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////// PREFÁCIO Olá, meus queridos amigos. É com muita sa- tisfação que eu recebo todos vocês nessa minha história. O objetivo de escrever essas páginas foi ajudar a maior quantidade de pessoas a traçar os seus objetivos. Muita gente me pergunta nas re- des sociais “O que fazer para ser bem sucedido na fisioterapia?”; “O que fazer para chegar a seleção brasileira de futebol?” Todos os dias recebo nas redes sociais, mensa- gens de pessoas pedindo dicas do que fazer assim que se formar e o objetivo deste livro é exatamente detalhar tudo que eu fiz, desde quando decidi fazer fisioterapia até o dia de hoje, 24 de fevereiro de 2019, dia que eu inicio esse trabalho. Espero, de coração, que todos aproveitem ao máximo e que ele possa ajudar você a alcançar todos os seus objetivos. VFEISRIOST.E0R1APEUTA 2
ÍNDICE Capítulo 01 4 O início - Fisioterapia o que é isso, meu deus?! Capítulo 2 16 A mudança, a incerteza... Insights: 25 CapÍtulo 3 26 A primeira Especialização Santa Casa de São Paulo Insigths 37 CapÍtulo 4 38 Do Maranhão para a Seleção Brasileira de Futebol Insights 44 CAPÍTULO 5 45 Meu Mestrado e Doutorado Insights: 49 CapÍtulo 6 50 O Início do empreendedorismo CAPÍTULO 60 Como diz o ditado... Insights 68 FISIOTERAPEUTA 3
////// Capítulo 01 O início - fisioterapia: o que é isso, meu deus?! Calma, meu amigo! Estamos falando do inicio da minha graduação, algo que aconteceu há mais de dez anos, mas eu prometo que não será cansativo. Vamos lá! FISIOTERAPEUTA 4
Muita gente pensa que eu sempre fui o nerd do colégio, aquele “CDF” que só tirava notas boas e es- tava sempre entre os melhores da turma. Para quem pensa isso, desculpa a decepção, mas isso está lon- ge de ser uma verdade. Muito pelo contrário, assu- mo publicamente aqui que durante o meu colegial fui aquele que mais dei trabalho em casa dentre todos os 3 filhos dos meus pais. Não contem para ninguém, mas desde a quinta série a recuperação sempre me acompanhou nos finais de ano. Todos os amigos en- travam de férias e, aí sim, Amir Curcio começava a le- var as disciplinas a sério e, durante a recuperação o CDF surgia. Afinal, nunca passou pela minha cabeça o fato de ficar reprovado e, literalmente, perder um ano da minha vida. Para que vocês entendam, eu preciso falar: quando eu estava no colegial o processo seletivo para as Universidades eram diferentes do modelo atual. Funcionava da seguinte forma: no final de cada ano do ensino médio você fazia uma prova para as universidades federal e estadual, essa pontuação que você fazia em cada um dos anos era somada e, com elas, dependendo da pontuação que você atingisse, você escolhia aquele curso para prestar o vestibular. Essa forma “parcelada” de fazer o vestibular foi muito boa para mim, pois ao final do FISIOTERAPEUTA 5
meu terceiro ano fazendo as provas, percebi que não passaria para nenhum curso “de respeito”, nenhum curso “que pudesse me dar dinheiro”. Foi aí que, no terceiro ano, onde o tempo já havia passado, que eu tive que montar um plano B para apresentar para os meus pais quando eles soubessem que eu não tinha sido aprovado no vestibular nem na Universidade Federal, tampouco a Estadual. Pesquisando sobre os cursos que existiam na época em cada uma das Universidades públicas de São Luís e, também, nas universidades particula- res (o que seria, com certeza, a minha saída), pen- sei: “Meu Deus, 3 anos fazendo vestibular e não vou passar em nada. Preciso dar uma boa desculpa para os meus pais”. Com isso em mente e, no auge das le- sões do Ronaldo Fenômeno (jogador de futebol), via muito na televisão falar sobre a fisioterapia. Como sempre gostei de praticar esportes, pensei: “Caram- ba, esse negocio deve ser legal. O cara passa por uma tremenda cirurgia e depois de alguns meses já está 100% jogando de novo. Vou querer ser fisiote- rapeuta desses atletas também e, quem sabe um dia, chegar a seleção brasileira de futebol”. Para minha grata surpresa o curso de fisiotera- pia não existia (e ainda não existe) nas Universida- FISIOTERAPEUTA 6
des publicas de São Luis, foi aí que cheguei para o paizão e disse: - Pai, já sei o curso que pretendo fazer, é fisioterapia! - Sério, filho?! Legal. E aí, será que você vai conse- gui passar na Federal? - Pois é, pai, esse é o problema! Não tem esse curso nem na UFMA e nem na UEMA (Universidade Federal e Estadual de São Luis, respectivamente) - Serio?! Que bosta, meu filho. Mas não se preo- cupe, se essa é a sua vontade, a gente dá um jeito Meus pais nunca foram ricos, mas tinham condi- ções razoáveis, apesar de estarem passando por um momento difícil nesse momento da minha vida, pois eram ( na verdade são) comerciantes e todos nós sabemos dos altos e baixos que o comercio sem- pre tem. Alguns dias depois que falei do meu gran- de sonho de ser fisioterapeuta para o meu pai ele me avisa que daria um jeito de pagar a Faculdade para mim, mas que se eu continuasse nos mesmos padrões que sempre fui durante o colégio, teria que me virar para pagar a Faculdade, pois ele não iria fazer um tremendo esforço para “pagar faculdade para vagabundo” rs. FISIOTERAPEUTA 7
