UN2 Aspectos epidemiológicos na saúde mental masculina álcool, o sexo masculino apresenta por- No que se refere aos comportamentos centagem três vezes maior do que a do de risco após a ingesta de bebidas al- feminino no total (19,5% e 6,9%) e espe- coólicas, os homens também saem na cificamente acima dos 24 anos (23,2% e frente, com 27,3%, ficando as mulheres 7,7%). Isso significa que de cada quatro com 7,1%. pessoas do sexo masculino que fazem uso na vida de álcool, uma delas torna-se É importante apontar que em comparação dependente. A proporção para o sexo fe- a 2010, a quantidade de homens que apre- minino foi de 10:1 (CARLINI et al., 2007). sentavam esse comportamento diminuiu 6,4% (LENAD, 2013). Carlini et al. (2007) Estudo de Borini et al. (1994) sobre o uso mostram também que 12,2% dos homens de álcool entre os estudantes de medi- entrevistados se expuseram a riscos físi- cina de duas faculdades apontou que cos associados ao beber (por exemplo: 11,8% dos estudantes do sexo masculi- dirigir, usar máquinas, nadar), sendo que no e 1,3% do feminino foram classifica- nas mulheres ocorreu com 3,7%. dos como bebedores-problema, e 4,2% do sexo masculino e 0,8% do feminino Outro apontamento relevante com rela- como sendo dependentes do álcool. ção ao uso de álcool é que quase dois terços dos homens jovens que fazem Importante! O I Levantamento Nacio- consumo abusivo de álcool já se envol- nal sobre o Uso de Álcool, Tabaco e veram em briga com agressão física no último ano (LENAD, 2013). Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras, em 2010, Nesse sentido, o álcool ou a sua asso- também apontou que o álcool é a dro- ciação com outras drogas pode frequen- ga mais consumida entre os jovens temente representar um fator gerador universitários, com alta prevalência de violência. Dessa forma, esse risco de uso entre os estudantes do sexo masculino (BRASIL, 2010). Quadro 4 – Consumo de álcool entre homens e mulheres De acordo com o Levantamento 62% dos homens entrevistados e 39% das mulheres afir- Nacional de Álcool e Drogas reali- maram ter consumido álcool no último ano. zado no ano de 2012 Destes, 66% dos homens e 49% das mulheres destacaram o beber em binge (ingestão de quatro a cinco doses de álcool no período de duas horas). Fonte: Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (2012)400
Atenção à saúde mental do homemda associação do álcool com a violên- sexual desprotegido (BONOMO et al., 2001;cia ocorre para além dos consumidores KIRKCALDY et al., 2006; MACK; FRANCES,regulares de álcool, mas também entre 2003; PECHANSKY et al., 2004).os moderados ou eventuais (RABELLO;CALDAS JUNIOR, 2007). Importante! Nos homens, as áreas ce- rebrais mais afetadas pelo consumoDentre as mulheres que sofrem violência do álcool são as corticais, principal-e procuram ajuda, o uso de álcool pelo mente as pré-frontais, responsáveisparceiro está presente em 70% dos casos,verificando-se também associação direta pelo raciocínio, julgamento de valorentre o uso dessa substância e agressão e pela resolução de problemas, o queaos filhos (ADEODATO et al., 2005). pode resultar em aumento da impulsi- vidade e da agressividade. Esse é umA pesquisa nacional realizada por Galdu- importante aspecto para compreenderroz et al. (2009) constatou que em 49,8% os índices de criminalidade aumen-dos casos de violência dentro de casa o tados bem como comportamentosautor havia consumido bebida alcoólica. de risco e prática violentas entre osVerifica-se, então, que dentre as substân- homens usuários de álcool (NOLEN-cias psicoativas, o álcool é a mais preju- HOEKSEMA; HILT, 2006).dicial para o funcionamento familiar. Diante disso, ainda é relevante apontarEm 2004, outra pesquisa com 3872 ado- que as bebidas alcoólicas influenciam,lescentes de ambos os sexos mostrou além dos casos de violências, no aumen-que aqueles que tinham consumido ál- to da criminalidade, vandalismo e outrascool mais de vinte vezes na vida tinham situações de alto custo social.duas vezes maior probabilidade de tercomportamentos violentos em compa- Outro dado relevante envolvendo diferen-ração aos que nunca tinham feito uso da ças entre homens e mulheres é em relaçãosubstância, o que demonstra o impacto ao tratamento do uso abusivo de álcool.do uso dessa droga no desenvolvimento Alguns estudos apontam que as mulheresde ações violentas também nos jovens são capazes de se recuperar mais pron-(GUDLAUGSDOTTIR et al., 2004). tamente dos efeitos nocivos dessa subs- tância em comparação com os homens, respondendo melhor ao tratamento (AL- MEIDA; PASA; SCHEFFER, 2008).Nessa faixa etária, observam-se compor- Nos primeiros trinta dias de tratamento,tamentos de risco associados mais fre- 76% das mulheres e 54,2% dos homensquentemente no sexo masculino, como mantiveram-se abstêmios, demonstran-tentativas de suicídio e comportamento do claramente essa distinção entre os 401
UN2 Aspectos epidemiológicos na saúde mental masculina sexos (SATRE et al., 2007). Também 2.5 Suicídio em homens com relação à resposta ao tratamento, após 28 dias de abstinência, as altera- As inúmeras ocorrências de suicídios ções cerebrais nos homens foram de que acontecem em todo o mundo são 68%, enquanto que as mulheres apresen- um problema de saúde pública, resultan- taram 20%, sendo, assim, mais responsi- do em um enorme dispêndio econômico, vas (PALLAVICINI et al., 2002). social e psicológico para os indivíduos, famílias, comunidades e países. Sua No Brasil, cerca de metade dos casos prevalência, características e métodos de violência de gênero estão associa- variam amplamente entre as diferentes dos ao uso de álcool (CEBRID, 2009). comunidades, grupos demográficos e ao Como isso aparece na unidade de longo do tempo (OMS, 2014). saúde onde você atua? Estima-se que mais de 800 mil pessoas Um levantamento domiciliar mostrou morrem por suicídio todos os anos, sen- que em 52% dos casos o agressor do do esta a segunda principal causa de sexo masculino estava sob efeito de morte em jovens entre 15 e 29 anos. Em bebidas alcoólicas e 10% envolvem o 2012 houve cerca 804 mil suicídios em uso de outras substâncias psicoativas todo o mundo, sendo responsável por (NOTO et al., 2004). 1,4% das mortes e tornando-se o 15º lu- gar em causas de mortes (OMS, 2014). Diante desses principais dados relacio- Em países de alta renda, a proporção nados a diferenças entre gênero fica de mortes por suicídio é 1,7% maior do evidenciada a importância que existe na que em países de baixa e média renda, compreensão desses fatores para po- já que nesses últimos ocorre maior nú- dermos atuar junto a população mascu- mero de mortes por doenças infeccio- lina que ainda é a mais vulnerável no que sas e outras causas. Com exceção dos tange ao uso de álcool e outras drogas. países periféricos na região do Pacífico Ocidental, em todas as outras regiões Conheça mais pesquisas realiza- do mundo há uma proporção maior de mortes por suicídio em homens do que das no Brasil sobre o uso de álcool em mulheres (OMS, 2014). e outras Drogas. Acesse o site do Centro Brasileiro de Informações so- Essa proporção também varia signifi- bre Drogas Psicotrópicas (CEBRID). cativamente com a idade. Em termos Disponível em: <http://www.cebrid. globais, entre os jovens de 15 a 29 anos epm.br>.402
