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REVISTA BRASILEIRA DE EQUOTERAPIA

Published by luis.producaodf, 2017-12-12 14:58:35

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REVISTA BRASILEIRA DEEQUOTERAPIA

artigos originais• ANÁLISE DE VARIABILIDADE DE FREQUÊNCIACARDÍACA EM PACIENTES DE EQUOTERAPIA COMSÍNDROME DE DOWN• INFLUÊNCIA DA EQUOTERAPIA NO ATRASO DODESENVOLVIMENTO DE HABILIDADESNEUROPSICOMOTORAS NA SÍNDROME DE CHARGE• CENTRO DE REABILITAÇÃO PARA A PRÁTICA DEEQUOTERAPIA• O PAPEL DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICANA EQUOTERAPIA, UMA REVISÃO DA LITERATURA• ENFERMAGEM E EQUOTERAPIA: O PAPEL DOENFERMEIRO NA REABILITAÇÃO DE UMA CRIANÇAPORTADORA DE PARALISIA CEREBRAL DENTRO DAPERSPECTIVA DO TRATAMENTO EQUOTERÁPICO• ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA DOS MÚSCULOS,RETO ABDOMINAL E PARAVERTEBRAIS, DURANTEA MONTARIA EM DIFERENTES CAVALOS. ISSN 2176-7505

EDITORIALASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA - ANDE-BRASILDIRETORIAPresidente:Jorge Dornelles Passamani1º Vice Presidente:Sérgio Cirillo2º Vice Presidente:Vera HorneEditora:Vera HorneJornalista Responsável:Carla Siqueira Lima Siqueira Lima(Reg 2711/13/31/DF)Colaborador:Janir Loreto de MoraesEditoração Gráfica:Luis Silva ZamoranoImpressão:Athalaia Gráfica e Editora Ltda

REVISTA SEMESTRAL Objetivos: • Divulgar o método da equoterapia e suas especificidades; • Publicar trabalhos científicos sobre a Equoterapia e sua metodologia, a partir do enfoque das diversas disciplinas que a suplementam;• Publicar artigos científicos sobre Equoterapia, a partir dosresultados de estudos e pesquisas realizadas neste campo; Correspondência - ANDE-BRASIL Granja do Torto CEP 70636-000 - Brasília/DF Tel (61) 3468.7406 Website: www.equoterapia.org.br Contatos: [email protected]:1) As ideias e conceitos emitidos nos artigos publicadosaqui são de inteira responsabilidade de seus autores, nãoexpresando, necessariamente, os posicionamentos daANDE-BRASIL.2) A RBE não se responsabiliza por erros de linguaportuguesa ou inglesa utilizadas nos textos publicados. Taisequívocos, se encontrados, devem ser imputados aos seusautores.3) Toda e qualquer dúvida relacionada aos temas quetenham sido desenvolvidos nos artigos aqui publicadosdeverão ser redigidas aos respectivos autores.

SUMÁRIO

PÁG. 04 • ARTIGO ANA PAULAANÁLISE DE VARIABILIDADE DEFREQUÊNCIA CARDÍACA EM PACIENTES DEEQUOTERAPIA COM SÍNDROME DE DOWNPÁG. 08 • ARTIGO YASMININFLUÊNCIA DA EQUOTERAPIA NO ATRASODO DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADESNEUROPSICOMOTORAS NA SÍNDROME DECHARGEPÁG. 18 • ARTIGO CENTRO DEEQUOTERAPIACENTRO DE REABILITAÇÃO PARA APRÁTICA DE EQUOTERAPIAPÁG. 24 • ARTIGO AFONSOO PAPEL DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃOFÍSICA NA EQUOTERAPIA, UMA REVISÃODA LITERATURAPÁG. 29 • ARTIGO PAULAENFERMAGEM E EQUOTERAPIA: O PAPELDO ENFERMEIRO NA REABILITAÇÃO DEUMA CRIANÇA PORTADORA DE PARALISIACEREBRAL DENTRO DA PERSPECTIVA DOTRATAMENTO EQUOTERÁPICOPÁG.32 • ARTIGO VICTOR EDGARANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA DOSMÚSCULOS, RETO ABDOMINAL EPARAVERTEBRAIS, DURANTEA MONTARIA EM DIFERENTES CAVALOS.

ANÁLISE DE VARIABILIDADE DE FREQUÊNCIA CARDÍACA EM PACIENTES DE EQUOTERAPIA COM SÍNDROME DE DOWN RESUMOIntrodução:A Equoterapia, um método terapêutico que tem o cavalo como instrumento deintervenção, aumenta as opções de melhoria das habilidades motoras equalidade de vida de pessoas com Síndrome de Down (SD), uma vez que estasapresentam características físicas, psicomotoras e intelectuais variáveis.Porém, há uma carência de estudos sobre seus efeitos em relação àvariabilidade da frequência cardíaca (VFC) em pacientes com SD que a utilizamcomo meio de tratamento.Metodologia:Foram analisados 3 paciente com SD. A frequência cardíaca (FC) foi obtida pormeio de um cardiofrequencímetro da marca Polar (Rs100). A coleta foi realizadaem 5 sessões semanais de equoterapia, após 10 minutos de repouso antes dasessão (RA), no 1º minuto de sessão, a média da FC durante 30 minutos desessão, no 30º minuto de sessão, e após a sessão, ao final de 10 minutos derepouso (RF).Resultados:Valores da FC tanto no RA quanto no RF, foram menores que os valores duranteas sessões; a FC foi maior no 1º e no 30º minuto de sessão, quando comparadoscom a média da FC durante a sessão, e que a FC no 30º minutos de sessão foimenor que no 1ª minuto. Alterações na FC são esperadas e indicam a habilidadedo sistema cardiovascular em responder aos múltiplos estímulos, sendo nesteestudo, a estímulos físicos e psicológicos proporcionados durante a sessão deEquoterapia.Conclusão:Concluímos que a Equoterapia proporcionou uma VFC aos pacientes com SDavaliados, sendo que a FC foi menor nos momentos de repouso, aumentandodurante a atividade, e nos minutos inicial e final, foi maior que a média da FCdurante a sessão.

INTRODUÇÃO Síndrome de Down (SD) é uma das síndromes mais comuns econhecidas, caracterizada por alterações cromossômicas, sendo a maiscomum a trissomia do cromossomo 21 (BARBOSA, et al, 2000). Os indivíduoscom SD apresentam características peculiares, como a hipotonia muscular,menor habilidade em tarefas motoras, atraso no desenvolvimento motor eintelectual, além de características físicas, visíveis e identificáveis(FLORENTINO NETO et al., 2010). Existe uma ampla variedade de tratamentos para estes indivíduos,dentre elas, a Equoterapia, um método terapêutico que aumenta as opções demelhoria da qualidade de vida de pessoas com SD. A Equoterapia possuiestratégias que auxiliam o controle postural de crianças com SD e,consequentemente, proporcionam melhoras nas atividades diárias e naindependência (ESPINDULA et al.,2013). Trata-se de uma metodologia terapêutica e educacional que utiliza ocavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, visando a reabilitação motorae educacional para o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas comdeficiência ou necessidades especiais (ESPINDULA et al.,2013; ESPINDULA etal., 2012). Na equoterapia há uma ativação muscular de tronco e abdome,devido à contribuição do movimento tridimensional do cavalo, no controle daatividade muscular (ESPINDULA et al., 2012). Sabe-se que o controle do sistema cardiovascular é realizado, emparte, pelo sistema nervoso autônomo, sendo a modulação simpática eparassimpática cardíaca influenciada por informações dos barorreceptores,quimiorreceptores, sistema respiratório, e outros sistemas de controle dafrequência cardíaca. Portanto, o coração não funciona de forma regular emseus batimentos, e suas oscilações, dentro de um padrão de normalidade,decorrem em função de uma complexa interação, resultando em umasignificante variabilidade da frequência cardíaca (VFC) (VANDERLEI, 2009). Entretanto, há uma carência de estudos que avaliem os efeitos daequoterapia em relação à VFC. Sendo assim, o objetivo geral desta pesquisa foiavaliar a VFC em pacientes com SD submetidos às sessões de Equoterapia.

