Domingos Vaz Chaves contribuem para o processo de desertificação. Nesta região, a forte dispersão geográfica e morfológica condiciona as redes de relações sociais e culturais. Estas populações apresentam grandes debilidades relativamente às suas competências formativas, educativas e também profissionais, num contexto de emprego marcadamente insuficiente, tradicional, o que acaba por ter reflexos negativos na criação de novos empregos, desfavorecendo a fixação local da população. Do diagnóstico apresentado, evidencia-se e percebe-se que permanecem nesta região actividades agro-pecuárias maioritária e essencialmente de subsistência, o que reflecte o apego da gente do Barroso à sua terra e aos animais que cria. As Terras de Barroso apresentam uma densidade populacional muito reduzida causada, como já referido, pelo fenómeno da emigração. Contudo, outros fatores influenciam estes números, como a própria dimensão dos seus concelhos. Para além de apresentarem uma grande dispersão geográfica, não têm também actividades económicas e estratégicas com oferta, capazes de cativar e fixar as populações. Devido aos constantes movimentos migratórios e à regressão demográfica, a vida no meio rural e a própria agricultura têm vindo a sofrer desequilíbrios e retracções. Actualmente, a agricultura tem como função primordial a produção de bens alimentares, com explorações fundiárias de pequena dimensão, na maior parte dos casos de natureza familiar para auto-consumo. A região do Barroso contém duas zonas agrícolas bem distintas, sendo uma mais baixa e uma mais alta. A zona agrícola mais baixa é formada pelas bacias interiores dos rios Terva e Beça, e pela margem direita do rio Tâmega. Esta caracteriza-se por possuir uma exuberante vegetação e uma grande variedade de culturas, da vinha aos pomares e aos cereais. As zonas agrícolas situadas nas cotas mais altas caracterizam-se pelas extensas áreas de prados naturais - os lameiros - cultivando-se em larga escala o centeio e a batata que proporcionam um desenvolvimento económico, estratégico e social importante na região. O clima irregular, de temperaturas 251
Terras de Barroso – Origens e Características de Uma Região extremas, característico do Barroso, próprio de montanha, juntamente com os prados naturais, formam as condições ideais quer para o cultivo da batata e da semente referido anteriormente, quer para outras actividades como a silvo- pecuária, com a criação de gado bovino, de raça barrosã, ovino, caprino e suíno. Esta última actividade constitui para os Barrosões, desde há séculos, fonte de receita. Assim, a agricultura e a pecuária, são as atividades económicas predominantes nos concelhos de Montalegre e Boticas. Alguns produtos, como a carne barrosã e o fumeiro, têm vindo a ganhar uma certa relevância a nível regional e até mesmo nacional, concorrendo para o crescimento estratégico e económico local e consequentemente, para a fixação da população. Actualmente, as actividades com mais relevância na sede dos concelhos, e alguns dos recursos económicos que contribuem para o crescimento da região, passam ainda pelo comércio, serviços e construção civil. Representam também uma fonte de emprego, a floresta de pinheiros incrementada nos baldios nas décadas de 50 e 60, do século XX, o aproveitamento do granito, embora a sua exploração seja em quantidade pouco significativa e incorpore pouca mão-de-obra e o elevado potencial de energia produzido nas várias albufeiras. Pode também ser referenciado, como uma mais-valia para o desenvolvimento estratégico e económico da região, os milhões de euros de poupanças locais e de remessa dos emigrantes, depositados nas instituições bancárias da região. O sector primário encontra-se numa situação muito débil, com reduzida dimensão e expressão económica e elevada fragmentação das explorações, com um forte envelhecimento dos agricultores. Esta situação deve-se ao abandono da actividade, uma vez que a comercialização dos produtos locais é ainda reduzida e sujeita a modelos