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Published by Paulo Roberto da Silva, 2018-12-04 18:03:03

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Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homensNesse sentido, o medo de que a procura Este imaginário referente ao “ser ho-pelo serviço de saúde possa significar mem” pode então aprisionar o mascu-fraqueza e vulnerabilidade, apoiado na lino em amarras culturais, dificultandopercepção do vínculo entre autocuidado a adoção de práticas de autocuidado.e feminilidade, pode se relacionar a uma Se ser homem é ser viril, invulnerável epercepção de perda de controle (FIGUEI- forte, procurar o serviço de saúde, es-REDO, 2005). pecialmente de forma preventiva, pode associá-lo à fraqueza, ao medo e à inse-Então, se por um lado parece vantajoso gurança, aproximando-o das represen-conservar uma masculinidade dominan- tações do universo feminino, o que po-te, manter tal ideal é um grande fator de deria gerar desconfianças acerca dessarisco para um homem. O preço de susten- masculinidade socialmente instituídatar este ideal heroico pode ser muito alto, (GOMES et al., 2007).e isso pode ser visto na dificuldade ou re-sistência em procurar ajuda ou cuidados Precisamos considerar que, em horáriomédicos, em ser assistido, já que, sob comercial, a maioria dos homens está nodeterminado modelo, foram criados para trabalho e reluta em se reorganizar ou so-assistir e prover (BRAZ, 2005). Somente licitar ao chefe a possibilidade de dispen-em casos extremos seria então permiti- sa para o tratamento ou prevenção dado que os homens fossem licenciados da doença. Além disso, o homem procuracondição masculina de invulnerabilidade. ser mais valente, tentando resolver seus problemas de saúde de forma prática eFigura 1 – Masculinidades rápida, sem ter de ir ao serviço de saú- de com frequência. Em geral, os homens têm mais resistência em buscar o profis- sional de saúde, fazer controles periódi- cos, e geralmente procuram os serviços ou porque a mulher encaminhou, ou por- que a mãe os levou. Ou seja, os homens têm muita dificuldade de demonstrar suas limitações, o que por vezes é asso- ciado a aspectos históricos sobre mas- culinidade (TONELLI et al., 2010).Fonte: Fotolia  201

UN1 Condições de vulnerabilidade na saúde do homem São questões também responsáveis por  Porque é tão difícil incorporarmos os uma menor procura dos homens aos homens nos serviços de saúde e na serviços de saúde o medo da descober- adoção de hábitos de vida saudáveis? ta de uma doença grave e a vergonha Será que é porque esses espaços não da exposição do seu corpo perante o são compatíveis com algumas no- profissional de saúde, particularmente ções de masculinidades? a região anal, no caso da prevenção ao câncer de próstata (GOMES et al., 2007). Tonelli e colaboradores (2010) afirmam que conhecer as explicações presentes Figura 2 – Trabalho versus prevenção em discursos masculinos sobre a procura dos homens por serviços de saúde, suas representações sobre esses serviços e relações de grupos que interagem nes- se sistema é um caminho promissor na discussão sobre as dificuldades, obstá- culos e resistências associadas à saúde do homem, numa dimensão relacional de gênero. Fonte: Fotolia A tendência geral de comportamentos mais saudáveis está entre as mulheres, Portanto, é importante refletirmos so- os indivíduos mais velhos e de maior es- bre as dificuldades de incorporação colaridade. Quando observamos os fato- dos homens nos serviços de saúde e na res de risco, os homens apresentam as adoção de hábitos de vida saudáveis, maiores frequências de tabagismo, ex- principalmente porque no imaginário cesso de peso, consumo de refrigeran- social de gênero, incluindo o dos pro- tes, de carnes com excesso de gordura fissionais de saúde, esses espaços não e abuso de bebidas alcoólicas. Por outro condizem com certas noções construí- lado, entre os fatores de proteção, os ho- das de masculinidade. Assim, os servi- mens praticam mais atividade física no ços reproduzem na atenção os padrões lazer e têm maior consumo regular de tradicionais de cuidado, não integrando feijão, enquanto as mulheres apresen- as questões de gênero ao atendimento tam maior frequência de consumo de (FIGUEIREDO, 2005). frutas, legumes e verduras (ISER, 2009).202 

Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homens Importante! O profissional de saú- Considerando as diferentes substâncias psicoativas e todas as faixas etárias, o de deve reconhecer a influência das uso indevido de álcool tem a maior pre- questões de gênero na saúde do ho- valência global, trazendo graves con- mem para ser capaz de oferecer um sequências para a saúde pública mun- atendimento integral, incluindo ações dial. Em estudo sobre a carga global de prevenção e intervenção nos fato- de doenças, foi estimado que o álcool res de risco às principais doenças que seria responsável por cerca de 1,5% de acometem os homens. todas as mortes no mundo, bem como por 2,5% do total de anos perdidosAo analisar e considerar tais questões, ajustados para incapacidade. Entre ospodemos dar continuidade aos estudos problemas físicos em decorrência dodesta unidade, agora refletindo sobre al- abuso do álcool estariam a cirrose hepá-guns fatores de risco e sua relação com tica e a miocardiopatia alcoólica, alémas questões de gênero. Acompanhe. das lesões decorrentes de acidentes (BRASIL, 2003).1.2 Alcoolismo, tabagismo e outras drogas Os transtornos mentais e comportamen- tais devidos ao uso de álcool são os res-Entre os comportamentos não saudá- ponsáveis pelo maior número de mortesveis geralmente relacionados ao ser ho- associadas ao uso de drogas, corres-mem destaca-se o uso de drogas, tais pondendo a aproximadamente 90% doscomo o tabaco, o álcool, dentre outras. casos, seguidos pelos transtornos men-Neste tópico, a intenção é refletir sobre o tais e comportamentais devidos ao usouso destas substâncias pela população de tabaco, com cerca de 6%, e dos trans-masculina. tornos mentais e comportamentais devi- do ao uso e cocaína, com 0,4% (DUARTE1.2.1 Alcoolismo et al., 2009).O uso do álcool é cultural e permitido em Observe algumas informações interes-quase todas as sociedades do mundo. santes sobre o consumo abusivo deIngerir álcool em algumas situações é álcool, no conjunto de 26 capitais e Dis-um momento de compartilhamento, um trito Federal, veja o esquemático na pró-espaço de relaxamento e informalidade xima página.entre as pessoas que convivem cotidia-namente (SANTOS, 2013).  203

UN1 Condições de vulnerabilidade na saúde do homem Consumo de álcool no Brasil 21,9% As maiores frequências, entre homens, foram observadas nas cidades de Aracaju 10,6% No Brasil, em 2013, a frequência (34,7%), São Luís (32,6%) e Cuiabá (31,1%). de consumo abusivo de bebidas alcoólicas variou entre 10,6% em As menores frequências do consumo Manaus e 21,9% em Aracaju. abusivo de bebidas alcoólicas no sexo masculino ocorreram em Manaus (17,2%), Rio Branco (18,9%) e Porto Alegre (20,4%). Para homens, o consumo abusivo de bebidas alcoólicas corresponde à ingestão de cinco ou mais doses, em uma mesma ocasião, dentro dos últimos 30 dias. Fonte: Vigitel, 2013 Nos últimos 30 anos, a frequência do lheres bebem mais vinho que os homens, consumo abusivo foi de 16,4%, duas ve- enquanto os homens bebem mais desti- zes e meia maior em homens (24,2%) lados que as mulheres. A quantidade de quando comparado às mulheres (9,7%). bebida também difere conforme o sexo; Em ambos os sexos, o consumo abusivo enquanto a maioria das mulheres (68%) de bebidas alcoólicas foi mais frequente bebeu até duas doses de álcool, 38% dos entre os indivíduos mais jovens (18 a 34 homens beberam cinco ou mais doses, e, anos), com tendência a aumentar com o destes, 11% beberam 12 ou mais doses nível de escolaridade (VIGITEL, 2013). na última ocasião. O levantamento tam- bém encontrou que 28% da população De acordo com levantamento nacional brasileira já bebeu em binge pelo menos sobre os padrões de consumo de álcool uma vez no último ano, com prevalência na população brasileira, realizado em maior entre os homens (40% homens e 2007, os homens bebem mais frequen- 18% mulheres). Além disso, 3% dos brasi- temente, sendo que 39% dos homens leiros relataram ter feito uso nocivo do ál- bebem pelo menos uma vez por semana, cool e 9% são dependentes, sendo essa e, destes, 11% bebem diariamente. Quan- prevalência quatro vezes maior entre os to ao tipo de bebida, não foi encontrada homens (LARANJEIRA et al., 2007). diferença para o uso de cerveja; as mu-204 

Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homens Binge > é o termo empregado para De acordo com o Relatório Brasileiro so- bre Drogas, a proporção dos que fumam definir o uso pesado episódico do é maior dentre os homens, sendo 37,6% álcool, ou seja, consumir um volume homens e 21,6% mulheres; o oposto excessivo de álcool em um curto es- ocorre com a proporção dos que nunca paço de tempo. fumaram, 58,1% das mulheres e 37,9% dos homens (DUARTE et al., 2009). Ob-1.2.2 Tabagismo serve no gráfico 1.O tabagismo é um importante fator de ris- Gráfico 1 – Proporção de fumantes e não fuman-co para o desenvolvimento de uma série tes – homens e mulheresde doenças crônicas, tais como o câncer,as doenças pulmonares e as doenças Homens 58,1%cardiovasculares, de modo que o uso do Mulheres 37,9%tabaco continua sendo o líder global en-tre as causas de mortes evitáveis. Quan- 37,6%do se considera o câncer de pulmão ea morbimortalidade dos indivíduos de 21,6%sexo masculino, chama a atenção umcomportamento culturalmente marcado Fumam Nunca fumarampelas distinções de gênero: o hábito defumar, fator de risco bem estabelecidopara este tipo de câncer (SCHRAIBERet al., 2005).Figura 3 – Tabagismo Fonte: Adaptado do Relatório Brasileiro sobre DrogasFonte: Fotolia (DUARTE et al., 2009) Conforme relatório da Vigilância de Fa- tores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico – Vigi- tel (2013), a frequência de adultos que fumam variou entre 5,2% em Salvador e 16,5% em Porto Alegre. As maiores frequências de fumantes foram encon- tradas, entre homens, em Porto Alegre (18,7%), São Paulo (17,6%) e Distrito Fe-  205

UN1 Condições de vulnerabilidade na saúde do homem deral (16,3%), e, entre mulheres, em Por- de escolaridade (6,6% e 3,5%, respecti- to Alegre (14,7%), São Paulo (12,6%) e vamente), caindo entre indivíduos com Curitiba (11,9%). nove anos ou mais de estudo. As menores frequências de fumantes no Ao analisar dados do Vigitel, entre 2006 e sexo masculino ocorreram em Salvador 2009, Silva, Valente e Malta (2011) encon- (6,6%), Palmas (7,2%) e Natal (7,9%). No traram leve tendência à queda do taba- conjunto das 27 cidades, a frequência gismo entre homens, e estabilidade entre de adultos fumantes foi de 11,3%, maior mulheres. Além disso, as maiores preva- no sexo masculino (14,4%), comparado lências entre homens apareceram nos ao feminino (8,6%). Nos dois sexos, a grupos mais jovens, enquanto que, para frequência de fumantes apresentou ten- as mulheres, estão entre as de idade in- dência a ser menor antes dos 25 anos de termediária (30 a 59 anos). Por fim, a ces- idade ou após os 65 anos. A frequência sação do tabagismo sugere estar ligeira- do hábito de fumar foi particularmen- mente aumentando entre os homens. te alta entre homens e mulheres com até oito anos de escolaridade (19,1% e 1.2.3 Outras drogas 11,5%, respectivamente), excedendo, em cerca de duas vezes, a frequência obser- As pesquisas sobre uso de drogas apon- vada entre indivíduos com 12 ou mais tam a idade, o tipo de droga, a taxa de anos de estudo. consumo, taxas de mortalidade e co- morbidade como principais diferenças A frequência de indivíduos que declara- de gênero em relação ao uso de drogas; ram fumar 20 ou mais cigarros por dia mas embora a taxa de consumo de dro- variou entre 0,9% em Salvador e 6,7% em gas seja mais elevada entre os homens, Porto Alegre. Entre os homens, as maio- vem diminuindo a proporção entre os se- res frequências foram observadas em xos. Os homens geralmente aparecem Porto Alegre (8,2%), Florianópolis (6,4%) como mais propensos a usar drogas ilí- e Rio de Janeiro (6,2%). No conjunto das citas mais precocemente, por mais tem- 27 cidades, a frequência de adultos que po, em frequência e quantidade maiores declararam fumar 20 ou mais cigarros que as mulheres. por dia foi de 3,4%, maior no sexo mas- culino (4,5%) em comparação ao sexo Para as mulheres, os problemas de saú- feminino (2,4%). A frequência do consu- de decorrentes do consumo de drogas mo intenso de cigarros foi maior entre incluem alterações no ciclo menstrual, homens e mulheres com até oito anos na fertilidade, na gestação, no parto,206 

Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homensno risco de contrair e de desenvolver Figura 4 – Transtornos de personalidadedoenças sexualmente transmissíveis,enquanto os homens tendem a desen-volver comorbidades relacionadas aostranstornos de personalidade (OLIVEIRAet al., 2007).Conforme o Relatório Brasileiro sobre Fonte: ShutterstockDrogas, homens apresentam maior pre-valência de uso na vida de álcool, taba- Os casos de Síndrome da Imunodefi-co, maconha, solventes, cocaína, alu- ciência Adquirida (AIDS) associados aocinógenos, crack, merla e esteroides, uso de drogas representaram 8,6% do to-enquanto mulheres apresentam maiores tal de casos de AIDS no país. Em tempo,usos de estimulantes, benzodiazepíni- observou-se redução gradual do númerocos, orexígenos e opiáceos. A percep- de casos de AIDS associados ao uso deção de risco grave do uso de maconha drogas injetáveis, de 1,8 casos por 100e cocaína/crack é maior entre as mu- mil habitantes em 2001, para 0,5 casoslheres, o que pode explicar em parte o por 100 mil habitantes em 2009, deno-consumo mais frequente e mais inten- tando uma tendência de queda ao longoso dessas substâncias pelos homens do tempo.(DUARTE et al., 2009). Para saber mais leia o artigo “Risco Importante! As diferenças fisiológicas relacionado ao consumo de dro- entre homens e mulheres determinam distintos agravos de saúde, relaciona-  gas em homens trabalhadores da dos ao uso de drogas ilícitas. construção civil”, escrito por Aroldo Gavioli et al., disponível em: <http://Ainda, de acordo com este relatório, ob- www.scielo.br/pdf/ape/v27n5/pt_servou-se que no Brasil, entre os anos de 1982-0194-ape-027-005-0471.pdf>2001 e 2007, os casos de hepatites B eC, associados ao uso de drogas, corres-ponderam a 1,5% e 14,0% do total de ca-sos das doenças, respectivamente.  207

UN1 Condições de vulnerabilidade na saúde do homem Ao abordar o uso de drogas ilícitas por 1.3.1 Obesidade homens, também é importante lembrar da dificuldade na atenção à saúde des- Em função da magnitude e velocidade te grupo; ao serem acusados de fracos do aumento dos casos, em diversos paí- e irresponsáveis quando acontecem as ses do mundo a obesidade é considera- recaídas, eles precisam lidar com a ideia da um problema de saúde pública. Em de fracasso e com o rótulo de incapaz relação às diferenças de gênero e idade, para tomar suas próprias decisões, con- as prevalências de obesidade são seme- flitando com a forma com que foram lhantes entre homens e mulheres até os educados, tendo a força e coragem 40 anos de idade, e a partir desta idade como sinônimos de masculinidade hete- as mulheres passam a apresentar preva- rossexual; essas referências de masculi- lências mais elevadas (BRASIL, 2006). nidade (força e coragem) também expli- cam o fato de os homens correrem mais Importante! Em estudos epidemioló- riscos associados aos contextos de uso gicos, o diagnóstico do estado nutri- e comércio de drogas (MORAES, 2011). cional de adultos geralmente é feito 1.3 Obesidade e sedentarismo  a partir do Índice de Massa Corpo- ral (IMC), obtido na divisão do peso As prevalências de sobrepeso e obesida- (medido em quilogramas) pela altu- de cresceram nos últimos 30 anos. No ra ao quadrado (medida em metros), grupo de doenças crônicas não transmis- ou seja: kg/m2. O excesso de peso é síveis destaca-se a obesidade por ser si- diagnosticado quando o IMC alcança multaneamente uma doença e um fator valor igual ou superior a 25 kg/m2, de risco para outras doenças, como a hi- enquanto a obesidade só é diagnos- pertensão e o diabetes, igualmente com ticada com valores de IMC superiores taxas de prevalência em elevação no país. a 30 kg/m2 (WHO, 1998). As mudanças na alimentação e a falta De acordo com o Vigitel (2013), as maio- de atividade física estão intimamente re- res frequências de excesso de peso en- lacionadas a este agravo. tre homens foram observadas em Porto Alegre (62,1%), Macapá (60,8%) e João Nesta etapa, vamos conhecer de que Pessoa (59,3%); já para as mulheres, em modo estes fatores se comportam na Manaus (52,0%), Cuiabá (51,0%) e Campo população masculina (BRASIL, 2006). Grande (50,9%). No conjunto das 27 cida- Acompanhe! des, a frequência de excesso de peso foi de 50,8%, maior entre homens (54,7%) do que entre mulheres (47,4%). Em ambos208 

Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homensos sexos, a frequência dessa condição Considerando os hábitos alimentares, notende a aumentar com a idade até os 54 conjunto da população adulta estudada,anos. Observe o esquemático abaixo. a frequência de consumo regular de fru- tas e hortaliças foi de 36,0%, menor emA frequência de adultos obesos variou en- homens (29,6%) comparados às mulhe-tre 13,2% em São Luís e 22,4% em Cuiabá, res (41,5%). Em ambos os sexos, o con-e as maiores frequências de obesidade sumo regular de frutas e hortaliças au-foram observadas, no caso de homens, mentou com a idade e foi maior entre osem Macapá (22,8%), Cuiabá (21,9%) e Rio indivíduos com 12 ou mais anos de estu-de Janeiro (21,1%). Importante ter em do. Entre o grupo estudado, cerca de umvista que, no conjunto das 27 cidades, a terço (31,0%) das pessoas declarou ter ofrequência de adultos obesos foi de hábito de consumir carnes com excesso17,5%. No sexo masculino, a frequência de gordura, condição quase duas vezesda obesidade duplicou da faixa de 18 a mais frequente em homens (41,2%) do24 anos para a faixa de 25 a 34 anos de que em mulheres (22,2%).idade, declinando após os 65 anos. FATORES DE RISCO DA OBESIDADEcoração cérebro Consumo de frutas e hortaliçaspulmões 41,5% estômago 29,6% rins bexiga fígado Consumo de carnes gordas ossos 22,2% intestino 41,2% delgado intestino Frequência de excesso de peso grosso 47,4% 54,7%  209

UN1 Condições de vulnerabilidade na saúde do homem Em ambos os sexos, a frequência do con- nariana, infarto agudo do miocárdio, hi- sumo de carnes com excesso de gordura pertensão arterial, entre outros agravos. tende a diminuir com o aumento da faixa etária e a ser menor entre os indivíduos A frequência de adultos que praticam com 12 anos ou mais de escolaridade. atividades físicas no tempo livre, equi- A obesidade é um dos mais importantes valente a pelo menos 150 minutos de fatores de risco para outras doenças não atividade de intensidade moderada por transmissíveis, especialmente o diabe- semana, variou entre 28,0% em São Luís tes e as doenças cardiovasculares. Ca- e 43,9% em Florianópolis. Entre homens, racterizada pelo excesso de peso, a obe- as maiores frequências foram encon- sidade está relacionada ao aumento da tradas em Florianópolis (53,7%), Vitória mortalidade e morbidade, atuando como (50,3%) e Distrito Federal (49,8%) e as fator de risco para a ocorrência de outras menores em São Paulo (34,6%), João doenças, como a litíase biliar e a osteoar- Pessoa (37,0%) e Porto Velho (37,9%). trite. E está, ainda, associada a alguns ti- No conjunto das 27 cidades, a frequên- pos de câncer, como os de cólon, de reto cia da prática de atividade física, equiva- e de próstata (BRASIL, 2006). lente a 150 minutos de atividade mode- rada por semana, foi 33,8%, maior entre 1.3.2 Sedentarismo homens (41,2%) do que entre mulheres (27,4%), veja o esquemático abaixo. A inatividade física está relacionada ao aumento da incidência de doença coro- Frequência na prática de atividades físicas por homens no tempo livre Maior frequência Menor frequência Florianópolis/SC 53,7% São Paulo/SP 34,6% Vitória/ES 50,3% João Pessoa/PB 37,0% Porto Velho/RO 37,9% Distrito Federal 49,8% Fonte: Vigitel, 2013210 

Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homensA frequência dessa condição tende a Estudo prospectivo de coorte > O ter-diminuir com o aumento da idade, de mo coorte é utilizado para designarforma mais acentuada entre os homens,e a aumentar, em ambos os sexos, con-  um grupo de indivíduos que são en-forme o nível de escolaridade (VIGITEL, trevistados ou testados para os fato-2013). res de risco (por exemplo, uso de ál- cool), e monitorados posteriormenteNo conjunto das 27 cidades, a frequên- para determinar o desenvolvimentocia de adultos fisicamente inativos foi de de enfermidades.16,2%, sendo de 16,8% entre homens ede 15,7% entre mulheres. O percentual de O sedentarismo chama a atenção porindivíduos fisicamente inativos aumenta ser menor entre os homens em relaçãoa partir de 55 anos, para ambos os se- às mulheres, e pode ser uma das formasxos. Os adultos com menor escolaridade mais eficazes de aproximar os homens(até oito anos de estudo) apresentam os da arena dos cuidados em saúde. Estu-maiores percentuais de inatividade físi- dos mostram que, para homens, cuidadosca (VIGITEL, 2013). com a saúde significam exercícios físicos e observância da alimentação (NASCI- MENTO, 2011; TONELI et al., 2010).Em estudo prospectivo de coorte dos Importante! A percepção de que osnascidos em 1982, na cidade de Pelotas cuidados com a saúde relacionam-(RS), a prevalência de sedentarismo foide 80,6% entre as mulheres e 49,2% entre  -se diretamente com a prática deos homens. Além disso, foi observada exercícios físicos e à atenção comuma tendência de aumento do escore de a alimentação pode ter relação comatividades físicas conforme aumentou a as questões de gênero, uma vez querenda ao nascer, e indivíduos pobres ou a socialização dos meninos geral-que se tornaram pobres na idade adul- mente se dá por meio de esportes eta foram mais sedentários. Entre os ho- competições.mens, a cor da pele esteve associada aosedentarismo, indivíduos de cor da pelepreta ou parda foram significativamentemenos sedentários, se comparados aosbrancos (AZEVEDO et al., 2008).  211

