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EbookFinal-Bioindustria

Published by Sérgio Freire, 2017-11-27 08:33:17

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ESTUDOS DA BIOINDÚSTRIA AMAZONENSE: SUSTENTABILIDADE, MERCADO E TECNOLOGIA Rosana Zau Mafra Rafael Lima Medeiros Organizadores

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS CONSELHO EDITORIAL Presidente Henrique dos Santos Pereira Membros Antônio Carlos Witkoski Domingos Sávio Nunes de Lima Edleno Silva de Moura Elizabeth Ferreira Cartaxo Spartaco Astolfi Filho Valeria Augusta Cerqueira Medeiros Weigel COMITÊ EDITORIAL DA EDUA Louis Marmoz Université de Versailles Antônio Cattani UFRGS Alfredo Bosi USP Arminda Mourão Botelho Ufam Spartacus Astolfi UfamBoaventura Sousa Santos Universidade de Coimbra Bernard Emery Université Stendhal-Grenoble 3 Cesar Barreira UFC Conceição Almeira UFRN Edgard de Assis Carvalho PUC/SP Gabriel Conh USP Gerusa Ferreira PUC/SP José Vicente Tavares UFRGS José Paulo Netto UFRJ Paulo Emílio FGV/RJ Élide Rugai Bastos Unicamp Renan Freitas Pinto Ufam Renato Ortiz Unicamp Rosa Ester Rossini USP Renato Tribuzy Ufam

ESTUDOS DA BIOINDÚSTRIA AMAZONENSE: SUSTENTABILIDADE, MERCADO E TECNOLOGIA Rosana Zau Mafra Rafael Lima Medeiros Organizadores

Copyright© 2017 Universidade Federal do Amazonas Reitor Sylvio Mário Puga Ferreira Vice-Reitor Jacob Moysés Cohen Editor Sérgio Augusto Freire de Souza Revisão Gramatical EDUA Revisão Técnica Suely Oliveira Moraes Marquez Rita Cintia Pinto Vieira Projeto Gráfico e diagramação EDUA Ficha Catalográfica elaborada por Suely O. Moraes - CRB 11/365 E82 Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologia / Organização de Rosana Zau Mafra e Rafael Lima Medeiros. – Manaus: FUA, 2017. 187 p. : il.; 16 x 22,5cm. ISBN 978-85-526-0031-2 1. Bioindústria - Amazônia. 2. Bioeconomia - Amazônia I. Mafra, Rosana Zau (Org.) II. Medeiros, Rafael Lima (Org.) CDU 60.(811.3) Editora da Universidade Federal do AmazonasAvenida Gal. Rodrigo Otávio Jordão Ramos, n. 6200 - Coroado I, Manaus/AM Campus Universitário Senador Arthur Virgilio Filho, Bloco L, Setor Sul Fone: (92) 3305-4291 e 3305-4290 E-mail: [email protected]

ESTUDOS DA BIOINDÚSTRIA AMAZONENSE: SUSTENTABILIDADE, MERCADO E TECNOLOGIA Rosana Zau Mafra Rafael Lima Medeiros Organizadores



Sumário 11 Apresentação 15 A classificação da bioindústria amazonense Rosana Zau Mafra, Dimas José Lasmar, Dalton Chaves Vilela Junior 37 Avaliação do potencial inovador sustentável de uma pesquisa científica para obtenção de extratos bioativos de resíduos agroindustriais do açaí (Euterpe Olereace e Euterpe Precatoria) Rafael Lima Medeiros, Niomar Lins Pimenta, Nelson Kuwahara 53 A bioeconomia no Amazonas: análise dos entraves da bioindústria à luz da teoria institucionalista Kamila Bacelar da Silva, Rosana Zau Mafra 73 A inovação na bioindústria de Manaus Emilianny Firmino, Dimas José Lasmar 93 A comercialização dos produtos naturais da biodiversidade amazônica: características da oferta no comércio varejista em Manaus Luana Araújo Queiroz, Rosana Zau Mafra113 A bioindústria da castanha-da-amazônia: a realidade e as perspectivas tecnológicas para agregação de valor ao produto local Roseane de Paula G. Moraes, Francisco Elno Bezerra Herculano, Valdir F. da Veiga Júnior

Viabilidade econômica de uma fábrica de biocompósito 129em Manaus 150 163Rosana Zau Mafra, José Luiz Duarte, Dimas José Lasmar 181 Regime jurídico-constitucional para odesenvolvimento sustentável na Amazônia:a biotecnologia e o capital naturalRafael Veiga Paixão A cibergestão (CG) e a tecnologia da informação ecomunicação (TIC): fatores de inovação tecnológicana gestão das organizaçõesMário de Queiroz Pierre FilhoAutores

Apresentação Na busca por alternativas econômicas para as indústrias dos estadosda Região Amazônica, os autores reuniram um conjunto de estudos quediscutem temas como sustentabilidade, mercado e tecnologia. Os temasincluem desde a apresentação conceitual para bioindústria, bioeconomia,inovação, produtos naturais até questões jurídicas pertinentes ao uso dabiodiversidade. Os estudos aqui descritos encontram-se em diferentesestágios, alguns são resultados de pesquisas concluídas, outros, revisões deliteraturas de pesquisas em andamento. Porém, sobretudo, revestem-se dericas contribuições às discussões do se quer para a Amazônia e para o seudesenvolvimento econômico e social. Tratar como não existente a bioindústria amazonense não é o correto.O que os textos mostram é que existe, sim, uma bioindústria emergenteque utiliza um nível tecnológico de baixa à média complexidade, muitosdeles adotando a biotecnologia clássica, fazendo uso dos recursos naturaissubmetidos a processos de beneficiamento simples. O Estado do Amazonaspossui pouquíssimos empreendimentos considerados biotech R&Dfirms, biotech firms ou dedicated firms. Contudo, observa-se um crescenteinteresse pelo tema, propiciando o surgimento de startups com propostas deaplicação da biotecnologia moderna ao uso dos recursos da biodiversidadeamazônica, nos mais diversos “setores” que poderão em um futuroconsolidar a bioindústria no Estado, gerando renda e empregos qualificados,sem destruir a biodiversidade. Vale destacar o caráter multidisciplinar e multissetorial das bioindústriase das estratégias que precisam ser adotadas para agregação de valor aosprodutos de origem amazônica. Ao mesmo tempo, ao se planejar um 11

investimento na obtenção de um produto ou subproduto derivado dabiodiversidade, o investidor deve estudar toda a cadeia produtiva envolvida,principalmente o fornecimento estável e contínuo de matérias-primaslocais. Portanto, é crítica a necessidade contínua de prospecção tecnológicae de investimento em inovação e tecnologia. Vários gargalos são apontados nos textos. Eles, no entanto, não sãomotivos de desânimo e sim de motivação para a busca de um modelo dedesenvolvimento sustentável, inclusivo, que gere renda e riqueza e, lógico,conservação da biodiversidade. Um dos principais desafios é o restrito acessoà educação básica e profissionalizante, bem como a assistência técnica e aextensão rural que, em muitos casos, acabam sendo insuficientes e muitasvezes inadequados. Outro grande gargalo a ser superado é o limitadoacesso ao conhecimento sobre boas práticas para o uso sustentável derecursos naturais, refletindo, muitas vezes na baixa eficiência dos processosprodutivos e na deficitária organização e gestão das atividades produtivas. Alguns autores destacam, direta e indiretamente, que os investimentosexclusivamente em infraestrutura não são suficientes para gerar resultadosmelhores em produtividade e rentabilidade se estiverem desarticulados deações que ampliem a sustentabilidade ambiental e social, e que contribuampara a manutenção da floresta em pé. Da mesma forma, a oferta de créditose financiamentos aos empreendedores que inovem e respeitem os critériossociais, ambientais e econômicos são centrais. Ao se observar os avanços das últimas décadas na área de biotecnologiano Estado, tais como, a forte formação de mestres e doutores, a geraçãode conhecimentos, o papel desempenhado pelas instituições de ensino epesquisa, e mesmo o forte apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa doEstado do Amazonas (FAPEAM) aos projetos de Pesquisa e Desenvolvimento(P&D) e aos jovens empreendedores, dentre outros, não se pode deixar sesentir orgulho e ao mesmo tempo ter esperança de que é possível realizarmudanças, gerar riquezas, levar a marca AMAZÔNIA aos mais diferenteslugares, sob a forma de um simples produto natural a um possível fármacocom alto valor agregado. A decisão quanto a tecnologia a ser adotada, o modelo a ser seguido, oprocesso de desenvolvimento, onde e como investir, devem ser discutidoscom a sociedade. Cabe às Instituições de Ensino e Pesquisa gerarem o12

conhecimento necessário, traduzirem e divulgarem estes conhecimentos,além de formarem profissionais abertos a inovações e que acreditem naintegração das diferentes áreas do conhecimento. Os autores procuram mostrar estes diferentes aspectos nos textos. Valemser lidos. Façam uma ótima leitura. Ana Lucia Delgado Assad Economista, doutora em Política Científica e Tecnológica pela UNICAMP. Analista de Ciência e Tecnologia do CNPq/MCTIC. 13



