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Published by comunicacao, 2015-04-29 23:36:47

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INTERVENÇÃO DA FISIOTERAPIA EM QUEIMADOS2 DISCUSSÃO A pele do homem corresponde a 15% de seu peso corporal,é um órgão que reveste e delimita o organismo, protegendo-o einteragindo com o meio externo. Pela sua resistência e flexibilidade,determina sua plasticidade. Caracteristicamente dinâmica, a peleapresenta alterações constantes, sendo dotada de grande capacidaderenovadora e de reparação e de certo grau de impermeabilidade.Tem como função maior e vital a conservação da homeostasiaregulando o controle hemodinâmico, termorregulação e excreçãode metabólicos. Desempenha ainda, função sensorial, defesa contraagressões físicas, químicas e biológicas, para qual se destacam, pelasua importância a ceratinização, o manto lipídico e o seu sistemaimunológico. Quando a pele sofre lesões, ela pode alterar toda asua estrutura, forma e dinamismo. (AZULAY & AZULAY, 2006). O conceito queimaduras é bastante amplo, porém,basicamente a queimadura é conceituada como lesão dos tecidosorgânicos em decorrência de um trauma de origem térmica. Podemvariar desde uma pequena flictena, até formas mais graves capazesde desencadear um grande número de respostas sistêmicas. Asintercorrências locais e sistêmicas produzidas pelas queimadurasmostram a grande importância da pele e conseqüentemente desuas funções protetoras do organismo contra agentes externos(GUIRRO & GUIRRO, 2004). Essas lesões seguem desde hiperemia restrita à áreaqueimada, alterações celulares imunológicas decorrentes doinsulto, envolvimento das vias respiratórias e ocorrência detraumatismos associados, podendo evoluir até o óbito (BORGES,2006). A queimadura depende de vários fatores como, por exemplo, 149

HEINZMANN FILHO, João Paulo – WOZEZENSKI, Cristhiele Tais – BECK, Derliane Glonvezynski dos Santosa extensão da área queimada, a profundidade da queimadura, tipodo agente agressor, região atingida e a gravidade da lesão. Poucas são as doenças que trazem seqüelas tão importantescomo a queimadura. Mesmo com a sobrevivência física e aocorrência da reepitelização de toda pele, as cicatrizes, as contraturase a distorção da própria imagem culminam com freqüência na“morte social” (OLIVEIRA et al., 2007). A queimadura geralmenteé causada por agentes térmicos, químicos, elétricos ou radioativosque agem no tecido de revestimento do corpo humano e podedestruir parcialmente ou totalmente a pele, seus anexos e até atingircamadas mais profundas, como os tecidos subcutâneos, músculos,tendões e ossos (DELIBERATO, 2002; VIANA et al., 2009). Estudos epidemiológicos em diversos países indicamque as queimaduras representam uma das principais causasnão intencionais de acidentes em crianças e adolescentes. Essasrepresentam a segunda causa de morte acidental na infância. Nospaíses em desenvolvimento as queimaduras representam 96%das causas de morte por lesão unidirecional, totalizando 271.000mortes. No Brasil, em 2001, ocorreu um milhão de acidentes porqueimaduras e aproximadamente 2.500 destes indivíduos foram aóbito (VIANA et al., 2009). As crianças apresentam maior predisposição paraacidentes. Nesse período de desenvolvimento, a criança é curiosa,inquieta, inexperiente, exploradora, ativa e, na maioria das vezes éincapaz de identificar e avaliar o perigo. Estes fatores associados ànegligência dos familiares facilitam os acidentes. Pesquisas realizadas no Brasil e em diversos paísesapontam que os principais agentes etiológicos dos acidentes porqueimaduras em crianças são os escaldamentos por água quente,líquidos quentes e os produtos inflamáveis. Os acidentes por150

INTERVENÇÃO DA FISIOTERAPIA EM QUEIMADOSqueimaduras são considerados dos mais graves traumas, pois alémdo risco de morte, as complicações como septicemia, falência renale cardiorrespiratória, poderão induzir importantes modificaçõesmetabólicas, seqüelas físicas e psicológicas (VIANA et al., 2009). Constitui um evento que pode fazer perigar o bem estarfísico e psicológico do indivíduo, dependendo naturalmente dagravidade da situação, a complexidade deste tipo de lesões podetraduzir-se em hospitalizações e conseqüente separação do meiofamiliar por vezes prolongado, em que a dor e o receio podemtomar dimensões particularmente estressantes (BICHO & PIRES,2002). Muitos acidentes, incluindo os graves estão relacionadoscom o trabalho ou com acidentes de carro e outros tipos de colisões,enquanto 75% ocorrem no domicílio, especialmente na cozinhae no banheiro, com alimentos e líquidos quentes, constituindouma das fontes mais comuns de queimaduras. As situações maiscomuns ocorrem na cozinha durante o preparo de alimentos, adesatenção com alimentos líquidos e utensílios quentes, águaquente no banheiro, agentes químicos e em casas antigas comfiações elétricas velhas, lâmpadas com correntes penduradas,radiadores, aquecedores de ambientes e vaporizados, isqueirosacesos e fósforo na mão de crianças entre outros (MELLO et al.2007; SILVA et al., 2007). As queimaduras podem ser classificadas quanto à suaprofundidade, sendo comumente classificada em graus. Determinaro grau da queimadura significa determinar a profundidade dotrauma térmico da pele. O primeiro grau é mais superficial, as lesões se restringema epiderme, o quadro clínico apresenta hiperemia local, ausênciade flictenas e um quadro doloroso pronunciado. São geralmente 151

HEINZMANN FILHO, João Paulo – WOZEZENSKI, Cristhiele Tais – BECK, Derliane Glonvezynski dos Santoslesões não significativas, sem alterações hemodinâmicas oualterações clínicas importantes. Exemplos desse tipo de lesão sãoos eritemas causados pelo sol ou pelo contato com água quente.As lesões de segundo grau são consideradas nível intermediário,atingindo a epiderme e espessuras variáveis da derme, poupandoparte desta. A principal característica é a presença de flictenas,causadas geralmente por contato com liquido superaquecido(GUIRRO & GUIRRO, 2004). Já o terceiro grau, considerado grave, atinge toda aepiderme e a derme, podendo atingir até outros tecidos como a telasubcutânea, tecido muscular e ósseo. A cicatrização geralmente émais difícil e demorada, podendo deixar muitas seqüelas como,por exemplo, quelóides enormes e múltiplas alterações estruturais.Sendo necessárias medidas de intervenção mais drásticas, comoo uso de enxertos. Mais comumente encontrado em vitimas deincêndios graves, queimaduras elétricas ou mesmo térmicas, sãoresponsáveis por este tipo de lesão (MILANI et al., 2006; GUIRRO& GUIRRO, 2004). Podemos ainda levar em consideração o quarto grau,classificado por alguns autores, geralmente por queimadura elétrica,no qual envolve a destruição de todos os tecidos, incluindo fáscia,músculos ou o osso, podendo levar a uma amputação (MARTINI,2007). Outro fator importante é determinar a extensão da áreaafetada, geralmente calculada pela regra dos nove, na qualdivide a superfície corporal em segmentos que equivalem aaproximadamente 9% do total. Cada segmento corporal correspondea um número múltiplo de nove, sendo classificado de acordo coma idade, possuindo porcentagens diferentes, sendo ela criança ouadulto.152

INTERVENÇÃO DA FISIOTERAPIA EM QUEIMADOSTabela 1: Regra dos Nove Adulto % equivalente Cabeça e pescoço 9% 18% Tronco anterior 18% Tronco posterior 18%Membros superiores 36%Membros inferiores 1% Períneo % equivalente Criança 21% Cabeça 18% Tronco anterior 18% Tronco posterior 18% Membro superior 24% Membro inferior 1% PeríneoFonte: Guiro & Guiro (2004). São consideradas grandes queimaduras ou críticas, as de 2ºGrau acima de 25% da superfície corporal em adultos, e 20% emse tratando de crianças, além, das queimaduras de 3º Grau acimade 10%. Incluem se, nessa categoria, todas as queimaduras de face,pés, mãos e genitais, as queimaduras elétricas, as associadas àfratura ou perdas teciduais importantes e as de grande risco devidoà idade (KNOPLICH, 2010). Em relação aos fatores fisiopatológicos, após oacometimento da pele e tecidos adjacentes pelo agente térmico,há a excitação de terminações nervosas que liberam mediadoresquímicos (histamina, prostaglandina, serotonina, leucotrienos).Estes mediadores causam vasodilatação e aumento dapermeabilidade vascular, havendo extravasamento de plasma parao interstício (TANAKA, 2010). 153

HEINZMANN FILHO, João Paulo – WOZEZENSKI, Cristhiele Tais – BECK, Derliane Glonvezynski dos Santos A lesão por queimadura acarreta uma destruição daintegridade capilar e vascular, o que resulta na formação do edema,com a perda do fluído intravascular para os espaços intercelulares.Ocorrendo ainda a destruição da integridade vascular e a formaçãode edema na área da queimadura, bem como nos tecidos adjacentes(CHEM, 2010). As lesões provocam uma significativa agressão metabólicae catabólica ao organismo que desencadeiam um rápido decréscimono peso corporal, equilíbrio negativo do nitrogênio, perda decomponentes intracelulares e uma redução nas reservas de energia,tão vital para o processo de cicatrização (TANAKA, 2010). As queimaduras promovem alterações locais e sistêmicas,com grandes variações no processo de reparação, os quaisdependem da intervenção terapêutica precoce. Por isso ressalta-se a grande importância da fisioterapiadentro das diversas etapas do processo de reabilitação, envolvendodesde terapias locais às sistêmicas enfatizando os recursos dacinesioterapia, posicionamento adequado, associados com amassoterapia, crioterapia e com a eletroterapia (GUIRRO &GUIRRO, 2004). O tratamento fisioterapêutico tem inicio nomomento em que o paciente queimado é admitido no hospital econtinua no centro cirúrgico e no pós-operatório (MARINI, 2007). A fisioterapia é amplamente empregada para cuidadosespeciais em queimaduras da região da face, pescoço, pelasaderências que podem causar na cicatrização das queimadurasde terceiro e quarto graus. Além disso, outros acometimentosimportantes são as queimaduras na região dos genitais que podemcausar alterações na uretra, pênis e vagina, por destruição de tecidosnobres. Sem esquecer as freqüentes lesões em pés, que podem154

