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Fernanda Dasko Macedo - 8A - Texto de Iniciação Científica - Documentos Google

Published by fefedasko, 2021-11-17 11:09:21

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COLÉGIO SANTO IVO FERNANDA DASKO MACEDO DISTÚRBIOS MENTAIS: MENTALIDADE SOCIAL, IGNORÂNCIA E PSICOFOBIA SÃO PAULO 2021 1

FERNANDA DASKO MACEDO DISTÚRBIOS MENTAIS: MENTALIDADE SOCIAL, IGNORÂNCIA E PSICOFOBIA Trabalho de Iniciação Científica apresentado no 8º ano do Ensino Fundamental II. Orientadoras: Profa. Ma. Adrienne Gomes; Profa. Dra. Ivana Muscalu; Profa. Dra. Carolina Nisa Ramiro e Profa. Dra. Yara Souza. SÃO PAULO 2021 2

Dedico este trabalho às dificuldades que passei durante esse ano, aos desafios que enfrentei, aos problemas que vieram para eu resolver; vocês me ajudaram a crescer como pessoa, algo que eu estava precisando muito. 3

AGRADECIMENTOS Às minhas professoras que me auxiliaram durante todo esse percurso, principalmente a Ivana Muscalu. Ela foi muito importante para mim durante esse processo, já que me indicava os pontos de aprimoramento, pontos positivos e negativos, sugestões, correções e dicas para aprofundar meu trabalho. Desde meu sexto ano eu a conheço; no meu primeiro trabalho de Iniciação Científica ela não foi a orientadora Nos últimos dois anos, em que ela me auxiliou, tenho certeza de que me possibilitou escrever e desenvolver conceitos que antes eu produzia com menos eficácia e profundidade, já que eu precisava de um empurrãozinho para crescer intelectualmente e como pessoa. Mesmo colocando mais de quinhentos comentários em uma única entrega, eu tenho certeza que eles me ajudaram a desenvolver meu pensamento e deixar minha pesquisa mais rica em informações e pensamentos críticos. Mesmo tendo saído no meio do ano, este trabalho também foi auxiliado pela Yara Souza, uma professora muito querida que me ajudou em muitos momentos difíceis, em que eu estava desordenada e meio perdida sobre minha pesquisa. Além de toda uma relação escolar, ela também é uma amiga com quem eu mantenho contato mesmo que ela não me ensine mais ciências. Ela fez parte de todo meu amadurecimento intelectual e pessoal, da minha vida, me ajudando a processar meus pensamentos diante de todo o percurso em que eu tive que lutar contra dificuldades e bloqueios emocionais. Aos meus amigos, em especial a Gabrieli Oliveira, Maria Clara Maia, Ana Luíza Moretti e Pedro Dias, que acompanharam todo o desenvolvimento do trabalho comigo, no produto final, nas dificuldades práticas e, principalmente, psicológicas que eu passei para chegar até aqui. Boa parte do meu sucesso é mérito deles, por me apoiar, me incentivar e me guiar para que eu não desistisse e largasse tudo no meio do caminho (confesso que, por muitos momentos, eu pensei nisso mas, além de ser um trabalho escolar, eu precisei utilizar muito da minha capacidade emocional e moral para continuar, não apenas o fato de ser um projeto didático). Gabrieli, eu te agradeço profundamente por ser minha amiga desde o início do ano em que nos conhecemos. Com certeza, 2019 foi um período de adaptação para mim, em que eu não estava conseguindo lidar com a escola e as situações tão 4

bem quanto eu gostaria, mas você me fez enfrentar todos os grandes desafios que vieram a aparecer. Você também amadureceu e cresceu comigo, mesmo que tenham sido só dois anos, foram momentos que nos fizeram entender e visualizar nossos problemas e a nossa amizade de uma nova forma. Maria Clara, você é minha amiga desde 2013, isso é, há uns oito anos. Entre o primeiro, segundo, terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo e oitavo ano, nossa amizade foi muito intensa, cheia de desacordos, abraços, companheirismo e apoio, em que nós duas passamos por momentos difíceis. Com o tempo, nos compreendemos no mundo como quem somos. Nós ainda temos um espírito de criança muito aguçado, mas isso não nos impediu e nem nos impede de levar nosso dia a dia juntas de uma forma tranquila e divertida, sempre apoiando uma à outra quando necessário. Ana Luíza, minha amiga de dois anos. Mesmo com nossas conversas curtas na saída da escola antes do tempo de pandemia, conforme o tempo passava, nós nos aproximamos e nos tornamos duas pessoas que se entendem muito bem e sempre tentam se completar. Tanto em dias tristes e insignificantes quanto em dias felizes, você sempre está lá para fazê-lo passar do melhor jeito possível. Nós duas vivenciamos e entendemos situações que outras não sabem, e são esses momentos mais íntimos que integram nossa amizade cada vez mais. Muito obrigada por ser essa companheira, conselheira e, principalmente, minha amiga. Por último, mas não menos importante, Pedro Dias, meu amigo mais recente entre esses citados. Nós nos conhecemos há muito tempo, anos e anos, mas nunca fomos amigos e sempre nos mantivemos à distância, até que no começo de 2020 eu tentei me aproximar e tive sucesso na minha tentativa. Jogos, trabalhos, estresse, brincadeiras e apoio foram e são a base da nossa amizade com choros e sorrisos. Obrigada por tudo, por me ajudar nos momentos de curiosidade da vida masculina, nos momentos que eu estava com vontade de sumir, nas horas de diversão e por me aliviar. Vou sempre estar aqui por você também. Agradeço aos meus pais, principalmente minha mãe, que me ajudaram nos momentos de escrita e desenvolvimento deste trabalho. Durante os períodos de entrega, eu passei por muitas dificuldades tanto no que diz respeito à escrita, quanto às questões psicológicas e, muitas vezes, foram eles que me auxiliaram e me acolheram para que eu pudesse entregar todas aquelas páginas com muita dedicação e esforço. Eles também proporcionam as condições para que eu esteja 5

aqui hoje, percorrendo todos os caminhos que foram e que ainda estão por vir. Com os desafios e as conquistas, as brigas e os acolhimentos, pai e mãe, vocês me introduziram no mundo e me fizeram criar essa ambição de conhecer o universo e tudo que está nele. (Talvez) inconscientemente, tive muito apoio emocional da minha cachorra, uma salsichinha chamada Amora. Em vários momentos em que eu estava escrevendo esse trabalho, ela ia ao meu quarto e tentava brincar comigo, me distraindo de tanto estresse que eu passava ao escrever o texto. Se teve algo que eu aprendi com o meu trabalho, é que não são só as pessoas que podem nos mostrar outras alternativas de envolvimento com o tempo e com os caminhos que a vida nos proporciona; os animais estão ali como uma forma de distração e alívio (mesmo que este, talvez, não seja o principal intuito deles) para que possamos acordar cada dia e seguir novas ideias. Em especial aos meus avós, principalmente meu avô, Edson Macedo, que morreu este ano (12/07/2021) durante o desenvolvimento do trabalho. Com certeza, não só nesse texto, mas também em todos os outros que eu escrevi, ele me deu inspirações e ideias inovadoras para aprimorar meu projeto, e eu tenho certeza que meu produto final não ficaria tão rico como está se ele não tivesse me orientado e me dado novas visões de resolução para um mesmo problema. Mesmo tendo tido complicações e vários obstáculos que tive que superar por causa de sua morte, hoje eu sei que ele me olha de algum lugar e que terá orgulho de mim e de todo o esforço que eu dedico a cada parte do meu dia, quando eu crescer. Foi com ele que eu intensifiquei minha dedicação às questões escolares e, por sua vez, foi ela que me ajudou a crescer e me dedicar cada vez mais às matérias e ao conhecimento fora delas. 6

RESUMO Esta é uma pesquisa bibliográfica sobre o preconceito contra pessoas com distúrbios mentais. Tem como objetivo investigar a psicofobia, exaltando o problema e chamando atenção para que a sociedade se conscientize sobre o assunto. O desenvolvimento do projeto se deu através de pesquisas e informações retiradas de sites confiáveis, como dados, entrevistas e resultados de pesquisas realizadas por profissionais. O julgamento negativo reservado aos portadores de problemas mentais é derivado de desinformação e conhecimento falso, que levam as pessoas a tratá-lo como um prejuízo, excluindo e privando essas pessoas de uma convivência saudável, o que compromete sua qualidade de vida. Ao contrário das doenças mentais, a dor física foi tratada com muito mais naturalidade durante os anos, os quais os problemas de saúde foram limitados apenas às questões físicas. Independentemente de qualquer tipo de limitação mental, as pessoas portadoras desses distúrbios devem ser incluídas na sociedade de forma empática e ética, já que os seres humanos vivem em comunidade, tendo como valor o acolhimento sem preconceitos. Para que esse problema seja amenizado, é necessário conscientizar as pessoas por meio da educação e do compartilhamento de informações. Pessoas com problemas mentais precisam de acesso equitativo aos ambientes sociais, para que possam se tratar sem passar por julgamentos, o que promoveria a melhoria da qualidade de vida. Incluir indivíduos com distúrbios mentais na sociedade pode contribuir para que a população atual e futura consiga desfrutar dos ambientes e situações com ética, sem qualquer tipo de preconceito com relação às características individuais e coletivas. Palavras-chave: Distúrbios mentais; Preconceito social; Psicofobia; Educação; Conscientização; Valores éticos. 7

ABSTRACT This is a bibliographic research about the prejudice against people with mental disorders. It aims at presenting psychophobia, exalting the problem and drawing attention to society’s awareness of the subject. The development of the project occurred through research and information taken from reliable sites. References such as data, interviews and research results carried out by professionals. The judgment against mental disorders is derived from misinformation and false knowledge about the case, in which the population specially focused on treating it as a loss, excluding and depriving these people of having a healthy coexistence by compromising the quality of life. Unlike mental illnesses, physical ache has been defined with several naturalness throughout the time, specifying pain just as something bodely. Regardless of any mental limitation, mental disordered people have to be included in society in an empathic and moral way, as humans work in community, it has as ethic value a no judgment host. To soften this problem, It is necessary to raise awareness through education and information sharing. Mental problems people need equitative access to social places, in this way they can be treated without having to go through judgment, valuing the improvement of their quality of life. Including individuals with mental disorders in society can contribute to the modern and future population being able to get and enjoy places and situations ethically, without any kind of judgment about individual and collective characteristics. Key-words: Mental disorder; Social prejudice; Psychophobia; Education; Awareness; Ethical values. 8

SUMÁRIO 10 13 INTRODUÇÃO 1.1 - DISTÚRBIOS MENTAIS 32 41 1.2 - HISTÓRIA DA PSICOFOBIA 51 CAPÍTULO MAKER CONCLUSÃO 54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 9

