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Published by Paulo Roberto da Silva, 2018-12-04 18:03:03

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Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homensambulatorial e a atenção hospitalar, para Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2008),o cuidado às pessoas com doenças crô- é necessária a estratificação de risco danicas, devem complementar e estarem população adscrita pela ABS, para o em-integradas à atenção básica, de modo poderamento das equipes de atençãoa superar a atuação fragmentada e iso- básica na coordenação do cuidado aoslada que ocorre na maioria das localida- usuários com doenças crônicas. O uso dedes hoje. Para tanto, é necessário que a protocolos e diretrizes clínicas, estrutura-oferta de serviços por esses pontos de dos a partir da construção de uma linhaatenção seja planejada a partir do orde- de cuidado, pode auxiliar neste processo.namento da RAS pela Atenção Básica deSaúde (ABS). No caso da relação entre Figura 15 – A atenção básica é uma etapa essen-os profissionais da ABS e os especialis- cial para o tratamento de doenças crônicastas, é fundamental que o cuidado sejacoordenado pelos profissionais da aten-ção básica (BRASIL, 2008a). As formasde relações possíveis entre a ABS e Aten-ção Ambulatorial Especializada (AAE), deacordo com Mendes (2012), são: a refe-rência e a contrarreferência; a relação devisitas periódicas de especialistas a ge-neralistas; a relação mediada por gestorde caso e a coordenação do cuidado.Para que a coordenação do cuidado al- Fonte: Fotoliacance o patamar desejado de atençãopartilhada, deve compartilhar planos de A reorganização dos processos de traba-cuidados entre a ABS e a AAE. A função lho nesses serviços também é necessá-do plano de cuidado compartilhado é ga- ria. A relação com as equipes da ABS deverantir que os profissionais da ABS e da ser fortalecida e os processos de matri-AAE busquem atingir os mesmos objeti- ciamento são fundamentais na estrutu-vos (BRASIL, 2013b). ração do processo de trabalho dessas equipes. As RAS apontam como carac-Para qualificar a demanda aos serviços terística organizacional a definição dasespecializados e garantir a equidade, regiões de saúde, com estabelecimentoconforme preconiza as diretrizes dispos- de limites geográficos, população, açõestas na Política Nacional de Regulação do  251

UN3 Estratégias de cuidados e atenção em redes e serviços ofertados em cada ponto de ambientes hospitalares são realizados atenção, com pactuações entre o Estado também os procedimentos de alta com- e o município para que o cuidado integral plexidade relacionados à atenção espe- e o acesso ao usuário com doença crôni- cializada hospitalar e sujeitos à regula- ca sejam garantidos (BRASIL, 2010). ção específica (BRASIL, 2013b). Importante! Ao se tomar como foco o O cuidado continuado/programado é aquele ofertado a usuários que apresen-  cuidado integral das DCNT, entende- tam condições que exigem acompanha- -se que o eixo da promoção da saúde mento pela equipe de atenção básica. é fundamental para a construção de Consultas, exames, procedimentos, de- intervenções que atuem nos fatores vem ser programados com periodicida- de risco e proteção (BRASIL, 2008 b). de, conforme a estratificação de risco e as necessidades individuais de cada Assim, é necessário qualificar, redimen- um dos usuários. O acompanhamento sionar os serviços existentes e estru- de usuários com doenças crônicas é um turar novos serviços, de acordo com exemplo de Cuidado Continuado/Aten- a demanda identificada pela ABS nas ção Programada (BRASIL, 2013b). regiões de saúde. Devem ser pensados parâmetros mínimos e máximos para Uma das formas de organização do pro- cobertura populacional de um serviço de cesso de atenção é o planejamento de atenção especializada, levando-se em intervenções para os grupos de risco. conta a densidade populacional, as ne- Para isso é necessário integrar os di- cessidades de saúde e o provimento de versos níveis de atenção do sistema de profissionais, entre outras necessidades saúde, para o qual acesso e a resolutivi- (BRASIL, 2013b). dade são inerentes. As linhas de cuida- do constituem-se em políticas de saúde Os pontos de atenção hospitalar, junto às matriciais que integram ações de prote- unidades de pronto atendimento (UPA) e ção, promoção, vigilância, prevenção e ao Serviço de Atendimento Móvel de Ur- assistência, voltadas para as especifici- gência (SAMU), farão a interlocução en- dades de grupos ou às necessidades in- tre a Rede de Atenção às Pessoas com dividuais, permitindo não só a condução Doenças Crônicas e a Rede de Atenção oportuna dos pacientes pelas diversas às Urgências e Emergências. Essa inter- possibilidades de diagnóstico e terapêu- face é fundamental no intuito de promo- tica, mas também uma visão global das ver a assistência integral aos casos de suas condições de vida (BRASIL, 2008b). agudização das doenças crônicas. Nos252 

Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homensAs DCNT devem estar alicerçadas na aten- Aprofunde o estudo sobre o temação básica, pois ao tratar da promoção, da acessando o documento “Proto-prevenção e do diagnóstico precoce, po- colos Clínicos e Diretrizes Tera-dem garantir acesso aos procedimentosde média e alta complexidade, seja para  pêuticas”, disponível em: <http://tratamento, seja para reabilitação. portalsaude.saude.gov.br/index. php/o-ministerio/principal/leia- Importante! A Atenção Básica deve mais-o-ministerio/840-sctie-raiz/ constituir-se como porta de entrada daf-raiz/cgceaf-raiz/cgceaf/l3-cg preferencial para o sistema de saú- ceaf/11646-pcdt>. de, viabilizando oportunidades para O Plano de Ações Estratégicas para o diagnóstico precoce, a mudança de o Enfrentamento das DCNT no Brasil, comportamentos e o monitoramento 2011-2022, propõe ações visando o for- de fatores de risco, condições que talecimento da capacidade de resposta podem fazer a diferença na carga das do SUS e a ampliação de intervenções DCNT, seja nas taxas de mortalidade, capazes de uma abordagem integral da seja na incapacidade prematura, sem saúde com vistas à prevenção e ao con- desrespeitar, contudo, a autonomia trole das DCNT (BRASIL, 2013). das pessoas na escolha do seu modo de viver (BRASIL, 2008b).Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT no Brasil 2011 / 20221. Linha de cuidado de DCNT 2. Capacitação e telemedicinaDefinição e implementação de protocolos e Capacitação das equipes da ABS, expan-diretrizes clínicas das DCNT com base em dindo recursos de telemedicina, segundoevidências de custo-efetividade, vinculando opinião e cursos a distância, qualificando aportadores ao cuidador e à equipe da ABS, resposta às DCNT.garantindo referência e contrarreferênciapara a rede de especialidades e hospitalar, 3. Medicamentos gratuitosfavorecendo a continuidade do cuidado e Ampliação do acesso gratuito aos medica-integralidade na atenção. Além do desen- mentos e insumos estratégicos previstosvolvimento dosistema de informação e ge- nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Tera-renciamento de DCNT. pêuticas das DCNT e tabagismo.  253

UN3 Estratégias de cuidados e atenção em redes 4. Saúde Toda Hora Saúde, prevenção e tratamento de doenças e reabilitação prestadas em domicílio com • Atenção às Urgências: fortalecimento do garantia de continuidade de cuidados e in- cuidado ao portador de DCNT na rede de ur- tegradas às RAS. gência, integrado entre unidades de promo- ção, prevenção e atendimento à saúde, com • Linha do Cuidado do IAM e AVE na Rede o objetivo de ampliar e qualificar o acesso de Atenção às Urgências: qualificação e in- humanizado e integral aos usuários em si- tegração de todas as unidades de saúde da tuação de urgência nos serviços de saúde Rede de Atenção às Urgências para permi- de forma ágil e oportuna. tir que os pacientes com IAM e AVE sejam atendidos, diagnosticados e tratados rapi- • Atenção Domiciliar: ampliação do atendi- damente, com acesso às terapias estabe- mento a pessoas com dificuldades de loco- lecidas nos Protocolos Clínicos e Diretrizes moção ou que precisem de cuidados regu- Terapêuticas, garantindo ao usuário o aces- lares, mas não de hospitalização, por meio so e o tratamento adequados em tempo há- de um conjunto de ações de Promoção à bil (BRASIL, 2013). Sobre as intervenções voltadas para o trole dessas doenças. O manejo adequa- cuidado da saúde de grupos específicos, do da HAS, de caráter prioritário, requer o Plano de Ações Estratégicas para o En- ações articuladas nos três eixos em que frentamento das DCNT no Brasil, 2011- está desenhado o Plano: a vigilância da 2022, considera indivíduos de alto risco hipertensão, das comorbidades e de seus e aqueles com doenças do aparelho determinantes; a integralidade do cuida- cardiocirculatório, destacando-se os aci- do, e a promoção da saúde. O investimen- dentes vasculares encefálicos, as doen- to em educação e a mobilização social ças coronarianas e a hipertensão arte- potencializam e qualificam o autocuida- rial sistêmica. Estes casos podem ser do e a construção de hábitos saudáveis. tratados com regime de medicamentos genéricos de baixo custo, o que pode re- Importante! Para o câncer, o diagnós- duzir a probabilidade de morte ou evento vascular (BRASIL, 2011).  tico precoce, estimulado por políticas de alerta para os primeiros sinais e O Plano de Enfrentamento das DCNT sintomas, pode resultar em melhora apresenta diversas ações que visam à da sobrevida, especialmente em re- promoção da saúde, a prevenção e o con- giões do corpo onde a detecção do câncer costuma ser tardia.254 

Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homensDe acordo com a OMS, intervenções dimento ambulatorial e hospitalar, façapara a prevenção e gestão do diabetes um seguimento proativo e contínuo dosdemonstram reduzir custos e melhoram portadores de condições crônicas, sob aa saúde. O Plano Nacional de Reorga- coordenação da equipe da Atenção Bási-nização da Atenção à Hipertensão e ao ca, e com o apoio dos serviços de atençãoDiabetes Mellitus facilitou o diagnóstico secundária e terciária (MENDES, 2011).e o tratamento do diabetes na AtençãoBásica, orientando, a partir de normas, o O cuidado de usuários com doenças crô-cuidado ao portador de diabetes. Além nicas deve ocorrer de forma integral; odisso, os medicamentos básicos para modelo vigente, que geralmente utilizacontrole de hipertensão e diabetes são propostas de cuidado formatadas, não ob-disponibilizados gratuitamente por meio tem sucesso em suas condutas pois nãodo programa Farmácia Popular. atinge o singular de cada indivíduo e im- põe olhares e fazeres que nada têm a verÉ importante destacar que a melhora do com o usuário, que necessita de atenção esistema de saúde, com ênfase na quali- de cuidado. Para que a atenção ocorra dedade da Atenção Básica em Saúde com forma integral, é necessário que o cuidadoinvestimentos na educação continuada seja organizado em rede, onde cada servi-de recursos humanos, na atenção far- ço seja repensado como um componentemacêutica e em outras áreas estraté- fundamental da sua integralidade, comogicas, resultará em melhora do manejo uma estação no circuito que cada indiví-para o conjunto das DCNT. duo percorre para obter a integralidade de que necessita (MALTA; MERHY, 2010).3.3 Rede de Atenção à Saúde – RAS/SUS Uma das principais iniciativas do Minis- tério da Saúde nesse sentido foi a pu-Até o momento, observamos aspectos blicação da Portaria no 4.279, de 30 desobre a atenção à saúde do homem nos dezembro de 2010, que estabelece dire-diferentes níveis de intervenção. Contudo, trizes para a estruturação da RAS comodevemos considerar também que para estratégia para superar a fragmentaçãoa atenção das condições crônicas é ne- da atenção e da gestão nas regiões decessário implantar um novo arranjo do saúde, e aperfeiçoar o funcionamentosistema de atenção à saúde, o qual, além político-institucional do SUS, buscan-de responder às condições agudas e aos do assegurar ao usuário o conjunto demomentos de agudização das condições ações e serviços que necessita com efe-crônicas nas unidades de pronto-aten- tividade e eficiência (BRASIL, 2013b).  255

UN3 Estratégias de cuidados e atenção em redes É importante destacar que as redes de Atualmente, as RAS ganham força den- atenção à saúde são organizações po- tro das políticas públicas de saúde como liárquicas de conjuntos de serviços de arranjos organizacionais, no contexto da saúde, vinculados entre si por uma única política de regionalização, regulamenta- missão, por objetivos comuns e por uma da pelo Decreto no 7.508, de 2011. Este ação cooperativa e interdependente, que decreto define rede de atenção como um permitem ofertar uma atenção contínua conjunto de ações e serviços de saúde e integral a determinada população – articulados em níveis de complexidade prestada no tempo certo, no lugar certo, crescente, com a finalidade de garantir com o custo certo, com a qualidade cer- a integralidade da assistência à saúde. ta e de forma humanizada, coordenada As RAS constituem-se em arranjos orga- pela atenção primária à saúde. nizativos formados por ações e serviços de saúde, com diferentes configurações Para aprofundar seus conhecimen- tecnológicas e missões assistenciais, tos, sugerimos a leitura do artigo articulados de forma complementar e “Redes de Atenção em Saúde” de com base territorial (BRASIL, 2011).  Eugênio Villaça Mendes, publicado  O Decreto no 7.508 de 2011 pode ser na revista Ciência & Saúde Coletiva, acessado no endereço: <http://www. v. 15, n. 5, p. 2297-2305, 2010. Dis- planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011- ponível também em: <http://www. 2014/2011/decreto/D7508.htm>. saude.rj.gov.br/docman/atencao-a -saude/7980-redes-de-atencao -mendes/file.html>. Atributos de uma RAS • População e território definidos com dados paliativos e integra os programas amplo conhecimento de suas necessi- focalizados em doenças, riscos e popu- dades e preferências que determinam a lações específicas, os serviços de saúde oferta de serviços de saúde. individuais e os coletivos. • Extensa gama de estabelecimentos de • Atenção Primária de Saúde estruturada saúde que presta serviços de promo- como primeiro nível de atenção e porta ção, prevenção, diagnóstico, tratamen- de entrada do sistema, constituída de to, gestão de casos, reabilitação e cui- equipe multidisciplinar que cobre toda a256 

Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homens população, integrando, coordenando o torar e avaliar o desempenho dos geren- cuidado, e atendendo as suas necessi- tes e das organizações. dades de saúde. • Participação social ampla.• Prestação de serviços especializados em lugar adequado. • Gestão integrada dos sistemas de apoio administrativo, clínico e logístico.• Existência de mecanismos de coorde- nação, continuidade do cuidado e inte- • Recursos humanos suficientes, compe- gração assistencial por todo o contínuo tentes, comprometidos e com incenti- da atenção. vos pelo alcance de metas da rede.• Atenção à saúde centrada no indivíduo, na • Sistema de informação integrado que família e na comunidade, tendo em conta vincula todos os membros da rede, com as particularidades culturais, gênero, as- identificação de dados por sexo, idade, sim como a diversidade da população. lugar de residência, origem étnica e ou- tras variáveis pertinentes.• Sistema de governança único para toda a rede com o propósito de criar uma • Financiamento tripartite, garantido e missão, visão e estratégias nas organi- suficiente, alinhado com as metas da zações que compõem a região de saúde. rede.• Definição de objetivos e metas que devam • Ação intersetorial e abordagem dos de- ser cumpridos no curto, médio e longo terminantes da saúde e da equidade em prazo; articular as políticas institucionais. saúde.• Desenvolvimento da capacidade de • Gestão baseada em resultados. gestão necessária para planejar, moni-Portanto, com base nesses atributos, buscam garantir a integralidade do cui-a RAS pode ser definida como arranjos dado. As RAS estruturam-se para en-organizativos de ações e serviços de frentar uma condição de saúde especí-saúde, de diferentes densidades tec- fica, por meio de um ciclo completo denológicas, que integradas por meio de atendimento, o que leva à continuidadesistemas técnico, logístico e de gestão, da atenção à saúde (atenção primária,  257

