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Published by Paulo Roberto da Silva, 2018-12-04 18:03:03

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UN3 Paternidade e diversidade A presença de outros homens que es- comunidade, além de intensa parceria tão passando ou já passaram por esta intersetorial.” (ALMEIDA; ZANOLLI, 2011 experiência pode servir para fortalecer apud BRASIL, 2012, p. 224). a confiança, a autoestima, o sentimento de união e solidariedade, e, sobretudo,  O vídeo a seguir, exibido no dia 18 de o reconhecimento de que os desafios e outubro de 2015, no programa Fan- aprendizados envolvidos são comuns tástico (Globo), retrata a experiência a todos quando partilhados de maneira criativa de um casal para acessar e simples, honesta e verdadeira. ampliar sua rede social e assim forta- lecer as condições necessárias para Estas redes podem e devem ser culti- o cuidado de sua filha de três meses, vadas e difundidas também para os ho- que nasceu com problemas neuroló- mens e, sem dúvida, serão promotoras gicos. Acesse: <http://g1.globo.com/ de saúde e alianças positivas para todos. fantastico/noticia/2015/10/volun tarios-fazem-rodizio-para-ninar-be A rede de apoio social é de grande im- be-que-so-se-acalma-com-balanco. portância no momento do nascimento de html>. uma criança, por contribuir para a resolu- ção de conflitos, a diminuição do estresse O envolvimento paterno precisa ser e o estabelecimento de um ambiente fa- constantemente buscado, visibilizado e miliar mais harmonioso (BRASIL, 2012). incentivado, assim como a abordagem integral deve ser posta em prática junto à população masculina. Este tipo de abordagem integral deve Adotando tal postura e uma escuta qua- ser considerada e valorizada também lificada, livre de preconceitos, os profis- para os homens, incluídos e visibilizados sionais de saúde terão maior chance como sujeitos singulares de cuidados e de estabelecer um vinculo de confiança de direitos. com os pais ou parceiros e, com isso, vin- culá-los às ações de cuidado em saúde Por fim, é importante destacar o papel – com eles mesmos, com suas parceiras fundamental da Atenção Básica no forta- e com seus filhos e filhas (BRASIL, 2013). lecimento e na articulação dos diversos dispositivos presentes nos territórios de saúde que compõem esta rede, tendo como base o trabalho da equipe multi- profissional, com enfoque “[...] biopsi- cossocial do indivíduo, da família e da500 

Paternidade e cuidadoEncerramento do móduloO presente módulo teve como objetivo moparentalidade, paternidade entre paisapresentar como a paternidade ativa é solteiros e a importância das redes deextremamente relevante e como a in- apoio, por meio das quais os homens po-clusão dos homens em todas as etapas dem dispor de um espaço legítimo parado planejamento reprodutivo, gestação, compartilhar as questões que envolvemparto, pós parto e desenvolvimento in- a paternidade.fantil pode contribuir para a inserçãodesses pais e parceiros nos demais ser- Desejamos que você tenha compreen-viços de saúde. dido a relevância do envolvimento dos futuros pais e parceiros nessa fase tãoOs temas abordados abrangeram desde importante na vida, tanto do homemo conceito de paternidade ativa e pré- quanto da mulher, e como você profis--natal do parceiro até a compreensão sional de saúde tem um papel de prota-do universo da paternidade jovem, ho- gonismo nesse processo.  501

UN3 Paternidade e diversidade Referências AGUAYO, F.; KIMELMAN, E. Paternidad Saúde-SUS. Diário Oficial da República Activa: guia para promover La paternidad Federativa do Brasil, Brasília, 2005a. activa y la corresponsabilidad en el cuidado y crianza de niños y niñas. Para ______. Ministério da Saúde. Secretaria de profesionales del Sistema de Protección Atenção à Saúde. Departamento de Ações Integral a la Infância. Chile Crece Contigo. Programáticas Estratégicas. Área Técnica Chile, 2012. Disponível em: <http://www. de Saúde da Mulher. Pré-natal e Puerpério: codajic.org/sites/www.codajic.org/files/ atenção qualificada e humanizada – manual Guia-Paternidad%20Activa%20Chile%20 técnico. Brasília: Ministério da Saúde, 2005b. 2010_2.pdf>. Acesso em: 25 fev. 2016. ______. Ministério da Saúde. Secretaria ______. Guia de Paternidad Activa para de Atenção à Saúde. Saúde integral de Padres. Ministerio de Desarrollo Social; adolescentes e jovens: orientações para a Fondo de las Naciones Unidas para la organização de serviços de saúde. Brasília: Infancia, UNICEF. Fundación Cultura Editora do Ministério da Saúde, 2007. Salud. Santiago, Chile. 2013. Disponível Disponível em <http://bvsms.saude.gov. em: <http://www.crececontigo.gob.cl/ br/bvs/publicacoes/saude_adolescentes_ wp-content/uploads/2014/02/guia- jovens.pdf>. Acesso em: 25 fev. 2016. paternidad-activa-y-corresponsabilidad-de- la-crianza.pdf>. Acesso em: 25 fev. 2016. ______. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria no 1.944, de 27 de BRANCO, V. M. C. et al. Unidade de saúde agosto de 2009. Institui no âmbito do parceira do pai. Rio de Janeiro: Secretaria Sistema Único de Saúde (SUS), a Política Municipal de Saúde, 2009. Disponível em: Nacional de Atenção Integral à Saúde <http://abenfo.redesindical.com.br/arqs/ do Homem. Brasília, 2009. Disponível manuais/047.pdf>. Acesso em: 25 fev. 2016. em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ saudelegis/gm/2009/prt1944_27_08_2009. ______. Ministério da Saúde. Lei no html>. Acesso em: 25 fev. 2016. 11.108, de 7 de abril de 2005. Altera a Lei no 8080, de 19 de Setembro de 1990, ______. Ministério da Saúde. Secretaria de para garantir às parturientes o direito Atenção em Saúde. Departamento de Ações à presença de acompanhante durante Programáticas Estratégicas. Área Técnica de o trabalho de parto, parto e pós-parto Saúde do Adolescente e do Jovem. Diretrizes imediato, no âmbito do Sistema Único de nacionais para a atenção integral à saúde502 

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Paternidade e cuidadoSobre os autoresEduardo Schwarz Daniel Costa LimaGraduado em Psicologia pela Universidade Mestre em Saúde Pública pela Universidadede Brasília (UnB, 1999). Atualmente presta Federal de Santa Catarina (UFSC, 2008). Psi-consultoria para o Ministério da Saúde em cólogo Clínico graduado pela Universidadeparceria com a Organização Panamericana Federal de Pernambuco (UFPE, 2004). Atuade Saúde (OPAS) na pasta de Saúde do Ho- com temas como saúde, gênero, homens emem. Dirige o ECOH – Instituto Brasileiro de masculinidades, e violências, com foco paraEcologia Humana em Brasília onde trabalha violência conjugal e intrafamiliar.como psicólogo e psicoterapeuta em grupose individualmente. Tem experiência na área Endereço do currículo na plataforma Lattes:de Psicologia clínica, com ênfase em Psico- <http://lattes.cnpq.br/0641559137883730>terapia Somática e Meditação e interesse nocampo de pesquisa voltado para o estudo degênero, masculinidades e cultura.Endereço do currículo na plataforma Lattes:<http://lattes.cnpq.br/9831792462600090>  507



Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem Caroline Schweitzer de Oliveira Carmem Regina DelziovoMargareth Cristina de Almeida Gomes Eduardo Schwarz UFSC 2018



Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem Caroline Schweitzer de Oliveira Carmem Regina DelziovoMargareth Cristina de Almeida Gomes Eduardo Schwarz Florianópolis UFSC / 2018 1ª edição atualizada

