Ensinando Espanhol no Amazonas:experiências, conquistas e perspectivas
Conselho EditorialPresidente: Sérgio Augusto Freire de SouzaMembros: Antônio Carlos Witkoski Domingos Sávio Nunes de Lima Edleno Silva de Moura Elizabeth Ferreira Cartaxo Spartaco Astolfi Filho Valéria Augusta Cerqueira Medeiros Weigel Comitê Editorial da Edua Louis Marmoz (Université de Versailles) Antônio Cattani (UFRGS) Alfredo Bosi (USP) Arminda Rachel Botelho Mourão (Ufam) Spartaco Astolfi Filho (Ufam) Boaventura Sousa Santos (Universidade de Coimbra) Bernard Emery (Université Stendhal-Grenoble 3) Cesar Barreira (UFC) Conceição Almeira (UFRN) Edgard de Assis Carvalho (PUC/SP) Gabriel Cohn (USP) Gerusa Ferreira (PUC/SP) José Vicente Tavares (UFRGS) José Paulo Netto (UFRJ) Paulo Emílio (FGV/RJ) Élide Rugai Bastos (Unicamp) Renan Freitas Pinto (Ufam) Renato Ortiz (Unicamp) Rosa Ester Rossini (USP) Renato Tribuzy (Ufam). Esta publicação recebeu apoio da Secretaria de Estado de Educação e Quali- dade de Ensino do Amazonas (SEDUC-AM), do Grupo de Pesquisa Obser- vatório de Ensino de Línguas e da Associação dos Professores de Espanhol do Amazonas.
Wagner Barros Teixeira Cacio José Ferreira Josefa Fernandes da Silva (Orgs.)Ensinando Espanhol no Amazonas:experiências, conquistas e perspectivas
Copyright © do texto: dos autores, 2017.Copyright © da edição: Editora da Universidade Federal do Amazonas, 2017 GOVERNO DO ESTADO DO AMAZONAS GOVERNADOR | David Antônio Abisai Pereira de AlmeidaSECRETÁRIO DE ESTADO DE EDUCAÇÃO: Arone do nascimento Bentes UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS REITOR | Sylvio Mário Puga Ferreira EDITOR | Sérgio Augusto Freire de Souza COORDENADORA EDITORIAL | Suely Oliveira Moraes Marquez REVISÃO TÉCNICA | Rita Cintia Pinto Vieira REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA | Cacio José Ferreira DIAGRAMAÇÂO E CAPA | EDUA T266e Teixeira,Wagner Barros Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivas/ Wagner Barros Teixeira, Cacio José Ferreira, Josefa Fernandes da Silva – Manaus: EDUA, 2017. 121 p.; 14x21cm ISBN 978-85-526-0027-5 1. Língua Espanhola - Ensino-aprendizagem. 2. Ensino de Línguas. 3. Ensino de Língua - atuação profissional. I. Título. CDU 81’243 Editora da Universidade Federal do Amazonas Av. Gal. Rodrigo Otávio Jordão Ramos, nº 6200 – Coroado I, Manaus/AM Campus Universitário Senador Arthur Vírgilio Filho, Bloco L, Setor Sul Fones: (92) 3305 4291 e 3305 4290 - http://edua.ufam.edu.br/ E-mail: [email protected]
Wagner Barros Teixeira Cacio José Ferreira Josefa Fernandes da Silva (Orgs.) Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivas
AgradecimentosEspecialmente, à querida Professora Dra. Elsa OtiliaHeufemann Barría, exemplo incansável de dedicação emprol do ensino do Espanhol e da difusão do hispanismo noAmazonas, pela gentileza e pelo cuidado ao redigir o prefáciodesta obra.Às colegas e aos colegas, acadêmicas, professoras e professorespesquisadores atuantes nas escolas e nas instituições de ensinoamazonenses que, juntamente conosco, aceitaram o desafio decontribuir para o sucesso desta empreitada.Ao grupo de pesquisa “Observatório de ensino de línguas”, queconcentra algumas das pesquisas apresentadas nos capítulosque compõem esta obra.À Universidade Federal do Amazonas, que, por meio desua Editora, em especial na pessoa do Professor Dr. SérgioAugusto Freire de Souza, tornou possível a publicação destaobra.Ao Governador do Estado do Amazonas David AntônioAbisai Pereira de Ameida.À Secretaria de Estado de Educação e Qualidade do Ensinodo Amazonas – SEDUC/AM, em especial ao Professor AroneBentes, Excelentíssimo Secretário de Educação do Amazonas,que envidou esforços para a consolidação desta obra, noentendimento de que o Amazonas é uma região de encontros,onde as pluralidades, entre as quais a cultural e a linguística,são parte fundamental de sua(s) realidade(s).
E, nesse mesmo raciocínio, à equipe da SEDUC, em especial à SecretáriaExecutiva de Estado de Educação, Darcilia Dias Penha, à SecretáriaExecutiva Adjunta Pedagógica, Luciana Lima de Brito Cauper, ao SecretárioExecutivo Adjunto da Capital, Carlos Antônio Magalhães Guedelha, aoSecretário Executivo Adjunto do Interior, Moisés Gomes de Aguiar, aoSecretário Executivo Adjunto de Gestão, Raimundo Luiz Vidal Aleluia,bem como ao Centro de Mídias de Educação do Amazonas (CEMEAM), napessoa do Senhor Sérgio Raimundo Araújo, ao Diretor do Departamentode Políticas e Programas Educacionais (DEPPE), Aurilex da Silva Moreira,à Diretora do Centro de Formação Profissional Padre José Anchieta(CEPAN), Kátia Regina Menezes Mendes e ao Assessor de Comunicação,Senhor Diamantino Júnior.A todos os que, de alguma forma, contribuíram para o sucesso destetrabalho, nossos mais sinceros agradecimentos. Os organizadores.
SumárioPrefácio .......................................................................... 11Capítulo 1 - Práticas pedagógicas de Língua Espa- 15nhola no ampliando horizontes – SEMEDÁdria dos Santos GomesCapítulo 2 - A arte como aliada no ensino da Língua 27Espanhola nas escolas públicas de Manaus: pintoresdo mundo hispânicoFrancisca Eduarda Barroso BarbosaCapítulo 3 - O gênero textual conto e o desenvolvi- 37mento da competência comunicativa no processo deaprendizagem da Língua EspanholaHayalla Tarciana Pereira da CostaJanisse Ivette AbisrrorLesly Diana Pimentel YongCapítulo 4 - Relato de uma experiência no ensino- 47aprendizagem de Espanhol através de lendasamazônicas, em São Gabriel da Cachoeira-AMIngrid Karina Morales PinillaCapítulo 5 - O aprendizado da língua estrangeira 57(Espanhol) por meio da leituraCristina Pantoja MaiaJosefa Fernandes da Silva
Capítulo 6 - V Mostra Cultural da Escola Estadual 67Márcio Nery: viabilidades interdisciplinares da prática 77da Língua Espanhola 87Lucimara Salomão Hooper 95 103Capítulo 7 - Panorama sobre o ensino de Espanhol emescolas amazonenses 117Raimunda Julia de Freitas BrandãoCapítulo 8 - Encontro Literário com alunos da EscolaEstadual Eunice SerranoSaturnino ValladaresMilena Alves PintoCapítulo 9 - Produções de narrativas escritas e oraisem Espanhol: ressignificações no contexto das escolasdo ensino médio na cidade de Manaus/AMSilvana Suelen Mendonça MesquitaCapítulo 10 - Educação intercultural e formação deprofessores de Espanhol em comunidades indígenasno AmazonasWagner Barros TeixeiraCacio José FerreiraSobre os autores
PrefácioO propósito deste livro é registrar a experiência vivenciada por estudantes e por professores de Espanhol em sua prática docente, seja como alu- nos do Curso de Letras-Língua e Literatura Espa- nhola da Universidade Federal do Amazonas – UFAM, seja como docentes de escolas públicas emManaus ou, ainda, como professores da instituição de ensinosuperior acima mencionada. Os relatos são resultado de projetoselaborados e/ou executados por meio de parcerias entre aUFAM, a SEDUC/AM e a SEMED-Manaus, com a finalidade depropiciar o diálogo entre essas instituições e a comunidade. Olivro consta de dez relatos, apresentados na forma de capítulos,apresentados de forma resumida a seguir. Em Práticas pedagógicas de Língua Espanhola noAmpliando Horizontes – SEMED, de autoria da professoraÁdria dos Santos Gomes, é apresentado o programa de ensino deLíngua Espanhola e de Língua Inglesa Ampliando Horizontes,desenvolvido no âmbito da SEMED-Manaus, cujo objetivo éoferecer cursos gratuitos de ambas as línguas para funcionáriose seus dependentes para servir de aporte na formação dosservidores da Secretaria Municipal de Educação de Manaus. Em A arte como aliada no ensino da Língua Espanholanas escolas públicas de Manaus: pintores do mundo hispânico,a professora Francisca Eduarda Barroso Barbosa apresenta relatosobre Projetos desenvolvidos no âmbito do Programa AtividadeCurricular de Extensão originários da UFAM, abordando aimportância da arte no ensino da Língua Espanhola, executados
12 | Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivasem quatro escolas da rede pública estadual em Manaus: MarcantônioVilaça, Professor Antenor Sarmento, Escola Nossa Senhora de Aparecida eProfessora Eunice Serrano Telles de Souza. Em O gênero textual conto e o desenvolvimento da competênciacomunicativa no processo de aprendizagem da Língua Espanhola, asacadêmicas Hayalla Tarciana Pereira da Costa e Janisse Ivette Abisrror,jutamente com sua orientador, professora Lesly Diana Pimentel Yong,apresentam relato sobre um projeto originário da UFAM – CampusBenjamim Constant, sobre como o gênero textual conto contribuipara o desenvolvimento da competência comunicativa no processo deaprendizagem da Língua Espanhola. O projeto foi aplicado na EscolaEstadual Imaculada Conceição, no município de Benjamin Constant- AM. Em Relato de uma experiência no ensino-aprendizagem deEspanhol através de lendas amazônicas, em São Gabriel da Cachoeira-AM, a professora Ingrid Karina Morales Pinilla apresenta relato sobre oprojeto de extensão desenvolvido no âmbito do MEC/Sesu – originário daUFAM, cujo objetivo é descrever a vivência de ensino-aprendizagem doEspanhol na Escola Estadual Irmã Inês Penha, localizada no município deSão Gabriel da Cachoeira-AM, utilizando como material didático algumaslendas amazônicas em espanhol. No capítulo O aprendizado da Língua Estrangeira (Espanhol)por meio da Leitura, as professoras Cristina Pantoja Maia e JosefaFernandes da Silva relatam experiências oriundas de projeto desenvolvidono âmbito do PCE (Programa Ciência na Escola), originário da SEDUC/AM, sobre a contribuição da leitura de diversos gêneros no aprendizado daLíngua Espanhola, executado na Escola Estadual Eunice Serrano Telles deSouza, em Manaus. Em V Mostra Cultural da Escola Estadual Márcio Nery:viabilidades interdisciplinares da prática da Língua Espanhola, aprofessora Lucimara Salomão Hooper apresenta projeto originário daSEDUC/AM, desenvolvido no âmbito da Mostra Cultural dos paíseshispano-americanos, em sua 5ª edição, sobre como promover o ensino daLíngua Espanhola sob uma perspectiva intercultural e comunicativa, naEscola Estadual Márcio Nery, em Manaus. No capítulo Encontro literário com alunos da Escola EstadualEunice Serrano, a acadêmica Milena Alves Pinto , juntamente com seuorientador, professor Saturnino Valladares, apresentam relato sobre projetodesenvolvido no âmbito do Programa Atividade Curricular de Extensão– PACE, originário da UFAM, sobre a poesia espanhola do século XX.
