UN3 Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básica Ressalta-se ainda que aceitar a diversi- Neste contexto, é importante resgatar os dade e dar espaço para o prazer são con- significados essenciais das ações que dições básicas para quem trabalha com são executadas cotidianamente, e que sexualidade (ECOS, 2001). vão sendo muitas vezes banalizadas, a ponto de se tornarem mecânicas. Figura 18 – Aceitar a diversidade é condição bási- Os homens, em geral, têm muita dificul- ca para quem trabalha com sexualidade dade em expressar seus reais sentimen- tos, medos, dúvidas e receios. Com o intuito de ampliar o campo de visão e ex- ploração da atenção em SSSR por parte dos profissionais de saúde, elencamos algumas recomendações fundamentais (BRASIL, 2010, p. 55). Veja no esquemá- tico ao lado. Fonte: Fotolia. Nas ações desenvolvidas pelos profis- sionais de saúde da AB incluem-se as Nesta abordagem, saber ouvir é tão im- relacionadas à educação em saúde se- portante quanto saber o que dizer e em xual e reprodutiva, que pode ser realiza- que linguagem dizer, pois essa habilida- da de forma individual ou em grupos já de é crucial para uma atenção adequada. existentes na comunidade ou na unida- Ouvir o outro pressupõe a capacidade de de de saúde. silenciar (BRASIL, 2010, p. 36). Uma es- cuta qualificada é aquela feita de presen- Quando houver dificuldades sexuais, é ça e atenção, livre de preconceitos e so- necessário discutir as possibilidades luções; a escuta sem outro objetivo que para a realização de mudanças graduais, a escuta. Essa escuta permite ao indiví- no sentido de buscar maior satisfação duo exprimir-se, e pode abrir a porta ao comunicação entre os parceiros, o que reencontro da pessoa com ela mesma. A resultará em maior confiança e seguran- escuta atenta e livre pode fazer nascer o ça para solicitar um ao outro o que dese- estado de confiança necessário que per- jam (BRASIL, 2010, p. 55). mitirá ultrapassar os medos. Ainda, é importante destacar que, quan- do identificados casos que necessitem550
Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homemde referência para a atenção especiali- pactuações para essa referência ocorrezada, a AB realizará o encaminhamento sob responsabilidade da gestão munici-e será responsável pelo acompanha- pal com as demais instâncias regional emento do usuário na Rede de Atenção estadual.à Saúde (RAS). A definição dos fluxos eRECOMENDAÇÕES FUNDAMENTAIS Em primeiro lugar, é importante ouvir com disposição, disponibilidade e isenção de pré-julgamentos. Ter iniciativa para abordar nos atendimentos os temas sexualidade (orientação e práticas sexuais) e qualidade da atividade sexual. Considerar, na abordagem, o contexto de vida do homem e do casal, influências religiosas, culturais, educação sexual, qualidade da relação e da comunicação com o parceiro, uso de álcool e outras drogas, desejo ou não desejo em relação a ter filhos, entre outras questões que possam ser relacionadas à saúde sexual. Realizar acolhimento, escuta qualificada. Orientar e ajudar a desfazer mitos e tabus. Instituir cuidados gerais da saúde e promover o autocuidado, que podem contribuir para uma melhor saúde sexual. Identificar, substituir ou suprimir, quando possível, medicamentos que possam interferir na saúde sexual e na saúde reprodutiva. Garantir o acesso a informações, métodos e meios para a regulação da fecundidade e para a proteção contra as IST/HIV/Aids. Instituir tratamentos para as doenças ou condições que estejam interferindo na saúde sexual: doenças ginecológicas, urológicas, doenças crônico-degenerativas, tais como hipertensão arterial, diabetes, entre outras. 551
UN3 Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básica 3.1 Ações e estratégias para de vida: relação sexual responsável e si- aproximar serviços, profissionais tuações de risco, saúde sexual e doen- e homens do campo da Saúde ças crônicas, prostatismo, varicocele e Sexual e Saúde Reprodutiva disfunção erétil, entre outros. As ações e estratégias para a saúde se- Embora estas questões sejam muitas xual masculina no contexto de cuidados vezes tratadas como problemas clínicos de saúde precisam ser desenvolvidas separados, a partir de uma perspectiva em vários eixos. mais ampla todas elas caem dentro da esfera da saúde sexual. Conceitualmente, é necessária uma abordagem ampla e abrangente para a Desse modo, um olhar integral e inte- prevenção e tratamento de resultados grado que contemple a SSSR, por parte adversos relacionados à atividade se- dos profissionais de saúde, pode trazer xual, incluindo o HIV/Aids e outras Infec- o potencial de melhorar o atendimento ções Sexualmente Transmissíveis (IST), e acompanhamento de homens em di- além das hepatites virais, cânceres e vio- ferentes fases da vida ou de grupos de lência sexual. risco, entendendo que nas diferentes fa- ses da vida podem ocorrer mudanças no Figura 19 – Teste HIV faz parte perfil de risco. Também se pode influen- das ações estratégicas ciar a forma como a população percebe saúde sexual e bem-estar. Fonte: Fotolia. A concretização destes benefícios exige, sem dúvida, um maior enfoque na edu- Há a necessidade de abordar potenciais cação e formação em saúde sexual. Um problemas funcionais ao longo do curso fator fundamental relacionado ao meio social é o estigma relacionado aos resul- tados adversos da atividade sexual, par- ticularmente às IST e ao HIV, que podem dificultar a procura de cuidados à saúde. A estigmatização de pessoas em situa- ção de risco, ou sendo rastreadas para vários problemas de saúde relacionados com o comportamento sexual envia men- sagens negativas sobre a saúde sexual.552
Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homemA promoção da saúde sexual, ao enfati- Para que haja realmente um diálogozar os benefícios da aproximação com frutífero na relação do sistema de saú-o sistema de saúde, promovendo os as- de com a população, é necessário umapectos positivos, impedindo equívocos e conscientização sobre valores e atitudesmitos, pode diminuir a negação de com- que afetam esta interação.portamentos de risco ou atribuição desintomas a causas não-sexuais – o que Figura 20 – Atendimento aberto evita as informa-pode minimizar atrasos no tratamento e ções confusas que a mídia pode gerarem medidas de prevenção.Frisamos também que, paradoxalmente,enquanto os profissionais de saúde mui-tas vezes deixam de discutir abertamen-te questões relacionados à sexualidadedurante os atendimentos de saúde, a pro-moção da sexualidade nos meios de co-municação continua a ser generalizada.O fato é que estes dois extremos, onde, Fonte: Fotolia.por um lado, constata-se uma grandelacuna assistencial na atenção à sexua- Ao ser atendido por uma profissional delidade pelos serviços de saúde, e inver- saúde, é possível que o usuário sinta ver-samente, por outro, a atenção excessiva gonha, deixando de expressar algumadada a este tema por parte da mídia, queixa ou informação importante, acre-pode acabar gerando informações de- ditando que estas não devam ser fala-sencontradas neste campo e criar uma das com uma mulher (PINHEIRO, 2010).dinâmica confusa para a populaçãousuária do SUS. Dialogar com habilidade sobre a ques- tão apresentada, perguntar se ele estáCom relação aos profissionais de saú- à vontade no atendimento, entre outrosde, a mudança, no sentido de uma edu- recursos de comunicação, pode ajudá-locação e formação mais abrangente em a sentir-se mais acolhido e confortávelSSSR em vez de apenas o foco na doen- para expor queixas. Podem ser realizadosça, pode aumentar a eficiência dos aten-dimentos, criando um ambiente commenos julgamentos e maior inclusão. 553
UN3 Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básicatambém encaminhamentos, atendimen- A paternidade pode ser estratégica paratos compartilhados ou envolvimento de a inserção dos homens na agenda dosoutro integrante da equipe para auxiliar serviços de saúde, sobretudo na AB, àna condução de intervenção específica. medida em que atua como uma “porta de entrada positiva” para estes, podendoDificuldades desta ordem podem fazer assim contribuir para os direitos sexuaiscom que o usuário sequer procure o ser- e reprodutivos e também para uma me-viço. É oportuno, portanto, que na avalia- lhor qualidade de vida e saúde familiar.ção dos fluxos de atendimentos sejamobservados os fatores que favorecem o Sabemos que as atividades de planeja-acesso aos serviços de saúde. mento reprodutivo têm sido historicamen- te mais direcionadas às mulheres. Isso se3.1.1 Paternidade e planejamento reflete até mesmo no ambiente e na estru- reprodutivo tura organizacional dos serviços de saú- de, mais adequados à assistência mater-A Política Nacional de Atenção Integral no-infantil. Mudanças na ambiência dosà Saúde do Homem (PNAISH) enfatiza serviços são bem-vindas, orientando es-que a incorporação dos pais e da pater- tes espaços também para homens, comnidade pelos serviços e profissionais da cartazes que os incluam, cores menos es-saúde do SUS tem o potencial de trazer tereotipadas, entre outros aspectos.benefícios para a saúde tanto das mulhe-res, como das crianças e dos homens. Importante! No tema da paternida-Figura 21 – A paternidade pode ajudar na inserção de, é importante que os profissionaisdos homens nos serviços de AB de saúde da AB reconheçam que o homem tem direito de acompanhar a gravidez, o parto e pós-parto, bem como estar presente na educação e nos cuidados com a saúde da criança. Fonte: Fotolia. A paternidade ativa não é apenas dever, mas também direito à participação e res-554 ponsabilidade nas decisões, mesmo que não haja relação conjugal. O papel dos homens não deve ser puramente instru- mental, apoiando ou dificultando as de- cisões da parceira.
Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homemVeja no quadro abaixo quais os dispositivos legais que garantem estes direitos. Lei no 9.263/96 – Garante o direito a todo cidadão brasileiro a todos os métodos cientificamente aceitos de concepção e contracepção. Lei no 8.069/90 – Garante o direito ao acompanhamento de crianças e adolescentes internados. Lei no 11.108/05 – Garante o direito de um acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. Portaria no 2.418/05, do MS – Define como pós-parto imediato o período de dez dias após o parto e dá cobertura para que o acompanhante possa ter acomodação adequada e receber as principais refeições. Constituição Federal/88 – Garante o direito à licença-paternidade de cinco dias, o que até então era de um dia, conforme estabelecido pela CLT. Lei no 13.257/2016 – altera a Lei no 11.770/2008, que instituiu o Programa Empresa Cidadã, para incluir a prorrogação da licença-paternidade por 15 dias, além dos 5 dias já garantidos pela Consti- tuição Federal, totalizando 20 dias de afastamento para o empregado de pessoa jurídica que aderir ao Programa.3.1.2 A presença do homem no mova a saúde do parceiro e o oriente a pré-natal, parto e puerpério respeito dos serviços disponíveis para homens.A inclusão do homem no atendimentopré-natal na AB pode lhe possibilitar tirar Figura 22 – O simples gesto de colocar uma cadei-dúvidas, expressar preocupações, solici- ra a mais na sala pode representar muitotar orientações e participar das práticasde cuidado necessárias à gravidez. Beminformado, é mais fácil tornar-se parcei-ro da gestante, fortalecendo os laços decooperação entre ambos.É significativo o simples gesto de colo- Fonte: Fotolia.car mais uma cadeira na sala de consul-tas e de exames. Esse momento podeser oportuno para que o profissional pro- 555
UN3 Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básica As prescrições e orientações devem ser que a parturiente tenha um acompanhan- dirigidas também a ele, para que possa te de livre escolha durante todo o período apoiar a parceira nos procedimentos de de internação (Lei do Acompanhante no cuidado com a gestação e com o bebê. 11.008/05). Muitas mulheres e homens, contudo, ainda desconhecem esse direi- Importante que o parceiro acompanhe to e, em alguns serviços, ainda há resis- também a investigação clínica de agra- tências em reconhecê-lo, sendo atribui- vos que podem ser transmitidos verti- ção dos profissionais da AB informá-lo. calmente para o bebê, como HIV, sífilis e hepatites B e C. A realização destes exa- Figura 23 – Acompanhamento: recomendado por lei mes e dos tratamentos correspondentes é fundamental para a saúde da criança. Além do que, um dos maiores entraves para a eliminação da sífilis congênita tem sido a dificuldade de cuidar dos par- ceiros das mulheres grávidas já tratadas, o que ocasiona, na maioria das vezes, a reinfecção da gestante. Outro fator de destaque é a presença Fonte: Fotolia de alguém que acompanhe a gestante no pré-parto, parto e pós-parto, o que No processo de acompanhamento, tem- diminui o período de internação e recu- -se a oportunidade de realizar a estra- peração da mãe, bem como o número tégia Pré-Natal do Parceiro, conforme de cesáreas. Alguém de confiança no proposta pela Coordenação Nacional de momento do parto aumenta a sensação Saúde do Homem (CNSH/MS), desde de bem-estar da mulher, refletindo posi- 2012, com o objetivo de: tivamente nos indicadores de saúde dela e do bebê (CARVALHO, 2008), além de • realizar exames de rotina e testes rá- contribuir para o fortalecimento do vín- pidos, conforme a idade do homem culo entre o pai e a criança. e fatores de risco a que está expos- to: hemograma, tipagem sanguínea Uma das recomendações da Organiza- e fator RH, pesquisa de antígeno de ção Mundial de Saúde (OMS) para hu- superfície do vírus da hepatite B (HB- manização do parto e do nascimento, SAG), teste de VDRL para detecção fundamentada na legislação brasileira, é556
Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homemde sífilis, pesquisa de anticorpos AN- fim, nas visitas domiciliares pós-parto,TI-HIV-1 e HIV-2, pesquisa de antíge- nas consultas do bebê.no de superfície do vírus da hepatiteC (ANTI-HCV), lipidograma, dosagem Figura 24 – O parceiro se destaca como suporte nade colesterol HDL, dosagem de co- continuidade do aleitamentolesterol LDL, dosagem do colesteroltotal, dosagem de triglicerídeos, do-sagem de glicose;• atualizar o cartão de vacinas, tais como hepatite B (recombinante), difteria e té- tano–dT, febre amarela (atenuada), e sarampo, caxumba e rubéola (SCR);• desenvolver, nas atividades educati- vas durante o pré-natal, temas volta- dos para o público masculino;• favorecer a participação efetiva do homem no momento do parto e do puerpério.3.1.3 AmamentaçãoUm dos fatores para o sucesso do alei- Fonte: Fotoliatamento materno é o apoio oferecido àmulher por profissionais de saúde e por 3.1.4 Cuidado do pai com as criançaspessoas próximas. O parceiro destaca-secomo suporte importante para a continui- A educação de gênero estereotipada édade do aleitamento ao se fazer presente responsável, muitas vezes, pela ideia deno cuidado com a mãe e com a criança. que a prática de cuidado estaria mais associada à maternidade do que à pater-As orientações e subsídios para essa nidade, levando os homens a terem me-função podem ocorrer, por exemplo, du- nos informações e a se sentirem menosrante os atendimentos pré-natais, em aptos às práticas de cuidado. O acolhi-grupos ou reuniões voltados para esse 557
UN3 Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básica mento e a orientação a pais e mães são tanto no momento de fazer perguntas fundamentais, sobretudo nos primeiros sobre a saúde e o desenvolvimento da anos de vida da criança, período em que criança quanto no fornecimento de orien- são acompanhadas sistematicamente tações e na prescrição de condutas. pelos profissionais da AB. Quando apenas a mãe comparece aos Figura 25 – O profissional da saúde deve dirigir-se atendimentos relativos à saúde da crian- a ambos os parceiros ça, deve-se conversar sobre a ausência do pai, convidá-lo para os atendimentos e orientá-lo a respeito da importância de compartilhar a responsabilidade pela criação dos filhos. É necessário habilidade para conduzir Fonte: Fotolia. casos em que os homens apresentem resistência e preconceito quanto a assu- mirem o papel de cuidador. Nos casos em que o pai comparece aos 3.2 Práticas reprodutivas nos atendimentos ou se apresenta como prin- diferentes contextos cipal cuidador da criança, os profissio- nais da saúde devem reconhecê-lo nessa Em geral, são ofuscadas as possibili- função, acolher e fornecer suporte. dades de paternidade por inseminação; por homossexuais, bissexuais, travestis, Nas situações em que não for possível a transgêneros; por adolescentes; por ho- participação do pai – não assumiu o filho, mens que assumem sozinhos essa fun- faleceu, mora distante, ou outras situa- ção, ou após a separação conjugal. ções, os trabalhadores devem estimular que alguém próximo, envolvido no cuidado As rotinas dos serviços de saúde devem com a criança, seja bem-vindo ao serviço trabalhar para superar padrões limitan- de saúde e reconhecido como cuidador, tes referentes aos papéis de gênero e podendo assumir a função de pai social. garantir o direito aos homens de cuida- rem de si e dos seus filhos, biológicos Todos da equipe de saúde, quando possí- ou não, em todos os contextos possí- vel, devem se dirigir a ambos, pai e mãe, veis de paternidade.558
Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem3.2.1 Pais não biológicos e como algo a ser evitado. Os preconcei- a função paterna tos dos profissionais sobre a saúde se- xual e reprodutiva dessa população nãoNa ausência do pai biológico, outros devem representar ameaça à qualidadehomens – tios, irmãos, avôs, padrastos, da assistência nos serviços.padrinhos ou mesmo amigos próximospodem estabelecer conexão com as Devem ser disponibilizadas informaçõescrianças e exercer a prática do cuidado. com acesso facilitado, métodos contra-O incentivo da equipe à presença dele ceptivos e preservativos, orientaçõespode ajudar a consolidar a representa- quanto ao planejamento reprodutivo, as-ção social do homem cuidador, amplian- segurando condições de escolha sobredo o repertório das crianças quanto a a gravidez.normas e valores considerados mascu-linos e femininos. 3.2.3 Pais separadosObserva-se ainda que o envolvimento na No caso de separação do casal, os víncu-vida dos filhos pode trazer benefícios à los com pais ou mães devem ser preser-saúde dos homens como, por exemplo, vados em benefício da saúde emocionalmenor incidência de abuso de álcool e da criança. A criança tem direito ao cui-outras drogas, menor índice de exposição dado de ambos, como previsto pelo Esta-a riscos e a situações de violência, maior tuto da Criança e do Adolescente (ECA)predisposição ao equilíbrio emocional. e demais recomendações nacionais e internacionais.Além disso, as crianças que contam coma presença de alguém que exerce devi- Figura 26 – O Estatuto da Criança e do Adolescentedamente a função paterna estão mais prevê o direito ao cuidado dos paisprotegidas dos riscos e ameaças à suaintegridade física e psicológica.3.2.2 Pais adolescentesHomens adolescentes e jovens devem Fonte: <www.consec.rn.gov.br>.ser reconhecidos em seus direitos re-produtivos e ter resguardada autono-mia e projetos de vida. A paternidade naadolescência não deve ser vista apenas 559
UN3 Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básica Nos casos de alienação parental, quan- cando adequar-se à dinâmica social, do a pessoa que fica com a guarda dos ampliaram a possibilidade de adoção filhos dificulta o envolvimento da outra, por homossexuais e é previsível que os afastando-a dos cuidados com a saúde serviços de saúde se deparem com essa e educação dos filhos ou depreciando-a, situação. Os pais homossexuais costu- os profissionais da saúde podem alertar mam sofrer duplo preconceito: por di- sobre o impacto e risco que isto pode ge- vergirem do padrão heterossexual e por rar para a saúde da criança. serem homens cuidadores. Mesmo nos casos de guarda comparti- É fundamental, por parte dos profissio- lhada, é importante que os profissionais nais da saúde, a suspensão de precon- possam reconhecer a necessidade da ceitos e o apoio adequado a estes pais, presença de ambos, assegurando igual- seja qual for a identidade de gênero, a mente ao homem o lugar de direito en- orientação sexual e a organização fami- quanto pai que cuida. liar, buscando aproximar estes pais do papel de cuidadores. 3.2.4 Pais solteiros ou viúvos Figura 27 – Homoparentalidade Muitos homens se sentem incapazes de Fonte: Fotolia cuidar dos próprios filhos. Mesmo aque- les que são bons cuidadores costumam ser desvalorizados, pois as mulheres são tidas como cuidadoras naturais. Assim, pais solteiros ou viúvos podem, por barreiras culturais ou institucionais, apresentar dificuldades de exercer ade- quadamente a paternidade. É necessário o apoio da equipe de saúde no estímulo e valorização da experiência do homem como cuidador. 3.2.5 Pais homossexuais A SSSR funciona integrada aos direitos sexuais e reprodutivos, consolidando A homoparentalidade vem ocorrendo uma base forte para o exercício dos di- com frequência cada vez maior. As re- reitos humanos, envolvendo o grande centes mudanças na legislação, bus- desafio de transformar as crenças e os560
Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homemvalores cristalizados sobre as relações e também na sala de espera da unidade.de gênero nos serviços de saúde, sobre- Ao finalizar a fase de divulgação da práti-tudo no contexto da AB. ca, agendou-se o primeiro encontro con- forme data e horário por eles solicitados.3.3 Relatos de experiências No primeiro encontro, foram explanadosPor último, destacamos nesta tercei- os objetivos da proposta, bem como foira unidade, também, dois relatos de organizado o agendamento e as temáti-experiências disponíveis em publica- cas das próximas reuniões. Nesta lógica,ções sobre práticas realizadas na AB, foram realizados cinco encontros, combuscando oportunizar algumas ideias e horários e dias estabelecidos, de acordomodelos de como esta interação entre com a disponibilidade dos sujeitos. Trêsos profissionais de saúde e a população ocorreram no meio urbano e dois nomasculina pode acontecer no cotidiano meio rural, sendo que o número de par-dos serviços e colaborar para a amplia- ticipantes variou de 7 a 14 por encontro,ção das ações de cuidado com a saúde. na faixa etária entre 25 e 80 anos.3.3.1 Primeiro relato Figura 28 – Reuniões com futuros paisO primeiro relato é de um processo de Fonte: Fotoliaeducação em saúde com grupos dehomens registrado por Almeida et al. As reuniões aconteceram nas sedes ou(2012). Ocorreu em uma unidade da Es- salões comunitários, com duração detratégia Saúde da Família (ESF), em um aproximadamente 40 minutos. A esco-município do interior do Rio Grande do lha das temáticas a serem abordadasSul, por meio de ações grupais direcio- partiu da necessidade apresentada pe-nadas aos sujeitos do gênero mascu-lino, residentes e domiciliados na áreade abrangência da referida unidade. Oprocesso iniciou-se com a divulgação darealização de grupos de saúde especial-mente para este segmento.Essa fase inicial se caracterizou peloestabelecimento de vínculos com os ho-mens por meio da visita domiciliar (VD) 561
UN3 Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básica los participantes entre elas: Cuidado, Com base nos princípios da Aprendiza- conhecendo o Sistema de Saúde; Sexua- gem Social, mensalmente são realizados lidade Masculina; e, Tabagismo. Todas encontros com homens, entre 20 e 59 foram desenvolvidas a partir de metodo- anos, moradores desta Paraisópolis – logias ativas e reflexivas, construção de uma comunidade na zona sul da cidade painéis, dinâmicas e rodas de discussão. de São Paulo, com cerca de 60 mil habi- tantes, na sua maioria em situação fun- Você pode conhecer este relato na diária irregular e forte vulnerabilidade só- íntegra, acessando: <http://revistas. cio-ambiental. Por cerca de duas horas, fw.uri.br/index.php/revistadeenfer em bares da própria comunidade, uma magem/article/viewFile/489/893>. equipe interdisciplinar de profissionais da saúde abordam temas de interesse 3.3.2 Segundo relato dos homens participantes, por meio de estratégias educativas dialógicas, como O segundo relato intitula-se “Conversa o mapa-falante e o painel integrado, a fim de Boteco: uma estratégia para a promo- de estimular a reflexão crítica, o reconhe- ção da saúde do homem” e é realizado cimento de seus principais problemas de na cidade de Paraisópolis, no estado de saúde e formas de intervir sobre eles. São Paulo. Figura 29 – Um ambiente informal pode favorecer a A proposta desta estratégia é ampliar o discussão reconhecimento dos determinantes das condições de vida dos homens e intervir adequadamente sobre eles a partir de ações voltadas a promoção da saúde deste segmento. Assim sendo, profissionais de saúde da Fonte: Fotolia equipe da unidade de ESF, Paraisópolis II, formaram o grupo “Conversa de Boteco”, Os encontros do grupo “Conversa de Bo- com o objetivo de desenvolver ações so- teco” acontecem, desde 2013, e já abor- cioeducativas orientadas para promover daram temas como “Representações de a saúde do homem e proporcionar maior Saúde”, “Violência e Drogas”, “Preconcei- integração dos participantes com a equi- pe de saúde da unidade básica local.562
Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homemto”, “Fatores de Risco e DCNT” e “Sexuali- da saúde e um caminho para alicerçardade e DST”, entre outros. novas estratégias de atenção à saúde do homem.No campo da saúde sexual e reprodutivaa ESF desenvolve uma parceria com o Figura 30 – Novas estratégias para tratar de saúdeCentro de Atenção Psicossocial Álcool eDrogas (CAPSAD) para que, em determi-nados encontros mensais do grupo, pro-fissionais da saúde mental participemproblematizando temas relacionadosaos métodos contraceptivos e às ISTs.Neste sentido, a atuação de profissio- Fonte: Fotolianais de saúde como mediadores desseprocesso de educação em saúde tem Para mais informações sobre dinâmi-favorecido a construção de novos co- cas utilizadas para trabalhar com ho-nhecimentos, habilidades e valores e o mens, acesse “Trabalhando com Ho-diálogo entre saberes tradicionais dos mens Jovens”, do Instituto Promundo.participantes e conhecimentos técnico- Um dos cadernos, sobre Sexualidade e-científicos da equipe de saúde. Saúde Reprodutiva, apresenta como tra- balhar com eles. Uma delas chama-seNa semana seguinte aos encontros rea- “RESPONDA, ... SE PUDER” e introduz oliza-se o “Pós-Boteco”, quando são agen- tema da saúde reprodutiva dos homensdadas visitas na USF local para avaliação e os cuidados com o próprio corpo.individual em diversas especialidades. Outra versa sobre a “SEXUALIDADE E CONTRACEPÇÃO”. Esta segunda,Após três anos de estratégias, a conclu- demonstra a importância de se tersão da equipe da unidade de ESF, Parai- informações corretas e apropriadassópolis II, é de que a apropriação por sobre os métodos contraceptivos,parte dos participantes homens destes favorecendo a escolha adequadaespaços de aprendizagem social tem por um deles.contribuído para a melhoria da sua au-toestima, aproximação e integração àequipe de saúde, assim como para fa-vorecer o empoderamento comunitário– pilares indispensáveis à promoção 563
UN3 Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básica Você pode acessar o relato na ín- 3.4 Recomendação de leituras tegra pelo link: <https://cursos.aten caobasica.org.br/comment/23994>. complementares Também, a Comunidade de Práticas PROMUNDO. Programa H. Sexuali- se propõe a ser um espaço articulado dade e saúde reprodutiva. Promun- em torno de uma plataforma virtual do: Rio de Janeiro; New York, 2001. que possibilita a constituição de co- Disponível em: <http://promundo. munidades virtuais entre os trabalha- org.br/wp-content/uploads/sites/ dores da saúde e gestores da AB das 2/2014/12/Programa-H-Trabalhan três esferas de governo. do-com-Homens-Jovens.pdf>. Nesta plataforma diversas comunida- PROMUNDO. Envolvendo Meninos e des, entre elas a de saúde do homem, Homens na Transformação das Re- permitem a troca de experiências en- lações de Gênero: manual de ativi- tre os profissionais de saúde. Você dades educativas. Promundo: Rio de pode acessar pelo endereço: <https:// Janeiro; New York, 2008. Disponível novo.atencaobasica.org.br/>. em: <http://promundo.org.br/wp- content/uploads/sites/2/2014/12/ Destaca-se ainda, neste material, outra Envolvendo-Rapazes-e-Homens-na dinâmica chamada “TEM GENTE QUE -Transformacao-das-Relacoes-de NÃO USA CAMISINHA PORQUE...” que -Genero-Manual-de-Actividades- pode ser utilizada pelas equipes de saú- Educativas.pdf>. de para desmistificar as crenças a res- peito dela como um obstáculo ao prazer e à ereção, ensinando também como uti- lizar o preservativo.564
Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homemResumo do móduloEste módulo abordou a Saúde Sexual e a apontaram quando adentram aos servi-Saúde Reprodutiva como um direito res- ços de saúde. Ao profissional de saúdesaltando a importância de potencializar, a cabe garantir os direitos de usuários dospartir da atenção à saúde, a construção de serviços de saúde.relações de parceria baseadas no respeitomútuo, na equidade e no compartilhamen- Quanto à saúde reprodutiva, ainda no Bra-to de responsabilidades e do cuidado. sil a responsabilidade em relação à con- tracepção recai mais sobre a mulher. AQuanto ao gênero masculino apontou ideia de que os homens devam participara compreensão que este se constrói a do planejamento reprodutivo e familiar,partir de atributos sociais – papéis, cren- desempenhando papel ativo na contra-ças, atitudes e relações entre mulheres e cepção tornou-se mais aceitável nos últi-homens – os quais não são determina- mos anos. O preservativo masculino e ados meramente pela biologia, mas pelo vasectomia têm sido os principais méto-contexto social, político e econômico, e dos de contracepção masculina. O uso doque contribuem para orientar o sentido preservativo encontra resistência entredo que é ser homem ou ser mulher numa os homens, especialmente naqueles quedada sociedade. se veem como fora de grupos de risco. Já a vasectomia é considerada um dos mé-Foram incluídas algumas reflexões so- todos anticoncepcionais mais efetivos ebre gênero, masculinidades e sua reper- seguros, no entanto por ser consideradocussão na saúde sexual e reprodutiva, um procedimento médico definitivo, em-problematizando algumas questões fun- bora simples, também afasta grande par-damentais como corporalidades, sexua- te dos homens desta escolha.lidade e diferentes performances de gê-nero. Quanto as expressões diversas da Por fim, destacou-se na terceira unidade,sexualidade masculina o módulo aponta dois relatos de experiências disponíveisque é preciso compreender que as cor- em publicações sobre práticas realizadasporalidades podem ser múltiplas e que na AB, buscando oportunizar algumasas diferentes performances de gênero ideias e modelos de como esta interaçãocompõem os sujeitos, na riqueza da di- entre os profissionais de saúde e a popula-versidade humana. No âmbito do SUS, ção masculina pode acontecer no cotidia-em particular, as pessoas devem ser no dos serviços e colaborar para a amplia-tratadas pelo nome e pelo gênero que ção das ações de cuidado com a saúde. 565
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Sobre os autores Caroline Schweitzer de Oliveira Carmem Regina Delziovo Possui graduação em Enfermagem pela Uni- Possui graduação em Enfermagem e Obste- versidade Federal de Santa Catarina/UFSC trícia pela Universidade Regional do Noroes- (2003), Especialista em Educação Sexual te do Estado do Rio Grande do Sul (1985), pela Universidade do Estado de Santa Cata- graduação em Licenciatura Em Enfermagem rina (2005), Especialista em Desenvolvimen- pela Universidade Regional do Noroeste do to Gerencial de Unidade Básica de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul (1985) e mes- SUS (2008), Especialista em Saúde Pública trado em Ciências da Saúde Humana pela pela Escola de Saúde Pública Professor Universidade do Contestado (2003), douto- Osvaldo de Oliveira Maciel (2010), Mestra rado em Saúde Coletiva pela Univerisdade em Saúde Coletiva pela UFSC (2014). Tem Federal de Santa Catarina (2015). Atua na experiência na Estratégia Saúde da Família Secretaria de Estado da Saúde do Governo (ESF), nos municípios de Lages/SC, Correia do Estado de Santa Catarina na Gerência Pinto/SC e Antônio Carlos/SC e foi coorde- da Coordenação da Atenção Básica. Tem nadora do Programa de Saúde da Mulher e experiência na área de Saúde Pública, com da Rede de Atenção às Vítimas de Violência ênfase em Gestão , atuando principalmente Sexual (RAIVVS) em Florianópolis/SC. Tam- nos seguintes temas: políticas de saúde, re- bém atuou como docente para formação de gulação, redes de atenção à saúde, saúde da Agentes Comunitárias(os) de Saúde e Téc- mulher e da criança e violência. nicas(os) em Enfermagem. Atualmente é assessora técnica da Coordenação-Geral de Endereço do currículo na plataforma lattes: Saúde das Mulheres do Ministério da Saúde, <http://lattes.cnpq.br/9192985272761930>. atuando principalmente com a temática da violência, aborto previsto em lei e Direitos Sexuais e Reprodutivos. Endereço do currículo na plataforma lattes: <http://lattes.cnpq.br/4627038463350744>.570
Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homemMargareth Cristina de Almeida Gomes Eduardo SchwarzDoutoranda em Saúde Coletiva pelo Instituto Possui graduação em Psicologia pela Univer-de Medicina Social (IMS) da Universidade do sidade de Brasília (1999). Atualmente prestaEstado do Rio de Janeiro (UERJ). Mestre em consultoria para o Ministério da Saúde emSaúde Coletiva pelo IMS da UERJ (2013), es- parceria com a Organização Panamericanapecialista em Saúde da Família nos moldes de Saúde-OPAS na pasta de Saúde do Ho-de Residência Multiprofissional pela Universi- mem. Dirige o ECOH – Instituto Brasileiro dedade Estadual de Londrina (2010) e graduada Ecologia Humana em Brasília, onde trabalhaem Enfermagem pela Universidade Estadual como psicólogo e psicoterapeuta, em gru-de Londrina (2007). Tem experiência em ges- pos e individualmente. Tem experiência natão federal e municipal de serviços de saúde, área de Psicologia Clínica, com ênfase emno planejamento e produção do cuidado em Psicoterapia Somática e Meditação, e inte-saúde em equipes de Unidades de Saúde da resse no campo de pesquisa voltado para oFamília e em espaços comunitários junto a estudo de gênero, masculinidades e cultura.populações vulneráveis. Desenvolveu prá-ticas educativas envolvendo trabalhadores Endereço do currículo na plataforma lattes:de saúde, movimentos sociais, estudantes <http://lattes.cnpq.br/9831792462600090>.de ensino médio e graduação, com foco emtemas de promoção à saúde e prevenção deagravos transmissíveis e não-transmissíveis,gênero e sexualidade.Endereço do currículo na plataforma lattes:<http://lattes.cnpq.br/7215222767332739> 571
Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem Carmem Regina Delziovo Caroline Schweitzer de Oliveira Eleonora d’Orsi André Junqueira Xavier UFSC 2018
Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem Carmem Regina Delziovo Caroline Schweitzer de Oliveira Eleonora d’Orsi André Junqueira Xavier Florianópolis UFSC / 2018 1ª edição atualizada
Catalogação elaborada na Fonte. Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária responsável: Eliane Maria Stuart Garcez – CRB 14/074 U588p Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Saúde. Curso de Atenção Integral à Saúde do Homem – Modalidade a Distância. Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem [recurso eletrônico] / Universidade Federal de Santa Catarina. Carmem Regina Dalziovo [et al.] (Organizadoras). — 1. ed. atual. — Florianópolis : Universidade Federal de Santa Catarina, 2018. 57 p. Modo de acesso: www.unasus.ufsc.br Conteúdo do módulo: Infecções sexualmente transmissíveis na população masculina. – Disfunções e outros agravos relacionados a saúde sexual e reprodutiva. – Práticas e cuidado no campo da sexualidade e reprodução. ISBN: 978-85-8267-089-7 1. Saúde do homem. 2. Saúde sexual e reprodutiva. 3. Cuidados de saúde. I. UFSC. II. Delziovo, Carmem Regina. III. Oliveira, Caroline Schweitzer de. IV. D’Orsi, Eleonora. V. Xavier, André Junqueira. VI. Título. CDU: 613.9576
CréditosGOVERNO FEDERALPresidente da RepúblicaMinistro da SaúdeSecretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES)Diretora do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (DEGES)Coordenador Geral de Ações Estratégicas em Educação na SaúdeUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAReitor: Ubaldo Cesar BalthazarVice-Reitora: Alacoque Lorenzini ErdmannPró-Reitora de Pós-graduação: Hugo Moreira SoaresPró-Reitor de Pesquisa: Sebastião Roberto SoaresPró-Reitor de Extensão: Rogério Cid BastosCENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDEDiretora: Celso SpadaVice-Diretor: Fabrício de Souza NevesDEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICAChefe do Departamento: Fabrício Augusto MenegonSubchefe do Departamento: Maria Cristina Marino CalvoEQUIPE TÉCNICA DO MINISTÉRIO DA SAÚDECoordenador: Francisco Norberto Moreira da SilvaCoordenadora substituta: Renata Gomes SoaresASSESSORES TÉCNICOSKátia Maria Barreto SoutoCícero Ayrton Brito SampaioMichelle Leite da SilvaCaroline Ludmila Bezerra GuerraPatrícia Santana SantosJuliano Mattos RodriguesThiago Monteiro Pithon 577
COORDENADORA DO PROJETO REVISÃO DE CONTEÚDO Elza Berger Salema Coelho Revisor interno: Antonio Fernando Boing COORDENADORA DO CURSO Revisores externos: Sheila Rubia Lindner Helen Barbosa dos Santos Igor Claber COORDENADORA DE ENSINO Deise Warmling ASSESSORIA PEDAGÓGICA Márcia Regina Luz COORDENADORA EXECUTIVA Gisélida Garcia da Silva Vieira ASSESSORIA DE MÍDIAS Marcelo Capillé COORDENADORA DE TUTORIA Carolina Carvalho Bolsoni DESIGN INSTRUCIONAL, REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA E ABNT EQUIPE DE PRODUÇÃO EDITORIAL Eduard Marquardt Larissa Marques Sabrina Faust IDENTIDADE VISUAL E PROJETO GRÁFICO EQUIPE EXECUTIVA Pedro Paulo Delpino Patrícia Castro Rosangela Leonor Goulart ADAPTAÇÃO DO PROJETO Sheila Rubia Lindner GRÁFICO E REDIAGRAÇÃO Tcharlies Schmitz Laura Martins Rodrigues CONSULTORIA TÉCNICA ESQUEMÁTICOS Eduardo Schwarz Tarik Assis Pinto AUTORIA DO MÓDULO Carmem Regina Delziovo Caroline Schweitzer de Oliveira Eleonora d’Orsi André Junqueira Xavier578
Apresentação do móduloUm desafio para o serviço de saúde na veis (IST), o prostatismo, a impotência, osAtenção Básica é conseguir ser atrati- cânceres de próstata, testículo e pênis.vo para a população masculina. Muitoshomens pensam que cuidar da saúde é Saber como abordar estas doenças du-“coisa de mulher”, que as instituições de rante o atendimento nas Unidades Bási-cuidado com a saúde são espaços de cas de Saúde pode permitir diagnósticosmulheres (e de crianças), e que os servi- precoces e redução dos agravos decor-ços de saúde devem ser procurados ape- rentes.nas quando a doença já está instaladaou em estágio avançado. Assim, a aten- Iniciamos o módulo com as principaisção à saúde precisa, por um lado, promo- IST na população masculina; na conti-ver o acolhimento das necessidades dos nuidade, elencamos as principais inter-homens em geral e, por outro, ser mais corrências na saúde sexual e reprodu-atrativa para esta população – ou seja, tiva do homem, as especificidades dosnão apenas responder a demandas (ME- adolescentes e idosos e qual o seu pa-DRADO et al., 2009). pel como profissional da Atenção Básica nas práticas do cuidado.Dentre as intercorrências mais frequen-tes na saúde dos homens encontram-se Vamos começar?as Infecções Sexualmente Transmissí- 579
Este módulo trata de apresentar as prin- cipais intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem e discute estra- tégias de cuidado voltadas ao enfrenta- mento pelos profissionais da Atenção Básica. Objetivos de aprendizagem para este módulo Ao final deste módulo o aluno deverá ser capaz de reconhecer as principais inter- corrências na saúde sexual e reprodutiva do homem e o papel dos profissionais da Atenção Básica nas práticas de cuidado neste campo. Carga horáriade estudo recomendada para este módulo 30 horas580
Sumário 583Unidade 1 585Infecções Sexualmente Transmissíveis na população masculina 5951.1 Principais Infecções Sexualmente Transmissíveis e 597 sua abordagem na Atenção Básica 5991.2 Recomendação de leituras complementares 600 605Unidade 2 611Disfunções e outros agravos relacionados à saúde 613sexual e reprodutiva 6152.1 Ciclo de respostas aos estímulos sexuais2.2 Disfunções sexuais 6172.3 Neoplasias relacionados à saúde sexual e reprodutiva 6212.4 Intercorrências na saúde sexual do adolescente2.5 Intercorrências na saúde sexual do homem idoso 6232.6 Recomendação de leitura complementar 624 627Unidade 3Recomendações aos profissionais da Atenção Básica3.1 Recomendação de leituras complementaresResumo do móduloReferênciasSobre os autores