Catalogação elaborada na Fonte. Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária responsável: Eliane Maria Stuart Garcez – CRB 14/074 U588a Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Saúde. Curso de Atenção Integral à Saúde do Homem – Modalidade a Distância. Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem [recurso eletrônico] / Universidade Federal de Santa Catarina. Caroline Schweitzer de Oliveira... [et al] (Organizadores). — 1. ed. atual. — Florianópolis : Universidade Federal de Santa Catarina, 2018. 66p. Modo de acesso: www.unasus.ufsc.br Conteúdo do módulo: Saúde sexual e reprodutiva. – Gênero, masculinidades, saúde sexual e saúde reprodutiva. - Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básica. ISBN: 978-85-8267-085-9 1. Saúde do homem. 2. Saúde sexual e reprodutiva. 3. Cuidados de saúde. I. UFSC. II. Oliveira, Caroline Schweitzer de. III. Delziovo, Carmem Regina. IV. Gomes, Margareth Cristina de Almeida. V. Schwarz, Eduardo. VI. Título CDU: 613.9512 

CréditosGOVERNO FEDERALPresidente da RepúblicaMinistro da SaúdeSecretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES)Diretora do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (DEGES)Coordenador Geral de Ações Estratégicas em Educação na SaúdeUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAReitor: Ubaldo Cesar BalthazarVice-Reitora: Alacoque Lorenzini ErdmannPró-Reitora de Pós-graduação: Hugo Moreira SoaresPró-Reitor de Pesquisa: Sebastião Roberto SoaresPró-Reitor de Extensão: Rogério Cid BastosCENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDEDiretora: Celso SpadaVice-Diretor: Fabrício de Souza NevesDEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICAChefe do Departamento: Fabrício Augusto MenegonSubchefe do Departamento: Maria Cristina Marino CalvoEQUIPE TÉCNICA DO MINISTÉRIO DA SAÚDECoordenador: Francisco Norberto Moreira da SilvaCoordenadora substituta: Renata Gomes SoaresASSESSORES TÉCNICOSKátia Maria Barreto SoutoCícero Ayrton Brito SampaioMichelle Leite da SilvaCaroline Ludmila Bezerra GuerraPatrícia Santana SantosJuliano Mattos RodriguesThiago Monteiro Pithon  513

COORDENADORA DO PROJETO REVISÃO DE CONTEÚDO Elza Berger Salema Coelho Revisor interno: Antonio Fernando Boing COORDENADORA DO CURSO Revisores externos: Sheila Rubia Lindner Helen Barbosa dos Santos Igor Claber COORDENADORA DE ENSINO Deise Warmling ASSESSORIA PEDAGÓGICA Márcia Regina Luz COORDENADORA EXECUTIVA Gisélida Garcia da Silva Vieira ASSESSORIA DE MÍDIAS Marcelo Capillé COORDENADORA DE TUTORIA Carolina Carvalho Bolsoni DESIGN INSTRUCIONAL, REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA E ABNT EQUIPE DE PRODUÇÃO EDITORIAL Eduard Marquardt Larissa Marques Sabrina Faust IDENTIDADE VISUAL E PROJETO GRÁFICO EQUIPE EXECUTIVA Pedro Paulo Delpino Patrícia Castro Rosangela Leonor Goulart ADAPTAÇÃO DO PROJETO Sheila Rubia Lindner GRÁFICO E REDIAGRAÇÃO Tcharlies Schmitz Laura Martins Rodrigues CONSULTORIA TÉCNICA ESQUEMÁTICOS Eduardo Schwarz Tarik Assis AUTORIA DO MÓDULO Caroline Schweitzer de Oliveira Carmem Regina Delziovo514 

Apresentação do móduloEste módulo traz conteúdos importantes Na segunda unidade, trazem-se refle-para a compreensão das questões rela- xões sobre gênero, masculinidades e suacionadas à saúde sexual e saúde repro- repercussão na saúde sexual e repro-dutiva dos homens. Parte-se do pressu- dutiva dos homens. Na sequência, pro-posto de que a atenção integral à saúde blematizam-se questões fundamentaisdo homem deve fazer parte do processo envolvendo corporalidades, sexualidadede trabalho dos profissionais da atenção e diferentes performances de gênerobásica, haja vista as condições privile- – presentes na pluralidade e diversida-giadas para o desenvolvimento de ações de humana. A partir disto, questiona-senesta direção, sobretudo pela proximida- como os profissionais de saúde podemde e suposta familiaridade com o territó- aprender a incluir e manejar estas ques-rio adscrito. tões em seu cotidiano de trabalho.Na primeira unidade, aborda-se a saúde Na terceira e última unidade, comparti-sexual e reprodutiva como um direito, lham-se possíveis estratégias para abor-ressaltando a importância de se poten- dar e incluir a saúde sexual e reprodutivacializar, a partir da atenção à saúde, a dos homens no âmbito da Atenção Bási-construção de relações de parceria ba- ca (AB).seadas em respeito mútuo, equidade eno compartilhamento de responsabilida-des e do cuidado.  515

Este módulo aborda a importância de compreender a saúde sexual e a saúde reprodutiva a partir das concepções de gênero, masculinidades, expressões di- versas da sexualidade e estratégias para a aproximação dos homens da esfera do cuidado na Atenção Básica. Objetivos de aprendizagem para este módulo Ao final deste módulo, o aluno deverá ser capaz de compreender a saúde sexual e saúde reprodutiva, tomando por base as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), problematizando o distanciamen- to histórico dos homens da arena dos direitos sexuais e reprodutivos, pontuan- do a importância do envolvimento para o bem-estar desta população em espe- cífico, bem como mulheres, crianças, fa- mílias e comunidades. Também deverá ser capaz de reconhecer os principais problemas relacionados à saúde sexual e reprodutiva dos homens. Carga horária de estudo recomendada para este módulo 30 horas516 

Sumário 519 521Unidade 1 523Saúde sexual e reprodutiva 5251.1 Saúde sexual e saúde reprodutiva como direito humano 5291.2 Direitos sexuais e reprodutivos1.3 Saúde sexual e reprodutiva na saúde do homem 5311.4 Recomendação de leitura complementar 533Unidade 2Gênero, masculinidades, saúde sexual e saúde reprodutiva 5392.1 Construção de gênero, masculinidades e os impactos 541 546 na saúde sexual e reprodutiva2.2 A importância do envolvimento dos homens com a saúde 547 sexual e saúde reprodutiva, os métodos contraceptivos e 552 demais tecnologias reprodutivas 5582.3 As expressões diversas da sexualidade masculina 5612.4 Recomendação de leitura complementar 564Unidade 3 565Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básica 5663.1 Ações e estratégias para aproximar serviços, profissionais 570 e homens do campo da Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva3.2 Práticas reprodutivas nos diferentes contextos3.3 Relatos de experiências3.4 Recomendação de leiturascomplementaresResumo do móduloReferênciasSobre os autores



UN1Saúde sexual e reprodutiva



Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homemNa história das sociedades ocidentais, 1.1 Saúde sexual e saúde reprodutivaé recorrente a ideia de que ser um “ho- como direito humanomem de verdade” significa ser provedore protetor, ser forte, ser valente, nunca O direito à saúde sexual e saúde repro-adoecer, não demonstrar os afetos, não dutiva é reconhecido como um Direitochorar, demonstrar a força física e estar Humano em documentos internacionaisenvolvido em situações de violência. e nacionais. Este entendimento repre- senta uma conquista histórica, fruto daNeste contexto, fomentar a  mudan- luta de movimentos organizados e daça neste modo de pensar, sentir e agir população pela cidadania.pode propiciar aos homens a constru-ção de vínculos afetivos mais saudá- Em 1948, a Declaração Universal dos Di-veis, além de potencializar o cuidado de reitos Humanos firma uma série de con-si e de sua família. venções que procuram garantir à popula- ção um elenco de direitos consideradosAlgumas mudanças já vêm sendo opera- básicos à vida digna. Dentre estes estádas na sociedade ao longo dos anos em o direito à vida, à alimentação, à saúde,relação aos papéis desempenhados tan- à moradia, à educação, ao afeto, bemto por homens quanto pelas mulheres, como os direitos sexuais e reprodutivosmas ainda é necessário tempo e traba- (VILLELA; ARILHA, 2003).lho para desnaturalizar alguns estereó-tipos e valores (hegemônicos) ligados Figura 1 – A Declaração Universal dos Direitos Hu-ao gênero, que são propagados como manos em cartaz exibido por Eleanor Roosevelt,se fossem inevitáveis e aparentemente em 1948imutáveis.Neste contexto, convidamos você a co- Fonte: Wikimedia.nhecer e refletir um pouco mais sobrecomo os serviços de saúde podem apri-morar e qualificar o acesso dos homensàs ofertas em saúde sexual e saúde re-produtiva a partir da garantia do direitohumano à saúde e das mudanças com-portamentais e culturais em curso na so-ciedade brasileira.  521