Atenção à saúde mental do homemde idade, o suicídio corresponde a 8,5% uma maneira de discutir, estudar e avaliarde todas as mortes, sendo classificado sua importância como um problema decomo a segunda principal causa de mor- impacto na saúde pública (OMS, 2014).te, atrás apenas dos acidentes de trânsi-to. Já entre adultos entre 30 e 49 anos, Figura 15 – O suicídio corresponde a 8,5% deresponde por 4,1%, constituindo a quinta todas as mortes entre jovens de 15 a 29 anos deprincipal causa de morte (OMS, 2014). idade.Em países de alta e baixa renda da região Fonte: FotoliaSudeste da Ásia, o suicídio corresponderespectivamente a 17,6% e 16,6% de to- Embora o suicídio seja um fenômeno dedas as mortes entre os jovens com ida- múltiplos fatores causais, é evidente quede entre 15 e 29 anos, sendo a principal as fragilidades ligadas a gênero mostram-causa de morte para ambos os sexos. -se como fatores explicativos relevantes,Ao fazermos a distinção entre a popu- bem como as questões referentes a di-lação masculina e feminina, nos países ferenças nos métodos socialmente acei-mais ricos o suicídio está presente três táveis de lidar com o estresse e conflito.vezes mais em homens do que em mu- Outro dado relevante é a disponibilidadelheres. Já em países onde se apresenta e preferência de diferentes modos de sui-uma baixa e média renda esta relação cídio, tais como padrões de consumo dediminui um pouco, com 1,5 homem para álcool, diferentes taxas de transtornoscada mulher (OMS, 2014). mentais e também as diferenças entre gêneros na procura de cuidados em saú-Esse cenário mostra que o suicídio éresponsável por 56% de todas as mor-tes violentas, sendo 50% entre homens e71% nas mulheres.Já em países com alta renda, correspon-de a 81% das mortes violentas em ambosos sexos, enquanto que em países de mé-dia e baixa renda são responsáveis por44% dessas mortes em homens e 70%em mulheres. É inegável verificar que acontribuição relativa do suicídio para asmortes intencionais ou violentas (violên-cia interpessoal, conflitos armados) é 403
UN2 Aspectos epidemiológicos na saúde mental masculina de. Assim, a importância desses diferen- Por esse motivo, Etzersdorfer et al. tes motivos em sua relação com o suicí- (1996) consideram que as mudanças na dio varia muito de acordo com o país e vida diária, nos papéis e na condição so- também com a região (OMS, 2014). cioeconômica teriam aumentado o risco de suicídio entre os jovens do sexo mas- Em geral, há uma associação de ocorrên- culino em comparação ao sexo femini- cia de suicídio com situações de perda, no. Isso porque na contemporaneidade frustração e sofrimento emocional, ha- o papel de provedor e responsável pela vendo um comprometimento frequente família vem começando a ser dividido na saúde mental e problemas de relacio- com as mulheres, o que pode acarre- namento familiar ou econômicos (CAS- tar uma dificuldade dos homens em se SORLA; SMEKE, 1994). Lewis e Sloggett adaptarem a essa nova configuração. (1998), em estudo sobre a população masculina inglesa, destacaram o de- No que se refere ao Brasil, estima-se que semprego como a variável associada de 5% da população já tentou tirar a própria forma mais importante ao suicídio nos vida e 24% destes relataram que esse homens, além da existência de doença episódio estava relacionado com o uso crônica, presença de alguma incapacida- de álcool, sendo que, de cada 10 tenta- de e aposentadoria (OMS, 2014). tivas de suicídio, duas estavam ligadas ao consumo dessa substância (LENAD, Na Austrália, Morrell et al. (1993) obser- 2013). Esse dado reforça a constatação varam que entre 1907 e 1990, as curvas de que os transtornos mentais e uso de desemprego correlacionaram-se às abusivo do álcool contribuem significa- curvas de suicídio em homens. Na de- tivamente para a ocorrência de suicídios pressão dos anos 1930, essa correlação em todo o mundo. A identificação pre- ficou ainda mais evidente entre homens coce desses fatores de risco bem como de 40 a 64 anos. uma gestão eficaz são fundamentais para garantir que essas pessoas rece- Importante! Situações de crise eco- bam os cuidados de que necessitam. nômica e desemprego podem repre- De acordo com as estatísticas de mor- sentar o fracasso do homem como tes e agravos por violência no Brasil, os provedor da família, levando a situa- homens de todos os grupos etários são ções estressoras, tais como conflitos as maiores vítimas e os maiores perpe- familiares, aumento do consumo de tradores, estando o suicídio (também substâncias psicoativas e também o chamado de violência autoinflingida) suicídio (OMS, 2014).404
Atenção à saúde mental do homementre uma dessas causas. Na maioria idosos que se suicidaram estavam impli-dos países ocidentais, as taxas de sui- cados questões de honra relacionadascídio entre os homens é de três a cinco à masculinidade, as quais associam-sevezes maior do que em mulheres (MA- a perdas de bens, status e prejuízos nosRÍN-LEON; BARROS, 2003). empreendimentos ou em casos em que sua reputação foi afetada, ou casos deO padrão de masculinidade vigente con- doenças que os deixaram impotentes.tribui para que os homens sejam as prin- Em idosos agricultores, as questões prin-cipais vítimas, autores das diferentes cipais foram quedas de safras, prejuízoexpressões de violência social e, princi- nos negócios e endividamentos. Já entrepalmente, de autoviolência letal. Esse os trabalhadores urbanos, a queda nopadrão da cultura de masculinidade es- poder aquisitivo com a aposentadoria,timula a solução de conflitos sociais e situações de inadimplência financeira,pessoais de forma agressiva, pelo uso medo de empobrecimento e, consequen-de armas de fogo, exposição a riscos e temente, de falhar na função de provedor.autoagressão (MINAYO; MENEGHEL; CA-VALCANTI, 2012). A perda do status con- Figura 16 – Atenção do profissional de saúdeferido pelo trabalho ou emprego aos ho-mens é o fator mais relevante associadoao suicídio, resultando em uma sensaçãode ausência de lugar social e inutilidade.No caso dos homens idosos, o suicídio Fonte: Fotoliaé mais frequente do que nas mulheresdessa mesma faixa etária, principalmen- Fica evidente, então, que a impossibilida-te após a aposentadoria, quando come- de de exercer esse papel de responsávelçam a se sentir sem valor e impossibilita- pela sobrevivência econômica da famíliados de usufruir do descanso. Além disso, pode significar desonra e vergonha aosessa fase coincide com muitas outras homens, principalmente quando passammudanças: perda de poder sobre a famí- a depender de outras pessoas. Tradicio-lia, limitações da saúde, que por vezes os nalmente, a casa é o espaço femininoimpede de exercer plenamente sua auto-nomia, e perda da capacidade sexual.Estudo de Minayo, Meneghel e Cavalcan-ti (2012) aponta que, em grande parte, os 405
UN2 Aspectos epidemiológicos na saúde mental masculina e o trabalho – fora do lar – compete ao tando o acesso a medicamentos, por masculino, sendo um elemento-chave exemplo (OMS, 2014). para compreensão das consequências que podem acarretar a perda desse lu- Este tipo de intervenção oferece uma gar e a vulnerabilidade resultante desta. oportunidade para estes indivíduos refle- tirem sobre o que estão prestes a fazer, Todavia, os suicídios são evitáveis. Para para a crise passar, pois a maioria das que as respostas sejam eficazes é ne- pessoas que se envolvem em comporta- cessária a implantação de uma política mentos suicidas são ambivalentes sobre abrangente, bem como estratégias de o desejo de morrer; alguns atos suicidas prevenção em nível multissetorial, sendo são respostas impulsivas a uma situação incorporadas pelos serviços de atenção psicossocial estressora (OMS, 2014). à saúde como um elemento central. É importante destacar que uma tentati- É importante apontar que a qualidade va de suicídio prévia é o fator de risco dos registros sobre suicídios e tentati- mais importante para sua ocorrência na vas de suicídios baseados em hospitais população em geral, já que as estatísti- e em pesquisas são também muito rele- cas mostram que para cada adulto que vantes para que seja possível implantar morreu por meio do suicídio, há mais 20 uma prevenção eficaz. Em alguns países, indivíduos que realizam tentativas sem o suicídio é ilegal e consideravelmente sucesso a cada ano (OMS, 2014). estigmatizado. Como consequência, há grande dificuldade na obtenção de dados Os métodos mais comuns escolhidos de qualidade sobre essa questão, pois para o suicídio no mundo são a inges- muitos locais sequer chegam a coletar tão de venenos, enforcamento e utiliza- essas informações. Entre 2005 e 2011, ção de armas de fogo. Outros métodos apenas 76 dos 194 estados membros da também são utilizados e muitas vezes OMS apresentaram dados sobre os mé- variam de acordo com as características todos de suicídio no banco de dados de da população. É muito importante o co- mortalidade dessa organização. Estes nhecimento desses métodos já que uma países e suas informações representam estratégia eficaz para a prevenção de cerca de 28% de todos os suicídios glo- suicídios e tentativas é restringir o aces- bais, o que significa que os dados de 72% so a esses métodos de escolha. Isso dos suicídios globais não são claros. se dá limitando o acesso a pesticidas e Como esperado, a cobertura é muito me- armas de fogo, colocando barreiras em lhor para os países de alta renda do que metrôs, pontes e edifícios e regulamen- para os países periféricos (OMS, 2014).406