A CLASSIFICAÇÃO DA BIOINDÚSTRIA AMAZONENSE1 Rosana Zau Mafra Dimas Jose Lasmar Dalton Chaves Vilela JuniorIntrodução As atividades produtivas do estado do Amazonas pautadas nas matériasprimas da biodiversidade amazônica vêm sendo objeto de diversos estudoscientíficos e setoriais, sendo frequentemente aludidas como ‘segmentos’. Depara-secom estudos que escolhem tratar ora sobre o ‘segmento’ dos fitoterápicos, ora sobreo ‘segmento’ de Cosméticos, ‘segmento’ de Alimentos e Bebidas (SOUSA, 2013;LOPES, 2008; HERCULANO, 2013). Não está em questão a justificativa e tampouco os resultados destes estudose sim a alusão ao termo ‘bioindústria’ no contexto amazônico, para definir asatividades produtivas que visam agregação de valor aos recursos da biodiversidadecom valor de mercado, vislumbrando a consolidação de um ‘polo de bioindústria’.Buscando contribuir para a discussão do atual estágio desta almejada indústria,este estudo apresenta uma proposta de estrutura para a bioindústria do estadodo Amazonas, à luz da literatura e das estruturas setoriais adotadas em diversasregiões do Brasil e do mundo.Bioindústria: conceitos, origem, características e classificações A bioindústria tem como característica principal o uso da biotecnologianas atividades produtivas. Para a Fundação Biominas (2007, p. 7), uma empresa debiotecnologia1 O estudo é resultado parcial da pesquisa de doutorado em Biotecnologia do PPGBIOTEC(UFAM). Uma versão mais analítica está em avaliação para publicação na Revista Brasileira deInovação. 15

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologia [...] é aquela que tem como atividade comercial principal a aplicação tecnológica que utilize organismos vivos, sistemas ou processos biológicos, na pesquisa e desenvolvimento, na manufatura ou na provisão de serviços especializados. Ainda que amplo este é o conceito de biotecnologia tradicional. Abiotecnologia moderna tem como base a biologia molecular e a engenhariagenética, porém não se limitam a estas tecnologias (MALAJOVICH, 2012). A bioindústria teve como berço o oeste americano, com a Genetech sendoa primeira empresa de biotecnologia, criada em 1976 (MAZZUCATO, 2014).Segundo Judice e Baeta (2002), a bioindústria nasceu da pesquisa acadêmica nosanos 1970 e 1980, tendo como base a biotecnologia moderna. Mazzucato (2014)aponta que o surgimento da indústria de biotecnologia foi estimulado, nos EUA,pelo Bayh-Dole Act de 1980, o qual permitiu que as pesquisas financiadas comrecursos públicos pudessem ser patenteadas pela iniciativa privada. A maioria dasempresas eram spin-offs de laboratórios universitários. Estas pequenas empresasde biotecnologia ficaram conhecidas como Novas Empresas de Biotecnologia –NEBs (LASMAR, 2005). Desde então, os EUA lideram o ranking de empresas debiotecnologia, conforme se observa no Quadro 1. Observa-se no Quadro 1 que em mais da metade dos países (64%) o tipode empresa de biotecnologia que mais predomina é o Biotech R&D firms, ou seja,empresas que realizam pesquisa e desenvolvimento em biotecnologia. Os outrosdois tipos de empresas identificados pela OCDE são: i) Empresas biotecnológicas(biotech firms), que utilizam a biotecnologia para produzir bens ou serviços e/oupara realizar pesquisa e desenvolvimento em biotecnologia; e ii) Empresas quededicam pelo menos 75% da produção em bens e serviços ou P&D em biotecnologia(dedicated biotech firms) (OCDE, 2016). No ranking do Quadro 1, o Brasil aparece em 18º lugar, com 151empresas. Dados da Fundação Biominas de 2009 apontam, contudo, a existênciade 253 empresas de biociências2 no Brasil (BIOMINAS, 2009), conforme seobserva no Quadro 2. A diferença está relacionada às definições de escopo dos2 Este conceito permite incluir na análise segmentos com importância crescente no Brasil, tais comoserviços de validação de novos medicamentos (ensaios pré-clínicos e clínicos) e o desenvolvimentode dispositivos médicos de última geração, que não se enquadrariam na definição estrita de biotec-nologia (BIOMINAS, 2009).16

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologiaempreendimentos envolvidos e/ou relacionadas à biotecnologia (FREIRE, 2014).PAÍSES NÚMERO DE EMPRESAS ANO TIPO DE EMPRESAS % DEDICADO À EMPRESAS CUJA ATIVIDADE BIOTECNOLÓGICAS BIOTECNOLOGIA BIOTECNOLÓ- PREDOMINANTES PRINCIPAL É A GICAS BIOTECNOLOGIA1. EUA 11.554 934 2014 Biotech R&D firms 8%2. Espanha 2.742 628 2014 Biotech firms 23%3. França 1.950 1.284 2012 66% Biotech R&D firms4. Coreia 940 456 2014 Biotech firms/Dedicated 49%5. Alemanha 726 593 2015 biotech R&D firms 82%6. Japão 553 S/D 2015 S/D Biotech firms7. Itália 489 299 2014 Biotech firms 61%8. Reino Unido 470 S/D 2015 Biotech firms/Dedicated S/D biotech R&D firms9. Nova Zelândia 369 135 Biotech firms 37%10. Bélgica 362 157 43%11. Países Baixos 262 65 2011 Biotech firms 25%12. Irlanda 237 193 2013 Biotech R&D firms 81%13. Israel 233 216 2010 Biotech R&D firms 93%14. Suíça 233 134 2011 Biotech R&D firms 58%15. Noruega 225 142 2010 Biotech R&D firms 63%16. Finlândia 157 70 2012 Biotech R&D firms 45% 2014 Biotech R&D firms17. México 154 S/D 2011 Biotech R&D firms S/D18. Brasil 151 S/D 2012- S/D19. Portugal 151 83 2013 Biotech firms 55%20. Áustria 143 116 2011 Biotech R&D firms 81% 2014 Biotech R&D firms 2014 Biotech firmsQuadro 1 – Empresas com atividades de biotecnologia em 20 países da OCDEFonte: Adaptado de OCDE (2016). 17

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologia REGIÃO ESTADO NÚMERO DE % SOBRE O BRASILSudeste (71,9%) EMPRESASSul (15%) São Paulo 95 37,5Nordeste (6,3%) Minas Gerais 70 27,7 Rio de Janeiro 16 6,3 Espírito Santo 1 0,4 Rio Grande do Sul 19 7,5 Rio Grande do Sul 19 7,5 Paraná 13 5,1 Santa Catarina 6 2,4 Ceará 6 2,4 Pernambuco 6 2,6 Bahia 2 0,8 Alagoas 1 0,4Centro Oeste (5,1%) Rio Grande do Norte 1 0,4 Goiás 5 2 Distrito Federal 4 1,6 Mato Grosso 3 1,2Norte (1,5%) Mato Grosso do Sul 1 0,4 Amazonas 3 1,2 Tocantins 1 0,4Quadro 2 - Empresas de biociências por região e estados brasileirosFonte: Biominas (2009). Observa-se pelo Quadro 2 que a Região Sudeste se destaca pelo númerode empresas de biociências, lideradas pelos estados de São Paulo e Minas Gerais,nos quais a bioindústria é representada pela existência de grandes empresasfarmacêuticas e químicas tais como Monsanto, Syngenta e Aventis (SOUZA;RAPINI, 2010). De acordo com Barbosa e De Paula (2016), ainda que a biotecnologiaapresente grande importância e perspectiva de crescimento, no Brasil ainda é18

