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RAC - 24

Published by comunicacao, 2015-04-29 21:36:29

Description: RAC - 2013 - II

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24 Revista de Administração e Contabilidade Revista de Administração e Contabilidade Revista de Administração e Contabilidade 24 Ano 12, n. 24 (jul./dez. 2013) APRESENTAÇÃO ISSN 1677-1184O PERFIL DO ALUNO EGRESSO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DO INSTITUTO CENECISTA 23 DE ENSINO SUPERIOR DE SANTO ÂNGELO Bruna Amaral de Paula Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo Rosemary Gelatti Alexandre Novicki Zélia Maria Mirek O DESEMPENHO ECONÔMICO E FINANCEIRO PRÉ E PÓS A CONVERGÊNCIA CONTÁBIL AOS PADRÕES IFRS: UM ESTUDO DE CASO DA LOJAS RENNER Jussie Bassani Rösner Márcia BianchiPRÁTICAS SUSTENTÁVEIS EM EMPRESAS DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO: UMA ANÁLISE BASEADA NOS RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE Felipe Ghisleni Freitas Catarina Delgado ANÁLISE ENVOLTÓRIA DE DADOS NA GERAÇÃO DE LUCRO: UM ESTUDO DA EFICIÊNCIA DE EMPRESAS DO IBRX-50 DA BM&FBOVESPA Tarcísio Pedro da Silva Débora Gomes Machado José Ari Verhagen Nelson Hein ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS CUSTOS CONJUNTOS E O CUSTO DE REPOSIÇÃO EM UMA INDÚSTRIA ESMAGADORA DE SOJA Luigi Antonio Farias Lazzaretti Lidiane Veiga GESTÃO DE CLIENTES: O CASO AGROFUTURA André Ronaldo dos Santos Marlon Schirmer Milena Pizzolotto De Conti Meneghine Renato Przyczynski GESTÃO DE CUSTOS E ANÁLISE DE RESULTADOS EM UMA EMPRESA COMERCIAL Fabio Montagner Euselia Paveglio Vieira ANÁLISE DOS CONTROLES INTERNOS DE ESTOQUES DE UMA INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS EM JI-PARANÁ-RO Jair Antonio Fagundes Alex Fabiano Bertollo Santana Sidimara Santos Falanqui Jeferson de Araujo Funchal IESA RAC/Revista de Administração e Contabilidade da CNEC/IESA - Santo Ângelo-RS Ano12, n.24 (jul./dez. 2013) - Uberaba - CNEC Edigraf

 RAC Revista de Administração e Contabilidade Ano 12, n. 24 (jul./dez. 2013) Catalogação na FonteRAC / Revista de Administração e Contabilidade da CNEC / IESA – Santo Ângelo - RS. Ano 12, n. 24 (jul./dez. 2013) – Uberaba: CNEC Edigraf, 2013 Semestral ISSN 1677-11841. Administração. 2. Contabilidade – Periódico. I. Curso de Administração e Curso de Ciências Contábeis da CNEC Santo Ângelo – RS CDU: 657-658

 -  IESA Campanha Nacional de Escolas da Comunidade – CNECInstituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo – IESADiretor Presidente: Deputado Federal Alexandre José Dos SantosDiretor Vice-Presidente: Dr. Juarez De Magalhães RigonDiretora Secretária: Profª Anita Ortiz CorrêaDiretor Conselheiro: Irapuan Diniz de AguiarDiretor Conselheiro: José Lima SantanaDiretor Conselheiro: Rogério Auto TeófiloDiretor Conselheiro: Sérgio Feltrin Corrêa Conselho Fiscal e de Assuntos EconômicosConselheiro Presidente: Edinalvo DantasConselheiro Secretário: Júlio César Souza BaltharejoConselheiro: Laércio Segundo de OliveiraPrimeiro Conselheiro Suplente: Ernani Soares MaiaSegundo Conselheiro Suplente: Maria da Guia Lima CruzDiretor do IESA: Profº Júlio César LindemannCoordenador do Curso de Administração: Renato PrzyczynskiCoordenadora do Curso de Ciências Contábeis: Zélia Maria MirekComissão Editorial: Zélia Maria Mirek, Renato Przyczynski, Rosemary Gelatti e Júlio César Lindermann.Conselho Editorial: Drª. Salete Oro Boff (IESA/UNISC), Dr. Doglas Cesar Lucas (IESA/UNIJUI), Dr. José Hermes Ribas do Nascimento (IESA), Dra. Marcia Bianchi (UFRGS), Dr. Alexandre Marino Costa (UFSC), Dr. Kenny Basso (IMED), Dr. Vilmar Antonio Boff (UERGS), Msc. Renato Przyczynski (IESA), Msc. Zélia Maria Mirek (IESA), Msc. Rosemary Gelatti (IESA).Endereço do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo ÂngeloRua Dr João Augusto Rodrigues, 471CEP: 98.801-015 – Santo Ângelo – RSFone: 55 3313 1922 – Fax 55 3313 1922e-mail: [email protected] da revista via on linehttp://www.iesanet.com.br A revisão dos textos é de inteira responsabilidade dos autores.Direitos de Publicação, Capa, Programação Visual, Editoração Impressão:Editora e Gráfica Cenecista Dr. José FerreiraAv. Frei Paulino, 530 - Bairro AbadiaPABX: (34) 2103-0700 - FAX: (34) 3312-5133CEP: 38025-180 - Uberaba, MG - e-mail: [email protected]

 SUMÁRIOApresentação�������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 5O PERFIL DO ALUNO EGRESSO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEISDO INSTITUTO CENECISTA DE ENSINO SUPERIOR DE SANTO ÂNGELO���������� 7 Bruna Amaral de Paula Rosemary Gelatti Alexandre Novicki Zélia Maria MirekO DESEMPENHO ECONÔMICO E FINANCEIRO pré e pós a coNvergênciacontábil AOS PADRÕES IFRS: UM ESTUDO DE CASO DA LOJAS RENNER������� 33 Jussie Bassani Rösner Márcia BianchiPRÁTICAS SUSTENTÁVEIS EM EMPRESAS DO AGRONEGÓCIOBRASILEIRO: Uma Análise Baseada nos Relatórios de Sustentabilidade.�������������� 63 Felipe Ghisleni Freitas Catarina Delgadoanálise ENVOLTÓRIA DE DADOS NA GERAÇÃO DE LUCRO: um estudo DAEFICIÊNCIA dE empresas do ibrx-50 DA bm&fbovespa������������������������������������������� 95 Tarcísio Pedro da Silva Débora Gomes Machado José Ari Verhagen Nelson HeinANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS CUSTOS CONJUNTOS E O CUSTODE REPOSIÇÃO EM UMA INDÚSTRIA ESMAGADORA DE SOJA����������������������� 123 Luigi Antonio Farias Lazzaretti Lidiane VeigaGESTÃO DE CLIENTES: O CASO AGROFUTURA����������������������������������������������� 145 André Ronaldo dos Santos Marlon Schirmer Milena Pizzolotto De Conti Meneghine Renato Przyczynski

 - GESTÃO DE CUSTOS E ANÁLISE DE RESULTADOS EM UMA EMPRESACOMERCIAL������������������������������������������������������������������������������������������������������������165 Fabio Montagner Euselia Paveglio VieiraANÁLISE DOS CONTROLES INTERNOS DE ESTOQUES DE UMAINDÚSTRIA DE LATICÍNIOS EM JI-PARANÁ-RO���������������������������������������������������191 Jair Antonio Fagundes Alex Fabiano Bertollo Santana Sidimara Santos Falanqui Jeferson de Araujo Funchal

Apresentação Apresentação Nesta edição da Revista RAC - Revista de Administração eContabilidade - que corresponde à segunda edição do ano de2013 (Ano 12, n. 24), são apresentados oito artigos que abrangemtemas relacionados especificamente às áreas da Contabilidade eda Administração. O primeiro artigo é intitulado “O Perfil do Aluno Egresso doCurso de Ciências Contábeis do Instituto Cenecista de EnsinoSuperior de Santo Ângelo” e dentre os objetivos do estudo sedestaca a aferição do impacto do curso de ciências contábeisdo IESA na evolução profissional dos egressos. O trabalho é deautoria de Bruna Amaral de Paula, Rosemary Gelatti, AlexandreNovicki e Zélia Maria Mirek. O segundo artigo, com o título “O Desempenho Econômicoe Financeiro Pré e Pós a Convergência Contábil aos PadrõesIFRS: Um Estudo de Caso da Lojas Renner”, analisa o impactoda introdução do padrão IFRS no processo de convergênciacontábil e as modificações introduzidas pela Lei nº 11.638/07 nodesempenho econômico e financeiro de uma empresa. A autoriado estudo é de Jussie Bassani Rösner e Márcia Bianchi. O terceiro artigo tem como título “Práticas Sustentáveis emEmpresas do Agronegócio Brasileiro: Uma Análise Baseada nosRelatórios de Sustentabilidade”, de autoria de Felipe GhisleniFreitas e Catarina Delgado. A partir da análise de relatórios desustentabilidade empresariais o estudo tem o intuito de analisar asaplicações de práticas sustentáveis em empresas do agronegóciobrasileiro. O quarto artigo “Análise Envoltória de Dados na Geraçãode Lucro: Um Estudo da Eficiência de Empresas do Ibrx-50 daBm&Fbovespa” tem por objetivo identificar se o giro do ativo totalreflete a eficiência do ativo total em gerar receitas. O estudo é deautoria de Tarcísio Pedro da Silva, Débora Gomes Machado, JoséAri Verhagen e Nelson Hein. O quinto artigo possui como tema a gestão de custosem indústria de produção conjunta, tendo por título “AnáliseComparativa entre os Custos Conjuntos e o Custo de Reposição 5

 - em uma Indústria Esmagadora de Soja”. A autoria do artigo é deLuigi Antonio Farias Lazzaretti e Lidiane Veiga. O sexto artigo “Gestão de Clientes: O Caso Agrofutura” é deautoria de André Ronaldo dos Santos, Marlon Schirmer, MilenaPizzolotto De Conti Meneghine e Renato Przyczynski. O estudotem por finalidade analisar de que maneira é possível manter umacarteira de clientes, buscar a sua fidelização e que ferramentascontribuem para a gestão da mesma. No sétimo artigo, o objetivo é verificar a relevância da análisecusto, volume e resultado para a gestão de uma empresa decomercio que atua no ramo agrícola. O artigo é intitulado “Gestãode Custos e Analise de Resultados em uma Empresa Comercial”e foi produzido por Fabio Montagner e Euselia Paveglio Vieira. Por fim, o oitavo artigo, de Jair Antonio Fagundes, AlexFabiano Bertollo Santana, Sidimara Santos Falanqui e Jefersonde Araujo Funchal tem por título “Análise dos Controles Internosde Estoques de uma Indústria de Laticínios em Ji-Paraná-Ro” eobjetiva apresentar a importância de um adequado sistema decontrole interno nos estoques em uma Indústria de Laticínios. Parabenizamos todos os autores e desejamos uma ótimaleitura! Rosemary Gelatti, Zélia Maria Mirek e Renato Przyczynski Comissão Editorial6

