Important Announcement
PubHTML5 Scheduled Server Maintenance on (GMT) Sunday, June 26th, 2:00 am - 8:00 am.
PubHTML5 site will be inoperative during the times indicated!

Home Explore almada - cronica de uma exposição - pdf

almada - cronica de uma exposição - pdf

Published by bibliotecaaurelia, 2020-11-06 10:47:12

Description: almada - cronica de uma exposição - pdf

Keywords: Amada Negreiros

Search

Read the Text Version

ex-exposiçãocrónicadeuma

Concepção e edição de luísa moniz - 2016



Na pagina anterior: Almada Negreiros, Invenção do Dia Claro

ÍNDICEÍNDICE  Introdução, por Luísa Saraiva  “Comemoração dos 120 Anos do Nascimento de Almada Negreiros”, Câmara Municipal de Lisboa  “José de Almada Negreiros (07 – abril – 1893, São Tomé;….), “biografia da obra de Almada Negreiros, Câmara Municipal de Lisboa ALMADA NEGREIROS – O ARTISTA TOTAL - linha do tempo -  “José de Almada Negreiros nasceu a 7 de Abril”, Joaquim Vieira, Foto- biografias Século XX  Almada Negreiros, Linha do Tempo, Mª de Fátima Candeias

 ÍNDICEALMADA NEGREIROS – O ARTISTA TOTAL Artista Plástico Escritor Artes de Palco Começar  “Quando cheguei aqui o que havia estava no fim”, A. Negreiros, “Terceira Manhã”, in Poesias  “Almada Negreiros é uma figura ímpar no panorama artístico”, Wikipedia  Almada Negreiros, fotobiografia  Algumas Obras ALMADA – o artista plástico  “…Na realidade eu não entendia o espírito…, in Manifestos e Conferências, Assírio e Alvim, 2006  “Artista multifacetado, a obra de Almada…”, Wikipedia

 ÍNDICE Sobre o Ultimatum Futurista, http://vibiusscribonius.blogspot.pt  “Às gerações portuguesas do século XX”, Almada negreiros, Ulti- matum Futurista Às Gerações Portuguesas do Século XX ALMADA – o escritor  Bibliografia  “Almada para além da tela ou do Fabriano” , Alexandre O’Neil, Uma coisa em forma de assim  “Se a Judite (…)”, in Almada Negreiros, Nome de Guerra  “O idioma é a maior fortuna de um povo” , Almada negreiros, Arte e Artistas  «A Flor», poema de Almada Negreiros, Almada Negreiros, A Inven- ção do Dia Claro  Trecho de “O Cágado”, de Almada Negreiros ALMADA – as artes de palco  Almada é ainda…  Teatro  Bailado  “A Princesa dos Sapatos de Ferro…”, Mariana Pinto dos Santos

ÍNDICEALMADA– última obra – Começar  “Começar: esta certeza…” , Almada Negreiros  “Tudo começava lá, ao princípio”, Almada Negreiros, As Quatro Manhãs  “Começar…”, José Augusto França, Um Prefácio  “A obra mais importante…”, Painel Começar, fotografia  “Vou simplesmente dizer…” (A.N.), in A Arte em Portugal no século XX, José Augusto França , 1991).  Painel Começar – “Um ponto que está no círculo …”, (Ponto de Bauhütte), quadra popular  “orientações de busca e criação de Almada Negreiros“, http:// www.educ.fc.ul.pt/icm/icm2000/icm33/Almada.htm  Começar…” http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm2000/icm33/ Almada2.htm  “Começar por Almada Negreiros ou Ode à Geometria”, Luís Reis ALMADA NEGREIROS – O ARTISTA TOTAL  Aforismos e caricaturas - ALMADA NEGREIROS – O ARTISTA TOTAL  Fotografias da exposição -