UN1 Saúde sexual e reprodutivaCom relação aos direitos sexuais e re- Estas conferências trouxeram a discus-produtivos, um dos grandes desafios são sobre os Direitos Humanos, refor-para os governos é a concretização des- çando os Direitos Sexuais e Direitostes direitos por meio das políticas públi- Reprodutivos (DSDR), com vistas a asse-cas, baseadas nos princípios de igualda- gurar a saúde sexual e a saúde reproduti-de, respeito às diferenças e promoção va para homens e mulheres, abandonan-do pleno exercício da cidadania (BRASIL, do a ênfase na necessidade de limitar o2010, p. 11). crescimento populacional como forma de combater a pobreza, as desigualda-Esta construção deve estar baseada na des e focalizando o desenvolvimento doDeclaração dos Direitos Humanos, nas ser humano (BRASIL, 2010).propostas da Conferência Mundial de Di-reitos Humanos realizada em Viena, em No âmbito nacional, com relação aos1993, e em dois marcos para o tema da direitos sexuais e reprodutivos, a Cons-desigualdade de gênero, a IV Conferência tituição Federal de 1988 garante esteInternacional sobre População e Desen- direito aos cidadãos brasileiros. Comovolvimento (CIPD), em 1994, no Cairo, e política pública, em 2005 o Ministério daa IV Conferência Mundial sobre a Mulher, Saúde (MS) lançou a Política Nacionalem 1995, em Beijing. Ambas contaram dos Direitos Sexuais e dos Direitos Re-com participação destacada do Brasil. produtivos (BRASIL, 2005).Figura 2 – Igualdade, respeito às diferenças e promoção do pleno exercício da cidadania Fonte: Fotolia.522 

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homemO esquemático abaixo detalha as diretrizes e ações propostas por essa política,acompanhe: Ampliação da oferta de métodos anticoncepcionais reversíveis. Incentivo à implementação de atividades educativas em saúde sexual e saúde reprodutiva. Capacitação dos profissionais da AB em saúde sexual e saúde reprodutiva. Ampliação do acesso à esterilização cirúrgica voluntária. Implantação e implementação de redes integradas para atenção às pessoas em situação de violência doméstica e sexual (BRASIL, 2010, p. 20).Os direitos à saúde sexual e reprodutiva A seguir, elencamos os direitos sexuaisestão, portanto, na pauta das políticas e reprodutivos, segundo as políticas pú-públicas, e a implementação das diretri- blicas vigentes, para que você possa co-zes preconizadas pela Política Nacional nhecê-los melhor e promove-los nas suasdos Direitos Sexuais e dos Direitos Re- ações dentro dos serviços de saúde.produtivos tem sido demanda crescenteda sociedade, com monitoramento da 1.2 Direitos sexuais e reprodutivossociedade civil organizada. Como direitos sexuais incluem-se o di-Diante das conquistas legais e políticas, reito a viver a sexualidade com prazer,os profissionais de saúde têm papel fun- sem culpa, vergonha, medo ou coerção,damental no sentido de conhecê-las e independentemente do gênero, estadotorná-las realidade no planejamento e civil, idade ou condição física.na prática de atenção à saúde (BRASIL,2010, p. 21).  523

UN1 Saúde sexual e reprodutiva Figura 3 – Todos têm o direito de viver a sexuali- da sua vida – escolhas estas que devem dade com prazer, sem culpa ser realizadas em plena liberdade e com acesso a serviços de saúde de qualidade (BRASIL, 2010). Direitos Sexuais Viver e expressar livremente a sexualidade sem violência, discriminações e imposições, e com total respeito pelo corpo da(o) parcei- ra(o). Fonte: Fotolia. Escolher a(o) parceira(o) sexual. Neste sentido, entende-se que todas as Viver plenamente a sexualidade sem medo, pessoas têm direito de viver suas singu- vergonha, culpa e falsas crenças. laridades, de optar serem ou não sexual- mente ativas, de decidir a hora em que Viver a sexualidade, independentemente de terão relações sexuais e as práticas que estado civil, idade ou condição física. lhes agradam, desde que haja consenti- mento de ambas as partes, bem como Escolher se quer ou não quer ter relação se- escolher a(o) parceira(o) sem discrimi- xual. nação e com autonomia para expressar sua orientação sexual, se assim desejar Expressar livremente sua orientação sexual: (ARRUDA et al., 2012). heterossexualidade, homossexualidade, bis- sexualidade. Os direitos sexuais estão vinculados aos direitos reprodutivos relacionados ao di- Ter relação sexual, independentemente da re- reito básico de toda pessoa em exercer a produção. sexualidade e a reprodução livre de discri- minação, imposição e violência, decidin- Praticar sexo seguro para prevenção da gra- do livremente e responsavelmente, por videz indesejada e de infecções sexualmente meio de informações, meios, métodos e transmissíveis (IST). técnicas corretas e seguras, se quer ou não ter filhos, quantos deseja ter, com Acessar serviços de saúde que garantam pri- quem quer tê-los e em qual momento vacidade, sigilo e um atendimento de qualida- de, sem discriminação. Dispor de informação e educação sexual e re- produtiva (BRASIL, 2010, p. 16). Destaca-se que os direitos sexuais e os reprodutivos estão ligados à saúde se-524 

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homemxual, que, para ser efetivada, depende da cos de doenças sexualmenteobservância de princípios básicos co- transmissíveis, de gestaçõesmuns relacionados principalmente à: não desejadas e livres de im- posições, violência e discrimi-• liberdade de orientação sexual, identi- nações. A saúde sexual pos- dade e expressão de gênero; sibilita experimentar uma vida sexual informada, agradável e• liberdade e autonomia sobre seu cor- segura, baseada na autoestima. po em qualquer fase da vida; Para tanto, é importante a abor- dagem positiva da sexualidade• não-discriminação e a não-violência humana e estímulo ao respeito (ENGENDER HEALTH; UNFPA, 2008). mútuo nas relações sexuais. A saúde sexual valoriza a vida, asFigura 4 – Liberdade de orientação sexual, identi- relações pessoais e a expressãodade e expressão de gênero da identidade própria de cada pessoa (BRASIL, 2006, p. 22).Fonte: Fotolia. Já a saúde reprodutiva diz respeito ao es- tado de bem-estar em todos os aspectos1.3 Saúde sexual e reprodutiva relacionados ao sistema reprodutivo, às na saúde do homem suas funções e aos seus processos. En- volve a capacidade de desfrutar de umaO Ministério da Saúde define saúde se- vida sexual satisfatória e sem riscos,xual como: bem como a liberdade de decidir querer ou não ter filhos, o número de filhos e o A habilidade de mulheres e ho- momento da vida de tê-los (ENGENDER mens para desfrutar e expres- HEALTH; UNFPA, 2008, p. 22). sar sua sexualidade, sem ris- As plataformas de ação de Cairo (CIPD, 1994) e de Beijing (1995) apontam para a necessidade de inclusão e do maior en- volvimento dos homens na promoção da saúde sexual e reprodutiva, e recomen- dam que os países tracem estratégias efetivas para que isso aconteça, confor- me você pode observar no trecho a seguir:  525

