Preservando a herança cultural açoriana em Santa Catarina 351outras famílias “Oliveira” provenientes das correntes migratórias a partir dadécada de 1980. Em 1883, são os Fernandes, por exemplo, que constam doprocesso de doação das terras onde está a atual Matriz de Nossa Senhora dosNavegantes, em Ganchos do Meio, constituindo ainda hoje numerosa família.Esse cruzamento de dados nos permite dizer que a origem da maioria dossobrenomes de Governador Celso Ramos não é apenas açoriana e madeirense,e sim uma contribuição de diversos lugares do mundo. A composição étnica da atual Governador Celso Ramos é mestiça.Num primeiro momento, bandeirantes paulistas que per si eram portuguesesmiscigenados a indígenas; indígenas guaranis; pretos em sua maioria bantos,de Moçambique – muitos trazidos já idosos de São Paulo e Rio de Janeiro –;povoadores açorianos e madeirenses que aportaram em Nossa Senhora doDesterro; mercenários de diversos lugares da Europa: italianos, alemães eingleses; colonos alemães e belgas. A família Ocker,26 por exemplo, que aindareside na Armação da Piedade e Fazenda da Armação é remanescente daterceira colônia alemã de Santa Catarina: a Colônia da Piedade.27 Na segunda etapa, a partir de 1880, o mercado pesqueiro de Ganchos,o porto que recebia os veleiros da Bayer e navios da Loyd Brasileira,28 mar- que lhe foi servidos depressa lhe acudiu a lancha de que não tenham esperanças alguma ela salvou toda gente menos uma preta que já tinha morrido afogada.”.26 De acordo com as pesquisas realizadas por Marcio Ocker, de Joinville e Alex Ari Ocker, de Governador Celso Ramos, a família Ocker descende de Mathias Ocker, nascido em 8 de setembro de 1808, Reil, Alemanha. Mathias, filho de Christian Ocker, na época com 43 anos de idade e professor de escola, e de Anna Barbe Scherer. O registro de nascimento de Mathias Ocker foi feito em francês, devido a França exercer o domínio da região na época. O casal Mathias Ocker e Barbara Rachz desembarcaram na Armação da Piedade, por meio do navio Afonso Primeiro, na data de 2 de janeiro de 1847, juntamente com outras famílias alemães e belgas. Eram os filhos do casal: Elisabetha Ocker (13 anos, nascida em 1835), Amalie (6 anos, nascida em 1841) e Clara (1 ano, nascida em 1846). O casal ainda trouxe Anna Catharina Rachz, a sogra de Mathias, com 58 anos. No Brasil, o casal teve mais 4 filhos homens: Pedro Mathias, Christiano Mathias, José Mathias Ocker, e Guilherme Mathias Ocker (1865).27 De tal forma, o apontamento dessa e outras famílias de origem alemã e belga, que formaram a colônia da Piedade, em 1847, constam em pesquisas do historiador alcantarense Tonni Jochen. Entre as famílias estavam os sobrenomes: famílias Pellenz, Tries, Kallfelz, Shommer, Peter, Ronen, Bins, Platten, Ocker, Rachz, Reiff, Wendling, Loux, Meurer, Endries, Reitz, Knod, Wademphul, Klein, Steffens, Laus, Justen, Mohr, Schneider, entre outros.28 BOITEUX, José Arthur. Dicionário Histórico e Geográfico do Estado de Santa Catarina. p. 33-34.
352 Colóquio NEA 30 anos de Históriacará a presença de famílias comerciantes e produtoras como os Baldança,naturais de Milão, na Itália; dos Wollinger, provenientes da Bavária Alemã;29e dos Leal Nunes Narciso, de Lisboa, Portugal. A partir da década de 1960,algumas famílias holandesas vão se estabelecer na região da Guaporanga– antigo distrito de Biguaçu – e desse contingente permanecerão em terraspertencentes ao atual Governador Celso Ramos, entre eles os Wopereis, osBovee e os Papenborg. Não há o que falar em apenas colonização açoriana, mas em povoamentoe cultura de base açoriana.30 A cultura de base açoriana permaneceu, resistiu ese sobrepôs às demais culturas e etnias existentes em Governador Celso Ramos.Em parte, porque o número de famílias de origem açoriana e portuguesacontinental tenha sido maior. Também, pelo fato de a religião católica, quesempre foi predominante no município e na região, ter incorporado diversoscostumes provenientes dos povoadores açorianos. De tal forma, nossaresultante étnica se mostrou capaz de congregar diversos povos e culturas,formando um povo pacífico e acolhedor.Herança cultural em Governador Celso Ramos Na memória adormecida do gancheiro, gentílico referente a quemnasce ou mora em Governador Celso Ramos, há uma herança cultural de baseaçoriana. Essa cultura é vivificada nas festas populares e religiosas que aindase realizam no município. O culto ao Divino Espírito Santo, o Terno de Reis,o culto a Nossa Senhora dos Navegantes divide espaço com o pão por Deus, abrincadeira do boi e as danças como o: boi de mamão, pau de fitas e a ratoeira.Essa herança cultural que mora na lembrança dos descendentes dos casaisaçorianos e madeirenses, bem como dos imigrantes do Portugal continental,ainda está presente na linguagem popular, nas crenças, superstições e lendas –e até mesmo na medicina popular.29 Esse ramo da família Wollinger é descende de Georg Pongratz Wollinger (1829-1905) e Anna Kieslinger (1835-1878), nascidos em Rittsteig, Município de Neukirchen beim Heiligen Blut, distrito de Cham, região administrativa do Alto Palatinado, Estado da Baviera. O casal trouxe os filhos: Heinrich (1859-1934), Georg (1864-1938), Wolfgang (1865-?), Joseph (1866-1944) e Cleophas (1870-1960). Em Gov. Celso Ramos, Francisco Wollinger, filho de Jorge e neto de Georg constituiu numerosa família, participando da política local foi intendente distrital e comerciante. A rodovia estadual SC-410, aberta a partir de 1920 e concluída em 1983, é denominada “Francisco Wollinger”.30 Termo utilizado pelo professor e historiador Vilson Francisco Farias.
Preservando a herança cultural açoriana em Santa Catarina 353 Apesar de diagnosticarmos que as festas populares e religiosas tenhamdiminuído em intensidade e forma, com o passar dos anos, não é possíveldizer que a cultura de base açoriana tenha sido apagada. Há, evidentemente,uma flagrante campanha da mídia televisiva para uma massificação culturale um forte apelo mercadológico que vai vender um “produto” diferente dovivenciado em comunidades ou sociedades menores ou mais isolados dochamado “contexto urbano ou da metrópole”. Outro aspecto importante é a velocidade da sociedade da informaçãoe do consumo e a reação do chamado World Heritage em oposição ao WorldEconomy: Consoante ao pensamento de Hartog (2014, p. 24): […] Os progressos (tecnológicos), no entanto, continuavam a galope enquanto a sociedade de consumo não parava de crescer, exatamente como a categoria do presente, da qual fazia seu alvo e que constituía, de alguma maneira, sua razão social. Apareciam na vida pública os primeiros passos da revolução informática, exaltando a sociedade da informação, mas também os programas das biotecnologias. Logo viria o tempo, imperioso, se assim se pode dizer, da globalização: da World Economy, preconizando mobilidade crescente e apelando cada vez mais ao tempo real; mas também, simultaneamente, da World Heritage, sistematizada pela Unesco, tal como a convenção de 1972, “pela proteção do patrimônio mundial cultural e natural”. Cabe salientar, neste artigo, um pouco das principais festas realizadasem Governador Celso Ramos, entre as quais, a Festa do Divino Espírito Santo,que tem origem medieval, datada do século XII, em países como Alemanha eFrança, e que é um misto de ritos religiosos e profanos.31 Em Governador CelsoRamos, bem como em inúmeras localidades ao longo da costa catarinense,a festa se constitui por ser a maior e mais significativa entre todas as outrasfestas religiosas e populares. Uma semana antes das festividades, membros daIgreja Católica visitavam os bairros levando a bandeira do Divino e tocandoum tambor. Essa manifestação tem por objetivo angariar fundos para arealização da festa, que, no seu auge, apresenta a Corte Imperial compostapelo imperador, imperatriz, damas e pajens, além da comunidade que entoacantorias.32 Ainda, no tocante à Festa do Divino Espírito Santo, o historiadorAdauto Jorceli de Melo menciona que essa festividade, que ocorre entre os31 SOARES, Doralécio. Folclore catarinense. 2. ed. Editora da UFSC: Florianópolis, 2006, p. 21.32 SIMÃO, Miguel João. Ganchos: um pedacinho de Portugal no Brasil. Edição do autor: Governador Celso Ramos, 1997, p. 32.