O PERFIL DO ALUNO EGRESSO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DO INSTITUTO CENECISTA DE ENSINO SUPERIOR DE SANTO ÂNGELO O PERFIL DO ALUNO EGRESSO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DO INSTITUTO CENECISTA DE ENSINO SUPERIOR DE SANTO ÂNGELO Bruna Amaral de Paula1 Rosemary Gelatti2 Alexandre Novicki3 Zélia Maria Mirek4RESUMOO objetivo do presente estudo é apresentar uma análise a respeito do perfil do egresso do curso de Ciências Contábeisno Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo. Para que a elaboração da análise fosse executada realizou-seuma pesquisa de campo através do envio de questionários por meio da rede social “facebook”. Foram enviados 242questionários para uma relação de concluintes do curso, compreendendo a turma de 2002 até a turma de 2011, dosquais 55 foram respondidos. Dentre os principais resultados da pesquisa, destacam-se: a) a remuneração dos egressospesquisados sofreu considerável elevação, possibilitando inferir que esta ascensão seja reflexo da conclusão do cursoem Ciências Contábeis; b) 53% possuem especialização, sendo que as três principias áreas escolhidas foram auditoriacom 25%, controladoria com 20%, finanças corporativas com 18%; c) a área de especialização que mais interessa aosentrevistados é a de Recursos Humanos (17%), seguida por Auditoria (14%), entre outras; d) 71% avalia o mercado detrabalha como em plena ascensão.PALAVRAS-CHAVE: contabilidade, egressos, mercado de trabalho.ABSTRACTThe aim of the present study is to present an analysis on the profile of the graduated student in the Accounting Course atthe Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo. For the preparation of this task a field research wasorganized by sending questionnaires through the Facebook network. Two hundred and forty two questionnaires were sentto graduate students attending the Accounting Course, classes from 2002 to 2011. Fifty five questionnaires were answeredand sent back. Among the main results of the research it is important to report: a) the monthly income of the surveyedgraduates showed a considerable growth, implying that this rise may be a reflection of conclusion of the course; b) Fiftythree per cent have some kind of specialization, and the three most frequently chosen areas were auditorship (25%),controllership (20%) and corporate finances (18%); c) the area of specialization that the respondents show more interest ishuman resources (17%), followed by auditory (14%); d) 71% evaluate the labor market as in full ascension.KEYWORDS: accounting, graduates, labor market.1 Acadêmica do 8° período do Curso de Ciências Contábeis do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo (IESA);2 Mestre em Ciências Contábeis (UNISINOS) - Professora do Curso de Ciências Contábeis do IESA – Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo;3 Mestre em Ensino de Física, Professor do Curso de Ciências Contábeis e de Administração do IESA – Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo;​‌4 Mestre em Engenharia de Produção pela UFSM. Professora e Coordenadora do Curso de Ciências Contábeis do IESA – Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo. 7

Bruna Amaral de Paula - Rosemary Gelatti - Alexandre Novicki - Zélia Maria Mirek1 INTRODUÇÃO O profissional contábil vem ganhando importância no cenárioeconômico e sendo cada vez mais valorizado por empresáriose usuários da contabilidade que percebem a necessidade dautilização dos serviços deste profissional como um staff nagestão de empresas. Em decorrência disto, e considerando asconstantes alterações na legislação nesta área que exigem cadavez mais especialização e conhecimento multidirecional, crescea procura por bons profissionais e a necessidade de formação eatualização constante. O Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo éuma instituição reconhecida pelo profissionalismo e competênciano Ensino de qualidade. Possui, em seu rol de cursos oferecidos,o curso de Ciências Contábeis, cuja autorização para ofuncionamento foi concedida em meados de 1998. Desde então,foram formadas 12 turmas de bacharéis em contabilidade.Considerando-se que hoje estes ex-alunos estão inseridos nomercado de trabalho das mais diversas regiões do estado etambém do País, se faz pertinente a indagação: qual é o perfilprofissional do aluno egresso do curso de Ciências Contábeis noInstituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo? Com efeito, o objetivo geral do estudo é traçar o perfilprofissional de alunos egressos do curso de Ciências Contábeisno Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo,desde a primeira turma de formandos até os últimos concluintes(Formandos 2002-2011), possuindo ainda, como objetivosespecíficos: a) apresentar o histórico do curso de CiênciasContábeis na Instituição pesquisada; b) medir o impacto do cursode ciências contábeis na evolução profissional dos egressos; c)identificar as áreas de atuação dos alunos egressos do cursode ciências contábeis, buscando apontar cenários relativosao mercado profissional; e d) investigar a especialização dosalunos egressos do curso, visando apontar tendências quanto àpreferência nos cursos de pós-graduação. O artigo está organizado da seguinte forma: apresenta-seo referencial teórico, contendo conceitos de Contabilidade, oprofissional de contabilidade, o mercado de trabalho do Contador,8

O PERFIL DO ALUNO EGRESSO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DO INSTITUTO CENECISTA DE ENSINO SUPERIOR DE SANTO ÂNGELOalguns trabalhos relacionados, o Instituto Cenecista de EnsinoSuperior de Santo Ângelo e o histórico do curso de CiênciasContábeis nesta instituição. Em seguida, o estudo apresenta ametodologia utilizada e os resultados alcançados com a pesquisasendo possível, então, apresentar as considerações finais.2 REFERENCIAL TEÓRICO Nestaseçãoapresenta-seafundamentaçãoteóricarelacionadaao tema, abrangendo a contabilidade em seu conceito e origem,o profissional de contabilidade, suas atribuições e prerrogativas,o mercado de trabalho do Contador, estudos relacionados, bemcomo o histórico do Instituto Cenecista de Ensino Superior deSanto Ângelo e do curso de Ciências Contábeis nesta instituição.2.1 CONTABILIDADE A necessidade de controle contábil é tão antiga quanto anoção de propriedade. Indícios arqueológicos comprovam aocorrência de registros contábeis rudimentares desde a pré-história (entre 8000 e 3000 a C.), antes ainda da existência daescrita e da contagem abstrata. Entre os séculos XII e XIII osistema de partidas dobradas se consolida na Itália como técnicade escrituração mercantil, ganhando notoriedade mundial atravésda publicação desta metodologia na obra impressa “La Summa deArithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalitá “, publicadopelo Frei Luca Pacioli. Conforme Santos et al. (2011, p. 24), “a contabilidade éuma ciência factual social que tem por objetivo o estudo dasvariações, qualitativas e quantitativas ocorridas no patrimôniodas entidades”. A qualificação como ciência social é explicadapela relação entre a interpretação dos fenômenos patrimoniais,conforme o contexto social vigente, especialmente impactando naavaliação e evidenciação dos elementos patrimoniais. Para os referidos autores, a ciência contábil é o estudodo patrimônio das entidades e seu objetivo está em fornecerinformações úteis que possam auxiliar a tomada de decisões deseus usuários. 9

Bruna Amaral de Paula - Rosemary Gelatti - Alexandre Novicki - Zélia Maria Mirek As alterações recentemente ocorridas na área contábil, maisprecisamente o processo de convergência da contabilidade àsnormas internacionais, ratificam o entendimento como ciênciasocial, pois este processo atende às demandas sociais em prolda padronização contábil, derivada do processo de globalização.2.2 O PROFISSIONAL DE CONTABILIDADE   Os profissionais de contabilidade são chamados decontabilistas, incluindo os técnicos de contabilidade e oscontadores. O técnico de contabilidade é a denominação atribuídaàqueles que têm formação de nível médio/técnico. De acordocom o art. 12 do Decreto-Lei n.o 9.295-46, com redação dada pelaLei n.o 12.249/2010, os contadores somente poderão exercer aprofissão após a regular conclusão do curso de Bacharelado emCiências Contábeis, reconhecido pelo Ministério da Educação,aprovação em Exame de Suficiência e registro no ConselhoRegional de Contabilidade a que estiverem sujeitos. Conforme o art. 2º da Resolução CFC no. 560/83, esteprofissional poderá exercer suas atividades: [...] na condição de profissional liberal ou autônomo, de empregado regido pela CLT, de servidor público, de militar, de sócio de qualquer tipo de sociedade, de diretor ou de conselheiro de quaisquer entidades, ou, em qualquer outra situação jurídica definida pela legislação, exercendo qualquer tipo de função. A área de atuação do profissional contábil é ampla e estáem constante crescimento. A Resolução CFC no. 560 de 28 deOutubro de 1983 define as atribuições privativas do Contador,organizadas conforme segue.Quadro 1 – Atribuições Privativas dos Contadores1) avaliação de acervos patrimoniais e verificação de haveres e obrigações, para quaisquer finalidades, inclusive de natureza fiscal;2) avaliação dos fundos de comércio;3) apuração do valor patrimonial de participações, quotas ou ações;4) reavaliações e medição dos efeitos das variações do poder aquisitivo da moeda sobre o patrimônio e o resultado periódico de quaisquer entidades;10

O PERFIL DO ALUNO EGRESSO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DO INSTITUTO CENECISTA DE ENSINO SUPERIOR DE SANTO ÂNGELO apuração de haveres e avaliação de direitos e obrigações, do acervo patrimonial de quaisquer entidades, em vista de liquidação, fusão, cisão, expropriação no interesse5) público, transformação ou incorporação dessas entidades, bem como em razão de entrada, retirada, exclusão ou falecimento de sócios, quotistas ou acionistas;6) concepção dos planos de determinação das taxas de depreciação e exaustão dos bens materiais e dos de amortização dos valores imateriais, inclusive de valores diferidos; análise de custos e despesas, em qualquer modalidade, em relação a quaisquer funções como a produção, administração, distribuição, transporte, comercialização, exportação,19) publicidade, e outras, bem como a análise com vistas à racionalização das operações e do uso de equipamentos e materiais, e ainda a otimização do resultado diante do grau de ocupação ou do volume de operações;20) controle, avaliação e estudo da gestão econômica, financeira e patrimonial das empresas e demais entidades; análise de custos com vistas ao estabelecimento dos preços de venda de mercadorias,21) produtos ou serviços, bem como de tarifas nos serviços públicos, e a comprovação dos reflexos dos aumentos de custos nos preços de venda, diante de órgãos governamentais;22) análise de balanços;23) análise do comportamento das receitas;24) avaliação do desempenho das entidades e exame das causas de insolvência ou incapacidade de geração de resultado;25) estudo sobre a destinação do resultado e cálculo do lucro por ação ou outra unidade de capital investido;26) determinação de capacidade econômico-financeira das entidades, inclusive nos conflitos trabalhistas e de tarifa;29) análise das variações orçamentárias;30) conciliações de contas;32) revisões de balanços, contas ou quaisquer demonstrações ou registros contábeis;33) auditoria interna e operacional;34) auditoria externa independente;35) perícias contábeis, judiciais e extrajudiciais;36) fiscalização tributária que requeira exame ou interpretação de peças contábeis de qualquer natureza;42) assistência aos conselhos fiscais das entidades, notadamente das sociedades por ações;43) assistência aos comissários nas concordatas, aos síndicos nas falências, e aos liquidantes de qualquer massa ou acervo patrimonial;44) magistério das disciplinas compreendidas na Contabilidade, em qualquer nível de ensino, inclusive no de pós-graduação; (quando se referirem a nível superior)45) participação em bancas de exame e em comissões julgadoras de concursos, onde sejam aferidos conhecimentos relativos à Contabilidade; (quando se referirem a nível superior)Fonte: Adaptado da Resolução CFC 560 de 28 de Outubro de 1983. 11