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologiaum campo novo. Apenas 18% das empresas possuem mais de 15 anos; 10% estãoentre 10 e 15 anos; 21% entre 5 e 10 anos; 24% entre 2 e 5 anos; e 27% têm até 2anos de vida. Os autores salientam que um fator determinante para a criação deempresas de biotecnologia é que a proximidade com centros de pesquisa definea concentração das empresas em determinada região geográfica, quando então seformam os arranjos produtivos locais. Judice e Baeta (2002) entendem a bioindústria como uma indústriaemergente, pois esta se enquadra em praticamente todas as características apontadaspor Porter (2004), a seguir elencadas: • processos de tentativa e erro comportamentos erráticos, em que predominam a “incerteza tecnológica”, a “incerteza estratégica” e os altos custos de produção; • surgimento (expressivo) de spin offs (empresas desmembradas de outras empresas ou de universidade e centros de P&D) e start ups (empresas iniciantes), para as quais as barreiras à entrada são inexistentes ou pequenas; • os usuários e consumidores também são iniciantes e desconhecem os produtos/serviços deste tipo de indústria; • enfrenta barreiras estruturais tais como a ausência de infraestrutura de instalações, de canais adequados de distribuição e suprimento de serviços complementares necessários; • qualidade irregular dos produtos e dificuldades de obtenção de matérias primas e componentes; • ausência de padronização, escala e externalidades de produção; • pouca ou nenhuma credibilidade das empresas iniciantes junto à comunidade financeira; e • enfrenta atrasos e transtornos na obtenção de aprovação às regulamentações que, pouco a pouco, se estabelecem. Estas características são importantes para analisar o estágio da bioindústriaamazonense, proposta neste estudo. Sendo a biotecnologia uma área transversal(pois compreende a indústria da saúde, da química e farmacêutica, da ciência dosmateriais, da agricultura, da energia, do meio ambiente, entre outras) existem várias 19

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologiaformas de classificar seu uso e abrangência. Ou seja, como negócio, a biotecnologianão se encaixa nas definições clássicas de estatísticas econômicas (BIANCHI, 2013). Para Freitas et al (2013), a multidisciplinaridade e a complexidade dasatividades biotecnológicas levam-na à dispersão pelas mais variadas atividadeseconômicas. Observam-se diferentes classificações em outros países ou regiões doBrasil, conforme ilustram os Quadros 3 a 5.SETORES ATIVIDADESBiofarma Relacionadas aos biofarmaceuticos, que são, geralmente, proteínas,Bioindustrial drogas e anticorpos utilizados para o diagnóstico e terapêutica.Bioserviços Relacionadas às enzimas, leveduras e produtos à base de levedura eBioagri aminoácidos orgânicos.Bio-TI Referem-se à contrato de pesquisa, contrato de fabricação e contrato de pesquisa clínica. Relacionadas a biofertilizantes, bioinseticidas e sementes geneticamente modificadas. Relacionadas a diferentes produtos e serviços que representam bioinformática.Quadro 3 - Descrição de setores relevantes da bioindústria na ÍndiaFonte: Adaptado de Mapsofindia (2016) e traduzido pelos autores. Uma característica a ser observada no Quadro 3 é a inclusão de serviços detecnologia da informação (TI) na bioindústria indiana. Sendo este país um expoenteem TI (KAVITA, 2012), sua bioindústria explora esta vocação. Observa-se tambémque aquele país priorizou setores voltados para a Biotecnologia moderna, enquantoo Quadro 4 ilustra uma forte tendência para a área médica na bioindústria deMichigan, EUA.20

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologiaBiotecnologia ATIVIDADES SEGUNDO A CLASSIFICAÇÃO DE ATIVIDADEagrícola ECONÔMICA NO MICHIGAN-EUAFarmacêutico &Terapêutico Moagem e processamento de grãos e de oleaginosas; Produção deFabricantes de Etanol; Produção de Química orgânica básica; Fabricação de FibraDispositivos e de orgânica celulósica, filamentos artificiais e sintéticas; ProduçãoEquipamentos de fertilizantes Nitrogenados, Fosfatados, de Pesticidas e outrosMédicos químicos agrícolas.Distribuição Fabricação de Produto botânicos e medicinais, Preparaçãode Produtos Farmacêutica, Fabricação de Substância para diagnóstico In-Vitro,Médicos Fabricação de Produto Biológico (exceto Diagnóstico) Fabricação de lentes e Instrumentos ópticos, de dispositivos Eletro- médicos, eletro-terapêuticos e Imagens Médicas, de Instrumento Laboratorial Analítico, de dispositivos de Irradiação, incluindo Equipamento médico de diagnóstico; Fabricação e suprimentos de equipamentos médicos; de mobiliário e de aparelhos de laboratório, de instrumentos médicos e cirúrgicos, de prótese dentária (Fabricação de pontes, dentaduras, dentes, aparelhos ortodônticos, etc.)de aparelhos cirúrgicos, de Instrumentos odontológicos, de Equipamentos Oftalmológicos (incluindo revestimento de lente, moagem, etc.), Atacadistas/distribuidores de Equipamentos Médicos, Odontológicos, e Hospitalares, de produtos oftalmológicos, para Farmácias, Alugueis de equipamentos médicos para home carePesquisa e Pesquisa e Desenvolvimento em Biotecnologia, Pesquisa edesenvolvimento Desenvolvimento na Física, Engenharia e Ciências da VidaLaboratórios Laboratórios de Ensaio, laboratórios médicos, Centros de DiagnósticoMédicos e de por ImagemTestesQuadro 4 - Descrição de setores relevantes da bioindústria no estado de Michigan – Estados UnidosFonte: Adaptado de MichBio (2016) e traduzido literalmente. Esta característica pode estar relacionada ao fato de os Estados Unidosserem o principal player no mercado de medicamentos do mundo, detendo 48,7%das vendas mundiais (EFPIA, 2016) e concentrar a maior quantidade de empresasde biotecnologia no mundo, conforme apresentado no Quadro 1. Ao mapear asempresas de biociências no Brasil, a Fundação Biominas classificou-as em sete 21

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologiaáreas de atuação (BIOMINAS, 2009), conforme se observa no Quadro 5.SETORES ATIVIDADESAgricultura Desenvolvimento e comercialização de sementes e plantasBioenergia transgênicas, novos métodos para controle de pragas, clonagemInsumos de plantas, diagnóstico molecular, produção de fertilizantes eMeio Ambiente inoculantes a partir de microorganismos, melhoramento genético,Misto etc.Saúde Animal Desenvolvimento de tecnologias para produção de etanol e biodiesel.Saúde Humana Desenvolvimento e comercialização de reagentes, métodos para isolamento, identificação e tipagem de microorganismos, kits para extração de DNA, meios de cultura, biopolímeros, etc. Desenvolvimento e oferta de produtos e serviços para biorremediação, tratamento biológico de resíduos e recuperação de áreas degradadas. Empresas que permeiam mais do que uma das categorias acima; por exemplo, desenvolvimento de kits de diagnóstico para doenças humanas e animais, e empresas de bioinformática. Desenvolvimento e comercialização de kits de diagnóstico, vacinas ou outros produtos terapêuticos, transferência de embriões e inseminação artificial, melhoramento genético, clonagem, identificação genética, etc. Desenvolvimento e comercialização de kits de diagnóstico, vacinas, proteínas recombinantes, anticorpos, próteses, dispositivos e equipamentos médicos especializados, terapias celulares, curativos e peles artificiais, identificação de novas moléculas e fármacos, validação de novos medicamentos (ensaios pré-clínicos e clínicos), biosensores, metodologias avançadas de reprodução assistida, etc.Quadro 5 - Classificação das empresas de biociênciasFonte: Adaptado de Fundação Biominas (2009). A classificação dos setores da bioindústria pelo BioBrasil – Comitêda Bioindústria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) –apresenta semelhanças à de Michigan-EUA (QUADRO 4), em termos de setores,e semelhanças à da Fundação Biominas (QUADRO 5), em termos de atividades,porém com escopo mais amplo (FIESP, 2016).22

