O EXERCÍCIO FÍSICO NA PREVENÇÃO DA DOENÇA DE ALZHEIMERnão o retratam como o único fator causal destes efeitos. Afirmam,mencionando que os novos hábitos saudáveis, a autoconfiança e adiminuição dos fatores de risco cardiovasculares podem interferirnestes resultados, como vieses de confusão. Outros fatores devem ser levados em conta quando se avaliaos efeitos do exercício físico na prevenção da DA, visto que podemdeterminar se haverá resultados preventivos ou não. Um delescorresponde aos aspectos intrínsecos do indivíduo, como a históriafamiliar positiva para a DA, a presença do gene ApoE 4, o níveleducacional, o sexo e a saúde cognitiva e cardiovascular. O tipo, aintensidade e a frequência do exercício físico também devem serincluídos nesta avaliação, uma vez que a exigência cognitiva deveser suficiente para se alcançar os benefícios já citados, entretanto,o exercício muito intenso, com uma grande demanda anaeróbica,resulta em fadiga e conseqüentemente em um declínio cognitivo. O que ainda não está bem esclarecido entre as pesquisasque abordam este assunto, é a determinação de qual exercíciofísico traria os melhores resultados preventivos sobre a DA. Emalguns estudos foi citada a jardinagem como a melhor atividadefísica capaz de prevenir a DA, entretanto, constituem uma minoriae não possuem argumentos suficientes para explicar tal efeito. Diferentes atividades cognitivas e físicas foram estudadaspor Verghese et al. (2003). Porém, estes autores questionam se anão participação em exercícios físicos pode se tornar um fator derisco para as demências, acreditando que a pré-demência, o níveleducacional e intelectual podem ser a causa destes baixos níveisde atividades de lazer. Este estudo, não explica o papel protetorde cada atividade avaliada, devido à presença de limitações napesquisa, como o tempo gasto em cada atividade, a demandacognitiva imposta sobre os idosos e o efeito da Apolipoproteína E,que não foram avaliados adequadamente. 99
NASCIMENTO, Gabriela Lied Os estudos não comentam a duração mínima do exercício,necessária para produzir efeitos significativos sobre a cognição.Assim sendo, salienta-se a necessidade de maior preocupaçãopor parte dos profissionais da saúde, entre eles o fisioterapeuta,no campo de pesquisa preventivo, principalmente com relação adoenças crônico-degenerativas como a Doença de Alzheimer.3 CONCLUSÃO A DA é uma doença neurodegenerativa progressiva, quevem aumentando sua incidência nos últimos anos em todo omundo, gerando preocupação por parte dos estudiosos e idosos,sendo que a sua incidência e prevalência aumentam com o avançoda idade. Entre os fatores de risco para esta patologia encontra-seo transtorno cognitivo leve (TCL), a história familiar, o genótipoda apolipoproteína E e o próprio envelhecimento. Ultimamente,vários autores têm proposto a inatividade física como um possívelfator de risco para o aumento do declínio cognitivo, logo, para osurgimento da DA. Por isso, a preocupação em investigar se osexercícios físicos quando realizados de forma regular podemprevenir essa doença é muito importante hoje em dia. Nesta revisão, observou-se que a grande maioria dosestudos descritos tem resultados que sugerem uma amenização dodeclínio cognitivo naqueles idosos que praticam atividades físicasregularmente e a longo prazo. Quanto maior for a freqüência departicipação nestas atividades e a complexidade, maior será ademanda cognitiva exigida pelo sistema neurológico do idoso,produzindo diversos efeitos, como a melhora da memória,100
O EXERCÍCIO FÍSICO NA PREVENÇÃO DA DOENÇA DE ALZHEIMERda atenção, da orientação têmporo-espacial, da neurogênesehipocampal, da síntese da neurotrofina BDNF e uma redução daformação de placas de proteína beta-amilóide no cérebro. Alémdestes resultados, os novos hábitos saudáveis, o bom estadopsicológico e a diminuição dos fatores de risco cardiovascularesdecorrentes do exercício físico, também contribuem para a reduçãodo declínio cognitivo. Mesmo sabendo dos benefícios do exercício físico nasaúde cognitiva do idoso, é preciso identificar antecipadamente sehá TCL ou até mesmo uma fase inicial de DA, pois somente sealcançará estes benefícios se o paciente tiver um sistema cognitivosaudável, ou talvez, no máximo um estado pré-demencial. Outroaspecto que precisa ser avaliado é a presença do gene ApoE 4, defamiliares de 1° grau com a doença, nível educacional, sexo, saúdecognitiva e cardiovascular, os quais podem interferir nos resultadosesperados através da prática de exercícios físicos. Desta forma pode-se afirmar que a inatividade física podeser considerada um fator de risco para a DA, bem como o exercíciofísico pode prevenir a DA a longo prazo, se praticado regularmente.Sugere-se que maiores pesquisas sejam realizadas a respeito dotipo de exercício físico que possa melhor atuar na prevenção daDA, e inclusive da sua intensidade, para enriquecer a atuação daFisioterapia Preventiva e proporcionar maior qualidade de vida naterceira idade. 101
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FISIOTERAPIA APLICADA A PORTADORES COM SÍNDROME DE DOWN FISIOTERAPIA APLICADA A PORTADORES COM SÍNDROME DE DOWN HEINZMANN FILHO, João Paulo1 WOZEZENSKI, Cristhiele Tais 1 BECK, Derliane Glonvezynski dos Santos2 RESUMO A pesquisa realizada foi do tipo bibliográfica, onde a abordagem qualitativa foi utilizada como eixo central. Com o desenvolvimento desse artigo, verificou-se quais as melhoras proporcionadas pelo meio líquido, através de técnicas com exercícios específicos aplicados dentro da água, contando com as respostas fisiológicas e ação dos princípios físicos que o meio líquido proporciona. O objetivo do trabalho foi verficar as melhoras proporcionadas pelo Método de Halliwich, enfatizando a alegria de se estar na água e a felicidade proporcionada em forma de jogos. Constatou-se o ganho na melhora as habilidades funcionais, na adequação do tônus muscular, profilaxia para alterações cardiorrespiratória e circulatória, fortalecimento muscular, estimulação da motricidade1 Acadêmico do Curso de Fisioterapia do Instituto Cenecista de Ensino Superior de SantoÂngelo.2 Professora dos Cursos de Fisioterapia e Biomedicina do Instituto Cenecista de EnsinoSuperior de Santo Ângelo, Fisioterapeuta, Mestre em Fisioterapia. 107
HEINZMANN FILHO, João Paulo – WOZEZENSKI, Cristhiele Tais – BECK, Derliane Glonvezynski dos Santos voluntária, estimulando o desenvolvimento do controle de tronco, da marcha e estimular o equilíbrio. Proporcionando uma melhora em sua auto-estima, auto-confiança e assim melhorando a sua qualidade de vida. Foi realizada uma revisão bibliográfica utilizando livros-texto e artigos científicos, através de diversas palavras chaves. Podemos concluir que a hidroterapia parece ser benéfica no tratamento de portadores de Síndrome de Down através da utilização das propriedades da água. Porém, estudos clínicos futuros são necessários para verificarmos uma maior evidência sobre sua efetividade. Palavras-chave: Síndrome de Down, método de halliwich, hidroterapia. ABSTRACT The research realized was of the bibliographical, where the qualitative boarding was used as central axle. The development of this article it made possible verify which the proportionate improvements for the half liquid, through techniques with specific exercises applied inside of the water, counting on the physiological answers and action of the physical principles that the half liquid provides. The objective of the work was to verify the proportionate improvements for the Method of Halliwich, being emphasized the joy of if being in the water and the proportionate happiness through games. The profit in108
FISIOTERAPIA APLICADA A PORTADORES COM SÍNDROME DE DOWN the improvement the functional abilities, the adequacy of muscle tone, cardiorespiratory and circulatory Prophylaxis for alterations, strength training, stimulation of the voluntary mobility was evidenced, stimulating the development of the control of trunk, the march and to stimulate the balance. Providing an improvement in its auto-they esteem, auto-confidence and thus improving its quality of life. A bibliographical revision was carried through using scientific book-text and articles, through diverse words keys. We can conclude that the hydrotherapy seems to be beneficial in the treatment of carriers of Down Syndrome through the use of the properties of the water. However, future clinical studies are necessary to verify bigger evidence on its effectiveness. Key-words: Down Syndrome, Halliwich method, hydrotherapy1 INTRODUÇÃO A Síndrome de Down(SD) ou trissomia do cromossomo21 é uma alteração genética causada pela presença de umcromossomo 21 extra total ou parcialmente. Essa síndrome temcomo anormalidade básica à presença de uma quantidade extra dematerial do cromossomo 21. É uma doença genética no sentido deque toda a condição do paciente é causada por excesso de material 109
