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LIVRO - 12 FERIDAS AMBIENTAIS DO PLANETA

Published by ferver.rui, 2017-09-20 13:29:07

Description: LIVR O- 12 FERIDAS AMBIENTAIS DO PLANETA

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O prêmio O prêmio gigantes da ecologia e a importância do reconhecimentoO prêmio Gigantes da Ecologia, que ins- pirou a criação do Instituto Gigantes da Quando o IGE escolheu desenvolver seus projetos Ecologia (IGE), é um amplo programa de e ações com ênfase na educação ambiental, perce- beu, de imediato, a importância do reconhecimento. educação ambiental que envolve a publi- Na visão de sua diretoria, não adianta debater os pro-cação de um livro com vasto conteúdo didático e blemas sem apresentar os caminhos para minimizá-o relato de casos práticos relevantes, que mostrem -los e/ou solucioná-los. Sob essa ótica, a cada edição,o que pode ser feito para minimizar os impactos uma comissão formada por especialistas selecionados problemas aborda- alguns projetos consis-dos em cada edição. Os tentes desenvolvidos porlivros, publicados com instituições, empresas ouesmero gráfico, são do- cidadãos que tenham im-ados a todos os estabe- O projeto deste ano, que traz ao pactos positivos no senti-lecimentos de ensino da debate as 12 feridas ambientais do do de usar os recursos na-região de abrangência planeta, é o primeiro a ser realizado turais de forma racional, deda Gerência Regional depois da criação do instituto, e preservá-los e/ou de dar ade Educação do Gover- passará a ter edição anual. destinação correta para osno do Estado de Santa resíduos gerados por seusCatarina, mais precisa- sistemas produtivos.mente dos municípiosde Blumenau, Gaspar, O presidente do IGE, Gustavo Siqueira, já reali-Pomerode, Luiz Alves e zou, com este formato, as duas primeiras edições doIlhota. Junto com as obras, o IGE entrega às esco- Prêmio Gigantes da Ecologia, que tiveram ampla par-las um Guia de Atividades Multidisciplinar para os ticipação de público e apoio da crítica, e serviram deprofessores, com o intuito de fomentar o debatedos temas entre os mesmos e seus alunos. inspiração para a criação do instituto.112 | As 12 Feridas Ambientais do Planeta

Em 2008, o debate suscitado foi a preservação das flores-tas, através do projeto Abraçando a Amazônia, que incluiu aarrecadação de mais de 30.000 assinaturas para o ManifestoAmazônia para Sempre, capitaneado pelos atores Victor Fa-sano e Cristiane Torloni, que recolheram mais um milhão deassinaturas em todo o Brasil, com o objetivo de pressionaras autoridades no sentido de ampliar e endurecer as leis deproteção ambiental. Em 2010, foram debatidos os problemas relativos à utili-zação dos recursos hídricos, no projeto A Água é o Sangueda Terra, que recebeu destaque da ANA – Agência Nacionalde Águas, do Ministério do Meio Ambiente, pela amplitude deseu teor e por sua vinculação com a educação. Em ambas edi-ções, foram relatados casos práticos relevantes, reconhecidoscom o troféu Gigantes da Ecologia. O projeto deste ano, que traz ao debate as 12 feridas am-bientais do planeta, é o primeiro a ser realizado depois dacriação do instituto, e passará a ter edição anual. Como o IGEbuscará ampliar, a cada ano, seu raio de atuação, após a re-alização da etapa nas escolas, a obra será lançada, também,na biblioteca da ONU – Organização das Nações Unidas, emNova Iorque, e no salão do livro em Paris. Neste livro, As 12 Feridas Ambientais do Planeta, os lei-tores conhecerão ações muito interessantes que são desen-volvidas para impactar positivamente o meio ambiente, emdiversos segmentos de atividade. Esperamos que cada possaidentificar, nesses exemplos, os caminhos que poderão pavi-mentar um futuro ambientalmente mais harmônico e seguro, pois estamos todos inseridos no contexto do lar comum, que é o nosso planeta. Gigantes da Ecologia | 113

Homenagem especial prêmio Gigantes da Ecologia 2018 Luislinda de Valois é um exemplo de brasileiraL uislinda Dias de Valois Santos, 75 anos, primeira ministra negra do País, tenha chamado em fevereiro de 2017, tornou-se conhe- tanto a atenção. Ela é uma personalidade que só cida não só por assumir o Ministério orgulha o Brasil, principalmente, por sua incan- da Justiça, mas por ser a primeira juíza sável luta em prol dos negros.negra no Brasil. Antes de assumir o Ministério,ela atuava como Secretária de Estado de Pro- A ministra nasceu em Salvador (BA), é gra-moção da Igualdade Racial. É desembargadora duada em Direito e, antes de ingressar na ma-aposentada. gistratura, foi advogada militante do Estado da Bahia e Procuradora Autárquica do Depar- Em 2012, recebeu da Organização das Na- tamento Nacional de Estradas e Rodagensções Unidas (ONU), o título de embaixadora da (DNER), hoje, Departamento Nacional de Infra-paz. Não é à toa que o fato de ter se tornado a estrutura de Transportes (DNIT).114 | As 12 Feridas Ambientais do Planeta

Determinada, sempre foi atrás do que que- Luislinda de Valois é a prova viva e admirá-ria. Aprovada em concurso público, entrou na vel de que o esforço, a crença, a vontade e amagistratura em 1984, quando foi designada dedicação podem transformar qualquer sonhopara a comarca de Paramirim (BA). Desde en- em realidade. Mais do que isso, Luislinda mos-tão, atuou em 17 comarcas do Estado. Em Sal- tra que é possível transpor todas as barreirasvador, atuou em mais de 28 unidades judiciais impostas pela vida, mantendo a retidão de ca-e extrajudiciais, segundo o Tribunal de Justiça. ráter e assumindo o compromisso pessoal de ajudar a todos que puder, utilizando seus res- Em dezembro de 2011, em sessão plenária peitáveis conhecimentos. Uma figura e tanto,extraordinária do Tribunal de Justiça, a juíza digna de aplausos.foi promovida, pelo critério de antiguidade, aocargo de desembargadora, na Bahia. No ano Ela é uma personalidade que sóseguinte, já aposentada, tomou posse na Aca- orgulha o Brasil, principalmente,demia de Letras José de Alencar, em Curitiba(PR), ocupando a Cadeira nº 6, resultado de por sua incansável luta em prolseus trabalhos literários. dos negros Lançou, em 2009, seu primeiro livro “O ne- Gigantes da Ecologia | 115gro no século XXI”. A obra reúne artigos sobretemas variados, como cultura, educação, po-líticas públicas, justiça social e religião. Todosmediados por sua experiência negra no paíspós-escravidão. Com uma veia literária pulsante, em 2014,lançou o livro “Negros Pensadores doBrasil”, uma referência históricapara a sociedade brasileira.Esta obra traduz o retrato danação, através da coletâneade depoimentos vivencia-dos, esposados por negrose negras de todos os níveissociais e econômicos, dandouma demonstração clara daparticipação efetiva e diversaque vem pautando a formaçãodo povo brasileiro. Criou diversos projetos, sem-pre voltados e idealizados a par-tir da vivência adquirida, entre osquais destacamos “Juizado Itineran-te Marítimo Baía de Todos os San-tos”, “Justiça Bairro a Bairro”, “Leia. ÉBom”, e “Lendo, Aprendendo e Aguar-dando Justiça”, criados com o objetivode facilitar o acesso da população ca-rente dos serviços judiciários.

Tributo a Fritz MüllerArtigo de Cezar Zillig, publicado na Revista de Divulgação Cul-Ftural (RDC), da Furb, em janeiro de 2017 (*) ritz Müller - Desterro é a maneira como ficou co- nhecido, no meio acadêmico do século XIX, o Dr. Johann Friedrich Theodor Müller. Ele nasceu, em 31 de março de 1822 ,numa aldeia da Turíngia, chama-da Windischholzhausen (Windischholz-hausen!), próximoà cidade de Erfurt, Alemanha Central. Desde sua infância,demonstrou grande atração pela natureza, no que era es-timulado pelo pai, um pastor protestante. Concluiu douto-rado em filosofia e fez o curso de medicina completo, sem,no entanto, ter colado grau. Fritz Müller era uma dessas raras pessoas que condu-zem suas vidas em total conformidade com suas convic-ções: se, por um lado, essa franqueza absoluta lhe causougrandes transtornos na vida, por outro, foi justamente istoque fez dele um cientista de uma grandeza incomum. Aojovem pesquisador da natureza, os ensinamentos religio-sos, com os quais ele cresceu, foram gradativamente setornando confusos. Os ensinamentos da casa paterna, ti-dos como verdade eterna, o que ele sinceramente reco-nheceu por ocasião da confirmação, principiaram a cam-balear. A Bíblia se tornou para ele apenas uma compilaçãode escritos, obra de mãos humanas; era-lhe impossível crerem milagres e Cristo, para ele, não passava de um homem. A ideia de parecer externamente o que não era, intima-mente, lhe era intolerável. Um incidente que ilustra bemeste seu traço de caráter é o ocorrido por ocasião da con-clusão do curso de medicina: era exigida a profissão de umjuramento com conotação religiosa, que a maioria de seuscolegas, certamente, proferiu sem maiores reflexões. FritzMüller, porém, era incapaz de pronunciar qualquer coisa,mesmo em se tratando de mera formalidade, que nãoestivesse em consonância com suas convicções. Sincero,como se poderia dizer, perante as autoridades acadêmi-cas, a frase “sicult Deus me adjuvent et sacrosanctum ejusevangelium” (assim me ajudem Deus e Seu sacrossantoEvangelho), não foi proferida por ele. Por negar-se a fazerum falso juramento, deixou de receber seu – merecido –diploma de médico! “Por certo que, intimamente, eu poderia sempre serum pagão, como o são milhares dos que se dizem cris-tãos. Mas não gosto de parecer o que não sou.” Apesarda mágoa causada à família, não vacilou em abjurar a fé