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologia Desde que surgiu, a bioindústria vem passando por diferentes estágiosde desenvolvimento em seus diferentes segmentos industriais (JUDICE; BAETA,2002). As autoras ponderam que enquanto alguns subsetores se consolidame produzem resultados visíveis, outros ainda vivenciam seus estágios iniciais,enfrentam o desconhecimento e resistência da opinião pública, tropeçando sejana ausência, seja no excesso de regulamentação, sem contar os longos prazos dematuração e validação tecnológica.Classificações das atividades produtivas da bioindústria amazonense Ainda que as discussões sobre a implantação de uma bioindústria noAmazonas aconteçam antes mesmo da década de 1990, uma das primeirastentativas de caracterizá-la foi o estudo de Lasmar (2005), que buscou apresentarelementos sobre o processo de aprendizagem, capacitação e inovação tecnológicano segmento que denominou3 de ‘Fitoindústria’. Trata-se, segundo o autor, deum conjunto de empresas de segmentos econômicos diversos (fitoterápicos,fitocosméticos, concentrados para bebidas não alcoólicas, balas, chocolates, polpade frutas e insumos para fitoterápicos, fitocosméticos e alimentos) que utilizamrecursos florestais não madeireiros (de espécies como açaí (Euterpe oleracea),cupuaçu (Theobroma grandiflorum) e camu-camu (Myrciaria dubia)) na fabricaçãode seus produtos. Ainda segundo Lasmar (2005), estas empresas se caracterizam comomicroempresas artesanais, micro e pequenas indústrias e empresas estruturadas(estas últimas têm o quantitativo de mão de obra e capacidade de investimentocomo diferencial), e são constituídas de capital local e de capital estrangeiro. Oautor apontou, ainda, que esta indústria emprega tecnologias de diferentesníveis de complexidade em sua cadeia produtiva (seleção da matéria-prima,colheita, classificação, conservação, transporte, controle de qualidade, produção edistribuição), contudo nenhuma que empregue alguma tecnologia que poderia serclassificada de Alta Complexidade, conforme classificação do Quadro 6.3 O autor explica que extraiu o termo da Proposta de Pesquisa “Desenvolvimento de dois produtosfitoterápicos e um fitocosmético a partir de espécies amazônicas”, coordenado pelo Instituto Nacio-nal de Pesquisa da Amazônia – INPA em 2003 (LASMAR, 2005). 23

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologiaCATEGORIAS TECNOLOGIAS PARA A FITOINDÚSTRIAAlta Complexidade Utilização de técnicas sofisticadas tais como testes clínicos, cristalização, conversão química, high throughput screening.Complexidade Utilização de tecnologias menos complexas tais como técnicasIntermediária de plantio e manejo, identificação botânica, identificação e padronização qualitativa e quantitativa dos princípios ativos ou marcadores, padronização físico-química, padronização da metodologia analítica, pasteurização.Baixa Utilização de tecnologias simples como secagem, separação deComplexidade semente, extração do óleo vegetal, armazenamento, transporte, refrigeração, desidratação, maceração, centrifugação, filtração, ajuste de PH.Quadro 6 - Complexidade das atividades de P&D na cadeia produtiva da FitoindústriaFonte: Adaptado de Lasmar (2005). O nível tecnológico das empresas dos segmentos de produtos naturais noestado do Amazonas também foi, posteriormente, tratado por Araújo Filho (2010),que classificou a bioeconomia4 do estado do Amazonas em quatro os grupos,cuja tipologia vai do uso dos recursos a biodiversidade em estado in natura ousubmetidos a processos simples (Grupo 1) ao uso da biotecnologia moderna (Grupo4), passando pelo uso de processos com domínio disseminado (Grupo 2) e pelosque abrangem processos químicos e biológicos que prescindem de conhecimentosespecializado (Grupo 3). O autor tratou de propor uma classificação que atendesse à realidaderegional, já que grande parte dos bioempreendimentos5 existentes e que fazemuso dos recursos naturais se caracteriza por usar a biodiversidade seja em seuestado in natura ou submetida a processos de beneficiamento simples, ou seja,menos sofisticada em seus processos produtivos. Naquele contexto, raramente seencontrava, no estado do Amazonas, empreendimentos que abrangessem processos4 Caracterizada pela FIESP (2016) como uma atividade econômica dependente de pesquisa embiociências, tecnologias de informação, robótica e materiais. Considera ainda como uma atividadesustentável e que reúne todos os setores da economia que utilizam recursos biológicos (seres vivos).5 Aqui entendido os empreendimentos que participam da bioeconomia.24

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologiaquímicos e/ou biológicos de maior complexidade, cuja demanda por conhecimentoespecializado implicasse em aumento de risco técnico, e o desenvolvimento doproduto exigisse testes ou ensaios. Da mesma forma, não existiam empreendimentos que usavam processosassociados à chamada biotecnologia moderna. De lá para cá, pouca coisa mudouem termos de porte de empresa, de capital, de níveis tecnológicos e de inovaçãotecnológica, conforme se extrai dos trabalhos de Sousa (2014), Barbosa e Bichara(2015), e Oliveira Jr e Lasmar (2015). Entretanto, o número de empreendimentosque desenvolvem atividades com produtos naturais da biodiversidade amazônicatem crescido nos últimos anos (SEPLANCTI, 2016), ainda que sejam raros osque adotam a biotecnologia moderna, predominando assim, os que adotam abiotecnologia clássica, pois que fazem uso dos recursos naturais submetidos aprocessos de beneficiamento simples.Metodologia da pesquisa Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, documental, de campo,e bibliográfico, de natureza qualitativa com abordagem dedutiva. Para validar ossetores propostos segundo a literatura nacional e internacional e suas atividadesrelacionadas condizentes com as particularidades regionais, foram entrevistadas,por conveniência, pessoas chaves vinculados a uma das atividades dos setorespropostos no Quadro 7. Para a identificação dos empreendimentos que seriam acomodados nossetores propostos, durante 18 (dezoito) meses foram consultados o Banco de DadosBionorte, websites de empresas, de incubadoras, de agências de fomento com seusprogramas de subvenção e órgãos de governo do Estado do Amazonas, publicaçõescientíficas e setoriais, visitas a feiras e exposições. Foi construído um banco comdados cadastrais, de atividades, data de criação, porte, entre outros dados dosempreendimentos. Considerando a transversalidade das atividades biotecnológicas noque tange às diversas áreas de conhecimento e a dificuldade de uma definiçãosingular, para efeitos desta pesquisa, determinou-se que os empreendimentosque integram a bioindústria amazonense caracterizam-se por adotarem seja abiotecnologia moderna, seja a clássica, e que, também, dada a potencialidade do 25

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologiauso comercial dos recursos da biodiversidade nas indústrias alimentícias, de saúdehumana e animal, de energia e do meio ambiente, suas atividades envolvam (e/ouestejam relacionadas a) processos químicos e/ou biológicos de quaisquer níveis decomplexidade e natureza, porém que demandem conhecimento especializado e cujodesenvolvimento do produto ou processo, bem como seu direito de propriedade,esteja oficialmente regulamentado junto aos órgãos competentes, e ainda, que seustestes ou ensaios atendam às exigências de agências certificadoras relacionadas àatividade.SETORES ATIVIDADESBioenergia eBiocombustível Produção de biodiesel, etanol e bio-óleos; Tecnologia de produção deFarmacêutico, enzimas para fabricar biocombustíveisTerapêutico e Fabricação de Produto botânicos e medicinais para usos dermatológicosCosmocêutico e cosméticos (Higiene, Limpeza Pessoal e Cosméticos; Fitoterápicos; Farmacêutico)Saúde animal Produtos de nutrição e saúde animal; Biofarmacêuticos e processos biotecnológicos para a saúde animal; Vacina Animal; Biofármacos;Serviços Proteínas convencionais para alimentação animal; Alimentosbiotecnológicos alternativos (protéicos, energéticos e fitoterápicos) para alimentaçãoBiotecnologia animalagrícolaAlimentos P & D comercial; Fornecimento de matéria prima; Produção enutracêuticos e Comércio de Insumos e equipamentos (embalagens, etc.): Diagnósticobebidas e Qualidade; e Consultoria e MonitoramentoMeio ambiente Bio-Fertilizantes, Controle biológicos e Processamento agrícola; Sementes, Cultura de tecido, Clonagem de mudas e Desenvolvimento de Cultivares; e Novas tecnologias na criação de animais e vegetais Polpas e extratos de frutos regionais; Barras, Doces, Suplementos e Produtos nutracêuticos; Bebidas não alcóolicas (sucos); Concentrados; Aromas e Corantes naturais; Tecnologia de alimentos Biorremediação; Tratamento de resíduos; Monitoramento e Consultoria; Controle biológico de pragas urbanas; Aproveitamento de resíduos para produção de biomateriais,Quadro 7 - Setores propostos para a bioindústria amazonenseFonte: Adaptado de Fundação Biominas (2009); FIESP (2016); MICHBIO (2016).26

