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Interlagos - 70 Anos de Velocidade

Published by fabio, 2019-10-24 13:58:16

Description: Interlagos - 70 Anos de Velocidade

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S Pedaços do traçado antigo ainda podem ser vistos Assim, Interlagos passou a ter 4.325 metros de exten- bém já esteve à frente de Interlagos, conta que, na re- são em 1990. alidade, não era esse o traçado proposto inicialmente. Ele conta que a Curva Um seria mantida e, em segui- Além do novo traçado, que recebeu boas áreas de da, haveria uma de 90 graus que daria acesso à Reta escape, foram construídos 23 novos boxes, sala de Oposta. A Curva Dois permaneceria como área de es- imprensa, torre de cronometragem, centro médico e cape. “Mas eles acharam que o Ayrton Senna tiraria instalações de apoio para equipes e prestadores de proveito demais daquilo, porque coisas difíceis sempre serviço, sob a orientação do arquiteto Carlos Mon- foram o forte dele”, diz Edgard. “Imagine você ter de tagner, diretor de provas. Chico cuidou do desenho fazer aquela curva com o pé cravado, com a rapidez de da maioria das novas e remodeladas curvas, e as um F-1. Muitos teriam de tirar o pé na saída da Curva obras transcorreram dentro da normalidade possível Um para a tomada da de 90 graus.” Segundo ele, o S para os padrões brasileiros. do Senna foi feito porque as autoridades da F-1 con- sideraram que, com ele, haveria mais igualdade, e o O administrador, porém, não ficou satisfeito com o que importante era atingir a metragem estabelecida. foi feito em comparação com o traçado antigo. “Os es- trangeiros não acham que Interlagos ficou tão ruim quanto A repaginação de Interlagos possibilitou que fossem eu acho. Todas as curvas são mais ou menos da mesma construídas arquibancadas tubulares para o GP do Brasil velocidade, com exceção do Laranja, que é um pouco sobre o traçado antigo, como em cima do antigo Retão. mais rápido. Todas as outras são feitas mais ou menos Seria complicado receber 70 mil pessoas em uma corrida na mesma marcha. Interlagos, quanto à qualidade da pis- da F-1 no Interlagos original com os padrões de segu- ta, piorou muito. Mas os caras não acham, porque é um rança para pilotos e público do fim da década de 1980. lugar que ainda possui dois pontos de ultrapassagem. E E finalmente, após pouco mais de dez anos, a Fórmula 1 eles gostam disso, e nem todos os autódromos lá fora voltou para Interlagos. A data, histórica para o circuito que têm subidas e descidas.” agora completa 70 anos: 25 de março de 1990. O ex-piloto e jornalista Edgard Mello Filho, que tam- 51





REFORmA ONDuLAçõEs NãO sãO mAIs um PRObLEmA Em INTERLAgOs Uma falha crônica do aUtódromo de interlagos foi corrigida em 2007 epois de vários pedidos da Federa- ção dos trabalhos, foram incorporadas algumas ção Internacional de Automobilismo, técnicas que não são convencionais em obras a Prefeitura de São Paulo promoveu o recape- rodoviárias. Isso incluiu o preparo técnico anteci- amento total do traçado, obra que eliminou a pado da equipe e o monitoramento dos proble- maioria das ondulações do asfalto. Para tanto, o mas por meio de medição a laser. circuito teve de ficar fechado por quatro meses. Mas valeu a pena: a reforma foi alvo de elogios O asfalto antigo foi completamente retirado. de pilotos brasileiros e estrangeiros logo na re- Mais: foram feitas correções abaixo do pavimen- abertura, nos primeiros treinos livres para o GP to para sanar problemas de infiltração de água. Brasil daquele ano. Ali, existiam várias camadas de pavimento, feitas Segundo Wellington Wolff Conti, da Equipav ao longo da vida do autódromo. A água, então, Construtora, empresa responsável pela execu- infiltrava-se entre essas camadas em alguns pontos e havia um deslocamento de placas. 54

“Existiam alguns problemas crônicos e ninguém con- pista, colocada à prova no longo e chuvoso treino clas- seguia identificar o porquê deles. Durante a execução, sificatório do GP Brasil de 2009 e aprovada. conseguimos caracterizá-los”, disse Conti. Houve, as- sim, remoção de até três camadas de pavimento. O material retirado durante a fresagem do asfal- to antigo não se transformaria em entulho, de acor- Foram feitos testes com três misturas de asfalto. O es- do com informações da época, e seria reutilizado no colhido foi o SMA (Stone Matrix Asphalt, asfalto com malha recapeamento da via perimetral, parte integrante do de pedras). Além disso, um sensor de ondulações esteve Parque Interlagos. à disposição dos engenheiros. “Eram importantes o coefi- ciente de atrito e o índice de regularidade. Esses dois fa- Segundo dados da prefeitura paulistana, a SPTuris tores eram fundamentais para a F-1 e diferenciavam uma gastou em 2007 R$ 20,5 milhões para deixar Interlagos pista boa de uma ruim”, afirmou Conti. pronto para a F-1. Em 2008, um ano após as obras e antes de os car- S Saída do S do Senna e entrada da Curva do Sol ros da F-1 irem à pista para mais um GP, novo teste foi executado pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológi- Balanço divulgado em 2009 explicita a eficiência na cas) com o auxílio do “Um Meter”, um equipamento que administração do circuito. Em 2001, os gastos anuais mede o índice de aderência do asfalto. O coeficiente estavam na casa de R$ 32,5 milhões e foram caindo deve ser de 0,50 ou mais em um aeroporto. Em Inter- aos poucos até um patamar um pouco acima de R$ lagos, o coeficiente medido foi de 0,56; na pista lateral, 20 milhões. fora do traçado, de 0,63; no asfalto antigo, usado até 2006 (que ainda permanece na pista auxiliar), de 0,53. A SPTuris, que assumiu a administração de Interlagos em 2006, diz que houve nos últimos anos uma rever- O sucesso da extinção de ondulações e do aumen- são do déficit histórico apresentado pelo autódromo. Em to da aderência deve ser visto, de acordo com Conti, 2004, faturava pouco menos de R$ 77 mil e tinha des- como fruto de um trabalho de equipe. pesas que ultrapassavam R$ 5,2 milhões. Já em 2008 houve um lucro de R$ 400 mil. “A Emurb (Empresa Municipal de Urbanização) teve participação importante como órgão contratante e fis- calizador. A FIA teve seu papel como cliente e conhe- cedora das necessidades de um carro de F-1 e dos problemas que ele tinha naquela pista. A Equipav teve disponibilidade e vontade de buscar conceitos novos até mesmo dentro desse grupo para a execução da obra”, comentou. O trabalho feito também melhorou a drenagem da 55

ENTREVIsTA - ChICO ROsA “quERIAm DEsTRuIR O AuTóDROmO PARA CONsTRuIR CAsAs POPuLAREs” Quis o destino que Chico Rosa, administrador de “Eu assumi o autódromo em janeiro de 1989 con- Interlagos quando da maior reforma de sua história, em vidado pelo Juarez Soares, que era secretário de Es- 1989, estivesse de novo no comando agora, 21 anos portes e que me conhecia há algum tempo. Mas o depois, no septuagenário do autódromo. abandono era grande. Quando chegamos aqui, só ti- nha mato, estava tudo largado, dava pena. Daí, num Homem de fala mansa, sempre empolgado ao falar sábado, a Luiza Erundina ligou dizendo que ia aparecer do passado e do presente do automobilismo, Chico para uma visita. Chegou acompanhada de uma comi- lembra de detalhes daqueles dias agitados de discus- tiva, e entre as pessoas estava a Marilena Chauí, se- são sobre o que seria feito no maior palco do esporte cretária da Cultura, uma intelectual de respeito, mas a motor do Brasil. que não entende nada de esportes. A Marilena foi logo dizendo que o autódromo deveria ser destruído para 56 construção de casas populares aqui. Fiquei louco da vida, mas a Erundina logo mostrou que estava do meu lado. Ela foi forte, logo disse que isso nunca acontece- ria e me perguntou o que precisaríamos fazer para re- vitalizar Interlagos. Eu disse que só a F-1 salvaria o autódromo. A Erundina então me deu sinal verde para procurar o Bernie. E foi aí que tudo começou”, conta. Quando Ecclestone chegou a São Paulo para visitar Interlagos e dar início às negociações, porém, o cli- ma voltou a ficar tenso. Chico sabia que uma refor- ma profunda teria de ser feita para abrigar uma F-1 tão preocupada com a segurança e com a exposição de suas marcas, mas não se conformou com o desejo do inglês de inviabilizar o anel externo, destruindo alguns dos símbolos do autódromo.

S Prédios e casas nas vizinhanças do autódromo nhar apoio popular para sua proposta, o inglês teve uma ideia genial: trouxe Ayrton Senna para seu lado. “Fiquei tão nervoso que tiveram que me tirar de per- to dele e me trancar no escritório. Era algo puramente “O Bernie pediu ajuda do Ayrton, que prontamente co- comercial, ele não tinha ali nenhuma preocupação com laborou. Ele veio aqui, conversamos, mostrei o projeto. E o esporte. E a prefeitura, claro, estava disposta a fazer então chegamos a um meio-termo. Não destruímos com- o que ele pedisse. Eu não me conformava. Fiquei dois pletamente o anel, mas fizemos um S, o S do Senna. anos sem falar com o Bernie”, diz. Custou caro, mas a Erundina aceitou fazer”, completa. Para tentar acalmar os ânimos e, principalmente, ga-

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pilotos Felipe Massa é o atual queridinho de Interlagos: nutre uma relação especial com o circuito, já venceu duas vezes o GP Brasil de F-1, tem tudo para ampliar a marca. Mas, muito antes de o ferrarista obter essas conquistas, outros pilotos passaram pelo autódromo paulistano e deixaram seus nomes gravados. Alguns deles nem mesmo correram na mais importante categoria do esporte a motor, mas o que fizeram em provas nacionais foi o suficiente para que se tornassem ídolos inesquecíveis 59

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Emerson Fittipaldi O automobilismo brasileiro como hoje o conhe- desde aquela época seguia conselhos de Wilsinho, cemos teve como precursor emerson fittipal- seu irmão mais velho, que havia sugerido uso de para- di. foi ele quem abriu o atual caminho para o lelepípedo para ganhar peso. ainda quando criança, ele País ser bem-sucedido nas pistas internacio- construiu um carrinho de rolimã com suspensão inova- nais. Bicampeão de f-1, da etapa de interlagos e das 500 dora que tinha mais estabilidade em curvas. e quase milhas de indianápolis, o “rato” mostrou o que deveria ser foi piloto de motocicleta. mas sua mãe descobriu, e o feito para as gerações que viriam a seguir. impediu de avançar na modalidade. emerson é de uma família tradicional no auto- fittipaldi chegou ao automobilismo como mecânico do mobilismo. nascido em 12 de dezembro de 1946, kart de Wilsinho, aos 14 anos, passou a competir aos 16 em são Paulo, filho de Wilson fittipaldi, narrador e anos e já aos 17 ganhou um título brasileiro. ainda sobre promotor de corridas, foi a interlagos pela primeira kartismo, participou do desenvolvimento do chassi mini. vez aos cinco anos. teve um começo de carreira semelhante ao dos pilotos também lembra de ter visto as 24 horas de inter- da época, defendendo a Willys e disputando, por exemplo, lagos de 1952, uma prova marcante para ele, já que mil milhas e 500 Quilômetros com carros de turismo, até sua mãe, dona Juze, correu ao lado de uma amiga: elas chegar à f-Vê em 1967. foi campeão a bordo do fitti-Vê, ficaram em quinto lugar, à frente, inclusive, de seu pai. mas não pôde correr em interlagos no ano seguinte, pois o autódromo estava fechado para reformas. antes disso, em 1951, emerson já havia vencido uma prova de bicicletas patrocinada pela rádio re- os bons resultados no Brasil o motivaram a arriscar cord. também foi ao pódio das “mil milhas mirins”, uma ida à europa em 1969, ajudado por chico rosa. uma corrida de carros de caixote com rodas de ma- das nove corridas das quais participou na f-ford, ga- deira em uma ladeira. nhou três delas e finalizou outras três em segundo. 61

PILOTOs esse desempenho chamou a atenção de Jim russel, que o levou à f-3 inglesa quase imediatamente. repre- S Emerson, com a lendária Lotus 72D sentando a lotus, venceu 8 das 12 corridas em que esteve e conquistou o título. 62 depois de uma rápida passagem pela f-2 em 1970, já tinha a confiança de colin chapman, chefe da lo- tus, que o contratou para ser piloto de f-1. a estreia de emerson na categoria se deu em 18 de julho de 1970, no gP da inglaterra, em Brands hatch. na etapa se- guinte, em hockenheim, na alemanha, pontuou pela primeira vez, com uma quarta colocação. em apenas sua quarta corrida na categoria, em Watkins glen, nos estados Unidos, conquistou sua primeira vitória. com a morte de Jochen rindt na itália, havia se tornado a principal aposta da lotus. o ano de 1971 não foi tão positivo para emerson, e ele foi três vezes ao pódio, sem vitória. mas sua sorte mudaria em 1972: cinco vitórias, oito pódios, três poles e o tão sonhado título mundial. faltava-lhe, porém, a vitória em casa, que veio em 1973, em interlagos, depois de um completo domínio du- rante as 40 voltas da prova. após um começo arrebatador de 1973, em que venceu três das quatro primeiras etapas, sofreu abandonos e perdeu o título para Jackie stewart. emerson tornou-se bicampeão de f-1 em 1974, após transferência para a mclaren, em uma temporada na qual venceu três vezes, uma delas em interlagos, para o delírio da torcida. em 1975, novamente pela mclaren, completou a dobradinha brasileira em interlagos, liderada por José carlos Pace. Pela segunda vez foi vice-campeão.

a partir de 1976, competiu pela copersucar, equipe e duas vitórias nas 500 milhas de indianápolis, em 1989 e criada junto com Wilsinho, e o melhor que pôde fazer 1993, quando já corria pela Penske. o “rato” encerrou sua até 1980 foi obter uma segunda posição no gP Bra- participação na categoria após grave acidente no oval de sil de 1978, em Jacarepaguá. em sua aventura com a michigan em 1996. no ano seguinte, após deixar o auto- equipe, foi duas vezes ao pódio e marcou 37 pontos em mobilismo, acidentou-se de ultraleve com seu filho luca. cinco temporadas. Pai de seis filhos, voltou a correr na gP masters, ca- o bicampeão ficou três anos longe das pistas e vol- tegoria destinada a veteranos pilotos, em 2005, e dis- tou a correr em prova de imsa em miami. a cart era sua putou a gt3 Brasil em 2008 ao lado de Wilsinho. nova empreitada, e nela estreou em abril de 1984, em long Beach. triunfou pela primeira vez em 1985, pela o piloto, conhecido por sua técnica apurada ao Patrick, em michigan. volante, também é empresário e produtor de laranjas. além disso, comandou a equipe brasileira da a1gP até sua história na indy teve como saldo um título, em 1989, o colapso da categoria, no fim de 2009. T Encontro de gerações: Emerson, Landi e Senna, em evento em Interlagos, em 1983 63