UN3 Estratégias de cuidados e atenção em redes atenção secundária e atenção terciária Importante! Há outras RAS que podem à saúde) e à integralidade da atenção auxiliar na atenção integral à saúde do à saúde (ações de promoção da saúde, de prevenção das condições de saúde e  homem, como a Rede Cegonha (RC), de gestão das condições de saúde es- que aborda questões relacionadas ao tabelecidas por meio de intervenções planejamento familiar, e a Rede de de cura, cuidado, reabilitação e paliação Atenção Psicossocial (RAPS), que, en- (PORTER; TEISBERG, 2007). tre outros agravos, atende os casos de abuso de álcool e outras drogas. Considerando as doenças que mais acometem os homens e as peculiarida- A Atenção Básica à Saúde (ABS) tem ca- des no atendimento a este público em ráter estratégico na Rede de Atenção às todos os níveis de atenção, sugere-se Pessoas com Doenças Crônicas, pois se como forma de atuação as diretrizes da trata do ponto de atenção com maior ca- Rede de Atenção às Pessoas com Doen- pilaridade e potencial para identificar as ças Crônicas. necessidades de saúde da população e realizar a estratificação de riscos que sub- Esta rede tem como objetivos: sidiará a organização do cuidado em toda a rede. É responsável também por realizar • fomentar a mudança do modelo de ações de promoção e de proteção da saú- atenção à saúde, fortalecendo o cuida- de, prevenção de agravos, diagnóstico, do às pessoas com doenças crônicas; tratamento, reabilitação, redução de da- nos e manutenção da saúde para a maior parte da população (BRASIL, 2013b). • garantir o cuidado integral às pes- Entre os modelos de atenção às doenças soas com doenças crônicas; crônicas, as diretrizes para o cuidado das pessoas com doenças crônicas em • impactar positivamente nos indica- rede sugerem o uso do MACC (Modelo dores relacionados às doenças crô- de Atenção às Condições Crônicas). nicas; O MACC estrutura-se em cinco níveis e • contribuir para a promoção da saúde em três componentes integrados: a po- da população e prevenir o desenvolvi- pulação (à esquerda da figura), os focos mento das doenças crônicas e suas das intervenções de saúde (à direita da fi- complicações (BRASIL, 2013b). gura) e os tipos de intervenções de saúde (no meio da figura) (MENDES, 2011), ob- serve o esquemático na próxima página.258 

Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homensO nível 1 do MACC é a base da estrutura, e doença crônica estabelecida. Nele, asengloba ações com toda a população total condições crônicas são de baixo ou mé-de uma rede de atenção à saúde com foco dio risco, sendo a atenção à saúde ba-nos determinantes sociais intermediários, seada em ações de autocuidado apoia-ou seja, condições de vida e de trabalho, do. Contudo, existe também a atençãoo acesso aos serviços essenciais e redes clínica ao indivíduo, geralmente realiza-sociais e comunitárias. Nesse nível se pro- da pela atenção básica.põem as intervenções de Promoção daSaúde para a população total, realizadas No nível 4, opera-se com subpopulaçõespor meio de ações intersetoriais. com condição crônica de alto ou muito alto risco. Neste nível, além do autocui- Ação intersetorial > A ação intersetorial dado apoiado, observa-se a necessidade é entendida como as relações entre par- mais significativa de cuidados profissio- tes do setor saúde com partes de outros nais, incluindo o especializado. setores, estabelecidas com o objetivo No último nível, por fim, opera-se com de desenvolver projetos que levem a subpopulações que apresentam condi- melhores resultados sanitários, de for- ção de saúde muito complexa e que che- ma efetiva, eficiente e sustentável, que gam a consumir a maior parte dos recur- não seriam obtidos via ações isoladas. sos globais de um sistema de atenção à Sendo assim, as RAEs podem contar saúde. Geralmente exige planos de cui- com a participação de outros setores. dado mais singulares (BRASIL, 2013b; MENDES, 2011).No nível 2 do MACC estão as ações comsubpopulações estratificadas por fato- No Brasil, o tema das redes de atençãores de risco, com foco nos determinan- à saúde é recente e não há experiênciastes ligados aos comportamentos e aos em escala ou avaliações robustas. Con-estilos de vida, por meio de intervenções tudo, estudos de casos de experiênciasde prevenção de doenças, voltadas para de redes de atenção à saúde indicamindivíduos e subpopulações. A preven- que elas, à semelhança do que ocorreção se dá com a modificação de fatores em países desenvolvidos, podem ter im-de risco comportamentais, tais como a pacto significativo nos níveis de saúde,alimentação inadequada, o sedentaris- com custos suportáveis pelo SUS (MEN-mo, o tabagismo, o excesso de peso e o DES, 2011). Por isso, é importante queuso excessivo de álcool. a equipe de saúde da atenção básica conheça os serviços que podem fazerA partir do nível 3 do modelo, trabalha-secom subpopulações que já apresentam  259

UN3 Estratégias de cuidados e atenção em redes parte da rede em sua região, buscando as barreiras relacionadas ao atendimen- estruturar o atendimento aos homens to a esta população no sistema de saúde nesta nova estrutura, diminuindo assim brasileiro. Modelo de Atenção às Condições CrônicasSubpopulação com condição Nível 5 Determinantes sociais individuaiscrônica muito complexa Gestão com condição de saúde e/ou de caso fator de risco biopsicológicoSubpopulação com condição estabelecidocrônica complexa Nível 4 Gestão da condição Relação autocuidado/atenção profissionalSubpopulação com condiçãocrônica simples e/ou com de saúde Determinantes sociais dafator de risco biopsicológico saúde proximais Nível 3Subpopulação com fatores Gestão da condição Determinantes sociais dade risco ligados aos saúde intermediárioscomportamentos e de saúdeestilo de vida Fonte: Mendes, 2011 Nível 2População total Intervenções de prevenção das condições de saúde Nível 1 Intervenções de promoção da saúde 3.4 Recomendação de leituras complementares COUTO, M. T. et al. O homem na atenção primária à saúde: discutindo (in)visibilidade a partir da perspectiva de gênero. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, vol.14, n.33. Botucatu, abr./jun. 2010. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S1414-32832010000200003>.  Guia alimentar: como ter uma alimentação saudável. Ministério da Saúde. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_alimentacao_saudavel.pdf>. Plano Nacional de Atividade Física. Ministério da Saúde. Disponível em: <http://bvsms. saude.gov.br/bvs/publicacoes/plano_nacional_atividade_fisica.pdf>. MENDES, E. V. As redes de atenção à saúde. Belo Horizonte: Escola de Saúde Pública de Minas Gerais, 2009. Disponível em: <http://apsredes.org/site2012/wp-content/uploads/2012/03/ Redes-de-Atencao-mendes2.pdf>260 

Prevenção e cuidados às doenças prevalentes em homensResumo do móduloNeste módulo estudamos sobre as princi- respiratórias crônicas: DPOC, asma e rini-pais doenças que acometem os homens, te. Finalmente, discutiu-se sobre os prin-e percebemos que os fatores de risco cipais tumores mais prevalentes na popu-têm relação com as questões de gênero, lação masculina: câncer de próstata, deas quais influenciam na forma com que pulmão, colorretal e de estômago.os homens cuidam de sua saúde. Na Unidade 3, tratamos das estratégiasNa Unidade 1, observamos que em fun- de prevenção primária e a promoção àção de um imaginário cultural que deter- saúde. A partir deste viés, foi possívelmina características do que é ser homem, verificar que as principais medidas paraeste grupo acaba sofrendo e buscando prevenção e controle das DCNT estãoauxílio somente quando as doenças já relacionadas à redução dos fatores deestão instaladas. Essas questões de gê- risco modificáveis e dos determinantesnero se refletem nos comportamentos sociais, por meio da promoção de am-dos homens, como, por exemplo, maior bientes saudáveis e monitoramento dosfrequência de uso de álcool e tabaco, o fatores de risco. Sobre a atenção am-que os torna mais vulneráveis a deter- bulatorial e hospitalar, verificou-se queminadas doenças. Assim, também ob- estas devem complementar o trabalho,servamos as diferenças entre homens estando integradas à atenção básica, dee mulheres quanto ao uso de drogas, à modo a superar uma atuação fragmen-obesidade, à pressão alta, à dislipidemia tada e isolada. Para tanto, é necessárioe à hiperglicemia. que a oferta de serviços seja planejada a partir da RAS pela ABS. Finalmente, ob-Já na Unidade 2, reconhecemos os aspec- servamos a importância de organizar ostos epidemiológicos de morbidade, mor- serviços de saúde em rede, as diretrizestalidade e os fatores de risco das doenças a serem seguidas e um exemplo de redemais prevalentes entre os homens. Pri- para atenção às doenças crônicas.meiramente, foram abordadas as doen-ças do aparelho cardiovascular: hiperten- O atendimento aos homens pode ser umsão arterial sistêmica, infarto agudo do desafio, mas você e sua equipe podemmiocárdio e acidente vascular cerebral; mudar este quadro colocando em prá-na sequência, os dados sobre o diabetes tica os temas discutidos neste módulo,mellitus, e, por conseguinte, foram apre- e sempre aprofundando e atualizandosentados aspectos relativos às doenças seus estudos.  261