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologia Não foram incluídos os empreendimentos que atuam apenas nacomercialização dos produtos intermediários e finais, ainda que utilizem matériaprima oriunda da biodiversidade amazônica (caso das sorveterias, panificadoras,etc.). Outros, ainda que de baixa complexidade tecnológica, foram incluídosporque se destacam nos mercados nacional e internacional por conta dos produtosda biodiversidade, ou porque inovam, ou por que a matéria prima amazônica quesubstitui um produto já existente no mercado, atrai consumidores por conta desuas propriedades potenciais, muitas vezes desconhecidas pela população em geral.Proposta de estrutura setorial para a bioindústria amazonense Como resultado do exercício empírico de propor uma estrutura paraa bioindústria amazônica nos moldes das existentes em outras regiões, os 110(cento e dez) empreendimentos identificados para compor a estrutura propostaforam acomodados por setor correspondente à sua atividade principal, conformese observa no Quadro 8. Empreendimentos que atuam em mais de um setor ousubsetor foram inseridos em duplicidade, porém computados apenas uma vez(caso das empresas Amazon Ervas, Pharmakos, Pronatus, Magama, entre outras).Por limitação de espaço, optou-se por usar o nome fantasia ou reduzir a razãosocial dos empreendimentos. Os setores com significativa quantidade de empreendimentos são Alimentosnutracêuticos e Bebidas (37,2%) e o Farmacêutico, Terapêutico e Cosmoceutico(29%), seguidos pelo setor Serviços biotecnológicos (16,3%). O setor Alimentosnutracêuticos6 e Bebidas se caracteriza pela produção e comercialização de produtoscujas matérias-primas são tradicionalmente conhecidas e apreciadas pela sociedadelocal e por se originarem de espécies nativas ou adaptadas e que apresentampropriedades nutricionais consideradas inovadoras e potencialmente saudáveis(MIGUEL, 2012), e que passaram a ser muito apreciadas nos mercados nacional einternacional (COSTA, 2010), como é o caso do guaraná (Paullinia cupana).6 Alimentos, ou partes deles, que proporcionam benefícios à saúde, incluindo prevenção e trata-mento de doenças (DEFELICE, 1995 apud MIGUEL, 2012). 27

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologiaSETORES EMPREENDIMENTOS IDENTIFICADOS, SEGUNDO ATIVIDADES E DATA DEBiotecnologia CRIAÇÃOIndustrial Produção de enzimas: Amazonzyme (2016)Farmacêutico,Terapêutico e Higiene e Limpeza pessoal e Cosméticos: Amazonbio (2015) Amazon Ervas (1985); AnnaCosmocêutico Morena Fitocosmeticos da Amazônia (atual Cheiro D´Folha) (2014); Aroma Ativo Produtos Naturais da Amazônia (SDC); Amazongreen (2007); Bioamazonas (1999);Saúde animal Canto da luz (2013); Empório & Aromas da Amazônia (2009); Eora Fitocosméticos (2016); Mistérios da Amazônia/Essencial - Arte em Perfumaria (2004); Gotas daServiços Amazônia (2006); Harmonia Nativa (2009); Perfume da Amazônia (Loja das Essências)biotecnológicos (2013); Pharmakos D´Amazônia (2001); Pronatus do Amazonas (1986) Fitoterápicos: Amazon Biocare (2013); Amazon Ervas *; Pronatus do AmazonasBiotecnologiaagrícola (1986)*; Pharmakos D´Amazônia * (2001); Biozer da Amazônia (2006); Dica Ervas, Sementes e Raízes Medicinais da Amazônia (2016) Farmacêutico (medicamentos, emplastro, etc.): Hisamitsu Farmacêutica (1982); Novamed (2010); Amazônia Fórmula & Manipulação (2009); Artesã Farmácia de Manipulação (2006); Bioexata Farmácia de Manipulação (2005); Beauty Pharma (2000); Biomedicinal Farmácia de Manipulação/Biofarma (1999); Farmácia Nunes (1976); Fórmula Farma (1998); Homeopatia da Amazônia (Amazon Ervas ) (1996); Jost e Vilela Comércio Farmacêutico (SDC); Nutriceutica Comércio (2008); Pronatus do Amazonas (1986)*; QSP Pharmacy (1995) Alimentos alternativos (proteicos, energéticos e fitoterápicos) para alimentação animal: Yeast Fish Biotech (2014); NatuProtein (2016) Proteínas convencionais para alimentação animal: Solimões (do grupo Fasa) (2013); Granja São Pedro (1986); Fábrica de Ração Confiança - Ocrim Produtos Alimentícios (1999/2001) P & D comercial & Consultoria: Amazon Doors (2016); Original Trade Consultoria Empresarial (2016); Piscitech- Soluções Técnicas (2016); Amazon Ecotech Consultores (2016) Fornecimento de matéria prima: Herbram (2014); Magama (1993); Agrocon Indústria e Serviços Agroambientais (2005) Produção e Comércio de Insumos e equipamentos (embalagens, etc.): TecLAB da Amazônia (2004); Intermef (1996); WM Comercio Serviços e Representações (2010); Ipês Indústria de Prods.e Equips.Solda (1980); White Martins Gases Industriais (2002); Carboman (1990); Nitron da Amazônia (1997) Diagnóstico, Qualidade & Monitoramento: e-Bio+ (2015); IGNEA da Amazônia (2009); CQLab (2002); ECOBIOS Consultoria Ambiental (2007) Fertilizantes biológicos e Controle biológico: Amazonfertil (2016); Da Flora da Amazônia (2016); ECOBIOS Consultoria Ambiental* Sementes, Cultura de tecido, Clonagem de mudas e Desenvolvimento de Cultivares: ProClone - ProVitro Biotecnologia (SP) (2016)28

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologiaSETORES EMPREENDIMENTOS IDENTIFICADOS, SEGUNDO ATIVIDADES E DATA DE CRIAÇÃOAlimentosnutracêuticos e Polpas e extratos de frutos regionais: Amazônia Polpas (1999); Divina Fruta (2010);bebidas Glacial (1991); Nat Frutas (2010); Toya (1995) Barras, Doces, Suplementos e Produtos nutracêuticos: Agrorisa (1994); Amazon DocesMeio ambiente (2009); Bombons Finos (2003); Complevida (2010); OIRAM chocolates (1999); Sabores de Tradição (2010) Bebidas não alcóolicas: Brasil Kirin (2009); Licores da Amazônia (1999); Matprim Solutions (2012); Sohervas da Amazônia (2006); Pepsi Cola Industrial da Amazônia (1998); Tholor do Brasil (2004) Concentrados: All Flavors (2012); Amacon (SDC); Best Flavors / Tecno Aromas (2009); Cibea Manaus (2007); Concentrados Paraná (2006); Fruts (2014); HVR (2006); Mafla Manaus Flavors (2012); Natural Sabores (2009); Rai Concentrados (2006); Recofarma (Unidade da Coca-Cola) (1966); Wild Amazon Flavors (2005) Aromas & Corantes naturais: Arosuco Aromatizantes e Sucos S.A. (1999); D.D. Williamson (2001); Kerry da Amazônia (2010); Manahh for life (2015); Naturex (2000) Polyaromas Preparados e Extratos (2006/2016); Sabores Vegetais (2001); Sweetmix Aromatizantes da Amazônia (2003); Wild Amazon Flavors* (2005) Tempero, Beneficiamento de alimentos & outras tecnologias: Fábrica Virrosas (1966); Iranduba Frigorífico de Pescado (2001); Manahh for life* (2015); Manaus Verde (2016); Temperos da Amazônia (2012) Biorremediação: Bioplus Desenvolvimento Biotecnológico (RS) (2003); Eternal Industria, Comercio, Serviços e Tratamento de Resíduos da Amazônia (AM) (1994)*; Enzilimp/Millenniun Tecnologia Ambiental (RS) (2000) Tratamento biológico e sustentável de resíduos: Norte Ambiental Tratamento de Resíduos (Grupo Bringel) –AM (2011); K-MAT Soluções Hidro Sanitárias - Santarém (PA) (2015); Ecoete Tecnologias de Preservação Ambiental AM (1991); Eternal Industria, Comercio, Serviços e Tratamento de Resíduos da Amazônia (AM) (1994)* Monitoramento & Consultoria: Greentech Engenharia Ambiental (2003); Ytrium Consultoria Ambiental (2011); Terra Consultoria e Assessoria Ambiental (2007)Quadro 8 - Proposta de setores bioindústria amazonense e empreendimentos relacionadosFonte: Adaptado de fontes diversas (SEPLANCTI, 2015; SUFRAMA, 2016; SINAPSE 2016; websitesdas empresas).Nota 1: * indica que atua em mais de uma atividade e por isso computada apenas uma vez nacontagem totalNota 2: SDC - Sem Data de Criação identificada A maioria dos empreendimentos identificados para este setor tem suaatividade pautada na produção de concentrados, aromas e corantes – ainda quealguns empreendimentos também produzem bebidas não alcoólicas. Observou-sea existência de spin offs de empreendimentos mais antigos e de maior porte. 29

