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Portugues - 7 ano

Published by lucasgrisotti15, 2023-07-17 13:52:20

Description: Portugues - 7 ano

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7 Linguagem: conexão com o mundo Coleção Linguagem: A arte da reflexão 2a edição Doris Day Rosane Hart Livro Digital Florianópolis, 2023.

COLEÇÃO LINGUAGEM: A ARTE DA REFLEXÃO Copyright © 2017, by Editora Sophos Ltda. Editora Sophos Rua Cristóvão Nunes Pires, 161 / Centro www.editorasophos.com.br 88010-120 / Florianópolis / SC E-mail: [email protected] Fone: (48) 3222-8826 e 3025-2909 Catalogação na publicação por: Onélia Silva Guimarães CRB - 14/071 D273l Day, Doris Linguagem : conexão com o mundo / Doris Day, Rosane Hart. – Florianópolis : Sophos, 2010. 184p : il. – (Coleção Linguagem : A Arte da Reflexão; 6o ano) SER: Sistema de Ensino Reflexivo Inclui bibliografia ISBN: 978-85-85913-73-1 1. Linguagem – Estudo e Ensino. 2. Língua portuguesa (Ensino fundamental). I. Hart, Rosane. II. Título. III. Série. CDU: 806.90:37 Coleção Linguagem: A arte da reflexão FICHA TÉCNICA Supervisão Editorial Gígi Anne Horbatiuk Sedor Edição Silvio Wonsovicz Hatsi Rio Apa Pesquisa iconográfica e Ilustração Isabel Maria Barreiros Luclktenberg Revisão FK Estudio Projeto gráfico e diagramação 2023 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônicos ou mecânico, incluindo fotocópias e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora.

Conheça o seu livro Linguagem: Conexão com o mundo / 7o ano MOTIVANDO A PENSAR Abre todos os capítulos da coleção Dialogando com a História e representa uma “primeira conversa” sobre um determinado tema. Serve de “aquecimento” para um debate mais amplo e qualificado. PROBLEMATIZANDO São questões propostas em torno do assunto em foco com o objetivo de levar você a pensar criticamen- te e considerar os seus diversos aspectos, atentando para os desdobramentos econômicos, políticos e so- ciais dos acontecimentos históricos e alcançando um maior domínio da complexidade que os caracteriza. COLOCANDO A MÃO NA MASSA Este é o momento culminante de cada capítulo; po- deríamos dizer que é a etapa mais empírica do processo de aprendizagem, em que professores e estudantes, li- teralmente, colocam a mão na massa. Tal proposta po- derá ser concretizada em feiras de ciências, saídas de campo (visitas orientadas a museus, sítios arqueológi- cos, arquivos históricos, comunidades indígenas e qui- lombolas etc.). Em determinadas situações, estudantes e professores poderão fazer intercâmbios com outras escolas da rede de ensino, promovendo um debate mais consistente.

Coleção Linguagem: A arte da reflexão LINKS COM OUTRAS DISCIPLINAS Traçam relações do tema em estudo com aborda- gens do mesmo assunto sob o enfoque de outras disci- plinas; podem conter questões para pesquisa em outra área do conhecimento ou mais informações produzidas pela investigação dos profissionais de outras especiali- dades. O objetivo é que você desenvolva uma visão in- terdisciplinar do conhecimento. CONECTANDO COM O MUNDO Aqui é fundamental o exercício de intertextuali- dade, em que você, com o auxílio do(a) professor(a), buscará novas fontes de pesquisa sobre o tema es- tudado e realizará um “confronto de ideias”. As fontes de pesquisa poderão ser retiradas de sites da Inter- net, registros musicais, livros paradidáticos etc. EXERCÍCIOS NoLorem ipsum dolor sit amet, consectetuer adipis- cing elit, sed diam nonummy nibh euismod tincidunt ut laoreet dolore magna aliquam erat volutpat. Ut wisi enim ad minim veniam, quis nostrud exerci tation ullamcorper

Apresentação Linguagem: Conexão com o mundo / 7o ano Gígi Anne Horbatiuk Sedor1 As Reflexivo – S.E.R. Coleções dos livros Didático-Reflexivos do Sistema de Ensino apresentam os conteúdos das diversas disciplinas em uma abor- dagem dinâmica, interdisciplinar, propiciando o desenvolvimento de uma vi- são crítica e ampla dos temas estudados. Objetivamos que tanto os conteúdos quanto as atividades propostas desloquem o olhar dos estudantes do ponto de vista acostumado, habitual, do senso comum, por meio do estudo ativo, investigador, movido pela curiosi- dade a respeito do mundo, estudo em que experiência vívida e embasamento teórico apresentem-se imbricados. Mais que um conjunto de respostas pron- tas, fechadas, queremos que o estudante apreenda a arte da pergunta diante do conhecimento que lhe é oferecido, que possa aprender a aprender e que tenha domínio do processo de produção de novos conhecimentos. Temos, para além do comprometimento com o desenvolvimento cogni- tivo dos estudantes, um comprometimento com a sua formação ética e polí- tica, com a preparação para o exercício da cidadania, com o aprimoramento do poder pessoal do cidadão que está, por sua vez, intrinsecamente ligado ao acesso à informação e ao preparo para julgar sua relevância e confiabilidade, ao pensar autônomo e crítico. Exercer o papel de sujeitos críticos exige a competência da compreen- são, que está vinculada ao saber escutar, observar, pensar e ao saber comu- nicar-se com o outro, dialogar. Compreender a si mesmo, ao mundo, ao outro e às interações entre esses e ser capaz de usar as diversas formas de lingua- gem são fundamentais para sermos cidadãos. Pensar, compreender e aprender autonomamente nos permite estar pre- parados para mudanças, para o imprevisto, para o novo, para a interação e a contextualização. Como veem, nosso material didático convida professores e estudantes a mudarem de perspectiva em relação ao processo de aprendizagem, passan- do de uma pedagogia da dependência para uma pedagogia da autonomia. 1. Graduada em Filosofia e Mestra em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Doutora em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP). Coordenadora Pedagógica do S.E.R., Sistema de Ensino Reflexivo.

Coleção Linguagem: A arte da reflexão Cabem ao professor no Ensino Reflexivo as tarefas de criar, organizar e co- ordenar dinamicamente as atividades, estimulando a elaboração de conhe- cimento por parte dos alunos e o desenvolvimento da autoconfiança desses em suas competências, favorecendo seu processo de humanização, de cres- cimento pessoal e de socialização. Esse posicionamento pedagógico nos parece promissor porque estudantes envolvidos nessa proposta tendem a: diminuir a dependência da ação do professor; “demonstrar maior grau de autodeterminação e de consciência crítica; “apresentar maior capacidade de resposta perante diferentes situações; “expressar o prazer alcançado com a percepção do próprio progresso; “desenvolver o espírito científico e o gosto pela criatividade; “passar a delinear os próprios objetivos como sujeitos do pro- cesso de aprendizagem; e “organizar Comunidades de Aprendizagem Investigativa para a pesquisa de soluções para os problemas propostos. Professores, estudantes e pais reunidos em um projeto de Ensino Reflexi- vo podem modificar paradigmas do conhecimento, éticos, políticos e econô- micos, influindo no curso dos acontecimentos. Podem modificar os homens e os modos de fazer a vida. Este é o poder que provém da reflexão, da compre- ensão, da organização do pensamento e da imaginação humana. Desejamos um bom trabalho a todos! Que frutifique! Coordenação Pedagógica do S.E.R.

Palavras Linguagem: Conexão com o mundo / 7o ano ao estudante Doris Day 1 Rosane Hart 2 O livro “Linguagem: conexão com o mundo” pretende ajudá-lo(a) em sua jornada de reconhecimento da linguagem como rota principal no pro- cesso comunicacional e de construção do conhecimento. Nossa viagem percorre o universo, o nosso mundo (exterior e interior), as Américas e, por fim, o Brasil. Nesse percurso, apresentamos persona- gens que contribuíram para que a língua portuguesa fosse tal como a te- mos hoje. Essa viagem procura resgatar as histórias dos diversos grupos que habitam o mundo e que hoje, podemos dizer, são também minhas, suas, enfim, a nossa história. E, falando no mundo das histórias, selecionamos textos diversos para que você possa se transportar para outros mundos através da reflexão, da sua imaginação e da sua criatividade. Boa viagem... As autoras 1. Graduada em Letras Português pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC (1998), com habilitação em Língua Portuguesa e Literatura Portuguesa e Brasileira. Atualmente leciona no Ensino Fundamental e Médio as disciplinas de Lín- gua Portuguesa, Literatura, Interpretação de Textos e Redação no Colégio Catarinense, em Florianópolis. Atuou também como professora e na área de revisão de textos e produção de materiais didáticos em diversos cursos pré-vestibulares. Desde os primeiros estágios procurou se dedicar aos processos de construção de texto, trabalhando na área de revisão e produção textual. O ambiente de sala de aula, entretanto, capta totalmente sua atenção e é no trabalho diário que vem aprendendo a ensinar. 2 Graduada em Letras Português e Alemão pela Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC (2000) e em Letras Inglês pela Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL (2005). Mestra em Literatura Brasileira pela Universidade Fe- deral de Santa Catarina – UFSC (2008). Leciona no Ensino Fundamental e Médio as disciplinas de Língua Portuguesa, Lín- gua Inglesa, Literatura e Redação, tendo atuado também como Assessora de Direção (2006-2009). Atualmente trabalha na Rede Estadual de Ensino em Florianópolis e atua como professora formadora no Programa Gestar II, promovido pelo MEC/ UNB/SED.