Atenção à saúde mental do homem2.6 Recomendação de leituras complementaresPara complementar o que você estudounesta unidade, leia: ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS). Preventing Suicide, A Global Imperative, 2014. Disponível em: <http://www.who.int/mental_ health/suicide-prevention/exe_summary_en- glish.pdf?ua=1>. Acesso em: 25 dez. 2015. AMARANTE, P. Novos sujeitos, novos direitos: o debate em torno da reforma psiquiátrica. Ca- dernos de Saúde Pública, v. 11, 1995, p. 491- 494. Disponível em: <http://www.uff.br/sau- demental/RP3.pdf>. Acesso em: 25 dez. 2015. 407
UN3A saúde mental e a Rede deAtenção Psicossocial (RAPS)para a população masculina
Atenção à saúde mental do homemNesta unidade, apresentaremos como Quadro 5 – Diretrizes da RAPSestá estruturada a Rede de Atenção Psi-cossocial (RAPS) com ênfase em suas Diretrizes de funcionamento da RAPSdiretrizes e objetivos, aprofundando oconhecimento sobre os Centro de Aten- Respeito aos direitos humanos, garantindo a autonomiação Psicossocial (CAPS). Além disso, e a liberdade das pessoas.discutiremos a perspectiva de gênero esua inserção nas práticas em saúde. Por Promoção da equidade, reconhecendo os determinantesfim, veremos algumas experiências exi- sociais da saúde.tosas nos CAPS, incluindo, principalmen-te, a população masculina. Combate a estigmas e preconceitos.3.1 A RAPS e a atenção aos homens Garantia do acesso e da qualidade dos serviços, ofer- em sofrimento psíquico tando cuidado integral e assistência multiprofissional, sob a lógica interdisciplinar.De acordo com a Portaria GM/MS nº3.088, de 23 de dezembro de 2011, a Atenção humanizada e centrada nas necessidades dasRede de Atenção Psicossocial, instituída pessoas.no âmbito do Sistema Único de Saúde(SUS), consiste de uma rede de cuida- Diversificação das estratégias de cuidado.dos, cuja finalidade é a criação, amplia-ção e articulação de pontos de atenção Desenvolvimento de atividades no território, que favore-à saúde. O intuito desta rede é assegurar çam a inclusão social com vistas à promoção de auto-às pessoas com sofrimento psíquico ou nomia e ao exercício da cidadania.transtorno mental, e com necessidadesdecorrentes do uso do crack, álcool e Desenvolvimento de estratégias de Redução de Danos.outras drogas, um atendimento integrale humanizado. Participação dos usuários e de seus familiares no con- trole social.Para o funcionamento da RAPS, foramestabelecidas diretrizes, as quais con- Organização dos serviços em Rede de Atenção à Saúde,templam conceitos importantes, confor- com estabelecimento de ações intersetoriais para ga-me segue: rantir a integralidade do cuidado. Promoção de estratégias de educação permanente. Desenvolvimento da lógica do cuidado para pessoas com transtornos mentais e com necessidades decor- rentes do uso de drogas (incluindo álcool, crack e outras drogas), tendo como eixo central a construção do projeto terapêutico singular. Fonte: Brasil (2011). 411
UN3 A saúde mental e a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) para a população masculina Como você entende os conceitos mental, incluindo aquelas com necessi- destacados nas diretrizes da RAPS? dades pelo uso de drogas e seus fami- O trabalho desempenhado cotidiana- liares aos serviços de atenção à saúde, mente pela sua equipe de saúde con- bem como garantir a articulação e inte- templa estes conceitos? gração dos pontos de atenção à saúde que compõem a rede no território, de A RAPS é uma estratégia para imple- modo a qualificar o cuidado por meio do mentar a transformação no modelo de acolhimento, do acompanhamento con- atenção em saúde mental. Assim, apre- tínuo e da atenção às urgências. senta como objetivos ampliar o acesso da população em geral à atenção psicos- No âmbito do SUS, a RAPS está cons- social; promover o acesso às pessoas tituída pelos seguintes componentes com sofrimento psíquico ou transtorno e seus respectivos pontos de atenção (BRASIL, 2011): Quadro 6 –RAPS no SUS RAPS no SUS: componentes e pontos de atenção Atenção Básica em Saúde: Unidade Básica de Saúde, Consultório na Rua, Atenção Residencial de Caráter Transitório e Centros de Convivência. Atenção psicossocial especializada: CAPS nas suas diferentes modalidades. Atenção de urgência e emergência: SAMU 192, Sala de Estabilização, UPA 24 horas, portas hospita- lares de atenção à urgência ou pronto socorro, Unidades Básicas de Saúde. Atenção residencial de caráter transitório: Unidade de Recolhimento, Serviços de Atenção em Re- gime Residencial. Atenção hospitalar: enfermaria especializada em Hospital Geral, Leitos para pessoas com transtor- no mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. Estratégias de desinstitucionalização: Serviços Residenciais Terapêuticos e trabalhos com equipes de desinstitucionalização. Estratégias de reabilitação psicossocial: Geração de trabalho e renda, cooperativas sociais. Fonte: Adaptado de Brasil (2011)412
Atenção à saúde mental do homem Para conhecer mais sobre cada ponto estão organizados em seis modalidades de atenção da RAPS, acesse na íntegra diferentes, classificadas de acordo com a Portaria GM/MS nº 3.088/2011. Dis- o perfil do usuário (adultos, crianças, ponível em: <http://goo.gl/Cb6Ubf>. adolescentes e usuários de álcool e dro- gas), a abrangência populacional e o pe-Os CAPS são os pontos de atenção da ríodo de funcionamento (diurno ou 24h),rede especializados na atenção psicos- conforme quadro a seguir.social. Por isso, é importante saber queQuadro 7 – Os CAPSCAPS I Atende pessoas com sofrimento ou transtornos mentais graves e persistentes, e também com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas de todas as faixas etárias. Está indicado para municípios com população acima de 15.000 habitantes.CAPS II Atende pessoas com sofrimento ou transtornos mentais graves e persistentes, podendo tambémCAPS III atender pessoas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, conformeCAPS AD a organização da rede de saúde local. Está indicado para municípios com população acima de 70.000 habitantes. Atende pessoas com sofrimento ou transtornos mentais graves e persistentes. Proporcio- na serviços de atenção contínua, com funcionamento 24 horas, incluindo feriados e finais de semana, ofertando retaguarda clínica e acolhimento noturno a outros serviços de saúde mental, inclusive CAPS Ad. Está indicado para municípios ou regiões com população acima de 150.000 habitantes. Atende adultos ou crianças e adolescentes (procedimentos devem ser orientados pelo Esta- tuto da Criança e do Adolescente) com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. É um serviço de saúde mental aberto e de caráter comunitário indicado para municípios ou regiões com população acima de 70.000 habitantes.CAPS AD III Atende adultos ou crianças e adolescentes, considerando as normativas do Estatuto da Criança e do Adolescente, com necessidades de cuidados clínicos contínuos. Serviço com no máximo 12 leitos para observação e monitoramento, de funcionamento 24 horas, incluindo feriados e finais de semana. Está indicado para municípios ou regiões com população acima de 150.000 habitantes.CAPS i Atende crianças e adolescentes em sofrimento e transtornos mentais graves e persistentes e os que fazem uso de crack, álcool e outras drogas. Serviço aberto e de caráter comunitário que está indicado para municípios ou regiões com população acima de 70.000 habitantes.Fonte: Adaptado de Amarante (2008) 413
