Revista Científica FAEMA v. 09, n. 1, jan./jun. 2018

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.medicamentos de forma correta, na sintomatologia apresentadas peloconsequentemente há um aumento no riscode agravamento no seu estado de saúde. (8) próprio paciente, sem a orientação ouPara garantir o URM, é necessário umconjunto de medidas, tais como: acompanhamento de um profissionaldiagnóstico correto por parte do prescritor;prescrição correta de acordo com sua habilitado, (10) sendo fato bastante discutidocondição fisiologia; assegurar o acesso aomedicamento no tempo e na quantidade na bípede médico-farmacêutico, e deindicada; e um acompanhamentofarmacoterapêutico por parte dos acordo com a Associação Brasileira dasfarmacêuticos, com base nesse tripé:prescritor – paciente – farmacêutico Indústrias Farmacêuticas (ABIF), no Brasilalcança-se resultados concretos eeficientes. (7) aproximadamente 80 milhões de indivíduos3.2 Uso irracional de medicamentos são adeptos dessa prática. (11) O UIM envolve fatores como:prescrição excessiva de medicamentos, Essa prática se tornou um problemaalto risco de IM, falta de AF e a prática deautomedicação. Decorrente desses fatores potencialmente prejudicial à saúde dahá um acréscimo na procura por serviçosde saúde, aumentando principalmente o população, devido ao uso indiscriminado deíndice de hospitalizações, onde 51% sãoocasionadas pelo UIM. Dessa forma essa medicamentos como podemos destacar osprática se torna responsável por surgimentode novas patologias e complicações no seu over the conter (OTC), ou de venda livre,estado de saúde. (9)Casos como automedicação e a aquisição por exemplo: Paracetamol, Ácidode medicamentos via Internet tornam-secada vez mais frequentes nos dias atuais. Acetilsalicílico, Dipirona Sódica,A automedicação é uma prática deautocuidado à saúde, entendida como Ibuprofeno, entre outros, que podem causarescolha do uso de medicamentos baseadas diversas consequências como mascarar sintomas de diversas doenças, interferências em resultados clínicos, além do risco de IM. (12) Medicamentos adquiridos via internet podem intensificar a automedicação, devido a oferta de preços mais atrativos e/ou também pela facilidade de fornecimento de medicamentos controlados de forma ilegal sem prescrição médica ou orientação farmacêutica. (13) Essa comodidade acaba cobrando seu preço, já que o uso de produtos farmacêuticos sem a orientação compromete a eficácia e segurança do tratamento, comoO PAPEL DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE E DO USO RACIONAL DE 402MEDICAMENTOS

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.consequência há um aumento no número especial pelos idosos, podendo causarde hospitalizações pelo UIM. (8) agravamentos no estado de saúde. (14)Outro fator relevante que podemos A publicidade em torno dos medicamentosdestacar, é a prática de conservar feita de uma forma inconsequente aumentamedicamentos em casa, decorrentes das o incentivo para o consumo irracional deinterrupções de tratamentos por diversos medicamentos. Dados obtidos pelo Projetomotivos, dentre eles os efeitos adversos e de Monitoração de Propaganda da Agenciao número excessivo de medicamentos Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)prescritos, gerando “sobras de mostraram que 90% dos comerciais demedicamentos” que acabam sendo medicamentos exibem irregularidade, 15%estocados nas famosas “caixinhas de de 1,5 mil propagandas de venda sobremédio” ou “farmacinhas”, aumentando o prescrição avaliadas pela ANVISA nãorisco de do UIM, intoxicação apresentavam cuidados e advertências, emedicamentosa e uso inadequado em 14% deixam de alertar sobre as contraindicações. (15)Gráfico 2 - Estatística anual de casos de intoxicação e envenenamento.50,00% 27,70% 44,20% Medicamentos40,00% 16,50% 5,20% Agrotóxico Agrícola30,00%20,00% Fonte: SINITOX, (2010).10,00% 0,00% Quantidade de Óbitos por intoxicações no intoxicação registrados - 2010 Brasil - 2010No Brasil no ano 2010 o Sistema Nacional óbito por agentes tóxicos no pais, comode Informação Tóxico-Farmacológicas, mostra o (Gráfico 1). (16)realizou um estudo de investigação sobre a No Brasil, estudos mostraram que 35% dosmorbimortalidade e intoxicação associada medicamentos são obtidos pela prática daao uso de medicamentos, onde os automedicação, dentre eles estão:medicamentos ficaram na lista de maior descongestionantes nasais, analgésicos,causa de intoxicação e segunda maior em anti-inflamatório/ antirreumático e os anti- infecciosos de uso sistêmico. Sendo queO PAPEL DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE E DO USO RACIONAL DE 403MEDICAMENTOS

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.44,1% destes seriam necessários a 338/2004 do Conselho Nacional de Saúde,prescrição médica para adquiri-los. (17)O UIM é um tema preocupante de saúde apresentando definições de AF e AT,pública, e cabe ao profissional farmacêuticorealizar ações que estimulem a reflexão focando na PNM. (22) (23)sobre este tema, atraindo profissionais desaúde, políticos, gestores e principalmente A PNM é avaliada como o primeiroa população (18) (19) pois o paciente só teráresultados positivos se o acesso ao posicionamento formal do governotratamento farmacoterapêutico e se aprescrição visar a racionalidade brasileiro sobre os medicamentos no queterapêutica.3.3 Política Nacional de Medicamentos diz respeito a reforma sanitária. Foi(PNM) e suas açõesA Política Nacional de Medicamentos estabelecida com embasamento nas(PNM) é uma parte indispensável daPolítica Nacional de Saúde, compondo um diretrizes da OMS a fim de oferecer àdos meios essenciais para aimplementação de atividades eficientes, população medicamentos seguros,capazes de promover o acesso dapopulação a medicamentos de qualidade e eficazes e com qualidade, promover URM eeficácia comprovada. (20)PNM foi constituída em 1999, constituindo o acesso da população a medicamentosum dos seus grandes marcos, o Ministério essenciais. (24)da Saúde (MS), a partir daí criou-se aANVISA, por meio da Lei nº. 9.782, que foi A PNM tem como a primeira diretriz aassinalada pelo encargo de “proteger e “Revisão Permanente da Relação Nacionalpromover a saúde, garantindo a segurança de Medicamentos Essenciais (RENAME) ”,sanitária dos produtos e serviçossubmetidos à Vigilância Sanitária”. (21) baseada nas prioridades nacionais deFoi aprovada no ano de 2004 a PolíticaNacional de Assistência Farmacêutica saúde acatando a eficácia terapêutica(PNAF) por meio da Resolução nº. comprovada, segurança, qualidade e a disponibilidade do medicamento. (22) A segunda diretriz faz referência à “Regulamentação Sanitária de Medicamentos”, onde irá tratar de assuntos relacionados ao registro de medicamentos e à autorização para o funcionamento de empresas produtoras e de estabelecimentos comerciais. (24) Sua terceira diretriz aborda a “Reorientação da Assistência Farmacêutica”, estabelecida como uma ação importante na promoção e melhoramento da saúde, a fim de desenvolver um padrão de AF que não seO PAPEL DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE E DO USO RACIONAL DE 404MEDICAMENTOS

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.prenda somente em aquisições e dos profissionais envolvido nos distintosdistribuições de medicamentos. (25) planos e atividades que operacionalizarão aA PNM há como quarta diretriz a “Promoção PNM. (29)do Uso Racional de Medicamentos”, que é A implantação PNM de uma forma geral,um conjunto de atividades que inclui: A trouxe crescimento a Política de Saúde eescolha da terapia medicamentosa algumas diretrizes vêm sendoapropriada; dispensação correta, implementadas. Destaca-se a RENAMEinformação necessárias sobre os estimada como “pedra fundamental” para amedicamentos prescritos; adesão ao PNM e a Reorientação da Assistênciatratamento pelo paciente e Farmacêutica que ocasionou aumentos deacompanhamento farmacoterapêutico. (26) pessoas que foram beneficiadas com oA quinta diretriz segue o “Desenvolvimento Programas de Assistência FarmacêuticaCientífico e Tecnológico”, que tem o foco na (PAF), sendo: aumento de 385% noatenção da saúde coletiva do campo da Programa de Medicamentos Excepcionais,produção/consumo de bens em saúde em 313%, no PAF na Atenção Básica e 193%especial. (27) no PAF de Doenças SexualmenteA PNM tem como a sexta diretriz “A Transmissíveis. (30)Promoção da Produção de Medicamentos”, 3.4 Contribuições do farmacêutico paraonde esforços são concentrados para que a promoção da saúdeseja constituída articulações eficazes na As ações de farmacovigilância surgiramprodução de medicamentos da RENAME, a após o ano de 1962 devido a catástrofeencargo dos distintos segmentos decorrentes do uso da talidomida porindustriais. (24) gestante onde ocorreu uma epidemia deA “Garantia da Segurança, Eficácia e focomelia, como consequência resultou-seQualidade dos Medicamentos” estabelece em uma nova forma de encarar o uso dea sétima diretriz que tem por finalidade o medicamentos, passando a atentar-se acumprimento da regulamentação sanitária, farmacoterapia do paciente. (1)enfatizando as ações de inspeção e A farmacovigilância se baseia na avaliação,fiscalização. (28) detecção e prevenção dos PRM, tendo aA PNM apresenta como última diretriz habilidade de avaliar os riscos e os“Desenvolvimento e Capacitação de benefícios de um determinado produto,Recursos Humanos”, que se trata do assegurando que este mantenha acontínuo desenvolvimento e capacitaçãoO PAPEL DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE E DO USO RACIONAL DE 405MEDICAMENTOS

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.qualidade e segurança compatíveis com Para a promoção e recuperação da saúdeseu uso racional. (31) o medicamento torna-se o insumoO profissional farmacêutico desempenha essencial, e a AF permite uma aproximaçãoseu papel diante a sociedade, maior do farmacêutico com o paciente, paracorresponsabilizando-se pelo bem-estar e uma adesão concreta do tratamentoselando a qualidade de vida, trabalhando farmacológico e também para alcançarpara que não ocorram problemas resultados que promovam uma melhordecorrentes ao tratamento farmacológico. qualidade de vida ao paciente. Para que isso ocorra, é necessário conscientizar o(32) paciente da importância de respeitar a posologia. (34)A promoção da saúde é um processo de Com a aprovação da PNAF em 2004 quepreparo da população para agir na melhoria estabeleceu a presença do farmacêutico noda sua qualidade de vida e saúde, com uma Sistema Único de saúde (SUS),maior participação nesse processo. amadureceu a política de saúde e viabilizou“Entendia como mudanças de a AF como um processo fundamental docomportamento dentro da organização, cuidado em saúde, permitindo osatisfatórios para favorecer a saúde de envolvimento do farmacêutico na equipe decamadas mais amplas da população”. saúde e atenção ao usuário. (35)Desta forma o novo contexto da prática Para estabelecer as funções da AF e a suafarmacêutica, onde o cuidado com o bem- inclusão na atenção à saúde, osestar do paciente passa ser prioridade em farmacêuticos necessitam estar dispostos esuas ações, o farmacêutico assume um preparados para suprir as carências dopapel essencial, somando seus sistema de saúde com competências econhecimentos aos de outros profissionais experiências que viabilizem acom o objetivo final a promoção da saúde. implementação da prática de AF como uma política de saúde. A AF não está limitada(1) (33) somente a produção e distribuição de medicamentos, mas compreende um3.5 Assistência Farmacêutica (AF) conjunto de procedimentos que alcançam aA AF tem como objetivo ações voltadas à promoção, prevenção e recuperação daproteção, promoção, recuperação da saúde, tanto individual quanto coletiva,saúde, tanto de forma individual como centrado no medicamento. (34)coletiva, colocando o medicamento comoinsumo essencial, tendo como objetivo oseu acesso e o uso racional. (6)O PAPEL DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE E DO USO RACIONAL DE 406MEDICAMENTOS

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.Nesta concepção a AF exibe um ciclo medicamento, programação, aquisição,definido como Ciclo da Assistência armazenamento, distribuição e aFarmacêutica (CAF), como exibe a (Figura dispensação dos mesmos. (36)1), que abrange seis atividades: seleção doFigura 24 – Ciclo da Assistência Farmacêutica. Fonte: BRASIL (2001).A seleção é indispensável para todo o ciclo, articuladas que tem como objetivos oonde o farmacêutico realiza a escolha de abastecimento dos medicamentos emforma racional dos medicamentos, quantidade adequada e com característicasoferecendo desta forma um acesso asseguradas, ao menor custo possível. (38)padronizado e eficaz, colaborando assimpara promoção e racionalidade da (36)prescrição e dispensação dos fármacos. (36) O Armazenamento é responsável por(19) garantir a qualidade dos medicamentos através da estocagem correta,No CAF, a Programação representa uma armazenamento adequado e um rígidoatividade respeitável, que tem como controle de estoque. (37)objetivo que o serviço ou sistema conte A etapa de Distribuição é onde omedicamentos adequados e previamente farmacêutico irá organizar osselecionados, nas quantidades suficientes medicamentos e produtos de saúde, com oe em tempo cabível, atentando-se para a objetivo que as unidades requisitantes oupromoção do URM. (37) (38) centros de distribuição recebam osA Aquisição de medicamentos, medicamentos em condições de segurançaconstituindo-se em um conjunto de ações e quantidade necessária. (28)O PAPEL DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE E DO USO RACIONAL DE 407MEDICAMENTOS

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.A Dispensação é a sexta atividade do CAF, No Brasil em 2002 a Organização Pan-para a realização desta atividade ofarmacêutico deve garantir que os Americana da Saúde (OPAS) produziu ummedicamentos sejam dispensados nasdoses prescritas, na quantidade adequada. encontro para discutir a AT, onde foi criada a “Proposta de Consenso Brasileiro de(34) Atenção Farmacêutica”, que teve o objetivoNa dispensação para que o usuário se de uniformizar os conceitos da práticaadere ao tratamento farmacoterapêutico enecessário que o farmacêutico saiba se profissional no país. Esta proposta defendecomunicar com o paciente, ouvindo-o esendo prestativo para que possa que a AT deve estar dirigida para adesenvolver técnicas de abordagem onde opaciente sinta-se confortável em receber promoção da saúde, dispensação,informações importantes sobre seutratamento, ou seja humanizar o atendimento, orientação eatendimento. (28)Com base no CAF a inclusão do acompanhamento farmacêutico. (26)farmacêutico passa a ser fundamental,assumindo assim um caráter essencial para O contado direto do farmacêutico com oa atenção à saúde (39).3.6 Atenção farmacêutica (AT) paciente, visando um tratamento Entre as principais intervenções para medicamentoso racional e obtenção depromover o URM está a prática da AT queé definida como uma ação profissional em resultados definidos, tornam as suas açõesque o paciente é o beneficiário dasatribuições do farmacêutico, estando uma prática mais humanizadas esempre em primeiro lugar. Nesta atividadesão incluídas atitudes, compromissos, contextualizadas. Assim demostram-se oscuidados, responsabilidades, valoreséticos, e acompanhamento da benefícios proporcionando ao longo dofarmacoterapia, a fim de privilegiar a saúdedo paciente. (4) tempo, melhorias na eficácia terapêutica e prevenção de doenças. (40) Para o desenvolvimento dessa prática é necessário que haja ações ancoradas ao tripé farmacêutico-paciente-medicamento, que possibilite o uso de estratégias educacionais como o acompanhamento terapêutico e pesquisas de suas necessidades relacionadas aos medicamentos. (13) É importante ressaltar que farmacêutico é o único profissional de saúde com potencialidade e formação para exercer a AT, pois todo seu conhecimento sobre medicamentos direciona sua base deO PAPEL DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE E DO USO RACIONAL DE 408MEDICAMENTOS