Bruna Amaral de Paula - Rosemary Gelatti - Alexandre Novicki - Zélia Maria Mirek Quanto a este ponto, importante registrar que o DecretoLei no. 9.295,  de 27 de maio de 1946 foi alterado pela Lei12.249/10, estipulando em seu artigo 12º, § 2º, que “os técnicosem contabilidade, já registrados em Conselho Regional deContabilidade, e os que venham a fazê-lo até 1º de junho de2015, têm assegurado o seu direito ao exercício da profissão”.2.3 MERCADO DE TRABALHO DO CONTADOR A procura por contabilistas competentes cresce diariamente,a Revista Exame (2012) publicou reportagem com o título de “3coisas que só um contador pode fazer por sua empresa”. Nestamatéria destaca-se o “ contador como o profissional essencial atodo negócio, alguém que pode auxiliar nas questões burocráticas,mas também nas tomadas de decisão”, atribuindo, portanto,grande importância à função deste profissional nas organizações. Oliveira et. al. (2010) mencionam que por muito tempo oContador foi conhecido como aquele profissional que emitia guiasde pagamento de impostos e realizava todas as demais rotinasexigidas pelo Fisco, entretanto, hoje se tem uma visão muito maisampla da importância desse profissional na sociedade. Alémde realizar as rotinas contábeis, este especialista utiliza seusconhecimentos para auxiliar na gestão tributária, financeira egerencial das organizações. Este cenário de mudança é positivo para a classe contábilque ganha mais espaço e visibilidade perante a sociedade e asempresas. Ainda que o mercado de trabalho esteja em ascensão,é necessário enfatizar que para cargos de maior remuneraçãonecessita-se de um nível elevado de especialização, assim como,conhecimentos multidisciplinares. O estudo realizado por Pires; Ott; Damacena (2009), tendocomo campo de aplicação a Cidade de Porto Alegre (RS),levantou alguns dados relevantes a respeito do mercado detrabalho: as ofertas de emprego disponíveis naquela região paraprofissionais da área em questão possuem como pré-requisitoexperiência profissional e são direcionadas, em sua maioria,a especialistas com amplo conhecimento em contabilidade elegislação societária, seguidas de contabilidade gerencial, gestão12

O PERFIL DO ALUNO EGRESSO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DO INSTITUTO CENECISTA DE ENSINO SUPERIOR DE SANTO ÂNGELOempresarial, tecnologia da informação, recursos humanos enormas contábeis internacional. Esses resultados confirmam que oContador atual precisa ter conhecimento em diversos setores paraatender as necessidades do mercado, considerando-se tambémque a demanda por profissionais que realizem contabilidadevoltada para o fisco e para o cumprimento da legislação ainda ésignificativa. A análise elaborada por Oliveira (2008), abrangendo egressosdo curso em Florianópolis (SC), evidenciou que a maior parte dosprofissionais atua em escritórios contábeis e esses consideramque o futuro da categoria é promissor com perspectivas demelhorias salariais e maior reconhecimento da importância daprofissão. Iudícibus et al. (2009) ratificam que a presença do contador-perito para auxiliar em causas judiciais vem sendo cada vez maissolicitada, dentre muitos outros nichos de mercado. O autor aindaressalta que a procura pelos profissionais nas mais diversas áreascria e exige aumento de profissionais docentes para garantir ainserção no mercado de trabalho de profissionais capazes desuprir as lacunas existentes. Oliveira et al. (2010) trazem à cena as mudanças decorrentesdo surgimento das normas internacionais de contabilidade (IFRS)como um marco importante no setor, visto que será necessário,para uma adaptação a elas, a realização de estudos e elaboraçãode bibliografias, com vistas a nortear os profissionais. Com tantas pesquisas que confirmam o cenário favorávele em constante expansão, percebe-se que o número deprofissionais para suprir as demandas ainda é restrito. Conformedados disponibilizados pelo Conselho Federal de Contabilidade,atualmente existem 293.401 contadores inscritos neste conselhoem todo o País, enquanto que somente no estado do Rio Grandedo Sul são 21.874 profissionais devidamente regularizados (CRC,2013). Baseando-se na Resolução CFC no 560 de 28 de Outubrode 1983, são apresentadas as funções, cargos e titulações doprofissional contador. 13

Bruna Amaral de Paula - Rosemary Gelatti - Alexandre Novicki - Zélia Maria MirekQuadro 2 - Funções do contador Funções Cargosanalista, chefe,assessor, subchefe,assistente, diretor,auditor, interno ou externo, responsável,conselheiro, encarregado,consultor, Supervisorcontrolador de arrecadação, Superintendente“controller” gerente,educador, subgerente, de todas as unidades administrativas ondeescritor ou articulista técnico, se processem serviços contábeis.escriturador contábil ou fiscal,executor subordinado, Titulaçãofiscal de tributos,legislador, contador, contador de custos,organizador, contador departamental, contador de filial,perito, contador fazendário, contador fiscal,pesquisador, contador geral, contador industrial,planejador, contador patrimonial, contador público,professor ou conferencista, contador revisor, contador seccional ou setorial,Redator contadoria, técnico em contabilidade,Revisor departamento, setor.Fonte: Adaptado da Resolução CFC 560 de 28 de Outubro de 1983. Através da visualização do quadro se percebe a abrangênciada área contábil, com grande diversidade de atuação no mercadoprofissional.2.4 ESTUDOS RELACIONADOS Considerando o objetivo central desta pesquisa - de traçar operfil profissional dos Egressos do curso de ciências contábeisno IESA - foram encontrados trabalhos semelhantes que visavamelaborar estudos com egressos deste curso nas mais variadasregiões do País. O estudo de Rego e Andrade (2010) denominado “Perfil ecampo de atuação profissional dos egressos do curso de CiênciasContábeis da UFRN”, objetivou evidenciar este perfil tendo comobase de estudos as turmas concluintes entre os anos de 2003 e2007. Dentre os resultados, as pesquisadoras destacaram aparticipação masculina no curso que foi de 57,42%; que, segundoa metade dos entrevistados, o motivo que o fez escolher o curso foia empregabilidade e que 58,14% elenca como a maior dificuldadeda área a baixa remuneração e a falta de valorização profissional.14

O PERFIL DO ALUNO EGRESSO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DO INSTITUTO CENECISTA DE ENSINO SUPERIOR DE SANTO ÂNGELO Ventura (2009) realizou pesquisa com o mesmo tema, tendocomo amostra os concluintes do curso em 2008 da UniversidadeFederal de Santa Catarina. A pesquisadora definiu os principaisresultados da pesquisa como sendo os seguintes: a) o aumento da participação de mulheres na profissão contábil; b) as notas atribuídas ao curso de Ciências Contábeis da UFSC são boas; c) as principais disciplinas a serem aprofundadas, na percepção dos egressos, são auditoria e perícia contábil; d) elevou-se o número de egressos trabalhando na área da Contabilidade; e) os principais setores em que trabalham são serviços, comércio e indústria, contudo há uma ascensão das instituições financeiras. (VENTURA, 2009, p.7) Por fim, relata-se o estudo de Pugues (2012), com campode aplicação nos Contadores egressos de Instituições de ensinoestado do Rio Grande do Sul com registro junto ao ConselhoRegional de Contabilidade. A amostra para a análise contoucom a participação de 448 egressos. A pesquisa concluiu que amaior parte dos entrevistados trabalhava como empregados emempresas, o nível de satisfação com a profissão é consideradobom e a preparação para o mercado de trabalho, oferecida durantea formação foi avaliada por 40% como boa e 37% razoável.2.5 O INSTITUTO CENECISTA DE ENSINO SUPERIOR DE SANTO ÂNGELO - IESA De acordo com dados da homepage do IESA (2013), oInstituto Cenecista de Ensino Superior iniciou suas atividades emSanto Ângelo no ano de 1961, consolidando-se como o primeiroestabelecimento a oferecer ensino superior na cidade. Nestemomento inicial foi aprovada somente a instalação do curso deDireito e a Instituição ficara conhecida como Faculdade de Direitode Santo Ângelo vindo, posteriormente, a chamar-se FADISA. Este educandário possui como mantenedora a rede CNEC(Campanha Nacional de Escolas da Comunidade) fundada em1943, em Recife/PE, por Felipe Tiago Gomes. Trata-se de umgrupo educacional que possui finalidade de promover o acessoa educação tendo como base a comunidade onde esta inserida. 15

Bruna Amaral de Paula - Rosemary Gelatti - Alexandre Novicki - Zélia Maria Mirek Segundo dados disponibilizados pela CNEC (2013), esta jáse encontra representada em 20 estados brasileiros apoiandoeducação de qualidade para mais de 114 000 alunos. O IESA está localizado na região noroeste do estado doRio Grande do Sul e atualmente oferece os cursos de Direito,Ciências Contábeis, Administração, Fisioterapia, Pedagogia eBiomedicina. Com o passar dos anos a instituição firmou-se como expoentena área de educação colaborando para a formação de diversosprofissionais e fomentando o desenvolvimento regional.2.6 O CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS NO IESA O Curso de Ciências Contábeis teve início neste educandárioem março de 1998, autorizado pela Portaria no 215 de 06/03/1998.Desta forma, a primeira turma concluiu o curso em 2002 e desdeentão são 12 turmas de alunos habilitados como bacharéis emcontabilidade (IESA, 2013). Conforme explicitado no portal da Instituição, os objetivos doIESA para e o curso de Ciências Contábeis são: Proporcionar aos contadores habilidades e critérios para identificar e selecionar prioridades considerando as limitações de tempo e recursos disponíveis; Possibilitar uma visão sistêmica, holística e interdisciplinar da atividade contábil; Criar a capacidade de receber e transferir informações com facilidade e ser proficiente no uso da linguagem contábil; Incentivar a utilização das ferramentas essenciais da contabilidade e a comunicação no mesmo nível com profissionais e representantes de empresas, organizações e da mídia especializada em negócios; Dotar de habilidades e atitude pessoal para motivar positivamente os outros nas tarefas e projetos em equipes; Conhecer a força econômica, social, cultural e psicológica que afetam as organizações; Conhecer a história do pensamento e da profissão contábil, assim como os diversos enfoques e os métodos da contabilidade. (IESA, 2013).16

O PERFIL DO ALUNO EGRESSO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DO INSTITUTO CENECISTA DE ENSINO SUPERIOR DE SANTO ÂNGELO A estrutura oferecida para realização do curso conta comampla biblioteca que vem sendo atualizada periodicamente,assim como um laboratório de informática que trabalha comum dos sistemas contábeis de maior uso no mercado. Sãodesenvolvidos projetos como o NAF (Núcleo de Apoio Contábil eFiscal) que oferece apoio à comunidade através de prestação deserviços na área, além de diversas atividades complementaresque proporcionam contato com a prática do mercado de trabalho. Desde a implementação do curso formaram-se cerca de560 (quinhentos e sessenta) alunos, sendo que, ao comparar osíndices, a presença de mulheres tem se mantido maior do quea de homens, visto que do total de 100% a participação do sexofeminino é de 54%, enquanto que do masculino é de 46%.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Este estudo se qualifica como exploratório e descritivo, foiaplicado através de uma pesquisa de campo, com o objetivo deidentificar o perfil do aluno egresso do curso de Ciências Contábeisdo Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo. Conforme Gil (2010), uma pesquisa classificada comoexploratória procura explicitar as questões e hipóteses doestudo, assim como é descritiva porque identifica determinadascaracterísticas da amostra selecionada podendo estabelecerrelações entre os resultados, o autor defende que “entre aspesquisas descritivas, salientam-se aquelas que têm por objetivoestudar as características de um grupo: sua distribuição por idade,sexo, procedência, nível de escolaridade, estado de saúde físicae mental etc.” (GIL, 2010, p. 28). Também é possível classificar a pesquisa como quantitativa,visto que seus resultados serão projetados para uma população;e qualitativa, pela identificação por nomes e palavras. Oinstrumento de pesquisa adotado foi o questionário, com 32perguntas fechadas, em sua grande maioria, o qual foi submetidoa um pré-teste, sendo enviado para três alunos e uma professora,em razão do qual algumas perguntas foram reformuladas. Quanto aos procedimentos, inicialmente foi realizado umlevantamento da listagem de concluintes do curso de Ciências 17