Nesse momento pensei “Não posso decepcionar o velho... Ele vai fazer o maior esforço para pagar a Faculdade que eu disse que é o meu sonho” (sem nem saber, de fato, que diabos era fisioterapia. Rs). Pois bem! Entrei na faculdade e aí, meus amigos, para a minha grande alegria, desde o primeiro dia de aula eu já sabia que era realmente aquilo que eu que- ria para mim. Lembro das aulas de anatomia, vendo principalmente o sistema ósseo e muscular, o quan- to achava tudo aquilo sensacional. Eu ia para a fa- culdade feliz! Estudava de manha, mas praticamente todas as tardes estava nos laboratórios estudando, tirando duvidas, assistindo aulas dos monitores das principais disciplinas do curso... Realmente ali eu vi que os quatro anos e meio da faculdade passariam voando e eu precisava aproveitar o máximo cada aula, cada professor, cada disciplina, cada monitor das disciplinas... TUDO! Nesses primeiros meses eu já começava a me enxergar como fisioterapeuta. Uma coisa que eu sempre digo aos meus alunos é: vocês serão fisioterapeutas daqui há alguns anos, mas a carreira profissional de vocês já começou! E era exatamente isso que eu pensava para mim. To- dos os dias que ia para a faculdade, tentava associar as aulas com situações reais de pacientes, sempre fui eu que apresentei todos os trabalhos em grupo, FISIOTERAPEUTA 8
sempre estava apresentando as nossas pesquisas nas nossas semanas de fisioterapia da faculdade... Dava um jeito, sempre, de ser visto fazendo o aquilo que julgava que seria bom para o aluno fazer. Outra coisa que fiz muito também foi me juntar a pessoas mais inteligentes do que eu, me juntar com as nerds da turma. A ideia sempre foi, cada diazinho da fa- culdade, sugar ao máximo de tudo que pudesse me fazer um profissional mais qualificado. Durante os quatro anos e meio nunca fiquei de prova final, nunca tive uma nota abaixo da média, sempre estava figurando entre os melhores da turma e, com o espirito competitivo que sempre tive, a cada ano que passava a minha intenção era melhorar a minha média, chegar perto da média das primeiras da turma e brigar pelo primeiro lu- gar em média geram dos alunos da turma, fato que consegui no ultimo ano da faculdade, já no ano de estágio, ficando no primeiro lugar da turma. Isso importa alguma coisa? Você precisa ser o primei- ro da turma para ter sucesso? De jeito nenhum! O que quero deixar registrado aqui é a importância de você ter os seus objetivos e lutar dia após dia por eles. O meu, nesse momento, era ser o primei- ro da turma, pois pra mim aquilo era, também, um sinal de satisfação pessoal. FISIOTERAPEUTA 9
Apesar de ser dedicado aos estudos, apresen- tar todos os seminários em grupo, apresentar trabalhos na semana de fisioterapia e tudo mais, nunca fui o “padrão nerd”. Muito pelo contrário, gostava sempre de tomar (bastante) a minha cervejinha, curtir os shows dos finais de semana... aproveitar a vida também. Uma coisa não anula a outra, pode ter certeza disso. Além de não anular, na minha opinião, ajuda muito! A boa convivência, aquela pessoa que se dá bem com todo mundo e que sabe fazer parte de todos os grupos, cer- tamente tem mais facilidade de se relacionar em diferentes áreas que a vida vai exigir. Outra coisa que fiz bastante durante esse perío- do foi acompanhar os professores que eu julgava como melhores. Quando falo em acompanha-los, não é relacionado a fazer estagio com eles, mas sim sa- ber um pouco mais sobre a vida de cada um. Saber aonde se formaram, quais as especializações que ti- nham feito, as cidades que tinham feito cursos... Por falar em cursos, nossa... Isso eu fiz demais também. Como vocês sabem, sou de São Luís do Maranhão, cidade do Nordeste e, como grande parte do Nor- deste, a qualificação profissional é, sim, bastante de- FISIOTERAPEUTA 10
fasada (hoje nem tanto, pelo advento da internet, mas na época era muito difícil você conseguir fazer bons cursos se não fosse viajando). Para compensar essa dificuldade, não teve jeito, tive que fazer algu- mas viagens para realizar cursos, participar de con- gressos... Como meus pais me apoiavam, tudo isso ficava muito mais fácil. Durante esses quatro anos e meio de faculdade uma coisa que eu sempre fiz também foi pensar no que eu iria fazer depois que eu me tornasse um fi- sioterapeuta. Depois que comecei o curso de fisiote- rapia, uma coisa que eu sempre fiz foi começar a me planejar! Sempre estive pensando no futuro, sempre pensando nos próximos dez passos e isso eu acho que foi um grande diferencial para a minha vida pro- fissional, pois depois que eu coloco alguma coisa na minha cabeça, depois que eu traço algum objetivo, eu não descanso até alcançar. Já no primeiro semestre da faculdade falei para o meu pai que assim que me formasse eu iria morar pelo menos um ano em São Paulo para me qualificar com as maiores referencias da fisioterapia do país, iria fazer uma residência em fisioterapia ortopédica e esportiva e, depois disso, voltaria para São Luis. Na minha cabeça não tinha a FISIOTERAPEUTA 11
mínima possibilidade de eu não ir morar um tempo em São Paulo e a minha sorte frente a isso foi que os meus pais sempre me apoiaram e, desde o início o que eu sempre escutei foi: “tudo bem, meu filho. São Paulo é caro mas a gente dá um jeito”. Pois é! Esse momento, da formatura, enfim che- gou! Me formei no meio do ano, em julho e, graças a Deus, nunca passei um diazinho sequer sem pres- tar meus serviços na área de fisioterapia! Assim que me formei, um dos monitores que eu tive durante a faculdade me convidou para fazer um estagio com ele no Hospital Universitário de São Luís, na área da Neuro-Ortopedia. Claramente aceitei o convite, mesmo sem receber um centavo para estar lá. Mui- to pelo contrário, gastava um valor respeitável para ir todos os dias, pois morava longe e tinha que ar- car com as despesas do carro, estacionamento, etc. Mas isso nem de longe fez eu pensar em não acei- tar o convite. Ia para lá todas as tardes, feliz da vida e aprendendo pra caramba toda vez que ia para lá. Depois de um período no estágio e, com uma cer- ta confiança no meu trabalho, esse mesmo monitor que tinha me convidado para o estagio começou a me dar oportunidade de atender alguns pacientes FISIOTERAPEUTA 12