HEINZMANN FILHO, João Paulo – WOZEZENSKI, Cristhiele Tais – BECK, Derliane Glonvezynski dos Santosgenético, a maioria dos afetados possui um cromossomo extra emtodas as células de seu organismo. Ou seja, ao invés de ter o par21(um proveniente da mãe e um do pai), os pacientes têm trêscromossomos 21 (SAAD, 2003). A SD é caracterizada por uma combinação de diferençasmaiores e menores na estrutura corporal. Seus portadores podemter uma habilidade cognitiva abaixo da média, geralmente variandode retardo mental leve a moderado. Um pequeno número deafetados possui retardo mental profundo. É a ocorrência genéticamais comum, estimada em 1 a cada 600 nativivos. Característicasda SD, incluem a prega palmar transversa, olhos com formasdiferenciadas devido às pregas nas pálpebras, membros pequenos,língua protrusa, osso occipital achatado, ponte nasal achatada,estatura baixa, fase redonda e achatada, orelhas de implantaçãobaixa, pescoço curto, mãos curtas e largas, boca pequena,ligamentos soltos (FERREIRA, 2005). Além do atraso no desenvolvimento, outros problemas desaúde podem ocorrer no portador de SD: cardiopatia congênita,hipotonia, problemas de audição, de visão, alterações na colunacervical, distúrbios da tireóide, problemas neurológicos, obesidadee envelhecimento precoce. Em relação ao prognóstico, verifica-se que a prevalência da condição tem aumentado na populaçãogeral em conseqüência do aumento de sua sobrevida. Tratamentose terapias, em especial a estimulação precoce com fisioterapia efonoterapia, mostram uma inequívoca contribuição para melhordesenvolvimento e desempenho social do portador de SD(MOREIRA, 2000). Os objetivos do tratamento para crianças portadoras deSíndrome de Down são proporcionar adequação do tônus muscular,profilaxia para alterações cardiorrespiratória e circulatória,110
FISIOTERAPIA APLICADA A PORTADORES COM SÍNDROME DE DOWNfortalecimento muscular, estimulação da motricidade voluntária,estimular as fases do desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM)como o controle de tronco e a marcha, estimular o equilíbrio e aauto-estima (GUIMARÃES, 1996). A hidroterapia ou piscina terapêutica é um recursofisioterapêutico realizado exclusivamente pelo profissional destaárea, de forma individual, em piscina coberta e aquecida. Tem afinalidade de tratar e reabilitar pacientes neurológicos, ortopédicos,reumatológicos, pneumopatias e neuromusculares, através detécnicas com exercícios específicos aplicados dentro da água,contando com as respostas fisiológicas e ação dos princípios físicosque o meio líquido proporciona (CAMPION, 2000). A partir doestudo da hidroterapia, desenvolveram-se vários métodos, como oMétodo de Halliwick, que enfatiza as habilidades dos pacientes naágua e não suas limitações. Recentemente estas técnicas estão sendo usadas por muitosfisioterapeutas para tratar crianças e adultos com enfermidadesneurológicas, na Europa e EUA. Este estudo tem por objetivodiscutir as propriedades da água e mostrar a hidroterapia como parteintegrante do tratamento da SD. Podemos ressaltar a importância dahidroterapia como um tratamento muito benéfico no tratamento decrianças portadoras de SD, através da utilização das propriedadesda água possibilitando diversas melhoras tanto físicas, mentais,psicossociais e proporcionando assim uma melhora na qualidadede vida dos portadores (CAMPION, 2000). A pesquisa realizada foi descritiva, do tipo revisãobibliográfica. Com base no estudo realizado, foi proposto ahidroterapia como uma técnica de reabilitação para o tratamentode pessoas que apresentam SD. 111
HEINZMANN FILHO, João Paulo – WOZEZENSKI, Cristhiele Tais – BECK, Derliane Glonvezynski dos Santos2 DISCUSSÃO O ser humano é um ser em pleno processo dedesenvolvimento, que cresce partindo de várias etapas evolutivas(ROTTA et al., 2005). A evolução da criança até a sua idade adulta depende damaturação do sistema nervoso central, sendo determinada porpadrões geneticamente estabelecidos e de estímulos ambientais.Estes estímulos apreendidos pelos órgãos dos sentidos sãorespondidos pelo cérebro, como órgão de integração e coordenação,com reações complexas que decorrem automaticamente(DIAMENT & CYPEL, 2005). Desde o nascimento, o cérebro infantil está em constanteevolução, através de sua inter-relação com o meio. A criançapercebe o mundo pelos sentidos e age sobre eles, essa integraçãose modifica durante a evolução, entendendo melhor, pensando demodo mais complexo, comportando-se de maneira mais adequadacom maior precisão, à medida que domina seu corpo e elaboramais corretamente suas idéias (DIAMENT & CYPEL, 2005). Mesmo diversas, conforme a idade da criança, estasreações ocorrem, desde o nascimento, em sucessão determinada.Caracterizam-se pelo desenvolvimento dos mecanismos dereflexos da atitude, a postura ou manutenção desta, que permitemao homem erguer-se contra a força da gravidade e conservar seuequilíbrio (FLEHMIG, 2005). A SD é a mais comum de todas as síndromes mal formativasda espécie humana, ela ocorre 1/600 nascidos vivos (FERREIRA,2005).112
FISIOTERAPIA APLICADA A PORTADORES COM SÍNDROME DE DOWN Essa síndrome tem como anormalidade básica à presençade uma quantidade extra de material do cromossomo 21. É umadoença genética no sentido de que toda a condição do paciente écausada por excesso de material genético, a maioria dos afetadospossui um cromossomo extra em todas as células de seu organismo,ou seja, ao invés de ter o par 21, os pacientes têm três cromossomos21, sendo que a região responsável pelas manifestações da doençaé a porção distal do braço longo deste cromossomo. O estudocitogenético deve ser realizado em todo paciente afetado, paraconfirmar o diagnóstico propício ao aconselhamento genéticocorreto. Noventa e quatro por cento dos portadores da SDapresentam um cariótipo com 47 cromossomos. Já cerca de seispor cento dos pacientes tem translocação cromossômica queenvolve quase exclusivamente dois grupos de cromossomos: osgrupos D e G. Nessas translocações, o cromossomo 21 une-se comcromossomo 14 em cinqüenta e oito por cento dos casos. No grupoG, o cromossomo 21 une-se com ele mesmo, em oitenta e três porcento dos casos (FERREIRA, 2005). A palavra hidroterapia deriva das palavras gregas hydro(água) e therapia (cura). Essa técnica é tão antiga quanto à históriada humanidade e as informações sobre as atividades aquáticas têmsido documentadas tanto para propósitos recreacionais, quantoterapêuticos apesar do fato de sua popularidade ter se osciladodurante as épocas (NORM & HANSON, 1998). A história da hidroterapia como uma modalidade utilizadana fisiatria data de milhares de anos. Não se sabe em que momentoa hidroterapia foi primeiramente utilizada de maneira terapêutica,porém registros datando de 2400 a.C. sugerem que a cultura proto-indiana usava instalações higiênicas e que os antigos egípcios, 113
HEINZMANN FILHO, João Paulo – WOZEZENSKI, Cristhiele Tais – BECK, Derliane Glonvezynski dos Santosassírios e muçulmanos faziam uso das fontes minerais parapropósitos curativos. Os hindus, em 1500 a.C., empregavam a águapara combater a febre (CAMPION, 2000). Os gregos estavam entre os primeiros a apreciaro relacionamento entre o bem-estar físico e mental. Elesdesenvolveram centros próximos a nascentes e rios, utilizando-ospara banhos e recreações. Por volta de 500 a.C., ocorreu a transiçãodo misticismo e culto para o tratamento físico. Os romanos, comsuas habilidades de construção, desenvolveram e expandiramo sistema grego de atletismo seguido por um mergulho frio,produziram uma série de banhos que variam do caldarium por meiodo tepidarium até o frigidarium. Os banhos eram centros onde serealizavam as atividades intelectuais, recreacionais e de saúde ehigiene (CAMPION, 2000) Por volta de 339 d.C. alguns desses banhos passaram a serusados somente com o propósito de cura e o tratamento era indicadoem primeiro lugar para os sintomas de doenças reumáticas, paralisiae efeitos posteriores a lesões. As queimaduras eram tratadas embanhos prolongados. Com o declínio do Império Romano, houveuma queda no uso dos banhos. Os padrões de higiene e moralforam diminuídos. Assim, os antigos cristãos baniram o uso dosbanhos públicos, e a Igreja da Idade Média proibiu o uso das forçasfísicas, tais como a água, associando-o ao paganismo. A supressãoda hidroterapia no Ocidente foi sustentada mais ou menos durantetoda a época medieval, mas por volta dos séculos XV, XVI e XVII, ouso da água com propósito de cura adquiriu algum reconhecimentopor parte dos médicos europeus (CAMPION, 2000). Os pioneiros da hidroterapia foram Sir John Floyer, queescreveu um tratado em 1697: “Um inquérito sobre a utilizaçãocorreta e o abuso dos banhos quentes, frios e temperados”; e John114