354 Colóquio NEA 30 anos de Históriameses de julho e agosto, está atribuída à safra pesqueira, notadamente a pescada tainha.33 Importante mencionar que o declínio das tradições açorianas no litoralcatarinense tem ligação com as proibições impostas pela Igreja Católica noinício do século XX. De acordo com Melo (2012, p. 162): A romanização consistia em proibir as chamadas manifestações populares como terno-de-reis, folia do Divino, e certas novenas. Pretendia-se acabar com a dimensão profana das festas religiosas, como os “malfadados bailes”. Enfim, transformar a religião católica em algo mais racional conforme a doutrina oficial de Roma. Compreendo que esse distanciamento da fé católica dos ritos profanosafastou muitos fiéis da Igreja e deu espaço ao surgimento de credos e novasseitas religiosas que se opõem, veementemente, às crenças que os povoadoresaçorianos trouxeram do Arquipélago. Crenças como a chamada “cobertad’alma”34 possuem elementos judeus e africanos, por exemplo. E na composiçãogenética do açoriano há uma miscigenação de portugueses continentais, judeuse africanos (norte do continente africano).35 Retornando ao distanciamentodas crenças profanas e religiosas. Melo (2012, p.163) afirma que: “[…] transcorridos cinquenta anos do Concílio Vaticano II, a Igreja passa a valorizar essas manifestações religiosas, e muitas paróquias tem retomado os festejos em honra ao Divino Espírito Santo. Dessa lacuna de tempo muito dos antigos ritos se perderam”. Escrever pedidos, mensagens e súplicas amorosas em pequenos pedaçosde papel, multicoloridos e em tamanhos diversos, é outra tradição com fortetraço açoriano e madeirense. A essa tradição, sempre realizada em novembro,é atribuído o nome de pão por Deus (SOARES, 2006, p. 32). O escritor MiguelJoão Simão afirma que o pão por Deus era um costume de enviar um coração33 MELO, Adauto Jorceli de. Ganchos do Meio memórias do ontem: vida, linguagem e identidade. Edição do autor: Governador Celso Ramos, 2012, p. 155.34 A exposição realizada pelo pesquisador Ibrahim Cardoso, denominada “A prática da coberta d’alma no município de Paulo Lopes: um estudo de caso”, durante o colóquio dos 30 anos do NEA nos trouxe elementos importantes que unem a prática dessa crença aos costumes judaicos e também africanos. Cardoso menciona tal prática em um Trabalho de Conclusão de Curso, na área de História.35 LIMA, Manuela. Povoamento e história demográfica dos Açores: o contributo da genética. Disponível em: <http://www.nch.pt/biblioteca-virtual/bol-nch17/boletim17-pags227.pdf >. Acesso em: 3 mar. 2015.
Preservando a herança cultural açoriana em Santa Catarina 355feito de papel, enfeitado e repleto de quadrinhas ou versinhos, sempre com letrasbem caprichadas (SIMÃO, 1997, p. 45). A tradição, que persiste em GovernadorCelso Ramos apenas nos grupos de mães e idosos, manifesta a cordialidade entrequem dá e quem recebe o pão por Deus. Melo (2012, p. 97) menciona que: O gesto de enviar e receber Pão-por-Deus foi lembrado por todos os idosos que entrevistei. O significado deste ato consistia em estabelecer relações cordiais com as pessoas. Segundo a senhora Olga Rogério para fazer um pão-por-Deus não era tão difícil. Recortava-se um pedaço de papel em forma de coração quase sempre bordado com fios. Trabalho manual delicadamente confeccionado, e dentro destes, eram descritos versos livres que serviam para homenagear uma pessoa amiga ou uma forma de pedir algo. Para celebrar o nascimento do menino Jesus, os povoadores açorianosque ocuparam o território da atual Governador Celso Ramos organizavamalegres cantorias acompanhadas de instrumentos musicais que batiamde porta em porta, entre o final de dezembro e início de janeiro. Para taiscantorias deram o nome terno de reis. Em Santa Catarina, o terno de reis nãoevoca os três reis magos, como se faz na Bahia, por exemplo, nem mesmo temum caráter tradicional para recolher ofertas para as novenas.36 O historiadorAdauto Jorceli de Melo menciona que em Ganchos as famílias e amigosformavam grupos de terno de reis e davam tons diferentes aos versos que iamde porta em porta.37 Farias (2000, p. 385), fala que: As cantorias conhecidas por terno de Reis, tradicionais nas comunidades litorâneas, tem motivação de fundo religioso-profano.O próprio nome terno advém da existência de três vozes: repentista,tripa, e coro. Essas vozes é que caracterizam o terno.Os ternos apresentam variações de letras de acordo com a data cantada.Mantendo a mesma melodia e forma de apresentação.Cantam-se ternos na época de natal (terno de natal), passagem de ano(terno de ano-Bom ou Ano novo); no dia dos Santos Reis; no dia deSanto Amaro (terno de Santo Amaro); e no dia de São Sebastião (ternode São Sebastião).36 SOARES, Doralécio. Folclore catarinense. p. 37.37 MELO, Adauto Jorceli. Ganchos do Meio memórias do ontem: vida, linguagem e identidade. p. 94.
356 Colóquio NEA 30 anos de História Entre as danças conhecidas no litoral catarinense, que tem umaidentidade com os costumes provenientes dos Açores, está o pau de fitas. Emalgumas culturas, a dança está associada à fertilidade, à fartura de uma boacolheita. O pau de fitas existe em culturas de países europeus e, de acordocom pesquisadores, era comum, também, nos povos americanos antes dachegada dos colonizadores.38 Em Governador Celso Ramos, é cada vez maisraro assistir apresentações do pau de fitas, dança lembrada nos dois “Açor”39,festa que promove a cultura açoriana. Em 1825, o mercenário suíço-alemão ecronista Carl Friedrich Gustav Seidler, que veio a Santa Catarina a bordo doNavio Caroline, fez os seguintes apontamentos, nos quais consta a existênciado pau de fitas, em Ganchos: Não decorrera meia hora, começaram a aparecer homens, mulheres e raparigas, todos em traje noturno, com muitas fitas multicores e todos ao que parece muito contentes com a nossa visita noturna. Por fim regressou também o dono da casa, acompanhado dumas dez raparigas levianas e levemente vestidas e um espanhol desgarrado, no qual bem se adivinhava pelos olhos a nadarem num luar escuro o alcoviteiro e bandido. Trazia ele um velho mandolim francês, muito remendado, com o qual pretendia depois acompanhar o canto, ou antes o choro das mulheres velhas, durante as danças.40 A brincadeira do boi se torna tema polêmico quando é rotulada de “farrado boi”. Não nos cabe tecer um estudo antropológico acerca do tema, mesmoporque outros autores, com Eugenio Pascele Lacerda,41 Rafael José de MenezesBastos, Bernardete Ramos Flores e tantos outros almejaram com maestria otema da brincadeira do boi, do boi na corda, da tourada. A brincadeira doboi apresenta, de um modo geral, dois vieses, um deles é o aspecto legal;42outro é o histórico. Se no primeiro o Direito pouco evoluiu para compreender38 SOARES, Doralécio. Folclore catarinense.p. 86-87.39 A 14a Açor ocorreu, em Gov. Celso Ramos, de 28 a 30.09.2007. A 17ª Açor, de 5 a 7.11.2010.40 SEIDLER, Carl. In: PALMA DE HARO, Martim Afonso (Org.). Ilha de Santa Catarina: Relatos de viajantes estrangeiros nos séculos XVIII e XIX. 4. ed. Florianópolis: Editora da UFSC, Editora Lunardelli, 1996. p. 286. O grifo é nosso.41 O artigo “Farra do boi: a história e a polêmica”, do antropólogo mineiro, radicado em Santa Catarina, Eugênio Lacerda é um dos ensaios do livro “Dioniso em Santa Catarina: ensaios sobre a farra do boi”, foi publicado pela editora da UFSC, em 1993.42 Em 1997, um recurso extraordinário apresentado pela WSPA-Brasil (Word society for protection of animals), ACAPRA (Associação catarinense de proteção aos animais) e a APA (Associação de proteção aos animais), sob o número 153.531-8/SC; RT 753/101, foi julgado pelo Supremo Tribunal Federal, transformando a prática da brincadeira do boi em crime.