INTERVENÇÃO DA FISIOTERAPIA EM QUEIMADOSdeixar seqüelas de posições viciosas que posteriormente, impeçamna recuperação, interferindo na deambulação e nas atividades devida diária (KNOPLICH, 2010; GOMES, 1995). Esse processo envolve uma equipe interdisciplinar, no qualo fisioterapeuta será um membro indispensável para este paciente,tanto no processo evolutivo da reabilitação, como também atuandode forma complementar nas cirurgias. Como em qualquer outro atendimento, o paciente deverápassar por uma avaliação geral de todos os membros da equipe, noqual os profissionais deverão ressaltar quais serão os objetivos aoser alcançados, é claro, com a cooperação da equipe e do paciente,a fins de buscar resultados mais efetivos e rápidos para os mesmos.Devemos enfatizar que quanto mais precoce for a atuação daequipe profissional deste paciente, mais rápidas serão as melhorasteciduais, gerando menores riscos de possíveis complicações,deixando o paciente mais hábil possível e contribuindo para suaqualidade de vida (GUIRRO & GUIRRO, 2004). Baseado na avaliação, na extensão e na profundidade daqueimadura, e no estado atual de saúde, idade condição mental efísica do paciente, seu prognóstico pode ser estimado pela equipede atendimento. Segundo o Guia para a prática de fisioterapia,da Associação Americana de Fisioterapia, 1999, sugere algunsobjetivos a serem alcançados como o favorecimento da recuperaçãoda pele e tecidos moles, a redução dos riscos secundários,obtenção quando possível da ADM completa, restauração daresistência cardiovascular, normalizar a força muscular, obtençãoda deambulação independente e o mais precoce possível, mínimaformação de cicatrizes, o aumento da independência na realizaçãode AVD`s e AIVD`s entre outros (SULLIVAN & SCHMITZ,2004). 155

HEINZMANN FILHO, João Paulo – WOZEZENSKI, Cristhiele Tais – BECK, Derliane Glonvezynski dos SantosGeralmente o controle e a resolução do edema são os primeirosobjetivos em curto prazo, como também a manutenção da ADM,elevação dos membros, o encorajamento de exercícios ativosquando possível. A prevenção de contraturas e aderências através de umposicionamento correto, levando em conta a queimadura, podendoutilizar diversos recursos como a colocação de talas e exercíciosquando possíveis. Os exercícios trazidos pelo terapeuta e adeambulação precoce, também ajudarão a minimizar os efeitos doimobilismo prolongado. Após o fechamento da ferida, massageme compressão ajudarão a diminuir a formação de contraturase a forma final das cicatrizes (SULLIVAN & SCHMITZ, 2004;GUIRRO & GUIRRO, 2004). As massagens clássicas, linfáticas e respiratórias vêemcomo um recurso utilizado para melhorar a circulação, atenuaredemas e linfedemas, sendo utilizada como meio de mobilizaçãode secreções e facilitar a penetração de agentes lubrificantes(GUIRRO & GUIRRO, 2004). Para auxiliar na liberação e na prevenção de aderências,deformidades e cicatrizes mal formadas, devem ser iniciados osexercícios passivos e ativos. O exercício terapêutico tem comoobjetivo manter, corrigir e/ou recuperar uma determinada função,ou seja, restaurar a função normal do corpo ou manter o bem estar.Sua principal finalidade é a manutenção e desenvolvimento domovimento livre para a sua função e seus efeitos baseiam se nodesenvolvimento da força, resistência à fadiga, da mobilidade eflexibilidade, do relaxamento e da coordenação motora (SULLIVAN& SCHMITZ, 2004; GUIRRO & GUIRRO, 2004). A medida da evolução do paciente deve ser encorajadosexercícios resistidos e de condicionamento físico, pois o paciente156

INTERVENÇÃO DA FISIOTERAPIA EM QUEIMADOSperde muito de sua capacidade muscular e condicionamentocardiopulmonar, sendo estes benéficos para aumentar a sua forçamuscular e ADM (GUIMARÃES & CRUZ, 2003; SULLIVAN;SCHMITZ, 2004). Não podemos deixar de citar a grandeincidência de complicações pulmonares após queimaduras graves,estando elas entre 24% a 84%, sendo geralmente por inalação defumaças, envolvendo vários gases como, por exemplo, o monóxidode carbono, hidrocarbonetos entre outros. Antes de pensarmos em tratamento deve-se avaliarcuidadosamente o sistema respiratório, detectando qualquer somou ruídos adventícios, analisando a morfodinâmica do pulmão.Normalmente, as lesões causadas por queimaduras atingemo sistema respiratório, sendo necessária interferência de umfisioterapeuta para a desobstrução brônquica e para a mobilizaçãode secreções pulmonares. Mas ainda, o fisioterapeuta pode atuar,na desinsulflação pulmonar, reexpansão pulmonar, reeducação nafunção muscular respiratória, ventilação mecânica e prevenção dasdeformidades torácicas subseqüentes à lesão (GOMES, 1995). Os recursos eletroterapêuticos são extremamente usados naprática diária de um fisioterapeuta. São práticas complementaresque podem ser usadas em todas as áreas da fisioterapia. Vão deaparelhos que produzem correntes elétricas, calor ou energialaser que possuem uma infinidade de efeitos, tais como analgesia,melhora da circulação, efeitos pró-inflamatórios, diminuição daespasticidade, maior extensibilidade dos tecidos entre tantos outros(ROSAS & OLIVEIRA, 2007). As correntes excitomotoras realizam a ativação elétricado sistema neuromuscular produzindo efeitos terapêuticos, sendobastante utilizada na recuperação da função motora perdida oudiminuída nesse paciente. Ela possibilita a estimulação da atividade 157

HEINZMANN FILHO, João Paulo – WOZEZENSKI, Cristhiele Tais – BECK, Derliane Glonvezynski dos Santosmuscular, por influenciar as propriedades morfológicas, fisiológicase bioquímicas, as quais resultam no aumento da força auxiliandoo ganho muscular buscado com a realização de exercícios ativos eativos resistidos (GUIRRO & GUIRRO, 2004). Podemos destacar a utilização do TENS, como relatouRushton, como uma das principais correntes elétricas terapêuticas,utilizada em processos álgicos agudos e crônicos, cuja tradução eminglês refere-se a uma estimulação elétrica nervosa transcutânea,usada com finalidade de influenciar e modular o processo deneurocondução da dor e atuar sobre a liberação de opióidesendógenos a nível medular e da hipófise. Este recurso tem sido usado extensivamente em locais deatendimento à saúde para o manejo sintomático de dor aguda e dorcrônica de origem benigna e também no atendimento paliativo dador causada por doenças ósseas metastáticas e neoplasias (MELOet al., 2006). A aplicação desse recurso deve ser avaliado, pois diferentesindivíduos apresentam níveis variados de dor e sensibilidade, sendonecessária também a localização dos pontos dolorosos para umposicionamento correto dos eletrodos evitando a aplicação sobresoluções de continuidade (FERREIRA et al., 2007). Segundo Dourado, deve ser utilizada a aplicação da TENSdurante 20 a 30 minutos, com o objetivo de diminuir a dor e a tensãodos pacientes com programação de troca de curativos. E importantesalientar a utilização correta deste tipo de corrente, pois utilizaçãoinadequada leva a resultados negativos e conseqüentementemenores efetividade da corrente (GUIRRO & GUIRRO, 2004). Outro recurso também importante é a utilização doUltrasom terapêutico (US) empregado há mais de 40 anos no158

INTERVENÇÃO DA FISIOTERAPIA EM QUEIMADOStratamento de diversas patologias e uma quantidade considerávelde trabalhos laboratoriais tem sido realizado com o objetivo deesclarecer seus efeitos sobre os tecidos. Seus efeitos têm sidodemonstrados benéficos no tratamento de condições como acicatrização de úlceras e tecidos, o aumento da circulação sanguíneaem tecidos isquêmicos, a consolidação e fraturas e pseudo-artroses,a cicatrização tendinosas, a regeneração muscular e o estímulo àangiogênese, entre outros (CARVALHO & ALMEIDA, 1996). O US é uma modalidade de energia sonora longitudinal depenetração profunda, que, ao ser transmitida aos tecidos biológicos,é capaz de produzir alterações celulares por efeitos mecânicos. Atransmissão ocorre pelas vibrações das moléculas do meio atravésdo qual a onda se propaga. Este meio irradiado oscila ritmicamentecom a freqüência do gerador ultra-sônico por efeito piezoelétrico,ao comprimir e expandir a matéria (MARTINES et al., 2000). Os efeitos mecânicos, térmicos e químicos do US e o modode reação de órgãos isolados e também pressão é desenvolvidonas células individuais. Como resultado desta variação de pressãonegativa, elementos da célula são obrigados a se moverematravés de um efeito de micromassagem. Este efeito aumenta ometabolismo celular, o fluxo sangüíneo, o suprimento de oxigênioe até mesmo, a temperatura local, ou seja, age como um catalisadorfísico, acelerando as trocas celulares (OLSSON et. al., 2008). As ondas ultra-sônicas podem ser aplicadas por doismétodos conhecidos como contínuo e pulsado, sendo que adiferença entre os modos está na interrupção da propagação dasondas. Em média, o tempo de aplicação do US é de quatro a dezminutos por área, sendo que, para grandes superfícies, o segmentoé dividido em três ou quatro partes iguais, e aplica-se o mesmotempo por área. Esta aplicação pode ser de forma estacionária ou 159