UN3 A saúde mental e a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) para a população masculina Abrangência populacional > A abran- de atenção da Rede, que desenvolva o gência populacional teve seus crité- cuidado por meio do Projeto Terapêutico Individual construído pela equipe, usuá- rios modificados no que se refere à rio e sua família, de modo que todos par- implantação de algumas modalida- ticipem permanentemente e tenham um des de CAPS, conforme a portaria no acompanhamento contínuo do caso. 3.088, republicada em Diário Oficial da União – DOU, no dia 21 de maio de 2013; seção 1; páginas 37 a 39.Os CAPS devem estar constituídos por Os estudos sobre os CAPS vêm demons-uma equipe multiprofissional que priori- trando como está delineada a atençãoza as atividades em espaços coletivos em saúde mental nas diversas regiões dode forma articulada com outros pontos país. As pesquisas possibilitam ampliar o leque de conhecimento sobre os CAPS, Quadro 8 – CAPS: aspectos fundamentais Aspectos fundamentais aos CAPS Propiciar o acolhimento aos sujeitos que estão em crise e as demais pessoas envolvidas (familiares, amigos e outros), de forma que seja construída uma rede de relações entre a equipe e os sujeitos que fazem parte deste contexto. Realizar o trabalho terapêutico direcionado para enriquecer a existência dos sujeitos. Desenvolver suas habilidades em atuar no território, ou seja, desenvolver relações com os diversos recursos presentes na comunidade (associações de bairro, atividades esportivas, entidades comer- ciais). Atuar embasado no princípio da intersetorialidade, ou seja, criar estratégias que tenham interface com os diversos setores sociais, principalmente com os serviços existentes no campo da saúde men- tal (cooperativas, residências de egressos, unidades psiquiátricas em hospitais gerais, entre outros serviços) e da saúde em geral (unidades de saúde, Estratégia de Saúde da Família e hospitais gerais). Organizar a rede de atenção aos sujeitos que passaram um longo período internados em hospitais psiquiátricos ou que estão em situação de vulnerabilidade, que precisam desenvolver autonomia, in- dependência, enfim, necessitam de acompanhamento para realizar as atividades cotidianas e para a reinserção social. Participar ativamente para que as políticas de saúde mental e atenção psicossocial organizem-se de forma que haja cooperação, sincronia de iniciativas e envolvimento dos atores sociais. Fonte: Adaptado de Amarante (2008)414
Atenção à saúde mental do homeme assim aprimorar as práticas na área de se refere à qualidade do atendimento,saúde mental. Para que você saiba como da variedade de ofertas de atividade eestão os trabalhos desenvolvido nos responsabilização pelo cuidado; assimCAPS, apresentamos algumas pesquisas como o processo de trabalho tambémcom abrangências regionais, estaduais e foi considerado satisfatório, flexível emunicipais, descritas a seguir. com equipe multidisciplinar.No Sul do país foi realizada a pesquisa Apresenta-se que existem problemas naCAPSUL – “Avaliação dos CAPS da Re- aquisição e distribuição de medicação;gião Sul do Brasil” (KANTORSKI, 2007), na predomina nestes serviços a liberdadeUniversidade Federal de Pelotas (UFPel), do usuário em decidir se participa oujunto com a Universidade Federal do Rio não das atividades; há dificuldades naGrande do Sul (UFRGS) e a Universidade inserção da família junto às atividades;do Oeste do Paraná (UNIOESTE). e perceberam-se limites relacionados ao conhecimento da gestão sobre o traba-Figura 17 – CAPSUL: Avaliação dos CAPS da Re- lho dos CAPS.gião Sul do Brasil Considerou-se na CAPSUL que os CAPS que estão inseridos em uma rede de saúde mental estão mais reservados das oscilações políticas da região. Nes- te estudo, salientou-se que o CAPS é um serviço estratégico na transformação do modelo assistencial em saúde men- tal e foi sugerido promover iniciativas que fortaleçam a articulação dos CAPS numa rede de cuidados em saúde com maior amplitude.Fonte: Wikimedia Commons No estado de São Paulo, outro estudo foi desenvolvido com o título de “AvaliaçãoOs resultados da pesquisa CAPSUL dos Centros de Atenção Psicossocial domostraram que o desempenho do servi- Estado de São Paulo” (LIMA, 2010), idea-ço é avaliado como satisfatório no que lizado pela Câmara Técnica de Saúde Mental do Conselho Regional de Medici- na (CREMESP). 415
UN3 A saúde mental e a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) para a população masculina Figura 18 – Avaliação dos Centros de Atenção grupo, oficinas terapêuticas, visitas domi- Psicossocial do Estado de São Paulo ciliares, atendimento à família, atividades comunitárias da integração do usuário na comunidade e inserção familiar e social. Fonte: Wikimedia Commons É interessante mencionar que na amos- tra analisada dos 85 CAPS no estado de São Paulo, mediante suas modalidades e abrangência territorial, pode-se afirmar que a gestão é pública, pois 69 dos CAPS pesquisados estavam sob a administra- ção municipal, seis sob a administração estadual, dois geridos por entidades pri- vadas beneficentes, dois por entidades privadas lucrativas e seis sob a adminis- tração do município com parceiros. O estudo se constitui na avaliação das Na cidade de Campinas/SP foi realizada estruturas e processos dos CAPS, toman- a “Pesquisa Avaliativa da Rede de CAPS” do como referência a legislação vigente, (CAMPOS et al., 2008), por professores da principalmente a Portaria/GM nº 336/02 Faculdade de Ciências Medicas da Univer- do Ministério da Saúde. Os resultados da sidade Estadual de Campinas (FCM/Uni- pesquisa apontaram que os CAPS inves- camp), Universidade Federal de São Paulo tigados revelaram não cumprir a função (Unifesp/Santos) e Universidade Federal de regulador da porta de entrada da rede Fluminense (UFF/RJ), em parceria com a assistencial no âmbito do seu território; Secretaria de Saúde do município e os tra- em relação à reabilitação psicossocial, balhadores dos CAPS pesquisados. pouco mais de 40% deles realizavam tra- balho junto à comunidade para reintegra- Este estudo abordou diversos temas re- ção profissional dos usuários. lacionados aos CAPS, tais como atenção à crise, gestão, concepção de CAPS, for- Dessa forma, os CAPS pesquisados, no mação dos trabalhadores e sofrimento geral, ofereciam atendimento individual psíquico, projeto terapêutico individual, às pessoas sob diversas modalidades práticas grupais entre outros. terapêuticas, ou seja: atendimento em416