introduçãoOs 120 anos sobre a data de nascimento de Almada Negreiros foram a oportunidade encontrada para revisitar a obra deste artista polifacetado, tocado pela genialida- de. De facto, a par de uma personalidade forte, entusiasta e provocadora, deslum- bramo-nos com a sensibilidade lúcida, a busca incessante pela perfeição, ideal per- seguido por Almada através da Arte nas suas múltiplas formas e linguagens. Almada constitui, sem dúvida, um caso único no panorama artístico português do século XX. Ninguém, como ele, se soube exprimir através das várias modalidades das artes plásticas, da literatura, da dança e artes de palco, encontrando em cada expressão artística um estilo próprio, in- confundível, depurado, marcado pela exi- gência e pela força lírica. Almada foi tam- bém o mais longevo da sua geração, afir- mando-se, até ao final da vida, como

introduçãoreferência fundamental para o público e para os novos artistas. A par do imenso deleite, não posso negar que a realização de uma exposição, ainda que despretensiosa, sobre esta personali- dade apaixonante constituiu um não pe- queno desafio, pois tratava-se de dar a conhecer, de forma clara e acessível, nas suas linhas de pensamento e de expres- são, um artista complexo, com uma obra imensa e diversificada. Optamos por uma apresentação em gran- des secções, composta por recursos tra- dicionais (cartazes, fotografias, reprodu- ções, textos e poemas) e documentos multimédia que possibilitaram uma maior abrangência e melhor adaptação aos per- cursos de visita, aos interesses e tempo disponível. E recorremos, para cada do- mínio, a uma seleção de lúcidos e lumino- sos aforismos, tão ao jeito de Almada

introduçãoNegreiros, para que fosse o próprio a di- zer-se, a explicar-se, a dar-se a conhecer. Agradeço à professora Fátima Candeias a colaboração prestada em todas as fases deste trabalho, a cuidadosa apresentação em PPoint da vida e obra do artista, assim como a participação na elaboração e revi- são da presente edição, e ao professor Portugal Dias o empenho posto na recolha, gravação e apresentação dos documentos multimédia. Por último, um imenso agra- decimento à professora Luísa Moniz pelo bom gosto,dedicação minuciosa e tempo incontável aplicados na delicada apresen- tação em livro de todos os materiais do- cumentais utilizados na Exposição. Luísa Saraiva (coordenadora da biblioteca/centro de recursos e organizadora da exposição)

Comemorações dos 120 Anos do Nascimento de Almada Negreiros Comemoram- se este ano os 120 anos do nascimento de José de Almada Ne- greiros e os 100 anos do nascimento de Almada, o artista. Foi em 1913, nos salões da Escola Internacional de Lisboa, que o mundo viu nascer o artista Almada, figura ímpar da vanguarda portu- guesa. Nenhum outro do seu tempo, na verdade de qualquer tempo, foi tão prolífico na exploração dos vários níveis de expressão artís- tica e no virtuosismo com que ne- les se exprimiu. Almada Negreiros

dramaturgo, conferencista, desenha- dor, vitralista, romancista, ensaís- ta, crítico de arte, e tudo! http://www.cm-lisboa.pt/noticias/ detalhe/article/ José de Almada Negreiros ( 07—abril—1893 , São Tomé 15-junho-1970 , Lisboa ) José de Almada Ne- greiros estreia-se como dese- nhador hu- morista em 1911, par- ticipando, em 1912 e 1913, nos I e II Salões dos Humoristas Portugueses. Em 1913 realiza

os seus primeiros óleos, para a Alfaia- taria Cunha, e a sua primeira exposição individual, na Escola Internacional de Lisboa. Em Março de 1914 publica o seu primeiro poema. Em 1915, colabora no primeiro número da revista literária Orpheu e ilustra o número espécimen da revista Contemporânea. Neste mesmo ano chega a Portugal o casal Robert e Sonia Delaunay, com quem manterá um estreito contacto. Procurando, entre os movimentos de van- guarda europeus, o rumo da sua individu- alidade artística e literária, digna da «pátria portuguesa do século XX» (tal como a descreve no Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do Século XX, 1917), Almada escreve A Cena do Ódio (1915), o Manifesto Anti-Dantas e Lito- ral (ambos de 1916), A Engomadeira e K4 O Quadrado Azul (publicados em 1917). Realiza a sua segunda exposição indivi- dual na Galeria das Artes de José Pache- co, em Setembro de 1916, longe já do hu- morismo dos Salões. O rótulo futurista que, em 1917 - ano da 1.ª Conferência Futurista e de Portugal Futurista -, assume com Santa Rita Pin- tor, é adotado provocatoriamente como