Bruna Amaral de Paula - Rosemary Gelatti - Alexandre Novicki - Zélia Maria MirekContábeis, a partir da qual foi possível identificar que foramformadas 12 turmas de bacharéis em contabilidade, totalizando566 alunos concluintes. A população da pesquisa abrangeu 533alunos, pertencentes às turmas de formandos de 2002 a 2011,excluindo-se a última turma (2012), pelo fato de que os resultadosda formação profissional poderiam ainda não serem perceptíveispara este grupo de egressos, o que poderia prejudicar asconclusões do estudo. Para elaboração da pesquisa, procedeu-se à intensa pesquisaatravés da rede social “facebook”, pela qual foram encontrados 242alunos egressos, resultando na amostra final do estudo. Do totalde questionários enviados, obteve-se 55 respostas, recebidas noperíodo de 22 de abril de 2013 a 12 de maio de 2013, perfazendouma amostra correspondente a 10,31% de concluintes comrelação ao universo pesquisado. Quanto à exposição dos dados,compilação das informações e elaboração dos gráficos utilizou-seo programa Microsoft Excel 2010.4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS De acordo com o levantamento de dados, constatou-se queda totalidade de alunos incluídos na pesquisa, 281 são mulherese 252 homens. Desta forma, é possível perceber que a maioriados egressos do curso no Instituto Cenecista de Ensino Superioré do sexo feminino. Questionados sobre os motivos que influenciaram na escolhado curso, 36% apontaram o mercado de trabalho, 31% a influênciade familiares ou amigos, 12% o fato de já atuarem na área, eapenas 3% a sazonalidade, entre outros conforme a tabela quesegue.Tabela 1 - Motivos que influenciaram na escolha do curso. % Fatores de escolhaInfluência de familiares ou amigos 31Mercado de trabalho 36Já atuava na área 12Sazonalidade 3 Outros 17Fonte: Autores a partir de dados da pesquisa (2013)18

O PERFIL DO ALUNO EGRESSO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DO INSTITUTO CENECISTA DE ENSINO SUPERIOR DE SANTO ÂNGELO Com relação ao início de atuação na área contábil duranteo período de curso, 47% dos entrevistados afirmaram nãotrabalhar, 33% iniciaram suas atividades no meio da faculdade e20% trabalhavam na área desde o início do curso.Gráfico 1 - Atuação na área contábil durante o cursoNão trabalhou Desde o início na área 20%durante o curso 47% Iniciei durante o curso 33%Fonte: Autores a partir de dados da pesquisa (2013) Quando perguntados sobre as dificuldades para ingressarno mercado de trabalho, os entrevistados elegeram a falta deexperiência (31%) como o principal motivo, seguida pela baixaremuneração (17%), alterações constantes na legislação (11%),falta de oportunidades (8%), pouca especialização (7%), muitaconcorrência (4%) e, por fim, baixo nível de dificuldade (3%).Tabela 2 - Dificuldades para ingresso na área contábil Fatores %Falta de experiência 31Baixa remuneração 17Alterações constantes na legislação 11Falta de oportunidades 8Pouca/Ausência de especialização 7Baixa qualificação 5Muita concorrência 4Baixo nível de dificuldade 3Não atuo na área contábil 11Outros 3Fonte: Autores a partir de dados da pesquisa (2013) 19

Bruna Amaral de Paula - Rosemary Gelatti - Alexandre Novicki - Zélia Maria Mirek Quanto a este ponto, importante destacar que o curso deCiências Contábeis do IESA, tem concentrado esforços nosentido de inserir o acadêmico no mercado de trabalho, atravésdo portal do trabalho, que funciona com um banco de currículossubsidiando a captação de profissionais pelas empresas. Quantoao conhecimento prático, o Núcleo de Apoio Contábil e Fiscal(NAF) tem sido oferecido como alternativa para os acadêmicosque buscam maior integração com a área profissional, através daprestação de serviços contábeis à comunidade de baixa renda. Retomando os dados da pesquisa, depois de inseridos nomercado de trabalho os desafios foram as alterações contábeisna legislação (26%), baixa remuneração (23%), a falta deexperiência (14%) e pouca especialização (6%). Correlacionando os resultados do Gráfico 1 (Atuação na áreacontábil durante o curso) e da Tabela 2 (Dificuldades para ingressona área contábil) denota-se que ainda que 33% dos egressospesquisados tenha buscado experiência na área durante o curso,a falta de experiência é um dos principais entraves para o ingressona área contábil aliado à grande diversidade de atuação dentro daárea contábil, como demonstrado no referencial teórico (item 2.3),assim, ainda que o profissional esteja atuando em determinadaárea, quando participa de seleção relativa à outra, depara-setambém com a falta de experiência específica exigida. Através dos resultados demonstrados no Gráfico 3, seidentificou que 53% possuem especialização, sendo que as áreasmais escolhidas foram auditoria com 25%, controladoria com20%, finanças corporativas com 18%, perícia com 11%, controlede gestão 10%, contabilidade avançada com 5% e contabilidadetributária com 3%;20

O PERFIL DO ALUNO EGRESSO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DO INSTITUTO CENECISTA DE ENSINO SUPERIOR DE SANTO ÂNGELOGráfico 2 - Áreas de especialização 10% 18% Controle de Gestão 5% 20% 3% 25% Contabilidade Avançada Contabilidade Tributária 11% 8% Finanças Corporativas Controladoria Auditoria Perícia OutrosFonte: Autores a partir de dados da pesquisa (2013) Da mesma forma, as áreas de interesse para novasespecializações estão elencadas no gráfico que segue, comdestaque para a área de recursos humanos (17%), controladoria(14%) e auditoria (12%):Gráfico 3 - Áreas de interesse em realizar especializaçãoDocência 8%Controle de gestão 9%Auditoria 14%Controladoria 12%Recursos humanos 17%Finanças cooperativas 6%Contacilidade tributária 11%Contabilidade avançada 2%Pericia contábil 9%Não possui interesse 7%Outras 6%Fonte: Autores a partir de dados da pesquisa (2013) A grande maioria dos alunos possui formação somente naárea contábil, totalizando 78% da amostra; entretanto 11% sãotambém graduados em Administração, 4% em Direito, 2% emLetras e 7% listaram outros cursos. 21

Bruna Amaral de Paula - Rosemary Gelatti - Alexandre Novicki - Zélia Maria MirekGráfico 4 - Formação além da contábil Letras 2% Administração 11% Direito 4% Outros 5% Formação somente na área contábil 78%Fonte: Autores a partir de dados da pesquisa (2013) Com relação ao registro no Conselho Regional deContabilidade, ficou constatado que 53% dos entrevistadospossuem. Do total da amostra, 18% realizou a prova para admissãoe 35% fez seu registro enquanto o exame de suficiência estavasuspenso. Há ainda um percentual de 12% que está aprovado noexame, mas não efetuou o registro. De acordo com a Resolução CFC no 1.373 de 8 de dezembrode 2011, a aprovação em Exame de Suficiência constitui umdos requisitos para a obtenção ou restabelecimento de registroprofissional em Conselho Regional de Contabilidade, sendo queo candidato terá o prazo de até 2 (dois) anos, a contar da datada publicação do resultado oficial do Exame no Diário Oficial daUnião (DOU), para requerer, no CRC, o Registro Profissional nacategoria para a qual tenha sido aprovado.Gráfico 5 - Registro no Conselho de Contabilidade. 18% 5% Foi aprovado no exame Não possui interesse de suficiência e possui registro 12% 30% Está aprovado no exame Não possui registro de suficiência mas ainda não possui registro 35% Realizou registro quando o exame de suficiência estava suspensoFonte: Autores a partir de dados da pesquisa (2013)22

O PERFIL DO ALUNO EGRESSO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DO INSTITUTO CENECISTA DE ENSINO SUPERIOR DE SANTO ÂNGELO No tocante ao setor de atuação, atualmente 70,90% dosprofissionais atuam na área contábil, sendo que, 29% trabalhaexclusivamente nesta área. O setor com maior atuação é o deserviços (30%), seguido pelo comércio (27%), indústria (14%),área pública (8%) e o terceiro setor e instituições financeiras coma mesma porcentagem (1%) cada.Gráfico 6 - Setores de desempenho das funções.Comércio 27% 30%Não atua na área contábil 11%Terceiro Setor 1%Instituição Financeira 1%Área pública 8%Indústria 14% ServiçoOutros 7%Fonte: Autores a partir de dados da pesquisa (2013) Ainda sobre o desempenho das funções, analisando-sevínculo empregatício, a Tabela 3 mostra a distribuição dosegressos da amostra nas funções mais apontadas, sendo que amaioria deles trabalha como empregado (57%).Tabela 3 - Vínculo empregatício no desempenho das funções. % Vínculo 7% 12% Autônomo 57% Empregador 16% Empregado 9% Servidor Público Não trabalhaFonte: Autores a partir de dados da pesquisa (2013) A visualização do Gráfico 7 comprova a ascensão naremuneração profissional com a conclusão do curso em CiênciasContábeis do IESA, tendo em vista que as faixas salariaismenores (até 02 salários mínimos) decaem acentuadamente e 23

Bruna Amaral de Paula - Rosemary Gelatti - Alexandre Novicki - Zélia Maria Mireka remuneração de 02 a 04 salários mínimos passa de 11% para36%, a classe de 04 a 10 salários mínimos parte de 7% para 22%,o nível de 10 a 20 salários mínimos cresce de 2% para 11% e,por fim, após a conclusão do curso a remuneração de acima de20 salários mínimos aparece com 4% dos egressos pesquisados.Gráfico 7 - Comparação salarial antes e depois da formação acadêmicaAntes 76%Depois 36% 22% 27% 11% 7% 11% 2%4% 4%Acima de 20 De 10 à 20 De 04 à 10 De 02 à 04 até 02 Sem salários salários salários remuneraçãosalários salários mínimos mínimos mínimosmínimos mínimosFonte: Autores a partir de dados da pesquisa (2013) Ainda quanto à remuneração percebida, quando selecionadospara análise somente os maiores salários, aqueles acima de 4salários mínimos, percebe-se que a maior parte dos Contadoresdesta faixa salarial atua como empregado, correspondendo aum total de 40%, enquanto que 25% é servidor público, 25% éempregador e os 10% restantes são autônomos.Gráfico 8 - Tipos de vínculos empregatícios dos salários mais altos: 10% Autônomo Servidor público 25% 40% Empregado Em pregado 25%Fonte: Autores a partir de dados da pesquisa (2013)24

O PERFIL DO ALUNO EGRESSO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DO INSTITUTO CENECISTA DE ENSINO SUPERIOR DE SANTO ÂNGELO Relacionando a faixa salarial mais alta com o nível de formaçãoacadêmica, ficou evidenciado que decai expressivamente onúmero de egressos com apenas graduação nas faixas salariaisde 04 a 10 salários mínimos, sendo inclusive inexistente este nívelde formação nas faixas salariais maiores. Registra-se que a faixasalarial de 10 a 20 salários mínimos é composta pelo percentualde 67% de egressos com mestrado, sendo que os restantes 33%possuem MBA.Gráfico 9 - Comparação de renda e nível de formação 20 15fi 10 5 0 2a4 4 a 10 10 a 20 > 20 <2 Mestrado MBA Especialização GraduaçãoFonte: Autores a partir de dados da pesquisa (2013) Os egressos entrevistados estão distribuídos no mercadode trabalho conforme a tabela no 3 que segue. A partir desta, épossível verificar 58,2% dos concluintes permanecem na mesmacidade enquanto dos demais (41,8%) estão alocados em outrascidades do Estado e fora dele.Tabela 04 - Distribuição dos egressos no mercado de trabalho DOMICÍLIO DURANTE O CURSO DOMICÍLIO ATUAL  Permanecem Região Rio Grande Fora doSanto Ângelo na mesma Noroeste do Sul EstadoSão Luiz Gonzaga cidadeGiruáSanta Rosa 61,8% 40,0% 3,6% 10,9% 7,3%São Miguel das Missões 12,7%Guarani 1,8% 7,3% 1,8% 1,8% 1,8% 7,3% 5,5% 1,8% - - - 1,8% 3,6% 3,6% - - - - 5,5% - 1,8% - - - 25