Atenção à saúde mental do homemA partir dos resultados, foram apresenta- 3.2 Estratégia de intervenção ados “pontos fortes” e “fragilidades” em re- partir da abordagem de gênerolação a cada item pesquisado, assim comopropostas para melhoria dos serviços. Por volta da década de 1970, o conceito de gênero, começa a ter força com o res-Dentre as propostas mencionadas, sa- surgimento dos movimentos feministas,lienta-se a redefinição dos planos cur- ultrapassando a ideia de uma simples di-riculares de profissões da saúde, for- ferenciação de homens e mulheres paramação continuada dos profissionais conceitos mais elaborados.do CAPS, estímulo e reforço a gestãodemocrática e à formação de gestores, Mas os estudos sobre masculinidadeestímulo à pesquisa avaliativa das redes aparecem no processo de construção dade atenção à saúde mental, entre outras. categoria gênero somente no início dos anos 1980. Nesta nova fase, as questõesAs pesquisas apresentadas demons- ligadas ao homem – como indivíduo dotram que existe uma grande preocupa- sexo masculino – passam a ser ques-ção por parte das universidades e outras tões de masculinidades. Daí emerge ainstituições com o trabalho desenvolvi- necessidade de estudos que abordem odo nos CAPS. Este interesse favorece o homem sob a perspectiva das relaçõesdesenvolvimento e aprimoramento da de gênero.qualidade da atenção à saúde mentalem nosso país. Figura 19 – A partir de 1970 a discussão sobre gê- nero se fortalece Saiba mais sobre a necessidade de criar estratégias para fomentar a Fonte: Fotolia transformação na atenção à saúde mental. MARTINHAGO, F.; OLIVEIRA, W. F. A prática profissional nos Cen- tros de Atenção Psicossocial II (CAPS II), na perspectiva dos profissionais de saúde mental de Santa Catarina. Saúde debate, v. 36, n. 95, out./dez. 2012, p. 583-594. Disponível em: <http://www.saudeemdebate.org. br/UserFiles_Padrao/File/RSD%20 v36n95/RSDv36n95_8.pdf>. 417
UN3 A saúde mental e a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) para a população masculina Atualmente, a discussão sobre mascu- Importante! O gênero, como catego- linidades e a posição dos homens nos ria histórica e social, é definido pela diversos contextos socioculturais se ex- “construção social do masculino e fe- pandiu, e os distintos temas abordados minino” (SAFFIOTI, 2004, p.45). apontam o reconhecimento das diferen- tes necessidades do público masculino O conceito de gênero não aponta, obriga- (FIQUEIREDO, 2008). toriamente, desigualdades entre homens e mulheres. No caso da violência de gê- É importante sabermos até que ponto os nero, ela existe na relação não somente significados de gênero povoaram nos- entre homem-mulher, mas também entre sos sistemas de crenças, instituições e dois homens ou duas mulheres. Dessa até mesmo fenômenos independentes. forma, a violência pode ser caracteriza- Em quase todas as culturas as diferen- da como a ruptura de qualquer forma de ças de gênero são uma forma essencial integridade do ser humano, seja física, para os seres humanos se identificarem psíquica, sexual ou moral. como pessoas, para organizarem suas relações sociais e para simbolizar os As violências psíquica e moral situam- acontecimentos e processos naturais e -se fora do palpável, mas podem cau- sociais (HARDING, 1986). sar trágicos danos, como o suicídio, por exemplo. Todos os tipos de violência Nas culturas, de maneira geral, valori- não ocorrem isoladamente; independen- za-se mais o que é relacionado aos ho- te da forma, sempre estará presente a mens do que às mulheres, visto que há violência emocional. Vale ressaltar que a diversas situações em que eles apresen- violência de gênero é considerada uma tam vantagens, como no campo da edu- categoria geral que inclui a violência do- cação, do reconhecimento profissional, méstica, familiar ou intrafamiliar (SAF- até mesmo em relação aos estigmas, FIOTI, 2004). como o homossexualismo, discrimina- ção por etnia, entre outros. A ciência as- Segundo Vilela (2005), o HIV trouxe sume os problemas dos homens como uma nova reflexão sobre as normas gerais para todo o mundo, deixando de sociais, sexualidade e doenças. Pare lado muitos problemas que seriam rela- um instante: como você compreende cionados às mulheres (HARDING, 1986). isso?418
Atenção à saúde mental do homemNuma sociedade onde o homem é mais lésbicas, transexuais e travestisviril tanto quanto mais a sua prática se- tem trazido demandas especí-xual seja múltipla, variada e intensa, o au- ficas de saúde aos sistemas emento da incidência do HIV em homens serviços (VILELA, 2005, p. 30).ditos heterossexuais foi uma das conse-quências dessa norma social, a que os Estas demandas auxiliam no aprimora-homens de certa forma se enquadraram. mento das diretrizes de universalidade e equidade do SUS, assim como instigamO HIV se multiplicou entre mulheres e ho- a crítica ao caráter binário atribuído aomens heterossexuais, abrindo discussões gênero, além de reforçarem a teoria desobre as relações sexuais existentes. que gênero e sexualidade se constituem em níveis diferentes das vivências hu-Figura 20 – Gênero: a construção social do mas- manas (VILELA, 2005).culino e do feminino Atualmente, gênero e sexualidade sãoFonte: Fotolia questões totalmente distintas, já que as relações ocorrem de modo diversificadoRevelou-se aí uma multiplicidade de es- e geram novas demandas aos serviçoscolhas, independente de o homem se de saúde – como, por exemplo, atendi-identificar como “homem” e heterosse- mento para homens gays, não só em re-xual, o que destaca a complexidade exis- lação à saúde sexual, mas também emtente entre as ideias sobre “homens”, saúde mental, oferecendo suporte para“masculinidades” e práticas sexuais. lidarem com o preconceito, o estigma e a violência de que se tornam vítimas, Para além da epidemia de Aids, entre outras situações que interferem na a crescente visibilidade de gays, sua saúde. Vilela (2005) sugere que essas com- plexas relações entre corpos, “mascu- linos” ou “femininos”, demonstram que um profissional de saúde deve levar em consideração a forma de obter prazer sexual, investigando essa questão e não simplesmente seguindo as aparências. 419
UN3 A saúde mental e a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) para a população masculina Figura 21 – Atualmente, gênero e sexualidade são lia, aspecto que relaciona o trabalho com questões totalmente distintas os riscos relacionados a saúde. Fonte: Fotolia Discutir sobre o trabalho (ou sua falta) é fundamental quando se trata de saú- Importante! As sociedades que consi- de do homem, pois ele é essencial na constituição da identidade masculina. deram como características masculi- O estresse ocupacional, os riscos de de- nas poder, sucesso e força, propiciam sempenhar atividades perigosas, além que os homens busquem um certo da perda do emprego ou a dificuldade distanciamento de características de encontrar uma vaga no mercado de que estão relacionadas ao feminino, trabalho são alguns dos aspectos que como sensibilidade, cuidado, depen- contribuem para o desenvolvimento de dência, fragilidade (KORIN, 2000 apud problemas relacionados à saúde do ho- SCHRAIBER, 2005). mem, como, por exemplo, o uso abusivo de álcool (SCHRAIBER, 2005). Estas diferenças podem induzir os ho- mens a se comportarem de modo que Importante! Entre homens, a falta de fiquem predispostos a doenças, lesões procura por tratamentos de saúde e mortes. Para muitos homens, o casa- mento é um fator de proteção em rela- está muitas vezes relacionada à im- ção a muitas doenças, pois dependem possibilidade de se ausentar de suas de suas esposas no que diz respeito ao atividades profissionais ou receio de cuidado à saúde, o que dificilmente ocor- que a revelação de uma doença e a re para as mulheres (SCHRAIBER, 2005). necessidade de tratamento possam Por outro lado, o homem sofre mais co- prejudicá-lo no trabalho (NARDI, brança como provedor material da famí- 1998; MARINHO, 2000 apud SCHRAI- BER, 2005). Amanto et al. (2010) realizaram uma pes- quisa envolvendo as temáticas trabalho, gênero e saúde mental, avaliando indica- dores de saúde mental e seus fatores de influência em bombeiros da cidade de Juiz de Fora, apresentando diferenças entre homens e mulheres participantes deste trabalho.420