estandarte da modernidade e da lu- ta contra o passadismo. As representações lisboetas dos Ballets Russes, em 1917 e 1918, marcam-no profundamente, animando sob a sua influência uma série de bailados representados por amado- res e por crianças, em particular pelas jovens Lalá, Tareca, Zeca e Tatão (que formam, com Almada, o «Club das Cinco Cores»). A poética da ingenuidade almadia- na, intimamente relacionada com este grupo, será desenvolvida em Paris, cidade onde vive relativa- mente isolado entre 1919 e 1920, prosseguindo a sua aprendizagem fora das academias livres e dos ateliers e contactando apenas de passagem com os artistas de van- guarda. De regresso a Lisboa, realiza a sua terceira exposição individual no Teatro de S. Carlos, apresen- tando desenhos feitos em Paris. Anuncia, no âmbito desta exposi- ção, A Invenção Do Dia Claro

(publicado em 1921), manifesto poético da ingenuidade. Durante os anos vinte publica Pierrot e Arlequim (1924) e começa a escrever Nome de Guerra (1925); colabora nas revistas Contemporânea, Athena, e Presença, no Diário de Lisboa, e no Sempre Fixe; par- ticipa na Exposição dos Cinco Indepen- dentes (1923), e nos I e II Salões de Outono (1925 e 1926); pinta Auto-Retrato Num Grupo e Banhistas, para a Brasileira do Chiado (1925), e um Nu Feminino, para o Bristol Club (1926); integra o grupo de artistas «novos» que José Pacheco tenta, em vão, fazer entrar na Sociedade Nacional de Belas Artes; e constata que«é viver o que é impossível em Portu- gal» (Modernismo, 1926). Parte, então, para Madrid (1927-1932), onde participa activamente na cena ar- tística e literária, convivendo e cola- borando com os artistas, arquitectos e escritores mais representativos da mo- dernidade espanhola. De regresso a Lis- boa, realiza a conferência Direcção Úni- ca, defendendo a unidade entre indivíduo e colectividade, «esses dois valores iguais, recíprocos, que dependem um do outro e que isoladamente se suicidam por

suas próprias mãos». Relação difícil mas que Almada vê es- perançado, em Março de 1935, no âmbito da I Exposição Oficial de Arte Moder- na, uma iniciativa de António Ferro, figura próxima da geração de Orpheu e director do recém-criado SPN: «Ser ar- tista é um resultado directo da huma- nidade e da sociedade; é um lugar le- gítimo de determinadas individualida- des», «aos poderes públicos compete- lhes tão-somente não ignorar e reco- nhecer os determinados valores que a humanidade e a sociedade lhes indi- cam», «é com grande respeito que vejo, pela primeira vez na minha terra, os poderes públicos ao lado da arte mais nova de Portugal». Com uma «personalidade» artística já definida e alguma estabilidade emocio- nal (graças ao casamento com a pintora Sarah Affonso em Março de 1934) e fi- nanceira (devido às encomendas públi- cas que começa a receber), Almada prossegue sozinho o caminho aberto com os seus antigos camaradas, rumo à con- sagração. Como escritor, com a publi- cação de Nome de Guerra, em 1938, que inaugura a Colecção de «Autores Mo- dernos Portugueses» (dirigida por João