tradicionais, consequência quer da fraca acessibilidade ao concelho, quer da debilidade de estruturas de comercialização e distribuição a nível local e regional. É urgente encontrar novas formas de reestruturação das áreas rurais e consequentemente do sector agrícola, uma vez que não existem estruturas de organização, comercialização e promoção dos bens. Essas estruturas organizadas, podem usar os espaços de produtores, vendedores e compradores do concelho, uma vez que é neste sector que se verificam as maiores potencialidades, dado o concelho apresentar condições favoráveis para a produção agrícola de elevada qualidade, onde se acentua a especialização em culturas adaptadas às condições climáticas, como por exemplo a plantação da batata. A maioria dos municípios rurais continua a não aproveitar de forma rentável o potencial e riqueza que possui, quer das paisagens naturais, quer do património histórico e arquitetónico, ou até mesmo dos produtos locais de que dispõe. No entanto, apesar de se verificarem fragilidades, há também sinais positivos, nomeadamente na forma como souberam criar marcas únicas, com autenticidade e sucesso na sua divulgação, revelando, deste modo, importância e consistência no que diz respeito ao desenvolvimento turístico. Este êxito ao nível do desenvolvimento estratégico e turístico do território, envolve um maior número de actores do território, criando uma dinâmica sustentável e rentável que assenta em marcas de produtos regionais e locais que têm vindo a ganhar progressivamente notoriedade nacional. Espelham esta realidade, eventos que atraem milhares de visitantes não só do nosso País, mas também da vizinha 252
Domingos Vaz Chaves Espanha, que contribuem para o incremento e desenvolvimento da economia local, como as festas que assumem a função de animar e congregar as pessoas residentes e visitantes. Assim dá-se como exemplo o concelho de Montalegre, onde o calendário festivo e o ciclo agrícola, são articulados e estruturados, com a seguinte ordem: em janeiro, cantam-se os reis e festeja-se em honra de S. Sebastião, apanha-se a azeitona em Cabril e produzem-se enchidos que posteriormente são vendidos em larga escala na Feira do Fumeiro e do Presunto, evento complementado com algumas atividades de caráter popular, como as chegas de bois. Em fevereiro, festeja-se o entrudo e a Serrada da Velha e preparam-se as terras com o estercar, lavrar, gradar e assocar. Em março, planta-se a horta, e em abril, regista-se o Auto da Paixão, a Queima do Judas e a Lenda da Misarela e preparam-se igualmente as terras. Em maio, semeia-se o milho e planta-se a batata. Em junho, festeja-se em honra de Nossa Senhora da Saúde e sacham-se as batatas, semeiam-se os nabos, rega-se e dá-se o início da Segada do Feno, que se prolonga até julho. Em agosto, realizam-se o Auto de Santa Bárbara e a Feira do Prémio do Gado, colhe-se o centeio e o milho, e é o tempo da malhada. Em setembro, realiza-se a Feira e o Congresso de Medicina Popular, realizados na freguesia de Vilar de Perdizes, onde são apresentados produtos biológicos naturais e locais e salientados os métodos da medicina tradicional, e festeja-se em honra de Santa Marinha, colhe-se o milho, arrancam-se as batatas e realizam-se as vindimas em Cabril e Vilar de Perdizes. Em outubro, semeia-se o centeio e o trigo, colhem-se medronhos e apanham-se castanhas. Em novembro, apanham-se as carquejas para chamuscar os porcos e realiza-se a matança do porco que se estende até dezembro, mês durante o qual se semeiam os nabos. 253