FISIOTERAPIA APLICADA A PORTADORES COM SÍNDROME DE DOWNWesley, o fundador do Metodismo, que publicou um livro dehidroterapia em 1747, intitulado. Uma forma fácil e natural de curara maioria das doenças; e o dr. Wright, que publicou, em 1779, umtrabalho sobre o uso do frio no tratamento da varíola. Entretanto,os clínicos acadêmicos estavam ocupados essencialmente emdiagnosticar as doenças e trabalhar nas enfermarias e salas dedissecção. A terapia natural raramente era levada em consideração. Os avanços no uso da água continuaram na Europa, masa América ficou para trás durante o século XIX. Entretanto, osbanhos quentes gradualmente ganharam popularidade e passarama ser tomados em decúbito e também utilizados em tratamentoscirúrgicos, neurológicos e psiquiátricos. O dr. Simon Baruch,que trabalhou com o professor Winterwitz, expandiu o uso dahidroterapia por meio de seu trabalho, que girava em torno do fatode que o calor e o frio eram transportados para o sistema nervosocentral pêlos nervos cutâneos e, dessa forma, se refletiam nas viasmotoras. A hidroginástica ou os exercícios aquáticos em águaquente eram recomendados no final do século XIX. Entretanto,os exercícios aquáticos só começaram a ser sistematicamentedesen¬volvidos após a construção do primeiro tanque de Hubbardna década de 1920 (CAMPION, 2000). As duas guerras mundiais, especialmente a segunda,salientaram a necessidade do uso da água para os exercícios e amanutenção do condicionamento e agiram como precursoras para oressurgimento atual do uso da piscina de hidroterapia e a utilizaçãoda imersão total como uma forma de reabilitação para uma amplafaixa de doenças. Atualmente, a popularidade e o valor crescente dahidroterapia parecem ser salientados por um aumento da pesquisaem muitos aspectos diferentes da água, como o estudo da fisiologia 115
HEINZMANN FILHO, João Paulo – WOZEZENSKI, Cristhiele Tais – BECK, Derliane Glonvezynski dos Santosdos exercícios aquáticos, e assim por diante. O reconhecimento dostratamentos para os quais as características e propriedades da águapodem ser utilizadas para criar técnicas que acentuem a atividadeaquática como uma parte integral de todo tratamento físico epsicológico e das condições variadas de muitos irá assegurar olugar da hidroterapia para a reabilitação total (CAMPION, 2000). Entrar na água é uma experiência única que fornece a todosuma oportunidade de ampliar física, mental e psicologicamenteseus conhecimentos e habilidades. A unicidade da água estáprincipalmente no seu empuxo, que alivia o estresse sobre asarticulações sustentadoras de peso e permite que se realizemovimentos em forças gravitacionais reduzidas, dessa forma,as atividades que não sustentam peso podem ser iniciadas antesmesmo de serem possíveis no solo. Os efeitos fisiológicos dosexercícios combinados com aqueles que são causados pelo calor daágua são uma das vantagens da atividade nesse meio. O resultadoda imersão na água é semelhante em adultos e crianças e estárelacionado à temperatura do corpo, à circulação e a intensidadedos exercícios, com variações permitidas dependendo do tamanho(RUOTI et al., 2000; CAMPION, 2000). O corpo possui mecanismos para regular seu próprio calor,e a manutenção do equilíbrio entre a produção e a perda de calorexige um fino ajustamento. É necessário realizar uma distinçãoentre a temperatura central do corpo e a temperatura periférica,porém, sob condições padrão, a temperatura corporal do homemmantém-se notavelmente constante (RUOTI et al., 2000). Pequenas oscilações na temperatura corporal ocorremdurante todo o dia e também nas diferentes partes do corpo.Exercícios, distúrbios emocionais, altas ou baixas temperaturasambientais, bem como a idade e o sexo são fatores que podem116
FISIOTERAPIA APLICADA A PORTADORES COM SÍNDROME DE DOWNafetar a temperatura corporal. Vários especialistas sugerem que atemperatura da pele é de 33,3 °C, podendo diminuir nas partes maisdistais nas extremidades. Os efeitos terapêuticos dos exercícios na água estãorelacionados ao alívio da dor e espasmos musculares, manutençãoou aumento da amplitude de movimento das articulações,fortalecimento dos músculos enfraquecidos e aumento na suatolerância aos exercícios, reeducação dos músculos paralisados,melhoria da circulação, encorajamento das atividades funcionais,manutenção e melhoria do equilíbrio, coordenação e postura(RUOTI et al., 2000). O tratamento fisioterapêutico é realizado primeiramente,com a avaliação da criança, onde segue as seguintes etapas: Avaliação subjetiva: informações dadas pelo própriopaciente, sobre si mesmo. Deve-se incluir a atitude do paciente naágua, informações sobre suas habilidades observadas e detalhes dehidroterapia prévia ou outras atividades aquáticas tais como, o tipo,local, data e resultados. Avaliação objetiva: exame do paciente.Leva-se em conta a densidade e a forma do paciente, bem comoquaisquer contra - indicações para a hidroterapia (CAMPION,2000). Análise das informações acima: diagnóstico e históricomédico, mais a avaliação subjetiva e objetiva, para formular a listade problemas. A análise da forma e da densidade é vital e constituiparte da lista de problemas. Plano de ação: para cada um dos problemas. Intervenção: tratamento do paciente, incluindo tambémo ensinamento do ajuste mental, da restauração do equilíbrio e docontrole rotacional. 117
HEINZMANN FILHO, João Paulo – WOZEZENSKI, Cristhiele Tais – BECK, Derliane Glonvezynski dos Santos Estimação: avaliação da intervenção, e avaliar qual foio resultado do tratamento. Revisão: a próxima sessão de tratamento e quaisqueralterações propostas de tratamento. Os pontos específicos que precisam ser utilizados naavaliação da atividade aquática devem ser a forma e a densidade, aadequação para a atividade em grupo, porcentagem de sustentaçãode peso, tônus muscular e o controle da respiração (CAMPION,2000). Após a avaliação é necessário o registro detalhado dotratamento de hidroterapia, no qual inclui a duração do tratamento,a temperatura da água, as profundidades utilizadas, os exercícios,qualquer melhora na condição do paciente e na atividade, comotambém qualquer efeito desfavorável para o paciente.Dentro do tratamento da hidroterapia utilizamos o método deHalliwick, onde esse método está sendo utilizado por muitosfisioterapeutas, para tratar principalmente crianças e adultos comenfermidades neurológicas. Esse método enfatiza as habilidades dopaciente na água e não suas limitações, deve também dar ênfase noprazer colocando as atividades em formas de jogos (CAMPION,2000; RUOTI, 2000). A partir do estudo da hidroterapia, desenvolveram-se váriosmétodos, como o Método de Halliwick, desenvolvido por JamesMc Millan em 1949 na Halliwick escola para garotas em SouthGate (Londres). A proposta inicial foi a, de auxiliar pessoas comproblemas físicos a se tornarem mais independentes para nadar(CAMPION, 2000). A ênfase inicial do método era recreacional com oobjetivo de independência na água. Com o decorrer dos anos, Mc118
FISIOTERAPIA APLICADA A PORTADORES COM SÍNDROME DE DOWNMillan manteve a sua proposta original e adicional outras técnicasa este método, utilizando uma filosofia para ensinar a felicidade dese estar na água, tratar os alunos pelo primeiro nome, dar ênfasena habilidade não na deficiência, dar ênfase no prazer, colocandoatividades em forma de jogos, trabalhar em grupo, de forma que osnadadores se encorajem uns aos outro. Recentemente estas técnicas estão sendo usadas por muitosfisioterapeutas para tratar crianças e adultos com enfermidadesneurológicas, na Europa e EUA (CAMPION, 2000). O método de Halliwick utiliza o programa dos dez pontospara o tratamento, onde segue:1 - Ajustamento mental: adaptação ao meio líquido de forma que aconfiança na água possa ser estabelecida.2 - Desprendimento: é o meio pelo qual o nadador se torna mentale físicamente independente.3 - Rotação vertical: é o movimento em torno do eixo transversaldo corpo (da posição deitada, para posição em pé)4 - Rotação Lateral: é o movimento em volta do eixo da colunavertebral (Rolar: decúbito ventral para decúbito dorsal).5 - Rotação combinada: combinação das duas anteriores sendoexecutada em um único movimento.6 - Empuxo: compreensão da força de flutuação da água.7 - Equilíbrio: O nadador capaz de manter a posição do corpoenquanto flutua com descanso, fazendo pequenos ajustes quandohá turbulência.8 - Deslize turbulento: o nadador flutua, sendo levado através daágua pela turbulência criada pelo instrutor. 119
