniço, o mais fraco da natureza, mas é um caniço pensante. ( ... ) Toda a nossa dignidade consiste, pois, no pensamento. (...) Trabalhemos, pois, para bem pensar, eis o princípio da moral. ( ...) pelo espaço, o universo me abarca e traga como um ponto; pelo pensamento, eu o abarco. Blaise Pascal ( 1623-1662). (PASCAL, Blaise. Pensamentos. 2. ed. São Paulo : Abril Cultural, 1979. p. 123el24). 19



CAPÍTULO I JORNADA DE ASCENSÃO 21

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I - A PROCURA DA VERDADE As Luzes da Antigüidade A história da filosofia é a história da inteligência humana à procura da verdade. Uma história que começa nas eras mais remotas das primitivas civilizações, na velha Índia dos Upanishads e dos Vedas, há mais de um milênio antes de Jesus. As pirâmides de Gizé já se erguiam no Egito, na quarta dinastia do antigo império, dois milênios antes de Cristo, guardando os mistérios dos grandes iniciados. O Livro da vida e da virtude, de Lao-Tsé, surgiu na China, no século IX da era antiga. Confúcio ensinou o amor à família e às tradições, quinhentos anos antes da idade cristã. Cinco séculos anteriores à nossa era, Buda já havia destacado a importância da libertação completa do egoísmo como fundamento da felicidade, e os primeiros filósofos gregos, pré-socráticos, buscavam elucidar o 23

problema do nascimento do universo através da ontologia. Os aleatas Xenófanes, Parmênides, Zenão (criador da dialética) e Melisso distinguiram a doxa (opinião) da episteme (certeza), provocando a reação de Anaxágoras e Empédocles e o atomismo de Leucipo, Demócrito e Epícuro. É do século VI a.C. o surgimento do Zend-Avesta, do persaZoroastro (ou Zaratustra), com o seu dualismo do bem e do mal , personificado em Ormuz (A Ahura-Mazda) e Ahriman. Na Grécia, Sócrates fundou na moral os alicerces da virtude. Platão, discípulo de Sócrates, fixou no mais elevado idealismo as bases do seu conceito de civilização, e Aristóteles, discípulo de Platão e mestre de Alexandre, coligiu na sua Peripatética todo um sistema filosófico (organon), estruturado no imenso esforço da matéria bruta para elevar-se até a glória do pensamento puro. Criou o silogismo e, dentre outras, as ciências da retórica, da poética, da política, da física e da metafísica, e passou à história como o grande oráculo dos filósofos e dos teólogos escolásticos e inspirador da Suma teológica de Tomás de Aquino, que dominou o pensamento humano ao longo de toda a idade medieval. É verdade que mais de três séculos depois de Aristóteles, e mais de mil anos antes de Tomás de Aquino, o nosso mundo recebeu a visita sublime de Jesus, o Mestre dos Mestres, que ensinou e exemplificou os mais fundamentais e elevados conceitos de amor, fraternidade, verdade e vida. Mas seus ensinos e exemplos não conseguiram ser 24

de pronto assimilados e seguidos, embora se tenham projetado vitoriosamente no tempo, como luminoso farol que continua apontando para um futuro de paz e felicidade verdadeiras para toda a raça humana. Amarras Dogmáticas O cristianismo primitivo e autêntico foi transformado pelos homens no catolicismo dogmático e pomposo, que predominou absoluto no Ocidente desde os tempos do imperador Constantino, até a Reforma Luterana do século XVI. Somente, a partir de então, o pensamento filosófico retomou a liberdade de manifestação. Antes, porém, da Reforma Protestante, deve-se assinalar o surgimento da Cabala (Kabbalah, em hebraico, tradição), corpo de doutrinas esotéricas judaicas, atribuidoras de significados místicos aos textos da Tora. Seus livros principais são: o Livro da criação composto entre os séculos terceiro e sexto, e Zohar, o Livro da glória, do século XIII. Foi em meados do século XIV que a supremacia da Igreja Católica começou a sofrer as primeiras grandes contestações. O influente teólogo inglês John Wycliffe negou a jurisdição do papa de Roma sobre a Inglaterra e, em seu discurso Sobre o domínio civil , de 1376, condenou a intervenção eclesiástica na política e a Igreja como instituição organizada, sobrepondo-lhe o sentimento individual da fé. Além disso, traduziu para o inglês o texto latino da Bíblia (Vulgata) , tornando-se com isso o verdadeiro fundador da prosa inglesa. 25

