MEMORIAL PADRE CÍCERO e Outras Histórias
PREFEITURA MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE Catalogação na fonte Secretaria Municipal de Cultura – SECULT Biblioteca Pública Municipal Dr. Possidônio da Silva Bem Arnon Bezerra M553 Memorial Padre Cícero e outras Histórias/ Textos: Regivania Rodrigues de Prefeito Municipal Almeida, Cristina Rodrigues Holanda. Nova Olinda-CE: Fundação Casa Grande Memorial do Homem Kariri, 2018. Giovanni Sampaio 132 p.:il., color.; 21x21cm. Vice Prefeito Inclui notas explicativas e referências. A obra é parte integrante do Projeto Ponto de Memória Institucional, da Renato Fernandes Oliveira Secretaria de Cultura, Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte - CE. Secretário Municipal de Cultura ISBN: 978-85-53007-01-1 1. Museus – Educação Patrimonial. 2. Memorial Padre Cícero. 3. Juazeiro Sandra Nancy Freire Bezerra Secretária Executiva do Norte - CE. I. Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte - CE. II. Secretaria de Cultura. III. Almeida, Regivania Rodrigues de. IV. Holanda, Cristina Rodrigues. CDU: 069 (2. ed.) CDD: 069.15 (22. ed.) Elaborada por Rosana Pereira Marinho – CRB-3 nº 1393 Presidente da Fundação Coordenadora Financeira FICHA TÉCNICA | LIVRO Agradecimentos Memorial Padre Cícero Jéssica Alves Cristina Holanda Concepção do Projeto Ponto Moradores do entorno do Coordenador do de Memória Institucional Memorial Padre Cícero Diretor de Comunicação Cultural Teatro Marquise Branca Alemberg Quindins Augusto Pessoa Leonardo de Luna Servidores da Secretaria de Pesquisa Histórica Cultura e Fundação Memorial Diretora de Patrimônio Coordenadora do Centro Regivania Rodrigues de Almeida Padre Cícero Histórico e Cultural de Arte e Cultura Marcus Jussiê Redação de Textos Daniel Walker Lis Cordeiro Maria Gomide Regivania Rodrigues de Almeida Cristina Rodrigues Holanda Demontier Tenório Diretora Administrativa Coordenadora de Produção do Projeto Ponto Dudé Casado Financeira Documentação e Memória de Memória Institucional Luciana Dantas Regivania Rodrigues Lis Cordeiro Mateus Quintans Diretora de Projetos e Coordenadora da Biblioteca Consultoria Acadêmica Raimundo Araújo Cristina Rodrigues Holanda Políticas Culturais Públicas Municipal Possidônio Bem Sandra Nancy Freire Bezerra Reginaldo Farias Maria Carvalho Rosana Marinho Projeto Gráfico e Diagramação Renato Casimiro Coordenadora Administrativa Assessor Técnico LaBarca.Design Charmene Rocha Demontiez Araújo Renato Dantas Revisão de Texto Coordenadora de Promoção Assessor Técnico e Conselheiro REVVER Lucas Carneiro Revisor Verônica Tamaoki e Difusão Cultural Vernacular Claudinália Almeida Administrativo do Fundo A todo (a)s que direta ou indiretamente contribuíram Coordenador de Planos, da Arte e da Cultura para a realização deste trabalho Programas e Projetos Culturais Francisco Amorim Erivaldo Casimiro
MEMORIAL PADRE CÍCERO e Outras Histórias 2018
Sumário Prefácio, 6 Muito Antes do O Memorial Memorial Padre Cícero Padre Cícero Sob as bênçãos do Padim: Memorial Nos tempos do Uma quadra de A Construção, 38 Padre Cícero e Quadro Grande, 14 futebol de salão, 26 A Inauguração, 42 outras Histórias, 8 A Missão, 47 Praças e Os clubes Treze O Museu, 48 Apresentação edificações, 16 Atlético Juazeirense da Pesquisa, 10 e Asa Branca, 27 A capela do Socorro, 17 O Centro de Artesanato, A Biblioteca, 52 A capela de São o Tiro de Guerra e a Um centro de eventos, 56 Vicente de Paulo, 18 Lira Nordestina, 29 Seus Dirigentes, 59 Quantas praças e A oficina Santa Helena, 30 quantos nomes!, 21 Antigas atrações A Coletoria Estadual, 22 do entorno, 32 O Grupo Escolar O Circo Nerino, 33 Padre Cícero, 23 A Festa do Século, 34 Os postos de saúde, 25 A Feira Industrial do Cariri (FIC), 35
Para Relação dos Saber Mais Entrevistados, 129 O Quadro Grande, 62 A praça São Vicente O espetáculo Acervos Consultados, 129 e o cinquentenário vai começar!, 106 A Feira do Capim, 65 de Juazeiro, 88 Periódicos, 129 E a luz chegou!, 110 Uma promessa à Virgem Clube Atlético Sites, 129 do Socorro, 66 Juazeirense, 92 A primeira Feira Industrial do Crédito das Imagens, 130 Os Vicentinos, 73 Os primeiros tempos do Cariri (FIC), 115 futebol em Juazeiro, 95 Referências A Casa de Impostos da O artesanato local, 118 Bibliográficas, 130 Rua Santa Rosa, 76 O velho Treze, das partidas e E o barro ganha vida: A instrução pública dos carnavais, 97 a Oficina e o Grupo Escolar Santa Helena, 122 Padre Cícero, 79 Antigos carnavais, 101 Um novo território, 124 A saúde na terra Os serviços militares, 102 do “Padim”, 84 A Lira Nordestina, 104
