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Relatório de Gestão Nordeste Forte 2016 - 2020

Published by Sistema FIERN, 2021-03-02 12:46:49

Description: O Nordeste não é problema. O Nordeste é solução.
A publicação traz a história da fundação da associação fundada em 2016 e presidida pelo empresário Amaro Sales (FIERN), durante os seus primeiros quatro anos; as principais conquistas e os objetivos a serem alcançados.

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RELATÓRIO DE GESTÃO Nordeste FORTE 2016-2020

DIRETORIA DA NORDESTE FORTE 2016-2018 AMARO SALES DE ARAÚJO Presidente da Associação Nordeste Forte Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte-FIERN Suplente: Pedro Terceiro de Melo JOSÉ CARLOS LYRA DE ANDRADE Vice-presidente da Associação Nordeste Forte Federação das Indústrias do Estado de Alagoas-FIEA Suplente: José Nogueira ANTÔNIO RICARDO ALVAREZ ALBAN Vice-presidente da Associação Nordeste Forte Federação das Indústrias do Estado da Bahia-FIEB Suplente: Vladson Bahia Menezes JORGE ALBERTO VIEIRA STUDART GOMES Vice-presidente da Associação Nordeste Forte Federação das Indústrias do Estado do Ceará-FIEC Suplente: José Ricardo Montenegro Cavalcante EDILSON BALDEZ DAS NEVES Vice-presidente Secretário da Associação Nordeste Forte Federação das Indústrias do Estado do Maranhão-FIEMA Suplente: Francisco de Sales Alencar FRANCISCO DE ASSIS BENEVIDES GADELHA Vice-presidente Tesoureiro da Associação Nordeste Forte Federação das Indústrias do Estado da Paraíba-FIEP Suplente: Magno Rossi RICARDO ESSINGER Vice-presidente da Associação Nordeste Forte Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco-FIEPE Suplente: Alexandre José Valença Marques ANTÔNIO JOSÉ DE MORAES SOUZA FILHO Vice-presidente da Associação Nordeste Forte Federação das Indústrias do Estado do Piauí-FIEPI Suplente: Antonio de Almendra Freitas Neto EDUARDO PRADO DE OLIVEIRA Vice-presidente da Associação Nordeste Forte Federação das Indústrias do Estado de Sergipe-FIES Suplente: Luis Paulo Dias Miranda

DIRETORIA DA NORDESTE FORTE 2018-2020 AMARO SALES DE ARAÚJO Presidente da Associação Nordeste Forte Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte-FIERN Suplente: Roberto Pinto Serquiz Elias JOSÉ CARLOS LYRA DE ANDRADE Vice-presidente da Associação Nordeste Forte Federação das Indústrias do Estado de Alagoas-FIEA Suplente: José Nogueira ANTÔNIO RICARDO ALVAREZ ALBAN Vice-presidente da Associação Nordeste Forte Federação das Indústrias do Estado da Bahia-FIEB Suplente: Vladson Bahia Menezes JOSÉ RICARDO MONTENEGRO CAVALCANTE Vice-presidente da Associação Nordeste Forte Federação das Indústrias do Estado do Ceará-FIEC Suplente: Carlos Prado EDILSON BALDEZ DAS NEVES Vice-presidente Secretário da Associação Nordeste Forte Federação das Indústrias do Estado do Maranhão-FIEMA Suplente: Francisco de Sales Alencar FRANCISCO DE ASSIS BENEVIDES GADELHA Vice-presidente Tesoureiro da Associação Nordeste Forte Federação das Indústrias do Estado da Paraíba-FIEP Suplente: Magno Rossi RICARDO ESSINGER Vice-presidente da Associação Nordeste Forte Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco-FIEPE Suplente: Alexandre José Valença Marques ANTÔNIO JOSÉ DE MORAES SOUZA FILHO Vice-presidente da Associação Nordeste Forte Federação das Indústrias do Estado do Piauí-FIEPI Suplente: Antonio de Almendra Freitas Neto EDUARDO PRADO DE OLIVEIRA Vice-presidente da Associação Nordeste Forte Federação das Indústrias do Estado de Sergipe-FIES Suplente: Luis Paulo Dias Miranda

RELATÓRIO DE GESTÃO NordessutmeárioFORTE

Sumário 7 Apresentação 8 A economia do Nordeste nos anos 2000 16 História da Nordeste FORTE 22 Entrevista com Amaro Sales 32 Cronologia 68 A visão dos presidentes

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APRESENTAÇÃO OO ano de 2020 nasceu carregado de esperanças, mas, já no pri- meiro trimestre, a pandemia da Covid-19 o transformou em um dos piores da humanidade. Em todos os tempos e aspectos, o que inclui, claro, a economia. No Brasil, além da frustração pela não concretização de reformas e mudanças esperadas para pôr fim à retração econômica acumulada em anos, a pandemia trouxe, como pior, elevada e irreparável perda de vidas humanas. Apesar desse peso sobre o ombro, as pessoas seguiram na luta por fazer o melhor. Neste quadro, se inclui o esforço dos membros da Nordeste For- te, associação que, desde a sua criação, faz jus ao nome. Se ser nordestino é sinônimo de luta, a Nordeste Forte não fugiu à regra e terminou 2020 com conquistas oriundas da tenacidade com que, desde 2016, ano que nasceu, trabalhou para obter. Dentro dessas conquistas, a maior até agora, sem dúvida, foi a assinatura, pelo presidente Jair Bolsonaro, das medidas provisórias 1.016 e 1.017, para renegociação das dívidas contraídas pelas empresas na década de 90 com os fundos constitucionais e de financia- mento do Nordeste. Uma luta de 30 anos do setor produtivo da região que a Nordeste Forte coroou de êxito. Essas medidas, em que pese a importância fundamental para 300 mil empresários nordestinos, foi mais uma entre as muitas lutas de- senvolvidas pela associação através de encontros, roadshows e debates. Nesses eventos, se colhia a energia do empresariado nordestino para representá-lo em reuniões com a bancada federal da região, com mi- nistros e com presidentes da República. Tudo pela solução dos pon- tos que afligem a classe industrial do Nordeste, pela primeira vez na história representada de forma unitária por uma entidade regional. Essa é a Nordeste Forte. A história de sua criação, consolidação e conquis- tas nos primeiros quatro anos de vida estará nas páginas deste Relatório de Gestão. É o relato da Nordeste Forte, mas igualmente pode ser visto como o relato de mais uma quadra de luta dos empresários nordestinos, esses que fazem a região crescer mesmo quando o resto do país anda de- vagar, e acelera o seu crescimento quando o país vai bem. Uma história de nordestino, pois não, mais uma história do Nordeste, uma região que, como lembra sempre o presidente da Nordeste Forte, Amaro Sales, não é problema. É solução. 7