Atenção à saúde mental do homemAspectos específicos da profissão de usuários de serviços de atenção primá-bombeiro, assim como aspectos pes- ria na cidade de São Paulo, no períodosoais e sociais afetam de maneira distinta de 2002 a 2003, com o objetivo de anali-profissionais homens e profissionais mu- sar a associação entre agravos à saúdelheres que trabalham como bombeiros. mental masculina e episódios de violên- cia sofrida.Figura 22 – O profissional de saúde deve saberinterpretar para além das aparências Deste público, 29,4% apresentaram ca- sos de sofrimento mental, sendo a pre-Fonte: Fotolia valência desse sofrimento maior entre os homens solteiros e entre aqueles queOs indicadores de depressão, estresse faziam uso de álcool ou drogas ilícitas.e entre outros problemas pertinentes à As queixas apresentadas pelos usuáriossaúde mental foram mais evidentes nas relacionadas à violência que haviam so-mulheres, o que talvez possa ter relação frido geraram diagnósticos psicológicoscom as condições institucionais para o de depressão, ansiedade, irritabilidadetrabalho feminino. alta e insônia, entre outros distúrbios de sono. Os resultados mostraram queEm suma, este estudo salienta que há di- 30,4% dos casos de sofrimento mentalferenças significativas no estado de saú- foram atribuíveis à violência física oude mental no que diz respeito aos estu- sexual recorrente. Estes dados apontamdos de gênero no meio militar (AMANTO que na constituição social da masculini-et al., 2010). dade os atos de violência aparecem com bastante frequência, indicando que estaAlbuquerque et al. (2013), por sua vez, prática está significativamente presen-realizaram um estudo transversal com te no processo de socialização dos ho-477 homens de idade entre 18 a 60 anos, mens (ALBUQUERQUE et al., 2013). Os autores salientam ainda que a asso- ciação entre sofrer violência e a situa- ção de sofrimento mental, que aparece de forma relevante nos estudos com mulheres, mostra-se também de modo significativo para a saúde dos homens. O estudo alerta também para a neces- sidade de identificação, nos serviços de 421
UN3 A saúde mental e a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) para a população masculina saúde, dos casos de violência sofridos Os valores da cultura masculina ditam pela população masculina e a influência um modelo de masculinidade no qual de substâncias psicoativas nestas situa- as noções de invulnerabilidade, compor- ções (ALBUQUERQUE et al., 2013). tamento de risco, ideia de sexualidade instintiva estão presentes. Junto a estes Figura 23 – 30,4% dos casos de sofrimento men- aspectos estão as dificuldades de verba- tal se devem à violência física ou sexual recorrente lizar suas necessidades em saúde, talvez por acreditar que cuidados de saúde es- tão relacionados com o feminino, apon- tando fraqueza (FIGUEIREDO, 2005). Fonte: Fotolia Os espaços dos serviços de saúde po- dem ser melhorados a partir da perspec- Os homens apresentam várias atitudes tiva de gênero, não somente incluindo e comportamentos que podem indicar um percentual igualitário de profissio- suas necessidades em saúde, as quais nais homens e mulheres, mas uma trans- podem ser atendidas com mais eficiên- formação na postura prática, com maior cia nas Unidades Básicas de Saúde se sensibilidade para as interações entre esta oferece uma abordagem que leva questões de gênero e as demandas em consideração as relações sociocul- apresentadas pelos homens no serviço turais no contexto onde vivem homens de saúde. e mulheres (FIGUEIREDO, 2005). Assim, Figura 24 – Equipes de saúde a perspectiva de gênero possibilita obter maior conhecimento das necessidades Fonte: Fotolia em saúde da população, uma vez que o gênero é um elemento constitutivo nas relações sociais, baseado nas diferen- ças entre os sexos (SCOTT, 1995 apud FIGUEIREDO, 2005).422
Atenção à saúde mental do homemÉ fundamental que os profissionais de exitosas que incluem, principalmente, asaúde aprofundem sua compreensão população masculina.das perspectiva de gênero, especialmen-te as direcionadas ao público masculino, 3.3.1 Estudo no CAPS – Pelotas (RS)possibilitando assim ampliar a visibilida-de das necessidades específicas para Uma pesquisa com usuários dos CAPSesta população (FIGUEIREDO, 2005). de Pelotas (RS) teve como objetivo veri- ficar a efetividade dos CAPS no cuidado Como a perspectiva de gênero pode aos sujeitos com sofrimento psíquico. contribuir para as suas práticas de saúde? Nestes CAPS, o público que esteve mais presente no atendimento intensivo fo- Amplie seu conhecimento sobre saú- ram os homens e mais jovens, enquanto de do homem e gênero. Leia o artigo: as mulheres e mais velhas no atendi- SEPARAVICH, M. A.; CANESQUI, A. M. mento não intensivo. Saúde do homem e masculinidades O estudo demonstrou, no que diz respeito na Política Nacional de Atenção In- a este tipo de atendimento, que apesar de tegral à Saúde do Homem: uma revi- limitações referentes aos CAPS, os usuá- são bibliográfica. Saúde e Sociedade rios com sintomas mais severos, ou seja, [online]. 2013, v. 22, n. 2, p. 415-428. intensivos, tendem a atenuar suas inter- Disponível em: <http://www.scielo.br/ corrências ao longo do tempo, fato que pdf/sausoc/v22n2/v22n2a13.pdf>. evidencia a equidade deste modelo de atenção em relação ao público masculino.3.3 Boas práticas – experiências exitosas Figura 25 – Estudos em CAPSAs últimas décadas apontam um pro- CAPScesso de transformação na atenção àsaúde mental no Brasil. Você percebe?Os trabalhos desenvolvidos nos CAPS Centro de Atençãodemonstram o quanto os profissionais Psicossocialvêm buscando inovações em suas prá-ticas, e por isso apresentamos algumas Fonte: do autorpesquisas que registram experiências 423
UN3 A saúde mental e a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) para a população masculina Já nos serviços não intensivos e semi-in- Preponderavam usuários que nunca fi- tensivos não foi constatada diminuição zeram tratamentos anteriores para o significativa na necessidade de interna- uso abusivo de álcool e outras drogas ção. Desta forma, supõe-se que há as- (62,0%); nunca foram internados em pectos positivos em relação à nova estra- decorrência deste uso abusivo (63,9%) tégia de cuidado a partir do tempo médio e realizaram tratamento não intensivo de frequência dos usuários ao serviço. (40,5%) no CAPSad. Importante! Os vínculos dos usuários Importante! Estudos revelam que as com os profissionais possibilitam que estes possam intervir de forma mais mulheres procuram menos que os rápida nos sinais de piora, evitando homens os serviços de atendimento seu progresso. a usuários de álcool e outras drogas em função do estigma social em re- Portanto, este estudo salienta que os lação ao papel da mulher (SIQUEIRA CAPS, apesar de alguns problemas, es- et al., 2005; FOTIN et al., 1995 apud tão cumprindo sua função de substituir PEIXOTO et al., 2010). os hospitais psiquiátricos, o que mostra que a estratégia é efetiva e deve ser re- Além disso as mulheres apresentam um forçada no SUS (TOMASI, 2010). perfil de usuário distinto do homem, em que há maior preocupação com a au- 3.3.2 Estudo no CAPSad - Campo toimagem, gerando o receio de se expor Grande (MS) a outras pessoas no tratamento (PEIXO- TO et al., 2010). Foi realizada uma investigação para comparar o perfil dos usuários que ade- Observou-se neste estudo (PEIXOTO et riram e que não aderiram ao tratamento al., 2010) que os usuários com maior do CAPSad de Campo Grande (MS). A dificuldade em aderir ao tratamento são amostra se constitui de 316 registros de mais jovens, com idade média de 32 usuários, sendo em sua maioria homens anos; fazem uso de drogas ilícitas, têm (86,4%), com idade média de 35 anos, menos tempo de uso, e, aparentemente, a maior parte sem ocupação (51,5%), menor estruturação familiar. usuários de álcool (48,7%) e de dois ti- pos de drogas, tendo iniciado este con- Portanto, constatou-se que as aborda- sumo em média aos 17 anos de idade. gens atuais deste CAPSad têm maior êxito com usuários homens, mais ve- lhos, etilistas, com histórico de uso mais424
