Anuário Brasileiro da Saúde – Os investimentos Anuário Brasileiro da Saúde – Que propostas se do setor público em infraestrutura não conseguem apresentam para reduzir a carga tributária? atender a demanda nacional. Onde está o gargalo? É Paulo Rabello de Castro – Primeiro, não assustando o governo. O governo, além de incompetente, é assus- o mesmo problema? tado. Se você avisar à presidente da República e aos 27 Paulo Rabello de Castro – Exatamente o mesmo governadores que a carga tributária vai começar a baixar amanhã e isso significa perda de arrecadação, acabou a problema. Na realidade, o governo comete um equívoco reforma tributária. Não se vota mais nada no Congresso. fundamental. Ele autoatribui a si os investimentos em in- Um dos aspectos centrais da proposta viável do Movi- fraestrutura. Esse é um pensamento arcaico. No passado, mento Brasil Eficiente é dizer calma, ninguém vai baixar quando o Brasil do setor privado era pouco capitalizado; a arrecadação. A carga tributária vai baixar, sim, mas aten- em bom português, quando o Brasil era muito pobre, ha- ção para a aritmética. Vai baixar quando o PIB crescer via poucos ricos, que não davam conta das necessidades mais porque, pelo menos, a carga não vai aumentar. Esse de infraestrutura. Então, o governo daquela época, da Pri- é um compromisso de neutralidade e, portanto, mesmo meira República e, principalmente, a partir de Getúlio que a arrecadação tributária aumente, ela pode aumentar Vargas, era mais efetivo. Ele tinha uma capacidade de in- moderadamente. Se o numerador sobe, mas o denomina- vestimento maior sobre o pouco que arrecadava e, como dor, que é o PIB, sobe mais rapidamente, a fração baixa. conseguia fazer um bolo na sua mão, decidia, embora vo- Isso é aritmética. Você, gradualmente, baixar essa carga de luntariosamente, fazer uma usina hidrelétrica aqui, uma 37% para um ideal de 30% não significa fazer com que estrada ali e a coisa ia acontecendo. Essa infraestrutura ia o setor estatal vire um Estado mínimo; longe disso, ele desatando novas energias produtivas. A estrada viabiliza- vai continuar sendo grande, bem grande, mas cabendo va a produção, a energia viabilizava a produção. Hoje, o no bolso dos brasileiros. Essa carga irá caindo gradual- setor privado é menos potente porque é o governo quem mente ao longo dos anos até 2.022, mas com ganho de sangra o setor privado com essa carga. Se deixasse esse arrecadação. Agora, a boa notícia: talvez até arrecadando dinheiro na mão de quem investe mais e com instrumen- mais. Quando o governo abdica de ser ele o gastador e tos financeiros, a taxa de juros mais baixa, que hoje tudo começa a se autocontrolar, acontece o mesmo conosco isso não é devidamente praticado, não ia ter problema quando começamos a controlar a quantidade de comida de governo investir em aeroporto regional, por exemplo. e deixamos de ser obesos. Como por um milagre, a gente Apareceria um cara lá de Maringá interessado em ampliar fica mais leve, mais capaz e começa a trabalhar mais do o aeroporto da cidade. O primeiro erro da carência de que trabalhava antes. E mais, de repente, até conseguimos infraestrutura não nasce precisamente da falta de recursos comer mais porque, gastando mais energia, você pode co- ou até mesmo do desvio do recurso público para con- mer mais. Tudo parte da disposição de fazer um esforço sumo de governo. Já nasce da pretensão do governo de no início, coisa que falta hoje. ser ele quem resolve, ele quem chuta todos os pênaltis na decisão do jogo. Estamos perdidos. O primeiro erro do governo não nasce da falta de recursos ou até mesmo do desvio do recurso público. Nasce da pretensão do governo de ser ele quem resolve, ele quem chuta todos os pênaltis na decisão do jogo 151
Política ANUÁRIO BRASILEIRO DA SAÚDE 2013 Anuário Brasileiro da Saúde – Qualquer dona de Anuário Brasileiro da Saúde – Falta transparência casa sabe que se gastar mais do que pode, a conta não no gasto público brasileiro? vai fechar no final do mês. Por que os governos, de Paulo Rabello de Castro – Sim. Sites como o “Contas Abertas” [www.contasabertas.com.br], o “Transparência maneira geral, não adotam essa máxima da economia Brasil” [www.transparencia.org.br], fazem um excelente trabalho, mas têm grandes dificuldades de eles mesmos doméstica? providenciarem uma documentação amigável. Estamos Paulo Rabello de Castro – De acordo com a Lei de concluindo uma avaliação completa das execuções orça- mentárias que os estados mandam para o Ministério da Responsabilidade Fiscal, editada em 2.000, estados e mu- Fazenda por conta da Lei de Responsabilidade Fiscal e nicípios estão dentro de um controle de gastos que é mais não conseguimos levantar esses dados no “Contas Aber- rigoroso do que aquele que o Poder Público aplica para a tas”. Nós temos furos aquém do ponto ideal de transpa- União, que não se autoenquadra na Lei de Responsabili- rência. Dou meu depoimento da minha surpresa por não dade Fiscal. Nós estamos evoluindo devagar e a questão é ver um monte de pesquisas já realizadas sobre o assunto. justamente evoluir melhor. Para evoluir mais rápido tem Os jornalistas têm uma enorme dificuldade de levar para que haver enquadramento também da União. Daí a gran- os seus públicos algo que realmente faça sentido. É tudo de bandeira do Movimento Brasil Eficiente ser colocar em muito fechado, além do que, o assunto é muito complexo. funcionamento aquele que nós consideramos o melhor ar- tigo da Lei de Responsabilidade Fiscal: o 67, que institui Anuário Brasileiro da Saúde – Como o senhor ana- um conselho de gestão fiscal, formado por representan- lisa o impacto na classe política brasileira das mani- tes da sociedade civil e das três esferas de governo. Esse festações da insatisfação popular que varreram o país conselho é quase como um grande órgão técnico que põe em junho passado? eficiência na casa. Como se fosse uma gerente doméstica. Bota o bedelho em tudo e, sem ser intrometida, recomen- Paulo Rabello de Castro – Os políticos, de um modo da a eficiência. Diriam que isso é atribuição dos Tribunais geral, foram pegos de calças curtas e estão perplexos até de Contas. Não, os Tribunais de Contas olham os aspec- hoje. Perplexos e assustados. Os mais sérios que, possi- tos formais, não olham o como fazer, o fazer melhor. Esse velmente, são a minoria, estão mais preocupados do que conselho de gestão fiscal é uma grande ideia do legislador assustados porque perceberam que as suas pautas de vo- e, para provar que a União é a mais bagunceira, há treze tação de assuntos diversos não compõem um conjunto anos ninguém põe para funcionar. É o Executivo que faz que agrada, que enche os olhos dessa massa de brasileiros força através da sua base de apoio no Congresso. Espe- que demanda eficiência, eficiência, eficiência. E, portan- ro que agora ponha porque uma bancada do Movimento to, estão ávidos por ouvir o Movimento Brasil Eficiente. Brasil Eficiente está se formando no Congresso e espera- Nós consolidamos a bancada do bloco de senadores e de- mos o apoio da presidente Dilma para, em breve, votar o putados, que estamos chamando de Bloco da Economia projeto modificado que tramita há, pelo menos, dez anos. Moderna, que vai tentar acelerar a aprovação de projetos Logo depois da lei ser editada, o presidente Fernando que são estruturantes de uma economia, de uma socieda- Henrique mandou um projeto. Ruim mas, de qualquer de moderna no Brasil. Quero dizer que devemos confiar jeito, ele cumpriu a tarefa, mandou uma regulamentação. que o Congresso Nacional vai procurar dar respostas, mas E o Congresso está lá sentado em cima. Quando não con- que não são, necessariamente, essas respostas corridas que seguimos altos níveis de eficiência não é porque a lei não prevê, mas é porque não cumprimos o que a lei manda. 152
alguns políticos que estão preocupados com a sua manu- tenção no poder querem dar a toque de caixa. Por isso, volto a dizer, é muito fácil dar 10% para a saúde, 10% para a educação, mas, ao dizer isso, nós nos esquecemos de que estamos votando, na reunião do condomínio, num aumento de 10%. Os mais jovens estão preocupados com a educação, pedem 10% do PIB; os mais idosos, preocu- pados com a saúde, pedem 10% do PIB. Eles esquecem que são as mesmas pessoas que, ao entrar no supermer- cado, vão pagar mais x% de ICMS, mais y% de Cofins e PIS e que isso é um saco sem fundo. No setor público, mais gasto é mais porta aberta para a corrupção, qualquer que seja o nível de moralidade. Anuário Brasileiro da Saúde – A educação é base para crescimento e desenvolvimento de qualquer nação... Paulo Rabello de Castro – Desde que seja educação de base. No Brasil, diferentemente do resto do mundo inteiro, a pirâmide é virada ao contrário. Se gasta muito e mal na educação superior e falta na base. Enquanto não houver a inversão da pirâmide nós não teremos solução. Anuário Brasileiro da Saúde – E que estratégias de- professor da sala, dar um jeito de formar o professor junto vem ser adotadas para melhorar o nível de escolarida- com o aluno. Possivelmente, nós teríamos que usar, na era de desde a base? digital, uma informatização completa da base educacio- nal, utilizar aulas digitais nas quais os alunos aprendem Paulo Rabello de Castro – Professor, professor e pro- e os professores aprendem junto. Veja onde entra uma fessor. Só existe falta de qualidade na base porque falta despesa de capital: digitalizar as classes é um investimen- qualidade em quem ensina. Não posso conseguir a salsi- to que, é claro, vai demandar uma manutenção, mas é cha se eu não puser carne de porco na entrada. um esforço de uma única vez. Na medida em que esses professores fossem demonstrando competição, seria in- Anuário Brasileiro da Saúde – Então, qualquer pro- troduzido um certo grau de cooperação com competição. jeto para a educação tem que começar pela boa forma- Cooperar para os professores melhorarem, mas também ção e valorização do professor. melhorar os salários de acordo com a melhora da capaci- dade. Premiar a capacidade. Paulo Rabello de Castro – Claro, mas eventualmen- te, também, pela mudança da tecnologia de levar a infor- mação, passando por ousadas e revolucionárias técnicas educacionais de forma a incrementar a informação edu- cacional em pleno voo. Isso significa dizer que, sem tirar o 153