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Sobre os autoresAnne Caroline Luz Grüdtner da Silva Nazaré Otilia NazarioFisioterapeuta pela Universidade do Estado Enfermeira graduada pela UFSC (1980), es-de Santa Catarina (UDESC, 2006), especialis- pecialista em Docência em Nível de Terceirota em Saúde Pública em 2010 e mestrado em Grau (1982), mestre (1997) e doutora em En-Saúde Coletiva em 2012, ambos pela Univer- fermagem (2007) pela UFSC. Atua como pro-sidade Federal de Santa Catarina (UFSC). É fessora no curso de graduação em medicinadoutoranda do Programa de Pós-Graduação e no Curso de Pós-graduação em Ciênciasem Saúde Coletiva (UFSC) e integrante do da Saúde, Mestrado e Doutorado, da Univer-grupo de pesquisa Violência e Saúde da UFSC sidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL.desde 2011. Desenvolve pesquisas na área deviolência conjugal e atenção à saúde dos ho- Endereço do currículo na plataforma lattes:mens, e participou de atividades da UNASUS/ <http://lattes.cnpq.br/9333233033541006>.SC atuando como coordenadora de tutoria.Endereço do currículo na plataforma lattes:<http://lattes.cnpq.br/1935004599922389>.Márcia Regina KretzerEnfermeira graduada pela UFSC (1980), es-pecialista em Enfermagem do Trabalho pelaUFSC (1981), especialista em Pediatria ePuericultura pela Universidade Federal deSão Paulo (UNIFESP, 1983), meste em Pedia-tria e Puericultura (1992) e doutora em Saú-de Coletiva pela UNIFESP (2010). Atua comoprofessora no curso de Medicina da Univer-sidade do Sul de Santa Catarina.Endereço do currículo na plataforma lattes:<http://lattes.cnpq.br/9665482942465347>.270 



Morbimortalidade por causasexternas na saúde do homem Larissa Pruner Marques Eleonora d’Orsi André Junqueira Xavier UFSC 2018



Morbimortalidade por causasexternas na saúde do homem Larissa Pruner Marques Eleonora d’Orsi André Junqueira Xavier Florianópolis UFSC / 2018 1ª edição atualizada

Catalogação elaborada na Fonte. Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária responsável: Eliane Maria Stuart Garcez – CRB 14/074 U588m Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Saúde. Curso de Atenção Integral à Saúde do Homem – Modalidade a Distância. Morbimortalidade por causas externas na saúde do homem [recurso eletrônico]/Universidade Federal de Santa Catarina. Larissa Pruner Marques, Eleonora d’Orsi, André Junqueira Xavier (Organizadores) — 1. ed. atual. — Florianópolis : Universidade Federal de Santa Catarina, 2018. 86 p. Modo de acesso: www.unasus.ufsc.br Conteúdo do módulo: Causas Externas. – Acidentes e Violência. – Ações locais e intersetoriais no enfrentamento das situações de violência e acidentes. ISBN: 978-85-8267-081-1 1. Saúde do homem. 2. Morbimortalidade. 3. Cuidados de saúde. I. UFSC. II. Marques, Larissa Pruner. III. d’Orsi, Eleonora. IV. Xavier, André Junqueira. V. Título. CDU: 613.9274 

CréditosGOVERNO FEDERALPresidente da RepúblicaMinistro da SaúdeSecretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES)Diretora do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (DEGES)Coordenador Geral de Ações Estratégicas em Educação na SaúdeUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAReitor: Ubaldo Cesar BalthazarVice-Reitora: Alacoque Lorenzini ErdmannPró-Reitora de Pós-graduação: Hugo Moreira SoaresPró-Reitor de Pesquisa: Sebastião Roberto SoaresPró-Reitor de Extensão: Rogério Cid BastosCENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDEDiretora: Celso SpadaVice-Diretor: Fabrício de Souza NevesDEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICAChefe do Departamento: Fabrício Augusto MenegonSubchefe do Departamento: Maria Cristina Marino CalvoEQUIPE TÉCNICA DO MINISTÉRIO DA SAÚDECoordenador: Francisco Norberto Moreira da SilvaCoordenadora substituta: Renata Gomes SoaresASSESSORES TÉCNICOSKátia Maria Barreto SoutoCícero Ayrton Brito SampaioMichelle Leite da SilvaCaroline Ludmila Bezerra GuerraPatrícia Santana SantosJuliano Mattos RodriguesThiago Monteiro Pithon  275

COORDENADORA DO PROJETO REVISÃO DE CONTEÚDO Elza Berger Salema Coelho Revisor interno: Antonio Fernando Boing COORDENADORA DO CURSO Revisores externos: Sheila Rubia Lindner Helen Barbosa dos Santos Igor Claber COORDENADORA DE ENSINO Deise Warmling ASSESSORIA PEDAGÓGICA Márcia Regina Luz COORDENADORA EXECUTIVA Gisélida Garcia da Silva Vieira ASSESSORIA DE MÍDIAS Marcelo Capillé COORDENADORA DE TUTORIA Carolina Carvalho Bolsoni DESIGN INSTRUCIONAL Soraya Falqueiro EQUIPE DE PRODUÇÃO EDITORIAL Larissa Marques IDENTIDADE VISUAL E Sabrina Faust PROJETO GRÁFICO Pedro Paulo Delpino EQUIPE EXECUTIVA Patrícia Castro ADAPTAÇÃO DO PROJETO GRÁFICO, Rosangela Leonor Goulart REDIAGRAÇÃO E ESQUEMÁTICOS Sheila Rubia Lindner Laura Martins Rodrigues Tcharlies Schmitz REVISÃO DE LÍNGUA CONSULTORIA TÉCNICA PORTUGUESA E ABNT Eduardo Schwarz Eduard Marquardt AUTORIA DO MÓDULO Larissa Pruner Marques Eleonora d’Orsi André Junqueira Xavier276 

Apresentação do móduloO presente módulo aborda o tema e é e expectativa de vida, além do alto custointitulado como Morbimortalidade por social com cuidados em saúde, previdên-Causas Externas na Saúde do Homem. cia, absenteísmo ao trabalho e à escola.As causas externas de morbimortalida- Iniciaremos este módulo, então, com umde são reconhecidas como um grave panorama da morbimortalidade por cau-problema de saúde pública. São respon- sas externas, seu impacto na populaçãosáveis por cerca de 9% da mortalidade brasileira, entre homens e mulheres. Namundial, o que representa o óbito de segunda unidade, teremos como foco osmais de 5 milhões de pessoas anual- acidentes e a violência referente à mor-mente. No Brasil, em 2013, as causas ex- bimortalidade – caracterização, seusternas corresponderam a terceira maior fatores de risco e sua relação com ascausa de morte no país (13% do total), construções de gênero. Por fim, tratare-sendo que 82% desses óbitos perten- mos das ações locais e intersetoriais nocem ao sexo masculino. enfrentamento das situações de violên- cia e de acidentes voltadas às políticasNo Brasil, a violência e os acidentes de públicas, aprimorando o conhecimentotrânsito constituem um dos principais sobre o papel da Atenção Básica e a im-problemas de saúde pública desde o final portância do monitoramento dos casos.da década de 1970. O impacto dessascausas externas na população tem con- Vamos juntos aprimorar nossos conhe-tribuído para a diminuição da qualidade cimentos sobre o tema!  277

Este módulo trata de apresentar os indi- cadores de causas externas relevantes na saúde do homem, as diferenças do impacto das causas externas na morbi- mortalidade em homens e mulheres, e estratégias intersetoriais voltadas ao en- frentamento deste fenômeno. Objetivos de aprendizagem para este módulo Ao final deste módulo, você aprofundará conhecimentos sobre como identificar o perfil de morbimortalidade por causas externas e reconhecer o impacto das causas externas na população. Também conhecerá melhor estratégias interseto- riais voltadas ao enfrentamento deste fenômeno. Carga horária de estudo recomendada para este módulo 30 horas278 

SumárioUnidade 1 281Causas externas 2831.1 O que são causas externas1.2 Morbimortalidade por causas externas e seu impacto 284 na população brasileira 2961.3 Análise comparativa entre os impactos específicos para 299 homens e mulheres1.4 Recomendação de leitura complementarUnidade 2 301Acidentes e violência 3032.1 Caracterização de acidentes e violências2.2 Fatores de risco e exposição e sua relação com 306 314 as construções de gênero 3212.3 Morbimortalidades2.4 Recomendação de leitura complementarUnidade 3 323Ações locais e intersetoriais no enfrentamento das 325situações de violência e acidentes 3343.1 Como as políticas públicas têm lidado com o assunto3.2 O papel da atenção básica em situações de acidentes e violência 3433.3 A importância do monitoramento dos casos de 348 violências e acidentes3.4 Recomendação de leitura complementarResumo do módulo 349Referências 350Sobre os autores 353