Atenção à saúde mental do homemprolongado, provenientes de famílias quadro de sofrimento mental e compor-com possível melhor dinâmica familiar tamento violento, dos quais cinco deles(PEIXOTO et al., 2010). permaneceram durante todo o tempo de duração do estudo. O grupo criadoFigura 26 – O alcoolismo nas mulheres é ainda e acompanhado buscava que os parti-mais estigmatizado do que entre os homens cipantes se auxiliassem mutuamente, compreendendo o sofrimento um do ou- tro e buscando a superação.Fonte: Fotolia Houve envolvimento do usuário no seu projeto terapêutico, sendo ele parte par-3.3.3 Estudo no CAPS I - Belém (PA) ticipativa da decisão sobre seu trata- mento e fazendo com que ele compreen-Em Belém, em uma unidade do CAPS I, foi desse que possuía responsabilidaderealizado um estudo sobre cuidados a ho- em sua recuperação. Toda a equipe domens com sofrimento mental e histórico CAPS ficou envolvida com o trabalho,de violência. Nesta unidade foi criado um pois este fazia parte da proposta da clí-grupo de homens com comportamento nica ampliada (CRISTO, 2010).violento, principalmente pelo fato de queestes usuários não tinham aceitação em O estudo de Cristo (2010) aponta paraoutros grupos, o que consistia em dificul- o fato de que durante o período de seisdades de acolhimento e tratamento deste anos de acompanhamento, nenhum dospúblico. O objetivo deste grupo era pro- participantes do grupo voltou a demons-porcionar o cuidado a homens que foram trar reações violentas. De maneira geral,diagnosticados com algum transtorno os homens demonstravam que estavammental grave e apresentavam o histórico dispostos a participar de outros gruposde violência sexual e física, em diferentes no próprio CAPS ou na comunidade.contextos (CRISTO, 2010). Houve diversas dificuldades identifica- das no período, que afetavam a perspec- tiva de preservar a autonomia do sujeito, como regras institucionais que são su- periores às regras do grupo.Entre o período de 2005 e 2011 partici- A medicação é quase obrigatória paraparam deste estudo dez homens com participantes de grupos no CAPS, porém, 425
UN3 A saúde mental e a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) para a população masculina em determinados momentos, homens tência, o que fez com que retornassem faltaram às sessões do grupo por estar ao grupo. Apesar dos obstáculos insti- sob forte efeito da medicação prescri- tucionais, Cristo (2010) afirma ter sido ta, o que acabou gerando opiniões di- uma experiência exitosa, uma vez que vergentes entre os membros da equipe alcançou os objetivos a que se propôs. sobre este fato. Outro acontecimento relacionado às regras institucionais foi o A experiência em um CAPS na cidade fato de que homens chegaram à estabili- de João Pessoa, na Paraíba, que utiliza dade de seu quadro, recebendo alta pela a terapia comunitária integrativa como equipe de atendimento do CAPS. tecnologia de cuidado é bastante pro- missora. Figura 27 – O trabalho dos CAPs auxilia na redu- Segundo Carvalho et al. (2013), a terapia ção dos índices de violência doméstica comunitária integrativa é uma prática que vem se fortalecendo e expandindo progressivamente nos CAPS. Trata-se de uma ferramenta de construção de redes sociais solidárias criada pelo psiquiatra e antropólogo professor doutor Adalber- to de Paula Barreto, em 1987, no municí- pio de Fortaleza, Ceará. Esta prática constitui-se de uma alternativa para se trabalhar com grupos distintos e carac- Fonte: Fotolia terísticos de maneira dinâmi- ca, participativa e reflexiva que A partir desta nova situação, não podiam oportuniza um espaço aberto permanecer no grupo, mesmo quando para exposição de problemas sentiam a necessidade de ali estarem e inquietações que repercutirão inseridos. Em alguns casos, houve re- no diálogo em favor da busca gressão dos sintomas, uma vez que os de soluções para os conflitos usuários sentiam necessidade de assis- emanados (CARVALHO et al., 2013, p. 2030).426
Atenção à saúde mental do homemFigura 28 – A terapia comunitária integrativa nhecer a terapia comunitária integrativacomo recurso como um dispositivo de inclusão.Fonte: Fotolia O estudo constatou o quanto é impor- tante prosseguir com os trabalhos daAnalisou-se as transformações no com- terapia comunitária integrativa, “visto oportamento, as estratégias aprendidas impacto positivo trazido por essa tecno-e como passaram a utilizá-las para lidar logia de cuidado para a vida de pessoascom as dificuldades presentes no coti- que clamam por um espaço de acolhi-diano, a partir da participação dos usuá- da, de valorização de experiências e derios nas rodas de terapia comunitária in- atenção, para atuar como peça-chave notegrativa que adotaram novas posturas processo de promoção da saúde mentalpara lidar com o sofrimento mental, fa- e prevenção do adoecimento psíquico”vorecendo sua condição de saúde (CAR- (CARVALHO et al., 2013, p. 2036).VALHO et al., 2013). 3.3.4 Estudo no CAPS - PortoEstas atitudes foram também extensi- Alegre (RS)vas inclusive ao ambiente familiar. Osusuários buscaram reorganizar suas vi- Nasi e Schneider (2011) desenvolveramdas, por meio do trabalho, no convívio uma pesquisa com a finalidade de enten-com a família e com os amigos, entre der como é o cotidiano dos usuários dooutras estratégias que os incluíssem no CAPS, levando em consideração a refor-espaço social e os valorizassem como ma psiquiátrica da década de 1970 nocidadãos capazes. Brasil, que trouxe um novo olhar sobre a loucura e a criação de serviços de aten-Estas transformações na vida dos usuá- dimentos que não somente o tratamentorios comprovam que é possível reco- psiquiátrico tradicional, mas novos ser- viços com a participação da família e a sociedade inclusive, buscando a reabili- tação psicossocial. Os sujeitos desta pesquisa (NASI; SCH- NEIDER, 2011) foram 13 usuários de um CAPS de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, , dentre eles nove mulheres e quatro homens. Os participantes relataram que 427
UN3 A saúde mental e a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) para a população masculina gostam dos serviços oferecidos e sen- Neste estudo, foi possível concluir que tem-se seguros no CAPS, mencionaram o CAPS é uma importante instituição na ainda sobre a importância dos profissio- vida dos usuários, que atua no seu co- nais e da relação positiva estabelecida tidiano, mas não necessariamente é a entre eles. única dimensão do tratamento. Oferece um serviço de atenção psicossocial que Diferente do tratamento manicomial, os estabelece um vínculo entre o usuário, sujeitos se engajam e participam de ati- seus familiares e os profissionais da ins- vidades em grupos e oficinas terapêuti- tituição, proporcionando o atendimento cas, têm a condição de permanecer em integral dos sujeitos e a reintegração suas casas e lá também são atendidos. dos usuários à sociedade (NASI; SCH- NEIDER, 2011). Figura 29 – Tratamento manicomial: isolamento As pesquisas apresentadas demons- tram que é possível superar os desafios, inovar as práticas e contribuir para a transformação do cenário das pessoas com sofrimento psíquico ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso do crack, álcool e outras drogas. Fonte: Fotolia Como você percebe as atividades desenvolvidas pela sua equipe de Assim, desenvolvem autonomia e se re- saúde? Quais experiências exitosas integram à sociedade. Nos relatos, fica poderia mencionar? evidente essa necessidade de serem parte do processo, tendo responsabili- Conheça mais pesquisas sobre a dade pelo seu próprio tratamento e não saúde e a população masculina. Leia esperando de forma passiva pela ação o artigo: TONELI, M. J. F.; SOUZA, M. dos profissionais. O estudo salienta para a importância dessa interação social, G. C.; MULLER, R. C. F. Masculinida- que atende exatamente ao objetivo de des e práticas de saúde: retratos da desenvolver os sujeitos por meio de tra- experiência de pesquisa em Floria- balhos voltados à atenção psicossocial nópolis/SC. Physis [online], v. 20, n. (NASI; SCHNEIDER, 2011). 3, 2010, p. 973-994. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/physis/ v20n3/v20n3a15.pdf>.428