Política ANUÁRIO BRASILEIRO DA SAÚDE 2013 A característica central brasileira hoje é que nós não planejamos. É o DNA da ignorância. Isso você não pode atribuir à corrupção. É estupidez mesmo Anuário Brasileiro da Saúde – O que é o Movimen- de ninguém, nem produzir ganhadores e perdedores, que to Brasil Eficiente? é o grande defeito da reforma tributária da Dilma. Por que ela não anda? Ela estabelece perdedores e ganhadores. A Paulo Rabello de Castro – O Brasil Eficiente é um reforma tem que ser sem ganhadores e perdedores. Mas movimento que quer acabar logo, ele pretende não se pere- como isso é possível? É só não redistribuir perdas ou ga- nizar porque isso significaria que a gente não atingiu a efi- nhos de imediato. O contribuinte sai ganhando porque, ciência. Baseamos os nossos alvos e convidamos a todos os em vez de pagar sete vezes, paga uma vez só. brasileiros a apoiar o movimento para que possamos, rápi- da e eficientemente, atingir os objetivos, que são práticos. Anuário Brasileiro da Saúde – Se é tão bom e tão Nesse primeiro momento são duas propostas que podem simples de implementar, por que até hoje não virou deflagrar melhorias em todo o resto. Uma delas é o conse- realidade? lho de gestão fiscal que, aliás, é cobrar do governo que ele cumpra a lei. Isso é mais fácil ainda. Acho que vamos con- Paulo Rabello de Castro – Os corruptos querem o seguir. E deixar que o conselho de gestão fiscal se dedique simples? Os corruptos querem o complicado. E antes à saúde eficiente, à educação eficiente. Em cada um desses que se diga que todos são imorais, vou dizer que o maior setores tem que chamar quem sabe e botar eficiência. A ou- corrupto do Brasil é o ignorante. A maior corrupção bra- tra é a simplificação fiscal a partir da aglutinação de vários sileira provém de algo que está no DNA da ignorância. impostos em uma categoria só. Por exemplo, o imposto Pode estar num ministro. Quando, por exemplo, uma que circula nas mercadorias que compramos; hoje, são sete alta autoridade do governo não se interessa em ouvir a ou oito impostos que incidem. Teria o mesmo nome do proposta do Movimento Brasil Eficiente, não chama com ICMS só que, em vez de ser estadual, passaria a ser nacio- seriedade esse grupo para discutir. A característica cen- nal e compartilhado. Os estados é que mandam o dinheiro tral brasileira hoje é que nós não planejamos. É o DNA para a União. Ao final de cada dia, um operador nacional da ignorância. Isso você não pode atribuir à corrupção. de arrecadação distribui. Por isso, podemos garantir que É estupidez mesmo. Temos que combater, antes de mais vai ser uma reforma que não vai atrapalhar a arrecadação nada no Brasil, a santa estupidez. 154
Anuário Brasileiro da Saúde – O senhor disse que encaminhar os projetos porque ao se organizar o bloco da toda a sociedade pode aderir ao Movimento Brasil Efi- Economia Moderna, esses senadores e deputados já estão se encarregando de viabilizar os nossos dois projetos que, por ciente. Como aderir a ele? sinal, estão prontos. Essas assinaturas são para mostrar ao Paulo Rabello de Castro – É só entrar no assinabrasil.org. senador, ao deputado que tem x milhões de brasileiros atrás dele. Ficamos felizes porque são brasileiros conscientes, que Mais de 200 mil brasileiros já nos apoiam. É o brasileiro pagam seus impostos, que são contra essa bandalheira. O sério, que acreditou que ali não é mais uma bandidagem. que mais mostra falta de seriedade é uma coisa onde não Temos, ainda, mais de 130 entidades entre confederações, tem corrupção nenhuma, que é a estupidez. Você taxar sete federações, associações profissionais, de trabalhadores, o vezes a circulação de uma latinha de extrato de tomate que Ministério Público do Rio Grande do Sul, governos que sai de uma fábrica para ir ao atacadista do outro lado da oficialmente já aderiram, como os de Santa Catarina, Per- rua, isso, para mim, é muito mais imoral do que qualquer nambuco, São Paulo e Minas Gerais (OBS: a FEHOESP e corrupção. É de uma ignorância tal, de uma estupidez fora o SINDHOSP também apoiam o Movimento). Vários ou- de série. E isso porque a máquina pública não se fala, todos tros Estados já se programam para essa adesão. Vai surgindo têm medo de entrar em acordo e alguém perder. E é isso que um Brasil que quer ser eficiente e vem aí uma nova geração o Movimento Brasil Eficiente quer dizer: basta, chega. de políticos comprometida com a palavra-chave eficiência. Não precisamos de um número mínimo de assinaturas para 155 - Rastrear produtos médico-hospitalares; - Automatizar as atividades de conferência quantitativa e qualitativa de produtos; - Identificar de forma automática a validade dos itens; ANÚNCIO- Melhorar a visibilidade da demanda de produtos ao longo da cadeia, permitindo um atendimento dinâmico e preciso; - Reduzir custos logísticos com a eliminação dos processos de conferência visual e manual; - Redução no tempo e ciclo de inventário; - Redução da logística reversa, interna e externa, com o controle automatizado e sistêmico de separação de pedidos; - Inibir desvios e furtos dos produtos pela falta de controle; - Relatórios precisos dos processos internos para melhoria contínua. 48 3344 3963 | gtthealthcare.com.br [email protected]
Sustentabilidade ANUÁRIO BRASILEIRO DA SAÚDE 2013 156
e deãmHooessxupesimtteapnisltoainbavioleissdetaetdomer SITUADA NA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA, A CIDADE DE ARAUCÁRIA É UM IMPORTAN- TE POLO INDUSTRIAL DO ESTADO. ALÉM DE EMPREGOS E RECEITA, ESSA CONCENTRAÇÃO DE EM- PRESAS GERA, TAMBÉM, POLUIÇÃO PARA O MUNICÍPIO. PARA MELHORAR A QUALIDADE DO AR QUE OS QUASE 120 MIL HABITANTES RESPIRAM E AUMENTAR A ÁREA REFLORESTADA, O HOSPITAL MU- NICIPAL DE ARAUCÁRIA DESENVOLVE, DESDE JULHO DE 2.012, O PROJETO VALE-VIDA, QUE OFERE- CE UMA MUDA DE PLANTA NATIVA PARA OS PAIS DE CADA BEBÊ NASCIDO NA INSTITUIÇÃO. ATÉ O FINAL DE 2.012 FORAM ENTREGUES QUASE 1.300 MUDAS. O PROGRAMA DE BUSCA ATIVA DO HOS- PITAL CONSTATOU QUE 80% DELAS FORAM PLANTADAS. DO PONTO DE VISTA AMBIENTAL, MAIS ÁR- VORES SIGNIFICAM UM AR MAIS PURO; DO PONTO DE VISTA DA SAÚDE, UM AR MENOS POLUÍDO CONTRIBUI PARA A REDUÇÃO DOS CASOS DE PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS ENTRE OS MORADORES. 157
Sustentabilidade ANUÁRIO BRASILEIRO DA SAÚDE 2013 sta ação do Hos- de recursos materiais e tecnoló- gicos e também em decorrência E pital Municipal de de problemas ligados à falta de Araucária mostra infraestrutura sanitária e urbana e como uma instituição pode agir má gestão dos recursos disponíveis. visando à preservação do meio “O Projeto Hospitais Saudáveis as- ambiente e da saúde, os dois pila- sume o desafio e a obrigação de com- res que sustentam o Projeto Hospi- bater esses problemas, contribuindo para tais Saudáveis, uma associação criada em o desenvolvimento de soluções tecnológicas, 2.010 com o ambicioso propósito de trans- de gestão e fomentando o debate entre trabalhadores, formar o setor saúde em exemplo para toda a sociedade dirigentes e formuladores de políticas, com o objetivo de em aspectos de proteção ambiental e da saúde do trabalha- promover o acesso de todos a um sistema de saúde mais dor, do paciente e da população em geral. seguro e sustentável”. O presidente do Conselho Consultivo do Projeto, Vital O Projeto Hospitais Saudáveis conta, hoje, com quase Ribeiro, é enfático ao afirmar que não basta para o setor 50 entidades do setor e hospitais associados. A instituição é saúde se preocupar apenas com os problemas ambientais; o ponto focal no Brasil da organização não-governamental é preciso dar atenção a quanto o sistema de saúde impacta Saúde Sem Dano, uma coalizão internacional de hospi- o meio ambiente. Ribeiro destaca que o Brasil, com mais tais, sistemas de saúde, profissionais da área e entidades de 200 milhões de habitantes e território de dimensões ambientalistas que se propõe transformar mundialmente continentais, apresenta condições díspares de atendimento o setor de cuidados da saúde, sem comprometer a seguran- na área da saúde, segmento que congrega mais de 250 mil ça do paciente. O objetivo é tornar o segmento da saúde unidades, entre as quais cerca de sete mil hospitais que so- ecologicamente sustentável, deixando de ser uma fonte de mam mais de 450 mil leitos. Tanto no setor público como dano para as pessoas e o meio ambiente. Com escritórios no privado existem unidades do mais alto nível, que cami- na América Latina, Estados Unidos, Canadá, Europa e Su- nham ao lado de outras deficientes e precárias, tanto do deste Asiático, a Saúde Sem Dano tem, atualmente, cerca ponto de vista dos recursos como da gestão. Nesse cenário, de três mil hospitais associados em mais de 50 países. os impactos ambientais ocorrem por conta do uso intensivo 158
Sustentabilidade ANUÁRIO BRASILEIRO DA SAÚDE 2013 Agenda global O Projeto Hospitais Saudáveis não é uma instituição que de produtos farmacêuticos, redução e tratamento de re- concede qualquer tipo de certificação ambiental. “Quem síduos, substituição de substâncias químicas e compras adere a ele o faz em função de uma tomada de consciên- de alimentos saudáveis e cultivados de forma sustentável. cia, como resultado de um processo de compromisso com as ideias que defendemos”, explica Vital Ribeiro. Embora Desde 2.010, a Amil Participações (Amilpar), por não certifique, o Projeto garante aos participantes os divi- meio de sua Diretoria de Sustentabilidade, desenvolve dendos provenientes de uma gestão inovadora, que torna programas alinhados com a filosofia do Projeto Hospitais a organização mais competitiva. “As práticas de sustenta- Saudáveis, do qual é associada. Partindo da premissa de bilidade agregam valor, otimizam o trabalho e reduzem que não há homem saudável em um planeta doente, a custos. Estratégias bem-sucedidas são divulgadas em nível organização inspira em todas as empresas do grupo ações mundial como ‘estudo de caso’, transformando o hospital de consumo sustentável, incentivo à reciclagem, reuso de num agente reprodutivo e educativo”. insumos, neutralização de carbono, economia de energia e água, entre outras. O Programa Amil Gerações – Cui- A instituição que se associa ao Projeto se comprome- dando da Saúde do Planeta é o grande guarda-chuva sob te a cumprir pelo menos dois dos dez itens da Agenda o qual são abrigados os diversos projetos criados a partir Global para Hospitais Verdes e Saudáveis elaborada pela da visão de sustentabilidade, integrando os pilares econô- Saúde Sem Dano. Abrangente, essa agenda contempla mico, social e ambiental. “Procuramos disseminar a cul- orientações que vão desde a redução no consumo de água tura da educação ambiental, envolvendo todos os colabo- e energia até o apoio à construção de edifícios hospitalares radores”, afirma a engenheira ambiental Graciela Canton, “verdes” e saudáveis, passando pela prescrição apropriada integrante da Divisão de Sustentabilidade. 160
Um dos primeiros programas visando à redução do nização não-governamental Green Building Council para consumo de material plástico foi a aquisição de 22 mil identificar as “construções verdes”, o complexo hospita- canecas e squeezes produzidos à base de 30% de fibra lar foi pensado para evitar o desperdício de recursos. de coco e plástico que substituíram os copos plásti- No caso da energia elétrica, foi instalado um sistema cos para água e café. A introdução desses utensílios, de refrigeração autorregulável, no qual a temperatura se bem acabados e duráveis, gerou uma redução de 66% ajusta de acordo com o clima; coletores e armazenado- no consumo de copos plásticos de água no Rio de Ja- res de chuva contribuem para a redução do consumo de neiro, 84% em Belo Horizonte, 60% em Campinas e água. Aproximadamente 70% do lixo da obra é destina- 58% em Natal. Em fase final de construção, o Hospital do à reciclagem. O bloco do centro médico já está fun- das Américas, no Rio de Janeiro, é outro exemplo do cionando e a previsão é que todo o complexo entre em envolvimento do grupo Amil com o desenvolvimento funcionamento total em 2.014. “O custo inicial de um sustentável. Concebido de acordo com os critérios pro- ‘hospital verde’ é mais alto, porém, a economia que esse postos pelo sistema de certificação LEED (Leadership tipo de construção gera, ao longo dos anos, compensa o in Energy and Environmental Design), criado pela orga- investimento”, acrescenta Graciela Canton. 161 ANÚNCIO