ABSTRACTIntroduction:Riding therapy is a therapeutic method that employs the horse as anintervention instrument which increases the options for improvement of motorskills and quality of life of people with Down Syndrome (DS), as they showphysical, psychomotor and intellectual variables. There is a lack of studies onthe effects of the therapies assisted with horses in relation to the heart ratevariability (HRV) in patients with DS who practice it as a means of treatment.Methods:3 patients with SD were analyzed. Heart rate (HR) was obtained by means of alabel Polar heart rate monitor (Rs100). Data collection was conducted through 5weekly sessions of Riding therapy, after 10 minutes of rest before the session(RA), in 1 minutes of session, HR average for 30-minute session, after 30minutes of session and after the session, on the final 10 minutes of rest (RF).Results:HR values for both as the RF as RA, were lower than the values during thesessions; HR was higher at 1 and 30 minutes into the session when comparedwith the average HR during the session, and that the HR in the 30th minutesession was lower than in the 1st minute. Changes in heart rate are expectedand indicate the ability of the cardiovascular system to respond to multiplestimuli, and in this study, the physical and psychological stimuli provided duringthe riding therapy session.Conclusion:We conclude that the riding therapy provided an HRV of DS patients that havebeen evaluated, and the HR was lower in the moments of rest, increasing duringthe activities and being higher than the average heart rate measured during thesessions, on its initial and final minutes.

METODOLOGIA O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP)da Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM com o protocolo de n°2516. Osindivíduos incluídos na pesquisa leram e ouviram o Termo deEsclarecimento, compreendendo o objetivo do presente estudo e qualprocedimento que seria adotado, assinando então, o Termo de Consentimento,após esclarecimento, e o termo de liberação de imagem. Foram selecionados 3 pacientes com diagnóstico de SD, com médiade idade de 14 anos, que frequentam regularmente a Associação de Pais eAmigos dos Excepcionais de Uberaba/MG (APAE). Como critério de exclusão, opaciente não podia apresentar epilepsia não controlada, cardiopatias agudas,comportamento autodestrutivo ou medo descontrolado, instabilidades dacoluna vertebral, luxações de ombro ou quadril, escoliose de 30 graus ou mais,hidrocefalia com válvula, processos artríticos, úlceras na região pélvica oumembros inferiores e outras doenças que comprometeriam a análise dosdados. A frequência cardíaca (FC) foi obtida por meio de umcardiofrequencímetro da marca Polar (RS100) posicionado na região doprocesso xifóide e o relógio no pulso esquerdo do paciente. Foram realizadas 5sessões de Equoterapia com duraçao de 30 minutos, uma vez por semana.Durante as sessões, a FC foi coletada após 10 minutos de repouso antes dasessão – Repouso inicial (RI), no 1º minuto de sessão – FC inicial (FCI), a médiada FC durante 30 minutos de sessão (MFC), no 30º minuto de sessão – FC final(FCF), e após a sessão, ao final de 10 minutos de repouso – Repouso final (RF)(Tabela 1). A análise estatítica foi realizada por meio do Software SigmaStat®3.5. A normalidade dos dados foi verificada pelo teste Kolmogorov-Smirnov, ede acordo com a distribuição da amostra e os objetivos do estudo, utilizados oteste t-teste pareado ou Wilcoxon. Foram considerados estatisticamentesignificativos valores de p < 0,05.Tabela 1: Momentos de coleta da frequência cardíaca (FC) em pacientes comSíndrome de DownMomentos Legenda DefiniçãoRepouso Inicial RI FC após 10 minutos de repousoFrequência Cardíaca Inicial FCI FC no 1º minuto de sessãoMédia da Frequência Cardíaca MFCFrequência Cardíaca Final FCF Média da FC durante 30' de sessãoRepouso Final RF FC no 30º minuto de sessão FC após 10 minutos de repouso

RESULTADOS Por meio da análise dos dados, verificou-se em quais momentos dasessão de Equoterapia houve diferença na variabilidade da frequencia cardíaca.Observou-se que não houve diferença estatisticamente significativa entre RI eRF. Para as demais análises, todas apresentaram diferença significativa,sendo que: os valores da FC tanto no RI quanto no RF, foram menores que osvalores durante as sessões (FCI, MFC e FCF); a FC foi maior no 1º e no 30ºminuto de sessão (FCI e FCF) quando comparados com a média da FC durante asessão (MFC); e que a FC no 30º minuto de sessão (FCF) foi menor que no inícioda sessão (FCI). Os valores de p foram apresentados na Tabela 2.Tabela 2: Comparação entre os momentos de coleta da FC em pacientes com Síndrome de DownMomentos Média/Mediana do valor de FC Valor de pRA - RF 84,86 - 82,86 p=0,533RA - FCI 81 - 165 p =< 0,001*RA - MFC 84,86 - 94,06 p =< 0,001*RA - FCF 84,86 - 114,66 p =< 0,001*FCI - MFC 165 - 93 p =< 0,001*FCI - FCF 165 - 123 p =< 0,001*FCI - RF 165 - 79 p =< 0,001*MFC -FCF 94,06 - 114,66 p =< 0,001*MFC - RF 94,06 - 82,86 p = 0,006*FCF - RF 114,66 - 82,86 p =< 0,001** Valor de p significativo *DISCUSSÃO No presente estudo foi avaliado o parâmetro de variação dafrequência cardíaca antes, durante e depois de uma sessão de equoterapia, eem um total de 5 sessões. Há uma carência de estudos relacionados àequoterapia, quanto às alterações nos parâmetros do sistema cardiovascular,e, ressaltamos a importância de se dar uma atenção especial também a estaárea.

Os resultados demonstraram que, ao iniciar a sessão, logo que opaciente montava no cavalo, bem como, ao terminar a sessão, próximo à suadescida do cavalo, foram momentos em que a FC aumentava, e que, durante assessões, estes valores eram menores. Sabe-se que alterações na FC são esperadas e indicam a habilidadedo sistema cardiovascular em responder aos múltiplos estímulos fisiológicos eambientais, dentre eles a respiração, exercício físico, estresse mental,alterações metabólicas, dentre outros (RAJEANDRA, 2006). Sendo assim, a frequência cardíaca é o resultado do equilíbrio deforças entre o sistema nervoso simpático e parassimpático (ROQUE, 2009). Talfato pode ser explicado por uma resposta a estímulos físicos e psicológicos,proporcionados durante a sessão de Equoterapia. Em um estudo em que foi avaliada a VFC no repouso, em criançascom paralisia cerebral, submetidas a sessões semanais de Equoterapia por 6meses, e o registro feito após cada sessão de Equoterapia, foi verificado queuma sessão de 30 minutos não influenciou nas respostas da FC, e de suavariabilidade, nas crianças com PC, e que, portanto, as adaptações do SNAreferentes à modulação autonômica da FC podem necessitar de um maiornúmero de sessões, e de um período de tempo maior para adaptação, sugerindoainda, que há necessidade de estudos adicionais para verificação desta hipótese(NEGRI et al., 2010). Entretanto, neste trabalho, embora não tenhamos avaliado a VFCnos domínios de tempo e de frequência, a população estudada, que foramindivíduos com SD, demonstraram uma variação significativa entre os períodosavaliados em uma mesma sessão, e ao longo de 5 sessões. Embora com umnúmero pequeno de sessões e de indivíduos analisados, estes dados podemdemonstrar a influência do ambiente e do movimento do cavalo, durante asessão de Equoterapia, na FC de praticante com SD. Este evento é importante, uma vez que a interação praticante-cavalopode promover sentimentos de euforia, alegria ou até mesmo de medo einsegurança, em um primeiro contato. Esta relação corrobora os resultados deoutras pesquisas (Marcelino e Melo, 2006) em que a equoterapia é consideradaum espaço de exploração e descoberta. Um ambiente rico de possibilidades,proporcionando o desenvolvimento de potencialidades, destacando odiferencial na relação de domínio sobre o animal e na relação com pessoasdurante as sessões, e a presença de regras sociais, favorecendo odesenvolvimento do comportamento da criança no meio social, relação com ocavalo, aceitação incondicional, jogo de limite e continuidade entre o corpo dacriança e o do cavalo.