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PiquetNelson U m tricampeão nunca conseguiu correr de f-1 em Piket, uma tentativa de driblar o pai. o segredo caiu interlagos com carros suficientemente competiti- por terra quando o garoto começou a ganhar títulos. vos porque sua grande fase na categoria se deu quando ela realizava etapa em Jacarepaguá. na mesma época, tomado de paixão pelos carros, nelson Piquet tem no currículo duas conquistas no foi trabalhar na camber, oficina de alex dias ribeiro e Brasil, em 1983 e 1986, mas ambas tiveram como palco onde conheceria também roberto Pupo moreno. nel- o rio de Janeiro. son pegou todo o conhecimento de mecânica que ti- Piquet nasceu no rio de Janeiro em 17 de agosto de nha e o aplicou em seu kart, com o qual foi campeão 1952. filho do ministro da saúde do governo de João brasiliense em 1970. em seguida, conquistou os títulos goulart, estácio gonçalves souto maior, ele passou boa brasileiros de 1971 e 1972. parte da infância e juventude na então recém-inaugura- da Brasília, para onde a família se mudou em 1960. depois disso, nelson foi estudar engenharia mecâni- o jovem nelson era um ótimo tenista, assim como ca na UnB, curso que fez por três períodos. decidiu em seu pai, e foi mandado em 1968 a uma escola nos es- 1976, de uma vez por todas, ser piloto de competições tados Unidos para, além de estudar, treinar a modali- e levou a melhor na fórmula super-Vê, que realizava dade. foi por lá que ele começou a se interessar por corridas em interlagos e outros autódromos. automobilismo e, quando retornou ao Brasil, passou a correr de kart com o sobrenome da mãe alterado para era chegada a hora de seguir os passos de emer- son fittipaldi. e, em 1977, Piquet embarcou para a europa, apadrinhado pela família Prado. ele comprou um march de f-3 para a disputa do campeonato eu- 65

PILOTOs ropeu. Viveu por lá com pouco dinheiro, morou num ônibus e, com a economia feita, adquiriu, no fim do S Piquet, na Lotus, no GP dos EUA de 89 ano, um novo ralt, com o qual encerrou o campeo- nato com a terceira posição. 66 no ano seguinte, foi o grande destaque da f-3 ingle- sa: levou o título do torneio BP, superando derek Wa- rwick e chico serra. no meio da temporada da f-3, mo nunn pediu a ele que pilotasse um ensign de fómula 1, patrocinado pela tissot, na alemanha. o brasileiro fez um bom trabalho e foi parar na Bs fabrications, cujo carro era um antigo mcla- ren m23. depois de abandonos na Áustria e na holanda, deu a volta por cima e garantiu uma nona posição na itália. foi quando Bernie ecclestone decidiu dar a ele um terceiro Brabham-alfa romeo para o gP do canadá. Vendo futuro em Piquet, ecclestone assinou com o brasileiro para 1979. o companheiro de niki lauda pôde somente marcar três pontos por causa das que- bras excessivas de equipamento, mas o próprio austrí- aco somou só quatro pontos na temporada. Piquet tornou-se líder da Brabham quando lauda optou por dar um tempo na carreira, ao fim de 1979. Uma troca acertada de fornecedora de motores, de alfa romeo V12 para ford cosworth V8, fez com que o brasileiro conquistasse três vitórias, a primeira delas em long Beach, nos estados Unidos, e fosse vice-cam- peão, atrás de alan Jones. 1981 foi o ano do primeiro título de Piquet. apenas um ponto o separou do argentino carlos reutemann após um grande fim de campeonato em las Vegas. Piquet ha- via começado aquela temporada muito bem e decaído na metade, mas mesmo assim terminou com a taça. Já 1982 não foi um bom ano para Piquet, que, de

S Piquet, no GP dos EUA de 87, ano do tri S Piquet faz sua estreia na F-1, em Hockenheim, em 78 motor BmW, voltou a sofrer com quebras. a superação honda. após duas temporadas, três pódios e nenhuma veio rapidamente e ainda com o propulsor alemão: o vitória, transferiu-se para a Benetton, pela qual venceu brasileiro foi bicampeão em 1983 ao superar alain Prost três gPs, o último deles no canadá em 1991. em um fim de temporada espetacular, com vitórias em duas das três últimas corridas. no gP da itália, Piquet passou a ser companheiro de michael schumacher, não mais de roberto moreno, e de certa forma, a quinta posição no mundial de 1985 foi resolveu deixar a f-1 ao fim da temporada. um consolo para Piquet, já que a mclaren havia exercido grande domínio durante todo o campeonato. as coisas, po- nelson Piquet quis disputar as 500 milhas de india- rém, voltaram a ficar realmente difíceis em 1984. só venceu nápolis de 1992, mas se acidentou nos treinos e sofreu em Paul ricard, na frança, porque foi uma das únicas oca- lesões nas pernas e nos pés. em 1993, disputou para siões em que os pneus Pirelli não se comportaram tão mal. valer a tradicional corrida, mas foi obrigado a desistir, com problemas de motor. nelson rejeitou uma oferta de renovação com ec- clestone para 1986 e trocou de equipe. como compa- a partir de então, Piquet fez algumas provas de lon- nheiro de nigel mansell na Williams, não teve um clima ga duração, como as mil milhas Brasileiras, vencidas favorável, já que o inglês estava em casa e se recusava por ele em 1997 e 2006, à sua empresa de rastreamen- a ser escudeiro do brasileiro. como resultado de uma to e à carreira do filho nelsinho. rixa feroz e algumas vezes desleal, ambos perderam o título para alain Prost. além da habilidade ao volante, Piquet sempre foi co- nhecido por falar o que vem à cabeça e por sua esper- o tricampeonato veio em 1987 e com base na regu- teza, dentro e fora das pistas. laridade. Piquet venceu três corridas, enquanto mansell triunfou seis vezes. a diferença foi que Piquet sempre marcou e abandonou menos etapas. o brasileiro trocou a Williams pela lotus em 1988 para ganhar mais dinheiro, que vinha da camel e da 67

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SennaAyrton S egunda, terceira e sexta marchas. essa era a em primeiro lugar, seguido de Patrese e do companheiro única sequência possível para ayrton senna de equipe, gerhard Berger. após a quebra do câmbio da mclaren no au- tódromo de interlagos em 1991. levou a torcida ao delírio. subiu ao pódio com cãim- mas um desafio um pouco mais adiante, quase im- bras e espasmos musculares e, após grande esforço, possível, ainda estava por vir a sete voltas do final da- levantou o troféu de campeão. se antes já tinha sido quele gP. depois de liderar a maior parte da prova, o um dos responsáveis pelo desenho do novo traçado, brasileiro ficou só com a sexta marcha e, superando o incluindo o s do senna, escreveu definitivamente o desgaste de um embate com nigel mansell, que aca- nome na história de interlagos com aquela vitória e o bou abandonando, teve de fazer ainda mais força para tricampeonato no final do ano. controlar o carro. Já em 1993, enfrentou condições adversas mais uma o italiano riccardo Patrese foi avisado desses proble- vez com a decadente mclaren no circuito paulistano. mas pelos boxes da Williams e iniciou a perseguição ao com motor renault e suspensão ativa, a Williams, após brasileiro. chegou a tirar três segundos por volta e, na úl- o título de nigel mansell no ano anterior, era a franca tima, quando começou a garoar, estava a apenas cinco favorita com alain Prost, na pole, e o inglês damon hill, segundos do líder. mas depois de muitas tentativas frus- na segunda colocação, à frente de senna, em terceiro. tradas em anos anteriores, com pouco menos de três se- gundos de vantagem, senna cruzou a linha de chegada a dupla que largou na ponta mantinha boa vantagem sobre os demais quando um temporal mudou totalmen- te as condições da prova. Prost acertou a minardi de 69

PILOTOs christian fittipaldi no fim da reta principal e abandonou, sor. e, no fim da temporada de 1984, ficou em nono lugar, assim como muitos outros pilotos. o safety car entrou com 13 pontos. Já na lotus, ele conquistou o quarto lu- pela primeira vez na história da f-1 e, depois de seis gar em 1985 e 1986, e o terceiro em 1987, somando seis voltas, na 38ª, a corrida foi reiniciada. vitórias e 16 pole positions na passagem pela escuderia. hill largou em primeiro, mas logo na 41ª volta foi chegou à mclaren para disputar o campeonato ao superado por senna no laranjinha e não recuperou lado do então bicampeão mundial alain Prost em igual- mais a posição. dade de condições em 1988. não decepcionou e, com oito vitórias e 13 poles, foi campeão pela primeira vez. a segunda vitória do ídolo no autódromo levou a em 1989 e 1990, o campeonato foi decidido no gP de torcida a invadir a pista mesmo com a prova ainda na suzuka, no Japão, após duas batidas entre os arquir- volta final. cercado pela multidão, ele saiu do carro rivais. com os braços para o alto e de mãos cerradas e foi carregado em direção ao safety car antes de chegar no primeiro ano, senna ultrapassou Prost, que fez ao pódio. apesar de senna assumir a liderança do o brasileiro sair da pista antes da entrada na chicane. campeonato com a vitória, Prost viraria o jogo e al- a batida foi inevitável, o francês abandonou e senna cançaria o quarto título mundial no final do ano. venceu, mas foi desclassificado por cortar a chicane, numa manobra de bastidores do presidente da fia Je- o resultado não foi diferente em sua primeira prova an-marie Balestre. oficial no kartódromo de interlagos, em 1973: senna cruzou a linha de chegada em primeiro lugar com o Um ano depois, senna largou na pole e, logo na pri- seu kart, aos 13 anos. nascido no dia 21 de março meira curva, fechou a porta para impedir a ultrapassa- de 1960, em são Paulo, conquistou os títulos de cam- gem do segundo colocado no grid e no campeonato, peão paulista, brasileiro e sul-americano nos anos se- Prost, da ferrari. fim de prova para os dois, e o título guintes. o adolescente já gastava horas e horas mon- dessa vez ficou nas mãos do brasileiro. tando e desmontando as peças do kart até altas horas da noite. a habilidade em pistas molhadas também foi mas o mesmo circuito ainda reservava grandes emo- desenvolvida nesta época quando notou as dificulda- ções ao brasileiro, em 1991. Berger mantinha a primei- des para pilotar nessas condições. nos dias de chuva, ra posição enquanto senna vinha atrás em ritmo lento saía para treinar em interlagos ou até mesmo nas ruas à frente da Williams de mansell, que precisava ganhar de seu bairro. para ter chances de ser campeão. o plano da mclaren de pressionar e enervar o adversário deu certo quando foi campeão inglês da fórmula ford, em 1981, da o “leão” rodou ao sair do vácuo de senna ainda na f-2000, em 1982, e da fórmula 3, em 1983. depois de nona volta. o bicampeão corria para a vitória quando ser o primeiro a conquistar a tríplice coroa britânica, as ouviu, pelo rádio, ron dennis dar a ordem para deixar equipes de f-1 passaram a convidá-lo para fazer testes. o companheiro de equipe passar, recompensa por seu apoio na corrida. com o segundo lugar, senna chegou estreou na toleman, um time modesto, mas promis- 70

ao terceiro título e, por ter superado carros melhores, em 1994, o sonho de pilotar a Williams se torna- considerou aquela a sua melhor temporada. ria um verdadeiro pesadelo. apesar de conseguir três poles, o carro já não era mais confiável, com a proi- no entanto, a mclaren entrou em declínio a partir bição do uso de componentes eletrônicos pela fia. de 1992 e senna não conseguiu repetir o excelente de- abandonou os gPs do Brasil e do Pacifico, mas o sempenho dos anos anteriores, chegando até a cogitar pior estava por vir na etapa de san marino, em imola, correr na indy. com apenas três vitórias e uma pole, ele na itália. ficou num modesto quarto lugar na classificação final e viu o inglês nigel mansell conquistar o título com ante- depois do grave acidente de rubens Barrichello e cedência. da morte do austríaco roland ratzenberger no fim de semana, senna largou bem, mas, na sétima volta, esca- em 1993, a saída da honda da mclaren era mais pou da pista e bateu contra o muro da curva tamburello. um motivo para seu desânimo. outra razão era a su- premacia da Williams, agora com Prost (o campeão) e naquele momento, senna perdia a vida e deixava o hill (terceiro). acabou ficando na equipe. empurrado nome para sempre na história do automobilismo, com por motor ford, o carro evoluiu, e senna conseguiu 41 vitórias, 65 pole positions e 80 pódios. numa recente cinco vitórias, incluindo a de interlagos, e uma pole, pesquisa entre pilotos, ele ganhou também a eleição de chegando ao segundo lugar no final do ano. melhor de todos os tempos. S Senna e seu capacete com as cores do Brasil, uma lenda das pistas 71

PILOTOs CELsO LARA bARbERIs Interlagos, em seus 70 anos de existência, viveu alguns filha, mas se separou da esposa pouco tempo depois. momentos de muita tristeza, como no dia em que celso lara Barberis gostava mesmo de carros esportivos, fazendo Barberis morreu nos 500 Quilômetros de 1963. o autódromo paulistano, entretanto, foi onde ele obteve conquistas impor- uso de modelos de ferrari e maserati, e competiu em cinco tantes e se tornou um dos principais pilotos de sua época. edições das mil milhas, de 1957 a 1961. mas, ao mesmo tempo, não deixou de lado os monopostos e participou de Barberis nasceu em 28 de fevereiro de 1916, no interior de provas com bólidos da mecânica nacional e carreteiras. são Paulo. filho de um médico italiano que virou fazendeiro de café na região de fartura, celso tinha uma irmã adotiva. além disso, esteve em competições internacionais como os mil Quilômetros de Buenos aires, onde, em 1960, em parceria foi morar, em 1930, na capital paulista. começou uma car- com christian heins, levou um maserati 300s à quarta posição. reira de nadador no clube de regatas tietê e posteriormente se transferiu para o clube floresta (atualmente espéria), onde, antes disso, em 1955, Barberis havia pedido à oficina olivei- além de nadar, praticou remo e ganhou títulos. era tão bom que ra monarca que construísse um carro exclusivo para ele. o bóli- foi convocado para os Jogos olímpicos de 1936, mas não pôde do levou a assinatura do italiano toni Bianco, que estabeleceria competir em Berlim: perdeu o navio da delegação brasileira gra- outras parcerias com o piloto. ças a uma intoxicação alimentar. também se dedicou a outros esportes, como judô e boxe. a última delas, para os 500 Quilômetros de 1963. Uma corrida trágica: celso perdeu a vida ainda na primeira volta após uma sé- em 1945, quando assumiu os negócios da família, em rie de capotagens, consequência de um toque com João Batista fartura, já tinha admiração por carros. começou a correr em do amaral Jr. 1949. três anos mais tarde, com o apoio de Victor losacco, passou a disputar corridas regularmente em interlagos com celso foi tricampeão dos 500 Quilômetros de interlagos em carros de turismo. casou-se nessa mesma época e teve uma 1957, 1960 e 1961 e colecionou outras vitórias ao longo dos 14 anos de carreira no automobilismo. em sua homenagem, há uma rua com seu nome atrás do kartódromo. RubENs bARRIChELLO Depois de Ayrton Senna, nenhum piloto recebeu tanto decidiu morar e correr na europa em 1990. foi sozinho apoio de interlagos como rubens Barrichello. Por muitos anos, ao Velho continente e participou da f-opel europeia. lá ele foi a esperança de vitória brasileira em casa. o que, ironica- aprendeu italiano e levou o título da categoria logo de cara. mente, acabou vindo com felipe massa. ainda em 1990 fez três etapas da f-3 sul-americana e, com uma vitória em interlagos, ajudou, de certa forma, christian rubinho nasceu em 23 de maio de 1972 e foi criado nas fittipaldi a ser campeão. redondezas do autódromo. membro de uma família que já tinha uma cultura automobilística — seu tio dárcio comanda uma como já era rotineiro para pilotos brasileiros, o jovem equipe de f-3 sul-americana —, ganhou seu primeiro kart aos Barrichello correu na f-3 inglesa em 1991, pela equipe West seis anos, presente do avô materno. fez um trato com seu pai surrey. foi aí que despontou para o automobilismo mundial, de que pararia de correr se começasse a tirar notas baixas na ganhando o título em cima de nomes como david coulthard escola, e assim empenhou-se ainda mais nos estudos. e gil de ferran. correu de kart por oito anos e obteve excelentes resulta- a passagem à f-3000 era o caminho natural. Piloto de uma dos. em uma época em que duelava com christian fittipaldi, equipe italiana, já estava mais bem adaptado à realidade da eu- principalmente no kartódromo de interlagos, foi cinco vezes ropa. na pista, não teve vida fácil, mas, mesmo assim, fechou o vencedor dos campeonatos Paulista e Brasileiro. também campeonato, vencido por luca Badoer, em terceiro lugar. foi campeão sul-americano e nono colocado no mundial de 1987, ocasião em que foi apadrinhado pelo seu maior ídolo, em janeiro de 1993 recebeu a chance de um teste em sil- ayrton senna. verstone, na inglaterra, pela Jordan, equipe de f-1 com a qual assinou contrato para aquela temporada. de 16 para 17 anos, no início de 1989, Barrichello in- gressou na f-ford. sobre essa época, conta sempre que a no ano de estreia, teve alguns bons momentos e marcou transportadora da categoria derrubou seu velho carro antes dois pontos. em 1994, logo na segunda corrida, o gP do Pa- da primeira prova e lhe deu um novo em folha. não foi cam- cífico, foi ao pódio pela primeira vez na categoria: ao todo, de- peão, mas se destacou. morou apenas 18 etapas para conseguir o feito. Um fortíssimo acidente, entretanto, veio logo em segui- 72