UN1Causas externas



Morbimortalidade por causas externas na saúde do homemNesta unidade, estudaremos o conceito sintomas, aspectos anormais, queixas,de causas externas e os seus diferen- circunstâncias sociais e causas exter-tes tipos. Em seguida, vamos abordar nas para ferimentos ou doenças.alguns indicadores para a contextualiza-ção do perfil de morbimortalidade, tanto Figura 1 – Causas externas de morbidade e mor-para homens quanto mulheres. Também talidaderefletiremos e conheceremos melhor oimpacto das causas externas sobre apopulação. Acompanhe.1.1 O que são causas externasAs causas externas de morbidade e mor- Morbimortalidadetalidade são conceituadas pela Organi-zação Mundial de Saúde (OMS) comolesões intencionais (incluindo homicí-dios, violências, suicídios, privação ounegligência) e lesões não intencionais(como acidentes de transporte, afoga-mentos, quedas, queimaduras, intoxica-ções acidentais, complicações da as-sistência médica, dentre outras) (KRUGet al., 2002).Atualmente em sua Décima Revisão, o Fonte: Do autor, 2016.Brasil baseia-se na Classificação Esta-tística Internacional de Doenças e Pro- A cada estado de saúde é atribuída umablemas Relacionados à Saúde (CID), e categoria única à qual corresponde umnesta unidade trabalharemos com esta código do CID-10. Essa Classificaçãoclassificação. A CID é publicada pela está organizada em diversos capítulosOMS e visa padronizar a codificação das (totalizando 22), e cada um contêm vá-doenças e problemas relacionados à rios agrupamentos, formados por umsaúde, em todo o mundo. Ela fornece có- conjunto de categorias e subcategorias,digos relativos à classificação de doen- conforme o esquema a seguir.ças e de uma grande variedade de sinais,  283

UN1 Causas externas Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID) Capítulo Agrupamentos Categorias Subcategorias As causas externas de morbidade e de Acesse o capítulo XX do CID-10, mortalidade compõem o Capítulo XX do CID-10, que possibilita a classificação  você encontrará mais detalhes do de ocorrências e circunstâncias ambien- conteúdo visto, além de orientações tais, como a causa de lesões, envenena- sobre o preenchimento de fichas e mento e outros efeitos adversos (OMS, formulários: <http://www.datasus. 1996). As causas externas englobam gov.br/cid10/V2008/WebHelp/v01_ uma série de agravos, e seguindo a orga- y98.htm>. nização do CID-10, o Capítulo XX (inclui codificações V01 a Y98) apresenta os 1.2 Morbimortalidade por causas seguintes agrupamentos, que estão des- externas e seu impacto na critos na próxima página, no Quadro 1. população brasileira Quando utilizado, o Capítulo XX deve vir As causas externas de morbimortalida- acompanhado preferencialmente da na- de são reconhecidas como um grave pro- tureza da lesão, geralmente classificada blema de Saúde Pública, principalmente no Capítulo XIX, Lesões, Envenenamen- nos países de baixa e média renda. No to e Algumas Outras Consequências de mundo, essas lesões são responsáveis Causas Externas (S00-T98). Por exem- pelo óbito de mais de cinco milhões de plo, o acidente de transporte (Capítulo pessoas anualmente, o que represen- XX) pode vir acompanhado de trauma- ta cerca de 9% da mortalidade mundial tismo da cabeça (Capítulo XIX – lesão (OMS, 2012). que ocorreu como consequência da causa externa). Em casos de análises Segundo a Organização Pan-Ameri- por causas múltiplas, o capítulo de cau- cana de Saúde (OPAS), os fatores ex- sas externas pode ser utilizado de forma ternos constituem a principal causa adicional a outras afecções do CID-10 de perda de anos de vida, em dois ter- (OMS, 1996). ços das nações americanas, sendo284 

Morbimortalidade por causas externas na saúde do homemQuadro 1 – Agrupamentos por códigos Acidentes (V01-X59) Grupos: • Acidentes de transporte (V01-V99): referem-se ao meio de transporte utilizado pela vítima, o papel da vítima e as circunstâncias do acidente (inclui categorias de pedestre, ciclista, motociclista traumatizado em um acidente de trans- porte, ocupantes de veículos traumatizados, e acidentes por outro tipo de transporte – água, aéreo); • Outras causas externas de traumatismos acidentais (W00-X59): inclui categorias de quedas, exposição a forças me- cânicas, afogamento, exposição à corrente elétrica, temperaturas e pressões extremas, ao fogo, às forças da natureza, contato com animais e plantas venenosas. Lesões autoprovocadas intencionalmente (X60-X84) Inclui categorias de lesões ou envenenamentos auto-infligidos intencionalmente e de suicídios. Agressões (X85-Y09) Inclui categorias referentes a homicídios, negligência e abandono, e lesões infligidas por outra pessoa – violência. Eventos (fatos) cuja intenção é indeterminada (Y10-Y34) Esse agrupamento contempla eventos, os quais não são possíveis diferenciar se foram auto-infligidos ou agressões (inclui categorias de envenenamento, enforcamento, contato ou exposição a materiais). Intervenções legais e operações de guerra (Y35-36) Inclui as categorias intervenção legal e operações de guerra, traumatismos infligidos pela polícia ou outros agentes da lei, e lesões devidas a operações de guerra a pessoal militar ou população civil, respectivamente. Complicações de assistência médica e cirúrgica (Y40-Y84) Grupos: • Efeitos adversos de drogas, medicamentos e substâncias biológicas usadas com finalidade terapêutica (Y40-Y59): as categorias e subcategorias especificam a substância causadora do efeito adverso. • Acidentes ocorridos em pacientes durante a prestação de cuidados médicos e cirúrgicos (Y60-Y69). Exemplos de cate- gorias: assepsia insuficiente e erros de dosagem; • Incidentes adversos durante atos diagnósticos ou terapêuticos associados ao uso de dispositivos (aparelhos) médicos (Y70-Y82): inclui quebra ou mau funcionamento de dispositivo médico; • Reação anormal em paciente ou complicação tardia causadas por procedimentos cirúrgicos e outros procedimentos médicos sem menção de acidente ao tempo do procedimento (Y83-Y84): as categorias e subcategorias especificam a intervenção causadora da reação anormal. Sequelas de causas externas de morbidade e mortalidade (Y85-Y89) Inclui categorias e subcategorias de afecções informadas como sequelas ou que ocorrem como efeitos tardios um ano ou mais após o evento inicial. Fatores suplementares relacionados com as causas de morbidade e de mortalidade classificados em outra parte (Y90-98) Pode ser usada de forma suplementar sobre causas de morbidade e de mortalidade – por exemplo, circunstâncias relativas às condições de trabalho; inclui categorias referentes à evidência de alcoolismo, circunstância relativa a condições hospitalares, de trabalho, de poluição ambiente e do modo de vida.Fonte: Adaptado de OMS, 1996.  285

UN1 Causas externas que os acidentes de transporte, ho- neste caso, o coeficiente específico de micídios e suicídios figuram entre as mortalidade (CME) por causas externas. cinco principais causas de mortes prema- Para o seu cálculo considera-se, no nu- turas (FRAADE-BLANAR; CONCHA- merador, o número de óbitos por causas -EASTMAN; BAKER, 2007). externas segundo o local de residência e ano, e no denominador a população Perda de anos de vida > Anos poten- residente ajustada ao meio do ano, mul- ciais de vida perdidos (APVP) é um tiplicado por uma constante, que pode ser 1.000, 10.000 ou 100.000, gerando  indicador de saúde que traduz o nú- um coeficiente por 1.000, 10.000 ou 100 mero de anos que uma pessoa, morta mil habitantes. A fonte de dados para o prematuramente, poderia ter vivido. numerador é o Sistema de Informações Tem o objetivo de comparar a impor- sobre Mortalidade (SIM), e, do denomi- tância relativa das diferentes causas nador, as estimativas e projeções da po- de morte para uma dada população. pulação residente realizadas pelo Insti- tuto Brasileiro de Geografia e Estatística Diante deste preocupante cenário, explo- (IBGE). raremos detalhadamente indicadores de morbimortalidade por causas externas. O uso do CME permite: Acompanhe. 1.2.1 Mortalidade por causas • estimar o risco de morte por causas externas externas, dimensionando sua magni- tude como problema de saúde pública; Um dos indicadores amplamente utiliza- dos na saúde é o coeficiente (ou taxa) • refletir aspectos culturais e de desen- de mortalidade específico por causas – volvimento socioeconômico; Coeficiente Específico Números de óbitos por constante (1.000, de Mortalidade por causas externas segundo o 10.000 ou 100.000) Causas Externas (por mil,10 mil ou 100 mil local de residência e ano habitantes) População residente ajustada ao meio do ano, do mesmo local286 