particulares (home care) da empresa que ele tinha, assim eu pude começar a ganhar um dinheiro e ter um pouco mais de autonomia profissional. Fiquei no estagio mais o home care até dezem- bro, mês que as provas de residência em São Paulo aconteciam. Durante e faculdade, pesquisando so- bre as melhores residências, sempre ouvi falar mui- to bem da Pós Graduação em Fisioterapia Musculo- -Esquelética da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) então era essa que eu tinha colocado na minha cabeça que iria fazer, mas aquele medo de não passar, aquela insegurança de competir com profissionais de todo o Brasil... tudo isso fez com que eu procurasse uma outra especialização no caráter de residência. A ideia era prestar as duas provas e, a que eu passasse, cursaria. Foi aí que fiquei sabendo da Pós Graduação em Fisioterapia Traumato-Orto- pédica e Esportiva da Santa Casa de São Paulo. A prova da Santa Casa era antes da prova da UNIFESP, então pensei: vou fazer a prova da Santa Casa, se eu passar nas duas, fico na UNIFESP. A ideia era dimi- nuir as chances de não passar em nenhuma, mas se fosse aprovado apenas na Santa Casa, também não seria ruim, uma vez que era muito bem conceituada. FISIOTERAPEUTA 13
Pois bem, o que aconteceu daí por diante você vai ver no próximo capítulo, mas existem algumas coisas que eu quero ressaltar aqui para vocês. Al- guns pontos que eu acho que são fundamentais e que foram abordados aqui, mas que vocês podem não ter percebido tão bem: 1- Estabeleça metas na sua vida! Metas a curto pra- zo, médio prazo e longo prazo. Se você não sabe para onde quer ir, qualquer lugar que você vá, já chegou longe demais. Não deixe a onda te levar, vá para onde você realmente quer ir. E essa dica das metas não está relacionadas apenas à seara profissional, isso está di- retamente ligado a todos os ramos da sua vida. 2- Junte-se a pessoas melhores do que você. Se juntar a pessoas piores do que você não vai le- var você a lugar nenhum, se juntar com pessoas do mesmo nível que o seu também não vai fazer com que você progrida. Lógico que você deve se relacionar com todos e ter uma boa convivência em todos os grupos, mas você é a média das 5 pessoas com quem você mais tem contato, en- tão faça de tudo para levar sua média para cima. FISIOTERAPEUTA 14
3- Dê o seu melhor! Se o seu melhor não for me- lhor do que o do seu concorrente, não tem pro- blema, pois você deu o seu melhor. O que não pode é você deixar de dar tudo de si em busca de alguma coisa onde você poderia ter se dedicado mais e ter alcançado melhores resultados. 4- Tenha sempre o plano B. Nem sempre vamos conseguir o plano A, nesses casos já devemos ter em mente o que fazer para suprir essa nossa “derrota”. E o interessante, meus amigos, é que as vezes o plano A não dá certo porque o cara lá de cima não quer. Nesse caso, sem duvidas o plano B seria o ideal... FISIOTERAPEUTA 15
////// Capítulo 2 A mudança, a incerteza... FISIOTERAPEUTA 16
Eu sou uma pessoa que sempre gostei muito de mudanças. Acredito, de verdade, que elas vem sem- pre para somar, são uma espécie de “segunda chan- ce” que Deus nos dá para que a gente abra o olho e dê um jeito na nossa vida, quando essa não está lá grandes coisas ou, quando está tudo indo bem, uma oportunidade de melhorar ainda mais. E isso em todas as áreas dessa vida: seja uma mudança de escola quando somos crianças, mudança de casa, uma mudança de namorado/namorada, de cidade... enfim! Tudo isso nada mais é do que um recomeço. Mas sempre, com essas novas oportunidades que temos, vem a insegurança de não dar certo. E era exatamente assim que eu estava me sentin- do nesse momento da minha vida. Querendo ou não eu já tinha uma certa “estabilidade” (percebam as aspas porque hoje eu sei que não tinha estabilidade alguma nessa época) profissional: estava estagian- do no melhor hospital escola do estado do Maranhão com possibilidade de contratação, trabalhando com atendimentos domiciliares ao lado do melhor fisio- terapeuta da cidade, só andava de carro, morava na casa dos meus pais... As condições, devo frisar, eram favoráveis para que eu tentasse novas oportunida- des por São Luis mesmo, mas isso nunca passou pela minha cabeça. Essa cabeça aqui já foi dura de- FISIOTERAPEUTA 17
mais e quando eu colocava algo lá dentro, para tirar era difícil. Hoje eu já consegui trabalhar melhor isso e consigo ponderar melhor as minhas ideias. Pois bem! Novembro de 2008 (eu acho, não sou muito bom com datas. Rs), inscrição para a prova da Santa Casa feita e é chegada a hora de partir para São Paulo e fazer a prova para ver se ia ser aprovado na pós-graduação ou não. Quando chego ao aeroporto de São Luís eu sou informado que eu cheguei muito em cima da hora e Check-in já tinha sido encerrado, eu não ia conseguir mais ir para São Paulo (pelo menos não naquele vôo, que eu tinha ganho do meu padrinho, pois meu pai não estava lá com muita grana na época. Rs). A primeira reação foi cair em choro! Tive aquilo, nos primeiros dois minu- tos, como um “sinal” de que não era para eu ir. Liguei para os meus pais (que já tinham ido embora do ae- roporto) e disse para eles que tinha perdido o voo e estava pensando em não ir mais. Na mesma hora, meus pais, em uníssono, falaram: -De jeito nenhum, meu filho! Você sempre quis isso, nós nos preparamos para isso e você vai sim. Vai atrás do seu sonho (cara, meus pais são foda de- mais, sério! Devo absolutamente tudo para eles). Nesse momento as forças vieram novamente e a coragem de enfrentar a prova da Santa Casa vol- FISIOTERAPEUTA 18