da, na sexta-feira do gP de san marino. decolou com seu carro e bateu violentamente contra uma barreira de pneus. não se feriu com gravidade, mas foi vetado para a corrida e assistiu pela tV, de sua casa, na inglaterra, à morte de senna, dois dias depois. ainda em 1994, Barrichello deu a volta por cima e obteve, na Bélgica, sua primeira pole position. ao fim da temporada, foi o sexto mais bem posicionado, com 19 pontos. rubinho voltou ao pódio no gP do canadá de 1995 e teve chances de alcançar um bom resultado no gP Brasil de 1996, mas rodou quando ocupava a quarta posição — havia largado em segundo. o brasileiro acreditou em um novo projeto em 1997, o da stewart, e ficou por lá até 1999, ano em que teve um de seus melhores desempenhos em interlagos. liderou 23 voltas, cau- sou euforia na torcida, fez interlagos acreditar numa vitória. só que, com problemas de motor, saiu da prova quando estava na terceira colocação. como saldo de sua passagem pela stewart, conquistou quatro pódios e uma pole. rubinho fechou contrato para 2000 com a ferrari, que lhe deu pela primeira vez chances reais de disputar vitórias. tinha, porém, como companheiro o então bicampeão michael schu- macher, que tentava tirar a escuderia italiana da fila. Barrichello demorou 11 corridas para ir ao alto do pódio e, quando foi, acon- teceu em grande estilo. em um épico gP da alemanha, partiu da 18ª posição e ainda assim levou a vitória. de 2000 a 2005, a torcida brasileira foi a interlagos es- perando por uma vitória de Barrichello. mas sempre algo de errado acontecia. Pane seca, pane hidráulica, erro de estra- tégia.... outra decepção marcou a trajetória de rubinho: a vitória dada a schumacher no gP da Áustria de 2001 por ordens da ferrari. Barrichello saiu da equipe de maranello ao fim de 2005 e foi contratado pela honda com um currículo de nove vitó- rias, 13 poles e dois vices-campeonatos. defendendo a honda, porém, só obteve um pódio em três anos e caminhava para um triste fim de carreira. Uma vaga para 2009 surgiu nos últimos instantes quando a mon- tadora japonesa, de saída da f-1, repassou a equipe para ross Brawn e companhia. rubinho voltou a ter chances de vitórias, com um car- ro revolucionário. derrotado por seu companheiro Jenson Button na primeira metade da temporada, o paulista deu uma resposta quando se acertou com os freios, venceu duas corridas e ficou na luta pelo título até a penúltima eta- pa, justamente em interlagos. não conseguiu, porém, tirar a taça das mãos do inglês. Barrichello, casado, pai de dois filhos, mudou novamente de ares em 2010. hoje, defende a Williams. S Barrichello em sua nova equipe, a Williams 73

PILOTOs ALExANDRE bARROs O maior representante do motociclismo brasileiro é um ro Kevin schwantz, campeão daquela temporada, o terceiro dos filhos mais ilustres de interlagos. alexandre Barros brilhou colocado. no autódromo paulistano na década de 1980 e representou o país no mundial de motovelocidade de 1990 a 2007. depois depois de deixar a suzuki, ao fim de 1994, Barros repre- dele, nenhum outro piloto do Brasil, até agora, conseguiu ir tão sentou a honda por oito campeonatos seguidos em equipes longe. independentes. mas, em 2003, foi piloto de fábrica da Yamaha, algo que durou pouco tempo, já que, em 2004, trocou de lugar nascido em 18 de outubro de 1970, em são Paulo, Bar- com Valentino rossi e virou piloto oficial da honda. ros deu suas primeiras aceleradas aos 7anos, sendo bi- campeão de ciclomotores. logo conquistou campeonatos diversas contusões, porém, atrapalharam as passagens nacionais de 50 cc e 250 cc. por equipes de fábrica. o brasileiro mudou de ares em 2006 e foi à categoria superbike. Voltou à motogP em 2007 e fez mas o motociclismo brasileiro não passava por uma boa uma temporada de despedida do mundo do motociclismo. fase, já que as importações de motocicletas de competição haviam sido proibidas. tanto é que, em 1984, o jovem pilo- S Barros, em Valência, em 2005, ano em que conquistou sua última vitória na MotoGP to só disputou três corridas. Barros foi quarto colocado nos campeonatos de 1996, foi quando ele decidiu ir para a europa. com 15 anos 2000, 2001, 2002 e 2004, acumulou sete vitórias na di- apenas, ajudado por um espanhol que representava uma visão máxima do motociclismo, a última delas no gP de editora e já tinha corrido de moto, conseguiu um teste na Portugal de 2005, foi 32 vezes ao pódio e largou cinco espanha e foi bem-sucedido na tarefa. vezes na frente. o número mais impressionante é o de gPs disputados, 245. a partir daí, nada mais conseguiu segurar o brasileiro. nem mesmo a pouca idade. alex Barros corre em 2010 de turismo, na Porsche gt3 cup, categoria da qual era o líder do campeonato após qua- Barros teve de mentir para poder disputar o mundial de tro corridas disputadas. Promove, ainda, concorridos cursos motovelocidade. na época, a idade mínima permitida era de pilotagem de moto. onde? em interlagos, claro. 16 anos. Para driblar a regra, seu pai assinou um termo de responsabilidade dizendo que o garoto tinha nascido em 1969. a mentira foi descoberta no fim do campeonato, mas não gerou punição a Barros, que corria de 80 cc na europa em 1986. em 1990, Barros chegou à categoria máxima, 500 cc, após passar pela divisão 250 cc nos dois anos anteriores. com 19 anos, ele tornou-se mais jovem competidor do cam- peonato. tinha como companheiros de cagiva randy ma- mola, que já era experiente àquela altura, e ron haslam. resultados começaram a aparecer em 1992. Barros foi ao pódio pela primeira vez no gP da holanda, em assen. apesar da terceira posição, ficou muito perto da vitória, pois cruzou a linha de chegada apenas 0s793 depois do vence- dor alex criville. o brasileiro venceu pela primeira vez no ano seguinte, quando corria pela suzuki: em Jarama, na espanha, triunfou no encerramento do campeonato e superou seu companhei- 74

ENRIquE bERNOLDI Enrique Bernoldi é mais um exemplo de pilotos que só foram correr mais regularmente no autódromo de interlagos após uma carreira internacional, e pela stock car. curitibano de 19 de outubro de 1978, era um garoto que gostava de cavalos quando ganhou um kart de seus pais aos sete anos. após se destacar entre seus primos, começou a disputar provas aos nove e, de 1987 a 1993, foi bicampeão dos campeonatos Paulista e Brasileiro. Poderia ter competido na f-chevrolet brasileira, mas, por conselho de seu pai, embarcou para a europa em 1995, mais especificamente para a itália, a fim de correr na f-alfa Boxer. Quarto colocado no campeonato, ganhou a oportunidade de dispu- tar uma prova da f-renault europeia e saiu de monza com a vitória. isso o levou, em 1996, a fazer a temporada completa da categoria, da qual foi campeão com nove vitórias em 11 provas. o título abriu os caminhos de Ber- noldi, que recebeu propostas e esco- lheu a da Promatecme, da f-3 inglesa. ficou nela por dois anos, 1997 e 1998. somou sete vitórias ao todo e obteve um vice-campeonato, somente atrás do também brasileiro mario haberfeld. Bernoldi deu mais um passo em 1999 e foi para a f-3000, último degrau antes da f-1. corria, porém, por uma equipe desorganizada, segundo suas próprias palavras. com a red Bull Ju- nior, marcou apenas dois pontos, mas com um lado positivo: como a empre- sa de bebidas energéticas era sócia da sauber, o curitibano fez, ainda em 1999, seu primeiro teste na f-1. em 2000, novos testes de f-1, e mais uma temporada na f-3000: mar- cou apenas cinco pontos, apesar de S Bernoldi, quando corria pela Arrows na F-1 uma pole position. seu caminho natural era estrear pela sauber na f-1 em 2001, mas foi então que apareceu Kimi raikkonen e lhe tirou a vaga. ainda assim, entrou na categoria, mas pela arrows, com a qual ficou por uma temporada e meia, até a equipe fechar as portas, no meio de 2002. abandonou os dois gPs Brasil dos quais participou. sem equipe na f-1, Bernoldi optou pela World series em 2003 e teve a chance de voltar a vencer. em duas temporadas na categoria, conquistou quatro vitórias e uma terceira colocação em campeonato. retornou à f-1 em 2004, mas para ser piloto de testes da Bar, cargo que exerceu até 2005. foi em 2007, quando entrou na stock car, que Bernoldi começou a correr com mais frequência em interlagos. em 2008, foi novamente para o exterior, correr na indy. Bernoldi, pai de uma filha, tentou novamente disputar a categoria nacional em 2009, esteve nas quatro primeiras provas, mas recebeu convites para correr pelo flamengo na f-superliga e participar do fia gt. 75

PILOTOs LuIz PEREIRA buENO A carreira de Luiz Pereira Bueno não se restringiu a duas inglaterra em 1969 e correram pela equipe de stirling moss corridas de f-1 em interlagos em 1972 e 1973, seus feitos na f-ford, categoria da qual Bueno foi vice-campeão ao obter mais notórios. o piloto paulistano alcançou muitas outras gló- seis vitórias. rias durante seus 27 anos de automobilismo. em sua volta ao Brasil, disputou o torneio BUa de f-ford e nascido no bairro paulistano de higienópolis em 16 de ja- passou a integrar novamente a equipe de greco. neiro de 1937, luiz, o caçula de seus irmãos, foi pela primeira vez a interlagos em 1944, durante um passeio de domingo, em 1971, Bueno juntou-se a Walter Uchoa, anísio campos e na companhia dos pais. mais tarde, como seu cunhado tinha José carlos Pace e formou a equipe Z, cujo carro era um Pors- importado um carro e costumava ir ao circuito para testá-lo, o che 908/2. logo conseguiram patrocínio da souza cruz, que então garoto de 11 anos começou a acompanhar e a gostar passou a divulgar o cigarro hollywood no Porsche. com Bueno de corridas. como principal piloto, eles venceram os 500 Quilômetros de in- terlagos, prova da qual o paulistano foi tricampeão. com problemas com notas na escola, causados por seu foco excessivo no automobilismo, foi para um colégio interno Bueno ainda disputou f-2 e f-3 brasileiras em 1971, um em campinas, onde ficou por dois anos. ano antes de experimentar pela primeira vez um carro de fórmula 1. tendo em vista o gP Brasil amistoso que se re- Quando voltou a morar em são Paulo, seu cunhado já havia alizaria em interlagos, a hollywood decidiu alugar um march criado uma oficina mecânica, onde passaria boa parte de seu 711 para luiz, que chegou ao fim da prova em sexto lugar, o tempo livre. ia a interlagos com a finalidade de dar algumas último entre os que a completaram. voltas em carros para amaciar motores preparados por seu cunhado e seu irmão — ambos já corriam. S Luizinho, com a Surtees, no GP Brasil de 73 aos 19 anos, Bueno quis começar a correr e conseguiu um antes de disputar seu primeiro gP de f-1 para valer, grande parceiro na oficina: Bird clemente, com o qual dividiu Bueno conquistou o título da categoria esporte-protótipo em um fiat 1100 nas mil milhas de 1958. antes disso, ele já havia 1972, um ano antes de a confederação Brasileira de auto- feito outras corridas de menor expressão. mobilismo restringir o uso de carros e motores importados, o que resultou na venda do Porsche. a carreira de Bueno ficou congelada do fim de 1958 até a metade de 1961. nesse meio tempo chegou a trabalhar na em 1973, novamente um carro de f-1 foi alugado pela fábrica da Willys, em uma concessionária, especializou-se em hollywood para luiz, desta vez um surtees ts9B. o já ex- renault dauphines e casou. periente piloto reclamou do equipamento e chegou a pensar que não tinha talento necessário para pilotar um daqueles, Quando voltou a correr, com danilo de lemos nas 24 horas mas Pace, competidor oficial da surtees, comprovou que de interlagos, foi apresentado aos diretores da Willys, por meio havia um erro de montagem. de novo, na corrida, Bueno foi dos quais entrou para o departamento de carros esporte e foi o último entre os que chegaram ao fim, 12º. estagiar na alpine, na frança. Já de volta ao Brasil, precisou dar um foco à sua vida profissional e optou por ser, de uma Passada, então, a euforia da f-1, começou a pilotar car- vez por todas, um piloto de competição, embora não tenha ros como opala 4.100 e ford maverick de divisão 3. Já aos deixado de planejar ter seus próprios negócios. 45 anos, em 1982, disputou provas de stock car. luiz Pereira Bueno encerrou sua carreira apenas em 1984, nos mil Quilô- Bueno iniciou sua trajetória na equipe oficial da Willys em 1963, metros de Brasília. em parceria com francisco lameirão, ao volante de um gordini. christian heins comandava o esquadrão naquela época, mas, com sua morte, luiz antônio greco assumiu a chefia. sob o comando de greco, Bueno ganhou status de piloto completo, porque pilota- va muito bem diversos carros, como dauphine, gordini, carreteira gordini, Willys interlagos, alpine e protótipo Bino. conquistou ao menos 22 vitórias, dentro das categorias nas quais competia, como na Pt/gt das mil milhas de 1967. a Willys já tinha sido vendida para a ford àquela altura. tomando novos rumos, Bueno e ricardo achcar foram à 76