Sustentabilidade ANUÁRIO BRASILEIRO DA SAÚDE 2013 Pioneirismo A Santa Casa de São Paulo, responsável pela administra- altos índices”, garante Edison Ferreira. Outra preocupação ção de 42 unidades de saúde, é outro associado do Projeto diz respeito ao descarte dos produtos utilizados no setor de Hospitais Saudáveis e signatária da Agenda Global. Entre diagnóstico por imagem. “As empresas selecionadas para a os diversos programas em favor da sustentabilidade que a realização desse trabalho devem ter certificação específica instituição desenvolve destaca-se o pioneiro trabalho de da companhia de saneamento ambiental de São Paulo. Do gestão dos resíduos hospitalares. A Comissão de Gerencia- contrário, elas não são aceitas”. mento de Resíduos de Serviços de Saúde, criada em 2.000 com caráter multidisciplinar, é, hoje, uma das mais com- Outras práticas de sustentabilidade desenvolvidas na pletas e bem estruturadas, de acordo com o chefe de ga- instituição, como os programas de uso racional da água binete da superintendência, Edison Ferreira da Silva. “O e energia elétrica se justificam, ressalta Edison Ferreira da nosso abrigo de resíduos é um dos mais modernos do país. Silva, não apenas pelo comprometimento da Santa Casa Os diversos tipos de resíduos são cuidadosamente segre- com a preservação ambiental e da saúde da população, mas gados, com espaços físicos diferenciados para armazenar o também porque elas se refletem em economia de recursos. lixo radioativo, os químicos, infectantes”, afirma. Diaria- “Somos uma instituição filantrópica, o maior prestador de mente, a Santa Casa produz três toneladas de resíduos in- serviços de saúde do SUS. A remuneração que recebemos fectantes e 1,6 tonelada de lixo comum. Hoje, a instituição é insuficiente para atender a demanda. Assim, investimos orgulha-se de reciclar 16% do lixo gerado, “um dos mais em ações que, de um lado nos mantêm alinhados com a sustentabilidade e, de outro, geram economia”. 162
Ação em cadeia As mais de 350 cooperativas pertencentes ao sistema tadores. “Queremos ampliar o leque, levar o debate para Unimed são associados do Projeto Hospitais Saudáveis e fora dos muros da Unimed. Nossa ideia é desenvolver uma apresentam, segundo a coordenadora de Desenvolvimento ação em cadeia, envolvendo toda a nossa rede credenciada”, Humano e Sustentabilidade da Unimed do Brasil, Maike continua Maike Mohr. O projeto, em fase de elaboração, Rothenburg Mohr, diferentes graus de envolvimento com a irá elencar alguns indicadores estratégicos. “Ele está sendo questão da sustentabilidade. As unidades que mais se desta- montado a partir das diretrizes estabelecidas pela nossa po- cam nessa área recebem o selo Unimed de responsabilidade lítica nacional de sustentabilidade”. A coordenadora acres- social, uma espécie de certificação que “agrega valor e revela centa que hoje está cada vez mais claro que “o negócios das que aquela unidade está comprometida com uma socieda- empresas” depende de projetos sustentáveis. “Precisamos de mais justa, ética e sustentável e com ações socialmente pensar no longo prazo, plantar hoje para colher no futuro. responsáveis”. Agora, a Unimed pretende ampliar esse pro- O que está em jogo não é apenas a questão da sustentabi- grama estendendo o selo também aos fornecedores e pres- lidade do planeta, mas também, das próprias instituições”. 163 ANÚNCIO
Sustentabilidade ANUÁRIO BRASILEIRO DA SAÚDE 2013 Prestação de contas O Hospital Municipal de Araucária, que fornece mu- O Hospital de Araucária é um dos mais de 50 esta- das de plantas nativas aos pais de bebês nascidos na ins- belecimentos administrados pela Pró-Saúde – Associação tituição, realiza outras ações visando ao cumprimento Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, associada das metas estabelecidas na Agenda Global da Saúde Sem ao Projeto Hospitais Saudáveis. O diretor de Operações Dano. Uma delas é a parceria com fornecedores locais da Pró-Saúde, Danilo Oliveira da Silva, que dirigiu o para o suprimento de verduras e legumes orgânicos. Além Hospital de Araucária por mais de quatro anos, explica da alimentação mais saudável, a garantia de seis meses de que a adesão ao Projeto se deu como consequência da compra, por parte do hospital, levou os produtores rurais implantação do relatório de sustentabilidade, instrumen- a baixarem os preços em 35%. Ainda na área alimentar, to utilizado para mensurar, divulgar e prestar contas dos os colaboradores são incentivados a levar o óleo de cozi- impactos econômicos, ambientais e sociais causados pelas nha utilizado em suas residências para o posto de coleta atividades de uma organização. “O relatório foi o cami- montado na instituição. Uma empresa parceira trans- nho que encontramos para dar transparência do nosso forma esse óleo em sabão vegetal entregue, depois, aos trabalho a quem nos contrata. E, a partir da constatação doadores. A prática evita que o produto seja descartado dos impactos que o nosso negócio provoca, partimos na na pia ou terra, contaminando o solo e mananciais. busca de soluções para minimizá-los”. 164
O Hospital Muni- Embora a terceira lei de Newton garanta que para cada ação cipal de Araucária há uma reação, ela nem sempre se aplica quando o tema é sus- firmou parceria com tentabilidade. Danilo Oliveira adianta que ainda há dificulda- fornecedores locais de por parte dos gestores municipais para entender a impor- para a aquisição tância de um relatório de sustentabilidade que, naturalmente, gera ações de mitigação dos impactos. Ele dá um exemplo des- de verduras sa dificuldade: a troca dos copos plásticos por canecas só foi e legumes orgânicos possível porque uma empresa parceira bancou a substituição; a prefeitura local não cedeu recursos para a tarefa. Em valores nominais, a troca gerou uma economia de apenas R$ 100. Mas o meio ambiente agradece: o consumo mensal de 50 mil uni- dades de copos plásticos caiu para 32 mil unidades. “Esse é um conceito novo, que ainda está sendo construído. É preciso tem- po e paciência para que todos entendam a sua importância”. 165 ANÚNCIO
Sustentabilidade ANUÁRIO BRASILEIRO DA SAÚDE 2013 Tratado global quer hospitais livres de mercúrio roibir totalmente a fabricação, importação e O mercúrio é um metal pesado altamente tóxico, persistente no meio ambiente, capaz de se disseminar P exportação de termômetros e dispositivos de globalmente por diversas vias de contaminação. Médi- pressão arterial (esfigmomanômetros) com cos, pacientes e outros trabalhadores do setor podem mercúrio até o ano de 2.020. Esta é a essência de trata- sofrer danos à sua saúde se entrarem em contato dire- do global aprovado em 2.013 por 130 países, entre eles, to com a substância. Em sua forma metálica (líquida) o Brasil, em Genebra deste ano durante encontro do Co- evapora-se facilmente, mesmo em temperaturas baixas, mitê Intergovernamental de Negociações sobre Mercúrio, e penetra no organismo através da respiração. Dos pul- uma iniciativa do Programa das Nações Unidas para o mões, é transportado pela corrente sanguínea deposi- Meio Ambiente (Pnuma). O tratado seria assinado, até o tando-se em diversos órgãos, causando lesões variadas. fechamento desta edição, em outubro de 2.013, durante Se for descartado entre os resíduos comuns, o mercúrio conferência diplomática a ser realizada em Minamata, no pode contaminar rios, lagos e até o solo úmido. Os orga- Japão, onde se registrou, nos anos de 1.950, o maior caso nismos que vivem nesses ambientes podem transformar de contaminação por mercúrio, atingindo milhares de pes- a substância em mercúrio orgânico altamente tóxico, soas. Em seguida, os governos deverão ratificá-lo para que capaz de causar danos ao sistema nervoso central e, por entre em vigor como parte da legislação de cada país. O ser persistente, acumula-se em animais, peixes e no meio prazo de 2.020 poderá ser prorrogado por mais dez anos ambiente em geral. para as nações com dificuldades em atender essa meta. 166
A ÚNICA EMPRESA COM A MAIS COMPLETA LINHA DE PREBIÓTICOS, PROBIÓTICOS E SIMBIÓTICOS REGISTRADA E COMERCIALIZADA NO BRASIL A utilização de prebióticos, probióticos e simbióticos restaura o equilíbrio da microbiota intestinal, alivia sintomas e, acima de tudo, previne e contribui para o tratamento de situações clínicas relacionadas à DISBIOSE.1,2,3 PROBIÓTICOS SIMBIÓTICOS PREBIÓTICO GLUTAMINA Distribuidores da Linha Hospitalar e Nutrição por Regiões: • São Paulo e Regiões Metropolitanas: Nutriport (11) 5089-2030 • São Paulo (Interior): Humana Alimentar 0800 771 6915 • Rio de Janeiro (Estado): Pharmanutri (21) 3257-3246 • Rio de Janeiro (Região Serrana, Norte e Sul Fluminense): Belinutri (21) 3194-2200 • Triângulo Mineiro: Uber Médica e Hospitalar (34) 3214-4519 • Minas Gerais: Pharmanutri (31)2559-2900 • Bahia: CMW Saúde (71) 3232-1010 • Rio Grande do Sul: Nutriport (51) 3342 4242 • Paraná e Santa Catarina: Nutrimedical (41) 3335-8299 e Nutrosul 0800 607 9080 • Mato Grosso do Sul: Nutrimix (67) 3341-8118 • Distrito Federal: Topmed (61) 3381-1210. Para demais localidades, consulte: SAC 0800 55 78 03 ou www.invictusbrasil.com.br. Referências Bibliográficas: 1. Iannitti T, Palmieri B. Therapeutical use of probiotic formulations in clinical practice. Clin Nutr. 2010 Dec;29(6):701-25; 2. Chen CC, Walker WA. Probiotics and prebiotics: role in clinical disease states. Adv Pediatr. 2005;52:77-113; 3. 3. Guarner F et al. Probióticos e prebióticos. Diretrizes Mundiais da Organização Mundial de Gastroenterologia 2011: 2-22. Lactofos® é composto por uma exclusiva formulação simbiótica de frutooligossacarídeos (prebióticos), Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus rhamnosus, Lactobacillus paracasei e Bifidobacterium lactis (probióticos), que contribui para o equilíbrio da flora intestinal.* Não contém glúten. MS.: Reg. MS 6.6637.0001. Lactofiber® é composto por uma exclusiva formulação simbiótica de frutooligossacarídeos (prebióticos), Lactobacillus acidophilus e Bifidobacterium lactis (probióticos), que contribui para o equilíbrio da flora intestinal.* Não contém glúten. MS.: Reg. MS 6.6637.0007. Lacto B® é composto por uma exclusiva formulação de frutooligossacarídeos, Lactobacillus paracasei e Bifidobacterium lactis (probióticos), que contribui para o equilíbrio da flora intestinal.* Não contém glúten. MS.: Reg. MS 6.6637.0004. Lacto Pró® é composto por uma exclusiva formulação de Lactobacillus paracasei, Lactobacillus rhamnosus, Lactobacillus acidophilus e Bifidobacterium lactis (probióticos), que contribui para o equilíbrio da flora intestinal.* Não contém glúten. MS.: Reg. MS 6.6637.0003. Duolactis® é composto por uma formulação de Lactobacillus acidophilus e Bifidobacterium lactis (probióticos), que contribui para o equilíbrio da flora intestinal.* Não contém glúten. MS.: Reg. MS 6.6637.0008. Fiberfos® é uma fonte de fibra alimentar, composto por frutooligossacarídeos (FOS) em pó (prebióticos), que contribui para o equilíbrio da flora intestinal.* Não contém glúten. MS.: Reg. MS 6.6637.0006. Glutaflora® destina-se à nutrição enteral, somando-se a outros alimentos de forma a atender às necessidades nutricionais diárias do indivíduo. Uso exclusivo para nutrição enteral. PROIBIDO O USO POR VIA PARENTERAL. Não contém glúten. MS.: Reg. MS 6.6637.0002. *Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis. Gestantes, nutrizes e crianças somente devem consumir esses produtos sob orientação de nutricionista ou médico. Para maiores informações: www.invictusbrasil.com.br