UN1 Saúde sexual e reprodutiva  O envolvimento masculino deve de exclusiva das mulheres. Entretanto, ser estimulado principalmente para o pleno crescimento de homens e em situações associadas à saú- mulheres, é importante a construção de de materno-infantil e à prevenção parcerias mais igualitárias e baseadas de doenças sexualmente trans- no respeito. missíveis, incluindo o HIV/Aids [...] No contexto destes esforços, Figura 5 – A anticoncepção e prevenção de ISTs a prevenção de violência contra é uma responsabilidade para homens e mulheres mulheres e crianças requer aten- ção especial (CIPD, 1994). Essas plataformas dão ênfase à neces- Fonte: Fotolia. sidade de promover a igualdade entre homens e mulheres como requisito es- Neste sentido, é fundamental o envol- sencial à conquista de melhores condi- vimento dos homens na prevenção de ções de saúde e de qualidade de vida gestações não desejadas ou de alto ris- (PROMUNDO, 2008) co, na prevenção das IST/HIV/AIDS, e também dividindo com as mulheres as É importante lembrar que a saúde se- responsabilidades com relação à cria- xual e reprodutiva contempla as ações ção dos filhos e à vida doméstica (BRA- de planejamento familiar e reprodutivo – SIL, 2009, p. 6). um direito assegurado pela Constituição Federal brasileira e também pela Lei no Orientada por essa perspectiva, a saú- 9.263, de 12 de janeiro de 1996, que trata de reprodutiva contempla a política de deste tema. planejamento familiar. No Brasil, esta política pública preconiza o acesso da Neste âmbito, e considerando os pa- população às ações de ampliação da drões estabelecidos na sociedade em oferta de métodos contraceptivos re- que vivemos, a responsabilidade dos ho- versíveis no SUS. mens quanto à saúde sexual e reproduti- va merece destaque nas reflexões reali- zadas com homens e mulheres. De maneira geral, as questões relacio- nadas à anticoncepção são tradicional- mente vistas como de responsabilida-526 

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homemO esquemático abaixo mostra as ações prioritárias para saúde reprodutiva. Elaboração e distribuição de manuais técnicos e de materiais informativos e educativos. Capacitação dos profissionais de saúde da AB para assistência em planejamento familiar e reprodutivo. Atenção em reprodução humana assistida na rede SUS. Ampliação do acesso à esterilização cirúrgica voluntária no SUS.Cabe ressaltar que no que se refere É importante a ênfase à dupla proteção,particularmente à atenção em anticon- que é dada pelo uso combinado do pre-cepção, esta pressupõe a oferta de servativo masculino ou feminino com al-informações, de aconselhamento, de gum outro método anticoncepcional, ten-acompanhamento clínico e de um leque do como finalidade promover, ao mesmode métodos e técnicas anticoncepcio- tempo, a prevenção da gravidez e a pre-nais, cientificamente aceitos, que não venção da infecção pelo HIV/Aids e porcoloquem em risco a vida e a saúde de outras IST (BRASIL, 2010, p. 132).homens e mulheres, em um contextode escolha livre e informada (BRASIL, Como oferta de métodos para o plane-2010, p. 131). jamento sexual e reprodutivo para a po- pulação, o MS tem adquirido métodosDestaca-se, ainda, que em meio a uma anticoncepcionais que são distribuí-realidade global de índices elevados de dos aos estados e estes repassam aosdoenças transmissíveis por via sexual, municípios. Entre os métodos anticon-torna-se imprescindível no âmbito da cepcionais reversíveis adquiridos parasaúde sexual e reprodutiva a abordagem serem ofertados à rede de serviços dopara a prevenção das Infecções Sexual- SUS, estão:mente Transmissíveis (IST).  527

UN1 Saúde sexual e reprodutiva Pílula combinada de baixa dosagem (etiniles- • características dos métodos; tradiol 0,03 mg + levonorgestrel 0,15 mg). • fatores individuais e contexto de vida Minipílula (noretisterona 0,35 mg). relacionados aos usuários que devem ser considerados no momento da es- Pílula anticoncepcional de emergência (levo- colha do método. norgestrel 0,75 mg). Destaca-se que no âmbito da saúde Injetável mensal (enantato de norestisterona sexual e reprodutiva é fundamental dis- 50 mg + valerato de estradiol 5 mg). cutir o conceito de escolha livre e infor- mada do usuário. Embora o profissional Injetável trimestral (acetato de medroxipro- de saúde deva aceitar a preferência do gesterona 150 mg). usuário por um determinado método, é importante certificar-se de que essa de- Preservativo masculino. cisão é tomada com base em informa- ções corretas, atualizadas e completas Preservativo feminino. que não ofereçam risco para a sua saú- de (DIAZ; PETTA; ALDRIGHI, 2005). Diafragma. Figura 6 – Alguns métodos anticoncepcionais re- DIU Tcu-380 A (DIU T de cobre). versíveis Lembramos que algumas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde tam- bém fazem aquisições de métodos an- ticoncepcionais, complementando o que é distribuído pelo MS. Por fim, salienta-se que na saúde sexual Fonte: Fotolia. e reprodutiva a informação clara e objeti- va é essencial para a decisão. Quanto ao método anticoncepcional utilizado para o planejamento reprodutivo no processo de escolha, devem ser levados em consi- deração aspectos como: • a preferência do homem, da mulher e do casal;528 

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem1.4 Recomendação de leitura complementar BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde sexual e saúde reprodutiva. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. (Cader- nos de Atenção Básica, n. 26) (Sé- rie A. Normas e Manuais Técnicos). Disponível em: <http://bvsms.saude. gov.br/bvs/publicacoes/saude_se xual_saude_reprodutiva.pdf>.A seguir, na próxima unidade, convida-mos você a fazer uma reflexão sobreas construções de gênero e as mascu-linidades, e o impacto destas na saúdesexual e saúde reprodutiva dos homens.  529



UN2Gênero, masculinidades, saúdesexual e saúde reprodutiva



Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem2.1 Construção de gênero, O termo masculino, por exemplo, é geral- masculinidades e os impactos mente associado a adjetivos como agres- na saúde sexual e reprodutiva sivo, forte, insensível e a comportamen- tos que não mostram emoção, não sãoA qualificação do que é “masculino” ou exagerados ou extravagantes e de pouco“feminino” se refere ao que chamamos contato físico com outros homens. Alémgênero. Ao longo da história, houve dife- disso, são características mais comunsrentes conceituações com o objetivo de ao masculino o interesse por esportesproblematizar os papéis estabelecidos e atividades físicas ou violentas, e o cul-de homens e mulheres, para reflexões tivo e apologia a uma sexualidade semsobre as formas como estes se posicio- limites, em oposição a traços tidos ge-nam e são posicionados num determina- nericamente como mais femininos, rela-do contexto sócio-histórico. cionados, por exemplo, à ternura, fragili- dade, afetividade, sensibilidade e a umaA oposição binária masculino versus sexualidade integrada, envolvendo corpofeminino é comum em estudos de gê- e alma, por parte das mulheres.nero, e orienta a organização coletivadas sociedades ocidentais modernas e Esta construção que se refere ao gênerocontemporâneas, inclusive nas institui- masculino se dá a partir de atributo so-ções, como escolas e serviços de saúde. ciais – papéis, crenças, atitudes e rela-Segundo essa oposição, gênero é “uma ções entre mulheres e homens –, os quaiscategoria social imposta sobre um cor- não são determinados meramente pelapo sexuado” (SCOTT, 1988). biologia, mas pelo contexto social, políti- co e econômico, e que contribuem paraFigura 7 – A qualificação do que é “masculino” ou orientar o sentido do que é ser homem ou“feminino” se refere ao que chamamos gênero ser mulher numa dada sociedade.Fonte: Fotolia. Esta definição de gênero é compreen- dida a partir de uma construção social e histórica. Na maioria das sociedades, as relações de gênero são desiguais e as masculinidades e feminilidades permeiam a construção do imaginário simbólico e concreto das pessoas, seus comportamentos, bem como dos profis- sionais de saúde ao arquitetar as ações  533