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologia No setor Farmacêutico, Terapêutico e Cosmoceutico71 (ou Nutricosmético)foram acomodadas as empresas regionais que desenvolvem e comercializamprodutos para usos dermatológico, cosmético e medicinal baseados nos insumosda biodiversidade amazônica. Uma parte dos empreendimentos identificados paraeste setor tem sua atividade pautada na produção de produtos de higiene e belezae outra parte em produtos farmacêuticos, com expressivas farmácias magistrais.Poucos são os empreendimentos dedicados especificamente a fitoterápicos. Para o setor de Serviços biotecnológicos foram acomodados oslaboratórios de análises, consultores e fornecedores/intermediadores de insumos eequipamentos. Todos os empreendimentos identificados que atuam em serviços deconsultoria são startups. Para os demais setores, foram identificados poucos empreendimentos.Para Biotecnologia industrial foi identificada apenas uma startup com foco emprodução de enzimas oriundas de diferentes micro-organismos. Cabe destacarque este setor foi originalmente proposto como Bioenergia e Biocombustível(QUADRO 7) porém não foram identificados empreendimentos que pudessemser acomodados na estrutura proposta e por isso a nomenclatura foi alterada paraBiotecnologia industrial. Os empreendimentos identificados para comporem o setor Saúde Animalestão voltados para a área de alimentação animal (ração). Duas empresas quesurgem como proposta de alimentação alternativa são startups. Já Para o setorBiotecnologia Agrícola foram identificados os seguintes empreendimentos: umque clona plantas e dois que desenvolvem produtos e/ou métodos para controlebiológico de pragas a partir de microrganismos. Para o setor Meio Ambiente foram identificados poucos empreendimentosque adotam a biotecnologia em seus serviços. Poucos fornecem serviçosde biorremediação e tratamento biológico e sustentável de resíduos, e osempreendimentos identificados são do sul do país e oferecem este tipo de serviçono estado do Amazonas. Um empreendimento chega a fornecer os dois tipos deserviços. Um fato curioso deste setor é que a questão da biorremediação aindaé tratada somente em nível de pesquisa de programas de pós-graduação dasinstituições de ensino e pesquisa locais.7 Produtos aplicados topicamente e capazes de alterar o status da pele (KLIGMAN, 2002 apudMIGUEL, 2012).30

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologia A não identificação ou a pouca quantidade de empreendimentos que nãoapresentam atividades biotecnológicas aponta um vasto campo para a biotecnologia.Por outro lado, os setores com maior quantidade de empreendimentos identificadossinalizam uma vocação a ser fortalecida nas políticas de desenvolvimentosocioeconômico do estado que objetivam agregar valor aos produtos dabiodiversidade amazônica, conforme se observa nas estruturas das bioindústriasde outras regiões do país e do exterior.Considerações finais A proposta de uma estrutura setorial para a bioindústria amazonense buscouseguir as características apresentadas nas literaturas nacional e internacional,porém a nomenclatura dos setores foi adaptada ao contexto regional. Delimitou-se os setores e suas nomenclaturas, conforme se observa em pesquisas setoriaisacadêmicas e de órgãos governamentais. Observando-se os conceitos de indústria e suas características apontadosna literatura, é possível afirmar que a bioindústria amazonense é uma bioindústriaemergente. Pela quantidade de empreendimentos identificados, é possível afirmarque existe uma bioindústria no estado do Amazonas, ainda que as atividadespredominantes destes empreendimentos apresentem um nível tecnológico debaixa à média complexidade. Em outras palavras, o Estado possui pouquíssimosempreendimentos considerados biotech R&D firms, biotech firms, ou dedicatedfirms, entretanto, as start ups identificadas apresentam propostas de aplicaçãoda biotecnologia moderna ao uso dos recursos da biodiversidade amazônica eem setores com poucos empreendimentos identificados para compor a estruturaproposta. A análise conjuntural de cada setor, foge ao escopo deste estudo, portanto,recomenda-se, análise setorial detalhada da estrutura proposta, em estudos futuros,abordando suas dificuldades, perspectivas, limitações e potencialidades. 31

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AVALIAÇÃO DO POTENCIAL INOVADOR SUSTENTÁVEL DEPESQUISAS CIENTÍFICAS PARA OBTENÇÃO DE EXTRATOS BIOATIVOS DE RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS DO AÇAÍ (Euterpe Olereace e Euterpe Precatoria)1 Rafael Lima Medeiros Nelson Kuwahara Niomar Lins PimentaIntrodução A pesquisa científica possui papel central na melhoria da qualidade devida da sociedade, pois serve como fundamento teórico para o desenvolvimentode tecnologias, produtos, processos e modelos que atendam as diversas demandashumanas. No entanto, para que as descobertas obtidas em laboratório efetivamentecheguem à sociedade ou ao mercado consumidor é necessário que o conhecimentocientífico seja incorporado a um produto, processo ou tecnologia. Quando esteconhecimento gera uma novidade ou substancial melhoria em relação ao que jáexiste no mercado, tem-se uma inovação. Inovação, portanto, está relacionada aocontexto social, à aceitação do mercado e à geração de resultado econômico. Na segunda metade do século XX houve uma maior aproximação entreciência e economia, através da inovação, enquanto emergia a questão da proteçãodo meio ambiente como uma nova temática fundamental nos debates sobre osmodelos de produção utilizados pelo homem para gerar os produtos e serviçosque fazem partem do seu atual padrão de consumo, culminando com a criação dostermos sustentabilidade e desenvolvimento sustentável. Nos últimos anos inovaçãoe sustentabilidade passaram a ser usados em conjunto para denominar uma novaabordagem de seleção de alternativas tecnológicas. Segundo Yoon e Tello (2009),inovação sustentável é o desenvolvimento de novos produtos, processos, serviços etecnologias que contribuem para o desenvolvimento e bem-estar das necessidades1 O estudo é parte do resultado final da pesquisa de doutorado em Biotecnologia do PPGBIOTEC(UFAM). 37

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologiahumanas e instituições, respeitando os recursos naturais e sua capacidaderegenerativa. Os índices, indicadores e sistemas de indicadores para avaliar as inovaçõessustentáveis são ainda mais recentes e imaturos que os equivalentes para áreas deinovação e sustentabilidade, separadamente. Por este motivo, o objetivo principaldo presente estudo foi aplicar um índice multicritério, nomeado SIMI-Biotech,para avaliação do potencial de inovação sustentável de pesquisas científicas paraobtenção de extratos bioativos de resíduos agroindustriais de açaí (Euterpe Olereacee Euterpe Precatoria). O método SIMI-Biotech é relevante na medida em que um númerosignificativo de pesquisas científicas e tecnológicas, em todos os campos doconhecimento, permanece restrito ao ambiente acadêmico, mesmo que osresultados obtidos permitam aplicações práticas em diversos setores produtivos.Este cenário não é desejável, na medida em que a inovação, fator determinantepara a competitividade das organizações, mercados e nações, depende da geraçãoe transferência dos novos conhecimentos para o setor produtivo a fim de criar oumelhorar produtos, processos e/ou tecnologias.Indicadores de inovação sustentável e o modelo Sustainable Innovation Cube(SIC) Em relatório intitulado Our Common Future – Nosso Futuro Comum,a Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento apontou anecessidade de todos os países apoiarem a produção de alternativas tecnológicasadequadas às pressões ambientais, visando o desenvolvimento de produtos eprocessos inovadores com maior valor de mercado, ciclo de vida mais eficientee redução de externalidades ambientais e sociais (WCED, 1987). A partir destecontexto surgiu o desafio de mensurar o grau de sustentabilidade nas diferentesetapas do processo de inovação. Vilha e Carvalho (2005) defendem que o focoda seleção de oportunidades tecnológicas e mercadológicas deve ser voltado paraprodução de inovações pautadas nos princípios do desenvolvimento sustentável. Os índices, indicadores e sistemas de indicadores para avaliar as inovaçõessustentáveis são ainda mais recentes que os equivalentes para áreas de inovação esustentabilidade, separadamente. Esta condição é confirmada ao verificar-se que38