Osurgimento da Nordeste Forte, em 2016, aconteceu no período em que a economia da região crescia no setor industrial mesmo diante da recessão eco- nômica do Brasil. O crescimento provou o bom desempenho de setores específicos da economia da região e o seu poten- cial para o desenvolvimento do país. Esse potencial tem sido provado desde o início deste século. Segundo estudos eco- nômicos do Banco do Nordeste do Brasil - BNB publicados em 2019, o crescimento industrial do Nordeste foi de 12,8% entre os anos de 2002 e 2018, acima do crescimento médio nacional (11,2%). 8

No mesmo período, o Nordeste diversi- O surgimento desses setores indica uma ficou as suas atividades econômicas. Se- mudança para o futuro na estrutura pro- tores tradicionais, tais como a produção dutiva dos nove Estados nordestinos. São de alimentos, de derivados de petróleo e áreas que ganham mais destaque pouco biocombustíveis, continuaram em cresci- a pouco e se inserem no grupo de ativi- mento, mas começaram a compartilhar o dades industriais que se destacam no espaço da indústria com as energias re- Nordeste. Nestes primeiros anos do sécu- nováveis, o setor de mineração, petróleo lo 21, esse grupo teve oito participantes, e gás natural, o desenvolvimento de tec- responsáveis por mais de 70% do total nologia em saúde e com o setor da tec- produzido pelo setor entre 2002 e 2018: nologia da informação e comunicação. São eles: produtos alimentícios (17,7%); Essas novas atividades surgem como alvo derivados do petróleo e biocombustíveis de oportunidades e investimentos logo (13%); produtos químicos (10,4%); indús- no início dos anos 2000. O crescimento trias extrativas (8,2%); couros, artigos para observado na segunda década, período viagem e calçados (5,6%); celulose, papel durante o qual a Nordeste Forte é criada, e produtos de papel (5,4%); metalurgia reflete o êxito dos investimentos realiza- (5,2%); e fabricação de bebidas (5,1%). dos. 9

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NORDESTE FORTE HISTÓRIA DE UMA SOLUÇÃO No dia em que o presidente Jair Bol- “O Nordeste não é problema, o Nordeste é sonaro assinou duas medidas provi- solução para o Brasil”, declarou Amaro Sales sórias para renegociação de dívidas ao presidente da República no evento realiza- de empresas com fundos da União, o então do no dia 17 de dezembro de 2020, em Porto presidente da Nordeste Forte, Amaro Sales, Seguro (BA), para a assinatura das medidas encerrou uma luta do setor produtivo que se provisórias. A frase foi dita por Sales diver- arrastava havia 30 anos por birôs e gabine- sas vezes ao longo dos quatro anos em que tes. À frente da Nordeste Forte desde a sua esteve na presidência da Nordeste Forte, mas criação, em 2016, Sales sabia que essas assi- ficou marcada neste dia pela nova oportuni- naturas confirmavam a força da união das dade dada aos empresários nordestinos para nove federações das indústrias do Nordeste produzir e continuar fazendo a região crescer em torno de uma associação. A renegocia- acima da média das outras regiões brasileiras. ção das dívidas foi uma das principais pautas “A gente tem hoje a oportunidade de fazer re- desde a idealização da Nordeste Forte, que nascer essas empresas, reviver um momento somou esforços com a Ação Pró-Amazô- tão bacana que está acontecendo no país hoje. nia para encontrar uma solução. Graças ao Nós temos a oportunidade de fazer o Brasil trabalho desenvolvido ao longo dos quatro voltar a produzir”, concluiu Amaro Sales no anos, 300 mil empresas ganharam o direito discurso feito durante o evento, minutos antes de renegociar dívidas e retomar a capacidade da assinatura das medidas. de gerar emprego e trazer desenvolvimento para o Brasil. A busca por soluções para dar oportunida- des aos empresários nordestinos de estarem à 16