Bruna Amaral de Paula - Rosemary Gelatti - Alexandre Novicki - Zélia Maria MirekSanto Antônio 1,8% 1,8% - - -Porto Xavier 3,6% 1,8% - 1,8% -Três de Maio 1,8% - 1,8% - -Entre Ijuis 1,8% - 1,8% - - TOTAL 58,2% 12,7% 20,0% 9,1%Fonte: Autores a partir de dados da pesquisa (2013) Quanto à análise pessoal a respeito do conhecimentoe atualização sobre as mudanças na legislação contábil, ojulgamento individual está demonstrado no gráfico abaixo:Gráfico 10 - Percepção sobre atualização a respeito das alterações legais na contabilidade Regular Nulo 27% 16% Baixo Bom 25% 31%Fonte: Autores a partir de dados da pesquisa (2013) Entretanto, com relação à participação em eventos da classecontábil 42% dos egressos afirma não participar, 24% participamuma vez ao ano, 15% duas vezes, 11% três vezes e 9% mais decinco vezes ao ano conforme Gráfico 12:Tabela 5 - Frequência de participação em eventos da classe contábil Frequência de participação em eventos da classe %01 vez ao ano 23%02 vezes ao ano 15%03 vezes ao ano 11%Mais de 05 vezes ao ano 9% Não participa 42%Fonte: Autores a partir de dados da pesquisa (2013) Vale enfatizar que para o exercício da profissão somente se faznecessário aprovação no Exame de Suficiência e posterior registrono Conselho de Contabilidade. Para aqueles que trabalham na26

O PERFIL DO ALUNO EGRESSO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DO INSTITUTO CENECISTA DE ENSINO SUPERIOR DE SANTO ÂNGELOárea de auditoria há também o Exame de Qualificação Técnicapara registro no Cadastro Nacional de Auditores Independentes(CNAI) que, conforme disponibilizado no site do CFC, possui comoobjetivo “estimular o aperfeiçoamento do contador na execução dotrabalho a ser desenvolvido na área de Auditoria Independente”.Esta iniciativa estimula a atualização do profissional para queobtenha aprovação. Por fim, fazendo uma análise do mercado no setor, a grandemaioria (71%) acredita estar em ascensão, enquanto 18% afirmaestar estagnado, 2% em decadência e 9% não sabe opinar.Gráfico 11 - Percepção sobre o mercado de trabalhoEm decadência 2% 9% Não sei opinarEstagnado 18% 71% Em ascençãoFonte: Autores a partir de dados da pesquisa (2013) Pode-se inferir que a expectativa positiva em relação àascensão da área contábil tem relação com o processo deconvergência da contabilidade às normas internacionais, alémdas diversas alterações advindas com a escrituração digital(Sistema Público de Escrituração Digital - SPED) que exigemcada vez mais profissionais capacitados. Em reportagem escrita por Bernardo Caram no caderno deempresas e carreiras do blog Estadão (2012), o escritor ratificao excelente potencial do mercado de trabalho para a áreaafirmando ainda que grande parte dos bacharéis é contratadalogo após a formatura. O autor relaciona este fato ao crescimentode investimentos estrangeiros e também às reformulações nalegislação contábil para adequação às Normas Internacionais deContabilidade. 27

Bruna Amaral de Paula - Rosemary Gelatti - Alexandre Novicki - Zélia Maria Mirek5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo teve por objetivo geral traçar o perfil profissionalde alunos egressos do curso de Ciências Contábeis no InstitutoCenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo desde a primeiraturma em 2011. Procurou-se também apresentar o históricodo curso de Ciências Contábeis no IESA; medir o impacto docurso na evolução profissional dos egressos; identificar as áreasde atuação dos alunos egressos, buscando apontar cenáriosrelativos ao mercado profissional; e investigar a especializaçãodos alunos egressos do curso, visando apontar tendências quantoà preferência nos cursos de pós-graduação. Para atender aos objetivos propostos, realizou-se umapesquisa de campo através do uso de questionário-pesquisaenviado para 242 alunos egressos por meio da rede socialfacebook, dos quais se obteve resposta de 55 alunos egressos,perfazendo uma amostra correspondente a 10,31% de concluintescom relação ao universo pesquisado. Dentre os resultados da pesquisa, constatou-se que 33% dosegressos entrevistados começaram a trabalhar na área contábiljá durante a realização do curso e como principais dificuldadespara ingressar no mercado de trabalham 31% citaram a faltade experiência, 17% a baixa remuneração, 11% as alteraçõesconstantes na legislação, entre outros. Também foi possívelidentificar que 53% possuem especialização, e as áreas com maiorprocura foram auditoria com 25%, controladoria com 20%, finançascorporativas com 18%, perícia com 11%, controle de gestão 10%,contabilidade avançada com 5% e contabilidade tributária com3%. Quanto ao registro no Conselho de Contabilidade 53% já opossuem. A remuneração percebida pelos entrevistados teve relevanteaumento, pois as faixas salariais menores (até 02 salários mínimos)decaem drasticamente, migrando para as faixas posteriores,sendo que aqueles que recebiam de 02 a 04 salários mínimos,que inicialmente, representavam 11% passaram a representar36%, de 04 a 10 salários mínimos eram 7% e são agora 22%. Osmaiores salários ganharam ainda mais representatividade, os queauferiam de 10 a 20 salários mínimos cresceram de 2% para 11%28

O PERFIL DO ALUNO EGRESSO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DO INSTITUTO CENECISTA DE ENSINO SUPERIOR DE SANTO ÂNGELOe, finalmente a faixa acima de 20 salários mínimos, que antesda conclusão do curso era nula, aparece com 4% dos egressospesquisados. Ademais, a análise cruzada da faixa salarial com o nível deescolaridade evidenciou que os egressos que possuem apenasgraduação recebem salários até 10 salários mínimos, enquantoque a faixa salarial acima de 10 salários mínimos é compostaapenas de egressos com alguma especialização, MBA oumestrado. Dos alunos formados, 58,2% permanecem residindo etrabalhando nas cidades em que estavam durante o curso, osdemais mudaram de cidade dentro do Estado e fora dele. Quanto às perspectivas futuras, salienta-se que quandoquestionados sobre o mercado de trabalho a grande maioria dosalunos pesquisados (71%) disse considerar em ascensão. Quanto às limitações do estudo, inicialmente destacam-seaquelas inerentes ao instrumento de pesquisa, como a falta deinteratividade entre pesquisador e pesquisado, a subjetividade nainterpretação das perguntas e o nível de dedicação às respostas,que pode ser considerado baixo, influenciando na qualidade dosresultados. Quanto à pesquisa neste caso concreto, registra-se a limitação da pequena representatividade da amostra,possivelmente justificada pelo próprio veículo de pesquisa porcontatos, o “facebook”, tido como único meio de acesso aosegressos, já que não se dispunha do e-mail dos mesmos, aliadaao curto período estipulado para as respostas. Ressalta-se o ineditismo deste estudo na Instituição, sendoo primeiro, nestes moldes, realizado englobando os egressosdo curso de Ciências Contábeis no IESA, podendo servir comofeedback para Instituição, apontando nichos importantes parafuturos cursos de especialização e também aspectos a seremestudados na estrutura da graduação. Da mesma forma, contribuipara aqueles que ainda não concluíram o curso como umamaneira de antecipar-se às tendências do mercado de trabalhovisto que as respostas apontam grandes áreas de deficiência demão de obra e conhecimento especializado. Ante ao exposto, como sugestões para novas pesquisaspodem ser citadas a análise do mercado de trabalho na cidade e 29

Bruna Amaral de Paula - Rosemary Gelatti - Alexandre Novicki - Zélia Maria Mirekaté mesmo em nível regional a fim de apontar expectativas dosempregadores e oportunidades existentes. Sugere-se também umestudo no intuito de avaliar se as mudanças curriculares, sofridaspelas turmas que estão em andamento, foram ao encontro dasconsiderações feitas pelos pesquisados, como por exemplo, omotivo que dificultou o ingresso no mercado de trabalho, apontadopor muitos como sendo falta de experiência.REFERÊNCIASBRASIL, Decreto Lei nº 9.295,  de 27 de maio de 1946. Cria oConselho Federal de Contabilidade, define as atribuiçõesdo Contador e do Guarda-livros, e dá outras providências.Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del9295.htm>. Acesso em Maio/2013.CAMPANHA NACIONAL DE ESCOLAS DA COMUNIDADE.História. Disponível em: <http://www.cnec.br/site/?page_id=2974>. Acesso em Março/2013.CARAM, Bernardo. Profissão de contador vive bom momentono mercado. Disponível em:<http://blogs.estadao.com.br/radar-do-emprego/profissao-de-contador-vive-bom-momento/?doing_wp_cron=1370803547.0778820514678955078125>. Acesso emJunho/2013.CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE; Resolução nº 560de 28 de outubro de 1983. Disponível em: <http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=1983/000560>. Acessoem Maio/2013.CONSELHO FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL. ResoluçãoCFC nº 1.373 de 8 de dezembro de 2011. Regulamentao Exame de Suficiência como requisito para obtenção ourestabelecimento de Registro Profissional em Conselho Regionalde Contabilidade (CRC). Disponível em: <http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2011/001373>. Acessoem Junho/2013.30

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O DESEMPENHO ECONÔMICO E FINANCEIRO pré e pós a coNvergência contábil AOS PADRÕES IFRS: UM ESTUDO DE CASO DA LOJAS RENNER O DESEMPENHO ECONÔMICO E FINANCEIRO pré e pós a coNvergência contábil AOSPADRÕES IFRS: UM ESTUDO DE CASO DA LOJAS RENNER Jussie Bassani Rösner5 Márcia Bianchi 6RESUMOAs recentes mudanças na legislação societária brasileira, junto ao processo de convergência contábil aos padrõesIFRS, trouxeram novos conceitos e práticas contábeis, privilegiando, sobretudo, a transparência e a confiabilidade dasinformações. Estas razões alavancaram este estudo, que almejou diagnosticar, por meio de um estudo de caso, osimpactos provocados no desempenho econômico e financeiro da Lojas Renner após a promulgação da Lei no 11.638/07e a aplicação dos padrões IFRS. A pesquisa esta classificada como qualitativa e quantitativa, apresentada sob a formadescritiva, a qual utilizou os demonstrativos contábeis dos exercícios financeiros de 2004 até 2011, comparando, poríndices, os quatro períodos que antecederam as referidas alterações com os quatro exercícios posteriores As conclusõesobtidas apontaram para uma participação nítida das normas internacionais no aumento dos níveis dos indicadores delucratividade, referentes à margem bruta e à margem operacional, assim como a evolução positiva do índice de liquidezimediata. Elas também provocaram resultados negativos nos indicadores de giros e prazos. O EBITDA, por sua vez,chegou a sofrer alterações, contudo, irrelevantes. O endividamento obteve ligeira melhora, com mudanças substanciaisno perfil das obrigações da Companhia, entretanto, não há evidências de participação da aplicação das IFRS ou da Lei no11.638/07, bem como no comportamento dos indicadores de rentabilidade, que melhoram no período após alterações dasnormas contábeis, contudo, sem indícios de participação das mesmas nos resultados.Palavras-chave: Desempenho econômico e financeiro. Convergência contábil. IFRS.ABSTRACTRecent changes in the Brazilian corporate law with the process of accounting convergence to IFRS standards have broughtnew concepts and accounting practices to publicly-traded companies, prioritizing, above all, transparency and reliability ofinformation. Concepts such as strength of the essence on the way have led companies to review their criteria for accountingpurposes. For these reasons, this study attempts to diagnose, through a case study, performing a financial statementsanalysis of Lojas Renner, the impact on its economic and financial performance after the enactment of Law 11.638/07 andthe application of IFRS standards. The research is classified as qualitative and quantitative whose results are descriptivelyreported. The financial statements resulted from 2004 through 2011 fiscal years, comparing, as indexes, the four periodsprior to changes with the four subsequent years. The conclusions pointed to a clear participation of international standardsin increased profitability indicators related to gross and operating margin as well as the positive development of immediateliquidity level. Some negative results are also reported in indicators of turnover and deadlines. The EBITDA, in turn, hasundergone irrelevant changes. The level of indebtedness was slightly improved, with substantial changes in the profile ofthe Company’s obligations. However, there is no evidence of involvement of the application of IFRS or the Law 11.638/07as well as the behavior of profitability indicators, which improved in post changes periods in accounting standards, however,without evidence of contribution of such changes in the results.Keywords: Economic and financial performance; Accounting convergence; IFRS.5 Graduado em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)6 Doutora em Economia (UFRGS) - Mestre em Ciências Contábeis (UNISINOS) - Professora do Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais Vínculo Institucional: UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul 33