Coleção Linguagem: A arte da reflexão

Sumário Unidade 1 Capítulo 1 - Brasis 13 Brasis: Capítulo 2 - O primeiro contato 30 o primeiro contato Capítulo 3 - A conversa continua 45 no nordeste Capítulo 4 - E resolveram sair daqui/seguir adiante 59 Unidade 2 Linguagem: Conexão com o mundo / 7o ano Chegando Capítulo 5 - Chegando à região Sudeste 76 ao sudeste Capítulo 6 - Mais gente vindo por aqui 90 Capítulo 7 - Menos espaço, mais gente 110 Unidade 3 Capítulo 8 - Seguindo pelo litoral 128 Capítulo 9 - O friozinho acolhedor 140 Rumo Capítulo 10 - Na rota dos tropeiros 158 ao sul

Unidade 1 Brasis: o primeiro contato no nordeste

Eu ouço as vozes mais tropical eu vejo as cores mais fraternal eu sinto os passos mais brasileiro. de outro Brasil que vem aí Gilberto Freyre Linguagem: Conexão com o mundo / 7o ano 11

Coleção Linguagem: A arte da reflexão O que você vê na imagem anterior? Ela é a representação do território brasileiro do ponto de vista físico, inclusive indica suas fronteiras com os países vizinhos. Os limites territoriais brasileiros impostos de modo político aparecem delimitados na imagem? País de dimensões continentais, o Brasil destaca-se na América Latina. Ao examinarmos o mapa físico de nosso país, percebemos a unidade territorial, pois, como você pode observar, as indicações dos limites territoriais são na verdade linhas imaginárias, convenções estabelecidas pelo homem. Sabe-se que, ao longo dos séculos, desde a colonização, divisas territoriais foram impostas. Atualmente, tais divisões resultam nas regiões brasileiras: Nordeste, Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Norte. Por outro lado, percebemos que, além dos limites territoriais, também há diferenças culturais evidentes entre os habitantes de cada região. A va- riedade cultural é enorme e, de norte a sul, são conhecidas etnias, tradições, culinárias típicas, músicas, danças regionalistas, lendas, comportamentos, regionalismos linguísticos, entre outros elementos que diversificam e enri- quecem a população brasileira. Durante seus estudos com este livro, proporemos a você a leitura de alguns textos das regiões Nordeste, Sudeste e Sul. A intenção é apresentar uma possibilidade de olhar para a produção cultural dessas re­giões. Desde já, ressalta-se que é um olhar limitado, um passeio rápido por textos, poemas, músicas, lendas, pois não haveria como abordar tamanha riqueza cultural em tão pouco espaço. 12

Capítulo 1 Brasis Motivando a pensar A diversidade brasileira serve como tema para muitos artistas, inclusive cantores. A música Do Oiapoque ao Chuí retrata uma breve viagem do eu lírico de uma ponta a outra do país, destacando alguns pontos turísticos e eventos culturais. A partir de agora, você está convidado a acompanhar essa viagem... Do Oiapoque ao Chuí Linguagem: Conexão com o mundo / 7o ano Arrumei as minhas malas Ai, ai... E de viagem saí Não tem nada igual Pra conhecer o Brasil Que passar uma semana Do Oiapoque ao Chuí Passeando de chalana E pra falar a verdade Pelos rios do Pantanal Eu tenho muita saudade São Paulo que nunca para De tudo que conheci Tem progresso tem fartura No Rio Grande do Sul É o mais rico dos estados Eu dancei o vanerão Na indústria e agricultura Dividi com um índio velho Fui no Rio de Janeiro A cuia de um chimarrão Vi o Cristo Redentor Tive em Santa Catarina Praia de Copacabana Quando em outubro acontece Conheci um grande amor A maior festa do chopp Do Rio pra Minas Gerais Grande Oktoberfest Tive que seguir sozinho Paraná tem Curitiba Fui conhecer Ouro Preto Modelo de capital E as obras do Aleijadinho Cataratas do Iguaçu Beleza internacional

Ai, ai... Ai, ai... Link com História Não tem nada igual Não tem nada igual Que passar uma semana Que passar uma semana Quem foi Aleijadinho? Passeando de chalana Passeando de chalana Que obras ele produziu? Pes- Pelos rios do Pantanal Pelos rios do Pantanal quise a vida e a obra do artista. O estado do Amazonas Eu também passei por lá Fonte: TEODORO; SAMPAIO. Do Oiapoque Você sabia? Conheci a Zona Franca ao Chuí. Intérprete: Teodoro e Sampaio. In: E a festa do Boi Bumbá TEODORO; SAMPAIO. Viola em noite de lua. A Zona Franca de Manaus De lá voei pro Nordeste Produção de Alcino Alves, composição de é um centro financeiro implan- Direto pra Salvador Alcino Alves e Teodoro. Comercial Fonográ- tado com o objetivo de viabili- Vi a igreja do Bonfim fica RGE Ltda., 1998. 1 CD. zar a economia na Amazônia E o carnaval do Pelô Ocidental e promover a inte- Saudade foi me apertando gração produtiva e social da Não deu pra continuar região Norte do Brasil. Voltei pro meu Mato Grosso Meu aconchego, meu lar Coleção Linguagem: A arte da reflexão Você sabia? O Pantanal é um bioma constituído principalmen­te por uma savana estépica, alagada em sua maior parte, com 250 mil km2 de extensão, altitude média de 100 metros, situado no sul de Mato Grosso e no noroeste de Mato Grosso do Sul, além de também englobar o norte do Paraguai e o leste da Bolívia (chamado de chaco boliviano). Fonte: Adaptado de: WIKIPÉDIA. Pantanal. Dis- ponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Pan- tanal>. Acesso em: 27 jun. 2010. Quem são os cantores? A dupla sertaneja Teodoro & Sampaio tem 29 anos de carreira. É formada por Aldair Teodoro da Silva, o \"Teodoro\", e Gentil Aparecido da Silva, o \"Sampaio\", ambos nascidos no estado do Paraná. Os dois, incentivados pelas famílias, começaram a cantar desde muito cedo. Em 1980 os dois se encontraram e formaram a dupla Teodoro & Sampaio. Em 1981, lançaram o primeiro disco com o título Nos braços do mundo e não pararam mais. Ao todo foram 26 trabalhados lançados, dos quais nos últimos 22 receberam discos de ouro. A dupla faz sucesso no Brasil e no exterior, provando que todos os momentos de luta, dedicação e respeito são recompensados pelo reconhecimento do público. Fonte: Adaptado de: TEODORO E SAMPAIO. Disponível em: <http://www.teodoroesampaio.com.br>. Acesso em: 20 jun. 2010. 14

Investigando e refletindo Linguagem: Conexão com o mundo / 7o ano 1. Que informação é sugerida pelo título da música Do Oiapoque ao Chuí? 2. Com o auxílio do(a) professor(a) e de seus colegas, pesquise em um mapa político do território brasileiro e identifique em que estados localizam-se o Oiapoque e o Chuí. 3. O eu lírico (voz que fala no texto) afirma: “Arrumei minhas malas/E de viagem saí/Pra conhecer o Brasil/Do Oiapoque ao Chuí”. Releia a letra da música e reconstitua o trajeto realizado pelo viajante e o que ele fez em cada estado conhecido. 4. Quando a saudade ficou forte demais, o viajante resolveu interromper a viagem e voltar para casa. Em que estrofe isso fica evidente? Qual era sua origem? 5. O refrão da música faz elogio aos passeios de chalana pelos rios do Pantanal. Onde fica o Pantanal? Justifique o porquê de o eu lírico escolher o Pantanal como tema para o refrão. 6. Com o auxílio do mapa a seguir, ou outro de sua preferência, identifique os estados que não foram visitados pelo viajante. 15

Coleção Linguagem: A arte da reflexão Mapa do Brasil com limites dos estados e Link com História visualização das regiões através de cores. Converse com o(a) profes- 7. Discuta com sua turma que outros sor(a) de Geografia sobre a lo- pontos turísticos, manifestações culturais, calização dos pontos extremos e entre outros, o viajante poderia encontrar dos limites do território brasileiro nos estados não visitados. e como esses limites foram esta- belecidos ao longo dos séculos. 8. O território brasileiro é bastante exten- so. Há quem diga que uma viagem em territó- Você sabia? rio nacional possa sair mais cara que outra para o exterior. Quanto poderia custar a via- Por muitos anos o muni- gem narrada pelo eu lírico em Do Oiapoque cípio do Oiapoque (especifi- ao Chuí? Que alternativas ele poderia uti- camente o Cabo Orange), no lizar para baratear a viagem? Discuta com estado do Amapá, foi consi- seus colegas e o(a) professor(a) e busque derado o ponto extremo norte fontes de pesquisa. do território brasileiro. No en- tanto, recentemente, consta- 16 tou-se que o ponto extremo é na verdade a nascente do Rio Ailã, no Monte Caburaí, estado de Roraima. Encontre mais detalhes em: <http://pt.wikipedia.org/ wiki/Geografia_do_Brasil>.