Sendo assim, podemos considerar a equoterapia como um meiocapaz de promover a VCF advinda não só da atividade física, mas das interaçõesemocionais proporcionadas pelo método terapêutico. Encontra-se descrito na literatura que indivíduos com SDapresentam um risco considerável de apresentarem algumas cadiopatiascongênitas, dentre elas defeitos do septo A-V e Tetralogia de Fallot (GRANZOTTIet al., 1995). Os pacientes do presente estudo não apresentavam nenhumaalteração cardíaca, o que pode justificar a boa variabilidade da FC observada. Assim, ao pensarmos na educação física como um meio queproporciona a atividade física aos indivíduos, considera-se que os objetivos sãovários, como estimular o crescimento e o desenvolvimento, hipertrofiamuscular, flexibilidade, melhoria na capacidade cardiorrespiratória, além depromover muitas descobertas dos próprios movimentos, alegria, motivação,sem se esquecer da habilidade para relacionamento social do indivíduo. Paracrianças com necessidades especiais, como as com SD, visa a educação, ofortalecimento físico, a adaptação social, e acaba funcionando comoexercíciosterapêuticos, a fim de possibilitar às crianças a base para a sua escolarização(SILVA; FERREIRA, 2001). Pode-se considerar a Equoterapia como um programa de atividadefísica, com base nos benefícios psicomotores alcançados em ambas aspráticas, e que o exercício da psicomotricidade na prática da Equoterapiaresulta no desenvolvimento neuropsicosensoriomotor do praticante, bemcomo, que ela transforma o prazer recreativo, de montar a cavalo, embenefícios físicos, psíquicos e sociais, promovendo a melhora da qualidade devida do indivíduo com SD (BARRETO et al., 2007). Por meio deste estudo, podemos destacar que a equoterapiatambém proporciona, além de todos os benefícios motores, possíveismudanças cardiovasculares positivas, como na VFC em indivíduos com SD. Por meio das informações aferentes ao Sistema Nervoso Autônomo,interações de estímulo e inibições, as respostas das vias simpática eparassimpática modificam a FC, adaptando-a às necessidades da pessoa, acada momento (AUBERT, 2003). Uma alta VFC pode caracterizar uma boa adaptação, indicando que oindivíduo tem mecanismos autonômicos saudáveis (PUMPRLA, 2002). De fato,neste estudo, a atividade equoterápica proporcionou um aumento significativoda FC em relação aos valores de repouso, sendo que ao final das sessões, com orepouso, a FC voltava a valores próximos aos de repouso antes da sessão,sugerindo uma maior ativação simpática durante a atividade.

CONCLUSÃOConclui-se que, pelo presente trabalho, a prática da equoterapia proporcionouuma VFC aos pacientes avaliados, sendo que a FC foi menor nos momentos derepouso, aumentando durante a atividade, e nos minutos inicial e final, foi maiorque a média da FC durante a sessão, cujos eventos podem melhorar ocondicionamento físico dos praticantes com SD.REFERÊNCIASAUBERT, AE.; SEPS, B.; BECKER, SF. Heart rate variability in athletes. SportsMed., v.33, n.12, p.889-919, 2003.BARBOSA, GM.; GUIMARÃES, MM.; CARDOSO, GPC. et al. Endocrinopatias nasíndrome de Down. Revista Brasileira de Neurologia, v. 36, n.9, 2000.BARRETO, F.; GOMES, G.; SILVA, IAS.; GOMES, ALM. Proposta de um programamultidisciplinar para portador de Síndrome de Down, através de atividades daequoterapia,a partir dos princípios da motricidade humana. Fitness &Performance Journal, n.2, p.82-88, 2007.ESPINDULA, AP.; SIMÕES M.; ASSIS ISA.; FERNANDES, M. et al. Análiseeletromiográfica durante sessões de equoterapia em praticantes com paralisiacerebral. ConScientiae Saúde, v.11, n.4, p.668-676, 2012.ESPINDULA, AP.; FERNANDES, M.;  FERRAZ, MLF.; FERREIRA, A.A.; CAVELANNI,CL.; FERRAZ, PF.; CUNHA, IC.; SOUZA, LAPS.; TEIXEIRA, VPA. Flexibilidademuscular em indivíduos com deficiência intelectual submetidos à equoterapia -Estudo de casos. Revista Ciência em Extensão, v. 8, p. 125-133, 2012.ESPINDULA, AP.; RIBEIRO, MF.; FERREIRA, AA.; TEIXEIRA, VPA. Eletromiografiana atuação fisioterapêutica na prática clínica equoterápica. In: SOARES, DFG. etal., Equoterapia-Teoria e Prática no Brasil. 1ª ed.: Funec, 2013, v. 1, p.417-434.ESPINDULA, AP.; FERRAZ, MLF.; CAVELANNI, CL.; TEIXEIRA, VPA. Processospatológicos gerais em praticantes de equoterapia. In: SOARES, DFG. et al.,Equoterapia - Teoria e Prática no Brasil. 1ed.: Funec, 2013, v. 1, p. 181-205.FLORENTINO NETO, J.; PONTES, LM.; FERNANDO FILHO, J. Alterações nacomposição corporal decorentes de um treinamento de musculação emportadores de Síndrome de Down. Revista Brasileira de Medicina do Esporte,v.16, n.1, p.09-12, 2010.