HEINZMANN FILHO, João Paulo – WOZEZENSKI, Cristhiele Tais – BECK, Derliane Glonvezynski dos Santosnão, sendo que a primeira pode levar a uma elevação muito rápidada temperatura, ocasionando queimaduras (OLSSON et al., 2008;SILVEIRA, 2003). O mecanismo de cura das lesões térmicas inicia-se na faseinflamatória com a eliminação dos tecidos desvitalizados, devidoà lise enzimática e a fagocitose desse tecido. À medida que oprocesso inflamatório se intensifica, aumentando a clivagem entreos tecidos vivos e necróticos, o processo de regeneração vascular econjuntivo se inicia, dando formação ao tecido de granulação, quepreenche o vazio resultante do tecido eliminado. A utilização do ultra-som em queimaduras faz com queocorra a regeneração mais rapidamente, pois na fase inflamatóriatorna-se muito mais, intensa, favorecendo a formação de tecidode granulação. Além disso, os anexos de pele como os folículospilosos apresentam o epitélio em regeneração, constituindo-se emilhotas germinativas para o epitélio de cobertura da lesão (GUIRRO& GUIRRO, 2004). O Laser cujo significado é Ampliação da Luz por EmissãoEstimulada, possui algumas propriedades peculiares que o tornamcapaz de propiciar efeitos biomoduladores sobre organismos vivos.Dentre estas propriedades encontram-se a coerência espacial etemporal, a monocromaticidade e a direcionalidade (PEREIRA,2005). Na fonte de laser, a luz é produzida pela emissão estimuladade radiação, quando um fóton incidente interage com um átomopreviamente excitado. Ao atingir um tecido, a radiação laser podeser refletida, absorvida, transmitida ou espalhada. A absorção deonda exercerá em efeito particular sobre tecidos variados, atingindodiferentes profundidades de penetração (SUGAYMA, 2005).160

INTERVENÇÃO DA FISIOTERAPIA EM QUEIMADOS O laser terapia de baixa intensidade vem se destacandocomo uma das ações terapêuticas em lesões cutâneas tem porobjetivo reduzir o período de cicatrização, bem como uma melhoralevando o individuo a um retorno mais rápido á suas atividades.Sendo que o laser de baixa potência tem efeito cicatricial muitoeficaz. Seu êxito se deve ás particularidades de respostas que induznos tecidos, como a redução de edema, diminuição do processoinflamatório, aumento da fagocitose, da síntese de colágeno eproteínas, assim como a epitelização (CARVALHO et. al, 2001). O laser de baixa potência no interior do tecido causa efeitoscelulares, tanto nos tecidos superficiais como nos profundos. Seuefeito depende do comprimento de onda, da dose e intensidadeda luz durante a irradiação, é influenciado pela maneira idealde aplicação do mesmo, onde o contato da luz com a superfíciedeve ser perpendicular á superfície alvo e mais próximo possível(PRENTICE & VOIGHT, 2003). Segundo Albertini (2001), em cinco sessões há estimulaçãodo processo de regeneração, com formação de tecido de granulação,evitando grande infecção pelo efeito da aceleração da cicatrizaçãoe do efeito antiinflamatório. Em feridas onde há perda de tecido, olaser colabora para melhorar o reparo tecidual, evitando totalmenteo aparecimento de quelóides, em todos os processos de cicatrização,sendo este, um dos recursos bastante utilizados para tratamento dequeimaduras. A crioterapia é a aplicação terapêutica de qualquersubstância ao corpo, resultando numa retirada do calor corporal epor meio disso, rebaixando a temperatura tecidual. Tem por objetivominimizar seqüelas adversas que estão relacionadas ao processode lesão, como a dor, edema, hemorragia, espasmo muscular eprincipalmente, reduzir a área de lesão secundária (LOPES et al.,2003; OLIVEIRA et al., 2007). 161

HEINZMANN FILHO, João Paulo – WOZEZENSKI, Cristhiele Tais – BECK, Derliane Glonvezynski dos Santos Passou a ser usada no tratamento de queimaduras, a partirda intervenção em quelóides. O congelamento do quelóide comnitrogênio líquido causa lesão celular e microvascular, o queleva à necrose e conseqüente involução do mesmo. Foi capaz demelhorar 51 a 74% dos quelóides após duas ou mais sessões, tendobons resultados para cicatrizes. A crioterapia causa um edema noquelóide que facilita a injeção intralesional de corticóide. Quandoessas duas modalidades terapêuticas foram associadas, a taxa deresposta foi de 84% (FERREIRA & ASSUMPÇÃO, 2006).3 CONCLUSÃO De acordo com a revisão bibliográfica realizada, verificou-se a importância da intervenção fisioterapêutica no tratamento dequeimados, através dos recursos utilizados pela fisioterapia nasmais diversas etapas no processo de reabilitação. Envolvendodesde terapias locais a sistêmicas enfatizando os recursos dacinesioterapia, posicionamento adequado, associados com amassoterapia, crioterapia e com a eletroterapia. Constatou-se as melhoras proporcionadas pelos recursos,como o aumento/manutenção da ADM, força muscular, diminuiçãode quelóides, contraturas, aderências e deformidades, diminuiçãoda dor, melhora da circulação, maior extensibilidade dos tecidos,efeitos antiinflamatórios, redução do edema, prevenção etratamento de doenças pulmonares. Prevenindo também víciosposturais, causados pela queimadura, evitando assim alterações emtoda a biomecânica do individuo. O quanto mais precoce for à atuação da equipe profissionaldeste paciente, mais rápidas serão as melhoras teciduais, gerando162

INTERVENÇÃO DA FISIOTERAPIA EM QUEIMADOSmenores riscos de possíveis complicações, deixando o pacientemais hábil possível e contribuindo para sua qualidade de vida.4 REFERÊNCIASALBERTINI, R. et al. Comparação do efeito Antiinflamatóriodo laser de baixa potência AsGa e AsGaA1. In: Encontro de Pós-Graduação da UNIVAP.1. Anais de trabalhos completos. São Josédos Campos: UNIVAP, p.147-149, 2001.AZULAY, R. D.; AZULAY, D. R. Dermatologia. 4. ed. Rio deJaneiro: Guanabara Koogan, 2006.BICHO, Dora; PIRES, Antônio. Comportamento de mães decrianças hospitalizadas devido a queimaduras. Análise Psicológica,v.1, p.115-129, 2002.BORGES, Fábio. Modalidades Terapêutica nas DisfunçõesEstéticas. São Paulo: Phortes, 2006.CARVALHO, Daniel S.; ALMEIDA, Rinaldo. Atuação do ultra-som terapêutico na cicatrização de tendões. 1996. Disponível em:<WWW.nead.unama.br/artigos>. Acesso em: 9 mar. 2010.CARVALHO, P. C. et al. Os efeitos do laser de baixa intensidadeem feridas cutâneas induzidas em ratos com Diabetes mellitusexperimental. Fisioterapia Brasil, v. 2, n. 4, p. 241-246, 2001.CHEM, Roberto. Queimaduras. Disponível em: <www.abcdasaude.com.br>. Acesso em: 15 mar. de 2010.COSTA et. al. Estudo descritivo de queimaduras em crianças eadolescentes. Jornal de Pediatria, v. 75, n.3, 1999.DELIBERATO, Paulo C. P. Fisioterapia Preventiva: fundamentose aplicações. São Paulo: Manole, 2002.FERREIRA, Miranda C.; ASSUMPÇÃO, Evaldo A. CicatrizesHipertróficas e Quelóides. Revista da Sociedade Brasileira deCirurugia Plástica, Estética e Reconstrutiva, v. 21, n. 1, p. 40-48,2006.GOMES, Dino Roberto; SERRA, Maria Freitas; PELLON, MarcoAurélio. Queimaduras. Rio de Janeiro: Revinter, 1995. 163

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AMPUTAÇÃO SUPRACONDILIANA OCASIONADA POR QUEIMADURA DE CHOQUE ELÉTRICO: UM ESTUDO DE CASO AMPUTAÇÃO SUPRACONDILIANAOCASIONADA POR QUEIMADURA DE CHOQUE ELÉTRICO: UM ESTUDO DE CASO DALTROZO, Paulo Roberto de Oliveira1 STURZENEGGER, Tatiana Medina2 RESUMO As queimaduras são um problema de saúde significativo no Brasil. Contudo, até hoje, existem poucos dados disponíveis para orientar programas de tratamento e prevenção. A queimadura por choque elétrico pode levar a várias complicações, como: necrose, osteomielite e amputação. A amputação, por exemplo, leva a complicações ainda maiores, de ordem tanto funcionais como estética e, principalmente, psicológicas. O objetivo geral desse estudo foi a protetização do paciente, melhorando sua qualidade de vida. Essa pesquisa teve caráter qualitativo, se dedicando a um estudo de caso de um paciente submetido à amputação de fêmur do membro inferior direito. O sujeito de estudo é do sexo masculino, 171 Acadêmico do Curso de Fisioterapia da Universidade de Cruz Alta.2 Professora do Curso de Fisioterapia do Instituto Cenecista de Ensino Superior de SantoÂngelo e da Universidade de Cruz Alta, Fisioterapeuta, Especialista em AdministraçãoHospitalar e Saúde, Mestre em Ciências do Movimento. 167