INTRODUÇÃO \"Não é sinal de saúde estar adaptado a uma sociedade doente.” (Jiddu Krishnamurti1) Segundo o Melhoramentos Minidicionário da Língua Portuguesa2, entre as definições da palavra “mente”, há “1 Inteligência, poder intelectual do espírito''. 2 Entendimento, espírito.”.3 Segundo o Dicionário Contemporâneo de Língua Portuguesa Caldas Aulete4, entre as definições da palavra “mente” há O entendimento, o espírito, a alma. [ ] Vontade, disposição para fazer alguma coisa. [ ] Concepção; Imaginação. [ ] Intenção; intuito; plano, desígnio. [ ] Ter na mente, ter presente ao espírito. De boa mente (loc. adv.), voluntariamente. V. boamente. De má mente (loc. adv.), contra vontade. Em mente (loc. adv.), mentalmente. [ ]5 O tema do presente trabalho é a ignorância e a visão julgadora diante do grupo de pessoas que apresenta problemas mentais, bem como a verdadeira realidade que se esconde por trás da falta de conhecimento. O problema de pesquisa é a incompreensão de muitos indivíduos frente às pessoas com distúrbios mentais. Dentre os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), apresentados na Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU), o que mais diretamente se relaciona ao tema da pesquisa é o (3), Saúde e Bem-Estar - Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as 1 Disponível em: <https://querobolsa.com.br/revista/13-citacoes-sobre-saude-para-usar-na-redacao> Acesso em 20/03/2021. 2 (2001, p 330) 3 Dicionário Melhoramentos Minidicionário da Língua Portuguesa. 28 27 26 25 24 ed. São Paulo: Melhoramentos, 2015. 4 (1980, p 2326) 5 Dicionário Contemporâneo de Língua Portuguesa Caldas Aulete. III ed. Rio de Janeiro: EDITORA DELTA S. A. 1980. 10

idades6. Esse foi o objetivo escolhido, por apresentar de forma ampla algumas questões de acesso à saúde mental para todos. O objetivo é compreender a incidência de problemas mentais entre os jovens de todo o Brasil, para que o convívio humano se torne mais ético, empático e compreensível, assim a qualidade de vida de todos tem grande possibilidade de subir de patamar, uma vez que as pessoas passarão a se socializar de forma equalitária e respeitosa. O acolhimento das pessoas com distúrbios mentais pode facilitar seu tratamento, já que os julgamentos preconceituosos podem se converter em apoio àqueles que necessitam, promovendo o melhor desenvolvimento de seus tratamentos e da qualidade de vida. O motivo da escolha do tema foi a percepção da forma como algumas pessoas se comportam em relação às outras e o interesse em refletir sobre como a humanidade evoluiu e retrocedeu em alguns aspectos. O exercício proposto ao longo da pesquisa foi idealizar como seria se a sociedade nunca tivesse colocado um padrão do “típico” e do “atípico” e como a convivência social seria se as pessoas não fossem discriminadas por serem quem são ou por algo que está presente em sua vida cotidiana (desde, claro, que não infrinjam as leis). Após a reflexão sobre o preconceito contra mulheres, comunidades LGBTQIA+, questões raciais, étnicas e de nacionalidade, indivíduos de classes sociais subalternas, pessoas com problemas de saúde, questões de peso, discrminimação de religiões e outros grupos, o grupo social escolhido para o desenvolvimento desta pesquisa foi o das pessoas com distúrbios mentais. É necessário acabar com o preconceito relacionado a essas pessoas que, segundo o site Medicina Dia a Dia7, pode impactar o indivíduo a ponto deste se recusar a buscar ajuda, uma situação muito preocupante que pode gerar resultados clínicos significativos, como problemas relacionados a violência, abuso de drogas, maior risco de recaídas, alto nível de estresse físico e emocional, aumento dos custos de saúde, desemprego e outras sérias questões. Esse tema é verdadeiramente importante para a sociedade, uma vez que pessoas diferentes do padrão estabelecido são discriminadas e julgadas. Além disso, problemas mentais são graves e exigem tratamento, seja ele com medicações ou sessões de terapia. Em convívio com pessoas de classe social média à alta foi 6 Disponível em: <https://odsbrasil.gov.br/objetivo/objetivo?n=3> Acesso em 20/03/201. 7 Disponível em: <https://tinyurl.com/5e238adb.> Acesso em 20/03/2021. 11

possível verificar, ainda que inicialmente, que essa parcela da sociedade se apoia em muitos estereótipos associados aos distúrbios mentais, mesmo que tais pessoas tenham acesso a muitas informações. Muitos desses estereótipos prejudicam o desenvolvimento dos portadores de distúrbios mentais8. A ignorância de muitas pessoas em relação a esse grupo social pode ocasionar a piora do estado mental de alguém, retardando sua recuperação. Segundo o G1, a dificuldade diária de lidar com efeitos colaterais dos medicamentos e o preconceito pioram visivelmente seu estado. Trabalhar para a construção de uma sociedade que não julgue as pessoas por seus problemas de saúde mental pode auxiliar no desenvolvimento do bem-estar social. 8 Disponível em: <https://g1.globo.com/ro/vilhena-e-cone-sul/noticia/psicofobia-preconceito-contra-vitimas-de-transtornos -mentais-prejudica-pacientes.ghtml> Acesso em 17/03/2021. 12

1.1 - DISTÚRBIOS MENTAIS Distúrbios mentais são reflexos psicológicos, cognitivos e psíquicos que podem ser crônicos, ou seja, se manifestar durante a vida inteira de uma pessoa, ou podem acontecer durante algum momento específico, normalmente tempos considerados difíceis para as pessoas, em que estas podem desenvolver ou ter agravada uma doença mental, como a morte de um ente querido. Dependendo da pessoa, do tipo e do estágio da doença, esses reflexos podem ultrapassar o psicológico e chegar ao físico, podendo, ou não, comprometer a qualidade de vida de alguém. Os transtornos mentais podem ter variação entre seus fatores. Os psicológicos (que serão abordados neste texto) são tratados por psicólogos, já que esta classificação abrange os problemas relacionados aos comportamentos humanos. Sendo assim, os problemas classificados como psicológicos em geral são tratados com sessões de terapia e aconselhamento, com acompanhamento do profissional. Essas questões envolvem a investigação e análise dos padrões de sono, hábitos alimentares e pensamentos negativos que podem ou não contribuir para o desenvolvimento da doença. A questão aqui diz respeito aos diversos motivos que fazem o paciente ter problemas mentais e emocionais, sendo que estes podem ser expressados (na maioria das vezes) por conversas, desenhos, leituras e exercícios corporais. Os transtornos psicológicos podem dificultar muitas vezes o autoconhecimento, a manutenção de boas relações sociais (pessoais ou profissionais) e a administração das adversidades. Já os transtornos mentais por disfunções da atividade cerebral podem variar e incluem a perda absoluta de consciência, a desorientação, a dificuldade de concentração e o comprometimento de uma ou várias partes com funções específicas que atuam na experiência consciente. Existem diferentes tipos e gravidades das disfunções que dependem de: ● Extensão da lesão cerebral ● Localização da lesão cerebral ● Rapidez com que a doença está progredindo A disfunção cerebral pode ser ● Localizada (focal): Limitada a uma área específica 13

● Difusa (global): Generalizada9 A disfunção localizada se desenvolve como consequência de algum problema que afeta certa área do cérebro, podendo ser: ● Tumores cerebrais ● Abscessos cerebrais ● Distúrbios que reduzem o fluxo de sangue (e, assim, o fornecimento de oxigênio) para uma área específica, tal como um acidente vascular cerebral ● Traumatismos cranianos ● Certos tipos de transtornos convulsivos10 Já a disfunção difusa é provocada por problemas que afetam áreas cerebrais grandes, como: ● Distúrbios que causam anomalias metabólicas, como baixos níveis de açúcar no sangue (hipoglicemia ) ou baixos níveis de oxigênio no sangue (hipóxia – geralmente devido a um problema pulmonar ou cardíaco ou, frequentemente, devido a parada cardíaca ou respiratória) ● Infecções, como meningite e encefalite ● Pressão arterial muito alta ou pressão arterial muito baixa ● Distúrbios que afetam os vasos sanguíneos, tais como vasculite (inflamação dos vasos sanguíneos) ● Câncer que se espalhou para diversas áreas do cérebro ou para os tecidos que revestem o cérebro ea medula espinhal (meninges) ● Distúrbios que causam degeneração progressiva do cérebro, como doença de Alzheimer e outras demências11 Ainda assim, as disfunções difusas podem resultar em problemas se uma área específica do cérebro estiver inflamada ou pressionada sobre uma vasta parte do órgão. Algumas doenças que podem ser incluídas são abscessos cerebrais, grandes tumores no cérebro, ferimentos graves ou contusões na cabeça. Diferentes áreas do cérebro controlam diferentes funções específicas, sendo assim o local lesionado determina a função que é perdida ou parte danificada. 9 Disponível em: <https://bityli.com/prPXFU> Acesso em 19/09/2021. 10 Disponível em: <https://bityli.com/prPXFU> Acesso em 19/09/2021. 11 Disponível em: <https://bityli.com/prPXFU> Acesso em 19/09/2021. 14

Disponível em: <https://tinyurl.com/dvx3s4zy> Acesso em 19/08/2021. Ambas as disfunções afetam o comportamento, o humor, o raciocínio, a forma e as dificuldades de aprendizagem e a maneira de se comunicar podem ser aspectos afetados por esses problemas. Normalmente, esses transtornos trazem um nível elevado de sofrimento e sentimento de incapacitação, dificultando os relacionamentos, a carreira profissional, estudos, momentos de lazer e realização de outras atividades cotidianas. Segundo o vídeo sobre “9 Fatos Sobre Transtornos Mentais”12, do canal Minutos Psíquicos, da plataforma Youtube, sempre que uma pessoa é diagnosticada com algum transtorno mental significa que há uma alteração no organismo da pessoa que pode se manifestar nas capacidades cognitivas, nos processos biológicos ou de desenvolvimento relacionados ao funcionamento mental, como disfunções na atenção, no autocontrole, na regulação das emoções e em outras áreas. Muitas pessoas confundem a manifestação desses transtornos com outras situações. São normais as mudanças de humor, pensamentos e emoções durante a vida de uma pessoa, mas é importante ressaltar que estes são considerados problemas de saúde mental quando causam angústia, medo e tremor ao paciente, 12 Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=s0jCmpFavGw.> Acesso em 17/05/2021. 15