|13Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivasParticiparam do projeto um grupo de alunos do Curso de Letras – Línguae Literatura Espanhola da UFAM, sendo executado na Escola EstadualProfessora Eunice Serrano Telles de Souza, para alunos do 3º ano do EnsinoMédio. Em Panorama sobre o ensino de Espanhol em escolasamazonense, a professora Raimunda Julia de Freitas Brandão relataexperiências oriundas do trabalho em escola pública da SEDUC/AM,apresentando breve panorama sobre o ensino de Espanhol no Estado doAmazonas e um resumido relato de experiências de atuação nos ColégiosBrasileiro Pedro Silvestre e Amazonense Dom Pedro II, em Manaus. Em Produções de narrativas escritas e orais em espanhol:ressignificações no contexto das escolas do ensino médio na cidade deManaus/AM, a professora Silvana Suelen Mendonça Mesquita apresentarelato sobre projeto desenvolvido no âmbito do PCE (Programa Ciência naEscola), originário da SEDUC/AM, que se propôs a apresentar produçõesnarrativas de alunos (as) do Ensino Médio da disciplina de Espanhol nasescolas estaduais Frei Silvio Vagheggi e Colégio Amazonense Dom PedroII, em Manaus. No capítulo Educação intercultural e formação de professoresde Espanhol em comunidades indígenas no Amazonas, os professoresWagner Barros Teixeira e Cacio José Ferreira apresentam relato deexperiências vivenciadas durante o processo de formação de professores deEspanhol em comunidades indígenas localizadas em regiões amazonensesque fazem fronteira com países hispânicos, caracterizadas pela pluralidadesociocultural, étnica e linguística, tendo como base o conceito de educaçãointercultural e bilíngue. Percebe-se que todos os conteúdos apresentados, relatados eanalisados nos capítulos estão vinculados, de uma ou outra maneira, àprática acadêmica de uma Licenciatura em Letras, e, no caso específico destelivro, na Licenciatura em Letras – Língua Espanhola e suas literaturas, cujafinalidade é a construção do conhecimento, e, desta vez, através da relaçãoda teoria com a prática, transportada para fora dos muros da universidade,constituindo novas experiências e novos saberes. São abordagens claras eobjetivas que permitem que o leitor acompanhe o desenvolvimento dosprojetos e as experiências vivenciadas pelos autores, deixando o registrodo vivido em suas práticas de educação e de ensino, com o rigor acadêmicoque o profissional da docência ilumina seu quotidiano. Trata-se de uma obra coletiva e, como tal, apresenta diversidade.Pelo perfil dos autores, da titulação e da experiência docente de cada um,
14 | Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivasos capítulos apresentam profundidade de análises diferentes. Porém, essefato não afeta o conjunto da obra, que é uma constatação de projetosbem sucedidos, do planejamento de ações pedagógicas e da procura decaminhos criativos para propiciar melhores resultados no processo deensino-aprendizagem da Língua Espanhola nas escolas públicas de Manause do interior do Estado, espaço privilegiado para a transmissão do saberpelo professor. Este livro se destina, principalmente, a alunos e a professoresque atuam com o ensino de Línguas Estrangeiras em geral, e da LínguaEspanhola em particular. Os projetos e as experiências apresentados abreme mostram novos olhares e novos caminhos possíveis para a elaboraçãode projetos que contribuam para melhorar a formação de professores, ossaberes docentes e o ensino-aprendizagem da Língua Espanhola e suasliteraturas. Passados quatorze anos da criação do Curso de Letras-LínguaEspanhola na UFAM, da qual participei ativamente, é com muita satisfaçãoque redijo o Prefácio do livro Ensinando Espanhol no Amazonas:experiências, conquistas e perspectivas, e, por tudo já registradoprecedentemente, recomendo sua leitura, porque a experiência de cada autoré única, bem como os conteúdos dos relatos. Também pela contribuiçãoque a obra significa para os estudos da área e por se tratar da primeiracoletânea editada e baseada nas experiências geradas dentro de Curso erelatadas pelos professores e alunos participantes. Gostaria de parabenizaraos organizadores pela iniciativa e pela organização do livro, em especial aoprofessor Dr. Wagner Barros Teixeira, também por seu comprometimento epor sua dedicação ao Curso de Letras - Língua Espanhola e suas literaturasda UFAM. Dra. Elsa O. Heufemann-Barría Universidade Federal do Amazonas
capítulo um Práticas pedagógicas de Língua Espanhola no ampliando horizontes – SEMED Ádria dos Santos GOMES Introdução A Divisão de Desenvolvimento Profissional do Magistério – DDPM, espaço de formação continuada, criada em 2001, busca constantemente aprimorar a prá- tica pedagógica e o desenvolvimento das competências pro- fissionais dos servidores da Secretaria Municipal de Edu- cação, visando à promoção de uma educação de qualidade. Fazem parte da DDPM a Gerência de For- mação Continuada (GFC) e a Gerência de Tecnolo- gia Educacional (GTE). O atendimento aos profissio- nais da educação se dá em três turnos por meio de formação continuada presencial, semipresencial e a distância. A formação continuada em 2015 dar-se-á em dois eixos principais, denominados Núcleo de Estudos Estruturantes (NEE) e Núcleo de Estudos Interdisciplinares (NEI). O NEE é constituído pela Escola de Professores, Escola de Gestão, Escola de Adminis- trativos e Escola de Assessores Pedagógicos. O NEI oferecerá te- máticas que compõem o eixo interdisciplinar, com temas sociais, tecnológicos e contemporâneos que deverão ser ofertados confor- me a solicitação a partir da necessidade de cada instituição escolar. As orientações, informações e procedimentos para participação dos servidores na Formação Continua- da estão estabelecidos na Portaria 0765/2014 do DOM, de 28/08/2014, com o objetivo de fortalecer a gestão co- laborativa do trabalho pedagógico dos professores, ges- tores, pedagogos, assessores e servidores administrativos. O objetivo geral é desenvolver processos de formação
16 | Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivascontinuada associada à pesquisa, fundamentada na práxis educativa huma-nizadora, democrática e cidadã, na perspectiva da transdisciplinaridade.Formação Tapiri A Formação Tapiri proporciona momentos de discussão e re-flexão no processo de gestão, desenvolvimento do ensino e aprendiza-gem, conhecimentos técnicos de formação geral da sociedade e avaliação. Tendo como visão de futuro ser referência na formação de profes-sores da rede municipal de ensino de Manaus, abraça a missão de promoverserviço público de qualidade, na área da formação continuada, de formacrítica, reflexiva e dialógica aos profissionais da educação da SEMED/MA-NAUS, adotando os valores: compromisso com a educação, ética e trans-parência, excelência na gestão, acessibilidade e inclusão social, cidadania econtrole social, responsabilidade ambiental, inovação e empreendedorismo. O objetivo é buscar a aprendizagem de qualidade e a autonomia. ADivisão de Desenvolvimento Profissional do Magistério (DDPM/SEMED)tem uma cultura própria de entender a dinâmica do conhecimento a partir darelação com o mundo, socialização e busca da compreensão da diversidade,das possibilidades e dos caminhos da inclusão, bem como a inter, multi, plu-ri e transdisciplinariedade presentes nos espaços educativos da Escola. Nesse caminho, a DDPM/SEMED organiza seu trabalho empolos de atendimento e de conhecimento. Esses polos dizem respei-to à organização pedagógica e material das escolas, espaços de apren-dizagens como base para a construção de situações de formação.Programa Ampliando Horizontes O Programa Ampliando Horizontes, por meio da Divi-são de Desenvolvimento Profissional de Magistério - DDPM/SE-MED, oferece cursos de idiomas focados na extensão da forma-ção de servidores e filhos de servidores acima de 17 anos da redemunicipal de ensino, nas áreas de língua inglesa e espanhola. O curso promove o desenvolvimento das habilidades de leitura, es-crita, produção e conversação nas línguas estrangeiras citadas. Ele favorece
|17Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivasainda o crescimento profissional e pessoal, dando subsídios para a formaçãoStricto Sensu e intercâmbio cultural, segundo relato dos próprios alunos. As aulas do curso acontecem em dias intercalados, segun-da e quarta ou terça e quinta, das 18h30 às 20h30, totalizando 4h se-manais. O mesmo tem duração de 3 (três) anos, podendo o alu-no cursar mais 6 (seis) meses opcionais de conversação na língua. O Programa Ampliando Horizontes surgiu no ano de 2010 nagestão do ex-Secretário de Educação Municipal Vicente Nogueira, tendo aépoca, como chefe da Divisão de Desenvolvimento Profissional de Magis-tério- DDPM, o Professor Ozires. O curso de idiomas iniciou com 8 (oito)professores, sendo 4 (quatro) professores de Língua Espanhola e 4 professo-res de Língua Inglesa. O quadro de profissionais era composto da seguintemaneira:Língua Espanhola Língua InglesaNatália Rocha Socorro SoteroCristiane Mouta Luiz HumbertoMário Sávio Rosana Mourão Thiago EugênioAlícia Cristina Durante a implementação, o Programa possuía trêscoordenadoras: Márcia Reston, Jaqueline Batista e Kátia Florêncio. No anode 2011, ela foi substituída pela professora coordenadora Maria do Perpé-tuo Socorro Araújo. Passaram pelo Programa outros professores como: Fili-pe Misturini, de Língua Inglesa e Lucimara Salomão, de Língua Espanhola.Atualmente, o quadro de professores é composto pelos seguintes profissio-nais:Língua Espanhola Língua InglesaNatália Rocha Socorro SoteroÁdria Santos Suellen BarrosOlvídia Dias Sylvia Beatriz Aguinaldo Salazar Danielle Brito O Programa Ampliando Horizontes desempenha diversas ativida-des interativas focadas em um aprendizado significativo. Além disso, noâmbito da Língua Espanhola, promove práticas de ensino com imersão dalíngua alvo em situações concretas de fala entre os alunos e a comunidade