Morbimortalidade por causas externas na saúde do homem• ajuda a identificar os fatores de risco imprecisões na declaração da intenciona- específicos para cada tipo de aciden- lidade da ocorrência (homicídio, suicídio te ou violência; ou acidente), as quais condicionam o au- mento da proporção de causas externas• expressar as condições da assistên- de intenção não determinada, compro- cia médica prestada e a qualidade do metendo a qualidade do indicador. registro das ocorrências. No Brasil, em 2013, dados do SIM emEsse coeficiente, entretanto, apresenta consulta realizada ao DATASUS emalgumas limitações, como a necessidade 22/11/2015 mostram que as causas ex-de correção da subenumeração de óbitos ternas vitimaram aproximadamente 151captados pelo SIM, dadas as diferenças mil pessoas, correspondendo a terceiraregionais de cobertura, especialmente maior causa de morte no país (12,5% donas regiões Norte e Nordeste, onde ge- total de óbitos), ficando atrás somenteralmente há subregistro. Possui restrição das doenças cardiovasculares (28,1%) ede uso sempre que ocorre elevada pro- neoplasias (16,3%). Mais de 80% dessesporção de óbitos sem assistência médica óbitos foram em homens (124 mil emou por causas mal definidas, e apresenta homens e 27 mil em mulheres).Gráfico 1 – Comparativo entre as causas de morte segundo o DATASUSDoençascardiovasculares 30% 28,1% Neoplasias 25% Causas externas 20% 16,3% 15% 12,5% 10% 5% 0%Fonte: Brasil, 2013.  287

UN1 Causas externasEm homens, as causas externas são a Quando se comparam as regiões, exis-segunda causa de óbitos no país, cor- tem grandes diferenças de magnituderespondendo a 18,2% do total de óbitos e tendência. A região Centro-Oeste fi-nesse grupo. Já em mulheres, elas ficam cou bem acima da média nacional du-em sexto lugar, com 5,1% do total de óbi- rante praticamente todo o período, comtos. As causas externas atingem prin- aumento de 7%, atingindo 92,2 por 100cipalmente os jovens, sendo a primeira mil em 2013. O Norte e o Nordeste, quecausa de morte em pessoas de 1 a 39 estavam abaixo da média em 1996, ter-anos de idade, e correspondendo a mais minaram o período bem acima da médiade 70% do total de óbitos entre 15 e 29 nacional, devido ao importante aumen-anos (2013). to de 52% e 65%, respectivamente. No Sudeste houve redução de aproximada-O CME por causas externas, no Brasil, mente 30%, ou seja, de 94,3 para 66,0entre 1996 e 2013, manteve-se entre 75,9 por 100 mil habitantes, e no Sul o coe-e 75,4 óbitos/100 mil habitantes, sendo ficiente se manteve estável. No final doem 2006 o menor resultado (68,7 por 100 período, em 2013, apenas o Sul e Sudes-mil), e em 2012 o maior (78,4 por 100 te apresentaram os valores inferiores àmil), durante a série temporal (Gráfico 2). média nacional.Gráfico 2 – Coeficiente de mortalidade por causas externas para cada 100 mil habitantes,Brasil e grandes regiões, 1996 a 2013100,0 Centro-Oeste 90,0 Nordeste 80,0 70,0 Norte 60,0 Brasil 50,0 Sul 40,0 Sudeste 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Fonte: Brasil, 2013; IBGE, 2013.288 

Morbimortalidade por causas externas na saúde do homemA diferença de mortalidade entre homens e mulheres é bastante relevante. Analise oinfográfico a seguir.É possível constatar que o risco de morrer por causas externas é muito Risco de morrer por causas externasmaior para os homens do que para as mulheres. Em 2013, foram 125,5 (para cada 100 mil mulheres/homens)óbitos para cada 100 mil homens, 4,8 vezes mais que no sexo feminino(26,4 óbitos para cada 100 mil mulheres). Essa diferença se mantem ao 26,4longo do tempo. Quando analisamos o CME por causas externas segundo 125,5faixas etárias, notamos que, em homens, a faixa etária de maior risco é ade 80 anos ou mais, com 364,1 óbitos para cada 100 mil homens em 0 30 60 90 120 1502013, em seguida a de 20 a 29 anos, com 197,9 óbitos por 100 mil. Asfaixas etárias de menor risco são as de 5 a 9 anos e 10 a 14. Em mulhe-res, o padrão é bem diferente, com maior risco para a faixa etária de 80anos ou mais, seguido pela faixa de 70 a 79 anos e risco decrescenteconforme diminui a idade.400,0350,0300,0250,0 Coeficiente de mortalidade por causas200,0 externas segundo faixas etárias no sexo masculino, para cada 100 mil habitantes.150,0100,0 50,0 0,019961997199819992000 20012002200320042005200620072008200920102011 2012 2013 Coeficiente de mortalidade por causas 400,0externas segundo faixas etárias no sexo 350,0feminino, para cada 100 mil habitantes. 300,0 250,0 0a4 40 a 49 200,0 5a9 50 a 59 150,0 10 a 14 60 a 69 100,0 15 a 19 70 a 79 20 a 29 80 + 50,0 30 a 39 0,0 1996 199920002001200220032004200520062007200820092010201120122013 1997 1998Fonte: Brasil, 1996 a 2013.  289

UN1 Causas externasComparando-se o CME por idade em ho- enquanto a Sudeste apresenta o menor,mens e mulheres, há diferenças impor- seguida da região Sul. Concluímos tam-tantes: enquanto nas mulheres o CME bém que o risco de morte por causas ex-vai aumentando suavemente conforme ternas é maior entre os homens: nestes,aumenta a idade, até a idade mais avan- enquanto se verifica um pico na faixaçada (80 ou mais), em homens existe um etária de 20 a 29 anos, entre as mulhe-pico na faixa etária de 20 a 29 anos, na res o índice aumenta conforme a idade.qual o risco de morrer por causas exter-nas, em homens, é quase 10 vezes maior Devido à gravidade das lesões, grande(197,9 por 100 mil homens) do que em parte das vítimas de acidentes e violên-mulheres (21,4 por 100 mil mulheres) cias procura as unidades de assistênciaem 2013 (Gráfico 3). à saúde em busca de atendimento am- bulatorial, internação hospitalar ou rea-A partir dos dados expostos, percebe-se bilitação. Além do impacto no perfil deo grande impacto dos óbitos sobre a po- mortalidade, as causas externas repre-pulação brasileira, e quando analisado sentam um importante desafio para opor sexo, encontra-se um perfil diferente padrão de morbidade da população, hajade mortalidade. Observamos que nos úl- vista o elevado número de internações etimos anos a região Centro-Oeste apre- a ocorrência de sequelas físicas e psico-senta o maior CME por causas externas, lógicas, temporárias ou permanentes.Gráfico 3 – Coeficiente de mortalidade por causas externas segundo faixas etárias no sexo masculino efeminino, para cada 100 mil habitantes 400 Masculino 350 Feminino 300 250 200 150 100 50 00a4 5a9 10 a 14 15 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 a 79 80+ Fonte: Brasil, 2013; IBGE, 2013.290 

Morbimortalidade por causas externas na saúde do homem1.2.2 Internação por causas externas as internações hospitalares (MELIONE; MELLO-JORGE, 2008).Em 2014, foram registradas 1.116.137internações hospitalares por causas ex- Importante! Apesar do SIH/SUS estarternas, o que representou 9,9% de todasas internações realizadas nos serviços  restrito ao SUS estima-se que suapróprios e conveniados ao SUS, sendo: cobertura atinja de 70 a 80% das in- ternações hospitalares no Brasil, com 4ª causa de internações variações entre as macrorregiões e no SUS estados, dada a população com pla- nos de saúde privados (MELIONE; Causas MELLO-JORGE, 2008). externas Um estudo de séries temporais sobre 1ª causa de internações internações em hospitais públicos, uti- em homens com lizando dados do SIH/SUS, no período 781.260 (16,8% do de 2002 a 2011, observou o registro de total de internações 6.515.009 internações por causas ex- em homens) ternas no Brasil. Nesse período, houve aumento de 37,3% de internações por 8ª causa em mulheres causas desta natureza, passando de com 334.877 (5,0% do 708.829 em 2002, para 973.015 em 2011 total de internações em (MASCARENHAS, BARROS, 2015). mulheres) No Brasil, o coeficiente de internaçãoA análise das hospitalizações por cau- hospitalar por causas externas apre-sas externas, assim como as análises sentou um padrão crescente: aumentoudos outros dados gerados pelo DATA- de 406,9/100 mil habitantes, em 2002,SUS, está em constante aprimoramento. para 509,4/100 mil habitantes em 2014,Embora o Sistema de Informações Hos- um incremento anual de 10,7 interna-pitalares do SUS (SIH/SUS) esteja restri- ções/100 mil habitantes/ano.to às internações hospitalares que sãofinanciadas pelo próprio sistema, este Coeficiente de internação hospitalarfornece dados que extrapolam o âmbi- por causas externas > Este coeficien-to financeiro e possibilitam conhecer te se refere ao número de casos de in-o comportamento epidemiológico dasdoenças e procedimentos que motivam  ternações hospitalares registradas no SUS, por causas externas (SIH/SUS), por uma constante (utilizamos por 100 mil habitantes), na população re- sidente em determinado espaço geo- gráfico (IBGE), no ano considerado.  291