Nesse tempo os ventos do humanismo já arejavam os horizontes da Europa, revalorizando o primado das individualidades humanas e dos valores conscienciais das pessoas contra todas as ditaduras da opressão. Em 1321 o poeta Dante Alighieri produziu a Divina comédia; o Canzoniere, de Francesco Petrarca, tornou-se modelo da poesia européia durante trezentos anos, e Giovanni Boccaccio produziu em 1348 o seu Decamerão, rompendo abertamente com os princípios morais e as tradições da Idade Média. A Renascença do Mundo A alvorada do século XV abriu ainda mais os leques da liberdade e da aventura humanas, dando início aos grandes descobrimentos. Em 1431 João Gonçalves Zarco alcançou as ilhas dos Açores e da Madeira; em 1434 Gil Eanes atingiu o Cabo Bojador, no extremo ocidental da África; em 1444 Nuno Tristão chegou ao Senegal; em 1460 Cabo Verde foi descoberto; em 1482 Diogo Cão aportou na foz do Congo; em 1487 Bartolomeu Dias dobrou o Cabo da Boa Esperança, abrindo caminho para Vasco da Gama chegar a Calicute, na Índia. Em 1492 Cristóvão Colombo descobriu a América; em 1500 Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil; depois os navegadores portugueses atingiram sucessivamente a Malásia, a China e o Japão. Foi nessa época que floresceu o gênio universal de Leonardo da Vinci, inventor, escultor, pintor, físico, geômetra, biólogo, anatomista, engenheiro, arquiteto e 26

astrônomo, que viveu de 1452 a 1519. São também desse tempo os pintores Rafael e Miguel Ângelo, o poeta Ariosto, o sábio Erasmo, o notável Tomás Morus, Johannes Gutenberg, inventor da tipografia, e o famoso e discutido Nicolau Maquiavel. A Reforma O século seguinte, XVI, foi de decisiva importância para a história humana porque, já sob o influxo do grande renascimento ideológico e cultural, nele aconteceram fatos revolucionários que redirecionaram positivamente a marcha evolutiva do progresso. Quando, em 1517, o enviado papal Johann Tetzel percorria a Saxônia vendendo indulgências, o padre agostiniano Martinho Lutero, doutor em teologia e professor na Universidade de Wittenberg, protestou veementemente contra aquela simonia e afixou na porta da igreja daquela cidade as suas históricas noventa e cinco teses, negando a autoridade espiritual dos sacerdotes, a infalibilidade papal, rejeitando as ambições políticas do papado e defendendo a constituição de igrejas nacionais e a abolição do celibato clerical. Em seguida, traduziu o Novo Testamento para o alemão e redigiu, em 1529, dois novos catecismos . A consolidação doutrinária da Reforma consumou-se com a Confissão de Augsburgo, de 1530, preparada por Melanchthon e aprovada por Lutero, e com o Livro da concórdia, de 1580, que reuniu a própria Confissão, a Apologia, a Fórmula da concórdia , os catecismos, já mencionados, e os Artigos de Schmalkalden. 27

A Idade da Razão e o Iluminismo Até o fim do século XV, o planeta Terra era considerado o centro do universo, conforme o sistema de Ptolomeu, aceito pela comunidade científica e imposto como doutrina oficial pela Igreja de Roma. Surgiu, porém, um homem ainda moço que não concordava com isso. Era um astrônomo polonês chamado Nicolau Copérnico, que em 1507 divulgou algumas cópias manuscritas de nova teoria científica que se contrapunha ao geocentrismo oficial. Foi tão grande a oposição geral às suas idéias, tidas então como heréticas, que a sua teoria heliocêntrica, destinada a tornar-se a pedra angular de toda uma nova reestruturação da ciência, exposta no livro intitulado Das revoluções dos mundos celestes, só saiu do prelo para ganhar publicidade no dia da sua morte. Não era ainda uma teoria totalmente viável, mas foi o ponto de partida que permitiu a Kepler dar-lhe conformação definitiva, ao substituir o dogma da circularidade dos movimentos pela constatação de que eram elípticas as órbitas dos planetas em torno do Sol. Só mais de cem anos depois, é que Newton iria fornecer a justificação teórica que alicerçaria em definitivo o heliocentrismo, embora ele já houvesse merecido desde muito a aceitação geral. No século XVII, refulgiu o gênio de Galileu Galilei, que descobriu o isocronismo das oscilações pendulares, logo aplicado na regularização dos relógios; o princípio da inércia e o da composição dos movimentos. Inventou 28