UN2 Gênero, masculinidades, saúde sexual e saúde reprodutiva e cuidados de saúde – e, em especial, produção e poder. Por vezes, assume- na saúde sexual e reprodutiva (BRASIL, -se que determinados comportamentos 2010, p. 17). são da “natureza do homem”, ou que “homem é assim mesmo”. Contudo, a Os Determinantes Sociais da Saúde (DSS) maneira como os homens tratam as par- nos ajudam a pensar sobre as conexões ceiras ou os parceiros, seus comporta- entre masculinidades e saúde pública, mentos respeitosos ou desrespeitosos, uma vez que nos mostram o peso dos pa- está relacionada à forma como as famí- péis de gênero e das relações sociais no lias – e, de um modo mais amplo a so- adoecimento da população masculina. ciedade – educam meninos e meninas. Ainda é importante considerar que na Na origem, muitos dos comportamen- maior parte dos contextos, os meninos tos dos homens – negociação ou não são criados para serem autossuficien- do uso de preservativo, cuidado ou não tes, não se preocuparem com sua saúde com as crianças quando se tornam pais, e não procurarem ajuda quando enfren- utilização ou não da violência contra sua tam situações de stress, levando este parceira – estão relacionados à forma modo de “não cuidado” com a sua saúde como foram socializados na infância e para a vida adulta (ECOS, 2001). na adolescência. Certos agravos de saú- de tipicamente masculinos também re- Falar de masculinidades levando em con- lacionam-se diretamente a algumas mo- sideração os DSS significa observar os dalidades de socialização dos homens. aspectos culturais que comprometem a saúde da população. Indica que os pro- Importante! Sob a lógica dos DSS, al- cessos de socialização e sociabilidade masculinas, ou seja, os “modos de ser dos  gumas condições de vida e trabalho homens”, valorizam a exposição a riscos às quais os homens se submetem e exagerados, logo desnecessários, levan- estão submetidos determinam cer- do a agravos relacionados a um estilo e tos comportamentos – que, por sua modelo de “masculinidade” cultuado, va- vez, derivam em processos de saúde, lorizado e reproduzido em e na sociedade. adoecimento e morte. No campo da saúde sexual e saúde re- Isso ajuda a explicar as maiores causas produtiva, as masculinidades podem ser de morbimortalidade dos homens e a compreendidas quando observamos as traçar possíveis estratégias de enfren- relações entre hierarquias de gênero, o tamento dos agravos referentes a este exercício da sexualidade masculina, re- segmento, além de poder auxiliar na534 

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homemproposição de estratégias de ampliação Para os profissionais da saúde, desta-do acesso, do acolhimento e do uso dos cam-se algumas considerações impor-serviços de saúde por parte dos homens. tantes na perspectiva de gênero a serem observadas no trabalho com a popula-Figura 8 – Como se institucionalizam e como se ção masculina.atualizam as relações de gênero? Neste sentido, é essencial compreenderFonte: Fotolia. algumas especificidades e mitos sobre a sexualidade masculina que influenciamAo afirmarmos que nos apoiamos na o comportamento dos homens em rela-noção de masculinidade a partir da ção à saúde sexual, já que é comum osperspectiva relacional de gênero, bus- usuários adiarem sua ida aos serviçoscamos sinalizar que nosso olhar sobre até o agravamento do quadro, evitandoa construção de masculinidades e fe- expor problemas, dúvidas e inquietaçõesminilidades vai além da vitimização das que possam macular os ideais do quemulheres e da culpabilização dos ho- significa ser homem de “verdade”.mens. Desejamos “identificar como seinstitucionalizam e como se atualizam Algumas crenças específicas sobre a se-as relações de gênero, possibilitando xualidade masculina como mitos sobreefetivamente transformações no âmbito desempenho sexual, cuidados de saúdedas relações sociais generificadas”, ou sexual estritamente femininos e virilida-seja, orientadas pelas desigualdades de de podem ser abordadas com os homensgênero (MEDRADO; LYRA, 2008, p. 820). a partir de uma comunicação empática, respeitosa e cuidadosa por parte dos Mudar a forma como educamos e profissionais de saúde, tal como deve ser percebemos os homens não é tarefa também realizada com as mulheres, res- fácil, mas é necessária para a mudan- peitando o princípio da equidade. ça de aspectos negativos de algumas formas de masculinidade. O que você Estas crenças prejudicam a sexualidade pensa sobre isso? masculina, sobretudo porque quando al- gumas ideias sobre a virilidade não cor- respondem à realidade, elas se tornam fonte de ansiedades intensas, afetando a saúde física e psicológica do homem. Dificilmente estas angústias são conver- sadas entre eles.  535

UN2 Gênero, masculinidades, saúde sexual e saúde reprodutiva Desta forma, no caso dos homens, abre- de gerar produção de conhecimento, saú- -se a possibilidade de explorar alguns dos de e bem-estar na vida dos usuários. comportamentos e entender algumas das necessidades específicas que este É importante considerar também que segmento apresenta em termos de saúde a sexualidade apresenta-se como um e desenvolvimento por conta de seu pro- componente fundamental na estrutu- cesso de socialização. Isso significa, por ração da identidade de gênero dos ho- exemplo, engajar os homens em discus- mens, relacionando-se, sobretudo, como sões sobre tais crenças, o uso de drogas esse significado é constituído nas socie- ou comportamentos de risco, auxiliando- dades (ECOS, 2001). -os a perceber por que se sentem pressio- nados a se comportar desta ou daquela Figura 9 – Muitos homens descuidam-se forma na sociedade (ECOS, 2001, p. 10). pelo receio de demonstrar fragilidade Neste contexto, sob a perspectiva da Fonte: Fotolia. equidade de gênero, é necessário incor- porar o enfoque de gênero em saúde, uma vez que ele constitui um importante referencial para se analisar o papel dife- rencial que homens e mulheres desem- penham na produção da saúde. Sob esta perspectiva, a equidade na saúde se tra- duz em termos operacionais na minimi- zação de disparidades evitáveis e seus determinantes, neste caso homens e mulheres (FESCINA et al., 2010). Desta maneira, é imprescindível que os É fundamental compreender que essas profissionais de saúde abordem, em seus situações são resultantes do tipo de atendimentos com homens e mulheres, educação que recebemos e transmiti- as características peculiares da sexuali- mos na família, na escola, nos meios dade masculina e feminina, contribuindo de comunicação, e que é preciso um in- assim para a formulação de uma concep- tenso trabalho de desmontagem desses ção de prevenção e promoção à saúde clichês para erradicar o preconceito de que, ao considerar a perspectiva relacio- gênero e eliminar a injustiça que cerca nal de gênero como um de seus princi- atitudes baseadas em concepções este- pais elementos fundantes, seja passível reotipadas (BRASIL, 2015).536 