Aprofundando o pensar Linguagem: Conexão com o mundo / 7o ano Os textos a seguir têm origem na tradição oral das regiões Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil, respectivamente. Eles estão presentes na bela coletânea de histórias de Silvana Salerno, Viagem pelo Brasil em 52 histórias. Pedro Malasartes Pedro Malasartes estava sentado na beira da estrada, pensando na próxima peça que ia pregar em alguém, quando viu ao longe um sujeito se aproximar. Sentou-se à sombra da árvore e começou a lamentar em voz alta: “Eu não quero casar com a filha do rei! Eu não quero casar com a filha do rei!” Ouvindo aquilo, o homem parou. “O que está acontecendo, moço?”, perguntou. “O rei quer me obrigar a casar com a princesa, mas eu não quero me casar com ela”, res- pondeu Malasartes. “Isso é verdade?”, perguntou o homem. “Claro que é, senão por que eu estaria aqui a me lamentar...?” “Como esse fulano é besta”, pensou o homem. E como quem não quer nada, perguntou a ele onde ficava o palácio do rei. Pedro Malasartes explicou, e o homem se despediu. Disfarçadamente, Malasartes o seguiu. O homem foi direto para o palácio, sentou-se junto aos portões e pôs-se a gritar bem alto: “Quero me casar com a filha do rei”. “Quero me casar com a filha do rei!” Quando o rei chegou ao palácio e ouviu aquilo, mandou prender o homem imediatamente. Pedro Malasartes ria, já pensando no próximo otário que iria enganar. (Inspirada em A filha do rei, coletada por Amadeu Amaral em Tradições populares.) Fonte: SALERNO, Silvana. Viagem pelo Brasil em 52 histórias. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2006. p. 88-89. O Saci-Pererê Quando Bruno e Diego entraram no quarto, não acreditaram no que viram. Parecia que um furacão tinha passado por ali: estava tudo de pernas para o ar. “Foi o saci!”, disse Bruno logo de cara. “Esse moleque me paga!”, atacou Diego. A janela escancarada, a cortina voando, as portas do armário abertas, a roupa toda jogada em cima da cama, livros e brinquedos espalhados por toda parte... “Olhe aqui!”, chamou Bruno, “tem fumo caído no chão.” “O que será que ele veio buscar?”, disse Diego. “Só pode ser o binóculo que ganhei de aniversário.” 17

Coleção Linguagem: A arte da reflexão “Mas pra que o saci precisa de binóculo?”, perguntou Diego. “Ora, pra poder zoar melhor”, respondeu Bruno. “É mesmo. Toda hora ele perde o cachimbo e tem de ir atrás do cachimbo de alguém”, lembrou Diego. “Com o binóculo, tudo fica mais perto... e mais fácil”, disse Bruno. “Vamos atrás dele para pegar o binóculo de volta!”, arrematou Diego. [...] Os meninos entraram no bosque. Quando surgiu uma clareira, eles pararam, se esconderam atrás de uns arbustos e acenderam o cachimbo, para atrair o saci. O fumo já estava acabando, e nada daquele moleque danado aparecer. De re- pente, uma ventania forte começou a levantar fo- lhas, terra, poeira, com uma velocidade incrível. Diego e Bruno cobriram os olhos com as mãos. A ventania cessou, e no lugar dela apareceu um corrupio de vento, que parou de repente no meio da clareira – de dentro dele surgiu o saci, com a cara marota e dando muita risada: “Quem me chamou?!” [...] “Estamos aqui, saci”, disse Diego. “Quero meu binóculo de volta”, disse Bruno. “Raaaá, rá, rá, rá, rá”, fez o saci. “Não sei do que você está falando.” “O que é que você tem nesse saco aí atrás?”, per- guntou Bruno. “São coisas minhas”, disse o saci. “Deixe a gente ver”, pediram os meninos. “Vocês querem ver meu saco?! Raaaá, rá, rá, rá, rá!”, e desapareceu num enorme rodopio de vento. Os garotos se olharam com cara de tacho. Bem, estava na cara que o saci não ia entregar a rapadura assim; teriam de negociar com ele. “Saci, queremos conversar!” Silêncio. “Temos um negócio a propor.” Nada! [...] No dia seguinte, os meninos encheram o cachimbo de fumo e o deixaram no jardim, mas o saci não apare- ceu. À noite, colocaram um pacote de fumo ao lado do cachimbo e foram dormir. De manhã, continuava tudo na mesma. Quando estavam tomando café, ouviram a gargalhada conhecida: “Raaaá, rá, rá, rá, rá!”. Correram para ver o que era. O redemoinho já se afastava... no lugar do cachimbo e do fumo estava o binóculo. Bruno correu para apanhar seu presente, e junto com Diego deu uma risada de satisfação. “Agora, é es- perar a próxima coisa que o saci virá pegar.” (Inspirada na tradição oral.) Fonte: SALERNO, Silvana. Viagem pelo Brasil em 52 histórias. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2006. p. 106-109. 18

O Negrinho do Pastoreio Linguagem: Conexão com o mundo / 7o ano No início do século XIX, vivia no Rio Grande do Sul um estancieiro de coração muito duro. Suas terras co- briam uma grande extensão de prados, o pampa gaú- cho. Mesmo com muito gado, vaqueiros e uma grande casa, não fazia gentileza a ninguém, também não tinha amigos. Sua intimidade estava restrita ao convívio com um cavalo baio, seu filho e um pequeno escravo. O baio era seu cavalo de confiança; o filho, seu sangue; o menino era seu escravo, negro bonito, sem nome, conhecido como Negrinho. Como não tinha nome e não fora batizado, considerava-se afilhado de Nossa Senhora. Era maltratado pelo filho do patrão. Certa vez, o estancieiro aceitara participar de uma corrida de cavalos a convite de seu vizinho. A corrida seria de trinta quadras e o prêmio teria o va- lor de mil onças de ouro. O cavalo baio tinha fama de veloz e o mouro do vizinho era duro na queda, não se cansava nunca. As apostas foram abertas, eram muitas, e altas. O estancieiro decidiu que o Negrinho, que pastoreava os cavalos, montaria o baio. Quando a corrida começou, ele se benzeu: “Valha-me, minha Nossa Senhora! Se o baio perder, o meu senhor me mata!”. Durante toda a corrida, o baio seguiu emparelhado com o mouro, mas, na última volta, a poucos metros da chegada, o baio parou de repente, foi ultrapassado e vencido pelo mouro. Furioso, o estancieiro não discutiu e pagou as mil onças. O vencedor, conforme sua vontade, doou tudo aos pobres. O perdedor não tinha engolido aquilo. Assim que chegou à estância, mandou amarrar e chicotear o Negrinho. De madrugada, levou-o ao alto de uma colina e disse: “A pista da corrida que você perdeu tinha trinta qua- dras, pois trinta dias você ficará aqui pastoreando os meus trinta cavalos negros. O baio vai ficar amarra- do, e a corda dele, presa à sua mão”. O Negrinho ficou a chorar, o dia nasceu, a noite chegou e ele ali, no pastoreio, sem comer ou beber. Durante a noite, sentiu frio e só conseguiu dormir quando pensou em sua madrinha, Nossa Senhora. No meio da madrugada, um bando de raposas as- sustou o baio, que se soltou a galope, acompanhado dos outros cavalos. De manhã, o filho do estancieiro viu o Ne- grinho só e o denunciou ao pai. O menino le- vou outra surra e, quando caiu a noite, teve de ir à procura dos cavalos perdidos. Chorando, o Negrinho rezou a Nossa Senhora, pegou uma vela e saiu pelo campo escuro. À medida que andava, a vela ia pingando no chão e formava 19