DALTROZO, Paulo Roberto de Oliveira – STURZENEGGER, Tatiana Medina anos, vítima de acidente de trabalho. As técnicas utilizadas nele foram: ultra-som terapêutico, pulsado 0,5 W/cm2, LASER varredura 4 J/cm2, alongamentos de membro inferior direito e membro inferior esquerdo, exercícios para força muscular, treino de equilíbrio e treino de marcha. Os resultados com relação ao ganho de força, alongamento, cicatrização, equilíbrio e treino de marcha foram satisfatórios e se mostraram de grande importância para a reabilitação desse paciente e para a melhora de sua qualidade de vida, pois com as sessões de fisioterapia e com a protetização, paciente ganhou uma confiança que ele não possuía, pelo fato de ter amputado sua perna, e isso colaborou para a sua reintegração na sociedade. Palavras-Chave: Amputado, Queimado, Reabilitação ABSTRACT Burns are a significant health problem in Brazil. However, to date there is little data available to guide prevention and treatment programs. The burn from electrical shock can lead to various complications, such as necrosis, osteomyelitis and amputation. Amputation, for example, leads to complications even higher-order functional and aesthetic and mainly psychological. The general objective of this study was the prosthesis of the patient, improving their quality of168

AMPUTAÇÃO SUPRACONDILIANA OCASIONADA POR QUEIMADURA DE CHOQUE ELÉTRICO: UM ESTUDO DE CASO life. This research was qualitative, embracing a case study of a patient who underwent amputation of the femur of the right leg. The subject of study is male, 17 years, victim of an accident at work. The techniques used in it were: therapeutic ultrasound, pulsed 0.5 W/ cm2, 4 J/cm2 laser scanning, stretching the right leg and left leg, exercises for muscle strength, training of balance and gait training. The results with respect to gain strength, stretching, healing, balance and gait training were satisfactory and proved of great importance to the rehabilitation of this patient and to improve their quality of life, as with the physical therapy sessions and the prosthesis, one patient gained confidence he lacked, by having his leg amputated, and this helped to reintegrate into society. Keywords: Amputee, Burnt, Rehabilitation.1 INTRODUÇÃO As queimaduras são um problema de saúde significativo noBrasil. Contudo, até hoje, existem poucos dados disponíveis paraorientar programas de tratamento e prevenção. Gomes et al. (1995), fala que a queimadura é um dostraumatismos mais devastadores que podem atingir os sereshumanos.Sua importância decorre não só da freqüência com que 169

DALTROZO, Paulo Roberto de Oliveira – STURZENEGGER, Tatiana Medinaocorrem, mas principalmente pela sua capacidade de provocarseqüelas funcionais, estéticas e psicológicas. Segundo Lianza (1995), a reabilitação de um amputadoconsiste não só no uso de uma prótese, mas também, principalmenterecuperação funcional, na readaptação profissional e reintegraçãosocial do indivíduo. Kottke et al. (1984), relata que a aplicação de uma próteseimediata após a amputação diminui a dor e edema no coto,facilitando a cicatrização e reduzindo o tempo de espera para acolocação de prótese padrão.2 MATERIAL E MÉTODOS Esta pesquisa teve caráter qualitativo, um estudo de casode paciente submetido à amputação supracondiliana de fêmur domembro inferior direito. A amostra foi composta de um paciente,sexo masculino, 17 anos, vítima de queimadura elétrica atingindo60% do segmento corporal sendo 37% de 3o grau, com perda detecido muscular na panturrilha esquerda e amputação de membroinferior direito supracondiliana (por risco de gangrena). Houvetambém queimadura (perineal e hipospádia de glande). Houveamputação de membro inferior direito, debridamento seriados detecidos desvitalizados e cobertura com enxertos de pele parcial. Realizou-se como tratamento precoce, a preparação docoto para a prótese, com o uso do LASER de hélio-neônio de 670nanômetros (nm) da forma varredura, com o propósito de reduziras lesões existentes. Para o ganho de amplitude de movimentotécnicas de alongamento e o ultra-som no modo pulsado 0,5 w/cm2, 100 Hz por 18 minutos em toda a região da coxa esquerda170

AMPUTAÇÃO SUPRACONDILIANA OCASIONADA POR QUEIMADURA DE CHOQUE ELÉTRICO: UM ESTUDO DE CASOcom o propósito de reduzir as quelóides. A médio prazo realizou-se fortalecimento de toda a musculatura do quadril (flexores,extensores, adutores e abdutores), fortalecimento da musculaturada perna esquerda (que também sofreu lesões como a queimaduraparcial do tendão de Aquiles). Para treinamento de força muscularforam utilizados caneleiras de 1Kg, 2Kg e 3kg, usamos a técnicade MacQueen, sempre ao nível início/intermediário. O treino deequilíbrio foi entre as barras paralelas (paciente em pé com os braçosabertos tentando manter-se equilibrado). Para o condicionamentocardiovascular, usou-se a bicicleta estacionária. O treino de marchasem a prótese, com a muleta, iniciou na fase de melhora da suafuncionalidade nas barras paralelas.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Baseado no que a literatura relata sobre contraturasocasionadas em pacientes, e sua mobilização precoce, comoobjetivo do plano de tratamento, iniciamos alongamentos do coto,para evitar as contraturas e obtivemos os seguintes dados.Tabela 1: Amplitude de Movimento.Datas Goniometria15/12/2004 30˚ de flexão20/12/2004 24˚ de flexão24/12/204 18˚ de flexão27/12/2004 5˚ de flexão29/12/2004 Extensão completa O treinamento para fortalecimento dos membros inferioresusando a técnica de MacQueen, para treino de equilíbrio e demarcha com muletas, para eventual protetização do paciente,vemos na tabela 2. 171

DALTROZO, Paulo Roberto de Oliveira – STURZENEGGER, Tatiana MedinaTabela 2: Evolução da graduação da força muscular. Datas MID (flexores MIE (flexores de Tibial anterior Gastrocnêmios quadril) quadril)15/12/2004 grau 3 grau 4 Grau 3 grau 3 15/2/2005 grau 4 grau 4 Grau 4 grau 4 2/3/2005 grau 4 grau 4 Grau 4 grau 4 16/3/2005 grau 5 grau 4 Grau 4 grau 4 30/3/2005 grau 5 grau 5 Grau 4 grau 4 13/4/2005 grau 5 grau 5 Grau 4 grau 4 27/4/2005 grau 5 grau 5 Grau 4 grau 4 11/5/2005 grau 5 grau 5 Grau 5 grau 5 Realizamos laserterapia no modo varredura, e notamosque ao fim do primeiro trimestre, paciente já não apresentavamais as lesões no coto.Realizamos o treinametno de equilíbrionesse paciente somente após conseguir suportar seu peso sobre omembro, e obtivemos um resultado satisfatório como nos mostra atabela 3.Tabela 3: Treino de equilíbrio. Treino de Equilíbrio Datas Melhores tempos 14/6/2005 3 segundos 45 centésimos 22/06/205 3 segundos 71 centésimos 28/6/2005 7 segundos 61 centésimos 7/7/2005 4 segundos 39 centésimos 12/7/2005 9 segundos 64 centésimos 20/7/2005 13 segundos 91 centésimos 2/8/2005 14 segundos 83 centésimos Um dos aspectos mais importantes foi o psicológico dopaciente. Antes da colocação da prótese ele tinha uma vida maisresguardada, ficava mais em casa, não ia a escola. Após a colocaçãoda prótese o paciente voltou à escola, voltou a sair, ir a festas, a ter172

AMPUTAÇÃO SUPRACONDILIANA OCASIONADA POR QUEIMADURA DE CHOQUE ELÉTRICO: UM ESTUDO DE CASOuma vida social. A literatura nos mostra que a amputação leva aseqüelas e problemas de ordem psicológica. O sujeito do estudo aoiniciar a terapia, sofria de depressão, sentimentos de inferioridade.Cremos que a terapia auxiliou na re-inserção desse indivíduo nasociedade.4 CONCLUSÃO No treinamento pré-protético obtivemos resultadospositivos, pois, conseguimos restaurar a amplitude de movimentonormal do coto, restabelecemos um grau de força muscular 5 emmembro inferior direito e esquerdo, a utilização do LASER hélio-neônio 670nm levou a uma cicatrização das lesões do coto, comrelação ao equilíbrio do paciente, tivemos ótimos resultados comos exercícios propostos. No treinamento pós-protético obtivemos resultadossignificativos quanto à deambulação do paciente e restabelecimentoda marcha e da independência funcional. Na busca por protocolos detratamento para pacientes amputados não obtivemos sucesso, pois,a literatura trás apenas exercícios propostos, nada mais concretoquanto a protocolos. A distância de grandes centros de reabilitaçãodificultou a realização deste estudo, pois as informações e osequipamentos foram mais difíceis de conseguir. 173