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.formação ao bem-estar físico, mental e qualidade, eficazes e de segurançasocial dos pacientes, possibilitando uma comprovada, como exibe a PNM, trazendovisão geral de integralidade do ser humano. benefícios à equipe multidisciplinar que atua no CAF.(2) Diante da carência da população em relação a profissionais mais atuantes que4 CONSIDERAÇÕES FINAIS buscam do URM, surge uma grandeUm dos principais desafios da classe oportunidade para pratica da AT onde ofarmacêutica é transformar condutas, farmacêutico desempenhara seu papelincorporando a profissão farmacêutica um perante a sociedade.modelo que possibilite ao farmacêutico A OPAS tem assumido um papel relevanteadotar responsabilidade com a na construção do modelo brasileiro defarmacoterapia do paciente e atuar como atenção farmacêutica, como agente doagente do URM, com o intuito de aumentar URM, e cabe ao profissional farmacêuticoa adequação em seu uso, e principalmente buscar seu espaço frente às equipes deevitar a automedicação. saúde, assim criando laços queO UIM é um considerável problema de mantenham sua prática profissional, afimsaúde pública, assim, é necessário analisar de procurar e identificar as necessidadeso potencial de contribuição do profissional reais do paciente.farmacêutico e efetivamente uni-lo às Com tudo essa nova prática farmacêutica,equipes de saúde com objetivo de garantir vai além de beneficiar amplamente oo URM e diminuir os riscos de paciente, ela vem valorizando o profissionalmorbimortalidades. farmacêutico, que deixa de ser comercianteA promoção da saúde e uma das de medicamentos passando a ser a fonteatribuições do profissional farmacêutico de informações e orientaçõesatravés principalmente de um serviço de indispensáveis para a recuperação do bem-farmácia com qualidade, ficando englobado estar dos pacientes, retornando assim aoneste contexto a orientação e o desempenho do seu papel assistencialistaacompanhamento farmacoterapêutico. diante da sociedade.O farmacêutico na AF vai além dedispensar medicamentos, uma vez que apopulação necessita de medicamentos deREFERÊNCIASO PAPEL DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE E DO USO RACIONAL DE 409MEDICAMENTOS

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.1. Vieira FS. Possibilidades de contribuição brasileira: fatores sociais e políticos.do farmacêutico para a promoção da Infarma-Ciências Farmacêuticas. 2013.saúde. Ciência Saúde Coletiva. 2007. 12. Bastos JL, Boing AF, Bertoldi AD, Boing2. ENEFAR. Campanha 5 de maio pelo uso AC, Peres KG. Acesso a medicamentos nocorreto de medicamentos. Executiva setor público: análise de usuários doNacional dos Estudantes de Farmácia. Sistema Único de Saúde no Brasil.2013. Cadernos de Saúde Pública. 2013.3. Amaral FZJ, Amaral RG, Provin MG. 13. Ministério da Saúde. Secretaria deIntervenção farmacêutica no processo de Ciência. Tecnologia e Insumos.cuidado farmacêutico: uma revisão. Revista Estratégicos. Uso racional deeletrônica de farmácia. 2008. medicamentos: temas selecionados. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2012.4. Vinholes ER, Alano GM, Galato D. Apercepção da comunidade sobre a atuação 14. Franceschet-De-Sousa I, Soares FM,do serviço de atenção farmacêutica em Biscaro F, Biscaro A. Uso racional deações de educação em saúde relacionadas medicamentos: relato de experiência noà promoção do uso racional de ensino médico da Unesc, Criciúma/SC.medicamentos. Saúde e Sociedade. 2009. Revista Brasileira Educação Médica. 2010.5. Araújo ALA, Pereira LRL, Ueta JM, 15. Brasil. Agência Nacional de VigilânciaFreitas O. Perfil da assistênciafarmacêutica na atenção primária do Sanitária-(ANVISA). Projeto deSistema Único de Saúde. Ciênc SaúdeColetiva. 2008. Monitoração de Propagandas de Produtos6. Organização Mundial de Saúde. Sujeitos à Vigilância Sanitária.Conferência Mundial sobre Uso Racionalde Medicamentos. Nairobi: OPAS; 1985. Automedicação traz sérios riscos à saúde.7. Almeida RB, Sotoriva A, Salvador Â, 2006.Folchini CM, Bordignon JC, Valdez RH. Usoracional de medicamentos numa proposta 16. Sistema Nacional de Informaçõesintegrada de educação em saúde. InstitutoFederal do Paraná (IFPR). 2013. Tóxico-Farmacológicas (SINITOX).8. Aquino DS. Por que o uso racional de Estatística anual de casos de intoxicação emedicamentos deve ser uma prioridade?.Ciência & Saúde Coletiva. 2008. envenenamento. Brasil. Rio de Janeiro9. Luiza VL. Acesso a medicamentos (RJ): Fundação Oswaldo Cruz/Centro deessenciais no Estado do Rio de Janeiro.Escola Nacional de Saúde Pública. 2003. Informação Científica e Tecnológica; 2010.10. Oliveira MA, Francisco PMSB, Costa 17. Rocha ALR. Uso racional deKS, Barros MBDA. Automedicação em medicamentos. [TCC - Especialização]. Rioidosos residentes em Campinas, São de Janeiro (RJ): Instituto de Tecnologia emPaulo, Brasil: prevalência e fatores Fármacos/Fundação Oswaldo Cruz; 2014.associados. Cadernos de Saúde Pública.2012. 18. Bortolon PC, Karnikowski MGO, Assis M. Automedicação versus indicação11. Ferreira WA, SilvA JHM, Paschoal LR. farmacêutica: o profissional de farmácia naAspectos da automedicação na sociedade atenção primária à saúde do idoso. Rev APS. 2007. 19. Reis AM. Ciências Farmacêuticas: uma abordagem em farmácia hospitalar. Seleção de medicamentos. Editora Atheneu. 2003. 20. Joncheere K, Bonfim JRA, MercuccI VL. A necessidade e os elementos de uma política nacional de medicamentos. AO PAPEL DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE E DO USO RACIONAL DE 410MEDICAMENTOS

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.construção da política de medicamentos. sua organização. Série A. Normas e1997. Manuais Técnicos, 1.ed. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2001.21. Oliveira EA, Labra ME, Bermudez JAZ.A produção pública de medicamentos no 29. Lucchese G. Globalização e regulaçãoBrasil: uma visão geral. Cad. Saúde sanitária: os rumos da vigilância sanitáriaPública. 2006. no Brasil. [Tese de Doutorado]. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz. Escola22. Ministério da Saúde. I Conferência Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca;Nacional de Medicamentos e Assistência 2001.Farmacêutica. Relatório Final: efetivando oacesso, a qualidade e a humanização na 30. Ministério da Saúde. Secretaria deassistência farmacêutica, com controle Ciência, Tecnologia e Insumossocial. Brasília (DF): Ministério da Saúde; Estratégicos. Departamento de Assistência2005. Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Assistência farmacêutica na atenção23. Ministério da Saúde. Resolução CNS no básica: instruções técnicas para sua338, de 06 de maio de 2004. Aprova a organização. Série A. Normas e ManuaisPolítica Nacional de Assistência Técnicos, 2.ed. Brasília (DF): Ministério daFarmacêutica. Diário Oficial da União, Saúde; 2006.Poder Executivo, Brasília (DF): Ministérioda Saúde; 2004. 31. Varallo FR, Mastroianni PC.24. Ministério da Saúde, 1998. Portaria n” Farmacovigilância: avaliação do3916/MS/GM, de 30 de outubro de 1998.Aprova a Poltica Nacional de risco/benefício para a promoção do usoMedicamentos. Diário Oficial da RepúblicaFederativa do Brasil, de 10 novembro de seguro de medicamentos. Porto1998. Brasília (DF): Ministério da Saúde;1998. Alegre(RS): Artmed. 2013.25. Ivama AM, Noblat L, Castro MS, 32. Otero MJ, Domínguez-Gil A.Jamarillo NM, Oliveira NVBV, Rech N.Atenção farmacêutica no Brasil: trilhando Acontecimentos adversos porcaminhos-relatório 2001-2002. Brasília(DF): Organização Pan-Americana da medicamentos: una patologia emergente.Saúde; 2002. Farm Hosp. 2000.26. Organização Pan-AmericanA de Saúde.Promoção do uso racional de 33. Machado MFAS, Monteiro EMLM,medicamentos: componentes central. Queiroz DT, Vieira NFC, Barroso MGT.Ginebra: OPAS; 2002. Integralidade, formação de saúde, educação em saúde e as propostas do27. Gadelha CAG. O complexo industrial da SUS: uma revisão conceitual. Ciênc Saúdesaúde e a necessidade de um enfoque Coletiva. 2007.dinâmico na economia da saúde. CiêncSaúde Coletiva. 2003. 34. Araújo SR, Junges F. Papel do profissional farmacêutico no âmbito da28. Ministério da Saúde. Secretaria de assistência farmacêutica. Ciênc SaúdePolíticas de Saúde. Departamento de Coletiva. 2015.Atenção Básica. Gerência Técnica deAssistência Farmacêutica. Assistência 35. Brasil. Conselho Regional de Farmácia.Farmacêutica: instruções técnicas para a Guia do Farmacêutico no Sistema Único de Saúde. Porto Alegre (RS): CRFRS; 2009. 36. Marin N, Luiza VL, Osorio-De-Castro CGS, Machado-Dos-Santos S. Assistência farmacêutica para gerentes municipais. Biblioteca de Saúde Pública. 2003.O PAPEL DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE E DO USO RACIONAL DE 411MEDICAMENTOS

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.37. Novaes MRCG, Souza NNR, Néri EDR, 39. Brasil. Conselho Federal de Farmácia.Carvalho F, Bernardino H, Marcos J. Guia A Assistência Farmacêutica no SUS. CFF:de boas práticas em Farmácia Hospitalar e Brasília (DF); 2010.Serviços de Saúde-SBRAFH. Ateliê Vide oVerso. 2009. 40. Bovo F, Wisniewski P, Morskei MLM. Atenção Farmacêutica: papel do38. Marin N. Educação farmacêutica nas farmacêutico na promoção da saúde.Américas. Olho mágico. 2002. Biosaúde. 2016. Como citar (Vancouver)Santana KS, Horácio BO, Silva JE, Cardoso Júnior CDA, Geron VLMG, Terra Júnior AT. A atuação da fisioterapiana prevenção de úlceras do pé diabético. Rev Cient Fac Educ e Meio Ambiente [Internet]. 2018;9(1):399-412.DOI: http://dx.doi.org/10.31072/rcf.v9i1.538O PAPEL DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE E DO USO RACIONAL DE 412MEDICAMENTOS

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200. FARMÁCIATRATAMENTOS HOMEOPÁTICOS PARA BRONQUITE E A PERSPECTIVA FARMACÊUTICA DOI: http://dx.doi.org/10.31072/rcf.v9i1.548 HOMEOPATHIC TREATMENTS FOR BRONCHITIS AND THE PHARMACEUTICAL PERSPECTIVE Thainara Araújo de Sousa80; Alessandra Raissa de Abreu81; Josiely Paula de Souza82; Jessica Castro dos Santos83; André Tomaz Terra Júnior84.RESUMO: A homeopatia tem se mostrado um método eficaz contra a bronquite, além de tera vantagem de ser mais saudável e não apresentar efeitos colaterais nos pacientes. Temaumentado nos últimos anos a procura por medicamentos homeopáticos para o tratamentodas mais diversas doenças inclusive a Bronquite, logo os quais se mostram muitos eficientes.A homeopatia trata as doenças como um desequilíbrio da energia vital, ou seja, o desequilíbriodas funções o organismo. Sendo este organismo formado por um corpo físico, alma e espíritoe a energia vital a responsável pela homeostase, utilizando produtos naturais na suacomposição tem sido cada vez mais a escolha das pessoas no lugar dos fármacosindustrializados que apresentam muitas contraindicações e vários efeitos adversos nospacientes. A classe farmacêutica é adepta em sua imensa maioria á alopatia, porem nos diasatuais; vem crescendo a compreensão e aceitação dos farmacêuticos para com a homeopatia.Descritores (DeCS)85: Tratamentos homeopáticos. Visão farmacêutica. Medicamentoshomeopáticos. Bronquite.ABSTRACT: Homeopathy has proven to be an effective method against bronchitis, as well ashaving the advantage of being healthier and having no side effects in patients. In recent yearsthere has been a growing demand for homeopathic medicines for the treatment of manydiseases, including Bronchitis, which have proved to be very efficient. Homeopathy treatsdiseases as an imbalance of vital energy, ie, the imbalance of the body's functions. Being thisbody formed by a physical body, soul and spirit and vital energy responsible for homeostasis,80 Acadêmica de Farmácia da Faculdade de Educação e Meio Ambiente – FAEMA. [email protected]. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5529-0939;81 Acadêmica de Farmácia da Faculdade de Educação e Meio Ambiente – FAEMA. [email protected]. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4637-7562;82 Acadêmica de Farmácia da Faculdade de Educação e Meio Ambiente – FAEMA. E-mail:[email protected]. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9286-5332;83 Fisioterapeuta e Especialista em Terapia Intensiva pela Faculdade Inspirar – Curitiba / PR. Docente do cursode graduação em Fisioterapia da Faculdade de Educação e Meio Ambiente -FAEMA, Ariquemes – RO. E-mail:[email protected]. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1534-8192;84 Mestre em Oncologia Clínica, Terapia Celular e Células troncos pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto–FMRP/USP; Docente do curso de graduação em Farmácia da FAEMA. E-mail: [email protected]: https://orcid.org/0000-0001-7365-5284.85 Vide http://decs.bvs.br.TRATAMENTOS HOMEOPÁTICOS PARA BRONQUITE E A PERSPECTIVA FARMACÊUTICA 413