Prefácio José Arnon Bezerra de Menezes Prefeito Municipal de Juazeiro do Norte O s últimos instantes da noite já se reco- Padre Cícero um lugar, que contando sua lhem, enquanto alguns tropeiros deixam própria trajetória, adentrou também o gran- o refúgio dos frondosos juazeiros para seguir de tabuleiro em que o Joaseiro se encravou. viagem. O tilintar das enxadas e o rangido da Conduz e nos convida a caminhar com o pri- moenda no engenho anunciam que o trabalho meiro agrimensor improvisado pelo Padre já começou. O ano é mil oitocentos e tanto. Aqui Cícero, seu José Leandro Bezerra, pelos terre- é o Tabuleiro Grande. É nele que tudo começa. nos que seriam as futuras ruas Grande, São Pedro e do Cruzeiro, entre tantas outras. “Uma obra é significante apenas para al- guém que lhe conheça o significado”. Faço As primeiras letras e a educação que se empréstimo das palavras do historiador da arte, iniciou ainda com o Padre Pedro Ribeiro. A o italiano Giuliu Carlo, para dar sentido e tra- eminente presença dos beatos e beatas, que, zer ao conhecimento de todos esta publicação, além de suas vocações religiosas, tanto con- como resultado do Projeto Ponto de Memória tribuíram para a formação das pequenas Institucional, idealizado pela Secretaria de escolas que iam se formando pelo Joaseiro Cultura de Juazeiro do Norte, por meio da antigo. Escolas que não se limitavam a Diretoria de Patrimônio Histórico e Cultural. ensinar a ler e escrever. Experiências edu- Além deste livro, o Projeto nos presenteia com cacionais que traziam, em pleno ano de 1912, uma bela exposição de longa duração. a oportunidade de fruir arte e cultura, com teatro para os alunos, como foi o caso da É uma história que não se ocupou somente escola do beato Salú. de nomes e datas. Foi além. Fez do Memorial 6 Memorial Padre Cícero e Outras Histórias
Aqui, as edificações se apresentam com as Tudo isso se encontra nas entrelinhas do rezas, cheiros e sons que emanavam em outros Memorial, que apresenta a simbologia e a tra- tempos. As capelas, os clubes de futebol e os jetória do Padre Cícero Romão Batista, o nosso sociais. As grandes festas. Os bailes de carna- Padim Ciço, cuja história é a própria história val. A eletrificação que fez a cidade sediar a de Juazeiro do Norte. Caminhando sobre a Festa do Século, trazendo luz a toda a região linha do tempo, o ano de 1988 leva ao recém- do Cariri, pelas portas do Juazeiro. -criado Largo do Socorro um mar de gente, pra O tempo é dinâmico e dele herdamos a me- dar as boas vindas ao novo lugar da cidade: mória. A presença do passado, nos dias atuais. o Memorial. Ele muito tem a contar. As construções físicas e mentais que ganham Este livro é o fragmento de um tempo escri- corpo e voz ao longo dos anos. Neste livro, to para um povo. Por isso me inspiro em Tolstói, veremos que o próspero comércio tem seu nas- “canta a tua aldeia e serás universal”, para dizer cedouro nas inúmeras oficinas, criadas desde que sinto que o Juazeiro é um mundo. A nossa os fins do século XIX, onde o Padre Cícero história é viva, pulsante. Ela nos pertence! orientava as levas de romeiros, que chegavam Boa leitura a todos(as)! de todas as partes do Nordeste, a desenvol- ver diversos ofícios como ferreiros, sapateiros, santeiros, entre outros, dando início à grande indústria artesanal que fez do Joaseiro uma cidade de fé e trabalho. 7
Sob as bênçãos do Padim: Memorial Padre Cícero e outras Histórias Renato Fernandes Oliveira Secretário de Cultura de Juazeiro do Norte 8 Memorial Padre Cícero e Outras Histórias
O dia amanheceu com o sol dourando a dizeres de Eduardo Galeano, “a memória viva paisagem e a passarada anunciando nova nasce a cada dia”. É com esse fio condutor primavera. Grande alvorada festiva ganhava os que tecemos relações entre o passado e o pre- céus da cidade. Era 22 de julho de 1988. Dia do sente, possibilitando à população da cidade município de Juazeiro do Norte e da inauguração conhecer, apropriar-se e valorizar o seu con- do Memorial Padre Cícero: um grande prédio de texto histórico, identificando, assim, o seu linhas modernistas, amparado num largo com patrimônio cultural. três praças contínuas, dois espelhos d’água e um anfiteatro. Esse novo espaço foi idealizado para A cidade segue em ritmo dinâmico, como ser um local de referência em âmbito nacional, sempre foi. Juazeiro do Norte se colocou à por estar situado numa área geograficamente frente de seu próprio tempo. Superou confli- privilegiada no município, possuir uma arquite- tos, vivenciou milagres, acolheu quem por aqui tura e equipamentos arrojados para a sua época conseguiu chegar, amparando-se na fé e na de criação, comportar um amplo auditório para aura do homem que apadrinhou milhares de grandes eventos, além de uma biblioteca e um nordestinos, em busca de uma vida melhor. museu, especializados na história de uma das personalidades mais marcantes da história do O projeto Ponto de Memória Institucional país: o Padre Cícero Romão Batista. inaugura sua primeira exposição, Sob as bên- çãos do Padim: Memorial Padre Cícero e outras Passaram-se trinta anos, desde então. Assim histórias, trazendo, além da história do próprio como a cidade viveu intensas transformações equipamento, os percursos e transformações para abarcá-lo, o próprio Memorial também do sítio histórico onde está edificado nos dias já