Bruna C. R.cristã, uma vez que a mesma não mais condizia com dos os seus constituintes, inclusive, serpentes pe-suas convicções. Não suportaria viver com uma ver- çonhentas, onças e nativos selvagens. No entanto,dade nos lábios e outra no coração, segundo suas nessas matas a vida pululava através de uma infini-próprias palavras. Num País em que Estado e Igrejase confundiam, tal postura lhe trouxe dificuldades dade de espécies de plantas e animais, totalmente desconhecida da ciência. Da perspectiva científicade toda ordem. Percebendo que portas lhe eram poder-se-ia dizer que havia um verdadeiro tesourosucessivamente fechadas, que dificilmente teriaespaço para exercer o magistério ou a medicina, a esperando por um extraordinário pesquisador daperspectiva de deixar a natureza, exatamen-Europa foi se tornando te o caso Fritz Müller.fcprddeledccioizeaasoõeaeràmtbrdrt,emuoMaeamFderdladreuhernveoámileietteistsigezssoqndczeti,coseuaãarmroiMngoesqevnmtdfao,üluooiajãideucldestlrooseiaséiteávantárvva,aasoteievemreetmsecaeendl.epele,íedcaàsssPonanoomsstatsottenu-áfeéseroésbs---a.í,evreaensilgãtd.eonQeovluFhrieáséredem-istlosmzo“lehssPspMre,eorqüdooeerulemlcresesacuirlete,episar-alraeolltlotrugadesocmom.iorzIeqepnmpenvefudameetroee---gecãipnroait,sritcemãocclomaooemormnarislgooni.ezoinnMnnaooáçqtaOrsãuàeiãsootsetoenoadmunãlmeeBaãopmiBrrologugrãhduens.oannoeossrsrutveiBdo.ais”qlouumeR,ei-oinnsaeiIctueSadmnpain,huaoacjsaaoanrlouuiEaeís,sdhma-mmAeooudcoenmumçeoB1sof-u8aimpouivrg,pd5raoomrmoo2asuosu,nid,lamaulmo.dAces.cAoiap,deFêumicmrcaeuigxfHmaporituocalsielm3hãcseouar0itooos------,renciar devidamente sua memória, é imprescindíveltocar nesta questão. Uma vez no Brasil, Fritz Müller iniciou sua vida como qualquer colono: primeiro havia que derrubar o mato a machado e fazer sua própria casa, ou me-Sem perspectivas animadoras na Europa e com lhor, sua choupana de chão batido e coberta comuma permanente curiosidade em relação à exu-berante natureza das latitudes tropicais, veio para folhas de palmiteiro. Sobrecarregado, pouco ouas selvas do sul do Brasil. Selvas na mais perfeita nada sobrava de tempo para dedicar à sua paixão: aacepção da palavra: intocadas, inacessíveis com to- pesquisa da natureza. Gigantes da Ecologia | 117

Importante considerar que àquela época o es- dos. Baseando-se, principalmente, na observaçãotudo da história natural era uma atividade mais ou de seu desenvolvimento embrionário, apurou fa-menos insossa, que consistia apenas em descrever tos que corroboraram integralmente os conceitose classificar os espécimes. Não havia, porém, como introduzidos por Darwin. Os resultados deste tra-saber que, justamente esta ciência se aproximava balho, foram publicados na Alemanha, em 1864,dos umbrais de uma revolução sem precedentes. no único livro que escreveu, ao qual deu o opor- tuno nome de “Für Darwin”,Transcorridos quatro ou seja, Pró-Darwin.anos, Fritz Müller aceitou umconvite, mediado pelo Dr: O livro apareceu na Eu-Blumenau, para lecionar ma- ropa em muito boa hora,temática no Liceu de Des- “Diante de nós está o perfil uma vez que Charles Da-terro, sede da província de de um cidadão alemão rwin vinha encontrando fer-Santa Catarina. Saber que que, por toda sua vida, renha oposição por ousareste cargo lhe propiciaria a propugnou pela liberdade contradizer graves dogmasoportunidade de empregar e pela verdade. Em nome religiosos. O apoio repre-seu tempo livre para se de- destes ideais, ele sacrificou sentado pelo trabalho inde-dicar à história natural, alia- pendente de Fritz Müller foido ao fato de residir junto tudo o que é desejável e de grande ajuda num mo-ao oceano, um inexplorado mento em que os defenso-campo de pesquisas, foi de- costuma ditar as ações do res de Darwin argumenta-terminante para sua decisão. homem comum. Nem bens vam apenas com retórica eMorou em Desterro por 11 e conforto, nem fama e fatos extraídos d´A origemanos, de 1856 a 1867. notoriedade, faziam-no das Espécies. Darwin ficou Em 30 de outubro de desviar de seus propósitos; encantado com a monogra- fia de Fritz Müller e incon-1861, Fritz Müller escrevia tinente buscou contatá-loentusiasmado aos pais: “Umlivro que muito me deu o não se intimidava diante nos confins do Brasil Impe-que pensar é o ‘Origem das dos poderosos ou temia rial. Assim, iniciou-se umaespécies nos Reinos Ani- o julgamento popular. profunda amizade, nutridamal e Vegetal’, de Charles Relacionava-se com seus por assídua troca de cor-Robert Darwin”. Esta obra semelhantes com bondade e respondência entre os doismonumental teve grande cientistas, só interrompidainfluência não apenas sobre com a morte de Darwin, ema obra de Fritz Müller, mas cordialidade.” 1882.revolucionou toda a ciência Palavras de Alfred Möller, fiel Além das pesquisasnatural, transformando-se com crustáceos, motivadasnos fundamentos da moder- e incansável biógrafo de Fritz Müller. pelo trabalho de Darwin,na biologia. em seus primeiros tempos de Desterro, Fritz Müller seCom as noções introdu- dedicou a outros temas dazidas pela teoria elaborada por Darwin, Fritz Müllerreconheceu que as mais variadas formas de vida e fauna marinha. Estudou a anatomia dos anelíde- os, dos cnidários e ctenóforos (águas-vivas, me-seu inter-relacionamento adquiriram um sentido ló- dusas) e dos braquiópodes (conchas bivalves).gico quando analisados na perspectiva evolucionis-ta. Fritz Müller decidiu elaborar uma pesquisa com Estes trabalhos foram publicados, principalmente, no periódico alemão “Archiv für Naturgeschichte”o fito de testar as propostas de Darwin. (Arquivos de História Natural). Quando iniciou sua Por serem abundantes nas imediações onde correspondência com Fritz Müller, Darwin, que en-morava, elegeu os crustáceos como tema de estu- tão se ocupava com o estudo das trepadeiras, in- duziu Fritz Müller a observar este tipo de planta.118 | As 12 Feridas Ambientais do Planeta

De volta ao Vale do Itajaí, em 1867, o interes- da caprificação que consiste na fecundação dosse de Fritz Müller esteve voltado para a botânica, figos por vespas. Em seus últimos anos de vida,mais especificamente a biologia das flores, expe- voltou a estudar a “ciência amabilis”, a botânica,rimentos com fertilização e características here- desta vez, focando na investigação das bromélias.ditárias. Posteriormente, destinou muitos anos à Consta que morreu delirando com os gravatás.observação dos insetos; primeiro das térmitas, e,depois, das abelhas sem ferrão. Fritz Müller viveu na dupla condição de colo- no e cientista; só excepcionalmente atuou como O médico e ontomólogo Luiz Roberto Fontes médico. Jamais retornou à Europa; permaneceudestaca que Fritz Müller foi o primeiro termitólo- isolado e distante dos grandes centros científicosgo a fazer uma séria sindicância dos cupins exis- de então. O contato que manteve com seus parestentes no Brasil. O resultado destas pesquisas foi foi todo epistolar. Além de Darwin, correspondeu-publicado em quatro alentados artigos pioneiros -se com dezenas de cientistas dos mais variadosna Jenaische Zeitschrift für Medizin und Naturwis- países: Alemanha, Áustria, Brasil, Estados Unidos,senschaft (Revista de Medicina e História Natural França, Inglaterra, Itália e Suíça.de Jena), entre 1873 e 1875. Nestas publicações,Fritz Müller revelou muitos segredos sobre os Raramente, teve a oportunidade de se encon-cupins, correntemente citados com a maior na- trar pessoalmente com outros cientistas que, porturalidade por especialistas do ramo, sem sequer acaso, estivessem em viagem pelo sul do Brasil.conhecerem ou mencionarem a sua autoria. Tal Esse ostracismo em que viveu, demonstra a ex-reparo, certamente, pode ser estendido a muitas celente formação que recebeu em seus dias deoutras situações relacionadas ao profícuo traba- juventude, permitindo que se desenvolvesse delho de Fritz Müller, registrado, preponderante- maneira autodidática, ao ponto de ombrear commente, em publicações em língua alemã, pouco os maiores vultos de sua área. Na obra de Alfredcompulsada, atualmente, pela comunidade aca- Möller, que deve abranger quase a totalidade dedêmica internacional. tudo o que Fritz Müller publicou, constam 248 pu- blicações científicas. Fritz Müller morreu na cida- Fritz Müller investigou os friganidos, ou tricóp- de de Blumenau, Estado de Santa Catarina, aos 75teros, muito comuns entre os seixos nos ribeiros de anos, em 21 de maio de 1897.águas puras. Por longos anos, notadamente entre1880 e 1887, Fritz Müller se ocupou com o estudo (*) O artigo na íntegra pode ser encontrado na revista. De volta ao Vale do Itajaí, em 1867, o interesse de Fritz Müller esteve voltado para a botânica, mais especificamente a biologia das flores