Sustentabilidade ANUÁRIO BRASILEIRO DA SAÚDE 2013 Dados os riscos que o mer- muitos estabelecimentos de saúde privados já baniram cúrio oferece, desde 2.005, a o mercúrio, mas não sabemos se existe instituição que Organização Mundial de Saú- ainda o utiliza”, afirma o presidente da FEHOESP e do de (OMS) apela por medidas a SINDHOSP, Yussif Ali Mere Jr. curto, médio e longo prazos que visem à substituição gradual dos in- Também em 2.008, a organização não-governamen- sumos médicos com mercúrio. No Brasil, o Sindicato dos tal Saúde Sem Dano, em parceria com a OMS, lançou Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Pau- a iniciativa global Saúde sem Mercúrio (Mercury-Free lo (SINDHOSP), em parceria com a Faculdade de Saúde Healthcare) com o objetivo de fomentar e dar suporte à Pública da Universidade de São Paulo e coordenado pela substituição do metal no setor saúde em todo o mun- médica Cecília Zavariz, desenvolveu, em 2.007, um proje- do. Em nosso país, essa campanha é liderada pelo Proje- to pioneiro para a eliminação gradativa do mercúrio junto to Hospitais Saudáveis. “Não temos ainda no país uma ao segmento privado da saúde. No ano seguinte, em 2.008, política pública efetiva que proponha a substituição das o SINDHOSP e a Federação dos Hospitais, Clínicas e La- tecnologias de medição com uso de mercúrio nas insti- boratórios do Estado de São Paulo (FEHOESP) apoiaram tuições de saúde”, ressalta Vital Rodrigues, presidente do oficialmente a publicação “Saúde Livre de Mercúrio”, conselho consultivo da entidade. Mesmo assim, há mui- também coordenada por Cecília Zavariz, que através de tas iniciativas já em andamento. No Hospital Municipal uma história em quadrinhos utilizava o personagem Dr. de Araucária, por exemplo, o “projeto mercúrio zero” está Consciência para mostrar a toxicidade do metal e pedia substituindo termômetros e esfigmomanômetros à base que fosse banido do meio ambiente. “Essas iniciativas de mercúrio por equipamentos digitais. Os termômetros sensibilizaram, conscientizaram, podemos afirmar que de uso pessoal dos médicos foram trocados por digitais, com a contribuição de empresas parceiras. 168
O SINDHOSP No Estado de São Paulo, desde 2.010, hospi- e a FEHOESP, tais, ambulatórios e demais serviços de saúde per- em parceria com tencentes à rede da Secretaria Estadual da Saúde a Faculdade de Saúde estão proibidos de comprar qualquer equipamen- Pública da USP, to contendo mercúrio. Para uso odontológico, só participam de é permitida a aquisição de mercúrio pré-dosado um projeto pioneiro e pré-acondicionado em cápsulas seladas. Nesses para a eliminação casos, o metal só poderá ser preparado em apare- gradativa do mercúrio lhos amalgamadores apropriados para tal fim, que junto ao segmento não impliquem na abertura prévia das cápsulas seladas. Enquanto na rede pública estadual de São Paulo o mercúrio começa a ser banido, na rede privada, o processo ainda depende de iniciativa própria dos gestores. 169 O seu hospital cuida das pessoas. ANÚNCIONossos profissionais cuidam do seu negócio.
Sustentabilidade ANUÁRIO BRASILEIRO DA SAÚDE 2013 Entrevista Verónica Odriozola Área da saúde deve liderar luta por um planeta mais saudável Transformar, em nível mundial, o setor de cuidados da saúde, fazendo dele referência no emprego de soluções ambientalmente amigáveis. Esta é a proposta do Saúde Sem Dano, uma coalizão internacional que reúne hospitais, sistemas de saúde, profissionais do setor, sindicatos, organizações ambientalistas e grupos sociais. Presente em diversas partes do mundo, o movimento se destaca por campanhas que, de fato, contribuem para a melhoria da vida no planeta, como a correta destinação dos resíduos hospitalares e a eliminação do mercúrio. Nesta entrevista ao Anuário Brasileiro da Saúde, a coordenadora para a América Latina do Saúde Sem Dano, Verónica Odriozola, há 26 anos trabalhando em questões liga- das à saúde ambiental, apresenta os avanços do movimento na região e aponta os desafios que ainda precisam ser vencidos. O setor da saúde continua sendo um grande consumidor de energia fóssil, portanto, é parte em uma cadeia que provoca um dos principais problemas ambientais que o planeta enfrenta atualmente: o aquecimento global 170
Anuário Brasileiro da Saúde – O que motivou o Esta Rede é um espaço de intercâmbio horizontal de ex- surgimento do Saúde Sem Dano? Quando nasceu o periências e informação, proporciona materiais técnicos, movimento? oferece seminários pela internet, além de possibilitar aos integrantes que compartilhem seus avanços e principais Verónica Odriozola - O Saúde Sem Dano nasceu desafios com relação à sustentabilidade. nos Estados Unidos em 1.996, logo após ser descoberto que a incineração de resíduos hospitalares era a principal Anuário Brasileiro da Saúde - Quais países inte- fonte de dioxinas [substâncias químicas utilizadas na con- gram o Saúde Sem Dano na América Latina? Em quais servação de um composto orgânico, altamente canceríge- deles as ideias preconizadas pela organização estão nas] no ar. Ter seus resíduos como fonte de um composto mais disseminadas? cancerígeno era um paradoxo para o setor da saúde, que algumas pessoas acreditavam que devia ser evitado. En- Verónica Odriozola - Atualmente existem trabalha- tendiam que a área da saúde não só não deveria causar dores da saúde e/ou hospitais identificados com o Saúde danos ambientais que afetassem a saúde, mas também as- sem Dano em quase todos os países da região. Contu- sumir um papel de liderança, marcando o caminho para do, até agora, os países da América Latina onde exis- uma sociedade mais sustentável, começando por mudar tem membros mais ativos são Argentina, Brasil, México, suas próprias práticas. Costa Rica e Chile. Anuário Brasileiro da Saúde – Em que países o Anuário Brasileiro da Saúde – Como o Saúde Sem movimento está estruturado? Que instituições podem Dano se relaciona com as instituições governamentais participar dele? e outros organismos? Quais os níveis de cooperação? Verónica Odriozola - O Saúde sem Dano é uma Verónica Odriozola - A relação com as instituições organização internacional que conta com escritórios em governamentais varia de acordo com o país com o qual es- alguns países como Estados Unidos, Filipinas, Bélgica e tamos trabalhando. Em geral, tenta-se estabelecer tarefas Argentina. Porém, trabalha em relação direta com organi- de colaboração para impulsionar os objetivos. Por exem- zações e instituições de outros países, como Brasil, África plo, já temos, há vários anos, uma iniciativa em conjunto do Sul, Índia, Indonésia, México, Costa Rica e Chile. No com a Organização Mundial de Saúde [OMS], visando a Brasil, seu ponto focal é o Projeto Hospitais Saudáveis. eliminação do uso de mercúrio em setores ligados à saúde Recentemente, o Saúde sem Dano criou a Rede Global de em todo o mundo. Em algumas oportunidades, organi- Hospitais Verdes e Saudáveis, que agrupa todos os hospi- zamos eventos em conjunto com organismos governa- tais, organizações e sistemas de saúde do mundo compro- mentais, como seminários ou congressos. O Saúde sem metidos com um programa de ação comum, conhecido Dano trabalha em combinação com outras organizações como Agenda Global para Hospitais Verdes e Saudáveis. e hospitais para conseguir mudanças nas políticas e no Os hospitais que decidem participar devem apenas en- mercado de tecnologias e materiais médicos. Temos inde- viar uma carta ao Saúde sem Dano e informar em quais pendência para criticar aquelas políticas públicas que nos dos dez objetivos da Agenda Global querem trabalhar. parecem equivocadas para o ambiente e a saúde pública. 171
Sustentabilidade ANUÁRIO BRASILEIRO DA SAÚDE 2013 Anuário Brasileiro da Saúde – Como os serviços gue livres de PVC; tem sido protagonista na substituição de saúde impactam o meio ambiente? Quais são os do uso de mercúrio na maioria dos países nos quais tra- principais problemas ambientais gerados pelo setor? balha; tem levado a voz do setor da saúde às negociações de tratados internacionais, como o relativo às mudanças Verónica Odriozola - Os serviços de saúde empre- climáticas ou o de Minamata [segundo o documento, até gam água, energia, materiais e geram resíduos, como 2.020 o mercúrio será eliminado de lâmpadas fluorescen- outros setores da economia. Suas práticas podem pro- tes, pilhas, baterias, cimento e termômetros]. vocar contaminação ambiental através dos resíduos, emissões e efluentes. Podem contribuir para a fabrica- Anuário Brasileiro da Saúde – E quais os desafios ção de materiais tóxicos e consumir energia que, nor- que ainda estão por vencer? No âmbito da América La- malmente, provém de combustíveis fósseis, aumentan- tina, quais são os maiores enfrentamentos hoje? do as mudanças climáticas. Verónica Odriozola - Ainda há muito por fazer. O se- Anuário Brasileiro da Saúde – Desde sua fundação, tor da saúde continua sendo um grande consumidor de quais as principais conquistas do Saúde Sem Dano? energia fóssil, portanto, é parte em uma cadeia que provo- ca um dos principais problemas ambientais que o planeta Verónica Odriozola - O Saúde sem Dano tem prati- enfrenta atualmente: o aquecimento global. Em alguns cado esforços que evitaram a instalação de incineradores países da América Latina, a situação dos hospitais é mais de resíduos infectados e a adoção de estratégias alternati- desafiante em questões como a gestão dos resíduos. Ainda vas; tem conseguido que cada vez mais hospitais utilizem é necessário trabalhar em uma melhor segregação dos resí- materiais menos tóxicos, recicláveis; tem conseguido que duos infectados e promover uma gestão que não coloque as empresas provedoras do setor possam oferecer materiais em risco a vida dos trabalhadores nem da comunidade. mais amigáveis ao meio ambiente, como as bolsas de san- 172
Anuário Brasileiro da Saúde - As ações propostas ambiente e provoquem novas doenças nos trabalhadores pelo Saúde Sem Dano dependem da cooperação das ou na comunidade em geral. Uma maior contaminação instituições de saúde para sua implementação. Em do ar trará para os hospitais mais crianças com proble- nível mundial, essa cooperação é efetiva? mas respiratórios, que se somarão às pré-existentes pe- las condições de vida da população, por exemplo. Além Verónica Odriozola - Sim. Ainda falta muito a ser disso, é possível fazer melhorias ambientais ou ter um feito, mas a Rede Global de Hospitais Verdes e Sau- desempenho ambiental mais adequado quando estes te- dáveis tem crescido significativamente nesses últimos mas são conhecidos e praticados já durante a construção dois anos. Contamos ali com representantes estratégi- de um hospital, sem que necessariamente signifiquem cos do setor da saúde de países como Reino Unido, maiores custos. Acreditamos que o fundamental é colo- Tailândia, Brasil, Colômbia, México, Austrália, Argen- car a informação à disposição do setor para que possam tina e Estados Unidos. ser tomadas decisões acertadas. Por isso, grande parte do nosso trabalho é realizado pelas oficinas e reuniões de Anuário Brasileiro da Saúde – O Saúde Sem Dano capacitação e intercâmbios de pontos de vista com aque- estimula a adoção de alternativas ambientalmente les que trabalham com a realidade do setor todos os dias. amigáveis nas instituições de saúde em substituição Em alguns casos, o hospital pode ser concebido como às práticas que contaminam ou contribuem para pro- uma fonte de saúde para sua comunidade e pode, por vocar doenças. Essa proposta é viável para os países exemplo, ser o que fornece água limpa para a população. em desenvolvimento, carentes de recursos até para o As doenças de transmissão hídrica, provocadas pela con- atendimento básico de saúde? taminação da água por falta de saneamento básico, estão entre as principais ameaças à saúde pública nos segmen- Verónica Odriozola - Claro que sim. Justamente por tos mais carentes dos países em desenvolvimento. que os recursos são escassos é que acreditamos que não devem ser empregadas práticas que contaminem o meio Justamente por que os recursos são escassos é que acreditamos que não devem ser empregadas práticas que contaminem o meio ambiente e provoquem novas doenças nos trabalhadores ou na comunidade em geral 173