HEINZMANN FILHO, João Paulo – WOZEZENSKI, Cristhiele Tais – BECK, Derliane Glonvezynski dos Santos9 - Progressão simples: nadador realiza movimentos das mãosjunto ao corpo “Sculling” (remadas curtas).10 - Braçada básica: com o nadador em decúbito dorsal, os braçossão movimentados lenta e amplamente sobre a água (CAMPION,2000). Com base no programa dos dez pontos de Halliwick,desenvolve-se o método para o tratamento em questão, que seguenas seguintes etapas: Etapa 1: Entrada O fisioterapeuta deve sempre estar na água primeiro e ficarpronto para receber o paciente. Deve sempre entrar tranqüilamente,causando tão pouco borrifo quando possível, assegurar que emergeseus ombros e que sopre bolhas na água. Essas ações tranqüilizamos pacientes. Após, o mesmo sentar na borda da piscina é encorajadoa por suas mãos para frente sobre os ombros do fisioterapeuta.As mãos do fisioterapeuta são colocadas abaixo de seus braços,em torno de suas costas, logo abaixo de suas escápulas. A açãodo fisioterapeuta é fundamental, encorajando a criança soprarenquanto a água vem em direção ao seu rosto. Uma vez dentro da água, deve-se imediatamente prosseguirpara uma atividade tal como de saltar, e não deixar que o indivíduotenha tempo para pensamentos ociosos. O exemplo de saltar alémde divertido também ensina a respiração e o controle da cabeça,constituindo-se um pré-requisito para a independência. A entradada criança deve ser facilitada e se tornar automática, já a extensãodeve ser evitada todo o tempo (CAMPION, 2000). Etapa 2: Início das técnicas Essa etapa tem por finalidade incentivar um maiordesprendimento da criança, ou seja, tornar a criança mentalmente efisicamente independente.120
FISIOTERAPIA APLICADA A PORTADORES COM SÍNDROME DE DOWN O nadador fica em pé de frente para o fisioterapeuta,o mesmo segura o nadador no centro do equilíbrio do corpo,aproximadamente ao nível da cintura. Onde pode-se cantar acanção, “Tiquetaquear” com um relógio de lado para fora, isso iráencorajar a abdução, controle lateral da cabeça e apreciação dopeso da água. Pode-se bater palmas com as mãos acima da cabeça,encorajando ainda mais a independência do individuo, movimentode braços, percepção do corpo e o controle da cabeça. À medidaque o desempenho melhore, o fisioterapeuta pode dar menos auxíliono equilíbrio, e finalmente pode assegurar a estabilidade lateral,podendo empurrar o nadador delicadamente, porém, firmemente delado para lado e observar se o paciente restaura a posição triangulare se está controlando seu corpo para frente e para trás. A forma triangular é uma forma na qual, as pernas doindivíduo estão amplamente separadas e os braços juntos ao lado docorpo. Se essa forma for empurrada para o lado, a água restauraráa posição vertical. Deve-se estimular, caminhar para os lados, emcírculo ou pela piscina, com isso o paciente terá noção do espaço edo meio líquido, com isso o paciente notará que a água tem peso,e que há uma necessidade de equilíbrio e controle da cabeça. Oajustamento mental é incrementado (CAMPION, 2000). Deve ser lembrado que na água a flutuação tende aminimizar os efeitos da gravidade, particularmente quando mais dedois terços do corpo estão imersos e quando o corpo está flutuando.Isto significa que não há a mesma exigência sobre os músculosantigravitacionais, além de outras vantagens. Etapa 3: Essa etapa tem por finalidade incentivar, eestimular o controle da cabeça. Um círculo é formado, nadador e terapeuta alternadamente,todos segurando as mãos e voltados para dentro. 121
HEINZMANN FILHO, João Paulo – WOZEZENSKI, Cristhiele Tais – BECK, Derliane Glonvezynski dos SantosOs pontos a observar são que a cabeça esteja inclinada na direçãoem que o círculo está se movendo e que ela seja mantida em talposição que os pés permaneçam em contato com o chão da piscinae não se elevem para frente ou para trás e que os pés não se cruzem(CAMPION, 2000). Instruir o indivíduo a caminhar em círculo para o ladodando um passo e levando o outro pé para junto do primeiro,inclinar-se e empurrar de encontro à água, quando a água chegarpróximo à face - soprar. Etapa 4: Esta etapa tem por finalidade estimular a cabeçae o equilíbrio corporal da cabeça. É formado um círculo, alternadamente o nadador e ofisioterapeuta segurando as mãos e olhando para dentro. O mesmoinstrui o nadador para dobrar seus joelhos na altura do tórax e quelentamente mova a sua cabeça para frente e para trás.O fisioterapeuta fornece auxílio para o nadador, movendo seu braçopara frente e para trás ligeiramente. É importante que o controle dacabeça para frente e para trás seja tal que o corpo “em bola” nãooscile demasiado longe (CAMPION, 2000). Etapa 5: Saída A saída por cima da borda deve ser desenvolvida de talmaneira que a independência do paciente seja ajudada. Isto envolveque o individuo coloque suas mãos sobre a parede e, com auxíliodo fisioterapeuta segurando ambos os quadris logo abaixo dogrande trocânter, alcançar uma posição deitada sobre a parede, comas pernas retas pelo lado da piscina abaixo. Ela então “serpenteia”para frente empurrando com suas mãos. Suas pernas devem serlevantadas no alto e fora da água, enquanto ela se move para frente122
FISIOTERAPIA APLICADA A PORTADORES COM SÍNDROME DE DOWNaté que seus quadris estejam bem sobre o lado da piscina. Ela éajudada a rolar e a sentar-se. Deve-se tomar cuidado quando o controle da cabeça élimitado, e a saída modificada para acomodar sinergias flexoras dosbraços. Em casos de espinha bífida, se for utilizada uma bolsaurinária, o quadril no lado do aparelho precisa ser levantado bemdistante de modo a que o aparelho permaneça no lugar (CAMPION,2000). Esse se difere dos outros métodos de ensino, porquevaloriza a natureza critica da água e se adapta as formas edensidades alteradas da pessoa deficiente. As crianças comdistúrbios neurológicos tornam-se mentalmente ajustados à água,adquirem estabilidades de restauração do equilíbrio, controle dacabeça e da respiração, e com isso atingindo todos os requisitospara a independência na água. Enquanto o objetivo do método é um nadador mentalmenteajustado e fisicamente equilibrado, os vários aspectos físicos epsicológicos asseguram que a confiança e auto-estima adquiridasna piscina sejam levadas ao solo, desenvolvendo a função na águae o principal, estimular e desenvolver a pessoa como um todo,com isso, possibilitando ao paciente o tratamento para os possíveisproblemas e uma boa qualidade de vida (CAMPION, 2000).3 CONCLUSÃO De acordo com a revisão bibliográfica realizada, verificou-se a importância do meio líquido, ou seja, a hidroterapia como umtratamento terapêutico adequado para portadores de SD. 123
HEINZMANN FILHO, João Paulo – WOZEZENSKI, Cristhiele Tais – BECK, Derliane Glonvezynski dos Santos Constatou-se o Método de Halliwich como a melhorproposta de tratamento para pacientes com enfermidadesneurológicas. Esse método tem como ênfase desenvolver ashabilidades do paciente na água, utilizando o meio aquático comouma forma de proporcionar a felicidade, o prazer, colocando asatividades em formas de jogos (CAMPION, 2000). Esses exercícios terapêuticos proporcionam ao pacientealívio da dor, diminuição dos espasmos musculares, manutençãoou aumento da amplitude dos movimentos das articulações,fortalecimento muscular, melhora na circulação, encorajamentodas atividades funcionais, manutenção e melhora no equilíbrio,coordenação e postura corporal. Facilitando atráves do meiolíquido as aquisições motoras, que estão comprometidas nesteportador, tornando o processo de evolução mais lento, exigindocuidados e estímulos adequados para os devidos ganho motores.Proporcionando assim, um bem estar físico, mental e psicossocialao portador se Síndrome de Down (RUOTTI et al., 2000).4 REFERÊNCIASCAMPION, Margaret Reid. Hidroterapia: Princípios e práticas.Traduzido por Mônica Conrado Lange. São Paulo: Manole, 2000.DIAMENT, Aron; CYPEL, Saul. Neurologia Infantil. 4. ed. SãoPaulo: Atheneu, 2005.FERREIRA, José Paulo (coord.). Pediatria: Diagnóstica etratamento. Porto Alegre: Artmed, 2005.FLEHMIG, Inge. Texto e Atlas do Desenvolvimento Normal e seusDesvios no Lactente: Diagnóstico e tratamento do nascimento atéo 18º mês. Traduzido por Samuel Arão Reis. São Paulo: Atheneu,2005.GUIMARÃES, GP. et. al. Hidroterapia na Síndrome de Down.Fisioterapia em Movimento, v. 3, n. 2, p. 54-62, 1996.124
FISIOTERAPIA APLICADA A PORTADORES COM SÍNDROME DE DOWNMOREIRA, Lília M. et. al. A Síndrome de Down e sua patogênese:considerações sobre o determinismo genético. Revista Brasileirade Psiquiatria, v. 22, n. 2, p. 96-99, 2000.NORM, Andrea; HANSON, Bates. Exercícios AquáticosTerapêuticos. Traduzido por Mercês Nogueira Paulo. São Paulo:Manole, 1998.ROTTA, Newra Tellechea; OHLWEILER, Lygia; RIESGO,Rudimar dos Santos. Rotinas em Neuropediatria. Porto Alegre:Artmed, 2005.RUOTI, Richard G.; MORRIS, David M.; COLE, Andrew J.Reabilitação Aquática. Traduzido por Nelson Gomes de Oliveira.São Paulo: Manole, 2000.SAAD, Suad Nader. Preparando o caminho da inclusão: dissolvendomuitos preconceitos em relação à pessoa com Síndrome de Down.São Paulo: Vetor, 2003. 125