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Homenagens EspeciaisCREA-SC CREA-SC auxilia os profissionais a cumprirem a legislação ambientalA s profissões da área tecnológica são aquelas ticipando ativamente na busca de parcerias e convênios, que assumem o papel de transformar os co- divulgação de novas tecnologias e questões relacionadas nhecimentos científicos em aplicações, serviços à sustentabilidade nas atribuições profissionais. Entre as e produtos necessários para o crescimento do ações desenvolvidas em 2017, destacamos:país, com a consequente melhoria da qualidade de vidada população. Engenheiros, agrônomos, bem como geó- • Coordenação do Seminário de Meio Ambiente, quegrafos, geólogos, meteorologistas, técnicos industriais e debate temas diretamente ligados às profissões da área,agrícolas e tecnólogos são, por excelência, agentes modi- além de esclarecer sobre legislações e normatizações perti-ficadores e transformadores da sociedade e do meio am- nentes. A última edição abordou o reuso de água, resíduosbiente. Sua atuação profissional deve estar pautada em um sólidos e novas tecnologias para tratamento descentraliza-profundo conhecimento técnico, sólidos princípios éticos e do de esgoto e aproveitamento do biogás em estação deuma relação de simbiose profunda com a natureza. tratamento. O CREA-SC (Conselho Regional de Engenharia e Agro- • Participação na Missão Suécia, que levou catarinen-nomia - Santa Catarina) prioriza ações neste sentido, seja ses para conhecer práticas renomadas de sustentabilidade,através de sua Comissão de Meio Ambiente, ou por meio ocorrida em maio de 2017. Entre as atividades, uma visi-de parcerias com entidades e órgãos diversos que possi- ta à cidade de Boras, que se destaca mundialmente pelabilitam o intercâmbio de cooperação e fortalecimento ins- reutilização do resíduo produzido - 99,6%, sendo que me-titucional, no sentido de cumprir a legislação ambiental e nos de 1% vai para o aterro local. A missão é desenvolvidaprofissional vigentes. Além disso, o CREA-SC contabiliza pelo Instituto de Capacitação, Pesquisa e Desenvolvimentoentre suas atuações, a participação e realização de eventos Institucional em Gestão Social e de Tecnologia da Infor-e, GTs (Grupos de Trabalho) nas próprias Câmaras Especia- mação (Idesti), com a coordenação do CRA-SC (Conselholizadas, como também parcerias nas áreas de Fiscalização Regional de Administração de Santa Catarina) e apoio doe publicações. Alguns exemplos: CREA-SC. Em dezembro de 2017, ocorrerá a visita técnica dos europeus a Santa Catarina, para conhecer a realidade Atuação da Comissão de Meio Ambiente estadual e definir qual a cidade de pequeno porte que re- Formada por conselheiros de diversas modalidades, ceberá o projeto-piloto da usina de transformação de resí-a Comissão trabalha para fortalecer o envolvimento do duos sólidos. Outra carta de intenções, firmada na missão,Conselho e dos profissionais com a área ambiental, par- foi um acordo na área da educação, assinado pelos presi- dentes do CREA-SC, CRA-SC, Fecomércio e a Universida-122 | As 12 Feridas Ambientais do Planeta

de de Jönköping, direcionado aos estudantes do Programa contaminantes químicos, biológicos e físicos em vegetais,CREAjr-SC e do CRA Jovem. O acordo tem por objetivo carnes, derivados e na água distribuída).facilitar o intercâmbio, para possibilitar o acesso a uma dasinstituições mais conceituadas da Suécia. Programa de Sustentabilidade Ambiental do CREA-SC Com foco inicial na gestão de resíduos, diminuição do • Participação na organização da etapa Regional Sul consumo de água, energia e insumos, o programa vempreparatória ao 8º Fórum Mundial Água, em Balneário sendo inserido dia-a-dia no hábito dos colaboradores eCamboriú, com o objetivo de discutir alternativas para a trazendo resultados positivos para o Conselho. A culturagestão adequada dos recursos hídricos. de separação do resíduo está estabelecida, os números de consumo de água e energia vêm diminuindo ano a ano, Convênios chegando a 50% de redução. O CREA-SC mantém convênios e termos de coopera- Projeto Infravias – O CREA-SC apoia o Sistema In-ção com órgãos e instituições visando parcerias na fisca- fravias - Ruas Completas Sustentáveis, que propõe umlização, nas áreas de saneamento, preservação da água e modelo de infraestrutura subterrânea que organiza ede minérios, controle no uso de agrotóxicos, entre outros. compartilha em calhas de plástico reciclado sob a calça-Estão em vigor os convênios com o Ministério Público (vi- da os sistemas sanitário, hidráulico, de fornecimento desando diminuir as ocupações irregulares, o crescimento de- gás, de energia elétrica e de comunicações das cidades.sordenado, os danos ambientais e urbanísticos em solo ca- Os estudos são desenvolvidos na Superintendência detarinense); com o DNPM (sistema de troca de informações Desenvolvimento da Região Metropolitana da Granderecíprocas sobre as atividades, empresas e profissionais da Florianópolis (SUDERF), em parceria com a Fundaçãoárea de mineração), com a FATMA (ação integrada entre as de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estadoinstituições para intercâmbio de informações sobre as ativi- de Santa Catarina (FAPESC) e Universidade Federal dedades, empresas e profissionais da área de meio ambiente, Santa Catarina. A segunda etapa do projeto, intituladabem como a fiscalização do exercício profissional) e com a “Cidades Inteligentes” prevê a transformação de resíduoCIDASC (fomento agropecuário, da infraestrutura agrícola urbano em energia, através da geração de biogás e dee da fiscalização de agrotóxicos, produtos e insumos, coi- estação de tratamento de esgoto.bindo a presença de resíduos de agrotóxicos e de outros

Homenagens EspeciaisFatmaFatma e meio ambiente: C riada pelo decreto nº 662 de 30 de julho de um compromisso que 1975 e idealizada pelo padre botânico Raulino dá certo Reitz, a FATMA ampliou sua atuação na área ambiental e se tornou imprescindível para o desenvolvimento de Santa Catarina. Atualmente, a Fun- dação possui mais de 500 servidores, entre efetivos, comissionados, estagiários e terceirizados. A estrutura é composta por 16 escritórios regionais que cobrem todo o Estado de Santa Catarina. “A FATMA é um órgão sé- rio, que está sempre em busca da excelência. Todo re- conhecimento que temos hoje da sociedade se deve ao trabalho de cada servidor comprometido que temos em nosso órgão”, declara o presidente da entidade, Alexan- dre Waltrick Rates. A instituição foi criada com o intuito de garantir a preservação dos recursos naturais de todo o Estado e atua na gestão de 10 unidades de conservação, fiscaliza- ção, licenciamento ambiental de mais de 300 atividades econômicas e monitoramento da balneabilidade – pro- grama executado há mais de quatro décadas. A Funda- ção ainda conta com o projeto de educação ambiental: Eco-ônibus, um veículo itinerante que há mais de 10 anos percorre todo o Estado, levando conscientização para estudantes da rede pública e estadual de ensino.

A FATMA realiza duas premiações: o Prê-mio FATMA de Jornalismo e o Prêmio FritzMüller, que reconhece empresas que desen-volvem trabalhos e projetos na área ambien-tal. Os dois estão com inscrições abertas. Além de diversos livros técnicos, a FATMAlançou, nos últimos dois anos, duas publica-ções especiais que reforçam o compromisso doórgão com a preservação dos recursos naturais do Estado. O livro“Olhares da Diversidade Natural”, que mostra as belezas naturaisdas 10 Unidades de Conservação administradas pela Fundação noEstado e o “FATMA 40 anos – Patrimônio dos catarinenses, com-promisso com a natureza”, que registra as quatro décadas de atu-ação e homenageia os servidores. Desafios para o futuro Um diagnóstico interno, entregue ao governador RaimundoColombo ara análise pelos técnicos do Governo do Estado, apontauma saída para os entraves atuais da Fatma. “Queremos transfor-mar a Fundação em uma administração direta, dando mais retornoà sociedade. Precisamos investir em tecnologia e em mais reco-nhecimento ao servidor”, conclui Waltrick. Gigantes da Ecologia | 125

Homenagens EspeciaisPisad Um novo modelo de valorização da biodiversidade: Eco-etno-biotecnologia na amazôniaAPor Eliana Spengler Prof. Dr. Meyer com um grupo de crianças da etnia Tikuna defesa da Amazônia, historicamente, tem O Rio Amazonas é o maior do mundo, tanto em volu- despertado paixões. A região é conhecida me de água, quanto em extensão, com comprimento de como o Pulmão do Mundo, mais precisamente 6.992,06 km e mais de mil afluentes. Até algum tempo o Pulmão Verde do Mundo. Só essa termino- atrás, pesquisadores afirmavam que o maior rio do mundologia, em si, seria suficiente para cada pessoa perceber era o Nilo. Entretanto, com o aporte das novas técnicas desua importância e a necessidade de preservá-la. Preci- monitoramento por satélite, hoje podemos afirmar que osamos da Amazônia para respirar. A relevância dessa Amazonas é o maior. A medição feita pelo INPE - Institu-região para o equilíbrio bioclimático é indescritível. to Nacional de Pesquisas Espaciais confirmou que o Nilo,126 | As 12 Feridas Ambientais do Planeta

possuindo 6.852,15 km de extensão tem, portanto, 140 kmmenos que o Amazonas. Com relação ao volume de água,o Amazonas é sessenta vezes superior ao Nilo (o Amazo-nas tem uma vazão de 209.000 metros cúbicos por segun-do e o Nilo apenas 2.830 metros cúbicos por segundo).Segundo o Portal Amazônia, “a Bacia Amazônica é amaior bacia hidrográfica do mundo, concentrando 10 dosmaiores rios do planeta e 1/5 da água doce da Terra. Ocomplexo é o maior sistema de água doce do planeta, Prof. Dr. Meyer pintando pictogramas emcom aproximadamente 7.000.000 km2 de área de dre- crianças da Tribo Sateré Mawé, na Amazônianagem, incluindo o rio Tocantins. No total, 64,88% se en- árvore”. Segundo a mesma fonte, a região é berço de 10contram no território brasileiro. A Colômbia possui 16,14%,a Bolívia 15,61%, o Equador 2,31%, a Guiana 1,35%, o Peru a 15 milhões de insetos, 524 espécies de mamíferos, 517 de anfíbios, 1.622 espécies de pássaros, 468 de répteis e0,60% e a Venezuela 0,11%”. 3.000 de peixes.Só estas informações já seriam suficientes para que Além de toda essa riqueza, segundo o Censo do IBGEtodos passassem a ver a Amazônia com um novo olhar,atento e preocupado, posto que seu futuro está amea- de 2010, no Brasil a população indígena somava, à épo-çado. Mas a magnitude da ca, 896,9 mil pessoas, de 305 etnias, queregião amazônica não para falam 274 línguas indígenas, sendo que apor aí. É o maior banco gené- maior parte vive no Estado do Amazonas,tico da Terra. De acordo com Segundo o Portal Amazônia, onde se encontra a grande maioria daso site Amazônia Legal, a re- “a Bacia Amazônica é a tribos isoladas, que não mantém contatogião amazônica bate muitos com o homem branco.recordes, também, quando maior bacia hidrográfica doo assunto é biodiversidade, mundo, concentrando 10 dos É muito importante que se entendapois concentra a maior varie- maiores rios do planeta e 1/5 com clareza a importância desses dadosdade de espécies vegetais e da água doce da Terra.” para o equilíbrio dos ecossistemas e, por- tanto, para a preservação das espécies eanimais do mundo. Esta fonte redução dos graves impactos impostosde pesquisa aponta dados im- pelas mudanças climáticas, tanto quantopressionantes, entre os quaisvale a pena destacar: “Exis- para a saúde do homem. A preservaçãotem mais espécies de plantas da Amazônia é fundamental para todo oem um hectare de floresta amazônica do que em todo globo terrestre, ainda, por ser um grande resfriador at-o continente europeu. Mais de 200 espécies de árvores mosférico. Abrigando a mais rica e rara biodiversidade,podem ser contadas em um único hectare e já foram iden- possui o maior número de plantas medicinais endêmicas,tificadas 72 formigas diferentes vivendo em apenas uma ou seja, em seu coração se encontra o maior potencial deProf. Dr. Meyer com os índios na escola Baniwa-Içana Gigantes da Ecologia | 127