Jussie Bassani Rösner - Márcia Bianchi1 INTRODUÇÃO Tradicionalmente, a contabilidade praticada no Brasil eraconhecida por buscar atender exclusivamente às exigênciasdo Fisco. Os empresários se reportavam aos profissionaisContadores sempre para que estes formalizassem tanto os atose fatos administrativos como os operacionais da entidade, e,principalmente, para que fizessem a contabilidade de maneira aapenas evitar problemas futuros perante o Fisco. A partir de meados da década de 1990, com a aceleraçãodo movimento de abertura da economia brasileira, aumentao volume de investidores estrangeiros atuando no mercado decapitais brasileiro. Além disso, algumas empresas brasileirascomeçam a acessar o mercado externo através da listagem desuas ações em bolsas de valores estrangeiras (COMISSÃOVALORES MOBILIÁRIOS, 2012). A partir daí, as companhiasbrasileiras começam a ter contato com acionistas mais exigentese que estão acostumados a investir em mercados com práticascontábeis bem mais acuradas. Junto ao constante acréscimo de investidores estrangeirossoma-se uma maior participação de investidores institucionaisbrasileiros de grande porte e mais conscientes de seus direitos,de modo a valorizar cada vez mais a informação contida nasdemonstrações contábeis (COMISSÃO VALORES MOBILIÁRIOS,2012). Com o intuito de atender essa nova demanda de exigências,bem como a maior procura dos stakeholders pela informação,criou-se a necessidade de que as práticas contábeis fossemcompreendidas em qualquer lugar do mundo. Nesse contextoé instituída a Lei no 11.638/07, que altera dispositivos da Lei no6.404/76, e trata a convergência da contabilidade brasileira aospadrões IFRS, International Financial Reporting Standards, queé um conjunto de normas internacionais elaboradas pelo IASB,International Accounting Standards Board, (COSTA; YAMAMOTO;THEÓPHILO, 2011). O benefício percebido por uma empresa que adota os IFRS éque suas demonstrações contábeis tornam-se mais confiáveis na34

O DESEMPENHO ECONÔMICO E FINANCEIRO pré e pós a coNvergência contábil AOS PADRÕES IFRS: UM ESTUDO DE CASO DA LOJAS RENNERpercepção de investidores e credores. Segundo Cardoso (2011)tal confiabilidade decorre da comparabilidade, da completudeinformacional e da própria qualidade da informação prestada. Entretanto, segundo previsão de Braga e Almeida (2008), asmesmas mudanças promovidas pela nova lei, que irão permitir ocusto reduzido e uma taxa de riscos menores para o acesso dasempresas brasileiras a capitais externos; ainda poderão provocarimpactos significativos nos resultados da companhia, tendo emvista a inclusão, nas práticas contábeis, de novos procedimentose demonstrações obrigatórias, bem como a modificação eextinção de critérios relevantes que envolvem a sistemáticade apresentação e mensuração dos eventos da companhia,conforme preconiza a Lei no 11.638/07. Diante destes aspectos, surge o problema a ser verificado:qual o impacto que a introdução dos padrões IFRS e da Lei no11.638/07 no desempenho econômico e financeiro de uma S/A? Oobjetivo deste estudo é analisar o impacto da introdução do padrãoIFRS no processo de convergência contábil e as modificaçõesintroduzidas pela Lei no 11.638/07 no desempenho econômico efinanceiro de uma empresa. Ainda, especificamente, busca-seanalisar os índices de liquidez, endividamento, lucratividade erentabilidade, a fim de obter uma amostra da saúde financeira daorganização, bem como comparar o desempenho pré e pós IFRSdos índices contábeis financeiros da Lojas Renner. Assim, a interpretação das demonstrações contábeis mostra-se um importante aliado para esta pesquisa, já que sua aplicaçãoatua verificando o desempenho passado e presente, visando,projetar o futuro da entidade, e a partir de seus resultados,estabelecer estratégias para diminuir os impactos negativos eaperfeiçoar os ganhos obtidos. Um dos meios eficazes de sefazer este tipo de levantamento é analisando as demonstraçõescontábeis por meio de indicadores econômicos e financeiros,procedimento este, que compõe o mecanismo utilizado nestapesquisa para verificar os impactos promovidos pela adoção porparte das empresas dos padrões IFRS, e, igualmente, atentar parao atendimento às incumbências da nova Legislação Societáriabrasileira. 35

Jussie Bassani Rösner - Márcia Bianchi Este estudo está estruturado desta forma: esta primeira seçãointrodutória; na seção 2 estão evidenciados os fundamentosteóricos a serem revisados, bem como as alterações societárias;a seção 3 traz os procedimentos metodológicos; a seguir, naseção 4, a análise dos dados; por fim, a seção 5 apresenta asconsiderações finais da pesquisa.2 REFERENCIAL TEÓRICO Nesta seção são expostos conceitos trazidos da literaturaque objetivam dar embasamento para fundamentar a pesquisa epropiciar o entendimento.2.1 INDICADORES DE DESEMPENHO FINANCEIRO E ECONôMICO A análise feita por indicadores é uma ótima ferramentacomparativa para medir os resultados de uma empresa. Aabordagem feita nesta pesquisa trata da análise por quocientes, queé considerado um dos métodos mais importantes desenvolvidospela contabilidade (IUDÍCIBUS, 2010). Os indicadores a seremobservados são os de Indicadores de Liquidez, de Endividamento,de Lucratividade, de Rentabilidade e de Atividades - tambémchamados de Indicadores de Giros e Prazos.2.1.1 Liquidez A liquidez de uma empresa revela a capacidade que elapossui de quitar dívidas, bem como demonstra as ações daempresa no que se refere ao seu planejamento financeiro. Deacordo com Bruni (2010) os principais índices de liquidez são:Índice de liquidez Geral – ILG; Índice de Liquidez Corrente – ILC;Índice de Liquidez Seca – ILS; e Índice de Liquidez Imediata – ILI. O ILG é o da geração de recursos circulantes para suprir suasdívidas. Sua fórmula é: Ativo Circulante + Aplicações realizáveis aLP / Passivo Circulante + Passivo não Circulante (BRUNI, 2010). O Índice de Liquidez Corrente (ILC), de acordo com Marion(2009, p. 73), tem o objetivo de mostrar a capacidade depagamento da empresa a curto prazo. Obtém-se através dafórmula: Ativo Circulante / Passivo Circulante.36

O DESEMPENHO ECONÔMICO E FINANCEIRO pré e pós a coNvergência contábil AOS PADRÕES IFRS: UM ESTUDO DE CASO DA LOJAS RENNER O Índice de Liquidez Seca (ILS) desconsidera o estoque.Para Bruni (2010) isto resolve o problema de se comparar eanalisar contas com níveis de risco e realização diferenciados.Sua equação é: (Ativo Circulante – estoques) / Passivo Circulante. Já, o ILI, com a fórmula (disponibilidades / Passivo Circulante),revela a capacidade que a empresa tem para cumprir suasobrigações de curto prazo a partir dos seus ativos mais líquidos.Para Ribeiro (2011, p. 167) a interpretação deste quociente deveser direcionada a verificar se existe ou não necessidade derecorrer a algum tipo de operação visando obter mais dinheiropara cobrir obrigações vencíveis no curto prazo.2.1.2 Endividamento Os indicadores de endividamento objetivam analisar a formaque a entidade escolheu para se financiar. De acordo com Gitman(2002, p. 115), a situação de endividamento de uma empresaindica o montante de recursos de terceiros que está sendousado, na tentativa de gerar lucros. Neste estudo verifica-se ocomportamento dos seguintes índices de endividamento: Índicede Dependência Financeira (IDF); Grau de Endividamento (GE);Índice de Composição do Endividamento (ICE); e Índice deAlavancagem dos Recursos Próprios (IARP). O IDF, que evidencia percentualmente o quanto os ativostotais da entidade são financiados com recursos oriundos deterceiros. Seu valor é obtido pela fórmula: Passivo total / Ativototal (BRUNI, 2010). O GE revela quanto a empresa captou de terceiros para cadaR$ 1,00 depositado pelos acionistas. Segundo Lins e FranciscoFilho (2012) a participação de capital de terceiros a uma taxamaior que a taxa de retorno do negócio sinaliza uma possíveltendência para o prejuízo, algebricamente representado: GE =Capital de Terceiros / PL. O ICE, obtido da divisão do Passivo Circulante pelo PassivoTotal (ASSAF NETO, 2010), demonstra o nível de endividamentoalocado no curto prazo. Quanto mais elevado for o seu valor,maiores serão as obrigações no curto prazo. 37

Jussie Bassani Rösner - Márcia Bianchi Por último, o IARP, que com a fórmula (Ativo / PL) trata darelação entre o total de recursos no ativo e a parcela destes queprovém dos sócios. Um IARP igual a 4 indica que a cada $ 1investido pelos sócios, um total de $ 4 foi investido na empresa,assim, outros $ 3 foram obtidos de diferentes fontes (BRUNI,2010).2.1.3 Lucratividade Alguns autores não fazem referência à análise de Lucratividade,e com isso, os índices que compõem essa modalidade podemestar subdivididos na Análise de Rentabilidade, de Rotatividadeou ainda de Capital de Giro, como se verifica em Iudícibus (2010).Já, sob o ponto de vista de Bruni (2010), não se pode confundirlucratividade com rentabilidade. Consoante a Bruni (2010) os indicadores de Lucratividadesão: Índice de Margem Bruta - IMB; Índice de Margem operacional– IMO; Índice de Margem Líquida – IML; e Índice de Margem doEBITDA. O IMB é um indicador que mostra o quanto foi gerado derecursos nos negócios da empresa em relação ao total dasreceitas (LINS; FRANCISCO FILHO, 2012, p. 174). Sua fórmulaé: (Lucro Operacional Bruto / Vendas Líquidas) x 100. O IMO representa conforme Bruni (2010) a porcentagem decada unidade monetária de venda que sobrou, após a empresa terpago seus produtos e suas despesas operacionais, desprezandoquaisquer despesas financeiras ou IR. O IMO é obtido da seguintefórmula: lucro operacional / Vendas Líquidas x 100. O IML compara o lucro em relação às vendas líquidas, assim,seu cálculo é obtido da seguinte maneira: Lucro Líquido / Vendaslíquidas x 100 (IUDÍCIBUS, 2010). O EBITDA ou LAJIDA, que representa sua sigla adaptada àtradução para o português do Lucro Antes dos Juros, Impostos,Depreciação e Amortização, é um indicador muito utilizado nomercado de capitais que se caracteriza por ser uma medidaessencialmente operacional. Ele volta-se para quantificar aeficiência da atividade principal da entidade. O cálculo desteíndice é obtido, dividindo-se o valor do EBITDA pelo total dasvendas líquidas e multiplicando-se por 100 (BRUNI, 2010).38