Gaspar Simões, Edições Europa). Como pintor, premiado em 1942 (Prémio Colum- bano), em 1946 (Prémio Domingos Sequei- ra), em 1957 (Fundação Calouste Gulben- kian), e em 1966 (Prémio Diário de No- tícias), e autor das decorações a fres- co para as Gares Marítimas de Alcântara (1943-1945) e da Rocha do Conde de Óbi- dos (1946-1949), e dos Retratos de Fer- nando Pessoa para o Restaurante Irmãos Unidos (1954) e para a Fundação Calous- te Gulbenkian (1964). Enquanto teórico de arte, com os ensaios Ver (1943), Mi- to – Alegoria – Símbolo (1948), e A Chave Diz: Faltam Duas Tábuas e Meia no Todo da Obra de Nuno Gonçalves (1950), textos que teorizam a incessante busca do cânone, fundamento da criação uni- versal, que explora na série de quatro óleos abstracto-geométricos apresenta- dos na I Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian (1957), e sintetiza no painel Começar (1968- 1969), realizado para a entrada da mes- ma Fundação. Fonte: Câmara Municipal de Lisboa

linha do tempo



José Sobral de Almada Negreiros nasceu a 7 de Abril de 1893 na Roça Saudade, da ilha de S. Tomé. A mãe, Elvi- ra Freire Sobral, era uma bela santomense de 20 anos incompletos, que estudara no colégio das Ursulinas, em Coimbra, onde não passara despercebido o seu talento para o desenho - e o pai, António Lobo de Almada Negrei- ros, originário de Aljustrel, Alentejo, um intelectual que mantinha a atividade de jornalista, ensaísta e poeta, exercendo na altura o cargo de administrador do conce- lho de S. Tomé. José é o primeiro filho de ambos. A harmonia familiar vai porém ser destruída por uma tragédia: em 1896, Elvira morre durante o parto de uma menina, e com ela o bebé. Em Lisboa os filhos ficam entregues a familiares: os avós e um casal de tios. O pai segue para Paris para aí assumir o seu importante cargo de organizador do Pavilhão das Colónias Portuguesas na Exposição Universal

de 1900. Em Paris refaz a sua vida, fixa-se, volta a casar e qua- se não verá mais os filhos, que, entretanto, entram como inter- nos no colégio dos Jesuítas de Campolide, em Lisboa. Passando o ano inteiro no colégio, responsável por tomar conta do irmão, José aprende a viver pelos seus próprios meios. Cedo se destaca não tanto como estudioso mas como um curioso da mecânica e da vasta biblioteca da instituição, além de revelar uma incontrolável propensão para a escrita e sobretudo para o desenho. Executa caricaturas de professores e alunos, retrata cabeças que acha interessantes, inventa jornais… ficando mag- netizado pelas primeiras linhas lançadas ao papel como se dei- xasse de controlá-las – recordará mais tarde. Aos jesuítas não passará despercebida esta manifestação de um talento espon- tâneo e precoce, e cedo lhe arranjam um quarto individual que usa como atelier. José é também uma criança travessa e extrovertida. Adora desporto, de que é excelente praticante, correndo, jogando futebol, ténis e squash.

Já então o rosto de José está dominado por um olhar intenso e penetrante, que não deixam nenhum interlocutor indiferen- te. O anticlericalismo da República portuguesa, proclamada a 5 de outubro de 1910, leva ao encerramento do colégio de Cam- polide, após 10 anos de internamento de José. Na capital, é de novo internado na Escola Internacional, um colégio de gente rica. Em 1911 consegue começar a publicar na imprensa os seus primeiros desenhos. São ainda trabalhos humorísticos tradicionais. Mas a partir dessa data nota-se uma rápida evolução do traço, uma vontade de alcançar algo de diferente. Com 19 anos surge entre o grupo de desenhado- res e caricaturistas que em maio de 1912 organizam no Gré- mio Literário, em Lisboa, a I Exposição do Grupo de Humoris- tas Portugueses, presidida pelo filho de Rafael Bordalo Pi- nheiro e que contou com a visita do presidente da república, Manuel de Arriaga. Os humoristas tentam demarcar-se das

convenções dominantes nas artes plásticas, onde reina o naturalismo, ao estilo de Silva Porto, Malhoa, Columbano, Carlos Reis e Roque Gameiro. No ano seguinte, em junho, e com menor impacto, repete-se nova exposição. Será também neste ano que Almada e o ir- mão decidem emancipar-se e passar a viver independentes. Almada aparece com atitudes inesperadas, resultantes da combinação de alguma pureza e ingenuidade com uma óbvia intenção de pasmar os outros, sem distinguir a farsa do que é sério. Mostra-se veemente nas intenções e categórico nos aforismos que gosta de criar e proclamar.(…) Joaquim Vieira – Fotobiografias Século XX