o termômetro, a balança hidrostática e a primeira luneta astronômica. Nesse século brilhou igualmente a estrela de René Descartes. Matemático, físico e filósofo, criou a geometria analítica e o racionalismo moderno. Escreveu livros importantes como Dióptica, Meteoros e geometria, Meditações metafísicas, Princípios de filosofia, Tratado das paixões, O mundo (ou Tratado da luz), Tratado do homem, Regras para a direção do espírito e principalmente o Discurso do método, de enorme e duradoura influência sobre cientistas e filósofos que o sucederam. Cimentou suas convicções na célebre frase: Penso, logo existo. Estabeleceu na dúvida sistemática a premissa de todo conhecimento e postulou que nenhuma verdade seria cientificamente aceita se não pudesse ser formulada matematicamente, mas garantiu que sem Deus não haveria nenhuma garantia metafísica para a objetividade e a evidência de qualquer conhecimento científico. Mas, o clarão maior que iluminou nesse tempo os horizontes do mundo foi o físico e matemático Isaac Newton, que formulou a teoria da gravitação universal, sistematizou a mecânica, descobriu o Cálculo e investigou a natureza da luz e das cores. Seu gênio abarcou a matemática, a óptica, a química, a mecânica, a dinâmica, a teologia e o ocultismo. Criou o método das fluxões e das funções, realizou a derivação das leis de Kepler, formulou o conceito de força, expresso em suas três leis do movimento, a teoria corpuscular da luz e o teorema binomial. Seus trabalhos, a Philophiae naturalis principia mathematica, de 1687, e Optics, de 1704, exerceram enorme influência sobre a ciência moderna. Já então brilhava na França a inteligência fulgurante 29

de Blaise Pascal, inventor do Triângulo, batizado com o seu nome, pioneiro dos estudos da probabilidade e da curva ciclóide. Descobriu o peso do ar, a pressão atmosférica, e estabeleceu as bases científicas da hidráulica. Suas idéias filosóficas foram expressadas no livro Pensamentos, de 1669. O aparecimento dos livros Discurso de metafísica e Novos ensaios sobre o entendimento humano marcaram a passagem pelo mundo do filósofo e matemático Gottfried Wilhelm Leibniz, que, independentemente de Newton, criou o cálculo infinitesimal. Foi o lançador dos primeiros fundamentos da lógica simbólica e o modelador das primeiras calculadoras. Defendeu a existência das idéias inatas e desenvolveu a teoria das mônadas. John Locke, principal teórico do empirismo moderno, formulado em sua obra mais importante, o Ensaio acerca do entendimento humano, de 1690, participou da Revolução Gloriosa que estabeleceu a democracia parlamentar liberal e burguesa na Inglaterra. Encontram-se em sua obra Dois tratados sobre o governo civil os fundamentos teóricos do liberalismo clássico. Escreveu em 1689 a Epístola sobre a tolerância e desenvolveu, em seu Alguns pensamentos sobre educação, uma pedagogia empirista e liberal. O iluminismo do século XVIII foi todo influenciado pelo seu pensamento. lmmanuel Kant ( 1724-1804), um dos maiores expoentes da história da filosofia, foi o celebrado autor da Crítica da razão pura, da Crítica da razão prática e da Crítica do juízo , nos quais analisou a construção do conhecimento científico e como ele se distingue da metafísica, introduzindo a 30

noção do imperativo categórico como princípio fundamental da ética. Partindo da dúvida, chegou à certeza por meio da razão prática e concluiu pela lei do dever, pela existência de Deus e pela imortalidade da alma. Revoluções Políticas e Sócio-culturais Em 14 de julho de 1789, a plebe parisiense assaltou a prisão da Bastilha, deflagrando a Revolução que liquidou o feudalismo na França, instituiu novo ordenamento econômico-social com a burguesia, desobstruiu o caminho para o capitalismo e difundiu os ideais democráticos no mundo. Logo depois de irrompida a revolta, a Assembléia Nacional Francesa aboliu os privilégios feudais, aprovou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, confiscou os bens do clero e separou a Igreja do Estado. Em 1798 Thomas Robert Malthus publicou o seu famoso Ensaio sobre o princípio da população, afirmando que o crescimento populacional tendia naturalmente para superar a produção de alimentos. Em 1859 Charles Robert Darwin, naturalista e fisiologista inglês, publicou o seu monumental Da origem das espécies por via de seleção natural, pedra angular do evolucionismo e da taxonomia. Em 1866 o botânico austríaco Gregor Johann Mendel fundou a genética. Autor da Fenomenologia do Espírito , de 1807, da Ciência da lógica , de 1812, e da Enciclopédia das ciências filosóficas , de 1817, Georg Wilhelm Friedrich Hegel é considerado o ponto culminante do idealismo 31