Prof. Dr. M.C.Meyer com Malvino Salvador (Diretor do IDAM), José Bonifácio Baniwa (FEPI), Maria Baré, General R.N. de Cerqueira (Chefe do Comando Militar da Amazônia) e General O. de Jesus Ferreira (Chefe do Estado-Maior do Comando Militar da Amazônia), em 2007curas para as enfermidades que afligem a humanidade, de Washington, a de Cambridge, de Oxford e o Collège decomo os cânceres, as doenças degenerativas do cérebro France, dentre outras, e períodos de trabalho e pesquisae as infecções em geral. Da riqueza amazônica a ciência em renomados hospitais da Europa e dos Estados Unidos.computa um sem número de princípios ativos que muda-ram completamente os rumos da medicina e possibilita- Realizou profundos estudos sobre a contribuição dasram o aumento da longevidade humana, como os curares, ciências ocidentais (neuropsiquiatria, neurolinguística,a pilocarpina, a emetina, o captopril e as batracotoxinas, neuropsicologia, neuro-psicomotricidade, entre outras) naaportadas à medicina moderna pelos índios. abordagem das dificuldades de aprendizagem que ocor- rem com o analfabetismo nos países em desenvolvimento, Entretanto, esse gigantesco patrimônio está ameaça- culminando na publicação de sua tese intitulada Appren-do, vítima da ação ilegal de madeireiros, biopiratas, pos- tissage de la Langue Maternelle Écrite: étude sur des po-seiros e grileiros, que derrubam a floresta e provocam pulations autochtones dites socio-culturellement défavo-imensas queimadas, praticam monoculturas extensivas, risées dans une approche interdisciplinaire, pela UNESCO,como a de soja, criam rebanhos bovinos e contaminam obra prefaciada pelo Collège de France. Posteriormente,as águas e o solo pelo uso do mercúrio e outros metais a convite da entidade, realizou um estudo de caso exaus-pesados advindos da exploração de minérios, entre outras tivo, amparado por mais de trinta missões in situ, sobreatividades altamente predatórias. as diferentes formas de representação gráfica da língua escrita usada pelos ameríndios em seus pictogramas, ide- Muitos projetos têm sido desenvolvidos, ao longo dos ogramas, petroglifos e pinturas corporais, obtidas atravésanos, para minimizar esses impactos e proteger a floresta da utilização de pigmentos vegetais e substâncias ativascomo um todo e as populações que nela vivem. Entretan- altamente protetoras da pele.to, há um, em especial, que chama a atenção pela formainovadora e justa de tratar a questão: o projeto Herb’Iça- A vivência com as comunidades isoladas e, principal-na©, criado pelo PISAD Programa Internacional de Salva- mente, com os pajés, despertou Meyer para o mundo dosguarda da Amazônia, Mata Atlântica e Ameríndios para o princípios ativos e a profundidade dos conhecimentosDesenvolvimento Sustentável, organização não governa- ancestrais indígenas sobre as plantas medicinais e farma-mental científica com sede em Paris (França), sob a ba- cologia. Tornou-se um especialista no assunto e foi con-tuta do renomado cientista suíço-brasileiro Prof. Dr. Mario vidado para escrever um capítulo sobre a utilização dasChristian Meyer. drogas alucinógenas como a ayahuasca, utilizada nos ri- tuais xamânticos pelos ameríndios, no Dicionário de Dro- Meyer é um humanista por excelência, detentor de vas- gas – das Toxicomanias e das Dependências, editado pelato conhecimento adquirido em algumas das melhores uni- Enciclopédia Larousse.versidades do planeta, como a Sorbone, a Universidade128 | As 12 Feridas Ambientais do Planeta

Todo o conhecimento adquirido por Meyer serviu de De acordo com o cientista, “o Heb’Içana© foi desenvol-alicerce para o desenvolvimento do projeto Herb’Içana©, vido com a participação dos índios, para identificar combaseado na criação de uma ponte de comunicação e co- eles as habilidades a serem desenvolvidas e as habilidadesoperação equitativa inovadora que une o conhecimento a serem adquiridas para proporcionar-lhes um benefícioancestral indígena das comunidades isoladas da Amazô- a longo prazo, permitindo-lhes gerenciar seu próprio de- senvolvimento e garantir o futuro das novas gerações”.nia ao conhecimento científico de alguns dos mais mo- Será o primeiro caso na história de transferência de bio-dernos centros de pesquisa médica do planeta sediadosna Europa, como o Institut National Polytechnique de Lor- tecnologias avançadas para comunidades indígenas, com repartição equitativa dos benefícios,raine (Nancy, França), o INSERM – fomentando o tão sonhado desen-Institut National de la Santé et de laRecherche Médicale, a Universidade volvimento sustentável da Amazô-vesdmtatcdqetnvadgaouauutiimbeeuieesdatridrrpàlcnoratraantasbEa“aeeecuidvrsasOisàssdivsriaéreandtretvasavarlisnmraneoniialàsulaagHdstomstscidddnemãesteiaesrtasuobacooçneiimedbtztnioaasustnasucea’aaepç.Indrtsieslçsçptigçoeãpes,naaFunaaãlõogeolostinbornstotopceer,,aarevoãeaiasvaogsedllconobr©açdr.pnroeeesdítçãadndaritsmpicãaodordddeboidenioaojabpaaiaeedodonodriosasteEogaqspcíbdeeatgufodsserpuiasmadeivteactabseierarraoovtdno-atajêrlélNdeesraiavmassdnapcertprsoeâsçacisinaera,sv,rnaãteiiedisrnaduoacrocc(aspsaeapucraamiuptaeodadomoodsrjddezsadenuemeieiooeeeaadmst-----,oeeaxdnrtoerelavojoiirgtsadipcaelierzurCindnvabjocaçnuiaeipogdíãdpsaamtondpaieeotrine“ae’cpIqsaudOnlngesuadbaoericrrciHbliasasoeoooaesodsls---seedesrpabsesaiodtd’mçpIdrnaçaoãeaugaddnovteneqeotelpruemdrisausoesqcrom©ndàaouiiaanenonelãatssbrhitdooimndddeaeltesaíiencaosbzagupgirediMdmopceefareieogiaendaeaeçnrdsiyrni-eãdãadsatsaestomimos.aobreees”.,.sielidtnrataaddrecpvnvàçlegçqndeieecõooãiciasluêesgaipidosocmeloneãvidpcauEáaessncnodiouearrladvtsoiaaetaremsrintpeoinmaçiadúeçt,siilruvãamtdbpnoãoepmeiiiméocaananoaosmtaprsaedtcadnsavrljea-çaarodguetaíbetsgbesoãonsàsrcanerqrmgeiodttatcioíqiuboagfaapnnasoeieeuainçcleddaino.donlcnelcãoearsaiqírpodostgao)oiipausrpmssii,nçenrAaçrueopraãonbõ(,seoomarstooabmoaeesajsrsersiasnanseidroeeisb.toamizâergaaedocgnOeibônflvioipeuiãígeaufvtncceoH-clolauaemiaiiaearsaoaeiedrlmoabteadssasasrnceruetrsi,beubgedooeónáécusp’npreamI-rodroeaumçtietrriadovaaunneaaammríeaaassss--------ativos de alto valor agregado e fabricar bioprodutos naspróprias comunidades indigenas”, diz Meyer. A exploração de forma sustentável dos recursos deste imenso e importante berço da biodiversidade mundial é possível, de forma justa e legal. O PISAD e a respeitada equipe de cientistas que projetaram e desenvolveram o Herb’Içana, sob a direção de Meyer pavimentaram esse caminho unindo o conhecimento e uma paixão comum pela Amazônia. “Pela primeira vez na história, criamos um ‘procedimento prático’ que permite aos Empresários/In- dustriais e às Comunidades da floresta falar a mesma lin- guagem e ter o mesmo objetivo: produzir resultados eco- nômicos - e sociais - preservando a natureza”, diz Meyer. Um caminho prático, inteligente e seguro para preservar a ‘Universidade da Natureza’ e os “Doutores da Floresta’, termos utilizados pelo cientista para designar esse vasto patrimônio natural e cultural, tão importante para o futuro da humanidade. Gigantes da Ecologia | 129