frente na retomada do crescimento do Brasil minar junto aos outros presidentes a busca de começou cinco anos antes do evento na Bahia. apoio para a gente formar uma associação di- Em 2015, o país vivia a pior recessão econô- recionada a discutir os problemas regionais”, mica da sua história recente. O setor produ- acrescenta. Logo a ideia se espalhou entre as tivo buscava se reinventar para sair da crise e nove federações nordestinas. Era hora de os alavancar o crescimento. Presidente da Fede- presidentes das federações se reunirem para ração das Indústrias do Estado do Rio Grande amadurecê-la e tirá-la do papel. do Norte (FIERN) e diretor da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Amaro Sales O berço da associação começou a perceber que as dificuldades da indústria potiguar eram semelhantes às da in- No início de 2016, o presidente das Fede- dústria dos outros oito estados do Nordeste. rações das Indústrias do Ceará (FIEC), Beto Entretanto, não havia um espaço adequado Studart, convidou os líderes das federações para discutir os problemas comuns à região. das indústrias do Nordeste para um jan- Os espaços das discussões da CNI, apesar de tar em sua casa, em Fortaleza, onde a ideia abrangentes, não eram adequados para isso, da Nordeste Forte seria concebida de forma já que a confederação é o lugar de discussão mais concreta. Studart externou o entusias- para a Indústria de todo país. mo com a ideia e ainda durante o encontro a criação da associação já era um consenso. Os “A ideia da Nordeste Forte nasceu diante presidentes tomaram como exemplo a Ação da identificação de problemas regionais, onde Pró-Amazônia, associação criada em 1991 havia a pergunta: quem vai pautar essa dis- que reúne as federações das indústrias dos cussão?”, explica Amaro Sales. “Na hora da estados da Amazônia Legal, e reconheceram discussão da diretoria da CNI você vai discu- a importância de atuar de forma coordenada tir assuntos regionais do Nordeste? Também em prol dos interesses regionais. A decisão tem outras regiões que querem discutir os foi criar um grupo que deixasse claro, desde seus problemas. Então, eu comecei a disse- o seu nome, a defesa da região. Surgiu, então, a Nordeste Forte. O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, apoiou a iniciativa de maneira ime- diata. A ideia foi levada até ele poucos dias depois do jantar no Ceará. Andrade acatou o pedido e prontamente disponibilizou uma sala na sede da CNI, em Brasília, para a asso- ciação. Antes de ser formalizada, no entanto, os presidentes das federações das indústrias do Nordeste voltaram a se reunir. Studart no- 17

vamente foi o anfitrião, desta vez na sede da tre os meses de abril e setembro de 2016, antes FIEC, em Fortaleza (CE), no dia 9 de março da formalização da associação com a criação de 2016. Neste dia, as primeiras pautas co- de um estatuto e da realização de eleição para meçaram a ser levantadas pelos presidentes decidir a primeira gestão. A pauta de priori- para a formação de uma agenda prioritária a dades avançou nesse período, com a inclusão ser defendida pelo grupo e que resultasse em da renegociação dos débitos das empresas uma política de desenvolvimento regional. Os com os fundos constitucionais de investimen- líderes elencaram a necessidade de discutir a tos regionais. No dia 27 de junho os futuros transposição do rio São Francisco, o setor de participantes da Nordeste Forte agendaram energias renováveis (eólica, solar, biomassa uma visita ao então presidente da Repúbli- e transmissões), a infraestrutura rodoviária ca, Michel Temer (2016-2018), e ao ministro e ferroviária do Nordeste, com participação da Integração Nacional, Helder Barbalho. As da Transnordestina, e a estrutura de portos. duas reuniões tiveram o objetivo de apresen- “Foi uma alegria para todos porque, a partir tar às autoridades nacionais as pautas e as daquele dia, nós começamos os debates e os necessidades do Nordeste. Como primeiro pleitos de uma região tão sofrida, tão rica, resultado, os presidentes das federações das mas que precisava de um patamar novo”, indústrias conseguiram acertar a criação de relembra Sales. um grupo de trabalho formado por técnicos da Integração Nacional e das nove federações Apesar do entusiasmo dos presidentes para a realização de estudos que viabilizassem das federações das indústrias dos nove esta- soluções para as pautas apresentadas. O gru- dos do Nordeste, parte do empresariado viu po de trabalho foi instituído no dia 06 de ou- a iniciativa com desconfiança – reflexo de tubro de 2016, com a formalização no Diário iniciativas anteriores que acabaram frustra- Oficial da União. das. “Alguns companheiros nossos chegaram a dizer: ‘Amaro, isso não vai dar certo. Já vi- No entanto, a Associação Nordeste Forte mos esse filme no passado. Já remamos tanto ainda não estava oficialmente criada. Era pre- nessa maré. Isso não vai ter sucesso nenhum.’ ciso elaborar o seu estatuto e realizar a pri- Claro que a gente respeita o ponto de vista meira eleição. contrário, mas muitas vezes essas pessoas fi- cam céticas em função de tantas desilusões”, O primeiro mandato conta Amaro Sales. “Alguns colegas achavam que a ideia não prosperaria. Eles apoiariam a A oficialização da Nordeste Forte aconte- iniciativa em função da defesa de uma região, ceu no dia 29 de novembro de 2016 na sala ce- mas não acreditavam tanto no sucesso quanto dida pela CNI, em Brasília. Os presidentes das existe hoje.” federações das indústrias decidiram que as gestões da associação teriam duração de dois As reuniões continuaram acontecendo en- anos e ela seria constituída por um presiden- 18