UN1 Condições de vulnerabilidade na saúde do homem 1.4 Pressão alta, colesterol global de HAS entre homens e mulheres elevado, hiperglicemia é semelhante, embora seja mais elevada nos homens até os 50 anos, invertendo- A mortalidade por doenças não trans- -se a partir da quinta década. missíveis é maior entre os homens, e geralmente essas doenças são multifa- Figura 5 – A ingestão excessiva de sódio toriais. Entre as possíveis causas estão é correlacionada com a elevação da PA os hábitos de vida, como por exemplo a alimentação inadequada, com o exces- so de consumo de sal e de gorduras, o sedentarismo, o excesso de peso, entre outros fatores de risco. Vamos agora re- tomar essa discussão abordando a pres- são alta, a dislipidemia e a hiperglicemia. 1.4.1 Pressão alta A hipertensão arterial sistêmica (HAS) Fonte: Shutterstock é uma condição clínica multifatorial ca- racterizada por níveis elevados e susten-  Alguns estudos fazem relação entre tados de pressão arterial (PA), ou seja, a prevalência de HAS e a cor de pele. PA maior ou igual a 140 x 90 mmHg. De Para saber mais sobre as possíveis modo geral, está associada a alterações causas de maior prevalência de HAS dos órgãos-alvo, como coração, encéfa- na população negra, acesse: <http:// lo, rins e vasos sanguíneos, e a altera- www.scielo.br/scielo.php?pid=S01 ções metabólicas, aumentando o risco 04-59702005000200008&script de eventos cardiovasculares (SBC, 2010). =sci_arttext>. A HAS é considerada um dos principais No levantamento Vigitel (2013), a fre- fatores de risco (FR) modificáveis e um quência de adultos que referiram diag- dos mais importantes problemas de nóstico médico de hipertensão arterial saúde pública. A mortalidade por doen- variou entre 15,2% em Palmas e 28,7% ça cardiovascular (DCV) aumenta pro- no Rio de Janeiro. No sexo masculino, gressivamente com a elevação da PA a as maiores frequências foram observa- partir de 115/75 mmHg de forma linear, das no Rio de Janeiro (25,1%), Maceió contínua e independente. A prevalência212 

Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homens(24,0%) e Cuiabá (23,3%), e as menores 1.4.2 Colesterol elevadoem Palmas (15,0%), Manaus (15,3%) eBoa Vista (16,3%). No conjunto das 27 A dislipidemia é definida como distúrbiocidades, a frequência de diagnóstico que altera os níveis séricos dos lipídeos,médico prévio de hipertensão arterial foi e assim como a hipertensão, também éde 24,1%, maior em mulheres (26,3%) do um dos fatores de risco para a ocorrên-que em homens (21,5%). A frequência cia de DCV e cerebrovasculares. Outrade diagnósticos aumentou com a idade situação clínica, não cardiovascular, as-mais elevada e foi maior entre os indiví- sociada à dislipidemia, particularmenteduos com menor nível de escolaridade à hipertrigliceridemia, é a pancreatite(0 a 8 anos de escolaridade). aguda. Níveis de triglicerídeos maiores do que 500 mg/dL podem precipitar ata- Importante! A ingestão excessiva de ques de pancreatite aguda, embora a pa- sódio tem sido correlacionada com a togênese da inflamação não seja clara elevação da PA, sendo que a popula- (BRASIL, 2013a). ção brasileira apresenta um padrão ali- mentar rico em sal, açúcar e gorduras. Níveis séricos dos lipídeos > As alte-A frequência de adultos que referem o  rações do perfil lipídico podem incluirconsumo de sal muito alto ou alto va- colesterol total alto, triglicerídeosriou entre 14,1% em Teresina e 19,0% em (TG) alto, colesterol de lipoproteínaPorto Alegre. As maiores frequências de alta densidade baixo (HDL-c)eforam encontradas, entre homens, em níveis elevados de colesterol de lipo-Porto Alegre (20,5%), Boa Vista (20,3%) proteína de baixa densidade (LDL-c).e Florianópolis (19,4%). No conjunto dapopulação adulta estudada, a frequên- A frequência de adultos que referiramcia de indivíduos que consideram seu diagnóstico médico prévio de dislipidemiaconsumo de sal muito alto ou alto foi de variou entre 16,4% em Porto Velho e 26,9%16,0%, maior entre homens (17,9%) do em Aracaju. No sexo masculino, as maio-que entre mulheres (14,3%). Em ambos res frequências foram observadas emos sexos, a tendência desta percepção Aracaju (24,6%), Teresina (21,0%) e Joãodiminuiu com a idade e aumentou com o Pessoa (20,2%), e as menores em Cam-incremento da escolaridade. po Grande (12,2%), Fortaleza (13,2%%) e Macapá (13,9%) (VIGITEL, 2013).  213

UN1 Condições de vulnerabilidade na saúde do homem A ingestão de gorduras saturadas é um dos principais fatores do colesterol elevado CH3 CH3 H3C HO H3C CH3 Doenças Doenças cardiovasculares cerebrovasculares Arteriosclerose No conjunto das 27 cidades, a frequên- do a defeitos da secreção e/ou da ação cia do diagnóstico médico prévio de da insulina. O DM vem aumentando sua dislipidemia foi de 20,3%, maior entre importância pela sua crescente preva- mulheres (22,9%) do que entre homens lência e habitualmente está associado (17,2%). Em ambos os sexos, o diagnós- à dislipidemia e à hipertensão arterial tico da doença se tornou mais comum (BRASIL, 2013b). com o avanço da idade, e foi maior em indivíduos com até oito anos de esco- No levantamento da Vigitel (2013), a laridade. frequência de adultos que referiram diagnóstico médico prévio de diabetes 1.4.3 Hiperglicemia variou entre 3,6% na cidade de Palmas e 8,2%, em São Paulo. No sexo mas- Diabetes Mellitus (DM) refere-se a um culino, as maiores frequências foram transtorno metabólico de etiologias he- observadas em São Paulo (8,2%), Belo terogêneas, caracterizado por hipergli- Horizonte (7,6%) e Campo Grande cemia e distúrbios no metabolismo de (7,1%), e as menores em São Luís (3,1%), proteínas, carboidratos e gorduras, devi- Palmas (3,4%%) e Recife (3,9%).214 

Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homens Importante! As DCV são responsá- 1.5 Recomendação de leituras veis por grande percentual de mor- complementares talidade entre os homens, e estão associadas a fatores de risco já co- STEVENS, A.; SCHMIDT, M. I.; DUNCAN, B. B. Desigualdades de nhecidos. Entre os mais relevantes, gênero na mortalidade por doen- destacamos o DM, a hiperlipidemia, ças crônicas não transmissíveis a obesidade, o sedentarismo, o uso no Brasil. Ciência e Saúde Coleti- do tabaco e a hipertensão (MACKAY; va [online]. Porto Alegre, vol. 17, MENSAH, 2004). Portanto, apesar de n. 10, p. 2627-2634, 2012. Dispo- terem sido apresentados separada- nível em: <http://www.scielo.br/ mente nesta unidade, lembre-se de scielo.php?script=sci_arttext&pid= que são fatores de risco para mais de um agravo e podem aparecer  S1413-81232012001000012&ln- concomitantemente. g=pt&nrm= iso>.No conjunto das 27 cidades, a frequên- SEPARAVICH, M. A.; CANESQUI, A.cia do diagnóstico médico prévio de dia- M. Saúde do homem e masculinida-betes foi de 6,9%; 6,5% entre homens e des na Política Nacional de Atençãode 7,2% entre mulheres. Em ambos os Integral à Saúde do Homem: umasexos, o diagnóstico da doença se tor- revisão bibliográfica. Saúde e So-nou mais comum com o avanço da ida- ciedade [online]. São Paulo, v. 22,de; essa tendência se acentuou a partir n. 2, p. 415-428, junho 2013. Dis-dos 45 anos, e mais de um quinto dos ponível em: <http://www.scielo.br/indivíduos, com 65 anos ou mais, referi- scielo.php?script=sci_arttext&pid=ram diagnóstico médico de diabetes. Em S0104-12902013000200013&lngambos os sexos, a frequência de diabe- =en&nrm= iso>.tes foi maior em indivíduos com até oitoanos de escolaridade.Entre os comportamentos que influen-ciam na maioria dos fatores de riscoapresentados nesta unidade estão os há-bitos alimentares, e como observamosno tópico sobre obesidade, a diferençana alimentação de homens e mulheresinfluencia no impacto desses fatores derisco para cada um dos gêneros.  215



UN2Aspectos epidemiológicosna população masculina



Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homensAs doenças crônicas não transmissíveis 568.995 em homens (49,9%), com maior(DCNT) são responsáveis pela maioria número na região Sudeste (253.705),das enfermidades e mortes no mundo. Nordeste (124.925) e Sul (120.024), se-Apresentam um número estimado de guidas da Centro-Oeste (39.627) e Norte36 milhões de mortes por ano, ou seja, (30.714) (DATASUS, 2013).63% de todos os óbitos, incluindo maisde 14 milhões de pessoas que morrem  Importante! Desde 1990, há umade forma precoce, entre idades de 30 a tendência de aumento da mortali-70 anos, a maioria de causas evitáveis. dade por DAC em homens, especial-A Organização Mundial da Saúde (OMS) mente nas regiões Norte, Nordeste eestima que o número anual total de mor- Centro-Oeste.tes por DCNT aumentará para 55 milhõesaté 2030. No Brasil, em 2010 as DCNT As DAC representam 33% do total deresponderam por 74% do total das mor- óbitos das DCNT no Brasil. Em 2012, ates por causa conhecida. A proporção de taxa de mortalidade foi de 82/100.000mortes por estas doenças triplicou entre homens na faixa etária de 20 a 59 anos,as décadas de 1930 e 1990. com variação de 40/100.000 no Ama- pá a 118/100.000 no Rio de Janeiro2.1 Doenças cardiovasculares (DCV) (MOURA, 2012). No ano de 2013, ocor- reram 339.257 óbitos, sendo 178.027As doenças cardiovasculares (DCV) re- em homens (52,4%), com maior númeropresentaram 48% (17,3 milhões) dos na região Sudeste (83.532) e Nordes-óbitos por DCNT em 2008 (WHO, 2011; te (45.635), seguidas das regiões SulWHO, 2013). (27.693), Centro-Oeste (11.954) e Norte (9.213) (DATASUS, 2013). Importante! Dentre as DCNT que A mortalidade por DAC é prevalente em mais representam ameaça à saúde homens com idade acima de 50 anos, das populações encontram-se as do- representando 89,4% dos óbitos ocorri- enças do aparelho circulatório (MOU- dos em 2013, especialmente nas faixas RA, 2012). etárias de 60 a 69 anos (21,7%), 70 a 79 anos (25,9%) e acima de 80 anos (27,2%)Em 2014, ocorreram 1.140.482 interna- (DATASUS, 2013).ções por Doença do Aparelho Circula-tório (DAC) registrados no Sistema de As doenças isquêmicas do coração,Informação Hospitalar do Sistema Úni- Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e asco de Saúde (SIH/SUS) no Brasil, sendo  219

UN2 Aspectos epidemiológicos na população masculina doenças cerebrovasculares, Acidente Figura 6 – HAS ainda é uma doença desconhecida Vascular Cerebral (AVC), correspondem, para muitos indivíduos em conjunto, por cerca de 60% das mor- tes em homens nesse grupo de doenças (MOURA, 2012). Denota-se por meio destes dados epide- Fonte: Fotolia miológicos a importância da interface das ações de promoção e prevenção da O envelhecimento populacional é um PNAISH, responsável pela faixa etária de dos principais fatores relacionados ao 20 a 59 anos, com as da Política Nacio- aumento de hipertensão arterial no mun- nal de Saúde da Pessoa Idosa – PNSPI do: de 600 milhões, em 1980, para 1,2 (Portaria nº 2528, de 20/10/06) que con- bilhão, em 2008. Em revisão sistemática templa os homens a partir dos 60 anos de artigos publicados entre 2003 e 2008, em diante, no intuito de diminuir a médio a prevalência mundial média de hiper- prazo a alta taxa de mortalidade mascu- tensos apresentava-se acima de 30% lina por DAC. (37,8% entre os homens e 32,1% entre as mulheres) (MOREIRA et al., 2013). Se- 2.1.1 Hipertensão Arterial gundo o estudo Heart Disease and Stroke Sistêmica (HAS) Statistics — 2015 Update, da American Heart Association, no período de 2001 A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) a 2011 a taxa de hipertensão aumentou é o resultado de uma condição clínica 13,2% em mais de 190 países pesquisa- com múltiplos fatores, associando-se a dos (AMERICAN HEART ASSOCIATION, alterações metabólicas e/ou estruturais 2015). No Brasil, segundo o Departa- dos órgãos-alvo (encéfalo, coração, va- mento de Informática do SUS, em 2012 sos sanguíneos e rins), constituindo o a prevalência na população geral foi de principal fator de risco para doença ar- 24,3%. No conjunto das 27 capitais bra- terial coronariana, insuficiência cardía- sileiras avaliadas pelo Vigitel em 2013, a ca, doença cerebrovascular, doença re- nal crônica e fibrilação atrial (SBC, 2010; SBC, 2013). Trata-se de uma doença desconhecida pela maioria dos indiví- duos e somente a metade recebe algum tipo de tratamento médico para seu con- trole (OPAS, 2014).220 

Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homensfrequência de diagnóstico médico prévio com predisposição genética e fatoresde hipertensão arterial foi de 24,1%, sen- ambientais, aliada a um estilo de vidado 21,5% em homens. pouco saudável. Revela maior prevalên- cia em homens que consomem bebida Segundo a OMS, a HAS é responsável alcoólica regularmente, que vivem sob por 3,9 milhões de mortes por ano estresse, ex-tabagistas, sedentários, no mundo, e é o principal fator que possuem algum grau de excesso de risco cardiovascular e causa de peso ou apresentam circunferência de morte prematura nos países abdominal aumentada, assim como fa- desenvolvidos (WHO, 2011) tores socioeconômicos e uma dieta rica em sódio (SBC, 2010; SBC, 2013). 2.1.2 Infarto agudo do miocárdio (IAM)A mortalidade por DAC aumenta pro- O IAM se caracteriza pela instalação degressivamente com a elevação da pres- placas de ateroma nas coronárias, cau-são arterial, a partir de 115/75 mmHg de sando obstrução total ou parcial das ar-forma linear, contínua e independente. térias ou seus ramos. A redução do fluxoEm uma década, cerca de 7,6 milhões sanguíneo e isquemia, quando prolonga-de mortes no mundo foram atribuídas à da, acarretam hipóxia e culminam com aHAS, 54% por Acidente Vascular Encefá- necrose do músculo cardíaco. Segundolico (AVE) e 47% por doença isquêmica a OMS, é a principal causa de óbito nodo coração, sendo a maioria em países mundo, com 7,3 milhões de mortes emde baixo e médio desenvolvimento eco- 2008, representando 46% dos óbitos pornômico (WILLIAMS, 2009). DCV (WHO, 2011).A hipertensão arterial é um problema Em 2014, ocorreram 94.399 interna-crônico, com alta prevalência nos ho- ções por IAM, sendo 59.849 em homensmens e que apresenta aumento em fai- (63,4%), índice maior que entre as mu-xas etárias maiores, principalmente aci- lheres (36,6%), com maior número nama de 40 anos (BRASIL, 2013a; VIGITEL, região Sudeste (50,6%), Sul (19,8%) e2013), sendo superior a 50% entre 60 e Nordeste (20,4%), seguidas das regiões69 anos e 75% acima de 70 anos (SBC, Centro-Oeste (5,4%) e Norte (3,9%) (DA-2013). Apresenta-se, na maior parte das TASUS, 2014). Observe o esquemáticovezes, de forma agregada, em famílias na página seguinte.  221

UN2 Aspectos epidemiológicos na população masculina Índice de internações por Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) em 2014 94.399 internações Norte Nordeste por IAM em 2014 3,9% 20,4% 34.550 em mulheres Centro-Oeste Sudeste 36,6% 5,4% 50,6% 59.849 em homens Sul Fonte: Datasus, 2014 63,4% 19,8% No ano de 2013 ocorreram 85.939 óbi- dade física (6%) e sobrepeso e obesidade tos por IAM, sendo 50.497 em homens (5%). Esses fatores de risco comporta- (58,8%), com maior número na região mentais e metabólicos frequentemente Sudeste (47,0%) e Nordeste (26,0%), coexistem na mesma pessoa e atuam seguidas das regiões Sul (15,3%), Cen- sinergicamente para aumentar o risco tro-Oeste (6,7%) e Norte (5,0%). A mor- total do indivíduo de desenvolver even- talidade por IAM é mais prevalente em tos vasculares agudos (WHO, 2011). homens com idade acima de 50 anos, representando, 88,8% dos óbitos ocor- Importante! Os principais fatores de ridos, especialmente nas faixas etárias risco não modificáveis para o IAM são: de 60 a 69 anos (24,9%) e 70 a 79 anos a idade, a raça negra, o sexo masculi- (24,24%) (DATASUS, 2013).  no e a história familiar de DCV. O risco Em termos de mortes atribuíveis, o prin- aumenta progressivamente após cada cipal fator de risco cardiovascular é a década acima de 40 anos. O sexo pressão arterial aumentada (13% das masculino apresenta maior probabili- mortes globais), seguido pelo uso do ta- dade de sofrer de doença do aparelho baco (9%), glicemia elevada (6%), inativi- circulatório, e este risco aumenta em fase mais precoce da sua vida (BRA- SIL, 2011; SBC, 2013).222 

Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homensO colesterol elevado é considerado um vida saudável, orientações e tratamen-dos principais fatores de risco modificá- tos (SBC, 2013).veis, principalmente do nível do coleste-rol da lipoproteína de baixa densidade 2.1.3 Acidente Vascular Cerebral(LDL-C), e seu controle traz grande bene- (AVC)fício na redução de desfechos cardiovas-culares como infarto e morte por doença O AVC é classificado em hemorrágico oucoronariana (SBC, 2013; SBC, 2015). isquêmico, sendo este último o mais fre- quente, representando em torno de 85%É importante lembrar, também, que o dos casos.aumento de peso está associado a pro-cessos de calcificação arterial corona- Lembre que:riana, e o risco cardiovascular dependedo acúmulo de gordura intra-abdominal • No AVC isquêmico ocorre obstrução(obesidade central). Já entre os fuman- ou redução brusca do fluxo sanguí-tes, o risco relativo de IAM apresenta-se neo em uma artéria cerebral, causan-aumentado: duas vezes em indivíduos do falta de circulação no seu territóriocom idade superior a 60 anos e cinco vascular.vezes entre aqueles com idade inferior a50 anos, quando comparados com não • O AVC hemorrágico é causado pelafumantes (SBC, 2013). ruptura espontânea (não traumática) de um vaso, com extravasamento de Importante! Os indivíduos do sexo sangue para o interior do cérebro (he- morragia intracerebral), para o sistema masculino com idade inferior a 60 ventricular (hemorragia intraventricu- anos que continuaram a fumar apre- lar) e/ou espaço subaracnóideo (he- sentaram um risco de mortalidade, morragia subaracnóide) (SBDC, 2015). por todas as causas, 5,4 vezes maior comparados àqueles que pararam de Quanto ao AVC isquêmico, a principal fumar (SBC, 2015). etiologia é a aterosclerose de pequenas e grandes artérias cerebrais. A causa éPor fim, a condição socioeconômica idiopática em cerca de 30% dos casosbaixa, falta de apoio social, estresse no (BRASIL, 2012).trabalho e na vida familiar, depressão eansiedade são fatores de risco psicos- Segundo a OMS, o AVC é a segunda maiorsociais para as doenças cardiovascula- causa de óbito no mundo e a primeira emres, que dificultam a adesão a estilo de  223

UN2 Aspectos epidemiológicos na população masculina incapacidade, com 6,2 milhões de mor- A idade é um importante fator de risco es- tes ocorridas em 2008, representando tabelecido. O risco aumenta após os 50 34% dos óbitos por DCV (WHO, 2011). anos, com alta prevalência na faixa etá- ria acima de 80 anos (DATASUS, 2013), É a maior causa de incapacidade no relacionado ao maior comprometimento mundo: aproximadamente 70% das pes- vascular em idosos. O sexo masculino, a soas se afastam do trabalho em decor- raça negra e a história familiar da doen- rência das sequelas neurológicas/moto- ça apresentam maior tendência ao de- ras e 50% ficam dependentes de outras senvolvimento do AVC (SBDC, 2015). pessoas (cuidadores) para realizar ativi- dades do cotidiano (SBDC, 2015). Figura 7 – O risco de AVC é duas vezes maior em fumantes O AVC é uma das principais causas de internações e mortalidade no Brasil. Fonte: Fotolia Segundo dados do SIH/SUS, em 2014 ocorreram no Brasil 141.860 interna- ções por AVC não especificado, isquê- mico ou hemorrágico, sendo 73.487 em homens (51,8%), com maior número na região Sudeste (31.566), Nordes- te (19.826), seguidas das regiões Sul (12.521), Centro-Oeste (4.683) e Norte (4.891) (DATASUS, 2014). No ano de 2013 ocorreram 99.968 óbi- A maior probabilidade no sexo masculi- tos por AVE, sendo 50.281 em homens no, principalmente até a idade de 50 anos, (50,3%). está associada a maiores exposições a fatores de risco relacionados a estilos de Importante! A mortalidade por AVC é vida não saudáveis, tais como tabagis- mo, uso abusivo do álcool, sedentaris-  mais prevalente em homens com ida- mo e obesidade. As doenças cardíacas, de acima de 60 anos, representando especialmente as arritmias, IAM, doen- 79,8% dos óbitos ocorridos, espe- ças valvares e cardiopatia chagásica cialmente nas faixas etárias de 70 a (Doença de Chagas) possibilitam a for- 79 anos (28,2%) e acima de 80 anos mação de coágulos, que podem reduzir o (31,2%) (DATASUS, 2013). fluxo sanguíneo e provocar um AVC.224 

Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homensDestacam-se, também, os fatores clás- estado de resistência à ação da insulina,sicos de risco cardiovascular, como o associado a um defeito na sua secre-tabagismo, a hipertensão arterial, o dia- ção, menos intenso do que o observadobetes, o sedentarismo e a alimentação no DM tipo 1 (ADA, 2010). O DM tipo 2inadequada. O tabagismo está associa- apresenta início insidioso com sintomasdo a maior incidência de AVC, cerca de mais brandos, e pode evoluir por mui-25% de todos os casos, sendo o risco de tos anos antes de requerer insulina paraAVC no fumante duas vezes maior que controle (BRASIL, 2013b).no não fumante. A dislipidemia, espe-cialmente o colesterol, leva à formação Atualmente, estima-se 383 milhões dede placas ateromatosas, reduzindo o flu- pessoas no mundo com DM, 198 mi-xo sanguíneo. O consumo excessivo de lhões nos homens (51,83%), 14 milhõesbebidas alcoólicas também está asso- a mais que nas mulheres. Para 2035,ciado ao aumento na incidência de AVC esta diferença deve aumentar para 15(SBDC, 2013; SBDC, 2015). milhões (305 milhões de homens). No entanto, metade das pessoas desconhe-2.2 Diabetes Mellitus (DM) ce seu diagnóstico. Além disso, quase a metade tem entre 40 e 50 anos de idade,O diabetes mellitus (DM) refere-se a um a maioria abaixo de 60 anos.transtorno metabólico de etiologias he-terogêneas, caracterizada por hipergli- Em torno de 80% da população com DMcemia e distúrbios no metabolismo de vive nos países menos desenvolvidos, emcarboidratos, proteínas e gorduras, re- virtude do crescimento e envelhecimentosultantes de defeitos da secreção e/ou populacional, com maior urbanização eda ação da insulina. mudanças nos estilos de vida, contribuin- do para o aumento da prevalência de obe-O DM tipo 1 indica o processo de des- sidade e sedentarismo (IDF, 2013).truição da célula beta, que leva ao está-gio de deficiência absoluta de insulina, Importante! O DM é um importan-quando a administração da mesma énecessária para prevenir cetoacidose.  te problema de saúde pública, comOcorre principalmente em crianças e alta morbimortalidade no homem emadolescentes, com menor frequência decorrência de suas complicações,no adulto. Já o DM tipo 2, que corres- associadas a danos em longo prazoponde a 90% dos casos, apresenta uma especialmente nos olhos, rins, nervosdeficiência relativa de insulina, com um e sistema circulatório (ADA, 2010; IDF, 2013).  225