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente. Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.using natural products in its composition has been increasingly the choice of people instead ofindustrialized drugs that have many contraindications and several adverse effects in thepatients. The pharmaceutical class is adept in its immense majority to allopathy, but in thepresent day; the understanding and acceptance of pharmacists towards homeopathy hasgrown.Descriptors: Homeopathic treatments. Pharmaceutical vision. Homeopathic medications.Bronchitis.INTRODUÇÃO medicamento. Funciona-se também naHá milhares de anos as plantas são homeopatia, mesmo se tratando de umutilizadas pela humanidade para fins medicamento mais natural deve havermedicinais. É comum o uso de chás para consciência para não ter-se o risco de umatratamento e prevenção das mais diversas automedicação.(2)doenças no cotidiano das pessoas. Samuel Contudo, este trabalho teve comoHahnemann acreditava que o enfermo objetivo, compreender as essenciaisnecessitava ser avaliado como um todo, maneiras de se tratar a bronquite comvisando tratar não somente a doença, mas homeopatia e sua colaboração para otodas as questões envolvidas a ela desenvolvimento do princípio dajuntamente com auxilio das plantas para se integralidade na atenção farmacêutica,obter êxito na cura do individuo. É o que levando um conhecimento amplo acerca daconhecemos hoje como homeopatia, que homeopatia e suas propriedades.utiliza fármacos de origem vegetal, animal 2 METODOLOGIAe mineral. (1) A presente pesquisa foi feita atravésA bronquite é uma doença de revisão bibliográfica do tipo exploratóriaconsiderada comum, porém se não tratada descritiva, baseada em pesquisa em livrospode levar o doente a morte. Nota-se que da biblioteca Júlio Bordignon, pertencente acada caso é um caso e precisa ser avaliado Faculdade de Educação e Meio Ambiente.e observado individualmente. Isso Também foram pesquisados artigoscorresponde como uma das características em bases periódicos Google Acadêmico edo tratamento homeopático. Biblioteca Virtual em Saúde (BVS),Pessoas com o mesmo tipo de utilizando as palavras-chave: Tratamentosbronquite podem usar medicamentos Homeopáticos, Visão Farmacêutica,diferentes e outras com tipos de quadros Medicamentos Homeopáticos e Bronquite.distintos podem utilizar um mesmoTRATAMENTOS HOMEOPÁTICOS PARA BRONQUITE E A PERSPECTIVA FARMACÊUTICA 414

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200. Foram utilizados artigos em língua chances de contrair a bronquite, pois seuportuguesa, tendo textos dispostos entre o sistema de imunidade é mais frágil eperíodo de 2012 á 2017, e outros quando exposição a agentes irritantes e gasesse fizeram convenientes devido sua imensa poluentes pode vir a fragilizar seu sistemaimportância para o trabalho. respiratório e assim deixa-lo mais fácil para3 REVISÃO DE LITERATURA contrair a bronquite, pois a inalação dessas3.1 Definição de bronquite substâncias pode causar irritação nos pulmões. (5) A Bronquite causa inflamação 3.2 Bronquite e seus índices etiológicosrespiratória, que agride geralmente osbrônquios, obtendo assim um catarro que A bronquite tem se mostrado umafica em várias partes do pulmão. Existem doença cada vez mais popular entre adois tipos distintos de bronquite: Bronquite sociedade e tem seus históricos bemAguda e Crônica. (3) vastos em postos de saúdes e hospitais a cada hora três brasileiros morrem com a A bronquite aguda é de pequena Doença Pulmonar Obstrutiva Crônicaduração, de menor gravidade, e é obtida (DPOC), popularmente conhecida comopelo contato com o frio, inalação de bronquite crônica ou enfisema pulmonar.materiais irritantes ou até mesmo infecção. No País acometem cerca de 40 mil mortesDentre os sintomas estão estado de febre, a cada ano, segundo o DATASUS -dor no peito com frequência, dificuldade de Departamento de Informática do SUS. Arespirar e a tosse. Já a Bronquite Crônica é bronquite é causada principalmente pelode longa duração, com irritação crônica dos tabagismo em suas diversas formasbrônquios. Seus sintomas são tosse, (cigarros, cachimbo, charuto, cigarros dealgumas vezes muito frequentes Bali, narguilé, cigarro eletrônico etc), aprincipalmente de manhã, chegando a doença leva à dificuldade de respirar e aopersistir cerca de dois meses consecutivos. cansaço progressivo que dificulta a realização de atividades simples do dia a(4) dia como andar, trocar de roupa ou tomar banho. Imunidade baixa costuma ser uma 3.3 Tratamentos sem sucesso comconsequência de desenvolvimento de uma medicamentos industrializadosgripe e pode evoluir para uma bronquitecrônica ou aguda, fumar pode elevar o risco Como vemos a bronquite é umade uma pessoa vir a desencadear seu inflamação dos caminhos do ar até osquadro de bronquite, conforme a faixaetária, bebês, crianças e idosos tem maisTRATAMENTOS HOMEOPÁTICOS PARA BRONQUITE E A PERSPECTIVA FARMACÊUTICA 415

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.pulmões. A doença é geralmente 3.5 Perspectiva dos farmacêuticos sobreacompanhada de uma infecção viral os medicamentos homeopáticos pararespiratória, muitos médicos dão o cura da bronquitediagnóstico e prescrevem alguns remédiosmuitos comuns e popularmente muito Independente de doenças e pessoas,conhecidos como: Antibióticos, xaropes o que se nota nos dias de hoje é a procurapara tosse e antialérgicos, buscando assim aos hospitais e consultórios pelo imensotratar da bronquite. Os fármacos mais aumento na ocorrência de quadrosutilizados para o tratamento da bronquite alérgicos de bronquite além de outros tipossão: Acebrofilina, Amoxilina+Clavulanato de alergias que causam transtornos parade Potássio, Bactrim e Flanax. Porém quem vive com essa enfermidade, a cadamuitos destes medicamentos não mostram dia são novos tratamentos e dicas sobre aresultados e a bronquite persiste, sem doença.contar que alguns não são muitoapropriados para crianças, são muitas Se encontram várias linhas devezes tratamentos sem sucesso, pois terapias relacionadas aos quadros dealgumas substâncias não fazem efeitos ou bronquite e no ver dos farmacêuticos nãonão são apropriadas para aquele tipo de se tem nenhuma opinião contrária para quesintoma. (6) não se use medicamentos homeopáticos3.4 Tratamentos homeopáticos depois de recomendações médicas. Em todos os campos a prevenção e o Por muito tempo pessoas com esse diagnóstico precoce são as armastipo de infecção respiratória tem buscado fundamentais para combater essa e adiversos tratamentos, mas muitos não tem maioria das doenças que venham interferirproduzido o efeito desejado, diversas na saúde do paciente. (8)pessoas têm gastado em vão comtratamentos derivados de medicamentos Podemos destacar que a homeopatiaindustrializados, mas sem nenhum efeito não busca tratar a doença e sim tratar osdesejado. Desde então, comenta-se muito doentes. Isso não quer dizer que o médicosobre diversos tratamentos e ou farmacêutico homeopata não reconheçamedicamentos homeopáticos para a enfermidade e não deseja que ela sejabronquite, de baixo custo e que tem curada, mas que a doença faz parte domostrado resultados positivos. (7) indivíduo, e ele deve ser tratado como um todo. A homeopatia não trata a bronquite de uma pessoa, e sim uma pessoa que tem bronquite. (7)TRATAMENTOS HOMEOPÁTICOS PARA BRONQUITE E A PERSPECTIVA FARMACÊUTICA 416

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200. A homeopatia avalia com as mesmas por um tempo além do esperado paramaneiras qualquer tipo de especialidade retornar a pessoa ao seu equilíbrio, sem sermédica. Cada caso é um caso e precisa ser necessário utilizar qualquer medicamentotratado de forma individual, essa é uma continuamente. (7)propriedade do tratamento homeopático.Quem deve decidir qual método eficaz é Tanto para os farmacêuticos quantoindicado para cada caso é o médico para os médicos homeopatas o maishomeopata, na alopatia há bons métodos relevante na terapêutica para o pacientepara bronquite, mas que apresentam que tem bronquite é um acompanhamentorestrições acerca do seu tempo de uso e integral desde o seu nascimento, comoalguns efeitos colaterais indesejáveis cuidados no ambiente em que se vive eimportantes que obrigam a suspensão da também na forma de se alimentar-se,medicação. (9) sempre acompanhado pelo médico homeopata ou farmacêutico homeopata Na homeopatia isso não ocorre pois evitando a auto medicação e a procura pornão existem efeitos colaterais na mesma. curas milagrosas sem nenhumNo entanto há uma evidencia que na embasamento cientifico. (10)homeopatia ocorre primeiramente uma 3.6 Tipos de medicamentospiora dos sintomas para depois melhorar, homeopáticosnão é a intenção mas pode acontecer. Ofármaco homeopático provoca no Com tudo isso, podemos destacar queorganismo uma doença falsa parecida com existem centenas de medicamentosa doença natural, porem levemente mais homeopáticos que são usados nograve, significa que o doente pode vivenciar tratamento da bronquite aguda e crônica.uma passageira agravação nos sintomas, Porém cada medicamento tem suamas que não compromete o caminho da patogênese e age sobre os sintomascura ou seu estado geral. (1) diferentes, devido a isso para cada sintoma há um medicamento diferente para seu Na medicina homeopática há tratamento. (11)tratamento para bronquite que agemrapidamente e tratamentos que necessitam Existem possíveis soluções para aser tomados a longo prazo. Sendo assim, Bronquite Aguda, dentre elas podemos citarpode ocorrer também na homeopatia, a alguns remédios homeopáticos como:melhora pode começar rapidamente, ou Acônito (Aconitum napellus), para tosseserá necessário continuar esse tratamento seca e dolorosa, Drosera Rotundifolia, quando a tosse é convulsa, agravadas peloTRATAMENTOS HOMEOPÁTICOS PARA BRONQUITE E A PERSPECTIVA FARMACÊUTICA 417

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.calor e quando a pessoa pressiona a base Em consequência disso, pessoas comdo tórax, Ipecacuanha, quando á náuseas casos de bronquite, tem optado pore dificuldades para respirar, Canadensis tratamentos homeopáticos, pois seu custoHydrastis, quando há muco pegajoso, é acessível a todos, é saudável pois seusespesso e de cor amarelenta, Senega, ingredientes são naturais e seus resultadosquando a expectoração é dificultosa, sobre tem mostrado mais eficiência que ostudo em pacientes idosos. (12) fármacos industriais. (13) Para a Bronquite Crônica, há Segundo estudos (3) o número demedicamentos homeopáticos como: pessoas com bronquite é mais frequenteBryonia Alba, quando o catarro está entre Crianças de 0-4 anos, que é cerca decongestionado no peito, dores no peito e 34,1% e entre adultos de 40-59 que é cercadificuldade de inspiração, Ferrum de 15,9%. O uso de medicamentosPhosphoricum, quando há estado febril, homeopáticos utilizados por estas pessoasrouquidão, queimação, tosse com muco é cerca de 13,2%, em vista de todos osverde e tosse seca e dolorosa, Erva- Moura, medicamentos existentes, fármacospouca tosse, secreção abundante, homeopáticos têm sido bastanterespiração profunda, indicado para caso de recomendados. Encontramos muitosbronquite em crianças. (7) depoimentos em sites de medicamentos3.7 Porque as pessoas estão optando homeopáticos, relatos de pacientes quepor tratamentos homeopáticos? utilizam remédios homeopáticos e conseguiram realmente curar-se da As alterações inflamatórias do bronquite.sistema respiratório, sendo bacterianas ouvirais, tem por si só, as principais causas de Podemos citar por exemplo o caso deprocura aos hospitais e postos de saúde e um senhor J.SL que teve fortes crises dede afastamento do trabalho. Apesar de bronquite quando menino e através de umagrande parte das inflamações respiratórias “ vacina” julgou que a doença não voltaria,terem origem viral, para as quais o mas por cerca dos 30 anos, ela voltou,tratamento com fármacos antimicrobianos então procurou uma médica homeopata,não traz benefício algum. A indicação Doutora Sheila Maria Franco Costa, que emmédica de antimicrobianos é uma prática seu currículo tem vários casos de pacientescomum, tanto no atendimento de crianças com bronquite que foram tratados comcomo de adultos. (7) medicamentos homeopáticos, logo ela prescreveu para o senhor uma doseTRATAMENTOS HOMEOPÁTICOS PARA BRONQUITE E A PERSPECTIVA FARMACÊUTICA 418

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.determinada de Arsenicum Album, onde dias. No entanto, uma tosse seca eteve o resultado desejado. (14) suspensa pode-se permanecer por vários meses, desde então o tratamento deve ser Portanto, percebe-se que alguns mantido até que a bronquite não apresentetratamentos com medicamentos mais sintomas de que possa voltarhomeopáticos têm se mostrado cada vez brevemente. (15)mais eficientes e não necessita- se ir muitolonge para obter-se tratamento para a A expectativa de recuperação é muitobronquite, apenas com pesquisas e busca baixa em pacientes com casos de bronquitepor homeopatas de altas recomendações, crônica avançada, com tudo isso, apode-se conseguir alcançar um tratamento descoberta precoce da doença é de sumaprofundo, acompanhado e saudável, importância, combinados com a interrupçãogarantindo assim a cura da bronquite. (8) de hábitos que possam levar ao agravamento da bronquite, com isso Porém diversos casos de bronquite melhoram gradativamente as chances desolucionam-se sozinhos, sem a precisão do um resultado melhor no tratamento, desdeuso de medicamentos e os sintomas que o paciente use a medicaçãosomem em aproximadamente em duas corretamente indicada pelo médico ousemanas. Diversas vezes a bronquite não farmacêutico homeopata e siga de formase soluciona sozinha, a melhor forma é correta com o tratamento, sendo assimprocurar um médico que poderá lhe indicar pode haver uma grande expectativa de curaalguns medicamentos específicos para para a bronquite. (9)determinados tipos de bronquite e nem 3.8 Algumas medidas que devem sersempre os sintomas serão parecido. (1) seguidas durante o tratamento homeopático Desde então a forma de tratamentohomeopático tem como base a aplicação do Deve-se também prevenir aprincípio da lei dos semelhantes, usando ocorrência de apresentar a bronquite comomedicamentos que provoquem efeitos por exemplo: não fumar, tomar sempre asparecidos aos sintomas da doença, tem vacinas contra a gripe e as vacinascomo objetivo estimular uma reação no pneumocócicas anualmente, diminuindocorpo contra seus próprios distúrbios. assim sua exposição à poluição do ar e aRessalta-se que existem diversas formas agentes químicos que venham causarpara que o tratamento homeopático irritação aos pulmões, lavando sempre asfuncione na bronquite aguda, os sintomas mãos frequentemente podendo assimgeralmente desaparecem de sete a dezTRATAMENTOS HOMEOPÁTICOS PARA BRONQUITE E A PERSPECTIVA FARMACÊUTICA 419

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.evitar a disseminação de vírus e de outras homeopáticos no tratamento das doençasinfecções. (16) respiratórias e principalmente no tratamento da Bronquite, destacando as Em casos mais graves será que são de origem viral. A procura pornecessário utilizar vários tratamentos ao tratamentos eficazes para a bronquite émesmo tempo, alternando a maneira de se muito grande e importante, tendo em vistatomar, de modo que se deve tomar algum que remédios homeopáticos são bons, masmedicamento sempre que houver crises e cada medicamento apresenta um resultadoassim permitir sua melhoria. (15) Cuidar da diferente e seus diversos efeitos.alimentação é de suma importância:evitando assim os amidos, a banana pode Este estudo revela que os fármacosajuda a curar, frutas e verduras não devem de origem natural foram e ainda são umfaltar, existem alguns chás que melhoram ponto relevante e com alto potencial parana cura da Bronquite e deve substituir o tratamentos seguros, tanto para bronquiteleite de vaca por leite de soja ou leite de como para outras doenças respiratórias,aveia, pois assim como a bronquite é de pois os medicamentos industrializados naorigem alérgica, o principal motivo da maioria das vezes apresentam umaalergia se encontra no leite de vaca, não resposta positiva, mas volta-se os sintomasimporta como é feita a forma de assim que o tratamento é cessado, ou seja,comercialização e é importante evitar todos a doença mostra resistência sob osos seus derivados, bolacha, bolo, queijos. medicamentos, mostrando-se assimO leite de soja é mais caro, porém é mais ineficaz, onde tem gerado uma grandeindicado para estes casos mais graves de busca por medicamentos que possamBronquite. (2) melhorar ou agir de forma paliativa sobre a doença, onde não somente medicamentos Os remédios caseiros, como xaropes alopáticos, como também os homeopáticose chás, podem ser úteis para complementar tem se destacado nos últimos anos eo tratamento da bronquite, ajudando a mostrado eficiência aos pacientes que temcontrolar seus sintomas, melhorando a optado por esta forma de tratamento para acapacidade respiratória. (17) bronquite.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A literatura revisada mostra-se um altoíndice do uso de medicamentosTRATAMENTOS HOMEOPÁTICOS PARA BRONQUITE E A PERSPECTIVA FARMACÊUTICA 420