guarda, em seus anais, os próprios escritos. atuais, que o tornaram um marco espacial e simbólico dos mais representativos. É com essa história que iniciamos o Projeto Ponto de Memória Institucional. Uma ação da Assim, a cidade de Juazeiro do Norte se- Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte, por gue alimentando, em cada habitante de seu meio da Secretaria de Cultura, que propõe a território, o zelo pelos passos daqueles que dinamização dos equipamentos culturais do escreveram sua história em outras histórias, município, criando exposições e publicações construindo a certeza de que a compreensão que abordam a história das edificações e a do ontem qualifica o tempo presente e oferece memória das personalidades homenageadas, melhores possibilidades ao futuro. que dão nome ao lugar. De forma geral, as narrativas são marca- das por lembranças e esquecimentos. Nos Apresentação 9
Apresentação da Pesquisa Regivania Rodrigues Coordenadora de Documentação e Memória – SECULT Juazeiro do Norte O poema a seguir traz uma síntese das Do circo. descobertas que fiz durante a pesquisa, Da diversão. sobre a localidade onde foi erguido o prédio da As praças. Fundação Memorial Padre Cícero, bem como As flores se derramando em cor. sobre a construção dessa edificação. Foram São espirradeiras! Têm cheiro! descobertas que, a princípio, emergiram das Do trabalho. memórias de várias pessoas1 que aceitaram Das primeiras letras. contribuir com seus depoimentos sobre a his- Da entrega e da saúde. tória desse lugar, porque ali residiram/residem Ah! Ainda vejo o silêncio me conduzir pelas ruas. ou trabalharam/trabalham. E a música puxava mais riso do que gente. Roupas coloridas. Chapéus. Era assim... o pretérito se faz presente! São fantasias. É carnaval! As lembranças vão prescindindo a memória. Se fechar os olhos, escuto a pancada da bola. E ela chega com força. Bate também o coração. Acelera. Com aquela força de quem viveu e sentiu. Fomos atravessados. E ela chega. Ninguém está alheio. Nos pertence. Já mudou? O terreno se expande e ganha dimensão de território. Existe um novo território. Do nascimento. Mas aquele meu lugar tá aqui. Da infância. E parece que foi. Da brincadeira. Do que foi sem nunca ter saído. 1 Ver a Relação dos entrevistados ao final do trabalho, que identifica os depoentes. 10 Memorial Padre Cícero e Outras Histórias
O precioso material em forma de verbo che- Muitos escritos vieram juntando pe- gou aos ouvidos como uma melodia, trazendo ças, alargando ruas, localizando o tempo. risos, choros, revoltas, satisfação e resigna- As lacunas que as gentis memórias abriam, ção. Para além dos prédios, casas e praças que aos poucos, foram ocupadas por apanhados existiram ali, somavam-se corpos, cheiros e pesquisas de quem também se debruçou em e almas. Começou-se a reconstruir neles: algum momento sobre o Joaseiro, do tempo em os pensamentos e as lembranças. que Seu Padre acabava com os forrós debaixo Depois veio a consulta à bibliografia e aos do cajueiro, onde hoje está sua representação acervos públicos e particulares. O campo se em bronze, bem no centro da praça, que já foi derramava em material. Eram milhares de da Liberdade, do Almirante Alexandrino e nos fotografias, que, num intercâmbio fantástico dias atuais é dele, o morador mais ilustre des- com as lembranças, ganhavam vida. As pes- sas terras, o Padre Cícero. soas quase saltavam do papel que eternizou É nele que o novo território começa a se fa- aquele momento. Ou do computador, na ver- zer. A história de sua história. O Memorial Padre dade. Grande parte do acervo iconográfico já Cícero nasceu, e ainda hoje se mantém, como desfila nas telas dos blogs, grupos privados um lugar de patrimônio na cidade de Juazeiro. e redes sociais. E o acesso a esse lugar só foi Foram décadas e séculos pra caber em possível pela sensibilidade e compromisso poucos meses. O resultado dessa experiên- histórico de Renato Dantas, Daniel Walker, cia é a exposição Sob as bênçãos do “Padim” Renato Casimiro e Raimundo Araújo. Além – Memorial Padre Cícero e outras histórias, de tantos outros, que caminhantes da es- além dos conteúdos complementares que es- trada que eles abriram, compartilham seus tão aqui neste livro, no terceiro capítulo. momentos e lembranças. Apresentação da Pesquisa 11
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Muito Antes do Memorial Padre Cícero por Regivania Rodrigues Muito Antes do Memorial Padre Cícero 13