TICs ANUÁRIO BRASILEIRO DA SAÚDE 2013 174
Compartilhamento de dados gera padronização e aumenta eficiência COMPARTILHAR INFORMAÇÕES DE SAÚDE PRODUZIDAS EM DIVERSAS UNIDADES, PADRONIZANDO A PRÁTICA ASSISTENCIAL E ADMINISTRATIVA, COM OTIMIZAÇÃO DE RECURSOS E REDUÇÃO DE CUSTOS. ESSA IDEIA JÁ NÃO ESTÁ TÃO DISTANTE DA REALIDADE BRASILEIRA. ENQUANTO NO ESTADO DE SÃO PAULO, TÉCNICOS DA ÁREA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DA SECRETARIA ESTADUAL DA SAÚDE SE PREPARAM PARA INICIAR UM PROJETO QUE VISA A INTEGRAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DOS 645 MUNICÍPIOS DO ESTADO, NO RIO GRANDE DO SUL, PROFISSIONAIS DO HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE DESENHAM O MODELO DO APLICATIVO DE GESTÃO PARA HOSPITAIS UNIVERSITÁ- RIOS (AGHU), PROJETO DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO QUE OBJETIVA PADRONIZAR OS PROCESSOS HOJE ADOTADOS PELOS 46 HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS DE SUA REDE ESPALHADOS PELO BRASIL. 175
TICs ANUÁRIO BRASILEIRO DA SAÚDE 2013 integração dos serviços públicos estaduais assistência, ensino e pesquisa – o Incor já nasceu com um serviço de informática, necessário para a implantação dos A de saúde é uma das primeiras consequên- sistemas de computação importados na época. “A inovação cias do lançamento do prontuário eletrôni- está no DNA do Incor, principalmente por se tratar de uma co unificado dos pacientes na rede própria da Secreta- instituição voltada ao ensino e pesquisa”, conta Gutierrez. ria Estadual da Saúde de São Paulo, ocorrido em agosto Assim, em 2.002, surgiu o primeiro modelo de prontuá- de 2.013. Inédito no âmbito da administração pública, o rio eletrônico do hospital, o SI 3 (Sistema Integrado de prontuário agregará todo o histórico de saúde do pacien- Informações Institucionais) que, ao longo dos anos, foi te, desde o primeiro atendimento, passando pelos resulta- sendo aperfeiçoado de modo a conter, literalmente, todo dos dos exames, prescrição de medicamentos, internação o histórico de saúde do paciente, de imagens e laudos de e alta. “Estamos criando algo absolutamente inexisten- exames até prescrições médicas e de enfermagem. Há cerca te num serviço público. Nos Estados Unidos, uma das de dois anos, esse know how foi utilizado para a construção metas do primeiro governo do presidente Barack Obama do S4SP (Saúde para São Paulo), o prontuário eletrônico era, justamente, a construção do prontuário eletrônico do da Secretaria da Saúde, desenvolvido em parceria com a cidadão norte-americano. E eles ainda não conseguiram, Companhia de Processamento de Dados do Estado de São apesar de já terem investido mais de US$ 20 bilhões”, or- Paulo (Prodesp), com investimentos de R$ 56 milhões. gulha-se Marco Antonio Gutierrez, diretor do Serviço de O projeto-piloto foi implementado em onze hospitais da Informática do Instituto do Coração (Incor), do Hospital rede, em 2.012, para análise e ajustes. E, desde agosto de das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP onde, na 2.013, começou a ser implantado em outros 22 serviços, verdade, o prontuário eletrônico nasceu. localizados na Grande São Paulo, Interior e Litoral. Criado nos idos de 1.970, com três eixos de atuação – 176
A Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios, representa, há 50 anos, a indústria brasileira de produtos para saúde. Como associado você tem muitos benefícios: Descontos na emissão de declarações e certificados Orientações sobre legislação, exportação, normas técnicas e novas práticas do setor. Presença em reuniões setoriais. Informações e estudos de mercado. Além disso a ABIMO possui o projeto BHD – Brazilian Health Devices - que, em parceria com a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção a Exportacão e Investimentos), promove a participação em feiras internacionais para aproximar a relação de sua empresa nas ações comerciais de exportação. Fale com o nosso departamento comercial e obtenha mais informações. [email protected], www.abimo.org.br ou pelo telefone 11 3285 0155
TICs ANUÁRIO BRASILEIRO DA SAÚDE 2013 Segurança da “nuvem” O S4SP foi inspirado em modelos semelhantes usados soa. “Os dados nela constantes não saem do país e ela é no Canadá, Inglaterra e Austrália. “Pegamos o melhor de cercada por vários instrumentos de segurança”. Para se ter cada sistema para construir o nosso”, explica André Luiz uma ideia do grau de segurança que envolve a “nuvem” de Almeida, diretor de Tecnologia da Informação da Se- do governo do Estado de São Paulo basta dizer que é nela cretaria. Entre as novidades do sistema está o fato de que que estão armazenadas todas as informações da Secretaria todas as informações estarão armazenadas na “nuvem” de Segurança Pública e da Fazenda, por exemplo. Marco do governo do Estado de São Paulo. Na computação em Gutierrez, do Incor, acrescenta que a questão da seguran- nuvem (em inglês, cloud computing), o armazenamento ça é primordial, já que se está lidando com informações de dados é feito em serviços que podem ser acessados de em saúde. “O S4SP tem uma série de mecanismos que qualquer lugar do mundo, a qualquer hora, via internet. permitem rastrear quando a informação foi acessada e por A opção pela “nuvem” resultou em custo zero em hardwa- quem, mesmo que nada tenha sido acrescentado ao docu- res, softwares e equipamentos ou mesmo a montagem de mento digital. Tudo fica registrado”. E, para ter acesso ao uma rede física de servidores e sistema de segurança e ma- prontuário, a pessoa tem que estar autenticada no siste- nutenção. André Almeida ressalta, no entanto, que não se ma, ser um usuário válido, com autorização para inserir, trata de uma “nuvem” pública, acessada por qualquer pes- ou não, informações. 178
Para que o prontuário possa funcionar nas 57 unidades sa integração são muitas. “O gestor passa a ter um canal da administração direta (hospitais, ambulatórios, farmá- melhor para se comunicar com o cidadão, além de con- cias e laboratórios), o sistema de informatização de cada seguir fazer uma gestão mais eficiente e racional dos seus unidade está sendo trocado. Os funcionários também es- recursos, tanto materiais quanto assistenciais”, imagina tão passando por treinamento. “Trabalhamos com reali- Almeida, acrescentando que, para o cidadão, a grande dades diferentes. Há unidades que operam com sistemas vantagem é se apoderar da sua informação de saúde. “Já o mais modernos; outras, nem tanto”, explica Almeida. profissional de saúde terá toda a informação do paciente Outra etapa que corre em paralelo é a criação do portal do ao seu alcance, podendo realizar uma anamnese mais di- cidadão. “Será um portal de relacionamento da Secretaria rigida, mais segura”. com o usuário. Além de acessar todo o seu histórico de saúde, o cidadão terá informações e orientações, que serão E com menos desperdício, já que desaparecem os gas- produzidas pelas escolas de medicina estaduais”, adian- tos com retrabalho, realização de exames desnecessários, ta André Almeida. A previsão é que tanto o prontuário um dos grandes ralos por onde escoam as verbas destina- quanto o portal estejam em completa operação em 2.014. das à assistência à saúde. “O foco inicial do nosso traba- lho não foi a economia de recursos. Mas temos a clareza A partir daí, a Secretaria iniciará os estudos para le- de que esse projeto vai trazer redução de custos”, admi- var essa integração a todos os municípios de São Paulo. te André Almeida, que já pensa em produzir um estudo “Vamos iniciar as conversações com os gestores munici- quantificando essa redução. O fato, segundo ele, de a Se- pais. Nosso objetivo é que todos os serviços que atendem cretaria ter investido apenas no datacenter do Estado e SUS no Estado tenham suas informações compartilhadas não em todas as 57 unidades “resultou, com certeza, na numa mesma rede”, explica Almeida. As vantagens des- economia de alguns milhões de reais”. 179
TICs ANUÁRIO BRASILEIRO DA SAÚDE 2013 Padronização O Hospital de Clínicas de Porto Alegre, ligado à Univer- Os primeiros módulos do AGHU foram implan- sidade Federal do Rio Grande do Sul, sempre esteve na van- tados em agosto de 2.010. Desde então, novos mó- guarda no que se refere à utilização das tecnologias da infor- dulos estão sendo desenvolvidos e adotados pelas ins- mação. Em 1.983 inovou com o agendamento eletrônico tituições que, gradativamente, ingressam no grupo de consultas. Em 2.000, a instituição criou o seu Aplicati- de hospitais que utilizam o sistema. Hoje, de acordo vo de Gestão Hospitalar (AGH), que permitiu o início da com João Antonio Paim Rodrigues, coordenador construção do prontuário eletrônico. Em 2.009, o hospital administrativo do hospital e do AGHU, já parti- incluiu a certificação digital, que deu validade legal aos do- cipam, além do Clínicas, hospitais do Maranhão, cumentos eletrônicos do prontuário. Foi nesse mesmo ano Piauí, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Curitiba que o Ministério da Educação (MEC) e o hospital inicia- e Santa Maria. Em breve, devem aderir instituições ram o desenvolvimento de um software de gestão hospitalar de Brasília, Espírito Santo e Rio Grande do Norte. que fosse padrão para todos os 46 hospitais universitários Paim Rodrigues explica que, diferentemente de ou- federais, batizado de AGHU, ou Aplicativo de Gestão para tros aplicativos, geralmente voltados para os trâmi- Hospitais Universitários. “O Ministério escolheu o nosso tes administrativo e financeiro, o AGHU tem como modelo como base para a criação do AGHU porque ele tem prioridade o processo assistencial, e sua implantação como principal referência o atendimento aos pacientes”, resulta em mudanças na rotina das instituições. “An- afirma o professor José Ricardo Guimarães, coordenador da tes de receber o aplicativo, o hospital precisa estar Comissão do Prontuário do Paciente do hospital. preparado, organizado internamente”. 180