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.REFERÊNCIAS homeopatia no Sistema Único de Saúde: histórico e situação atual. Disponível em:1. Denez KB. Percepções dos usuários da <http://www.homeopathicum.com.br/ler>.clínica pública ou privada sobre a Acesso em: 06 mai. 2017.homeopatia e acesso aos medicamentoshomeopáticos. Universidade Federal De 10. Barbosa JAA, Alves RRN. (2010). “UmSanta Catarina UFSC. 2015 abr 17; v 1: 25 chá de que?” - Animais utilizados no-220. preparo tradicional de bebidas medicinais no agreste paraibano. Biofar, 4 (2): 1-12.2. Mendonça LMO. Homeopatia noTratamento da Bronquiolite Viral Aguda. 11. Pereira LCG, Zago VI. MatériasInstituto Hahnemanniano Do Brasil. 2015 Médicas e suas Releituras: Smilax medica.nov; v 1: 08 -26 Centro de Estudos de Homeopatia de Londrina – CEHL. 2016; v 1: 03 -17.3. Santos AC, Caes AL. A utilização deplantas medicinais na cidade de Buriti 12. Rocha CO. Acupuntura no tratamentoAlegre: religiosidade e cura por meio dos da doença pulmonar obstrutiva crônica emconhecimentos tradicionais dentro do equinos. Instituto Homeopático JacquelineEspiritismo Anais do Congresso de Ensino, Peker. 2012; v 1: 06-29Pesquisa e Extensão da UEG(CEPE)(ISSN 2447-8687). 2016 out 21; 13. Nakaoka VY, Pereira AMO,Vol. 3: 01-08 Kashiwabara TGB. Práticas homeopáticas e sua representação social. Brazilian4. Teixeira MEH et al. \"A Enfermagem No Journal of Surgery and Clinical Research –Cuidado Ao Paciente Adulto Com BJSCR. 2013 nov; Vol.4,n.1: 68-70Bronquite.\" SEFIC. 2015; vol 1: 35-44 14. Toniol R. Integralidade, holismo e5. Ramos JU. \"Bronquite infecciosa aviária: responsabilidade: etnografia da promoçãosorologia em região sem vacinação de terapias alternativas/complementares nocompulsória.\" UNESP. 2017 ago 08; vol 3: SUS. In: Ferreira, Jaqueline; Fleischer,05-17 Soraya. Etnografias em serviços de saúde. Rio de Janeiro: Editora Garamond. 2014;6. Luca VD , Nicolau VR , Gonçalves TM, pp. 153 – 178Marques BH, Zanette VC, Amaral PA.Utilização de plantas medicinais no entorno 15. Leal KM, Ayres ACBM, Santos MG.do Parque Estadual da Serra Furada, Santa Interagindo Plantas Medicinais E CorpoCatarina, Brasil: uma abordagem Humano No Ensino Fundamental. Revetnobotânica. Revista Brasileira de Práxis. 2016 dez 16; v 8: 10 -20.Biociências. 2014 mai 16; v 2: 01-05 16. Franco RGS. \"Estudo da relação dos7. Teixeira MZ. Novos medicamentos casos de asma e bronquite em criançashomeopáticos: Uso dos fármacos menores de 5 anos e variáveismodernos segundo o princípio da meteorológicas no município desimilitude. Revista de Homeopatia. 2012; Uberlândia-MG.\" UFU. 2017 mai 30; vol 2:vol 1: 36-51 04-188. Silva SS. O Tratamento da rinite com o 17. Alcantara RGL, Joaquim RHVT,medicamento homeopático phosphorus: Sampaio SF. Plantas medicinais: orelato de caso. Biblioteca Virtual em Saúde. conhecimento e uso popular. Revista de2016; v 1: 06-47. APS. 2015 dez; vol18: 01-129 BRASIL - COMISSÃO DE SAÚDE 18. Rodrigues KM. Terapias Integrativas ePÚBLICA. ASSOCIAÇÃO MÉDICA Complementares: itinerário terapêutico eHOMEOPÁTICA BRASILEIRA. A espiritualidade, uma possível reflexão. Revista Contraponto. 2015; v. 2, n. 1.TRATAMENTOS HOMEOPÁTICOS PARA BRONQUITE E A PERSPECTIVA FARMACÊUTICA 421

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.19. Azevedo AK, Klock BA , Domingues inserção da fitoterapia e da homeopatia noWCA. Talassoterapia: recurso terapêutico SUS. Universidade Federal de Santanatural como forma de promoção da saúde Catarina. 2013 jun 06; v 1: 04-13e tratamento de patologias.UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. 21.Santos EDB, Filho FJC. Panorama geral2015; v 1: 07-20 das pesquisas científicas sobre cromoterapia: Uma revisão integrativa.20. Biavatti MW, Torres K. Gestão da Cadernos De Naturologia E TerapiasAssistência Farmacêutica: módulo 3: Complementares. 2012 jan; vol 1: 01-11unidade 5: políticas de saúde para a Como citar (Vancouver)Sousa TA, Abreu AR, Souza JP, Santos JC, Terra Júnior AT. Tratamentos homeopáticos para bronquite e aperspectiva farmacêutica. Rev Cient Fac Educ e Meio Ambiente [Internet]. 2018;9(1):413-422. DOI:http://dx.doi.org/10.31072/rcf.v9i1.548TRATAMENTOS HOMEOPÁTICOS PARA BRONQUITE E A PERSPECTIVA FARMACÊUTICA 422

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200. PSICOLOGIA A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA DOI: http://dx.doi.org/10.31072/rcf.v9i1.557COGNITIVE-BEHAVIORAL THERAPY IN THE TREATMENT OF GENERALIZED ANXIETY DISORDER Inara Moreno Moura86; Victor Hugo Coelho Rocha87; Gésica Borges Bergamini88; Evelin Samuelsson89; Cristielli Joner90; Luiz Fernando Schneider91; Pérsia Regina Menz92.RESUMO: A ansiedade é uma disfunção emocional que causa sérios prejuízos na vida de umsujeito, e passa a ser reconhecida como patológica quando são exagerados, desproporcionaisem relação ao estímulo, ou qualitativamente distintos do que se observa como norma,interferindo assim na qualidade de vida, no conforto emocional ou no desempenho diário doindivíduo. Objetivos: Essa pesquisa tem como objetivo a realização de uma breve revisãobibliográfica a respeito do TAG e das técnicas Cognitiva e Comportamentais mais eficazes notratamento do TAG, descrever os sintomas da ansiedade generalizada e compreender comoas estratégias da Terapia Cognitivo-Comportamental podem ser aplicadas no tratamentopsicoterapêutico da ansiedade generalizada. Métodos: Refere-se a um trabalho de revisãobibliográfica, o qual se utilizou de vinte materiais bibliográficos para sua produção.Resultados/Discussão: Pode-se observar que a terapia cognitivo para o TAG, tem grandeeficácia, pois oferece ao sujeito uma variabilidade de técnicas que são empregadas demaneira combinadas que causam impacto sobre o transtorno, porque o sujeito passa a vir apreocupação como um processo normal do desenvolvimento humano e não mais como algopatológico, pois o indivíduo é ensinado a reconhecer suas preocupações como umcomportamento de aproximação – evitação.Palavras-chave: Terapia cognitivo-comportamental. Ansiedade. Estratégias cognitivas ecomportamentais.86 Psicóloga. Especialista em Terapia Cognitiva Comportamental. Centro Integrado de AperfeiçoamentoProfissional - CIAP. Autora Principal desta pesquisa. E-mail: [email protected]. ORCID:https://orcid.org/0000-0003-2417-2379;87 Acadêmico de Psicologia da Faculdade de Educação e Meio Ambiente – FAEMA. Colaborador desta Pesquisa.E-mail: [email protected]. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4783-8359;88 Mestra, Psicóloga e Orientadora desta pesquisa. Professora da Faculdade de Educação e Meio Ambiente –FAEMA. E-mail: [email protected]. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0598-5366;89 Mestra, Bióloga e Colaboradora desta pesquisa. Professora da Faculdade de Educação e Meio Ambiente –FAEMA. E-mail: [email protected]. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0508-2709;90 Especialista, Fisioterapeuta e Colaboradora desta pesquisa. Professora da Faculdade de Educação e MeioAmbiente – FAEMA. E-mail: [email protected]. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7476-667X;91 Especialista, Fisioterapeuta e Colaborador desta pesquisa. Professor da Faculdade de Educação e MeioAmbiente – FAEMA. E-mail: [email protected]. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7945-2581;92 Mestra, Fisioterapeuta e Colaboradora desta pesquisa. Professora da Faculdade de Educação e MeioAmbiente – FAEMA. E-mail: [email protected]. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1052-6650.A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE 423GENERALIZADA

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.ABSTRACT: Anxiety is an emotional dysfunction that causes serious damage to a subject'slife, and is recognized as pathological when exaggerated, disproportionate to the stimulus, orqualitatively different from what is observed as a norm, thus interfering with the quality of life,emotional comfort or the individual's daily performance. Objectives: This research aims at abrief bibliographic review regarding GAD and the most effective Cognitive and Behavioraltechniques in the treatment of GAD, to describe the symptoms of generalized anxiety and tounderstand how the strategies of Cognitive-Behavioral Therapy can be applied in thepsychotherapeutic treatment of generalized anxiety. Methods: Refers to a bibliographicalreview work, which used twenty bibliographic materials for its production. It may be noted thatcognitive therapy for GAD has great efficacy because it offers the subject a variability oftechniques that are used in a combined manner that impact on the disorder because thesubject comes to see the concern as a normal process of human development and no longeras pathological because the individual is taught to recognize their concerns as an approach-avoidance behavior.Keywords: Cognitive-Behavioral Therapy, Anxiety, Cognitive and Behavioral Strategies.INTRODUÇÃO Assim erram na sua estimativa de Ansiedade é um sentimento vago e capacidade de lidar como a adversidade e os recursos que têm para tal. Essadesagradável de medo, apreensão, subestimação faz com que tiremcaracterizado por tensão ou desconforto conclusões incorretas a respeito do ricosderivado de antecipação de perigo, de algo real de uma situação.desconhecido ou estranho. A ansiedade éuma disfunção emocional que causa sérios O Transtorno de Ansiedadeprejuízos na vida de um sujeito, e passa a Generalizada (TAG) é um transtorno deser reconhecida como patológica quando causas múltiplas. Costuma ser um grandesão exagerados, desproporcionais em desafio a sua identificação, isso porque érelação ao estímulo, ou qualitativamente um transtorno com alta taxa dedistintos do que se observa como norma, comorbidade. O TAG, tem como principaisinterferindo assim na qualidade de vida, no sintomas a ansiedade e a preocupaçãoconforto emocional ou no desempenho excessiva com diversos eventos oudiário do indivíduo. atividade, acontecendo na maior parte dos dias por pelo menos seis meses sendo que Indivíduos ansiosos, tendem a o indivíduo considera difícil controlar asuperestimar a probabilidade da ocorrência preocupação. A ansiedade e ade eventos negativos. Acreditam que são preocupação estão associados a três ouameaçados pelo perigo e reagem mais dos seguintes sintomas: inquietação,comportando-se segundo essa crença.A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE 424GENERALIZADA

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.fatigabilidade, dificuldade de concentração, comportamentais, visando o equilíbrioirritabilidade, tensão muscular, perturbação biopsicossocial do indivíduo.do sono. No TAG os indivíduos caracterizam- A terapia Cognitivo-Comportamental é se pela intensa ansiedade e umauma terapia de curto prazo, focalizada preocupação incontrolável. Considerandodiretamente no problema. A função essas características do transtorno, ocognitiva é fundamental nesse método tratamento na TCC, visa à reestruturaçãoterapêutico, pois parte do princípio de que cognitiva e a mudança comportamental,o ser humano avalia constantemente a proporcionando ao sujeito maior controle erelevância dos acontecimentos, tendo as domínio de si, ajudando-o a ver o seucognições associadas às reações problema sob um novo ângulo.emocionais. Tem como objetivo a correçãodas distorções cognitivas, que o indivíduo Essa pesquisa tem como objetivo atem de si mesmo, do mundo e do futuro. realização de uma breve revisão bibliográfica a respeito do TAG e das A terapia Cognitivo-Comportamental técnicas Cognitiva e Comportamentaistem como ideia central o conceito de que as mais eficazes no tratamento do TAG.cognições influenciam e controlam as 2 MÉTODOSemoções e os comportamentos. Há umainter-relação entre cognição, emoção e Tratou-se de uma pesquisa de revisãocomportamento. Para esse modelo de bibliográfica cuja trajetória metodológicaterapia as psicopatologias são provenientes percorrida foi a de leituras exploratória.de perturbações que ocorrem no Esse é um tipo de pesquisa que segundopensamento de um indivíduo, em que cada Mancini (1) visa à realização de análises eindivíduo tem uma percepção específica de sínteses de informações disponibilizadasinterpretar os fatos. Para tanto, busca por estudos relevantes sobre determinadoorganizar a perturbação no pensamento assunto. Para a concretização doque está por trás dos transtornos, levantamento bibliográfico realizou-seidentificando assim três níveis de leituras e compreensões da literatura jácognições, os pensamentos automáticos, existente presente em livros do acervoos pressupostos subjacentes e crenças pessoal e também buscas em bases denucleares ou centrais. São a partir do indexação de resumos de revistas ereconhecimento desses conceitos, é que periódicos eletrônicos consideradassão traçadas as estratégias cognitiva- referências na produção de estudos na área da saúde, como Scientific ElectronicA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE 425GENERALIZADA