comprometendo a plenitude de sua vida. Os efeitos desses transtornos podem ser temporários ou duradouros mas, independentemente de sua duração, ainda diferem de momentos difíceis pelos quais todas as pessoas passam. Também é importante ressaltar que a vivência de situações desagradáveis pode ajudar a desenvolver ou agravar doenças mentais. Nesses casos, é necessário considerar o ambiente no qual cada pessoa está inserida, bem como a cultura e os pensamentos que predominam seu cotidiano e vida.Do mesmo modo, deve-se considerar as diferenças nos modos de agir e de ser, além dos diferentes pontos de vista. Afinal, nem sempre comportamentos variados e não esperados pela sociedade são transtornos mentais, uma vez que a forma de ser e as decisões de cada um são influenciados por fatores culturais, religiosos e conjunturais13. Decisões e ações atípicas são parte da vida, estando muito mais ligadas a uma questão de interpretação de contexto do que a um transtorno psicológico em si. É possível que uma pessoa tenha mais de um transtorno mental ao mesmo tempo, sendo que uma doença mental já é um fator de risco e maior possibilidade para o desenvolvimento de outra. O termo utilizado para descrever essa simultaneidade, em que dois ou mais transtornos ocorrem de forma conjunta, é comorbidade. Uma das comorbidades mais comuns são os transtornos depressivos e de ansiedade. Muitas comorbidades podem ocorrer pela relação íntima entre os sintomas de dois ou mais transtornos, tendo em vista que apresentar apenas uma dessas doenças já significa maior facilidade de desenvolver novos transtornos. Segundo André Rabelo, doutor em psicologia e dono do canal já apresentado, doenças mentais muito específicas podem ser tratadas de formas diferentes a partir da visão de duas pessoas que apresentam o mesmo distúrbio. Dois indivíduos podem apresentar variações muito grandes entre suas experiências e os acontecimentos relacionados à doença. Além disso, os transtornos podem variar em frequência, gravidade, intensidade, duração e contexto no qual se manifesta. Para poder classificar as particularidades na maneira com que os transtornos se manifestam, subtipos e especificadores fazem parte do diagnóstico de um transtorno mental, pois classificam os diferentes comportamentos e experiência 13 Cada pessoa olhará de um jeito diferente para uma situação diante do estado psicológico, social e econômico que essa pessoa se encontra, podendo aplicar-se a vários patamares a partir de onde cada um vê o problema ou situação proposta. 16

sendo, portanto, importantes por dar maior característica e especificidade ao diagnóstico. Nenhum caso pode ser classificado em mais de um subtipo, mas pode ter mais de um especificador. Para classificar quantos subtipos e especificadores um distúrbio tem é necessário analisar diversas situações de cada um deles, sendo uma organização com uma investigação mais individual. Já outra questão controversa diz respeito ao que é ser “normal”. Essa expressão já foi considerada antiquada porque não é possível determinar o que é “normal” dentre todas as variações e diversidade do mundo14. Tanto as pessoas que apresentam problemas mentais quanto as que não, são muito parecidas, tendo bem menos diferenças do que se pode imaginar. As características desses dois grupos são semelhantes, as únicas diferenças são os níveis em que cada um apresenta distúrbios na mente. Todas as pessoas sofrerão, estão sofrendo ou já apresentaram diferentes sintomas de problemas mentais, mas apenas uma parcela delas apresentará níveis mais elevados dessas manifestações, chegando ao ponto de atingir os critérios de diagnóstico de um transtorno. Um exemplo é que todos apresentam algum nível de traço de narcisismo15, psicopatia16 e maquiavelismo17, as 14 A forma correta é utilizar os termos “típico” e “atípico”. 15 Característica de personalidade que inclui a necessidade de sentir-se superior a todos, apresentando nível extremamente inferior de empatia e a busca e crença de que as pessoas são superiores a tal que apresenta esse transtorno de personalidade, trazendo diversos prejuízos, como a maior dificuldade de desenvolver relacionamentos, maiores problemas com trabalho e outros indivíduos e tristeza profunda. Esse transtorno pode resultar em relacionamentos abusivos, em que muitas vezes é confundido com psicopatia, em que há um amor excessivo sobre si mesmo, desencadeando em ansiedade e depressão, segundo Erlei Sassi, coordenador do Ambulatório Integrado de Transtornos de Personalidade e do Impulso do Ipq do HC-FMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), disponível em: <https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2019/07/16/voce-sabe-o-que-e-narcisismo-entenda-q uando-essa-caracteristica-e-perigosa.htm> Acesso em 19/05/2021. 16Segundo o site TUA SAÚDE, disponível em: <https://www.tuasaude.com/como-reconhecer-um-psicopata/#:~:text=Como%20identificar%20um%20p sicopata&text=A%20psicopatia%20%C3%A9%20um%20transtorno,de%20empatia%20com%20os%20 outros.> Acesso em 19/05/2021, a psicopatia é um transtorno psicológico caracterizado por comportamentos antissociais e compulsivos, vindo de falta de empatia e desprezo com outros. Esse transtorno faz com que a pessoa seja muito manipuladora, centralizadora, falta de responsabilidade por suas atitudes e comportamentos extremamente narcisistas. 17 Um transtorno de personalidade com muita relação ao narcisismo e a psicopatia, mas com marcos únicos que podem diferenciá-lo desses dois. Pessoas com essa alteração têm grande insensibilidade, o afastamento à moralidade convencional e busca em procurar enganar os outros. Diferentemente dos psicopatas que não dão tanta importância a seus atos, os maquiavélicos planejam tudo com antecedência, desenvolvem alianças e se esforçam para manterem uma imagem positiva. Tudo isso segundo o site UOL, disponível em: <https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2015/12/30/interna_ciencia_saude,5 12352/maquiavelismo-narcisismo-e-psicopatia-ainda-prosperam-na-sociedade.shtml> Acesso em 19/05/2021. Ainda segundo o site, é normal haver o maquiavelismo entre os narcisistas, em que há a manipulação para conseguir-se o que quer, geralmente superioridade e admiração, questões mais objetivas. A psicopatia já tem situações e desejos mais materiais. Estes são problemas difíceis de entender e diagnosticar porque não há uma alteração biológica por trás desses transtornos, não tendo 17

principais características de transtornos como a personalidade anti social e personalidade narcisista. Então, alguém que se considera “normal” não é essencialmente diferente de quem apresenta distúrbios mentais, sendo esse o fator que dificulta delimitar o que é ser “dentro dos padrões”, ou “normal”. Da mesma forma que pessoas que sofrem de um mesmo transtorno podem conviver com situações diferentes, pessoas que não possuem os mesmos problemas mentais podem viver acontecimentos parecidos na prática, já que vários transtornos apresentam os mesmos sintomas, causas e consequências. Como exemplo, pode-se tomar o ataque de pânico, que é o principal sintoma do transtorno de pânico, e pode ser também uma manifestação de distúrbios como agorafobia, ansiedade/fobia social, à fobia específica ou transtorno de estresse agudo. Outra questão é o \"autodiagnóstico'' feito a partir de informações genéricas sobre problemas mentais disponíveis na internet. O ideal a fazer nos casos em que há necessidade ou interesse em diagnosticar algum transtorno mental é consultar um profissional. Psicólogos ou psiquiatras possuem a formação adequada para realizar uma avaliação psicológica, bem como diagnosticar um transtorno mental e esclarecer dúvidas. Alguns profissionais podem conduzir de forma mais aprofundada e completa as etapas necessárias para o diagnóstico, então é recomendado que se procure profissionais experientes e se permita que o mesmo levante uma série de informações para embasar o diagnóstico de transtorno mental e a prescrição do tratamento mais adequado (em caso de confirmação da existência de algum problema). Muitas pessoas ainda têm uma visão pouco realista sobre o que é ter um transtorno mental. De modo geral, é possível afirmar que qualquer pessoa tem a possibilidade de desenvolver um desequilíbrio mental, sendo que algumas pessoas são mais predispostas do que outras. O gráfico apresenta alguns dos principais transtornos que atingem a população brasileira. assim, medicamentos próprios a eles, pelo o que explica Helena Moura, membro da Sociedade Brasileira de Psiquiatria (ABP). 18

“Prevalência dos transtornos mentais” Imagem disponível em: <https://tinyurl.com/2hawmwan> Acesso em 20/05/2021. Tendo em vista que existem muitos tipos de transtornos e, no interior de cada um, diversas classificações, aqui serão abordadas as doenças mentais mais comuns, não necessariamente todas. 19

“Taxa de transtornos mentais e decorrência de uso de substâncias psicoativas a cada 100 mil habitantes em 2015, para o Brasil e Unidades Federativas” Imagem disponível em: <https://tinyurl.com/9etwcbvz> Acesso em 19/05/2021. O gráfico acima representa a quantidade de pessoas com diferentes transtornos mentais e usuários de substâncias psicoativas em 2015, no Brasil e em seus Estados, incluindo o Distrito Federal. Transtornos de ansiedade e depressivos são os mais comuns em todos os estados. Os transtornos decorrentes do uso de álcool, assinalados em verde, têm grande variação regional: Sergipe e Ceará, que lideram entre os estados, registraram mais de 500 mil pessoas nessas condições. Pará e Roraima, por sua vez, contabilizam pouco mais de 100 mil pessoas com esse tipo de transtornos. Em contrapartida, outros distúrbios mentais e decorrentes do uso de substâncias, assinalados em preto, são os que menos têm variações entre os estados. 20

“Cada transtorno mental e decorrẽncia do uso de substâncias psicoativas, em 2015, por idade e sexo, no Brasil” Imagem disponível em: <https://tinyurl.com/9etwcbvz> Acesso em 19/05/2021. O gráfico acima representa os portadores de diferentes problemas mentais divididos por idade e sexo. É possível analisar que a aparição dos transtornos foi mais recorrente, em ambos os sexos, na fase adulta, principalmente entre os 35-39 anos. Conforme as pessoas vão ficando mais velhas, até os 45-49 anos, os números tendem a subir. Em contraponto, a partir dos 50-54 anos, as pessoas mais velhas apresentam menos transtornos, diminuindo significativamente o número de portadores de distúrbio alimentar. Os transtornos alimentares têm seu maior alcance entre as mulheres de 35 a 39 anos, sendo que esse número diminui conforme aumenta a idade. Entre os homens, esse desequilíbrio não é apresentado, o que autoriza a conclusão de que o número de pessoas do sexo feminino que sofrem desse transtorno é significativamente maior que o masculino. Os transtornos de ansiedade e depressivos têm uma elevação brusca conforme o aumento da idade em relação à sua principal aparição, por volta dos 5-9 anos, tendo seu pico aos 40-44 anos e retrocedendo conforme a velhice floresce cada vez mais. Outros transtornos mentais e decorrentes do uso de drogas, o retardo 21

mental, transtornos de conduta, transtorno bipolar, transtorno de espectro autista, transtornos decorrentes ao uso de drogas e álcool são os que mais afetam todos a partir dos 25-29 anos, sendo os que mais persistem ao longo da vida dessas pessoas. “Porcentagem do número de adolescentes com problemas mentais do Brasil, entre 2013 e 2014” Imagem e informações disponíveis em: <https://tinyurl.com/3f3zyz5b> Acesso em 19/05/2021. As informações acima são referentes a uma pesquisa realizada em 2013 e 2014 por várias universidades brasileiras, financiada pelo Ministério da Saúde. Os resultados mostram que 30% dos jovens apresentam algum tipo de problema mental e que estes tendem a aumentar conforme a pessoa cresce. Nessa pesquisa, 26,7% dos adolescentes de 12 a 14 anos foram diagnosticados com transtornos mentais; já 33,6% dos mais velhos, entre 15 e 17 anos, foram identificados como portadores de algum distúrbio. O índice das meninas é consistentemente maior que o dos meninos, em qualquer uma das idades analisadas. Aos 12 anos, 28,1% delas apresenta algum tipo de Transtornos Mentais Comuns (TMC). Já seu ápice acontece aos 17 anos, quando 44,1% das jovens apresentam algum tipo de desequilíbrio, diferentemente dos garotos, que exibem números mais baixos, 27,7%. 22