A implantação do AGHU está sendo coordenada pela nas várias unidades, os técnicos que trabalham na instala- Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, vinculada ao ção do AGHU também se deparam com situações extre- Ministério da Educação. Os recursos provêm do MEC, mas. “Encontramos instituições que não tinham sequer que já investiu mais de R$ 40 milhões no projeto, e do um técnico de informática. Em muitas delas foi necessá- Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social rio reformar a rede de energia elétrica, trocar servidores, (BNDES) que alocou, a fundo perdido, R$ 64 milhões. mobiliário, além de treinar todo o pessoal”, conta o pro- fessor Zirbes. Por essa razão, a implantação do aplicativo Para Sérgio Felipe Zirbes, professor de Informática da na totalidade da rede deverá estar concluída, provavel- Universidade Federal do Rio Grande do Sul e assessor no mente, em quatro anos. projeto AGHU, o aplicativo será um marco na gestão dos hospitais universitários. “Ao padronizar as práticas assis- A adoção do AGHU pode, em breve, extrapolar os tenciais e administrativas, o sistema permitirá não só uma limites do ambiente hospitalar universitário. De acordo gestão mais moderna, com uso racional dos recursos, como com o professor Sérgio Felipe Zirbes, o Ministério do também a produção segura de indicadores epidemiológi- Exército já procurou a instituição com o objetivo de ins- cos, seu compartilhamento e até a uniformização da con- talar o aplicativo nos seus cerca de quarenta hospitais. “Já duta assistencial. Com certeza, o atendimento ao paciente celebramos o convênio e estamos nos preparando para será melhor do que é hoje”. No escopo desse aplicativo a realização dos primeiros testes de implantação”. Zirbes está a construção de um prontuário informatizado do pa- adianta que até mesmo o Sistema Único de Saúde (SUS) ciente, com indicações do ingresso, pedidos de exames, poderia se beneficiar do AGHU. “Não vejo nenhum receitas de medicamentos e cirurgias. Esse documento, se- impedimento. Nós trabalhamos com software livre, as melhante ao prontuário do Hospital de Clínicas, também condições para a implantação são simples, não requerem terá certificação digital, o que lhe confere valor legal. grandes investimentos em equipamentos e outros recur- sos. A adoção ou não do AGHU é uma decisão unica- Assim como a implantação do prontuário eletrônico mente política, não técnica”. no Estado de São Paulo encontrou realidades diferentes Com o apoio do Ministério da Educação, está em desenvolvimento um software que irá padronizar a gestão dos 46 hospitais universitários do país 181
TICs ANUÁRIO BRASILEIRO DA SAÚDE 2013 Entrevista Marco Antonio Gutierrez “Considerar TI como gasto é erro” A área da saúde investe apenas 2% do seu faturamento líquido anual em tecnologia da informação (TI), enquanto que, no setor bancário, esse índice chega a 13%. Além disso, faltam profissionais e cursos de graduação e, principalmente, pós-graduação em Infor- mática da Saúde, que fortaleçam a formação de recursos humanos para o segmento. Essas são algumas das opiniões do presidente da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), Marco An- tonio Gutierrez, em entrevista ao Anuário Brasileiro da Saúde. Livre-docente em Informática da Saúde e atual diretor do Serviço de Informática do Instituto do Coração (Incor), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Gutierrez tem como planos fomentar a realização de cursos, seminários e simpósios vi- sando à disseminação do conhecimento. Leia, a seguir, a entrevista. No Brasil o maior desafio está na interoperabilidade dos atuais sistemas em uso com a adoção ampla de padrões internacionais 182
Anuário Brasileiro da Saúde – Quais os desafios o país tem avançado nessa questão? A implementação que se apresentam no campo da informática em saú- do Cartão Nacional de Saúde seria o embrião dessa rede? de no Brasil? Marco Antonio Gutierrez - O Cartão Nacional de Marco Antonio Gutierrez - Essa é um pergunta mui- Saúde é o primeiro passo para a integração de sistemas. to ampla, mas entendemos que no Brasil o maior desafio Não acreditamos em uma base única, mas em um con- está na interoperabilidade dos atuais sistemas em uso com junto de bases de dados distribuídos com informação de a adoção ampla de padrões internacionais. saúde para os diferentes níveis de consulta. Anuário Brasileiro da Saúde – Na comparação com Anuário Brasileiro da Saúde – O investimento em outros países, em que patamar de desenvolvimento se TI ainda é muito elevado para as pequenas instituições encontra o segmento brasileiro? de saúde. Há linhas de crédito especiais para atender a essa demanda? Que outras soluções poderiam ser Marco Antonio Gutierrez - Assim como em outras apresentadas para contornar os altos custos de im- áreas do conhecimento, o país possui grande experiência plantação de novas tecnologias de informação? no desenvolvimento de sistemas de informação. Entre- tanto, os investimentos nessa área ainda são pequenos se Marco Antonio Gutierrez - Entendo que considerar comparados com os de outras nações. TI como gasto é um erro. Os investimentos podem ser altos, mas o retorno também é proporcional. Basta com- Anuário Brasileiro da Saúde – A área da saúde carece parar o investimento feito em TI pela área financeira, que de uma base nacional de dados que interligue e esteja hoje está na faixa de 13% do faturamento anual líquido, disponível para todos os prestadores de serviços. Como com o da área da saúde, que não ultrapassa 2%. 183
TICs ANUÁRIO BRASILEIRO DA SAÚDE 2013 Anuário Brasileiro da Saúde – Operadoras e pres- cial da SBIS. Além desses aspectos, o processo de certifi- tadores de serviços de saúde estão prontos e equipa- cação para o profissional de informática em saúde, com dos para adotar o padrão TISS 3.0 para troca de in- o objetivo de reconhecer as competências essenciais deste formações em saúde suplementar? profissional e assim possibilitar um reconhecimento de sua sociedade científica, na forma de um Certificado Pro- Marco Antonio Gutierrez - Ainda há um esforço a ser fissional em Tecnologia da Informação e Comunicação realizado nessa área, mas os envolvidos estão empenha- em Saúde (cpTICS) é outro esforço da SBIS para a valo- dos. Como toda mudança em um ambiente de produção, rização desse profissional. um conjunto de testes ainda é necessário. Anuário Brasileiro da Saúde – Por que a adoção do Anuário Brasileiro da Saúde – A adoção da teles- prontuário eletrônico ainda é baixa no Brasil? Faltam saúde e aplicações de eSaúde são práticas que podem investimentos? contribuir para melhorar a resolutividade da assistên- cia médica e reduzir custos. No Brasil ainda são pou- Marco Antonio Gutierrez - Falta de recursos é ape- cas as experiências nessa área. Qual a razão? nas um dos eixos, mas na minha opinião, ainda faltam, nas instituições, profissionais em número suficiente para Marco Antonio Gutierrez - Há diversas iniciativas implantação e manutenção desses sistemas e com amplo nesse sentido no país e, talvez, o alto custo dos canais conhecimento da área da saúde. Não basta ter a formação de comunicação seja ainda um impeditivo para a sua em sistemas de informação ou área correlata, precisa tam- expansão. Além disso, formas de remuneração para o bém ter conhecimento básico da área da saúde. diagnóstico e/ou segunda opinião a distância ainda pre- cisam ser resolvidas. Anuário Brasileiro da Saúde – O setor de informá- tica da saúde conta com recursos humanos suficientes? Anuário Brasileiro da Saúde - Quais seus planos A formação desses profissionais é adequada? à frente da SBIS e como a entidade pode atuar no sentido de ampliar o acesso aos recursos das tecnolo- Marco Antonio Gutierrez - Não e por isso a Socieda- gias da informação para melhorar o atendimento de de Brasileira de Informática em Saúde (SBIS) está forta- saúde no país? lecendo o proTICS (Programa de Profissionalização em Tecnologia da Informação e Comunicação em Saúde), Marco Antonio Gutierrez - A SBIS é uma sociedade que tem por objetivo fomentar e estimular a criação de científica com mais de 25 anos de existência. Entendemos novos cursos de graduação e, especialmente, pós-gradua- que uma grande contribuição está no fomento de cursos, ção na área de Informática em Saúde, sejam cursos curtos seminários e simpósios na área de forma que o conheci- ou longos, presenciais ou a distância. Além disso, objetiva mento possa ser disseminando de modo mais rápido e efi- colaborar com a definição do conteúdo mínimo e crité- ciente, bem como no reconhecimento profissional através rios de qualidade para que assim ocorra o credenciamento do cpTICS - Certificado Profissional em Tecnologia da deste curso no proTICS, obtendo o reconhecimento ofi- Informação e Comunicação em Saúde. 184
Empresas fortes e comprometidas com o bem estar social ‘‘Como entidade representativa de fornecedores de materiais médicos, disponibilizando produtos de qualidade elevada e serviços de tecnologia avançada, a ABRAIDI entende que o trabalho do SINDHOSP tem beneficiado todos os entes do ambiente médico-hospitalar . Portanto, A ABRAIDI se associa a todos os parceiros do setor de saúde no reconhecimento do SINDHOSP, pelos seus 75 anos de história em defesa do segmento hospitalar, em prol do cidadão brasileiro’’ Gilceu Serratto Presidente do Conselho de Administração 2013/2014. Selo Qde Qualidade Site: www.abraidi.com.br - E-mail: [email protected] - Fone: 55 11 3256-1321 Membro da:
Tendência ANUÁRIO BRASILEIRO DA SAÚDE 2013 186
RFeoabrialitdaro, trhatoars,pcuiitdaarl. OS AVANÇOS DA MEDICINA, O AUMENTO DA EXPECTATIVA DE VIDA E, COM ELA, O CRESCIMENTO DA INCIDÊNCIA DE DOENÇAS CRÔNICAS TEM MOTIVA- DO O SURGIMENTO DE UM NOVO MODELO DE ATENDIMENTO. TRATA-SE DAS CLÍNICAS DE LONGA PERMANÊNCIA, INSTITUIÇÕES PARA TRATAMENTO DE DOENTES CRÔNICOS OU QUE PRECISAM DE REABILITAÇÃO ANTES DA ALTA HOSPITALAR, QUE SE PROPÕEM A PRESTAR O MESMO ATENDIMENTO DE UM HOS- PITAL GERAL, ACRESCIDO DE CUIDADOS PERSONALIZADOS, A UM CUSTO MENOR. 187
Tendência ANUÁRIO BRASILEIRO DA SAÚDE 2013 Instalações da Clínica Acallanto, de São Paulo razão é simples: por não necessitarem de toda opções adequadas, esses pacientes permanecem até vários meses ocupando um leito de alta complexidade, que po- A a estrutura de uma instituição de alta com- deria ser destinado a casos agudos, encarecendo – e muito plexidade, essas unidades acabam praticando – o custo do tratamento. preços inferiores aos dos hospitais gerais. Esse fato é uma boa notícia num universo caracterizado por custos cada Nos últimos anos, a região metropolitana de São Pau- vez mais elevados. A má notícia é que muitas operadoras lo viu nascer diversas dessas clínicas, que se propõem a de planos e seguros de saúde ainda não se deram conta de ser justamente essa opção adequada. “O paciente crônico que o perfil epidemiológico brasileiro está mudando. E, internado por vários meses num hospital geral ocupa um com ele, deve mudar também a prestação de serviço. leito caro, além de impedir a rotatividade. Numa clínica Comuns já há muito tempo nos Estados Unidos e Eu- especializada, ele vai receber o tratamento que necessita ropa, as clínicas de longa permanência podem ser clas- para a sua recuperação sem perda da qualidade”, afirma o sificadas como o estágio entre a crise aguda da doença médico Agnaldo Anelli, diretor executivo da Clínica Al- e a possibilidade de alta ou de encaminhamento para o thea, da Capital paulista, fundada em dezembro de 2.011. serviço de home care. Geralmente, os pacientes são inter- Com ele concorda a enfermeira Andrea Canesin, diretora nados por agravamento de sua doença principal ou pela da também paulistana Clínica Acallanto, em funciona- emergência de outra. Passada a fase aguda, eles tendem a mento desde 2.009. “Os pacientes que fazem a transição se estabilizar, mas estão impossibilitados de receber alta, do hospital para casa passando antes pelas unidades de já que, muitas vezes, dependem de equipamentos e ou- longa permanência têm maior chance de manter a sua tros tipos de assistência para sua recuperação. Por falta de enfermidade estável”. 188
Toda entidade deve ter seu próprio Anuário CUSTO ZERO PARA A ENTIDADE Benefícios de um anuário • Prestigío para a entidade • Facilita a comunicação com seu segmento • Promove o setor junto aos poderes públicos • Divulga as novidades e avanços do segmento • Promove e valoriza seus associados e parceiros • Representa uma nova fonte de renda A Public Projetos Editoriais está apta [email protected] para desenvolver o projeto gráfico Tel. 11 3294 0051 / 52 / 53 / 54 e editorial para sua entidade, além de comercializar os espaços publicitários. Para ter seu próprio Anuário, o único requisito básico é querer ter este tipo de publicação.