18 | Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivashispano-hablante. Em 2014, passei a compor o quadro efetivo do ProgramaAmpliando Horizontes, por meio de uma seleção realizada em feve-reiro do referido ano, graças à experiência oportunizada pelo Proje-to CEL, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), que me pro-porcionou subsídios e experiência na docência em Língua Espanhola. O Centro de Estudos de Línguas - CEL é organizado pelo Fa-culdade de Letras (FLet), da Ufam. Ele oferece aulas de Língua In-glesa, Língua Espanhola, Língua Francesa, Língua japonesa, Ale-mão e Libras. Os professores do Projeto são acadêmicos de períodosdiversos dos cursos de Letras. Além disso, há preparatório para Examesde Proficiência e Conversação em Língua Inglesa (IEP), curso de Espa-nhol para Exame de Proficiência (EEP), curso de Francês para Examede Proficiência (FEP) e curso de Língua Portuguesa para estrangeiros. Ao destacar a importância do Projeto como campo de estágio paraacadêmicos de diversos cursos, tanto no contexto de pesquisa, como partedo processo de formação de professores, o coordenador do curso de Inglês,professor Sérgio Armstrong, destaca: “O CEL é um programa de Extensãoe, como tal, objetiva retornar à sociedade o investimento aplicado no en-sino público.” Por conseguinte, foi com base nessa experiência, enquantodiscente, que eu consegui entrar no mercado de trabalho atuando comoprofessora de Língua Espanhola pela SEMED/MANAUS.Atividades desenvolvidas no Programa Ampliando Horizontes O Programa Ampliando Horizontes além de oferecer os cursos re-gulares em Língua Espanhola e Inglesa oportuniza aos discentes atividadesdiferenciadas e significativas com o intuito de inserir o conhecimento dalíngua estudada de forma que possam entrar em contato com o universo aque estão inseridos. Para isso, promove todo semestre atividades extraclassepara colocar o aluno em contato com a cultura e com falantes da língua. Na sociedade de mudanças aceleradas, em que vivemos, somossempre levados a adquirir novas habilidades, já que é o indivíduo a unidadebásica de mudança. A utilização de estratégias lúdicas, no processo peda-gógico, desperta o interesse do aluno e, através da aplicação de atividadeslúdicas, promovemos um ensino significativo conforme afirma Fernández,(2002, p.122): o “lúdico” pode ser um instrumento indispensável na apren-
|19Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivasdizagem, no desenvolvimento e na vida do estudante de ELE. Nesse sentido, o lúdico pode contribuir de forma significativapara o desenvolvimento do ser humano, seja ele de qualquer idade, au-xiliando não só na aprendizagem, mas também no desenvolvimento so-cial, pessoal e cultural. Também facilita o processo de socialização, comu-nicação, expressão e construção do pensamento. Vale ressaltar, porém,que o lúdico não é a única alternativa para a melhoria no intercambioensino-aprendizagem, mas é uma ponte que auxilia na melhoria dos re-sultados por parte dos educadores interessados em promover mudanças. No primeiro semestre de 2014, ano em que iniciei minhas ati-vidades no Ampliando Horizontes, foi realizado o evento da Páscoa. APáscoa é uma da data comemorativa importante do calendário brasileiro.Nos tempos atuais, tornou-se uma data tão comercial, que poucos lem-bram ou conhecem seu verdadeiro significado e o que ficou em evidên-cia foram as vendas de chocolates e presentes. No dia 16 de abril de 2014,no Hall da DDPM, realizou-se uma belíssima comemoração de Páscoa. Oevento que foi movido pela paz, alegria, diversão, confraternização, per-dão e muita fé. Nesse dia, cada turma realizou uma apresentação na lín-gua estrangeira em estudo, além disso, os alunos tiveram contato com osdemais colegas de turmas avançadas e puderam realizar conversas nosidiomas estudados para assim praticarem a conversação entre os pares. No segundo semestre de 2014 foi realizado a Mostra Gastronômicana noite do dia 6 de novembro, com a participação ilustre dos professores Dr.Esteban Reyes Celedón (Chile) e da professora Me. Ingrid Karina MoralesPinilla (Colômbia) para compor a mesa de jurados. Os alunos fizeram umaimersão gastronômica-cultural e apresentaram pratos de vários países. Em outubro de 2014 houve também o intercâmbio cultural parao Chile organizado pela professora Natália Rocha e seus alunos finalistas.Esse momento foi um divisor de águas para o programa, pois os alunos pu-deram vivenciar na prática todos os ensinamentos transmitidos pelos pro-fessores de espanhol. Tiveram a oportunidade de conhecer vários pontosturísticos e a gastronomia local, além de realizar as compras tão desejadaspor alguns integrantes. Foi uma verdadeira imersão na língua e que deumargem para conhecer outros lugares a partir dessa primeira experiência. No primeiro semestre de 2015, houve a Gincana Sociocultural comtema: “Na solidariedade todos falamos a mesma língua”, realizada no dia25 de maio. Os alunos participaram dessa atividade doando alimentos nãoperecíveis, roupas, calçados, brinquedos, doação de sangue e outras ativida-
20 | Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivasdes recreativas. Toda a arrecadação da gincana foi doada para a InstituiçãoAbrigo Monte Salém, localizada na Rua Basque, nº38 (Estrada da VivendaVerde), Tarumã, no dia 13 de junho. Nesse mesmo dia o grupo ganhadorda gincana promoveu atividades de pintura, cantos, brincadeiras diversase um lanche preparado com muito carinho para as crianças no abrigo. Foiuma atividade muito gratificante e todos saíram com o dever cumprido. No segundo semestre de 2015, os alunos tiveram uma experiênciaímpar. Foi realizado um passeio turístico pela cidade de Manaus, a bordo deum ônibus panorâmico pela empresa Tucunaré Turismo. Devido à grandequantidade de alunos, o passeio foi realizado em dois dias (17 e 18 de dezem-bro) para que todos tivessem a oportunidade de participar. Essa atividadedeixou os alunos em contato com a nossa cidade por meio de uma nova pers-pectiva, pois muitos discentes nunca haviam realizado o passeio destacadoe puderam, assim, vislumbrar a cidade sob um novo olhar, além do contatoque realizaram com os turistas na Praça de São Sebastião e Teatro Amazonas. Hodiernamente, em todos os inícios dos semestres, realiza-mos uma Aula Inaugural para recepcionar os novos alunos e os que jáparticipam do Programa para que sintam acolhidos e também para co-nhecerem com maior profundidade as atividades que desempenha-mos. Aproveitamos o momento para inserir atividades recreativas epassar os informes internos e as regras do programa, além de, ao fi-nal de cada aula, proporcionar um jantar ou lanche partilhado paraque os veteranos entrem em contato com os novos alunos do curso. No dia 28 de abril de 2016 foi realizado o Bazar com temática:“Desapegamos para você se apegar” com o intuito de promover a sociali-zação entre as turmas de Língua inglesa e espanhola. O propósito era arealização de vendas utilizando língua estrangeira em estudo de ambasas turmas. Todos os vestuários vendidos foram incorporados aos nomesespecíficos de cada língua. Ao final das atividades, os alunos consegui-ram aprender diversos termos e passaram a utilizá-los em suas conver-sas. Foi uma aula bem divertida e ainda saíram com o looks renovados. Outra atividade interessante e que já foi agregada aos semestresé a atividade realizada com filmes. A cada semestre há sessões de cinemaem línguas espanhola e inglesa. Cada aluno recebe seu combo com pipo-ca, água, suco ou refrigerante, evidenciando o verdadeiro contato com oambiente. Essa proposta é muito rica, pois também insere uma prática deensino através do audiovisual onde os alunos aderem em massa, proporcio-nando um clima de descontração e contato com a língua e seu vocabuláriorecheado de variações linguísticas que são re-trabalhados em outro mo-