LuCIANO buRTI Embora seja natural de São Paulo, luciano Burti não tinha muita experiência como piloto no autódromo de interla- gos até começar a correr de stock car. a curiosidade pode ser S Burti, em 2001, então piloto da Prost explicada pelos rumos da sua carreira. Burti, nascido em 5 de março de 1975, teve contato com um kart pela primeira vez aos 16 anos, idade em que muitos pilotos já começam a pensar em correr de monopostos. foi no kartódromo de interlagos que ele deu suas pri- meiras aceleradas. mas esse começo tardio não significou fracasso, muito pelo contrário: foi, em 1994, campeão do sul-americano e, em 1995, ganhou o Paulista. o passo seguinte foi a inglaterra, onde correu de f-Vau- xhall Jr. em 1996. Um bom desempenho lhe garantiu avan- ço em 1997 à f-Vauxhall, da qual foi logo de cara campeão representando a stewart, equipe que, à época, também estava na f-1. como não poderia deixar de ser, Burti competiu na f-3 inglesa em 1998, novamente com a escuderia de Paul stewart. Pelo bom resultado obtido, a terceira posi- ção no campeonato, ganhou a chance de testar um carro de f-1 da stewart, em silverstone. continuou na f-3 inglesa em 1999 e foi vice-campeão, atrás de marc hynes e à frente de Jenson Button, futuro ganhador de título na f-1. ainda em 1999 foi piloto de testes da stewart. apesar da compra da stewart pela ford-Jaguar, Burti manteve-se contratado como piloto de testes e reserva de eddie irvine e Johnny herbert. e estreou na f-1 em 2000, na Áustria, no lugar de irvine, com uma indisposi- ção estomacal. o brasileiro foi elevado à condição de titular da Jaguar em 2001. mas, após quatro provas, uma delas a etapa de interlagos, trocou-a pela Prost e logo no primeiro treino classificatório superou seu companheiro Jean alesi. mas um grave acidente no gP da Bélgica fez sua temporada ser encerrada prematuramente. Burti mudou de ares em 2002. com um empurrãozinho do amigo rubens Barrichello, tornou-se piloto de testes da ferrari, cargo que exerceu até 2004. nas três temporadas em que ele fez parte do quadro de funcionários, a escuderia foi campeã com michael schumacher. a stock car entrou na vida de luciano em 2005. em quatro temporadas na categoria brasileira, disputou 15 provas em interlagos, muito mais do que já havia feito até então. luciano Burti, além de piloto, é comentarista de f-1 da tV globo desde o fim de 2004 e assina uma coluna na revista “Quatro rodas”. 77

mARIO CésAR DE CAmARgO FILhOPILOTOs Havia um piloto que não ligava muito para as condições perigosas e precárias de in- terlagos. mario césar de camargo filho foi revelado em provas estradeiras e de subida de montanha, mas não deixava de lado as corridas de rua e em autódromos como interlagos. ele era um competidor acostumado ao perigo, e que o desafiava. a vida começou para marinho, como é mais conhecido, no interior do Paraná. nas- cido em 15 de janeiro de 1937 em ribeirão claro, morou em rancharia (sP) na infância, foi estudar em campinas e depois retornou à pequena cidade paulista. aos 18 anos, já morando na capital, deu a largada em sua carreira. marinho pegou emprestado um studebaker do irmão, dono de uma revenda de caminhões e tratores, e foi a interlagos participar de rachas. ao comprar um Volkswagen 1200, sentiu-se pre- parado para rachas de rua e então conheceu Jorge lettry, que era sócio de uma oficina especializada na marca alemã. ganhou confiança aos poucos e decidiu estrear, em 1957, na i subida da serra Velha de santos, sendo o terceiro colocado na categoria até 1,3 litro. incentivado por lettry, trocou o VW de tração traseira por um dKW de tração dianteira. com ele, disputou a eta- pa inaugural do circuito da Barra da tijuca, no rio de Janeiro, da qual foi desclassificado por falta do banco do passageiro. Já com um modelo f93, em 1959, disputou corrida nas ruas de Poços de caldas (mg) e levou a vitória na classificação geral, o que lhe rendeu o apelido de “rei da rua”. Uma semana depois competiu na subida de montanha na serra Velha de santos, onde enfrentou problemas, mas mesmo assim se saiu bem. foi quando marinho começou a correr em interlagos para valer. em parceria com eduardo scurrachio, disputou as mil milhas com um dKW preparado pela fabricante e chegou a passar pela liderança durante a corrida. continuou, porém, a participar de provas de rua. ganhou, por exemplo, a categoria 1,3 litro da Barra da tijuca em 1960 e duelou bravamente na inauguração de Brasília com um dKW da serva ribeiro. mas foi em 1961, quando já disputava corridas em interlagos com mais frequência, que destacou-se de verdade pela primeira vez no autódromo paulistano. marinho e Bird clemente lideraram as mil milhas por mais de cinco horas, mas, com problemas de distribuidor e bomba de gasolina, ficaram apenas na sexta colocação. a frustração foi esquecida quando, no mês seguinte, foi às ruas de salvador e saiu de lá com a vitória. levando em consideração seus resultados, a dKW resolveu montar um departa- mento exclusivo de competições. e daí sim marinho começou a triunfar em interlagos, vencendo três corridas curtas no famoso circuito. Bem-sucedido, deixou a área têxtil e tornou-se sócio de uma revenda de dKWs. a dKW-Vemag, porém, passava por mudan- ças. a última corrida da equipe oficial foi em interlagos e reuniu oito malzones. marinho participou da última empreitada do time, o carcará, carro criado para bater o recorde de velocidade em linha reta no rio de Janeiro, e com ele fez testes em 1966. insatisfeito com a falta de estabilidade do bólido, o piloto voltou a são Paulo. com o fim da equipe oficial, marinho passou a gerenciar sua nova oficina, no itaim, e ainda disputou as mil milhas de 1966, com um malzone emprestado pela Vemag. ao lado de eduardo scurrachio, foi vice-campeão. mario césar de camargo filho parou de correr em 1967, após 19 vitórias, 12 delas em circuitos de rua, e hoje em dia gerencia um posto de gasolina em ourinhos. 78

EDuARDO CELIDôNIO Do primeiro lugar no pódio, eduardo celidônio viu o parceiro camillo christófaro consolar os jovens emerson fittipaldi e Jan Bal- S Celidônio compete em Interlagos der em prantos após as Vii mil milhas de interlagos de 1966. a pro- va foi definida após uma ultrapassagem na antepenúltima volta e no bem-sucedido reabastecimento do dKW-malzoni da dupla vencedo- ra a duas voltas do final. se, naquele momento, a carreteira demorou a pegar nos boxes na principal vitória de sua carreira, os primeiros passos de celidônio no automobilismo aconteceram cedo, quando ainda tinha 16 anos. nascido em 4 de maio de 1943 no bairro da Vila clementino, em são Paulo, o aluno do colégio liceu Pasteur já tinha apren- dido a guiar com o pai aos 13 e a montar e desmontar carros com os amigos mais velhos, mas, para ter um contato ainda maior com a velocidade, foi trabalhar de bandeirinha na aPVc, a associação Paulista de Volantes de competição. Proprietário de uma corretora de câmbio e valores imobiliários de são Paulo e de uma fazenda de café em maringá, ruy celidô- nio, o pai, deu ao filho um aero-Willys, usado em sua primeira cor- rida em 1962. Porém, o jovem não contava com apoio financeiro dele e da mãe, maria stella ribeiro celidônio, para as competi- ções e, por isso, vendeu o presente e passou a andar de ônibus e a economizar para comprar uma ferrari 500 monza. em 1963, finalmente conseguiu estrear com sua máquina dos sonhos no festival automobilístico acesP em interlagos. todo es- forço pareceu ter sido em vão quando o piloto rio negro, com um carro idêntico, sofreu um acidente fatal apenas alguns metros à sua frente, na curva 1. eduardo desistiu, ou melhor, precisou de um ano para refletir e voltar com uma ferrari 250 tr, depois substituída por uma maserati 300 s. o convite para a parceria com camillo christófaro nas mil milhas em que desbancou emerson aconteceu após o segundo lugar em sua primeira corrida de mecânica nacional, também em 1966. no ano seguinte, a dupla ficou com a mesma segun- da colocação, atrás de José carlos Pace e anísio campos, que, com pane seca, contaram com um empurrãozinho do re- nault de Élvio rangel. foi dono do primeiro autocine de são Paulo, como eram cha- mados os drive-ins naquela época. e trabalhou na corretora de valores do pai enquanto participava das corridas nos fins de se- mana. montou a equipe marcas famosas no início da fórmula super Vê no Brasil, em 1974, e foi vice-campeão da categoria no ano seguinte. Já tinha até sentado no cockpit da shadow para fazer uma corrida na fórmula 1 quando um dos três carros da equipe teve o motor quebrado em 1977. o aluguel do carro reserva para pilotos locais era prática comum e ele acabou recebendo o dinheiro de volta. teve que assistir à prova de fora, como os espectadores e bandeirinhas, mas já tinha deixado de ser mais um anônimo há tempos. 79

PILOTOs ADu CELsO Um piloto significou para o motociclismo brasileiro qua- passou a correr em provas em toda a europa, passo funda- se o mesmo o que emerson fittipaldi representou para o mental para, em 1972, estrear no mundial. o grande feito de automobilismo nacional. adu foi a vitória do gP da espanha de 350 cc, em Jarama, no ano seguinte, conquista mais importante até então de um contemporâneo do bicampeão de f-1, adu celso foi o motociclista brasileiro. primeiro competidor do Brasil a vencer em uma categoria do mundial de motovelocidade, um grande feito de um piloto que mas dois episódios, um acidente automobilístico em também disputava corridas em interlagos. 1974 e um incêndio de sua moto nos treinos da primeira cor- rida de 1976, tiveram grande papel negativo na participação eduardo celso santos nasceu em 7 de agosto de 1945 de adu no mundial, já que ele corria por equipes próprias e e começou a competir com motos pouco potentes aos 16 a verba era curta. anos. tornou-se o preparador de motores de suas próprias motocicletas e fez com sucesso os campeonatos Paulista, como consequência disso, adu começou a correr de car- Brasileiro e sul-americano. ros em 1977, mais precisamente na f-super Vê. retornou brevemente às motos em 1979 e dedicou-se exclusivamente não lhe bastava, porém, ficar no Brasil, e, enfrentando forte depois disso aos monopostos. celso foi duas vezes ao lugar opinião contrária, inclusive da própria família, adu embarcou mais alto do pódio em 1982 e 1983, quando a super Vê já era para a europa em 1970. mas, como a confederação Brasileira f-2 Brasil, e correu pela última vez em 1984. de motociclismo não era filiada à fim, órgão internacional, ele acabou se tornando piloto da entidade holandesa. adu, que no Brasil também venceu competições de mo- tociclismo como a taça centauro, foi vítima de um ataque não demorou a ganhar o apelido de “Índio Brasileiro” por cardíaco e morreu aos 49 anos, em 2005. mas houve tem- causa de seus cabelos longos e lisos. embora não tivesse mui- po para receber uma homenagem, em um festival, por sua to dinheiro, se virava e chegou a morar em uma tenda na pista vitória em 1973. na ocasião, pilotou uma Yamaha tZ 350, de Zandvoort, onde corria no campeonato holandês. igual àquela do gP da espanha. a partir do momento em que obteve uma licença europeia, 80

CAmILLO ChRIsTóFARO Motivação não faltou à vida de camillo João christófaro para que seguisse os seus sonhos nas pistas. na inauguração de in- terlagos em 12 de maio de 1940, ainda menino, com 12 anos, S Christófaro ao volante de um monoposto em Interlagos assistiu ao tio chico landi ser o segundo colocado. outro tio, Qui- rino landi, também participou da prova. sua mãe, irmã dos dois “ases”, tinha um nome não menos sugestivo: esperança. dois anos depois, o adolescente nascido em 27 de abril de 1928, no bairro do canindé, em são Paulo, começou a traba- lhar como ajudante numa oficina localizada na rua onde morava e, mais tarde, foi estudar mecânica no senai, no Brás. com a carteira de habilitação em mãos a partir dos 18 anos, pas- sou a guiar caminhões e, quando não estava na estrada, era moto- rista de táxi. a dupla jornada de trabalho proporcionou a compra de um chevrolet 1937, seu primeiro carro. casado e proprietário de uma oficina, passou a construir as suas máquinas, que continham home- nagens à mulher Wilma e ao filho. o número 18 era uma referência à data de aniversário dela e o lobo pintado na carenagem, o perso- nagem favorito do menino nos gibis. daí para o apelido de “lobo do canindé” nas pistas foi um passo. se 1957 foi o ano da primeira vitória em interlagos, também foi a época mais difícil de sua carreira. depois de sofrer o primeiro acidente sério e de abandonar logo no início outra corrida que disputou com o tio chico landi, viu de perto a morte de seu parceiro djalma Pessola- to nos 500 Quilômetros de interlagos. ao tentar desviar de um cavalo que atravessou a pista, djalma capotou e caiu do barranco entre as curvas 1 e 2. mesmo com todas as dificuldades, camillo seguiu em frente, recuperou o veículo e teve alguns bons resultados, como o primei- ro lugar em Petrópolis, no rio de Janeiro. em 1958, porém, nova tragédia: o parceiro Jair de melo Vianna morreu e mais três de seus mecânicos ficaram feridos após uma batida a caminho de um treino para as mil milhas. dois anos depois, teve de empurrar o carro dividido com celso lara Barberis junto com toda a equipe a poucas voltas do final para chegar em quarto lugar nas mil milhas de 1960. em 1963, ao lado de antonio carlos aguiar e décio d’agostino venceu as 12 horas de in- terlagos, tornando-se bicampeão, além das 250 milhas de interlagos realizadas no sentido inverso junto de antônio carlos aguiar. a última conquista expressiva foi o primeiro lugar com eduardo celidônio nas Vii mil milhas de 1966, prova considerada uma das mais emocionan- tes na época. Parou de correr em 1976, continuou com a oficina e passou a se dedicar à carreira do filho que competiu no Brasileiro de marcas e na stock car. sua última prova no antigo circuito em 1989, ao lado do filho camillinho, foi também a última edição das mil milhas antes da reforma do autódromo. Pouco tempo depois, em 28 de agosto de 1994, faleceu. 81