O DESEMPENHO ECONÔMICO E FINANCEIRO pré e pós a coNvergência contábil AOS PADRÕES IFRS: UM ESTUDO DE CASO DA LOJAS RENNER2.1.4 Rentabilidade Os indicadores de rentabilidade são provavelmente os maisimportantes quocientes para uma entidade, uma vez que elesmedem a eficiência da utilização de seus recursos. A finalidadedesses índices é avaliar o desempenho da empresa em termosde geração de resultados financeiros (Bianchi; WACHHOLZ;MOREIRA, 2007). Um destes é o Índice de Retorno sobre o Investimento(ROI) faz uma comparação entre os resultados auferidospela organização e o volume total de recursos que nela foraminvestidos. Para Iudícibus (2010) o ROI é, provavelmente, o maisimportante quociente individual de toda a análise de balanços.Pode ser calculado pela fórmula: Lucro Líquido / Ativo. O outro indicador, o Índice de Retorno sobre o PatrimônioLíquido (ROE) compara os ganhos da entidade apenas com osrecursos próprios investidos. Sua fórmula, segundo Assaf Neto(2010), é Lucro Líquido / Patrimônio Líquido. O seu resultado podeapresentar interpretações distorcidas se não for adequadamentecomparado, conforme Lins e Francisco Filho (2012, p. 176) quantomais alto o indicador, maior lucro obteve a empresa em relaçãoaos valores investidos. Entretanto, comparando o ROE com oROI pode-se chegar à seguinte conclusão: se o primeiro for maiorque o segundo (ROE > ROI), indica que a empresa toma recursosemprestados no mercado a uma taxa de juros inferior ao retornoda aplicação desse dinheiro (ASSAF NETO, 2010).2.1.5 Giros e Prazos Toda entidade deve mensurar os Giros e Prazos relacionadosà atividade operacional de forma a conhecer o giro dos estoquese os prazos vinculados ao seu fluxo de caixa. A análise de Giros ePrazos, também chamada de Indicadores de Atividade, Eficiênciae Giro, ou ainda, Quocientes de Rotação ou de Atividades.Segundo Ribeiro (2011) os Quocientes de rotação, tambémconhecidos como Quocientes de Atividade e evidenciam o temponecessário para que os elementos do ativo se renovem. 39

Jussie Bassani Rösner - Márcia Bianchi Conforme Bruni (2010) compõem esta modalidade deanálise os indicadores de: Índice de Giro do Ativo (IGA); Índicede Giro dos estoques (IGE); Prazo Médio de Estocagem (PME);Índice de Giro de Clientes (IGC); Prazo Médio de Recebimento(PMR); Índice de Giro de Fornecedores (IGF); e, Prazo Médio dePagamentos (PMP). O IGA mostra quantas vezes o ativo médio da empresase transformou em vendas no decorrer do exercício (LINS;FRANCISCO FILHO, 2012). Sua equação é dada da seguinteforma: IGA = Vendas Líquidas / Ativo médio (BRUNI, 2010). O IGE evidencia a rotação dos estoques em um períodoconsiderado e pode ser lido como o nº de vezes que o estoquegira em um determinado período (IUDÍCIBUS, 2010). A fórmula emque se apresenta é: Custo do Produto Vendido / Estoque Médio.Vinculado ao IGE está o Indicador Prazo Médio de Estocagem(PME) que sob a fórmula 365 / IGE representa o prazo em diasque o estoque demora para girar uma vez. O IGC segundo Bruni (2010, p. 184) procura expressarquantas vezes em um ano a conta clientes do grupo das contasa receber se renovou por causa das operações da entidade. Émensurado sob a fórmula: Vendas Líquidas / Clientes médio. OPMR demonstra, considerando as unidades dia, mês ou ano, oquanto a empresa deverá esperar em média antes de recebersuas vendas a prazo (IUDÍCIBUS, 2010). De forma semelhante apresenta-se o IGF e o PMP, nãoobstante, neste caso se avalia, respectivamente, quantasvezes os valores devidos aos fornecedores são quitados emum período, e, o prazo em dias, meses ou anos que a empresapoderá esperar, em média, antes de quitar suas dívidas (BRUNI,2010). O mesmo autor apresenta as seguintes equações: IGF =Compras / Fornecedores médio; e PMP (dias) = 365 / IGF.2.2 AS IFRS E A LEI No 11.638/07 NA CONTABILIDADE BRASILEIRA A Lei no 11.638/07 modificou e acrescentou dispositivosimportantes à Lei no 6.404/76 e veio com a proposta de agregarvalor e transparência à informação contábil. Dentre as mudançaspromovidas, esta o atendimento às normas internacionais.40

O DESEMPENHO ECONÔMICO E FINANCEIRO pré e pós a coNvergência contábil AOS PADRÕES IFRS: UM ESTUDO DE CASO DA LOJAS RENNER A seguir seguem algumas alterações relevantes promovidaspela nova Lei das S/A: (a) a apresentação do DFC (demonstraçãodo Fluxo de Caixa) em substituição a DOAR (Demonstraçãodas Origens e Aplicações dos Recursos), e da DVA para ascompanhias abertas ou Sociedade de grande porte; (b) criadois novos grupos de contas, o Intangível e a conta Ajustes deAvaliação Patrimonial; (c) define Sociedades de Grande Porte eexige destas, demonstrações contábeis conforme preconiza a Leidas S/A.; (d) modifica critérios de avaliação de ativos, tais comoaplicações em instrumentos financeiros, direitos no intangível,operações com arrendamento mercantil, cálculo da depreciação,exaustão e amortização e obrigatoriedade de testes de avaliação;(e) estabelece critérios de avaliação do passivo, como obrigações,encargos e riscos no longo prazo, ou demais obrigações quandohouver efeito relevante, serão ajustados ao seu valor presente;(f) a avaliação do investimento em Controladas e Coligadascom influência significativa ou de que a empresa detenha pelomenos 20% do capital votante, será mensurada pela equivalênciapatrimonial. Entretanto, a mudança mais relevante está disposta no artigo1o da Lei no 11.638/07 que acrescenta o §5º ao inciso II do artigo177 da Lei no 6.404/76, que relata que “as normas expedidaspela comissão de valores mobiliários a que se refere o §3º desteartigo deverão ser elaboradas em consonância com os padrõesinternacionais de contabilidade adotados nos principais mercadosde valores mobiliários” (BRASIL, 2007). O §3º, por sua vez, temsua redação dada pela Lei nº 11.941/09 e menciona que “asdemonstrações financeiras das companhias abertas observarão,ainda, as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliáriose serão obrigatoriamente submetidas à auditoria por auditoresindependentes nela registrados” (BRASIL, 2009). O International Accounting Standards Board (IASB) é oresponsável pela emissão das IFRS. No Brasil, os princípiose normas de contabilidade referentes aos padrões IFRS sãointerpretados por meio de pronunciamentos expedidos peloComitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), que é compostopor órgãos e agências autorizadas por meio do dispositivo do art.5o da Lei no 11.638/07 (BRASIL, 2007). 41

Jussie Bassani Rösner - Márcia Bianchi2.3 PERSPECTIVAS DO SETOR TÊXTIL O Setor Têxtil brasileiro é um dos segmentos que maisempregam no país, com 1,7 milhão de empregos diretos e quechega a 8 milhões contando com os indiretos, é também o segundomaior gerador do primeiro emprego no Brasil (ASSOCIAÇÃOBRASILEIRA DA INDÚSTRIA TÊXTIL E DE CONFECÇÃO,2012b). Segundo a ABIT - Associação Brasileira da Indústria Têxtile de Confecção (2012a) - o setor contou em 2011, com umaumento no faturamento no valor de US$ 67 bilhões, contra US$60,5 bilhões em 2010; com uma queda nas exportações (semfibra de algodão), de 1,44 bilhão em 2010 para US$ 1,42 bilhãono ano passado; e, em contrapartida um acréscimo expressivonas importações (sem fibra de algodão) que saltaram para US$6,17 bilhões, contra US$ 4,97 bilhões em 2010. Assim o saldo dabalança comercial (sem fibra de algodão) em 2011 é de US$ 4,74bilhões negativos, contra US$ 3,53 bilhões negativos em 2010. Entretanto, a contraponto dos dados positivos, o setorcomo um todo vem enfrentando, ao longo dos últimos anos,uma situação difícil. Pressionado pela concorrência do produtoestrangeiro que segue favorecido pelo câmbio e pela cargatributária nacional, a indústria têxtil enfrenta a forte pressão daentrada de produtos importados. O cenário atual do setor apontapara perdas significativas, consequência de a crise mundialter abalado as principais economias do mundo (EUA e UniãoEuropeia), do Boom da importação de vestuário que de 2007a 2011 que registrou um aumento de 240% e do impacto doslevantamentos do setor registrados em 2011, os quais anotamuma queda na produção de 11 mil toneladas em relação a 2010junto com uma queda de 9 mil toneladas nas vendas no mercadodoméstico (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA TÊXTILE DE CONFECÇÃO, 2012a). Cabe ressaltar que a empresa submetida a este estudo, aLojas Renner, importa entre 18 e 20 por cento de seus produtos,sendo 40 por cento equivalentes a itens de inverno como couroe lã, conforme afirmou José Galló, Presidente Executivo da LojasRenner, em entrevista à revista Reuters (PEREIRA, 2012). Outro42

O DESEMPENHO ECONÔMICO E FINANCEIRO pré e pós a coNvergência contábil AOS PADRÕES IFRS: UM ESTUDO DE CASO DA LOJAS RENNERdado importante, é que a empresa tem grande participação novarejo, segmento este que tem projeção de alta de 3% para 2012,e que vem de um crescimento de 4,12% em volume de vendasem 2011 (DINIZ FILHO, 2012). Portanto, a Companhia poderánão sentir diretamente os impactos provocados pelo cenário atualdo setor, já que seu faturamento não depende, exclusivamente,da produção interna do setor têxtil brasileiro. Outrossim, torna-se relevante observar que alguns pontospositivos podem ser percebidos na economia nacional e que sãofundamentais para o setor, tais como, (i) aumento da oferta decrédito para pessoa física (ii) recuperação no poder aquisitivodos trabalhadores (com aumento do salário mínimo acima dainflação); e (iii) aumento das taxas de emprego (especialmente ocrescimento do pessoal ocupado com carteira assinada). Fatoresque elevaram o consumo de modo geral e que ajudaram a atenuaro impacto da crise mundial no Brasil.2.4 ESTUDOS RELACIONADOS Em Calanzas e Souza (2012) foram observados relatórioscontábeis dos exercícios de 2005 a 2010 de 22 empresas daconstrução civil listadas na BOVESPA. O intuito foi pesquisaros impactos da Lei no 11.638/07 na alteração do regime dereconhecimento das receitas e despesas. O estudo concluiu quea receita bruta e o lucro líquido não foram afetados, mantendo aconstância de crescimento, entretanto, as empresas analisadaspuderam contar com um ganho informacional, além captarmudanças na sua realidade financeira, que passou a ser maisbem representada. Oliveira e Lemes (2012) demonstraram estatisticamenteos resultados das análises efetuadas nas demonstraçõescontábeis de 57 empresas e concluíram que a adoção das IFRSprovocou uma significante diminuição no índice de composiçãodo endividamento das empresas que fazem parte do IBOVESPAreferente ao período de 2009, entretanto, essa diferença não épercebida nos demais índices analisados. Bachiega e Martins (2012) realizaram um estudo, emempresas com ações negociadas na BM&FBovespa, acerca da 43