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homemA Política Nacional de Atenção Integral à risco suas vidas, saúde e bem-estar paraSaúde do Homem (PNAISH) aponta que preservar a qualquer custo as crenças ea não adesão masculina aos serviços valores imperativos da masculinidade do-de saúde revela estereótipos de gênero minante e dominadora de suas vidas (GO-baseados em características culturais MES, 2008; SCHWARZ, MACHADO 2014).que normatizam a masculinidade tidapor hegemônica, na qual a enfermidade A reflexão prática com o devido ama-expressa a fragilidade do corpo e, por ex- durecimento que cabe à sociedade detensão, do seu portador. modo geral é o reconhecimento de que a maioria dos homens não atende nemDesta forma, os homens não se perce- atenderá a este falso padrão ideal cole-bem como sujeitos de atenção e cui- tivamente construído para aprisionar edado em saúde por entender que este não libertar os homens de suas amarras,reconhecimento vulnerabilizaria a con- receios e dúvidas. Assim como mulhe-cepção internalizada de masculinidade. res, homens são seres com sensibilida- de, com defeitos e qualidades afetivas –O impacto dessas construções de gê- enfim, fragilidades e vulnerabilidades denero e masculinidades na saúde sexual diversas ordens que precisam e podeme reprodutiva é muitas vezes marcante, ser visibilizadas, compreendidas e acei-principalmente na iniciação sexual que tas tanto por eles mesmos como pelosvem ocorrendo cada vez mais cedo e a profissionais de saúde que os assistamela estão somados os descuidos na rea- ou venham assisti-los.lização do sexo seguro, com agravos àsaúde decorrentes das infecções sexual- Figura 10 – Muitos homens se submetem aomente transmissíveis, entre elas a AIDS risco no uso de drogas vasoativas e esteroides(REBELLO; GOMES, 2009). anabólicosA sexualidade masculina encontra-secentrada no órgão genital e concebidacomo uma atividade estritamente orgâ-nica e com padrões corporais super valo-rizados perseguidos por muitos homens.Neste sentido, temos visto aumentar o Fonte: Fotolia.número de homens de diversas faixasetárias, de jovens a idosos, que utilizamdrogas vasoativas orais colocando em  537

UN2 Gênero, masculinidades, saúde sexual e saúde reprodutiva Algumas definições são importantes MASCULINIDADES: Termo utilizado para ca- para a compreensão das reflexões rela- racterizar as pessoas do sexo masculino a par- cionadas às questões de gênero: tir do seu processo de socialização. Ressalta- -se que o significado de masculinidade oscila SEXO: Caraterísticas biológicas e fisiológicas conforme o contexto cultural e a época. O que que definem a homens e mulheres. é tipicamente masculino para uma pessoa ou um grupo social, em dado momento, pode não ORIENTAÇÃO SEXUAL: Indica a direção ou a o ser para outros. Em razão destas variáveis, inclinação do desejo afetivo e erótico. A partir diz-se que as masculinidades são plurais. do direcionamento deste desejo uma pessoa geralmente se identifica como heterosexual, MASCULINIDADES HEGEMÔNICAS: Visibiliza- homosexual bisexual ou assexual. -se na representação de uma imagem de força, virilidade, sexualidade instintiva e autossu- SEXUALIDADE: De acordo com as definições ficiência, que oculta a vulnerabilidade do ho- da Organização Mundial da Saúde (OMS), a mem e influencia na capacidade de falar sobre sexualidade é vivida e expressa por meio de suas necessidades de saúde (BRASIL, 2008). pensamentos, fantasias, desejos, crenças, ati- tudes, valores, comportamentos, práticas, pa- IDENTIDADE DE GÊNERO: É a maneira como péis e relacionamentos (BRASIL, 2010, p. 39). alguém se reconhece, sente e deseja se apre- sentar para si e para as demais pessoas como GÊNERO: Conceito que se refere a um sistema masculino ou feminino, ou ainda como uma de atributos sociais (papéis, crenças, atitudes mescla de ambos, independentemente do sexo e atividades) e à organização das relações so- biológico (fêmea ou macho) ou da orientação ciais e econômicas que uma sociedade consi- sexual. Este é o campo, por excelência, dos dera apropriados para homens e mulheres, es- transgêneros – travestis, transexuais, trans- pecialmente na divisão do trabalho e do poder. formistas (cross-dresser) ou drag-queens. O conceito de gênero é socialmente construí- do (GÓMEZ, 2011), sendo que, na maioria das EQUIDADE DE GÊNERO: Refere-se à imparcia- sociedades, as relações de gênero ainda apre- lidade e justiça na distribuição de oportuni- sentam-se desiguais (BRASIL, 2010, p.16). dades, responsabilidades e benefícios dispo- níveis para homens e mulheres, assim como CONSTRUÇÃO SOCIAL DE MASCULINIDADE as estratégias e processos utilizados para E FEMINILIDADE: Refere-se ao fato de que alcançar a igualdade de gênero. A equidade é ser visto como homem ou como mulher em o meio; a igualdade, o resultado (GREENE; LE- qualquer sociedade se define não somente VACK, 2010; PROMUNDO et al., 2013). pelas características biológicas, mas tam- bém também pelo tipo de educação, cultura, IGUALDADE DE GÊNERO: Igualdade de trata- regras ou normas não escritas sobre o que se mento de mulheres e homens nas leis e po- espera de cada um de nós, com base em nos- líticas, e igualdade de acesso aos direitos so sexo (GREENE; LEVACK, 2010; PROMUN- humanos, aos recursos e serviços dentro das DO et al., 2013). famílias, das comunidades e da sociedade em geral (PROMUNDO et al., 2013).538 

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem DESIGUALDADE DE GÊNERO: Diz respeito às Para que isso aconteça, faz-se necessá- diferenças entre a maneira como os gêneros ria a ampliação da atenção a este seg- são entendidos e tratados na sociedade e que mento, tendo-se em vista que as ações frequentemente promovem desigualdades de nas unidades de saúde na maioria dos gênero. No caso das desigualdades de gênero, municípios são ainda majoritariamente o lugar do feminino é historicamente o lugar destinadas às mulheres, crianças e pes- com menos poder, menos voz, menos reco- soas idosas. nhecimento ainda em nossa sociedade. 2.2 A importância do envolvimento EQUIDADE EM SAÚDE: Uma das dimensões dos homens com a saúde principais da equidade baseia-se na incorpo- sexual e saúde reprodutiva, ração do conceito de gênero em saúde, uma os métodos contraceptivos e vez que ele constitui uma referência iniludível demais tecnologias reprodutivas na hora de analisar o papel diferencial que ho- mens e mulheres desempenham na produção A ampla crença internalizada dos ho- quotidiana da saúde. Sob esta perspectiva, a mens como seres invulneráveis, não equidade na saúde se traduz em termos ope- suscetíveis às enfermidades, assim racionais na minimização de disparidades como o imaginário social e do setor evitáveis e seus determinantes, entre grupos de saúde do planejamento reprodutivo humanos com diferentes níveis de privilégio e familiar como uma responsabilidade social (FESCINA et al., 2010, p. 16). exclusiva das mulheres são fatores que podem estar associados, por um lado, DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE (DSS): ao afastamento dos homens dos ser- De acordo com a Comissão Nacional sobre viços de saúde. Por outro lado, as bar- os Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS), reiras de acesso e a indisponibilidade os DSS são os fatores sociais, econômicos, de algumas ações vinculadas ao siste- culturais, étnicos/raciais, psicológicos e com- ma de saúde também podem constituir portamentais que influenciam a ocorrência de grandes entraves. problemas de saúde e seus fatores de risco na população. Pela OMS, os DSS são as condi- Atualmente, no Brasil, a responsabilida- ções sociais em que as pessoas vivem e tra- de em relação à contracepção ainda re- balham (BUSS; PELLEGRINI FILHO, 2007). cai mais sobre a mulher. A ideia de que os homens devam participar do planeja-Neste contexto, para os serviços de saú- mento reprodutivo e familiar, desempe-de, em especial a AB, o desafio maior nhando papel ativo na contracepção, tor-está em criar condições para que estes nou-se mais aceitável nos últimos anos.homens possam ser ouvidos – por meiode uma escuta qualificada, isenta dejulgamentos e preconceitos sobre suasdistintas maneiras de ser, pensar, sentire agir, com base nas experiências e his-tórias de vida particulares a cada um.  539