|21Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivasmento na sala de aula. No segundo semestre de 2016 houve a segunda edição da Socia-lização das Práticas Formativas, realizada no dia 9 de novembro, eventoque promoveu um contato com todas as áreas de conhecimento da DDPMe que colocou em evidência as atividades desenvolvidas por cada grupo.Foi desenvolvida uma peça teatral escrita pelo professor Me. Filipe Mis-turini intitulada: Who goes to Brazil?, adaptada e traduzida para o espa-nhol como: ¿Quién va a Brasil? com os personagens do Chaves repre-sentados pela turma de Espanhol e os Super-heróis representados pelaturma de Inglês. Houve uma disputa avaliando as apresentações. Em ou-tro momento perguntas e respostas e, ao final, apresentações de danças. No primeiro semestre de 2017 foi realizado, no dia 10 de junho,o Passeio de barco organizado pela empresa Amazon Explorers Turis-mo com direito a conhecer a orla da cidade, a ponte que atravessa o RioNegro, o Encontro das Águas, (nessa área houvea possibilidade de avis-tarmos botos), casas flutuantes do Catalão, Parque Ecológico Janaua-ry para o passeio em canoa motorizada, visita as Vitórias-régias, almoçoregional servido em restaurante flutuante etc. Foi um dia muito descon-traído e os alunos tiveram oportunidade de se comunicar na língua es-tudada, pois tinham guia de turismo exclusivo que apresentava tudona língua espanhola e também em língua inglesa para as outras turmas. Com o intuito de promover e consolidar as práticas realizadas peloPrograma Ampliando Horizontes, foi criada em outubro de 2013 a páginaoficial do programa no Facebook, visando uma maior integração com osalunos e também para divulgar as atividades que são desenvolvidas entre osintegrantes. Até por que no mundo globalizado em que vivemos devemosnos adequar as novas ferramentas de ensino que nos cercam.Formação continuada É necessário que o docente esteja em constante processode formação, buscando sempre se qualificar, pois com uma forma-ção continuada ele poderá melhorar sua prática docente e seu conhe-cimento profissional, levando em consideração a sua trajetória pes-soal, porque a trajetória profissional do educador só terá sentido serelacionada à sua vida pessoal, individual e na interação com o coletivo. A formação continuada assim entendida como perspectiva de mu-
22 | Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivasdança das práticas no âmbito dos docentes e da escola possibilita a experi-mentação do novo, do diferente a partir das experiências profissionais queocorrem nesse espaço e tempo orientando um processo constante de mudan-ça e intervenção na realidade em que se insere e predomina esta formação. O professor em processo de formação pode estabelecer e redimen-sionar a relação que se tem entre a sua prática, o campo teórico e os aspec-tos que permeiam a construção do seu trabalho, como a escola, os alunos, aspolíticas educacionais etc. “Refletir sobre a prática educacional, mediante aanálise da realidade do ensino, da leitura pausada, da troca de experiências.Estruturas que tornem possível a compreensão, a interpretação e a inter-venção sobre a prática” (IMBERNÓN, 2010, p.43). De acordo com Pérez Gómez (1998), a reflexão: [...] é uma forma de praticar a crítica com o objetivo de provocar a emancipação das pessoas, quando descobrem que tanto o conhecimento quanto a prática educativa são construções sociais da realidade, que respondem a interesses políticos e econômicos contingentes a um espaço e á um tempo e que, portanto, podem mudar historicamente. (GÓMES, 1998, p.372). Nesse sentido, refletir sobre a prática e transformá-la a partir dessareflexão acontece de forma dialética, sendo que os professores constroemseu próprio conhecimento ao entrarem num diálogo, tanto com a situaçãoconcreta de sua ação, quanto ao conhecimento que irá orientar essa ação. Eisso é proporcionado ao professor que participa do programa, pois a partirdos conhecimentos adquiridos ele pode participar de seleções de Mestradoe Doutorado em outros países também como acontece com alguns denossos alunos que se aperfeiçoam e trazem melhorias para o convívio noqual está inserido.Ensino de Línguas O conhecimento de uma língua estrangeira vem sendo ampla-mente difundido e exigido nos diversos contextos da contemporanei-dade. Nesse sentido, o espaço de aprendizagem desempenha uma novasignificação no ensino de LE, pois, sua função está além dos propósitosutilitários da língua, o que possibilita ao aprendiz uma ampla visão da LE. Para a execução das atividades nos baseamos nas teorias deensino de língua estrangeira dos autores Gelabert e Bueso (2002) que
|23Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivasalém de trabalhar perspectiva da comunicação e do desenvolvimen-to das quatro habilidades, dão importância ao tratamento do léxico edo ensino-aprendizado da gramática. Para os referidos autores, o lé-xico faz um papel importante no ensino-aprendizagem de ELE, re-conhecido como parte fundamental da compreensão de um texto. Devem ser criadas situações para trabalhar o uso do léxi-co em sala de acordo com o contexto, tentando ativar o próprio conhe-cimento que cada aluno já tem relacionando com novas informações.“Los campos léxicos no tienen límites y necesitamos poner una cota a esalista interminables de palabras que no tienen sentido en la enseñanza.”(GELABERT, BUESO y BENITEZ, 2002, p. 53). Os autores enfatizama importância do professor em dar sentido ao vocabulário que o alu-no irá aprender, pois é necessário envolver esse vocabulário no contexto. Segundo AUSUBEL (2000), o processo ensino/ aprendi-zagem de língua estrangeira, a ligação entre língua, cultura e iden-tidade necessitam ser relacionadas, pois o aprendiz, através des-se entrelaçamento, poderá obter uma aprendizagem significativa. Os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais, 1997), destacam opapel importante que o computador, CD- ROM, rádio, TV, internet, po-dem desempenhar no ensino-aprendizagem da língua estrangeira. É umaquestão de letramento necessário para o século atual, é questão de cidada-nia. Surgem a cada dia novos métodos de comunicação e outras formas deutilização das mídias já conhecidas. Uma boa razão para que o educador semantenha atualizado, informado e consciente de que é fundamental aplicaros avanços tecnológicos em nossas ações educativas.Considerações finais Quando se estuda uma língua estrangeira, como o caso da línguaespanhola, é imprescindível discutir o sujeito e a identidade, pois, mesmoo sujeito possuindo sua identidade cultural, isso não o impede de conhecere conviver com outras culturas. É evidente, que a identidade é constituídaatravés da heterogeneidade, e o contexto escolar é propício para ampliaressa relação. O aprendiz de línguas não é mais um mero receptor, mas umindivíduo em formação, capaz de perceber as diferentes culturas como umprocesso à sua formação identitária. Dentro dessa perspectiva, o ProgramaAmpliando Horizontes também é o responsável formal pela construção
24 | Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivasdo conhecimento, uma vez que a sociedade lhe outorga a formação doindivíduo. Fica claro, portanto, que dentro desse processo, a figura doprofessor está diretamente relacionada à construção da aprendizagem, hajavista que se ater às identidades do aprendiz é adotar, acima de tudo, umapostura político-pedagógica adequada. Dentro dessa vertente, percebe-se que a língua estrangeira noPrograma tem como um dos objetivos propiciar ao aluno conhecer eaprender essa nova língua. Para tanto, segundo Moita Lopes (2002), oindivíduo aprende uma língua estrangeira para ter acesso a uma gamamaior de informação, entender como outros vivem em outras partes domundo, alargando novos horizontes, desenvolver uma compreensãocrítica das desigualdades sociais em todos os níveis (classe social, gênero,sexualidade e raça). A partir das breves atividades desenvolvidas no Programa, ficaevidenciada a importância de se ater à identidade de cada aluno no espaçode ensino ao aprender uma língua estrangeira, pois, sentir-se agente do seuconhecimento, além de desenvolver uma aprendizagem interativa, ampliaráa visão de mundo desse aprendiz, bem como o fará refletir a respeito de simesmo, do outro e, naturalmente, sobre a sua cultura e as outras culturasabordadas.ReferênciasAUSUBEL, David Paul. The Acquisition and Retention of Knowledge: A CognitiveView - Kluwer Academic Publishers. Disponível em: <http://www.wkap.nl/>, 2000.BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC, 1997. v. 2, p. 61.FERNÁNDEZ, Rosa Maria. EL Juego como Experiencia de Aprendizaje. BeloHorizonte: Consejería de Educación de la Embajada de España en Brasil, 2002.GELABERT, Mª. J., Isabel Bueso y Pedro Benítez. Producción de materiales para laenseñanza de español. Madrid: Arco/Libros, 2002.IMBERNÓN, F. Formação continuada de professores. Porto Alegre: Artmed, 2010.MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Linguagens, códigos e suas tecnologias. Orientaçõescurriculares para o Ensino médio. Vol 1. Conhecimentos de Espanhol. Brasília;2006.MOITA LOPES, Luiz Paulo da. Identidades Fragmentadas: a construção discursivade raça, gênero e sexualidade em sala de aula. Campinas, SP: Mercado de Letras,2002.PÉREZ GÓMEZ, A.I. O pensamento prático do professor – A formação do professorcomoprático reflexivo. In: NÓVOA, A. (Org). Os professores e a sua formação.
|25Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivasLisboa: Dom Quixote, 1992, p.93 – 114.SEMED, Secretaria Municipal de Educação. Disponível em: http://semed.manaus.am.gov.br/. Acesso: 25 de julho de 2017.UFAM, Universidade Federal do Amazonas. Disponível em: http://www.ufam.edu.br. Projeto CEL. Acesso: 25 de julho de 2017.