ALMADA NEGREIROS LINHA DO TEMPO

JOSÉ DE ALMADA NEGREIROS 7 DE ABRIL DE 1893 — ROÇA DA SAUDADE, S. TOMÉ E PRÍNCIPE. 15 DE JUNHO DE 1970 - LISBOA (no mesmo quarto de Pessoa). Criança da Roça da Saudade, Rui Correia José de Almada Negreiros

Foi o primeiro filho de António Lobo de Almada Negreiros, tenente de cavalaria natural de Aljus trel, administrador do Concelho de São Tomé, e de sua mulher Elvira Sobral de Almada Negreiros, uma mestiça com fortuna paterna, natural dessa ilha, que morreu em 1896. 1900 — o pai é nomeado encarregado do Pavilhão das Colónias na Exposição Universal de Paris; Almada e o irmão António são internados no Colégio Jesuíta de Campolide, Lisboa, onde irão residir até à extinção do colégio, em 1910, na sequência da im- plantação da Repú- blica Colégio Jesuíta de Campolide

Almada, A Espuma das Palavras1905 - Dedica-se já às letras e ao desenho. A República e O Mundo são títulos de jornais manuscritos em que ilustrações e textos são de sua autoria (tem 12 anos). 1911 - Matricula-se na Escola Internacional, na Rua da Emenda, Lisboa, que frequenta até 1913. -Publica os primeiros desenhos e caricaturas. Bombeiros

1912 Redige e ilustra de forma integral o jornal manuscrito Autocaricatura , A Paródia (reproduzido a copiógrafo na própria escola) Capa do catálogo doI Expõe no I Salão dos Humoristas Portugueses. Salão dos Humoristas 1913 Expõe no II Salão dos Humoristas Portugueses Portugueses Faz os primeiros óleos para a Alfaiataria Cunha Um cartaz de Almada e a 1ª exposição individual na Escola Internacional de Lisboa (90 desenhos) Estabelece contacto com Fernando Pessoa na sequência da crítica à exposição que este publica em A Águia Colabora como ilustrador em jornais Escreve a sua primeira obra poética Prepara o primeiro projeto de bailado (O sonho da rosa)

1914 - Colabora como diretor artístico no semana- rio monárquico Papagaio Real Papagaio Real, 7 Abril 1914 1915 - Colabora no 1º número da revista Orpheu Ilustra o número espécimen da revista Contemporânea Escreve A Cena do Ódio (ed. 1923) e o Manifesto Anti- Dantas e por extenso Faz a 2ª Exposição Individual na Galeria das ar tes de José Pacheco Chegam a Portugal Sónia e Robert Delauney com quem manterá um estreito contacto.

1916 - Escreve: Manifesto em apoio à 1ª exposição de Amadeo de Souza Cardoso - Liga Naval de Lisboa Litoral (poesia) Mima Fataxa Sinfonia Cosmopolita (novela) Saltimbancos (novela incluída no único número de Portugal Futurista). 1917 - Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do Século XX - (conferência, publicada na revista Portugal Futurista) K4, O Quadrado Azul (novela) A Engomadeira Assume com Santa Rita Pintor o rótulo de futurista que é adotado provocatoriamente como estandarte da moder nidade e da luta contra o passadismo.