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.Library Online (SCIELO) e Literatura Latino- sufocar, oprimir [...]”. Em latim “[...]Americana e do Caribe em Ciências da angustus, que exprime desconforto, ango,Saúde (LILACS), usando como descritores que significa opressão ou falta de ar, ediversas combinações de palavras chaves angere, causar grande constrição,como: terapia Cognitivo-Comportamental; sofrimento, pânico”.ansiedade e estratégias cognitivas ecomportamentais. Após a classificação do Os sintomas da ansiedade podem sermaterial bibliográfico, foi realizada a leitura somáticos, somáticos atrasados e motores,exploratória, obtendo assim uma visão como afirma Valle (3). Nos sintomasglobal do material, considerando o somáticos podem ser observados, porinteresse ou não à pesquisa. Os estudos exemplo, a sudorese, boca seca,selecionados permitiram definir qual respiração curta, frequência cardíacamaterial bibliográfico realmente era acelerada, aumento da pressão sanguínea,relevante à pesquisa, sendo então tensão muscular e dificuldade para respirar,selecionados e citados no transcorrer da os sintomas somáticos atrasados quepesquisa. podem ser resultados de uma tensão ou3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA estimulação prolongada como a fraqueza3.1 Ansiedade muscular, cólica intestinal dores de cabeça e pressão sanguínea elevada. A ansiedade é uma reação natural eimprescindível ao comportamento do ser Os sintomas motores são: inquietaçãohumano, é um sinal de alerta que permite o e tamborilar dos dedos das mãos e dos pésindivíduo ficar atento aos perigos iminentes e dores musculares. Na ansiedade há umano sentido de que este tome medidas intersecção entre os sintomas físicos enecessárias para lidar com a ameaça, psíquicos, onde os sintomas físicos surgemagindo como impulso e motivação a fim de em função das características psicológicaspreservá-lo. do indivíduo (4,5). Transtornos de ansiedade são atualmente considerados um grande Segundo Berrios (apud Nardi) (2): “A problema para a população mundial,palavra ansiedade vem do indo-germânico estando associados a elevado sofrimento eangh, que indica estreitamento ou limitações, pois além de provocarconstrição”. A partir desse termo, sofrimento significativo, tais transtornosoriginaram-se outros significados em outras estão relacionados também a elevadoslínguas, como no grego e latim. No grego custos além de estar entre os mais“[...] anshein, que significa estrangular, debilitantes transtornos psiquiátricos (6).A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE 426GENERALIZADA

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200. Em relação à psicobiologia da Já a ansiedade-traço está relacionada àsansiedade, Cruz, Zangrossi e Graeff (7), características individuais e disposicionais,comentam que “Definir uma experiência [...] estando relacionada, diretamente, àemocional não é tarefa fácil”, e essa tarefa personalidade de cada um”.complica mais ainda quando se trata daansiedade, argumentam também que essa A respeito da predisposição adificuldade pode estar relacionada à ansiedade, os autores Castillo et al (9) equestão dos limites de diferenciação da Strieder (4) citam que as reaçõesansiedade normal e da patológica uma vez exageradas ao estímulo ansiogênico seque, não são claramente identificados, desenvolvem, mais comumente, emonde em alguns momentos o grau de indivíduos com uma predisposiçãoansiedade tende a motivar o indivíduo para neurobiológica herdada.um melhor desempenho em determinadastarefas, sendo que, clinicamente o seu A ansiedade pode causar uma sériediagnóstico será pautado quando houver de transtornos psíquicos. Versiani et al (10),uma intensidade, durações excessivas, citam que “Os diferentes transtornos deirracional ou quando dissociado de ansiedade caracterizam-se pela presençasituações ansiogênicas, a partir dessas de sintomas de ansiedade crônicossituações a ansiedade passa a ser clinicamente significativos e constituem oclaramente um papel desajustador. grupo mais prevalente dentre os transtornos psiquiátricos”. Outro ponto que os autoressupracitados destacam é a existência da Por ser um comportamento intrínsecoansiedade como estado ou traço, “[...] A ao ser humano, a ansiedade depende dasansiedade-estado é aquela observada em circunstâncias ou intensidade, por isso D’elum dado momento vida do indivíduo. [...] A Rey et al. (11) destaca a funcionalidade daansiedade-traço é uma característica do terapia cognitivo comportamental comoindivíduo, ou uma propensão para sentir será explana adiante. Em níveis normais,maior ou menor grau de ansiedade diante trata-se de fenômeno fisiológicode situações ambientais [...]”. Reforçando responsável pela adaptação do organismoessa ideia, Ferreira et al (8) coloca que “A em situações de perigo. No entanto,ansiedade-estado está ligada a um quando a ansiedade é excedente, em vezmomento ou situação particular [...] de ser útil e contribuir para a adaptação,causando um estado emocional transitório. pode se tornar patológica, prejudicando o funcionamento psíquico e somático desencadeando uma falência daA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE 427GENERALIZADA

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente. Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.capacidade adaptativa, desenvolvendo os patológica, gerando alguns transtornostranstornos de ansiedade. Quando se trata fóbicos e estados de ansiedade.de diferenciar a ansiedade normal da 3.2 Transtorno de Ansiedade Generalizada – TAGpatológica, deve-se observar a intensidadedos sintomas e também os prejuízos que Margis e Kapcinski (12) citam que oestes trazem. Para Versiani et al (10) a TAG pode ser entendida como umansiedade patológica acontece quando “Os transtorno multidimensional, com trêspacientes portadores de transtornos de sistemas de ansiedade: fisiológico,ansiedade apresentam redução cognitivo e comportamental. Os autoressignificativa da qualidade de vida, com destacam que o TAG consiste namenor produtividade, maior morbidade e associação da ansiedade e a preocupaçãomortalidade, e maiores taxas de excessiva em vários eventos ou atividades,comorbidade”. e ocorrem na maioria dos dias por pelo Castillo et al (9) destacam que “[...] A menos seis meses.maneira prática de se diferenciar ansiedade Segundo o Manual diagnóstico enormal de ansiedade patológica é estatístico de transtornos mentais (DSM-V -basicamente avaliar se a reação ansiosa é 2016), o TAG tem como característicasde curta duração, autolimitada e principais a ansiedade e a preocupaçãorelacionada ao estímulo do momento ou persistentes e excessivas acerca de váriosnão [...]”. Ainda sobre a diferenciação da domínios, incluindo desempenho noansiedade normal da patológica, Strieder(4) trabalho e escolar, que o indivíduo encontraargumenta que a ansiedade pode ser dificuldade em controlar. Além disso, sãoreconhecida como patológica quando esta experimentados sintomas físicos, incluindo inquietação ou sensação de “nervos à floralém de ser uma reação exagerada edesproporcional ao estímulo “[...] É da pele\"; fatigabilidade; dificuldade depatológico porque interfere na qualidade de concentração ou \"ter brancos\";vida, no conforto emocional ou no irritabilidade; tensão muscular; edesempenho diário do indivíduo”. perturbação do sono, embora apenas umValle (3), aponta que, quando a sintoma adicional seja exigido paraansiedade é excessiva, acontece sem um crianças.Os critérios de diagnóstico do TAGmotivo prévio, ou é desproporcional à no DSM-V (300.02) e na Classificação Internacional das Doenças (CID-10 –situação que a desencadeia, torna-se F.41.1) são:A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE 428GENERALIZADA

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200. DSM-V - 300.02 CID-10 – F.41.1A. Ansiedade e preocupação excessivas Ansiedade generalizada e persistente que não(expectativa apreensiva), ocorrendo na maioria ocorre exclusivamente nem mesmo de mododos dias por pelo menos seis meses, com preferencial numa situação determinada (adiversos eventos ou atividades (tais como ansiedade é “flutuante”).desempenho escolar ou profissional). Estado Ansiosa(o) Neurose Reação de angústiaB. O indivíduo considera difícil controlar a Os sintomas essenciais são variáveis, maspreocupação. compreendem nervosismo persistente, tremores, tensão muscular, transpiração,C. A ansiedade e a preocupação estão sensação de vazio na cabeça, palpitações,associadas com três (ou mais) dos seguintes seis tonturas e desconforto epigástrico.sintomas (com pelo menos alguns delespresentes na maioria dos dias nos últimos seis Medos de que o paciente ou um de seusmeses). próximos irá brevemente ficar doente ou sofrerNota: Apenas um item é exigido para crianças. um acidente são frequentemente expressos.Inquietação ou sensação de estar com os nervosà flor da pele. Exclui:Fatigabilidade. Neurastenia (F48.0)Dificuldade em concentrar-se ou sensações de“branco” na mente.Irritabilidade.Tensão muscular.6. Perturbação do sono (dificuldade em conciliarou manter o sono, ou sono insatisfatório einquieto).D. A ansiedade, a preocupação ou os sintomasfísicos causam sofrimento clinicamentesignificativo ou prejuízo no funcionamento social,profissional ou em outras áreas importantes davida do indivíduo.E. A perturbação não se deve aos efeitosfisiológicos de uma substância (p. ex., droga deabuso, medicamento) ou a outra condição médica(p. ex., hipertireoidismo).F. A perturbação não é mais bem explicada poroutro transtorno mental (p. ex., ansiedade oupreocupação quanto a ter ataques de pânico notranstorno de pânico, avaliação negativa notranstorno de ansiedade social [fobia social],contaminação ou outras obsessões no transtornoobsessivo-compulsivo, separação das figuras deapego no transtorno de ansiedade de separação,lembranças de eventos traumáticos no transtornode estresse pós-traumático, ganho de peso naanorexia nervosa, queixas físicas no transtorno desintomas somáticos, percepção de problemas naaparência no transtorno dismórfico corporal, teruma doença séria no transtorno de ansiedade dedoença ou o conteúdo de crenças delirantes naesquizofrenia ou transtorno delirante).A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE 429GENERALIZADA

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200. De acordo com o DSM-V o TAG é um tratamento pode ser estendido por umtranstorno crônico, que leva o sujeito ao período acima de vinte sessões. A TCC temsofrimento e prejuízos significativos. A como premissa o princípio de que asprevalência é de 12 meses do transtorno de cognições influenciam e controlam asansiedade generalizada é de 0,9% entre emoções e os comportamentos; o modoadolescentes e de 2,9% entre adultos na como o indivíduo age ou se comporta podecomunidade em geral nos Estados Unidos. A afetar de forma significativa os padrões deprevalência de 12 meses para o transtorno em pensamentos e emoção de um sujeito. Aoutros países varia de 0,4 a 3,6%. A função cognitiva tem um papel essencial namanifestação clínica do TAG é relativamente TCC, visto que o ser humano avaliaconsistente ao longo da vida. A diferença constantemente a relevância dosprincipal entre as faixas etárias está no acontecimentos, tendo as cogniçõesconteúdo da preocupação do indivíduo. associadas às reações emocionais. Assim,Crianças e adolescentes tendem a se no momento em que ocorre um evento,preocupar mais com a escola e o desempenho ocorre à avaliação cognitiva,esportivo, enquanto adultos mais velhos desencadeando as emoções erelatam maior preocupação com o bem-estar da consequentemente o comportamento dofamília ou da sua própria saúde física. sujeito (13). Assim, o conteúdo da preocupação de um Knapp (14) destaca que a TCC temindivíduo tende a ser adequado à idade. Os como premissa a inter-relação entreadultos mais jovens experimentam maior cognição, emoção e comportamento. Umgravidade dos sintomas do que os adultos mais evento no cotidiano de um sujeito podevelhos. Muitos indivíduos com transtorno de gerar diferentes formas de sentir e agir, masansiedade generalizada relatam que se sentem não é o evento em si que desencadeia asansiosos e nervosos por toda a vida. A idade emoções e os comportamentos, e sim o quemédia de início do transtorno é 30 anos; se pensa em relação ao evento, ou seja, asentretanto, a idade início se estende por um emoções e os comportamentos sãoperíodo muito amplo. O início do transtorno influenciados pelo que o indivíduo pensa.raramente ocorre antes da adolescência.3.3 Terapia Cognitivo-Comportamental – Observa também as distorçõesTCC cognitivas, que são alternativas sistemáticas com que os indivíduos A TCC é uma terapia de curto prazo, interpretam suas experiências. O objetivocom duração média de cinco a vinte da TCC é a correção das distorçõessessões, é focalizada diretamente noproblema, para os casos co-mórbidos, oA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE 430GENERALIZADA

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.cognitivas presentes em muitos transtornos comportamentais traçam as estratégias buscando o equilíbrio emocional. Essespsiquiátricos. Por ser a TCC um modelo de níveis serão descritos no parágrafo abaixo.terapia de inter-relações não deve ser visto Os PAs ocorrem diariamente, são pensamentos que em sua grande maioriacomo um método linear, de causa e efeito não são percebidos conscientemente, pois além de surgir de forma rápida, involuntáriaentre pensamento e resposta emocional, e automática, são praticamente inumeráveis. Os PAs dizem respeito aocomportamental ou física, mas de um inter- self, ao mundo, a outras pessoas e/ou ao futuro. Quando são exagerados,relacionamento recíproco entre os distorcidos, equivocados, irrealistas e disfuncionais possui um importante papelpensamentos, sentimentos, na psicopatologia, pois pode desencadear perturbações muitas vezes, afetivascomportamentos, fisiologia e ambiente. disfórico. Em muitos casos os PAs são falsos ou apenas parcialmente verdadeiros.Sudak (15) apresenta o modelo Podem ser ativados por eventos externos ou internos. Na TCC os PAs fazer com quecognitivo embasado na conexão entre os o indivíduo teste a precisão dos mesmos pode ajudar na melhora dos sintomas. Dospensamentos e as emoções, o níveis de cognição os PAs são os maiscomportamento e a fisiologia, em que “Os fáceis de mudar, uma técnica utilizada para esse fim é sua identificação, seja ela emprocessos cognitivos – os pensamentos e a pensamentos ou imagens. Tem por objetivoavaliação das percepções – afetam os ajudar o indivíduo a chegar a conclusões mais evidentes e lógicas.substratos e vias neuras do sistema Os pressupostos subjacentes sãonervoso central, de modo a produzir as construções disfuncionais subjacentes aos PAs. São compreendidos como regras,estados emocionais e ativar reações padrões, premissas e atitudes de umfisiológicas e comportamentais”. indivíduo, são desenvolvidas com o decorrer do tempo, levando a expectativasColoca ainda que a psicopatologiaadvém de perturbações que ocorrem nopensamento de um indivíduo, colorindoassim a sua percepção de um modoespecífico. Durante o processo detratamento a TCC busca organizar aperturbação no pensamento que está portrás dos transtornos, identificando etrabalhando três níveis de cognições, sãoeles: pensamentos automáticos (PAs);pressupostos subjacentes e crençasnucleares ou centrais. É a partir doconhecimento desses três níveis cognitivosque os terapeutas cognitivo-A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE 431GENERALIZADA

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente. Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.em relação a si mesmo e aos outros. São utilizadas no processo de tratamento da ansiedade generalizadapressupostos condicionais. O indivíduo Integrando técnicas e conceitosacredita que se cumprir certos tipos de vindos de duas principais abordagens, a cognitiva e a comportamental. A TCCregras ou padrões, não haverá problemas, focaliza os fatores cognitivos da psicopatologia, reconhecendo a influênciamantendo assim um relacionamento do pensamento sobre o afeto, o comportamento, a biologia e o ambiente.relativamente estável e produtivo. Todavia Shinohara (16) menciona que osquando não é cumprido em função de algo, objetivos das técnicas cognitivas é identificar os pensamentos automáticos,pode tornar o sujeito vulnerável a um reconhecer conexões entre estes pensamentos, afetos e comportamentos,transtorno mental, no qual suas crenças testar na realidade e substituir as distorções cognitivas e esquemas disfuncionais pornucleares negativas são ativadas. interpretação mais realistas. Enquanto que as técnicas comportamentais envolvemAs crenças centrais são as ideias e tarefas de observação e experimentação e, são usadas para a modificação de sintomasconceitos mais profundos, enraizados e comportamentais como também para eliciar cognições associadas a comportamentosfundamentais que a pessoa tem de si. Aqui específicos. Portanto, o objetivo principal do uso dessas técnicas comportamentaisas crenças são incondicionais, ou seja, o na TCC, será o de produzir mudanças nas atitudes do indivíduo e o de testar aseu pensamento será o mesmo validade de suas ideias de competências ou adequação.independente das circunstâncias. São Indivíduos ansiosos tendem aaprendidas através das experiências desde superestimar a probabilidade dos eventos negativos ocorrerem, criando assim umaa mais tenra idade e se fortalecem ao longo estimativa distorcida de sua capacidade de lidar com a situação. De acordo com Wright;do tempo, se tornando rígidas.Para os indivíduos em que não háações corretivas, essas crenças sãocristalizadas como verdades absolutas,independentemente de ser ou não o caso.Por ser essa uma crença de cunho rígido,na TCC é o aspecto crucial e fundamentalpara o processo de cura de um sujeito. Emmuitos casos são custosas, danosas edificultosas de serem alcanças. A correçãodas crenças nucleares ou centrais é oobjetivo maior da TCC. (14, 15).3.4 Compreendendo as estratégias daTerapia Cognitivo-ComportamentalA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE 432GENERALIZADA