UN2 Gênero, masculinidades, saúde sexual e saúde reprodutiva No entanto, para que os homens se É importante destacar que podem ocor- tornem sensíveis à contracepção, é ne- rer falhas neste procedimento, decor- cessário que compreendam que podem rentes da inadequada oclusão do(s) e devem ter uma posição sobre como ducto(s) deferente(s), recanalização ou construir com consciência sua vida re- não utilização de outro método anticon- produtiva (ECOS, 2001). cepcional entre a cirurgia e azoospermia comprovada pelo espermograma. O índi- Até o momento presente, o preservati- ce de falha é de 0,9 a 2,0%. vo masculino e a vasectomia têm sido os principais métodos de contracepção Pensar a relação dos homens com o masculina. O uso do preservativo ainda universo da Saúde Sexual e Saúde Re- encontra muita resistência entre os ho- produtiva (SSSR) envolve estabelecer mens, especialmente com aqueles que conexões entre os modelos de mascu- se veem fora dos grupos de risco. linidades e as expressões corporais daí decorrentes. Refletem, entre outras coi- Já a vasectomia é considerada um dos sas, algumas das escolhas feitas e os métodos anticoncepcionais mais efeti- métodos utilizados pelos homens para vos e seguros – mas, por ser um proce- evitar a gravidez indesejada em suas par- dimento médico definitivo, embora sim- cerias sexuais. Por exemplo, uma outra ples, também afasta grande parte dos razão pela baixa escolha da vasectomia homens desta escolha. diz respeito a que, por se tratar de uma intervenção praticamente irreversível Figura 11 – A vasectomia realizada no corpo dos homens, muitas vezes é equivocadamente compreendi- da como um método que pode conduzir à impotência sexual. Outro exemplo bastante importante é a baixa adesão dos homens aos chama- dos métodos de barreira, em especial, o preservativo masculino que possui a crença de ser um empecilho para a plena ereção do homem. Fonte: Fotolia. Estes exemplos nos ajudam a refletir o quanto a questão do corpo e das corpo-540 

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homemralidades masculinas influenciam posi- diferentes performances de gênero com-tivamente ou não no envolvimento dos põem os sujeitos, na riqueza da diversi-homens com os métodos contracepti- dade humana. Vale lembrar que “nossasvos e nas demais tecnologias reprodu- sociedades consagraram o corpo comotivas, impactando nas suas escolhas ou emblema de si” e que, desta forma, seriapredileções por determinados métodos. “melhor construí-lo sob medida para der- rogar ao sentimento de melhor aparên-No tópico seguinte, abordaremos com cia” (LE BRETON, 2013, p. 31).maior propriedade as diferentes expres-sões da sexualidade e suas relações Isso significa que nosso corpo é moldadocom a corporalidade masculina. por expectativas sociais e reflete os pa- drões ou “a melhor aparência” que dese-2.3 As expressões diversas da jamos cumprir para obter boa aceitação. sexualidade masculina Neste sentido, podemos inferir, por umDe acordo com as definições da OMS, lado, que as corporalidades são fruto ea sexualidade é vivida e expressa por decorrência dos modelos de masculini-meio de pensamentos, fantasias, dese- dades introjetados e externalizados pe-jos, crenças, atitudes, valores, compor- los indivíduos a partir de padrões e ideaistamentos, práticas, papéis e relaciona- valorizados e cultuados pela sociedade.mentos (BRASIL, 2010a).Em todas as sociedades, as expressões Figura 12 – As corporalidades são fruto dos pa-da sexualidade são alvo de normas mo- drões de masculinidadesrais, religiosas ou científicas, que vãosendo aprendidas pelas pessoas des-de a infância. Em nossa sociedade, porexemplo, a sexualidade foi histórica eculturalmente limitada em suas possibi-lidades de vivência, devido a tabus, mi-tos, preconceitos e relações desiguaisde poder entre homens e mulheres (CAS-TRO; ABRAMOVAY; SILVA, 2004).É preciso compreender que as corpo-ralidades podem ser múltiplas e que as Fonte: Fotolia.  541

UN2 Gênero, masculinidades, saúde sexual e saúde reprodutiva Esta lógica existe para estabelecer a de envolve não somente a orientação se- ordem dominante social e preservar in- xual, mas também as aparências ou per- distinta a relação entre sexo e gênero. formances de gênero dos sujeitos, bem Contudo, quando a distinção entre sexo como suas identidades de gênero. e gênero se faz presente, grande parte dos indivíduos que buscam por meio da Importante! Homossexualismo é um sua corporalidade realizar este anseio termo ainda muito utilizado, e que pessoal e coletivo de pertencimento so- cial, fora da caixa do reducionismo biná-  deve ser alvo de crítica e descrimina- rio, correm sérios riscos de terem viola- lização: a desinência “ismo” o torna do seu legítimo direito a naturalmente extremamente inadequado, pois o desfrutar desta condição, haja vista que, reveste de conotação negativa, atri- muitas vezes a expressão desta corpora- buindo significado de doença, desvio, lidade, como no caso dos travestis e dos aberração. Basta notar que ninguém transexuais, passa a ser interpretada e fala em sexualismo ou heterossexua- discriminada como uma ótica marginal lismo (MEC, 2007). e fora do enquadre da norma social vi- gente “aceitável”, quando, na verdade, Figura 13 – A orientação sexual é um conceito que deveria estar inclusa na ampla lógica da desestabiliza concepções naturalizadas e patolo- diversidade e da pluralidade sexual exis- gizantes tente na sociedade. Ao mesmo tempo, existe, atualmente, Fonte: Fotolia. preocupação em não rotular ou estigma- tizar comportamentos sexuais em “nor- Ressalta-se que a OMS, desde 1990, não mais” ou “anormais”. Busca-se discutir considera a homossexualidade como os comportamentos e as práticas se- doença, excluindo-a da Classificação xuais sem preconceitos, considerando Internacional de Doenças (CID). Antes que são relativos, dependendo da cultu- dela, em 1973, a Associação America- ra, do contexto histórico, social e de vida na de Psiquiatria (APA) já havia retirado da pessoa (BRASIL, 2010a). a homossexualidade de seu Manual de Diagnóstico e Estatística de Distúrbios Por expressões da sexualidade, aqui designamos algumas das principais for- mas de vivenciá-las por parte dos seres humanos. Vale lembrar que a sexualida-542 

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homemMentais (DSM). Da mesma forma, no poralmente seu gênero. Pessoas queBrasil, os Conselhos Federais de Medici- manifestam comportamentos delicadosna (desde 1985) e de Psicologia (desde tendem a ser compreendidas como tendo1999) não consideram a homossexuali- uma performance feminina. Já aquelesdade como doença, distúrbio ou perver- que manifestam comportamentos agres-são (MEC, 2007). sivos e dominantes, geralmente são enten- didos como de performance masculina.Além disso, o termo orientação sexualveio substituir a noção de opção sexual, Figura 14 – Performances de gênero são as for-pois o objeto do desejo sexual não é uma mas como os sujeitos expressam corporalmenteopção ou escolha consciente da pessoa, seu gênerouma vez que é resultado de um processoprofundo, contraditório e extremamentecomplexo de constituição do sujeito, nodecorrer do qual cada indivíduo é levadoa lidar com uma infinidade de fatores so-ciais, vivenciando-os, interpretando-os,(re)produzindo e alterando significados erepresentações, a partir de sua inserçãoe trajetória social específica (MEC, 2007).Observando os marcos citados, pode- Fonte: Fotolia.mos percebê-los como conquistas queforam alcançadas recentemente. Ainda A construção dos gêneros se dá em con-há muito trabalho a ser feito para com- textos específicos, que articulam dife-bater os diferentes preconceitos relacio- rentes marcadores e são atravessadosnados à diversidade sexual, a fim de se por relações de poder. É a partir desseconstruir uma sociedade mais igualitá- entendimento que podemos pensar naria em relação às orientações sexuais atuação da desconstrução de privilégiose identidades de gênero não hegemôni- e opressões.cas, tendo os serviços de saúde um pa-pel de extrema relevância nesta emprei- Vale lembrar que as performances de gê-tada (MEC, 2007). nero – masculinas ou femininas – não guardam necessariamente relação deJá as performances de gênero são as correspondência com a orientação sexualformas como os sujeitos expressam cor-  543