UN1 Causas externas O aumento foi bem mais acentuado da exposição aos fatores de risco, tais nos homens (15,2 internações/100 mil como uso de motocicleta, por exemplo. homens/ano) do que nas mulheres (6,4 internações/100 mil mulheres/ano). O Com relação ao grupo etário destaca- sexo masculino foi o grupo com maior -se, nas mulheres, o maior coeficiente coeficiente de internação hospitalar em entre as idosas (60 anos ou mais), com 2014 (721,0 internações/100 mil ho- tendência de aumento no período entre mens). Em suma: o risco de os homens 2002 e 2014. Em seguida aparece o gru- se internarem por causas externas é po das mulheres adultas entre 30 e 59 aproximadamente 2,4 vezes maior do anos, sendo que o risco diminui confor- que para as mulheres. me diminui a idade (Gráfico 4a). Com relação às grandes regiões do Já para os homens, notamos que o pa- país, houve um padrão crescente no drão é completamente diferente. A faixa coeficiente de internação hospitalar etária de maior risco para internações em todas elas, sendo as maiores va- por causas externas é a de jovens de 20 riações médias anuais no Sul (19,3 in- a 29 anos, com tendência de aumento ternações/100 mil habitantes/ano) e no período entre 2002 e 2014, chegando Centro-Oeste (16,5 internações/100 mil a atingir o valor de 1011,8 internações habitantes/ano). Nas demais regiões, o por 100 mil homens jovens em 2014. Em incremento médio variou de 10,9 inter- segundo lugar vem a faixa etária dos ido- nações/100 mil habitantes/ano no Su- sos, também com tendência de aumento deste a 13,0 internações/100 mil habi- no período, e, em terceiro lugar, também tantes/ano na região Norte. aumentando, a faixa etária dos adultos entre 30 e 59 anos (Gráfico 4b). Esse aumento do coeficiente de inter- nação hospitalar segundo macrorregião Para os subtipos de causas, no período exige uma avaliação cautelosa, uma vez de 2002 a 2014 houve um padrão cres- que pode ser consequência de diferentes cente, para ambos os sexos, no coefi- fatores, tais como melhorias na qualida- ciente de internação por quedas e por de do preenchimento da AIH, por meio de acidentes de transporte (especialmente informações mais fidedignas da causa acidentes de moto) no Brasil. O coefi- que levou à internação, ou em decorrên- ciente de internações por agressões cia da oferta de serviços de saúde para ficou estável e o coeficiente de interna- o atendimento às vítimas desses agra- ções por tentativas de suicídio diminuiu vos, podendo ainda tratar-se do aumento (Gráfico 5).292 

Morbimortalidade por causas externas na saúde do homemGráfico 4 – Coeficientes de internações hospitalares pelo SUS segundo faixas etárias, (a) sexo femininoe (b) masculino, por 100 mil mulheres/homens 900,0 A 800,0 700,0 600,0 500,0 400,0 300,0 200,0 100,0 0,02002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 B 1200,0 1000,00a9 800,010 a 19 600,020 a 29 400,030 a 59 200,060 + 0,0 2002 2013 2014 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012Fonte: Brasil, 2014; IBGE, 2014.Quando analisados os subtipos de cau- com 40,2% do total, seguidas pelos atro-sas externas por faixa etária, em cada pelamentos (acidentes de transportesexo, notamos importantes variações nos quais a criança era pedestre) (4,2%).nas causas que levaram à internação Em adolescentes (10 a 19 anos) do sexohospitalar. Para o sexo masculino, no masculino as quedas continuam em pri-ano de 2014, entre crianças (0 a 9 anos) meiro lugar, com 32,6%, porém, aumen-predominam as internações por quedas, tam os acidentes de transporte como  293

UN1 Causas externas Gráfico 5 – Coeficientes de internações hospitalares pelo SUS segundo subtipos de causas externas, por 100 mil habitantes 250,0 Quedas 200,0 150,0 Acidentes com transporte 100,0 Acidentes com motocicletas Agressões 50,0 Suicídios 0,0 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Fonte: Brasil, 2014; IBGE, 2014. motociclista (10,2%) e das agressões Figura 2 – Aumento das internações causadas por (6,4%). Em jovens de 20 a 29 anos a va- acidentes de motocicletas riação das causas de internação fica em 16,1% envolvendo motos, 25,8% envol- Fonte: Fotolia, 2016. vendo quedas e 8,3% envolvendo agres- sões. Em adultos de 30 a 59 anos os acidentes com moto diminuem um pou- co, porém estes ainda são responsáveis por 10,4%. Há o aumento do peso rela- tivo das quedas (31,3%), e permanece o caso das agressões (5,6%). Em idosos, a maior parte das internações é devido às quedas (41,1%), aumentando novamen- te o peso relativo dos atropelamentos (acidentes de transporte com o idoso como pedestre) (4,1%).294 

Morbimortalidade por causas externas na saúde do homemEm mulheres, no ano de 2014, também O aumento da internação por causasexistem variações nos subtipos de cau- externas para o conjunto da populaçãosas externas que levaram à internação brasileira usuária dos serviços públicoshospitalar. Assim como nos meninos, de saúde era esperado, em decorrên-nas meninas de 0 a 9 anos predominam cia do padrão de aumento, nos últimosas quedas com 38,2% do total, seguidas anos, da frota de veículos, especialmen-pelos atropelamentos com 4,0%. Em te motocicletas (OMS, 2010). Esses sãoadolescentes (10 a 19 anos) as que- alguns dos fatores que contribuem paradas continuam em primeiro lugar, com o aumento, mas na próxima unidade va-29,2%, porém aumentam os episódios mos discutir outros elementos tambémdos acidentes de transporte com moto- importantes.cicletas (8,6%) e atropelamentos (4,4%).Em jovens de 20 a 29 anos cresce mais Em conclusão aos indicadores traba-ainda a atenção sobre os acidentes com lhados nessa unidade gostaríamos demoto, responsáveis por 11,7% das inter- destacar que, para a compreensão donações nesse grupo, assim como que- padrão de internação hospitalar, é ne-das (27,3%) e agressões (4,6%). Em mu- cessária também a avaliação dos coefi-lheres adultas de 30 a 59 anos diminui cientes de mortalidade. Lembre-se quebastante o peso relativo dos acidentes apenas uma fração dos casos letais re-com moto, que caem para 5,7%; aumen- presentam as vítimas de lesões, por issota o peso relativo das quedas (36,1%) e avaliar esses dois indicadores em con-diminui a ocorrência de internação por junto é fundamental.agressões (2,7%). Em idosas, a maiorparte das internações é devido às que- 1.2.3 Impacto da morbimortalidadedas (54,1%) e aumenta novamente o por causas externaspeso relativo dos atropelamentos (3,2%). Grande proporção dos que sobrevivem Importante! Nesse contexto, con- às lesões decorrentes de causas exter- clui-se, então, que a tendência de nas sofre com deficiências temporá- internações por causas externas no rias ou permanentes, causando, muitas vezes, perda da capacidade laborativa Brasil é crescente. Apesar de repre- e da qualidade de vida. Por isso, é pre- sentarem a quarta causa de interna- ciso lembrar que as causas externas ção no Brasil, entre os homens apa- têm grande impacto na economia e nas rece como a primeira, com destaque condições de saúde da população: seus para os jovens entre 20 e 29 anos, efeitos vão além do sofrimento indivi- enquanto no sexo feminino ocupa a oitava posição e ocorre predominan- temente entre os idosos.  295