MARCELINO , JFQ.; MELO, Z.M. Equoterapia: suas repercussões nas relaçõesfamiliares da criança com atraso de desenvolvimento por prematuridade.Estudos de Psicologia, v.23, n.3, p. 279-287, 2006.MOREIRA, LMA.; EL-HANI, CN.; GUSMÃO, FAF. A síndrome de Down e suapatogênese: considerações sobre o determinismo genético. Revista Brasileirade Psiquiatria, v. 22, p. 96-9, 2000.NEGRI, AP.; CUNHA, A.B.; ZAMUNÉR, AR.; GARBELLINI, D.; MORENO, M.A.;HADDAD, C.M. Variabilidade da frequência cardíaca em praticantes deequoterapia com paralisia cerebral. Terapia Manual, v.8, n.35, p.44-49, 2010.PUMPRLA, J.; HOWORKA, K.; GROVES, D.; CHESTER, M.; NOLAN, J. Functionalassessment of heart rate variability: physiological basis and practicalapplications. Int J Cardiol. v.84,n.1,p.1-14, 2002.RAJENDRA ACHARYA, U.; PAUL JOSEPH K.; KANNATHAL N.; LIM, CM.; SURI, JS.Heart rate variability: a review. Med Bio Eng Comput.,v.44, n.12, p.1031-51,2006.ROQUE, J M A. Variabilidade da Frequência Cardíaca. Seminário integrado deLicenciatura em Educação Física. Faculdade de Ciências do Desporto eEducação Física da Universidade de Coimbra, 2009.SILVA, DR.; FERREIRA, JS. Intervenções na educação física em crianças comsíndrome de Down. Revista da educação física, v. 12, n. 1, p. 69-76, 2001.VANDERLEI, LC.; PASTRE, CM.; HOSHI, RA. et al. Noções básicas de variabilidadeda frequência cardíaca e sua aplicabilidade clínica. Rev Bras Cir Cardiovascular,v.24, n.2,p.205-17, 2009.Ana Paula Espindula I,III ; Mariane Fernandes. Ribeiro I,III ; Domingos Emanuel BevilacquaJúnior I,III ; Alex Abadio. Ferreira III ; Mara Lúcia da Fonseca Ferraz I ; Luanna HonoratoDiniz I,III ; Vicente de Paula Antunes Teixeira I IIII Disciplina de Patologia Geral, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Federaldo Triângulo Mineiro (UFTM), Uberaba, Minas Gerais, Brasil.II Laboratório de Fisoterapia, Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal doTriângulo Mineiro (UFTM), Uberaba, Minas Gerais, Brasil.III Laboratório da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), Uberaba, MinasGerais, Brasil. Endereço para correspondência: Ana Paula Espindula. Rua Frei Paulino, 30. CEP 38025-180. Uberaba, Minas Gerais, Brasil. Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM [email protected]

INFLUÊNCIA DA EQUOTERAPIA NO ATRASO DODESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES NEUROPSICOMOTORAS NA SÍNDROME DE CHARGE Yasmin Silva Nogueira Martins Paula Correa Neto SantosRESUMOA Síndrome de Charge (SC) é denotada por malformações congênitas múltiplase variáveis. Esta síndrome se distingue pelo espectro de característicasapresentadas, e o diagnóstico é eminentemente clínico com a possibilidade dedetectar ocasionalmente mutação genética no gene CHD7. A equoterapia, pormeio do ambiente motivacional, visa preencher as lacunas apresentadas porestes indivíduos através de atividades motoras e lúdicas que irão proporcionarestímulos nos níveis sensório motor e cognitivo, servindo de base aosprocessos de aprendizagem no qual o desenvolvimento do paciente estáindubitável. Esse trabalho tem como objetivo identificar a influência daequoterapia como recurso terapêutico no tratamento do atraso dodesenvolvimento de habilidades neuropsicomotoras de indivíduos com SC.Evidenciaram-se nesse estudo de revisão de literatura que o tratamentoequoterápico pode ser eficiente para SC, os estímulos desencadeados pelopasso do cavalo durante a prática equoterápica, associado a uma nova posturapor meio da ação da gravidade e dos movimentos tridimensionais, podemintensificar a potencialidade do Sistema Nervoso Central (SNC), e acarretar aoportador de SC ganhos congnitivo-motor, habilidades sociais e inabilidade depadrões atípicos.Palavras-chave:Equoterapia.Tratamento.Síndrome de Charge.Reabilitação e Recurso Terapêutico.

ABSTRACTCharge Syndrome (SC) is denoted by multiple and variable congenitalmalformations. This syndrome is distinguished by the spectrum ofcharacteristics presented, and the diagnosis is eminently clinical with thepossibility of occasionally detecting a genetic mutation in the CHD7 gene.Equine therapy, through the motivational environment, aims to fill the gapspresented by these individuals through motor and play activities that willprovide stimuli at the motor and cognitive sensory levels, serving as a basis forlearning processes in which the patient’s development is undoubted. This studyaims to identify the influence of equine therapy as a therapeutic resource in thetreatment of delayed development of neuropsychomotor abilities of individualswith SC. It was evidenced in this literature review that the equotherapeutictreatment can be efficient for SC, the stimuli triggered by the horse’s step duringthe equotherapeutic practice, associated to a new posture through the action ofgravity and three-dimensional movements, can intensify the Potentiality of theCentral Nervous System (CNS), and lead to the carrier of SC congnitive-motorgains, social skills and atypical inability of standards.Keywords:Equine therapy.Treatment.Charge Syndrome.Rehabilitation and Therapeutic resource. Yasmin Silva Nogueira Martins Graduanda do Curso de Fisioterapia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas de Goiatuba (FAFICH) Fundação de Ensino Superior de Goiatuba (FESG) e-mail: [email protected] Paula Correa Neto Santos Fisioterapeuta. Especialista em Saúde Pública- Faculdade Internacional Signorelli. Docente na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas de Goiatuba (FAFICH) Fundação de Ensino Superior de Goiatuba (FESG).

INTRODUÇÃO A Síndrome de Charge (SC) de acordo com Hall (1979) é descritacomo um padrão de malformações identificado inicialmente pela presença deatresia coanal e acompanhada por várias anomalias, tendo em vista apossibilidade distinta de que podem ser associadas à parte de uma síndrome ousíndromes específicas não anteriormente reconhecidas. Contudo somente após alguns anos a sigla CHARGE foi adotada,segundo Pagon et al. (1981) á mesma foi descrita em inglês de maneiramnemônica: coloboma (C) - coloboma ocular; heart defect (H) - defeitoscardíacos congênitos; atresia choanae (A) - atresia das coanas; retardedgrowth e development (R) - retardo crescimento ou desenvolvimento; genitalabnormality (G) - anomalia genital; ear abnormality (E) - anomalias do ouvido ousurdez, o intuito do acrônimo da síndrome foi alertar os médicos ao avaliarpacientes que apresentam muitas destas anomalias. Reporta-se que a etiologia da doença esta correlacionada a umamutação do gene CHD7 localizado na herança do cromossomo 8, genedominante autossômica. Os dados epidemiológicos apontam que a SC é umadoença rara sendo sua incidência estimada de um portador a cada 10.000nascidos vivos (BERNSTEIN; DENNO, 2005). O diagnóstico da SC é feito através de critérios que são classificadosem duas categorias, especificando quais alterações congênitas são sofridas emambos: maiores critérios e menores critérios (TREVESI et al., 2016). A equoterapia é uma prática terapêutica que apresenta a abordagemde uma equipe multidisciplinar que utiliza o cavalo e técnicas de equitação paraestimular portadores de deficiências físicas e/ou mentais. O objetivo daequoterapia é a interação do praticante com o cavalo e a equipe promovendo odesenvolvimento das funções psicomotoras e psicossociais (CIRILO, 2008). O cavalo é primordial e se torna responsável pelos ganhos físicos,psicológicos e educacionais, contribuindo assim para o desenvolvimento daforça, tônus muscular, flexibilidade, relaxamento, conscientização corporal,aprendizado visual e auditivo, aperfeiçoamento da coordenação motora, docognitivo e do equilíbrio (HERRERO et al., 2010). Essa prática é dividida em quatro programas que são aplicadosconforme as habilidades do praticante sendo elas: hipoterapia é utilizado comocinesioterapêutico incentivando o sistema neuro-muscular do praticante. Noprograma educação/ reeducação o cavalo passa a atuar também  comoinstrumento pedagógico se o praticante já possui alguma autonomia sobre omesmo. No programa pré-esportivo e no esportivo Paraequestre o cavalo éutilizado como instrumento de inserção social (DUARTE et al., 2015).