UN2 Gênero, masculinidades, saúde sexual e saúde reprodutiva dos sujeitos. Isso significa que o fato de O cuidado não deve ser referido a um gê- encontrarmos uma mulher agressiva não nero específico e os diferentes arranjos implicará no fato de que seja lésbica ou o familiares devem ser respeitados. fato de observarmos um homem delica- do não significará que ele é gay ou tem No dia a dia dos serviços de saúde, é im- atração por pessoas do mesmo sexo. portante que as pessoas que procuram este serviço sejam atendidas respeitan- As performances de gênero que compõem do-se sua identidade sexual, de gênero, as corporalidades são determinadas por sem fazer distinções de raça ou de clas- gostos e estilos de cada indivíduo e con- se (BRASIL, 2015). venções culturais do meio onde vivem. As identidades de gênero são os gêneros Figura 15 – O atendimento deve respeitar identi- com os quais os sujeitos se identificam, dade sexual, de gênero, sem fazer distinções de os nomes (masculinos ou femininos) pe- raça ou de classe los quais gostam de ser chamados. O entendimento naturalizado erronea- Fonte: Fotolia. mente de que a orientação sexual é pas- sível de se supor pelas performances Importante! Transexuais e travestis identificadas como femininas ou mascu- devem ser atendidas(os) e chama- linas leva a uma série de pensamentos preconceituosos e atos discriminató-  das(os) por seus nomes sociais (no- rios. É preciso combater constantemen- mes escolhidos por elas/eles, diferen- te o sexismo, o racismo, a transfobia, a tes do nome de registro civil), como lesbofobia e a homofobia, o preconceito consta no protocolo de atendimento de classe, porque todas essas questões nos serviços de saúde. Muitas dessas estão intimamente relacionadas em nos- pessoas possuem o cartão do SUS já sa sociedade (BRASIL, 2015). com o nome social, mas isso não é re- gra. de alarme” (KORIN, 2001, p. 71). No âmbito do SUS, em particular, as pessoas devem ser tratadas pelo nome e pelo gênero que apontaram quando adentram aos serviços de saúde. Ao pro- fissional de saúde cabe garantir os direi- tos de usuários dos serviços de saúde.544 

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem O Ministério da Saúde, conside- mento dos efeitos da discriminação e da rando a orientação sexual e a identi- exclusão no processo de saúde-doença dade de gênero como determinantes desta população. Suas diretrizes e ob- sociais de saúde, reconhecendo as jetivos estão voltados para mudanças desfavoráveis condições de saúde de na determinação social da saúde, com Lésbicas, Gays, Bissexuais, Traves- vistas à redução das desigualdades rela- tis e Transexuais (LGBT), e por isso cionadas à saúde destes grupos sociais visando à redução das iniquidades e (BRASIL, 2010b). desigualdades em saúde neste grupo populacional, elaborou a Política Na- Dessa forma, enfrentar toda a discrimi- cional de Saúde Integral de Lésbicas, nação e exclusão social implica em pro- Gays, Bissexuais, Travestis e Tanse- mover a democracia social, a laicidade do xuais (BRASIL, 2012). Você pode co- Estado e, ao mesmo tempo, exige ampliar nhecer esta política de saúde, aces- a consciência sanitária com mobilização sando: <http://bvsms.saude.gov.br/ em torno da defesa, do direito à saúde e bvs/publicacoes/politica_nacional_ dos direitos sexuais como componente saude_lesbicas_gays.pdf>. fundamental da saúde (BRASIL, 2010b).A implementação desta política requer Diante da complexidade da situação decompromissos das instâncias de Gover- saúde do grupo LGBT, e especialmenteno, das Secretarias Estaduais e Munici- diante das evidências que a orientaçãopais de Saúde e dos Conselhos de Saúde. sexual e a identidade de gênero têm naDa mesma forma, é imprescindível a ação determinação social e cultural da saúde,da sociedade civil nas suas mais variadas o MS construiu essa política para o SUS.modalidades de organização, que tencio-nam os governos para a garantia do direi- A condição de LGBT incorre em hábitosto à saúde (BRASIL, 2010b). Você como corporais ou mesmo práticas sexuaisprofissional de saúde tem importante que podem guardar alguma relação compapel na articulação em nível local para o grau de vulnerabilidade destas pes-a implementação da atenção à saúde do soas. No entanto, o maior e mais pro-homem, sobretudo no que tange ao aces- fundo sofrimento é aquele decorrente daso com qualidade e o acolhimento hu- discriminação e preconceito. São as re-manizado aos serviços, respeitando qual percussões e as consequências destesseja a identidade sexual e de gênero, e as preconceitos que compõem o principalexpressões corporais delas decorrentes. objeto desta política.Para isso, você pode conhecer a PolíticaLGBT, que tem como marca o reconheci-  545

UN2 Gênero, masculinidades, saúde sexual e saúde reprodutivaOs desafios na reestruturação de ser- 2.4 Recomendação de leituraviços, rotinas e procedimentos na rede complementarSUS serão relativamente passíveis deadaptação. Mais difícil, entretanto, será Brasil. Ministério da Saúde. Cartaa superação do preconceito e da discri- dos direitos dos usuários da saúde /minação, o que requer de cada um e docoletivo mudanças de valores baseadas  Ministério da Saúde. – 3. ed. – Bra-na tolerância e no respeito às diferenças sília : Ministério daSaúde, 2011. Dis-(BRASIL, 2010b). ponível em: <http://www.conselho. saude.gov.br/biblioteca/livros/AF_ Carta_Usuarios_Saude_site.pdf>.Figura 16 – Nome Social O nome social é aquele adotado pela pessoa conforme sua identidade de gê- nero e não necessariamente coincide com as características biológicas de nascimento. É o nome pelo qual se iden- tifica e é identificado na comunidade em que vive. Quando o usuário do SUS faz o cartão nacional de saúde, o nome social pode e deve ser inserido para ser utiliza- do nos serviços de saúde. Fonte: Conselho Nacional de Saúde.546 

UN3Saúde sexual, saúde reprodutivae atenção básica



Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homemVocê já deve ter percebido, tanto por Figura 17 – Abordagem centrada na pessoa, nãomeio das reflexões anteriores quanto na doençapela sua própria experiência como pro-fissional de saúde, que envolver os ho-mens na arena do cuidado e aumentar aparticipação deles nas ações de saúdeconstitui um desafio por distintas razões.De maneira geral, o cuidar de si e a valo- Fonte: Fotolia.rização do corpo, no sentido da saúde, etambém no que se refere ao cuidar dosoutros, não são questões colocadas nasocialização dos homens em geral.Neste sentido, trabalhar com Saúde A compreensão é que os procedimen-sexual e Saúde Reprodutiva (SSSR) na tos exclusivamente farmacológicos,atenção básica (AB) pressupõe uma com orientações e prescrições descon-abordagem centrada na pessoa, con- textualizadas da vida do usuário e semtrapondo-se à abordagem centrada na observação das práticas de cuidado ne-doença, característica do modelo bio- cessárias à recuperação e manutençãomédico de atenção à saúde. Significa da saúde, terão alcance limitado, sendobuscar a compreensão da pessoa – no frequente a reincidência dos problemas.caso, aqui, dos homens – como umtodo, em seu contexto de vida e estágio Neste contexto, é necessário trabalharde desenvolvimento pessoal, o que in- a profilaxia e o tratamento conforme aclui considerar aspectos que envolvem compreensão ampla da saúde, e tam-família, trabalho, crenças, dificuldades, bém articular a SSSR a outros campospotencialidades. de atuação, considerando, por exemplo, o acompanhamento psicológico, o apoioIsso é fundamental para que se leve do Serviço Social, entre outros, tendo emem conta que há aspectos associados vista que as práticas sexuais derivamà SSSR que seguem além da compreen- de diferenças sociais, de diversos mar-são reducionista do modelo biomédico, cadores sociais (idade, sexo, orientaçãono qual os comportamentos humanos sexual, tradição cultural) e de circunstân-são definidos como problemas médicos cias pelas quais o usuário passa.ou de saúde (TESSER, 2006).  549


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