1917 /18 - Profundamente marcado pelos Ballets Russes, anima sob a sua influência uma série de bailados (entre eles, O Jardim da Pierrette, 1918) representados por amadores e por crianças, em particular por quatro jovens que formam com ele o “Clube das Cinco Cores”. Com este grupo está intimamente relacionada a poética da ingenuidade al- madiana que será desenvolvida em Paris 1918 - Morrem Amadeo de Souza Cardoso e Santa Rita Pintor. Santa Rita Amadeo de Souza Cardoso 1919 - Vai viver para Paris, numa mansarda. Para viver trabalha como dançarino de salão, bailarino nu ma boite, empregado de fábrica. Vive relativa mente isolado, prosseguindo a sua aprendizagem fora das academias livres e dos ateliers e contactando apenas de passagem com os artistas de vanguarda. Histoire du Portugal par Coeur (poema em prosa)

Almada, Banhistas1920 - De regresso a Lisboa realiza a 3ª Exposição Individual no Teatro de S. Carlos com desenhos feitos em Paris. No âmbito da exposição anuncia A Invenção do Dia Claro, manifesto poético da ingenuidade. Dedica-se essencialmente ao desenho. Faz capas de li- vros, cartazes, desenhos humorísticos. Escreve textos. 1921 - Publica: O Menino dos Olhos de Gigante (poesia) A Invenção do Dia Claro 1923 - Colabora na Exposição dos Cinco Independentes. 1924 - Publica Pierrot e Arlequim (teatro).

1926 - A Questão dos Painéis; a história de um acaso de uma importante descoberta e do seu autor (ensaio) Colabora no II Salão de Outono Pinta Nu Feminino para o Bristol Club. Durante os anos 20 colabora nas revistas Contemporânea, Athena, Presença, no Diá- rio de Lisboa e no Sempre Fixe. Integra o grupo de artistas «novos» que José Pacheco tenta, em vão, fazer entrar na Sociedade Nacional de Belas Artes e constata que é viver o que é impossível em Portugal (1926). 1927 - Vai viver para Madrid. Colabora em várias publicações espanholas, Cronica, La Farsa entre outras. Escreve El Uno, tragédia de la Unidad que dedica à pintora Sarah Afonso. Colabora com arquitectos. Faz murais na Cida de Universitária de Madrid, nos cinemas Barceló e San Carlos e no Teatro Muñoz Seca. Estas duas últimas obras hão de dessa parecer durante a guerra.

1928 - Publica Deseja-se Mulher (teatro). Almada e Sarah Affonso 1929 - Faz decorações murais, Cine San Carlos, Madrid Publica SOS (teatro). 1932 - Regressa a Lisboa e faz a conferência Direção Única . 1933 - Faz a conferência Arte e Artistas. Elabora o cartaz para o SPN (Secretariado da Propaganda Na cional): Votai a nova Constituição. 1934 - Casa com a pintora Sarah Affonso.

1935 - Pinta Maternidade. Funda e colabora em Sudoeste: Almada, Duplo Retrato Almada, Maternidade cadernos de Amada Ne greiros . Publica um retrato de Pessoa no Diário de Lisboa quan do o poeta morre. 1936 - Pinta Duplo Retrato. 1938 - Acaba os vitrais para a Igreja de Nossa Se nhora de Fátima, Lisboa Publica Nome de Guerra (romance). 1940 - Faz os vitrais, para o Pavilhão da Coloniza ção, Almada, Vitral da Igreja de Nossa Senhora de Fátima

1942 - Pinta Homenagem a Luca Signorelli Pormenor do tríptico da Pinta Mulher, que ganha o Prémio Columbano. 1943 - Escreve Ver (ensaio, teoria sobre arte). 1945 - Inicia os frescos para a Gare Marítima de Alcântara. 1946 - Inicia os frescos para a Gare Marítima da Rocha do Conde de Óbidos Recebe o prémio de pintura Domingos Sequeira. 1947 - Termina as pinturas murais na Gare Marítima de Al- cântara. 1948 - Termina as pinturas murais na Gare Marítima da Rocha do Conde de Óbidos. Escreve Mito-Alegoria-Símbolo (ensaio).