Nos tempos do Av. Leandro Bezerra Quadro Grande Imagem 1 Croqui do povoado de Joaseiro, ɏɏ Para saber mais: feito por Otávio Aires, em 1875. O Quadro Grande, p. 62 3 Essa era a grafia utilizada para a designação do povoado no século XIX, A Feira do Capim, p. 65 e assim se manteve até a década de 1940, quando passou a denominar-se Juazeiro do Norte, para diferenciar-se do munícipio de Juazeiro, na Bahia, N o século XIX, o antigo Quadro Grande às margens do rio São Francisco, na divisa com o Pernambuco. Neste livro, ou Quadro de São José era formado por portanto, iremos manter a grafia antiga quando estivermos tratando da terras do antigo Joaseiro3, que pertenciam, localidade antes dos anos 40. originalmente, em grande parte, ao Tenente José Dias Guimarães. Esse espaço foi, aos pou- cos, sendo dividido, e foram surgindo as ruas, Grande (atual Padre Cícero), São José, Santa Rosa, São Francisco e Cruzeiro. Casas foram construídas, bem como os primeiros pré- dios públicos e praças. O Quadro Grande situava-se no perímetro que compreende, atualmente, a Rua São Pedro até as proximidades do Memorial Padre Cícero, englobando as Capelas do Socorro e de São Vicente, estendendo-se também pelas Ruas Santa Luzia até a Rua do Cruzeiro. Na porção de terra mais concentrada no atual bairro do Socorro, formou-se a Feira do Capim, que per- maneceu até os primeiros anos da década de 1920, quando foi transferida para fora desse eixo central da cidade. 14 Memorial Padre Cícero e Outras Histórias
Imagem 2 1 Memorial Padre Cícero (1988) 6Rua Isabel da Luz Croqui ilustrativo do 2 Capela do Socorro / Cemitério Novo (1908) espaço urbano de 3 Capela São Vicente (1922) Rua da Matriz (antiga Rua da Capela) Juazeiro nos dias atuais, 4 Praça Padre Cícero (1910) trazendo uma projeção 5 Cemitério Antigo (século XIX) Rua Dr. Floro Bartolomeu (antiga Rua Nova) do antigo Quadro Grande, 6 Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores (1827) além de edificações e 5 espaços públicos, que foram surgindo em diferentes tempos. PROJEÇÃO DO ANTIGO QUADRO GRANDE 3 Rua do Cruzeiro Rua Leandro Bezerra (antiga Rua do Salgadinho) 4 1 Rua São Francisco Av. Mons. Joviniano Barreto (antiga Rua Santa Rosa) Rua São José Rua Padre Cícero (antiga Rua Grande) Rua São Pedro Rua São Paulo Rua da Conceição 2 Rua Santa Luzia Rua Alencar Peixoto Muito Antes do Memorial Padre Cícero 15
Praças e edificações 16 Memorial Padre Cícero e Outras Histórias
A CAPELA DO SOCORRO ɏɏPara saber mais: Uma promessa à Virgem do Socorro, p. 66 Imagem 3 O s custosos anos de suspensão de ordens intervenções do Bispado, que não queria sua Capela do Socorro, do Padre Cícero pela Igreja Católica im- conclusão, tampouco sua utilização. Mesmo as- na década de 1940, primiam sérios danos à sua saúde. O estado sim, ela foi finalizada e algumas pessoas foram com o muro do físico e emocional do sacerdote causava in- ali sepultadas, a pedido do Padre Cícero, como: lado esquerdo tensas preocupações e constantes investidas Hermínia Gouveia; a Beata Maria de Araújo do cemitério já junto ao campo celestial por parte das pessoas (principal protagonista do Milagre da hóstia); construído. mais próximas e dos seus afilhados. Hermínia Maria Joaquina (funcionária da casa do Padre); Marques de Gouveia lançou, então, suas in- D. Quinou e Angélica (mãe e irmã do sacerdo- tensões à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, te). Somente em 1932 é que a Igreja Católica para que intercedesse pelo seu conselheiro finalmente permite que a Capela seja benta e espiritual. Ao alcançar a graça, havia ela de autoriza as atividades religiosas no local. construir uma capela em sua honra. Com a morte do Padre Cícero, em 1934, O lugar escolhido era o terreno destinado a Capela do Socorro torna-se um verdadeiro para o novo cemitério, num dos limites do an- santuário, ao fazer-se de última morada do tigo Quadro Grande. A obra sofreu algumas patriarca de Juazeiro do Norte. Muito Antes do Memorial Padre Cícero 17
A CAPELA DE SÃO VICENTE DE PAULO ɏɏPara saber mais: Os Vicentinos, p. 73 E m 1922, José Geraldo da Cruz adquire, com assistencialista, a construção foi feita por recursos próprios, uma parcela de terra etapas. Para fazer o telhado, por exemplo, foi comprada do Tenente José Dias Guimarães. realizada a Festa da Cumeeira, de forma cola- Consegue, também, a autorização do Bispado borativa, ao som da Banda de Música da Família do Crato para a construção de uma Igreja em Soares e muita comida. Uns fizeram o ema- honra a São Vicente de Paulo. As obras se ini- deiramento, enquanto outros conduziram as ciaram numa das extremidades do que fora o telhas, que iam sendo transportadas até a par- Quadro Grande. Como se tratava de uma obra te superior por outras mãos, e assim por diante. Imagem 4 Festa da Cumeeira, realizada pelos Vicentinos com o propósito de fazer a cobertura da capela de São Vicente de Paulo, na década de 1920. 18 Memorial Padre Cícero e Outras Histórias
Muito Antes do Memorial Padre Cícero 19