UN2 Aspectos epidemiológicos na população masculina Na América do Sul, estima-se 24,1 mi- O DM é uma das principais causas de lhões de pessoas com DM, 8% da popu- morte prematura na maioria dos países, lação adulta, e deve atingir 9,8% até o ano principalmente por problemas cardiovas- de 2035, com um aumento de 60%, repre- culares. Em 2013, aproximadamente 5,1 sentando 38,5 milhões de pessoas. O Bra- milhões de pessoas, entre 20 e 75 anos, sil tem o maior número de pessoas com morreram por DM, representando 8,4% DM (11,9 milhões), seguido da Colômbia da mortalidade por todas as causas no (2,1 milhões), Argentina (1,6 milhões) e mundo. Cerca de 50% dos óbitos ocor- Chile (1,3 milhões) (IDF, 2013; PABLO et rem em pessoas abaixo de 60 anos de al., 2014). idade, quando ainda contribuem econo- micamente para a sociedade. Há pouca  Mesmo com esses números, vimos diferença de número de mortes entre ho- que metade das pessoas desconhece mens e mulheres em todas as regiões, ex- seu diagnóstico. Como você, como ceto no Oriente Médio e África, onde ocor- profissional de saúde, pode auxiliar rem mais óbitos em mulheres (IDF, 2013). para promover a troca de informações sobre o diabetes em seu dia a dia? Figura 8 – Diabetes mellitus No Brasil, a Federação Internacional de Fonte: Fotolia Diabetes estimou, para 2013, 9,04% de diabetes, com 5.778,01 homens de 20- Na América Latina, registraram-se, em 79 anos/100.000 (IDF, 2013). Dados 2013, 226.400 óbitos em adultos, repre- do relatório Vigitel (2013) demostram sentando 11% de todos os óbitos. Mais que a frequência do diagnóstico mé- da metade (53,5%) ocorreram em ho- dico de DM na população acima de 18 mens (IDF, 2013). No Brasil, ocorreram anos, nas capitais brasileiras, aumentou 58.017 óbitos em 2013, sendo 25.718 de 5,5% em 2006 para 6,9% em 2013. em homens (44,32%), com 67,7% na Segundo dados do DATASUS (2014), em 2014 ocorreram no Brasil 139.778 internações por DM: 62.965 em homens (45,04%), com maior número na região Sudeste (22.887), Nordeste (19.155), seguidas das regiões Sul (9.992), Norte (5.929) e Centro-Oeste (5.005). A fai- xa etária de 50 a 79 anos representou 63,84% das internações.226 

Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homensfaixa etária entre 50 e 79 anos de idade Figura 9 – As doenças respiratórias crônicas re-(DATASUS, 2013). presentam um dos maiores problemas de saúde no mundoO DM tipo 2 manifesta-se, em geral, nosadultos, na faixa etária acima de 40 a 59anos, com longa história de excesso depeso (especialmente abdominal ou vis-ceral), dislipidemia com triglicérides ele-vados (ADA, 2013; BRASIL, 2013b; SBD,2015). A maior ocorrência está em zonasurbanas, atribuída a estilos de vida poucosaudáveis, em particular o padrão alimen-tar interagindo com provável suscetibilida-de genética (IDF, 2013; PABLO et al., 2014).A alimentação saudável, prática de ati- Fonte: Shutterstockvidade física, cessação do tabagismo eredução do excesso de peso, estão as- As DRC representam um dos maioressociadas à redução de 91% na incidên- problemas de saúde mundialmente. Cen-cia de novos casos de DM e de 88% nos tenas de milhões de pessoas de todascasos com história familiar (SBD, 2015). as idades sofrem dessas doenças e deO tabagismo está associado a um meca- alergias respiratórias em todos os paísesnismo ainda desconhecido de aumento do mundo, e mais de 500 milhões delasdas concentrações de colesterol total e vivem em países em desenvolvimento.LDL, que diminui o HDL e aumenta a re-sistência à insulina (BRASIL, 2014).  Importante! As DRC estão aumentan- do em prevalência, afetam a qualidade2.3 Doenças Respiratórias de vida e podem provocar incapacida- Crônicas (DRC) de nos indivíduos afetados, causando grande impacto econômico e social.As doenças respiratórias podem ser tan-to das vias aéreas superiores como das As limitações físicas, emocionais e inte-inferiores. A doença pulmonar obstrutiva lectuais que surgem com a doença, comcrônica (DPOC), a asma e a rinite alérgi-ca são as doenças respiratórias crônicas(DRC) mais comuns.  227

UN2 Aspectos epidemiológicos na população masculina consequências na vida do indivíduo e de res em países de alta renda e ao maior sua família, geram sofrimento humano risco de exposição à poluição do ar inte- (BRASIL, 2010). rior em países de baixa renda, a doença passou a afetar homens e mulheres qua- A OMS e o Banco Mundial estimam que se igualmente. quatro milhões de pessoas com DRC possam ter morrido prematuramente em No Brasil, a DPOC foi responsável por 2005, sendo que as projeções preveem 170 mil admissões hospitalares no SUS um aumento considerável no número de em 2008, com permanência média de mortes futuras. Como estratégia para seis dias. A região Sul do Brasil apresen- enfrentar esse problema de saúde no ta a maior taxa de internações, provavel- plano mundial, a OMS criou a Global Al- mente por conta das temperaturas mais liance Against Chronic Respiratory Di- baixas. O custo de internações estima- seases (BRASIL, 2010). do por paciente por ano com DPOC é de US$ 1.522,00, quase três vezes o custo Global Alliance Against Chronic Res- per capita da asma (BRASIL, 2010). piratory Diseases > Aliança volun- Conforme a OMS, mais de três milhões  tária de organizações nacionais e de pessoas morreram de DPOC em internacionais, instituições e agên- 2005, 5% de todas as mortes no mundo. cias comprometidas para o objetivo Só no Brasil, há cerca de cinco milhões comum de reduzir a carga global de de portadores da doença, de acordo com doenças respiratórias. o Ministério da Saúde. Em cinco anos, o número de mortes pela doença no país Agora, vamos conferir mais informações aumentou 12%, passando de 33.616 em sobre cada uma das DRC mais comuns. 2005, para 37.592 em 2010. A OMS re- Acompanhe. vela que a DPOC será a terceira maior causa de mortes no mundo até 2030. A 2.3.1 Doença Pulmonar Obstrututiva DPOC é a quarta causa de mortalidade Crônica (DPOC) e representa 4,8% dos óbitos em todo o mundo; encontra-se entre a quinta e De acordo com estimativas da OMS, 65 sexta das principais causas de morte no milhões de pessoas têm DPOC, de mo- Brasil. Quase 90% das mortes por DPOC derada a grave. A DPOC sempre foi mais ocorrem em indivíduos de baixa e média comum em homens, mas em função do renda (BRASIL, 2010; WHO, 2012). aumento do uso do tabaco entre mulhe-228 

Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homens Importante! A prevalência da DPOC O tabagismo, a poluição ambiental, os alérgenos, os agentes ocupacionais e tem sido estimada nas estatísticas certas doenças (esquistossomose e de mortalidade. Tem-se, portanto, um doença falciforme) são considerados fa- subdiagnóstico, e mesmo assim essas tores de risco preveníveis para os males estimativas mostram que a morbimor- respiratórios crônicos (BRASIL, 2010). talidade por DPOC está se elevando em muitas regiões (BRASIL, 2010).Os fatores de risco para a doença estão Pneumonia, bronquiolite e tuberculosedescritos no esquemático ao lado. também podem ser consideradas fato- res de risco com impacto significativoA maior susceptibilidade está entre as sobre essas doenças, pois causam cica-pessoas acima dos 40 anos, fumantes ou trizes nas vias aéreas. Muitos dos fato-ex-fumantes. Pessoas que nunca fuma- res de risco preveníveis já foram identifi-ram, mas estiveram expostas a substân- cados e medidas eficazes de prevençãocias tóxicas, poluição, gases ou fumaça foram estabelecidas (BRASIL, 2010).também podem desenvolver a doença(BRASIL, 2010). Fatores de risco para Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica Externos: tabagismo, poeira ocupacional, irritantes químicos, fumaça de lenha, infecções respiratórias graves na infância e condição socioeconômica.Individuais: transferase e alfa-1 antiquimotripsina, além da hiperresponsividade brônquica, desnutrição e prematuridade (SBPT,2004).  229

UN2 Aspectos epidemiológicos na população masculina 2.3.2 Asma temporal desse período (SBPT, 2012). De acordo com Gina (2014), a mortalidade A prevalência de asma no Brasil ocupa continua alta, em média 2500 mortes/ a oitava posição mundial. Estima-se que ano (2008-2012), com taxas crescentes no país existam aproximadamente 20 na região Norte e decrescentes nas ou- milhões de asmáticos, se for conside- tras regiões (SBPT, 2012). rada uma prevalência global de 10%. As estimativas entre as crianças e os ado- Os fatores de risco para a asma in- lescentes escolares variam de 10 a va- cluem a exposição ambiental (alérge- lores superiores a 20%, dependendo da nos inalados, exposições ocupacionais região e da faixa etária. No ano de 2007, e irritantes das vias aéreas). O risco de a asma foi responsável 273 mil interna- persistência da asma até a idade adul- ções, com custo aproximado de R$ 98,6 ta aumenta com a gravidade da doença, milhões para o SUS. Já em 2011 foram com a presença de atopia, o tabagismo e registradas pelo DATASUS 160 mil hospi- o gênero feminino (SBPT, 2012). talizações em todas as idades, dado que colocou a asma como a quarta causa de 2.3.3 Rinite internações (BRASIL, 2010; SBPT, 2012). Apesar da diminuição das internações, é A rinite é a doença de maior prevalência uma das cinco causas mais frequentes entre as doenças respiratórias crônicas. de internação, com valores de 200 mil/ É um problema global de saúde pública, ano e custos aproximados de 100 mi- acometendo cerca de 20 a 25% da popu- lhões/ano, entre 2012 e 2014. lação em geral. Geralmente, é uma doen- ça subdiagnosticada pelos profissionais Importante! No ano de 2007 foram de saúde, associada ao fato de que nem todos os portadores de rinite procuram  registrados no Sistema de Informa- atendimento (BRASIL, 2010). ção sobre Mortalidade 2.500 óbitos por asma, dos quais aproximada-  Importante! A rinite está entre as dez mente um terço ocorreu em unidades razões mais frequentes de atendi- de saúde, domicílios ou vias públicas mento na Atenção Básica, mesmo (BRASIL, 2010). sendo uma doença que apresenta sintomas de menor gravidade. Sua A taxa média de mortalidade no país, en- manifestação afeta a qualidade de tre 1998 e 2007, foi de 1,52/100.000 ha- vida das pessoas, causando prejuízos bitantes (variação, 0,851,72/100.000 ha- pelo absenteísmo ao trabalho e à es- bitantes), com estabilidade na tendência cola (BRASIL, 2010).230 

Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homens Alguns dos principais geradores da rinite:  Aeroalérgenos  Mudanças bruscas de clima  Odores fortes  Gás de cozinha  Fumaça de cigarro  Ar frio e secoA rinite alérgica pode ser desencadeada 7.4 milhões de casos/ano, 4,6 milhões deou agravada principalmente pela exposi- mortes e 15,3 milhões de homens viven-ção a aeroalérgenos, mas também pela do com câncer, cinco anos após o diag-exposição a mudanças bruscas de cli- nóstico. Esta proporção deve aumentarma, inalação de irritantes inespecíficos até 2025, com estimativa de 10,4 milhões(odores fortes, gás de cozinha, fumaça de novos casos/ano e 6,6 milhões dede cigarro), inalação de ar frio e seco e mortes. Mais da metade dos novos ca-ingestão de anti-inflamatórios não hor- sos de câncer (56.8%) e mortes (64.9%)monais, em indivíduos predispostos. em 2012 ocorreram nos países em de- senvolvimento (GLOBOCAN, 2013).A rinite alérgica por sensibilização aácaros e/ou fungos tem o seu curso clí- Gráfico 2– Estimativa de novos casos de câncernico agravado nos períodos de outono/ entre homens nos anos 2012 e 2025inverno, pelas condições climáticas fa-voráveis à sua proliferação. Nos casos 10,4 milhõesde exposição ocupacional, os sintomasestão presentes nos dias de trabalho, 7,4 milhõesocorrendo melhora clínica nos feriadose finais de semana (ABAIP, 2012).2.4 Neoplasias e tumoresO câncer é uma das principais causas 2012 2025de morbidade e mortalidade no homem, Fonte: Globocan, 2013com uma estimativa mundial em 2012 de  231