Homenagens EspeciaisApremavi Apremavi – 30 anos defendendo a Natureza D efender, preservar e recuperar o meio ambiente e os va- lores culturais, buscando a sustentabilidade em todas as dimensões e a melhoria da qualidade de vida na Mata Atlântica e outros biomas é a missão da APREMAVI - As- sociação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida. A APREMAVI é uma Organização da Sociedade Civil de Interes- se Público, sem fins lucrativos, criada em 09 de julho de 1987, em Ibirama (SC). Começou com 19 pessoas trabalhando contra a des- truição da terra Indígena Ibirama-La Klãnõ, de onde saíam diaria- mente centenas de caminhões de toras em direção às madeireiras. Ao mesmo tempo em que denunciou desmatamentos, caça e poluição, a entidade “colocou a mão na massa”, mostrando que existem maneiras de proteger e utilizar os recursos naturais de for- ma sustentável. A coragem dos pioneiros para enfrentar desafios motivou muita gente. Atualmente, são mais de 400 associados. Hoje, a sede está em Atalanta, num amplo e bem estruturado Centro Ambiental, localizado junto ao viveiro de mudas de árvo- res nativas. O Viveiro, que nasceu com 18 mudinhas no fundo do quintal, cresceu, assim como ampliou o aprendizado sobre coleta de sementes, produção e plantio das mudas. É hoje um dos maiores viveiros do sul do Brasil, com capacidade para produzir cerca de um milhão de mudas por ano, de 160 diferentes espécies nativas da Mata Atlântica. Coletar sementes, semear e cuidar das mudinhas é apenas uma parte do trabalho. É necessário também estimular e orientar as pessoas a plantar e cuidar das árvores. Com a ajuda da Apremavi, já foram plantadas mais de 8 milhões de árvores em centenas de

propriedades, em diferentes municípios de tando soluções com base na realidade daSanta Catarina, do Paraná e de outros es- região, através de publicações, vídeos e mí-tados. dias sociais. Ao longo de sua história, a entidade mo- Milhares de estudantes, técnicos, profes-bilizou grande esforço pelo aprimoramento sores, autoridades públicas e agricultoresdas políticas públicas e da legislação am- do Brasil e do exterior já participaram debiental, com destaque para a aprovação e cursos práticos, dias de campo e visitas naregulamentação da Lei da Mata Atlântica. APREMAVI. No Programa de estágios, es-Aprovada em 2006 e regulamentada em tudantes e técnicos do Brasil e do exterior,2008, a Lei garantiu proteção para os rema- participam das atividades de campo e co-nescentes de vegetação nativa e deu uma nhecem o dia a dia da organização.chance para a recuperação da floresta e dosanimais que nela vivem. A APREMAVI acredita no intercâmbio e nas parcerias como melhor forma de en- Além de todos os trabalhos desenvolvi- frentar os problemas ambientais. Faz partedos, a APREMAVI também colaborou com a da Rede de ONGs da Mata Atlântica e dacriação e elaboração dos planos de manejo Federação de Entidades Ecologistas Ca-da Arie (Área de Relevante Interesse Ecoló- tarinenses. Além disso, tem parcerias comgico) da Serra da Abelha, do Parque Nacio- empresas, poder público, Organizaçõesnal das Araucárias, da Estação Ecológica da Não-Governamentais e universidades, sem-Mata Preta e do Parque Nacional da Serra pre procurando aprimorar sua estratégia dedo Itajaí. ação e seu trabalho. O órgão estimula e apoia a criação de Participa do Diálogo Florestal, do Pactounidades de conservação municipais, para pela Restauração da Mata Atlântica, do Ob-proteger parte dos ecossistemas locais, dos servatório do Clima e do Observatório domananciais hídricos, e para garantir espaços Código Florestal, iniciativas a nível nacionalpara pesquisa da fauna e flora, e promoção que buscam a implementação das leis am-do ecoturismo. A APREMAVI apoia a cria- bientais e o desenvolvimento sustentável.ção de unidades de conservação públicas eparticulares, como principal estratégia para Os caminhos trilhados pela APREMAVIa conservação dos ecossistemas e da biodi- algumas vezes difíceis e árduos, levaram aversidade no longo prazo. muitas vitórias em prol da natureza. Vitórias que só foram possíveis graças ao empenho, Em Atalanta, ajudou a criar e implantar o a dedicação e a solidariedade de muitasParque Natural Municipal da Mata Atlântica pessoas. Vitórias que estimulam novos de-e, em parceria com a Prefeitura e apoio de safios rumo ao fortalecimento do trabalho.empresas, é responsável pela administração E é por causa dos desafios para o futurodo Parque, um importante refúgio da vida que a APREMAVI quer inspirar cada vezsilvestre e atrativo de visitação turística. mais pessoas, empresas e instituições públi- cas e privadas no sentido de buscarem um A APREMAVI criou e mantém a Reser- mundo melhor.va Particular “RPPN Serra do Lucindo”, nomunicípio de Bela Vista do Toldo, garantin- Gigantes da Ecologia | 131do a proteção permanente de 316 hectaresde Mata Atlântica, rica em biodiversidade erecursos hídricos. Os trabalhos da entidade são apoiadosem ações de capacitação e educação am-biental, retratando os problemas e apon-

Homenagens EspeciaisFURB FURB desenvolve A melhoria da qualidade de vida é parte do e apoia projetos compromisso assumido pela FURB (Uni- versidade Regional de Blumenau), com a de proteção aprovação da Política Ambiental, em 2000. ambiental A Universidade reconhece a importância da proteção ambiental e da economia dos recursos naturais globais132 | As 12 Feridas Ambientais do Planeta e, visando à melhoria contínua da qualidade de vida atual e futura, assume uma postura ambientalmente consciente e responsável, que se expressa por meio dos seguintes princípios: Envolvimento: ser uma instituição que considera a cultura ambiental no desenvolvimento e nos resultados de suas atividades, transmitindo e estimulando a cons- cientização ambiental a todos os integrantes das comu- nidades interna e externa. Cumprimento da lei: cumprir a legislação ambiental em todos os seus câmpus e, sempre que possível, ado- tar critérios mais rigorosos que os estabelecidos por lei. Formação: oportunizar educação e treinamento às comunidades interna e externa no que se refere à me- lhoria contínua da qualidade ambiental. Administração de materiais: adquirir com critérios ambientais, usar racionalmente, promover a reciclagem e descartar adequadamente os materiais permanentes e de consumo, incluindo água e energia envolvidos nas atividades diárias da instituição, desde que não impli- que em perda da qualidade do serviço. Publicidade: tornar pública esta política ambiental, as ações corretivas e os resultados decorrentes da sua implementação. Sistema de gestão ambiental: manter permanente- mente um sistema de gestão ambiental, com o objetivo de monitorar as atividades administrativas, do ensino, da pesquisa e da extensão. Desde 2000, ocorre a im- plantação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) da FURB, tendo o papel integrador das ações ambientais na Universidade. O SGA está estruturado com a Coor- denadoria do Meio Ambiente (Coma), que é o órgão permanente de assessoramento à administração supe- rior da FURB.

ÁGUA E ENERGIA O Programa de Água e Energia foi implantado,em 2005, e visa dimensionar corretamente a cargatérmica para cada ambiente; adequação de projetoselétricos antigos à nova realidade; troca de tornei-ras antigas por modelos automáticos em diversosambientes; controle das entradas de água e ener-gia na Universidade; coleta semestral de 500 m³ deesgotos das fossas, filtros e resíduos das caixas degordura nos câmpus da FURB. CARTILHAS EDUCATIVAS *RESÍDUOS SÓLIDOS O Programa de Gestão de Resíduos Sólidos com-preende a separação, coleta e encaminhamento parareciclagem de resíduos, como papel, plástico, metais, evidro, gerados na Universidade. Com a implementaçãodo Programa, em 2000, a coleta seletiva e a destina-ção dos resíduos passaram a acontecer de forma siste-mática: os resíduos são coletados nas lixeiras coloridasespecíficas e encaminhados para a Central de Resídu-os Recicláveis da FURB. CARTILHA EDUCATIVA *RESÍDUOS PERIGOSOS O Programa Gestão de Resíduos Perigosos foi im-plantado, em 2001, nos laboratórios, clínicas e bioté-rios da FURB, que geram ou manipulam resíduos peri-gosos, incluindo, os resíduos de serviços de saúde. OPrograma visa a minimizar o impacto ambiental causa-do pelo descarte de resíduos perigosos, reduzir os ris-cos na manipulação e armazenamento, evitando o seuacúmulo, e reduzir o uso de produtos perigosos. Tam-bém prevê a classificação seguindo a NBR 10.004/04,segregação, pré-tratamento, rotulagem, transporte edestinação ao aterro industrial dos resíduos perigosos. CARTILHAS EDUCATIVAS * * TODAS AS CARTILHAS ESTÃO DISPONÍVEIS EM: WWW.FURB.BR Gigantes da Ecologia | 133

Homenagens EspeciaisFURBLICENCIAMENTO AMBIENTAL tais de Instalação – LAI. Uma vez implantados todos os controles previstos nas licenças de instalação, a Com a implantação do Sistema de Gestão Am- FURB obteve as Licenças Ambientais de Operaçãobiental (SGA), a FURB detectou a necessidade de pro- – LAO, em 2007.mover o Licenciamento Ambiental de suas atividadesjunto ao órgão ambiental de Santa Catarina (FATMA). Assim, a Instituição tem o total controle sobre os impactos por ela causados, estando em conformidade Com base nesses projetos, a Universidade obteve, com a legislação ambiental pertinente.em 2002, suas primeiras Licenças Ambientais Pré-vias – LAP e, em 2004, obteve as Licenças Ambien-PROJETO BUGIO bugios. Muitos dos animais encaminhados para o local A Furb é também a mantenedora do Projeto Bu- são vítimas de atropelamentos e choque elétrico. O lo- cal é destino para animais levados pelo IBAMA ou pelagio, que trabalha com a preservação dos Bugios-ruivos Polícia Ambiental, além de apreensões em cativeiros(Alouatta clamitans), através do Centro de Pesquisas ilegais. No ambiente, são realizados trabalhos de reabi-Biológicas de Indaial (CEPESBI) e Observatório de Pri- litação, estudos de enfermidades e comportamentais,matas do Morro Geisler. A Universidade mantém um além do acompanhamento de filhotes.convênio com a Prefeitura de Indaial para a manuten-ção do projeto que, atualmente, abriga cerca de 40