EXERCÍCIOS RESISTIDOS NA FADIGA MUSCULAR EM PORTADORES DE ESCLEROSE MÚLTIPLA EXERCÍCIOS RESISTIDOS NA FADIGA MUSCULAR EM PORTADORES DE ESCLEROSE MÚLTIPLA PEDROSO, Ana Paula1 BECK, Derliane Glonvezynski dos Santos2 RESUMO A esclerose múltipla (EM) é uma doença crônica de caráter auto-imune, degenerativo e progressivo. É um distúrbio neurológico pertencente ao grupo das doenças desmielinizantes, que afeta a substância branca do sistema nervoso central (SNC). Caracterizada por inflamação e destruição da bainha de mielina que reveste os axônios das células nervosas, prejudicando a condução dos impulsos nervosos. Entre as inúmeras manifestações clínicas advindas da EM a fadiga muscular é descrita como a mais debilitante e incapacitante, principalmente quando somada à fadiga central. A fadiga muscular é oriunda da inatividade, desuso, períodos de confinamento no leito e também das falhas nas1 Acadêmica do Curso de Fisioterapia do Instituto Cenecista de Ensino Superior de SantoÂngelo.2 Professora dos Cursos de Fisioterapia e Biomedicina do Instituto Cenecista de EnsinoSuperior de Santo Ângelo, Fisioterapeuta, Mestre em Fisiologia. 127
PEDROSO, Ana Paula – BECK, Derliane Glonvezynski dos Santos transmissões nervosas decorrentes da EM. Nos últimos anos pesquisadores têm se dedicado ao estudo de programas de exercícios resistidos para pessoas com EM. O presente trabalho trata-se de uma revisão bibliográfica exploratória que tem como objetivo geral verificar os benefícios dos exercícios resistidos na fadiga muscular em portadores de EM. Os resultados destes estudos vêm demonstrando que indivíduos com leve a moderado grau de acometimento possam beneficiar-se destes programas, aumentando a resistência muscular à fadiga, melhorando a aptidão física, o bem estar e consequentemente a capacidade funcional. Ao termino deste estudo concluiu-se que respeitando as peculiaridades e os limites impostos pela EM, a individualidade de cada paciente e o emprego consciente e seguro dos exercícios resistidos pode-se obter resultados positivos, especificamente na melhora da resistência muscular à fadiga e da capacidade funcional destes pacientes. Palavras-chave: esclerose múltipla, fadiga muscular, exercícios resistidos e fisioterapia. ABSTRACT The multiple sclerosis (ME) is a chronic illness of auto-immune, degenerative and gradual character. It is a neurological disorder pertaining to the group of the demyelinating illnesses, that affects the128
EXERCÍCIOS RESISTIDOS NA FADIGA MUSCULAR EM PORTADORES DE ESCLEROSE MÚLTIPLA white substance of the central nervous system. Characterized for inflammation and destruction of the myelin sheath that coats the axons of the nervous cells harming the conduction of the nervous impulses. It enters the innumerable clinical manifestations of the ME, the muscular fatigue is described as most debilitating and incapacitating, mainly when added to the central fatigue. The muscular fatigue is deriving of the inactivity, disuse, periods of confinement in the stream bed and also of the imperfections in the nervous transmissions decurrent of the ME. In recent years researchers have if dedicated to the study of programs of resisted exercises for people with ME. This study is a exploratory bibliographical research has as objective generality to verify the benefits of the exercises resisted in the muscular fatigue in carriers of ME. The results of these studies come demonstrating that individuals with light until moderate degree of involvement can benefit of these programs, increasing the muscular resistance to the fatigue, improving the physical aptitude, the welfare and consequently the functional capacity. To finish it of this study concluded that respecting the peculiarities and the limits imposed by ME, the individuality of each patient and the conscientious and safe of job the resisted exercises can be gotten resulted positive, specifically in the improvement of the muscular resistance to the fatigue and of the functional capacity of these patients. 129
PEDROSO, Ana Paula – BECK, Derliane Glonvezynski dos Santos Keywords: multiple sclerosis, muscular fatigue, resisted exercises, physical therapy1 INTRODUÇÃO A esclerose múltipla (EM) é um distúrbio neurológicopertencente ao grupo das doenças desmielinizantes. É uma doençacrônica do sistema nervoso central (SNC), de caráter auto-imune,degenerativo e progressivo (PORTER, 2005). De acordo com Silva e Valença (2003) os fatores causaisainda não são completamente conhecidos, sabe-se que há umapossível relação entre fatores genéticos e ambientais, ou seja,uma determinada predisposição genética combinada com umfator ambiental desconhecido (possivelmente viral) originaria umdistúrbio imunológico de ação auto-lesiva que afetaria a substânciabranca do SNC, acarretando a perda de oligodendrócitos e mielinaprejudicando a condução dos impulsos nervosos. Segundo Kumar et al. (2005) a EM é a patologia maiscomum entre os distúrbios desmielinizantes. As mulheres são duasvezes mais acometidas pela doença, assim como os brancos sãoduas vezes mais afetados que os não-brancos. O aparecimento dossintomas se dá geralmente entre os vinte e cinquenta anos de idade,por isso é considerada uma doença de adultos jovens. Segundo Mendes et al. (2000) entre as manifestaçõesclínicas advindas da EM identifica-se a fadiga, descrita como seusintoma mais comum, atingindo entre 80 e 90% dos pacientes. “Parapacientes com EM, a fadiga é um sintoma subjetivo, definido comosensação de cansaço físico ou mental profundo, perda de energia130
EXERCÍCIOS RESISTIDOS NA FADIGA MUSCULAR EM PORTADORES DE ESCLEROSE MÚLTIPLAou mesmo sensação de exaustão, com características diferentesdaquelas apresentadas na depressão ou fraqueza muscular”.Segundo Jones Jr. (2006) a sensação de lassidão ou cansaçogeneralizado apresentada na EM é denominada de fadiga centrale é decorrente da desmielinização axonal, onde ocorrem disparospersistentes, mas ineficazes, de neurônios em vias neuronaiscomprometidas pelas áreas esclerosadas. Além da fadiga decorrente da desmielinização os pacientestambém sofrem com a fadiga muscular relacionada ao desuso eao descondicionamento físico que são resultado dos períodosde confinamento no leito, comuns na doença, e da redução dasatividades de vida diária (AVDs) antes comuns e com a EM passama ser praticamente abolidas. Os músculos passam por um processogradual de atrofia, perda de força e diminuição da resistênciamuscular à fadiga, o que consequentemente implica em rápidafadiga muscular quando os músculos são requisitados para algumaatividade (FURTADO & TAVARES, 2006). Com o objetivo de restabelecer a resistência muscularà fadiga, prejudicada com a EM, os exercícios resistidos sãouma alternativa de tratamento. Nestes casos, deve-se levar emconsideração fatores como intensidade, frequência e duração dosexercícios, sempre considerando as características próprias dadoença (KISNER & COLBY, 2005).2 DISCUSSÃO Estudos epidemiológicos apontam que nos Estados Unidos(EUA) a EM afeta 1:1000 habitantes na maior parte desse país.Maiores frequências são encontradas nos países escandinavos, sul 131
PEDROSO, Ana Paula – BECK, Derliane Glonvezynski dos Santosdo Canadá, Nova Zelândia e sul da Austrália, em taxas de 30 a80 por 100 mil habitantes (JONES, 2006; MINGUETI, 2001). NaEscócia, onde são encontradas as maiores taxas, há 193 casos por100.000 habitantes. Opostamente, na China a EM é rara, ocorrendona proporção de 1 caso por 100.000 habitantes (FURTADO &TAVARES, 2006). Presume-se que no Brasil a prevalência seja inferior a 5casos para cada 100 mil habitantes, considerando-se um país debaixa prevalência. Entretanto, os neurologistas, especificamenteaqueles do sudeste e sul do Brasil, têm-se deparado com umnúmero cada vez maior destes casos, talvez porque estejamcada vez mais influenciados pelos critérios clínicos amplamentedivulgados e discutidos no meio médico hoje em dia (GRZESIUK,2006; MINGUETTI, 2001). Do ponto de vista genético cerca de 15% dos portadoresde EM têm um parente afetado, o que aumenta o risco de seusdescendentes em 2% e aos irmãos em 5% de serem acometidospela doença (PORTER, 2005). O que parece é que os indivíduosnão herdam a doença, mas uma susceptibilidade genética paradisfunção do sistema imune, que quando exposta ao agenteambiental (infecções virais) pode desencadear uma resposta auto-imune (O’SULLIVAN & SCHIMITZ, 2004). O’Sullivan e Schimitz (2004) relatam que a EM tambémé denominada de “grande aleijadora de jovens”, isto porqueafeta principalmente indivíduos entre vinte e quarenta anos deidade, tendo a terceira década de vida como período potencialde surgimento dos sintomas. As mulheres são duas vezes maisacometidas pela doença, assim como os brancos são duas vezesmais afetados que os não-brancos.132