O objetivo geral ao qual se direciona a efetivação dessa revisãoconsiste em identificar e discutir a influência da equoterapia como recursoterapêutico no tratamento do atraso do desenvolvimento de habilidades neuro-psicomotoras de indivíduos com SC reportados pela literatura especializada.METODOLOGIA Trata-se de uma revisão de literatura, cujos procedimentosmetodológicos utilizados fundamentaram-se na pesquisa exploratória edescritiva por meio da consulta a artigos periódicos, livros e monografias,tratando da SC e da equoterapia enquanto recurso terapêutico no tratamento deindivíduos portadores dessa síndrome. A pesquisa bibliográfica foi operacionalizada mediante a buscaeletrônica de artigos indexados nas bases de dados LILACS, MEDLINE, PUBMED,Portal Regional da BVS e SciELO, sob diferentes descritores Síndrome deCharge; equoterapia; tratamento; reabilitação; e recurso terapêutico. Foramutilizados 05 monografias, 02 informativos on line, 06 livros e 34 artigos. A seleção procedeu-se baseada em: artigos nos idiomas português,inglês e espanhol; artigos relacionados com etiologia, prevalência, aspectosgenéticos presentes, incidência de casos diagnosticados, inclusão deabordagens equoterápicas entre os tratamentos utilizados e estudos de casos.Quanto ao ano de publicação, privilegiaram-se os trabalhos publicados a partirdo ano de 2006, embora não se mantendo um rigor quanto aos anos depublicação, pois há trabalhos tidos como referências clássicas indispensáveispara o entendimento das temáticas que vieram a ser publicadas muito antes eque não poderiam ser dispensados em função de sua importância e atualidadede informações.REVISÃO DE LITERATURA• 1) SÍNDROME DE CHARGE – ABORDAGEM E CARACTERÍSTICAS A SC foi descrita pela primeira vez pelo médico inglês Bryan D. Hallno ano de 1979 como múltiplas anomalias associada etiologia desconhecida,através de um estudo que foi realizado retrospectivamente em 17 crianças combase na revisão de dados de prontuários e arquivos genéticos, onde o critérioapurado inicialmente era a presença de atresia de coanas correlacionada comanomalias congênitas múltiplas levando a distinta possibilidade de umasíndrome não anteriormente reconhecida (HALL, 1979).

A contribuição de Pagon ocorreu anos depois em 1981, apósdesempenhar um estudo com 21 crianças e rever os realizados por Hall com 17crianças e o de Hitnner com dez crianças notou-se uma designaçãoaparentemente mais comum no reconhecimento desse fenótipo assimpropondo a sigla CHARGE mnemônica (C-coloboma ocular, H- defeitoscardiacos congênitos, A – atrésia das coanas, R – crescimento oudesenvolvimento retardado, G – anomalias genitais e E – anomalias doouvido/surdez) sendo reconhecido como uma atribuição clínica (PAGON et al.,1981). Inicialmente CHARGE foi relatada como uma associação, umconjunto de defeitos congênitos não aleatórios, em vez de uma síndrome, que éum padrão mais reconhecível de defeitos congênitos com uma alteraçãogenética determinada. Mais esse fato foi alterado em 2004 com a identificaçãoda mutação no gene CHD7, visto que essa mutação está presente em pelomenos 60 % dos pacientes com diagnóstico clínico de CHARGE o termo“Associação” édesvalido e é renomeado com “Síndrome” (KIRK, 2015). Embora as evidências sugerissem uma causa genética, a etiologiapermaneceu desconhecida até na ocasião em que foram identificadasmutações no gene CHD7, localizado no cromossoma 8q12 (LAYMAN; HURD;MARTIN, 2010). A revisão bibliográfica realizada por Zentner et al. (2010) abordou aprevalência CHD7 mutação-positiva e mutação-negativa, em indivíduosportadores da SC, foram analisados 25 estudos nos quais 379 indivíduos comcaracterísticas responsáveis foram testados, sendo constatado que, 254 (67 %)foram CHD7 mutação-positiva, enquanto que 125 (33 %) era mutação-negativa. Embora a função da proteína CDH7 ainda não é totalmenteconhecida, tem sido demonstrado recentemente, é uma proteína nuclear queestá fisicamente associada com cromatina (SCHACHEN et al., 2006). Aevidência total disponível sugere que CDH7 é um elemento regulador datranscrição e que esta qualidade pode afetar um grande número de passos nodesenvolvimento, explicando assim a natureza do gene pleiotrópico(SALANVILLE; VERLOES, 2007). Vários estudos têm tentado definir correlações genótipo-fenótipo edeterminar a contribuição global da CHD7 nas características da SC (KIM, 2008).

Figura 1: Gene CHD7 cromossomo 8q12Fonte: Verlos (2005) . .Figura 2: Cariótipo Humano Síndrome de Charge “Autossômica”. Fonte: Morgan (1993).Figura 3: Genótipo da Síndrome de Charge “Dominante”. Fonte: Schachem (2006).

Trata-se de uma síndrome genética rara tendo uma incidênciaestimada de um portador para cada 10.000 nascidos vivos e é identificado porcaracterísticas dismórficas e anomalias congênitas em múltiplos órgãos(BERNSTEIN; DENNO, 2005). Análise de sobrevida em crianças com CHARGE em um estudodesempenhado por Blake et al. (1998) com 50 crianças mostrou uma taxa desobrevivência de 70 %, a maior taxa de mortalidade deu-se nos primeiros anosde vida. A preponderância da mortalidade em crianças não ocorreu devidodefeitos estruturais do coração ou anormalidades, foi correlacionado aincoordenação da faríngea e laríngea, o que resultou na aspiração de secreçõesque retrata o principal fator de risco. Os defeitos predispostos na SC exigempelo menos uma grande intervenção cirúrgica houve uma alta mortalidade pós-operatória a relação citada foi anestesia geral. As dificuldades de deglutição assim como o refluxo gastresofágicocontribuem similarmente na mortalidade dos portadores da SC (SPORIK;DINWIDDIE; WALLIS, 1997). Originalmente, o diagnóstico de associação CHARGE foi proposto porPagon et al. (1981) usando o mnemônica C-H-A-R-G-E, discernindo asprincipais peculiaridades da síndrome, sendo necessário a presença de pelomenos quatro dos seis atributos para confirmação do diagnóstico. Alguns anos após para distinguir SC Blake et al., (1998) sugeriucritérios que consiste nos quatro maiores “C”s: 1) Coloboma / Coloboma ocular;2) Atresia choanae / Atrésia das Coanas; 3) Characteristic ear abnormalities /Anormalidades características da orelha; 4) Cranial nerve dysfunction/disfunção do nervo craniano. E sete critérios menores: 1) hipoplasia genital; 2) atraso dodesenvolvimento com marcos motores adiados; 3) malformaçõescardiovasculares todos os tipos; 4) deficiências de crescimento - baixaestatura; 5) fenda Orofacial - lábio leporino e/ou palato; 6) fístulatraqueoesofágica; 7) rosto característico – testa inclinada e ponta do narizachatada. Para diagnóstico positivo se fazia necessário: quatro característicasmaiores ou três principais + três menores. Contudo, devido características insuficientes para diagnóstico dealguns pacientes com SC, Verlões (2005) reformulou os critérios de diagnósticoclinico da síndrome visando à patogênese da doença e destituir critériosdependentes de sexo. Sendo assim oito características foram propostas, trêsgrandes (os três \"C:\" Coloboma, atrésia de coanas, canais semicircularesanomalias) e cinco menores: 1) disfunção rombencefálica tronco cerebral eanomalias do nervo craniano III a XII, incluindo surdez neurossensorial; 2)disfunção hipotálamo-hipófise; 3) malformação da orelha; 4) malformação dos