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.Basco; Thase (13) a pessoas que comum, baseada em dois princípiosapresentam transtornos de ansiedades, centrais: “[...] 1. nossas cognições têmrelatam suas experiências subjetivas de influência controladora sobre nossasmedo de forma muito intensa, emoções e comportamento; e 2. o modoacompanhadas de sintomas físicos de como agimos ou nos comportamos podeexcitação psíquica, quando apresentadas afetar profundamente nossos padrões deao estímulo ameaçador. pensamentos e nossas emoções [...]”. A TCC é utilizada para eliminar e corrigir os As respostas emocionais e padrões de distorções do pensamento, quefisiológicas aos estímulos são tão geram os sintomas a ansiedade produzindoaversivas, e farão de tudo para evitá-las, a mudanças cognitivo-comportamentais, issofim de que não passe por essas situações porque, o indivíduo pode trabalhar os doisnovamente. No momento em que as aspectos de forma simultânea no processosituações são evitadas, há uma terapêutico.recompensa que é o alívio momentâneo, 3.5 Técnicas Cognitivas ereforçando o seu comportamento evitativo, Comportamentais no tratamento do TAGou seja, todas as vezes que evita o objeto,situação ou atividade fóbica, o Margis e Kapcinski (12) relatam que oscomportamento fóbico e suas cognições indivíduos com TAG tendem a sentirdisfuncionais sobre a situação serão ansiedade intensa e preocupaçãoreforçados e seus sintomas serão ainda incontrolável, na intervenção terapêuticamais aprofundados. devem ser importantes dois aspectos: a preocupação excessiva e incontrolável e a A TCC se destaca por ser uma das hiperexcitabilidade persistente, queprimeiras a dar a atenção ao impacto do consiste em manifestações físicaspensamento sobre o afeto, o incontroláveis pertinentes à tensão.comportamento, a biologia e o ambiente.Nesse sentido Knapp (14) destaca: “[...] Os autores supracitados, argumentamDistorções cognitivas são vieses que os sujeitos com TAG tem umasistemáticos na forma como indivíduos percepção elevada de perigo ou ameaça; ainterpretam suas experiências. [...] O superestimação do acontecimento doobjetivo da terapia cognitiva é corrigir as perigo está associada a uma percepção dedistorções do pensamento [...]”. baixa capacidade de lidar com essa ameaça. A apreensão em relação ao futuro, Wright, Basco e Thase (13) descrevem ao que ainda não aconteceu é constante noque a TCC é uma abordagem de sensoA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE 433GENERALIZADA

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.TAG, logo a interpretação constante seguida, são definidos os alvos específicosnegativa dos estímulos, dos eventos ou das de intervenções que irão direcionar o cursosituações é decisiva para o entendimento da terapia, ensinando habilidades básicasdos transtornos de ansiedade. para o enfrentamento dos pensamentos, sentimentos e comportamentos que Segundo Knapp (14) a reestruturação caracterizam a ansiedade e por fim essascognitiva é o foco constante do trabalho habilidades serão utilizadas para auxiliar oconjunto do terapeuta e do paciente. O indivíduo em situações que geramobjetivo aqui é o de ajudar o paciente a ansiedade.identificar os pensamentos disfuncionais eavaliar outros pensamentos mais assertivos A Terapia Cognitiva Comportamentalcomo alternativa. Nesse sentido, a em Grupo – TCCG, constitui-se numaidentificação e o questionamento modalidade de terapia que vem sendo cadapossibilitará que os pensamentos vez mais utilizada no tratamento de váriospertinentes à ansiedade excessiva sejam transtornos psiquiátricos, devido serdesaprendidos e cognições mais realista e comprovado a eficácia da teoria e técnica,apropriadas sejam consideradas. A além do mais, reduzir o custo e possibilitarcontestação das cognições ansiogênicas o acesso a um número consideravelmenteenvolve outros aspectos, por exemplo: a maior de pacientes, logo, o atendimento emconsideração de que os pensamentos são grupo tem sido utilizado e visto suahipótese, e precisam ser baseados em funcionalidade (17).evidências, que podem ser confirmadas oudescartadas; fundamentar-se nas A reestruturação cognitiva, oevidências para examinar a validade da manejo da ansiedade e a preocupaçãocrença; e gerar predições plausíveis do excessiva, são as principais técnicas daevento a partir da análise da situação. TCC, que podem ser usadas especificamente no TAG e também em Wright, Basco e Thase (13) consideram outros transtornos ansiosos. Serãoque as sequências de intervenções são descritas de acordo com as ideias de Knappsemelhantes para o tratamento para (14); Manfro, Heldt e Shinohara (18); Margis eansiedade pode ser usada em outros Kapcinski (12); Sudak (15); Shinohara (16) etranstornos ansiosos. Incialmente são Wright, Basco e Thase (13).avaliados os sintomas e os gatilhos quegeram ansiedades, verificando quais as Na reestruturação cognitiva sãoestratégias de enfrentamento existente. Em trabalhadas o registro de pensamentos disfuncional (RPD), a descoberta guiada, oA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE 434GENERALIZADA

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.questionamento socrático e a enfrentamento caso a catástrofe ocorra,descastratofização. reavaliar a percepção da probabilidade do resultado catastrófico, fazendo uma análise O RPD é utilizado para auxiliar no com o paciente e questionando como foirastreamento dos pensamentos que foram falar sobre seus pensamentosacionados pela situação estimuladora a que catastróficos. Deve-se haver umgeraram a emoção e o comportamento reforçamento sobre o valor daseguinte. É um exercício que visa a descatastrofização como parte docapacitação dos pacientes a descobrir, tratamento terapêutico.esclarecer e alterar os significados queatribuíram a eventos perturbadores e O manejo da ansiedade é realizadocompor uma resposta alternativas ou por meio do treinamento de relaxamento,racional. higiene do sono e manejo do tempo. A descoberta guiada é realizada por O relaxamento objetiva o alívio dosmeio do questionamento socrático, é sintomas ligados ao componente fisiológicouma das pedras angulares da terapia da ansiedade visando a interrupção acognitiva. Tem por objetivo guiar o sujeito a associação aprendida entre aum pensamento mais consciente hiperexcitabilidade e a preocupação. Apermitindo que o mesmo tenha uma respiração de um sujeito ansioso tende acompreensão maior a respeito do seu ser superficial, acelerada, ofegante,pensamento distorcido. alternando tentativas de retenção do ar com a inspiração de grande volume de ar. Aqui Na descatastrofização, o paciente é o foco do relaxamento é auxiliar oslevado a avaliar as consequências, que são pacientes a aprenderem a alcançar umamanejáveis, suportáveis e limitadas no resposta de relaxamento – um estado detempo. Aqui é trabalhado alguns calma mental e física. O relaxamento podeprocedimentos que podem ajudar na ser diafragmático, muscular, visual eredução das previsões catastróficas; são meditativo. Todos os relaxamentos visam aeles: fazer uma estimativa da probabilidade liberação da tensão, para que o corpode ocorrer um resultado catastrófico, relaxe e os sentimentos ansiógenosavaliando as evidências a favor e contra a reduzam.probabilidade de acontecer o evento;revisar a lista de evidências, avaliando a Na higiene do sono os sujeitos sãopercepção de controle e criar-se um plano orientados a realizar exercícios físicosde ação, desenvolvendo um plano de exclusivamente durante a manhã ou nasA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE 435GENERALIZADA

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.primeiras horas da tarde; comer uma nitidez, passa-se para próxima; 3. Escolherrefeição leve acompanhada de ingestão de a preocupação menos perturbadora doágua limitada durante o jantar; e ainda registro inicial e praticar o treinamento deevitar o uso da nicotina, do álcool e de imaginação: evocando a preocupação porbebidas que contenham cafeína. meio da concentração do cliente em seusRegularizar o horário de deitar e levantar, pensamentos ansioso e na imaginação dousar o quarto somente quando for dormir e pior resultado que teme; 4. Assim que omanter atividade sexual. cliente completar a fase 3, o terapeuta deve estimular a rememoração desses O manejo do tempo, objetiva a pensamentos e imagens por cerca de 25 aredução da ansiedade diária, visto que o 30 minutos; 5. Gerar alternativas para ossujeito poderá estabelecer suas atividades resultados temidos e propostos nos itensprioritárias mantendo assim a sensação de anteriores.domínio em relação ao seu dia-a-dia e seuscompromissos. A técnica de designar um tempo para preocupar-se visa auxiliar o sujeito Na preocupação excessiva as na redução da associação entretécnicas principais são: exposição à preocupação e indicativos de ansiedade,preocupação, a designação de um tempo portanto, diminuir a intensidade e apara preocupação, parada de pensamentos frequência das respostas d preocupação,e distração. propicia ao paciente o desenvolvimento de um senso de controle quanto a sua A exposição à preocupação baseia- preocupação. O paciente é orientado ase em estudos que demonstraram o papel escolher um intervalo de tempo, esseda preocupação na manutenção da TAG. período de tempo deve ocorrer todos osMargis e Kapcinski (12) citam 5 passos do dias no mesmo local e horário e não podemodelo proposto por Carske e ser associado ao relaxamento ou aocolaboradores para trabalhar a exposição à trabalho. Assim o sujeito, deve postergarpreocupação, são eles: 1. Identificar e sua preocupação para esse local e horárioregistrar as esferas de maior preocupação estabelecido.do cliente e ordená-las hierarquicamente; 2.Treinar a imaginação com cenas A parada de pensamento consiste naagradáveis e com cenas que causem interrupção dos pensamentos negativos,desconforto e preocupação (netas, substituindo-os por pensamentosconsiderar o pior desfecho possível). adaptativos e mais positivos. É umQuando esta fase estiver acontecendo comA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE 436GENERALIZADA

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.procedimento que visa ao reconhecimento tolerada pelos pacientes por não ter efeitosde que está ativo um processo depensamento disfuncional, dar um auto colaterais, e também por apresentarcomando para interromper ospensamentos, e evocar uma imagem visual significativo custo-benefício.reforçando o comando mudando a imagempara uma cena agradável ou relaxante A TCC é descrita, fundamentalmente, A distração consiste em solicitar ao na conexão entre os pensamentos e aspaciente que se concentre de forma intensaem imagens mentais positivas e calmantes emoções, o comportamento e a fisiologia.ou em algum objeto externo. Desse modo,a técnica da distração apresenta-se mais Identifica e trabalha três níveis deeficaz, isso porque os pensamentosguiados pela ansiedade são atenuados. cognições, são eles: pensamentos4 CONSIDERAÇÕES FINAIS automáticos (PA); pressupostos A ansiedade é possivelmente adisfunção emocional que mais atinge a subjacentes e crenças nucleares ouqualidade de vida de um indivíduo, e podedesencadear uma série de prejuízos nas centrais. É a partir do conhecimento dessesáreas do funcionamento social, acadêmicose ocupacional. O TAG é um transtorno três níveis cognitivos, que os terapeutascomplexo, com uma grande variedade desintomas para os quais existem diferentes cognitivo-comportamentais traçam astécnicas na TCC. estratégias buscando o equilíbrio A TCC é uma terapia de curto prazo,com duração média de cinco a vinte emocional.sessões, é focada diretamente noproblema, para os casos co-mórbidos, o Partindo dos princípios da TCC de quetratamento pode ser estendido por umperíodo acima de vinte sessões. as cognições influenciam e controlam as A TCC tem se mostrado efetiva no emoções e comportamentos e que o modoTAG e, que surge como uma alternativa aouso de medicamentos, uma vez que é mais como o indivíduo age ou se comporta pode afetar de forma significativa os padrões de pensamentos e emoção de um sujeito, faz com que a função cognitiva tenha um papel essencial no tratamento do TAG. O foco da TCC nesse transtorno é a reestruturação cognitiva, que visa a identificação dos pensamentos disfuncionais e ensina o sujeito a considerar outros pensamentos mais assertivos como alternativa. A partir da identificação e também dos questionamentos dos pensamentos disfuncionais, há a possibilidade de que esses pensamentos sejam desaprendidosA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE 437GENERALIZADA

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.e as cognições mais realistas passam a ser A terapia Cognitivo-Comportamentalconsideradas. baseada em mindfulness e aceitação é uma nova abordagem da psicologia, que Estudos apontam que após incorporou à terapia Cognitivo-seguimento de seis meses na TCC, a taxa Comportamental conceitos provenientesde recuperação chega a 51% no tratamento das tradições espirituais orientais. Estado TAG. Atualmente, o modelo Cognitivo- abordagem terapêutica tem como principalComportamental, é o mais prevalente e o finalidade, ajudar o cliente a identificar eque obtém melhores respostas ao vivenciar de forma consciente suastratamento do TAG isso porque incide emoções sem ficar dominado por elas.necessariamente em provocar mudanças Combinar a TCC tradicional à mindfulnessna forma alterada de perceber e raciocinar e aceitação no TAG é um desafio que podeacerca do ambiente e especificamente originar resultados positivos, visto que asobre aquilo que gera a ansiedade (terapia aceitação da ansiedade facilita o seucognitiva) e também por promover manejo podendo colaborar paramudanças no comportamento do sujeito potencializar e facilitar a reestruturaçãoansioso (terapia comportamental). A cognitiva.eficácia desse método pode ser duradoura,pois o uso das técnicas que permitem tanto A ansiedade vem se configurandoa extinção do medo condicionado quanto como um dos principais problemas dada regulação cognitiva de emoções para o atualidade, que pode estar sendoansioso, prevenindo assim a recaída. intensificado pelos avanços tecnológicos desenfreados, pressões sociais e também A técnica de Mindfulness tem sido econômicas.considerada no tratamento do TAG.Mindfulness é uma forma específica de A ansiedade e a preocupação somadoatenção plena, concentração no momento a inquietação, fatigabilidade, dificuldade deatual, intencional, e sem julgamento. concentração, irritabilidade, tensãoSignifica estar plenamente em contato com muscular, perturbação do sono são osa vivência do momento, sem estar sintomas principais sintomas do TAG.submergido por ela. A terapia Cognitivo-Comportamental é O Mindfulness apresenta-se como ultimamente uma das abordagens que maisuma nova perspectiva da prática da terapia cresce na psicologia, configurando-se,Cognitivo-Comportamental no tratamento apesar de sua origem recente, numa dasdo TAG. mais procuradas do mundo para oA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE 438GENERALIZADA