DALTROZO, Paulo Roberto de Oliveira – STURZENEGGER, Tatiana Medina5 REFERÊNCIASGOMES, D. R., SERRA, M. C., PELLON, M. A. Queimaduras.Rio de Janeiro: Revinter, 1995.KOTTKE, Frederic J.;STILLWELL, Keith G.; LEHMANN, JustusF. Krusen: Tratado de medicina Física e Reabilitação. 3. ed. SãoPaulo: Manole, 1984.LIANZA, Sérgio. Medicina de Reabilitação. 2. ed. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 1995.___________. Medicina de Reabilitação. 3. ed. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2001.174

O USO DA MOBILIZAÇÃO PASSIVA PRECOCE EM RATOS TREINADOS E NÃO TREINADOS NA CICATRIZAÇÃO DO TECIDO MUSCULARO USO DA MOBILIZAÇÃO PASSIVA PRECOCE EM RATOS TREINADOS E NÃO TREINADOS NA CICATRIZAÇÃO DO TECIDO MUSCULAR BERTOLINI, Rafael1 STURZENEGGER, Tatiana Medina2 RESUMO As lesões musculares são as mais comuns e entre os métodos terapêuticos existentes para recuperação das lesões, utilizou-se a mobilização passiva precoce. Para este estudo ratos foram divididos em quatro grupos, o qual dois eram sedentários e os demais dois foram submetidos à natação por um período de 10 semanas, tornando-os treinados. Posteriormente realizou-se uma lesão muscular no bíceps femoral direito. Após, um grupo de animais sedentários e um grupo de animais treinados recebeu o tratamento. O objetivo foi verificar por meio de estudo histológico, o curso da lesão muscular em ratos treinados e sedentários submetidos e não submetidos a mobilização passiva precoce. Concluímos que a1 Acadêmico do Curso de Fisioterapia da Universidade de Cruz Alta.2 Professora do Curso de Fisioterapia do Instituto Cenecista de Ensino Superior de SantoÂngelo e da Universidade de Cruz Alta, Fisioterapeuta, Especialista em AdministraçãoHospitalar e Saúde, Mestre em Ciências do Movimento. 175

BERTOLINI, Rafael – STURZENEGGER, Tatiana Medina mobilização passiva precoce não ocasionou danos ao músculo e que, em ratos de ambos os grupos do quarto e oitavo dias pós - lesão a mobilização precoce objetivou em benefícios na regeneração muscular, sendo no grupo treinado apresentava resultados superiores aos sedentários e também um quadro álgico diminuído. Da mesma forma, durante manobras de flexo/extensão mostravam uma amplitude de movimento maior ao compararmos com os grupos controles. Palavras-Chave: Lesão muscular, mobilização passiva, treinamento. ABSTRACT The muscular injuries are more commons among the countless existent therapeutic methods for recovery of these injuries; the early passive mobilization was used. For this study, rats were divided in four groups, where two were sedentary and the others two were submitted the swimming by ten weekends, turning them trained. Later on, he/she took place a muscular injury in right biceps femoral. After, a group of sedentary animals and a group of trained animals received early passive mobilization. The aim of this study looked for to verify through study histology, the course of the muscular lesion in trained rats and sedentary submitted and not submitted off the early176

O USO DA MOBILIZAÇÃO PASSIVA PRECOCE EM RATOS TREINADOS E NÃO TREINADOS NA CICATRIZAÇÃO DO TECIDO MUSCULAR passive mobilization. We have concluded that a early Passive Mobilization didn’t caused damage to the muscle and that, in rats of both groups of four and eight post lesion day, the EPM have in view benefits in the muscular regeneration. The trained groups have presented a reduced chart of pain and superior results to the sedentary. Likewise, during maneuvers of flexion/extension of inferior member, the groups with early passive mobilization have showed the low pain and greater amplitude of motion if we compare them with the control group. Keywords: Muscle injuries, passive mobilization, training.1 INTRODUÇÃO Considerando-se as lesões do aparelho locomotor, asmusculares estão entre as mais comuns e possuem uma excelentecapacidade de reparo após lesão, cuja interferência durante esteprocesso de reparo será fundamental para melhora da qualidadeda cicatrização. As lesões podem ocorrer por isquemia, doençasque afetam o tecido muscular (miopatias) e por traumatismos,que podem ser diretos ou indiretos (esforço), às vezes levandoà perda da atividade funcional e motora. A partir destes eventosocorre uma fase adaptativa de regeneração do tecido músculoesquelético em resposta ao traumatismo. A extensão e sucessoda regeneração variam com a natureza da lesão, mas em todasas situações a regeneração envolve revascularização, infiltração 177

BERTOLINI, Rafael – STURZENEGGER, Tatiana Medinacelular, fagocitose do músculo necrosado, proliferação de célulasprecursoras do músculo e finalmente reinervação. Baseado nestesprocessos de reparo e no advento da prevenção de doenças por meioda atividade física é natural que o surgimento de lesões muscularesaconteça com maiores freqüências, com isso, atividade física nestecontexto, se torna indispensável na forma de vida do ser humano(GRAZZIANO et al.,1998; PELLEGRINOTTI, 1998; DELISA& GANS, 2002). A idéia de demonstrar os efeitos de uma terapiachamada de mobilização passiva associada a resposta do tecidomuscular após uma lesão com grupos experimentais ( sedentário etreinados) instiga a uma série de dúvidas e contestações literáriascomo imobilidade versus mobilidade e diferenças de atletas esedentários, estes e outros aspectos serão abordados a seguir. O diagnostico e os tratamentos inapropriados dessas lesõespodem comprometer a participação do atleta no treinamento ena competição. Deste modo, não é surpresa que profissionais daárea de medicina esportiva estejam empenhados em descobrircomo favorecer e melhorar a qualidade na recuperação de lesõesmusculares. Nestas circunstâncias, a questão da imobilização xmobilização pós-lesão apresenta crescente atenção, tanto na práticaclínica quanto em pesquisas experimentais. O rápido e complexoreparo do tecido muscular lesado é objetivo óbvio, principalmenteem caso de lesão em atletas justificando as tentativas experimentaispara se encontrar um tratamento viável que favoreça o reparo domúsculo (FARIA & MINAMOTO, 2006). Devido à notável regeneração muscular após uma lesão eos diferentes eventos evocados pela mesma, os núcleos das fibrasmusculares esqueléticas não se dividem, o que adquire ao músculouma pequena capacidade de reconstituição. Admite-se que ascélulas satélites sejam responsáveis pela regeneração do músculo178

O USO DA MOBILIZAÇÃO PASSIVA PRECOCE EM RATOS TREINADOS E NÃO TREINADOS NA CICATRIZAÇÃO DO TECIDO MUSCULAResquelético. Essas células são mononucleadas, fusiformes,dispostas paralelamente às fibras musculares dentro da lâmina basalque envolve as fibras e só podem ser identificadas no microscópioeletrônico. São consideradas mioblastos inativos. Após uma lesãoou outro estímulo, as células satélites tornam-se ativas, proliferampor divisão mitótica e se fundem umas as outras para tornar novasfibras musculares esqueléticas. As células satélites também entramem mitose quando o músculo é submetido a exercícios intenso.Neste caso elas se fundem com as fibras musculares pré-existente,contribuindo para a hipertrofia do músculo (CHAMBERS &DERMOTT, 1996; JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2004). A imobilização é usada a varias décadas com o propósito deproteger a área lesada e permitir uma cicatrização fisiológica, comatenuação do efeito inflamatório e a efetividade da imobilização érestrita a certos pacientes e períodos curtos de imobilização, paraevitar severa atrofia muscular e perda da capacidade funcional,contudo, com poucas semanas de desuso já se tem mudança naestrutura muscular e alteração como o acúmulo de tecidos conectivosintramusculares, perda de capilares, redução no tamanho da fibrae acumulação de fibras com morfologia patológica e alteraçõeshistoquímicas, o qual, em grande parte, pode ser reversível atravésda mobilização e treinamento físico (KANNUS et al., 1998). Osmovimentos passivos, segundo Kisner & Colby (1998), devemser iniciados no tratamento na fase aguda quando tolerado. Elesdiminuem as complicações da imobilização, mantêm a integridadee mobilidade funcional e auxiliam no processo de cicatrização.Estes movimentos devem ser específicos para a estrutura envolvidaevitando aderências anormais das fibrilas em desenvolvimentoaos tecidos vizinhos e evitando futuro rompimento da cicatriz.A intensidade deverá ser leve devido à algia intensa do pacientee para não lesar novamente o tecido e o bom desenvolvimento 179

BERTOLINI, Rafael – STURZENEGGER, Tatiana Medinade uma cicatriz organizada se deve ao tratamento fisioterápicodurante o estágio agudo, realizado por meio de exercícios passivosrespeitando-se a sensibilidade dolorosa do paciente, o terapeutaobjetiva uma melhora na amplitude de movimento e prevenção deprocessos fibróticos que são prejudiciais a esta. Objetiva-se frente às lesões evitar períodos longos deimobilidade e funcionalidade o que predispõe outras patologiasretardando o processo de reabilitação funcional, que pode serminimizado com a melhora na qualidade da cicatrização teciduale quando é ocasionada uma lesão tecidual há certa desorganizaçãono sentido das fibras, onde mais facilmente poderá ocorrer recidivade lesão caso não tratadas ou tratadas ineficientemente, portanto aimportância da MPP no processo de reparo em uma lesão, deixandoo tecido mais forte devido ao estresse aplicado para o mesmosentido dando orientação para as fibras, baseados neste contextoque nossa hipótese relacionada a MPP foi formulada como formade tratamento, sendo provável que melhorias no curso da lesãoaconteçam. Também devido aos benefícios do exercício físico eque pode ser a variável mais importante para reduzir a morbidadeglobal durante toda a vida (DELISA & GANS, 2002), construímosa hipótese que o exercício físico poderá ajudar na recuperaçãodeste tipo de lesão comparado a inatividade física.Propusemos neste estudo analisar a cicatrização do tecido muscularde ratos Wistar após uma lesão, verificando histologicamente ecomo complemento buscamos uma visão macroscópica clínicados ratos submetidos e não submetidos à natação utilizando a MPP(Mobilização passiva precoce) como tratamento nas diferentesfases de cicatrização e comparar alterações pertinentes a cadagrupo.180