tou. Compramos uma passagem para o mesmo dia, a noite, que custou (eu lembro exatamente, pois me chamou muita atenção no dia: R$ 1.497,00 apenas o trecho de ida (se hoje esse valor já está caro, imagi- na há mais de dez anos atrás). Fui para São Paulo para fazer as provas. Como uma pessoa preocupada e preparada que sou, peguei um hotel próximo ao local onde seria a prova da Santa Casa e, chegando lá, fui dar uma volta no bairro para conhecer os arredores e, principalmente, ir até o lo- cal onde seria a prova (Universidade Nove de Julho - UNINOVE SP), na Barra Funda. No dia seguinte, fiz a prova e gostei dela, mas a incerteza era grande. Eu sempre fui um cara confiante em tudo na vida, mas principalmente para os outros. Tenho comigo vários medos que confesso que não os abro para ninguém, e desde quando iniciei a faculdade, um dos meus principais medos, que eu jamais aceitaria, se- ria o insucesso profissional. De uma hora para outra, lá estava eu, no quarto de um hotel em São Paulo, sozinho, esperando o resultado de uma das provas mais difíceis do Brasil. Para mim, não passar, seria muito frustrante, apesar de saber que as chances reais disso acontecer eram altíssimas. Dois dias depois sai o resultado para a segun- da etapa e lá está o meu nome: aprovado! A ale- FISIOTERAPEUTA 19
gria momentânea toma conta do corpo, mas logo vem a preocupação com a segunda etapa, que viria dias depois. Mais dois dias e lá estou eu na segunda etapa. Cheguei esbanjando confiança por fora, mas cheio de insegurança por dentro! Gente, isso é nor- mal... só a gente sabe das nossas verdadeiras difi- culdades e, muitas vezes não precisamos expô-las a todos, o que nós não podemos fazer é nos auto sa- botar e pensar que aquela insegurança não existe ou que estamos preparados para um desafio onde, no fundo no fundo, poderíamos ter dado um pouco (ou muito) mais... A segunda etapa da prova era composta por 4 per- guntas, realizadas diretamente de algum dos pro- fessores da Santa Casa para a gente, que tinha que responder “na lata”. Passei pela rodada de pergun- tas e, dentre elas, uma eu tinha certeza que estava errada, as demais eu tinha quaaase certeza que es- tavam certas. Fui para o hotel e, então, a ansiedade tomou conta de tudo novamente. Sabia que tinha ido bem, mas ao mesmo tempo sabia que tinha errado uma pergunta. A grande dúvida era: será que essa porcaria de pergunta vai ser suficiente para acabar com esse projeto? Será que meu sonho pode acabar agora? Pensava bastante nisso, mas na minha ca- beça, sempre o pensamento positivo. FISIOTERAPEUTA 20
No final de tudo isso, quando sai o resultado, vem a aprovação. Tinha sido aprovado na Santa Casa que, inicialmente, não seria a minha primeira opção, mas pelo menos já tinha “garantido o meu espaço” e, mais uma vez, o objetivo principal tinha sido cumprido, até porque para os meus pais, não importava qual a pós graduação que eu estava fazendo. Eles nem sabiam o que era UNIFESP e o que era Santa Casa, para eles era tudo “Pós-Graduação em São Paulo”. Lembro muito bem da cara de alegria dos meus pais e irmãos. La em casa nós sempre fomos muito “família”. Todos nós sempre vibramos muito com a vitória um do outro, em especial eu e meus irmãos, que sempre fomos muito unidos. A propósito, so- mos em três irmãos e eu sou o do meio. A minha irmã, mais velha, é administradora de empresas e o meu irmão, mais novo, nutricionista. Depois disso quais seriam os meus próximos pas- sos: começar a cursar a Santa Casa e fazer a prova para a UNIFESP. Caso fosse aprovado, trocaria de Pós-Graduação. Voltei então para São Luis para arrumar as coisas, pois em breve voltaria para São Paulo, dessa vez para morar. Aquilo tudo era motivo de muito orgu- lho pra mim, eu realmente achei aquilo muito foda! Ser aprovado em um processo seletivo em São Pau- FISIOTERAPEUTA 21
lo naquela época não era realmente muito fácil e, lá em casa, os três filhos vieram de faculdade particu- lar (nenhum de nós passou nas faculdades públi- cas). Querendo ou não, além de ser motivo de or- gulho pra mim, era também motivo de orgulho para todos na minha casa. Mas mesmo com toda essa alegria e euforia da aprovação, uma coisa me preo- cupava. A insegurança de sair da minha cidade, de perto dos meus pais, dos meus amigos, largar tudo que já tinha alcançado com a profissão... Tudo isso, para mim, era meio complicado de administrar, ape- sar de nunca ninguém ter tido conhecimento sobre isso. Todo mundo pensava que eu estava 100% se- guro do que estava fazendo, mas dentro de mim, apesar de existir essa segurança, aquele frio na bar- riga estava 100% latente. Fui para São Luis e, logicamente, já começamos a planejar a despedida. Amigos, família... todo mundo convidado. Lá em casa sempre fomos muito “festei- ros”. Meu pai adorava (ainda adora, mas agora o cor- po já não aguenta tanto, ne? Rs) uma farra, então tudo era motivo de festa, ainda mais um episódio desses. A despedida foi em dezembro e, alguns dias depois, já fui para São Paulo. Lembro que a minha mudança para São Paulo foi no dia 28 de dezembro de 2008. FISIOTERAPEUTA 22
Meus pais foram junto comigo, pois o tempo que tive entre ser aprovado na santa casa e me mudar para São Paulo, foi menos de um mês. Precisavamos ir à são Paulo e arrumar um lugar para eu morar, alugar e mobiliar apartamento... Só que estávamos em um período horrível para isso: entre o Natal e Ano Novo, período em que praticamente todas as imobiliárias que entravamos em contato estavam de recesso de final de ano. Conseguiamos contato com algumas, mas nunca conseguíamos efetuar o aluguel, pois todas elas exigiam um fiador que deve- ria morar na própria cidade, e eu não tinha, pois não conhecíamos ninguém que morasse lá. Mas enfim, continuamos procurando e, de repente, me lembrei de um apartamento que eu tinha visto a placa de aluga-se quando fui fazer a prova da Santa Casa. Fomos até lá, a placa ainda estava no mesmo lugar, então ligamos para a corretora, que falou que não podia nos atender pois estava de recesso e eso vol- taria no final do ano. Explicamos a situação para ela e, como uma enviada de Deus, ela se disponibilizou a ir na hora nos atender. E quando digo que foi uma enviada de Deus, não estou exagerando. Rs. A corretora era a proprietária do imóvel que pretendíamos alugar e, sem nenhuma analise de credito, sem nenhum fiador, sem nenhuma FISIOTERAPEUTA 23