Preservando a herança cultural açoriana em Santa Catarina 357o tema; no segundo a historiografia e a antropologia prestaram um serviçoimportantíssimo para deixar de rotular o povo catarinense, mormente olitorâneo, de selvagem ou agressor. Há quem afirme uma natureza religiosae profana na farra do boi, nas encenações da Semana Santa. Fato é que, naPenínsula Ibérica, é um costume antigo, advindo certamente das touradas, quesão uma mistura de costumes e práticas romanas e mouriscas. Nos Açores,atualmente, a brincadeira do boi somente existe na Ilha Terceira, mas até o anode 1550 era praticada em todas as ilhas do Arquipélago.43 Em Santa Catarina, abrincadeira do boi vai se misturar ao trabalho dos bandeirantes vicentistas quetraziam as tropas de bois para o Sul, mas é impossível distanciar o costume dospovoadores açorianos, principalmente aqueles provenientes da Ilha Terceira. A Farra do Boi é, por assim dizer, a última barricada contra a especulaçãoimobiliária que, no litoral catarinense, se alastrou desde o final da década de1980. De tal forma, vivemos tempos que há o direito também dos animaiscomo seres que sentem, e que interagem com os humanos. A cultura é algo queevolui e acompanha outros desejos, anseios e necessidades da raça humana.Assim, não é mais possível brincar com o boi em ruas lajotadas ou asfaltadas –que ferem um animal em menos de quinze minutos de corrida; em vilas ondenão há maiores espaços em chácaras ou terrenos abertos à beira-mar; ondeos automóveis e as motocicletas tomaram conta do espaço que pertencia àspessoas; onde o boi deixou de ser a personagem principal e passou a ser umsubterfúgio para práticas criminosas como o tráfico de drogas, por exemplo.Há uma nítida diferença entre aquele que tem o desejo de brincar com oanimal, lembrando uma prática antiga e aquele que se aproveita da situaçãopara cometer excessos e violências. Da antiga prática da brincadeira do boi, nos resta uma dança queé bonita e enche os olhos de qualquer pessoa: o boi de mamão. Em SantaCatarina o boi de mamão foi descrito, pela primeira vez, em 1871, por JoséArthur Boiteux, mas no folclore brasileiro pode apresentar diversos nomes:bumba meu boi, boi bumbá, e boi pintadinho. Também é chamado de boi dereis, boizinho e boi da cara preta. Em alguns lugares do Brasil consta comoboi-calembra. Na obra de Doralécio Soares, consta que alguém apelidado porZé Gancheiro foi igualmente responsável pelo cultivo da tradição do boi demamão.44 A brincadeira, em Santa Catarina, consiste em colocar um mamãona ponta de uma vara, ou segurar uma cabeça de mamão e brincar como se43 A obra “Mares, e longínquos povos dos Açores”, dos escritores Mariléa M. Leal Caruso e Raimundo C. Caruso, de 1996, traz apontamentos acerca origem e da resistência da brincadeira do boi na Ilha Terceira.44 SOARES, Doralécio. Folclore catarinense. p. 48.
358 Colóquio NEA 30 anos de Históriafosse um boi solto. Há sempre cantorias melodiosas e rimadas, característicasdo litoral catarinense. Em Ganchos a brincadeira sempre existiu e resiste emalgumas comunidades com o nome de “boi de pau”. Em Melo (2012, p. 90),encontramos a referência ao boi de pau: Nas lembranças dos antigos moradores a brincadeira de boi de pau se faz ainda muito presente. Esse folguedo teve seu espaço durante muito tempo em Ganchos. Brincadeira esta que envolvia a representação através de dramatização de várias personagens, música, dança e muita alegria. Na brincadeira do boi de mamão, ou boi de pau, há diversos personagensnuma encenação muito bonita. O historiador Adauto Jorceli de Melo aindamenciona que, em Ganchos, as figuras ou personagens apresentadas são: oboi, o cavalinho, o vovô e a vovó, a bernunça,45 entre outros. Cabe ressaltarque um dos relatos mais significativos para a memória do autor deste artigocientífico, acerca do boi de mamão, está no capítulo intitulado “O regresso”,instado na obra literária Quando despenca o pampeiro, da escritora AntonietaMercês da Silva.46 Aliás, a riqueza de detalhes desse livro é um presente aomovimento regionalista para além da literatura. Antonieta Mercês da Silvaé, entre os escritores de Ganchos, quem conseguiu, com mais simplicidade ebeleza, transmitir os costumes advindos da cultura lusitana, principalmente aaçoriana, no campo literário. Ao relembrar as personagens e as cantorias do boi de mamão ouboi de pau, como é chamado em Ganchos, nós voltamos a mencionar ofascínio do profano no cenário imagético dos descendentes de açorianosem Governador Celso Ramos. Ao relembrar as supertições, os causos debruxas e as assombrações que brevemente abordaremos, nós mergulhamosnum passado de uma beleza inigualável preenchida pela imaginação de umpovo que viveu por muito tempo em isolamento. O escritor Miguel JoãoSimão relatou, em 1997, mais de 20 crenças e crendices que foram herdadasdos costumes lusitanos, principalmente os açorianos. Cresci ouvindoditados assim: “Se alguém for enterrado no domingo, levará consigo maissete pessoas em sete dias”; ou “Se passar por cima de alguém que estiver45 Bernunça, bernuça, bernúncia, bernunza, abrenunza. Aurélio Buarque de Holanda define como uma figura fantástica do boi de mamão, armação de madeira, com forma de um animal comprido, de grandes fauces articuladas, que “come” os meninos presentes. HOLANDA FERREIRA, Aurélio Buarque de. Novo dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1975. p. 20046 SILVA, Antonieta Mercês da. Quando despenca o pampeiro. Letradágua: Joinville, 2005. p. 120-125.
Preservando a herança cultural açoriana em Santa Catarina 359deitado, a pessoa não cresce mais”; “Se apontar para as estrelas, nasceverruga”. Sem contar as estórias de lobisomem, de bruxa e da mulher debranco, que foram passadas de geração em geração e ainda permanecem emmeu íntimo, como uma lembrança adormecida dos Açores. Eu atribuo, emmuito, essa resistência, essas memórias antigas, às minhas longas conversascom minha avó Maria da Silva Wollinger (já falecida). Bem como a fase detransição que eu percebi a partir dos caminhos que trilhei em um Canto dosGanchos repleto de casebres dependurados nos morros ou se espraiando àbeira-mar, com resquícios de engenhos de farinha de mandioca e as curasatravés das benzedeiras.47 Como alguém pode esquecer o toque de uma mãoidosa, o cheiro de um galho de arruda, uma oração em rima que leva todaenfermidade embora? A medicina atual, com sua rigorosa metodologia, pautada na alopatiae no racionalismo fez, em muito, desaparecer os costumes antigos. Entreos moradores de Ganchos era comum benzer para curar; receitar ervas,aconselhamentos e remédios caseiros; e nascer do trabalho de uma parteira.Se as “aparições”, as bruxas e os fantasmas desapareceram com a chegada daenergia elétrica, o distanciamento dos costumes de cura foi abandonado porvários motivos. Entre eles, a abertura de estradas e os barcos a motor, os quaispodiam conduzir mais celeremente os doentes aos hospitais; a romanização naIgreja Católica, que por muito tempo proibiu a mistura do profano ao sagrado;e o advento de novas religiões cristãs que satanizaram os ritos profanos etornaram o conceito de Deus muito limitado, centralizado em líderes religiososreféns de uma linguagem única, vazia e sem qualquer compromisso com aevolução de uma cultura milenar – nascida antes mesmo da formação do povoaçoriano. No que tange às parteiras, o escritor Miguel Simão cita alguns nomesque trouxeram centenas de gancheiros ao mundo. São elas: Dona Cantolina,Dona Zulma Garcia, Dona Dionísia Bittencourt,48 Dona Maria Narciso,Dona Rosa Silva e Dona Honorata Vieira.49 O historiador Adauto Jorcelide Melo cita também os nomes de Dona Zulma Conceição Garcia e deDona Cantolina, citando, além delas, Dona Clementina e Dona Eufrásia.Importante destaque nesse tema era a confissão antes do parto. Em Melo(2012, p. 109): “No final do século XIX era obrigatório à confissão dasgrávidas antes do parto. O perigo rondava também os recém-nascidos que47 Sobre este tema, consultar a obra: “Mulheres de Ganchos”, de Miguel João Simão.48 Parteira de minha mãe, Elizabeth Wollinger Brenuvida, que nasceu em Canto dos Ganchos, em 3 de fevereiro de 1952, quando o município ainda se chamava Ganchos.49 SIMÃO, Miguel João. Ganchos: um pedacinho de Portugal no Brasil. p. 43.