Segundo o Hospital Santa Mônica18, os principais transtornos mentais são: Depressão19: quadro clínico caracterizado pela perda de vontade para a realização de atividades cotidianas, tristeza duradoura, ausência de ânimo e oscilações de humor. Pode levar a pensamentos suicidas e ser confundido com ansiedade, sendo assim é necessário diagnóstico e tratamento adequado o quanto antes. É necessário deixar claro que aqui são abordados os transtornos mentais relacionados, principalmente, a questões sociais, e não necessariamente genéticas. É importante fazer essa ressalva porque a depressão pode ter diferentes causas, entre elas20: ● Genética: Após estudos com familiares, gêmeos e adotados, chegou-se ao dado que há um componente genético. Estima-se que o componente representa 40% de possibilidade a mais de desenvolver depressão. ● Bioquímica cerebral: Os neurotransmissores podem apresentar deficiências de substâncias cerebrais. Noradrenalina, Serotonina e Dopamina são alguns envolvidos na regulação da atividade motora, do sono, do apetite e do humor. ● Eventos vitais: Eventos traumáticos e estressantes podem desencadear episódios depressivos, principalmente naqueles que têm uma disposição genética maior a desenvolver a doença. Outros fatores que podem contribuir para o desenvolvimento da depressão21 são: ● Histórico familiar; ● Transtornos psiquiátricos correlatos; ● Estresse crônico; 18 Disponível em: <https://hospitalsantamonica.com.br/tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-transtorno-mental/> Acesso em 21/05/2021. 19 CID 10 (Código de Identificação de Doença) - F33. Informações disponível em: <https://www.minhavida.com.br/saude/temas/depressao#:~:text=A%20depress%C3%A3o%20(CID%20 10%20%E2%80%93%20F33,doen%C3%A7a%20e%20a iniciar%20 acompanhamento%20m%C3%A9dico.> Acesso em 24/05/2021. 20 Disponível em: <https://antigo.saude.gov.br/saude-de-a-z/depressao> Acesso em 19/08/2021. 21 Disponível em: <https://antigo.saude.gov.br/saude-de-a-z/depressao> Acesso em 19/08/2021. 23

● Ansiedade crônica; ● Disfunções hormonais; ● Dependência de álcool e drogas ilícitas; ● Traumas psicológicos; ● Doenças cardiovasculares, endocrinológicas, neurológicas, neoplasias entre outras; ● Conflitos conjugais; ● Mudança brusca de condições financeiras e desemprego. Segundo a Organização Mundial da Saúde22 (OMS), mais de 300 milhões de pessoas ao redor do mundo sofrem com esse transtorno, independente da idade. No Brasil, a estimativa é que 5,8% da população seja afetada. Esse problema pode se desenvolver, passando por três fases: leve (CID 10 F33.0)23, moderada (CID 10 F33.1) e grave (CID 10 F33.2). Em seu nível leve, o tratamento não necessita de remédios, mas de uma rotina de exercícios físicos e consultas ao psicólogo ou psiquiatra. Nos outros dois níveis, as consultas, atividades físicas e outras formas de melhoria da qualidade de vida são mantidas, mas vêm acompanhadas de medicamentos, sempre prescritos e com uso acompanhados por profissionais. 22 Disponível em: <https://www.minhavida.com.br/saude/temas/depressao#:~:text=A%20depress%C3%A3o%20(CID%20 10%20%E2%80%93%20F33,doen%C3%A7a%20e%20a iniciar%20 acompanhamento%20m%C3%A9dico.> Acesso em 24/05/2021. 23 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde. 24

Informações segundo o site Minha Vida24. Transtorno de ansiedade: Caracterizado por vários sintomas físicos e psicológicos simultâneos, como medo, preocupação ou agitação em excesso. Provoca sensação de desconforto, mau pressentimento, tensão emocional e outros sentimentos muito desagradáveis. É muito prejudicial porque afeta severamente a vida emocional, social e profissional de seu portador25. Segundo estudo realizado pela Universidade Federal do Piauí, os transtornos de ansiedade levam muitas pessoas a se afastarem do trabalho26. Entre os sintomas físicos mais evidentes está a sudorese (suor excessivo em algumas regiões do corpo), tremores nos membros superiores e inferiores, palpitação, dores torácicas, sensação de sufocamento e formigamento nas mãos e nas costas. Para uma criança, essa doença pode ser um 24Disponível em: <https://www.minhavida.com.br/saude/temas/depressao#:~:text=A%20depress%C3%A3o%20(CID%20 10%20%E2%80%93%20F33,doen%C3%A7a%20e%20a iniciar%20 acompanhamento%20m%C3%A9dico.> Acesso em 24/05/2021. 25 Disponível em: <https://hospitalsantamonica.com.br/quais-as-principais-doencas-psiquiatricas-entenda-como-trata-las/ > Acesso em 22/05/2021. 26 Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672018001102213&lng=en&nrm=iso &tlng=pt> Acesso em 22/05/2021. 25

problema ainda maior do que para os adultos, pois as crianças têm maior dificuldade em identificar e comunicar com clareza o que estão sentindo27. Sintomas Físicos Sintomas Psicológicos Enjoo e vômitos Agitação e balanço das pernas e dos braços Tontura ou sensação de desmaio Nervosismo Falta de ar ou respiração ofegante Dificuldade de concentração Dor ou aperto no peito e palpitações Preocupação no coração Dor de barriga, podendo ter diarreia Medo constante Roer as unhas, sentir tremores e falar Sensação de que algo ruim vai muito rápido acontecer Tensão muscular, causando dor nas Descontrole sobre os próprios costas pensamentos Irritabilidade e dificuldade para dormir Preocupação exagerada em relação à realidade Um quiz realizado pelo website Tua Saúde2829, pode ajudar as pessoas a identificar sinais de ansiedade, a partir de perguntas que devem ser respondidas honestamente, conforme os sentimentos e situações individuais nas últimas duas semanas30. 27 Disponível em: <https://www.tuasaude.com/sintomas-de-ansiedade/#:~:text=Os%20sintomas%20de%20ansiedade%2 0podem,v%C3%A1rios%20sintomas%20ao%20mesmo%20tempo.> Acesso em 24/05/2021. 28 Disponível em: <https://www.tuasaude.com/sintomas-de-ansiedade/#:~:text=Os%20sintomas%20de%20ansiedade%2 0podem,v%C3%A1rios%20sintomas%20ao%20mesmo%20tempo.> Acesso em 24/05/2021. 29 Teste disponível em: <https://www.tuasaude.com/sintomas-de-ansiedade/#:~:text=Os%20sintomas%20de%20ansiedade%2 0podem,v%C3%A1rios%20sintomas%20ao%20mesmo%20tempo.> Acesso em 24/05/2021. 30 É necessário deixar claro que esse quiz foi acessado em 24/05/2021, tendo em mente que variações no website podem acontecer a partir de novas descobertas científicas sobre esse transtorno que possam contribuir a uma melhor forma de prevenção e tratamento. 26

Transtorno bipolar:. Uma alteração mental grave, caracterizada por mudanças de humor que alteram momentos de depressão com sintomas de obsessão e que desencadeia modificações altas de humor, podendo levar o paciente a experienciar tristeza profunda, mania em que há euforia extrema ou hipomania (uma versão mais leve da mania). Normalmente se manifesta entre o final da adolescência e o início da idade adulta e, por se tratar de uma doença grave, também chamada “maníaco-depressiva”, agrava-se tanto em mulheres quanto em homens e necessita de tratamento a vida inteira. Os sintomas variam de acordo com o estado e momento de vida e podem se alternar entre maníaco, depressivo ou ambos. Estes sinais podem ficar presentes por dias, semanas, meses ou anos. Sintomas de episódio depressivo Sintomas de episódio maníaco Mau humor, tristeza, ansiedade e Agitação, euforia e irritabilidade pessimismo Sentimentos de culpa, inutilidade e Falta de concentração desamparo Perda de interesse por atividades Crença irrealista em suas habilidades cotidianas ou gostos pessoais do indivíduo Sensação de fadiga constante Comportamento incomum Dificuldade de concentração Tendência ao uso de drogas Irritabilidade e agitação Fala muito rápida Insônia (falta de sono) ou hipersonia Falta de sono (sono excessivo) Alterações no apetite e peso Negação de que algo está errado Dor crônica Aumento do desejo sexual Pensamentos de suicídio e morte Comportamento agressivo Fonte das informações: <https://tinyurl.com/hmaec2ne> Acesso em 25/05/2021. 27

Existem três níveis do transtorno bipolar, entre eles: Transtorno bipolar tipo 1: Caracterizado por períodos de mania, em que aparecem extrema felicidade e euforia, sensação de energia, agitação, delírios de grandeza e pouca necessidade de dormir. Pode ser confundido com esquizofrenia por haver sintomas parecidos, como irritabilidade, agressividade ou delírios paranóicos (com destaque a este último). Além de serem mais frequentes os episódios de mania, esta também pode apresentar alternantes momentos de depressão. Esses sintomas prejudicam os relacionamentos interpessoais e as atividades cotidianas e diminuem drasticamente a qualidade de vida, exigindo, com frequência, a internação dos portadores. Transtorno bipolar tipo 2: Caracterizado pela presença de episódios depressivos e hipomaníacos leves que podem não interferir intensamente no cotidiano da pessoa. O portador deste transtorno normalmente apresenta maior sociabilidade, impulsividade, menor necessidade de sono, maior capacidade de iniciativa, energia para as atividades e impaciência. Quando surgem episódios alternados de depressão e hipomania, este é classificado como Transtorno de Bipolaridade Tipo 2, segundo site Tua Saúde31. Transtorno ciclotímico: Pode ser considerado uma forma leve do transtorno de bipolaridade, tendo episódios de depressão e hipomania que podem durar e persistir por, pelo menos, dois anos ou mais (sintomas mais duradouros). Pode ser confundido com a depressão, já que muitos de seus sintomas são semelhantes aos da doença. Para se ter ideia da importância do tratamento para os problemas mentais, é interessante analisar um caso de polícia que foi desvendado após mais de oito anos 31 Disponível em: <https://www.tuasaude.com/transtorno-bipolar/#:~:text=O%20transtorno%20bipolar%20%C3%A9%20u ma,vers%C3%A3o%20mais%20leve%20da%20mania.> Acesso em 25/05/2021. 28