PROJETO DE EXTENSÃO DA FURB CEOPS É DE SUMA IMPORTÂNCIAPROTEGE FAUNA URBANA NAS ENCHENTES Preservação, conhecimento e cuidado com a Após a ocorrência das grandes enchentes de 1983 emfauna local. Em Blumenau, um novo projeto de ex- todo o estado de Santa Catarina, a FURB criou o “Projetotensão da FURB, em parceria com a Polícia Militar Crise”, com o objetivo de desenvolver estudos para enten-e o Hospital Veterinário da FURB, busca dar mais der melhor o problema das frequentes precipitações quevisibilidade para este tema. É o projeto Fauna Ur- geram as enchentes que, historicamente, assolam a Baciabana, desenvolvido em parceria pelo Departamen- do rio Itajaí. Em 1984, o Departamento Nacional de Águasto de Medicina Veterinária e pelo Departamento e Energia Elétrica (DNAEE) instalou uma rede telemétricade Ciências Naturais. com cinco estações de coleta automática de chuva e níveis nos municípios de Blumenau, Apiúna, Ituporanga, Taió e Ibi- O projeto é dividido em três partes: a primeira rama. Junto ao Projeto Crise foi instalado o CEOPS (Centrofoi a implementação do Serviço de Atendimen- de Operação do Sistema de Alerta da Bacia Hidrográficato de Fauna Silvestre em Blumenau (SAASBLu), do Rio Itajaí-Açu), mediante convênio firmado em agostoque atende aos animais vivos encaminhados pela de 1984, entre FURB/DNAEE, para realizar a operação con-Polícia Ambiental aos bolsistas do projeto. Atual- junta do sistema de alerta. Uma década depois, o Conselhomente, o Fauna Urbana conta com um bolsista do Universitário da FURB criou o IPA (Instituto de Pesquisascurso de Ciências Biológicas e um de Medicina ve- Ambientais), a partir do Projeto Crise, e agregou o CEOPSterinária, além de um voluntário do curso de Ciên- operante como um Centro Integrado ao próprio IPA. Suacias Biológicas e dois de Medicina Veterinária. instalação oficial foi em 1996. A segunda parte se concentra com os animais ATIVIDADES DO CEOPSque chegam na polícia já mortos. Esses, por sua vez, Previsão do tempo – caracterizada por três etapas: co-são encaminhados ao setor de patologia da FURB,onde é realizada uma necrópsia para verificar qual leta dos dados meteorológicos e das imagens de satélite;a causa da morte. Após essa análise, os animais são análise dos modelos matemáticos de previsão e elaboraçãotaxidermizados e mantidos na coleção da Universi- da previsão do tempo.dade. Monitoramento do nível dos rios e previsão hidrológica A terceira parte é o ponto de Educação Am- – a bacia do rio Itajaí-Açu é monitorada por dezesseis es-biental e Interação com a Comunidade. “Muitos tações telemétricas, que coletam, em tempo atual, o nívelanimais chegam à Polícia Ambiental por denún- dos rios e a precipitação ocorrida. Com base nessas infor-cia ou por ligação de moradores. Nós queremos mações, são realizadas as previsões de nível para Blumenau,entrar em contato com esses moradores, mapear com até oito horas de antecedência.de onde estão vindo essas ocorrências e criar ummapa estatístico de incidentes com a Fauna Ur- Laudos técnicos – elaboração de laudos técnicos de si-bana aqui em Blumenau”, explica Sheila Regina tuações adversas (trovoadas, chuvas intensas e vendavais).Schmidt Francisco, do Departamento de CiênciasNaturais da FURB e responsável pela terceira parte Pesquisa – São desenvolvidos estudos meteorológicos,do projeto. climatológicos e hidrológicos, com o objetivo de aperfeiço- ar o conhecimento dos principais sistemas meteorológicos Dentro dessa terceira parte existe, ainda, a pre- que atuam no Sul do Brasil. Estes estudos também forne-ocupação com a educação ambiental, que, confor- cem subsídios para o aperfeiçoamento dos modelos mate-me Sheila, será nas escolas da cidade. “Nós que- máticos de previsão do nível do rio Itajaí em Blumenau eremos mapear onde aconteceu a maioria dessas outras cidades do Vale do Itajaí.ocorrências com animais silvestres. Selecionar essalocalidade e entrar em contato com escolas da re- Extensão - atividades de extensão são realizadas, prin-gião para realizar um trabalho de conscientização cipalmente, com a Defesa Civil do município de Blumenau,com as crianças sobre a nossa fauna”, declara. quando as informações do CEOPS são repassadas para a to- mada de decisão em situações de risco de eventos extremos. Gigantes da Ecologia | 135

Homenagens EspeciaisAlumetal Alumetal recicla e aproveita água da chuva para diversos processos 136 | As 12 Feridas Ambientais do Planeta

A Alumetal, empresa sediada na cidade de pesada, lixamento de peças molhadas e retorno para a Blumenau-SC, acredita ser possível produ- Estação de Tratamento de Efluentes (ETE). Além dis- zir com sustentabilidade. São 30 anos de so, é utilizada na descarga de banheiros. A economia comprometimento com o futuro ambiental mensal é de 49.500 litros de água.e social. Além de um trabalho sério de reutilização deágua, a empresa também mantém a AEFA (Escolinha A água da chuva é utilizada no processo para lim-de Futebol Alumetal), que conta com mais de 8 núcle- peza final, limpeza fina em todas as áreas, para resfriaros. Desde 2001, mais de 3.500 crianças e jovens foram o telhado (manter a temperatura em sistemas de aque-beneficiados. A empresa também está envolvida em cimento), molhar plantas e lavar calçadas. Faz quaseoutros projetos sociais. 20 anos que a empresa utiliza essas duas fontes de água e, nesse período, obteve economia mensal em Desde 1998, a água utilizada nos processos quími- torno de 80% nos gastos com a água proveniente docos é devolvida ao meio ambiente 100% tratada e os SAMAE – Serviço Autônomo Municipal de Água e Es-resíduos sólidos industriais são encaminhados a em- goto, empresa responsável pela captação e tratamen-presas licenciadas para dar o destino correto. to e distribuição de água em sua cidade. A empresa faz o reuso da água reciclada e capta- Em 2017, a ALUMETAL iniciou a implantação doção de água da chuva. A água reciclada é utilizada nos Projeto Sustentabilidade, que conta com a instalaçãoprocessos industriais como primeira limpeza (limpeza de sistema de captação de água da chuva em escolas de Blumenau. Os educandários participantes também terão um núcleo da AEFA. A diretoria da empresa faz questão de enfatizar que se preocupa com o futuro das próximas gerações e, por isso, investe em projetos de sustentabilidade e sociais. Gigantes da Ecologia | 137



GiPgdraaêEmcnoilotogeias

Prêmio Gigantes Da EcologiaW8 TêxtilW8 Têxtil produz de forma sustentávelA W8 Têxtil, de Blumenau, que está no merca- do desde 2000, é uma das muitas empresas nas convenções da Organização Mundial do Trabalho que trabalha em consonância com a preser- (ILO) e demonstrar ausência de violação dos seguintes vação do meio ambiente. A empresa é espe- itens: mão de obra infantil, mão de obra involuntária,cialista na produção de roupas femininas infantis para coerção e assédio, discriminação, saúde e segurança,grandes magazines. remuneração, proteção ao meio ambiente, leis e nor- mas regulamentadoras, fiscalização e cumprir a lei. Em seu currículo constam a certificação de fornece- Com esta certificação, segundo o diretor, Valdir de Oli-dores ABVTEX (Associação Brasileira do Varejo Têxtil) veira, a W8 está apta a produzir quaisquer produtose a certificação FAMA (Facility and Merchandise Au- têxteis, licenciados pela Disney.thorization Application and Instructions). A Associaçãotem por objetivo permitir ao varejo certificar e monito- Oliveira explica que a empresa é toda gerida erar seus fornecedores quanto às boas práticas de res- pensada de forma a minimizar os impactos ao meioponsabilidade social e relações do trabalho. ambiente. Os cerca de 150 funcionários diretos e 300 indiretos são orientados a seguir as normas de susten- Para receber a certificação FAMA, a empresa pre- tabilidade da W8. “Estamos sempre a procura das me-cisa atender ao código de conduta da Disney, baseado lhores práticas com o objetivo de minimizar a degra- dação ambiental. Também temos preocupação com a140 | As 12 Feridas Ambientais do Planeta

gestão ecoeficiente do consumo de energia ENTENDA A W8:e de água em todas as nossas operações”,declara. Na empresa a água da chuva é cap- A W8 não se contenta em trabalhar somentetada para o consumo industrial. Após utili- com o objetivo de minimizar os impactos ambien-zada, a água é tratada para seu reuso. Os tais. Também se preocupa em conhecer seus forne-colaboradores também fazem parte desse cedores e escolher os que seguem na mesma linhaprocesso de sustentabilidade, fazendo a de gestão.classificação e destinação adequada de to-dos os resíduos gerados. Todas as lâmpadas Os recursos naturais são utilizados de forma res-fluorescentes, cerca de 950, foram trocadas ponsável, com captação da água de chuva, reuso dapor unidades de LED, que são mais econô- mesma e economia de energia.micas. “Estamos trabalhando com o nossomaior cliente no sentido de buscar mais A W8 é signatária do Pacto Global das Naçõeseficiência na redução de resíduos têxteis”, Unidas, que tem por objetivo boas práticas nos ne-garante. gócios relacionados a temas de Direitos Humanos, do Trabalho, combate à corrupção e preservação A empresa só trabalha com fios de algo- do meio ambiente.dão que tenham certificação BCI (Iniciativapor um algodão melhor). Nos fios de ou- Promove o engajamento de clientes, fornecedo-tros materiais, é dada preferência aos que res e colaboradores, no sentido de promover a edu-tenham algum tipo de comprometimento cação sobre sustentabilidade.ecológico. Entre os fios usados estão o depoliéster PET, e os desfibrados, que sãoproduzidos com resíduos de malha. Umdos fornecedores da W8 é a Filobras FiosTêxteis, que trabalha com um novo conceitode fios chamado TBM ECO. Cada etapa doprocesso produtivo desses fios foi pensadapara economizar, reciclar e reaproveitar osrecursos naturais de forma sustentável. Osfios da família ECO são feitos a partir defibras ecologicamente corretas e proces-sos limpos. A utilização de fios de algodãoreutilizados, poliéster PET e economia deágua no processo produtivo, entre outraspráticas, demonstram o comprometimen-to da W8 com relação à sustentabilidadee servem de inspiração para aqueles que sepreocupam com as gerações vindouras.