360 Colóquio NEA 30 anos de Históriaeram frequentemente vítimas do mal-de-sete dias, hoje conhecido comotétano umbilical”. Por derradeiro, mencionamos o linguajar tipicamente notado dolitorâneo descendente de lusitanos, principalmente, os de origem açoriana.Meu avô materno, por exemplo, ainda que descendente de alemães eportugueses do continente, pronunciava “golo” ao invés de “gol”, da mesmaforma que fazem os portugueses quando gritam o tento comemorativo dofutebol. Minha avó materna pronunciava “dejahoji” ao invés de “ainda hoje”ou “ainda agora”, como também era comum ouvi-la dizer “digeiro” ao invésde “ligeiro”, “bassora” ao invés de “vassoura”, “cagaço” ao invés de “susto”,“giganado” ao invés de “esganado”, e o “zolhudo” ao invés de “olhudo”. Eminha avó dizia tudo isso com um sotaque lusitano “cantado” que soava muibem, e que nos dá imensa saudade. Para nós caberão ressalvas, sobretudo,para quem acha que a forma coloquial é equivocada. Muitas palavraspronunciadas ainda hoje em Ganchos parecem transplantadas do séculoXVI. Ainda que o sotaque venha perdendo espaço, é notório que a letra“b” ainda tome o lugar da letra “v”. Assim, quem vem a Ganchos pode seassustar quando ouve alguém gritando: “Digero, sô demonho, qui o rebojo tácaindo!”.50Hipóteses para o nome Ganchos O nome Ganchos pode estar relacionado a cinco origens: a) formatode ganchos das pequenas reentrâncias e enseadas da região;51, 52 b) formato dedois grandes ganchos na baía de Tijucas ou dos Tijucais (antiga baía de SãoSebastião das Tijucas ou dos Tijucais); c) anzóis em formato de ganchos noantigo Porto de Ganchos, onde se arpoavam baleias até 1850; d) percepçãodos antigos pescadores, que, ao chegarem a Ganchos depois de pescaria naIlha do Arvoredo, enxergavam três grandes ganchos nos morros de Ganchos,50 A obra de Miguel João Simão, Ganchos: um pedacinho de Portugal no Brasil, p. 37, traz expressões utilizadas ainda hoje em Gov.Celso Ramos. A obra de Adauto Jorceli de Melo traz no bojo da narrativa histórica e conceitual alguns termos utilizados. Nos romances históricos da escritora Antonieta Mercês da Silva: “Quando despenca o pampeiro” e “Saragasso”, os termos se repetem, o chamado regionalismo.51 Hipótese de Miguel João Simão, em “Ganchos: um pedacinho de Portugal no Brasil”, p. 15.52 MELO, Adauto Jorceli. Ganchos do Meio memórias do ontem: vida, linguagem e identidade. p. 21.
Preservando a herança cultural açoriana em Santa Catarina 361sobreposição da sombra e reflexo do sol;53 e e) galhos de árvores em formasde ganchos que os moradores utilizavam para transportar roupas ou outrosmateriais.54 Vamos discorrer sobre essas hipóteses, e depois apresentarevidências históricas sobre o nome Ganchos. a) A primeira hipótese é largamente divulgada nos livros e passou a ser uma verdade entre a população. Mas é preciso mencionar que muitas baías abrigadas ou de mar aberto pelo Brasil possuem formatos semelhantes, mas nenhuma se chama Ganchos. Esse é um importante aspecto porque açorianos e madeirenses, por exemplo, ocuparam outros locais na costa brasileira. Essa hipótese consta da obra do professor Miguel João Simão: Ganchos: um pedacinho de Portugal no Brasil. O historiador Adauto Jorceli de Melo, na obra Ganchos do Meio memórias do ontem: vida, linguagem e identidades, menciona em uma nota que: “Ganchos é a denominação popular atribuída ao lugar em função de seus costões rochosos que formaram as enseadas. Essa denominação popular foi incorporada pelos moradores desde muitos anos, por entender ter as enseadas o formato de ganchos”. b) Essa é uma hipótese que eu levantei a partir dos mapas da Baía de Tijucas. Ocorre que essa conjectura somente poderia ser concretizada se sustentada por um navegador experiente. Se observarmos o mapa da baía, vamos notar que dois grandes ganchos são formados. Em 1806, o mineralista inglês John Mawe menciona “Dois Ganchos” e não de três Ganchos – muitos se referem aos “Ganchos” como: Ganchos do Meio, Ganchos de Fora e Canto dos Ganchos, mas Calheiros nem aparece nesse raciocínio. c) Duas referências importantes nesse sentido. Uma conversa com o professor de História Honório Marques Filho Falcão, filho do saudoso seu Honório, pessoa muito querida na Vila de Palmas, e a anotação dos chamados ganchos de ferro, no livro Ganchos do Meio: memórias do ontem, do historiador Adauto Jorceli de Melo.55 De acordo com Honório Marques Filho Falcão, o formato dos engates das embarcações na Península Ibérica são ganchos e pode ter gerado o nome do atual município de Governador Celso Ramos. Em Ganchos, as baleias foram capturadas até 1850, e grandes ganchos53 Hipótese de Antonieta Mercês da Silva, em “Quando despenca o pampeiro”.54 Hipótese de Miguel João Simão, em “Ganchos: um pedacinho de Portugal no Brasil”, p. 15.55 MELO, Adauto Jorceli. Ganchos do Meio memórias do ontem: vida, linguagem e identidade. p. 49.
362 Colóquio NEA 30 anos de História de ferro eram encontrados fincados em pedras na Praia do Paiol (o “paiole”), onde havia algumas construções e um trapiche.d) Essa hipótese consta do livro da escritora Antonieta Mercês da Silva: Quando despenca o pampeiro, romance histórico que aborda a cultura do povo gancheiro. É importante porque os pescadores buscavam, além das enseadas, a pescaria, principalmente do cação-mangona. A observação faz parte da visão dos pescadores numa época em que os motores de popa das embarcações não existiam e a navegação era feita de forma lenta e demorada.e) A utilização de galhos de árvores em formas de ganchos que os moradores utilizavam para transportar roupas ou outros materiais é sustentada em livro, mas nos parece que esse costume possa ser encontrado em muitas localidades brasileiras e não dê a dimensão que o nome ganhou ao longo do tempo. O “Ganchos” histórico: referências e apontamentos A professora Célia Maria e Silva, da Universidade Federal de SantaCatarina, em obra importante para a literatura científica catarinense, fezconstar no título e inspiração do livro o nome Ganchos. A autora mencionaque, a medida que modificou o nome de Ganchos para Governador CelsoRamos, não foi assimilada pela maioria dos habitantes do município. CéliaMaria e Silva também verifica que há aspiração, anseio popular para a reversãoda medida e permanência do antigo nome.56 Pautada em documento daBiblioteca Nacional do Rio de Janeiro, a professora Célia Maria e Silva afirmaque, a partir do ano de 1747, foram instalados os povoados nos núcleos de SãoMiguel, com destaque a: Fazenda da Armação, Costeira da Armação, Palmas,Ganchos, Garoupas, Bombas, Zimbros, Tijuquinhas, entre outros.57 Faz-se necessário dizer que, em razão do Assento58 firmado para aconstrução da Armação59 Grande das Baleias, depois Armação de NossaSenhora da Piedade ‒ iniciativa do comerciante português, residente no Rio de56 SILVA, Célia M. Ganchos/SC: ascensão e decadência da pequena produção mercantil pesqueira. p. 27.57 Documento da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Setor de Manuscritos. Ref. II, 31, 1, 42.58 Assento é o nome contrato que era firmado entre o empreendimento baleeiro e a Coroa Portuguesa.59 O nome armação é derivado de armar pesca, armar às baleias¸ou seja, equipar-se para a pescaria, para pesca das baleias, decorre a expressão Armação das baleias, ou simplesmente Armação. ELLIS, Myriam. A baleia no Brasil colonial. Edições Melhoramentos. Editora da Universidade de São Paulo, 1969. p.59.