uma nova luz, a ponto de iluminar todo o campo. O Negrinho encontrou todos os cavalos e trouxe a tropilha de volta até o alto da colina onde cumpria o castigo determinado pelo fazendeiro. Quando clareou, o filho do estancieiro enxotou os cavalos e disse a seu pai que os animais não estavam lá. Por isso, o fazendeiro ordenou mais uma surra de chicote no menino. Quando o Negrinho não chorava mais, coberto de sangue, chamou por Nossa Senhora, suspirou fundo e pareceu que tinha morrido. Então o patrão atiçou bem um enorme formigueiro e mandou jogar nele o corpo do menino. Os peões procuraram pelos cavalos, mas não os encontraram. Após quatro dias, o senhor decidiu ir ao formigueiro ver o que sobrara do escravo. Ao chegar, não pôde acreditar no que via: o Negrinho estava em pé, ileso, e ao lado dele estavam o baio e os trinta cavalos. Imediatamente, o fazendeiro caiu de joelhos, e o Negrinho, sorridente, montou em pêlo no baio e tocou tropilha a galope. Nas semanas seguintes, muitos tropeiros e viajantes afirmavam ter visto, sempre à mesma hora, passar a tropa de cavalos conduzida pelo Negrinho. A partir de então, muitos começaram a acender velas e a rezar pela alma do menino. E, quando alguém perdia algo no campo, pedia ao Negrinho que encontrasse, mas ele só devolvia se acendessem uma vela para sua madrinha. Daquela época até hoje, feliz e risonho, o Negrinho pastoreia seus cavalos. Quem perder algo, no campo ou na cidade, deve acender uma vela e pedir ao Negrinho do Pastoreio que o ajude a encontrar. Se ele não achar, ninguém mais acha. (Adaptação de: O Negrinho do Pastoreio, inspirado na tradição oral.) Fonte: SALERNO, Silvana. Viagem pelo Brasil em 52 histórias. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2006. p. 132-135. Coleção Linguagem: A arte da reflexão 1. Qual é o personagem principal de cada uma Você sabia? das três narrativas? Pedro Malasartes é um 2. Relacione as personagens às suas caracterís- personagem bastante antigo, ticas: tem origem medieval no con- tinente europeu. Foi inserido Humilde, explorado, maltra- no Folclore brasileiro a partir tado, encontra forças em da colonização portuguesa. É sua fé. uma espécie de herói sem ca- Malandro, esperto, engana- ráter que faz uso da esperteza dor, faz uso da inteligência para praticar ‘artes más’ e vin- para iludir pessoas. gar-se dos poderosos. Brincalhão, travesso, aven- Você sabia? tureiro, possui poderes má- gicos. Saci-Pererê é, de acordo com as lendas, um garoto de 20 gorro vermelho e cachimbo que tem uma perna só. É mui- to sapeca e gosta de mexer com as pessoas e esconder suas coisas. Seus poderes mágicos vêm de seu gorrinho.

3. Indique os cenários onde ocorrem as narrativas. Linguagem: Conexão com o mundo / 7o ano Pedro Malasartes O Saci-Pererê O Negrinho do Pastoreio 4. Quanto tempo durou aproximadamente cada episódio narrado? Pedro Malasartes O Saci-Pererê O Negrinho do Pastoreio 5. Ordene as sequências de acontecimentos: ( ) O estancieiro paga as mil onças ao vizinho. ( ) O Negrinho reaparece ileso, montado no cavalo baio e seguido pelos trinta cavalos negros. ( ) O Negrinho fica de castigo na colina a cuidar dos cavalos. ( ) O Negrinho sai durante a noite com a vela a pingar e formar pontos de luz. ( ) O Negrinho leva nova surra de chicote e parece morto. ( ) O filho do estancieiro enxota os cavalos resgatados pelo Negrinho. ( ) As raposas assustam os cavalos. ( ) O Negrinho perde a corrida de cavalos. 6. As três narrativas apresentadas são contadas e recontadas há gerações, sem que suas personagens percam o encantamento. Contudo, apesar da admiração do público e do fato de serem personagens engraçadas, com relação a Saci-Pererê e Pedro Malasartes, você diria que seguem condutas éticas? Justifique sua resposta. 21

7. O Negrinho, na época em que foi narrada a Você sabia? história, era escravo do estancieiro. Como você avalia o tratamento dado pelo senhor ao escravo? O Negrinho do Pastor­ eio, também conhecido como Ne- 8. A lei que aboliu a escravidão no Brasil, conhe- grinho Campeiro, é uma lenda cida como Lei Áurea, foi assinada pela Princesa que une crenças cristãs e afri- Isabel em 13 de maio de 1888. Muito antes dessa canas transmitida oralmente, data, muitos já lutavam pelo reconhecimento de di- principalmente, em defesa do reitos iguais aos seres humanos e, até hoje, tanto fim da escravidão durante o tempo depois, o trabalho de conscientização social fim do século XIX. continua. Para isso, são elaborados regulamentos Coleção Linguagem: A arte da reflexão que indicam o comportamento adequado para o bom convívio em sociedade. a. Você conhece esses regulamentos? Abaixo su- gerimos alguns desses documentos para leitura e estudo em grupos. Constituição da República Federativa do Brasil Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão Declaração Universal dos Direitos Humanos Declaração dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência Estatuto da Criança e do Adolescente Estatuto do Idoso b. A partir das sugestões acima ou de outras apon- tadas pelo grupo, organizem o estudo a respeito de direitos e deveres do cidadão. c. Discutam: todos os países assumem a mesma posição que o Brasil diante da defesa dos direitos humanos? d. Após a discussão e o estudo realizados, os grupos podem elaborar um conjunto de 10 normas para o bom convívio na escola ou em sala de aula (en- globar direitos e deveres). Em seguida, devem registrar suas normas em cartaz, expor na sala de aula e observar as semelhanças e as diferenças entre o pensamento de cada grupo. 22

Conectando com o mundo Linguagem: Conexão com o mundo / 7o ano 1. O Brasil é um país muito rico no que diz respeito a manifestações culturais. No entanto, muitas delas não foram criadas aqui, e sim aprimoradas com o passar do tempo. Inclusive, uma mesma manifesta- ção pode dar origem a outras, como ocorre com o Boi-Bumbá, no Norte, e o Boi de Mamão, no Sul. 2. Na música Do Oiapoque ao Chuí, de Teodoro e Sampaio, são mencionadas festas como o Boi- -Bumbá, o Carnaval do Pelô, a Oktoberfest. Além delas, podemos citar festas juninas, Folia de Reis, Divino Espírito Santo, Cavalhada, Maracatu, Ro- deio, Carnaval etc. a. Dentre elas há alguma que ocorra apenas em uma região do país? Ou elas podem aparecer modificadas em diferentes regiões? b. Como ocorrem essas festas nos diferentes esta- dos do Brasil? c. Elas exigem vestimentas específicas para que No livro digital, em se possa participar? Incluem bebidas, comidas, pesquisas, Você pode en- músicas típicas? Quais? contrar mais informações sobre essas manifestações culturais e suas origens. 23

Situando-me Liberdade 1. Nos dias atuais, a escravidão não existe mais no Brasil. Discuta com seus colegas: apesar de proibidos por lei, você acredita que haja casos de abusos cometidos por patrões contra empregados? 2. Após o debate em sala, para aprofundar o co- Respeito nhecimento sobre o tema da escravidão, dividam a Trabalho turma em grupos e façam uma pesquisa sobre ele. Salário digno Cada grupo pode buscar novas informações sobre um dos aspectos levantados durante o debate. Emprego Coleção Linguagem: A arte da reflexão 3. Assim que o levantamento estiver concluído, cada grupo deve socializar para a turma o que foi descoberto. 4. Com a ajuda do(a) professor(a), elaborem tex- tos informativos e de combate à exploração e ao abuso no ambiente de trabalho. 5. Divulguem os resultados do trabalho em mural na escola. Mostrando a língua Variações linguísticas Pechada O apelido foi instantâneo. No primeiro dia de aula, o aluno novo já estava sendo chamado de “Gaúcho”. Porque era gaúcho. Recém-chegado do Rio Grande do Sul, com um sotaque carregado. − Aí, Gaúcho! − Fala, Gaúcho! 24

Perguntaram para a professora por que o gaú- Tu Pechou cho falava diferente. A professora explicou que cada região tinha seu idioma, mas que as diferen- Sinaleira 25 ças não eram tão grandes assim. Afinal, todos fala- vam português. Linguagem: Conexão com o mundo / 7o ano Variava a pronúncia, mas a língua era uma só. E os alunos não achavam formidável que num país do tamanho do Brasil todos falassem a mesma língua, só com pequenas variações? − Mas o Gaúcho fala “tu” – disse o gordo Jorge, que era quem mais implicava com o novato. − E fala certo – disse a professora. – Pode-se dizer “tu” e pode-se dizer “você”. Os dois estão certos. Os dois são português. O gordo Jorge fez cara de quem não se entre- gara. Um dia o Gaúcho chegou tarde na aula e expli- cou para a professora o que acontecera. − O pai atravessou a sinaleira e pechou. − O quê? − O pai. Atravessou a sinaleira e pechou. A professora sorriu. Depois achou que não era caso para sorrir. Afinal, o pai do menino atravessara uma sinaleira e pechara. Podia estar, naquele mo- mento, em algum hospital. Gravemente pechado. Com pedaços de sinaleira sendo retirados do seu corpo. − O que foi que ele disse, tia? – quis saber o gordo Jorge. − Que o pai dele atravessou uma sinaleira e pe- chou. − O que é isso? − Gaúcho... quer dizer, Rodrigo: explique para a classe o que aconteceu. − Nós vinha... − Nós vínhamos. − Nós vínhamos de auto, o pai não viu a sinaleira