de investigação. O caso ganhou tanta repercussão que se tornou um documentário da Netflix, chamado “Cena do Crime - Mistério e Morte no Hotel Cecil”32. Elisa Lam, uma garota de 21 anos, nascida no Canadá em 30 de abril de 1991, formada na Universidade da Colúmbia Britânica, foi encontrada morta em 2013, em uma caixa d’água do Hotel Cecil, em Los Angeles, nos Estados Unidos, após desaparecimento que durou mais de 15 dias. Apesar do laudo do médico legista afirmar que não havia água em seus pulmões, foi determinado que sua morte foi por afogamento. O caso começou a ser investigado por reclamações de que a água dos banheiros dos quartos estava com gosto e cor estranhos, de aspecto escuro e não agradável. Após o aviso ao hotel, o senhor encarregado de analisar o problema foi surpreendido pela descoberta do corpo da garota. Em visita a Los Angeles, a universitária se hospedou no Hotel Cecil, que não gozava de boa reputação no que diz respeito à segurança, mas oferece preços acessíveis de diárias. Elisa sofria do transtorno bipolar tipo 1, o mais grave entre eles e, apesar dos inúmeros remédios que ela consumia para controlar os sintomas e efeitos colaterais da doença, o desequilíbrio era muito intenso e interferia nos relacionamentos e no cotidiano da jovem. Com episódios alternados de depressão, ansiedade, mau humor, falta de autoaceitação, comportamento incomum, delírios e ataques maníacos, ela enfrentava muita dificuldade para manter um bom estilo de vida, o que expressava em seu blog. Esse transtorno é o que mais causa suicídios no mundo. Muitos pacientes que sofrem desta doença têm certa dificuldade para aceitar o uso de medicamentos e o desequilíbrio em si, tipo de pensamento negativo que Elisa apresentava. Muitas vezes, por diversos motivos, ela deixava de tomar os remédios e os ataques maníacos aconteciam consequentemente, tornando-se episódios constantes e extremamente graves. Apesar de não ter sido suicídio, as tendências de pensamentos suicída aumentaram e as consequências mais graves da interrupção do tratamento foram episódios graves de mania, que levaram a mulher a uma situação de desespero, em que passou a se sentir perseguida. Considerando-se que nesses episódios as pessoas dificilmente conseguem compreender a realidade ou utilizar a razão, Lam buscou um lugar para se esconder de seu perseguidor imaginário, entrou na caixa 32 Disponível em:<https://www.netflix.com › title> Acesso em 25/05/2021. 29

de água que, como estava em uso, a puxou para baixo, impossibilitando que ela voltasse à superfície, o que causou a sua morte. Demência: Altera o comportamento, as atividades cotidianas e as interações sociais a partir de sintomas como desorientação, confusão mental, agressão, irritabilidade, ansiedade, apatia, depressão e paranóia, além de muitos outros33. Transtorno de déficit de atenção: Dificuldade de concentração, hiperatividade e comportamento impulsivo, levando a pessoa a variações de humor, inquietação e dificuldade de se organizar34. Esquizofrenia: Transtorno que afeta a interação social com outras pessoas e o próprio cotidiano. As alucinações, visões, paranóias e delírios se impregnam dia a dia na mente da vítima e dificultam cada vez mais a diferenciação do real e do irreal35. Essa doença é um dos principais transtornos psicóticos e tem relação com várias enfermidades da área da psicologia36. Esse desequilíbrio pode tanto acabar desencadeando outros transtornos preexistentes quanto surgir (ou se desenvolver) a partir destes. Transtorno obsessivo-compulsivo: Pensamentos e inquietações que levam a comportamentos contínuos e repetitivos. Autismo: Distúrbio desenvolvido desde a infância que prejudica a capacidade de comunicação e interação social e com o mundo ao redor. Estresse pós-traumático: Após algum acontecimento traumático que afeta severamente o equilíbrio psicológico de alguém, como um episódio de perda ou de perigo. Ao se lembrar da situação, o indivíduo pode ser afetado através de ondas de ansiedade e ataques de pânico. 33 Informação segundo o site Doctoralia, disponível em: <https://www.doctoralia.com.br/doencas/demencia#:~:text=A%20dem%C3%AAncia%20n%C3%A3o% 20%C3%A9%20uma,de%20interferir%20no%20funcionamento%20di%C3%A1rio.> Acesso em 22/05/2021. 34 Disponível em: <https://www.ibccoaching.com.br/portal/comportamento/como-lidar-com-uma-pessoa-hiperativa/> Acesso em 22/05/2021. 35 Disponível em: <https://hospitalsantamonica.com.br/descubra-aqui-quais-sao-os-principais-sintomas-de-esquizofrenia/ > Acesso em 22/05/2021. 36 Disponível em: <https://hospitalsantamonica.com.br/quais-as-principais-doencas-psiquiatricas-entenda-como-trata-las/ > Acesso em 22/05/2021. 30

Anorexia nervosa: Emagrecimento intencional pela recusa de alimentos. Uma das causas é o medo extremo de engordar, em que a visão e o pensamento do paciente se confundem cada vez mais. Bulimia: Se caracteriza pelo consumo de grandes quantidades de alimentos para que, depois de um tempo, a pessoa induza o vômito e elimine todas as calorias ingeridas. Também o uso de laxantes, a realização de jejuns prolongados, a prática de exercícios físicos muito intensos, mesmo com a possibilidade de contusões, são aspectos que fazem parte desse transtorno. 31

1.2 - HISTÓRIA DA PSICOFOBIA Atualmente, segundo o IBGE37, há no Brasil mais de 212 milhões de habitantes, sendo este, portanto, um dos países mais numerosos do mundo. Já segundo o site Hypeness38, 29% dos brasileiros entre 18 e 24 anos não sabem se a depressão é um problema mental. É importante que a informação circule, pois essa é uma doença mental que precisa de tratamento, especialmente no Brasil, que foi classificado como o país mais deprimido da América Latina pela OMS. A potencial gravidade da depressão pode ser medida pelo aumento de cerca de 24% entre 2006 e 2015, que ocorreu principalmente entre os 10 e 19 anos. Antigamente, pessoas com problemas psicológicos eram vistas como problemáticas e excluídas socialmente, sendo tratadas com ignorância e sem ética como punição por problemas que não conseguiam controlar. Atualmente, esse assunto está mais presente na vida das pessoas. Embora ainda seja um problema enorme, está sendo combatido pouco a pouco com mais conscientização em escolas e na internet, esta última, sendo uma rede de conexões globais que permite o compartilhamento de dados entre dispositivos, possibilitou a divulgação do conhecimento, por um lado mas, de outra parte, também contribui para a difusão de desinformação. Se antes as pessoas eram socialmente excluídas por terem transtornos psicológicos, hoje em dia há uma maior possibilidade de respeito e acolhimento a elas, com a ampliação dos espaços de liberdade, além do aumento dos tratamentos especializados disponíveis. Entretanto, mesmo que muito desse preconceito tenha dado lugar ao conhecimento e à compreensão, ainda existe muita discriminação contra esse grupo que, além de ter que arcar com antibióticos e seus efeitos colaterais, precisam suportar a ignorância de muitas pessoas. Há milênios, pessoas com esquizofrenia, depressão, autismo e outras doenças, mesmo não sendo criminosos, eram aprisionados, torturados e até mortos. 37 Disponível em: <https://censo2021.ibge.gov.br/sobre/numeros-do-censo.html#:~:text=Veja%2C%20a%20seguir%2C% 20algumas%20informa%C3%A7%C3%B5es,a%20serem%20visitados%2C%205570%20munic%C3%A Dpios.> Acesso em 13/05/2021. 38 Disponível em: <https://www.hypeness.com.br/2019/08/47-dos-brasileiros-nao-sabem-o-que-e-depressao-mostra-pesqui sa/#:~:text=E%20eles%20t%C3%AAm%20raz%C3%A3o%2C%20depress%C3%A3o,precisa%20lidar %20com%20o%20problema.> Acesso em 13/05/2021. 32

Na Grécia Antiga, se acreditava que os problemas mentais eram uma ligação direta dos homens com os deuses, e que as pessoas portadoras de distúrbios mentais eram capazes de profetizar o futuro e tinham todos os conhecimentos do mundo. Essas eram admiradas e consideradas especiais. Isso se deu até o século IV a.C., quando Hipócrates propôs que na verdade essas \"bênçãos\" tinham como causa o mau funcionamento do organismo. Na Idade Média, aquelas que apresentavam esses problemas eram consideradas pecadoras, já que se acreditava que os transtornos seriam uma forma de punição divina e que os portadores de doenças mentais estavam possuídas pelo demônio. Esta distinção entre o saudável e o doente era dada pela Igreja. Segundo a Bíblia, O espírito do homem o sustenta na doença; mas, o espírito deprimido, quem o levantará?” (Provérbios 18:14); “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.” (Romanos 1:22); “Porque a ira destrói o louco; e o zelo mata o tolo.” (Jó 5:2); “Os sábios herdarão honra, mas os loucos tomam sobre si vergonha.” Provérbios (3:35); “A mulher louca é alvoroçadora; é simples e nada sabe.” Provérbios (9:13).39. Por isso, acabavam sendo exiladas, mandadas para outras cidades, queimadas ou presas em manicômios40 com correntes. No Renascimento, os problemas mentais foram tratados como fenômenos a serem explicados. Os pensadores dessa época passaram a questionar uma série de princípios religiosos e a colocar o ser humano no centro de suas inquietações intelectuais. O racionalismo inaugurado por Descartes (1596-1650) com sua frase “penso, logo existo” colocou o homem em posição central e de racionalidade, em oposição, assim, ao doente mental, considerado irracional. Os transtornos passaram a ser vistos como problemas da ciência, sendo por ela incluídos e explicados. Mesmo assim, as pessoas portadoras de desequilíbrios viviam em constante pressão e preconceito social; eram levados para os “hospitais gerais”, antigos lugares de isolamento social para onde iam também todos os “indesejados”, aqueles 39 Disponível em: <https://www.libbs.com.br/falarpodemudartudo/o-preconceito-na-linha-tempo/> Acesso em 19/08/2021. 40 Expressão utilizada para referir-se aos hospitais psiquiátricos. Atualmente esse termo já não é mais tão utilizado. Disponível em: <https://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/entrevista/o-fim-dos-manicomios-entrou-no-bojo-da-reivindicacao- de-que-a-liberdade-tinha> Acesso em 19/08/2021. 33

que não se enquadravam nos padrões vigentes ou que não seguissem as ordens da razão. Ou seja, apesar de certo avanço, as pessoas portadoras de transtornos mentais ainda eram exiladas ou mortas. Nesta época também houve a inauguração da ordem religiosa das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, fundada em Portugal por João de Deus, um homem que teve um surto maníaco em 1538 e foi levado para um hospital psiquiátrico (denominado hospício) onde ficavam os conhecidos como “alienados”. Até que um dia este pede para libertá-lo das correntes, passando assim a tratar aqueles com transtornos. Este período também é marcado por uma série de referências relevantes na literatura, como William Shakespeare e Miguel de Cervantes. Shakespeare (1564-1616) escreveu sobre três famosos que sofriam de transtornos mentais e que marcaram a sua obra e o imaginário humano: Hamlet, um obsessivo, com intensa disposição ao suicídio; Macbeth, alguém que alucina tomado por culpas excessivas; e Falstaff, um alcoólico complexo e descontrolado. Miguel de Cervantes, com seu Dom Quixote (1600), propôs uma relação entre a razão e a \"loucura\"41 . 41 “Loucura” era o nome que se dava aos problemas mentais nas épocas Moderna e em parte da Contemporânea. 34