O USO DA MOBILIZAÇÃO PASSIVA PRECOCE EM RATOS TREINADOS E NÃO TREINADOS NA CICATRIZAÇÃO DO TECIDO MUSCULAR2 MATERIAIS E MÉTODOS Para a realização deste trabalho foram utilizadas asinstalações do laboratório de histopatologia e o Biotério daUniversidade de Cruz Alta – UNICRUZ. Fizeram parte da amostra 40 ratos adultos, machos, daraça Wistar pesando em torno de 250 a 350 gramas, selecionadosaleatoriamente, mantidos em gaiolas de polipropileno, provenientesdo biotério do Campus da Universidade de Cruz Alta, RS -UNICRUZ. Os animais foram divididos em quatro grupos e suasamostras coletadas no 4º, 8º e 15º dias, denominados:G1: sedentário grupo controleG2: sedentário grupo com mobilização passiva precoce (MPP)G3: treinado grupo controleG4: treinado grupo com MPP. Primeiramente os ratos passaram por um treinamento,grupos G3 e G4, começando por um período de adaptaçãocorrespondente a 10 dias sem nenhuma carga, logo, nas três semanasseguintes treinavam com uma sobrecarga de 2% do peso corporal,começando com tempo de 20 min até 40 minutos (1ºsemana) e60 minutos (2º e 3ºsemanas), na 4º e 6º semanas aumento de 4%do peso corporal com tempo de 60 min, na 6º , 7º e 8º semanasaumento de 6% do peso corporal com tempos variando de 40 a 60minutos, na 9º e 10º semanas aumento de 8% do peso corporalcom tempos variando de 40 a 60 minutos permanecendo até o final. 181

BERTOLINI, Rafael – STURZENEGGER, Tatiana Medina A ambos os grupos foram fornecidos água e alimento adlibitum. A intensidade do exercício foi de acordo com o protocoloproposto por Kokubun (1990), onde os ratos são submetidosa natação diária por 40 dias. O treinamento inicia com fase deadaptação de 20 minutos, sendo aumentado posteriormenteconforme a adaptação dos animais ao meio aquático até chegar a 1hora de atividade ininterrupta.Para controle da carga de treinamento, os animais foram pesadostodas as segundas-feiras,tendo cuidado sobre a aplicação da sobrecarga e da porcentagem proposta para cada período de treinamento,a sobrecarga (uso de chumbo) era colocada em bolsas com elásticoslocalizadas no dorso dos animais. Após o treinamento os animais passaram por umprocedimento cirúrgico para produção da lesão muscular, foirealizado por um médico veterinário na sala do biotério, do Campusda Universidade de Cruz Alta. Os animais foram anestesiados com associação dequetamina e xylazina na dose de 0,1 ml por cem gramas depeso corporal, doses adicionais ou repiques pode ser ministrado,conforme a necessidade de manutenção do plano anestésico. A cirurgia foi realizada em ambiente cirúrgico e materialcirúrgico rotineiro. Os principais passos técnicos foram:1) Posicionamento do animal em decúbito lateral esquerdo,com as patas em extensão;2) Assepsia da pele com álcool iodado a 4%;182

O USO DA MOBILIZAÇÃO PASSIVA PRECOCE EM RATOS TREINADOS E NÃO TREINADOS NA CICATRIZAÇÃO DO TECIDO MUSCULAR3) Incisão cutânea, na face póstero-externa do terço proximalda pata traseira direita, de aproximadamente um centímetro e meio;4) Afastamento da pele e visualização da massa muscular dobíceps femoral;5) Incisão transversa às fibras musculares com um bisturi de 5mm de extensão determinada por uma régua metálica milimetrada,para padronizar e controlar a lesão, caracterizando uma hemissecçãodo músculo relacionado;6) Procedeu-se a redução do espaço morto para a coaptaçãodas bordas incididas, e posteriormente a síntese da pele com fiomononylon; Foi aplicado soro fisiológico sobre a sutura, para lavar aferida que ficará exposta sem a realização de curativos.As cobaias foram colocadas em estantes de ferro, onde se identificoucada grupo em prateleiras diferentes dispostos no mesmo ambiente Depois da cirurgia as cobaias foram colocadas em gaiolasindividuais e após as 24 horas começaram a receber um tratamentoutilizando a MPP nos grupos G2 e G4, os outros dois grupos sãocontroles. A MPP foi realizada no membro inferior direito no músculobíceps femoral, com um tempo de 3 minutos por rato. Até a 1ºcoleta foram realizadas 3 sessões de MPP, até a 2º coleta já tinhamsido feitas 7 sessões de MPP e até a última coleta tinham sidorealizadas 13 sessões. A velocidade da MPP foi lenta e mantidaproporcionando leves alongamentos no plano frontal e eixo sagitalcom graus de movimento III e IV. A imolia dos animais em pesquisa ocorreu após a últimarealização da MPP no 15º dia pós-lesão, e seus respectivos músculos 183

BERTOLINI, Rafael – STURZENEGGER, Tatiana Medinabíceps femoral (direitos, lesionados) foram estirpados e colocadosem recipientes individuais respectivamente identificados contendosolução de formol a 10 %, e realizou-se, então, o estudo histológicodestes músculos. As interpretações dos achados procederam de uma análiseestatística descritiva baseada em laudos histopatológicos e umaobservação clínica macroscópica, tendo como parâmetro o reflexode proteção muscular.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO No grupo G1 (sedentário grupo controle) com amostrascoletadas no 4º dia pós – lesões foram encontrados neutrófilos quesão primeiras células inflamatórias a invadir o músculo lesado,liberando bradicinina, prostaglandina e histamina, causandovasodilatação e aumentando a permeabilidade dos pequenos vasos.(LEECH, 1997), plasmócitos e linfócitos, estes de acordo comGuyton & Hall (1997), os linfócitos são responsáveis pela proteçãodo nosso corpo de agentes estranhos por meio dos sistemas imunessendo os linfócitos B que originam os plasmócitos; estes por suavez produzem os anticorpos. Houve edema, necrose de fibrasmusculares e extravasamento de fibrina e hemáceas, neste grupo. No grupo G2 (sedentário grupo com mobilização passivaprecoce) com amostras coletadas no 4º dia pós – lesão há presençade alguns plasmócitos, linfócitos e raros neutrófilos, localizadosentre as fibras colágenas. Houve discreta neovascularização.Podemos observar que a movimentação precoce não acarretou emdanos musculares, não ocorrendo rupturas discordando com algunsautores, os quais mencionam que a mobilização imediatamente184

O USO DA MOBILIZAÇÃO PASSIVA PRECOCE EM RATOS TREINADOS E NÃO TREINADOS NA CICATRIZAÇÃO DO TECIDO MUSCULARapós a lesão pode causar novas rupturas e fraqueza do tecido naárea lesada, devendo ser evitada nos primeiros dias após a lesão(LEHTO & JÄRVINEN, 1991). Estudos de (LEHTO et al., 1985;CLANCY & CLARKSON, 1990) sugerem que uma redução naatividade entre 3 a 5 dias é benéfica na recuperação da funçãomuscular. Entretanto, esses resultados não foram encontrados por(GREGORY et al., 1995). Neste estudo, os autores compararam oresultado da atividade no reparo da contusão muscular resultantedo trauma mecânico no tibial anterior do rato, empregandoquatro regimes de exercício: corrida ou natação, sendo iniciadasimediatamente (após 1 hora) e após 72 horas da indução da lesão.O grupo controle não se exercitou. Em relação a duração dasatividades, a corrida foi realizada em uma esteira com inclinaçãode 10º, a 25m/min, por 15 minutos, e a natação foi realizada coma mesma duração, utilizando-se carga equivalente a 2% do pesocorporal para evitar a flutuação durante o exercício. Os animaisexercitaram-se entre 1 e 32 dias. O processo de resolução da contusão muscular foianalisado por meio da contagem manual de eritrócitos, leucócitose fibras colágenas. Os autores concluíram que a corrida com inicioimediato é o regime que mais favorece o processo de reparo dacontusão muscular. Embora o emprego de qualquer regime deatividade tenha sido melhor que a não atividade, o início imediatomostrou favorecer o processo de reparo da contusão e a corridademonstrou resultados superiores à natação. No grupo G3 (treinado grupo controle) com as amostrascoletadas no 4º dia pós – lesões foram encontradas algunsplasmócitos, linfócitos e raros neutrófilos, localizadas entre asfibras colágenas. Há discreta neovascularização No estudo deBrancaccio, et al. 2005, os animais treinados verificou-se aumento 185