UN2 Aspectos epidemiológicos na população masculina No Brasil, desde 2000, os cânceres para o planejamento e avaliação de in- constituem a segunda causa de morte tervenções associadas à prevenção na população, seguida das causas ex- (WAGSTAFF, 2011). ternas, representando 16% dos óbitos de causa conhecida em 2013 (INCA,  Importante! Vários tipos de cânceres 2014). O GLOBOCAN estima para 2020 podem ter sua incidência diminuída um aumento de 62.392 casos novos em pela eliminação da exposição a fato- homens, índice maior do que entre mu- res de risco. lheres (53.066), acompanhando a ten- dência mundial de aumento da incidên- A detecção precoce do potencial de ma- cia (GLOBOCAN, 2013). lignidade das células possibilita uma con- dição mais favorável para seu tratamento Ao analisar as regiões geográficas bra- e, consequentemente, cura (INCA, 2014). sileiras, o câncer apresenta-se como a segunda causa de morte nas regiões Sul Agora, vamos aprofundar nosso conhe- (20%) e Sudeste (16%), terceira causa cimento sobre os tipos de câncer que nas regiões Centro-Oeste (15%) e Nor- mais acometem a saúde do homem. deste (13%), e a quarta causa na região Acompanhe. Norte (12%). Para 2014, o Instituto Na- cional do Câncer José Alencar Gomes 2.4.1 Câncer de próstata da Silva (INCA) estimou 203.930 casos novos de câncer em homens no Brasil, O câncer de próstata é o segundo tu- sem contar o de pele não melanoma, mor mais comum entre os homens no com as maiores incidências de câncer mundo, representando 14,8% do total de de próstata, pulmão, cólon e reto, estô- cânceres diagnosticados, com ocorrên- mago e esôfago (INCA, 2014). cia de 70% dos casos (759.000) nos paí- ses em desenvolvimento. A incidência A vigilância da morbimortalidade por de câncer de próstata apresenta grande câncer permite conhecer quantas pes- variação em todo o mundo, com taxas soas desenvolverão a doença, quantas mais elevadas na Austrália/Nova Zelân- morrerão e quantas viverão com ela dia (111,6/100.000) e América do Norte como sobreviventes. A compreensão (97,2/100.000), associadas à prática do das tendências temporais no Brasil e teste Antígeno Prostáticas Específico suas regiões, assim como os principais (PSA) e biopsia posterior. As taxas de fatores determinantes, complemen- incidência apresentam-se também ele- tam esse monitoramento, sendo vital vadas em regiões menos desenvolvi-232 

Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homensdas, como o Caribe (79,8/100.000), Áfri- que para a região Nordeste, que pas-ca do Sul (61,8/100.000) e América do sou de 3,8 óbitos/100.000, em 1980,Sul (60,1/100.000), mas permanecem para 14,3/100.000, em 2010. O Sul, porbaixas nas populações asiáticas, com sua vez, passou de 7,8 para 15,1 óbi-variação de 10,5/100.00 e 4,5/100.000 tos/100.000 e o Sudeste de 6,9 para(GLOBOCAN, 2013). 14,3 óbitos/100.000 homens (CONCEI- ÇÃO, 2012).No Brasil, o câncer de próstata é o maisincidente, representando 33,7% do to- Figura 10 – A idade é o único fator de risco esta-tal de cânceres diagnosticados (INCA, belecido para câncer de próstata2014), menores que as taxas na Amé-rica do Sul (60,1/100.000 homens). O Fonte: FotoliaGLOBOCAN estima para 2020 um au-mento de 23.426 casos, acompanhan- A idade é o único fator de risco estabe-do a tendência mundial de aumento lecido para câncer de próstata. Cerca deda incidência (GLOBOCAN, 2013). O 68,4% (749.972) dos casos no mundoINCA estimou a ocorrência de 61.200 ocorrem em homens com 65 anos oucasos novos para 2016. Ao avaliar a mais (GLOBOCAN, 2013).estimativa de casos novos, nas diferen-tes regiões do Brasil, verifica-se maior Importante! A incidência do câncerincidência no Sul (91,24/100.000), Su-deste (88,06/100.000) e Centro-Oeste  acompanha o processo de envelheci-(62,55/100.000), com menor incidência mento em decorrência de uma maiorno Nordeste (47,46/100.000) e no Norte exposição das células das pessoas(30,16/100 mil) (INCA, 2014). idosas a diversos fatores de risco cancerígenos (INCA, 2006).O câncer de próstata representou 6,6%(307.481) do total de óbitos no mundoem 2012; a quinta causa de morte porcâncer no sexo masculino (GLOBOCAN,2013). Em 2013, ocorreram 13.129 óbi-tos no Brasil (INCA 2014), sendo quedesde a década de 1980 ocorre umatendência de aumento da taxa de mor-talidade por câncer de próstata emtodas as regiões do país, com desta-  233

UN2 Aspectos epidemiológicos na população masculina A história familiar positiva representa total de cânceres diagnosticados, com 13% a 26% de todos os casos. O risco ocorrência de 58% dos casos em diver- de desenvolver a doença entre indiví- sas regiões do mundo. A incidência de duos com história familiar é duas a três câncer de pulmão apresenta taxas mais vezes maior para os homens da mesma elevadas na Europa Central e Leste (53,5/ faixa etária e grupo étnico, sem história 100.000) e Leste da Ásia (50,4/100.000). familiar. Entre a população negra o ris- As menores taxas são encontradas no co de câncer de próstata é 60% maior Oriente (2,0/100.000) e África Ocidental (ROHRMAN et al., 2007; ROLISON et al., (1,7/100.000) (GLOBOCAN, 2013). 2012). No Brasil, o câncer de pulmão é o se- A susceptibilidade individual tem papel gundo mais frequente, representando importante na determinação do câncer 8,04% do total de cânceres diagnos- de próstata, mas é a interação entre a ticados, metade da incidência obser- susceptibilidade e os fatores relacio- vada no mundo. O GLOBOCAN estima nados ao modo de vida e do ambiente para 2020 um aumento de 6.198 casos que determinam o risco do adoecimen- novos em homens, maior do que entre to. Com o processo de desenvolvimento mulheres (4.245), acompanhando a ten- socioeconômico, o crescimento da ren- dência mundial de aumento da incidên- da, da urbanização, da industrialização, cia (GLOBOCAN, 2013). O INCA (2014) ocorreu uma disseminação de hábitos estimou a ocorrência de 16.400 casos de vida não saudáveis relacionados ao novos para 2014. É o segundo tipo uso de tabaco e álcool, à falta de ativida- de câncer mais incidente nas regiões de física e à alimentação (INCA, 2006). Sul (33,62/100.000) e Centro-Oeste A obesidade e dietas com alto teor de (14,03/100.000l), e o terceiro nas regiões gordura animal, carne vermelha e baixa Sudeste (18,51/100.000l), Nordeste ingestão de vitaminas D e E, selênio e (9,01/100.000) e Norte (7,69/100.000). isoflavonas têm sido associados com o aumento do risco de desenvolvimento O câncer de pulmão representa 23,6% desta neoplasia (ROLISON et al., 2012). (1.098.702) do total de óbitos no mun- do em 2012; é a primeira causa de mor- 2.4.2 Câncer de pulmão te por câncer no sexo masculino. Sua alta letalidade é verificada em diferen- O câncer de pulmão é o tumor mais co- tes regiões do mundo, com taxas de mum entre os homens no mundo há vá- incidência e mortalidade semelhantes rias décadas, representando 16,8% do (GLOBOCAN, 2013). Normalmente, não234 

Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homensapresenta sintomatologia nos estágios da OMS, o tabaco é responsável por maisiniciais, com detecção em estágios de 80% das mortes em geral nos paísesmais avançados. menos desenvolvidos e, dentre elas, as neoplasias malignas. O uso do tabaco Importante! No Brasil, o câncer de está associado ao aumento do câncer pulmão é a primeira causa de óbi- de pulmão nas faixas etárias mais tar- to por neoplasias em homens, com dias, com uma variação de 8,9/100.000 14.811 casos em 2013. homens de 30 a 44 anos de idade, para 1.183,5/100.000 homens acima de 80Nas regiões brasileiras, foi a prin- anos em 2004 (WHO, 2012).cipal causa de óbito por câncer em2010, nas regiões Sul (26/100.000), O tabagismo é responsável por 72% deSudeste (16/100.000) e Centro-Oeste todos os casos no Brasil. Os usuários de(14/100.000); segunda causa de óbito tabaco têm cerca de 20 a 30 vezes maisna região Norte (9/100.000), e terceira risco de desenvolver câncer de pulmãono Nordeste (9/100.000) (INCA, 2012; quando comparados aos não fumantes.INCA 2014). Fatores ambientais, como a exposição ocupacional e ambiental a alguns cance-Os fatores relacionados ao modo de vida rígenos, como amianto, arsênico, radô-e às condições ambientais são os prin- nio e hidrocarbonetos aromáticos poli-cipais determinantes do câncer de pul- cíclicos são importantes, principalmentemão, uma das principais causas de mor- em países industrializados, representan-te evitáveis no mundo. Segundo relatório do de 5% a 10% dos casos.Câncer de pulmão e 72% Casos de câncer de pulmão notabagismo no Brasil Brasil em decorrência do tabagismo  235

UN2 Aspectos epidemiológicos na população masculina Os hidrocarbonetos aromáticos, encon- No Brasil, é o terceiro mais frequente, trados na fuligem, agem sobre as vias representando 7,4% do total de cânce- respiratórias e pulmões. O amianto, fibra res estimados em 2014 (15.070 casos de origem mineral presente nas telhas e novos) (INCA, 2014), similar às estima- caixas d’água, causa exposição ocupa- tivas mundiais. O GLOBOCAN estima cional pela sua inalação durante a fabri- para 2020 um aumento de 4.608 ca- cação, causando lesões pulmonares que sos novos em homens, acompanhan- podem desenvolver o câncer de pulmão do a tendência mundial de aumento mesmo após 30 anos da interrupção à da incidência (GLOBOCAN, 2013). Ao exposição. Algumas condições mórbi- analisar a incidência nas diferentes das, como infecções pulmonares repeti- regiões brasileiras, é o segundo na re- das, história de tuberculose e deficiência gião Sudeste (22,67/100.000l) e o ter- ou excesso de vitamina A também são ceiro nas regiões Sul (20,43/100.000l) determinantes deste tipo de neoplasia e Centro-Oeste (12,22/100.000). Ocu- (INCA, 2012; INCA, 2014). pa a quarta posição na região Norte (4,48/100.000), e a quinta na região  Em sua região, existem muitos ho- Nordeste, (6,19/100.000) (INCA, 2014). mens que podem estar expostos a estes fatores ambientais? Como O câncer colorretal representou 8% do você pode auxiliar a identificar casos total de óbitos masculinos no mundo em de risco? 2012 (373.639 óbitos), sendo a quarta causa de mortes por neoplasia. Apre- 2.4.3 Câncer colorretal senta maior número de óbitos (52%) nas regiões menos desenvolvidas, com O câncer colorretal é o terceiro tumor pouca variabilidade nas taxas de morta- mais comum entre os homens no mun- lidade nos diferentes continentes, com do, representando 10,1% do total de índice mais elevado na Europa Central cânceres estimados em 2014 (746.298 (20,3/100.000 óbitos) e Europa Orien- casos), com ocorrência de 55% dos ca- tal (11,7/100.000), com taxas mais bai- sos nas regiões mais desenvolvidas. xas na África Ocidental (3,5/100.000) Apresenta grandes variações em sua (GLOBOCAN, 2013). incidência, com taxas mais elevadas na Austrália (44,8/100.000) e Nova Zelândia No Brasil, é a quarta causa de óbitos (32,2/100.000), e mais baixas na África por câncer em homens, com 7.387 óbi- Ocidental (4,5/100.000) (GLOBOCAN, tos em 2013 (INCA, 2014). Representa a 2013). quarta causa de mortes por neoplasias236 

Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homensnas regiões Sudeste (9/100.000) e Cen- ceres de cólon e reto, em torno de 75%,tro-Oeste (6/100.000); a quinta na região ocorrem de forma esporádica, surgindoSul (9/100.000); a sexta na região Norte de mutações somáticas e evolução do(2/100.000) e oitava na região Nordeste clone celular tumoral (INCA, 2014).(3/100.000) (INCA, 2012). 2.4.4 Câncer de estômago Importante! Os fatores relacionados O câncer de estômago é o quarto tu- mor mais comum entre os homens no à alimentação são um dos principais mundo, representando 8,5% do total de determinantes do câncer de colorre- cânceres estimados em 2014 (631.293 tal, principalmente no consumo de casos), com ocorrência de mais de 70% carnes vermelhas, que está associado dos casos nas regiões menos desen- a um aumento no risco de 28% a 35%. volvidas, metade na Ásia Oriental, prin- cipalmente na China. Apresenta gran-O consumo de carnes processadas, des variações em sua incidência, comcomo mortadelas, presuntos, salsichas, taxas mais elevadas na Ásia Orientallinguiças apresenta maior risco de de- (35,4/100.000) e menores na África Oci-senvolvimento de pólipos e câncer co- dental (3,3/100.000 (GLOBOCAN, 2013).lorretal em 20% a 49% (ZANDONAI et al.,2012). Outros fatores de risco modificá- No Brasil, é o quarto mais frequente,veis, como o uso de bebidas alcoólicas, representando 6,3% do total de casoso tabagismo e a obesidade estão for- novos estimados em 2014 (12.870)temente associados a sua ocorrência, (INCA, 2014), similares aos dadosprincipalmente a gordura abdominal nos mundiais. O GLOBOCAN estima parahomens. A história familiar de câncer 2020 um aumento de 3.679 casos no-colorretal é um fator de risco dominante vos em homens, maior do que nasem alguns indivíduos que podem apre- mulheres (2.034), acompanhando asentar uma predisposição genética ao tendência mundial de aumento da inci-desenvolvimento de doenças crônicas dência (GLOBOCAN, 2013). É o segun-do intestino, como a retocolite ulcerativa do tipo de câncer em incidência na re-crônica e a Doença de Crohn. gião Norte (11,1/100.000) e Nordeste (10,25/100.000), quarto nas regiõesA idade é outro importante fator de ris- Sul (16,07/100.000) e Centro-Oesteco individual, com um maior aumento da (10,88/100.000), e quinto na região Su-incidência de casos novos e de morta- deste (14,99/100.000) (INCA, 2014).lidade com as maiores faixas etária. Deacordo com o INCA, a maioria dos cân-  237

UN2 Aspectos epidemiológicos na população masculina O câncer de estômago representou gástrico. A prevalência dessa infecção 10,1% do total de óbitos masculinos no pode chegar a 90% nos países menos mundo em 2012 (469.970), sendo a ter- desenvolvidos; é normalmente adquirida ceira causa de morte por neoplasia. Pos- na infância, persistindo na ausência de sui alta taxa de letalidade, avaliada pela tratamento. A infecção por vírus Epstein- proximidade entre taxas de incidência e -Barr (EBB) também é considerada um mortalidade. Apresenta grande variabili- fator de risco para o desenvolvimento dade nas taxas de mortalidade nas dife- desta neoplasia, representando 10% dos rentes regiões do mundo, com 24/1000 casos (NOGUEIRA, 2012). na Ásia Oriental e 2,8/100.000 na Améri- ca (GLOBOCAN, 2013).  Importante! Os hábitos alimentares estão associados a uma maior ocor- Apresenta uma tendência de diminui- rência deste câncer. ção importante na maioria dos países, associada à maior conservação dos ali- O consumo de frutas e verduras apre- mentos por aumento do uso de refrigera- senta uma redução no risco em 25% a dores e modificação de hábitos alimen- 17%. A história familiar é considerada tares da população, com maior ingestão um importante determinante, principal- de frutas, legumes e verduras frescas mente nas mutações genéticas, como a (INCA, 2012). ocorrida no gene que codifica a proteí- na caderina (CDH1) (INCA, 2012; INCA, No Brasil, é a terceira causa de óbitos por 2014; NOGUEIRA, 2012). câncer em homens, com 9.142 óbitos em 2013 (INCA, 2014). Entre as regiões, foi a Figura 11 – Bactéria H. pyilori segunda causa de morte na região Norte (10/100.000), terceira causa nas regiões Sul (11/100.000), Sudeste (10/100.000), Centro-Oeste (8/100.000) e Nordeste 8/100.000) (INCA, 2012). O maior fator de risco para o desenvolvi- Fonte: Fotolia mento do câncer de estômago em todo o mundo é a infecção prolongada pela bactéria H. pyilori, associada a aproxi- madamente 60% dos casos de câncer238 

Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homensNesta etapa de estudos, conhecemosmais sobre as principais doenças queacometem os homens, e suas principaiscausas. Como você pode implementar,no dia a dia da unidade básica de saúde,formas de diagnosticar e prevenir essasdoenças? Na próxima unidade vamos re-fletir sobre essas possibilidades.2.5 Recomendação de leituras complementares EYKEN, E. B. B. D. Van; MORAES, C. L. Prevalência de fatores de risco para doenças cardiovas- culares entre homens de uma população urbana do Sudeste do Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 1,  p. 111-123, Jan. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2009000100012&lng=en&nrm=iso>. LAURENTI, R.; JORGE, M. H. P. D.; GOTLIEB, S. L. D. Perfil epidemiológico da morbi- mortalidade masculina. Ciência e Saúde Coletiva, v.10, n.1, Rio de Janeiro, jan./mar. 2005, p.35-46. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232005000100010>. MONITORAMENTO DAS AÇÕES DE CONTROLE DO CÂNCER DE PRÓSTATA. Informativo De- tecção Precoce. Boletim a. 5, n. 2 maio/ago. 2014. Instituto Nacional de Câncer José Alen- car Gomes da Silva/Ministério da Saúde. Disponível em: <http://www1.inca.gov.br/inca/ Arquivos/Informativo_Deteccao_Precoce_2_agosto_2014.pdf>.  239



UN3Estratégias de cuidadose atenção em redes



Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homensNeste módulo, já vimos como os ho- Figura 12 – Plano de Ação Global para a Preven-mens se relacionam com o cuidado da ção e Controle das Doenças Não Transmissíveissaúde, e quais as principais doençasque acometem essa população. Agora,nesta unidade, vamos refletir sobre pos-sibilidades de prevenção e tratamentodas doenças entre os homens, além deestratégias para promoção da saúde eatuação em rede.3.1 Estratégias de prevenção primária e promoção à saúdeA OMS lançou em 2013 o Plano de Ação Fonte: paho.orgGlobal para a Prevenção e Controle dasDoenças Não Transmissíveis, período O Plano de Ação Global propõe como2013-2020, com o objetivo de inserir metas, de acordo com as circunstânciasnos países membros da Organização nacionais, a redução de 25% no risco dedas Nações Unidas (ONU) ações para mortalidade prematura por DCNT, 10%intervir nas doenças crônicas não trans- de redução no uso nocivo do álcool, 10%missíveis (DCNT), identificado como na prevalência de sedentarismo, 30% emfundamental para o alcance das metas relação à ingestão média da populaçãodos Objetivos de Desenvolvimento do de sal/sódio, 30% na prevalência do con-Milênio, em especial aquelas relativas sumo de tabaco, redução de 25% na pre-à redução da pobreza e desigualdades. valência de HAS, e prover de tratamentoAs principais medidas para prevenção e medicamentoso pelo menos 50% dascontrole das DCNT estão relacionadas à pessoas elegíveis para prevenir Infartoredução dos fatores de risco modificá- Agudo do Miocárdio (IAM) e Acidenteveis e os determinantes sociais, através Vascular Encefálico (AVE) (WHO, 2013).da promoção de ambientes saudáveise o monitoramento dos fatores de riscopara avaliar a efetividade dos programasimplementados.  243

UN3 Estratégias de cuidados e atenção em redes  Para conhecer em detalhe este Plano educação, lazer, cultura, acesso a bens de Ação Global, acesse os seguintes e serviços essenciais, a OMS aprovou na links: 57ª Assembleia Mundial de Saúde, em 2004, a Estratégia Global em Alimenta- <http://www.who.int/nmh/ ção Saudável, Atividade Física e Saúde, publications/ncd-action-plan/en/> estabelecendo que os estados mem- bros elaborem, apliquem e valorizem as e <http://www.objetivosdo ações recomendadas, de acordo com milenio.org.br/>. políticas e programas, que promovam a saúde das pessoas e da comunidade, No Brasil, em 2011 foi instituído o Plano mediante uma alimentação saudável e a de Ações Estratégicas para o Enfrenta- realização de atividades físicas, reduzin- mento das Doenças Crônicas Não Trans- do assim a incidência de doenças não missíveis: 2011-2022, com o objetivo de transmissíveis (WHO, 2004). preparar o país para enfrentar e deter, até o ano de 2022, as DCNT, dentre as quais No Brasil, o Ministério da Saúde instituiu o AVE, IAM, Hipertensão Arterial Sistêmi- em 2006 a Política Nacional de Promo- ca (HAS), Câncer, Diabetes e Doenças ção da Saúde, que estabeleceu diversas Respiratórias Crônicas (BRASIL, 2011). ações no campo da alimentação saudá- vel, atividade física, prevenção do uso Os principais determinantes das DCNT do tabaco e álcool (BRASIL, 2006). A estão relacionados às desigualdades so- promoção da saúde consiste de um con- ciais, às diferenças no acesso aos bens, junto de estratégias para atuar na melho- aos serviços e informações de saúde, ria da qualidade de vida dos indivíduos à baixa escolaridade, além dos fatores e coletividades, incluindo uma maior de risco modificáveis, como tabagismo, participação no controle deste proces- consumo de bebida alcoólica, inativi- so. A definição de estratégias, ações e dade física e alimentação inadequada, intervenções no meio com objetivo de tornando possível sua prevenção (WHO, atuar sobre os condicionantes e deter- 2013; BRASIL, 2011). minantes sociais de saúde, de forma intersetorial e com participação popular, Para promover a qualidade de vida e re- possibilita escolhas saudáveis por parte duzir vulnerabilidade e riscos à saúde dos indivíduos e coletividades no territó- relacionados aos seus determinantes e rio onde residem, estudam, trabalham e condicionantes, modos de viver, condi- convivem socialmente (BRASIL, 2006). ções de trabalho, habitação, ambiente,244 

Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homensPara monitorar e analisar o perfil das Em 1999 o Ministério da Saúde aprovouDCNT e de seus fatores determinantes e a Política Nacional de Alimentação e Nu-condicionantes, bem como detectar mu- trição (PNAN) com objetivo de respeitar,danças nas suas tendências no tempo, proteger, promover e prover os direitosno espaço geográfico e em grupos popu- humanos à saúde e à alimentação. Emlacionais, o Ministério da Saúde implan- sua nova edição, publicada em 2011,tou em 2006 em todas as capitais dos apresenta como propósito a melhoria26 estados brasileiros e no Distrito Fede- das condições de alimentação, nutriçãoral, o sistema Vigitel – Vigilância de Fa- e saúde da população brasileira, median-tores de Risco e Proteção para Doenças te a promoção de práticas alimentaresCrônicas por Inquérito Telefônico. A Vigi- adequadas e saudáveis, a vigilância ali-tel, ao monitorar os principais fatores de mentar e nutricional, a prevenção e o cui-risco na população adulta (acima de 18 dado integral dos agravos relacionadosanos) por inquérito telefônico contribui, à alimentação e nutrição. A Promoçãotambém, para o planejamento de ações da Alimentação Adequada e Saudávelna área de saúde (VIGITEL, 2013). (PAAS) reflete a preocupação com a prevenção e com o cuidado integral dosAcompanhe, agora, importantes infor- agravos relacionados à alimentação emações sobre estratégias de prevenção nutrição, como a prevenção das carên-primária e promoção à saúde. Vamos cias nutricionais específicas, e contribuiabordar a alimentação saudável, as ativi- para a redução da prevalência do sobre-dades físicas e a prevenção ao abuso de peso e obesidade e das DCNT, além deálcool e tabagismo. contemplar necessidades alimentares especiais tais como hipertensão, diabe-3.1.1 Alimentação saudável tes, câncer, entre outras (BRASIL, 2011; BRASIL, 2014).A promoção de ações relativas à alimen-tação saudável, essencial para prevenir O estilo de vida da sociedade atual e dedoenças e promover a saúde, inclui me- muitos homens favorece um maior nú-didas que abordam todos os aspectos mero de refeições realizadas fora do do-de uma alimentação desequilibrada, micílio, compostas, na maioria dos casos,tanto por excesso como por falta. Essas por alimentos industrializados e ultrapro-medidas orientam ações em matéria cessados, como refrigerantes, cerveja,de alimentação, educação nutricional sanduíches, salgados e salgadinhos in-e outras intervenções de saúde pública dustrializados, com alta ingestão de sal e(WHO, 2004). carnes vermelhas e baixa ingesta de fru-  245