Terras de Barroso – Origens e Características de Uma Região As festas e as romarias realizam-se por todas as aldeias do concelho de Montalegre, com especial incidência no mês de agosto, onde se convidam ranchos folclóricos, bandas filarmónicas e grupos musicais, proporcionando a atração e a animação do concelho. Na vila de Montalegre festeja-se, desde há alguns anos, a Noite das Bruxas, aproveitando as raras coincidências das sextas- feiras e do dia 13 do mês, da qual faz parte, na sua organização, o padre António Lourenço Fontes, figura emblemática no concelho. Esta tradição, quase esquecida, pensa-se ter influência americana, uma vez que muitos montalegrenses emigraram para os EUA, país em que se festeja o Halloween. Nesta Noite das Bruxas, realizam-se jantaradas pelas ruas da vila e uma cerimónia litúrgica com uma reza de esconjuro. Este evento é digno da presença de milhares de habitantes e visitantes e da presença da Comunicação Social. As características tão autênticas de ruralidade, tradições e costumes juntam-se a estes eventos, que são também um importante motor do progresso turístico. Cada região tem os seus costumes e tradições, como refere o autor João Costa: “Todas as terras têm tradições características, psicologia própria, hábitos herdados e transmitidos, geralmente de viva voz, através de gerações sucessivas.” As Terras do Barroso não são excepção. O seu povo caracteriza-se por ser tradicionalmente comunitário, representando esta característica um 254
Domingos Vaz Chaves recurso muito valioso. É uma região singular, por tudo o que já foi referido, mas também pelas suas crenças, superstições e rituais próprios, dos quais se destacam a realização da chega de bois, ou a matança do porco, formas de reunião e convívio entre esta população, embora hoje menos frequentes que outrora. Alguns jogos populares como o jogo da malha, da choca, do galo, o jogo da sueca e da bisca, são também formas de convívio, diversão e distração. Passam-se serões junto à lareira, com muitas memórias e histórias à mistura. Relativamente ao sector secundário, existe um reduzido empenho na introdução de recursos tecnológicos e de métodos de trabalho no campo do sector industrial, resultando uma fraca capacidade de produção e comercialização, factor impeditivo da fixação de investimentos. O sector terciário também apresenta um fraco desenvolvimento, com pouca qualidade no que diz respeito à prestação de serviços, nomeadamente na hotelaria e na restauração. Os serviços existentes coincidem praticamente com a administração pública e os de apoio à população no campo da educação e da saúde. ... 255
Terras de Barroso – Origens e Características de Uma Região CAPITULO XIII A IMPLANTAÇÃO DE AGLOMERADOS 256
Domingos Vaz Chaves SÉCULOS XIX, XX E XXI A habitação e a organização agrária da região de Barroso, onde estão inseridos os concelhos de Montalegre e Boticas, difere da região do Minho. Este fenómeno é explicado segundo vários pontos de vista, por vários autores. Dantas Pereira diz que esta diferença se prova pelas variadas formas de colonização depois da Restauração, nos séculos XVIII e XIX. Joaquim Costa, afirma que as marcas de organização agrária sobreviveram depois da época pré-romana e influenciaram a estrutura parcelar. Outros autores afirmam que as condições do meio físico tiveram importante e decisiva acção no afolhamento e noutras formas de utilização do solo pelas comunidades de aldeia. Os aglomerados habitacionais do Barroso existiam quase todos já nos séculos XII e XIII. “A descrição do Tombo de 1758, o recenseamento de 1530, a revisão das rendas à Coroa, de 1261 ”, bem como outros documentos, mostram uma evolução progressiva da forma de habitar no Barroso. Segundo o Padre António Fontes, é durante o período da Restauração e séculos seguintes, que se consagra a formação das aldeias desta região. A forma de habitar nestas aldeias remonta-nos para os castros, outrora habitados pelos povos pré-romanos, situados em locais estratégicos de defesa. A ocupação do território é indissociável da atividade económica, uma vez que se vão ocupando os solos mediante a sua aptidão e vocação para actividades agrárias e pecuárias. O recurso fundamental desta região é a agricultura, actividade apoiada pela fertilização das terras por parte do gado, com presença permanente de água para rega. As zonas mais favoráveis para o cultivo permanente localizam-se nas cotas mais baixas das encostas, uma vez que os 257