caução, sem nada, fechou o aluguel conosco no mes- mo dia e já saímos de lá com todos os documentos de aluguel assinados. Se não fosse assim, nem sei como conseguiríamos. Já estávamos pensando ate em pegar um quarto em um hotel, mas isso ia sair bem carinho e poderia quebrar as finanças do pai- zão. Mas enfim, deu certo, então partiu Casas Bahia para mobiliar todo o apartamento. O apartamento que estávamos alugando não tinha nada de móveis. Estava totalmente vazio! Me lembro muito bem: eu, meu pai e minha mãe na Casa Bahia comprando tudo, meu pai gastando maior nota para me acomodar, sem reclamar um só minuto e eu só pensando: “puta merda... essa experiencia tem que dar certo! Eu não posso decepcionar meus pais, não posso dar menos de 100% de mim”. Compramos tudo e fomos para o apartamento fa- zer a grande faxina. Depois da faxina feita, fomos para Poços de Caldas – MG, passar o final de ano com parte da família (a minha mãe é mineira, nasci- da em Poços, toda sua família mora lá) e selar esse momento celebrando. Foi massa! FISIOTERAPEUTA 24
Insights: - Você vai ter momentos difíceis, você vai ter momentos de incerteza, mas não deixe que es- ses momentos acabem com um planejamen- to seu. Alguma vez eu vi em algum lugar (rs) uma frase que eu nunca esqueci: “Não tome decisões definitivas baseadas em sentimen- tos temporários”. O momento de dificuldade e incerteza logo logo passa. Mantenha o foco e não deixe que absolutamente nada te impeça de chegar aonde você acha que merece. FISIOTERAPEUTA 25
////// CapÍtulo 3 A primeira especialização - Santa Casa de São Paulo FISIOTERAPEUTA 26
Dois de janeiro de 2009 – dia que dei início a Pós Graduação na Santa Casa (isso mesmo, não deram nem tempo de curar a ressaca do Reveillon direito. Rs). Eu estava super animado com essa nova etapa da vida, estava muito disposto a dar 200% de mim e vencer todos os desafios que viriam, mas estava também esperando chegar o final do mês de janei- ro, que era quando eu faria (isso mesmo, faria. Vo- cês vão entender mais pra frente por que não fiz) a prova da UNIFESP e mudaria pra lá. As aulas começaram intensas, muito conteúdo, muita coisa nova que eu nunca tinha sequer ouvido falar... estava curtindo, mas a ideia de fazer a Santa Casa apenas temporariamente ainda estava na ca- beça! Até que em um determinado dia da semana tivemos aula com uma pessoa que, sem duvida, mu- dou a minha vida profissional e eu sou fã até hoje. Se você já me segue há algum tempo nas redes so- ciais você sabe de quem eu estou falando: Thiago Fukuda. Lembro muito bem da primeira aula dele e já nos primeiros minutos de aula eu pensei: “puta que pariu! Eu quero ser igual esse cara!”. Sério, gen- te, eu acho que isso fez uma diferença absurda na minha vida. O fato de você ter um ídolo, uma pessoa FISIOTERAPEUTA 27
em quem você se espelha, uma pessoa que tenha passado pelo que você passou (ou vai passar) e ter tido louvor nessa experiência é algo que, ao meu ver, faz toda diferença. Eu vejo muita gente idolatrando “profissionais de palco” nas redes sociais, mas você precisa se espelhar em quem realmente vive aquilo. Se você quer ser um bom fisioterapeuta, tem que se espelhar em bons fisioterapeutas que atendem pacientes. Se você quer ser um bom professor, es- pelhe-se em professores que tem sucesso. Se você quer ser pesquisador, procure uma referencia nes- sa área e siga seus passos, mas escolha para ser seus ídolos, aquela pessoa que realmente vive na pele aquilo que você deseja fazer. E foi assim com o Fukuda. Desde o primeiro dia que tive aula com ele, vi que ali estava uma pessoa diferenciada, que poderia me agregar muito em to- das as áreas da fisioterapia, pois além de atender, ele era Doutor, pesquisador e dava uma puta aula, com uma didática invejável. Como eu sempre quis ser professor também, não tive dúvidas, desisti de fazer a prova da UNIFESP e coloquei na minha cabe- ça: vou colar nesse cara e vou ser igual a ele. Além de tudo isso, ele também tinha feito a pós gradua- FISIOTERAPEUTA 28
ção na Santa Casa, então vi mais potencial ainda em continuar fazendo essa pós. Bom, a pós começou e estava extremamente pu- xada, mas eu estava curtindo muito, aprendendo mais a cada dia. Estava estudando pra cacete! Tinha uma coisa muito clara na minha cabeça: eu até pode- ria me sair muito mal na pós, mas daria tudo de mim durante todo período que tivesse lá. Dando tudo de mim, pronto, a minha parte tinha sido feita! E galera, na boa, se você der o seu 100%, não importa a área, você vai se destacar. As coisas vão dar certo! Não tem como ser diferente disso! Eu fazia Santa Casa a tarde, então todos os dias de manhã eu acordava cedo, revisava todas as au- las que tinham sido dadas no dia anterior, as escu- tava de novo e fazia um novo resumo, diferente do que tinha anotado durante a aula (eu gravei todas as aulas que foram dadas durante a pós. Tenho os áudios de todas elas até hoje) e ia pesquisar artigos que tinham relação com as aulas para estudar tam- bém. Estava extremamente focado, mas sentia mui- ta falta da família, de amigos... os primeiros dias fo- ram pesados! A saudade era tanta que eu consegui FISIOTERAPEUTA 29