alemão depois de Kant. Afirmou que o espírito absoluto se realiza gradativamente através da história, na forma de espírito objetivo na ciência, na arte, na religião e em todas as criações humanas, cumprindo em tudo um contínuo processo dialético. George Boole ( 1815-1864) criou a álgebra lógica, para aplicação de métodos matemáticos a entidades não quantificáveis, empregando símbolos dos quais se conhecem as leis gerais de combinação. Karl Heinrich Marx, líder revolucionário, filósofo e economista alemão, foi o mais importante e influente teórico do comunismo. Em conjunto com Engels, publicou o Manifesto do Partido Comunista, de 1848. Sua obra mais importante foi O capital, cuja publicação se iniciou em 1867. A Era do Espírito O dia 18 de abril de l 857 marcou a publicação de um dos livros mais revolucionários e importantes do mundo: O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, pseudônimo do emérito pensador francês Hippolyte Léon Denizard Rivail. Alicerçando-se na existência de Deus, na imortalidade e na reencarnação dos Espíritos humanos, esse livro, o primeiro do que viria a ser a codificação do Espiritismo, estabeleceu com tanta clareza os fundamentos de uma nova doutrina filosófica de embasamento científico e conseqüências morais, que ela passou desde logo a influir profundamente na reestruturação do pensamento humano, projetando-se 32

no futuro com tão grande poder de persuasão que, longe de esgotar-se, não cessa de crescer, espraiando-se pouco a pouco pelo mundo. Louis Pasteur ( 1822-1895) foi um dos maiores benfeitores da Humanidade. Estudando a estereoquímica, descobriu a isomeria óptica. Dedicando-se à fermentação, desenvolveu a pasteurização e refutou experimentalmente a teoria da geração espontânea. Sua teoria microbiana da doença provou a ação de microorganismo: na origem das moléstias e popularizou a estenhzaçao como recurso anti- séptico, desenvolvendo depois a formulação e a prática de vacinas. O êxito dos seus trabalhos originou a fundação do Instituto Pasteur, em Paris, em 1888. Sigmund Freud ( 1856-1939), neurologista e psiquiatra austríaco, fundou a psicanálise. Escreveu, dentre outros, os livros A interpretação dos sonhos, Cinco lições de psicanálise, Totem e tabu, O ego e o id e O futuro de uma ilusão. Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900), pensador alemão, foi crítico violento da moral cristã e da filosofia ocidental constituída desde Socrates e Platão. A seu ver, a idéia de uma realidade acima do sensível, voltada para o eterno e o perfeito, não passava de mistificação que reduz o homem à condição servil. Advogou que tal idéia fosse substituída pela vontade de potência, capaz de formar super-homens criadores, além do bem e do mal. Escreveu, dentre outros livros: Assim falou Zaratustra; Humano, demasiado humano e Vontade de potência. O filósofo francês Henri Louis Bergson (1859-1941) exerceu grande influência no pensamento ocidental da 33

primeira metade do século XX. Combateu o cientificismo positivista do século XIX e considerou a intuição como a verdadeira forma de conhecimento do vivo (le vivant), da realidade em permanente devir, e não o pensamento lógico que cristaliza o processo real em conceitos estáticos. Afirmou que o passado permanece íntegro nos arquivos da memória e que dela só se filtra o necessário para a ação presente. Bertrand Arthur William Russel , filósofo e matemático inglês, escreveu, em parceria com Alfred North Whitehead, o clássico Principia mathematica. A essa altura, já havia começado a grande transformação nos arraiais da ciência, com as idéias e os trabalhos de Maxwell, Planck, Einstein, Bohr, Broglie, Heisenberg, Pauli e Dirac. Estava aberta e vitoriosa a era quântica, e os princípios da relatividade já haviam mudado a mentalidade científica do mundo. O pensamento político-social também mudou. A Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou, em 10 de dezembro de 1948, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, reconhecendo que todos nascem livres e merecem igual dignidade. Nascia uma nova era, nessas antevésperas de um novo milênio. E para celebrar esse evento a Federação Espírita Brasileira deu a lume, em 1932, o magistral Parnaso de além-túmulo , obra inaugural da portentosa e benemérita mediunidade de Francisco Cândido Xavier à qual se viria a dever importantes desdobramentos doutrinários da obra de Allan Kardec. 34