te e oito vice-presidentes. O escolhido para dentre outros. “Há um sentimento de que al- a primeira gestão foi Amaro Sales, presiden- guns temas são até utopias de pensar em re- te da FIERN, e o que primeiro manifestou o solver, mas temos temas viáveis. É o caso da incômodo com a ausência de um espaço que reativação da Sudene, que no passado foi um pautasse os problemas comuns às indústrias órgão fomentador do desenvolvimento regio- dos nove estados nordestinos. Sales conta que nal”, declarou Sales. A reestruturação da Su- a sugestão foi dada por Beto Studart, da FIEC, dene logo foi colocada como um dos pontos- anfitrião das duas primeiras reuniões da as- -chaves para o crescimento da região e, para sociação, e acatada de maneira unânime pelo auxiliar na reestruturação, a associação deci- restante. “Eu entendia que ele [Beto Studart] diu realizar sua primeira ação com o públi- poderia ser o presidente inicial. Mas, foi-me co do setor produtivo com ciclos de debates delegada essa missão, para criar constituição, e palestras de representantes de órgãos com estatuto, sede, elaborar um cronograma de empresários, como fim de promover a apro- reuniões, onde a gente poderia formatar um ximação entre estes atores. Nove road shows plano de ação e identificação dos principais foram realizados pela Nordeste Forte ao lon- problemas da região”, conta. go de 2017, em oito estados da região. Com o tema “Investimento e desenvolvimento do O presidente define a primeira gestão Nordeste”, os eventos aproximaram insti- como “um voo no escuro”. “O primeiro man- tuições, como a CNI, a Sudene, o Banco do dato é um desafio, porque você não tem esta- Nordeste, o BNDES e a Apex, do empresário tuto, não tem dinheiro, não tem equipe, não nordestino para discutir iniciativas de contri- tem nada, e termina sendo um voo no escuro. buição para superar os entraves à retomada Mas, graças a Deus, a gente conseguiu con- da atividade econômica, como incentivos fis- quistar alguns espaços nesse desafio”, afirma cais, fundos de investimento e instrumentos Sales. A partir da eleição, o potiguar começou de apoio à Sudene. a organizar a Nordeste Forte com uma agenda de reuniões em que as discussões em torno Reuniões com técnicos da CNI, Banco do das pautas elencadas como prioridades no Nordeste, Sudene e outras instituições, como primeiro momento eram aprofundadas. a Finep, continuaram ocorrendo para estrei- tar relações e firmar parcerias da Associação Durante os primeiros dois anos de man- Nordeste Forte. Em 2019, uma programação dato, Amaro Sales organizou reuniões da as- prioritária para os anos de 2019 a 2022 foi sociação com diretores e superintendentes de lançada pela associação. A programação esta- órgãos importantes para o desenvolvimento belece diretrizes para as mais diversas áreas do Nordeste para buscar soluções dos proble- relativas à indústria, como o financiamento, mas regionais. Houve reuniões com a Sude- tributação, infraestrutura, energia e trans- ne, o Banco do Nordeste, a Agência Nacional portes. No mesmo ano, a associação também de Águas, TLSA - Transnordestina Logística, conseguiu se inserir na elaboração do Plano 19

Regional de Desenvolvimento do Nordeste FIEC, de José Ricardo Cavalcante para Carlos (PRDNE), da Sudene, para contribuir com Prado, e a substituição do suplente da FIERN, objetivos, metas, prioridades e diretrizes para de Pedro Terceiro de Melo para Roberto Pinto o desenvolvimento sustentável, e conseguiu Serquiz Elias. Quando foram reempossados, a prorrogação de isenções fiscais da Sudene a Nordeste Forte já era uma associação com para empresas da nordestinas. diretrizes bem definidas e projetos em desen- volvimento. A hora era de dar continuidade Em paralelo, os estudos com o grupo de aos trabalhos e colher os primeiros resultados. trabalho do Ministério da Integração Na- cional continuaram sendo aprofundados. A No cenário nacional, Jair Bolsonaro as- associação também participou da discussão sume a presidência da República como pre- do projeto de lei 5992/16, da Câmara dos De- sidente eleito e substituiu Michel Temer. A putados, que estabelecia a renegociação de troca de gestão fez a discussão em torno da dívidas dos fundos constitucionais e de in- renegociação das dívidas dos fundos cons- vestimento do Norte e do Nordeste. Amaro titucionais e de investimentos retroceder Sales promoveu o encontro com deputados alguns passos com a troca do Ministério da federais e senadores para discutir o projeto e Integração Nacional pelo Ministério do De- a importância da renegociação para a região, senvolvimento Regional. Um novo grupo de por se tratarem de dívidas contraídas durante trabalho foi criado em meados de junho de o período de hiperinflação brasileiro (entre as 2019 para retomar as discussões. A associa- décadas de 1980-1990) e que se tornaram in- ção também realizou novas reuniões com a sustentáveis para grande parte das empresas participação de líderes nacionais para discu- das duas regiões contempladas pelo projeto. tir os planos para o Nordeste e novas pautas O grupo de trabalho concluiu a minuta de que surgiram com o novo governo, como a medida provisória que estabeleceu a renego- reforma tributária. “Esses grupos de trabalho ciação das dívidas em maio de 2018 e, em ou- conseguiram avançar o que não foi avançado tubro do mesmo ano, Amaro Sales foi reeleito em 30 anos. Isso é um fato muito positivo, e presidente da associação por mais dois anos. estamos conseguindo avançar isso desde o governo Temer”, declarou Amaro Sales no dia O legado de uma associação forte 2 de dezembro, duas semanas antes do evento realizado em Porto Seguro. Amaro Sales e os vice-presidentes foram reconduzidos aos cargos no dia 1 de março Durante os estudos, o grupo de trabalho de 2019 para permanecerem até o dia 28 de formado por técnicos da associação (cedidos fevereiro de 2021. A gestão teve apenas três pelas federações das indústrias dos estados do mudanças: a saída de Beto Studart como pre- Nordeste) e por técnicos da CNI, identificou sidente da FIEC para a entrada de José Ricar- cerca de 300 mil pessoas físicas e jurídicas do Cavalcante, a substituição do suplente da devedoras dos fundos constitucionais e de 20