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente. Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.tratamento da TAG, isso porque utiliza TAG, além de uma fiel conceitualização detécnicas cognitivas e comportamentais. caso (20). Assim, as técnicas terapêuticas dessa Diante da conclusão desse estudo,abordagem visam identificar e testar pode-se observar que a terapia cognitivacognições distorcidas dos pacientes, para o TAG, tem grande eficácia, poisguiando-os para a construção de esquemas oferece ao sujeito uma variabilidade decognitivos mais funcionais a sua realidade técnicas que são empregadas de maneira(19). combinadas que causam impacto sobre o transtorno, porque o sujeito passa a vir a No que se refere aos passos iniciais preocupação como um processo normal dode manuseio com o transtorno de desenvolvimento humano e não mais comoansiedade generalizada, os terapeutas algo patológico, pois o indivíduo é ensinadodevem realizar uma apresentação do a reconhecer suas preocupações como ummodelo cognitivo do TAG e da TCC, além comportamento de aproximação – evitação.de uma minuciosa investigação acerca deatestar ou não a hipótese diagnóstica deREFERÊNCIAS http://editora.unoesc.edu.br/index.php/rotei ro/article/view/307/60.1. Mancini MC, Sampaio RF. Quando o 5. Zuardi AW. Características Básicas doObjeto de Estudo é a Literatura: Estudos deRevisão. Rev. Brasileira de Fisioterapia Transtorno de Ansiedade Generalizada.2006; 10(4): 361-472. [citado em 20 deagosto de 2017]. Disponível em: Rev Medicina Ribeirão Preto Online 2017;http://www.scielo.br/pdf/rbfis/v10n4/00.pdf. 50(Supl.1): 51-55. [citado em 15 setembro 2017]. Disponível em: https://www.journals.usp.br/rmrp/article/vie2. Nardi EA. História. In: Nardi EA, Valença w/127538/124632.MA. Transtorno de Pânico: Diagnóstico eTratamento. Rio de Janeiro: Guanabara 6. Sousa LPC, Vedana KGG, Miasso AI.Koogan; 2005. p. 01-21. Adesão ao Tratamento Medicamentoso por Pessoas com Transtorno de Ansiedade.3. Valle LG. Transtorno de Pânico. In: Rev Cogitare Enfermagem 2016; 21(1): 1-Abreu CN, Roso M, organizadores.Psicoterapias Cognitiva e Construtivista: 11. [citado em 15 setembro 2017].Novas Fronteiras da Prática Clínica. PortoAlegre (RS): Artmed; 2003. p. 181-193. Disponível em: http://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/4 3510/27515.4. Strieder R. Depressão e Ansiedade em 7. Cruz APM, Zangrossi JH, Graeff FG. Psicobiologia da Ansiedade. In: Rangé B.Profissionais da Educação das Regiões da (org.). Psicoterapia Comportamental e Cognitiva: Pesquisa, Prática, Aplicações eAmerios e da AMEOSC. Rev Roteiro 2009; Problemas. Campinas (SP): Psy; 1998.34(2): 243-268. [citado em 20 de agosto de2017]. Disponível em:A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE 439GENERALIZADA

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Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.19. Moreno AL, Wainer R. Da Gnosiologia http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rbtcc/v16n1/và Epistemologia: Um Caminho Científico 16n1a05.pdf.para uma Terapia Baseada em Evidências.Rev Brasileira de Terapia Comportamental 20. Clark DA, Beck AT. Terapia Cognitivae Cognitiva 2014; 16(1): 41-54. [citado em para Transtornos de Ansiedade – Guia do15 de setembro de 2017]. Disponível em: Terapeuta. Porto Alegre: Artmed; 2012. Como citar (Vancouver)Moura IM, Rocha VHC, Bergamini GB, Samuelsson E, Joner C, Schneider LF et al. A terapia cognitivo-comportamental no tratamento do transtorno de ansiedade generalizada. Rev Cient Fac Educ e Meio Ambiente[Internet]. 2018;9(1):423-441. DOI: http://dx.doi.org/10.31072/rcf.v9i1.557A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE 441GENERALIZADA

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200. PSICOLOGIAA UTOPIA DA PLENA FELICIDADE E A EXPRESSÃO DA HISTERIA DAS MASSAS NA CONTEMPORANEIDADE DOI: http://dx.doi.org/10.31072/rcf.v9i1.558THE UTOPIA OF HAPPINESS AND THE EXPRESSION OF HYSTERIA OF MASSES IN CONTEMPORANEITY Victor Hugo Coelho Rocha93; Gésica Borges Bergamini94; Evelin Samuelsson95; Cristielli Joner96; Luiz Fernando Schneider97.RESUMO: Fornecendo uma análise reflexiva sobre o conceito de felicidade postulado porSigmund Freud em seu trabalho intitulado como “O Mal Estar na Civilização”, obra na qualFreud desenvolveu reflexões que contemplam as exigências impostas pela civilização e abusca incansável pela felicidade, correlacionando com a dificuldade da então plenitude daexistência, ou felicidade plena. Objetivos: Compreender e conceituar o conceito de felicidadee sua dinâmica na perspectiva de Freud, utilizando os percursores da obra supracitada.Métodos: Trata-se de uma análise literária com revisão bibliográfica, pois realizou-se umaleitura e busca de materiais literários que dialogassem com a perspectiva da obra e autorprincipal. Resultados/Discussão: o conceito de felicidade e a sua dinâmica está relacionadocom os fatores psíquicos e a forma de defesa do ego, observou-se como ocorre à sublimação,mecanismo de defesa proposto por Freud, durante esse processo, e como essa dificuldadeem lidar com o real pode desencadeia uma histeria coletiva, a saber, a histeria das massas, apartir da inserção do indivíduo na sociedade do espetáculo. Consideração: apesar do tempoem que a obra foi escrita pode-se olha para a sociedade atual e observar uma histeria dasmassas na contemporaneidade, levando em conta as características da culturacontemporânea e como os indivíduos vêm se posicionando frente a ela.Palavras-chave: Felicidade. Psicanálise. Sublimação. Histeria na contemporaneidade.Espetáculo.ABSTRACT: Providing a reflexive analysis on the concept of happiness postulated bySigmund Freud in his work entitled \"The Evil Being in Civilization\", a work in which Freuddeveloped reflections that contemplate the exigencies imposed by the civilization and the93 Acadêmico de Psicologia da Faculdade de Educação e Meio Ambiente – FAEMA. Autor principal destapesquisa. Email: [email protected]. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4783-8359;94 Mestra, Psicóloga e Orientadora desta pesquisa. Professora da Faculdade de Educação e Meio Ambiente –FAEMA. E-mail: [email protected]. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0598-5366;95 Mestra, Bióloga e Colaboradora desta pesquisa. Professora da Faculdade de Educação e Meio Ambiente –FAEMA. E-mail: [email protected]. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0508-2709;96 Especialista, Fisioterapeuta e Colaboradora desta pesquisa. Professora da Faculdade de Educação e MeioAmbiente – FAEMA. E-mail: [email protected]. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7476-667X;97 Especialista, Fisioterapeuta e Colaborador desta pesquisa. Professor da Faculdade de Educação e MeioAmbiente – FAEMA. E-mail: [email protected]. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7945-2581.A UTOPIA DA PLENA FELICIDADE E A EXPRESSÃO DA HISTERIA DAS MASSAS NA 442CONTEMPORÂNEIDADE

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.relentless search for happiness, correlating with the difficulty of the then fullness of existence,or full bliss. Objectives: To understand and conceptualize the concept of happiness and itsdynamics in the perspective of Freud, using the precursors of the aforementioned work.Methods: This is a literary analysis with a bibliographical revision, since a reading and searchof literary materials that dialogue with the perspective of the work and main author was realized.Results / Discussion: the concept of happiness and its dynamics is related to the psychicfactors and the ego defense form, it was observed as it happens to the sublimation, defensemechanism proposed by Freud, during this process, and how this difficulty in dealing with thereal can unleash a collective hysteria, namely, the hysteria of the masses, from the insertionof the individual into the society of the spectacle. Consideration: despite the time the work waswritten one can look at present-day society and observe a hysteria of the masses incontemporary times, taking into account the characteristics of contemporary culture and howindividuals are positioning themselves in front of it.Keywords: Happiness. Psychoanalysis. Sublimation. Hysteria in contemporaneity. SpectacleINTRODUÇÃO comporta dois vieses os quais são definidos Tornou-se ampla a expressão nos de acordo com a meta almejada pelo indivíduo, sendo que a busca inalcançáveldias atuais da intensa necessidade do pela felicidade apresentará uma metahomem contemporâneo de se sentir positiva e uma meta negativa devido ao fatorealizado e satisfeito consigo e com seus do indivíduo querer a ausência de dor epropósitos. Denota-se que existe uma desprazer e vivenciar intensos momentosbusca exacerbada por uma plena de prazer. Logo, torna-se necessário saberfelicidade, capaz de alterar uma realidade que aquilo que se considera como umque nem sempre resulta no alcance dos estado de felicidade trata-se da satisfaçãoprazeres desejados: seria uma utópica das necessidades elencadas por cadafelicidade capaz de alcançar essa plena sujeito como portadoras de prazer. Diantesatisfação no indivíduo? Observa-se uma disto, a felicidade descrita por Freud implicaalteração quanto ao propósito da vida e é no que ele postulou em seus estudos sobrejustamente a partir disso que Freud em O a primeira tópica quando fala sobre oMal estar da Civilização tomará como ponto princípio de prazer e desprazer (1).de partida para a investigação dessepropósito com base no comportamento dos Zimerman (2) menciona que a partirhomens, os quais elencam como principal dos estudos de Freud, sobre o aparelhometa o alcance da felicidade (1). psíquico, Freud compreendeu que prazer e desprazer caminham juntos, quanto maior o Sigmund Freud destaca que esse nível de prazer no interior do aparelho maispropósito de uma utópica felicidade plenaA UTOPIA DA PLENA FELICIDADE E A EXPRESSÃO DA HISTERIA DAS MASSAS NA 443CONTEMPORÂNEIDADE

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.desprazer é gerado nesse indivíduo. Logo, bibliotecas virtuais, a partir das seguintesessa satisfação mágica e ilusória que o bases de dados: BVS - Saúde, Sciello,sujeito busca sempre acabará sendo Pepsic, Lilacs, Reme, Bireme, Capes efrustrante e decepcionante porque ela não Google Acadêmico.suporta as exigências e necessidades darealidade. De forma tênue, Inada (1) destaca Foram incluídos estudos redigidos emque se trata da busca pelo sujeito de evitar língua portuguesa no tema propostoo sofrimento tendo como objetivo alcançar publicados dentre os anos de 2005 a 2016,a felicidade, e tal busca inicia-se desde o extraídos de revistas científicas, além deinício da vida. Freud refere-se ao homem trabalhos de conclusão de curso,como um “infatigável caçador de prazer”, dissertações de mestrado e teses desendo que lhe custa muito ter que renunciar doutorado. O critério de exclusão se dirigiua um prazer já sentido em prol de outros a materiais não relacionados aos critériosobjetivos (3). estabelecidos para a realização desta pesquisa. O objetivo do estudo consiste em2 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:investigar como ocorre o processo de 3.1 Felicidade – de uma perspectivabusca pela felicidade e a sua correlação histórica à contemporaneidadecom a dificuldade de alcance da tãodesejava felicidade plena. Neste trabalho A busca pela felicidade no decorrer dade revisão bibliográfica pretende-se história levou os seres humanos a percorrercompreender esse conceito de felicidade e uma vida em busca de um grande e comuma sua dinâmica. Além do mais, objetivo, sendo este, a felicidade. Em todasobservaremos como ocorre a sublimação, as épocas vividas a meta final a sermecanismo de defesa proposto por Freud, alcançada sempre foi o desejo de uma vidadurante esse processo, e como essa melhor. Aristóteles (384 a 322 a.C.)dificuldade em lidar com o real pode baseava sua crença justamente nisso, eledesencadear uma histeria coletiva, a saber, acreditava que o objetivo de todo homema histeria das massas, a partir da inserção era a felicidade e a mesma só seriado indivíduo na sociedade do espetáculo. alcançada por ele se este tivesse uma vida2 MÉTODOS repleta de virtudes e características positivas que o levassem a merecer tal Para elaboração deste estudo foi felicidade. Epicuro (341 a 270 a.C.)realizado levantamento de conteúdo acreditava e menciona em uma de suasatravés de pesquisa bibliográfica em cartas sobre o respectivo tema, a felicidade,A UTOPIA DA PLENA FELICIDADE E A EXPRESSÃO DA HISTERIA DAS MASSAS NA 444CONTEMPORÂNEIDADE

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.que o indivíduo somente pode alcançar a que refere-se a premissas de naturezauma existência feliz a partir do momento extrínseca nota-se que a característica queque este abrir mão de todos excessos, de se destaca é que o sujeito passa a buscartudo que pode levar a sofrimento, como por a felicidade para muito além de si mesmo,exemplo, os demasiados compromissos acreditando que poderá encontra-la nasociais e medos que tornam-se empecilho aquisição de um carro novo, uma casapara a famigerada felicidade, que se nova, um aparelho eletrônico que esteja emconsegue levar o indivíduo a uma alta no mercado e os demais tipos deexistência feliz. Sêneca (2 a.C. a 65 a.C.) conquistas de caráter externo.partia do princípio que para encontrar afelicidade o sujeito deve se recusar a seguir De outro lado, referindo-se aa multidão, isto é, tomar consciência e premissas de natureza intrínseca o sujeitoentender de fato quem ele é, somente busca em si mesmo a felicidade, este temassim, conseguirá encontrar a felicidade(4). como fonte sua própria existência, acreditando que tal felicidade somente será Russel (apud Graziano)(4) fala a encontrada se este trabalhar seu interior, arespeito da necessidade social do homem si, transcender a tudo que está externo ade fazer parte do meio social, desta forma, ele. Temos uma ideia de felicidade que éser inserido na sociedade tendo como citada por Pascal e se correlaciona com oobjetivo a busca não somente da sua que é decorrente dos dias de hoje,própria felicidade mas também da principalmente a aqueles indivíduos quefelicidade do outro, mediante isto, a apresentam ideação suicida. Usando talvisibilidade da conceituação de felicidade exemplo, sabe-se que muitos são ostranscende a noção de dádiva divina e julgamentos sobre estes, entretanto, depassar a ser vista como algo valioso que acordo com o pensamento de Pascal, atédeve ser conquistado perante a promoção mesmo o sujeito que busca a morte, tendoda felicidade ao outro. por diversos métodos encontra-la, na verdade, tem como único objetivo ser feliz, Sobre tal ideia de felicidade Viktor a sua vontade de encontrar uma felicidadeFrankl nos elucida que a felicidade não que já não existe no interior de si. Buscar adeve-se ser considerado algo a ser morte passa a ser uma forma desse sujeitobuscado pois ela simplesmente vem. A de fugir da tão apavorante e sofridafelicidade é um sentido, se o ser humano a infelicidade(5).busca é falsa. Observa-se que a felicidadebaseia-se sobre dois tipos de premissas, noA UTOPIA DA PLENA FELICIDADE E A EXPRESSÃO DA HISTERIA DAS MASSAS NA 445CONTEMPORÂNEIDADE