PILOTOs bIRD CLEmENTE Pouca gente pode dizer que foi tão íntima de interlagos quanto Bird clemente. ou ninguém. ele diz ser a pessoa que mais acelerou pelo autódromo paulistano. no período em que S Ilustração mostra Bird, com um modelo Interlagos da equipe Willys passou dias e noites no circuito, tornou-se o mais bem-sucedi- do piloto brasileiro sem uma carreira internacional. como com mário césar de camargo filho, o marinho. além disso, com Jorge lettry como chefe de equipe, a montadora nascido em são Paulo em 23 de dezembro de 1937, Bird contratou mecânicos especializados para cuidar dos carros de — cujo nome refere-se a richard evelyn Byrd, aviador norte- corrida. Um ano antes, Bird já havia corrido com um dKW da americano que explorou o Polo sul — era um adolescente do revenda serva ribeiro, com eugênio martins, e deixado seus bairro do Pacaembu quando foi estudar agrimensura no ma- colegas impressionados. ckenzie. o que, de uma forma ou de outra, mudou sua vida. lá conheceu tito martins, que rapidamente o apresentou para Quando fazia longas baterias de testes para a montadora, seu irmão, eugênio martins, que já corria. foi o início de um útil durante as quais ficava íntimo das curvas e da neblina de inter- e influente ciclo de amizades. lagos, Bird, piloto de fábrica pioneiro, praticamente morava lá, já que testava carros dias e noites dentro do laboratório que era o filho de um apaixonado por automobilismo que trabalha- autódromo paulistano. va no ramo de artefatos de papel, Bird não demorou muito a conseguir realizar seu desejo. ganhou um carro. e começou a apesar de não serem funcionários da Vemag, Bird e mário frequentar interlagos com uma assiduidade que impressionava foram praticamente garotos-propaganda da montadora en- a família. quanto pilotavam para ela. como tinham um ótimo relaciona- mento com a marca, conseguiram carros de frota para uso as lembranças do antigo interlagos ainda estão na cabeça pessoal. no entanto, em 1963, Bird, seduzido com o salário de Bird. em suas palavras, para o público o autódromo era que ganharia só para pilotar carros, passou a ser piloto da “maravilhoso” e para os pilotos era “espetacular”. Willys. com a morte de christian heins nas 24 horas de le mans, luiz antônio greco assumiu a chefia da equipe e tirou Para os espectadores, interlagos era uma grande arena Bird da Vemag. que proporcionava uma ampla visão de quase toda a pista. Para os competidores, havia os mais variados tipos de cur- com uma carreira encerrada em 1974, o atual morador da vas e relevos. granja Viana, na grande são Paulo, ganhou as principais cor- ridas: 500 Quilômetros, mil milhas, 24 horas. a infraestrutura, porém, não era das melhores. o público se acomodava em barrancos, onde hoje são as arquibancadas. Bird clemente, pai de quatro filhos e casado com a irmã neles, havia cortes de níveis, nos quais existiam caibros, ele- de ciro cayres, parou de correr com 37 anos porque, segun- mentos estruturais de um telhado, pintados de branco, demar- do ele, estava cansado da rotina. e, quando saiu do esporte, cando pequenas áreas, os “camarotes”. não havia escadas saiu de uma vez. as mil milhas de 1973 foram uma de suas para comunicar um nível ao outro. últimas provas e representaram sua última grande conquista na carreira. os pilotos tinham à disposição acomodações precárias. eram boxes com telhas de amianto, divididos por paredes de É comum encontrar Bird em interlagos durante a realização alvenaria. havia um toalete muito rústico. existia uma torre, de corridas de carros antigos. o ex-piloto chegou a visitar recen- também feita de alvenaria, muito simples, onde ficavam os fis- temente o pit lane da indy em são Paulo, no anhembi. mais um cais de prova. embaixo daquela torre havia uma pequena área, prova de que ele não sabe viver sem o automobilismo. uma sala. do outro lado da pista, existia uma acomodação co- berta onde ficava a cronometragem. ligando o público com os boxes, uma ponte. normalmente, os jovens pilotos daquela época usavam pseudônimos para que seus pais não soubessem que corriam. mas Bird não conseguiu esconder-se por muito tempo. Pres- tes a completar 21 anos, em novembro de 1958, disputou sua primeira corrida, as mil milhas Brasileiras, em parceria com luiz Pereira Bueno, a bordo de um fiat 1100. a carreira de Bird clemente ganhou impulso quando, em 1960, a Vemag montou um departamento de competição. a montadora brasileira tinha licença para fabricar o dKW e re- solveu contar com Bird para representá-la nas pistas, bem 82

PEDRO PAuLO DINIz A contribuição de Pedro Paulo Diniz para Interlagos foi muito mais como empresário do que como piloto. Quan- do esteve à frente da f-renault brasileira, especialmente no S Diniz, em 1996, na Ligier ano de estreia, em 2002, conseguiu levar bons públicos ao autódromo. diniz continuou na arrows em 1998 e somou a mesma quantidade de pontos de seu parceiro mika salo, 3. trans- filho de abílio diniz, do grupo Pão de açúcar, Pedro Paulo feriu-se para a sauber em 1999, escapou sem ferimentos nasceu em 22 de maio de 1970. em 1987, com apoio de fornece- de uma capotagem no gP da europa e novamente fez 3 dores da rede de supermercados, o então adolescente começou pontos, mas agora contra 2 de Jean alesi. a competir no kart, o que fez durante duas temporadas. depois de uma temporada sem pontuar em 2000, decidiu diniz avançou à f-ford em 1989, o primeiro passo em uma comprar parte da equipe Prost e assumiu um cargo executivo, escada que teve f-3 sul-americana em 1990 e f-3 inglesa em deixando de ser piloto. mas, no fim de 2001, a Prost, com dívi- 1991. continuou, em 1992, na categoria inglesa e sentiu-se pron- das, fechou as portas. to para estar na f-3000 em 1993 com a forti corsi. ele precisou de mais um ano na divisão de base da f-1: seus primeiros pontos foi aí que diniz começou a dirigir a f-renault brasileira, que vieram na penúltima etapa de 1994, no estoril, em Portugal. revelou nomes como lucas di grassi, atualmente na f-1. a categoria foi extinta em 2006. hoje, Pedro Paulo trabalha no Pedro Paulo e carlo gancia, então seu empresário, aju- grupo do pai. daram a levar a forti corsi à f-1 em 1995. com o apoio de empresas brasileiras, o piloto estreou na principal categoria do automobilismo, tendo roberto moreno como companheiro. a tentativa, entretanto, foi frustrada. diniz não marcou nem um ponto sequer, embora tenha vivido uma segunda metade de tem- porada melhor, superando moreno com mais constância. tom Walkinshaw viu o progresso de diniz, bem como seu suporte financeiro, e contratou-o em 1996 para ser piloto da ligier. o brasileiro teve como melhores resultados dois sextos lugares e trocou de equipe em 1997, junto com Walkinshaw. na arrows, teve como companheiro damon hill, campeão do ano anterior, e até chegou a ser mais rápido que ele em algumas provas, mas o placar final de pontos foi 7 a 2 para o inglês. 83

PILOTOs FRITz D’OREy Se os carros da loja Auto-Geral na alameda Barão de categoria esporte, foi na vitória no ii circuito da Barra da tijuca. campinas, propriedade do pai e detentora dos direitos de im- o convite para um teste na scuderia centro sud de fórmula portação de renault, Packard e hudson, já faziam parte da vida de frederico José carlos themudo d’orey desde a infân- 1 aconteceu no i torneio triangular na argentina. e veio do pro- cia, quando era aluno do colégio são luiz, em são Paulo, a prietário da equipe, uma das maiores lendas da modalidade, um estreia como piloto numa competição oficial em interlagos não certo Juan manuel fangio. ele ficou impressionado com o domí- foi menos inspiradora. nio do novato na prova até o abandono, a nove voltas do final. as- sim, fritz entrou na lista dos brasileiros participantes da categoria nascido em 25 de março de 1938 e apelidado de fritz por máxima do automobilismo, ao lado, então, de chico landi, gino conta de sua ascendência alemã, o debutante de 19 anos, a Branco e nano da silva ramos. bordo do Porsche spyder, foi o primeiro a cruzar a linha de chegada numa prova para iniciantes em 1957. no mesmo ano, aos 21 anos, foi competir na europa, mesmo com o receio na ii mil milhas do autódromo, em dupla com luciano Bonini dos pais devido às más condições de segurança das pistas. numa carreteira ford 30, teve problemas mecânicos e não viu Participou de três provas de f-1, mas não teve resultados ex- a bandeira quadriculada. pressivos. em outras categorias, os principais destaques foram a vitória na corrida de messina, na itália, e o segundo lugar em 1958, fritz assumiu o volante da ferrari com motor em sebring, nos estados Unidos, pela fórmula Jr., além da corvette, da equipe tubularte, de José gimenez lopes e segunda colocação numa prova de subida de montanha de chico landi, e venceu a segunda edição dos 500 Quilô- trento-Bondone, na itália. no gP de Berlim, na alemanha, as metros de interlagos, repetindo o sucesso de celso lara fortes chuvas foram responsáveis pelo seu acidente e também Barberis com o mesmo carro no ano anterior. pela morte do amigo Jean Behra. mais: fez a melhor volta e liderou com folga boa parte da sofreu um grave acidente durante os treinos da 28ª edi- competição na inauguração do circuito da Barra da tijuca, só ção das 24 horas de le mans, na frança, no ano seguinte. que uma parada nos boxes para alguns ajustes acabou resul- ficou oito meses internado em hospitais, teve de encerrar a tando na segunda colocação. carreira com apenas 22 anos e muitos jornais chegaram até a divulgar a sua morte. com o para-brisa quebrado do Volks/Porsche do piloto lauro Bezerra, o Bira, chegou em nono lugar na edição se- o traumatismo craniano e uma série de fraturas, porém, guinte das mil milhas e, no i torneio triangular sul-americano, não o impediram de trabalhar como fotógrafo por dois anos andava à frente de brasileiros, argentinos e uruguaios quan- em Paris e depois nas empresas de seu pai no Brasil. do um pneu furado o levou aos boxes. mesmo assim, chegou em quarto e conseguiu novamente a melhor volta da prova. a depois de abandonar as pistas, não deixou de lado sua despedida das corridas no Brasil com a ferrari 750 monza, da paixão e costuma ainda participar de eventos com pilotos e carros antigos. 84

JuAN mANuEL FANgIO Um dos grandes pilotos da história do automobilismo como “apto para o serviço”. também depois se dedicou ao futebol mundial correu em interlagos bem antes de o autódromo paulis- com bastante talento. tano receber a fórmula 1. Juan manuel fangio, maior detentor de com 21 anos, voltou a morar com sua família e, em parte do títulos da categoria máxima no século XX, disputou duas corridas terreno familiar, montou sua própria oficina — primeiro passo para em são Paulo, uma em 13 de janeiro de 1952 e outra em 1º de abrir outra no centro de Balcarce. dezembro de 1957. como era de se esperar, o argentino venceu começou a competir em provas automobilísticas em 24 de ambas as provas. outubro de 1936 pilotando um ford a, modelo de 1929, em um fangio foi, em 1952, quando havia acabado de conquistar seu circuito de terra. recebeu ajuda de amigos para trocá-lo por um primeiro título na f-1, convidado pela organização do gP cidade chevrolet, com o qual travou muitas disputas com oscar gálvez e de são Paulo para correr em interlagos. em prova que contou foi bicampeão nacional em 1940 e 1941. também com a participação de froilán gonzález, a estrela argen- Um contingente de pilotos europeus de alto nível foi correr tina, a bordo de uma ferrari 166 fl, não teve vida na argentina em 1948. entre eles estava Jean-Pierre fácil, embora tenha largado na pole e liderado Wimille, considerado por muitos um grande pilo- a maior parte da disputa, e ficou apenas to, embora não tenha ganhado muita fama, 11 segundos à frente do luso-brasileiro e o francês ficou tão impressionado com francisco marques, cujo carro era fangio que começou a fazer campanha uma maserati 4 cl. para que o argentino fosse conhecido Já em 1957, ano em que foi mundialmente. pentacampeão de f-1, fangio do- o governo argentino, então, pa- minou com uma maserati 300s a trocinou fangio e gálvez em uma corrida, da qual somente 12 pilotos temporada europeia e repetiu a ação participaram. henrique casini e chi- em 1949. com uma maserati 4clt, co landi foram ao pódio ao lado do fangio ganhou manchetes na europa grande piloto. ao vencer em san remo, Perpignan, ele realmente brilhou em tudo o marseilles, Pau, albi e monza. que fez no automobilismo. nascido em Quando a fórmula 1 oficialmente come- 24 de junho de 1911, em Balcarce, uma S Fangio e sua Maserati no çou, em 1950, o argentino foi convidado para cidade pequena ao sul de Buenos aires, era fi- GP da França de 1957 ingressar na alfa romeo, com a qual faturou o título de 1951. também levou os campeonatos de 1954 (com lho de imigrantes italianos. aos 13 anos, já encantado por mecânica, começou a trabalhar como ajudante de mecânico maserati), 1955 (mercedes-Benz), 1956 (ferrari) e 1957 (maserati). em uma oficina onde, curiosamente, se preparavam carros de em 1958, fangio deixou a categoria após cinco títulos, 24 vitó- competição. Precisou aprender a dirigir para ir buscar peças em rias, 35 pódios e 29 poles em apenas 51 gPs disputados. morreu cidades vizinhas e apaixonou-se por um overland de quatro cilin- em 1995, aos 84 anos de idade. dros, que se tornaria seu primeiro carro. mas em 1993 protagonizou seu grande último momento na Passou quase um ano de cama, sempre recebendo os cuidados f-1: entregou troféu de vencedor a ayrton senna em interlagos. de sua mãe, por causa de uma inflamação das pleuras pulmonares. também estava no pódio michael schumacher, o sucessor do ar- Pouco tempo depois de curado da doença, o exército o classificou gentino nas listas de recordes da categoria. 85

PILOTOs ChRIsTIAN FITTIPALDI Mais um integrante da família Fittipaldi, que tanta im- ao menos pontuou em seu ano de estreia, na penúltima portância teve para interlagos, christian foi um dos primeiros prova da temporada, no Japão. e teve a capacidade de marcar representantes de uma geração que cresceu admirando um cinco dos sete pontos de sua fraca equipe em 1993, ano em piloto do País bicampeão de f-1. Justamente seu tio, emerson. que sofreu um acidente bizarro em monza, na itália: voou na reta o filho de Wilsinho, no entanto, teve uma carreira mais pa- final ao acertar seu companheiro Pierluigi martin. mesmo assim, recida com a de maurício gugelmin. cruzou a linha de chegada. Paulistano de 18 de janeiro de 1971, christian deu seus depois de ser obrigado, por questões políticas e financei- primeiros passos no esporte a motor no kart. contemporâneo ras da minardi, a não disputar as duas etapas finais de 1993, e principal adversário de rubens Barrichello, era assíduo fre- correu por outra equipe, a footwork, a partir do gP Brasil de quentador do kartódromo de interlagos e lá travou 1994, do qual saiu por uma quebra de câmbio. foi, grandes disputas com o atual recordista de porém, sua melhor temporada na fórmula 1, já gPs da f-1. que nela obteve dois quartos lugares. depois do sucesso no kart, sem opções melhores na f-1, em- precisou de uma licença es- bora tenha tido chances de ser pi- pecial para começar a cor- loto de testes da mclaren, optou rer de monopostos, já que, em 1995 por correr nos esta- em 1988, tinha apenas 17 dos Unidos, na cart, ou indy, anos. Vice-campeão da categoria em que seu tio já f-ford Brasil, na sequ- estava desde 1984. ência arrebatou os títu- Já em seu primeiro ano los da f-3 brasileira e da na américa do norte foi ao f-3 sul-americana. pódio das 500 milhas de como não poderia ser indianápolis, ficando atrás diferente, avançou em 1990 apenas de Jacques Villeneu- à f-3 inglesa: foi o quarto ve, campeão de f-1 de 1997, colocado em um campeonato mesmo ano em que christian vencido por mika hakkinen, fu- quebrou suas pernas num aci- turo bicampeão de f-1. dente em surfers Paradise. o ano de 1991 foi o decisivo para S Christian disputa posição com christian conquistou duas vitórias a carreira meteórica de christian, que Johnny Herbert, em Mônaco, em 94 na cart, uma em 1999, em elkhart lake, e conquistou logo de cara a taça da f-3000, outra em 2000, em fontana, e saiu da categoria categoria considerada o último passo antes do topo. em 2002. antes disso, em 2001, disputou uma corrida Venceu duas corridas naquela temporada — deixando o vice- na nascar e gostou do que viu. tanto é que, em 2003, fez 18 campeonato para alessandro Zanardi. etapas da Winston cup. as portas da f-1, assim, estavam abertas para christian. fittipaldi, nos últimos tempos, ainda somou participações além de ter mostrado muita competência, tinha um sobrenome em grand-am, a1gP, le mans series, 24 horas de le mans, fortíssimo. o terceiro fittipaldi a chegar à categoria máxima do american le mans series e até na stock car, para a qual re- automobilismo estreou pela minardi em 1992, aos 21 anos. torna em 2010. 86