EXERCÍCIOS RESISTIDOS NA FADIGA MUSCULAR EM PORTADORES DE ESCLEROSE MÚLTIPLA Anatomicamente as placas desmielinizadas têmaspecto róseo-acinzentado e delimitações visíveis, podendo serencontradas ao longo do encéfalo e medula espinhal. Essas placaspossuem diferentes tamanhos e formatos irregulares que variamde milímetros até alguns centímetros de diâmetro. As lesõesrecentes têm aspecto rosado e são macias, enquanto as crônicas sãocinzentas, translúcidas e firmes. Algumas lesões têm tamanho tãoreduzido que só podem ser vistas ao exame microscópico, outrascom tamanho razoável chegam a ocupar grandes porções do SNC(NITRINI & BACHESCHI, 2005). De acordo com Kumar et al. (2005) as placas sãonormalmente encontradas ao longo do trajeto das veiasperiventriculares, por isso são comumente observadas ao lado dosventrículos laterais. Também são frequentes nos nervos ópticos,no quiasma, nos tratos de fibras ascendentes e descendentes notronco cerebral, cerebelo e medula. Além disso, as placas podemse estender para estruturas de substância cinza, desde que existamfibras mielinizadas intrincadas; embora a identificação no interiorda substância cinzenta seja mais difícil. Do aspecto microscópico existem variantes que vão deacordo com a evolução das lesões. Em fases agudas onde há apresença de inflamação, principalmente em torno das pequenasveias, ocorre um grande extravasamento de líquido carregado decélulas, principalmente linfócitos e macrófagos, nesta etapa poderávir a ocorrer a desmielinização em decorrência do efeito citotóxicodestas células aos oligodendrócitos (células produtoras de mielina)e à bainha de mielina que envolve o nervo (BUJA & KRUEGER,2007). A bainha de mielina serve como um isolante, aumentandoa velocidade de transmissão dos impulsos ao longo das fibras 133
PEDROSO, Ana Paula – BECK, Derliane Glonvezynski dos Santosnervosas e também auxilia na conservação de energia para o nervo.Com a sua degradação a condução dos impulsos neurais se tornamais lenta fazendo com que os nervos fadiguem mais rapidamente.Um comprometimento maior pode levar a um bloqueio dacondução dos impulsos, levando a perda da função (O’SULLIVAN& SCHIMITZ, 2004). Com o avançar da doença são observadas lesões em estágioagudo e crônico de diversos tamanhos e largamente distribuídosprincipalmente no nervo óptico, substância branca subcortical(especialmente periventricular), tratos córticoespinhais, cordãoposterior da medula espinal e pedúnculos cerebelares, locais estesque são considerados áreas de predileção de desenvolvimento daslesões escleróticas (JONES, 2006). De acordo com Jones Jr. (2006) a forma evolutiva maiscomum de EM é a de surtos e remissões onde as manifestaçõesdos sintomas desaparecem após alguns dias de forma completa ouparcial. Mais raramente a EM tem um curso crônico e progressivoem que os sinais e sintomas progridem gradualmente. Entre as manifestações clínicas estão os distúrbios visuais,parestesias, distúrbios de marcha, incontinência intestinal e vesical,fraqueza, fatigabilidade, espasticidade, paresia, disartria, tremorintencional, ataxía e instabilidade emocional. Os sinais e sintomaspodem se desenvolver rapidamente, em seis a quinze horas ou emquestão de dias ou semanas (BUJA & KRUEGER, 2007). A fadiga é evento comum e impactante no cotidiano dosportadores de EM. Durante o período da manhã os pacientes podemsentir-se revigorados, mas ao decorrer do dia a sensação de fadigase agrava, possivelmente pelo aumento da temperatura centraldo corpo. A sensação de fadiga torna as atividades funcionais134
EXERCÍCIOS RESISTIDOS NA FADIGA MUSCULAR EM PORTADORES DE ESCLEROSE MÚLTIPLAcotidianas muito exaustivas, fazendo com que sejam reduzidas ouaté abolidas, tornando o mundo ao redor inalcançável para estaspessoas. A fatigabilidade se eleva sob influência do calor, raiossolares, ambientes superaquecidos, banhos quentes e exercíciosprolongados e/ou intensos sem repouso adequado (BECKER &DULKEN, 2008). Na EM divide-se a fadiga em dois grupos: a fadiga centralou generalizada e a fadiga muscular ou localizada. As duas têmetiologias diferenciadas, mas possuem uma interrelação, ou seja,se somam e podem ser confundidas pelos pacientes (FURTADO &TAVARES, 2006). A fadiga central pode ser causada por disparos ineficazesde neurônios em vias neuronais comprometidas pelas placasescleróticas. Os impulsos tornam-se incapazes de produzirmovimentos adequados nos músculos ou recrutar reflexosnecessários. Com o comprometimento da função axonal há umaumento dos caminhos e áreas corticais, decorrentes das áreas dedesmielinização cerebral, podendo ser responsável pela sensação deesforço extremamente aumentado experimentado pelos pacientesmesmo nas tarefas mais simples (NITRINI & BACHESCHI,2005).SegundoFurtado&Tavares(2006)afadigamuscularfrequentementeacomete os indivíduos com EM, mas diferentemente da fadigacentral advinda da desmielinização, a fadiga muscular é decorrentedo descondicionamento físico, da inatividade e do desuso. Ospacientes costumam interromper as atividades costumeiras apóso surgimento dos sintomas impostos pela EM, muitas vezes sãoorientados a não praticarem atividades físicas e inclusive podemficar confinados no leito durante muitos dias ou semanas duranteos surtos da doença, gerando um quadro de perda gradativa da 135
PEDROSO, Ana Paula – BECK, Derliane Glonvezynski dos Santosresistência à fadiga muscular. Pode-se dizer que a fadiga muscularé causada por destreinamento e sedentarismo. A fadiga nestespacientes merece atenção, pois há uma soma de fatores, centrais eperiféricos, que a desencadeiam nestes pacientes, gerando extremodesconforto. Por muito tempo os pacientes encararam a doença deforma errônea, no momento em que eram orientadas a diminuir seunível de atividade física. Pretendia-se promover a conservação deenergia, evitar o aumento da temperatura corporal para controlara fadiga, diminuindo o risco de exacerbação dos sintomas dadoença. Mas o estilo de vida sedentário repercutiu em um riscoaumentado de doenças cardíacas e em outras patologias associadasà inatividade física e também elevou o aparecimento dos distúrbioscaracterísticos da EM, como espasticidade, ataxia, fraquezamuscular, problemas de equilíbrio e fadiga. Alguns estudos vêmdemonstrando que a realização de exercícios físicos por portadoresde EM pode trazer benefícios similares àqueles obtidos por pessoassaudáveis (FURTADO & TAVARES, 2006).Entre os recursos disponíveis na fisioterapia para o tratamento dasmanifestações da EM, encontramos aqueles que visam reduzir afadiga muscular e aumentar a tolerância dos pacientes em relação aesse sintoma. Entre eles, os exercícios resistidos têm sido utilizadoscom esta finalidade e muitos estudos vêm sendo realizados arespeito das consequências destes exercícios em pacientes com EM(FURTADO & TAVARES, 2006; KISNER & COLBY, 2005). Resistência muscular à fadiga é a capacidade de realizaratividades de intensidade baixa ou moderada, dinâmicas ouestáticas por um período maior de tempo. A resistência musculará fadiga é descrita quando um músculo se contrai repetidamentecontra uma resistência gerando e mantendo tensão suficiente e136
EXERCÍCIOS RESISTIDOS NA FADIGA MUSCULAR EM PORTADORES DE ESCLEROSE MÚLTIPLAresistindo à fadiga por um tempo prolongado. A maioria das tarefasdiárias necessita de certo grau de resistência muscular, mesmomúsculos fortes podem encontrar-se sem resistência muscular,levando-os à fadiga mais rapidamente. No treino para melhorada resistência o essencial são séries numerosas, baixa intensidade(carga) e extenso período de tempo. Este tipo de treino possuigrandes vantagens sobre os exercícios resistidos de intensidadeelevada, observando que a baixa intensidade é mais confortávelpara o paciente, não produz grandes impactos sobre as articulaçõese produz menos irritação sobre os tecidos moles. Os pacientes comEM podem se beneficiar com este tipo de exercício, aumentandosua capacidade de resistir à fadiga muscular, obtendo assim maiorfuncionalidade e melhor qualidade no desempenho de tarefas docotidiano (FURTADO & TAVARES, 2006; KISNER & COLBY,2005). As adaptações fisiológicas decorrentes do treinamento deresistência muscular à fadiga em relação à estrutura do músculoesquelético envolvem aumento da densidade dos leitos capilares eda densidade e volume das mitocôndrias, ou seja, há um aumentona capacidade oxidativa e metabólica dos músculos, sendo queo uso e o transporte de oxigênio e nutrientes são melhorados. Ahipertrofia muscular neste tipo de treinamento é mínima. Comrelação à composição do corpo há uma redução do percentual degorduras, mas a massa magra não sofre alterações. Os tendões,ligamentos e tecido conjuntivo têm sua força tensiva aumentada econcomitantemente a mineralização óssea é elevada com atividadescombinadas ao apoio de peso. O tempo para que essas adaptaçõesocorram variam de um indivíduo para outro e dependem do graude adesão do paciente aos exercícios resistidos e da extensão doscomprometimentos oriundos da patologia (KISNER & COLBY,2005). 137