Terras de Barroso – Origens e Características de Uma Região solos são aí mais férteis. Com os meses de verão e a consequente falta de precipitação, a estagnação dos cursos de água e o forte escoamento resultante dos acentuados declives, contribuem para um défice a nível hídrico, o que obriga à criação de uma rede de regadios que consiste em trazer água das cotas mais altas da montanha, das nascentes dos cursos de água durante quilómetros de percurso para os campos de cultivo. Deste modo, as ocupações progressivas do território foram-se localizando nas áreas mais favoráveis, com mais facilidades na exploração da área de cultivo, geralmente no sopé das montanhas, em áreas muito reduzidas, estando grande parte do território sem ocupação habitacional. Ao visitarmos os concelhos, é visível que o Homem se foi instalando em determinados lugares, de acordo com algumas condicionantes e requisitos básicos, nomeadamente no que diz respeito às actividades agrária e pecuária, elegendo uma localização entre campos e serras e aproveitando os terrenos férteis, locais protegidos das más condições atmosféricas, resguardados dos ventos e bem orientados e expostos. Embora a ocupação do território resulte destes factores, nomeadamente geográficos e morfológicos, as aldeias apresentam-se com um carácter muito idêntico no que diz respeito às organizações funcionais e estruturais, amadurecidas num longo período de tempo, resistindo às adversidades políticas, económicas e sociais, sem destruir o património natural e cultural e os suportes produtivos para as gerações futuras. As aldeias barrosãs caracterizam-se pela sua reduzida dimensão, implantando-se distantes umas das outras, nos vales ou nas 258
Domingos Vaz Chaves encostas. Estes aglomerados organizam-se segundo uma estrutura ditada pela rede de caminhos condicionados pela necessidade de acesso aos campos, aos regadios, às eiras, ou seja, aos locais de trabalho, de produção vegetal e animal. O conjunto edificado vai sendo alinhado segundo estes caminhos, que em regra, são calcetados. Ao falarmos das aldeias barrosãs e da casa tipicamente barrosã, não podemos deixar de falar em arquitectura popular e vernacular e na ligação directa que tem com o povo. O Homem teve de acompanhar a expansão territorial de alguns povos e culturas, através do aparecimento e desenvolvimento de técnicas e formas de fazer arquitectura. Arquitectura popular e vernacular que resulta da adaptação às condições particulares de cada região e de cada comunidade, originando um modelo próprio que lhe dá a identidade. Como refere Pedro Llano, estas “edificações apresentam-se intimamente vinculadas às pessoas que, século após século, foram quem as levantaram, sem mais experiência do que a tradição, nem mais ajuda do que a própria comunidade.” A relação que se estabelece entre a arquitectura e o meio, é com frequência condicionada por vários factores, nomeadamente, o clima, as matérias-primas que estão ao dispôr e as técnicas conhecidas e desenvolvidas por quem vai construir, bem como a economia e os condicionamentos políticos e históricos. Esta relação, é por vezes, encarada como prolongamentos da paisagem natural, e as construções são edificadas de forma a adaptarem-se à maneira de ser, de estar e de agir das pessoas que as vão habitar, resultando numa arquitectura de características próprias e populares. Como já referido, a forma de habitar na região de Barroso está directamente relacionada com a actividade agrária e pecuária, o que resulta numa arquitectura marcada pela rudeza do trabalho. Como refere Pedro Llano, o conjunto das 259