PILOTOs WILsON FITTIPALDI JúNIOR Membro de uma nobre família do automobilismo brasilei- a mecânica do monoposto era simples, da Volkswagen, já que ro, Wilson fittipaldi Júnior não tinha alternativas a não ser se havia um regulamento igual ao usado na alemanha. tornar mais um apaixonado pela velocidade e por interlagos. havia também o fitti-Porsche, protótipo baseado em um Wilsinho é o filho mais velho de Wilson fittipaldi, narrador e chassi de Porsche 356. o carro, embora fosse rápido, era frá- também organizador de corridas como as mil milhas. como se gil. Quebrou, por exemplo, quando estava na liderança nas mil não bastasse, dona Juze, esposa do “Barão”, também com- milhas de 1967, conduzido pelos irmãos fittipaldi. a dupla tam- partilhava dessa paixão pelo esporte a motor. bém fez um fusca de dois motores em parceria com ricardo nascido em são Paulo em 25 de dezembro de 1943, Wilsi- divila, futuro companheiro de empreendimento na f-1. nho começou a correr de kart ainda na adolescência. e sabendo do sucesso de emerson no exterior, Wil- já naquela época dava sinais de que não queria sinho foi novamente correr na europa em 1971, ser apenas piloto: tinha ideias e soluções de na f-2, e subiu no pódio uma vez. logo em engenharia. 1972 estreou na f-1. das dez provas das Wilsinho passou a fazer provas de quais participou a bordo de um Bra- longa duração no começo dos anos bham, abandonou seis e nas outras 1960. corria em parceria com pi- ficou entre os dez primeiros. dando lotos como José carlos Pace e sequência ao trabalho em 1973, Bird clemente, com os quais, por marcou três pontos. exemplo, venceu as 12 horas de em 1974, Wilsinho dedicou- Brasília de 1964 a bordo de um se exclusivamente ao primeiro Willys interlagos. naquela mesma carro de f-1 brasileiro, o fd01. temporada, Wilsinho e Bird leva- com o modelo projetado por divi- ram a melhor nas 6 horas de curiti- la, o irmão de emerson disputou 13 ba com um gordini r8. provas em 1975 e apenas completou no embalo dessas conquistas, o irmão cinco delas. a partir de 1976, ano em mais velho de emerson fittipaldi recebeu con- S Wilsinho, na Copersucar, em 75 que o já bicampeão passou a ser piloto da vite para correr na europa de um diretor esportivo copersucar, Wilsinho assumiu funções de chefe da renault que estava no Brasil. teve uma rápida passagem, em de equipe e diretor técnico. 1966, pela f-3, mas logo teve de retornar ao Brasil apesar de um a equipe fittipaldi durou até 1982, e Wilsinho posteriormente bom resultado inicial. soube posteriormente que a renault havia voltou a correr de turismo. teve a oportunidade de dividir um car- feito pressão para que ele voltasse a trabalhar por aqui. ro com seu filho christian nas mil milhas de 1994, quando os dois de volta ao País, começou a desenhar o fitti-Vê, carro de pilotaram um Porsche e levaram a vitória para casa. fórmula Vê, e a coordenar todo o projeto, com a ajuda de fran- Wilson fittipaldi Júnior correu no gt3 Brasil ao lado de emerson cisco Picciuto. entre 1966 e 1969, eles montaram 54 chassis. em 2008. foi sua última temporada como piloto. Por enquanto. 88



PILOTOs bRENO FORNARICoragem. esse era o principal requisito para se ingressar Carioca de nascimento, mas criado em São Paulo, RObERTO gALuCCIno automobilismo quando Breno fornari iniciou a carreira, noroberto galucci tornou-se um dos principais pilotos de início dos anos 1950. os carros não tinham cinto de segurança sua época ao vencer duas vezes seguidas os 500 Quilô- e os pilotos não contavam com macacão e capacete especí- metros de interlagos, importante prova do calendário, em ficos para as competições. tudo era improvisado. não muito 1962 e 1963. diferente da época na qual o menino, nascido em 25 de março de 1925, brincava com o ford t do pai em arroio do meio, no galucci trabalhava com venda de automóveis na re- rio grande do sul. gião central da capital paulista e começou a correr em 1960, aos 26 anos, com um dKW, em parceria com flavio foi montando e desmontando o “brinquedo” que nasceu o del mese. Já na primeira corrida sofreu uma capotagem. interesse e a paixão pela mecânica e pelos carros. mas a larga- Quando voltou a competir, foi com um simca. da para as corridas e a velocidade aconteceu mesmo quando, em Porto alegre, no início de 1945, ele abriu a própria oficina no ano seguinte, já com uma oficina própria monta- mecânica para recuperar carros, incluindo muitos guardados da para seus carros e de seus amigos, competiu com no porto de montevidéu havia anos. regularidade com seu fnm/JK 2000 e participou pela primeira vez dos 500 Quilômetros de interlagos. Valendo-se da combinação de vários equipamentos para a construção das máquinas, a partir de 1950, aos 25 anos, o jo- em 1962 apareceu para o cenário do automobilismo vem conseguiu as primeiras conquistas na categoria mecânica ao vencer os 500 Quilômetros, realizados no anel externo. nacional. as pistas eram estradas esburacadas de terra, ou ao volante de uma maserati corvette 4.500 cc mecânica melhor, de poeira, nas quais os pilotos, devido à falta de visibi- nacional (monoposto), levou a vitória mesmo após uma lidade, muitas vezes faziam as ultrapassagens tomando como punição, já que tinha um tanque de combustível maior e referência os fios elétricos das linhas telefônicas nos postes. parava menos para reabastecer. faroletes extras também foram necessários à sua parceria conquistou o bicampeonato em 1963 com sua maserati com catharino andreatta durante as mil milhas de interlagos, corvette. no entanto, não pôde fazer muita festa, porque au- vencidas pela dupla nos anos de 1956, 1958 e 1959, tornan- gusto “dinho” Bonotti e celso lara Barberis haviam perdido do-se assim a primeira tricampeã da prova. a vida, este durante a própria prova. na prova do ano seguinte, após abandono por quebra, ca- em interlagos, ainda levou a melhor nas 250 milhas tharino já tinha retornado ao hotel quando ouviu pelo rádio que de interlagos de 1964 e no gP John Kennedy, naquele Breno e os mecânicos haviam consertado o carro. Voltaram mesmo ano. não defendeu seus dois títulos nos 500 para a pista e ainda alcançaram o 20º lugar. Quilômetros porque o regulamento da competição só permitiu uso de carros de turismo. Já nas 24 horas de interlagos, correndo pela simca, viu as rodas quebrarem e precisou de muita habilidade nos volante dono de uma carreira meteórica, ele parou de correr para evitar um acidente mais grave. de volta para casa, no rio no fim de 1965, ano em que buscou o tricampeonato, mas grande do sul, continuou sua trajetória de sucesso: primeira e não o conquistou por problemas de motor. segunda colocações nas 12 horas de Porto alegre em 1962 e em 1963. galucci levou uma vida controvertida, teve dois filhos e até chegou a ser piloto de táxi-aéreo. morreu em 20 de Um ano depois, no Uruguai, de simca, Breno conseguiu setembro de 1987, vítima de um acidente de avião. o primeiro triunfo de um carro turismo de origem brasileira no exterior. inaugurada em 1966, sua oficina de simca era especializa- da em fazer adaptações para os modelos ficarem mais leves e com linhas aerodinâmicas diferenciadas. oficialmente, deixou as pistas no final de 1975, mas acompanhou a carreira dos filhos antônio, carlos alberto e alexandre fornari e dos netos Zeno e luciano fornari no automobilismo. o herói gaúcho dedicou toda a vida à modalidade, tor- nando-se uma referência para as gerações seguintes. mor- reu em agosto de 2007. 90

mAuRíCIO gugELmIN A trajetória de Maurício Gugelmin pelas categorias de ponta é muito parecida com a de roberto moreno. ambos não tiveram T Gugelmin disputa o GP Brasil de 90 oportunidade de mostrar resultados melhores na f-1 e foram pa- rar nos estados Unidos, onde ao menos obtiveram vitórias. nascido em 20 de abril de 1963, em Joinville, santa catarina, gugelmin começou cedo no kart, aos oito anos. foi campeão re- gional de 1971 a 1979 e levou o título brasileiro em 1980. sua carreira começou tão bem que, em 1981, foi campeão brasileiro de f-fiat e embarcou com destino à europa em 1982, ano em que faturou o campeonato inglês rac de f-ford. em seguida, foi vice da f-ford 2000 inglesa e, já em 1984, con- quistou o europeu de f-ford 2000. mas o grande título de gugelmin foi o da f-3 inglesa em 1985, seu primeiro ano na categoria. o então piloto da West surrey ra- cing venceu inclusive o tradicional gP de macau daquela tempo- rada. o catarinense, já naquela época, dividia casa em londres com ayrton senna. o futuro tricampeão tentou até convencer a lotus a contratar seu amigo, sem sucesso. gugelmin, sem vaga na f-1, e a West surrey avançaram à f-3000 em 1986 com o patrocínio da John Player special, o mes- mo da lotus. mas o projeto fracassou, e o piloto foi só o 14º no campeonato. Pela ralt, em 1987, obteve melhores resultados, in- cluindo uma vitória em silverstone. fechou aquela temporada na quarta posição. a hora de gugelmin entrar na f-1 finalmente chegou em 1988. contratado pela leyton house march para ser parceiro de ivan capelli, teve bons momentos com um bom carro projetado por adrian newey. mas ficou atrás do companheiro: marcou cinco pontos durante o ano, contra 17 do italiano. gugelmin viveu no começo de 1989 seu melhor momento na categoria. foi terceiro colocado em Jacarepaguá, resultado im- pressionante para quem largara em 12º. a partir disso, porém, veio a decadência: a equipe passou a enfrentar sérios problemas financeiros, e o brasileiro não conseguiu muito mais na f-1. não marcou pontos de 1990 a 1992, quando já estava na Jordan, e, decepcionado, embarcou para os estados Unidos no fim de 1993. disputou as três últimas etapas da temporada da cart, ou indy, e foi contratado pela chip ganassi com a intenção de fazer o campeonato completo de 1994. de 1995 a 2001, defendeu a PacWest, com a qual triunfou na prova de Vancouver de 1997. gugelmin, que competiu em interlagos nos gPs Brasil de 1990, 1991 e 1992, não corre mais profissionalmente. tem fa- zendas no Paraná e em santa catarina e alguns investimentos na área florestal. 91

PILOTOs ChRIsTIAN hEINs Referência para toda uma geração, chris- tian heins foi uma cria de interlagos que se aven- turou pelo mundo e de uma dessas aventuras não S Bino, cuja morte abalou o automobilismo brasileiro voltou com vida. chico landi. a dupla também levou a melhor nas Bino, como também era conhecido, morreu 24 horas de interlagos de 1961. nas 24 horas de le mans, na frança, de 1963. heins, trazendo ao Brasil uma mentalidade heins nasceu em 16 de janeiro de 1935, em de competição europeia, passou também a ser são Paulo, filho de um empresário de origem um nome importante fora das pistas. começou alemã que atuava no ramo de lavanderias in- a coordenar o departamento de competições dustriais e de mãe italiana. desde criança cos- da Willys em 1962 e queria que os pilotos fos- tumava mexer nos carros do avô, seu vizinho, e sem vistos como profissionais. nesse mesmo com ele tomou as primeiras lições de direção. período, casou e teve uma filha. terminados os estudos regulares no Brasil, apesar da nova função, Bino continuou a em 1953, foi à alemanha, onde estudou na es- competir. Pensava em parar de correr em 1963, cola técnica de nível superior e simultaneamen- mas recebeu um convite da alpine para dispu- te fez estágio em um curso para estrangeiros da tar as famosas 24 horas de le mans, oferta que mercedes-Benz. depois ingressou na fábrica de considerou irrecusável. pistões mahle. dada a largada, quando era líder na categoria mas foi no Brasil, em maio de 1954, aos 19 700 cc a 1.000 cc e terceiro colocado no geral, anos apenas, que Bino, uma redução da palavra heins encontrou uma grande mancha de óleo na bambino (“menino”, em italiano), deu seus primei- pista, rodou, atingiu outro carro que também havia ros passos no automobilismo. e não podia deixar derrapado, capotou, foi de encontro a um poste de ser em interlagos. em prova de preparação ao e seu alpine m63 renault pegou fogo. levado ao campeonato Paulista, levou um Porsche 356 ao hospital, não resistiu aos ferimentos. primeiro lugar na categoria gt. a comoção no automobilismo brasileiro foi aos 21 anos de idade, em 1956, participou da grande, mas Bino já tinha deixado preparado o histórica primeira edição das mil milhas Brasileiras terreno para uma geração que viria a seguir, como ao lado de eugênio martins. a dupla, vice-cam- a dos fittipaldi e de José carlos Pace. peã com um VW sedan/Porsche, causou ótima impressão. no ano seguinte, Bino retornou para a alema- nha, onde, indicado pelo presidente da mahle no Brasil, foi trabalhar na fábrica da Porsche. atuou inicialmente como mecânico e logo ganhou uma chance de ser piloto da marca. dessa manei- ra, participou de provas importantes na europa entre 1957 e 1960 e correu em circuitos como spa-francorchamps, na Bélgica, e nurburgring, na alemanha. Bino, que era classificado como um grande íco- ne do esporte brasileiro até pelo presidente Jusce- lino Kubitschek, voltou ao Brasil definitivamente em 1960 para dedicar-se às competições nacionais. sua primeira equipe no retorno foi a da reven- da serva ribeiro, comandada por Jorge lettry. no ano da volta, venceu as mil milhas ao lado de 92