órgãos do mediastino; 5) retardo mental; e sugeriu a classificação de CHARGEbaseado nos fenótipos com: típica, parcial e atípico (Tabela 1).Tabela 1. Definição de Síndrome CHARGE típica, atípica e parcial.CHARGE típica 3 sinais maiores 2/3 sinais principais + 2/5 sinais menoresCHARGE parcial / incompleta 2/3 grande + 1/5 menoresCHARGE atípica 2/3 grande + 3/5 menores As alterações dos canais semicirculares se fazem presente em maisde 80% das crianças com SC podendo ser aplástica, com isso as funçõesvestibulares podem ser severamente reduzidas (MORGAN et al., 1993). Sendoassim, as anormalidades cocleovestibulares foram demonstradas como umaimportante displasia na síndrome (AMIEL et al., 2001). As alteraçõesvestibulares podem comprometer o equilíbrio que por sua vez condiciona atrasodo desenvolvimento motor (LALANI et al., 2006). Nos portadores da SC é muito comum a hipotonia, especialmente naparte superior do corpo. Foi constatado que a miopatia, pode causar alteraçõesdo tônus muscular. Porém a menos que novas informações sejam disponíveis, éprovavelmente seguro assumir que a hipotonia é devido a uma anomalia dosistema nervoso central. Essa diminuição de tônus pode ter uma grandeinfluência sobre o desenvolvimento motor das crianças e quando combinadocom problemas de perda de equilíbrio e visual, acarreta um grande atraso dashabilidades neuropsicomotoras (WILLIANS, 1999). Na SC são observadas algumas características em pacientes maisvelhos além das congênitas apresentadas sendo elas: curvatura da colunavertebral (escoliose); enxaqueca; epilepsia; catarata; deslocamento da retina;atraso da puberdade e a perda auditiva progressiva (BLAKE et al., 2005). O estudo de caso realizado por Trevesi et al. (2016) com 31 criançascom síndrome de CHARGE incluiu 16 meninas e 15 meninos a maioria dascrianças do grupo estudado apresentaram algum tipo de atraso nodesenvolvimento de habilidades cognitivas e motoras, representadasprincipalmente por um controle de postural adiada, ou seja, dificuldades ematingir a posição vertical e movimentos finos, e leves a moderada déficitscognitivos, déficit de atenção ou distúrbios comportamentais. De acordo com Sanlaville; Verloes (2007), e comum pacientes comSC, apresentar algumas desordens comportamentais eles colocam em ênfaseo transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno de déficit de atenção,síndrome de Tourette e transtorno do espectro autista .

Entre 30 e 50 % dos pacientes com CHARGE nascem com algum tipode anormalidade esquelética. A severidade pode variar clinicamente deinsignificantes como ossos curtos nas mãos, a muito grave fusão grave dededos ou dos pés (KIRK, 2015). Os portadores de SC requerem para manutenção da integridadefisica e mental com abordagens terapêuticas que devem ser efetuadas por umaequipe multidisciplinar (LALANI, et al., 2006).• 2) EQUOTERAPIA – MÉTODO TERAPÊUTICO DE REABILITAÇÃO Segundo Medeiros, et al. 2002, após a Primeira Guerra Mundial, ocavalo entrou definitivamente na área da reabilitação, sendo empregado comoinstrumento terapêutico nos soldados sequelados do pós-guerra. De acordo com Gouvêa (2004), a utilização do cavalo como umaterapia já havia sido notada há séculos atrás por alguns estudiosos queacreditavam que a integração entre o ser humano e o cavalo promovia um bemestar físico e mental, a partir de então, gerou interesses, em entender omecanismo terapêutico desse animal e utilizá-lo como facilitador dodesenvolvimento humano. A expressão Equoterapia vem da junção latim Equus = Cavalos, e dapalavra grega Therapeia = Terapia, sendo adotada no ano de 1989 pelaAssociação Nacional de Equoterapia (ANDE-BRASIL) devido à diversidade dedenominações existentes no nível mundial para esta prática terapêutica(SOUZA; AQUINO; SILVA, 2011). A prática da equoterapia tem seu início oficial no Brasil em 1989,quando foi fundada a Associação Nacional de Equoterapia – ANDE-BRASIL, comsede em Brasília – Distrito Federal, onde foi criada a palavra “Equoterapia” como objetivo de caracterizar todas as atividades que usam o cavalo como recursoterapêutico e/ou educacional no território brasileiro (LEITÃO, 2008). Segundo Barreto et al. (2007), a equoterapia passa a ser reconhecidapelo Conselho Federal de Medicina como um recurso de reabilitação motora nodia nove de abril de 1997 e anos após pelo Conselho Federal de Fisioterapia eTerapia Ocupacional – COFFITO, em 28/03/2008. O termo praticante foi criado pela ANDE, é usada na designação doindivíduo portador de deficiência e/ou necessidade especial que se vale dasatividades terapêuticas da equoterapia, tornando-se então o próprio sujeito doprocesso responsável pela sua reabilitação a partir de sua interação com ocavalo (ANDE-BRASIL, 2011). Os programas básicos da equitação para deficientes foram criadosinicialmente na Alemanha, pelo DKTHR e começaram a se difundir em 1986 com

intuito de programas apropriados e organizados de acordo com as necessidadese capacidades do praticante dando ênfase a área que se pretende trabalhar(UZUN, 2005). Segundo Lermontov (2004), a hipnoterapia é uma fase reabilitativaem que o cavalo atua como agente cinesioterapêutico, e por não ter condiçõesfísicas e/ou mentais, o praticante necessita de um auxiliar-guia, paraacompanhá-lo e conduzir o cavalo, dando-lhe apoio ao montar. No programa reeducação/educação: o praticante apresentacondições de se manter sozinho sobre o cavalo que atua como um agentebiopsicossocial para a facilitação do ensino-aprendizagem, interagindoexpressivamente com o cavalo que estará proporcionando benefícios atravésdo moimento tridimensional (HERRERO et al., 2010) . No pré-esportivo, o praticante tem boas condições para atuar econduzir o cavalo sozinho e já participa de atividades hípicas com o objetivoreabilitativo e educativo sendo que o cavalo opera como agente de inserção ereinserção social (CIRILLO, 2008). Conforme Martinez (2005), no programa Esportivo Paraequestre, oprofissional de equitação tem papel fundamental na reabilitação dospraticantes, propondo o uso de técnicas de equitação e a participação emcompetições hípicas. Esta fase tem como suas principais funções a melhoria daqualidade de vida e o bem estar social do praticante, além do prazer em praticara equitação. Para Wickert (1999), o passo do cavalo é a característica maisimportante para a Equoterapia. Devido à similaridade do passo do cavalo com omovimento pélvico durante marcha humana estimulando o indivíduo a obterganhos motores. O movimento tridimensional se caracteriza por gerar estímulos aopraticante por meio do dorso do cavalo (deslocamentos em 3 eixos: planovertical em um movimento para cima e para baixo, plano horizontal em ummovimento para direita e para esquerda e seguindo o eixo transversal do cavalo,um movimento para frente e para trás). Esse movimento é completado por umapequena torção de pelve do praticante que é provocada pelas inflexões lateraisdo dorso do animal (UZUN, 2005).