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QUANTAS PRAÇAS E QUANTOS NOMES! ɏɏPara saber mais: A praça São Vicente e o cinquentenário de Juazeiro, p. 88 Imagem 5 V ários nomes e demarcações territoriais se das crianças do entorno, que eternizaram o Preparação do sobrepuseram no decorrer do tempo para lugar como Pracinha. terreno para a denominar áreas públicas no centro histórico construção da de Juazeiro do Norte, onde está situado hoje o Nos cinquenta anos de emancipação políti- Praça São Vicente, Memorial Padre Cícero. ca de Juazeiro do Norte, em 1961, aconteceram na década de muitos festejos na cidade, em função da data. 1940. No primeiro Nas primeiras décadas do século XX, A Praça São Vicente foi reformada e passou a se plano, vê-se o um início de pavimentação se fez em frente chamar Praça do Cinquentenário. Um grande tabelião José Teófilo à Capela do Socorro, com uma grande calça- monumento de concreto com duas imagens do Machado. Nesse da. Anos mais tarde, essa calçada foi ampliada, Padre Cícero compunha o lugar. espaço, encontra- dando os primeiros contornos à praça batizada se, nos dias atuais, com o mesmo nome daquela Capela. A Praça do Cinquentenário e o seu monu- o Memorial mento, assim como outras construções do Padre Cícero. Na década de 1940, a área das imediações entorno, cederam lugar ao Memorial Padre do Grupo Escolar Padre Cícero (criado em 1935) Cícero, na década de 1980. Na época da inau- era de chão batido, coberta por uma vegeta- guração do edifício, todo esse grande espaço foi ção rasteira e pequenas moitas. Conta-se que dividido em três: a Praça Tasso Jereissati (nas uma criança comeu uma frutinha do mato, proximidades da Capela São Vicente), a Praça proveniente desse terreno, e acabou falecen- José Sarney (onde hoje está uma feirinha de do envenenada. A partir de então, o Prefeito artigos religiosos) e a Praça do Socorro (nas da época, Antônio Conserva Feitosa, mandou imediações da Capela homônima). As novas limpar o lugar, iniciando a estrutura básica nomenclaturas, entretanto, não ganharam eco pra a construção da Praça São Vicente, nome na população, que, generalizando, trata todo dado em alusão à capela próxima. Nos anos esse complexo como um único logradouro, que seguintes, foi introduzido um piso maior, con- atende por Praça ou Largo do Socorro. sideravelmente alto, com vários degraus, que davam acesso para a Rua do Salgadinho, atual Leandro Bezerra. Um grande coreto e bancos de madeira e ferro foram construídos, e ali tornou-se espaço para muitas brincadeiras Muito Antes do Memorial Padre Cícero 21
A COLETORIA ESTADUAL ɏɏPara saber mais: A Casa de Impostos da Rua Santa Rosa, p. 76 B em no encontro da Rua Santa Rosa (atual nha de outra cidade e peremanecia por uma Imagem 6 Monsenhor Joviniano Barreto) com a do temporada em Juazeiro. Um dos seus últi- Prédio da antiga Salgadinho (atual Leandro Bezerra), ficava mos moradores foi Orlando Rocha, Coletor Coletoria Estadual, o prédio da Coletoria Estadual, ali instala- Estadual nos anos de 1950. A construção conjugado com da provavelmente entre as décadas de 1930 foi adaptada para receber o Clube Treze a residência e 1940. No mesmo espaço, ficava também Atlético Juazeirense e, posteriormente, o do Coletor. a residência do Coletor, que geralmente vi- Clube Asa Branca. 22 Memorial Padre Cícero e Outras Histórias
O GRUPO ESCOLAR PADRE CÍCERO ɏɏPara saber mais: A instrução pública e o Grupo Escolar Padre Cícero, p. 79 F oi criado em 1927, sob a direção da ca local e regional, bem como profissionais que Professora Maria Gonçalves. Funcionava, se destacaram nas mais diversas áreas. em termos provisórios, na esquina da atual Rua Padre Cícero com a São Francisco. Somente em A Escola foi retirada da Rede Estadual e re- 1935 é que foi concluída a construção do prédio inserida na Rede Municipal no ano de 2005, na Rua Santa Rosa (atual Monsenhor Joviniano com uma proposta de inclusão de alunos com Barreto), onde permanece até os dias atuais. Lá necessidades educacionais especiais, adotan- foram formados importantes nomes da políti- do a nomenclatura Escola de Ensino Infantil e Fundamental Padre Cícero. Imagem 7 Fachada do Grupo Escolar Padre Cícero, construído na administração de José Geraldo da Cruz, em 1935, oito anos após sua criação oficial. Muito Antes do Memorial Padre Cícero 23
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OS POSTOS DE SAÚDE ɏɏPara saber mais: A saúde na terra do “Padim”, p. 84 E m 1937, deu-se início à construção do que teve forte atuação no combate à doença. Posto de Higiene, obra que só veio a ser Trabalhou por muitos anos no antigo Posto de concluída em 1946, na administração de José Tracoma, cujas instalações ficavam na antiga Geraldo da Cruz. O lugar ficou conhecido tam- Rua Santa Rosa, numa construção modesta, bém como Posto de Puericultura, por oferecer vizinha ao Grupo Escolar. orientações e cuidados para mães e recém-nas- cidos. Posteriormente, uma nova instalação Os dois Postos foram integrados a outros foi construída na rua do Salgadinho (atual órgãos estaduais e municipais de saúde poste- Leandro Bezerra), onde a Legião Brasileira de riormente. A antiga instalação desativada do Assistência (LBA) funcionou algum tempo de- Posto de Higiene servia de espaço de brinca- pois, em atividade conjunta ao Posto. deiras para crianças que moravam no entorno. Era também o lugar discreto para encontros Ainda na década de 1940, muitos casos de fortuitos entre os casais enamorados. tracoma foram registrados no Ceará, chegando com forte impacto nas terras do Cariri. O Dr. Possidônio da Silva Bem foi um dos médicos Imagem 8 Posto de Puericultura. Identificados na foto, da esquerda para direita, Rosalva Oliveira com seu filho Eckner Oliveira, Lindalva Fernandes, Dr. Hamilton Esmeraldo e Elizabete Aires. Muito Antes do Memorial Padre Cícero 25