capítulo dois A arte como aliada no ensino da Língua Espanhola nas escolas públicas de Manaus: pintores do mundo hispânico Francisca Eduarda Barroso BARBOSA A importância da arte no ensino de línguas estrangeiras Desde as antigas civilizações a arte tem presença constante no cotidiano de diversos povos. Vejamos alguns exemplos: a grande maioria das tribos indígenas brasileiras realiza rituais religiosos com dança e música, além de fazer o uso de diversos tipos de pinturas corporais e indumentárias para dar mais significado aos ritos. Os egípcios, por sua vez, utilizavam as pinturas em paredes para relatarem fatos, tradições, crenças do povo, essas pinturas ficaram conhecidas como hieróglifos. Graças a eles e outros tipos de manifestações artísticas deixadas por nossos antepassados, joias, tapetes, cerâmicas, louças etc., hoje em dia podemos conhecer muitas peculiaridades históricas da humanidade. As práticas coletivas sociais como decorrer do tempo foram denominadas como cultura. Mas afinal, o que é cultura? Segundo Seidl (apud GODOY, 2001, p.230), conceitua- a como “normas e valores compartilhados pelos membros de um grupo social.” Então, pode-se dizer que o cinema, a dança, a pintura, a literatura, a música são manifestações culturais, já que são as formas que utilizamos para expressarmos o que está ocorrendo na sociedade também na atualidade. Para aprofundar na formação desse conceito, podemos citar Samovar (1998), que afirma que é a cultura:
28 | Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivas (...) um depósito de conhecimentos, experiências, crenças, valores, ações, atitudes, significados, hierarquias, religião, noções de tempo, papéis, relações espaciais, conceitos do universo e feitos obtidos por um grupo de pessoas, no transcorrer de gerações, através do esforço individual e de grupo. (SAMOVAR, 1998, p. 36). De acordo com Samovar, a cultura abrange muitas áreas dasvivências sociais e nas salas de aula não poderia ser diferente, já que aescola está dentro de uma sociedade. Em determinadas situações, docentese discentes expressarão opiniões, que são fruto de sua cultura (individual e/ou coletiva), durante as aulas, seja de espanhol, história, geografia, filosofiaetc. A linguagem é o vínculo principal das conexões entre as pessoas,seja nas suas relações cotidianas, afetivas, comerciais, religiosas, dentreoutras. Por isso, os seres humanos dependem dos diversos tipos decomunicação (oral, escrita e corporal) para facilitar a sua sobrevivência emsociedade. Além disso, a língua é a expressão mais forte da cultura de um povo,e quando a mesma língua é compartilhada como língua oficial por mais devinte países, no caso a língua espanhola, são incorporados, automaticamente,em sua cultura, fatores peculiares de cada país, descentralizando-a do seupaís colonizador, Espanha. Deste modo, forma uma língua enriquecida doponto de vista cultural, valorizando a diversidade que a compõe. Em relação ao tema Pluralidade Cultural, também é essencial elucidar o fato de que, pelos processos de colonização, muitas línguas estrangeiras, tradicionalmente equacionadas como as línguas faladas pelos nativos dos países colonizadores (Inglaterra, Espanha, França etc.), são hoje usadas em várias partes do mundo como línguas oficiais e até mesmo como línguas maternas. Não faz sentido, por exemplo, considerar o espanhol somente como a língua da Espanha. (BRASIL, 1998, p. 49). Mas quando falamos no ensino da língua espanhola,automaticamente, muitos alunos, ou a maioria deles, podem pensar emaulas de tradicionais, onde o professor possui a primazia e o seu principalmaterial didático é o livro didático. Não imaginam como as aulas deespanhol podem ser um momento envolvente e prazeroso, proporcionando
|29Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivasa oportunidade de expressarem suas opiniões em diversos temas queconstituem a sociedade local e mundial. Há muitos fatores vinculados ao ensino/ aprendizagem de espanhol, não só aqueles que dizem respeito à própria prática educacional – objetivos, conteúdo, metodologia, material didático, recursos etc. -, mas também os que estão relacionados a considerações de outra ordem: os idiomas estão determinados pelos povos que os falam e pelas condições políticas, culturais e sociais em que esses povos vivem. Esta afirmação é ainda mais contundente quando se trata de uma língua falada em duas dezenas de países. É necessário levar em conta, além dos diversos espaços geográficos que influem nos modos e costumes de cada comunidade, as culturas, os sistemas político-econômicos, as organizações sociais, as histórias, o passado e o presente das várias nações, dos inúmeros povos e, ainda, os conflitos resultantes do contato do espanhol com outras línguas. (GOETTENAUER, apud SEDYCIAS, 2005, p. 62). Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) corroboram comessa linha de pensamento. Sem abordarmos os “fatores relativos à história,às comunidades locais e à tradição” (BRASIL, 1998, p. 16) é impossívelrealizar a inclusão de uma língua estrangeira no currículo escolar. Por isso, a arte é uma poderosa aliada no ensino do espanhol, poisalém de possuir um leque de inúmeros materiais que podem ajudar noensino-aprendizagem, como músicas, textos, filmes etc., ainda possibilitaa construção da cidadania (1998, p. 41), proporcionando um “novo” olhar,um olhar cultural, mais profundo e crítico, já que o conhecimento tempoder libertador para a mente humana. Vale ressaltar que a abordagem cultural nas aulas de línguaespanhola em escolas públicas é de fundamental importância, não só para odesenvolvimento da reflexão analítica e crítica, mas também corrobora paraa compreensão do contexto social, histórico, cultural, político e ideológicode outros países. O que faz com que os alunos associem mais facilmente osconteúdos linguísticos, gramaticais, históricos, geográficos. Os PCNs, referentes ao ensino de Língua Estrangeira, reforçam aideia sociointeracional da linguagem e da aprendizagem:
30 | Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivas O aprendiz utiliza conhecimentos sistêmicos, de mundo e sobre a organização textual, além de ter de aprender como usá-los na construção social do significado via Língua Estrangeira. A consciência desses conhecimentos e a de seus usos são essenciais na aprendizagem, posto que focaliza aspectos metacognitivos e desenvolve a consciência crítica do aprendiz no que se refere a como a linguagem é usada no mundo social, como reflexo de crenças, valores e projetos políticos. (BRASIL, 1998, p. 15). Ou seja, os conhecimentos estão conectados como uma tramacognitiva. Quando incentivamos e estimulamos o conhecimento culturalem aulas de línguas estrangeira, estamos indiretamente contribuindo paraa compreensão de outras áreas do conhecimento. É nesse sentido que a aula de Língua Estrangeira pode aprimorar o conhecimento de mundo do aluno. Note-se também que as línguas estrangeiras dão acesso sobre o modo como certas questões sociais (as ambientais, por exemplo) são tratadas em nível planetário. (BRASIL, 1998, p. 44). Sarmento, fala sobre o papel do professor de língua estrangeira ele“pode, contudo, discutir diferentes contextos e interações sociais quevenham a sensibilizar o aluno para os diferentes contextos na sua própriacomunidade e em outras comunidades de fala.” (2004, p. 05); os PCNsrealçam a relevância que o professor exerce ao instigar o desenvolvimentodo pensamento crítico do aluno, ao afirmar que “Cabe aos professoresexercerem seu sentido crítico na escolha do conteúdo tematizado.” (BRASIL,1998, p. 44). Na academia, os projetos de pesquisa e de extensão fazem parte daconstrução do futuro profissional, seja na licenciatura ou bacharelado, e osdiscentes precisam passar por experiências práticas para adquirir bagagemem seu almejado ramo de trabalho. Dentro das licenciaturas em línguas estrangeiras existe a necessidadede refletir sobre a cultura e a civilização que subsistem na língua aprendida,já que não há a possibilidade de separação entre a humanidade e a língua.Os PCNs contribuem com esse pensamento: “Ao entender o outro e suaalteridade, pela aprendizagem de uma língua estrangeira, ele aprende maissobre si mesmo e sobre um mundo plural” (1998, p. 19). A fim de contribuir culturalmente nas aulas de língua espanhola,
|31Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivaspara alunos da rede públicas da cidade de Manaus, surgiu a iniciativa dedesenvolver este projeto, para levar informação artístico-cultural, por meiode obras de pintores do mundo hispânico. Mesmo não estando inclusosnos conteúdos que fazem parte da grade curricular das escolas, tais acabamauxiliando na formação de opinião referente à temas transversais. Indiretamente, utilizamos a arte nas escolas, para ampliar os horizontesculturais dos alunos, para ajudá-los a compreender o mundo em que vivem,deixando mais claro os porquês de sua realidade social, além de possibilitaro desenvolvimento do respeito por outras culturas. Os temas centrais nesta proposta são a cidadania, a consciência crítica em relação à linguagem e os aspectos sociopolíticos da aprendizagem de Língua Estrangeira. Eles se articulam com os temas transversais, notadamente, pela possibilidade de se usar a aprendizagem de línguas como espaço para se compreender, na escola, as várias maneiras de se viver a experiência humana. (BRASIL, 1998, p. 24). Quando aprendemos mais sobre a cultura de outros países, respeitandoos limites sociais dela, conseguimos nos aproximar e compreender adiversidade, desta forma, favorecendo a interculturalidade no ensino delínguas estrangeiras, em sala de aula. “O ensino de línguas oferece um modosingular para tratar das relações entre a linguagem e o mundo social, já queé o próprio discurso que constrói o mundo social” (BRASIL, 1998, p. 43). Com base na importância da arte como instrumento de ensino-aprendizagem, foram escolhidos quatro grandes artistas do mundohispânico para trabalharmos suas vidas e obras em palestras; os eleitosforam: Diego Rivera, Salvador Dalí, José Guadalupe Posada e FernandoBotero, destacando suas contribuições para a arte e para a sociedade naqual estavam inseridos, em determinados momentos históricos. Os projetos ACE desenvolvidos, seguiram o preceito daindissociabilidade do tripé universitário: Ensino – Pesquisa – Extensão, aexposição e a transferência de conhecimentos foram realizadas por alunosdo Curso de Letras – Língua e Literatura Espanhola para os alunos da redepública da SEDUC/AM, estabelecendo, desta forma, um vínculo entre auniversidade e a comunidade. Os projetos intitulados “Salvador Dalí e Diego Rivera: arte ecompromisso no universo hispânico” e “Os reflexos da sociedade hispano-americana através dos pincéis de José Guadalupe Posada e Fernando Botero”,são de autoria do Curso de Letras- Língua Espanhola e foram desenvolvidos
32 | Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivasentre os anos de 2012 e 2013. Visavam divulgar quatro figuras importantesdas artes plásticas do mundo hispânico, a saber: Salvador Domingo Felipe Jacinto Dali I Domenech (1904-1989),nascido em Figueres (Catalunha - Espanha), além de pintor, realizoutrabalhos para o cinema, teatro, esculturas, fotografias e ilustração de joias.É considerado um dos mais criativos gênios do movimento Surrealista, quese caracterizava por sua excentricidade e extravagância. José Diego María Rivera Barrientos (1886-1957), nascido em Guanajuato(México), foi pintor, artista gráfico, escultor, arquiteto e cenógrafo. Muitopolêmico, foi ativista político e responsável pela renascença da pinturamuralista mexicana, o Muralismo, cuja temática homenageava a herançaíndia da cultura mexicana. José Guadalupe Posada (1852-1913), nascido em Aguascalientes(México), gravurista e cartunista, célebre por seus desenhos sobre a morte esobre críticas no âmbito político do seu país. Consolidou a festa do dia dosmortos no México e na sua obra é possível enxergar o imaginário popular,folclore, e a vida cotidiana dos mexicanos, por meio de caveiras atuandocomo pessoas comuns. Fernando Botero Angulo, nascido em Medellín (Colômbia - 1932),é o mais importante pintor e escultor vivo na América hispânica. A suaproposta estética são as figuras volumosas, dando especial espaço aoespectro da sociedade de classe média da América Latina: empregados deescritório, senhoras, homens, freiras, bispos, policiais, criadas, prostitutas,ladrões e casais de namorados. Suas esculturas podem atingir dimensõesgigantescas e muitas delas já foram expostas em praças públicas e parquesde diferentes países. Além de ressaltar a grande importância artística, política, folclóricae social dos artistas, a escolha dos mesmos foi feita afim de despertar ointeresse visual dos alunos, por meio do contraste estético entre as obras.Por exemplo: Diego Rivera tratava em suas obras o realismo, e era comum aretratação de cenas do cotidiano, principalmente dos indígenas mexicanos;já Salvador Dalí, dava asas à imaginação, dando liberdade aos seus pincéisao passear entre o real e o irreal. Entre as obras de Posada e Botero também havia um contraste estéticomuito interessante, enquanto o primeiro representava os personagens dasociedade mexicana por meio de caveiras, reflexionando sobre a morte, osegundo, Botero, dava volume às pessoas, e desenvolveu seu próprio estilo,chamado de Boterismo. Deu volume até para releituras, como por exemploMona Lisa, de Leonardo da Vinci.