investimentos regionais no Norte e no Nor- do embaixador da Alemanha no Brasil, Georg deste. Antes da renegociação, as dívidas esta- Witschel, e da cônsul da Alemanha no Nor- vam em R$ 49,3 bilhões – resultado de juros deste, Maria Könning, em uma das reuniões e multas aplicadas a partir de 2001, quando o da associação. valor inicial era de R$ 1 bilhão. A associação chegou a se reunir em janeiro de 2020 com No dia 20 de outubro de 2020, o presiden- o então ministro do Desenvolvimento Regio- te da FIEC, Ricardo Cavalcante, foi eleito o nal, Gustavo Canuto. Em abril, a associação se novo presidente da Associação Nordeste For- reuniu virtualmente, devido à pandemia do te. Cavalcante assume o cargo em 1º de março novo coronavírus, com o ministro da Econo- de 2021. Contudo, antes de deixar a cadeira mia, Paulo Guedes, para apresentar as pautas de presidente, Amaro Sales continuou traba- do Nordeste e reforçar a importância de solu- lhando para consolidar o seu trabalho e entre- cionar o problema das dívidas com os fundos. gar uma associação pronta e com respaldo do setor produtivo. Além da renegociação dos fundos, a asso- ciação continuou pautando o avanço de obras O legado dessa luta teve a sua coroação importantes para a infraestrutura do Nordes- com a assinatura das duas medidas provisó- te, como a transposição do rio São Francisco. rias no dia 17 de dezembro, no evento com a A partir de 2019, as obras do São Francisco, presença do presidente da República, Jair Bol- que beneficiam toda a região Nordeste, volta- sonaro, do ministro do Desenvolvimento Re- ram a avançar na conclusão de etapas. A Nor- gional, Rogério Marinho, e do Coordenador deste Forte não tem o mérito sobre a retoma- da bancada do Nordeste na Câmara, deputa- da das obras, mas contribuiu para a inserção do Júlio César (PSD-PI). Com as medidas, a da transposição entre as prioridades da pasta Nordeste Forte superou a desconfiança ini- do Desenvolvimento Regional. Outro avanço cial de parte dos empresários e entregou uma que marca a segunda gestão da Nordeste For- agenda positiva para a região. “Temos uma te são as parcerias com a Finep para aumentar agenda de desenvolvimento de crescimento”, o investimento no Nordeste na área de ciên- declara Sales. cia, pesquisa e desenvolvimento, tecnologia, mercado e sociedade. Para além disso, Amaro Sales deixa uma ideia cada vez maior: a ideia de que o Nordes- A associação também se aproximou de te não é problema, o Nordeste é solução para empresários alemães para atrair investimen- o Brasil. tos, contando, inclusive, com a participação 21

Moraes NetoENTREVISTA Amaro Sales “O Nordeste não é problema. É solução para o Brasil” À frente desde a concep- ção até a consolidação da Nordeste Forte, o presidente Amaro Sales lembra nesta entrevista o pontapé para a criação da associação, o apoio de- cisivo da Confederação Nacional das Indústrias e de lideranças po- líticas para o nascimento da ideia e os desafios desses primeiros anos. “Alguns colegas achavam que não ia acontecer nada. Eles apoiariam em função da defesa de uma re- gião, mas não acreditavam tanto no sucesso quanto existe hoje”, afirmou o também presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte – Fiern, empresário do setor de alimentos. Agora, Sales entrega uma associação consolidada, com conquistas que devem beneficiar 300 mil empresas através da renegociação das dívidas dos fundos de investimentos regionais e dos fundos constitucionais e um olhar para a solução de problemas comuns aos nove estados do Nordeste, agora unidos em torno de uma agenda de crescimento. Em 2021, o presidente por dois mandatos passa o bastão para Ricardo Cavalcante, da Federação das Indús- trias do Estado do Ceará, com o dever cumprido de tirar do papel uma entidade sensível aos di- versos setores da indústria e com a missão de pautar o Nordeste para o restante do Brasil como uma região que não aceita ser vista como uma agenda emergencial, mas como uma solução. 22

Qual foi a primeira conversa que acendeu regionais já eram tratados dentro da Pró- na sua cabeça, e na dos outros presidentes, Amazônia. Então, eu comecei, e esse foi um a ideia de criar essa entidade? Como nasceu trabalho nosso (Fiern), a disseminar junto isso? aos outros presidentes a busca de apoio para que a gente pudesse formar uma associação Essa ideia vem de alguns assuntos regionais direcionada a discutir os problemas regionais. que são discutidos dentro das reuniões de diretoria da CNI. A CNI tem várias atividades Para situar no tempo, quando foi que come- de questionamento do desenvolvimento e das çou essa inquietação? dificuldades da indústria, mas existe uma dificuldade da discussão regional maior. Claro Por volta de 2015. Aí, no início de 2016, nós que, quando você traz a discussão regional, marcamos uma reunião de fundação, para há temas que não é porque a CNI não quer conceber a própria ideia. Houve um encontro discutir, mas porque dentro da CNI o que “A Nordeste Forte nasceu diante da identificação de problemas regionais” existe é espaço para uma discussão nacional. no Ceará, com o presidente Beto Studart (da A logística, por exemplo. A CNI tem uma Federação das Indústrias do Estado do Ceará) discussão sobre a logística do Brasil mas, na dando total apoio a essa nova associação. Nes- hora em que você coloca o Nordeste, com as se encontro, foi decidido entre os presidentes suas dificuldades ou suas vantagens logísticas, que o nome da associação não seria apenas não existe uma discussão específica, de um o nome de uma associação, mas o nome de tema só, na CNI. Então, a ideia do Nordeste uma região defendida como Nordeste Forte. Forte nasceu diante dessa identificação de Houve o papel importantíssimo do presiden- problemas regionais, onde havia a pergunta de te da CNI, Robson Braga de Andrade, como quem ia pautar essa discussão. Ora, na hora da apoiador da iniciativa. O presidente, pronta- discussão da diretoria da CNI você vai discutir mente, diante do nosso pedido, nos atendeu assuntos regionais do Nordeste? Também tem com um espaço dentro da própria CNI, que outras regiões que querem discutir os seus se tornou a sede da nossa associação. Nesse problemas. Então, ainda dentro dessa ideia de tempo, como havia uma concordância de to- abrir um novo horizonte, nós tínhamos uma dos os presidentes e uma escolha formal do outra associação, criada há quase 30 anos, que nome dessa associação, fizemos essa reunião é a Associação Pró-Amazônia. Alguns temas em março de 2016 na sede da FIEC. Mas, pri- 23