UMA QUADRA DE FUTEBOL DE SALÃO ɏɏPara saber mais: Clube Atlético Juazeirense, p. 92 Os primeiros tempos do futebol em Juazeiro, p. 95 U m grupo de rapazes apaixonados por reno entre a Coletoria Estadual e o Grupo Imagem 9 futebol de salão criou, na década de Escolar Padre Cícero, e lá construíram uma Construção da 1950, o Clube Atlético Juazeirense para a quadra para jogarem, com energia própria, quadra de futebol prática do esporte. Em seguida, montaram mantida por um motor a diesel. Esse lugar foi de salão do um time, o Independentes, e utilizavam, para inaugurado em 1955. Ao tempo que o Treze Clube Atlético os treinos, a quadra da Escola de Comércio, Atlético Juazeirense passou a ocupar a antiga Juazeirense, bem na esquina da Rua da Glória com São Coletoria Estadual como sua sede, esta qua- no terreno que Francisco. Na sequência, adquiriram um ter- dra lhe foi incorporada. ficava entre a Coletoria Estadual e o Grupo Escolar Padre Cícero. 26 Memorial Padre Cícero e Outras Histórias
OS CLUBES TREZE ATLÉTICO JUAZEIRENSE E ASA BRANCA ɏɏPara saber mais: O velho Treze, das partidas e dos carnavais, p. 97 Antigos carnavais, p. 101 O Treze Atlético Juazeirense teve suas construiu ainda uma sede campestre, na Av. duas primeiras sedes no entorno da Virgílio Távora, fora do eixo central da cidade, Praça Padre Cícero. Depois, o clube passou a como mais uma opção de lazer, com piscinas ocupar a antiga Coletoria Estadual, reformada e uma grande área aberta. No início da década para tal fim. O Clube surgiu a partir do Treze de 1980, a sede social deslocou-se e fundiu-se Sport Club, time de futebol criado por Antônio com a sede campestre. Fernandes Coimbra, o Mascote, em 1937. Em 1958, fundiu-se com outras agremiações Entre 1982 e 1985, o prédio que abri- – o Clube Atlético de Amadores, o Juazeiro gou a antiga sede social do Treze Atlético Clube e o Clube da Chave – tornando-se uma Juazeirense foi arrendado para João Bezerra sociedade desportiva, recreativa e cultural. de Oliveira, que fundou o Clube Asa Branca, As festas que organizava eram muito famosas, local que promovia grandes shows com artis- especialmente as de carnaval, que reuniam tas locais e de renome nacional, como Renato boa parte da sociedade juazeirense. O Clube e seus Blue Caps, Quinteto Violado, The Fevers, entre outros. Imagem 10 Prédio da antiga Coletoria Estadual, adaptado para abrigar a sede social do Treze Atlético Juazeirense, na década de 1950. Muito Antes do Memorial Padre Cícero 27
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O CENTRO DE ARTESANATO, O TIRO DE GUERRA E A LIRA NORDESTINA ɏɏPara saber mais: Os serviços militares, p. 102 A Lira Nordestina, p. 104 O Centro Municipal de Artesanato, cons- em 1926, e passou a produzir folhetos de cor- truído para as comemorações do del, orações, novenas e almanaques, fazendo cinquentenário de emancipação política de com que a Tipografia alcançasse a posição Juazeiro, em 1961, funcionou por um curto de maior folheteria do país, com títulos ain- período, dando lugar ao Tiro de Guerra 210, da hoje considerados clássicos da literatura uma instituição militar que se propunha a nordestina. Com o desenvolvimento das tec- formar atiradores como reservistas para o nologias de impressão e a morte de José Exército, conciliando a instrução militarizada Bernardo, a Tipografia entrou em decadência. com o trabalho e os estudos. No ano de 1980, Em 1982, seu acervo e equipamentos foram a instituição deslocou-se para uma nova sede, adquiridos pelo Governo do Ceará, adotando no atual bairro Triângulo, onde permanece um novo nome. Hoje, a Universidade Regional até os dias de hoje, com nova nomenclatura: do Cariri (URCA) responde por sua adminis- Tiro de Guerra 10005. tração. Atualmente, a tipografia está situada no prédio do Centro Multiuso (Vapt Vupt). O prédio foi ocupado, então, pela Lira Nordestina, de 1982 a 1984. Essa é a nova denominação da antiga Tipografia São Francisco, de propriedade de José Bernardo da Silva, um poeta que chegou ao Juazeiro Imagem 11 Praça do Cinquentenário. No primeiro plano, um monumento com a imagem do Padre Cícero. Ao fundo, o Centro de Artesanato. Muito Antes do Memorial Padre Cícero 29