2. NAS FRONTEIRAS DO DESCONHECIDO Do Magnetismo ao Espiritismo D ata de 1779 o Manifesto sobre a descoberta do magnetismo animal, do médico alemão Franz Friedrich Anton Mesmer, que causou acirradas polêmicas nos meios científicos e conquistou radicais adversários e ardentes seguidores, dentre estes o marquês Armand Marie Jacques Chastenet de Puységur. Em 18 de abril de 1857, foi dado à luz O Livro dos Espíritos , de Allan Kardec, pseudônimo do pensador francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, marco inicial da codificação do Espiritismo, doutrina filosófica de embasamento científico e conseqüências morais alicerçadas nos evangelhos cristãos, cujos princípios 35

básicos são a existência de Deus, a imortalidade da alma e a reencarnação dos Espíritos. Afirma Kardec, na sua introdução a essa obra, que “os Espíritos exercem incessante ação sobre o mundo moral e mesmo sobre o mundo físico. Atuam sobre a matéria e sobre o pensamento e constituem uma das potências da Natureza, causa eficiente de uma multidão de fenômenos até então inexplicados e que não encontram explicação racional senão no Espiritismo”, acrescentando, noutra parte do livro, que “o Espiritismo e o Magnetismo nos dão a chave de uma imensidade de fenômenos sobre os quais a ignorância teceu um sem-número de fábulas, em que os fatos se apresentam exagerados pela imaginação’’. Notabilizaram-se, na segunda metade do século XIX, as experiências de William Crookes, o físico inglês que, depois de descobrir o tálio, inventar o radiômetro e ser o primeiro cientista a estudar os raios catódicos, afirmou ter conseguido a materialização completa do Espírito de uma moça morta, chamada Katie King, através da mediunidade de Florence Cook, introduzindo o método científico na investigação dos fenômenos espíritas. Do Hipnotismo à Parapsicologia Por volta de 1881 o doutor Josef Breuer, ao tratar da paciente Ana O., criou a terapia catártica sob hipnose, da qual se originaria mais tarde a publicação dos Estudos sobre a histeria, de 1895, realizados com a colaboração de Freud. 36

Em 1922 Charles Robert Richet, prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina de 1913, por seus trabalhos sobre a anafilaxia, publicou o seu Tratado de metapsíquica, até hoje um clássico na especialidade. Foi então que Joseph Banks Rhine, professor de Psicologia da Universidade de Duke a partir de 1930, introduziu novos métodos científicos e matemáticos na pesquisa dos fenômenos parapsicológicos, que intitulou de e percepção extra-sensorial. Com o auxílio de matemáticos e estatísticos, transformou a parapsicologia em ciência de laboratório, voltada para conclusões exclusivamente fisiológicas e neurológicas, em especial no tocante à telepatia e à clarividência. A aplicação dos seus métodos quantitativos nos estudos da telepatia foi oficialmente validada em 1937 pelo presidente do Instituto de Estatísticas Matemáticas. A seguir, Rhine dedicou-se ao estudo da psicocinesia e a Duke University começou a receber valiosas doações para financiar os seus estudos, como as que lhe fizeram a Fundação Rockefeller e o Escritório de Investigações Navais. Grandes Balizas do 2º Milênio Emverdade,éforçososereconheçaqueforamapenas quatro os grandes marcos que determinaram nos últimos mil anos os redirecionamentos alteadores e decisivos da história da Humanidade na filosofia e na ciência, vale dizer: nos próprios fundamentos do conhecimento humano. Esses marcos foram: o Heliocentrismo de Copérnico, 37

no século XVI, a Mecânica de Newton, no começo do século XVIII, o Espiritismo de Kardec, na segunda metade do século XIX, e a Relatividade de Einstein, nos primeiros decênios do atual século XX. Cada um desses magnos acontecimentos provocou uma avalanche de novos progressos e, depois de todos eles, isto é, no decurso da segunda metade do século XX, os avanços têm sido espetaculares e inestancáveis, parecendo que não cessarão de atingir, futuro a dentro, desenvolvimentos maravilhosos e crescentes. Nenhum novo marco verdadeiramente inovador alterou, nos últimos cinqüenta anos, os fundamentos e as diretrizes do pensar e do saber humanos, como o fizeram no passado aqueles quatro acima referidos. O que houve, e continua havendo, são magníficos desdobramentos dos princípios que eles embasaram e que geraram essa aluvião de progressos em todos os setores do conhecimento e da tecnologia, na medicina, na eletrônica, nas pesquisas espaciais, na engenharia de todas as modalidades. Esse surto excepcional de desenvolvimento alcançou também o Espiritismo, com o advento, nas últimas décadas, de notáveis acréscimos de novos conhecimentos doutrinários, através de obras numerosas e importantes, merecedoras de atenção. 38