1950 - Faz a palestra Theleon e a Arte Abstrata Escreve A chave diz: faltam duas tábuas e meia de pintura no todo da obra de Nuno Gonçalves (ensaio). 1954 - Pinta o Retrato de Fernando Pessoa para o Restaurante Irmãos Unidos. 1957 - Expõe quatro óleos na I Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian Recebe o prémio Fundação Calouste Gulbenkian 1959 - O SNI atribui-lhe o \"Prémio Nacional das Artes\". Almada, Retrato de Fernando Pessoa para Os Irmãos Unidos.

1961 - Decora as fachadas de edifícios na Cidade Universitária de Lisboa: Faculdade de Direito; Faculdade de Letras; Reitoria (1957-61). Almada, gravuras incises na fachada da Almada, gravuras incisas na fachada Faculdade de Direito da Faculdade de Letras Almada, gravuras incisas na fachada da Reitoria 1964 - Pinta o Retrato de Fernando Pessoa para a Fundação Gulbenkian. 1966 - Recebe o Prémio Diário de Notícias. 1969 - Desenha Começar, inciso na parede do átrio de entrada da sede da Fundação Calouste Gulbenkian.



Almada Negreiros — O Artista Total Artista plástico Escritor Artes de Palco Começar





Quando cheguei aqui o que havia estava no fim e o que estava por vir andava disperso pelo sonho de alguns. Mas a maioria vivia o seu dia-a-dia e todos contentes por serem todos assim. Eles não davam pelo fim quanto mais pelo que se assomava mais além - isto que já começava nos sonhos de al- guém. E foi terrível isto de viver o que há-de vir entre os que apenas usam o que ainda há. Era como se tivessem apostado todos em não me deixarem chegar ao que eu andava a sonhar. Enquanto pude fiz-me louco medido,

destes que andam à solta sem ser preciso encerrá-los. Encontrei exactamente a medida de escapar à medida deles e sem estragar a medida de ninguém. Sem eu saber fiz todo um método toda uma arte de atravessar a multi- dão. Fiz-me invisível no simulacro de mim. Mas guardava-lhes a surpresa que tinha guardada para mim. E foi aqui que me enganei: A minha surpresa só serve para mim e para o futuro e não cabe nestes dias de hoje que já foram sonhados por outros. A minha surpresa ainda é só para mim ainda é só o meu sonho que já nasceu para mim e para o futuro e que tem apenas cor, cor que ainda não tem nome, nome que ainda não tem feitio, feitio que ainda não faz perfil, perfil que ainda não se desvenda, é apenas inconfundível, e apesar de ainda não estar registado apenas o tempo sabe que já chegou aqui. Almada Negreiros, Terceira Manhã, in Poesias

Almada Negreiros é uma figura ímpar no panorama artísti- co português do século XX. Essencialmente autodidata (não frequentou qualquer escola de ensino artístico), a sua pre- cocidade levou-o a dedicar-se desde muito jovem ao dese- nho de humor. Mas a notoriedade que adquiriu no início de carreira prende-se acima de tudo com a escrita, interventi- va ou literária. Almada teve um papel particularmente ativo na primeira vanguarda modernista, com importante contri- buição para a dinâmica do grupo ligado à Revista Orpheu, sendo a sua ação determinante para que essa publicação não se restringisse à área das letras. Aguerrido, polémico, assumiu um papel central na dinâmica do futurismo em Portugal.

Mas a intervenção pública de Almada e a sua obra não marcaram apenas o primeiro quartel do século XX. Ao contrário de companheiros próximos como Amadeo de Souza-Cardoso e Santa-Rita, ambos mortos em 1918, a sua ação prolongou-se ao longo de várias décadas, sobrepon- do-se à da segunda e terceira geração de modernistas. (…) Ao longo da vida empenhou-se numa enorme diversidade de áreas e meios de expressão – desenho e pintura, en- saio, romance, poesia, dramaturgia… até o bailado(…). Sem se fixar num domínio único e preciso, o que emer- ge é sobretu- do a imagem do artista total. wikipedia

ao colo da mãe, 1894 com o irmão António



anos 30, Almada Negreiros e colegas do Colégio de Campolide, no Portinho da Arrábida, 1909


Like this book? You can publish your book online for free in a few minutes!
Create your own flipbook