Terras de Barroso – Origens e Características de Uma Região construções da arquitetura popular é um produto do próprio camponês, de gente humilde e simples, que ao longo da sua vida criou e desempenhou o papel de construtor, ferreiro, moleiro, carpinteiro e pastor, resultando numa arquitectura sem arquitectos. A habitação tipicamente popular era construída pelo Homem, para si e para a sua família, sem a ajuda de qualquer tipo de especialista, apenas com as tradições transmitidas pelos seus antepassados, constituindo um reflexo da evolução e a actualização das formas das construções primitivas. Perante as novas necessidades de habitabilidade, o Homem sentiu-se obrigado a abandonar algumas formas de habitar, como podemos constatar com a inicial forma circular de influência céltica, passando a ser rectangular com clara influência romana. A arquitectura popular na região, é feita à base de três materiais característicos: a pedra, a madeira e o barro. Segundo António Fontes, a origem do nome Barroso está num destes materiais, muito aplicado nas construções da região – o barro. A conjugação destes materiais proporciona uma arquitectura onde se destacam variadas aplicações e soluções construtivas, nomeadamente estruturais, em especial a partir da pedra que se mostra como um sistema construtivo maciço e forte. A casa popular é sobretudo a casa rural, isto porque não é concebida apenas como abrigo, mas também como instrumento agrícola, adaptada às necessidades da actividade de exploração da terra. Após esta abordagem à arquitectura popular, neste caso, à casa popular, passamos a descrever a casa tipicamente barrosã. Uma casa que apresenta geralmente dois pisos: o térreo, destinado aos animais, a arrumos e ao armazenamento de produtos agrícolas e lenha, e o superior destinado a habitação do agregado familiar. O rés-do-chão possui, para além da 260
Domingos Vaz Chaves porta de acesso ao exterior, outras aberturas que na maioria das vezes, são apenas postigos ou frechas, geralmente guarnecidos por grades de ferro e abertos ou fechados por uma portada interior feita em madeira. A maioria das casas são constituídas por planta rectangular com telhado de duas águas, de vertentes desiguais. A cobertura é geralmente feita com telha cerâmica sobre estrutura de madeira, proporcionando uma forma geométrica precisa e apresentando uma coloração que permite estabelecer um contraste cromático, não só com a paisagem como também com os próprios materiais característicos da arquitectura popular. No que concerne à entrada principal das habitações, esta é feita através de uma escada de pedra exterior, de acesso à porta de entrada, colocada paralelamente ao imóvel e que termina numa varanda ou alpendre de madeira que se encontra coberto pelo prolongamento da cobertura. A porta de entrada é em madeira, com fecho também em madeira pelo exterior e pelo interior. No interior destas habitações, o espaço com maior protagonismo é a cozinha, um espaço com área considerável que faz simultaneamente de sala de jantar, importante em dias de eventos como a malhada, a segada e a matança do porco. Regra geral, não existia casa de banho, excepto em casas mais ricas que pertenciam às famílias mais abastadas ou com descendência nobre, ou a familiares de padre. Estas construções eram feitas em especial para satisfazer as necessidades de uma economia agrária e pecuária, constatável através dos palheiros que construíam junto da habitação, para armazenar o feno para o gado, o maior recurso destes lavradores. “Essas simpáticas casinhas à beira da estrada, ou entre os campos, melhor nos revelam o seu português sentido. Que alegres no seu variado matiz; 261
Terras de Barroso – Origens e Características de Uma Região que acomodadas nas proporções; que graça, que modéstia e contentamento não respiram!... Nada tem de forçado ou de menos seguro efeito; tudo parece nascido do próprio lugar com naturalidade. Parece que estas casas eram dotadas de uma espécie de bom senso que as impedia de tomar atitudes agressivas, na forma ou na côr, que incomodam o viandante, que nenhuma obrigação tem de aturar extravagâncias e imbecilidades”. Raul Lino descreve assim as casas tradicionais da arquitectura popular portuguesa. Em suma, podemos então referir que esta arquitectura popular construída nos concelhos de Montalegre e Boticas, pertencente a Trás-os-Montes, apresenta-se com uma atitude modesta, com forte apego à natureza, reflectindo