PEDROSO, Ana Paula – BECK, Derliane Glonvezynski dos Santos Os exercícios resistidos têm sido utilizados por pacientescom EM e têm se demonstrado seguros e efetivos quando usadoscom moderação. Indivíduos com comprometimentos mínimose doença estável parecem ter melhor tolerância aos exercícios e,portanto, obtêm o máximo benefício. É importante considerar queos exercícios com intensidade submáxima (baixa a moderada)são tolerados, enquanto que o exercício máximo não. Têm sidorelatadas melhoras significativas nas medidas de força e resistênciamuscular á fadiga, fatigabilidade (fadiga central) e na percepção dafadiga periférica muscular (O’SULLIVAN & SCHIMITZ, 2004).DeBolt e McCubbin (2004) registraram o impacto de um programadomiciliar com exercícios resistidos para membros inferiores(MMII) em portadores de EM, a partir de um programa que secompreendia de seis sessões para instrução dos participantes e oitosemanas de treinamento com três sessões semanais em ambientedomiciliar. Participaram do estudo dezenove praticantes e dezessetecontroles, todos com EM confirmada. Os resultados demonstrarammelhora significativa de potência de MMII, com ganhos médios de37,4% e diminuição de 12,7% no tempo de caminhada. Em outro estudo, White et al. (2004) avaliaram o efeito deoito semanas de um programa de treinamento resistido progressivopara MMII em máquinas, contando com oito sujeitos com EM(EDSS: 1-5). Os participantes realizaram exercícios dinâmicose melhoraram significativamente a força isométrica de extensãode joelho (7,4%) e flexão plantar (54%), além da melhora nodesempenho na execução de três minutos de subida e descida dedegrau (8,7%). O auto-relato de fadiga reduziu significativamente(24%) e houve, ainda, uma tendência para redução da incapacidadea partir de auto-relato (EDSS de 3,7 para 3,2). Em um estudo com maior duração e número de sujeitos,Romberg et al. (2004) estudaram o impacto de vinte e seis semanas138
EXERCÍCIOS RESISTIDOS NA FADIGA MUSCULAR EM PORTADORES DE ESCLEROSE MÚLTIPLAde exercícios resistidos com faixas elásticas em noventa e cincoindivíduos com EM (EDSS: 1-5,5). Foram observadas melhorassignificativas nos testes de caminhada de 7,62 metros (12%) e 500metros (6%), além de melhora na resistência muscular localizadade membros superiores (2,9 repetições). O impacto de um programa de exercícios nocondicionamento físico e na qualidade de vida de pessoas comEM foi estudado por Petajan et al. (1996). Nessa pesquisa vinte eum sujeitos (EDSS = 6) completaram um programa de exercíciospor quinze semanas com três sessões semanais. Cada sessão detreino consistia de cinco minutos de aquecimento a 30% VO2max(volume máximo de oxigênio que um indivíduo consegue utilizarpor minuto), trinta minutos a 60% do VO2max, seguidos decinco minutos de resfriamento e alongamento para os MMII epara as costas. Os exercícios foram realizados em ergômetro debraços e pernas. Nesse estudo foi observado aumento de 22% noVO2, diminuição de gordura corporal e níveis de triglicérides,além de mudanças favoráveis na força máxima isométrica detodos os grupos musculares. O treinamento também resultou emum profundo impacto na qualidade de vida, com reduções nadepressão, fadiga e melhora na mobilidade e cuidados corporais. Oautor sugere que indivíduos com EM podem obter benefícios coma prática de exercícios físicos, similares àqueles alcançados porpessoas sem doença. Dodd et al. (2006) desenvolveram um estudo qualitativopara explorar as percepções de adultos com EM sobre os efeitospositivos e negativos de um programa progressivo de reforço daresistência. O estudo teve a participação de sete mulheres e doishomens (idade média de 45,6 anos) com EM, eles participaram de umprograma de dez semanas de exercícios com resistência progressiva 139
PEDROSO, Ana Paula – BECK, Derliane Glonvezynski dos Santoscom frequência de duas vezes por semana. Os participantes foramentrevistados no final do programa e os resultados foram muitopositivos, com benefícios físicos, psicológicos e sociais notáveis. Amaioria dos participantes relatou menos fadiga como resultado doprograma. Poucos resultados negativos foram registrados e estesforam menores, tais como dores. Os principais fatores extrínsecospara a conclusão do programa foram o incentivo dos líderes e doconhecimento dos exercícios, enquanto que os principais fatoresintrínsecos foram a satisfação, a determinação e a vivência dossinais de progresso. Os resultados deste estudo sugerem que otreinamento de força e resistência progressivas é uma opção viávelpara a melhora da aptidão física para algumas pessoas com EM. Osfatores apontados como importantes para a conclusão do programasão a escolha de profissionais com conhecimento e capacidade deincentivar os exercícios e o trabalho de grupo que contribuírampara o sucesso do programa. Os benefícios dos exercícios resistidos apresentados nosestudos e pesquisas relacionados são inúmeros e se refletem tantofísica quanto mentalmente. Os benefícios que os pacientes comEM experimentam ao praticar os exercícios resistidos podemser os mesmos experimentados por pessoas saudáveis. SegundoKisner & Colby (2005). O treinamento de resistência muscularproporciona um maior aporte sanguíneo ao músculo esqueléticoaumentando a capacidade oxidativa e metabólica desses tecidos.Concomitantemente há também uma redução do percentual degordura pela queima calórica provocada pelos exercícios e aumentoda força tensiva dos tendões, ligamentos e tecido conjuntivo. A redução da fadiga central e cansaço generalizadopodem ser explicados em razão de que a prática de exercíciosfísicos estimula a liberação de substâncias como a endorfina, que140
EXERCÍCIOS RESISTIDOS NA FADIGA MUSCULAR EM PORTADORES DE ESCLEROSE MÚLTIPLAproporcionam sensação de bem estar físico e mental. O fato de opaciente realizar uma atividade que não era habitual, onde ele podeinteragir com outras pessoas e mudar sua rotina que muitas vezes élimitada em decorrência da doença, pode fazer com que o pacientese sinta mais disposto e menos fadigado (HAASE et al., 2004). O aumento da resistência muscular à fadiga e a percepçãoreduzida da fadiga central apontada nos estudos descritos revelamque se deve preconizar as atividades físicas, principalmente osexercícios resistidos que se mostram, até o momento, eficientesno tratamento de algumas das principais manifestações clínicasdecorrentes da EM, ao contrário da inatividade, antes dada comoorientação a estes pacientes. A consideração a ser feita é que se trata de uma doençacrônica, progressiva, degenerativa e com limitações e incapacidadesque devem ser respeitadas. Aplicar um programa de exercíciosresistidos nestes pacientes requer conhecimento da patologia, dotratamento e das necessidades individuais de cada um, além deuma boa interação do fisioterapeuta com o paciente que precisa seruma relação de confiança e aprendizagem mútua.3 CONCLUSÃO Com base no que foi descrito nos capítulos anteriores, pôde-se verificar que entre as inúmeras manifestações clínicas advindasda EM a fadiga muscular é descrita como a mais debilitante eincapacitante, principalmente quando somada à fadiga central.Observou-se também que os fatores predisponentes à fadigamuscular são o desuso, a inatividade e o descondicionamentofísico, ou seja, o sedentarismo adotado como estilo de vida por 141
PEDROSO, Ana Paula – BECK, Derliane Glonvezynski dos Santosesses pacientes e os períodos de surto que os confinam ao leito,tornam-se agravantes na redução da resistência muscular à fadiga. Verificou-se em pesquisas recentes que uma das alternativasde tratamento para restabelecer a resistência muscular à fadiga,prejudicada com a EM, são os exercícios resistidos, partindo dopressuposto que estes exercícios melhoram a aptidão física, o bemestar, aumentam a resistência muscular à fadiga e melhoraram aforça muscular. Mostrou-se que os pacientes com grau de acometimento levea moderado são os candidatos à prática dos exercícios resistidos,que devem ser realizados em locais adequados e orientados porfisioterapeutas. E ainda, que a intensidade submáxima é a maisindicada para a reabilitação da resistência muscular à fadiga e que onúmero de repetições deve ser maior e as cargas impostas menores,com repouso razoável entre as séries de exercícios. A frequênciasemanal ideal fica em torno de três dias intercalados por um dia dedescanso. Portanto, respeitando-se as peculiaridades e os limitesimpostos pela EM, a individualidade de cada paciente e oemprego consciente e seguro dos exercícios resistidos pode-se obter resultados positivos em relação à fadiga muscular. Osestudos relacionados evidenciam estas possibilidades através dosbenefícios apresentados, especificamente, em relação à melhora daresistência muscular à fadiga e consequentemente da capacidadefuncional. Muitos estudos e pesquisas ainda precisam ser realizadosem relação à EM e a terapêutica sintomática, visto que, há aindainúmeras possibilidades a serem testadas e que podem trazer aesperança de um futuro melhor a estes pacientes.142