INgO hOFFmANN Mais de cem vitórias em pistas brasileiras, 76 apenas pela stock car, muitas delas em interlagos. números do currículo de ingo hoffmann, ex-piloto de f-1, mais conhecido no País por seus 12 títulos na stock car. S Ingo guia Copersucar no GP Brasil de 1977 Paulistano, nascido em 28 de fevereiro de 1953, desde criança era apai- xonado por automóveis. não pôde, entretanto, correr de kart — uma deter- minação de seus pais. Precisou, então, esperar a carteira de motorista, em 1971, para poder competir. no ano seguinte, viu um anúncio de uma prova que aconteceria em inter- lagos, o festival do ronco, com carros totalmente originais e pilotos novatos. inscreveu-se para saber se levava jeito para a coisa e percebeu que era o caso: ultrapassou em média sete carros por volta e encerrou a disputa na séti- ma posição. mas, após seis corridas, ficou sem dinheiro, situação contornada em 1973, quando o grupo em que seu pai trabalhava decidiu patrociná-lo. Já em 1973 o alemão, apelido de ingo, obteve título da divisão 3 e, na temporada seguinte, foi bicampeão. disputou, paralelamente, a fórmula su- per Vê, estreando junto com nelson Piquet. Por influência de Wilsinho fittipaldi, que já competia pela copersucar na f-1, ingo correu de f-3 inglesa em 1975. no fim daquele ano, em que vi- venciou o dia a dia da nova equipe, fez seus primeiros testes pela escuderia brasileira. o alemão saiu-se bem nos testes e, no lugar de Wilsinho, fez dupla com emerson em 1976. de quatro corridas, só conseguiu, porém, classificação para largar na abertura da temporada. em interlagos. disputou mais duas etapas da f-1 em 1977 — em são Paulo, alcançou uma boa sétima posição — e nada mais na categoria máxima do automobi- lismo. mas ingo continuou na europa depois disso, na f-2, sempre bancado por patrocinadores que conseguia no Brasil. Já devendo dinheiro para amigos e familiares, retornou ao país em 1979. Justamente nessa época estava sendo criada a stock car. ingo, porém, inicialmente rejeitou a ideia de correr de turismo, porque ainda queria competir na super Vê, o que não deu certo. tendo conseguido patrocínio, foi para a stock car, na qual entrou na segunda etapa do campeonato porque seu carro não ficou pronto para a primeira. o alemão acabou levando os títulos de 1980, 1985, 1989, 1990, 1991, 1992, 1993, 1994, 1996, 1997, 1998 e 2002 da stock. como ingo sempre quis ser profissional no automobilismo e ganhar a vida correndo, teve de juntar dinheiro em diversas categorias durante um tempo, como o campeonato de marcas e Pilotos e o Brasileiro de fiat Uno. também correu alguns anos na europa pela BmW nas célebres 24 horas de nurburgring e de spa-francorchamps. ingo deixou de ser piloto da stock car, categoria na qual obteve 76 vi- tórias, no fim de 2008, mas ainda tem envolvimento na categoria. cuida do desenvolvimento de jovens pilotos e trabalha nos bastidores da equipe amg. além disso, o pai de três filhos está à frente do instituto ingo hoffmann, destinado a crianças com câncer. 93

PILOTOs Um francês deixou sua marca em Interlagos sem nem JEAN-PIERRE JARIER ChICO LANDI sequer ter vencido uma corrida na f-1. Jean-Pierre Jarier ficou na memória dos brasileiros pela quebra que culminou na primeira dobradinha do País na categoria em 1975. Jarier, nascido em 10 de julho de 1946 em charenton- S Landi, com uma Maserati, no GP da Itália de 52 le-Pont, perto de Paris, pilotou motocicletas até os 21 Os pilotos mais rápidos e com títulos são sempre os mais lembrados na história do automobilismo. anos, quando convenceu sua mãe a vender seu Peugeot no entanto, mais rápidos do que eles, ou melhor, bem antes para lhe comprar um renault 8 gordini, com o qual dis- deles, os pioneiros tiveram um grande papel de quebrar barreiras e desbravar caminhos, facilitando assim a carreira de todos os putaria corridas. outros que vieram depois. Já em 1971, após passagem pela f-3 francesa, in- chico landi foi um desses desbravadores. Primeiro brasileiro a disputar uma prova de f-1, em 1951, ele travou embates com gressou na f-2 europeia e foi ao pódio duas vezes. na- grandes nomes da época, como giuseppe farina e Juan manuel fangio, sem contar com muitos incentivos. mesmo assim, dispu- quele mesmo ano, fez sua estreia na f-1, na itália, com tou seis corridas na categoria e, ao lado do italiano gerino gerini, conseguiu um heróico quarto lugar com sua maserati no gP da um march particular da shell arnold. argentina de 1956. o piloto teve, porém, de esperar até 1973 para sua nascido no dia 14 de julho de 1907, landi gostava de acom- panhar com o pai as corridas dos carroceiros do bairro de santa- carreira ganhar contornos interessantes. faturou, pela na, Zona norte de são Paulo, quando era criança. march, o título da f-2 europeia de forma dominante, le- mas foi ao lado do irmão Quirino que ele começou a participar de rachas pelas ruas vazias de são Paulo. depois de aprender vando para casa oito a pilotar num chevrolet 28, passou a disputar corridas em são Paulo e no rio de Janeiro. Por três vezes, venceu o gP do rio de vitórias. além disso, Janeiro: em 1941, 1947 e 1948. novamente com a Pilotando uma maserati, participou do i grande Prêmio de Bari, na itália, em 1947, e devido ao ótimo desempenho foi convi- march, disputou dez dado para participar no ano seguinte. À frente de uma ferrari, foi o primeiro colocado e, do pódio, em vez do hino nacional brasileiro, corridas na f-1, mas ouviu “o guarani”, de carlos gomes, já que os organizadores não estavam preparados para a conquista. a história, que não cansa- abandonou todas. va de contar, entrou para o folclore dos primórdios do esporte a motor no Brasil. o francês transfe- numa prova em silverstone, landi chegou a liderar, mas, riu-se para a shadow com uma parada nos boxes para trocar os pneus, chegou em segundo lugar. em 1974 e, logo na ao lado de toni Bianco, criou o primeiro f-1 brasileiro, que quinta etapa, em mô- estreou nos 500 km de interlagos, no início da década de 60. na prova do ano seguinte, pilotando o mesmo carro, celso lara naco, foi ao pódio com Barberis faleceu. uma terceira posição. Já em 1974, ele chegou em terceiro lugar nas 25 horas de interlagos ao lado do filho luiz landi e de antônio castro Prado. S Jarier, que nunca venceu na F-1 mas só em 1975 trabalhou como administrador do autódromo paulistano Jarier entrou para o nos anos 1980 e foi um dos responsáveis pela volta das dispu- tas de f-1 no circuito. contudo, faleceu em 1989 e não con- imaginário brasileiro. conquistou a primeira posição do grid seguiu assistir à prova realizada em 1990. suas cinzas foram espalhadas pelo autódromo. do gP Brasil daquele ano, sua segunda pole seguida na- quela temporada. Perdeu na largada a liderança para carlos reutemann, mas pôde retomá-la na quinta volta. estava a caminho de conseguir vencer pela primeira vez na carreira quando, na 33ª volta, enfrentou problemas de alimentação de combustível e precisou sair da corrida. sorte de Pace, que triunfou em casa, seguido por emerson fittipaldi. Jarier continuou na f-1 até 1983, com passagens por lotus, tyrrell, osella e ligier, mas, mesmo após 134 pro- vas disputadas, não conseguiu mais do que três terceiros lugares. depois disso, ingressou em categorias de turismo e colecionou algumas conquistas. esteve no automobilismo até 2002, quando competiu no fia gt. o maior susto de sua vida foi um acidente de helicóp- tero em dezembro de 1994, do qual escapou sem maiores ferimentos. 94

TARsO mARquEs Um sujeito precoce. com apenas 16 Portugal, foi chamado anos, foi o piloto mais jovem na época a ven- cer uma prova de automobilismo, logo em pela minardi para um tes- sua estreia na fórmula chevrolet. Um ano depois, foi novamente o mais novo a con- te na f-1 e não decepcio- quistar uma corrida e estabelecer a pole po- sition na f-3 brasileira e sul-americana. não nou: conseguiu o melhor demorou muito também para as equipes da f-1 voltarem os olhos para seu desempenho tempo que a equipe já na f-3000 nas duas temporadas seguintes. e assim, aos 20 anos, tornou-se piloto da tinha feito no autódromo. minardi. em 1996, participou nascido em 19 de janeiro de 1976, tar- so marques começou no kart aos 11 anos das corridas no Brasil e e chegou aos títulos dos campeonatos Pa- ranaense, Brasileiro e sul-americano até o na argentina em 1996. fim da década de 80. desde os primeiros passos, ele contou com os ensinamentos do e, em 1997, fez a tem- pai, Paulo de tarso, um dos ícones do auto- mobilismo nacional. porada completa da ca- no ano de recorde mundial de precocida- tegoria máxima do au- S Tarso, em 2001, quando de, em 1992, obteve quatro vitórias, quatro tomobilismo. na estreia corria pela Minardi poles e cinco melhores voltas. Precisou fazer em interlagos, largou em uma série de testes no carro devido à igual- dade de condições entre os pilotos e, assim, penúltimo devido a pro- adquiriu conhecimentos e chegou muito bem preparado à f-3 brasileira e sul-americana, blemas na pesagem e já tinha passado 11 em 1993. carros na primeira volta, mas acabou rodan- foi convidado também para um teste na categoria europeia, mas o carro da equipe do. no gP seguinte, largou em 14º e esta- em que correria foi destruído por outro pilo- to. estava preparado para ir embora quando va na 12ª posição quando abandonou após uma equipe de f-3000 o convidou para um segundo teste no mesmo dia. o resultado uma batida. foi tão bom que as partes chegaram a um acordo para a disputa de uma temporada na em 1998, desenvolveu os pneus modalidade. Bridgestone pela tWr e, no ano seguin- aos 17 anos, em 1994, teve mais dificulda- des com o idioma e a vida no exterior do que te, correu no lugar de al Unser Jr. pela com a adaptação na nova máquina. em 1995, depois de uma vitória no circuito de estoril, em Penske na cart. depois, assinou contrato de um ano com a equipe de fábrica swift engineering em 2000, e voltou a correr pela minardi ao lado de fernando alonso em 2001. sua missão: ensinar o caminho das pedras ao jovem espanhol, futuro bi- campeão da f-1. tarso retornou à cart pela dale coy- ne e disputou três etapas de 2004, quan- do também correu junto do austríaco Karl Wendlinger nas três últimas etapas pela equipe JmB racing na fia gt. Uma vitória pela terra-avallone em Ja- carepaguá, no rio de Janeiro, e o título de estreante do ano foram as conquistas de tar- so em seu ano de estreia na stock car, em 2006. Venceu, no ano seguinte, em campo grande e manteve-se na categoria até 2009. 95

PILOTOs FELIPE mAssA O Brasil ficou 13 anos, de 1993 a 2006, sem uma vitória em 2005, mostrou que realmente estava evoluindo e derrotou em interlagos. Jacques Villeneuve, campeão de 1997, na tabela de pontos. o responsável pelo fim do jejum foi felipe massa, que ga- o vínculo antigo com a ferrari foi fundamental para mas- nharia em casa uma segunda vez, em 2008, numa corrida épica. sa tornar-se piloto da escuderia italiana em 2006, no lugar massa começou a correr de kart aos oito anos. nascido em de rubens Barrichello e ao lado de michael schumacher, 25 de abril de 1981, em são Paulo, participou em 1990 de sua misto de amigo e professor. primeira corrida. Uma dureza, já que não tinha motor e chassi fez uma ótima segunda metade de temporada pela tradi- de boa qualidade no início. apesar disso, mantinha-se sempre cional equipe, venceu na turquia e, finalmente, fez o hino bra- entre os cinco primeiros colocados. sileiro tocar após uma corrida de f-1 em interlagos. correndo em meados de 1998 iniciou uma nova fase em sua car- com um macacão verde e amarelo, levou a torcida à loucura. reira na f-chevrolet brasileira, que realizava muitas etapas em com um novo companheiro, Kimi raikkonen, em 2007, interlagos. não demorou a levar o título: em 1999 ganhou um não rendeu tanto quanto poderia; chegou ao Brasil sem campeonato pela primeira vez. chances de título e teve de ajudar o finlandês a conquistar em vez de disputar a f-3 sul-americana a taça. não fosse isso, provavelmente teria obtido em 2000, massa optou por ir logo para a outra conquista em são Paulo. europa. competiu tanto na f-renault mas a segunda vitória de massa no Brasil italiana como na f-renault euro- não demorou a acontecer. Veio no ano se- peia e conquistou ambos os tor- guinte, quando esteve na luta pelo título neios logo na primeira partici- até o fim. pação. sem essas conquistas, Precisando vencer e na torcida teria voltado ao Brasil, segun- para que lewis hamilton ficasse em do conta, já que o dinheiro sexto lugar ou abaixo disso, o ferra- era escasso. rista fez sua parte. foi o primeiro. mas o franzino rapaz deu mais não contava com uma ultrapassagem um passo em 2001, quando do inglês em cima de timo glock, da esteve na f-3000 europeia com toyota, na curva da Junção, na volta fi- a draco. com seis vitórias em nal, uma manobra que deu a quinta posi- oito corridas, obteve mais um título. ção e o título ao piloto da mclaren. chamou a atenção da ferrari e passou S Massa, que faz em 2010 sua 5ª Por alguns segundos, interlagos explodiu, a ser apadrinhado pela equipe. não por temporada pela Ferrari comemorando o título do brasileiro. ato contínuo, o coincidência, ganhou a chance de testar pela autódromo se calou ao perceber que a taça era do inglês. sauber, que usava os motores italianos, em setembro e ou- massa não competiu em interlagos em 2009, pois sofrera tubro. grave acidente na hungria. mesmo se tivesse estado na prova, como Kimi raikkonen estava de mudança para a mclaren, pouco teria feito: a ferrari não tinha um carro capaz de dispu- massa ficou com a vaga em 2002. o paulista, porém, ainda tar vitórias, com raras exceções. Um consolo, foi ele quem deu a estava muito verde e cometia erros, algo nada anormal para bandeirada final. um principiante. marcou quatro pontos, contra sete de nick felipe massa, muito ligado à família e agora pai de um me- heidfeld, e foi dispensado pela sauber ao fim da temporada. nino, é companheiro em 2010 de fernando alonso e tem totais em 2004, após um ano como piloto de testes da ferrari, condições de obter seu terceiro triunfo em são Paulo. se o retornou fortalecido à equipe suíça e colaborou para a sauber conseguir, vai se tornar o brasileiro que mais vezes venceu em se tornar a sexta colocada entre os construtores. casa na f-1. 96