Prêmio Gigantes Da EcologiaARAMExaustor Solar ARAM proporcionamais conforto térmico aos ambientesA ROV8, empresa blumenauense, tem por mis- são melhorar a condição térmica de ambien- eletrodomésticos, injetoras de plástico, cerâmicas, tes de forma ecológica e autosustentável. montadoras de veículos, oficinas, e outros ambientes grandes nos quais há calor gerado por equipamentos.Com esse intuito, a empresa tem trabalhado Pode ser utilizado, também, com resultado satisfatório,no desenvolvimento de produtos que contribuam com em centros comerciais, shoppings, lojas e residências,o meio ambiente. Um dos produtos mais conhecidos nos quais se deseja uma temperatura inferior à ambien-manufaturados pela ROV8, o Exaustor Solar ARAM, é, te, que, normalmente, necessitam de ar condicionado.verdadeiramente, um caso de sucesso. Este produto foiprojetado para melhorar o conforto térmico e a quali- Como funciona?dade do ar para as pessoas que trabalham em ambien-tes excessivamente quentes, sem que haja necessidade O Exaustor Solar ARAM se baseia no princípio físicode energia elétrica ou de manutenção.Sua função é mi- de que o ar quente sobe. Isto ocorre pelo fato de quenimizar o uso de energia para diminuir a temperatura o ar se expande ao aquecer, passando, portanto, a terde ambientes que precisam ser refrigerados. um peso específico menor do que o ar não aquecido, impulsionando-o para cima. Quem já fez fogo em larei- ras ou em fornos a lenha, conhece bem esse princípio. Este equipamento é uma solução prática espe- Quando se inicia o fogo, a fumaça sai mais pela bocacialmente para galpões industriais, como tinturarias, do forno do que pela chaminé. Porém, à medida que aestamparias, confecções, indústrias de móveis e de,

chaminé aquece, esta começa a puxar o ar para fora menor. Dependendo de outros fatores, pode haverdo forno, de forma a exigir que a boca do mesmo essa variação.seja fechada, para que a madeira não seja queima-da rápido demais e o calor permaneça. No caso de não haver laje ou forro, retirará o ca- lor de todo o galpão, oportunizando a entrada de Conheça o equipamento ar, que diminuirá a temperatura ambiente. A expe- O Exaustor Solar ARAM é uma chaminé com- riência mostra que, em galpões industriais, quandoposta por coletores solares parecidos com os já co- a temperatura externa é de 28ºC, a interna é de cer-nhecidos coletores solares, utilizados para aquecer ca de 38ºC. O exaustor trará esta temperatura paraa água em residências. O equipamento absorve o aproximadamente 30ºC, tornando o ambiente maiscalor do sol e, ao invés de aquecer água como cita- agradável.do, transfere este calor para o ar que está dentro dachaminé. Desta forma, aquece o ar, que se expande,diminuindo seu peso específico e fazendo-o subir.Forma, assim, uma corrente de ar ascendente, quearrasta o ar que está abaixo nesta mesma direção,que também será aquecido no tubo e causará omesmo resultado. Montado sobre as cumeeiras degalpões, sejam industriais ou comerciais, ou, mes-mo, sobre residências, retira o ar quente que estáno ambiente dos mesmos. No caso de haver laje ou forro, retirará o bolsãodo ar quente do espaço que fica entre o telhadoe a laje, que costuma, quando o ambiente externoestá próximo de 30º C, ficar em torno de 56º C. Aodiminuir em quase 50% o calor deste espaço, a lajeou forro também resfriará, mesmo que seja termi-camente isolada. Isto significa, na prática, que ocalor levará mais tempo para passar pelo isolamen-to. Desta forma, o ambiente abaixo receberá umaquantidade bem menor de calor. E a quantidade deenergia necessária para trazer este ambiente a umatemperatura de, por exemplo, 22ºC, será 20% a 50%BENEFÍCIOS:• Não necessita de energia elétrica, pois, utiliza o calor do sol;• É extremamente eficaz e eficiente. Utiliza 98% da energia solar aplicada;• Os coletores, praticamente, não necessitam de manutenção. Eles não possuem peças móveis;• Não aumenta e não diminui a umidade do ar;• Do ponto de vista humano, o exaustor contribuir para a saúde dos colaboradores, visto que me-lhora a qualidade do ar inspirado e a temperatura ambiente, proporcionando mais conforto térmico;• Do ponto de vista empresarial, reduz os gastos com energia, e, consequentemente, o custo.Site: www.rov8.com.br Gigantes da Ecologia | 143

Prêmio Gigantes Da EcologiaCIMVICIMVI investe em Centro de Referênciaem Educação Ambiental e EnergiaA Política Nacional de Resíduos Sólidos foi aprovada em 2010 e determinou que todos clagem, tratamento e disposição final com intento a os lixões do país deveriam ter sido fechados tecnologias que visem à recuperação energética com até 2 de agosto de 2014 e o rejeito (aquilo comprovada viabilidade técnica e ambiental.que não pode ser reciclado ou reutilizado) encaminha-do para aterros sanitários adequados. Mesmo diante A área destinada ao atual aterro sanitário consor-deste cenário nacional fragilizado, os municípios do ciado é de titularidade dos municípios que se utilizamCIMVI já atendem integralmente essa demanda desde do serviço, sendo eles Apiúna, Ascurra, Benedito Novo,o ano de 2003. Botuverá, Doutor Pedrinho, Indaial, Pomerode, Rio dos Cedros, Rodeio e Timbó (estando em vias de adesão Porém, observando realidades de vanguarda de pa- Luiz Alves e Massaranduba) com área total de 453 milíses como Alemanha, Japão e EUA que, desde o ano m2 e operando cerca de 3,7 mil ton/mês. O projeto completo visa à implantação de ações integradas dede 2005 encerraram atividades de aterros sanitários, conscientização ambiental, coleta, transbordo, triagem,priorizando aproveitamento energético dos resídu- política reversa, geração de energia e disposição final.os gerados, foi desenvolvida uma proposta inovadora Para tal várias medidas estão sendo implementadas enesse sentido, em consonância com a Lei 12.305/2010 redesenhadas, sempre estas aprovadas em Assembleiada Política Nacional dos Resíduos Sólidos, que orienta conforme Estatuto estabelecido. O projeto será conclu-no sentido da não geração, redução, reutilização, reci- ído em etapas durante o ano de 2018.144 | As 12 Feridas Ambientais do Planeta Studio Halla3d

Studio Halla3d NESTE SENTIDO FORAM DEFINIDAS ÁREAS E FINALIDADES: Área 01: Sede do CIMVI multifinalitário envolvendo au-CIMVI ditório e sala de exposições para atendimento a alunos de Em razão de problemas ambientais comuns de- escolas, entidades e treinamentos na visão ambiental alémcorrentes de atividades levadas a efeito por suas ad- de escritórios de atendimento. As obras devem ficar pron-ministrações, os municípios de Benedito Novo, Doutor tas em 2018.Pedrinho, Rio dos Cedros, Rodeio e Timbó, situadosno Médio Vale do Itajaí, Santa Catarina, firmaram in- Área 02: Central de Triagem integrada dos resíduos re-tenção de cooperação mútua e constituição de pes- cicláveis e política reversa, de forma automatizada e quali-soa jurídica para promover a gestão consorciada de ficada (status - obras em andamento com previsão de con-atividades potencialmente poluidoras ou utilizadoras clusão para fevereiro de 2018):de recursos ambientais. Com isso, surgiu o ConsórcioIntermunicipal do Médio Vale do Itajaí (CIMVI). Área 03: Central dos resíduos da coleta convencional e aproveitamento energético, através de processos de bio- Com base no artigo 47 da Lei nº 9.433/97 (Polí- metanização, gaseificação e fotovoltaica via modelo de Par-tica Nacional de Recursos Hídricos), tornou-se reali- ceria Público-Privada (status - edital e referencial específicodade, em agosto de 1998, o Consórcio Intermunicipal em andamento com meta de lançamento em julho de 2018):da Bacia Hidrográfica do Rio Benedito. Em janeirode 2003, ingressaram no Consórcio os municípios de Todas estas ações são resultantes de parceria entre o CIMVI e técnicos da AMMVI (Associação dos Municípios do Médio Vale de Itajaí), AGIR (Agência Intermunicipal de Re- gulação) e contribuições da Universidade de Boros – Suécia e FURB (Fundação Universitária de Blumenau). A consoli- dação deste projeto é sinônimo uma Política Pública que visa Responsabilidade Social e Sustentabilidade Ambiental. Apiúna e Ascurra e, no mesmo ano, as cidades de Indaial e Pomerode. Em 2013, ingressaram os muni- cípios de Gaspar, Guabiruba e Botuverá. Esses muni- cípios somam um contingente de 282.557 habitantes (IBGE-2016). Entre as finalidades da CIMVI estão à promoção de atividades ligadas ao Turismo, Cultura e Espor- tes, com a implementação das famosas rotas de ci- cloturismo e programa Mochileiros. Entre os outros produtos constam; Programa de Licenciamento Ambiental em parceria otimizada com os municípios aderentes e o Programa de Saneamento em Resídu- os Sólidos, através da gestão e disposição final em aterro sanitário consorciado estabelecido no municí- pio de Timbó. Gigantes da Ecologia | 145

Prêmio Gigantes Da EcologiaSicoobSICOOB São Miguel - projeto: água é vidaprojeto Água é Vida, implantado há seis anos, tem por objetivo sanar pas-O sivos ambientais da microbacia La- 112 famílias rurais e urbanas estabelecidas em 3 comunidades que compõem a microbacia do Lajeado Pessegueiro, atingindo 381 pessoas nojeado Pessegueiro, no município de seu total. A maioria das famílias é composta porGuarujá do Sul-SC. Entre as ações contempladas produtores rurais da agricultura familiar, cuja áreano projeto estão, isolar e recuperar nascentes; média de suas propriedades é menor que 20 ha.planejar as propriedades; retirar árvores exóti- As principais atividades econômicas são a pro-cas; instalar reservatórios de água comunitários; dução de leite, com a concentração de muitospromover coleta seletiva do resíduo; adequar sa- animais em pequenas áreas de solo e a de grãos.neamento ambiental; limpar e manter os poçose nascentes de água existentes e melhorias no A comunidade contou com muitas parcerias, viabilizando recursos financeiros e humanos,desempenho social, ambiental e econômico. O com o objetivo de promover a gestão ambiental,leito do Lajeado Pessegueiro e suas nascentesnecessitavam de cuidados urgentes, pois, em sua econômica e social do ambiente de forma inte- grada, conservando e melhorando a biodiversi-maioria estavam desprovidos de vegetação, di- dade para o equilíbrio do ambiente, melhoria daminuindo todas as formas de vida nativas (faunae flora), aumentando consideravelmente os pro- renda e da saúde de todos os residentes na área em questão. O projeto também ajudou a me-blemas com a saúde ambiental, a falta e a baixa lhorar e aumentar a biodiversidade desse local,qualidade da água, assim como assoreamento,erosão e problemas sérios de degradação com ligando o corredor ecológico ao Rio das Flores.impacto das gotas de chuva. A metodologia participativa foi decisiva, aPara que o projeto se tornasse realidade, no opinião de parceiros e comunidade para apli- cação e multiplicação das tecnologias e açõesano de 2010, um grupo de pessoas organizou um previstas no desenvolvimento do projeto. A re-movimento em Guarujá do Sul baseado na baciahidrográfica para proteção das águas do Rio das estruturação da Bacia Hidrográfica do Lajeado Pessegueiro hoje é uma unidade de referência,Flores, que abrange 10 municípios da região do oferecendo um modelo para visitas, estudos eExtremo Oeste Catarinense, servindo uma popu-lação aproximada de 80 mil habitantes. O proje- práticas para escolas, universidades, educadores, empresas públicas e privadas, grupos sociais or-to é amplo e previu várias ações para a proteção ganizados. A necessidade ambiental, benefíciosciliar. A adesão dos municípios envolvidos foiampla pelas lideranças e população. O apoiador econômicos, comodidade social, da preservação e do cuidado com a manutenção da água emfinanceiro do projeto é o SICOOB São Miguel, quantidade e qualidade, pelo replanejamento eque estabeleceu como uma das suas bandeiraspara atuação na comunidade investimentos em ordenamento de cada propriedade rural de acor- do com a aptidão e uso do solo, recursos eco-meio ambiente, mais especificamente na pre- nômicos e humanos são imprescindíveis à conti-servação da água. Com isso passou a patrocinarações em parceria com a sociedade. nuidade das ações e sustentabilidade do projeto. A comunidade local decidiu sanar todos os Pela demanda crescente por alimentos epassivos ambientais de suas propriedades rurais outros produtos agrícolas, a agricultura teme assim ser uma referência em gestão ambiental um importante papel no sequestro de carbono,em um pequeno afluente do Rio das Flores (o gestão de bacias hidrográficas e preservação daLajeado Pessegueiro), com uma população de biodiversidade. A agricultura, se mal planejada,146 | As 12 Feridas Ambientais do Planeta