|33Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivas Entre ambos os projetos haviam temáticas que dialogavam entre si: alémde divulgar a importância e transcendência artística, visavam intermediaruma transferência de conhecimentos de nossos alunos de graduação paraos alunos da rede pública, estabelecendo, desta forma, um vínculo entre auniversidade e a comunidade. Antes da realização dos projetos, houve uma pequena seleçãodos acadêmicos participantes, feita pelas coordenadoras Prof.ª Dra.Elsa Heufemann Barría e pela Prof.ª Esp. Josefa Fernandes da Silva. Nasprimeiras reuniões, as professoras orientadoras explanaram sobre osprincipais objetivos do projeto e sua fundamentação teórica, com o intuitode toda a equipe captar o foco do trabalho. O que possibilitou abrir o nosso olhar, como acadêmicos, deixandobem claro que não se tratava, apenas, de exposições de imagens para análiseestética, e sim, uma reflexão crítica da mensagem o que pintor queriaexpressar em sua obra, em forma de pintura. A cada semana, durante as reuniões, o projeto ganhava forma, acada pesquisa realizada um mundo de informações era descoberto. Paraobter informações sobre a proposta, pesquisamos em bibliotecas, internet,consulados e livrarias da cidade. Superada essa etapa começamos as leiturasorientadas para selecionar informações sobre a vida e obra dos artistas. A seleção dos temas que foram trabalhados e as obras dospintores foi atividade obrigatória dos componentes da equipe. Os critériosutilizados para a seleção das obras foram aqueles que possibilitavam avisão contrastiva das temáticas dos artistas, realismo versus surrealismo,paráfrase da sociedade através de figuras de caveiras, imitação da realidadecom figuras volumosas, ressaltando o caráter humorístico de algumas deelas, usados como estratégia para captar e atenção dos alunos. Uma vez preparado e adaptado o material, organizamos, soborientação das professoras responsáveis, os encontros programados emescolas públicas. Os materiais utilizados foram projetor de imagens,notebook, banner, panfletos com informações da vida e obra dos pintores(anexos). O primeiro contato com os alunos foi bem descontraído, algumasdas obras escolhidas para a exposição tinham caráter humorístico,característica usada para envolver e captar a atenção dos alunos. Convidamos os próprios alunos a dizerem o que pensavam sobreas obras projetadas, exporem sua opinião pessoal, mesmo que leiga noassunto. Os estimulamos a dizerem se gostariam de ter algumas aquelasobras em suas casas, como objeto de decoração.
34 | Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivas À princípio as obras foram projetadas para análise estética, depoisdiscursávamos sobre a obra em questão. Associando as obras dos pintorescom os movimentos históricos, enfatizando as problemáticas sociais,polêmicas, tradições etc., vividos na sociedade de seus países e no mundo. Além da comparação estética das obras, foram realizadascomparações culturais das obras; abordando as sociedades envolvidas, osmomentos históricos dos países (ditaduras, guerras), filosofias e estilo devida de cada pintor, influências que suas obras tiveram na sociedade em seutempo e os reflexos que causam até hoje. Utilizamos a arte como instrumento de estímulo para adquirirconhecimentos sobre o mundo hispânico, consequentemente a línguaespanhola, assim como a cultura, história, geografia, política, filosofia,música, dança e literatura. Nas escolas houve uma boa receptividade, tanto pela partedos gestores permitindo a entrada da equipe na escola, cedendo lugaresadequados para as palestras, materiais eletrônicos (extensões de tomadas,microfones), para que os projetos pudessem ser desenvolvidos da melhorforma possível. Os professores também contribuíram para o andamentode todo o processo, conforme o que havia sido previamente combinado eplanejado. O contato direto com os alunos foi bem positivo, superandoas expectativas. Eles ficaram atraídos pelas propostas dos artistas,principalmente quando alguma obra trazia algo divertido ou inusitado.Foram participativos e curiosos, ficaram atentos a cada detalhe das obras. Oparadoxo estético das obras foi uma forma muito eficaz de surpreender asexpectativas dos alunos, assim prendendo a atenção dos mesmos durantetoda a palestra. Os projetos foram muito bem-sucedidos e uma grande provaforam os relatórios individuais feito pelos alunos ao fim das palestras,solicitado pela equipe de acadêmicos, eram com comentários dos pontosnegativos e positivos das palestras. A grande maioria dos relatos tiveramum feedback positivo, foi visível verificar que eles se surpreenderam com astemáticas e obras de arte. Indiretamente, os projetos de extensão, quando expostos nasescolas públicas, tem como objetivo incentivar a buscar conhecimentosdiversos. Despertar o interesse pelo ingresso no nível superior, ampliandoos horizontes intelectuais, culturais e sociais. Para nós, acadêmicos, a experiência foi muito gratificante, o amploconhecimento cultural adquirido e repassando a outros alunos marcou uma
|35Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivasde nossas primeiras práticas de ensino com alunos, além de possibilitarexpansão das linhas de pesquisas e somar para o curriculum acadêmicocom atividades complementares. Graça à parceria da Secretaria de Educação do Estado doAmazonas e a Universidade, tivemos a oportunidade de levar os projetoscontribuindo para o melhor desempenho cultural de centenas de alunos, dequatro escolas públicas estaduais: Marcantonio Vilaça, Professor AntenorSarmento, Escola Nossa Senhora de Aparecida e Professora Eunice SerranoTelles de Souza.ReferênciasBOTERO, Fernando. http://www.banrepcultural.org/obras/fernando-botero/pareja-bailando, acesso 29 –jul- 2017.BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua estrangeira / Secretaria deEducação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.CANTONI. Maria Grazia Soffritti. A interculturalidade no ensino de línguasestrangeiras: uma preparação para o ensino pluricultura o caso do ensino de línguaitaliana. 2005. 140f. Tese (Mestrado em Teorias de Aquisição de Segunda Língua).Estudos Linguísticos - Universidade Federal do Paraná, CB, 2005.COAN, M.; PONTES, V. de O. Variedades Linguísticas e Ensino de Espanhol noBrasil. Revista Trama. Vol. 9, n. 18, p. 179-191, 2º semestre, 2013.DALÍ, Salvador. http://estoriasdahistoria12.blogspot.com.br/2011/10/persistencia-damemoria- salvador-dali.html, acesso 29 –jul- 2017.GODOY. E. La Cultura en la enseñanza del español y de las literaturas hispánicas.Anuario brasileño de estudios hispánicos, 11, 2001.GOETTENAUER, E. Espanhol: língua de encontros. In: SEDYCIAS, João (org.).O Ensino do Espanhol no Brasil: passado, presente, futuro. São Paulo: EditoraParábola, 2005, p. 61-70.POSADA, José. http://www.artoftheprint.com/artistpages/posada_jose_guadalupe_ eljarabeenultratumba.htm, acesso 29 –jul- 2017.RIVERA, Diego. https://historia-arte.com/obras/diego-rivera-desnudo-con-alcatraces, acesso 29 –jul- 2017.
36 | Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivasSAMOVAR L. et al. Communication Between Cultures. Belmont: WadsworthPublishing Company, 1998.SARMENTO, Simone. Ensino de cultura na aula de língua estrangeira. RevistaVirtual de Estudos da Linguagem – ReVEL. V. 2, n. 2, março de 2004. ISSN 1678-8931 [www.revel.inf.br].SEDYCIAS, João (org.). O Ensino do Espanhol no Brasil: passado, presente, futuro.São Paulo: Editora Parábola, 2005.SEIDL, M. Language and Culture: Towards a Transcultural Competence inLanguage Learning. Forum for Modern Language Studies, XXXIV, n. 2, 1998.
capítulo três O gênero textual conto e o desenvolvimento da competência comunicativa no processo de aprendizagem da Língua Espanhola Hayalla Tarciana Pereira da COSTA Janisse Ivette ABISRROR Lesly Diana Pimentel YONG Introdução A aprendizagem de uma língua estrangeira por meio dos gêneros textuais propicia o desenvolvimento de habilidades e competências dos aprendizes na língua objeto, como também faz com que o aluno conheça a funcionalidade dos diversos textos e em que situações usá-los na comunicação. Sabendo da importância de se trabalhar nas aulas de língua estrangeira os gêneros textuais, criou-se um projeto didático pedagógico em uma escola estadual que fizesse com que os alunos conheçam e desenvolvam sua competência comunicativa por meio do conto La profecía autocumplida do escritor hispano-americano Gabriel García Márquez. Os objetivos que nortearam o projeto foi desenvolver a competência comunicativa dos alunos na Língua Espanhola por meiodogênerotextualconto,estimularacriatividade,imaginação e criticidade através do conto La profecia autocumplida e aplicar atividades comunicativas que desenvolvam a competência comunicativa do aluno. Assim, o projeto foi desenvolvido por meio de uma pesquisa bibliográfica sendo fundamentada nos seguintes autores: Marcuschi (2008) Fernández (2012) Abadía (2000) Canale (1995) entre outros. A aplicação do projeto ocorreu na Escola Estadual Imaculada Conceição no município de Benjamin Constant- Amazonas, o público alvo foram aprendizes de Espanhol como Língua Estrangeira de uma turma do 3˚ano do Ensino Médio. As intervenções realizadas durante o projeto propiciaram resultados satisfatórios, pois foram alcançados os objetivos propostos.