convencer um amigo meu de São Luis a fazer uma prova para pós graduação em São Paulo e ir morar comigo. Hoje essa pessoa é meu sócio em alguns negócios, apesar de ter feito a pós dele na área de fisioterapia cardio respiratória. Voltando para o assunto Sana Casa, como eu disse, estava extremamente focado e dedicado, estudanto mais que qualquer pessoa, pois eu, di- ferentemente da grande maioria, só estava estu- dando. Meus pais me deram a oportunidade de, em mais essa fase da vida, apenas estudar, então as coisas não poderiam dar errado, senão eu me culparia demais. No decorrer das primeiras semanas de Pós Graduação, fiquei sabendo que teríamos que apre- sentar um TCC no final dela e não tive duvidas que queria que o meu orientador fosse o Fukuda. Fiz uma dupla com uma pessoa que também estava bem focada na pós e fomos fazer uma espécie de entrevista com ele para ver se seriamos aprovados ou não. O tema que escolhemos para ser o nosso TCC era relacionado a ligamento cruzado anterior, o que me deu mais tranquilidade ainda para a en- FISIOTERAPEUTA 30
trevista, pois esse tinha sido o tema do meu TCC na faculdade também e estava tudo muito fresco ainda na minha cabeça. Fomos para a entrevista, foi tudo tranquilo, eu ti- nha a mais absoluta certeza de que ia dar tudo cer- to e, pra minha surpresa, não fui aprovado. Ele não me aceitou como orientando. Pra piorar ainda mais a situação, além de não me aprovar, ele aprovou a minha suposta parceira, ou seja: ele iria orienta-la, mas desde que ela fizesse o trabalho com uma ou- tra pessoa, que ele mesmo escolheria, depois que terminasse todas as entrevistas com os candidatos à orientação. Nossa! Vocês não imaginam como isso me dei- xou puto da vida! Eu tinha certeza que poderia fazer um puta trabalho com ele e o fato de não ter sido aprovado realmente não entrava na minha cabeça. Mas no fundo isso foi ótimo pra mim, pois isso fez com que eu tivesse mais vontade ainda de engolir todos os livros, artigos e me destacar cada vez mais durante a pós para que ele se arrependesse do que tinha feito comigo. Durante todos os dias que estive na pós eu lembrei disso e posso garantir que isso FISIOTERAPEUTA 31
me deu muito gás pra que eu realmente me desta- casse, não só no módulo que ele era o supervisor (joelho, quadril e esporte, que são as áreas que eu sempre me identifiquei mais), mas em todos os ou- tros também. Na Santa Casa funcionava assim (não sei como está hoje em dia): primeiro nós temos dois meses de aula apenas teórica sobre todos os 4 módulos que teremos depois, na pratica: membro superior e oncologia ortopédica; pé, tornozelo e linfedema; coluna e traumatologia ortopédica; joelho quadril e esporte. Depois de passar os dois meses na teoria, rodávamos entre esses 4 modulos, atendendo pa- cientes na Santa Casa (tanto na enfermaria quanto no ambulatório), passando três meses em cada um deles. O modulo do joelho foi o meu terceiro e eu tinha uma coisa na minha cabeça: “eu preciso ser muito foda nesse módulo, esse cara precisa se ar- repender de não ter me escolhido como orientan- do”. Eu realmente peguei essa reprovação do TCC como uma possibilidade de crescimento. Me desa- fiei diariamente depois que tive o resultado e, mais uma vez isso também fez uma baita diferença para que eu me destacasse. Assim que eu tive a noticia, FISIOTERAPEUTA 32
estabeleci novas metas, pois como vocês já devem ter percebido, eu sempre trabalho com elas: queria ser um dos destaques da turma da pós graduação e queria ser convidado para ser o que na Santa Casa chamavam de R2 na época, que nada mais é do que você ficar de monitor em um dos 4 módulos da pós na turma do ano seguinte. E eu queria ser convida- do pelo Fukuda para ser R2 do módulo de joelho, quadril e esporte. Isso, pra mim, seria a prova de que realmente eu tinha dado o meu melhor e isso iria selar a minha passagem pela Santa Casa com chave de ouro. Eu estudei muito durante os 14 meses de Santa Casa, muito mesmo! Mas também não deixei de cur- tir a vida em São Paulo. Eu costumo dizer que nós, que somos de cidade pequena, quando conhecemos de verdade a cidade grande, se não tomarmos cui- dado a gente até sai do foco. Rs. Eu ia para os serta- nejos na famosa Villa Country aos finais de semana, fazíamos churrascos (e que churrascos) regados a muita cerveja, vodcas e afins com o pessoal da pós graduação... Eu nunca deixei de fazer absolutamen- te nada, mas sempre estava com meus estudos em dia. Nunca perdi o meu foco. E isso é absolutamente FISIOTERAPEUTA 33
possível de ser feito. Eu costumo dizer que não im- porta o que você faz aos finais de semana, mas é o que você deixa de fazer que vai fazer com que você deixe de chegar aos seus objetivos. Ou seja, não há problema nenhum em você tomar uma quando qui- ser, desde que faça as suas obrigações também. Bom, metas na pós estabelecidas, então os 14 meses de pós se encerraram. Durante esse período todos percebiam bastante a minha dedicação e eu me tornei uma referência por lá. Aproximadamente um mês antes de encerrar a pós eu decidi que iria fazer a prova para a UNIFESP, pois assim que eu a terminasse eu voltaria pra São Luis com as duas especialidades, me destacando assim no mercado. E assim aconteceu: fiz a inscri- ção no processo seletivo, fiz a prova e passei. Mas ao mesmo tempo que saiu o resultado da UNIFESP, saiu o resultado também dos R2 da Santa Casa. E adivinhem?! Eu tinha sido o escolhido para ficar de R2 no grupo do joelho, quadril e esporte. Ou seja: aquele meu objetivo traçado la no inicio da pós aca- bara de ser atingido. Aí veio, por alguns minutos, a dúvida: faço uma nova pós graduação ou tenho FISIOTERAPEUTA 34
a oportunidade de aprender mais, aprender diari- mente com aquela pessoa que eu tanto admirava? Confesso que foi difícil de escolher, mas decidi ficar na Santa Casa e aprender por mais de um ano com aquela pessoa que, pra mim, era (e é) uma referen- cia. Nesse momento também já estabeleci a minha próxima meta, pois inicialmente o objetivo era termi- nar a Santa Casa e voltar para São Luis. Decidi então que ficaria mais um período em São Paulo e, já que estava por lá, só voltaria para São Luis assim que terminasse o meu Mestrado e Doutorado. Não tenho duvidas de que essa decisão foi a me- lhor que eu tomei. Durante esses 14 meses que pas- sei como R2, além do contato diário com o Fukuda, tive contato também com uma grande referencia na área, o Flavio Bryk, que era o supervisor do mo- dulo de joelho, quadril e esporte no turno matutino. Aprendi pra caramba com os dois e, além disso, tive a honra de ser convidado pelo Flavio Bryk para o meu primeiro “emprego” na fisioterapia, como fisio- terapeuta da sua clinica. Quer coisa melhor? Inicio a Santa Casa, fico de monitor no modulo que eu mais gosto, tenho conta- FISIOTERAPEUTA 35