A OFICINA SANTA HELENA ɏɏPara saber mais: O artesanato local, p. 118 E o barro ganha vida: a Oficina Santa Helena, p. 122 H elena Vieira dos Santos, juazeirense Foi incorporando ao seu trabalho vários nascida em 1938, recolhia, às margens materiais. Tornou-se autodidata na produção do Rio Salgadinho, o barro que servia de maté- das suas obras. Passou a produzir imagens re- ria-prima para produzir suas primeiras obras: ligiosas e de personalidades políticas. Ganhou boizinhos e panelinhas de argila para brincar. grande notoriedade. Faleceu em 2007. Seu filho Ao perceber que suas pequenas produções Gilson Vieira deu prosseguimento ao seu tra- tinham valor econômico, passou a vendê- balho, inclusive concluindo obras inacabadas -las na feira, vindo, assim, a cooperar para o da mãe. Dona Helena reside, através de sua sustento da família. obra, em várias cidades do Brasil e da Europa, em praças, igrejas e residências. Em Juazeiro, Dona Helena, como era conhecida, casou os bustos de Luiz Gonzaga (no largo do Socorro) cedo, teve nove filhos e adotou mais uma me- e de Floro Bartolomeu (na Avenida Dr. Floro) nina. Morava na Rua Santa Cecília, esquina levam sua assinatura. com Rua da Conceição, pelo antigo traçado a que as ruas obedeciam. Lá, criou a Oficina Santa Helena, conjugada com sua residência, de número 25, seguida por outras sete casas de morada, até o Grupo Escolar Padre Cícero. 30 Memorial Padre Cícero e Outras Histórias
Imagem 12 Oficina Santa Helena, da artista plástica Helena Vieira, que ficava no cruzamento da rua Santa Cecília com Rua da Conceição, no antigo traçado urbano. O espaço já se encontrava em desapropriação na época da construção do Memorial Padre Cícero. Muito Antes do Memorial Padre Cícero 31
Antigas atrações do entorno 32 Memorial Padre Cícero e Outras Histórias
O CIRCO NERINO ɏɏPara saber mais: O espetáculo vai começar!, p. 106 P ertencia à família Avanzi, de origem ita- Como os grandes circos, o Nerino apre- liana, e circulava por todo o Brasil desde sentava seus espetáculos em dois momentos. 1913. Tornou-se uma grande referência na arte No primeiro, vinham as acrobacias, malabares, circense, percorrendo boa parte do território globo da morte, palhaços, entre outras atrações. nacional durante mais de 50 anos. Chegou A seguir, peças teatrais. Chegou a incorporar, ao Juazeiro, pela primeira vez, em 1948. Filas inclusive, um palco ao interior da lona, tornan- enormes se formavam na Praça São Vicente do-se um grande circo-teatro, apresentando para prestigiá-lo. Em 1953, registrou-se a sua peças de temática sacra e do cotidiano. última passagem pela cidade. Imagem 13 Tenda do Circo Nerino, montado na praça São Sebastião, na cidade de Fortaleza - CE, em 1953. Coleção Circo Nerino, Acervo Centro de Memória do Circo/ SMC/PMSP. Muito Antes do Memorial Padre Cícero 33
A FESTA DO SÉCULO ɏɏPara saber mais: E a luz chegou!, p. 110 E m 28 de dezembro de 1961, foi realizada memorações se encerraram com uma festa no a Festa do Século. Era a celebração da Treze Atlético Juazeirense, com Neir Sobreira eletrificação do Cariri, da inauguração ofi- sendo escolhida a Miss Cinquentenário. cial da Praça do Cinquentenário e do Centro Municipal de Artesanato, tudo como parte A eletrificação do Cariri mudava os ru- das comemorações dos 50 anos de emanci- mos do desenvolvimento local e a vida pação de Juazeiro do Norte. cotidiana da população. A partir de então, as indústrias e o comércio teriam outro rit- Muitas autoridades, de âmbito nacional, mo de funcionamento, pois a luz passava a estadual e regional, se fizeram presentes. ser ininterrupta. Bens de consumo, como Uma placa comemorativa fora afixada em ferros elétricos, enceradeiras, geladeiras e frente ao Centro de Artesanato e feita uma outros, passaram a fazer parte das residên- homenagem póstuma ao Sr. Antônio José cias. Os cinemas, que até então dispunham Alves de Souza, Presidente da CHESF, que de uma única exibição às 19h, passaram a falecera dez dias antes da inauguração. As co- oferecer outras sessões, à noite. Imagem 14 Recepção da comitiva da CHESF e do Governo do Estado do Ceará, no aeroporto de Juazeiro do Norte, por ocasião da Assembleia Geral de constituição e instalação da Companhia de Eletricidade do Cariri (CELCA). 34 Memorial Padre Cícero e Outras Histórias
A FEIRA INDUSTRIAL DO CARIRI (FIC) ɏɏPara saber mais: A primeira Feira Industrial do Cariri (FIC), p. 115 A I Feira Industrial do Cariri (FIC) acon- por Dona Zuíla Morais, fez a alegria da cida- teceu em 1967. O Rotary, o Lions e a de. Diversas autoridades políticas se fizeram Câmara Júnior eram apoiadores. O local presentes, assim como a comunidade local. escolhido para sediá-la foi o Treze Atlético Juazeirense. Foram organizados stands com A Feira Industrial do Cariri acabou tor- muitos produtos industrializados à venda, nando-se um embrião de futuras iniciativas área de alimentação e programações cultu- de caráter semelhante, como foi o caso da rais. Caubi Peixoto e Ângela Maria foram as Feira de Negócios do Cariri (FENEC), rea- atrações artísticas da abertura. Até uma boa- lizada pelo SEBRAE em várias edições te, com o nome de Maria Bonita, organizada e em parceria com outras instituições, alguns anos adiante. Imagem 15 Visita do Vice- Governador do Estado do Ceará, General Humberto Ellery à I FIC, na sede social do Treze Atlético Juazeirense. Muito Antes do Memorial Padre Cícero 35