meiro, fomos recepcionados na casa do presi- O senhor atribui o fato do seu nome ser su- dente Beto Studart. O berço da associação foi na casa do presidente Beto Studart. Foi uma gerido ao fato das discussões de uma discus- alegria para todos porque, a partir daquele dia, nós começamos os debates e os pleitos são regional terem nascido dentro da Fiern? de uma região tão sofrida, tão rica, mas que precisava de um patamar novo. Houve uma sugestão de Beto Studart, que era o anfitrião, tanto na casa dele quanto Então, na hora em que foi levantada a ideia, na FIEC. Ele colocou meu nome como su- ela preencheu uma lacuna latente que foi ao gestão e prontamente todos aceitaram, sem encontro das necessidades… nenhuma resistência. Como a associação não tinha dinheiro, não tinha sede, só tinha Foi ao encontro das necessidades. Houve uma um monte de problemas para cuidar no pri- unanimidade em meu nome, mesmo que eu meiro momento, eles escolheram meu nome não tenha me colocado como candidato, mas para que pudéssemos capitanear essa inicia- tiva. Eu acredito que talvez tenha ajudado essa indicativa de nome o fato de termos iniciado as conversações junto aos colegas “... precisava alguém sair espalhando essa semente de um grupo regional” houve esse apoio, inclusive por parte de Beto sobre a necessidade de criarmos uma asso- Studart, que eu entendia que poderia ser o ciação. Nessa época, eu era diretor da CNI e presidente inicial. Foi-me delegada essa mis- presidente da Fiern, mas precisava alguém são, de criar constituição, estatutos, sedes, sair espalhando essa semente de um grupo elaborar um cronograma de reuniões, onde regional. Ela precisava ser plantada, preci- a gente poderia partir formatando um plano sava de um acordo das nove federações. En- de ação e identificação dos principais proble- tão, essa iniciativa talvez tenha contribuído mas da região. Se a gente fosse se debruçar para essa indicação. em cima das dificuldades, a gente ia passar um ano só para colocar quais seriam todas as A parceria regional vemos que foi imedia- dificuldades da região, mas preferimos esco- ta. Agora, houve parceiros nacionais que se lher temas que pudessem ser pauta principal juntaram oferecendo apoio? naquele primeiro momento. 24

Num momento inicial desses, como são das lideranças políticas do Nordeste também mais problemas do que soluções, por mais aderiram à ideia. A gente chegou a fazer um que você tenha um elo de relacionamento, o encontro da bancada do Nordeste na CNI apoio primordial que tivemos foi na própria com a participação efetiva de mais de 30 se- nadores e deputados, e tivemos esse apoio “O apoio político, muito importante para a nossa asso- primordial que ciação ter o necessário fortalecimento. tivemos foi na própria CNI” Como se dá essa articulação política a par- tir da Nordeste Forte, o envolvimento dos CNI, através do presidente Robson Braga, e entes representativos políticos de cada Es- de toda a sua assessoria ligada à estrutura da tado? E como se pode aprofundar isso? CNI, com seus técnicos incansáveis. Essas pessoas deram uma contribuição enorme. A O elo político vai continuar. O próximo presi- partir daí, fomos buscar apoio político atra- dente já sabe dessa missão. Não adianta a CNI vés das lideranças do Nordeste. Foram os de- ter sua estrutura econômica e técnica apoian- putados, os senadores, que trouxeram junto do a associação se nós não tivermos esse com a bancada do Nordeste alguns apoios apoio político. Eu tenho certeza que, hoje, o importantes. Tivemos o então senador Ar- líder da bancada do Nordeste, que é o depu- mando Monteiro (PTB/PE), que na época ti- tado Júlio César (PSD/PI), é um dos defenso- nha a cadeira de Senado, e outras lideranças res da região e temos tido esse elo de defesa da região, como os então senadores Garibaldi dos interesses nordestinos. Muitas vezes se Alves Filho (MDB/RN), José Agripino Maia reclama da iniciativa política da região, mas eu acho que a Nordeste Forte conseguiu unir essas lideranças. Claro, existem temas que “A gente teve o apoio maciço de todos os deputados e senadores” (DEM/RN), e Fátima Bezerra (PT/RN), que não dependem só da liderança. Um exemplo ainda era senadora. Deputados federais da são as dívidas dos fundos constitucionais do época também foram importantes. A gente Banco do Nordeste. É um tema que está den- teve o apoio maciço, pelo menos no que eu tro do Ministério da Economia, uma dívida posso falar daqui do Rio Grande do Norte, de de R$ 30 bilhões. E essa dívida já foi toda para todos os deputados e senadores. Grande parte o ralo, provisionada e paga, mas é um tema é 25

“A Nordeste o grupo organizou a pauta prioritária de Forte conseguiu atuação após identificar os problemas da unir essas lideranças” região? recorrente e que está para ser resolvido agora. Quando nós formatamos a pauta inicial, os Essa renegociação das dívidas das indústrias problemas que apareceram, dentro da sus- do nordeste é um tema que tem a necessida- tentação de discussão do Nordeste Forte, fo- de de ser discutido em função da retomada ram a questão da Transposição do Rio São de alguns setores da economia do Nordeste. Francisco, que beneficiará uma grande parte A renegociação das dívidas com o Fundo de dos Estados do Nordeste; a Transnordestina; Investimento Regional é um exemplo dos re- o Ministério do Desenvolvimento Regional, sultados dessa articulação. Foi formado um onde pudéssemos discutir as políticas de de- grupo de trabalho no Ministério do Desen- senvolvimento da região; a aproximação dos volvimento Regional com a participação de quadros técnicos do Ministério com o chão todas as federações, através de quadros técni- de fábrica, para que eles pudessem conhecer cos que estão atuando junto com os técnicos a realidade de perto; e, ligado à parte mais do próprio Ministério. Esse grupo tem conse- econômica, tem essa renegociação de dívidas guido avançar o que não foi avançado em 30 com os fundos constitucionais – e, neste caso, anos. Isso é um fato muito positivo, e estamos foi onde tivemos o primeiro trabalho con- conseguindo avançar isso desde o governo junto entre associações, a do Nordeste e a do Temer (2016-2018). Esses fundos regionais foram constituídos para o desenvolvimento “Claro, existem da região, mas pararam no tempo em fun- temas que não ção de desatualizações. Se você não faz uma dependem só atualização, acaba se criando um modelo ul- da liderança” trapassado que precisa de renovação. Foi isso que discutimos junto com essas medidas que Norte. Esse tema da renegociação está colo- estão para ser assinadas agora pelo governo cado desde o início e, até hoje, é um grande Bolsonaro. desafio, mas que pode ser solucionado com as medidas provisórias que o governo sinaliza A pauta da renegociação das dívidas está que podem ser assinadas agora em dezembro (de 2020) e no início do ano que vem, desig- desde o início do Nordeste Forte. Como nando que as renegociações possam acon- tecer. Valeu o esforço, valeu a caminhada de quatro anos, mas se conseguirmos concluir 26