Preservando a herança cultural açoriana em Santa Catarina 363Janeiro, Tomé Gomes Moreira, em 1741 ‒, já havia um povoado60 na Armação.Não poderemos afirmar, porém, que no local da atual Armação da Piedade haviaantes de 1741 qualquer povoado. Notoriamente será preciso relembrar que osvicentistas povoaram a região da atual Grande Florianópolis a partir de 1680,com Francisco Dias Velho Monteiro. Descartar um possível estabelecimentona Armação antes de 1741 é desconsiderar o fato que o local era um pontoestratégico para observação de baleias. Outro raciocínio que nos cabe tecer aquié que entre a instalação da armação baleeira e do núcleo de Ganchos houve umlapso temporal de seis anos. Importante dizer, também, que a capela consagradaa Nossa Senhora da Piedade é benta em janeiro de 1745. Em mapa de 1786, que faz menção aos lugares de fortificação da Ilha deSanta Catarina, mapa este instado na obra do Prof. Nereu do Vale Pereira,61não apenas nos mostra a Armação das Baleias,62 como também a Ilha dasPalmas63 e a Ponta dos Ganchos. Nesse mapa, ainda temos a representação doRio Inferninho e da Enseada de Tijucas. O nome Ganchos aparece grafado com“x”, e não com o dígrafo “ch”. Outra referência importante sobre o nome Ganchos vem do ano de1789. É um documento do Arquivo Nacional acerca das Sesmarias de SantaCatarina, mencionando os anos de 1787 a 1825. Nesse documento, organizadopor Lêda Maria D’Ávila da Silva Prazeres, há uma listagem de 18 sesmarias, comrespectivos nomes, datações, proporções e locais. O documento menciona,por exemplo, três sesmarias que atualmente correspondem ao território atualde Governador Celso Ramos: um pertencente a Antonio José Dias,64 outroa Franciso Joze de Magalhães65 e outro ainda a Francisco da Silva Mafra.6660 ELLIS, Myriam. A baleia no Brasil colonial. Edições Melhoramentos. Editora da Universidade de São Paulo, 1969. p. 151.61 PEREIRA, Nereu do Vale. Santa Catarina – A Ilha 500 anos: origens da denominação e outros feitos. 2. ed. Florianópolis: Papa-Livro e Associação Ecomuseu do Ribeirão da Ilha, 2013. p. 132.62 A palavra Baleias é grafada com a letra “y”, “baleyas”.63 A Ilha das Palmas é também citada como “Ysla de La Palma”, em mapa de 1777, do Capitão castelhano Pedro Zeballos.64 Há ainda descendentes da família Dias, na Armação da Piedade.65 Francisco José de Magalhães, em 1782, recebera 750 braças de frente por 1500 de fundos (terra), em Ganchos, onde trabalhava na lavoura com seus filhos e parentes. Documento de Sesmarias do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro à disposição do Arquivo Municipal de Joinville, pacote 6 Q.66 A família Mafra ainda existe em Governador Celso Ramos, e suas origens podem estar ligadas aos imigrantes da Ericeira, em Portugal, que para cá vieram em 1820. Exímios pescadores e artesãos navais, os ericeirenses deixaram uma marca significativa no conhecimento pesqueiro
364 Colóquio NEA 30 anos de HistóriaDias e Silva Mafra tinham terrenos na localidade chamada Inferninho, eMagalhães,67 objeto desse estudo, terra em Ganxos.68 Sendo assim, o nomeGanchos, inclusive grafado com a letra “x”, e não com o dígrafo “ch”, consta emdocumentos importantes datados de 1782 e 1789. Na descrição do livro Travels in the interior of Brazil,69 do mineralistainglês John Mawe, escrito 1806, o nome Ganchos aparece denominando umlugar onde existem duas baías, a Baía dos Dois Ganchos.70 Onde seriam?Ao fazer uma releitura de Mawe, nos parece que, pelos apontamentos, essasduas baías se localizam no lado norte do atual Governador Celso Ramos, emreferência a um local característico na Baía de Tijucas. No mapa do Tenente Coronel Paulo Joze Miguel de Brito,71 ajudantede ordens do governo da Capitania de Santa Catarina, em 1816, portanto,dez anos após o relato de Mawe, o nome Ganchos consta como um pontogeográfico da antiga Freguesia de São Miguel da Terra Firme. Ganchos, nessemapa, é grafado com a letra “x”, e não com o dígrafo “ch”. O mapa em questãoé também citado pelo historiador Nereu do Vale Pereira, quando aborda amemória da Ilha de Santa Catarina.72 Compreendemos que o nome Ganchos tem 268 anos de existência,a partir do apontamento da professora Célia Maria e Silva, e que o atualmunicípio de Governador Celso Ramos, que outrora se chamou Ganchos, de Ganchos e região. De acordo com o jornalista e historiador Rogério Pinheiro Leal Nunes, autor de “A Nova Ericeira”, e que, contribuiu com nossa pesquisa, os Mafra tinham outro sobrenome na Ericeira – fato que comprovamos ao ler os registros de nascimento, casamento e obituário da Ericeira. Os Mafra se chamavam “Delgado”. Outro destaque nesse tema. Na década de 1940, meu tio-bisavô Aparício José Mafra, casado com Julieta Leal Nunes de Souza Narciso, tinha uma “salga”, que é uma pequena unidade manufatureira pesqueira, em Ganchos – Aparício José Mafra era descendente de emigrantes da Ericeira.67 Na praia de Antonio Correa, na Costeira da Armação, há uma ruína de uma construção colonial, em arco, que pode ter pertencido a Francisco Jozé de Magalhães.68 Cita um lugar chamado Caxoeira, na Freguesia de São Miguel, e que tinha os seguintes dados: Terras de Francisco Jozé de Magalhães, 26 de outubro de 1789, com 750 braças de frente por 1500 braças de fundo. Arquivo nacional – Seção Administrativa Sesmarias de Santa Catarina dos anos de 1787 a 1825. Organizado por Lêda Maria D’Ávila da Silva Prazeres. Florianópolis, 11 de fevereiro de 2000.69 MAWE, John. “Travels in the Interior of Brazil”. p. 57-65.70 Conferi o livro original, escrito em inglês, lá consta o nome “Ganchos” grafado com o dígrafo “ch”.71 BRITO, Paulo Joze Miguel de. Memória política sobre a capitania de Santa Catarina. Florianópolis: IHGSC, 2008.72 PEREIRA, Nereu V. Santa Catarina – A Ilha 500 anos: origens da denominação e outros feitos. p. 51.
Preservando a herança cultural açoriana em Santa Catarina 365possui 274 anos de povoamento, a contar do Assento da Armação Baleeira. Opovoamento se inicia, assim, seis anos antes da chegada dos casais açorianose madeirenses – que com evidência mudaram e deram substancialidade aopredomínio de uma cultura luso-açoriana nessa região. Outras localidades com o nome Ganchos O nome Ganchos parece não nascer no atual território de GovernadorCelso Ramos, Santa Catarina. Há diversos lugares, na Europa e na América doSul, com esse nome. De tal forma, o lugarejo formado por diversas localidadespesqueiras, ao longo de 52 km de linha de costa, recebeu o nome Ganchos,que foi arraial, distrito e município. Nesse item, vamos apresentar hipóteses emencionar localidades onde encontramos referências ao nome Ganchos. Além das comunidades de Canto dos Ganchos, Ganchos do Meioe Ganchos de Fora, o nome Ganchos é atribuído a: Ilha dos Ganchos (IlhaGrande, em Ganchos de Fora); Ponta dos Ganchos (relativo a ponta terminadaem ilhota, em Ganchos do Meio); Morro de Ganchos (na época medido em560 metros de altura, e que entende-se atribuído ao Morro do Pico, em razãode um possível erro de cálculo).73 Ganchos, em algumas partes do Brasil, é onome dado para algumas redes de pescadores. O padre Joaquim Gomes de Oliveira e Paiva, em 1868, citou Ganchos emdois verbetes de seu Dicionário Topográfico, Histórico e Estatístico da Provínciade Santa Catarina: Ganchos – Esta formosa enseada formada por duas pontas de terra, de que tira o nome ao lado meridional da baia das Tijucas Grandes oferece o melhor dos ancoradouros aos navios, qualquer que seja o seu pontual podendo receber carga por meio de uma prancha, pois que dá 3 a 4 braças de fundo à beira-mar. Abundam de excelente peixe que seus moradores preparam grandes salgas e apetitosas conservas de garoupa pescada e camarão, que exportam em alta-escala. Uma peque na ponta de terra terminando em ilhote, divide o ancoradouro em duas partes, das quais recebe o nome de Ganchos de Fora a leste, e de Ganchos de dentro a de oeste. Esta interessante povoação faz parte da freguesia da Armação da Piedade. Trata-se de atualmente erigir a quase uma Capela com a invocação de Nossa senhora da Bonança de que seus habitantes, pela maior parte pescadores são muito devotos. (PAIVA, 2003, p. 119-129).73 BOITEUX, José Arthur. Dicionário Histórico e Geográfico do Estado de Santa Catarina. p. 33-34.