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologiacomparativamente o número de publicações entre o ano 2000 com 2010 evidenciaque a quantidade de publicações relacionadas ao tema inovação sustentávelaumentou em quase seis vezes (KNEIPP et al, 2011). Devido este fato, não háuma convergência ou popularidade em relação à determinada metodologia ouframework. Sendo a maior parte dos métodos de avaliação de inovações sustentáveisfruto de projetos e parcerias recentes entre países, universidades ou institutos depesquisa, com forte concentração nos Estados Unidos e Europa. Horbach (2005) lista diversos projetos voltados para a construção desistemas de indicadores para diferentes tipos de inovações sustentáveis, taiscomo: SUSTIME, LEADMARKET, INNOMOD, SUBCHEM, COIN, INVERSI,AQUASUS. A partir de 2006 a Comissão Europeia renovou sua estratégia dedesenvolvimento sustentável ampliando as ações de financiamento de pesquisasvoltadas para a criação de indicadores de desenvolvimento sustentável com afinalidade de servir de instrumentos detalhados de avaliação da situação local parao enfrentamento dos desafios ambientais, resultando na criação de projetos deindicadores como: MEI, ECODRIVE, MERIPA, CLEANTECH, IN-STREAM, KEIe ACE Tech. Ao analisar o objeto dos índices e indicadores existentes parece haver trêscorrentes principais. A primeira focada na gestão pública que visa avaliar comoa inovação pode melhorar o desempenho econômico de países sem restringir asopções ambientais e sociais das gerações futuras. A segunda corrente é voltadapara as empresas e aborda temas como difusão da inovação, processo inovador eseleção de ecoprodutos. A terceira está centrada na avaliação das tecnologias e seusimpactos nas dimensões da sustentabilidade. Já o modelo intitulado Sustainability Innovation Cube (SIC) desenvolvidopor Hansen et al (2009) apresentado na Figura 1, foi desenvolvido na UniversidadeTecnológica de Munique (Alemanha) como um modelo genérico para avaliação deinovações orientadas para a sustentabilidade. Este framework é formado por três dimensões distintas: a dimensãoobjetivo que é baseada na visão Triple bottom line onde a sustentabilidade édefinida em função das dimensões econômica, social e ambiental; a dimensão dociclo de vida do produto que descreve que o equilíbrio proposto na dimensãoobjetivo deve ser obtido ao longo da cadeia de suprimentos do produto, para esseser dito como sustentável; e a dimensão necessidade que evidencia que o graude sucesso de determinada inovação pelo mercado depende de fatores culturais, 39

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologiaantropológicos e sociais.Figura 1 - Cubo da inovação sustentável FFonte: Hansen et al (2009). O modelo SIC foi escolhido como framework para construção do índiceSIMI-Biotech. Para tal foi preciso a integração da abordagem a um modelomatemático para síntese de resultados na avaliação de inovações sustentáveis.A escolha se deve ao fato de o modelo SIC ser um framework genérico recentecom a finalidade de avaliar os efeitos que determinada inovação pode gerar nasdimensões da sustentabilidade.Índice Sustainable Innovation Multicriteria Index for Assessment of BiotechnologyResearch (SIMI-Biotech) O desenvolvimento do SIMI-Biotech foi subdividido em duas etapas.A primeira visou a construção do índice multicritério de inovação sustentávelpara avaliação de pesquisas científicas, chamado de SIMI-Biotech (SustainableInnovation Multicriteria Index for Assessment of Biotechnology Research). Já asegunda etapa consistiu na aplicação prática do método, na forma de um estudo decaso de avaliação de uma pesquisa científica na área de biotecnologia. Na primeira40

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologiaetapa foi realizada uma pesquisa bibliográfica e documental para identificar eanalisar os diferentes modelos de índices, indicadores e sistemas de indicadoresrelacionados ao conceito de inovação sustentável. Ao final desta etapa foi escolhido o Cubo da Inovação Sustentável(HANSEN et al, 2009) como framework base para concepção do índice proposto.Em seguida foi aplicado o método Analytic Network Process (ANP) ao métodoframework escolhido, visando a modelagem do índice SIMI. Seguindo os passospropostos para aplicação do ANP (FORMAN; SELLY, 2001; SAATY, 2006; LEE,2007), o índice proposto possui como clusters as dimensões apresentadas no Cuboda Inovação Sustentável, sendo o primeiro cluster denominado Objetivo, o segundocluster denominado Ciclo de Vida e o terceiro cluster denominado Necessidade. No entanto, na construção do índice é necessário inserir um quarto clusterno problema de decisão, intitulado Alternativas. A finalidade deste cluster adicionalé receber as pesquisas a serem avaliadas. Na aplicação prática do índice SIMI, apesquisa avaliada é sempre comparada com um produto ou tecnologia que sirva dedesempenho de referência (benchmarking) para cada critério. A Figura 2 apresentaa estrutura do índice SIMI. Considerando o modelo formatado na etapa anterior, o passo seguinteconsistiu em realizar um estudo de caso com uma empresa do setor de energiapara a função de avaliadora, pois a mesma possui interesse estratégico em investirna área de biotecnologia. A pesquisa científica avaliada foi escolhida a partir dosinteresses estratégicos e operacionais da empresa, tendo sido escolhida entre aspesquisas desenvolvidas por pesquisadores associados à Universidade Federal doAmazonas.Resultados e DiscussãoA empresa participante: QLuz Eco Energia Ltda. A QLuz Eco Energia fundada em 2009 tem sua proposta de valor baseadana oferta de soluções para a necessidade contemporânea de buscar alternativasmais limpas para a geração e consumo de energia. A empresa está situada na cidadede Manaus em um espaço que conta com escritório, setor administrativo, loja comexpositores dos produtos e estoque de mercadorias. Os principais produtos sãolâmpadas eletrônicas, lâmpadas LED, geradores de energia, painéis fotovoltaicos, 41

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologiaFigura 2 - Estrutura do índice SIMIFonte: Os autores (2017).luminárias, entre vários outros. O interesse da Qluz em pesquisas biotecnológicas se justifica pelodesejo da empresa e de seu proprietário em diversificar os ramos de negóciosem que a empresa atua. Na visão da empresa, pesquisas que permitem o uso dabiodiversidade amazônica tem grande potencial de ser tornarem produtos com um42

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologianicho de mercado significativo nos próximos anos devido a diversos fatores como:o valor da marca Amazônia, a valorização da origem, o aumento da exigência dosconsumidores por sustentabilidade dos produtos e o crescimento do conhecimentosobre os recursos naturais amazônicos. Neste contexto, empresas de diversossegmentos, tal como a Qluz, tornam-se potenciais investidores em pesquisas quepermitam o desenvolvimento de produtos inovadores a partir da biodiversidadeamazônica, o que justifica o uso da ferramenta SIMI-Biotech para avaliação dopotencial inovador sustentável de pesquisas biotecnológicas.A pesquisa avaliada: obtenção de extratos bioativos de resíduos agroindustriais doaçaí (Euterpe Olereace e Euterpe Precatoria) O gênero Euterpe possui cerca de 28 espécies distribuídas por toda baciaAmazônica, sendo as espécies E. precatoria e E. oleracea, as únicas exploradascomercialmente. A espécie E. precatoria é nativa do estado do Amazonas, sendoencontrada na bacia do Solimões, em terrenos de terra firme e área de baixio.Já a espécie E. oleracea é conhecida popularmente como “açaí do Pará”, sendoencontrada, principalmente, em terrenos de várzea e igapó (PEREIRA, 2015). Na Amazônia brasileira o fruto é usado principalmente na obtenção dabebida açaí, um refresco de consistência pastosa, obtido por extração mecânica, emmáquinas despolpadoras ou manualmente. Além da forma tradicional de consumo,a polpa do açaí também é utilizada na produção industrial ou artesanal de sorvetes,geleias e licores, entre outras formas mais recentes como o pó (OLIVEIRA et al,2000). A extração da polpa do açaí gera uma grande quantidade de resíduos,pois cerca de 73% do fruto é composto pelo caroço. Nos últimos anos a demandapor consumo do açaí vem crescendo na região amazônica e em nível nacional,aumentando a pressão por uma destinação mais adequada do resíduo tantoeconômica quanto ambientalmente. A ausência de uma destinação correta parao resíduo do açaí leva ao depósito de caroços nas ruas e nos lixões das localidadesprodutoras, inclusive capitais (LIMA et al, 2016; MARANHO; PAIVA, 2011). Neste contexto, pesquisas científicas realizadas na Universidade Federaldo Amazonas têm como objetivo obter extratos de resíduos agroindustriais defrutos amazônicos, entre eles o açaí, com o objetivo de identificar nesses extratoscaracterísticas de interesse para diversos segmentos de indústria (PEREIRA, 2015; 43