Coleção Linguagem: A arte da reflexão fechada, passou no vermelho e deu uma pechada no outro auto. A professora varreu a classe com seu sorriso. Estava claro o que acontecera? Ao mesmo tempo, procurava uma tradução para o relato do gaúcho. Não podia admitir que não o entendera. Não com o gordo Jorge rindo daquele jeito. “Sinaleira”, obviamente, era sinal, semáforo. “Auto” era automóvel, carro. Mas “pechar” o que era? Bater, claro. Mas de onde viera aquela estranha palavra? Só muitos dias depois a pro- fessora descobriu que “pechar” vinha do espa- nhol e queria dizer bater com o peito, e até lá teve que se esforçar para convencer o gordo Jorge de que era mesmo brasileiro o que falava o novato. Que já ganhara outro apelido: Pechada. − Aí, Pechada! − Fala, Pechada! Fonte: VERISSIMO, Luis Fernando. Pechada. Nova Escola, São Paulo, v. 1, ago. 2004. Edição Es- pecial - Contos para Crianças e Adolescentes. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/ lingua-portuguesa/coletaneas/pechada-543028.shtml>. Acesso em: 30 nov. 2010. 1. Por que Rodrigo causou estranhamento assim que chegou a sua nova escola? 2. Você acredita que essa escola fique no Rio Grande do Sul? Por quê? 3. Por que a professora e os colegas de Rodrigo não entenderam o que era “pechar” e achavam diferente o uso de “tu”? 26

Variedades linguísticas Linguagem: Conexão com o mundo / 7o ano O menino Rodrigo foi recebido com estranhamento em sua nova escola devido a seu modo de falar. O garoto era gaúcho e sua fala deixava isso claro, tanto que atribuíram a ele o apelido de “Gaúcho”. Todo estranhamento produzido até aquele momento ficou minimizado diante da polêmica gerada em torno da palavra “pechou”, totalmente desconhecida pelos colegas e pela professora, mas comum aos moradores do Rio Grande do Sul. O desconhecimento da palavra não permitia entender a informação transmitida por Rodrigo. Por outro lado, o menino também não conhecia uma palavra sinônima que ajudasse a elucidar a situação. Certamente, em algum momento de sua vida, você já deve ter presenciado ou vivido uma situação semelhante a essa. Talvez, você possa ter feito o papel do ga- roto Jorge, hostilizando o falar diferente, ou tenha sido, como Rodrigo, vítima de preconceito. Preconceito? Sim, exatamente, chama-se preconceito linguístico atitude como essa de ridicula- rizar ou discriminar alguém devido à sua maneira de falar. Devemos ter em mente o fato de que o território brasileiro é muito extenso e isso possibilita falares diversos. Nossa maneira de falar é influenciada pela região do país onde moramos, pelo grupo social a que pertencemos, por nossa idade, en- tre outras coisas. Não devemos, contudo, compreender essa diversidade como um problema, mas sim como mais uma riqueza de nossa nação. Não pensemos que há somente uma forma correta de falar, pois não há falares corretos ou incorretos, apenas diferentes. Por isso devemos respeitar a forma de falar de cada pessoa para não agirmos de modo intolerante como o garoto Jorge. Além disso, devemos nos esforçar para conhecer ao máximo diferentes formas de usos da língua para não ficarmos como Rodrigo, que conhecia só uma palavra para expressar seu pensamento e não conseguiu adequar seu vocabulário àquela situação de fala. Mediando a situação entre Rodrigo e os demais garotos da classe, estava a pro- fessora. Ela também se mostrou confusa diante das situações geradas pela fala de Rodrigo e tentou minimizar o estranhamento dos colegas. Contudo, ela apresen- tou-se despreparada e chegou a afirmar que “cada região tinha seu idioma”. Isso é um equívoco. Em nosso país, o idioma oficial é o português, além dele há as línguas indígenas. Teria sido melhor a afirmação de que cada região do Brasil tem variedades linguísticas do português. 27

Coleção Linguagem: A arte da reflexão Colocando a mão na massa Você sabe o que é um storyboard? Um storyboard é uma sequência de imagens representada em quadrinhos. Assim como na história em quadrinhos, no storyboard uma história é con- tada, mas a finalidade é diferente. O objetivo é deli- mitar as passagens principais da história que será exibida, posteriormente, em um filme. Dessa forma, é possível saber como será a sequência principal de imagens, da forma mais próxima com a qual ela deverá aparecer na tela. Depois de finalizado, as pessoas envolvidas no projeto percebem as nuances de sequência, o ritmo das cenas, o clima e a eficácia em transmitir a história. Fonte: Adaptado de: WIKIPÉDIA. Storyboard. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/ Storyboard>. Acesso em: 12 jul. 2010. 1. Elabore seu próprio storyboard. Para isso, utilize a sequência de acontecimentos sobre O Negrinho do Pastoreio, organizada por você no exercício 5, em Aprofundando o pensar. Lembre-se de que cada sequência corresponderá a uma ima- gem. 2. Divida duas folhas de papel A4 em quatro par- tes. Elabore os desenhos e fixe-os em cartolina. 3. Coloque o título e, se desejar, escreva abaixo de cada quadro uma legenda que resuma as infor- mações apontadas pela ilustração. 4. Na sequência, organize com seus colegas a exposição dos trabalhos. Finalizando sem finalizar 1. Você conhece os pontos turísticos brasileiros? É verdade que nem todas as pesso- as têm o privilégio de visitar as cidades brasileiras como gostariam. Contudo, para nossa sorte, podemos viajar em nossas mentes através das imagens. 2. Observe as figuras das páginas seguintes e descubra que pontos turísticos estão retratados e a que estados brasileiros eles pertencem. 28

29 Linguagem: Conexão com o mundo / 7o ano

Coleção Linguagem: A arte da reflexão Capítulo 2 O primeiro contato Eu sou de uma terra que o povo padece Mas não esmorece e procura vencer. Da terra querida, que a linda cabocla De riso na boca zomba no sofrer Não nego meu sangue, não nego meu nome Olho para a fome, pergunto o que há? Eu sou brasileiro, filho do Nordeste, Sou cabra da Peste, sou do Ceará. Patativa do Assaré Juazeiro, árvore típica da região Nordeste. Salvador, Bahia. Caatinga Natal, Rio Grande do Norte. Tradicional casa do Sertão Nordestino.

A região Nordeste foi o berço da colonização portuguesa no país, no período compreendido do \"descobrimento\" em 1500 até por volta de 1550. Salvador foi a primeira capital do Brasil. É formada pelos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe. Cultural- mente, a região se destaca pelo número de artistas, escritores e cantores, além de se diferenciar das demais regiões pela quantidade marcante de dialetos e sotaques, popularmente conhecidos como \"falar arrastado\". Historicamente a região é conhecida pelos intensos períodos de estiagem, o que submete uma parte da população a condições precárias de vida. No entanto, a região também já foi atingida por grandes enchentes, como a ocorrida em 1989, relatada por Patativa do Assaré no texto abaixo. Motivando a pensar Seca d’água É triste para o Nordeste O Jaguaribe inundou Linguagem: Conexão com o mundo / 7o ano O que a Natureza fez A cidade do Iguatu Mandou 5 anos de seca E Sobral foi alagado Uma chuva em cada mês Pelo rio Acaraú E agora, em 85 O mesmo estrago fizeram Mandou tudo de uma vez. Salgado e Banabuiú. A sorte do nordestino É mesmo de fazer dó Ceará martirizado Seca sem chuva é ruim Eu tenho pena de ti Mas seca d’água é pior. Limoeiro, Itaiçaba Quando chove brandamente Quixeré, Aracati Depressa nasce o capim Faz pena ouvir o lmaneto Dá milho, arroz e feijão Dos flagelados dali. Mandioca e amendoim Mas como em 85 Meus senhores governantes Até sapo achou ruim. Da nossa grande Nação Maranhão e Piauí O flagelo das enchentes Estão sofrendo por lá É de cortar coração Mas o maior sofrimento Muitas famílias vivendo É nestas bandas de cá Sem lar, sem roupa sem pão. Pernambuco, Rio Grande Paraíba e Ceará. Fonte: ASSARÉ, Patativa do. Digo e não peço segredo. São Paulo: Escrituras Editora, 2001. p. 117-118. 31