36 Memorial Padre Cícero e Outras Histórias
O Memorial Padre Cícero por Cristina Holanda O Memorial Padre Cícero 37
A CONSTRUÇÃO Imagem 16 Maquete do N a década de 1980, o então prefeito de Juazeiro do Norte, Manoel Memorial Padre Salviano Sobrinho, decidiu construir o Memorial Padre Cícero, uma Cícero. obra grandiosa, para homenagear o patriarca da cidade e presentear a po- pulação com um novo equipamento cultural que pudesse, entre outras atribuições, abrigar “relíquias” do sacerdote que ainda estivessem em poder de muitas famílias locais. Sua inspiração partiu do Memorial JK, em Brasília. O projeto de construção do Memorial foi assinado por Jorge de Souza, da SERGEN – Serviços Gerais de Engenharia, empresa do Rio de Janeiro, e levou dezoito meses para ser executado, entre 1987 e 1988. 38 Memorial Padre Cícero e Outras Histórias
Imagem 17 Projeto arquitetônico do Memorial Padre Cícero, feito pelo arquiteto Jorge de Souza. O Memorial Padre Cícero 39
Imagem 18 Imagens 19 e 20 Demolição da praça Obras do Memorial do Cinquentenário Padre Cícero, para a construção em 1987. do Memorial. Imagem 21 Construção das praças do entorno do Memorial. 40 Memorial Padre Cícero e Outras Histórias
Imagem 23 Imagem 22 Lateral do prédio Governador do da Fundação Estado, Tasso Memorial Padre Jereissati, junto Cícero, no dia da às autoridades inauguração. políticas da região do Cariri, dando entrevista no canteiro de obras do Memorial, em julho de 1987. O Memorial Padre Cícero 41
A INAUGURAÇÃO O Memorial Padre Cícero foi inaugurado com grande solenidade no dia 22 de julho de 1988, data em que tradicionalmente se comemora a emancipação política de Juazeiro do Norte. A cidade acordou com uma alvo- rada festiva, que anunciava o novo feito. Um mar de gente veio prestigiar o momento. Prefeitos da região do Cariri e de outras cidades do Ceará estavam presentes. Governadores e Secretários de vários Estados do Brasil, sobretudo do Nordeste, vieram conferir a inauguração e se congratular com o Presidente da República, José Sarney, que se deslocou especialmente para a ocasião. Imagem 24 Discurso do Presidente da República, José Sarney, na inauguração do Memorial. 42 Memorial Padre Cícero e Outras Histórias
Imagem 25 Frei Damião visitando as instalações do Memorial, antes da inauguração oficial. Imagem 26 Solenidade de inauguração do Memorial Padre Cícero. Da direita para a esquerda estão o Presidente da República, José Sarney, o Governador do Estado do Ceará, Tasso Jereissati, e o Prefeito Municipal, Manoel Salviano Sobrinho. O Memorial Padre Cícero 43
Imagem 27 Inauguração do Memorial Padre Cícero, em 22 de julho de 1988. 44 Memorial Padre Cícero e Outras Histórias
O Memorial Padre Cícero 45
Imagem 28 Convite para a inauguração do Memorial Padre Cícero. 46 Memorial Padre Cícero e Outras Histórias
A MISSÃO A entidade mantenedora do Memorial, a Fundação Juazeiro do Norte, foi criada pela Lei Municipal nº 1.439, de 9 de maio de 1989. Posteriormente, em 20 de março de 1993, recebeu a denominação atual: Fundação Memorial Padre Cícero (FMPC). Conforme seu Estatuto, sua finalidade principal é a de “promover, preservar e divulgar a memória e a tradição da cultura material e imaterial de Juazeiro do Norte, notadamente quanto aos aspectos da vida do Padre Cícero Romão Batista”. Ao longo de seus 30 anos, a instituição acolheu a todos: pesquisadores, artis- tas, estudantes, turistas e romeiros, do Ceará e do mundo. Tornou-se, ao longo dos anos, um território que agrega não apenas os valores do patrimônio cul- tural do Cariri. É também um espaço de devoção dos mais visitados do país. Imagem 29 Oratório com imagem do Padre Cícero Romão Batista. O Memorial Padre Cícero 47
O MUSEU Imagem 30 Museu da O Museu conserva um acervo variado, composto por mais de 2.000 peças, Fundação Memorial entre mobílias, indumentárias, louças, fotografias, quadros e outros Padre Cícero, 2018. itens que pertenceram ao Padre Cícero ou que se relacionam com a sua vida. Parte fica em exposição e outra na biblioteca. É uma coleção cujo nú- cleo inicial partiu de um acervo dos pesquisadores Daniel Walker e Renato Casimiro, mas que, depois, foi expandida com várias doações da sociedade juazeirense, a partir da atuação de uma comissão composta por Abraão Batista, Assunção Gonçalves, Daniel Walker, Nair Silva, Pe. José Alves, Pe. Murilo de Sá Barreto e Renato Casimiro. 48 Memorial Padre Cícero e Outras Histórias
Imagem 31 Chapéu do Padre Cícero. Imagem 32 Paramento dourado. O mais usado pelo Padre Cícero, na época do “Milagre da Hóstia” entre 1889 e 1891. Imagem 33 Imagem 34 Primeira máquina Romeiros visitando o de datilografia Museu do Memorial, de Juazeiro do recém-inaugurado. Norte, adquirida pelo Padre Cícero, por volta de 1930, para os Correios e Telégrafos. O Memorial Padre Cícero 49
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