Tendência ANUÁRIO BRASILEIRO DA SAÚDE 2013 Diferenciais A Clínica Althea possui 25 suítes individuais para atendimento semi-intensivo As clínicas de longa permanência (em alguns casos, que irá acompanhá-lo”. Ações como essas, difíceis de se- também chamadas de hospitais de retaguarda) oferecem rem praticadas num hospital geral, “são importantes para praticamente o mesmo tratamento de um hospital geral, a autoestima do paciente; a melhora do seu estado físico com a diferença de que o paciente internado conta com é visível”. A filosofia da Acallanto, segundo Andrea Cane- atendimento integral e personalizado 24 horas por dia. sin, é valorizar a vida, que merece ser tratada com respeito, Além de médicos e enfermeiros, essas instituições con- dignidade e qualidade. “Sempre há algo que se possa fazer. tam, também, com equipes multidisciplinares compostas As doenças crônicas ou de alta complexidade podem não por fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos, terapeu- ter cura, mas há centenas de procedimentos e atenções que tas ocupacionais, dentistas, assistentes sociais que auxi- devem ser realizados para melhorar a condição do paciente, liam o trabalho do corpo clínico. “Temos até cabeleireiro proporcionando carinho, conforto e afeto”. A clínica tem e podólogo”, acrescenta Canesin, da Acallanto. duas unidades, uma com 24 leitos para adultos e outra, com 16, para pediatria. Havendo necessidade, é possível montar O foco é propiciar ao paciente a melhor qualidade de uma UTI em cada quarto. Hoje, trabalha com 70% de ocu- vida possível, independentemente da enfermidade dele. Na pação. Embora esteja no mercado há apenas quatro anos, a Acallanto, por exemplo, dia de aniversário é dia de bolo. instituição se prepara para receber certificação internacio- “A família pode trazer quinze convidados para a festa. Se o nal. “Já iniciamos o processo junto à Joint Commission Inter- paciente não pode comer o bolo sozinho, a fonoterapeuta national (JCI) e esperamos receber a certificação em 2.017. auxilia”, afirma Canesin, no momento em que ultima os Seremos a primeira instituição brasileira no segmento a re- preparativos que permitirão a um pai internado comparecer ceber esta acreditação”, adianta Andrea Canesin. ao casamento de sua filha. “Estamos montando uma equipe 190
As doenças crônicas ou de alta complexidade podem não ter cura, mas há centenas de procedimentos e atenções que devem ser realizados para melhorar a condição do paciente Com 25 suítes individuais equipadas para atendimento tenção de suas funções poderá ocorrer numa unidade fora semi-intensivo, a Clínica Althea também aposta nos cuida- do hospital”. No entanto, frisa o diretor da clínica, nem dos personalizados para se firmar no mercado. “Nossa pro- todos os casos permitem a transição do hospital para uma posta é preencher aquele espaço no qual o hospital já não instituição especializada. Antes da transferência, uma equi- é necessário ao paciente e o home care ainda é insuficien- pe multidisciplinar da Althea, composta de médico, enfer- te para o atendimento”, afirma o diretor Agnaldo Anelli. meiro, fisioterapeuta e assistente social, visita o paciente no Um exemplo é o paciente que sofreu um Acidente Vascular hospital para assegurar que haverá benefício e segurança Cerebral (AVC). “Em média, ele permanece na UTI por na remoção. “As vantagens dessa transferência são enormes cinco dias, sendo, posteriormente, encaminhado a uma para os pacientes e seus familiares, que podem contar com unidade semi-intensiva e daí para o quarto. Nesse estágio, a garantia de continuidade do tratamento em um ambiente a recuperação do paciente para possível alta ou a manu- profissional, acolhedor e tranquilo”, assegura Anelli. 191 ANÚNCIO
Tendência ANUÁRIO BRASILEIRO DA SAÚDE 2013 O Hospital Auxiliar de Suzano recebe pacientes do SUS, oriundos do Hospital das Clínicas Recuperar para a alta Hospitais também investem nesse tipo de atendi- instituição para crônicos. “Ele é indicado para qualquer mento diferenciado. É o caso da unidade de longa per- paciente que tenha o perfil da longa permanência, inde- manência do Hospital Israelita Albert Einstein, da Ca- pendente de qual seja a sua enfermidade. Não se trata de pital paulista, que dispõe de trinta leitos exclusivos para cuidados paliativos. Nossa ideia é recuperar para a alta”. pacientes da instituição que necessitam de reabilitação Dados de 2.011 indicam que a média de internação ficou antes da alta ou de cuidados paliativos. De acordo com entre 85 e 100 dias. Hoje, entre os diversos diagnósticos o coordenador da unidade, o médico Fábio Gazeleto de presentes nos pacientes internados, há o predomínio de Mello Franco, equipes realizam buscas ativas no hospital doenças neurológicas, ortopédicas, cardiovasculares, pul- para identificar os casos em que é possível fazer a trans- monares, pacientes com sequelas de traumas, pós-opera- ferência. No entanto, ela só é consumada com o aval do tórios e aqueles em programação de cirurgia bariátrica. médico e familiares. “Nosso trabalho consiste em devol- Há internações para adultos e em pediatria. ver autonomia e independência ao paciente. Nas situa- ções em que existe a possibilidade de alta, promovemos Com atendimento exclusivo ao SUS, o hospital foi uma transição segura para casa”. pioneiro, segundo Fábio Ajimura, na introdução de pro- gramas de humanização com o objetivo de amenizar o Também com caráter exclusivo, o Hospital Auxiliar de sofrimento e isolamento que prolongados períodos de Suzano, na Grande São Paulo, mantém 115 leitos para internação provocam. O Comitê de Humanização orga- pacientes oriundos do complexo do Hospital das Clíni- niza, entre outras atividades, eventos no dia das mães, dos cas da Faculdade de Medicina da USP. Ele foi criado em pais, das crianças, a comemoração do aniversário do pa- 1.960 justamente para suprir a necessidade de liberação ciente. “Além disso, estamos instalados numa área de 75 mais rápida dos leitos do complexo. O diretor executivo mil metros quadrados de jardins, o que interfere positiva- Fábio Yoshito Ajimura ressalta que o hospital não é uma mente na recuperação do paciente”, acrescenta Ajimura. 192
INFORME PUBLICITÁRIO Hospital Dom Antonio de Alvarenga: 80 anos de dedicação à saúde Janeiro de 1.932. No ano em que o Estado de São Paulo promoveria a maior revolução cívica de sua história, o sonho de duas senhoras por uma sociedade mais justa e igualitária também revolucionou o atendimento de saúde prestado às crianças da época, com o nascimen- to da Clínica Infantil do Ipiranga, hoje Hospital Dom Antonio de Alvarenga. Nas primeiras décadas do século XX, a população de baixa renda no Brasil tinha dificuldades de acesso a tratamentos de saúde. Existiam poucos hospitais públicos e a maior parte dos atendimentos era prestada pelas Santas Casas. Esse fato, atrelado à ausência de saneamento básico e poucas condições de higiene, faziam com que os níveis de mortalidade infantil no País estivessem entre os maiores do mundo. Atentas a essa realidade e com o ideal de reverter esse quadro, Dulce Barbosa de Almeida e Maria Carmelita Vicente de Azevedo Barboza de Oliveira se aliaram a um jovem pediatra, Dr. Augusto Gomes de Mattos, e fundaram a Clínica Infantil do Ipiranga. No início, as consultas médicas infantis eram realizadas em uma garagem alugada. Quatro anos depois, os pais de Maria Carmelita, que eram Condes, resolveram contribuir com o projeto e doaram um terreno, na Avenida Nazaré, para a construção de uma nova e grande sede, que foi inaugurada em 1.944 com o nome de Hospital Dom Antonio de Alvarenga – HDAA. Oito décadas depois, mais de 300 mil crianças nasceram na instituição e foram recebidas, medicadas e orientadas cerca de um milhão de mães. O tratamento humanizado, que deu origem ao Hospital, ganhou a moderna tecnologia como aliada. Como Instituição Benefi- cente sem fins lucrativos, o HDAA atende a 22 especialidades e a pacientes do Sistema Único de Saúde, de planos de saúde e particulares. Localizado em uma área de 50 mil metros quadrados, o hospital emprega cerca de 630 funcionários, possui mais de 1.200 médicos cadas- trados, 157 leitos, mais 30 leitos de UTI e sete salas cirúrgicas. No ano de 2.012 foram internados 9.213 pacientes, realizadas mais de quatro mil cirurgias, mais de 245 mil exames laboratoriais, 31 mil exames por imagens, servidas aproximadamente 200 mil refeições e realizadas cerca de 75 mil consultas, entre o ambulatório e o pronto atendimento. Essa história de sucesso está atrelada aos planos do HDAA para os próximos anos. O HDAA ao completar 80 anos de prestação de serviços dedicados à saúde e bem- estar, mantém como ideal o tratamento humanizado, aliado ás modernas tecnologias e constante crescimento, ampliando as suas instalações, confirmando sua preocupação com a qualidade, o que tornou o HDAA, referência em atendi- mento médico de qualidade na zona Sul.