Coleção Linguagem: A arte da reflexão Quem é o autor? Patativa do Assaré é o apelido de Antônio Gonçalves da Silva. Em 5 de março de 1909 nasceu o grande poeta na pequena cidade de Assaré, mu- nicípio ao sul do Ceará. Filho de Pedro Gonçalves da Silva e Maria Pereira da Silva. Casou-se com D. Belinha, com quem teve nove filhos. Sua infância foi à beira de uma roda de viola, ouvindo histórias e poesias de cordel. Sua carreira como poeta popular teve início quando tinha oitos anos, ao trocar uma ovelha do pai por uma viola. Ficou tão conhecido que hoje é considerado o poeta mais popular do Brasil. Para ele ser poeta, “Basta, no mês de maio, recolher um poema em cada flor brotada nas árvores do seu sertão”. Encerrou sua carreira em 8 de julho de 2002, na cidade de Assaré “pois já disse tudo o que tinha pra dizer”. Fonte: ASSARÉ, Patativa do. Digo e não peço segredo. São Paulo: Escrituras Editora, 2001. Investigando e refletindo 1. Quando ocorreu a grande enchente a que o eu lírico se refere? 2. Por que a sorte do nordestino é de “fazer dó”? 3. Justifique os versos apresentados no texto “Mas como em 85/Até sapo achou ruim”. 32

4. Que produtos agrícolas são produzidos na região nordestina? Linguagem: Conexão com o mundo / 7o ano 5. Na poesia o eu lírico descreve seu tormento com a grande enchente, no entanto o título da poesia é Seca d’água. Justifique-o. 6. O que o eu lírico espera dos governantes? Aprofundando o pensar Considerando os desastres naturais ou os pro- vocados pelo homem, as consequências, na maioria das vezes, são devastadoras, atingindo, além da propriedade, as pessoas. O dano individual ou co- letivo depende do quanto determinado local está preparado ou não para resistir ao desastre. Prova disso foram as enchentes que assolaram os estados do Nordeste em 1985 e 2009. Comunidades inteiras preparadas para enfrentar a falta de água apresen- taram vulnerabilidade ao excesso dela. No caso das enchentes, não há como evitá-las. Contudo, as ações do homem podem agravar ou diminuir o impacto delas. 1. De que forma as pessoas podem agravar ou minimizar os impactos provocados pelos desastres naturais? 33

Coleção Linguagem: A arte da reflexão 2. Pesquise se na comunidade em que você vive há ações que procuram preservar o meio ambiente. Que ações são essas? 3. Ações de desrespeito à natureza – queimadas, desmatamentos, as­soreamento de rios, ocupação desordenada, acúmulo de lixo, edific­ ações mal construídas, falta de pla- nejamento urbano etc. – fazem com que as comunidades tornem­se vulneráveis a desastres. Que ações preventivas você faz no seu dia a dia para minimizar possí­veis danos à comu- nidade em que mora? Conectando com o mundo No Brasil, muitas pessoas destacam-se pelos serviços que prestam à sociedade, é o caso do trabalho voluntário, cuja finalidade é ajudar aqueles que estão em situações de desfavorecimento. Individualmente ou através de Organizações Não Governamentais (ONGs), esse voluntariado atua nos mais diversos setores da sociedade. Alguns brasileiros destacam-se pela sua luta contra as mazelas so ciais, dentre eles Paulo Freire. Desrespeitando os fracos, enganando os incautos, ofendendo a vida, ex- plorando os outros, discriminando o índio, o negro, a mulher, não estarei ajudando meus filhos a ser sérios, justos e amorosos da vida e dos outros. Fonte: FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação. São Paulo: Unesp, 2000. Paulo Freire no Brasil e no Mundo O Nordeste de Paulo Freire é o Brasil dos muitos milhões de brasileiros empobrecidos, inclusive de outros estados, sem direito a uma vida digna, sem acesso à educação, à saúde, à moradia, vivos em uma realidade de sobreviventes. A realidade sofrida evidencia o abandono e comprova que muito ainda há para se fazer para erradicar a fome e a miséria. Grande parte da contribuição de Paulo Freire resultou de suas experiências no Nordeste do Brasil e em outros países [...] por onde andou. O envolvimento de Paulo Freire nos movimentos populares do Nordeste, à época anterior ao Golpe Militar, reforça sua opção pelas camadas menos pri- vilegiadas da população, os chamados oprimidos. Na essência, expressa o desejo de Freire de viver em um país com menos desigualdades, com justiça social, liberdade e democracia. 34

Foi nesse ambiente que ele pôde experimentar seu método na prática e observou ser Linguagem: Conexão com o mundo / 7o ano possível alfabetizar homens e mulheres a partir da sua concepção pedagógica transformadora. Após o Golpe Militar foi preso. O exílio representou para ele a possibilidade de outras experimentações, de muitas vivências, de reconhecimento e consolidação de sua concepção e prática pedagógicas. Bolívia, Chile, Estados Unidos e Suíça foram países-casa, territórios e povos que acolheram Paulo Freire e projetaram o educador para todo o mundo. Foi o exílio pedagógico, da produção, do aprendizado e da maturidade. Atuou na Universidade Católica de Santiago, foi consultor especial da Unesco, trabalhou na formação de adultos camponeses no Chile e depois na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, indo para Genebra, na Suíça, onde integrou o Conselho Mundial das Igrejas, como conselheiro educacional de governos do \"terceiro mundo\". Trabalhou no continente africano, em grandes projetos educacionais, inovando no método de alfabetizar, dialogando e trans- formando realidades de silêncio em vidas repletas de palavras e atos. ‘Andarilhou’, por toda a década de 1970, por países de todos os continentes. Freire foi reconhecido mundialmente pela sua práxis educativa. Recebeu numerosas homenagens. No Brasil, após o exílio, foi professor da Faculdade de Educação da Unicamp e da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), além de secretário da Educação da cidade de São Paulo. No Brasil e no mundo, Paulo Freire é referência da educação libertária e libertadora, seja na educação popular, o foco principal de sua prática pedagógica, seja na educação em geral. Mas sua influência está além do campo específico da educação. Além de tantos outros campos de saber, Freire está presente em muitos movimentos sociais de caráter progressista, como o Fórum Social Mundial e o Fórum Mundial de Educação. Fonte: Adaptado de: PROJETO MEMÓRIAS. Paulo Freire. Disponível em: <http://www.projetomemoria.art.br>. Acesso em: 15 ago. 2010. Você percebeu que Paulo Freire fez a diferença por onde passou. Pesquise se, em sua comunidade, há algum tipo de trabalho volunt­ário ou ONGs que prestam serviços à comunidade. Que serviços são esses e a que público se destinam? Converse com seus colegas e juntos façam um levantamento dos problemas exis- tentes em sua comunidade. Verifiquem também de que forma vocês poderiam ajudar a solucioná­los e que ações seriam necessárias. Situando-me Nosso país é assolado por desastres com certa frequência, veja nos dados fornecidos pelo Inpe quais os desastres que mais ocorrem. Desastres naturais no Brasil Conforme dados do EM-DAT (2007), ocorreram 150 registros de desas- tres no período 1900-2006. Do total ocorrido, 84% foram computados a partir da década 70, demonstrando um aumento considerável de desastres nas úl- timas décadas. Como consequência, foram contabilizados 8.183 vítimas fatais e um prejuízo de aproximadamente 10 bilhões de dólares. 35

Os tipos de desastres mais freqüentes foram as inundações [figura abaixo], representadas pelas graduais e bruscas, com 59% dos registros, seguidas pelos escorregamentos (14%). A maioria dos desastres no Brasil (mais de 80%) está associada às instabilidades atmosféricas severas, que são respon- sáveis pelo desencadeamento de inundações, vendavais, tornados, granizos e escorregamentos. Com exceção das inundações graduais, são fenômenos súbitos e violentos que causam grande mortandade e destruição, pois não há tempo para as pessoas procurarem abrigos ou salvarem parte dos bens existentes em suas casas. Tipos de desastres naturais ocorridos no Brasil (1900-2006) Coleção Linguagem: A arte da reflexão Fonte: BRASIL. Ministério da Ciência e Tecnologia e Núcleo de Pesquisa e Aplicação de Geotecnologia em Desastres Naturais e Eventos (INPE). Desastres naturais no Brasil. Disponível em: <http://www.inpe.br/crs/geodesastres/nobrasil.php>. Acesso em: 15 ago. 2010. Além dos desastres naturais, as pessoas são Link com Filosofia acometidas por outros desastres, provocados pela má distribuição de renda, falta de acesso às con- Discuta com seus colegas de dições básicas de saúde, educação, alimentação grupo sobre a se­guinte questão: etc. São desastres constantes (em menor escala) uma sociedade que convive com a que acontecem diuturnamente e que \"os olhos\" da exclusão social de seres humanos, sociedade não percebem. consideran­do essa atitude “normal”, é uma sociedade justa? Curiosamente, só consideramos um ‘desastre’ ou ‘situação de calamidade pública’ quando pessoas perdem suas casas, seu mobiliário, devido a intem- péries ou desastres naturais. 36