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200. A sociedade contemporânea precisava ser descarregado por algumencontra-se a todo o momento buscando meio, pelo fato de vivermos em sociedade,formas de alcançar a felicidade pelo prazer, uma das formas utilizadas é através dedeste modo, tenta-se evitar todo e qualquer exercícios, de motricidade, e é justamentetipo de contato com o sofrimento. por esse motivo que se pauta talEntretanto, permitir uma busca impossibilidade de satisfação irrestrita, poisdesenfreada e um alcance da suposta o fato de vivermos em sociedade nos privaevitação do sofrimento seria muito perigoso em demasiadas formas de viver nossospara a estrutura da personalidade do mais íngremes desejos (9).indivíduo, pois se torna necessário aintrodução do princípio de realidade. Suzuki (apud Sebold) (8) fala sobre oSegundo Saroldi (6) há uma dificuldade na “distanciamento dos afetos”, no qual oatualidade em pensar coletivamente e essa homem encontra-se distante da experiênciabusca por prazer de forma exacerbada de felicidade, da alegria e de sentimentosintroduz o homem no mundo da barbárie, que o levam a tal estado que ele elencadistanciando-o da cultura. Para a autora, a como meta, um estado feliz. Diante darenúncia – que nos conduziria aos dificuldade do alcance de tal felicidadeprocessos civilizatórios – é algo que tem utópica e das constantes cobranças dasido expurgado do imaginário comum. sociedade, tal individuo chega a vivenciarLlosa destaca que a sociedade atual tem estados depressivos, que influência navalorizado o prazer, a fuga ao tédio, a maneira como este se relaciona com oleveza (7). outro e em como vive no mundo e nos rumos que está dando ao seu destino, isto O grande precursor da psicanálise, devido ao ideal social que já preexiste aoSigmund Freud, ao falar sobre a primeira seu próprio nascimento, pois mesmo antestópica do aparelho psíquico, fazendo de nascer, aqueles que se dedicarão aoreferência a prazer e desprazer, chegou à próprio nascimento e cuidado jáconclusão que não existe a possibilidade de predeterminam os destinos e tornam asencontrar prazer sem também escolhas limitadas, logo, cada indivíduoexperimentar o desprazer, torna-se uma passa a ser construídos por ideais emeta utópica, Freud dizia que quanto maior expectativas que não é de si próprio, maso nível de prazer no interior do aparelho sim inicialmente de seus pais e mais tardepsíquico humano maior também era o da sociedade de acordo com os critérios dedesprazer que este experimentava e que certo e errado perante a civilização.A UTOPIA DA PLENA FELICIDADE E A EXPRESSÃO DA HISTERIA DAS MASSAS NA 446CONTEMPORÂNEIDADE

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200. Diante desse processo observa-se das necessidades ligadas somente àque na atualidade em decorrência da sobrevivência, mais tarde, conforme étecnologia e da necessidade do “aqui- inserido em seus interior os princípiosagora”, a sociedade passou a cultivar uma sociais, tais como, o que é errado e o que érotina demarcada por horários de correto, o homem passa a se tornar cadadurabilidade e prazos de validade, onde o vez mais insatisfeito com o que tem e comtempo é o senhor do seu destino, uma o que é, buscando cada vez mais porcaminhada constante em direção a lugar desejos e necessidades que excedem anenhum, resultando como consequência verdadeira necessidade, desta forma, nodeste processo o enfraquecimento do laço impossível alcance de tais desejos, o sersocial, das amizades e até mesmo dos humano passa a ser reprimido, tendo seusrelacionamentos familiares. desejos postergados ou desviados de sua finalidade original (1). Defronte a dificuldade do alcance dafelicidade plena, surge um estado de Desta forma, de acordo com o jargãoinfelicidade considerada por Freud como de social para ser reconhecido como alguémmais fácil alcance. Inada (1) acredita que no meio da sociedade não basta “ser” éexiste fontes que proveem a infelicidade no necessário “ter”, sendo um bom emprego,interior do indivíduo, sendo os casa própria, uma família, a possibilidaderelacionamentos humanos podendo ser de consumir produtos de boa qualidade emuitas vezes muito inconstante e recém-lançados pelo mercado, objetivossuperficial, o próprio mundo exterior que elencados inconscientemente comorefere-se também a sociedade com seus necessários para o alcance da felicidade, apré julgamentos e determinações e o qual, forjada pelo capitalismo, aparecepróprio corpo, demarcado pela insatisfação vinculada a possibilidade de consumo.do sujeito com si mesmo, buscando sempre Desta forma, de acordo com o jargão social,a perfeição. Segundo Suzuki (apud Sebold) para “ser alguém na vida” é preciso ter uma(8) o que se impregnou no interior do sujeito profissão, um bom emprego, casa própria,da contemporaneidade é que se tem muito uma família, a possibilidade de consumirmais valor socialmente ter algo, e produtos de boa qualidade e recém-apresentar algo, do que ser, e dentre ser, lançados pelo mercado, objetivos queser verdadeiramente feliz. acabam sendo elencados de forma inconscientemente levando o indivíduo Inicialmente, o indivíduo é um ser acreditar que somente encontrará ameramente biológico que busca satisfaçãoA UTOPIA DA PLENA FELICIDADE E A EXPRESSÃO DA HISTERIA DAS MASSAS NA 447CONTEMPORÂNEIDADE

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.felicidade se aderir ao sistema capitalista existe, fingindo ter um padrão de vida queque aparece vinculada a possibilidade de não tem. A simulação põe em questão aconsumo. Observa-se que foi dada a diferença do verdadeiro e do falso, do realfelicidade um caráter de dever, aparecendo e do imaginário, assim, os simuladoresatrelada também ao status social e a perdem o seu significado, dando lugar aoimagem e supervalorização do corpo (8). imaginário representativo, confundindo desta forma o real com a fantasia (9). De acordo com a ideologia damodernidade sentimentos negativos não Frederico (10) postula a respeito dopodiam ser mencionados e muito menos mundo fantasmagórico do simulacro, elesentidos, era proibido fazer menção de destaca que a felicidade pode sertermos que fizesse conotação com produzida de diversas formas,sofrimento. Contudo, Bruckner destaca que experiências, estados, ela pode sero que deve desaparecer do discurso do identificada na forma de amor, de prazersujeito não é o fator de sentir dor e sofrer, sexual, de saúde, segurança, alegria, emas sim o fato de expressar por vias contraponto a tais estados, aparecepublicas tais sofrimentos, desta forma, é aqueles que causam o que causa pavor aexigido ao suma espécie de necessidade quem busca a famigerada felicidade, destade simulação da felicidade Bruckner (apud forma, sentimentos tais como tristeza,Sebold) (8), desta forma o indivíduo passa a angústia, nojo, medo e ansiedade acabamreproduzir papéis, vivendo em simulacro. por diminuir a felicidade de cada indivíduo.3.2 Vivência em simulacro Ferraz (11) diz que o ser humano Viver em simulacro é uma realidade somente alcançará a felicidade quandoque culmina e ganha aplausos da maioria este encontrar uma maneira coerente dena sociedade contemporânea. Nesse tipo viver, logo, a coerência deve demarcar ade vivência o indivíduo apresenta vida de tal sujeito englobando todos osexternamente uma realidade que não lhe aspectos, sendo materiais ou até mesmopertence, camuflando a sua subjetividade e espirituais, além do mais, o autor consideraidentidade tendo como motivação que a “felicidade” é a expressão que traduzextrínseca a satisfação em ser aprovado a compreensão coerente e lúcida dopela sociedade e como motivação mundo; ou seja, a felicidade autênticaintrínseca o suposto alcance da felicidade requer uma maneira coerente de viver.plena. Nesse tipo de vivência, o indivíduo Quando o sujeito abre mão da coerênciaesconde a verdade, ocultando o que de fato em sua existência, ele abre mão de siA UTOPIA DA PLENA FELICIDADE E A EXPRESSÃO DA HISTERIA DAS MASSAS NA 448CONTEMPORÂNEIDADE

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente. Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.próprio, da verdade sobre si, e passa a viver mecanismo egóico representado por umaem simulacro. sociedade também egóica. Debord, prevendo esse futuro O Ego não é algo que tem suapostulou que: existência do nada, ele é construído no decorrer da existência do sujeito, assimEssa inversão das relações entre como o Id e o Superego, o Ego também temrealidade e imagem, já nos advertia sua função, sendo esta a de mediar asque o simulacro não se tornou o pulsões do Id que grita pelo prazer e asmundo real, mas é o mundo real exigências do superego que atua ao ladodilacerado que passou a se das exigências sociais, que realmente levaapresentar sob a forma de o indivíduo a realidade socialmenteespetáculo, unificando falsamente a imposta. Desta forma, entende-se que é anossa percepção e impondo o personalidade que desenvolve os“monopólio das aparências(10). mecanismos de defesa necessário do Ego, tendo entre os principais mecanismos deSer plenamente feliz em uma defesa do Ego existentes se encontra o mecanismo de negação que consistesociedade que obriga, a todo o momento, simplesmente na recusa do sujeito em consentir com situações que levam aomediar desejos tornou-se um objetivo sofrimento, que causa angustia nesse sujeito (13).inacessível. Logo, existir na Analisando esse conceito decontemporaneidade trata-se muito mais de felicidade tendo como foco o papel da cultura e na civilização na formação doscontracenar papéis do que viver de fato aspectos que constitui um estado de felicidade no sujeito, Sigmund Freudquem se é, creditado isto a sociedade que percebe que viver socialmente é ser atingido de sofrimento e repressão o tempodetermina o que é socialmente aceitável, todo, principalmente relacionado a aquilo que desperta desejo, desta forma, surge osendo que tudo que transcender a isso se mecanismo de defesa da sublimação, por meio da sublimação, causa-se aos homenstorna promíscuo e patológico. Deste modo, um mal-estar, porém esses sacrifícios sãoalcançar a felicidade é uma ilusão decaráter social, organizada e desempenhadapela própria sociedade, como se refereFontenelle (12), pois a linha entre o aceitávele o profano é muito tênue.Assim, o indivíduo encontra-seobrigado a todo o momento sublimar seusdesejos por outros mais socialmenteaceitos, mas que o impede de alcançar atão desejada meta da felicidade. Estesujeito vive, então, através de umA UTOPIA DA PLENA FELICIDADE E A EXPRESSÃO DA HISTERIA DAS MASSAS NA 449CONTEMPORÂNEIDADE

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.necessários para a existência da percebe-se que antes a histeria não erasociedade, desta forma o que ocorre é que vista como uma questão de ordemcom o princípio da realidade o desprazer psicológica mas sim de ordem religiosa oupassar a ser obrigatoriamente tolerado até mesmo orgânica.devido às exigências da sociedade, e assimo indivíduo tem que postergar sua Ávila & Terra (15) conta que a histeriasatisfação tornando-se vulnerável a chegou a ser vista como uma síndrome dadiversas fontes de sofrimento. Assim, para cultura, tendo como fator desencadeante amanter a vida, o objetivo de alcançar a repressão sexual da era vitoriana. Além dofelicidade plena é relegado a segundo mais, muitos autores, como o próprioplano. O indivíduo, mediante a sociedade, Sigmund Freud percebiam que antes dobusca pela sua proteção com o objetivo de século XX a forma que os indivíduos,sobrevivência, pautando na segurança que especialmente as mulheres, encontraramuma vida social pode oferecer a ele, desta para expressar seus conflitos de ordemforma, esse sujeito sublima e abre mão de emocional era por meio de sintomassi, abre mão de seus desejos e troca sua fisiológicos. Na era vitoriana as mulheresfelicidade por segurança, como postula eram vistas como seres humanos paraSigmund Freud (1) troca a qual pode dar procriação, logo, elas não possuíam voz,origem a uma histeria de massas. não tinha força, desta forma, devido à falta3.3 A expressão da histeria de massas de oportunidade de expressão seus corposna contemporaneidade eram acometidos. Extirpavam das mulheres o direito a externalizar o que Almeida (14) postula que a histeria no sentiam, entretanto, isso não fazia que asdecorrer da história pôde ser vista de questões sexuais e carências tambémdiferentes formas e ângulos, como fossem tiradas, a única coisa que promoviaaberração pôde ser diversas formas de era o recalcamento que desencadeava orepreensão e tratamento, por exemplo. Até surgimento dos sintomas conversivos.que surge Sigmund Freud e Breuer que apartir de seus estudos constataram que na Diante do exposto, percebe-se queverdade tratava-se de algo de origem inicialmente a histeria conversiva era algopsíquica, desta forma, baseando-se em que acometia mais mulheres, com odados científicos que eram de fato decorrer das décadas, passou a sercomprovados, desenvolveram um observado que poderia acometer qualquertratamento mais racional. Mediante isto, individuo, pois a repressão e o recalque era uma alternativa de saída daquilo que nãoA UTOPIA DA PLENA FELICIDADE E A EXPRESSÃO DA HISTERIA DAS MASSAS NA 450CONTEMPORÂNEIDADE

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.Ariquemes: FAEMA, v. 9, n. 1, jan./jun., 2018. ISSN: 2179-4200.era aceito socialmente (16). Tornou-se tão pois visará sempre à busca por essacomum que não é um mal que atinge satisfação, pelo objetivo maior e utópico, asomente um pequeno grupo de pessoas, felicidade.hoje, trata-se de uma espécie de histeriacoletiva, a qual está sendo expressa e Costa e Lang (16) mencionam quemanifesta de maneira coletiva, como uma atualmente a histeria pode se manifestar deepidemia, onde responsabilidades, duas formas, a primeira sendo através doidentidades e sentimentos passam a ser espetáculo, e a última através de umarevogados e adquiridos de forma coletiva espécie de “comunitarismo”. No fim, ambaspelos indivíduos, como postula Melman são as formas de um sujeito se fazer(apud Costa & Lang) (16). notado, reconhecido. E atrelado à estimulação ao espetáculo podemos Ao se deparar com a impossibilidade identificar no indivíduo histérico dada realização da plena e fugaz felicidade, contemporaneidade características doquestiona-se, onde o indivíduo tem transtorno histriônico.investido sua libido? Na família, naprofissão, nos filhos, no corpo, no parceiro? O DSM-IV caracteriza o TPH –São muitas as questões que se colocam Transtorno de Personalidade Histriônicafrente ao enigma dos desejos do indivíduo. referindo-se a ele como umaRocha (17) menciona que com a emocionalidade encontrada no indivíduo deglobalização há uma excessiva forma exagerada, esse indivíduo passa apreocupação com a beleza e com o corpo, desempenhar comportamentos a fim deo corpo é colocado em evidência e a mídia alcançar atenção de outras pessoas, assimé o principal meio difusor de modelos a tendo comportamentos totalmenteserem seguidos pelos histéricos, desta inadequados. Desta forma, constitui-se osforma a completude de sua existência é tradicionais espetáculos (18). Costa e Langrepresentada pelo corpo, corpo este que é (16) destacam que o espetáculo surge com amotivo de insatisfação, de infelicidade. necessidade de exibição, de ser visto.Inconscientemente, o sujeito histérico faz 3.4 Sociedade do espetáculo e ode tudo para manter seu desejo insatisfeito, sequestro da subjetividadedesde a escolha de um objeto que quercomprar até a escolha de um parceiro Atualmente, nossa sociedade temamoroso, podendo dar origem a um vivido naquilo que podemos intitular como arelacionamento patológico e dependente, “era do espetáculo”. Onde indivíduos se sujeitam a todo tipo de comportamentos eA UTOPIA DA PLENA FELICIDADE E A EXPRESSÃO DA HISTERIA DAS MASSAS NA 451CONTEMPORÂNEIDADE