contribui para o enfraquecimento dos lençóis freáti- soas formadas para praticar a reciclagem de resíduos;cos, poluição por agroquímicos, exaustão dos solos multiplicadores em gestão sustentável, educadorese pela mudança climática global. A degradação dos ambientais capacitados em gestão sustentável de Ba-recursos naturais mina as bases para a futura pro- cia Hidrográfica.dução agrícola e aumenta a vulnerabilidade a riscos,impondo desse modo perdas econômicas. Mas esses O projeto Água é Vida mostrou aos parceiros ecustos podem ser muitas vezes minimizados através atores que integram a Bacia do Lajeado Pessegueiroda combinação de reformas nas políticas e inovações de como é importante a gestão partilhada. O grau deinstitucionais e tecnológicas, adoções de práticas responsabilidade disso consolidou o que foi propos-conservacionistas, obediência à legislação vigente e to levando em consideração vários fatores, que po-uso do solo pela vocação do mesmo. deriam colocar em risco o resultado, como interesses pessoais, resistência, conservadorismo, dificuldades Por isso, o projeto também previa ações de sensi- financeiras, a falta de conhecimento, falta de tempo,bilização da comunidade. A mobilização, a sensibili- disponibilidade dos atores frente a outras necessida-zação e a gestão participativa possibilitaram os resul- des, entre outros.tados alcançados. A atuação do SICOOB São Miguelno projeto do Lajeado Pessegueiro foi estratégica e O sucesso do projeto mede-se pela sua repercus-fundamental para o seu êxito. A presença em mui- são, fruto da união e conscientização, de ações reali-tas ações desenvolvidas, nas discussões e tratativas zadas com responsabilidade e transparência, provandono decorrer desses seis anos, o aporte de recursos ser possível atingir resultados coletivos e duradouros.financeiros para consolidar as ações, a visibilidade ereferência gerada são indicadores que pesaram na to- Gigantes da Ecologia | 147mada de decisão para a parceria. Assim, a bacia do Lajeado Pessegueiro tornou-seuma unidade de referência regional em Gestão Hi-drográfica e a imagem do SICOOB São Miguel ficapermanentemente associada ao projeto. Foram aten-didas 112 famílias diretamente em três comunidadescom uma área total de 4.300 hectares, são 18 mil me-tros de cercas instaladas preservando os cursos deágua do lajeado, assim preserva 11 hectares formandoa mata ciliar, um corredor ecológico para a fauna e flo-ra. Aumentou 300% a capacidade de armazenamentode água através da proteção de18 fontes superficiais,14 cisternas, mais de 20 sistemas de tratamento de es-goto sanitário, 8 passadores de animais, 5 mil mudasde árvores plantadas, 22 hectares de terra com cultivoe manejo do solo adequados a produção leiteira, 30propriedades rurais planejadas, dimensionadas e es-truturadas para a sustentabilidade; coleta seletiva doresíduo implantada permanentemente, além de pes-

Prêmio Gigantes Da EcologiaAmigos da NaturezaGrupo “Amigos da Natureza” – um bom exemplo a ser seguidoquela frase bem conhecida “quem quer faz, não espera acontecer” se aplica ao cidadãoA João Muniz, que não se conforma com a de-gradação do meio ambiente. “Todos os dias, pessoas para realizar o trabalho. Foram retiradas qua- tro toneladas de resíduo. Um absurdo, visto que eles trabalharam somente na região sul de Blumenau.a caminho do meu trabalho, me deparava com uma si- Satisfeito com o resultado o grupo, agora intitulado “Amigos da Natureza”, criou mais três ações de limpe-tuação que me incomodava: muitos objetos flutuando za, divididas em quatro etapas. Com a colaboração deno Ribeirão Garcia. Tinha de tudo – plástico, papelão,sacolas e até um sofá eu vi”, lembra. 120 pessoas, foram recolhidas dez toneladas de resíduo das margens e de dentro do ribeirão.Todos os dias, quando via isso, Muniz se sentia in-comodado. Até que resolveu convidar uns amigos, Quando as coisas dão certo fica mais fácil atrair ou- tras pessoas para o projeto e novas ideias vão surgin-amadureceram a ideia e, em janeiro de 2015, com muita do. O grupo não para, está sempre com uma nova ação.boa vontade, eles realizaram a primeira “Limpeza doRibeirão Garcia”. A princípio, estavam contando com Em maio de 2015, o grupo cadastrou sete comércios lo- cais, os quais se transformaram em postos de coleta dedez voluntários. Para surpresa de todos, apareceram 38148 | As 12 Feridas Ambientais do Planeta

óleo de cozinha usado. Desta forma, o óleoé descartado de forma correta. “Tenho cer-teza de que esse material altamente poluen-te ia parar nos rios e mananciais, agredindoo meio ambiente”, avalia Muniz. Em setembro de 2015, o grupo soltou noRibeirão Garcia 30 mil peixes, a pedido doSamae. “Foi um dia maravilhoso e inesque-cível para todos nós que lutamos pela vida.” Em 2016, o grupo criou e coordenou alimpeza, pintura e plantio de flores e árvoresem duas praças públicas, no Bairro Progres-so. As praças estavam totalmente abando-nadas e agora são frequentadas pelos mo-radores. Em 2017, o “Amigos da Natureza”, con-vidado pela International Rivers (EUA) criouo evento mundial: “14 de março – Dia Inter-nacional de Ações para os Rios”, e levou atéa escadaria da catedral, no centro de Blu-menau, faixas e cartazes alertando as pes-soas para preservar o meio ambiente. Alémdisso, distribuiu panfletos sobre o assunto.“Abordamos e conversamos com mais de1.600 pessoas e 35 pessoas trabalharam deforma voluntária no evento.” Para comemorar o Junho Verde, foi re-alizada a primeira Missa da Natureza, como apoio do padre João Bachmann. A açãodeu tão certo que entrou para o calendárioanual oficial do município. No mesmo pe-ríodo, também foi criado o 1º Concurso deFotografia da Natureza. “Foi a forma queencontramos de aproximar as pessoas domeio ambiente e perceber o quanto é bo-nito e importante para nossa sobrevivência.As melhores fotos de natureza foram pre-miadas”, conta. Com essas ações, o grupo acredita queestá no caminho certo para sensibilizar aspessoas quanto à preservação ambiental.Muniz diz que o grupo está sempre com oolhar voltado para o futuro, pensando naspróximas gerações, em deixar condições fa-voráveis para os que virão depois. Gigantes da Ecologia | 149

Prêmio Gigantes Da EcologiaSamae TimbóBoas práticas realizadaspelo SAMAE Timbó para oabastecimento de águaE ntre os princípios fundamentais estabelecidos na Lei Federal a água que foi tratada nas Estações de 11.445/07, que instituiu a Política Tratamento de Água (ETA) no país, não Nacional de Saneamento Bási- foi consumida pela população (BRASIL,co, pode ser observado o compromis- 2015; ONU, 2017). Em um exemplo práti-so com a universalização do acesso aos co, uma ETA que opera durante 24 horasserviços públicos de saneamento básico, por dia para fornecer água potável paracompreendidos em abastecimento de os habitantes de um município, passaráágua potável, esgotamento sanitário, mais de 8 horas deste período para pro-drenagem de águas pluviais e a gestão duzir um volume de água potável quedos resíduos sólidos urbanos (BRASIL, não será entregue.2007). Estudo de caso no município de Timbó Dentre estes serviços elencados, o Embora 95% da população de TimbóSistema Nacional de Informações sobre tenha acesso às redes públicas de águaSaneamento (SNIS) aponta que 83% da potável, e o município apresente um ín-população brasileira foi atendida com o dice de perdas na rede de distribuição daserviço de distribuição de água potável ordem de 35,3%, o SAMAE Timbó, que é ano ano de 2014, enquanto que, no âm- autarquia responsável pela prestação dosbito nacional, apenas 40,8 do esgoto serviços de saneamento básico no âmbitogerado foram tratados (BRASIL, 2014). municipal, realiza investimentos para ten-Entretanto, por mais que os serviços pú- tar otimizar este cenário (SAMAE, 2017).blicos de abastecimento de água potá-vel estejam próximos da universalização, As ações praticadas pelo SAMAE Tim-ainda existem grandes índices de perdas bó, visando a redução de perdas no sis-na distribuição. tema de abastecimento de água, são ba- seadas na aquisição de equipamentos e Em relação às perdas na distribuição tecnologias, na valorização e capacitaçãode água, os índices levantados pelo SNIS dos profissionais, bem como na operação,em 2015 apontam que 36,7% de toda manutenção e expansão dos sistemas.150 | As 12 Feridas Ambientais do Planeta


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