No entanto, pessoas como da imagem a seguir, que convivem diariamente com essa Linguagem: Conexão com o mundo / 7o ano situação de precarização da vida, dificilmente, entram em estatísticas da sociedade, da defesa civil, da mídia ou mesmo do restante da população. São pessoas \"invisíveis\". Mendigos disputam lixo com o lixeiro. 1. Você concorda que na imagem apresentada acima os mendigos que disputam o lixo com o lixeiro poderiam ser considerados ‘pes­soas invisíveis’ à sociedade? Justifique sua resposta. 2. Herbert José de Sousa, conhecido como Betinho, sociólogo e ati­vista pelos direitos humanos, declarou que “Essas crianças estão nas ruas porque, no Brasil, ser pobre é estar condenado à marginalidade. Estão nas ruas porque suas famílias foram destruídas. Estão nas ruas porque nos omitimos. Estão nas ruas, e estão sendo assassinadas”. a. Você concorda com a declaração de Betinho ou discorda? Justifique sua resposta. b. Betinho afirma que “estão nas ruas porque nos omitimos”. Você consideras­ e omisso com relação à situação das crianças de rua? Se não, o que faz para ajudá­-las? 37

Coleção Linguagem: A arte da reflexão c. Há diferença de sentido nas expressões “crianças de rua” e “crianças na rua”? O que você utilizaria como argumento para sua resposta? d. Sua comunidade está localizada no meio urbano ou no meio rural? e. Que tipos de problemas as crianças de sua comunidade en­frentam? f. Aponte algumas dificuldades enfrentadas pelas crianças e pe­los adolescentes que vivem no meio urbano e as dificuldades dos que vivem no meio rural. Mostrando a língua Imagine que, como você, também as palavras ao nascer receberam um nome (classe gramatical), no entanto, em cada situação de co- municação, adquirem uma função di- ferente. Por exemplo, ao nascer você recebeu um nome, no entanto, em cada ambiente, você desempe- nha uma função diferente. Na escola é aluno, colega, amigo; em casa é filho ou irmão; com sua família: primo, sobrinho, tio, neto etc. Com as palavras acontece o mesmo, a classificação morfológica é a classi- ficação da palavra isolada, já a análise sintática verifica a função da palavra em determinado contexto. Por exemplo: eu – 1a pessoa – pronome pessoal do caso reto. Eu fui à cidade. A palavra “eu” exerce a função de sujeito da frase. 38

Análise sintática – Parte 1 Sujeito Você sabia? O sujeito é um dos termos essenciais da oração, A ideia de que toda oração responsável por realizar ou sofrer uma ação ou pode ser dividida em sujeito e estado. Aquele de quem se faz uma declaração. predicado foi apresentada por Aristóteles. Veja na prática: Para encontrarmos o sujeito em uma frase é necessário, primeiramente, localizarmos o verbo. Como na frase a seguir. O menino era do sertão. A palavra era é o verbo da oração, portanto, se O sujeito sempre con- Linguagem: Conexão com o mundo / 7o ano fizermos a pergunta ao verbo: Quem era do sertão?, corda com o verbo em gênero teremos como resposta o sujeito: o menino. e número. “O rio inundou a cidade”. Quem inundou a cida- O bicho era um cão. de? O rio. Logo, o rio é o sujeito da frase. Os bichos eram cães. Tipos de sujeito Sujeito simples: possui apenas um núcleo. As meninas subiram na árvore. As meninas é sujeito simples, pois há somente um núcleo, no caso meninas, indicando sujeito. Sujeito composto: possui dois ou mais núcleos que também vêm expressos na oração. O menino e suas irmãs subiram na árvore. 39

O menino e suas irmãs é sujeito composto, Vi um pois há os núcleos menino e irmãs que indicam que bicho! o sujeito é composto. Sujeito oculto: também chamado de sujeito elíptico ou desinencial, é determinado pela de- sinência verbal e não aparece explícito na frase. Vi um bicho. Sujeito oculto: eu. 1. Associe as orações que apresentam os mesmos tipos de sujeitos: Coleção Linguagem: A arte da reflexão ( 1 ) Me lembro dos meninos do sertão. ( ) Eles eram os meus heróis. ( 2 ) Pássaros e borboletas voam pelo jardim. ( ) Tirai a canga desse povo. ( 3 ) O violeiro ensinou uma canção. ( ) Os meninos do sertão e os meninos da ( 4 ) Meu coração bate calado. cidade sofrem muito. ( 5 ) Choro muito. ( ) As crianças e seus amigos faziam poeira. ( 6 ) Carinho e amor são necessários às ( ) Os guris estavam no calabouço. crianças. ( ) Trabalhamos muito ontem. 2. Quando produzimos um texto, temos a preocupação de o redigir­mos bem, obser- vando a paragrafação e a correta grafia dos vocábu­los e evitando a repetição de palavras ou ideias. Utilizamos, portanto, para evitar a repetição desnecessária de pronomes ou substantivos, o sujeito oculto (também chamado de elíptico ou desinencial). Eu e meus familiares vivemos no sertão. Nós gosta- mos muito de viver por aqui. Nós temos uma rotina diária árdua. Eu e meus familiares acordamos bem cedo. Nós tomamos um café em família, nós fazemos isso antes de nós buscarmos água e pasto para os animais. Meu avô não dispensa esse ritual. Eu acho que é um dos momentos mais importantes do dia. Ninguém discute sobre essa mania do meu avô, pois todos nós apreciamos esse mo- mento mágico. Meu avô ainda costuma contar histórias. Nós ficamos paralisados, nós ficamos só ouvindo. Depois disso, eu meus familiares nos dispersamos, cada um vai cuidar de seus afazeres, mas nós sabemos que à noite nós teremos mais um momento mágico com as histórias contadas pelo meu avô. 40

Ao fazer a leitura, você deve ter percebido que há repetições de palavras e expressões no texto. Uma das soluções para corrigi­lo seria transformar alguns sujeitos simples ou compostos em sujeitos ocultos. Para isso, reescreva o texto e faça nele as adequações que achar convenientes. 3. Classifique os sujeitos das orações abaixo em Linguagem: Conexão com o mundo / 7o ano simples, composto ou oculto. a. Com carinho, os meninos ajudaram seus amigos. b. Estavam desanimados os sertanejos. c. Eu e meus familiares ficamos felizes com a chuva. d. Ninguém buscou água. e. Ficamos à sombra da árvore. f. Recebi a notícia a tempo. 41

Coleção Linguagem: A arte da reflexão Colocando a mão na massa Certamente, você já ouviu falar em paródia e já deve ter produzido alguma. A paródia é uma recriação a partir de algo já existente, pode ser a recriação de uma música, filme, texto literário etc. Contudo, essa nova produção parte de um texto-base e tem o objetivo de contestá- -lo, dando-lhe características humorísticas, satíricas, irônicas etc. Observe nos dois livros ao lado a ideia de paró- dia. Agora formem duplas e a partir do texto Seca d’água, de Patativa do Assaré, cuja temática foram as cheias que assolaram a região Nordeste, produzam uma paródia que aborde a temática da seca. Lem- brem-se de que nesse caso a paródia será uma imi- tação de um texto literário, contudo enfocando outro assunto. Finalizando sem finalizar 1. Em grupos, leiam a música Meninos do sertão, composta por Petrúcio Amorim e Maciel Melo e interpretada por Zé Ramalho. Meninos do sertão Quando me lembro dos meninos do sertão Olho pro céu e vejo eu entre os pardais Catando estrelas, desenhando a solidão Ouvindo histórias de fuzis e generais Lembrando rezas que aprendi no juazeiro Que um violeiro me ensinou numa canção Bebendo sonhos, era assim o meu destino Mais um menino na poeira do sertão Quando me lembro dos meninos do sertão Beijando flores, era eu em meu jardim Qual borboletas, bailarinas de quintais E um arco-íris de esperança só pra mim E a liberdade feito um pássaro de seda Voava alto nos meus planos de menino Nas travessuras imitava os meus heróis Luiz Gonzaga, Lampião e Vitalino 42