UN3 Estratégias de cuidados e atenção em redes tas, legumes e peixe, imprimindo um pa- não processados e gorduras não satura- drão de alimentação que aumenta o risco das em suas dietas, assim como evitem de DCNT (BRASIL, 2011; WHO, 2013). alimentos com elevado índice glicêmico (SBC, 2013). Figura 13 – Dieta com baixa quantidade de O monitoramento da evolução dos há- gordura total, saturada e trans, com quantidades bitos alimentares e as características adequadas de fibras da morbidade podem ser realizados a partir da vigilância em saúde, realizada Fonte: Fotolia pelos profissionais que atuam na Aten- ção Básica, por meio do registro de in- Nesse contexto, recomenda-se uma formações dos atendimentos realizados dieta com baixa quantidade de gordura ao homem no Sistema de Atenção Bási- total, saturada e trans, além de incluir ca (SIAB) antigamente e atualmente no quantidades adequadas de fibras. Suge- sistema E-SUS, além do Sistema de Vigi- re-se a ingestão de menos de 7% do total lância Alimentar e Nutricional (SISVAN). de calorias de gordura saturada e menos Estes instrumentos possibilitam avaliar de 200 mg/dia de colesterol na dieta. e subsidiar o planejamento de ações Não há consenso sobre a quantidade que promovam a segurança alimentar e ideal de carboidratos que a dieta deve nutricional em nível local (BRASIL, 2006; conter. Recomenda-se que os indivíduos BRASIL, 2011). com risco metabólico aumentem subs- tancialmente a ingestão de fibras, grãos 3.1.2 Prática corporal/atividades físicas De acordo com a OMS, a atividade física (AF) é definida por qualquer movimento corporal, produzido por músculos esque- léticos, que requeira gasto de energia maior que em nível de repouso, como, por exemplo, andar, jogar, subir esca- das, trabalhar, dançar, fazer atividades domésticas e de recreação, em especial as atividades executadas com a finalida- de de melhorar a qualidade de vida. Não deve ser confundida com o exercício físi-246 

Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homensco, uma de suas categorias. O exercício Figura 14 – Atividade físicafísico é uma atividade repetida, planeja-da e estruturada, que tem por objetivo aobtenção, a manutenção ou a melhoriada aptidão física. A OMS e a SociedadeBrasileira de Cardiologia recomendam arealização de pelo menos 30 minutos deAF moderada, cinco vezes por semana,ou 20 minutos de exercícios intensos,em três dias por semana, ou de 150 mi-nutos por semana (SBC, 2013).No âmbito da Atenção Básica, o Ministé- Fonte: saúde.org.brrio da Saúde instituiu, em 2011, o Progra-ma Academia da Saúde, com o objetivo 3.1.3 Prevenção e controle dode promover práticas corporais e AF, pro- tabagismomoção da alimentação saudável, educa-ção em saúde, além de contribuir para A OMS, como forma de intervir no taba-produção do cuidado e de modos de vida gismo, um dos principais fatores de riscosaudáveis e sustentáveis da população. para as DCNT, reconheceu a necessida-O Programa possibilita a implantação de de de interferir de forma eficaz na pan-polos com infraestrutura, equipamentos demia do uso do tabaco e negociou ume quadro de pessoal qualificado para a tratado internacional de saúde pública,orientação de práticas corporais e ativi- a Convenção-Quadro para o Controle dodade física e de lazer nos espaços da co- Tabaco (CQCT), que entrou em vigor emmunidade. Outras ações na rede básica fevereiro de 2005 e objetiva proteger asde saúde e na comunidade, como cami- gerações presentes e futuras das conse-nhadas, prescrição de exercícios, práti- quências sanitárias, sociais, ambientaiscas lúdicas, esportivas e de lazer, devem e econômicas geradas pelo consumoser planejadas para a comunidade como e pela exposição à fumaça do tabacoum todo, estimulando a participação do (WHO, 2006).público masculino (BRASIL, 2014).  Para conhecer melhor o Programa Aca- demia da Saúde, acesse: <http://www. saude.gov.br/academiadasaude>.  247

UN3 Estratégias de cuidados e atenção em redes Desde 1980, o Ministério da Saúde, por o fumante para a interrupção do tabagis- meio do Instituto Nacional do Câncer mo (INCA, 2015; LANCASTER, 2004). (INCA), desenvolve um conjunto de ações que compõem o Programa Nacional de A abordagem do processo de cessação Controle de Tabagismo (PNCT), com o do tabagismo pode incluir o uso de me- objetivo de reduzir a prevalência de fu- dicamentos como forma de minimizar mantes, implementando ações de comu- os sintomas da síndrome de abstinência nicação, educação e atenção à saúde. à nicotina, como redução de ânsia ao pa- Após a ratificação da CQCT pelo Brasil, rar de fumar, ansiedade, insônia, sudore- o PNCT passou, então, a fazer parte da se, dificuldade de concentração. Dessa Política Nacional de Controle do Tabaco, forma, o tabagista sente mais confiança que se orienta nas diretrizes da CQCT. para seguir as orientações recebidas du- rante as sessões da abordagem intensi- Importante! Ações educativas de pre- va proposta pelo Programa Cessação de venção da iniciação do fumo devem Fumar. O Ministério da Saúde disponibi- ser programadas, de forma a criar liza na rede do SUS os seguintes medica- um contexto que reduza a aceitação mentos: Terapia de Reposição de Nico- tina, por meio do adesivo transdérmico,  social do tabagismo, reduza os estí- goma de mascar, pastilha e Cloridrato de mulos para que os jovens não come- Bupropiona (INCA, 2015). cem a fumar, reduza os estímulos que dificultam os fumantes a deixarem de É importante lembrar, também, que as fumar, proteja a população dos riscos taxas de cessação do tabagismo estão da exposição à poluição tabagística relacionadas ao grau de motivação, grau ambiental e aumente o acesso dos de dependência, das tentativas prévias fumantes ao apoio para cessação de de cessação e das recaídas. A combi- fumar (BRASIL, 2006; BRASIL, 2014; nação do aconselhamento com o uso INCA, 2015). de medicação é mais efetiva do que a utilização de um dos dois isoladamente Quanto mais cedo o indivíduo começa a (SBPT, 2009). fumar, mais provável é que se torne um fumante adulto. Após um ano de exposi- Na população masculina, fatores laborais ção, as crianças inalam a mesma quan- estão relacionados à maior prevalência tidade de nicotina por cigarro que os do tabagismo, como maior carga horária, adultos e experimentam, igualmente, os turnos noturnos, empregos em estabele- sintomas da dependência e da abstinên- cimentos abertos, estresse ocupacional cia. No indivíduo fumante, trata-se de ava- liar o perfil, aconselhar a parar de fumar, preparar para a cessação e acompanhar248 

Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homense convivência com colegas tabagistas lidar o acervo de conhecimento sobre a(BARROS, 2011). Desta forma, se faz magnitude e os determinantes dos danosnecessário investir na promoção de relacionadas ao álcool e sobre as inter-ambientes de trabalho livres de taba- venções que reduzem e previnem eficaz-co, com ações educativas, normativas mente esses danos; incrementar o apoioe organizacionais que visem estimular técnico para reforçar a capacidade de pre-mudanças na cultura organizacional, venir o uso nocivo de álcool e intervir nospropiciando a redução do tabagismo, a problemas de saúde associados; aumen-disseminação contínua de informações tar a mobilização dos recursos necessá-sobre os riscos do tabagismo e do taba- rios para adotar medidas adequadas degismo passivo, e a normatização para prevenção do uso nocivo do álcool, e me-restringir o fumo nas dependências dos lhorar os sistemas de acompanhamentoambientes de trabalho (BRASIL, 2006). e vigilância para possibilitar o desenvolvi- mento de ações de promoção da saúde,3.1.4 Prevenção e controle do uso desenvolvimento de políticas e avaliação abusivo de álcool dos programas (WHO, 2010).O uso nocivo do álcool é um grave pro- Índice de mortes anuais relacionadasblema de saúde que afeta um grande ao consumo abusivo de álcool no mundonúmero de indivíduos no mundo. Estáentre os cinco principais fatores de risco 5,9%para doença, invalidez e morte, com esti-mativa de 3,3 milhões de mortes a cada 3,3 milhões de mortes noano, 5,9% de todas as mortes no mundo mundo inteiro a cada anointeiro (WHO, 2014), observe o esquemá-tico na página seguinte. Em 2010, a OMS Fonte: WHO, 2014aprovou a Estratégia Global para reduziro uso nocivo do álcool, um conjunto de O Plano de Ação Global 2013-2020 pro-princípios orientadores para o desenvol- põe, como meta, de acordo com as cir-vimento e implementação de políticas na cunstâncias nacionais, pelo menos 10%área, com o objetivo de aumentar a cons- de redução no uso nocivo do álcool. Paracientização mundial a respeito da magni-tude e natureza dos problemas de saúde,sociais e econômicos causados pelo usonocivo da substância. Os objetivos daEstratégia Global incluem ainda conso-  249

UN3 Estratégias de cuidados e atenção em redes atingir esta meta, os serviços de saúde  Como você e sua equipe podem ins- devem oferecer intervenções de preven- tituir uma abordagem de redução de ção e tratamento dos indivíduos e suas danos na unidade? famílias, e informar a sociedade a res- peito das repercussões sociais e para A abordagem da redução de danos, con- a saúde do uso nocivo de álcool (WHO, cebida como ações e políticas públicas 2010; WHO, 2013). voltadas para a prevenção dos danos antes que eles aconteçam, é uma estra- O Ministério da Saúde, reconhecendo tégia fundamental neste processo por que o uso abusivo de álcool é um grave tomar como fundamental a valorização e crescente problema na saúde pública do desejo e das possibilidades dos indi- brasileira, instituiu, em 2003,  a Política víduos para os quais estão orientadas para a Atenção Integral a Usuários de essas ações, pressupondo o diálogo e Álcool e Outras Drogas, buscando subsi- a negociação com os sujeitos que são diar a construção coletiva de seu enfren- foco da ação (BRASIL, 2013a). Nessa tamento, com definição de estratégias perspectiva, a redução de danos implica de prevenção, tratamento e de educação em intervenções singulares que podem voltada para o uso de álcool e outras envolver o uso protegido, a diminuição drogas, assegurando a participação in- desse uso, a substituição por substân- tersetorial (BRASIL, 2003). cias que causem menos agravos, e até a abstinência das drogas que criam A abordagem ao alcoolismo na Atenção problemas aos usuários (BRASIL, 2005; Básica tem como objetivo a detecção CRRD, 2010). precoce de problemas relacionados, além da integração do tratamento de 3.2 Prevenção secundária, outras patologias agravadas pelo álcool. diagnóstico precoce, tratamento Neste nível de cuidado, é possível reco- nhecer sinais e sintomas de abuso de O funcionamento adequado das Redes álcool, discutir o risco envolvido, fazer de Atenção à Saúde (RAS) está direta- orientações contrárias ao consumo abu- mente associado à existência de um tra- sivo nas famílias e encaminhar os usuá- balho compartilhado entre os profissio- rios, quando indicado, para serviços es- nais da atenção básica e os especialistas pecializados como o Centro de Atenção (médicos, enfermeiros, entre outros pro- Psicossocial Álcool e Drogas ou outros fissionais) (MENDES, 2012). A atenção disponíveis (BRASIL, 2013a).250 


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