3. AS MÁGICAS DO TEMPO Nos Sedimentos Geológicos I mensas quantidades de carapaças silicosas de algas diatomáceas e de cadáveres de protozoarios, celenterados e crustáceos, ovos e larvas de numerosas espécies, lulas, tartarugas, peixes e cetáceos, não completamente biodegradados permaneceram enterrados em depósitos pelágicos, durante milhões de anos, sob superpostos sedimentos abissais. Submetidos durante milênios a poderosas pressões e a ação de violentas correntes marinhas, foram-se transformando, pouco a pouco, num líquido escuro, denso e viscoso, entranhado em rochas porosas no fundo do mar, um óleo de pedras. Foi assim que o tempo transformou o primitivo lixo mortuário no precioso ouro negro que a petroquímica moderna transforma incessantemente em polímeros detergentes, solventes e fertilizantes nitrogenados de utilidade inapreciável. 39

Na Evolução das Espécies O tempo é o senhor das mutações. Em tudo se reflete a sua ação transformadora. São notáveis, por exemplo, as expressivas comprovações da paleontologia e da geologia sobre a sucessão cronológica das espécies que habitaram a Terra em épocas remotas. Essas ciências fazem-nos saber que os fósseis do período cambriano, de 500 a 600 milhões de anos atrás, são de invertebrados aquáticos, depois dos quais surgiram sucessivamente os peixes, os anfíbios e os répteis. A classificação taxonômica de vegetais e animais reflete-se nesse calendário. As análises da anatomia comparada dizem-nos que são muito semelhantes e homólogas de origem as estruturas que caracterizam o braço de um homem, a pata dianteira de um cavalo, a asa de um morcego e a nadadeira dianteira de uma baleia. A embriologia comparada nos informa, por sua vez, que os parentes mais diretos do homem, entre os invertebrados, são as estrelas-do-mar e os ouriços-do-mar. Nas Mutações Estéticas A sucessão dos estilos arquitetônicos através das idades é também demonstrativo eloqüente da atuação do tempo nos gostos e nas técnicas das coletividades humanas. A pedra, primeiro material básico da arquitetura 40

nas antigas civilizações, fundamental na construção das pirâmides egípcias, atingiu seu apogeu na simplicidade clássica da Acrópole de Atenas e na grandiosidade do Coliseu romano, para depois ceder lugar proeminente à madeira e ao concreto, em obras de arte célebres e belas, como a catedral gótica de Reims; e ao aço e ao vidro das metrópoles modernas. A Grande Espiral da Evolução Mas é nas evidências da evolução geral, processando- se em todos os sentidos na experiência humana, que as marcas do tempo mais expressivamente se revelam, nos registros da História, nas incessantes transformações dos conhecimentos, dos costumes e das atividades dos indivíduos e dos povos. Quanto mais o tempo avança, mais o progresso se acelera, nas ciências e nas artes, na tecnologia e nas estruturas sociais. E ao influxo do tempo que os instintos evoluem, lenta mas inexoravelmente, para o raciocínio e a consciência; os seres humanos se vão apurando, penosamente embora, na marcha ascensional que a todos alçará, por mais que demore, aos édens da sabedoria e da felicidade, nos cumes da evolução. 41

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4. PORTAIS DA NOVA ERA Gênese das Civilizações N osso planeta se formou há cerca de quatro bilhões e quinhentos milhões de anos, e os primeiros sinais de vida surgiram nele há seiscentos mil milênios. Foi há cinco milhões de anos que surgiram no mundo os hominídeos, ou primatas, autóctones de pele escura ou amarelada, dotados de inteligência rudimentar. Habitavam em cavernas, usavam instrumentos de pedra e viviam da caça e dos frutos da terra, nômades e em grupos, depois em bandos e finalmente em tribos. Só há oito mil anos, aproximadamente, começaram a desenvolver a agricultura e a domesticar animais, formando os seus primeiros rebanhos. A progressiva encarnação, entre eles, das levas de Espíritos degredados da constelação do Cocheiro, deu origem ao aparecimento das raças adâmicas e ao 43