366 Colóquio NEA 30 anos de História Também José Arthur Boiteux, em seu Dicionário Histórico e Geográfico(1916), faz referência a esse local: Ganchos: Bella e segura enseada na costa do Mun. de Biguassú, situada ao S. da bahia de Tijucas. Devido á profundidade (tres a quatro braças á beira mar) ali têm aportado vapores do Lloyd Brazileiro e de outras companhias, que vão carregar cereaes e madeira. Ganchos: Ponta terminada em ilhota, que divide o excellente ancora- douro dos Ganchos em duas partes: Ganchos de Dentro a O. e Ganchos de Fora a E. Ganchos: Morro no dist. do mesmo nome; 560 m. de alt. (BOITEUX, 1916, p. 34). O outro verbete a que ele faz alusão se refere à Ilha dos Ganchos,74 umailhota que está no limite territorial do bairro de Ganchos de Fora, mas que éobservada da Praia de Palmas. Em Paiva (2003, p. 120): Ganchos – (Ilha dos) Conhecida mais vulgarmente por ilha Grande, acha-se situada um pouco ao sul da ponta dos Ganchos de Fora. A sua extensão não excede de 120 braças, e dista outro tanto da costa. Tem boas matas mas carece de água potável. No boqueirão entre a ilha e a terra afirme á duas lajes alagadas, cuja arrebentação é visível nas marés baixas. Dista meia légua ao norte da ilha das Palmas. O Arraial de Ganchos, que cresceu após a decadência da pesca da baleia,tomou o lugar da Vila de Armação da Piedade, em número de habitantes. Édevido lembrar, porém, que aos 5 de setembro de 1861 fora criado um Distritode Paz na Freguesia de Nossa Senhora da Piedade com a denominaçãoGanchos e Armação.75 Esse aspecto revela que a vontade popular e legal daépoca mencionava esses nomes históricos. A disposição do nome Ganchos àfrente do nome Armação, talvez indicasse que a Armação da Piedade já entraraem declínio, principalmente após o ano de 1822, que é considerado o fim dociclo da captura das baleias. A palavra“ganxos”, com “x” ocorre no espanhol catalão76 e galego, não nalíngua portuguesa. Levando em conta a conquista da Ilha de Santa Catarina nos74 José Arthur Boietux também cita a Ilha de Ganchos, ipsis literis ao livro do padre Joaquim Paiva.75 BOITEUX, José Arthur. Dicionário Histórico e Geográfico do Estado de Santa Catarina. p. 33-34.76 O catalão é uma língua românica falada por mais de nove milhões e meio de pessoas, como língua materna ou segunda língua. Tem predominância na Catalunha, Ilhas Baleares, Valência, Andorra, e cidade de Alghero (ilha da Sardenha, Itália).
Preservando a herança cultural açoriana em Santa Catarina 367anos de 1777-1778, pelos castelhanos, e da permanência de castelhanos entreos descendentes de açorianos e ericeirenses em terras da atual GovernadorCelso Ramos, o nome Ganchos pode ter nascido com os espanhóis e nãoportugueses. Em nossas pesquisas, identificamos dois lugares. Na Catalunha,região da Espanha, há um acidente geográfico chamado Punta de Ganxos, emTarragona – 100 Km a sudoeste de Barcelona. A localidade é banhada peloMar Mediterrâneo e tem ótimo porto. Ainda na Catalunha, há uma referênciaa Ganxos, no arquipélago das Ilhas Baleares. Este Ganxos se situa na Ciutadellade Menorca, entre a Biniancolla e Punta Prima (Marina de Son Ganxo). Na República Dominicana, há dois lugarejos chamados “Los Ganchos”,a saber: Los Ganchos, San Cristobal; e Los Ganchos de Cuaba, Duarte. Nesseaspecto, o nome é escrito em espanhol, mas grafafo com o dígrafo “ch”. No Brasil, há mais lugares com o nome Ganchos: uma ilha localizadano rio Madeira, perto de sua confluência com o Amazonas (Amazonas),77no município de Borba/AM, fundado em 3 de abril de 1755, chamado de“Princesa do Madeira”, sul de Manaus;78 e Ilha dos Ganchos, município deParaty/RJ,79, 80 entre a Ilha do Mantimento e a Ilha Comprida de Fora, distante45 minutos da cidade. Com formação rochosa e vegetação rasteira, essa ilha éprocurada por mergulhadores (peixes de toca) e possui uma residência. A Baíade Paraty possui outras 65 ilhas.Considerações finais Em 2013, quando eu conversei com o açoriano Luís Costa, nascidoem Santa Cruz da Graciosa, Ilha da Graciosa, e jornalista da RTP Açores,eu o questionei, diversas vezes, sobre o nome Ganchos. Construímos umaponte entre os Açores e o Brasil, quando eu passei a remeter artigos sobreo Município de Governador Celso Ramos. Luís Costa havia dito, em váriasoportunidades, que nunca tinha visto referência sobre Ganchos, na Ilha daGraciosa e em outros lugares dos Açores. Essa notícia, naquela circunstância,77 Larousse Cultural – Brasil A/Z, São Paulo, 1988, p. 348.78 A Ilha de Ganchos, no Estado do Amazonas, tem a seguinte localização: Latitude: S 4o 43’ 16”; e Longitude: W 59o 55› 51».79 Paraty Guia. Disponível em: <http://paratyvirtual.com.br/ilhas.asp>. Acesso em: 20 dez. 2014.80 Plano de Manejo da Estação Ecológica de Tamoios – Fase 1. Encarte 1 – Informações Gerais da UC. Informações Gerais da Estação Ecológica de Tamoios. http://www.icmbio.gov.br/portal/ images/stories/docs-planos-de-manejo/Encarte1_esec_tamoios.pdf. Acesso em: 16 mar. 2015.
368 Colóquio NEA 30 anos de Históriadeixou-me profundamente desapontado – para não dizer triste. Apesar de eusempre primar por uma narrativa histórica que incluísse: os povos primitivos;os pretos descendentes de escravos; os eiriceirenses; os alemães e belgas dacolônia da Piedade; juntamente aos açorianos e madeirenses – porque omadeirense também veio para cá e é pouco citado –, eu tenho um saudosismotípico de quem tem raiz nos Açores. E por isso, fui buscar, num primeiromomento, a origem do nome Ganchos nos Açores. Foi preciso beber em outras fontes históricas e adentrar ao campo dassuposições – lugar em que eu tenho resistência, porque nasci dentro de ummétodo mais objetivo e racionalista. Minha origem açoriana, porém, devolveuao meu SER a capacidade de imaginar, de criar e de me relacionar com ofantástico. A partir de então, eu passei a compreender que Ganchos poderiaaté não ter nascido de uma raiz açoriana – ou madeirense –, mas era umaconstrução de uma profusão multiétnica e cultural capaz de sobreviver namemória ancestral do meu povo gancheiro. Faltava-me, porém, um aspecto fundamental: uma base científicahistórica. Eu pesquisei sobre a história de Ganchos em memórias e documentos,mas não era o bastante. Era necessário ler quem faz História. Minha formaçãoacadêmica em Direito permitiu uma compreensão teleológica, principalmentea partir dos conhecimentos penais e processuais penais, e a minha formaçãoem Comunicação Social, com ênfase em Jornalismo, abriu um campo depossibilidades na Semiótica, na Teoria da Imagem e no modo como acessamoso outro a partir da comunicação. Atualmente, quem faz História não apenasse refere ao fato passado, mas verifica uma espécie de presentismo81 e nospermite novas formas de enxergar as experiências no tempo. Quando eu ouvios professores e os representantes dos Açores, no Colóquio de 30 anos doNúcleo de Estudos Açorianos, foi que passei a compreender como os Açoresse resignificam em Santa Catarina. De tal modo, uma parcela de resistentes,em Santa Catarina, busca um paradigma na ancestralidade, na memória dosAçores, para que uma parte do litoral, principalmente a Ilha de Santa Catarina,não desapareça frente a uma nova arquitetura de saberes, uma arquitetura dedestruição do patrimônio material e imaterial. Com o NEA, pela primeira vez,eu me sentia em casa novamente. E Ganchos compunha, então, um mosaiconaquilo que o professor Vilson Francisco de Farias denominou de cultura debase açoriana. Este artigo não encerra as pesquisas acerca de Ganchos. Há um Ganchoshistórico e um Ganchos mítico. O Ganchos histórico foi, de certa monta, esquecido81 O termo é utilizado por François Hartog, hitoriador, doutor em Historiografia Antiga e Moderna na École des Hautes Études em Sciencies Sociales, na França.