38 | Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivasO gênero textual conto e suas contribuições na aprendizagem da LínguaEspanhola Os gêneros textuais estão presentes na vida das pessoas por isso queé necessário conhecê-los e usá-los para escolher entre os gêneros existentesquais são apropriados para cada situação e/ou contexto. Contudo, não édiferente no ensino de Língua Espanhola já que para aprender línguas énecessário desenvolver práticas comunicativas. Desse modo, o professorpoderá utilizar os gêneros textuais para o desenvolvimento das habilidadeslinguísticas dos alunos e usá-las em diversas situações comunicativas.Marcuschi (2008) salienta que: Os gêneros textuais são os textos que encontramos em nossa vida diária e que apresentam padrões sociocomunicativos característicos definidos por composições funcionais, objetivos enunciativos e estilos concretamente realizados na integração de forças históricas, sociais, institucionais e técnicas. (MARCUSCHI, 2008, p. 155). É de grande valia que o professor nas aulas de língua espanhola, utilizeos gêneros textuais já que eles estão envolvidos na linguagem e formamparte do cotidiano fazendo com que a interação entre as pessoas aconteça. Ainda em relação a sua importância, ao trabalhar os gêneros oprofessor estará preparando o aluno para se comunicar em diferentessituações variando segundo as necessidades. Entre os diversos gêneroso conto é uma alternativa para ser trabalhado em sala de aula. SegundoFernández, “o conto é um gênero literário, baseado ou não em fatos reais,protagonizado por um grupo reduzido de personagens. Sua origem remeteàs manifestações orais remotas, ao período da transmissão oral dos fatos[...]” (FERNÁNDEZ, 2012, p. 189). O conto é um dos gêneros mais antigos,pois por meio dele várias gerações conheceram sua cultura. A partir do conto os alunos podem desenvolver suas habilidadeslinguísticas como (falar, escrever, ler e ouvir) para isso o professor precisaplanejar de forma criteriosa sua aula para que o aluno possa desenvolvertais habilidades. Para os autores Galván, Alonso e Núñez (2008)
|39Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivas Trabajar con cuentos es practicar las cuatro habilidades. Por ejemplo, primeramente el alumno practicará la compresión lectora, tanto de lo que está explícito, o sea, las palabras y las frases, como de lo que está implícito; o sea, descubrir lo que hay debajo del nível explícito del texto. Al analizar y comentar el cuento practicará la expresión oral y escrita y, por médio de tareas creativas, el alumno también puede, además de utilizar esas dos habilidades, utilizar la expresión oral, inventando escenas y representándolas. (GALVÁN, ALONSO e NÚÑEZ, 2008, p. 72). O conto é um gênero textual que o professor ao utilizá-lo estarápreparando o aluno para comunicar-se adequadamente em qualquersituação. É importante que o docente ao trabalhar a leitura de um conto peçaaos alunos que façam a leitura prévia do texto. De acordo com Fernandes ePaula (2008), “Um bom trabalho de pré-leitura é essencial para que o alunoconstrua hipóteses, com base em seu conhecimento prévio acerca do textoa ser lido” (FERNANDES e PAULA, 2008, p.97). Em consonância com a autora a pré-leitura é imprescindível, poisé importante que o aluno ponha em prática seu conhecimento prévio,além disso é necessário que durante o processo de leitura o professor crieatividades que façam com que os alunos compreendam realmente o texto.Por isso que se faz necessário aliar essas estratégias aos gêneros textuaisensinados em sala de aula. Assim utilizar o gênero textual conto nas aulas de Língua Estrangeirafacilita no desenvolvimento das habilidades e competências dos alunos, alémdisso seu uso em sala de aula permite trabalhar de forma interdisciplinar,porque o conto também trata de um contexto social, histórico e cultural.Sem falar que quando o professor insere o conto em sala de aula estátrabalhando também literatura. Sabe-se que é importante que o professorde Língua Espanhola utilize também em suas aulas textos literários comocontos da Literatura Espanhola ou Hispano-americana. Com relação aosresultados que o professor pode obter ao usar em suas aulas textos literários.Nesse caminho, Nascimento (1990) salienta: Hay una certeza que para obtener mejores resultados al trabajar con textos literarios en la enseñanza del español como lengua extranjera, el profesor debe ser un buen lector, alguien que también comparta los gustos por la literatura, sabiendo que abre puertas a otros conocimientos a otros mundos,
40 | Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivas convirtiéndose en una herramienta de recuperación de los valores. (NASCIMENTO, 1990, p. 140). Para serem trabalhados textos literários em sala de aula o professorprecisa também ser um leitor e possa selecionar temáticas que estejam deacordo com os perfis dos estudantes e que tenha sentido e significado parasuas vidas.O desenvolvimento da competência comunicativa O termo competência comunicativa foi criada pelo sociolinguistaDell Hymes em 1971, para o teórico o aluno que aprende uma língua nãoprecisa ter somente domínio do sistema linguístico da língua, mas usar alíngua em diferentes situações de comunicação. Segundo Abadía (2000), La “competencia comunicativa” implica el conocimiento no sólo del código linguístico, sino también saber qué decir a quién decir y como decirlo de forma apropriada en una situación determinada, es decir percibir como realidades socialmente apropriadas. (ABADÍA, 2000, p.81). O aluno para que possa desenvolver sua competência comunicativaprecisa saber o que dizer e em que situação dizer no momento dacomunicação, ou seja, precisa usar os elementos linguísticos em situaçõescomunicativas, pois não adianta um aluno saber a gramática se não sabe emque contexto usar. Canale (1995) menciona que o aluno precisa também desenvolvera competência linguística que refere-se ao conhecimento linguístico queo aluno precisa dominar quando aprende uma língua estrangeira, comopor exemplo a gramática, morfologia, sintaxe etc. Já na competênciasociolinguística o aprendiz precisa usar a fala de forma apropriada as regrassocioculturais da língua. A terceira competência criada por Canale é a discursiva esta refere-secomo o aluno se desenvolve na escrita e na fala de forma coesão e coerente.A quarta competência é a estratégica segundo Canale (1995): Esta competencia se compone del dominio de las estrategias de comunicación verbal y no verbal que
|41Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivas pueden utilizarse por dos razones principales: (a) compensar los fallos en la comunicación debidos a condiciones limitadoras en la comunicación real (por ejemplo, la incapacidad momentánea para recordar una idea o una forma gramatical) o a insuficiente competencia en una o más de las otras áreas de competencia comunicativa; y (b) favorecer la efectividad de la comunicación (por ejemplo, hablar de forma lenta y baja deliberamente [...]. (CANALE, 1995, p. 69). Esta competência se refere quando o aluno usa estratégias em situaçõescomunicativas ao não saber ou lembrar de algo, e quando isso acontece oaluno precisa usar essas estratégias para que possa se comunicar com ooutro falante. Para que o aluno desenvolva a competência comunicativa se faznecessário que o professor utilize em suas aulas atividades comunicativasque favoreçam esse desenvolvimento. Gargallo conceitua uma atividadecomunicativa como “[...] una actividad que produce –en el marco dela ficción del aula una situación real en la que dos o más interlocutoresentercambian información, manifiestan sentimentos, hacen peticiones,piden la opinión del outro, etc” (GARGALLO, 2015, p.68). Ou seja, por meiodessas atividades o aluno pode desenvolver a competência comunicativa.Para isso o professor também deve propiciar momentos de interação emsala de aula para que os alunos possam perder o receio de falar. O que se vê muito nas aulas de língua estrangeira é que algunsprofessores ainda continuam usando atividades que visam a memorizaçãode regras gramaticais fazendo com que o aluno domine somente o sistemalinguístico da língua, sabe-se que nos dias atuais existem diversas atividadesque o professor pode usar em sala de aula, como por exemplo, atividadescomunicativas, juegos de rol, jogos de criatividade entre outros que podemfavorecer no processo de ensino-aprendizagem. A autora Gargallo salienta que “[...] el profesor de lenguas ha de contarcon una amplia formación y, en la medida de lo posible, con un repertoriovariado de materiales didácticos, pues solo de esta manera podrá aplicar susprocedimentos didácticos y facilitar el aprendizaje” (GARGALLO, 2015, p.83). Em consonância com a autora entende-se que o professor de línguasprecisa estar em formação continuada para que possa conhecer as novasmetodologias existentes na área de ensino de uma língua estrangeira.
42 | Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivasMetodologia O projeto didático pedagógico foi realizado na Escola EstadualImaculada Conceição que é a única escola na zona urbana que se trabalhao Ensino Médio, está situada no município de Benjamin Constant -Amazonas. O público alvo deste trabalho foram alunos de uma turma do3˚ ano do Ensino Médio com faixa etária entre dezesseis a dezessete anos. Antes de aplicar o projeto realizou-se uma pesquisa bibliográfica arespeito da temática para que se possa ter fundamentação teórica do temaabordado. Depois da pesquisa bibliográfica, foram realizadas observaçõesna turma que seria trabalhada o projeto. Em seguida realizou-se um planode ação das atividades a serem realizadas durante a sua aplicação. O gênero textual conto trabalhado com os alunos foi La profecíaautocumplida, do escritor colombiano Gabriel García Márquez, utilizou-se este gênero textual com o intuito de desenvolver a competênciacomunicativa dos alunos. Nas cinco intervenções trabalhou-se com aabordagem comunicativa e a teoria de aprendizagem sociointeracionista.Análise e discussão dos resultados Para alcançar os objetivos propostos do projeto didático pedagógicorealizou-se cinco intervenções em sala de aula na disciplina de LínguaEspanhola. A seguir será apresentado os resultados obtidos no período daaplicação do projeto. Primeiro foi apresentado o projeto aos alunos e a professora regente, logofoi falado da importância de estudar gêneros textuais nas aulas de LínguaEspanhola e suas contribuições no processo de ensino- aprendizagem, emseguida apresentou-se o gênero textual conto e suas características de formadetalhada. Como seria trabalhado o conto La profecía autocumplida do escritorcolombiano Gabriel García Márquez, primeiro perguntou-se se aos alunosse já tinham estudado ou lido algum texto do escritor, e todos responderamque não tinham estudado. Depois de falar aos alunos quem foi GabrielGarcía Márquez e de algumas das suas obras famosas foi passado umdocumentário em espanhol da vida completa do escritor colombiano. Ovídeo foi trabalhado para poder desenvolver nos alunos a compreensão e
|43Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivasprodução oral na Língua Espanhola. Depois de ouvirem a biografia do escritor os alunos comentaramque não sabiam que um escritor colombiano tinha ganhado o prêmio Nobelde Literatura, percebeu-se o interesse dos alunos em ler um texto literáriodo autor. Em outro momento foi entregue o conto La profecía autocumplida,e primeiro trabalhou-se a pré-leitura do texto. Sabe-se que é importanteque o professor antes de trabalhar algum texto faça a pré-leitura. SegundoFernandes e Paula, “um bom trabalho de pré-leitura é essencial para queo aluno construa hipóteses, com base em seu conhecimento prévio acercado texto a ser lido” (FERNANDES e PAULA, 2008, p.97). Em consonânciacom a autora, na pré-leitura o aluno pode criar suas hipóteses a respeito doque está lendo. Depois os alunos comentaram o que entenderam a respeitodo conto, foram analisados com eles as palavras que desconheciam e suasvariações. Notou-se que os alunos interagiam de forma satisfatória com oscolegas e sempre tentavam falar no máximo na Língua Espanhola. Durante a leitura os alunos desenvolveram a compreensão eprodução oral a partir do conto, depois que os alunos fizeram a leitura ecomentaram a respeito do conto. Sugeriu-se que criassem um conto em umasituação real a partir do texto lido. Sabe-se que as atividades comunicativassão fundamentais no desenvolvimento da competência comunicativa doaluno. A autora Gargallo conceitua uma atividade comunicativa como:“[...] una actividad que produce –en el marco de la ficción del aula unasituación real en la que dos o más interlocutores entercambian información,manifiestan sentimentos, hacen peticiones, piden la opinión del outro,etc”(GARGALLO, 2015, p.68). Em consonância com a autora essas atividadesfazem com que os alunos interajam entre eles e criem uma situação real emsala de aula. Nesse momento observou-se como os alunos estavam interessadosem criar o conto, acredita-se que ficaram tão animados porque gostaram dahistória. Antes da produção escrita e oral dos alunos foi mostrado um vídeode estudantes que criaram e encenaram o conto La profecia autocumplida naLíngua Espanhola, ao assistir o vídeo os alunos ficaram muito interessadose motivados em criarem seu conto. Os contos foram produzidos em sala de aula pelos alunos, formaram-se duas equipes e todos foram bem participativos, o que chamou a atençãofoi um grupo de alunos que conseguiram produzir um vídeo com suasencenações do conto. Os alunos comentaram que a cada filmagem era um
44 | Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivasdesafio de falar na Língua Espanhola, mas conseguiram realizar a atividadede forma satisfatória. A outra equipe não produziu o vídeo, mas conseguiu realizar a produçãoescrita e oral. Assim durante esse processo percebeu-se que os alunosconseguiram desenvolver sua competência linguística, sociolinguística,discursiva e estratégica na Língua Espanhola. Percebeu-se também quepoucos alunos encontraram dificuldades em se expressar oralmente nalíngua espanhola, em contrapartida, outros alunos se desenvolveram muitobem. Sabe-se que quando um aluno aprende outra língua é comum quesintam vergonha de falar em público ou até mesmo com algum colega,muitas vezes também sentem receio de se comunicar na língua alvoprincipalmente com medo de errar, mas como professores de LínguaEspanhola é necessário ensinar ao aluno que o erro faz parte do processo deaprendizagem. Segundo o PCN (1998): [...] Ao ser exposto à língua estrangeira, o aluno, com base no que sabe sobre as regras de sua língua materna, elabora hipóteses sobre a nova língua e as testa no ato comunicativo em sala de aula ou fora dela. Os erros, então, passam a ser considerados como evidência de que a aprendizagem está em desenvolvimento [...]. (PCN, 1998, p.56). Como é mencionado nos Parâmetros Curriculares Nacionais oserros indicam que o aluno está aprendendo a outra língua, pois muitasvezes o aluno ao não saber alguma palavra na língua estrangeira recorre asua língua materna. Por isso que é importante que os professores utilizemmetodologias que possam ajudar ao aluno e não puni-lo por cometer erros.Portanto, acredita-se que os alunos participantes conseguiram desenvolversua competência comunicativa porque se utilizou em todo o momento ainteração e atividades comunicativas. Assim com os resultados obtidos durante a aplicação do projetopercebeu-se a importância que as atividades comunicativas exercem naaprendizagem de uma língua estrangeira, pois no projeto foi fundamentalaliar essas atividades com o gênero textual conto para ter resultadossatisfatórios.