Jussie Bassani Rösner - Márcia Bianchirelevância da informação contábil antes e após a promulgação daLei nº 11.638/07. A pesquisa apontou um aumento da relevânciadestas informações nos anos subsequentes à promulgação dalei, ademais, constatou que o lucro líquido e o PL apresentaramrelação positiva com o preço das ações.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A pesquisa realizada neste estudo é classificada quanto aosseguintes aspectos: (a) pela forma de abordagem do problema, (b)de acordo com seus objetivos e (c) com base nos procedimentostécnicos utilizados. O primeiro classifica-se como quantitativa equalitativa. A utilização da tipologia de pesquisa quantitativa torna-se relevante à medida que se utiliza de instrumentos estatísticosdesde a coleta, até a análise e o tratamento dos dados (BEUREN;RAUPP, 2003). A abordagem qualitativa da pesquisa se dá pelo fato de buscara interpretação dos indicadores obtidos por meio de uma análisecriteriosa dos dados reais. A pesquisa qualitativa pode caracterizara tentativa de uma compreensão detalhada dos significados ecaracterísticas ou comportamento ao analisar os dados para queatravés deste possa surgir reflexos críticas construtivas sobre atemática (VERGARA, 2004, p. 98). Em relação aos seus objetivos, o estudo se apresentarána forma descritiva. Para Andrade (2002) a pesquisa descritivapreocupa-se em observar os fatos, registrá-los, analisá-los,classificá-los e interpretá-los, e o pesquisador não interfere neles. Quanto aos procedimentos técnicos utilizados, esta pesquisacaracteriza-se como estudo de caso, utilizando informações dasdemonstrações contábeis da Lojas Renner S/A. Este modelo deprocedimento técnico possibilita investigar eventos que realmenteaconteceram. Nessa linha Yin (2010, p. 24) salienta que o métodode estudo de caso “[...] permite que os investigadores retenhamas características holísticas e significativas dos eventos da vidareal – como os ciclos individuais da vida, o comportamento dospequenos grupos, processos organizacionais e administrativos[...]”.44

O DESEMPENHO ECONÔMICO E FINANCEIRO pré e pós a coNvergência contábil AOS PADRÕES IFRS: UM ESTUDO DE CASO DA LOJAS RENNER Este estudo observou as seguintes demonstrações contábeisreferentes aos exercícios de 2004 até 2011: Balanço Patrimonial,Demonstração do Resultado do Exercício, Demonstração dasMutações do Patrimônio Líquido e EBITDA. Todos extraídosdo site da Lojas Renner. Para uma melhor visualização ecomparabilidade dos dados, os exercícios foram separados emperíodos, com o “Período 1”, compreendendo os exercícios de2004 a 2007, e, o “Período 2”, os exercícios de 2008 a 2011. Os índices serão calculados utilizando as ferramentas doprograma Microsoft Excel. A seguir, o estudo apresentará umaanálise comparativa do período em questão, enfatizando asprincipais mudanças que ocorreram em função da nova Lei dasS/A.4 ANÁLISE DOS DADOS Para a correta análise dos resultados obtidos, se faznecessário alguns esclarecimentos quanto a ajustes efetuados,a informações e procedimentos contábeis realizados pela LojasRenner, abordado na subseção 4.1. Em seguida, subdivididos emoutras cinco subseções, estão os indicadores objeto de análisedesta pesquisa.4.1 AJUSTES, INFORMAÇÕES E PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS Para a obtenção de resultados consistentes foi necessáriorealizar um ajuste em cada balanço patrimonial: na contadespesas antecipadas do ativo circulante. Esta conta, por se tratarde despesas relativas ao exercício seguinte, e, por conseguinte,não ser útil para pagamento de dívidas da companhia, deve terseu saldo retirado do ativo e posto a débito na conta de reservasde lucros do patrimônio líquido. A Lojas Renner efetuou reclassificações nos balanços de2005, 2007, 2008 e 2009. Em 2005 para ajustar saldos, ematendimento à CVM, na conta de depósitos judiciais. Em 2007,as “contas a receber de clientes”, tiveram retiradas as operaçõesde financiamento de clientes, que reduziam seu saldo, passando 45

Jussie Bassani Rösner - Márcia Bianchia compor o passivo circulante. Nos anos de 2008 e 2009, asmodificações se deram por conta da premissa da essência sobrea forma ditada pelo padrão IFRS. Ressalta-se que, em 2005,houve a incorporação da J. C. Penney Brasil Comercial Ltda,e, em 2011, ocorre a compra da Camicado (Maxmix ComercialLtda.).4.2 ÍNDICES DE LIQUIDEZ Este grupo de indicadores buscou mensurar e comparar osíndices de liquidez demonstrando, na Tabela 1, a evolução dosvalores obtidos em cada exercício financeiro referentes ao Índicede Liquidez Geral (ILG), ao Índice de Liquidez Corrente (ILC), aoÍndice de Liquidez Seca (ILS) e ao Índice de Liquidez Imediata(ILI).Tabela 1 – Indicadores de Liquidez Indicador Período 1 Período 2 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 ILG 0,97 1,59 1,40 1,26 1,33 1,43 1,38 1,19 ILC 1,45 1,62 1,41 1,27 1,36 1,46 1,91 1,91 ILS 1,26 1,44 1,22 1,11 1,13 1,25 1,63 1,53 ILI 0,04 0,04 0,05 0,32 0,21 0,42 0,70 0,54Fonte: Elaborada pelos autores a partir dos dados da pesquisa (2012). O ILG obteve uma média no período 1 de 1,30, contra umamédia de 1,33 no período 2, evidenciando que a empresa temrecursos suficientes para honrar seus compromissos. Ressalta-se que, em 2004, a Lojas Renner contabilizou um prejuízo emseu Balanço, ela não dispunha de recursos suficientes paraliquidar todos os seus compromissos, para cada R$ 1,00 a pagar,a empresa possuía R$ 0,97 a receber. O ILC, por sua vez, revelou um aumento na média dosdois períodos, de 1,44, no período 1, para 1,66, no período 2.Outro destaque é o fato de o ILC atingir os mais altos níveis nosexercícios de 2010 e 2011, o que, de fato, demonstra um aumentona liquidez da empresa, contudo, não dá para afirmar que aempresa apresenta saúde financeira perfeita, já que, esta seçãose detém a analisar a situação do ativo circulante em relação ao46

O DESEMPENHO ECONÔMICO E FINANCEIRO pré e pós a coNvergência contábil AOS PADRÕES IFRS: UM ESTUDO DE CASO DA LOJAS RENNERpassivo circulante, ou seja, as dívidas poderiam estar migrandopara o passivo não circulante e, portanto, imperceptíveis nessemomento. Igualmente, o ILS apresentou um significativo aumento namédia de 10% no período 2. Ele revela uma evolução paralelaao ILC, exceto em 2011, quando os níveis de estoque quasedobraram, e esta é a razão de o mesmo destoar dos demaisexercícios. Assim, no período 2, a disponibilidade de recursosalocados no ativo circulante, excluindo-se os estoques, é deR$ 1,39 para cada R$ 1,00 de dívida de curto prazo. O ILI apresentou um expressivo aumento na média do período 1para o 2, registrando um índice 305% maior no período 2, elevandoas disponibilidades imediatas da entidade de 12 para 47% do totaldas obrigações de curto prazo. Na figura 1, a seguir, está demonstrada graficamente a evoluçãodos quatro índices referentes à liquidez ao longo dos oito exercíciosanalisados.Figura 1 – Evolução dos Indicadores de Liquidez 2,40 2,00 1,60 ILG 1,20 ILC ILS 0,80 ILI 0,40 - 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011Fonte: Elaborada pelos autores a partir dos dados da pesquisa (2012). O gráfico representado na Figura 1 torna possível compararo comportamento dos índices que compõem a liquidez ao longodo tempo. Do conjunto de indicadores analisados, o que chamaa atenção é a irregularidade da curva referente ao índice deliquidez imediata, que evidencia um baixo valor nos períodosque compreendem os exercícios de 2004 a 2006, representando 47

Jussie Bassani Rösner - Márcia Bianchiaté 5% das dívidas de curto prazo, e, a seguir, nos exercíciossubsequentes, a mesma apresenta um crescimento exacerbado,tanto que em 2010 o ILI chega a 70%. Acredita-se que esse aumento se deve pelo surgimento doconceito de caixa e equivalentes de caixa ditado pelo CPC 03,que representa a IAS 7, e explica que os mesmos “são aplicaçõesfinanceiras de curto prazo, de alta liquidez, que são prontamenteconversíveis em caixa e que estão sujeitas a um insignificanterisco de mudança de valor” (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOSCONTÁBEIS, 2008, p. 4). Até 2007 a Lojas Renner utilizava ascontas “caixa e equivalentes de caixa” e “aplicações financeiras”.A partir de 2008, devido a essa premissa IFRS, essas contasfundiram-se, passando a ser representadas somente pelaprimeira. Esclarecendo, assim, o expressivo aumento ao longodos exercícios.4.3 ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO A Tabela 2 apresenta os índices relativos ao endividamentoda companhia obtidos ao longo dos períodos 1 e 2.Tabela 2 – Indicadores de Endividamento Indicador Período 1 Período 2   2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 IDF 0,80 0,51 0,55 0,62 0,56 0,55 0,58 0,61 GE 4,03 1,04 1,21 1,65 1,29 1,22 1,41 1,59 ICE 0,63 0,91 0,96 0,95 0,91 0,92 0,68 0,58 IARP 5,03 2,04 2,21 2,65 2,29 2,22 2,41 2,59Fonte: Elaborada pelos autores a partir dos dados da pesquisa (2012). Pode-se inferir que o IDF, o total das obrigações representam,no período 1, 0,62, contra 0,58 no período 2, uma queda de 7%.O índice manteve um padrão linear de evolução, exceto em2004, período em que a Lojas Renner contabilizou um prejuízono balanço patrimonial, e o capital de terceiros somavam 80%do ativo total. Assim, percebe-se uma ligeira melhora do grau dedependência financeira da instituição. A queda no ICE constatada no o estudo de Oliveira eLemes (2012), que poderia ter sido provocada pelas alterações48

O DESEMPENHO ECONÔMICO E FINANCEIRO pré e pós a coNvergência contábil AOS PADRÕES IFRS: UM ESTUDO DE CASO DA LOJAS RENNERsocietárias, também foi percebida neste estudo, ficou em 10% (de0,86 no período 1, para 0,77 no período 2). Mesmo os númerosindicando que as dívidas da Companhia concentram-se no curtoprazo, as mesmas não refletem a sua situação atual, já que, em2011, o ICE foi apenas 0,58, para cada R$ 100 em dívidas, R$58 estão no curto prazo, um contexto, bem abaixo da média doperíodo 2. O GE da empresa apresentou uma média de 1,98 no período1, contra 1,38 no período 2. Essa redução de 31% na relaçãoentre o capital de terceiros e o capital próprio, enfatiza que acompanhia passou a depender menos de recursos oriundos deterceiros e conta mais com os componentes do seu PatrimônioLíquido. Consoante ao estudo de Oliveira e Lemes (2012) queconstatou uma queda no ICE e levantou a hipótese de o mesmoter sido provocado pelas alterações societárias. O índice decomposição do endividamento relativo às operações da LojasRenner demostrou uma oscilação razoável, contando com umaqueda de 10% no período 2. Passando de média de 0,86 noperíodo 1, para 0,77 no período 2. Mesmo que a leitura destesnúmeros evidenciam que as dívidas da Lojas Renner estãoconcentradas no curto prazo, as mesmas não refletem a situaçãoatual da Companhia, que em 2011, o ICE foi apenas 0,58, ou seja,em para cada R$ 100 em dívidas, R$ 58 estão no curto prazo, umcontexto, bem abaixo da média do período 2. O índice de alavancagem com recursos próprios, por sua vez,nos revelou que a empresa está menos dependente de outrasfontes de recursos, já que a média do período 1 de 2,98, passoupara 2,38 no período 2, o que representa uma queda de 20%.Ou seja, no período 2, para cada R$ 1,00 investido com recursospróprios, a empresa necessitava de mais R$ 1,38 obtido de outrasfontes de recursos, contra R$ 1,98, no período 1. Enfatiza-se, para fins de compreensão e comparabilidade,a evolução dos referidos indicadores de endividamento notranscorrer dos exercícios. A Figura 2 atende esta demandadispondo, graficamente, os índices lado a lado ao longo dosperíodos em análise. 49


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