to direto com duas referencias por mais de um ano, sou chamado para trabalhar em uma clinica que eu sempre admirei e, por intermédio do Fukuda, ain- da dei entrada no meu Mestrado na Universidade Nove de Julho – SP. Tudo muito além de tudo que eu sempre pude imaginar, mas tudo correspondendo ao foco que eu tinha em todo processo. E assim eu termino os meus 28 meses na Santa Casa (14 meses como aluno da pós e 14 meses como R2). FISIOTERAPEUTA 36
Insigths - Sem duvida o maior dos insigths que posso passar agora é a importância de vocês terem em quem se espelhar. Procurem essas pes- soas e estejam por perto delas. Aprendam com elas! Isso vai fazer a diferença na vida de vocês e eu não tenho duvidas, FISIOTERAPEUTA 37
////// CapÍtulo 4 Do Maranhão para a Seleção Brasileira de Futebol FISIOTERAPEUTA 38
Essa é, com certeza, a pergunta que eu mais escuto nas minhas redes sociais: “Amir, como você chegou à Seleção Brasileira? E essa história é muito legal. É também a prova de que quando a gente quer, as coisas realmente acontecem, desde que façamos por onde. Como já está muito claro para vocês, durante todo o período que passei na Santa Casa, seja como aluno da pós-graduação ou como monitor, sempre me dediquei muito a isso. Nunca passou pela minha cabeça o fato de ficar em São Paulo “empurrando as coisas com a barriga”, como falamos aqui em São Luís (pra quem não sabe, essa expressão é do tipo: “fazer as coisas de qualquer jeito para ver no que vai dar”). Um certo dia, eu estava trabalhando na clínica que trabalhava em São Paulo (GERF – Grupo Especializado em Reabilitação Funcional, dirigido pelo fisioterapeuta Flavio Bryk), uma quinta feira a tarde, dia 13 de outubro de 2011, quando de repente o meu telefone toca. Nele, era exatamente o Flavio (dono da clínica), falando o seguinte: - Amir, estamos aqui na Santa Casa e acabamos de ser convidados para assumir o Departamento Médico da Seleção Brasileira de Futebol Feminino na FISIOTERAPEUTA 39
CBF. Nem eu e nem o Fukuda (que eram os chefes do grupo do esporte na época) conseguiremos ir. Sendo assim, queríamos saber se você consegue assumir a primeira convocação que teremos, será na segunda feira, dia 17. Você aceita? Quem não aceitaria, meus amigos? -Aceito sim, Flavião. Pode contar comigo que na segunda feira eu tá na área! Antes de oficializar a minha primeira convocação, o Flavio me chamou para uma reunião presencial e eu me lembro muito bem que dentre outras coisas, ele me disse que além do conhecimento técnico que eu tinha, que certamente eu iria dar conta de atender a todos os atletas tranquilamente, mesmo que nunca tivesse ido para nenhuma competição, ele disse que essa oportunidade estava chegando para mim por conta da confiança que ele tinha na minha pessoa e sabia que o fato de eu estar indo para a convocação ate mesmo antes mesmo dele era pelo fato de ter a certeza que eu não seia capaz de fazer algo que pudesse comprometer essa jornada que estaríamos iniciando, pois acima de tudo ele confiava em mim como pessoa e via o quanto eu estava me dedicando a tudo! FISIOTERAPEUTA 40
O interessante, também, foi que essa primeira convocação foi uma convocação para a gente vivenciar um pouco da rotina na seleção, então eu fui, na verdade, para a convocação da seleção masculina sub 15. Tive, já nessa primeira convocação, a oportunidade de viajar para o Uruguai e disputar o meu primeiro torneio internacional, a Copa Sul Americana de Futebol Sub 15. Lembro muito bem do meu primeiro momento cantando o Hino Nacional dentro do campo... Foi realmente uma sensação incrível. Nesse momento passava pela minha cabeça: “É, Amir, olha aonde você chegou! Menino novo, de São Luis do Maranhão, chegando à Seleção Brasileira de Futebol!” Nesse torneio tive a oportunidade de trabalhar com figuras conhecidas do futebol como o Gabigol, que era jogador do Santos na época, mas que atualmente está no flamengo, Ney Franco, treinador do São Paulo na época e que recentemente tinha iniciado um trabalho muito bom nas categorias de base da seleção, Andrés Sanches, do Corinthians, dentre outros. Essa parte da minha história é muito interessante. Se a gente for parar pra pensar, se você voltar lá no início do livro, vai ver que eu sempre tive o sonho FISIOTERAPEUTA 41
de trabalhar com futebol. Foi, na verdade, o esporte que me trouxe (indiretamente) para a fisioterapia... Mas eu nunca foquei, de fato, para me tornar um fisioterapeuta da seleção brasileira de futebol, apesar de sempre ter tido esse sonho. O meu trabalho diariamente era dar o melhor de mim na minha profissão todos os dias para todo mundo ver e reconhecer o meu esforço. Eu costumo dizer que ser fisioterapeuta da seleção, disputar Copas do Mundo e Olimpíadas eram sonhos que eu sempre tive, mas que por pensar que seria utopia, sempre “deixei de lado”. E é aí que vem a parte boa, que o nosso Papai do Céu não deixa passar: quando você faz o que tem que ser feito, da forma como tem que ser feito e se faz ser reconhecido, os resultados vêm. Mais cedo ou mais tarde, eles vão aparecer! Não importa qual seja o seu sonho, apenas trabalhe! Dê o seu melhor em tudo, ofereça mais do que o seu chefe espera, faça mais do que o seu professor pede, entregue mais do que o que seu paciente espera de você... Faça! Apenas faça! As oportunidades aparecerão. Pode não ser hoje, pode não ser amanhã, mas um dia elas acontecerão. FISIOTERAPEUTA 42