EXERCÍCIOS RESISTIDOS NA FADIGA MUSCULAR EM PORTADORES DE ESCLEROSE MÚLTIPLA4 REFERÊNCIASBECKER, A.; DULKEN, M. Fisioterapia em Neurologia. SãoPaulo: Santos, 2008.BUJA, M. L.; KRUEGER, G. F. Atlas de patologia humana deNetter. Porto Alegre: Artmed, 2007.DEBOLT, S.; MCCUBBIN, J. A. The effects of home-basedresistance exercise on balance, power, and mobility in adultswith multiple sclerosis. Archives of Physical Medicine andRehabilitation, v. 85, n. 2, p. 290-297, 2004.DODD, K. J. et al. A qualitative analysis of a progressive resistanceexercise programme for people with multiple sclerosis. Desability& Rehabilitation, v. 18, n. 18, p. 1127-1134, 2006.FURTADO, O.; TAVARES, F. Orientação de exercícios físicospara pessoas com esclerose múltipla. Revista Efdeportes, v. 11, n.99, 2006.GRZESIUK, A. Características clínicas e epidemiológicas de 20pacientes portadores de esclerose múltipla acompanhados emCuiabá - Mato Grosso. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, v. 61, n. 3,p. 635-638, 2006.HAASE, V. et al. Avaliação do funcionamento psicossocial naesclerose múltipla: características psicométricas de quatro medidasde auto-relato. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, v. 62, n. 2, p. 282-290, 2004.JONES JR., H. R. Neurologia de Netter. Porto Alegre: Artmed,2006.KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios Terapêuticos: fundamentose técnicas. 4. ed. São Paulo: Manole, 2005.KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N. Patologia: BasesPatológicas das Doenças. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.MINGUETTI, G. Ressonância magnética na esclerose múltipla:análise de 270 casos. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, v. 59, n. 3, p.563-569, 2001.MENDES, M. et al. Fadiga na forma remitente recorrente daesclerose múltipla. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, v.58, n. 2, p.471-475, 2000. 143
PEDROSO, Ana Paula – BECK, Derliane Glonvezynski dos SantosNITRINI, R.; BACHESCHI, L. A. A Neurologia que todo médicodeve saber. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2005.O’SULLIVAN, S. B.; SCHIMITZ, T. J. Fisioterapia: Avaliação eTratamento. 2. ed. SÃo Paulo: Manole, 2004.PETAJAN, H. et al. Impact of aerobic training on fitness andquality of life in Multiple Sclerosis. Annals neurology, v. 39, n. 4,p. 432-441, 2004.PORTER, S. Fisioterapia de Tidy. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,2005.ROMBERG, A. et al. Effects of a 6-month exercise program onpatients with multiple sclerosis: a randomized study. Neurology, v.63, n. 11, p. 2034-2038, 2004.SILVA, G.; VALENÇA, S. Neurologia Clínica. Recife: Universitáriada Universidade federal de Pernambuco (UFP), 2003.WHITE, L. J. et al. Resistance training improves strength andfunctional capacity in persons with multiple sclerosis. MultipleSclerosis, v. 10, n. 6, p. 668-674, 2004.144
INTERVENÇÃO DA FISIOTERAPIA EM QUEIMADOS INTERVENÇÃO DA FISIOTERAPIA EM QUEIMADOS HEINZMANN FILHO, João Paulo1 WOZEZENSKI, Cristhiele Tais 1 BECK, Derliane Glonvezynski dos Santos2 RESUMO A pesquisa realizada foi do tipo bibliográfica, onde a abordagem qualitativa foi utilizada como eixo central. Com o desenvolvimento desse artigo, verificou-se a relevância da fisioterapia nas diversas etapas do processo de reabilitação. Tornando indispensável a atuação deste profissional, juntamente com uma equipe interdisciplinar, buscando um intervervenção precoce para evitar possiveis complicacões secundárias a queimadura. O estudo teve por objetivo enfatizar a utilização dos recursos fisioterapêuticos no tratamento de pacientes com lesões térmicas. Constatou-se através dos mesmos, uma melhora no reparo tecidual, maior extensibilidade dos tecidos, melhora na cicatrização, analgesia, redução de edemas, quelóides, contraturas, deformidades, aumento da ADM, força muscular e do sistema1 Acadêmico do Curso de Fisioterapia do Instituto Cenecista de Ensino Superior de SantoÂngelo.2 Professora de Cursos de Fisioterapia e Biomedicina do Instituto Cenecista de EnsinoSuperior Santo Ângelo, Fisioterapeuta, Mestre em Fisiologia. 145
HEINZMANN FILHO, João Paulo – WOZEZENSKI, Cristhiele Tais – BECK, Derliane Glonvezynski dos Santos respiratório. Proporcionando assim um ganho na capacidade funcional, melhorado suas perspectivas de vida e contribuindo para uma melhora em sua auto-estima. Palavras-Chave: Pele, Queimaduras, Reabilitação, Fisioterapia, Recursos Fisioterapêuticos. ABSTRACT The research design was literature, where the qualitative approach was used as the centerpiece. With the development of this article, there was the importance of physiotherapy in the various stages of rehabilitation. Making it essential to performance of this work, together with an interdisciplinary team, seeking a intervervenção early to avoid possible complications secondary to burn. The study aimed to emphasize the use of chest physical therapy in treating patients with thermal injuries. It was found through the same, an improvement in tissue repair, increased tissue extensibility, improved healing, analgesia, reduction of edema, keloids, contractures, deformities, increased ROM, muscle strength and respiratory system. Thus providing a gain in functional capacity, improved their chances of living and contributing to an improvement in their self-esteem. keywords: Skin, Burns, Rehabilitation, Physiotherapy, physical therapy resources.146
INTERVENÇÃO DA FISIOTERAPIA EM QUEIMADOS1 INTRODUÇÃO As lesões térmicas estão entre os principais problemasde saúde no mundo industrial e nos Estados Unidos anualmenteregistram a mais alta incidência dessas lesões. Os dados disponíveisconstam mais de dois milhões de pessoas queimadas a cada ano.Um quarto dessas requer atenção médica e aproximadamente cincomil mortes estão relacionados com lesões térmicas (SULLIVAN &SCHMITZ, 2004). Embora esses dados ressaltarem a grandeza do problemade saúde causado por queimaduras, avanços médicos recentes têmreduzido significativamente o número de mortos devido a essaslesões, melhorando o prognóstico e as habilidades funcionais dospacientes sobreviventes. A taxa de sobreviventes tem aumentadodevido à melhora das técnicas de ressuscitação, à assistênciamédica aguda e as assistências cirúrgicas agora mais disponíveis,assim como a constante pesquisa sobre o tratamento e assistênciadeste paciente (SULLIVAN & SCHMITZ, 2004). Com o resultado de perspectivas mais positivas em relaçãoa esses aspectos, mais fisioterapeutas se tornam responsáveis pelotratamento desses pacientes em uma parte significativa de suareabilitação. Não só abrangendo a unidade hospitalar, como outroslocais indispensáveis nas diversas áreas de atuações (SULLIVAN& SCHMITZ, 2004; GUIRRO & GUIRRO, 2002). A queimadura pode ser considerada uma lesão dos tecidosorgânicos em decorrência de um trauma de origem térmica. Podemvariar desde uma pequena flictena, até formas mais graves capazesde desencadear um grande número de respostas sistêmicas. Asintercorrências locais e sistêmicas produzidas pelas queimaduras 147
HEINZMANN FILHO, João Paulo – WOZEZENSKI, Cristhiele Tais – BECK, Derliane Glonvezynski dos Santosmostram a grande importância da pele e conseqüentemente desuas funções protetoras do organismo contra agentes externos(GUIRRO & GUIRRO, 2002). Está entre os traumas mais graves, pois além dos problemasfísicos que podem levar o paciente à morte, pode acarretar outrosproblemas de ordem psicológica e social (ROSSI et. al., 1998).Nesse trauma há liberação de mediadores celulares e humoraisque determinam alteração da permeabilidade capilar, metabólicae imunológica levando a desnutrição e infecção. As queimadurasconstituem, nas diferentes idades, a terceira causa de morte portrauma e a segunda em menores de quatro anos. Podem ser causadaspor lesões térmicas, químicas, elétricas e radiações (COSTA et. al.,1999). As queimaduras podem ser classificadas quanto àsua profundidade, sendo comumente classificada em graus.Para determinar o grau da queimadura, devemos identificar aprofundidade do trauma térmico da pele. Baseado na avaliação,na extensão e na profundidade da queimadura, é traçado um planode tratamento visando às reais necessidades a curto, médio e longoprazo (GUIRRO & GUIRRO, 2004). O fisioterapeuta pode atuar nas diversas etapas do processode reabilitação, desde quando admitido no hospital, no centrocirúrgico e no pós-operatório (MARINI, 2007). Englobando osdiversos recursos como a cinesioterapia, um posicionamentoadequado, associados com a massoterapia, crioterapia e com aeletroterapia (GUIRRO & GUIRRO, 2004). Todos com o objetivode proporcionar uma maior capacidade funcional ao individuo,buscando acelerar o processo de reparo tecidual, cicatrização,minimizar a formação de quelóides e alterações estruturais,melhorando assim a qualidade de vida deste paciente.148
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