Tendência ANUÁRIO BRASILEIRO DA SAÚDE 2013 Relutância Do ponto de vista econômico, as clínicas de longa per- se destinam, em geral, aos casos agudos. Aqueles pacien- manência podem ser uma alternativa atraente de negócio. tes que necessitam de maior tempo de internação para sua “Os custos de internação são significativamente mais bai- recuperação devem ser encaminhados para as unidades xos do que aqueles praticados num hospital geral, com de longa permanência. E, por serem mais baratas em sua a mesma qualidade de atendimento”, afirma Agnaldo infraestrutura, apresentam, também, um custo mais bai- Anelli. Antes de montar a Althea, o médico viajou aos xo, o que pode ser vantajoso comercialmente para todos”. Estados Unidos para conhecer alguns modelos em fun- cionamento na cidade de Nova York. “Estamos investin- No entanto, muitas operadoras ainda relutam em acei- do no mercado para que o setor entenda que esta é uma tar esse novo modelo de assistência. Para Andrea Canesin, o tendência de países mais desenvolvidos”. motivo está no fato de que algumas empresas não se aperce- beram de que está mudando o perfil epidemiológico do bra- Para a professora Ana Maria Malik, coordenadora do sileiro. “É preciso uma mudança de paradigma. O aumento GVSaúde da Fundação Getúlio Vargas, essas clínicas se nas taxas de envelhecimento de nossa população vai elevar, apresentam como uma tendência que deve crescer no também, a incidência de doenças crônicas. Temos que focar Brasil. “Cada instituição tem a sua vocação. Os hospitais no oferecimento de soluções para esse contingente”, finaliza. 194
Tendência ANUÁRIO BRASILEIRO DA SAÚDE 2013 Entrevista Leonardo Aguiar “Tecnologia só faz sentido se for para melhorar a vida” Imagine um ambiente dominado por cientistas experts na mais alta tecnologia. Imagine, agora, que esse ambiente está localizado no interior da NASA, a poderosa agência norte-americana aeroespacial. Pois foi nesse mesmo ambiente que um médico brasileiro expôs seu revolucionário método de atendimento. Um método ba- seado em programas computacionais, cercado de aparatos tecnológicos? Nada disso. O método da Co-Criação propõe, simplesmente, o estreitamento da secular relação médico-paciente de modo a que ambos participem das tomadas de decisão sobre a linha de conduta a seguir. Leonardo Aguiar, cirurgião plástico, discípulo de Ivo Pitanguy, foi selecionado entre quatro mil candidatos para participar, no começo de 2.013, do FutureMed, um curso de capacitação oferecido pela Singularity University (instituição criada pelo renomado engenheiro Raymond Kurzweil com apoio da NASA e do Google), no Vale do Silício, na Califórnia (EUA), um polo de inovações científicas e tecnológicas. Seu projeto foi tão bem aceito que ele foi convidado a apresentá-lo três vezes. Veja, na entrevista a seguir, como funciona o “revolucionário” método da Co-Criação. Contar com o compromisso do paciente em sua trajetória rumo a uma melhor saúde e qualidade de vida faz toda a diferença para o resultado 196
http://portuguesbrasileiro. istockphoto.com/stock-pho- to-10507660-daughter-holding- -her-mother-hand-in-hospital. php?st=cea344e Anuário Brasileiro da Saúde – Em que consiste o uma forma extremamente comprometida com o processo. método da Co-Criação? O que levou ao seu desen- O paciente tem o sentimento de pertencer a uma equipe volvimento? que realmente está comprometida com o melhor para ele. É claro que haverá adaptações específicas para a área pública. Leonardo Aguiar - Pelo método da Co-Criação, o médico é um facilitador que deve compreender as reais Anuário Brasileiro da Saúde – O senhor defende necessidades de cada pessoa e apresentar os caminhos para que médico e paciente planejem juntos o tratamento, uma vida mais equilibrada e saudável, contando sempre a conduta a ser adotada. Esse conceito é aceito com com o comprometimento do paciente na condução deste naturalidade pela comunidade médica? processo. O que me levou a este desenvolvimento foi uma percepção de que contar com o compromisso do paciente Leonardo Aguiar - Este conceito tem sido bem rece- em sua trajetória rumo a uma melhor saúde e qualidade bido. O projeto da Co-Criação foi premiado em 2.012 de vida faz toda a diferença para o resultado. como melhor trabalho científico no Encontro Brasil - Es- tados Unidos de Cirurgia Plástica; e em 2.013 também Anuário Brasileiro da Saúde – Esse método pode tive a chance de apresentá-lo em outros eventos interna- ser aplicado em qualquer instituição de saúde, públi- cionais com boa repercussão, como no Encontro Brasil ca ou privada? - Estados Unidos de Cirurgia Plástica, nos EUA; e no 17º Congresso Mundial da Confederação Internacional Leonardo Aguiar - Sim, o método é muito mais ligado de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética, no Chile. É à conduta, à postura dos profissionais na relação médico- importante ressaltar, porém, que o conceito da Co-Cria- -paciente e na relação com os outros profissionais da área ção realmente se dá pelo planejamento conjunto, o que da saúde do que a qualquer aparato tecnológico ou dispen- inclui equipe transdisciplinar, mas não por definições ex- dioso. Ele inclui o conceito de equipe transdisciplinar no clusivas do paciente, sem a ciência das melhores condutas qual o paciente, o médico, a nutricionista, a enfermeira, a que só o médico e a equipe poderão avaliar. fisioterapeuta, a psicóloga, enfim, toda a equipe participa de 197
Tendência http://portuguesbrasileiro. istockphoto.com/stock-pho- ANUÁRIO BRASILEIRO DA SAÚDE 2013 to-10806905-high-angle-of-me- dical-team-attending-to-a-child. Anuário Brasileiro da Saúde – Do lado do pacien- php?st=d7ce242 te, como ele se sente ao perceber que é corresponsável pela sua saúde? Leonardo Aguiar - O paciente passa a se sentir “dono” da sua própria saúde e responsável pelas escolhas e com- promisso na adesão ao processo. Uma coisa é o médico prescrever o tratamento X e esperar que o paciente siga as suas recomendações. A outra é conseguir que o paciente realmente compreenda e colabore, tornando-se o princi- pal agente da saúde. E este resultado se consegue com essa consciência, essa participação realmente ativa do paciente na realização do tratamento. Normalmente os tratamen- tos prescritos incluem mudanças de hábitos de vida e nes- se ponto se torna fundamental a adesão do paciente. Anuário Brasileiro da Saúde - Essa interação médi- co-paciente pressupõe o contato do profissional com angústias, medos, expectativas que, normalmente, não ficam evidentes numa consulta. Como lidar com esses sentimentos? Leonardo Aguiar - Acredito que a própria interação do paciente facilita a descoberta e o contato com esses sen- timentos já durante a consulta. E digo que é fundamental buscar o contato com esses sentimentos – conhecê-los, identificá-los, saber o que estão provocando – e não raro essa consciência será determinante para definir as ações e conduzir o paciente a um estado o mais saudável possível. Durante as consultas o médico e o paciente realizam o planejamento de saúde, definindo as metas e traçando os objetivos. Essas metas e objetivos são norteados pelas in- clinações e valores pessoais de cada paciente. O médico e a equipe transdisciplinar são fundamentais para ajudar o paciente a realmente entender os seus sentimentos e des- cobrir quais são suas inclinações e valores pessoais duran- te todo o processo de busca de bem-estar. Devo ressaltar que bem-estar não significa somente ausência de doença, mas algo muito maior que muitas vezes o paciente não tem a noção, mas no fundo é o que todos buscam. 198
Anuário Brasileiro da Saúde – Hoje, temos o con- Anuário Brasileiro da Saúde – A medicina, hoje, traponto entre os jovens médicos, adeptos da utili- zação da mais moderna tecnologia, e os mais antigos carece de humanização? profissionais, que não lidam com facilidade com os Leonardo Aguiar - Na minha opinião, atualmen- recursos tecnológicos disponíveis. Como encontrar o equilíbrio entre essas duas realidades? te todas as relações entre seres humanos necessitam de “humanização”. Humanização é um dos valores que Leonardo Aguiar - Acredito que o equilíbrio está, sem deveria ser percebido pelas pessoas durante seus atendi- dúvida, no melhor dos dois mundos. Sabemos que o olho mentos, mas infelizmente não é. Todas as áreas relacio- no olho dos profissionais mais antigos, que acompanhavam nadas com a prestação de serviços de saúde, e nela estou seus pacientes ao longo da vida, não raro trazia e ainda traz incluindo os atendimentos médicos, são áreas críticas, uma percepção inigualável das pessoas, de seus sintomas e nas quais se percebe muito fortemente essa falta de “va- reações. Assim como hoje sabemos que a tecnologia é uma lores” como humanização, comprometimento, segu- ótima aliada dos médicos e pacientes, que salva vidas, que rança. Todo o sistema está desumanizado, sem valor. O pode economizar tempo e trazer outras vantagens. médico, apesar do sistema, ainda consegue humanizar essa relação com seu paciente. 199 Comunicação é coisa séria! Seja mídia impressa ou digital, ANÚNCIOnós podemos ajudar a viabilizar a publicação especial da sua entidade A Public Projetos Editoriais está apta para desenvolver o projeto gráfico e editorial para sua entidade, além de comercializar os espaços publicitários. [email protected] Tel. 11 3294 0051 / 52 / 53 / 54
Tendência ANUÁRIO BRASILEIRO DA SAÚDE 2013 Anuário Brasileiro da Saúde – Como foi sua expe- esse motivo as grandes empresas do Vale do Silício es- tão focadas nesse assunto. A teoria que proponho aliada à riência no curso de capacitação FutureMed realizado proposta de atendimento se encaixa perfeitamente nesse conceito. Através de um atendimento transdisciplinar eu na Singularity University? Em meio a tanto aparato hi- e a equipe demonstramos para o paciente como ele pode deixar de gastar com saúde, quando o foco é somente o -tech, um profissional brasileiro apresentou um proje- tratamento de doenças, nesse caso quebrando mais um paradigma. Mostramos para ele que investindo em saúde to baseado não na tecnologia, mas no contato pessoal. ele realmente terá uma vida mais longa e com real quali- Leonardo Aguiar - A experiência foi incrível. Fui dade. As informações ficam bem claras, e de posse dessas informações o paciente faz as suas escolhas. selecionado pelo meu projeto de Co-Criação, em um processo com cerca de quatro mil candidatos para 80 va- Anuário Brasileiro da Saúde – Que lições o se- gas, sendo 30 para médicos. O mais impressionante foi nhor tirou dessa convivência com os chamados gê- o ambiente preparado pelos organizadores para estimu- nios da tecnologia? lar a criatividade, a inovação e a troca de ideias entre os participantes. Era um ambiente totalmente colaborativo Leonardo Aguiar - Que a tecnologia, invenções e e com o qual ainda mantenho contato; realizo projetos aparatos tecnológicos realmente só fazem sentido se for com pessoas e profissionais de diversas áreas de atuação para melhorar a vida e a relação entre as pessoas. Adquiri dos mais variados locais do mundo. E a surpresa foi de uma grande bagagem através da troca de experiência, de que em meio a tanta tecnologia, o projeto baseado no conhecimento em tecnologia de ponta, e cada vez mais, contato pessoal foi tão bem aceito que acabei apresen- a certeza de que nenhuma tecnologia substitui uma re- tando três vezes! Os participantes se interessaram princi- lação de qualidade entre médico e paciente. E que no palmente pela mudança de paradigma nos conceitos re- mundo ainda existe espaço para modelos de atendimen- lacionados à definição do papel do paciente como agente to nos quais se agregam valores O olho no olho conti- co-criador do próprio conceito de saúde. Existem estudos nua sendo o mais importante. que demonstram que os seres humanos de hoje irão gas- tar 80% de todas as suas riquezas acumuladas durante a vida nos seus últimos 20% de anos de vida restante, e que a maior parte desse gasto será com a saúde, e por Humanização é um http://portuguesbrasilei- dos valores que deveria ro.istockphoto.com/stock- ser percebido pelas pessoas, mas -photo-21204006-home-care. php?st=a1bfdc9 infelizmente não é. Todas as áreas relacionadas com a saúde são críticas, nas quais se percebe essa falta de “valores” como humanização, comprometimento, segurança. Todo o sistema está desumanizado, sem valor 200
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