a vida no meio rural, e não perdendo o vínculo com o meio que a rodeia. Os espaços rurais têm vindo a sofrer mudanças provocadas por transformações e alterações dos seus costumes e tradições, por vezes impostos por novas ideologias políticas e novas necessidades e vontades da sociedade. Estes espaços deparam-se com o conflito entre a tradição e a inovação, a que designamos de modernidade ou actualidade. São as fortes raízes do passado que travam a inovação e a modernidade de forma drástica, insistindo numa identidade que merece ser respeitada. A necessidade que o Homem tem de ocupar e organizar um determinado território, de o habitar construindo o seu próprio habitat, tem sofrido alterações, aliando-se à evolução da sociedade e à mudança das necessidades e qualidades de vida. Estas novas condições contemporâneas criam no Homem a ilusão de as aliar à arquitectura do espaço rural, no entanto, a relação que se cria entre a tradição e a inovação, entre o passado e o presente, não é geralmente feita de forma harmoniosa, tomando como exemplo as influências estrangeiras trazidas pelas populações emigrantes. As migrações são o fenómeno mais marcante das evoluções e transformações no território, da forma de habitar o espaço rural, constituindo um dos factores condicionantes da arquitectura. A fraca capacidade dos espaços rurais em proporcionar aos seus habitantes um nível económico de vida sustentável e desejável é o grande impulsionador da emigração. Na grande maioria dos casos, a emigração é temporária e transitória, uma vez que o Homem parte na ânsia de conseguir meios para mais tarde regressar à sua terra natal e poder construir a casa dos seus sonhos, capaz de lhe conferir qualidade de vida a si e à sua família. Deste modo, o Homem acaba por consciente ou inconscientemente, deixar para trás a sua identidade, dando assim origem a novas habitações em meio rural. Estas habitações, apresentam-se de forma descaracterizada e descontextualizada, que não vão, portanto, de encontro ao que designamos de arquitectura popular. A emigração, tem sem dúvida, impacto na arquitectura rural, uma vez que o fenómeno provoca o cruzamento de tendências, hábitos e costumes. Estas novas habitações são construídas à margem de toda a circunstância que as envolve, sem ter em conta as tradições enraizadas, provocando a descontextualização, descaracterização e desqualificação da paisagem local. ... 262
Domingos Vaz Chaves CAPITULO XIV ADÁGIOS POPULARES DE BARROSO 263
Terras de Barroso – Origens e Características de Uma Região MESES DO ANO A castanha em Janeiro vale mais que um carneiro. Em Janeiro já ia o porquinho ó fumeiro Se vires verdejar põe-te a chorar, se vires negrejar põe-te a cantar. Não há luar como o de Janeiro, nem amor como o primeiro Janeiro giadeiro. Em Janeiro vai ao outeiro. Em Fevereiro já os dias tem um salto do carneiro. Fevereiro chuva, cada suco seu rigueiro. Fevereiro é fermeleiro (come bem o gado). Março pelarço (não há comida para o gado). Março arreganhaço. Março marçagão, de manhã Inverno à tarde Verão. Março, bocadinhos de chuva que a velha leva no regaço. No Março já tanto durmo como faço. Abril, Abril águas mil coadas por um funil. Abril águas mil e quantas mais puderem vir. Abril águas mil. Em Maio encho o palaio. Maio desapondaio. 264
Domingos Vaz Chaves Maio quer-se claro como o olho do galo. Maio turbo e S. João claro. Páscoa enxuta, ano de muita fruta. Fraco é o Maio que não rompe uma croça. Em Junho calco a punho. Junho seitoira no punho. S. João claro como o olho do galo. Em Agosto, como à saúde do meu rosto. Luar de Agosto ao lavrador dá no rosto (as pessoas andavam até tarde a trabalhar: a colher, semear, regar...). Água que de Verão regar, de Abril e Maio há-de ficar. Setembro molhado figo estragado. Entre Santos e Natal, Inverno crual. OUTROS ADÁGIOS A malvela, a mulher nunca habia de comer o caldo sem ela. A mulher e a ovelha com sol à cortelha (antigamente, as raparigas e as mulheres ao tocarem as trindades recolhiam a casa). Abre o teu porco e verás o teu corpo. Ao rico não peças e ao pobre não prometas. Atrás de mim virá, quem de mim bom fará. Cada terra tem seu uso, cada roca tem seu fuso. Casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão. Com Pão e erva, Deus tudo governa. Como e bebo e pago a quem devo. Dá com que não peças e pede com que não aborreças. Deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer. Deus ajuda quem muito madruga. Dorme e depois come do sono. Em casa deste homem quem não trabalha não come. Filho és, pai serás, como o fizeres assim o acharás. 265