“...a E como foi a recepção do Nordeste Forte renegociação, até hoje, é um junto aos empresários, dos diversos setores? grande desafio” Embora a economia da região tenha muitos essa pauta, vamos tirar 300 mil empresas que hoje vivem com seu CNPJ em aberto sem setores em comuns, existem Estados que conseguir vender nem um palito, sem con- seguir tirar um real de empréstimo, porque possuem uma economia mais específica… não foi dado sequência a essa discussão das dívidas no passado. Eu acredito que isso foi Alguns companheiros nossos chegaram a di- um trabalho da Nordeste Forte. Quanto à zer: “Amaro, isso não vai dar certo. Já vimos questão do desenvolvimento, essa discussão esse filme no passado. Já remamos tanto nessa passou por vários temas, como por exemplo maré. Isso não vai ter sucesso nenhum.” Cla- a privatização da Transnordestina, que acon- ro que a gente respeita o ponto de vista con- teceu. Nós discutimos esse modelo designado trário, mas muitas vezes essas pessoas ficam para a Transnordestina, que poderia ser um céticas em função de tantas desilusões. Mas, modelo semelhante ao da Transposição do quem acompanhou a discussão da Transposi- São Francisco. A Transposição do São Fran- ção do São Francisco vê hoje essa obra como cisco não está sendo finalizada graças apenas uma realidade, com vários eixos e vários ra- ao esforço da Nordeste Forte, mas a Nordeste mais ligados. Muita gente ficou pelo meio do Forte conseguiu inserir na pauta de discussão caminho e não acreditava na Transposição. Alguns colegas achavam que não ia acontecer nada. Eles apoiariam em função da defesa de uma região, mas não acreditavam tanto no sucesso quanto existe hoje. Quanto à ques- tão empresarial, há um conhecimento ainda pequeno sobre a associação porque aí vem a questão dos recursos. Eu sempre entro no “A divulgação da Nordeste Forte tem que ser feita pelas federações” do Ministério esse assunto, que passou a ser mérito de que a divulgação da Nordeste Forte prioridade. Tem alguns temas que, mesmo tem que ser feita pelas federações de maneira que você não consiga a resolução do proble- interna, junto com suas indústrias. Eu pode- ma, você está trazendo informação para as ria estar fazendo a propaganda da Nordeste pessoas, para a região e para as indústrias. Forte no Ceará, no Piauí, no Maranhão, mas eu prefiro – e isso foi uma decisão nossa – não 27

interferir tanto na vida e na relação federação processos não podem avançar em nada. Mui- e indústria locais. Muitas vezes isso causa ciú- tas vezes ele tem um patrimônio que está lá, me, pode ser visto como algo que seja além de sub judice, e ele não pode investir, gerar novos uma informação às empresas. Mas, eu tenho empréstimos, por estar marcado por essa dí- certeza de que, a partir deste próximo manda- vida do passado. Eu diria que seria a recupe- to, o presidente eleito já vai direcionar essa di- ração de várias empresas. Claro, não seriam vulgação junto às indústrias da região, porque todas 300 mil porque dentro destas algumas já tem uma pauta estabelecida e o sucesso de sequer existem mais, nem os herdeiros. Existe algumas ações, que podem ser vendidas como a dívida, somente. Mas, a renegociação dessas peças de ação dentro da Nordeste Forte. Cla- dívidas pode, sim, recuperar alguns setores da ro, com o apoio total das nove federações. economia. Qual foi o fato que mudou a opinião das E quais metas foram alcançadas durante a pessoas que tinham desconfiança com a as- gestão do senhor à frente da Nordeste Forte? sociação e as fizeram acreditar no projeto? Eu diria que essa relação da discussão de te- Eu diria que o grande marco dessa associa- mas principais, que já citei aqui, e a aproxima- ção vai ser a assinatura, até o fim do ano, pro- ção da Sudene e da Apex (Agência Brasileira metida pelo ministro Rogério Marinho, da de Promoção de Exportações e Investimen- renegociação dos fundos constitucionais e tos) foram muito importantes. A Apex era muito focada no Sul, e hoje nós temos um “O grande marco dessa associação vai ser a assinatura da renegociação dos fundos constitucionais e regionais” regionais. Eu acredito que essas duas medidas excelente relacionamento da Apex no Nor- provisórias, uma que sai este ano (2020) - pelo deste com as empresas que são exportado- menos é o que o ministro tem nos sinalizado ras. Também tivemos o fortalecimento das - e a outra, no começo do próximo ano, será energias do Nordeste. Até esses dias, não o grande marco que eu deixarei na Nordes- tínhamos expectativas nenhuma das linhas te Forte: a renegociação dessas dívidas. Esse de transmissão, e isso foi tema cobrado ao marco traz ao jogo cerca de 300 mil indústrias Ministério de Minas e Energias dentro dos e pequenos negócios que podem reativar seus problemas de infraestrutura da região. No Sul negócios. Vários empresários ligados a esses e no Sudeste havia investimento nessa área 28