estabelecimento, neste mundo, das grandes civilizações indiana, egípcia e hebraica, e das comunidades indoeuropéias que se firmaram na Grã-Bretanha, nas Gálias, na Península Itálica, na Grécia, no Oriente Próximo e na África do Norte. Os Grandes Arautos de Jesus Assim estabelecidas as bases históricas e sociais da evolução das coletividades planetárias, o Cristo Divino começou a derramar copiosamente, sobre todos os povos então formados, as grandes luzes do esclarecimento espiritual, através de valorosos mensageiros de sua magnanimidade. Fo-Hi, Lao-Tsé, Confúcio e Buda encarnaram no Oriente; Sócrates, Platão, Péricles e Aristóteles na Grécia; Moisés e os profetas entre os hebreus; Mecenas, Horácio e Virgílio entre os romanos. Os povos da Terra realizaram nesses tempos conquistas apreciáveis. A ciência egípcia legou à posteridade os monumentos físicos e iniciáticos de suas pirâmides repletas de simbolismos ainda não de todo decifrados. Os fenícios inventaram o alfabeto, os gregos fundaram a geometria, a hidrostática, a filosofia e a medicina, e os romanos instituíram os mais avançados códigos de direito de toda a Antigüidade. No que respeita, porém, aos mais elevados princípios de espiritualidade e fraternismo, desprezaram ou deturparam quase completamente as lições e os apelos 44

do Céu, estabelecendo generalizadamente em toda parte o primado da força, o direito de vida e morte sobre as mulheres, os filhos e os vencidos, o divisionismo das castas sociais e a escravidão. O Legado do Cristo O messianato de Jesus foi o grande marco de toda a nossa história: dividiu as eras e plantou no mundo, e na alma coletiva dos homens, a sementeira definitiva do amor à Paternidade Divina e à fraternidade humana. Seu Evangelho de verdade e de justiça foi argamassado com o seu próprio sacrifício e com o sangue e o exemplo dos primeiros mártires cristãos, e haveria de prevalecer na Terra, mesmo que a longo prazo, contra todas as resistências do orgulho e do egoísmo. Após o regresso de Jesus às Esferas Resplandecentes, Jerusalém foi destruída pelos romanos, os hebreus foram dispersados pelo mundo, e o Cristianismo, deturpado pelas cobiças e pela insensatez dos homens, acabou politizado nos regalos do poder temporal, nos balcões da simonia e nos desmandos da piedade mentirosa. A Missão de Maomé Contemplando do Alto os clamorosos desvios da 45

Igreja de Roma, o Cristo enviou ao mundo um poderoso emissário, dotado de mediunidade exuberante. Encarnou na cidade de Meca em 570, com a tarefa de reunir as tribos árabes e com elas organizar na Ásia a restauração da pureza do Evangelho, conspurcada na Europa. Maomé, porém, não resistiu ao assédio tentador das potências do Anticristo e, ao invés da realização programada, fundou na Terra uma religião guerreira, intolerante e agressiva, totalmente oposta aos ensinamentos de amor do Cordeiro Divino. Entrementes, o Império Romano, corroído pela corrupção e pela libertinagem, e enfraquecido por lutas intestinas, desmembrou-se e sucumbiu. Invadida e saqueada, Roma perdeu sua força e seu império. Abusos Religiosos Com a defecção de Maomé e o esfacelamento do Império Romano, desabou sobre o mundo a tenebrosa noite espiritual da Idade Média, dominada pelo poder das trevas que, depois de instituir o papado, em 6071, criou os sacrílegos tribunais da Inquisição, que sufocaram a liberdade das consciências e obstruíram o progresso espiritual da humanidade por mais de seis séculos ininterruptos. Entronizada nas culminâncias do poder político, a Igreja passou ao senhorio da Europa. Diante do 1 EMMANUEL. A caminho da luz. Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Rio 46

de Janeiro, FEB,______. expansionismo muçulmano e da ocupação de Jerusalém pelos turcos, o papa Urbano li concitou os governantes europeus à guerra santa pela libertação dos lugares sagrados do Cristianismo, promovendo assim a organização das famosas Cruzadas, que espalharam saques e morticínios em nome da religião, conseguindo apenas, no terreno material, incentivos benfazejos ao comércio e à cultura. Pródromos do Novo Mundo Diz Emmanuel, no seu precioso livro A Caminho da luz, que inúmeros mensageiros de Jesus, sob a sua orientação, iniciaram largo trabalho de associação dos Espíritos, de acordo com as suas tendências e afinidades, para formarem as nações do futuro, com a sua personalidade coletiva. A cada uma dessas nacionalidades foi cometida determinada missão, no concerto dos povos futuros, erguendo-se as bases de um mundo novo, depois de tantos e tão continuados desastres da fraqueza humana. Construíram-se os alicerces dos grandes países europeus. A Península Ibérica tornou-se imensa oficina de trabalho e a França ensaiou os passos definitivos para a sabedoria e a beleza. É assim que vamos encontrar antigos fenícios na Espanha e em Portugal, entregando-se de novo às suas predileções pelo mar. Na antiga Lutécia, que se transformou na famosa Paris do Ocidente, vamos achar a alma ateniense, nas suas elevadas indagações filosóficas e 47