Terras de Barroso – Origens e Características de Uma Região Grão a grão enche a galinha o papo. Mais vale um pássaro na mão, do que dois a voar. Mãos à obra como diz a moda. Nada me és, nada me dois. Não faças mal ao teu vizinho que o teu vem pelo caminho. Nos casamentos e nos murtórios é que se fazem os falatórios. Pica pico, se fores pobre, não chegas a rico. Quem a ferro mata, a ferro morre. Quem adiante não olha, atrás volta. Quem anda à chuva molha-se. Quem está de fora não racha lenha. Quem muito dorme pouco aprende. Quem não arrisca não petisca. Quem não come por ter comido não tem doença de perigo Quem semeia ventos, colhe tempestades. Quem tem medo compra um cão. Quem troca o odre por odre, algum deles sai podre. Quem tudo quer, tudo perde. Quem vai casar longe ou vai enganar ou ser enganado. Se a mulher soubesse o que era a malvela nunca a tirava da panela. Se d’um lado chove do outro faz sol. Só se lembra de Santa Bárbara quando toa. ... 266
Domingos Vaz Chaves GLOSSÁRIO Acalhoar – atirar pedras (calhaus). Afumar – secar ao fumo. Ajuntamento – adjunto, reunião de pessoas. Amanhar – preparar a terra para semear. Amedouchar – fazer medas (montes) de palha. Arrematar – comprar ou arrendar algo em leilão. Aviação – distribuição (da água). Bancelho – uma espécie de corda feita de palha que se utiliza para atar os molhos. Bandejar – atirar a massa ao ar com uma bandeja e apará-lo, tentando dar-lhe uma forma arredondada antes de o meter no forno. Cabaneiros – a classe dos agricultores mais pobres, com parcos recursos, que vivem essencialmente da jeira. Cacarenhas – pessoa sem iniciativa Canceladas – reunir os rebanhos, nas terras que vão ser cultivadas, rodeando-os com uma cerca de cancelas para que permaneçam na área pretendida. Esta técnica de estrumação era muito utilizada em algumas aldeias do concelho. Carmear - desfazer os nós da lã Carpins – meias Carrar – transportar, geralmente em carros de vacas Carreja – transporte. Cisco - poeira. Corte – Loja onde estão os animais Desabagado – livre Desenciscar – tirar os ciscos Desorbalhado – sem orvalho Emeroucar - fazer meroucas Enfunilar ou ensacar – introduzir a carne, para o fumeiro, nas tripas, utilizando um funil largo. A carne é colocada no funil e depois empurrada, para dentro das tripas, com um fuso. Escafolar / Escafular – tirar da cafula, desfolhar ou esfolhar o milho. 267
Terras de Barroso – Origens e Características de Uma Região Escangalhar – estragar. Escotchar – cortar. Esterco – fertilizante natural, formado pelos matos com que se estrumam as cortes dos animais e os seus dejectos, é utilizado para a adubação das terras agícolas. Fogatcha – fogueira. Garmalheira / Gramalheira – corrente de pendurar os potes à lareira, ou corrente de ferro que está presa ao sino da Igreja/Capela. Lameiros – pastagens naturais. Lavrar – arar. Liar – combater, lutar. Malhadeira – máquina que faz a debulha, malhando o cereais. Masseira – uma espécie de caixa de madeira onde se amassa a massa do pão. Mata-Bicho – primeira refeição do dia. Matão – vassoura de urze ou giesta, enfiada num pau, que serve para varrer o forno. Mato – designa o conjunto de arbustos existentes nos baldios (carqueja, giesta, urze, tojo, etc.). Merouca – meda, monte de palha ou de canas de milho. P’ra môr de – por causa de. Palheiro – arrecadação de ferragens (feno e palha) para alimento dos animais. Parva – primeira refeição do dia. Pote – panela de ferro com três pernas. Poulo – terreno de poisio. Quentador / Quentadeiro – pessoa que aquece o forno para cozer o pão e que marcava a vez de cozer às pessoas. Rasa – medida usada para os cereais, equivalente a um alqueide (doze quilos). Rascalho – ramo de árvore. Responsar – rezar responsos (oração por coisas perdidas) Restolho – terreno depois de ceifado (restos de centeio). Segadas - ceifas. Segar – ceifar. 268