Séculos depois, com o Iluminismo42, essas questões começaram a ser revistas e instituições foram criadas para ajudar aqueles que sofriam com este tipo de transtorno. 42 O Iluminismo foi um movimento filosófico e cultural europeu do século XVII e XVIII. Este buscava mudanças políticas, econômicas e sociais da época. Sendo assim, os iluministas acreditavam que a razão e o conhecimento eram formas de combater os princípios religiosos como forma de sustentar as leis e vontades daquele reino. As críticas que os iluministas faziam à sociedade era justamente os pilares, o poder absoluto do Rei sobre a sociedade e a economia. A grande interferência do estado na economia, dando muita dependência do Rei. Essa sociedade não tinha liberdade de expressão e seus direitos (que na época não existiam) podiam ser distorcidos e relativamente julgados pelo Rei, que poderia lhes retirar o território (já que as terras pertenciam ao Rei), impossibilitar de que trabalhe ou lucre com algo… A total possibilidade do Rei realizar qualquer tarefa sem ser julgado ou contestado por diversas questões, dentre elas religiosa (por isso o clero também se encontrava em um patamar privilegiado), resultou em seu absoluto poder por muito tempo. Também a sociedade dividida entre ordens, as mais privilegiadas (Rei; clero; nobreza) e as não-privilegiadas (burgueses; camponeses; trabalhadores urbanos) era uma dessas críticas, a diferença entre os poderes dos privilegiados em relação aos não-privilegiados em questões sociais, controle econômico e político. Outra crítica era a questão do direito divino dos reis, da qual o rei era colocado como superior por “ter sido escolhido por Deus para comandar a vida na Terra”. Os súditos também não tem nenhum tipo de direitos políticos. Também a acumulação de metais, o protecionismo, alguns dos marcos do mercantilismo. Já as críticas que os iluministas faziam eram a falta de liberdade individual, como o rei possuía os 3 poderes políticos (legislativo, executivo e judiciário), não havia a liberdade completa, pois todos estavam sujeitos à vontade do Rei, se ele quisesse que apenas ele pudesse comprar as mais belas jóias por 20% do preço, por exemplo, as pessoas tinham de obedecê-lo, ou se ele quisesse aumentar repentinamente as taxas/impostos ou até viver na casa de alguém (duvido que ele fosse querer, mas é um exemplo), ele poderia. Outra crítica era a questão do direito divino dos reis, da qual o rei era colocado como superior por “ter sido escolhido por Deus para comandar a vida na Terra”. Os súditos também não tem nenhum tipo de direitos políticos. Criticam privilégio e mérito (não é porque você nasceu em certo lugar, que não pode haver a possibilidade de mudança). As suas propostas para a organização política das sociedades eram dividir o poder do Rei do legislativo, executivo e judiciário em diferentes questões, que se administrasse, assim não uma só pessoa teria todo o poder em suas mãos, uma vez que esses poderes estariam em mãos e em partes diferentes. A maioria dos iluministas criticavam a forma de como os reinos eram controlados economicamente, sendo este sistema mercantilista, totalmente controlado pelo rei. Todas as atividades econômicas (realizar expedições para extração de minérios ou para obter mais escravos) precisavam da permissão do rei, e o preço dos produtos também era definido pelo governante, dando ele a liberdade de comprar qualquer coisa pelo preço que quisesse, do mesmo jeito que, se mudasse os preços, poderia muito facilmente acabar com qualquer mercador. As propostas do iluminismo foram o uso da lei da “Oferta e da Procura”, que, com o trabalho de Adam Smith e a teoria da “mão invisível”, foi percebido que o mercado era ‘auto-sustentável’, ou seja, o mesmo se regula sozinho, de forma que não é necessário alguém para ajustá-lo, ele se auto-regula, por exemplo se um certo produto está com o preço mais alto, como o trigo, os clientes procuraram comprar em outro lugar, forçando o vendedor a abaixar o preço, fazendo com que o mercado se regule sem a necessidade de ninguém mudando os preços, assim como o ecossistema. Essa procura por mais direitos e pouca ou nenhuma intervenção do Estado na economia se adequava ao aspecto de que não era só necessário o dinheiro para poder se desenvolver, também era necessário o poder político, do qual era o grande “coringa” para controlar esse “jogo” de disputa de poderes. Outra proposta é a liberdade de exercer qualquer atividade econômica para exercer qualquer atividade econômica que eu quiser. Também a livre concorrência, da qual regula o comércio sem a intervenção do Estado, uma vez que há opções e os vendedores precisam se adequar ao mercado que se regula sozinho. Informações disponíveis em: <https://docs.google.com/presentation/d/162sWKZcV0vo6J2yqkuTS9u5BCNp56U37ofz-AtIDbys/edit#sl ide=id.gbf65503431_0_27> Acesso em 19/08/2021. Disponível em: <https://www.politize.com.br/iluminismo/#:~:text=O%20Iluminismo%20se%20iniciou%20como,em%20 detrimento%20do%20pensamento%20religioso.> Acesso em 19/08/2021. 35

Na Era da Indústria, os transtornos mentais eram tratados como problemas para a sociedade, e foram marcados por exclusão e rejeição, em que as pessoas eram largadas em manicômios. Mesmo assim, foi nos séculos XIX e XX que a psiquiatria se desenvolveu. Com Philippe Pinel (1745-1826), nasceram os fundamentos do que se chamaria de psiquiatria: para esse autor, os “loucos” seriam pessoas doentes com distúrbios no sistema nervoso. No século XX, a psiquiatria se estabilizou como especialidade médica, propondo tratamento e cura para diversos transtornos. Assim, os primeiros procedimentos (tratamentos) com produtos farmacêuticos ocorreram nos anos de 1930, evoluindo, nos anos 1950, para os antipsicóticos e antidepressivos. Mesmo com todos os avanços, os detentores43 do poder, que classificavam comportamentos de problemas mentais como loucura, lutaram contra aqueles que, por fim, fizeram nascer a antipsiquiatria e a luta antimanicomial44. Dois nomes foram muito importantes nesse momento: o médico italiano Franco Basaglia (1924-1980) e, no Brasil, a médica Nise da Silveira (1905-1999). Esse movimento expôs os diversos abusos dos manicômios, humanizando os tratamentos, mas também intensificou a ideia de que os transtornos mentais não devem ser tratados. Sendo assim, só nos anos de 1990 restabeleceu-se a especialidade capaz de tratar os sofrimentos daqueles que têm problemas mentais. Atualmente, os campos e os estudos da neurociência ganham força, aumentando os conhecimentos sobre os transtornos mentais e seus tratamentos. Portadores desses problemas podem buscar ajuda, têm acesso a uma grande diversidade de cuidados e gozam de maior participação do convívio social, mas ainda sofrem com preconceitos e resquícios de estigmas que foram se desenvolveram ao longo da história da humanidade. Hoje em dia, também é considerado um problema muito grande a dificuldade das pessoas admitirem que têm algum transtorno mental. Segundo o site Vitalk45, há mais pessoas que conseguem se revelar homossexuais do que aquelas que 43 Defensores; Aqueles que mantém algo; Disponível em: <https://dicionario.priberam.org/mantenedor#:~:text=1.,Defensor.> Acesso em 22/09/2021. 44 Luta pelos direitos das pessoas com transtornos mentais. Neste também há a ideia contra de isolar e apenas tratar de pessoas que apresentam esses desequilíbrios, como fazem com questões mentais, e nem tanto físicas. Este lembra o direito de como cada cidadão tem o direito à liberdade, o direito de viver em sociedade, direito de receber cuidados e tratamentos sem necessitar abrir mão de seu lugar como “habilitante civilizado”. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/18-5-dia-nacional-da-luta-antimanicomial-2/> Acesso em 19/08/2021. 45 Disponível em: <https://www.vitalk.com.br/blog/saude-mental-tabu/> Acesso em 19/08/2021. 36

conseguem revelar ter um problema mental. Também mais pessoas declaram falência do que admitem ter algum tipo de distúrbio. Isso reflete um problema histórico não resolvido, mesmo que haja luta para que essa discriminação e receio acabe. O problema, portanto, não se limita ao fato de que poucas pessoas estão abertas para admitir e falar sobre os transtornos mentais, mas também diz respeito ao aumento de casos ao redor do mundo. E, claro, à questão das internações por problemas mentais, especialmente de crianças e adolescentes, que ultrapassaram 166 mil em uma década. Disponível em: <https://tinyurl.com/tpsy8e3n> Acesso em 19/09/2021. A atenção da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) tem se voltado para o aumento do número de hospitalizações entre crianças e adolescentes. Conforme levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde, 18,2 mil crianças e adolescentes de todo o Brasil com idades entre 0 e 19 anos foram internados em 2018, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por causa das doenças mentais. Apenas entre os 15 e os 19 anos, foram mais de 14,4 mil internações, maior número desde 200946. 46 Disponível em: <https://www.folhadelondrina.com.br/geral/saude-mental-de-criancas-e-adolescentes-em-xeque-2974609 e.html> Acesso em 19/02/2021. 37

Disponível em: <https://tinyurl.com/tpsy8e3n> Acesso em 19/09/2021. Outra preocupação de especialistas é o enorme aumento de hospitalizações entre crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos. Nesta faixa etária, os números dobraram e houve um salto muito grande de 2009, com 1.508 casos e em 2018, com 3.12847. Nos últimos dez anos, o Ministério da Saúde já verificou quase 25 mil pacientes entre essas idades. Entre os transtornos apresentados por crianças e adolescentes, estão os de humor, os mentais e os comportamentais, causados pelo uso de substâncias psicoativas e de álcool, demência e esquizofrenia, entre outras doenças. 47 Disponível em: <https://www.folhadelondrina.com.br/geral/saude-mental-de-criancas-e-adolescentes-em-xeque-2974609 e.html> Acesso em 19/08/2021. 38