UN1Infecções SexualmenteTransmissíveis napopulação masculina
Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homemO modelo hegemônico de masculinida- da Atenção Básica, tem importante pa-de impõe a prática sexual como elemen- pel a desenvolver nas ações de preven-to fundamental no reconhecimento do ção, diagnóstico e tratamento das IST, aser homem, legitimando a concepção fim de interromper a cadeia de transmis-naturalizada de uma sexualidade mas- são e reduzir as complicações por estasculina acentuada, instintiva, e, por vezes, doenças. A seguir, destacamos algumasincontrolável – o que se traduz muitas informações sobre estas ações.vezes em comportamentos de risco paraa saúde (PINHEIRO; COUTO, 2012). 1.1 Principais Infecções Sexualmente Transmissíveis e sua abordagemFigura 1 – Quais as especificidades de saúde da na Atenção Básicapopulação masculina? Você saberia enumerar quais as uretri- tes mais frequentes na população mas- culina? Acompanhe o quadro a seguir. Quadro 1 – Uretrites e seus agentes etiológicos mais e menos frequentes. Maior frequência Uretrites por agentes etiológicos: • Neisseria gonorrhoeae • Chlamydia trachomatis Menor frequênciaFonte: Fotolia. Outros agentes: • Trichomonas vaginalisPesquisa realizada no país aponta que • Ureaplasma urealyticum17% dos homens sexualmente ativos já • Enterobactérias (nas relaçõestiveram alguma Infecção Sexualmente anais insertivas)Transmissível (IST) e que 18% destes • Mycoplasma genitaliumnão buscou nenhum tipo de apoio para • Vírus do herpes simples (HSV, dotratamento (BRASIL, 2011a). Neste con- inglês Herpes Simplex Virus)texto, você, como profissional de saúde • Adenovírus • Candida sp Fonte: Do autor (2016). 585
UN1 Infecções Sexualmente Transmissíveis na população masculina Entre os fatores associados às uretrites heterossexuais, mas observa-se ten- estão idade jovem, baixo nível socioe- dência de aumento na proporção de conômico múltiplas parcerias ou nova casos em homens que fazem sexo parceria sexual, histórico de IST e uso com homens nos últimos dez anos. inconsistente de preservativos (BRASIL, 2015a). • O percentual de casos de AIDS nesta população passou de 34,9% em 2005 Além destas uretrites outra doença com para 44,9% em 2014 (BRASIL, 2015b). situação epidemiológica diferenciada na população masculina é a AIDS. Acompa- Outra IST que merece atenção é a sífilis, nhe os dados a seguir: que tem representado um grande proble- ma de saúde pública no país. Esta é uma • A população masculina tem prevalên- situação extremamente grave, que envol- cia maior de AIDS do que a população ve o diagnóstico e tratamento de sífilis feminina. em homens e mulheres. O não tratamento dos parceiros sexuais é uma das causas • Foram registrados no Brasil 519.183 da sífilis congênita.Dentre as gestantes casos de AIDS em homens, represen- que realizaram pré-natal e tiveram o diag- tando 65% do total dos casos no pe- nóstico de sífilis, somente 18,2% tiveram ríodo de 1980 até junho de 2015. o parceiro tratado (BRASIL, 2015c). • As taxas de detecção de AIDS em ho- Nos últimos 10 anos, houve um progres- mens nos últimos dez anos têm apre- sivo aumento na taxa de incidência de sentado tendência de crescimento: sífilis congênita: em 2004 foram notifica- em 2005 a taxa foi de 24,7 casos para dos 1,7 casos para cada 1.000 nascidos cada 100 mil habitantes, passando vivos e em 2013 as notificações amenta- para 27,7 em 2014, o que representa ram para 4,7 casos para cada 1000 nas- um aumento de 10,8%. cidos vivos. • A maior concentração dos casos de Em gestantes não tratadas, ou trata- AIDS em homens, no período de 1980 das inadequadamente, a sífilis pode a junho de 2015, está nos indivíduos ser transmitida para o feto com taxa de com idade entre 25 e 39 anos. transmissão de até 80%. A probabilida- de de infecção fetal é influenciada pelo • Entre os homens, a prevalência de estágio da sífilis na mãe e pela duração AIDS tem predomínio nos homens da exposição fetal. Portanto, a transmis-586
Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homemsão é maior quando a mulher apresenta a infecção inicia-se no nascimento ou emsífilis primária ou secundária durante a menores de um ano de idade o risco degestação (BRASIL, 2015). cronificação da hepatite B chega a 90%; Em adultos, o índice cai para 5% a 10%.Na transmissão vertical de sífilis pode Apesar da progressão da cobertura va-ocorrer abortamento, natimorto ou morte cinal e acesso ampliado às orientaçõesperinatal em aproximadamente 40% das para prevenção das IST, ainda há umcrianças infectadas. Mais de 50% destas crescente número de diagnósticos decrianças são assintomáticas no nasci- hepatite B, aproximadamente 10.000 no-mento com a probabilidade de desenvol- vos casos são detectados e notificadosver graves sequelas (BRASIL, 2012). anualmente no Brasil (BRASIL, 2015b).Figura 2 – Nos últimos 10 anos, houve um au- Com relação a Hepatite C a transmissãomento progressivo na taxa de incidência de sífilis sexual é pouco frequente, no entanto, acongênita presença de uma IST, como lesões ulce- radas em região anogenital constituem- -se um importante facilitador de trans- missão, particularmente na população de homens que fazem sexo com homens. Figura 3 – Hepatite B: aproximadamente 10.000 novos casos são detectados e notificados anual- mente no BrasilFonte: FotoliaOutra importante IST a ser abordada na Fonte: Fotolia.atenção a população masculina é a he-patite B. A hepatite B pode se desenvol-ver de duas formas, aguda e crônica. Aaguda é quando a infecção tem curtaduração e a forma crônica é quando adoença dura mais de seis meses. O riscoda doença tornar-se crônica depende daidade na qual ocorre a infecção. Quando 587
UN1 Infecções Sexualmente Transmissíveis na população masculina Deve-se ressaltar que a maioria das • corrimento uretral: nos últimos dois pessoas infectadas por uma IST é as- meses; sintomática e que a duração e a trans- missibilidade da infecção são maiores • úlceras: nos últimos três meses; quando menor for o acesso ao tratamento • sífilis secundária: nos últimos seis (BRASIL, 2015a). meses; • sífilis latente: no último ano. Importante! Você, como profissio- No contexto das ações de prevenção, nal de saúde, precisa estar atento orientar os homens para o uso do preser- vativo segue como uma das principais durante os seus atendimentos para formas de atuação. Além desta ação, não perder a oportunidade de realizar que envolve a orientação e fornecimen- diagnóstico e tratamento, bem como to de preservativo, outras intervenções orientar com conhecimentos técni- de prevenção são propostas e incluem co-científicos atualizados e recursos ações de prevenção individual e coletiva, disponíveis para que os homens rea- com a oferta de diagnóstico e tratamen- lizem sexo seguro, prevenindo as IST. to para as IST assintomáticas e o manejo de IST sintomáticas com ou sem exames É importante também lembrar que o aten- laboratoriais. Estas estratégias precisam dimento imediato de uma IST não é ape- ser incorporadas no processo de traba- nas uma ação curativa, mas oportuniza e lho da equipe da Atenção Básica. visa à interrupção da cadeia de transmis- são, à prevenção de outras IST e de com- Figura 4 – Sexo seguro: a melhor forma de evitar plicações advindas destas infecções. as IST Para a interrupção da cadeia de trans- missão, é importante que você converse com o usuário com diagnóstico de IST sobre as suas parcerias sexuais. Estas precisam ser informadas e orientadas para realizar exames diagnósticos a fim de se identificar possível infecção. O período de busca das parcerias se- Fonte: Fotolia. xuais é diferenciado, de acordo com o diagnóstico de IST realizado no homem (BRASIL, 2015a):588
Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homemAinda como ação de prevenção indivi- Uma estratégia para a interrupção da ca-dual e coletiva para as IST, podem ser de- deia de transmissão das ISTs é a abor-senvolvidas atividades de informação e dagem relacionada a diagnóstico preco-educação em saúde, ampliação do aces- ce das ISTs dos casos assintomáticos.so da população masculina ao serviço Neste sentido a ação visa a ampliaçãode saúde e ampliação do fornecimento da oferta de diagnóstico e tratamento. Ode gel lubrificante (para homens que fa- Ministério da Saúde propõe que seja rea-zem sexo com homens) e preservativos. lizado rastreamento com exames de sí- filis, gonorreia, clamídia, hepatites viraisEm especial para o HIV, uma forma de B e C, HIV, para pessoas que são diag-prevenção disponível é o uso de medi- nosticadas com alguma outra IST e paracamentos antirretrovirais após o conta- populações-chave, dentre elas gays, ho-to sexual desprotegido com portador do mens que fazem sexo com homens, pro-HIV. Esta é uma estratégia denominada fissionais do sexo, travestis, transexuaisPEP (sigla em inglês de profilaxia pós- e usuários de drogas.-exposição). Esta medida consiste naprescrição dos medicamentos em até Já no manejo de IST sintomáticas são72 horas após o contato com o vírus do propostas ações a partir de queixa deHIV. O tratamento dura 28 dias e o aten- síndrome específica com realização dedimento é considerado de emergência. anamnese e exame físico, diagnósti-O protocolo clínico se divide em quatro co com ou sem laboratório, tratamentoseções, que correspondem às etapas etiológico ou baseado na clínica. Ainda,de abordagem da pessoa exposta ao esta estratégia propõe ênfase na ade-risco de infecção pelo HIV, que incluem: são ao tratamento e no diagnóstico eavaliação do risco da exposição; esque- das parcerias sexuais (mesmo que as-ma antirretroviral para PEP; medidas no sintomáticos) e a notificação das ISTatendimento à pessoa exposta; acompa- (BRASIL, 2015a).nhamento clínico-laboratorial. O manejo de IST sintomáticas com uso Saiba mais, consultando o Protocolo de fluxograma, com e sem a utilização Clínico e Diretrizes Terapêuticas para de testes laboratoriais, é apresentado no Profilaxia Antirretroviral Pós-Exposi- esquemático a seguir. ção de Risco à Infecção pelo HIV, dis- ponível em: <http://www.aids.gov.br/ publicacao/2015/protocolo-clinico -e-diretrizes-terapeuticas-para-pro filaxia-antirretroviral-pos-ex-0>. 589
UN1 Infecções Sexualmente Transmissíveis na população masculina Manejo de IST sintomáticas com uso de fluxograma As ações clínicas complementares têm tanta importância quanto o diagnóstico Queixa de síndrome e o tratamento adequado. Na sequência, específi�ca o quadro 2 apresenta as principais mani- festações clínicas das IST e os respecti- Anamnese e vos agentes etiológicos. exame físico É importante lembrar que a notificação Identi�ficação da das ISTs é compulsória para a vigilância síndrome epidemiológica. Esta estratégia precisa ser consolidada e expandida com o obje- Não Presença de Sim tivo de conhecer a magnitude e a tendên- cia da prevalência destas doenças, a fim laboratório ? de subsidiar o planejamento das ações de controle. Fluxograma Fluxograma sem laboratório com laboratório Os profissionais de saúde precisam es- tar preparados para implementar estra- Tratamento etiológico ou baseado na tégias de prevenção e de intervenção clínica (para os principais agentes terapêutica imediata. Para tanto, faz-se causadores da síndrome) necessária a disponibilização de insu- mos para diagnóstico e tratamento. • Informação/Educação em saúde; Uma estratégia importante para o diag- • Oferta de preservativos e gel lubrificante; nóstico precoce das ISTs é a disponibili- zação de testes rápidos para sífilis, HIV, • Oferta de testes para HIV e demais IST (sífilis, Hepatite B e C nas Unidades Básicas de hepatite B, gonorreia e clamídia), quando Saúde. Os kits para estes exames são dis- disponíveis; tribuídos pelo Ministério da Saúde para os municípios por meio dos estados. Esta • Ênfase na adesão ao tratamento; nova tecnologia se caracteriza pela exe- cução, leitura e interpretação dos resulta- • Vacinação para HBV e HPV, conforme dos feitos em, no máximo, 30 minutos. estabelecido; • Oferta de profilaxia pós-exposição para o HIV, quando indicado; • Oferta de profilaxia pós-exposição às IST em violência sexual; • Notificação do caso, conforme estabelecido; • Comunicação, diagnóstico e tratamento das parcerias sexuais (mesmo que assintomáticas).590
Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homemQuadro 2 – Manifestações clínicas das IST e os respectivos agentes etiológicos. Agente etiológico Infecção LGV Chlamydia trachomatis Cancroide Herpes genital* Úlcera Haemophilus ducrey Donovanoseanogenital Herpes simplex vírus Sífilis Klebsiela granulomatis Candidíase vulvovaginal** Infecção por Clamídia Treponema pallidum Gonorreia Tricomoníase Candida spp. Vaginose bacteriana** Corrimento Chlamydia trachomatis Endometrite, anexite,uretral/vaginal Neisseria gonorrhoeae salpingite, miometrite, Trichomonas vaginalis ooforite, parametrite, pelviperitonite, abscesso Múltiplos agentes tubo ovariano Chlamydia trachomatis Condiloma acuminado* Neisseria gonorrhoeaeDIP Bactérias facultativas anaeróbias (ex: Gardnerella vaginalis, Haemophilus influenza, Streptococcus agalactiae) Outros microrganismosVerruga anogenital HPV* Não são infecções curáveis, porém tratáveis** São infecções endógenas do trato reprodutivo, que causam cor-rimento vaginal, não sendo consideradas ISTFonte: DDAHV/SVS/MS.Os testes rápidos para sífilis fazem par- em amostras de sangue total coletadas ate das estratégias do Ministério da Saú- partir de punção digital. Os testes rápidosde para ampliar a cobertura diagnóstica para sífilis, assim como os testes rápidosdesse agravo e consistem em testes tre- para as Hepatites B e C são exames deponêmicos que possibilitam a determina- triagem sorológica, ou seja, há necessida-ção visual qualitativa da presença de anti- de de exames laboratoriais complemen-corpos IgG e IgM do Treponema pallidum tares para o diagnóstico. 591
UN1 Infecções Sexualmente Transmissíveis na população masculina A história clínica e epidemiológica do As atividades informativo-educativas de- paciente deve ser considerada, e a partir senvolvidas pelos Agentes Comunitários disto o paciente pode ser tratado, sendo de Saúde (ACS) nos domicílios e pelos pro- que o problema é retardar o tratamento. fissionais nas UBS podem chamar a aten- ção dos homens para a realização dos tes- Você pode conhecer os fluxogramas tes rápidos para sífilis, HIV e Hepatite B e C. para diagnósticos e ainda o tratamento da Sífilis, no Protocolo Clínico e Diretri- A organização do processo de trabalho na zes Terapêuticas para Atenção Integral Atenção Básica deve ser estruturado para às Pessoas com Infecções Sexualmen- possibilitar o acolhimento, o diagnóstico te Transmissíveis, que está nas leituras precoce, a assistência e, quando necessá- complementares desta unidade. rio, o encaminhamento das pessoas diag- nosticadas com IST às unidades de refe- No caso do teste rápido de HIV o diag- rência para atendimento especializado. nóstico é definido pela sua realização. A atenção integral a esse grupo de agra- Você pode acessar mais informações vos necessita não apenas da implemen- sobre os testes rápidos para diag- tação de ações básicas de prevenção e nóstico de sífilis, HIV, Hepatites B e C assistência, mas também do fortaleci- acessando: <http://www.aids.gov.br/ mento da integração entre os diferentes pagina/testes_rapidos>. níveis de atenção à saúde existentes no município ou região. É importante conhecer no seu município Desta forma, o diagnóstico das IST e tra- como se dá o acesso aos testes rápidos tamento deve ser na Atenção Básica. A e também aos exames complementares Sífilis tanto em gestante como na popula- para diagnóstico para que possa orien- ção deve ser tratada na AB. Porém, é im- tar e acompanhar os homens para Hepa- portante que você procure conhecer se no tite B, C e HIV no acesso ao tratamento. seu município existe referência pelo SUS para suporte no tratamento de IST. Os ca- Tanto no diagnóstico como no tratamen- sos de hepatites B e C em gestantes po- to um destaque importante a ser dado é dem ser encaminhados para o serviço de com a garantia da confidencialidade e da atenção a gestante de alto risco. Além de ausência de discriminação que deverá ser encaminhar para infectologista ou hepa- discutido na equipe a fim de organizar os tologista se for o caso de hepatite crônica seus processos de trabalho neste sentido. e infectologista se diagnosticado HIV.592
Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem Para conhecer sobre diagnóstico quando necessário fazer o encaminha- e manejo da infecção pelo HIV em mento aos serviços especializados dis- adultos, você pode acessar o Proto- poníveis no SUS (BRASIL, 2006). colo clínico e diretrizes terapêuticas para manejo da infecção pelo HIV em Lembre-se que você como profissional adultos no endereço <http://www. da Atenção Básica tem a responsabili- aids.gov.br/pcdt>. dade de acompanhar os usuários resi- dentes em seu território adscrito mesmo Neste mesmo endereço, você poderá que estes estejam sendo atendidos em acessar aplicativos para celular An- serviços de referência. droid e modelos de folders para pre- venção das IST.Pessoas com sintomas sugestivos de É bom lembrar que a infecção pelo HIVinfecção pelo HIV chegarão às UBS para tem um acometimento sistêmico, sendoesclarecimento de seu quadro clínico. necessário, estar atento a sinais clínicosAs equipes de saúde devem estar estru- comumente associados à doença, con-turadas para responder a essa demanda, forme a figura abaixo.diagnosticando ao primeiro contato, e Alterações Sinais clínicos comumente associados à presença do HIV Candidíase neurocognitivos Leucoplastia Adenopatia de pilosa e focais cabeça e pescoço Corrimento Adenopatia axilares Dermatite e supratrocleares Úlcera seborreica Verruga Fonte: Brasil (2015d). Hepatomegaliaou esplenomegalia Psoríase Molusco contagioso Adenopatias inguinais Foliculite Ictíose Micose de pésSarcoma de Kaposi e unhas 593
UN1 Infecções Sexualmente Transmissíveis na população masculinaÉ importante lembrar, ainda, que no caso a donovanose, o cancroide, o linfogranulo-da Hepatite B, a vacina está disponível na ma venéreo e as verrugas anogenitais. Orede pública. A vacinação para Hepatite B Ministério da Saúde por meio da Comis-inclui três doses administradas com inter- são Nacional de Incorporação de Tecnolo-valo de um mês entre a primeira e a segun- gias no SUS (CONITEC) publicou em 2015da dose e de seis meses entre a primeira e o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuti-a terceira dose, constando no calendário cas Infecções Sexualmente Transmissí-de vacinação desde o nascimento. A par- veis onde as condutas de diagnóstico etir de 2016 a vacinação contra Hepatite tratamento destas patologias estão deta-B está disponível nas unidades de saúde lhadas. Você pode conhecer este protoco-para toda a população, independente da lo acessando o link disponível nas leiturasidade. Estas ações têm como objetivo a complementares desta Unidade.interrupção da cadeia de transmissão dasIST e, resultando assim, na redução dos Na Unidade 2, destacamos outras dis-casos e de suas complicações. funções e agravos relacionados à saú- de sexual e reprodutiva do homem, comOutras IST precisam ser lembradas na alguns subsídios para a sua atuação naatenção a população masculina, entre elas Atenção Básica. Como profissional de saúde da Atenção Básica na atenção integral à saúde do homem com IST, está sob sua responsabilidade: • Garantir o acolhimento e realizar atividades de informação ou educação em saúde. • Realizar consulta emergencial no caso de úlceras, verrugas e corrimentos uretrais. • Realizar testagem rápida ou coleta de sangue ou solicitação de exames para sífilis, HIV, hepatite B e C, nos casos de úlceras, corrimentos e verrugas nos órgãos genitais. • Realizar tratamento das IST. • Prevenir a sífilis congênita e a transmissão vertical do HIV incluindo nas ações o diagnóstico e tratamento dos parceiros sexuais. • Notificar as IST para a vigilância epidemiológica de seu município. • Comunicar todas as parcerias sexuais para tratamento. • Referir os casos de IST complicadas ou não resolvidos para unidades que disponham de espe- cialistas, como por exemplo os homens com HIV, Hepatites B (BRASIL, 2015a).594
Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem1.2 Recomendação de leituras complementares Para saber mais sobre as ações que podem ser realizadas para diagnós- tico e tratamento das IST, poderá acessar o Protocolo Clínico e Dire- trizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis, pu- blicado em 2015 pelo Ministério da Saúde, disponível em: <http://www. aids.gov.br/sites/default/files/ane xos/publicacao/2015/58357/pcdt_ ist_01_2016_web_pdf_99415.pdf>. Para maiores informações sobre o Protocolo Clínico e Diretrizes Tera- pêuticas para manejo da infecção pelo HIV em adultos, acesse: <http:// www.aids.gov.br/sites/default/files/ anexos/publicacao/2013/55308/ protocolofinal_31_7_2015_ pdf_ 31327.pdf>. 595
UN2Disfunções e outros agravosrelacionados à saúdesexual e reprodutiva
Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homemA Organização Mundial de Saúde (OMS) usuários. Trata-se de uma questão quedefine saúde sexual como um estado fí- levanta polêmicas, na medida em que asico, emocional, mental e social de bem- compreensão da sexualidade está bas--estar em relação à sexualidade; não é tante marcada por preconceitos e tabus.meramente ausência de doenças, dis-funções ou debilidades. A saúde sexual Você, como profissional de saúde darequer abordagem positiva e respeitosa Atenção Básica, tem um papel funda-da sexualidade, das relações sexuais, mental na promoção da saúde sexual,tanto quanto a possibilidade de ter expe- da saúde reprodutiva e na identificaçãoriências prazerosas e sexo seguro, livre das dificuldades e disfunções sexuais,de coerção, discriminação e violência. tendo em vista a sua atuação mais pró-Para se alcançar e manter a saúde se- xima das pessoas em seu contexto fa-xual, os direitos sexuais de todas as pes- miliar e social.soas devem ser respeitados e protegi-dos (BRASIL, 2010). 2.1 Ciclo de respostas aos estímulos sexuaisFigura 5 – A saúde sexual contribui para o bem-estar Inicialmente é importante relembrar que o ciclo das respostas aos estímulos se- xuais, definido como uma resposta se- xual saudável, é composto por um con- junto de quatro etapas sucessivas:Fonte: Fotolia. • Fase de desejo sexual: é vivido pela pessoa como sensações específicasA saúde sexual é um tema importante a que a fazem procurar ou ser receptivaser incorporado às ações desenvolvidas à experiência sexual. As fontes quena Atenção Básica, com a finalidade de estimulam o desejo sexual variamcontribuir para uma melhor qualidade de pessoa para pessoa. Muitos fa-de vida e de saúde das pessoas. Os pro- tores influenciam negativamente nofissionais de saúde, em geral, sentem desejo sexual, tal como estar doente,dificuldades ou mesmo desconforto deprimido, ansioso, achar que sexo épara abordar os aspectos relacionados errado, estar com raiva do parceiro,à sexualidade ou à saúde sexual dos sentir-se explorado de alguma forma pelo outro, ter medo do envolvimento afetivo, entre outros. 599
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