Plano Horizontal Plano Vertical Plano Transversal Figura 4: Eixos do movimento tridimensional Fonte: Rosbach (2005).Figura 5: Evidenciar a semelhança do passo do cavalo e a marcha humana Fonte: Dias (2013).

Segundo Marcelino, et al.; 2006, o alinhamento corporal está envolvido com aorganização biomecânica e o ajuste tônico. Os movimentos exercidos pelocavalo são transmitidos ao cérebro do praticante pelas inúmeras terminaçõesnervosas aferentes, o corpo se adapta a ajustes motores que são resultantesdos estímulos sensoriais. É de suma importância focar no alinhamentohomem/cavalo, devido ao deslocamento do centro de gravidade. O sistemavestibular é solicitado ativando a musculatura de sustentação de tronco ecabeça. As mudanças de gravidade do cavalo requerem do praticanteadequar seu equilíbrio corporal, adequando seu centro de gravidade conforme ocentro de gravidade do cavalo, por meio da alteração do tônus muscular,durante uma sessão de 30 minutos serão efetuados de 1.800 a 2.250 ajustestônicos (LEITAO, 2008). É aconselhável que o animal para prática de equoterapia tenha amedida aproximada de um metro e meio da cernelha ate o chão, seja dócil ecastrado (UZUN, 2005). Figura 7: Estatura do cavalo a medição da cernelha ate o chão. Fonte: Crotti (2007). Conforme Martinez (2005), o cavalo esta em constante movimento,mesmo quando parado há o deslocamento do pescoço e a troca do apoio daspatas. A primeira manifestação por parte do praticante é o ajuste tônico, e amedida que o cavalo se desloca ao passo há uma contração e relaxamentosimultâneo dos músculos agonistas, antagonistas e, com isso, as mobilizaçõesosteoarticulares. Os contatos com os flancos e o dorso do cavalo proporcionaminformações proprioceptivas para o SNC do praticante, permitindo a criação deesquemas motores novos. De acordo com Brillinguir (2005), o cavalo possui três andadurasnaturais: passo, trote e o galope.

Em contrapartida a amplitude da passada, ou seja, ao passo secaracteriza pela distância entre contatos sucessivos com o solo (marcas doscascos no solo) pelo mesmo casco que é identificada de três maneiras: quandoo membro traseiro pisa atrás do membro dianteiro, a distância de pista énegativa: dizemos que o cavalo está antepistando (LERMONTOV, 2004). Quando o membro traseiro pisa sobre a marca deixada pelo membroanterior, a distância de pista é igual a zero e diz-se que o cavalo estásobrepistando. Quando o membro traseiro pisa à frente do membro dianteiro, adistância de pista é positiva e diz-se que o cavalo está transpistando, indo além(MEDEIROS; DIAS, 2002). Para a seleção dos materiais utilizados, define-se a opção entre asela ou manta, sabendo que esta proporciona maior liberdade de ação e maiorpercepção de estímulos do movimento tridimensional do cavalo, agindodiretamente na musculatura anterior e posterior do tronco além da grandeaumento da abdução coxofemoral. Já a sela, por suas características gerais,limita o movimento da cintura pélvica, mas proporciona maior equilíbrio ecorreção das posturas no sentido de tornar fixo essas estruturas, fazendo comque a musculatura anterior e posterior do tronco tenha um ponto fixo adequado(SILVEIRA; WIBELINGER, 2010). As mantas com feixes para a colocação dos estribos proporcionamuma maior ação e movimentação dos membros inferiores. A sustentabilidadeproporcionada pelos estribos gera a sensação de “tocar ao solo” pelos pés(ALVES, 2009). Os estribos têm a finalidade de correções dos desvios de inversão eeversão, pois estes ajustes facilitadores são eficazes para potencializar aativação da musculatura posterior do tronco, ao passo que sem a utilização sãoativados a musculatura anterior do mesmo seguimento corporal (GORLA;ARAÚJO; RODRIGUES, 2009). De acordo com Barbosa (2014) a equoterapia é um método baseadona Teoria da Neuroplasticidade, e Neurorrestauração, que utiliza o cavalo comoum agente de estimulação, dentro de uma abordagem multidisciplinar nasáreas da educação, saúde e equitação, com programas bem definidos e umaproposta elaborada, buscando o desenvolvimento biopsicossocial dopraticante. Além do contato com o cavalo temos informações visuais, olfativas eauditivas que são transmitidas ao praticante. A riqueza de estímulos noambiente proporcionará ao indivíduo o desenvolvimento de novas percepções,assim mantendo relações entre os diversos segmentos corporais e o corpo como ambiente (MEDEIROS; DIAS, 2002).

Segundo Lermontov (2004), são amplos os benefícios daequoterapia e os mais citados são: melhorar padrões anormais através daquebra de padrões patológicos; melhorar o conhecimento do esquemacorporal; melhorar a postura como um todo, normalizando o tônus corporal;estimular o equilíbrio; melhorar a coordenação espaço- temporal; educar osistema nervoso sensorial e propriocepção; manter articulações íntegras edentro da normalidade; realizar reeducação respiratória; desenvolvermotivação, autoconfiança e autovalorização do praticante perante a sociedade. Para atingir os objetivos terapêuticos, faz-se necessária aparticipação global do corpo, contribuindo assim para o desenvolvimento dotônus e da força muscular, relaxamento, equilíbrio, aperfeiçoamento dacoordenação motora, conscientização do próprio corpo, atenção, autoconfiançae autoestima (NASCIMENTO et al., 2010). Ferreira (2008) ressalta alguns casos em que a Equoterapia não deveser recomendada: degeneração da articulação do quadril; instabilidade atlanto-axial; osteoporose severa; protrusão discal; deslocamento do quadril; espinhabífida; fraturas patológicas; escolioses progressivas com ângulos acima de 40º;convulsões frequentes não controladas com o envolvimento do corpo inteiro;aneurisma e hemofilia. É responsabilidade da equipe multidisciplinar a avaliação minuciosadas contraindicações, pretendendo resguardar a integridade do praticante(SANTOS, 1999). Cabe aos profissionais, aplicarem seus conhecimentos einteragir com toda a equipe para promover benefícios ao praticante sempre deforma prazerosa e lúdica (ANDE-BRASIL, 2011).• 2.1) Os benefícios da Equoterapia no tratamento dos Portadores de Síndromede Charge Santos (2005) preconiza que além de todos os movimentos deajustes posturais, de alternância com os braços e de dissociação de cinturas,são exigidos para que se permaneça montado. E que devem acontecer emsequência, já estimulando toda a coordenação motora grossa. Ainda se podeestimular o praticante de outras maneiras, como acariciar o animal, pegar ospelos da crina do animal com movimentos de pinça, e atividades arremessandoe recebendo objetos enquanto se está montado, com ou sem movimento docavalo; estimulando sua motricidade mais fina, trabalhando com rédeas ou atémesmo escovando o cavalo. Lermontov (2004) relata que a melhora do quadro hipotônico dopraticante é de suma importância para a qualidade de vida e na estabilizaçãodos segmentos corporais do indivíduo. No momento em que o praticante monta