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Domingos Vaz Chaves ÍNDICE PREÃMBULO - 3 O AUTOR – 5 INTRODUÇÃO – 8 CAPÍTULO I - 10 A Região de Barroso dos Séculos XVIII e XIX – 11 Sintese Historica CAPÍTULO II – 14 Aspectos Gerais A História – 15 Os Povos Promiscuos – 24 Couto Misto – Uma República com 800 anos – 26 A Demarcação do Couto – 31 A Arca era a Lei – 33 O País da Memória – 34 CAPÍTULO III – 37 A Terra e a Gente A Região Pós-Século XVIII – 38 A Cultura Barrosã Nesta Época – 41 CAPÍTULO IV – 45 O Comunitarismo em Barroso As Actividades e as Estações do Ano – 49 A Matança do Porco – 52 O Fumeiro – 54 Os Trabalhos Comunitários – 57 A Entreajuda – 58 Os Baldios – 58 O Gado – 59 O Boi do Povo – 61 273
Terras de Barroso – Origens e Características de Uma Região A Vezeira – 62 O Pão – 64 O Forno do Povo – 65 A Entreajuda nos Trabalhos Agricolas – 68 CAPÍTULO V – 70 Exemplos de Comunitarismo O Regadio Colectivo - 71 Os Caminhos – 71 As Lamas e os Lameiros – 71 Os Moinhos – 72 O CICLO DE VIDA – Nascimento – 72 - Namoro - 73 - Casamento - 73 - Morte - 75 CAPÍTULO VI – 77 Organização Social e Decadência Comunitária A Organização Social – 78 A Decadência Comunitária – 80 CAPÍTULO VII – 82 O Sagrado no Imaginário Barrosão Aspectos Gerais e Tradições de Barroso – 83 O Forno do Povo – 87 Festividades Ciclicas – 93 O Cantar dos Reis – 95 O Entrudo – 97 O Testamento do Galo – 100 Os Motes de Gralhas – 105 A Noite das Bruxas – 107 O Esconjuro - 108 Os Rituais nas Segadas e Malhadas – 109 Os Rituais dos Moinhos – 116 Os Rituais das Fontes de Mergulho – 117 Os Rituais das Doenças – 121 Orações da Manhã – 121 Orações da Noite – 123 Orações a Santa Bárbara – 123 Oração da Inveja – 124 274
Domingos Vaz Chaves Responsos a Santo António – 125 Responso das Almas – 126 Responsar a Pessoa – 127 Oração para Defumar – 127 Oração para o Coxo – 127 Oração para a Ciática – 128 Oração para a Constipação – 128 Oração para as Lombrigas – 129 CONTOS DO PAGANISMO – A Lenda de Santa Genoveva - 129 - O que dizem as Letras - 136 - A Estória do Emigrante – 137 - O Homem Cuco – 137 CAPÍTULO VIII – 142 Os Municipios de Barroso Montalegre – Boticas – 143 A Hidrografia – 145 O Clima – 147 A Rede Viária – 148 OsDialectos e a Geo-Linguística – 149 CAPÍTULO IX – 154 O Concelho de Montalegre A História – 156 As Casas – 161 Os locais de Culto – 162 A Criação de Gado – 163 A Hidrografia – 165 As Barragens – 166 Alto Rabagão – 167 Cávado – 168 Paradela – 168 Venda Nova – 169 O Clima – 170 A Geografia - 171 AsGrandes Referências Montanhosas – 172 Parque Nacional da Peneda-Gerês – 173 Os Limites – 175 275
Terras de Barroso – Origens e Características de Uma Região Monumentos Históricos – 175 Castelo da Piconha – 177 Mosteiro de Santa Maria das Júnias – 178 Castelo de Montalegre – 179 Ponte Romana – 181 Igreja de São Vicente da Chã – 182 Ponte do Diabo – 182 Igreja de Santa Maria de Gralhas – 183 Paço de Vilar – 184 Casa do Cerrado – 185 Sede do Concelho – 186 As Freguesias – 187 CAPÍTULO X – 218 O Concelho de Boticas A Sede – 219 Aspectos Gerais e Caracterização – 220 O Clima – 221 Património e Arqueologia – 222 As Freguesias – 222 CAPÍTULO XI – 239 Património Arqueológico de Barroso O Megalitismo - 240 Os Castros – 240 CAPÍTULO XII – 246 Evolução e Caracterização Histórica de Barroso Desenvolvimento Sócio-Económico – 248 CAPÍTULO XIII – 256 A Implantação de Aglomerados CAPÍTULO XIV – 263 Adágios Populares de Barroso Glosário – 268 Bibliografia - 269 276
Domingos Vaz Chaves ... “DIREITOS DE AUTOR RESERVADOS” 277
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