|45Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivasConsiderações finais Ao aprender uma língua há a necessidade de desenvolver a competênciacomunicativa, pensando nisso, escolheu-se para o projeto didáticopedagógico desenvolver a competência comunicativa dos alunos na LínguaEspanhola por meio do gênero textual conto. Para o desenvolvimento do trabalho optou-se pelo conto “La profecíaautocumplida”, de Gabriel García Márquez com uma turma do 3º ano doensino médio, da Escola Estadual Imaculada Conceição. Considera-se que os objetivos foram alcançados, os alunos se mostrarambastante entusiasmados durante as aulas que antecederam à produção doconto e durante as filmagens do vídeo. Nas cenas da produção, mostraramcriatividade ao criar uma história com base no conto trabalhado. Com isso,desenvolveram a imaginação, e a comunicação ao interagir com seus colegasna dramatização da história. Percebeu-se que poucos alunos encontraramdificuldades em se expressar oralmente na língua espanhola, pois a maioriamostrou um bom desempenho em suas apresentações, por isso a busca porsoluções eficazes e por novas maneiras de praticar a língua deve ser umapreocupação dos professores. Portanto, considera-se que foi apropriado trabalhar com gênero textualconto a partir da abordagem comunicativa, pois se obteve resultadossatisfatórios, Assim notou-se a relevância de se trabalhar atividadescomunicativas com gêneros textuais em sala de aula.ReferênciasABADÍA, Pilar Melero. Métodos y enfoques en la enseñanza/aprendizaje del españolcomo lengua extranjera. Madrid: Edelsa, 2000.BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: Língua Estrangeira/Secretaria deEducação fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.CANALE, M. (1995): De la competencia comunicativa a la pedagogía comunicativadel lenguaje. In M. Llobera (coord.). Competencia comunicativa: documentosbásicos en la enseñanza de lenguas extranjeras, Madrid: Edelsa, 63-81.FERNANDES, Alessandra; PAULA, Ana Beatriz. Compreensão e Produção de textosem língua materna e língua estrangeira. Curitiba: Ibpex,2008.FERNÁNDEZ, Gretel Eres. Gêneros Textuais e Produção Escrita: teoria e prática nasaulas de espanhol como língua estrangeira. São Paulo: IBEP, 212.
46 | Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivasGALVÁN, Claudia Bruno; ALONSO, María Cibele González Pellizzari Alonso;NÚÑEZ, María Sagrario Fernández. Érase una vez un cuento en la enseñanzadel E/LE: tres propuestas para trabajar con cuentos en clases. In: XVI Seminariode dificultades específicas para la enseñanza del español a lusohablantes: cuandodespertó, el cuento todavía estaba allí”. Cuentos y relatos en el aula de ELE. São Paulo:Consejería de Educación Embajada de España en Brasil, 2008. p. 71- 87.GARGALLO, Isabel Santos. Lingüística aplicada a la enseñanza-aprendizaje delespañol como lengua extranjera. Cuadernos de didáctica del Español/LE. 4ₐed.MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produções Textual, Análise de Gêneros e compreensão.São Paulo: Parábola Editora, 2008.NASCIMENTO, Magnólia Brasil Barbosa. Las relaciones entre la enseñanza de unalengua extranjera y su literatura. In: Anuario Brasileño de Estudios hispánicos XIX.Madrid. Consejería de Educación, 2009, 139 - 145.SELBACH, Simone. Língua Estrangeira e Didática. Petrópolis: Vozes, 2010.
capítulo quatro Relato de uma experiência no ensino-aprendizagem de Espanhol através de lendas amazônicas, em São Gabriel da Cachoeira-AM Ingrid Karina Morales PINILLA Introdução No Brasil convivem comunidades de diferentes línguas e culturas. A exemplo disto temos o município de São Gabriel da Cachoeira, localizado no Alto Rio Negro, Amazonas, o qual possui quatro idiomas oficiais: o português, o baniwa, o nheengatú e o tukano. Nessa região de tríplice fronteira (Brasil, Colômbia e Venezuela), coexistem culturas indígenas locais junto com as culturas de Colômbia e Venezuela. Pensando nessa diversidade pluriétnica e plurilinguística, professores da Universidade Federal do Amazonas se propuseram aplicar o projeto MEC/Sesu1 de ensino de línguas estrangeiras nas comunidades indígenas dessa região. Como parte desse projeto, o presente trabalho aborda exclusivamente a experiência de ensino-aprendizagem da língua espanhola em São Gabriel da Cachoeira, especificamente, a abordagem da literatura oral como complemento da ação de ensino. Para o linguista Wagner Barros Teixeira, a essência 1 O projeto, coordenado pelo professor Doutor Wagner Barros Teixeira, configura-se em uma ação que contempla o preceito de indissociabili- dade das três grandes áreas universitárias: pesquisa, ensino e extensão. Para tanto, visa a capacitar alunos do Ensino Básico e, por extensão, suas comunidades, nos municípios amazonenses de São Gabriel da Ca- choeira e Atalaia do Norte, no tocante à comunicação básica nas línguas Espanhola e Inglesa, como ação extensiva e de inclusão social, levando à ampliação de oportunidades e facilitando o processo de formação e qualificação por meio da interação entre o conhecimento acadêmico com o saber popular. Como ação de ensino, busca servir como campo de estudos e estágio a acadêmicos dos Cursos de Letras em Línguas Es- trangeiras da UFAM, impactando em sua formação docente, pessoal e social, pela interação com a comunidade indígena.
48 | Ensinando Espanhol no Amazonas: experiências, conquistas e perspectivaslinguística dos povos, a oralidade, permanece como característica básica detoda língua naturalmente em uso, por isso “fica evidente ainda a existênciade uma relação nem sempre isomórfica entre a oralidade e a escrita,sendo a primeira prerrogativa para a existência da segunda, e, esta, umaforma tradicionalmente consagrada de perpetuação linguística daquela”(TEIXEIRA, 2014, p. 85). Tendo em conta o anterior, acredita-se que aslendas, da tradição oral, oferecem um grande leque de opções didáticaspara estudar espanhol como língua estrangeira. A leitura de lendas, mostramodelos de língua escrita, favorecendo a escuta atenta, além de contribuirpara o desenvolvimento da língua oral e o sentido da estrutura da narração. Acredita-se, também, que usar como recurso didático as lendasindígenas, em São Gabriel da Cachoeira, permite o aproveitamento de algunsconhecimentos que os alunos dominam, chamados de “conhecimento prévio”.Isso significa que os estudantes não chegam à sala de aula sem nenhumanoção sobre os conteúdos que serão trabalhados. Teixeira (2017) explica aimportância de valorizar os conhecimentos prévios dos alunos para resultarem aprendizagem significativa: Para que o aluno-leitor consiga lançar mão da lín- gua visando à autonomia discursiva, é necessário que haja valorização de seu conhecimento em- pírico, daquilo que já conhece sobre a língua, de conhecimentos de mundo, linguístico e discursivo que traz consigo, mesmo antes de iniciar o processo de formação escolar, posto que, segundo variados estudos linguísticos, sabe-se que cada indivíduo, in- serido em um dado grupo social, em um momento histórico, dos quais sofre constante influência, ar- mazena suas experiências em sua memória, a qual funciona como um banco de dados que é acionado, na maioria das vezes de forma inconsciente, sempre que se comunica, que entra em contato com outros anunciadores, reais ou imaginários, construídos ou não, em um processo discursivo. Nesse pro- cesso, quando estimulado e instigado à interação, realiza inferências, faz levantamento de hipóteses, antecipa fatos, enunciados, textos variados, e, ao se deparar com o inusitado, com o inesperado, refor- mula vários dos processos cognitivos realizados. (TEIXEIRA, 2017, p. 49). Sendo assim, pode-se inferir que a incorporação dos novosconhecimentos depende da relação que é estabelecida com os conhecimentosadquiridos anteriormente, designados pelo teórico como “conhecimentos de
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