e aqui, não. E é claro que deveria haver uma a pasta de Economia, Receita Federal, passar participação efetiva do governo federal. Esses pelos técnicos… Aí, você tem a opinião de foram temas interessantes de serem discuti- várias pessoas para depois unir e achar uma dos. Da pauta inicial que colocamos, conse- solução. Existe uma resistência porque esta guimos discutir os temas principais. Eu diria dívida está lá dentro do Tesouro. Aí, soube- que não conseguimos resolver todos, mas to- mos que não podíamos discutir porque pre- dos estão encaminhados para que possamos cisava de aprovação do Congresso Nacional. continuar a discussão e encontrar soluções Enfim, foi preciso também fazer os órgãos nos próximos anos. refletirem sobre o que se deixou de produ- “Da pauta inicial que colocamos, conseguimos discutir os temas principais” E, além das metas, quais foram os princi- zir por causa dessas dívidas. Então, eu diria pais desafios destes primeiros quatro anos, que a morosidade pública talvez seja a maior onde a Nordeste Forte necessitou primeiro decepção nossa quanto à questão de não ter ser organizada? avançado em alguns temas. Eu diria que o que não conseguimos avançar Quando, em 2016, se constituiu a Nordeste foi dentro da morosidade do setor público. O setor público ainda é muito carente de pes- Forte, como estava a economia da região? soas compromissadas com o desenvolvimen- to, independente de posição partidária. Eu A economia do Nordeste, mesmo sofrendo tenho que dizer, sem medo de errar, que nos as intempéries dos anos críticos da economia governos Temer (2016-2018) e Bolsonaro, nós mundial e da recessão brasileira, sempre teve conseguimos avançar esses temas sem muitas destaque porque apresentou um crescimento dificuldades políticas. Independentemente maior que a economia do Sul, por exemplo. de quem seja o presidente da Nordeste Forte, Nós não fizemos essa medição recentemente, acredito que temos conseguido avançar. Mas, mas eu acredito que continuamos em minha reclamação é dentro da morosidade do destaque. Eu sempre faço esse registro, que setor público. Esse tema da renegociação das o Nordeste não é problema, e sim solução. dívidas é um tema que interessa à região e que Eu dei essa declaração ao próprio presidente está dentro do Ministério da Economia, mas Jair Bolsonaro em um evento da CNI, e para a discussão existir foi preciso lidar com ele concordou que a região não pode ser 29

“O Nordeste alimentos. Vai ser preciso alimentar 8 bilhões não é problema, de pessoas, que é a estimativa para daqui a 50 e sim solução” anos, e o Nordeste tem capacidade de ajudar a diminuir esse déficit de alimentação no mun- um problema, um peso para a nação. E o do. Para a gente ter uma ideia, hoje, o Ceará crescimento do Nordeste vem da economia faz um ensaio para produção de trigo. Anti- moderna. A gente tem hoje centros de gamente, quando se falava em trigo, só quem tecnologias do Nordeste que são de qualidade produzia era o Canadá, os Estados Unidos e invejável dentro daquilo que somos fortes. a Argentina. E, aí, o Brasil começou a produ- Eu acredito que a nossa economia hoje, sem zir um pouco, apesar de ter sido sempre um medo de errar, tem destaque na economia dos maiores consumidores de trigo do mun- nacional. do, mas sempre tendo os outros produzindo para ele. Depois, começou o investimento Na sua avaliação, enquanto presidente de nessa área e o trigo passou a ser produzido uma entidade estadual, de uma entidade no Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Mi- regional, e que tem uma visão do Nordeste, nas Gerais e hoje você tem trigo no cerrado, qual o futuro da economia da região? em Goiás, no Mato Grosso. E agora aparece Eu acredito que existem dois grandes atores “A nossa que irão atuar nos próximos anos: a tecnolo- economia hoje gia, e nós temos que adaptar a região às novas tem destaque tecnologias que surgem, com investimentos na economia maiores na educação e na capacitação de seus quadros; e o agronegócio. Nós não temos a nacional” força do Centro-Oeste na produção de grãos, mas temos que investir na agregação de valor o Ceará, com esse ensaio para produzir na nos produtos que temos no agronegócio. A Chapada do Apodi. Ou seja, o que eu vejo é fruticultura, que tem uma característica mui- o Nordeste com uma grande capacidade de to forte no Nordeste, seja no Rio Grande do produção de alimentos. Eu penso o Nordeste Norte, na Bahia, no Ceará, em Pernambuco como uma das regiões mais fortes do país no ou no Piauí, tem que ser uma aposta. Eu ima- futuro porque ainda existe muita coisa para gino muito esse setor do agronegócio sendo o ser estruturada, muitos projetos para serem futuro. Temos também grandes potenciais no concebidos. Poderemos dar esse salto à frente mar, com a pesca do atum etc. O mundo, da- com novas tecnologias, produção de alimen- qui a 20, 30 anos, vai carecer da produção de tos e mineração. 30

O que se apresenta como desafio para a pró- xima gestão do Nordeste Forte? O que ela deve ter como metas e foco, para dar conti- nuidade ao trabalho que o senhor entrega? Diante das necessidades, conseguimos for- matar uma associação em que as federações estaduais têm pouco “ciúme” um do outro. Nós não temos separação entre um e outro porque as dificuldades são muito parecidas. Eu diria que o novo presidente, que já está escolhido e será o presidente Ricardo Caval- cante (presidente da FIEC), terá o desafio de dar continuidade na diminuição das desigual- dades regionais, ativar essa unidade da região como parceiros – porque eu vejo que as nove federações juntas formam um bloco muito importante da economia do país, com quase 50 milhões de habitantes. Eu costumo dizer que há um país dentro do Nordeste. Então, o próximo presidente vai ter esse desafio de comandar uma região tão importante e tão próspera. Eu confesso que me dá um pouco de tristeza quando vejo a nossa região sendo tratada como coitada, como se vivêssemos à mercê e a pedir um prato de comida. Então, eu acho que temos condições de mostrar para o Brasil que não somos como algumas foto- grafias que gostavam de colocar no passado. Temos que mostrar o desenvolvimento que existe na região e o que poderá ser gerado no futuro. 31

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