científicas, abrindo caminhos claros ao direito dos homens e dos povos. Acharemos na Prússia o espírito belicoso de Esparta, que construiu o pan-germanismo na Alemanha, e encontraremos na GrãBretanha a edilidade romana, com a sua educação e a sua prudência, retomando de novo as rédeas perdidas do Império Romano. A Renascença Cultural Áureo acrescenta, em seu Universo e vida, que surgem então na Europa a pólvora, a imprensa, o papel e a bússola. Vasco da Gama chega a Calicute, na Índia; Fernão de Magalhães encontra a passagem para o Oriente, e Sebastião Elcano prova a redondeza do planeta. “De repente, - escreve ele - o Velho Mundo, em primavera, se enche de beleza. Pensadores, astrônomos, poetas, físicos, pintores, escultores e matemáticos parecem ter descido à Terra, para nela materializarem alguma coisa do Céu! É o momento radioso de Da Vinci e Miguel Ângelo; de Rafael, de Velásquez, de Murilo; de Rubens e Van Dyck; de Bramante e de Rembrandt; de Ariosto, Tasso, Rabelais e Montaigne; Cervantes e Camões, Morus e Erasmo; de Kepler, Galileu e Shakespeare; de Copérnico, Torricelli, Harvey e Leibniz, de Descartes e de Newton .. . É também a hora de Martinho Lutero, de Tereza de Ávila e João da Cruz; de Zwinglio, de Calvino e de Melanchton; de Servet e John Knox; embora seja também, desgraçadamente, o tempo e a vez de Inácio de Loiola, de Felipe II, de Leão X , de Paulo III, de Catarina 48

de Médicis e de Las Casas, o bispo escravocrata.” Emmanuel também destaca as cintilações de gênio dos vultos veneráveis de Voltaire, Montesquieu , Rousseau, D ‘Alembert, Diderot e Quesnay, de cujos sacrifícios se fez a fagulha divina do pensamento e da liberdade que incendiou o mundo. A Descida do Consolador Os acontecimentos se precipitaram. A independência dos Estados Unidos da América emulou a Revolução Francesa, à qual se seguiu a ascensão de Bonaparte, que presenteou o mundo com as magnificências de seu Código Civil, mas faliu na sua missão de congraçar os povos europeus, na prosperidade e na paz. Foi quando, dois meses2 antes de Napoleão sagrar-se imperador, nasceu Allan Kardec, com a extraordinária missão de codificar o Espiritismo, acendendo no mundo as claridades imortais do Grande Consolador. Todos sabemos como foi terrível a resposta do Anticristo a essa dádiva divina. Karl Marx fundou o materialismo dialético, que abriu caminho para o Bolchevismo ateu, enquanto a teoria nietszcheriana do super-homem suscitou o racismo intolerante de Rosenberg, embasador do Nazismo de Hitler. 2 EMMANUEL. A caminho da luz. Psicografia de Francisco Cândido Xavier. 49

Rio de Janeiro, FEB,_____. Apostolado Científico É verdade que a Ciência, distante dos entreveros políticos dos homens, produziu novos e magníficos avanços. Zamenhof criou o Esperanto; Mendel fundou a Genética; Cantor desenvolveu a Teoria Matemática dos Conjuntos; Marconi valeu-se das descobertas de Hertz e pôs em ação o telégrafo sem fio; Roentgen descobriu o raio X; Curie a radiotividade; Thomson o elétron e Planck organizou a Teoria Quântica. Mas não foi só. Freud fundou a Psicanálise; Einstein expôs as Teorias da Relatividade; Heisenberg divulgou a Teoria Atômica; Pavlov explicou os reflexos condicionados; Pauli anunciou a existência do neutrino. Descobriram-se o nêutron e o pósitron, o relógio de tempo atômico e a teoria do transistor. Provações Coletivas Nada, porém, impediu o banho de sangue e de fogo de duas cruentas conflagrações mundiais, seguidas pelas preocupantes tensões de uma guerra fria entre o Oriente e o Ocidente, que ameaçava destruir o mundo. Prevaleceram, no entanto, como sempre, as invencíveis forças do Invisível Superior, contra as quais os Dragões do Mal jamais puderam preponderar. As lições da História comprovam a transitoriedade essencial das vitórias da Sombra, que o 50


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