RObERTO PuPO mORENO O apelido “Operário da Velocidade” veio à toa. grande sua carreira. esteve na f-2 europeia em 1984, e decidiu então apreciador de mecânica, na adolescência, roberto Pupo mo- tentar a sorte nos estados Unidos. lá competiu na cart, ou indy, reno comprou uma motocicleta e acabou virando amigo de em 1985 e 1986. fortalecido e com uma maior bagagem, moreno nelson Piquet, na época funcionário da camber, oficina que voltou à europa em 1987 para disputar a f-3000. funcionou: fe- frequentava. o resultado: tornou-se piloto e passou por cate- chou aquele campeonato como o terceiro melhor, com uma vitória gorias como a f-1 e a indy. e um belo cartaz. carioca, nascido em 11 de fevereiro de 1959, moreno mu- o resultado lhe valeu nova chance na f-1, pela fraca equipe dou-se aos 14 anos para Brasília, onde ganhou a tal motocicle- ags, ainda em 1987. em duas corridas, no Japão e na austrá- ta de seu pai e conheceu Piquet, sete anos mais velho. lia, marcou um ponto em adelaide. acompanhou a passagem de Piquet pela f-super Vê e sua não era a oportunidade definitiva, porém. Precisou ganhar o mudança para a europa. de volta ao Brasil após ganhar o título título de 1988 da f-3000 para demonstrar todo o seu potencial. da f-3 inglesa, em 1978, o futuro tricampeão disse ao jovem ami- retornou à f-1 em 1989, com outra equipe fraca, a coloni: só go que ele deveria correr na europa, não no Brasil, embora não passou quatro vezes pela pré-classificação e abandonou os qua- tivesse pilotado ainda carros de corrida, só karts. Piquet insistiu e tros gPs por quebras. afirmou já saber o que fazer para colocar o amigo na f-ford. em 1990, o grande momento na f-1. moreno foi con- o então inexperiente piloto não tinha patrocínio tratado pela Benetton e realizou um sonho: cor- e não sabia falar inglês. apesar disso, foi apre- rer ao lado do amigo Piquet. o ápice veio no sentado por Piquet a greg siddle, que lhe gP do Japão daquele ano, vencido pelo daria uma mão. Um antigo patrocinador de tricampeão em uma dobradinha com o nelson começou a ajudar roberto, mas “operário”. apenas lhe pagaria Us$ 8 mil, enquanto o brasileiro permaneceu na Benetton a temporada de 25 provas custava cerca até o gP da Bélgica de 1991. na prova de Us$ 25 mil. com a ajuda financeira seguinte, foi substituído por um novato, de alguns amigos, mudou-se para a in- um certo michael schumacher. Preci- glaterra com U$ 13 mil, quantia também sou, então, de novos ares e passou por destinada aos gastos do dia a dia. Jordan, minardi e andrea moda, mas sem moreno acabou fazendo 22 corridas na S Moreno, na Benetton, em 90 sucesso. f-ford. mas o período não foi nada fácil: para teve uma tentativa frustrada de disputar as comprar novos jogos de pneu, dormia dentro de 500 milhas de indianápolis em 1994, um ano antes um velho carro de passeio, no qual colocava um aquecedor de voltar a disputar uma temporada completa na f-1, desta para proteger-se do frio. em uma prova, destacou-se e cha- vez pela forti corsi, ao lado de outro brasileiro, Pedro Paulo mou a atenção de ralph firman, que lhe ofereceu emprego. a diniz. novamente com um carro sofrível, enfrentou quebras e partir disso, as coisas melhoraram para moreno. abandonou de vez a f-1. Passou a ser piloto de fábrica da Van diemel em 1980 e os estados Unidos foram novamente seu refúgio, e na sexta assim foi em busca de títulos, como os de f-ford festival e corrida após sua volta, em michigan, foi ao pódio. moreno, en- f-ford 1600 Brscc. tretanto, só foi sentir de novo o sabor da vitória em 2000 e 2001, essa curva ascendente culminou com sua estreia na f-1, quando conquistou pela Patrick as etapas de cleveland e Vancou- em 1982. Piloto de testes da lotus, foi escolhido como subs- ver, respectivamente. tituto de nigel mansell, que havia quebrado a mão. não pôde, moreno, que correu nos gPs Brasil de 1990, 1991, 1992 porém, testar o carro-asa, o que lhe causou dificuldades e re- e 1995 em interlagos, competiu nos eUa até a despedida da sultou em sua não classificação para aquele gP da holanda. cart, em 2008. no Brasil, chegou a se aventurar pela stock depois dessa frustração na f-1, moreno precisou recomeçar car, em uma etapa de 2005, e pelo gt3, em 2007 e 2008. 97

PILOTOs JOsé CARLOs PACE Não é em vão que Interlagos tem como nome oficial autó- dromo José carlos Pace. É uma justa homenagem a uma das estrelas brasileiras nas pistas dos anos 1970. esse piloto pau- S Pace, quando corria pela Brabham na F-1 listano, morto em 1977, teve como principal momento de sua carreira uma vitória no circuito em 1975. e não foi uma con- Brabham, com a qual encerrou o campeonato em grande es- quista qualquer: triunfou no gP Brasil, sua maior glória na f-1. tilo, com uma segunda colocação em Watkins glen, nos eUa. caçula da família, filho de um imigrante italiano que traba- 1975 foi o melhor ano da carreira de moco. alinhou seu lhava com tecelagem, Pace nasceu em 6 de outubro de 1944. Brabham na segunda posição do grid da etapa inicial, na ar- aos 4 anos, em uma viagem para a itália, ficou fascinado por gentina, faturou o gP Brasil e foi o pole position na África do uma miniatura de ferrari. de volta ao Brasil, carlinhos, como sul, terceira prova daquela temporada. fechou o ano em sexto era conhecido, costumava descer ladeiras com carrinhos de no mundial. rolimã no bairro do Pacaembu acompanhado dos irmãos fitti- paldi. apesar disso, também praticava outros esportes, como a corrida em interlagos merece um parágrafo à parte. Pro- a natação, e poderia ter tocado os negócios da família ao tér- fundo conhecedor das manhas do circuito paulistano, estava mino dos estudos. no lugar certo e na hora certa: na segunda posição quando Jean-Pierre Jarier sofreu uma quebra e ficou pelo caminho. só que, nessa época de definição do que faria no futuro, isso abriu espaço para a primeira (e única) conquista de moco aos 17 anos, começou a correr de kart escondido de sua famí- na f-1 e para a primeira dobradinha brasileira, já que emerson lia e com a ajuda da namorada. Usando o apelido moco, que fittipaldi havia sido o segundo colocado. Pace mal acredita- ganhou por se fazer de surdo quando lhe era conveniente, o va no que havia acontecendo. não se sentindo muito bem, grandalhão rapaz sofria por causa de porte físico nas corridas, sentou-se na garagem e chorou. na festa do pódio, balançou mas tinha um estilo de pilotagem promissor. a bandeira e levou a torcida ao delírio. em 1963, foi convidado para fazer um teste em interla- em 1976, porém, enfrentou muitas dificuldades em 1976. gos a bordo de um dKW. causou ótima impressão e, já no a equipe chefiada por Bernie ecclestone optou por usar os be- ano seguinte, integrava a equipe Willys, tendo como com- berrões motores alfa romeo V12, uma aposta errada, e Pace panheiros pilotos como Bird clemente, luiz Pereira Bueno só pôde ser o 12º no campeonato. e Wilson fittipaldi. em parceria com Bueno, por exemplo, levou os 1.600 Quilômetros de interlagos ao volante de uma ao lado de John Watson conseguiu melhorar o equipamento carreteira gordini. para 1977 e foi o segundo melhor na etapa de abertura, na argen- tina. no entanto, no dia 18 de março, entre o terceiro e o quarto após dois anos de Willys, equipe chefiada por luiz antônio gPs, moco sofreu um acidente de avião na serra da cantareira, greco na época, transferiu-se para a dacon, de Paulo goulart. em mairiporã, junto com o amigo e piloto marivaldo fernandes. Posteriormente, moco ingressou na Jolly. ambos morreram. Já tinha colecionado vitórias e títulos brasileiros quando foi acabou, ali, a vida de Pace. e uma carreira que poderia ter morar na inglaterra, em 1970, seguindo o exemplo de emer- sido ainda mais vitoriosa. “ele tinha tudo para ser campeão da son fittipaldi e também auxiliado por chico rosa. disputou a f-1”, costuma dizer o ex-chefe ecclestone. f-3 inglesa e levou o campeonato foward trust. Já para 1971 assinou com frank Williams para competir por seu time na f-2. teve uma temporada difícil, mas venceu a corrida final, em imo- la, na itália. essa conquista deu-lhe oportunidade de entrar na f-1. não teve, porém, um carro confiável em 1972. competindo com um march da Williams, que quase sempre quebrava, não pôde marcar mais do que três pontos durante todo o campeonato. ao mesmo tempo, Pace passou a integrar a equipe de pro- tótipos da ferrari. compartilhando uma ferrari 312PB com o italiano arturo merzario, terminou as 24 horas de le mans de 1973 na segunda posição. também em 1973 correu na f-1 pela surtees e foi pela primeira vez ao pódio na categoria, na Áustria, com uma ter- ceira posição. o brasileiro, no ano seguinte, integrou a mesma surtees e, na oitava etapa da temporada, transferiu-se para a 98

NELsINhO PIquET Embora tenha sido campeão da f-3 sul-americana em 2002, nel- sinho Piquet correu apenas uma vez de fórmula em interlagos. e foi de f-1, em 2008. o filho do tricampeão nelson Piquet, porém, já deixou seu S Nelsinho, nos boxes da Renault em Interlagos, em 2008 nome escrito no autódromo paulistano: fez parte do quarteto campeão das mil milhas de 2006. alemão de nascimento, nasceu em heidelberg em 25 de julho de 1985, mas sempre foi brasileiro para o automobilismo. aos oito anos, quando veio morar com o pai no Brasil, acelerou um kart pela primei- ra vez. ficou oito anos na modalidade e obteve títulos importantes, como três Brasileiros. nelsinho chegou à f-3 sul-americana em 2001, uma época em que a categoria não realizava provas em interlagos, e em sua sexta corrida triunfou pela primeira vez. em 2002, novamente no cockpit de uma equipe montada por seu pai, exerceu domínio e venceu 13 das 18 provas da temporada. mas não escapou de escândalos: foi flagrado treinando às escondidas com um carro modificado. Voltar à europa era natural para nelsinho, e assim ele o fez. na f-3 inglesa, pela Piquet sports, subiu ao lugar mais alto do pódio por seis vezes em 2003 e fechou o campeonato na terceira posição da tabela. em 2004, venceu outras seis provas e foi campeão. também nessa época testou um carro de f-1, o da Williams, pela primeira vez. deu um importante passo em 2005 ao entrar na gP2, catego- ria recém-criada para substituir a f-3000 internacional. embora tenha sido apenas o oitavo no campeonato, fez uma segunda me- tade de temporada boa e até venceu uma etapa, na Bélgica. ainda em 2005 começou a defender o Brasil na a1gP, e com ele o País obteve duas vitórias. Piquet pretendia repetir o que havia feito na f-3 inglesa e queria levar o título da gP2 na segunda tentativa, em 2006, mas encontrou um forte adversário no caminho: lewis hamilton. o brasileiro foi vice- campeão, 12 pontos atrás do fenômeno inglês, e venceu apenas uma vez a menos que seu rival: 5 a 4. nelsinho passou o ano de 2007 na função de piloto de testes da renault após ter fechado contrato com flavio Briatore. Já sa- bia que se tornaria titular no ano seguinte, mas não esperava que fosse ao lado do bicampeão fernando alonso, que tinha passado 2008 na mclaren. enfrentou sérias dificuldades em sua estreia na fórmula 1, mas um pódio obtido após um lance de sorte na alemanha lhe conferiu alguma tranquilidade. Que durou pouco: pressionado, ele se viu obri- gado a bater em cingapura, numa complicada e premeditada estra- tégia para beneficiar alonso. deu certo, e o espanhol saiu da prova noturna com a vitória. correu em interlagos em 2008 como se nada tivesse acontecido. mas em 2009, após ser demitido da renault no meio da temporada, resolveu contar o que havia acontecido em cingapura. o escândalo chocou o esporte. sem vaga na f-1 em 2010, nelsinho disputa atualmente a divisão de picapes da nascar e procura reconstruir sua imagem. 99

PILOTOs DImAs DE mELO PImENTA II Frequentadores mais antigos de Interlagos talvez S Dimas de Melo Pimenta II acelera em Interlagos não saibam quem pilotava aqueles carros de turismo apoiados pela dimep, mas certamente reconhecem de fibra com a mecânica todinha chevrolet V8”, contou. “o di- longe quando veem a marca. ferencial não aguentava a potência do motor. muita gente falava ‘dimas, com o que você gasta de dinheiro, é mais fácil dimas de melo Pimenta ii, presidente da companhia de fa- pegar um carro pronto e importado para ganhar a corrida’. bricação de controle de ponto e acesso, pilotou regularmente no mas a minha vida é justamente inventar, desenvolver, trazer autódromo paulistano e em outras pistas brasileiras por mais de coisas diferentes.” 25 anos, tempo suficiente para que houvesse uma identificação espontânea de fãs de automobilismo com a empresa. outra invenção foi colocar em uma Brasília uma suspensão de Variant, mas a modificação não foi aceita, porque disseram ainda hoje dimas participa de competições, mas não com que ele havia transformado o carro em um protótipo. a mesma frequência do passado. a tradição, porém, fala mais alto: a associação da marca com o esporte a motor é imedia- em 1993, mais uma ousadia: pegou um protótipo lola da ta. “a dimep chegou inclusive a patrocinar um campeonato década de 1960, fez uma reforma nele e foi pole das mil mi- da stock car”, diz o executivo e piloto, que esteve na cate- lhas. mas a suspensão quebrou quando ocupava a liderança goria por 13 anos. “antigamente as pessoas falavam de auto- da tradicional corrida. mobilismo com nossos vendedores. hoje acontece de um ou outro comprador falar que nunca mais viu a dimep na stock.” antes disso, em 1989, havia feito o pioneiro dragster escort V8 Blower, que só tinha praticamente a carroceria em comum esse vínculo estreito teve como origem a paixão de dimas com um carro de série. foi em interlagos que o carro iniciou e de melo Pimenta ii pela velocidade. ele decidiu se inscrever ganhou o campeonato de arrancada. em uma categoria para estreantes e novatos em 1968 e para correr usou o corcel 1.850 cc com o qual ia para a faculdade. mas dimas sofre nas pistas as consequências de não dar má- mas fez algumas adaptações no carro, como a colocação de xima atenção ao automobilismo: “sempre priorizei na minha vida santantônio e amortecedores duros e a retirada de para-cho- o meu trabalho. meu divertimento máximo é o automobilismo. que e escapamento. concluiu a etapa de estreia, realizada em não tinha condições de me aplicar e treinar, por isso nunca fui interlagos, na quinta posição entre os 40 pilotos que largaram. um piloto de ponta. na minha época boa, eu disputava as cinco primeiras posições”. daí em diante, dimas passou por categorias como divi- sões 1 e 3, hot car e stock car, pilotou carros como chevet- Por causa das atividades com a dimep, às vezes se ausenta- te, maverick Quadrijet e opala, mas foi com equipamentos da va de etapas. “sempre viajei muito. Perdia provas pelas viagens Volkswagen que ele se deu melhor. a hot car, em 1982, era que eu fazia pela dimep. Por exemplo, em 1976 eu era líder do dominada pelos fuscas, mas houve uma reviravolta e o em- campeonato e tive de passar um mês e meio nos estados Unidos presário conquistou a primeira vitória de um gol. “eu disputava pela dimep. Perdi duas provas e o campeonato. Uma caracte- os primeiros lugares com meu fusquinha”, afirmou. “o Passat rística minha é gastar o dinheiro fazendo algo diferente. apesar entrou e começou a destruir os fuscas. daí chegou o golzinho de o automobilismo representar uma paixão para mim, não é a a ar. ganhei prova em Brasília derrotando os Passats, que já prioridade da minha vida”, comenta. dominavam o campeonato.” a vitória de dimas causou uma surpresa geral. o empresário, aos 61 anos, em 2010, já perdeu etapa de tarumã do campeonato Brasileiro de endurance porque esta- foi com um VW Voyage, “um avião”, que ele quase faturou va viajando. ele tentará participar do torneio junto com os filhos as mil milhas de 1984, em interlagos. com seu fiel parceiro dimas de melo Pimenta iii e rodrigo dimas de melo Pimenta. egídio chichola micci, liderou 93% da prova, mas não contava os três pilotam um protótipo da dimep desenvolvido para eles. com um problema mecânico. “Voltei aos boxes, com três vol- tas à frente do segundo colocado”, relatou. “entreguei o carro quebrado ao chichola. ele voltou à pista na terceira colocação após uma soldagem, passou para segundo e enfrentou uma nova quebra.” ele diz ter saído dessa corrida, porém, com uma sensação de vitória. dimas sempre teve uma relação especial com as mil mi- lhas, mas, apesar de algumas poles, várias vezes foi vítima de abandonos. “fiz o daipi, um opala muito bem feito de 100


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