UN1 Causas externas dual e coletivo, já que incidem na cultura sar da menor proporção de internações e no modo de viver das pessoas. e menor tempo médio de permanência (MELIONE; MELLO-JORGE, 2008). As causas externas também têm de- terminado um importante impacto, até O Instituto de Pesquisa Econômica Apli- mesmo sobre a esperança de vida ao cada (IPEA), entre os anos de 2001 e nascer do brasileiro. Ela apresenta con- 2003, estimou no Brasil perdas anuais de sequências econômicas, emocionais R$ 5,3 bilhões com acidentes de trânsito e sociais, que se traduzem em dias de em aglomerações urbanas. Em 2006, es- ausência no trabalho, custos para o sis- timou em R$ 24,6 bilhões. Esses gastos tema de saúde, demanda aos serviços se dão principalmente com cuidados em sociais, perda de vida produtiva por mor- saúde, perda de produção, morte das te. Além disso, acarreta danos mentais pessoas ou interrupção de suas ativida- e emocionais, muitas vezes invisíveis des, seguido dos custos associados aos e imensuráveis, tanto para as vítimas veículos (BRASIL, 2007). quanto para as famílias. Apesar de esses valores serem represen- Esperança de vida ao nascer > A espe- tativos, muitos outros impactos não es- tão inclusos nessa quantificação. E com  rança ou expectativa de vida ao nas- esse cenário, cabe destacar, os agravos cer é um dos indicadores de especial que estamos discutindo são passíveis interesse, associado às condições de de prevenção. saúde, acesso aos serviços de sanea- mento e às políticas educacionais. Observa-se o grande prejuízo, e, apesar 1.3 Análise comparativa entre os de importante, é difícil calcular o impac- impactos específicos para to exato de todos os tipos de causas ex- homens e mulheres ternas sobre os sistemas de saúde ou os seus efeitos sobre a produtividade O sexo masculino é responsável por mais econômica em todo o mundo. Dados da de 80% dos óbitos por causas externas OMS (2013) indicam que os acidentes no Brasil. Nesse panorama, segundo da- de trânsito já representam um custo glo- dos de 2013, destacam-se os óbitos por bal de US$ 518 bilhões/ano. No Brasil, agressões e acidentes de transporte, que as causas externas correspondem a um corresponderam a 41% e 28% do total de maior gasto médio e custo-dia de inter- óbitos por causas externas na popula- nação do que as causas naturais, ape- ção masculina, respectivamente. Já no sexo feminino, os óbitos por acidentes296 

Morbimortalidade por causas externas na saúde do homemde transporte e outras causas externas Importante! A identificação desse per-de traumatismos acidentais correspon- fil masculino e jovem para as agres-deram a 29% e 32% do total, respectiva- sões é fundamental para o planeja-mente, seguidos por agressões, em 18%(BRASIL, 2013).  mento das equipes de saúde. Contudo, lembre-se de que, para cada ação es-De maneira geral, os fatores externos de tratégica, deve-se analisar o perfil queóbitos, como os homicídios, são fenôme- compõe as pessoas mais vulneráveis.nos tipicamente masculinos, e também Por exemplo, as ações que visam oestão relacionados com a juventude. Ou combate à violência sexual precisamseja, homens e jovens estão mais expos- conhecer o perfil das pessoas sobtos à violência. Esse perfil demonstra maior risco, neste caso as mulheres.maior vulnerabilidade do sexo masculinopara esses tipos de agravos, em decor- A morte prematura é uma das conse-rência de comportamentos e atividades quências das causas externas, discuti-que os mesmos assumem socialmente, da no panorama de morbimortalidade.e que os colocam em maior risco. Além desta, destacamos as consequên- cias psicofísicas e socioeconômicas dosGráfico 6 – Impacto da mortalidade nos eventos, uma vez que as vidas perdidashomens, 2013 são de jovens em plena fase produtiva, contribuindo com a estrutura financeira Acidentes com transporte: 29% da família. Outro impacto negativo está Outros acidentes: 32% sobre a esperança de vida dos homens brasileiros, e dentre estes os negros. 20% Para este grupo, homens negros, o prin- cipal componente causador da perda de Óbito feminino expectativa de vida são os homicídios, predominantemente nas regiões Nordes- 80% te, Norte e Centro-Oeste. Já entre os não negros, a maior causa de letalidade são Óbito masculino os acidentes de trânsito (IPEA, 2013). Agressões: 41% Acidentes com transporte: 28% Esperança de vida > Na populaçãoFonte: Do autor, 2016.  brasileira, a média da expectativa, em 2013, foi de 73,9 anos, sendo 70,2 anos para os homens, e 77,6 anos para as mulheres.  297

UN1 Causas externas No grupo infanto-juvenil (0 a 24 anos de ao saneamento básico, dentre outros idade), as causas externas ocupam as aspectos. Para as causas externas, o primeiras colocações como causa de cenário da mortalidade está intimamen- mortalidade. Para as crianças, o pano- te associado às características da vio- rama pode ter relação com a imaturida- lência de cada região. Em 2003, o CME de, curiosidade e intenso crescimento e por causas externas nas capitais brasi- desenvolvimento. No adolescente, pode leiras variou de 53,8 a 120,1 por 100 mil estar associado à exposição a drogas, habitantes. Entre todas as capitais, sete marginalidade, entre outros eventos delas apresentaram CME maiores que negativos. De maneira geral, enquanto 90/100 mil habitantes, como Porto Ve- na infância o ambiente doméstico é o lho, Boa Vista, Macapá, Recife, Vitória, principal local onde são gerados esses Rio de Janeiro e Cuiabá. agravos, na adolescência o espaço ex- tradomiciliar tem prioridade no perfil epi- Dada a frequência com que ocorrem e demiológico das causas externas. por serem os adolescentes e adultos jovens os grupos mais atingidos, as Figura 3 – Exposição de drogas e alcool causas externas são as maiores res- na adolescência ponsáveis pelos anos potenciais de vida perdidos (APVP). Para as causas exter- nas, o sexo masculino responde por cer- ca de 45% dos APVP, o que corresponde a quase três vezes os APVP por doen- ças do aparelho cardiovascular. Fonte: Fotolia. A população feminina, conforme mos- trado anteriormente, e pessoas mais O Brasil tem uma dinâmica de mortali- velhas estão consideravelmente menos dade bastante heterogênea e suas ca- expostas às influências das violências racterísticas regionais geram diferenças urbanas. O comportamento social que em relação ao desenvolvimento econô- as caracteriza as exime das causas de mico, ao acesso à saúde, à educação, morte violenta. Dessa forma, diferente do sexo masculino, as causas externas não têm tanta influência na esperança de vida desse grupo. O ganho na espe- rança de vida das mulheres ocorre inde- pendentemente da idade.298 

Morbimortalidade por causas externas na saúde do homemApesar de o panorama mostrar elevado Com relação às internações, o BrasilCME por causas externas do sexo mas- apresenta uma tendência crescenteculino, quando avaliado de maneira es- pelas causas externas, tanto no sexopecífica, para o sexo feminino temos um masculino quanto feminino. Destacam-grave problema de saúde pública. As mu- -se predominantemente as internaçõeslheres são as principais pessoas em si- por quedas e acidentes de transporte.tuação de violência doméstica e sexual. Da mesma forma, abordamos o impac-A subnotificação desse tipo de violência to desses dados sobre a economia dopara os homens dificulta a compreensão país, e principalmente sobre as famíliasreal da magnitude do problema. Para as brasileiras. Aproveite os indicadores dis-mulheres representa muitos problemas cutidos no módulo para investigar essede saúde, custos significativamente al- panorama de morbimortalidade por cau-tos de tratamento e consultas frequentes sas externas em seu território de atua-aos atendimentos durante toda a vida. ção, município ou estado.Um outro olhar, fundamental para esse 1.4 Recomendação de leituracontexto, está sobre o impacto da perdaou internação de um familiar ou amigo complementardevido a circunstâncias violentas, e a li-teratura mostra que isso frequentemente BRASIL. Ministério da Saúde. Secre-acarreta no desenvolvimento de transtor- taria de Vigilância em Saúde. Depar-nos psicológicos transitórios ou de longa tamento de Análise de Situação deevolução dos membros envolvidos. Esti- Saúde. Política nacional de reduçãoma-se que aproximadamente três pes- da morbimortalidade por acidentessoas são afetadas diretamente por cadaevento que leva alguém conhecido a óbito  e violências: Portaria MS/GM no 737ou internação, o que no contexto da saú- de 16/05/2001, publicada no DOUde vem gradativamente se constituindo no 96 seção 1E de 18/05/2001. 2.como uma demanda para a rede pública. ed. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2005. Série E. Legislação de Saúde. Disponível em: <http://bvs ms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ politica_reducao_morbimortalidade_ acidentes_2ed.pdf>.Nesta unidade, observamos a importân-cia epidemiológica das causas externasna população brasileira, que correspon-dem a terceira maior causa de morte nopaís, sendo a primeira entre a faixa etáriade 10 a 39 anos.  299


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