BERTOLINI, Rafael – STURZENEGGER, Tatiana Medinada desorganização de fibras nos animais sem uso da crioterapia,e nos grupos sedentários, o uso da crioterapia resultou em maiordesorganização, concluindo que a tendência para beneficio naevolução da lesão muscular em relação à desorganização de fibrasé encontrada no uso de gelo em animais treinados e o não uso dacrioterapia em animais sedentários. No grupo G4 (treinado grupo com MPP) com as amostrascoletadas no 4º dia pós – lesões apresentavam neutrófilos,plasmócitos, linfócitos e raros macrófagos. Para Pryor & Webber(2002), macrófagos e neutrófilos são células brancas de nossosangue e realizar a defesa de nosso corpo de infecções é sua principalfunção; auxiliam na proteção inicial, pois são participantes da linhade defesa de frente do nosso organismo.Há áreas multifocais de necrose muscular, com eventuais áreasde regeneração muscular inicial, nas quais se observam célulasalongadas arranjadas linearmente. Então, sendo os resultados obtidos enfatizamos a presençade macrófagos, estes característicos de uma fase Proliferativa,porém o grupo controle ainda permanecia em uma fase inflamatóriaantecipando assim uma fase da cicatrização, demonstrandoque a MPP em ratos treinados no 4º dia pós-lesão é mais eficazno processo de regeneração do que em sedentários e no grupotreinado controle. Podendo observar que ambos os grupos tratadosaconteceram benefícios sendo nos treinados resultados superiores. No grupo G1 com amostras coletadas no 8º dia pós– lesão, a amostra constituiu-se por plasmócitos, linfócitos ealguns macrófagos, moderado tecido fibroso neovascularizado,com eventuais fibras musculares em regeneração. Há discretoedema inflamatório com hemorragia. Proliferação acentuada186

O USO DA MOBILIZAÇÃO PASSIVA PRECOCE EM RATOS TREINADOS E NÃO TREINADOS NA CICATRIZAÇÃO DO TECIDO MUSCULARde fibroblastos, depósito de fibras colágenas e necrose de fibrasmusculares. Nesta fase, a análise histológica observa o aumento demacrófagos e tecido fibroso comparado as amostras coletadas no 4ºdia caracterizando uma fase proliferativa. No grupo G2 com amostras coletadas no 8º dia pós – lesão,constituído por alguns plasmócitos, linfócitos e raro neutrófilos,localizados entre as fibras colágenas. há também discretaneovascularização e áreas multifocais de hemorragia, algumasfibras musculares contraídas.Foi perceptível o reflexo de proteção muscular, que é mencionadopor Kisner & Colby (1998) como uma contração prolongada domúsculo em resposta a um estímulo doloroso. A lesão primariacausadora de dor pode ser em tecido próximo ou abaixo, ou emuma fonte de dor referida. Quando não é dor referida, o músculoem contração imobiliza funcionalmente o tecido lesado contramovimento. A proteção cessa quando a dor aliviada. Frente àmobilização, nos animais que não receberam tratamento tantonos treinados como nos sedentários ao serem estimulados pelamovimentação de flexo extensão obtinham menos amplitude ecom mais reflexo de proteção muscular, nos animais treinadoscomparados com os sedentários devido a maior agilidade emovimentação dentro da gaiola é possível dizer que os estímulosdolorosos eram menos exacerbados no grupo dos treinados, istopermanecendo até o final do trabalho. Nesta fase foi observadoque o grupo com tratamento possui um processo inflamatório maisdiscreto que o grupo controle. No grupo G3 com amostras coletadas no 8º dia pós - lesão,constituído por plasmócitos, macrófagos, linfócitos e algunsneutrófilos. Observa-se discreto tecido fibroso (fibroblastos) entreas fibras musculares. Observam-se também fibras musculares 187

BERTOLINI, Rafael – STURZENEGGER, Tatiana Medinaregeneradas (mas ainda hipoplásicas – crescimento incompleto) eáreas de regeneração muscular inicial, algumas fibras muscularescontraídas. Os animais treinados obtiveram menor quantidadede fibroblastos em relação a todos os grupos deste estudo, nãoapresentando diferenças com o uso da MPP. É importante salientartambém que com o passar dos dias o condicionamento físicoadquirido cai vertiginosamente ainda mais perante o estresse físico(lesão). Tanto em homens quanto em mulheres, numerosos estudosmostraram que a maior parte dos benefícios metabólicos e cardio-respiratórios conseguidos por meio do treinamento com exercíciossão perdidas dentro de um período de tempo relativamente curtodepois que o treinamento é suspenso (KETEYIAN & FOSS, 2000). No grupo G4 com amostras coletadas no 8º dia pós – lesõesforam encontrados plasmócitos, macrófagos, linfócitos e algunsneutrófilos. Observa-se discreto tecido fibroso (fibroblastos) entreas fibras musculares, nesta fase não apresentaram diferenças entreo grupo controle e o tratado. No grupo G1 com amostras coletadas no 15º dia pós –lesão, há raro infiltrado inflamatório superficial, constituído porplasmócitos, linfócitos e macrófagos, com leve tecido fibrosocicatricial (retração muscular). Há áreas discretas de regeneraçãomuscular, presença de algumas fibras musculares contraídas,presenças de fibras musculares necróticas. É importante observarque somente no 15º dia pós-lesão o tecido apresenta fibrasmusculares contraídas, o qual estas tornam um tecido mais forte ecoeso, sendo que o grupo com MPP já apresentavam este aspectono 8º dia de coleta, ainda possui necrose. No grupo G2 com amostras coletadas no 15º dia pós –lesão, Há raro infiltrado inflamatório superficial, constituído porplasmócitos, linfócitos e macrófagos, com leve tecido fibroso188

O USO DA MOBILIZAÇÃO PASSIVA PRECOCE EM RATOS TREINADOS E NÃO TREINADOS NA CICATRIZAÇÃO DO TECIDO MUSCULARcicatricial (retração muscular). Há áreas discretas de regeneraçãomuscular, algumas fibras contraídas. Não ocorreram diferençasentre os grupos. No grupo G3 com amostras coletadas no 15º dia pós –lesão, Apresenta uma inflamação crônica leve, no tecido conjuntivoinfiltrado leve de linfócitos e plasmócitos, edema, proliferação defibroblastos leve. Fibras musculares preservadas. No grupo G4 com amostras coletadas no 15º dia pós –lesão, há raro infiltrado inflamatório superficial, constituído porplasmócitos, linfócitos e macrófagos, com leve tecido fibrosocicatricial (retração muscular). Há áreas discretas de regeneraçãomuscular. Nesta fase a perda de condicionamento é evidente,porém os benefícios alcançados, antes pelo exercício, não serãototalmente desintegrados dando uma recuperação mais eficaz. A maioria dos estudos mostra que, as principais perdasocorrem no período compreendido entre a segunda e a quartasemana de destreinamento físico, podendo retornar próximos aosvalores pré-treinamento físico após alguns meses de inatividadefísica (EVANGELISTA & BRUM, 1999).4 CONCLUSÃO Com o uso da MPP nas amostras coletadas no 4º dia nãoocorreram danos ao músculo.A MPP realizada por ambos os grupos do quarto e oitavo diasresultou em benefícios à cicatrização comparada com os controles,sendo nos grupos treinados resultados superiores.Na observação macroscópica clínica foi constatada que o quadro 189

BERTOLINI, Rafael – STURZENEGGER, Tatiana Medinaálgico nos ratos treinados é menos acentuado comparado com ossedentários, histologicamente não se observou diferenças entresedentários e treinados no curso da lesão.Os grupos que receberam a MPP apresentavam uma amplitudede movimento superior aos grupos sem tratamento e os reflexosde proteção musculares apresentavam-se diminuídos durante asmanobras de flexão e extensão.A realização de exercícios pré e pós-lesão de acordo com aliteratura e este trabalho auxilia o processo de regeneração, emborao exercício como prevenção ajude mais na evolução clinicafuncional do que na regeneração do tecido como por base umavisão histológica, também, algumas variáveis como tempo deinicio, duração, intensidade e tipo de exercícios devam ser alvosde pesquisas futuras.5 REFERÊNCIASBRANCACCIO, N. et al. Análise de lesão muscular em ratostreinados e sedentários submetidos a crioterapia. Fisioterapia emMovimento, v. 18, n. 1, p. 59-65, 2005.CHAMBERS, R. L.; DERMOTT, J. C. Molecular basis of skeletalmuscle regeneration. Canadian Journal of Applied Physyiology, v.21, p.155-84, 1996.CLANCY, S.; CLARKSON, P. Immobilization during recoveryfrom eccentric exercise-induced muscle damage. Medicine &Science in Sports & Excercise, v. 22, n.2, p. S37, 1990.DELISA, J. A.; GANS, B. M. Tratado de Medicina de ReabilitaçãoPrincípios e Prática. 3. ed. São Paulo: Manole, 2002.EVANGELISTA, S. F.; BRUM, C. P. Efeitos do destreinamentofísico sobre a “performance” do atleta: Uma revisão das alteraçõescardiovasculares e músculo-esquelética. Revista Paulista deEducação Física, v. 13, n. 2, p. 239-49, 1999.190