Preservando a herança cultural açoriana em Santa Catarina 369pelos historiadores catarinenses. Para quem vive no litoral catarinense, é maisque evidente a preocupação da historiografia com a capital Florianópolis e umabandono da região de entorno, como se os municípios que fizessem parte daregião da Grande Florianópolis não possuíssem importância ou se esse aspectonos mostrasse a fragilidade da historiografia em nossa região. Algumas vozes selevantaram em Ganchos para preservação da memória, do patrimônio. Apesarda precariedade das fontes documentais ou memorais e das dificuldades naescolha da narrativa, nós podemos citar, pelo menos, três autores com raízesgancheiras que desafiaram o modelo político e econômico que não apoia, deforma alguma, pesquisas e estudos nesse campo: Miguel João Simão, AdautoJorceli de Melo e Antonieta Mercês da Silva. Somo a este trabalho histórico aobra ímpar da historiadora Célia Maria e Silva, da Universidade Federal deSanta Catarina, talvez o mais importante trabalho realizado sobre o Ganchoshistórico. Em relação ao Ganchos mítico, aquele permeado de tradições oriundasda chamada base de cultura açoriana, nós agradecemos, sempre, o engajamentodo professor Vilson Francisco de Farias, que veio a Governador Celso Ramose auxiliou em trabalhos importantes de resgate da cultura de base açoriana. Detal forma, os autores citados no parágrafo anterior: Miguel João Simão, AdautoJorceli de Melo e Antonieta Mercês da Silva, contribuíram muito no resgatedessas tradições de base açoriana em Governador Celso Ramos. O trabalhoda professora Antonieta Mercês da Silva, com grupos de mães e idosos, serevelou, também, em memórias transplantadas em suas obras literárias,principalmente na obra Quando despenca o pampeiro. Vamos Citar tambémoutros dois belíssimos trabalhos que citam personagens e tradições queainda presenciamos em Governador Celso Ramos: Mulheres de Ganchos, doprofessor Miguel João Simão, e Ganchos, memórias do ontem: vida, linguageme identidades, do historiador Adauto Jorceli de Melo. Destaco, ainda, o trabalho de pesquisa do geógrafo Almir AlvesJunior,82 natural de Canto dos Ganchos que participou de um projeto delevantamento histórico e geográfico denominado Cultura açoriana: identidadedo povo gancheiro, publicado em forma de livreto, no ano de 2011. Almir AlvesJunior é autor de um mapa de Governador Celso Ramos que faz menção adivisão das localidades ou bairros municipais. Nós participamos, outrora, daONG Movimento Ação e Cidadania de Canto dos Ganchos, que, entre outrasiniciativas, foi pioneira na implementação da proposta de coleta seletiva de lixo,82 ALVES JR, Almir. Canto dos Ganchos (SC) (1963-2003): o espaço geográfico configurado pelas relações de disputas políticas, econômicas e religiosas. Trabalho de Conclusão de Curso. UDESC: Florianópolis, 2003.
370 Colóquio NEA 30 anos de Históriaplantio de mudas nativas nos morros e construção do prédio da Associação dePais e Amigos dos Excepcionais (APAE), e no levantamento de informações edados acerca da memória de Governador Celso Ramos. É preciso provocar a iniciativa para um debate local e regional acercade um plebiscito para que seja alterada novamente a denominação da cidade.Recordo que há, com base no art. 11, do Ato das Disposições Transitórias, daLei Orgânica Municipal, a possibilidade de fazer tal plebiscito. Dedico-me a pesquisas sobre Ganchos há mais de 10 anos, mas nuncahouve a oportunidade de publicar um artigo científico. Em 2008 e 2010,apresentei, respectivamente, dois ensaios, publicados em livro, chamados:“Ganchos: nem sempre o silêncio foi resposta” – que relembra o massacre dagreve geral dos arpoares da Armação da Piedade, em 30 de julho de 1784 – e“Ganchos: minhas raízes também estão aqui” – que faz parte de um trabalhode genealogia sobre as famílias que me trouxeram até o presente momento.Se o nome Ganchos ainda é fruto de hipóteses das mais variadas e ainda seapresenta como um desafio para quem pesquisa o tema, tenho eu certezaque minha contribuição foi dada. Ao apresentar documentos históricos,confrontar informações e apimentar mais os debates sobre a origem do nomeque empresta o gentílico ao nosso povo, eu provoco também a iniciativa de sediscutir a mudança, novamente, de Governador Celso Ramos para Ganchos. Por que não?ReferênciasALVES JR., Almir. Canto dos Ganchos (SC) (1963-2003): O espaço geográficoconfigurado pelas relações de disputas políticas, econômicas e religiosas. Trabalho deconclusão de curso. UDESC: Florianópolis, 2003.BASTOS, Rafael José de Menezes (Org.). Dioniso em Santa Catarina: ensaios sobre afarra do boi. Ed. UFSC: Florianópolis, 1993.BOITEUX, José Arthur. Dicionário Histórico e Geográfico do Estado de SantaCatarina. Florianópolis : Oficial. v. 2, 1916.BOND, Rosana. A saga de Aleixo Garcia: o descobridor do império Inca. Rio deJaneiro: Coedita, 2004BRITO, Paulo Joze Miguel de. Memória política sobre a capitania de Santa Catarina.Florianópolis: IHGSC, 2008.CARUSO, Mariléa M. Leal, CARUSO, Raimundo C. Caruso. Mares, e longínquospovos dos Açores. 2. ed. Insular: Florianópolis, 1996.CUSTÓDIO, Jonas Simas. Caminhos da produção artesanal Governador Celso Ramos/SC: da Pesca a Maricultura. Dissertação. UFSC, 2006.
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TROFÉU NEA 30 ANOS DE HISTORIA A entrega desta homenagem pelo Núcleo de Estudos Açorianos/NEA às pessoas e instituições que nos apoiaram neste percurso de 30 anos de historia é um reconhecimento pela dedicação e pelo trabalho realizado na pesquisa e fortalecimento da herança Troféucunltueralade3ix0adaa npeoloss daçeorihaniosstónroia Estado de Santa Catarina em meados do século XVIII. A criação deste troféu é do A entrega dessaarthiostmaenpalágsetmicpoelJooNãoúclAeourdienoEstDudiaoss, Aqçuoerianos (NEA)méfàaCaorsçaurquopttmuiraaetiirolsateisrennAcoetfaaiuceamolcsreniarnzemeoinhlaiunnttçemorsaãscootioedimf-oatéabudbduerhireon,açaesssõttsraAfSarBoiadeeaeoplççiaesanropspriootintloqçrrreerresctaaopmueliiésooeaaafsoeccaemi,éuennuusrdnnuaitnoaaolleaotartoAt.,od:éutt,soneoiXbrraupcdsoaqfopCVaaooelutnoçtidvIeulãsriiaaiIeaátlodzoItrbetiror.rtfeoxataeiieéunsaoldmpeutdpraseraeaaaeenirprlsporaopeeooeoelsfsbená,LefdttplrseertrcoeuDeatoêarupsimscnuebcileaottponvacorooç-ivlrcicoahsBsJnoáuiaoroaràoprorivãidaasoorcoenoasDeussrioaEAdtlliatlasccveoeiusu,sziuuipn3nrprraBllaia0ípooedttnruuocoaoaieoEttrrçtnisooaeeasnostDosparasdiiídaardpoinsaeet,doashqc.qeiSuuusSatleiatónsunarftrotoiaaaei,
374 Colóquio NEA 30 anos de HistóriaUniversidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Instituição a qual está vinculado o NEA e que, desde 1984, sempreapoiou e apoia a valorização da açorianidade em Santa Catarina. A UFSCassinou o Protocolo de Intercâmbio com a Universidade dos Açores em 1984,ato que impulsionou a criação do Núcleo de Estudos Açorianos da UFSC e,consequentemente, diversas ações para a valorização, preservação e divulgaçãoda cultura herdada dos açorianos no século XVIII.Imagem da Profa. Lúcia Helena Martins Pacheco, Vice-Reitora da UFSC, recebendo o TroféuNEA – 30 Anos, entregue pelo Dr. Rodrigo Oliveira, Subsecretário Regional da Presidência paraRelações Externas do Governo Regional dos Açores
Preservando a herança cultural açoriana em Santa Catarina 375Universidade dos Açores Instituição que abraçou a causa da açorianidade no Brasil, tendo assinadoprotocolos com várias universidades brasileiras. A Universidade dos Açoressempre foi parceira do NEA/UFSC, em várias ações, eventos, intercâmbios eestudos sobre o emigração açoriana em Santa Catarina. Destacamos a pessoado Prof. Dr. Antônio Machado Pires, Reitor da Universidade dos Açores, queassinou o Protocolo de Intercâmbio e, pessoalmente, esteve em Santa Catarinapara concretizar a parceria entre as instituições no ano de 1984.Imagem da Profa. Dra. Maria Margarida Mendonça Vaz Machado, da Universidade dos Açores,recebendo o Troféu NEA – 30 Anos, entregue pelo Prof. Dr. João Leal, da Universidade Novade Lisboa.
Direcção regional das comunidades do governo dosAçores Aqui também reconhecemos a parceria determinante com oGoverno dos Açores, através da Direcção Regional das Comunidades, paraa revitalização da identidade cultural açoriana no litoral catarinense. Foramdezenas de intercâmbios de grupos e pesquisadores. A realização dos cursos “ADescoberta das Raízes” oportunizou a centenas de participantes da região Sulconhecer os Açores e vivenciarem as suas raízes. A distribuição de bibliotecasaçorianas para o litoral catarinense contribuiu em muito para o fortalecimentodesta cultura herdada. Os trabalhos de cooperação com o governo dos Açorescomeçaram no início da década de 1990, sendo esta instituição hoje a principalparceira do NEA nesse projeto de valorização da cultura de base açoriana nolitoral catarinense.Imagem do Dr. Paulo Teves, Diretor da Direcção Regional das Comunidades, recebendo o Tro-féu NEA 30 Anos, entregue pelo Prof. Dr. Joao Lupi, do Núcleo de Estudos Português da UFSC.