Segundo um estudo realizado no Reino Unido48, 15 milhões de dias de folga tirados por doenças em 2013 foram causados por problemas como estresse, ansiedade e depressão. Houve aumento em relação a 2010, em que os números indicavam 12 milhões. Dois quintos das organizações testemunharam que houve um aumento nas questões de saúde mental em 2018, contra um quinto em 2009. Entretanto, especialmente nos ambientes profissionais, as pessoas ainda resistem a admitir seus distúrbios mentais. Segundo o site Vitalk49, esta lista apresenta alguns fatores que podem ser a base do tabu com relação aos transtornos mentais: ● Medo de repercussão negativa ● Vergonha por conta do estigma negativo que existe ● Preocupação que seja visto como sinal de fraqueza ● Medo que afete a reputação ou carreira ● Dificuldade de aceitar o problema em si mesmo Uma questão a se pensar é que, ao que se sabe, nunca houve uma cultura, em qualquer momento da história da humanidade, que tratasse as pessoas com problemas mentais da mesma forma que aquelas que não apresentavam. Segundo o site Vitalk50, uma pesquisa desenvolvida em 27 países apontou que 50% das pessoas com esquizofrenia reportaram que foram discriminadas em suas relações sociais. Também ⅔ dessas pessoas apontam que sofreram preconceito no trabalho ou em uma relação pessoal e íntima. O especialista em saúde mental e estigma Patrick Corrigan pesquisou, principalmente, três abordagens que ajudam a melhorar esses preconceitos e a relação entre a sociedade e os problemas mentais. Essas questões são educação, protesto e contato51. ● Educação: compartilhamento de informações verdadeiras sobre os problemas mentais e conscientização a partir de dados, apresentando diferentes pontos de vista sobre como é ter distúrbios mentais, gerando 48 Disponível em: <https://www.vitalk.com.br/blog/saude-mental-tabu/> Acesso em 19/08/2021. 49 Disponível em: <https://www.vitalk.com.br/blog/saude-mental-tabu/> Acesso em 19/08/2021. 50 Disponível em: <https://www.vitalk.com.br/blog/saude-mental-tabu/> Acesso em 19/08/2021. 51 Acesso em: <https://www.vitalk.com.br/blog/saude-mental-tabu/> Acesso em 15/09/2021. 39

empatia na sociedade. Pode estar relacionado a ensino em escolas, clínicas, instituições, locais relacionados à vida e acesso público; ● Protesto: queixa sobre como a saúde mental está sendo relacionada à vida social, política e econômica, podendo apontar preconceitos e diferentes ações para melhorar a condição de vida das pessoas com distúrbios; ● Contato: convívio e discussão aberta sobre os distúrbios, naturalizando e mostrando a importância da saúde mental para a qualidade de vida e a diminuição do impacto do estigma social. A partir dessa avaliação, os resultados da pesquisa realizada pelo pesquisador e professor no Illinois Institute of Technology mostraram que a educação fornecia eficácia, já os protestos não apresentavam resultados. Mas, segundo Corrigan, o que realmente funciona e faz a diferença é o contato52. A ideia de contato parte do princípio de que, quando uma pessoa típica convive com uma atípica, este indivíduo tende a diminuir seus preconceitos. O contato é eficaz não apenas na diminuição do problema, mas também melhora a qualidade daqueles que sentem esse impacto. Discutir abertamente as questões de saúde mental, sem preconceitos, com escuta atenta, pode contribuir para normalizar o assunto para que, da mesma forma que não se tem vergonha de falar com um médico, não se tenha receio de conversar com um terapeuta. A educação individual e coletiva, como a leitura e busca de informações, juntamente com o compartilhamento desses conhecimentos, são formas eficazes de evitar a desinformação, principalmente porque a saúde mental ainda é um tabu. Assim, realmente entender e saber o que fazer ou não é um aspecto extremamente importante para evitar o estigma. 52 Acesso em: <https://www.vitalk.com.br/blog/saude-mental-tabu/> Acesso em 15/09/2021. 40

CAPÍTULO MAKER Fazer um livro exemplificando a situação e cotidiano de pessoas com problemas mentais, que nem sempre são compreendidas e, às vezes, são julgadas pela própria família. O objetivo é contar uma história fictícia exemplificando a questão teórica apresentada no texto de Iniciação Científica, utilizando os dados da pesquisa como pano de fundo de uma história. Será um romance (não necessariamente de amor ou paixão, mas relativo à rotina e à vivência de uma pessoa) que trata sobre o cotidiano de uma garota adolescente, por volta de seus 15 e 16 anos, na cidade de São Paulo. Essa história tem como objetivo informar a população sobre como problemas mentais podem não ser percebidos tão facilmente. Muitos pensam que certos sinais para esses transtornos sejam normais, ignorando a gravidade e a necessidade de tratamento para o problema que, caso não seja tratado, pode acarretar ainda em piora ou agravamento do desequilíbrio mental. O objetivo é transmitir a ideia de como é importante interpretar e compreender os sinais, que devem ser ouvidos ao invés de tratados como uma situação “normal”. É importante que o leitor perceba que todos estão sujeitos a desenvolver transtornos mentais e que eles podem se agravar ao longo da vida de alguém, trazendo uma série de malefícios à saúde física, mental, às relações sociais e vida acadêmica de quem não trata de um problema psicológico. No decorrer da história, o leitor verá que, inicialmente, a personagem não deu atenção ao estresse excessivo, sem perceber que poderia não ser “normal” e, por isso, deixou de tomar certas providências para tratar o problema. A escolha do livro foi baseada na dificuldade de compreensão dos assuntos apresentados no primeiro parágrafo, mas este não é o único motivo. O segundo é a importância da leitura na vida humana, relacionada ao fato de que os livros podem transmitir ideias e nos influenciar no cotidiano, na forma como pensamos. O hábito de ler, seja por prazer, para se informar ou para estudar, aprimora o vocabulário e torna mais ágil o raciocínio e a interpretação. Mas, na atualidade, segundo o site Brasil Escola53, cada vez menos pessoas se interessam pela leitura. 53 Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/ferias/a-importancia-leitura.htm#:~:text=Al%C3%A9m%20de%20aume ntar%20o%20conhecimento,e%20ajuda%20na%20constru%C3%A7%C3%A3o%20textual.&text=Um% 20ato%20de%20grande%20import%C3%A2ncia,conte%C3%BAdos%20espec%C3%ADficos%2C%20 aprimora%20a%20escrita.> Acesso em 17/06/2021. 41

Ensinar não é só passar dados e conteúdo, mas também fazer com que quem está tentando aprender esteja compreendendo e raciocinando de forma eficiente sobre tudo aquilo que é apresentado. Segundo dados do Instituto Paulo Montenegro, junto ao Ibope54, mesmo considerando as pessoas que fizeram da 5º a 8º série, apenas um quarto dos brasileiros é plenamente alfabetizado. Isso permite concluir que muitas pessoas podem aprender a ler e escrever, mas isso não significa que saibam compreender os textos, localizar informações específicas, sintetizar a ideia principal ou comparar dois escritos. Além de favorecer o aprendizado de diferentes assuntos, a leitura aprimora a escrita. A relação e o contato com os livros ajuda a formular e organizar uma linha de pensamento. Sendo assim, obras literárias influenciam, por exemplo, na hora de escrever uma redação. Também a saúde mental está vinculada à leitura, uma vez que a vida saudável não está necessariamente vinculada à quantidade de anos de alguém, mas, sim, à sua qualidade de vida. Segundo o site da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul55 (PUCRS), estudos apontam que ler é uma forma de proteção à mente contra o surgimento de doenças neurodegenerativas. Assim, quando lemos, melhoramos o funcionamento cerebral e evitamos ou “atrasamos” sintomas de doenças como demência e Alzheimer. Esse hábito deve ser constante, podendo estar presente nas férias, de forma que o aluno fique em contato com o conhecimento mesmo em período de descanso, e continue aprimorando habilidades mentais. Pode funcionar, também, como um exercício de fixação. Além de apresentar novas opiniões e visões de mundo, os livros são como uma fonte de conhecimento através de olhos que não os próprios. Além dos já mencionados textos clássicos de Shakespeare e Cervantes, no ramo da literatura, no Brasil, por exemplo, temos o conto de Machado de Assis, “O alienista”, publicado em 1882. Neste, Simão Bacamarte, o “alienista”, um médico que decide inaugurar uma clínica para tratamento de pessoas “atípicas”, fala sobre sua iniciativa: 54 Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/7375/o-desafio-de-ler-e-compreender> Acesso em 09/06/2021. 55 Disponível em: <https://www.pucrs.br/blog/habito-de-leitura-estimula-o-cerebro-e-promove-beneficios-para-a-saude-ment al/#:~:text=Ler%20protege%20a%20mente%20hoje%20e%20no%20futuro&text=Estudos%20apontam %20que%20ler%20pode,doen%C3%A7as%20como%20dem%C3%AAncia%20e%20Alzheimer.> Acesso em 17/06/2021. 42

“Trata-se de coisa mais alta, trata-se de uma experiência científica. Digo experiência, porque não me atrevo a assegurar desde já a minha ideia; nem a ciência é outra coisa, Sr. Soares, senão uma investigação constante. Trata-se, pois, de uma experiência, mas uma experiência que vai mudar a face da Terra. A loucura, objeto dos meus estudos, era até agora uma ilha perdida no oceano da razão; começo a suspeitar que é um continente.”56 A escolha do foco é outro ponto importante do projeto, já que há falta de acesso a informações sobre problemas mentais e muita ignorância (pensar que é “normal”) sobre alguns dos principais sintomas de transtornos. Estes dois assuntos se relacionam porque a falta de informações pode levar o indivíduo a pensar que certos sintomas que podem estar relacionados com desequilíbrios mentais são meros sinais que não se deve dar importância. Por exemplo, um estudo chamado “Depressão, suicídio e tabu no Brasil: um novo olhar sobre a Saúde Mental”, feito pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), concluiu que somente 47% da população brasileira associou a depressão a um transtorno mental. O fato de mais da metade do país não considerar este um problema mental revela um dos motivos dos altos índices desse desequilíbrio no Brasil. Também 29% dos jovens entre 18 e 24 anos não sabem se a depressão deve ser encarada como uma doença mental, segundo o site Hypeness57. Esta doença é um transtorno mental que deve ser tratado para melhor condição de vida do paciente, e segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país mais deprimido da América Latina58. Ainda com o mesmo exemplo, os números estão acima da média global, de 4,4%. Cerca de 12 milhões de pessoas, que representam 5,8% da população, precisam lidar com essa doença. O suicídio aumentou 24% no país entre 2006 e 56 Disponível em: <https://www.libbs.com.br/falarpodemudartudo/o-preconceito-na-linha-tempo/> Acesso em 19/08/2021. 57 Disponível em: <https://www.hypeness.com.br/2019/08/47-dos-brasileiros-nao-sabem-o-que-e-depressao-mostra-pesqui sa/> Acesso em 18/06/2021. 58 Disponível em: <https://www.hypeness.com.br/2019/08/47-dos-brasileiros-nao-sabem-o-que-e-depressao-mostra-pesqui sa/> Acesso em 18/06/2021. 43