o animal a sua tonicidade já sofre alteração pelos ajustes tônicos que a práticapropicia. O programa de tratamento deve incluir atividades com trabalho ativocontra a ação da gravidade, havendo casos nos quais o praticante já pode sercapaz de conseguir manter seu tronco em ortostatismo. É preferível que otrabalho seja executado em superfície instável, de modo controlado e orientadopelo fisioterapeuta, dentro do que pode ser bem assimilado pelo praticante.Pode-se iniciar com a passada antepistar, juntamente as atividades emdecúbito ventral sendo solicitado ao praticante a elevar-se gradualmente, apartir da cabeça, até adquirir o controle do tronco confiável e semcompensações (VILELA, 2007). Além disso, a montaria proporciona ao praticante ajuste dasalterações posturais. O objetivo é obter o alinhamento de tronco para se ter umaestimulação correta do equilíbrio, uma correção postural, e um melhorfuncionamento visceral (FERREIRA, 2008). De acordo com Alves (2009) quando o praticante esta posicionado deforma correta, o movimento gerado pelo animal leva a musculatura arepetitivas co-contrações. Dessa maneira o sistema nervoso central (SNC) vaireceber estímulos neuromusculares corretos, o que favorecerá a adequaçãopostural. È efetivo para o aprimoramento do controle postural a seleção doterreno. Em um aclive, a força da gravidade vai impulsionar o corpo para trásexigindo maior atividade da musculatura abdominal. No declive, a força dagravidade impulsiona o corpo para frente, sendo maior uso da musculatura dotronco. A mobilização das estruturas pélvicas também pode ser feita pelaaceleração e desaceleração do animal. Ao diminuir ou parar o movimento docavalo, o praticante tenderá cessar o deslocamento do seu tronco com aretroversão de pelve. Atitude muscular contrária acontecerá no movimento deinício ou aceleração da marcha do cavalo. Estas mobilizações, mesmo que deforma passiva, diminuem os efeitos da rigidez articular e do efeito deacomodação dos músculos das regiões envolvidas (SEVERO, 2010). O comprometimento da função respiratória é característicapresente na maioria dos pacientes com SC. As passadas, trotar e galoparaumentam a frequência respiratória e estimulam o sistema circulatório. Omovimento do cavalo atua diretamente nos músculos envolvidos na respiração(LERMONTOV, 2004). Pode-se ainda, adotar posturas, com exercícios efetivos e oposicionamento do paciente em decúbito dorsal e ventral incentiva a respiraçãocosto-diafragmática, contribuindo para melhora da ventilação pulmonar(FERREIRA, 2008).

Segundo Medeiros et al. (2002), a adequação do equilíbrio pode serpor meio dos constantes deslocamentos do centro de gravidade e pelomovimento tridimensional do cavalo. Estimulando o sistema vestibular,cerebelar e reticular do praticante, que excitam os músculos posturaisapropriados para a manutenção adequada. O Programa pode-se iniciar com trajetos fixos a serem percorridosem linha reta e em área plana, utilizando-se de estribos ou apoio, para aelevação dos membros superiores estimulando o controle do tronco, para apassagem por trajetos tortuosos e mudança progressiva de terrenos (SANTOS,2005). Conforme Vilela (2007) o equilíbrio pode ser estimulado comatividades utilizando a flexão do tronco para frente com intuito de acariciar acabeça do animal. O deslocamento do tronco para trás, colando as mãos sobre agarupa do animal, trabalhando a dissociação de cintura escapular e pélvica.Gerando instabilidade ao praticante, que desloca o seu centro de gravidade natentativa de se equilibrar. Barreto et al. (2007), descreve que com relação ao déficit cognitivo,há relatos de melhora da atenção e memória, mudança no perfil depersonalidade e socialização. Segundo Arruda (2002), comprovou que ao finalde meses de equoterapia, uma praticante aprendeu a ler e escrever;favorecendo a melhora na autoestima, autoafirmação e segurança, obtevetambém grande desenvolvimento no raciocínio lógico. Com o praticante montado, pode-se passar com o cavalodesenhando trajetos com formas geométricas, trabalhar atividades lúdicascom reconhecimento de cores e alfabeto no picadeiro (LERMONTOV, 2004). O ambiente equoterápico se caracteriza por apresentar inúmerosestímulos visuais, auditivos e olfativos, além dos de comunicação que sãoproporcionados pela equipe multidisciplinar que realiza a intervenção.Podemos considerar como um método que pode proporcionar ao deficientevisual uma estimulação global e motivadora (DIAS, 2013). Como recurso terapêutico a equoterapia tem a capacidade depromover um número considerável de benefícios em termos sensoriais eneuromotores, o que influência na aquisição de habilidades motoras e, por suavez, torna-os mais independentes (TORQUATO et al., 2013).CONCLUSÃOA realização desse estudo aborda duas temáticas diferentes a Síndrome deCharge e a equoterapia, correlacionando a prática equoterápica na influência dodesenvolvimento das habilidades neuropsicomotoras.

A SC, por ser uma patologia relacionada à alteração genética, o indivíduoapresenta atraso em seu desenvolvimento motor- cognitivo, e uma limitaçãosignificativa em âmbito social e funcional das atividades de vida diária. Percebe-se que a equoterapia pode ser um método eficaz notratamento neuropsicomotor de praticantes com SC, por apresentar umadiversidade de estímulos, além de promover atividade lúdicas- esportivasatravés do cavalo como meio terapêutico. Verificou-se que a prática pode trazermelhora da postura, sociabilização, coordenação de movimentos eprincipalmente da tonicidade muscular. Com base na literatura reportada, se reconhece as limitações naabordagem das temáticas. Nesse sentido, sugere-se então que outrospesquisadores se interessem desenvolvendo um estudo mais abrangente emtorno desse assunto.REFERÊNCIAS1. ALVES, E. M. R. Prática em Equoterapia – Uma Abordagem Fisioterápica, 1 ed São Paulo-SP. Atheneu, 2009.2. AMIEL, J. et al. Temporal bone anomaly proposed as a major criterion for diagnosis ofCHARGE syndrome. Am J Med Genet, p. 124-127, Março, 2001.3. Associação Nacional de Equoterapia. História da equoterapia no mundo. Brasília: ANDE-BRASIL, 2011.4. ARRUDA, K. P. O cavalo como agente libertador do fluxo ao desenvolvimento completodos indivíduos. Salvador, 2004.5. BARBOSA, G. O. Efeito de um programa de equoterapia nos aspectos psicomotores decrianças com indicativos do TDAH. Revista Brasileira Educação, p.69-84,Outubro, 2014.6. BARRETO, F. et al. Proposta de um programa multidisciplinar para portador de Síndromede Down, através de atividades da equoterapia, a partir dos princípios da motricidadehumana. Fitness Perf. J, p.-82-88, Março, 2007.7. BERNSTEIN, V., DENNO, L. S. Repetitive behaviors in CHARGE syndrome: differentialdiagnosis and treatment options. Am. J. Med. Genet, 2005.8. BLAKE, K. D. et al. CHARGE association: an update and review for the primarypediatrician. Clin Pediatr (Phila), 1998.9. BLAKE, K.D. et al. Adolescent and adult issues in CHARGE syndrome. Clinical Pediatrics,2005.10. BRILINGUER, C. O. A influência da equoterapia no desenvolvimento motor do portador desíndrome de down: estudo de um caso, 2005. Disponível em:<http://www.fisiotb.unisul.br/Tccs/CarolinaOrlandi/tcc.pdf >. Acesso em 07 de novembrode 2016.11. CIRILLO, L. Equoterapia, hipoterapia e equitação: terapêutica. Brasília-DF, 2008.12. DIAS, P. M. Efeito da equoterapia na autoestima. 5ª Jornada Científica e Tecnológica e 2ºSimpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS, Inconfidentes/MG, 2013.13. DUARTE, A. C. A. et al. Processo seletivo de equinos em atividade terapêutica:

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