Quando me lembro dos meninos do sertão Linguagem: Conexão com o mundo / 7o ano Vejo Hiroshima nos olhares infantis Vejo a essência da desigualdade humana Num verdadeiro calabouço dos guris Meu coração bate calado enquanto choro A Deus imploro mais carinho e atenção Tirai a canga do pescoço dessa gente Que só precisa de amor, trabalho e pão Adeus, carro de boi Adeus, pau-de-arara No ano 2000 que mal virá? Cola, Carandiru, Candelária Quando isso vai passar? Será que será, que será sempre assim? Será que assim sempre será? Fonte: AMORIM, Petrúcio. Meninos do sertão. Intérprete: Zé Ramalho. In: ZÉ RAMALHO. Nação Nordestina. Produção de Robertinho de Recife, letra e música de Petrúcio Amorim e Maciel Melo. BMG, 2000. 1 CD. 2. Respondam às questões abaixo com o auxílio de pesquisa. a. Que características a personagem principal apresenta? b. Retire da música o verso que comprova que a personagem principal também era um menino que vivia no sertão. c. Pesquise quem são os heróis Luiz Gonzaga, Lampião e Vitalino, nos quais o eu lírico se inspirava e quem imitava. d. O eu lírico declara que, ao lembrar-se dos meninos do sertão, vê Hiroshima refletida nos olhares infantis. O que justificaria essa comparação? 43

e. Da comparação dos versos “Quando me lembro dos meninos do sertão” com “Vejo Hiroshima nos olhares infantis” o eu lírico vê refletida a “essência da desigualdade humana”. Por que essa afirmativa? f. Em “Tirai a canga do pescoço dessa gente”, que sentido a palavra “canga” assume no significado desse verso? g. Que elementos há em comum entre o verso “Tirai a canga do pescoço dessa gente” e a charge abaixo? As próximas eleições... “de cabresto” Coleção Linguagem: A arte da reflexão Link com História O que foi o voto de cabresto? 3. Socializem as questões levantadas no peque- no grupo com os demais colegas da turma. 44

Capítulo 3 A conversa continua Palavras são um brinquedo que não fica velho. Quanto mais as crianças usam palavras, mais elas se renovam. José Paulo Paes Motivando a pensar Quantas vezes já ouvimos que a leitura Linguagem: Conexão com o mundo / 7o ano nos leva a outros mundos? Aqueles que já se entregaram profundamente à experiência da leitura sabem dessa verdade. As páginas do livro se abrem e começamos a viajar, deixamos nossa realidade para conhecer pessoas fei- tas de palavras, com emoções tão parecidas com as nossas que duvidamos não ser pa- recerem de carne e osso como nós. E essas personagens que sofrem, riem, brincam, vão à escola e ao trabalho também podem ir ao espaço, a um mun- do mágico ou fazer tudo ao mesmo tempo. Enquanto lemos, em nossas mentes se misturam o mundo narrado e o mundo vivido, nós nos imaginamos em lugar do personagem e, mesmo que por breves momentos, somos \"desligados\" de nossa realidade e transpor- tados para dentro da história. E você, o que conhece a respeito da via- gem pelas páginas de um livro? Sempre há tempo para começar essa aventura. Entre- gue-se às palavras e liberte sua mente.

Coleção Linguagem: A arte da reflexão Felicidade clandestina Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como “data natalícia” e “saudade”. Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia. Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E, completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria. Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança de alegria: eu não vivia, nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam. No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Bo- quiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez. Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono da livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá es- tava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do “dia se- guinte” com ela ia se repetir com meu coração batendo. E assim continuou. Quan- to tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, en- quanto o fel não escorresse 46

todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às Linguagem: Conexão com o mundo / 7o ano vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra. Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados. Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enor- me surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler! E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e cal- ma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: “E você fica com o livro por quanto tempo quiser”. Entendem? Valia mais do que me dar o livro: “pelo tempo que eu quisesse” é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer. Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo. Chegando em casa, não comecei a ler. Fin- gia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicida- de sempre ia ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada. Às vezes sentava-me na rede, balançando- -me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo. Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante. Fonte: LISPECTOR, Clarice. Felicidade clandestina. In: ________ . Felicida- de clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 9-12. 47

Coleção Linguagem: A arte da reflexão Quem é o autor? Você sabia? Clarice Lispector nasceu na Ucrânia, em Reinações de Narizinho, de 1925, mas veio com sua família para o Brasil com Monteiro Lobato, é um livro de poucos meses de vida. Ela morou, primeira- 1931 que introdu­ziu as aventuras mente, em Alagoas e poucos anos depois da turmin­ ha do Sítio do Picapau fixou residência em Pernambuco. A maior Amarelo, com Narizinho, Pedri- parte de sua infância foi vivenciada no Recife nho, Emília, Visconde de Sabu- como uma criança alegre. gosa, Dona Benta, Tia Nastácia, Rabicó, Quindim... Quando aprendeu a ler, aos sete anos, ela apaixonou-se pelos livros e descobriu que Link com História também poderia ser escritora. Então, começou a escrever ainda menina e também lia tudo o Converse com seu(sua) que podia. Reinações de Narizinho foi a obra professor(a) para saber mais de Monteiro Lobato que mais a encantou, tan- sobre a cidade do Recife. É uma to pelo sabor da obra quanto pela dificuldade cidade histórica? Turística? Para em consegui-la. Precisou insistir para tomá-la quem mora lá, qual é a diferença emprestada em uma livraria e, para que não entre residir em uma casa ou em terminasse rapidamente, chegou a ler apenas um sobrado? uma página por dia. Você sabia? Aos 12 anos passou a viver no Rio de Janeiro e alguns anos depois cursou a facul- O mistério do coelho pen- dade de Direito, mas não exerceu a profissão. sante cont­ a a história de um Casou-se e teve dois filhos, Pedro e Paulo. coelho chamado Joãozinho que Enquanto Clarice cuidava dos filhos, da casa descobre uma maneira de es- e dos bichos de estimação, escrevia seus capar de sua casinhola quando romances e contos. Sua dedicação e a qua- esquecem de alimentál­o. Com lidade de seu trabalho renderam-lhe muitos o tempo ele toma gosto pela li- prêmios. berdade e procura um modo de fugir mesmo quando tem comi- Sua obra foi na maioria voltada para os da em abundância. As fugas de adultos, mas, a pedido de seu filho Paulo, re- Joãozinho tornams­ e um mistério solveu escrever também para crianças e, pelo para as crianças da vizinhança. livro O mistério do coelho pensante (1967), recebeu o prêmio Calunga, da Campanha Na- cional da Criança. Animada com a aceitação do livro pelas crianças, escreveu A mulher que matou os peixes, A vida íntima de Laura e Quase verdade. Clarice era dinâmica e tra- balhava muito, atuando ainda como cronista e tradutora. Fonte: Adaptado de: ABDALA JÚNIOR, Benjamin; CAMPEDELLI, Samira Y. Clarice Lis- pector: literatura comentada. São Paulo: Abril Educação, 1981. 48

Investigando e refletindo 1. O texto Felicidade clandestina é uma narrativa. Para que se possa contar algo, é preciso, em primeiro lugar, ter o que dizer. Resuma com suas palavras o assunto do texto lido. 2. O narrador dessa história é alguém que apenas observa os acontecimentos ou também participa deles como personagem? Justifique sua resposta com algum trecho do texto. 3. Que personagens apresentam maior destaque na narrativa? Releia o texto com atenção e busque características marcantes dessas personagens. Você pode montar uma tabela semelhante a esta em seu caderno: Personagem Características físicas Características psicológicas Linguagem: Conexão com o mundo / 7o ano 4. Após caracterizar as personagens principais, observe a realidade social em que es- tão inseridas. As meninas têm a mesma condição financeira? Justifique sua resposta. 5. A expectativa pela leitura era tamanha que a menina define o livro desta forma: “Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dor- mindo-o”. Explique o que ela realmente queria dizer com essa descrição. 49

Coleção Linguagem: A arte da reflexão 6. Leia: \"O plano secreto da filha do dono da livraria era tranquilo e diabólico\". Defina, de acordo com o texto, em que se baseava esse \"plano\". 7. O aparecimento da mãe de uma das meninas torna o desfecho (final) da história esperado ou inesperado? Justifique sua resposta. 8. Leia: “a descoberta horrorizada da filha que tinha” e “a potência de perversidade de sua filha desconhecida”. Esses dois trechos deixam claro que a mulher, naquele momento, teve uma revelação sobre a personalidade e as atitudes da filha. A que conclusão essa mãe chegou? 9. O texto revela duas realidades. Primeiramente, mostra que, quando se tem tudo com facilidade, pode não haver valorização. Por outro lado, quando as coisas são alcançadas com esforço, tornam-se prazerosas, trazem satisfação redobrada. Como você se identifica em relação às personagens descritas? É aquele(a) que facilmente tem o que deseja ou precisa de empenho para alcançar seus objetivos? Comente sua resposta. 10. Alguma vez você já desejou tanto algo que SUGESTÃO DE FILME quando o conquistou sentiu-se como a menina da história (estonteado(a), com o “peito quente” e o Coração de tinta: o livro “coração pensativo”)? Divida com a turma sua ex- mágico: narra a história de Mo periência. (Brendan Fraser), um homem que descobre ter um poder fora 11. Discuta com seus colegas e o(a) professor(a): do comum: quando lê os livros o desejo da menina narradora limitava-se a possuir em voz alta, ele tem a capaci- o livro como objeto ou ela queria algo mais? Que dade de trazer os perso­nagens tipo de alegria um livro pode proporcionar? para o mundo real. Esse dom o assusta e a situação é agravada 50 pelo misterioso desaparecimento de sua mulher e pela ação de vi- lões que saem do livro Coração de tinta. Não deixe de assistir!


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