2015, sendo um dos desdobramentos da depressão. Esse desequilíbrio avança principalmente entre os 10 e 19 anos. Segundo o site Telavita59, os tratamentos de transtornos mentais comuns são 80% eficazes na maioria das vezes. Mas apenas 33% das pessoas atingidas por essas doenças os realizam, pois o preconceito da sociedade atrapalha na busca por ajuda. Esse estigma pode estar concentrado, por exemplo, na visão que muitas pessoas têm sobre a psicoterapia, vista por muitos olhos desinformados como um tratamento para pessoas com problemas mentais muito sérios, ou para aqueles considerados desequilibrados. Ainda é muito comum a utilização da palavra “louco” como forma de ofensa. O Ministério da Saúde divulgou dados que indicam que a prevalência da depressão na vida dos brasileiros está em torno de 15,5%, sendo assim, 32 milhões de pessoas irão sofrê-la em algum momento. A situação é considerada complicada porque mais de 40% das pessoas sequer sabem que o que poderia levá-las a desenvolver a doença, tampouco suas consequências. Deste modo, além das possíveis perdas financeiras e de tempo, como a busca por ajuda médica para tratar os sintomas que vai vir a sentir, associando-os a algum problema físico e, portanto, desconsiderando a possibilidade de um transtorno mental. Mesmo com tantos casos de depressão noticiados pela mídia, muitas pessoas ainda vêem esta doença como uma fraqueza de caráter, pensando que podem resolvê-la com força de vontade e com apoio de tratamentos alternativos. Esse desequilíbrio deve ser tratado com o acompanhamento de um médico especialista, psiquiatra, e psicoterapia, realizada por um psicólogo, que pode envolver a prescrição de remédios adequados, com uso acompanhado por esses profissionais. A depressão não é uma frescura - é tratada como, mas não é. Ela envolve uma base bioquímica e comportamental, precisando ser profundamente investigada e tratada. A saúde mental pode ser tratada em segundo plano pela sociedade, mas ela carrega um peso enorme na busca por qualidade de vida, esse indicador que países com objetivo de desenvolvimento tendem a querer alcançar. Afinal, enquanto a saúde física for o centro das preocupações dos governos e da sociedade civil, e enquanto se reservar espaço de pouca importância aos aspectos mentais, a qualidade de vida também será reduzida 59 Disponível em: <https://www.telavita.com.br/blog/custo-ignorar-saude-mental/> Acesso em 18/06/2021. 44

a apenas um ramo do desenvolvimento, como se este processo estivesse dividido ao meio. Como não foi possível realizar um protótipo, devido à natureza do projeto, optou-se pela apresentação de uma sinopse, seguindo a lista a seguir: - Uma garota de 15 a 16 anos que mora e nasceu na cidade de São Paulo; - Sofre com o transtorno de ansiedade generalizada, mas não sabe disso; - É prejudicada constantemente pelo problema, que afeta seu cotidiano e seu comportamento diante de atividades simples do dia a dia, além dos relacionamentos familiares e de amizade. - Durante toda a história, ela narrará em primeira pessoa como é difícil ceder àquela pressão; - Seus sintomas começaram a aparecer quando ela ainda era nova, uns 14 anos, mas sempre ignorou isso achando que era normal. O motivo foi a grande pressão diária e intensa sobre a vida escolar, o que se repetiu por muito tempo, ocasionando um certo trauma e desenvolveu esse problema mental, que foi piorando ao longo dos anos; - O grande conflito da história é a dificuldade encontrada por ela para se desenvolver educacionalmente e socialmente, ao mesmo tempo em que lida com o transtorno. Para piorar, ela começa a gostar de um garoto que vai provocar uma desorganização de sua rotina. - Essa paixão vai enlouquecê-la, já que terá dificuldade em conciliar os estudos e um amor; - Esse menino será a chave para o final da história. Apesar dele fazer com que a menina principal sofra psicologicamente por causa da ansiedade extrema, isso será durante o processo de conquista; - Após o início do namoro, o garoto começa a analisar uma série de comportamentos considerados fora do comum, relacionados à dificuldade dela de manter sua vida escolar, social e o transtorno mental que ela vem carregando há muito tempo, sem saber que era um problema; 45

- A resolução do problema acontece quando, com a ajuda do namorado, ela consegue compreender o problema, analisar a situação e tentar falar sobre isso com a mãe, uma pessoa que sempre a apoiava durante os períodos de estudo intensos. - Esse namoro será como um conforto para ela, a partir do momento que frequenta uma consulta psicológica pela primeira vez, sendo diagnosticada com o transtorno de ansiedade generalizada. Com sua compreensão melhor sobre o assunto, o apoio do namorado e a melhora da doença, consequência dos tratamentos, que permite-lhe desenvolver uma nova visão em relação ao cotidiano. - Esse será o ponto de virada que vai conduzir a história para o fim, com o intuito de mostrar a importância do equilíbrio de todas essas questões. Escolha de plataformas: Google Docs: Uma ferramenta muito eficaz para o desenvolvimento do projeto, a plataforma do Google apresenta a possibilidade de escrever textos, ideias, apresentações ou qualquer tipo de produção escrita sem a necessidade de baixar o programa no computador. Sua viabilidade é principalmente a questão das ferramentas, a facilidade e a disponibilidade para a escrita, que contam como um fator extremamente importante na hora da escolha da plataforma para registro antes de passar o resultado final para o papel ou em um aplicativo digital (nesse caso será físico). Além de ser gratuito, permite o armazenamento das informações e dados na “nuvem”, o que proporciona uma maior segurança ao eliminar o risco de perda dos registros. A possibilidade de utilizá-lo e acessar o documento em qualquer dispositivo em que a conta esteja logada é outra funcionalidade importante que o Google Docs proporciona para o desenvolvimento do projeto, já que é possível organizar e escrever ideias mesmo sem o aparelho Chrome por perto. É um programa comercial muito poderoso que disponibiliza ferramentas como a criação de tabelas, marcação de comentários, canetas e cores para grifar partes importantes, inclusão de imagens e outros tipos de arquivo. Por fim, o aplicativo possibilita o compartilhamento do docs com outras pessoas, permitindo que o 46

trabalho seja feito simultaneamente às correções e/ou supervisão de trabalho colaborativo. Livro físico: O livro em papel traz diversos benefícios ao consumidor do produto, tanto do ponto de vista da conexão com o objeto quanto do ponto de vista da concentração: - A versão impressa disponibiliza a sensação de algo físico nas mãos, o cheiro e a textura da página, que dão mais vontade e prazer de continuar a leitura, além da satisfação e excitação à compra de algo que não esteja através das telas. - A questão da saúde também deve ser levada em consideração. Além do maior conforto em ler no papel, a luz refletida no material não irrita os olhos, podendo ser uma vantagem muito interessante no caso de leituras longas. - Sem notificações, o livro físico ajuda na concentração. Nele não há outras distrações entre um capítulo e outro que não seja a história, sendo assim, a facilidade de dispersão do foco na leitura acaba sendo menor. - Livros impressos também são uma forma de socialização e reformulação do pensamento sustentável. A história em papel permite que os livros sejam emprestados para amigos, familiares ou alguém que tenha interesse pelo autor ou pelo estilo de leitura. A troca entre leitores é outra vantagem que atende a uma questão social, que permite o desfruto da leitura, absorção de conhecimentos e também é uma forma de compartilhar aventuras e emoções com colegas sobre uma história. - Um objeto que proporciona prazer, lazer e conhecimento, sendo uma importante fonte de informações e envolvimento pessoal a partir da história. - Livros físicos não têm problemas como falta de bateria, formato de arquivo, internet ou atualização do software. Estes não dependem de características básicas para funcionarem, e dependendo do horário do dia e da luminosidade do local, apenas o livro é necessário para a leitura completa. - Um estudo apresentado em uma conferência na Itália chegou à conclusão que aqueles que leem livros físicos memorizam melhor a história. A experiência com o papel contribui para isso, característica que o digital não apresenta. Segundo Anne Mangen, umas das coordenadoras do estudo, o folhear das páginas ajuda quem está lendo, pois dá maior solidez ao leitor no processo do texto e da história. 47

- O papel tem uma facilidade que muitos aplicativos não tem: basta apenas abrir o livro e ler. Também a facilidade de voltar ou avançar na história não tem segredo, é apenas pular ou retroceder a páginas já lidas. - Livros físicos podem fazer parte de uma coleção, como uma biblioteca pessoal, que, além de decorativa, pode emprestar um ar de conforto ao lar (dependendo do gosto de cada um). - Uma forma culta e interessante de se aprofundar em conhecimento e histórias. Os livros físicos podem ser comprados pela internet, mas também em livrarias e bibliotecas que desencadeiam ainda mais a sensação de prazer e interesse diante à leitura. Inspirações em livros: *Anexos: vídeos, imagens e afins que serão utilizados como base/inspiração para a elaboração do projeto; 48

Todos esses livros foram produzidos pelo mesmo autor, Robert Bryndza. Ele é um dos meus autores internacionais prediletos, principalmente pelas personagens e histórias instigantes. Vou utilizar a personagem principal desse livro como inspiração em relação ao problema psicológico da minha personagem, já que as duas tentam resistir ao máximo à pressão, mas não conseguem olhar para si mesmas e ver o que está errado. As duas são viciadas em algo. Erika Foster, de Robert, uma detetive policial que passa 24 horas no trabalho e não descansa um minuto sequer, carregando um trauma e uma ansiedade muito grandes, principalmente quando está sem pista para os casos, quanto quando não está dentro de um. Já a minha personagem vai ter a mesma estrutura, só que com relação à escola. O que mais me inspira nesse livro para a minha figura é como ela lida com o transtorno e não consegue reconhecer o que está a sua volta como um problema. A história que marcará a minha história. Minha escritora favorita, seu modo de escrita, suas personagens e aventuras me inspiram de modo a querer ter esse dom 49

que a Paula Pimenta tem. Usarei de inspiração, principalmente, a questão da escrita, o modo intrigante da escritora, que te faz querer ler o livro inteiro em uma só hora. Também usarei a questão do romance. Essa história, de Paula, é baseada na paixão dos dois personagens principais, Priscila e Rodrigo. A garota é bem extrovertida, engraçada, mas também passa por muito estresse, já o garoto é calmo, tranquilo, introvertido e muito compreensível. O namoro desses dois serve como uma inspiração muito grande para o apoio e amor que eu quero passar no meu livro. A inspiração destes livros de Thalita Rebouças é a partir da relação da personagem principal, Manu, com seus familiares e amigos. A garota, no decorrer da infância, da adolescência até a vida adulta muda bastante, mas sempre mantendo a mesma essência de sua personalidade. Para mim, essa questão da pontualidade do jeito de ser da garota me faz pensar em como eu vou definir a minha personagem principal e suas características, tanto de personalidade, quanto de estética. Isso acaba também se referindo aos livros de Paula Pimenta, que me orientam como uma fonte de inspiração nessa questão. 50


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