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologiaYAMAGUCHI, 2015; SOUZA, 2014). Essas pesquisas apontam relevantes oportunidades empresariais umavez que a produção de açaí no Brasil, em 2013, foi de 202.216 toneladas, sendoos estados do Amazonas e do Pará responsáveis por mais de 90% deste total(SEBRAE, 2015). No entanto, boa parte desse volume é transformada em resíduo,cuja principal destinação alternativa é a fabricação de artesanato, mas devido aovolume apenas esta solução não é viável para resolver este problema da cadeia debeneficiamento do açaí.Potencial inovador sustentável da pesquisa avaliada Os julgamentos relatados pelo decisor foram traduzidos em uma supermatrizde pesos de importância e desempenho. A partir da massa de dados obtida junto àQLuz Eco Energia, após a etapa de coleta de dados, foi possível utilizar o algoritmoANP, base matemática do método SIMI-Biotech, para síntese do potencialinovador sustentável das pesquisas para obtenção de extratos bioativos de resíduosagroindustriais de açaí. O índice SIMI-Biotech foi obtido utilizando o softwareSuperDecisions conforme modelo apresentado na Figura 3. A avaliação das variáveis das pesquisas de extratos bioativos de resíduosagroindustriais de açaí gerou um rating de 39,6% em relação ao benchmarkingutilizado pelo decisor, conforme apresentado na Figura 4. A pontuação de 39,6%significa que as pesquisas avaliadas necessitam de ajustes em todos os critérios paraque o seu potencial de inovação e sustentabilidade alcance padrões aceitáveis pelomercado. O índice SIMI-Biotech não questiona o mérito acadêmico ou a qualidadedas pesquisas, no entanto, evidencia que para fins empresariais é necessárioadequar os resultados obtidos às oportunidades de mercado e às condições incertasde produção e distribuição na região amazônica.44

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologia45Figura 3 - Modelo SIMI-Biotech no software SuperDecisionsFonte: Os autores (2017).

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologia Figura 4 - Rating de inovação sustentável das pesquisas para obtenção de extratos bioativos de açaí Fonte: Os autores (2017). A Tabela 1 mostra que os critérios Efeitos Econômicos, Consumo,Sistema de Uso e Produção e Logística foram aqueles que concentraramo maior grau de importância na avaliação do decisor. A escolha dessescritérios demonstra forte orientação para atendimento das necessidades edesejos dos consumidores, exigentes quanto à qualidade. Critério Importância do Avaliação por Efeitos econômicos critério critério Efeitos ambientais 2 Efeitos sociais 22% 2 Produção e Logística 3% 2 Consumo 8% 4 Descarte 12% 3 Cultura 18% 6 Tecnologia 3% 2 Sistema de uso 6% 2 11% 3 17% Tabela 1 – Peso de importância por critério x Avaliação por critério Fonte: Os autores (2017).46

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologia A Tabela 1 detalha o desempenho das pesquisas avaliadas em cada critério.Nota-se que nenhum critério obteve pontuação máxima, ou seja, igual a 1. Aausência de informações mais precisa prejudicou a pontuação de alguns critérios.Três dos critérios mais importantes, a saber, Produção e Logística, Consumo eSistema de uso, obtiveram as notas mais inferiores da avaliação. A Figura 5 mostra a rede de importância entre os critérios na avaliaçãodo decisor. Novamente, os critérios com maior peso de importância são os jácitados Produção e Logística, Consumo, Efeitos Econômicos, além do critérioTecnologia. No entanto, o critério Sistema de uso é o critério que possui grau deinfluência sob os demais critérios, e, portanto, sob a rede. Nota-se, ainda, uma forteinterdependência entre os critérios Produção e Logística, Tecnologia e Consumopossivelmente devido a necessidade da inovação tanto ser operacionalmente viávelde chegar ao mercado quanto de gerar uma experiência de consumo ao usuáriofinal. Efeitos Econômicos, Efeitos Sociais e Consumo formam outro subgrupode critérios com inter-relações importantes para o desempenho das pesquisasavaliadas. Este fato deve-se a percepção do decisor de que os resultados econômicosobtidos, tais como lucro e retorno sobre o investimento, reflete a capacidade degerar bem-estar humano no consumidor, em especial, na fase de consumo. Talanálise reforça a importância da qualidade e da satisfação do usuário para o sucessoda inovação. A Figura 6 mostra uma simulação do crescimento do índice SIMI caso odesempenho nos principais critérios fossem melhorados individualmente. Nota-seque o critério Sistema de uso possui a maior margem de crescimento e o maiorcrescimento no caso de uma evolução inicial. A figura torna claro que melhorar a pesquisa avaliada em único critério temefeito positivo, porém limitado sobre o potencial inovador sustentável global. Oscritérios Produção e Logística, Efeitos Econômicos e Consumo quando otimizadosao máximo geram um índice SIMI-Biotech entre 41,7% e 45,1%, ou seja, umacréscimo de apenas 13% em relação ao potencial medido. 47

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologia Figura 5 - Rede de decisão das pesquisas de resíduos de açaí Fonte: Os autores (2017). Figura 6 - Simulação do crescimento do índice SIMI das pesquisas de resíduos de açaí por critério Fonte: Os autores (2017).48

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologia A Figura 7 é uma simulação da evolução do valor do índice SIMI-Biotechpara o cenário de melhorias nas avaliações dos diversos critérios, simultaneamente,permitindo uma análise de sensibilidade do potencial inovador. Especificamenteo índice de 72,2% é alcançado pela “valoração” dos seguintes critérios e seuspercentuais de incremento: Efeitos econômicos (11,1%), Produção e Logística(44,5%), Consumo (33,3%) e Sistema de uso (33,3%). Figura 7 - Simulação do crescimento do índice SIMI das pesquisas de resíduos de açaí por múltiplos critérios Fonte: Os autores (2017). Essa simulação evidencia que além dos quatro critérios maximizados aindahá margem de melhora importante considerando as deficiências apresentadas nosdemais critérios. O crescimento mais consistente é obtido com a combinação demelhorias nos critérios Consumo e Sistema de uso. O rating obtido pelos projetos de pesquisa, nas simulações do SIMI- 49

Estudos da bioindústria amazonense: sustentabilidade, mercado e tecnologiaBiotech, não descarta a possibilidade dos mesmos tornarem-se inovações bemsucedidas, porém demonstra que há diversos aspectos que precisam ser observadospor pesquisadores e investidores para que os produtos derivados dos resultadosdos projetos de pesquisa logrem êxito no mercado. Na avaliação do decisor, todosos critérios do ciclo de vida apresentam deficiências que podem prejudicar aviabilidade técnica e econômica para produção e distribuição de produtos a partirda obtenção dos extratos bioativos de resíduos agroindustriais de açaí. Este fato sugere que a pesquisa de obtenção dos extratos de resíduosagroindustriais do açaí ainda apresenta baixo nível de preocupação com aengenharia do processo para produção em grande escala e com a experiência dousuário, elemento fundamental para áreas como Marketing e Qualidade. Todavia, anatureza acadêmica das pesquisas universitárias implica na necessidade de articularjunto ao setor produtivo parcerias para que tais deficiências sejam previamentedetectadas e sejam temas de novas pesquisas ou de interações empresa-universidadeou pesquisador-empresa.Conclusão A pesquisa para obtenção de extratos bioativos de resíduos agroindustriaisde açaí obteve desempenho deficitário principalmente nos critérios Produção eLogística, Consumo, Sistema de uso e Descarte, sendo todos muito importantespara o potencial inovador sustentável, com exceção apenas do Descarte. Os cincooutros critérios obtiveram pontuação 2 devido a ausência de informações maisprecisas para estimar o desempenho das pesquisas nos critérios avaliados. Destaforma, o índice de inovação sustentável da pesquisa avaliada foi de 39,6%. As principais sugestões para o aumento do potencial inovador sustentávelde pesquisas para obtenção de extratos bioativos de resíduos agroindustriaisde açaí estão focadas nos critérios relacionados ao Ciclo de vida e à concepçãodos produtos finais. Como sugestões de trabalhos futuros é pertinente avaliar opotencial inovador de bioextratos ativos de outras matérias-primas da Amazôniaou a avaliação do potencial das pesquisas avaliadas em outros setores industriaiscomo cosméticos.50


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