Ernani Bayer – Reitor da Ufsc (1980-1984) Foi por iniciativa do Prof. Ernani Bayer, enquanto Reitor da UniversidadeFederal de Santa Catarina, que a UFSC propôs e assinou o Protocolo deIntercâmbio com a Universidade dos Açores. O Prof. Ernani Bayer convocouum grupo de pesquisadores e estudiosos para trazer a temática da açorianidadepara a academia. Com esse ato, foi efetivamente propiciada à criação doNúcleo de Estudos Açorianos com objetivo de valorizar e divulgar e preservara cultura de base açoriana de Santa Catarina.Imagem do Prof. Ernani Bayer, Ex-reitor UFSC, recebendo o Troféu NEA 30 Anos, entreguepelo Sr. Jaime Moura, Secretário Adjunto de Estado de Turismo do Governo do Estado de SantaCatarina.
378 Colóquio NEA 30 anos de HistóriaRodolfo Joaquim Pinto da Luz – Reitor da Ufsc(1984-1988) Foi o responsável pela criação do NEA. Através da portaria n. 483/GR/84, de 5 de setembro de 1984, assinada pelo Prof. Rodolfo Pinto da Luz,implanta o Núcleo de Estudos Açorianos (NEA) da UFSC. Momento históricopara todos nós! Para além de ter assinado a portaria de criação do NEA, o Prof.Rodolfo foi um grande apoiador, incentivador e parceiro do núcleo. Emvárias atividades, cerimônias, eventos e principalmente no AÇOR, ele estevepresente, prestigiando as nossas ações. Mesmo estando, agora, afastado da vidaacadêmica da UFSC, o Prof. Rodolfo tem apoiado e incentivado o NEA.Imagem da Prof. Rodolfo Joaquim Pinto da Luz, Ex-Reitor UFSC, recebendo o Troféu NEA 30Anos, entregue pela Profa. Lúcia Helena Martins Pacheco, Vice-Reitora da UFSC.
Preservando a herança cultural açoriana em Santa Catarina 379Nereu do Vale Pereira Uma verdadeira base do estudo e da dinamização da culturaaçoriana de Santa Catarina. Por ter participado do 1o Congresso da História de Santa Catarina(1948), é uma testemunha viva do que se passou naquele evento. Suas recordações, memórias e observações sobre aquele impulso aoestudo e reconhecimento à cultura açoriana de Santa Catarina, ditas e faladasao vivo – quanto orgulho disso –, nos trazem os ideais daquele tempo enos contemplam com a certeza de ter seguido uma caminhada vitoriosa pelavalorização da cultura açoriana. É também um dos fundadores do NEA naUFSC, pois fez parte do seu primeiro corpo de pesquisadores. Queremos, portanto, lhe agradecer pela sua inquietude e busca de suaidentidade, o que para todos nós é um grande e vivo exemplo de amor pelosua herança cultural e que se torna um símbolo da nossa identidade culturalaçoriana. Professor Nereu nos contagia com seu dinamismo incansável navalorização da identidade açoriana no Sul do Brasil.Imagem da Prof. Nereu do Vale Pereira recebendo o Troféu NEA 30 Anos, entregue pelo Prof.Dr. João Lupi, do Núcleo de Estudos Português da UFSC.
380 Colóquio NEA 30 anos de HistóriaVilson Francisco de Farias Um dos mais marcantes e decisivos participantes do processo de criaçãoe revitalização do Núcleo de Estudos Açorianos, Prof. Farias direcionou oNEA à comunidade, pois iniciou o AÇOR – Festa da Cultura Açoriana de SC,lançou e iniciou o mapeamento cultural de base açoriana no litoral e iniciou epropôs a assinatura dos convênios de cidades irmãs – aproximando realidadesmunicipais de SC e dos Açores. Entre 1993 e 2000 ele Coordenou o NEA,com muita garra e determinação, promovendo ações para preservação daidentidade e do reconhecimento açoriano no nosso estado.Imagem da Prof. Vilson Francisco de Farias recebendo o Troféu NEA 30 Anos, entregue peloProf. Dr. Victor Pereira da Rosa, da Universidade de Ottawa, no Canadá.
Preservando a herança cultural açoriana em Santa Catarina 381Núcleo de Estudos Açorianos da Ufsc Fazemos isto na pessoa do Historiador Joi Cletison Alves, que está naCoordenação do NEA desde o ano 2000. Com essa homenagem ao NEA,fazemos o reconhecimento aos membros do seu Conselho, que hoje é compostopor mais de 60 instituições do litoral catarinense e tem um trabalho incansávelna valorização e preservação da identidade cultural de base açoriana.Imagem do Historiador Joi Cletison Alves, Coordenador do Núcleo de Estudos Açorianos daUFSC, recebendo o Troféu NEA 30 Anos, entregue pelo Dr. Paulo Teves Director da DirecçãoRegional das Comunidades do Governo dos Açores.
382 Colóquio NEA 30 anos de História Homenagens recebidas pelo NEA Na passagem dos seus 30 anos o Núcleo de Estudos Açorianos daUniversidade Federal de Santa Catarina, o NEA recebeu várias manifestaçõesde parabenização, moções e homenagens pela passagem dessa data.Transcrevemos, abaixo, apenas as que chegaram oficialmente ao Núcleo deEstudos Açorianos da UFSC.Insígnia autonómica de reconhecimentos Atribuído pelo Governo Regional dos Açores e pela AssembleiaLegislativa da Região Autonóma dos Açores, entregue no dia de comemoraçãoda Região Autonóma dos Açores.Foto da entrega da Insígnia Autonómica e Reconhecimentos, pela Dra. Ana Luísa Luis, Presi-dente da Assembleia Legislativa da Região Autonóma dos Açores, ao Historiador e Coordena-dor do Núcleo de Estudos Açorianos da Universidade Federal de Santa Catarina, ocorrido naIlha das Flores, Arquipélago dos Açores, Portugal, em 25 de maio de 2015.
Preservando a herança cultural açoriana em Santa Catarina 383Cumprimentos do Dr. Vasco Alves Cordeiro, Presidente do Governo Regional do Açores, aoHistoriador e Coordenador do Núcleo de Estudos Açorianos da Universidade Federal de SantaCatarina pelo recebimento da mais alta condecoração do Governo dos Açores, a Insígnia Auto-nómica e Reconhecimentos, ocorrido na Ilha das Flores, Arquipélago dos Açores/Portugal em25 de maio de 2015.Cumprimentos do Dr. Vasco Alves Cordeiro, Presidente do Governo Regional do Açores aoHistoriador e Coordenador do Núcleo de Estudos Açorianos da Universidade Federal de SantaCatarina pelo recebimento da mais alta condecoração do Governo dos Açores, a InsígniaAutonómica e Reconhecimentos, ocorrido na Ilha das Flores, arquipélago dos Açores/Portugalem 25 de maio de 2015. Foto da Insígnia Autonómica e Reconhecimentos, a mais alta condecoração do Governo dos Açores, atribuída ao NEA/UFSC. 360
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394 Colóquio NEA 30 anos de História Carta colóquio NEA 30 anosAprovado na assembleia do Colóquio NEA 30 anos de HistóriaConsiderando:1) Que, ao longo de quatro dias, foram apresentados relatos, conferências, comunicaçõese palestras de história e reflexão sobre a reconstrução da cultura de base açoriana emSanta Catarina;2) Que o conjunto de pesquisas e depoimentos foi feito de forma que transparesse ofato de um movimento cultural extraordinário pelo entusiasmo e dedicação de seusagentes e promotores, e pela impressionante unidade, ou convergência, de sentimentos,objetivos, modos de agir e até de metodologias;3) Que, nestas características, ele é um caso de movimento cultural muito peculiar, quepode servir de modelo, e deve embasar a ação de futuras gerações;4) Que, através de professores, pesquisadores e ex-alunos, a universidades de SantaCatarina realizaram um esforço de aproximação das classes populares, nomeadamenterurais, em que pessoas iletradas, ou com pouco estudo, tomaram consciência do valorde suas culturas tradicionais, e delas justamente se orgulham, o que, por sua vez,enaltece as a ação das universidades;5) Que este colóquio, sendo um marco importante de reflexão coletiva, se torna umponto de partida para ampliação e aprofundamento da ação;6) Que, na situação do país nos últimos tempos, é imprescindível mostrar, como açãopolítica, que a sociedade brasileira não é feita de agentes destruidores, mas é construídapor ações e agentes positivos,PROPÕE-SE:1) Que sejam coletados e publicados, pela Universidade Federal em parceria comoutras entidades, os textos das apresentações do colóquio; e2) Que o Conselho do NEA, em reunião alargada, realize, antes do 22o AÇOR – Festada Cultura Açoriana de Santa Catarina, um debate sobre o futuro das atividades dapromoção da cultura de base açoriana no estado de Santa Catarina.
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