Desde outubro de 2011, então, acompanho todas as seleções femininas, desde as categorias de base até a seleção principal, já tendo tido oportunidade de estar presente em duas Copas do Mundo, uma Olimpíada e três torneios Sul Americanos, além de varias competições menores e vários amistosos internacionais. Veja bem: se Amir Curcio, lá de São Luís do Maranhão, consegue, todo mundo consegue. Mas eu já disse o segredo: dedicação e foco! É isso que faz a gente ir mais longe! Às vezes você pensa que está longe, pensa que as coisas não estão acontecendo, mas quando você faz a sua parte, as oportunidades aparecem sim. Você só precisa estar pronto para aproveita-las. FISIOTERAPEUTA 43
Insights - A melhor forma de realizar seus sonhos, é trabalhando! Trabalhe, trabalhe muito todos os dias, dê mais do que o seu máximo. Os re- sultados aparecerão. Não tem jeito, se você fi- zer isso, vai dar certo. As vezes você vai pensar que está longe, que as coisas não estão acon- tecendo como deveriam... mas na hora certa, vão acontecer e você precisa estar pronto pra isso. Reclamar não adianta e não leva a nada. FISIOTERAPEUTA 44
////// CAPÍTULO 5 Meu Mestrado e Doutorado FISIOTERAPEUTA 45
Como já falei algumas páginas antes, depois que decidi passar um ano a mais em São Paulo para ser monitor da Pós Graduação da Santa Casa, decidi também que iria dar entrada no Mestrado e Douto- rado e só voltaria para São Luís depois que concluís- se essas duas fases da minha vida acadêmica. Hoje eu tenho certeza de que essa foi uma decisão muito sábia da minha parte, mas na época, não tinha a mí- nima noção disso. Digo isso porque hoje, com o títu- lo de Doutor, fica muito mais fácil para as portas se abrirem para que eu seja convidado para dar aulas em congressos, dê aula em duas faculdades... Não que você precisa ser Doutor para isso, mas em al- guns momentos isso faz, sim, diferença. Em relação às minhas linhas de pesquisa no Mes- trado e Doutorado, eu sempre gostei muito da área da biomecânica e, por indicação do Thiago Fukuda, tive a sorte de poder fazer tanto o Mestrado quanto o Doutorado na área de biomecânica, com uma das maiores sumidades na área do nosso país, o profes- sor (e hoje em dia, amigo) Paulo Lucareli. Maaasssss! Mais uma vez: não foi fácil assim não. Lembro muito bem que na primeira vez que fiz o processo seleti- vo para a UNINOVE (faculdade onde fiz o Mestrado e Doutorado), fui reprovado. Eu já tinha conversado com o meu possível orientador, já tinha uma linha de FISIOTERAPEUTA 46
pesquisa para entrar, já tinha projeto de pesquisa pronto... Tudo que todo e qualquer aluno de Mestra- do precisa para ser aprovado. Eu tinha certeza que a minha aprovação era certa, mas não, me enganei. Sem problemas! Aproveitei esse ano inteiro para ir para o laboratório aprender com meu orientador e os demais alunos dele e, no ano seguinte prestei no- vamente o processo seletivo, sendo aprovado dessa vez. Além disso, submeti o meu projeto do Mestrado para a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e a do Doutorado para a CA- PES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e fui contemplado com uma bolsa de estudos (na época, em torno de R$ 1.500,00 para o mestrado e R$ 2.500,00 no Doutorado), o que deu uma baita ajuda nas finanças, apesar de eu já estar trabalhando, e ganhando uma graninha, mas você ser remunerado para fazer o Mestrado e Doutora- do, além de ser extremamente gratificante, da uma baita ajuda. Afinal, sendo contemplado com a bolsa ou não, eu faria cumpriria essas duas etapas que já tinha programado, então, com o dinheiro caindo mensalmente, melhor! Nessa fase da minha vida, além das atribuições acadêmicas (inicialmente com o Mestrado e, poste- riormente, o Doutorado) eu tinha obrigações clinicas FISIOTERAPEUTA 47
(atendia na clinica do Thiago Fukuda, em São Paulo) e a Seleção Brasileira (com várias convocações durante o ano, várias viagens que faziam com que eu me au- sentasse das demais obrigações durante o ano). Era muita coisa para ser feita. Por algumas vezes es- cutei do meu orientador: “Amir, você está querendo abraçar o mundo. Será que os seus braços têm esse tamanho todo?” rs. Minha resposta era sempre po- sitiva e eu tinha aquilo como uma cobrança para que eu não deixasse de cumprir com meus prazos, mas não se enganem, galera. Assim como qualquer ser vivo, uma vez ou outra, um ou outro prazo era perdi- do sim. Normal! Coisa de pós-graduando. Mas esses prazos perdidos sempre eram aqueles prazos que podiam ser perdidos, nada que pudesse comprome- ter essa fase da minha vida. Esse foi um dos momentos mais cruciais da minha vida, que eu precisei ter muito foco para não vislum- brar com a possibilidade de ganhar dinheiro e deixar passar a oportunidade de conseguir meus diplomas. Nessa época eu abri uma pequena empresa (de forma informal mesmo) e comecei a fazer palmilhas sob me- dida para pacientes com lesões ortopédicas. Fiz uma espécie de sociedade com o meu amigo que morava comigo e, no quarto dos fundos da nossa republica, montamos a nossa modesta “oficina de palmilhas”. FISIOTERAPEUTA 48
Insights: - Não deixe as suas oportunidades pas- sarem, mas também não perca o foco. Nessa vida tudo tem o seu momento. Se você quer ter um bom currículo e fazer com que ninguém possa questionar a sua capacidade, o primeiro passo para isso é a qualificação profissional e, para ter uma boa qualificação, por muitas ve- zes você vai precisar abrir mão de um dinhei- ro temporário. Isso também é investimento! Invista no seu currículo antes de tudo. FISIOTERAPEUTA 49
////// CapÍtulo 6 O Início do empreendedorismo FISIOTERAPEUTA 50
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