O USO DA MOBILIZAÇÃO PASSIVA PRECOCE EM RATOS TREINADOS E NÃO TREINADOS NA CICATRIZAÇÃO DO TECIDO MUSCULARFARIA, T. E. F; MINAMOTO, B. V. O exercicio fisico e aregeneração muscular. Revista Fisioterapia Brasil, v. 7, n. 1, 2006.GRAZZIANO, C. R. et al. Efeito do ultra-som de 1MHz naregeneração do músculo tibial anterior do rato.1998. Disponível:<[email protected]>. Acesso em: 11 mar. 1999.GREGORY, T. et al. The effects of exercise on the presence ofleukocytes and collagen fibers in skeletal muscle after contusion.Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics, v. 18, p.72-8, 1995.GUYTON, A; HALL, J, E. Tratado de fisiologia médica. 9 ed. Riode Janeiro: Guanabara Koogan. 1997.JARVINEN, T; KAARIAINEN, M; JARVINEN, M. Muscle straininjuries. Current Opinion in Rheumatoogy, v. 12, p. 155-61, 2000.JUNQUEIRA, LUIZ, C; CARNEIRO, JOSÉ. Histologia Básica.10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.KANNUS, P. et al. Effects of immobilization and subsequent low-and high-intensity exercise on morphology of rat calf muscles.Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports, v. 8, p.160-71, 1998.KISNER, C.; COLBY L. A. Exercícios terapêuticos fundamentos etécnicas. 2. ed. São Paulo: Manole, 1992._______. Exercícios terapêuticos fundamentos e técnicas. 3. ed.São Paulo: Manole. 1998.KETEYAN, J. S.; FOSS, L. M. Bases fisiológicas do exercício e doesporte. 6. ed. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2000.KOKUBUN, E. Interações entre o metabolismo de glicose e ácidosgraxos livres em músculos esqueléticos. São Paulo: USP, 1990.Tese (Doutorado em ciências Biomédicas). Universidade de SãoPaulo, 1990.LEECH, S. J. Review of muscle healing. New Zealand journal ofPhysiotherapy, v. 25, p.15-8, 1997.LEHTO, M. et al. Collagen and fibronectin in a healing skeletalmuscle injury: an immunohistological study of the effects ofphysical activity on the repair of injuried gastrocnemius muscle inthe rat. The Journal of Bone and Joint Surgery, v. 67, n. 5, p. 820-828, 1985. 191

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A RELANVÂNCIA DO TREINAMENTO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVO NA RUPTURA DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR (LCA) A RELANVÂNCIA DO TREINAMENTO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVO NA RUPTURA DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR (LCA) SILVA, J. G. B.1 VOLOSKI, F. R. S.2 MAFALDA, L.3 RESUMO Entre as lesões do futebol destaca-se a lesão do ligamento cruzado anterior (LCA) como sendo a lesão grave mais comum, causando instabilidade articular, atrofia do quadríceps e perda de receptores proprioceptivos. Assim o treinamento neuromuscular proprioceptivo de fundamental importância para o retorno a prática desportiva. A reeducação proprioceptiva vem sendo reconhecida como fator fundamental na reabilitação das lesões do LCA, uma vez que, existe a necessidade de se desenvolver uma capacidade de adaptação dos corpúsculos1 Fisioterapeuta, Formação em RPG.2 Professor do Curso de Fisioterapia do Instituto Cenecista de Ensino Superior de SantoÂngelo.3 Acadêmico do Curso de Fisioterapia do Instituto Cenecista de Ensino Superior de SantoÂngelo. 193

SILVA, J. G. B. – VOLOSKI, F. R. S. – MAFALDA, L. mecanorreceptores que existem no joelho, para fornecerem ao sistema nervoso central as informações de posição, movimento e estresse articular. Esta lesão deve ser encarada como uma preocupação para todos os indivíduos envolvidos na pratica desportiva, independente do nível competitivo, sexo e idade. Objetivos: os objetivos deste trabalho são: Estudar o mecanismo proprioceptivo articular e sua interação com o sistema nervoso central e periférico, conceituar a propriocepção e analisar protocolos de treinamento proprioceptivo. Metodologia: a metodologia utilizada no presente estudo foi uma revisão de literatura e a análise se dará por método dialético. Conclusões: o treinamento neuromuscular proprioceptivo deve ser progressivo, visando aprendizagem através da repetição exaustiva que faz com que as respostas de proteção articular se torne automática. Palavras-chave: propriocepção, lesão, LCA. ABSTRACT Among the lesions of soccer stands the lesion of anterior cruciate ligament (ACL) as being the most common serious injury, causing joint instability, quadriceps atrophy and loss of proprioceptive receptors. Thus the proprioceptive neuromuscular training is of fundamental importance for the return of sports practice. The reeducation proprioceptive194

A RELANVÂNCIA DO TREINAMENTO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVO NA RUPTURA DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR (LCA) comes been recognize like fundamental factor in rehabilitation of ACL injuries, since there is a need of developing a adaptation capacity of corpuscle mechanoreceptors that exist in the knee, to provide for the central nervous system the information of position, movement and joint stress. This lesion should be seen like a concern for all individuals involved with sports practice, independent of the competitive level, gender or age. Goals: The goals of this work are: Study the articular proprioceptive mechanism and its interaction with central and peripheral nervous system, to conceptualize proprioception and to analyze protocols of proprioceptive training. Methodology: The Methodology used in this study was a literature review and the analysis will be given by the dialectical method. Conclusions: The proprioceptive neuromuscular training should be progressive, aimed at learning through the exhaustive repetition that makes the answers articular protection become automatic. Keywords: Proprioception, injury, ACL.1 INTRODUÇÃO O LCA é o ligamento mais fraco da articulação do joelho,se origina na área intercondilar da tíbia e se fixa na parte posteriordo lado medial do côndilo lateral do fêmur e possui um suprimento 195

SILVA, J. G. B. – VOLOSKI, F. R. S. – MAFALDA, L.sanguíneo relativamente escasso. Os principais músculos que atuamna estabilização articular do joelho é o quadríceps, ísquiostibiais,gastrocnêmio, poplíteo e os adutores do quadril (BRITO et al.,2009). Durante a marcha a força que atua sobre a articulaçãofemorotibial, pode chegar a cinco vezes o peso corporal, emborana maior parte do ciclo na marcha normal essa força se de duasvezes o peso corporal (FATARELLI et al., 2004).2 MATERIAL E MÉTODOS Este estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica emperiódicos científicos, sites como o google acadêmico, bireme,scielo, medline e no acervo da biblioteca da instituição. A análisese dará por método dialético, pois este se procede medianteinvestigação, argumentação e confronto de idéias.3 DISCUSSÃO O LCA tem propriedade de resistência tensional por voltade 2.160N a 30° de flexão. Funcionalmente durante os mecanismosrotacionais é que o LCA se encontra mais suscetível a lesão, vistoque 70% das rupturas foram selecionadas a esse mecanismo(PALASTANGA et al., 2000). A dinâmica do joelho é relacionada com a complexainteração entre os componentes da articulação, são eles, a patela,porção distal do fêmur, porção proximal da tíbia, ligamentoscolaterais, cápsula sinovial, cartilagens articulares e músculos(MOORE & DALLEY, 2001).196

A RELANVÂNCIA DO TREINAMENTO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVO NA RUPTURA DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR (LCA)4 Mecanismo de lesão do LCA Quando o joelho é fletido o LCA está relaxado e quandoem movimento de extensão o ligamento se encontra tensionado,limitando o deslizamento posterior do fêmur sobre a tíbia e ahipertensão articular do joelho, tem a função de impedir a traçãoanterior da tíbia quando a articulação encontra-se em flexão(DUTTON, 2006). A maioria das lesões de LCA ocorre em flexão do joelhoentre zero a trinta graus, normalmente em situações de não-contato,em corrida ou salto, gerando-se grande tensão sobre o LCA,através de leve flexão, varo e rotação externa do fêmur (MOORE& DALLEY, 2001).5 Propriocepção e Estabilidade Articular Os principais mecanismos neuromusculares propostos paraexplicar o controle de estabilidade articular são a propriocepção, oreflexo ligamento-muscular e o ajuste dinâmico da rigidez atravésda contração muscular (AQUINO et al., 2004). A estabilidadearticular dinâmica se apresenta como elemento indispensávelpara a realização das atividades de vida diária, essa estabilidade édefinida como sendo a capacidade de um corpo ou sistema retomarsua condição de equilíbrio após ter sido imposta sobre ele umaforça ou perturbação (AQUINO et al., 2004).O treino proprioceptivo do joelho, também nomeado de reeducaçãosensório-motora ou reprogramação neuromuscular proprioceptiva,é uma prática terapêutica que tem como objetivo a reabilitação 197

SILVA, J. G. B. – VOLOSKI, F. R. S. – MAFALDA, L.visando devolver ou melhorar a proteção articular através docondicionamento e treino reflexivo (FONSECA et al., 2004).6 Receptores Proprioceptivos As estruturas musculares, capsulares e ligamentares dojoelho, assim como a função estabilizadora mecânica da articulaçãosão sede dos corpúsculos mecanorreceptores ou proprioceptores,que constituem o órgão sensorial da articulação (CLARETE &SOUZA, 1999). Os mecanorreceptores ou proprioceptores sãoresponsáveis pelas informações ao Sistema Nervoso Central(SNC) das mudanças de posição, movimento e estresse articular,em um tempo determinado de resposta, o cérebro inicia a açãoreflexa de contração da musculatura periférica, fazendo com queocorra uma proteção e estabilização da articulação (CLARETE &SOUZA, 1999). Durante estudos anatômicos do joelho humanoforam encontrados fibras nervosas nos ligamentos cruzados(GARDENER, 1998). Receptores tipo Golgi foram identificadosna região da superfície desse ligamento, em estudos mais recentesforam descobertos receptores Ruffini, Golgi e Paccin (CLARETE& SOUZA, 1999). O reflexo ligamento-muscular é considerado como umaresposta do corpo, um mecanismo protetor, onde uma perturbaçãoexercida sobre a articulação estimula os mecanorreceptoresque transmitem sinais aferentes até a medula e por ação dosmotoneurônios alfa que ativam os músculos antagonistas aomovimento gerado pela perturbação. Após o estudo mais detalhadodo ligamento reflexo-muscular foi comprovada a existência doreflexo LCA-ísquiotibiais, quando a articulação foi submetidaa anestesia não foi observada nenhuma reação muscular reflexa,198


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