Atenção à saúde mental do homem3.4 Recomendação de leituras complementares GOMES, R.; NASCIMENTO, E. F. A produção do conhecimento da saúde pública sobre a rela- ção homem-saúde: uma revisão bibliográfica. Cadernos de Saúde Pública [online], v. 22, n. 5, 2006, p. 901-911. Disponível em: <http:// www.scielo.br/pdf/csp/v22n5/03.pdf>. SILVA, F. A.; SILVA, I. R. Sentidos de saúde e modos de cuidar de si elaborados por ho- mens usuários de Unidade Básica de Saúde – UBS. Ciência e Saúde Coletiva, v. 19, n.2, 2014, p. 417-428. Disponível em: <http:// www.scielo.br/pdf/csc/v19n2/1413-8123- csc-19-02-00417.pdf>. 429
Atenção à saúde mental do homemResumo do móduloCaro estudante, pontos de atenção à saúde, mas prin-chegamos ao fim deste módulo sobre a cipalmente via um processo de traba-Atenção à Saúde Mental do Homem. lho que visa a interdisciplinaridade nas equipes e a intersetorialidade de seusDe modo geral, podemos observar que componentes, onde os profissionais deos modelos hegemônicos de mascu- saúde consistem em operadores destalinidades vêm se transformando nos Rede. Desta forma, é possível garantirúltimos tempos, embora o modelo tra- o acesso e propiciar cooperativamente odicional seja ainda muito forte na con- cuidado às pessoas com sofrimento psí-temporaneidade. quico e transtornos mentais (incluem-se aqui pessoas em sofrimento pelo uso dePor isso, é importante que você, como álcool e outras drogas).profissional da saúde, conheça as espe-cificidades do mundo masculino para sa- Como você pode notar, o objetivo desteber como estes aspectos podem influen- módulo foi abordar aspectos sociais eciar na saúde mental do homem. O uso culturais que influenciam na saúde men-de álcool e outras drogas, desemprego, tal do homem e discutir estas questõesdificuldades sexuais, violência, falta de sob a perspectiva de gênero, de modocuidado com a saúde, alto índice de sui- que instiguem os profissionais de saú-cídio são alguns aspectos que permeiam de a ampliar o conhecimento sobre estao público masculino e precisam ser dis- abordagem, bem como a visibilidade emcutidos no âmbito da saúde. A proposta relação às necessidades específicasde trabalhar sob a perspectiva de gênero para a população masculina. Os dadospossibilita uma compreensão mais am- epidemiológicos demonstram o quanto épliada do homem contemporâneo e faci- imprescindível o investimento em novaslita a criação de estratégias para melho- práticas específicas para este público, asrar a saúde mental desta população. quais são fundamentais para o controle de agravos à saúde mental do homem.A RAPS propõe um ampliação da Redede Atenção à Saúde, de modo que os Consideramos fundamental para todosprofissionais possam atuar como pro- os profissionais de saúde saber comotagonistas na inovação das práticas no está articulada a RAPS, não somente naâmbito da saúde mental. Vale ressaltar descrição deste módulo, mas conhecen-que a Rede é constituída não apenas por do os pontos de atenção do seu municí- 431
pio, as equipes de saúde e outros possí- veis espaços na comunidade que possam contribuir para a saúde da população. O funcionamento da Rede ocorre por meio desta interação entre os profissionais, os usuários e a comunidade de modo geral. Por isso, esperamos que você continue sua trajetória profissional, unindo a práti- ca e o aprendizado, ultrapassando barrei- ras e superando os desafios. Nos despedimos aqui, desejando que você aproveite bem o conteúdo deste módulo, que busque por mais conheci- mento desta temática e se inspire para a inovação nas práticas cotidianas. Lem- bre-se de que você poderá compartilhar o seu aprendizado com seus colegas, enriquecendo o conhecimento sobre a saúde mental do homem. Bons estudos!432
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Atenção à saúde mental do homemSobre os autoresFátima Büchele Assis de Saúde Coletiva e Ciências Humanas, com ênfase em saúde mental, atenção psicosso-Professora Associada II do Departamento de cial e medicalização da infância.Saúde Pública, Centro de Ciências da Saúde,na Universidade Federal de Santa Catarina Endereço do currículo na plataforma lattes:(UFSC). Professora Permanente do Progra- <http://lattes.cnpq.br/5910321781248829>.ma de Pós Graduação em Saúde Coletiva.Linha de Pesquisa concentrada em Saúde Larissa de Abreu QueirozMental, Dependência Química e suas Repre-sentações Sociais. Vice Coordenadora do Doutoranda do Programa de Pós-graduaçãoMestrado Profissional em Saúde Mental da em Saúde Coletiva da Universidade FederalUFSC e Coordenadora Técnica do Curso de de Santa Catarina. Mestre em Saúde Coleti-Capacitação em Álcool e outras drogas: da va pela Universidade Federal de Santa Catari-coerção à coesão. na (UFSC) e Especialista em Gestalt Terapia (Comunidade Gestáltica). Psicóloga gradua-Endereço do currículo na plataforma lattes: da pela UFSC. Atua em temas relacionados<http://lattes.cnpq.br/0874055040130351>. à dependência química e uso de álcool e outras drogas. Atualmente é CoordenadoraFernanda Martinhago de Tutoria do Curso de Capacitação Álcool e outras drogas: da coerção à coesão, umaDoutoranda do Programa de Pós-Graduação parceria entre a UFSC e o Ministério da Saú-Interdisciplinar em Ciências Humanas da Uni- de. Atua também como psicóloga clínica deversidade Federal de Santa Catarina (UFSC) adolescentes e adultos com ênfase na abor-e do Programa de Doctorado en Antropología dagem gestáltica.y Comunicación de la Universitat Rovira i Vir-gili (URV), Tarragona-Espanha, sob regime de Endereço do currículo na plataforma lattes:cotutela. Bolsista CAPES - Brasil. Mestre em <http://lattes.cnpq.br/0232594652231488>.Saúde Coletiva pela UFSC (2011). Graduadaem Psicologia pela Universidade Regional deBlumenau (FURB). Possui experiência profis-sional em saúde pública, docência e ensinoa distância. Desenvolve pesquisas nas áreas 441
Paternidade e cuidado Eduardo Schwarz Daniel Costa Lima UFSC 2018
Paternidade e cuidado Eduardo Schwarz Daniel Costa Lima Florianópolis UFSC / 2018 1ª edição atualizada
Catalogação elaborada na Fonte. Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária responsável: Eliane Maria Stuart Garcez – CRB 14/074 U588p Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Saúde. Curso de Atenção Integral à Saúde do Homem – Modalidade a Distância. Paternidade e cuidado [recurso eletrônico] / Universidade Federal de Santa Catarina. Eduardo Schwarz, Daniel Costa Lima (Organizadores). — 1. ed. atual. — Florianópolis : Universidade Federal de Santa Catarina, 2018. 67 p. Modo de acesso: www.unasus.ufsc.br Conteúdo do módulo: Paternidade Ativa. – Pré-Natal do Parceiro. – Paternidade e diversidade. ISBN: 978-85-8267-084-2 1. Saúde do homem. 2. Paternidade responsável. 3. Cuidados de saúde. I. UFSC. II. Schwarz, Eduardo. III. Lima, Daniel Costa. IV. Título. CDU: 613.9446
CréditosGOVERNO FEDERALPresidente da RepúblicaMinistro da SaúdeSecretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES)Diretora do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (DEGES)Coordenador Geral de Ações Estratégicas em Educação na SaúdeUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAReitor: Ubaldo Cesar BalthazarVice-Reitora: Alacoque Lorenzini ErdmannPró-Reitora de Pós-graduação: Hugo Moreira SoaresPró-Reitor de Pesquisa: Sebastião Roberto SoaresPró-Reitor de Extensão: Rogério Cid BastosCENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDEDiretora: Celso SpadaVice-Diretor: Fabrício de Souza NevesDEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICAChefe do Departamento: Fabrício Augusto MenegonSubchefe do Departamento: Maria Cristina Marino CalvoEQUIPE TÉCNICA DO MINISTÉRIO DA SAÚDECoordenador: Francisco Norberto Moreira da SilvaCoordenadora substituta: Renata Gomes SoaresASSESSORES TÉCNICOSKátia Maria Barreto SoutoCícero Ayrton Brito SampaioMichelle Leite da SilvaCaroline Ludmila Bezerra GuerraPatrícia Santana SantosJuliano Mattos RodriguesThiago Monteiro Pithon 447
COORDENADORA DO PROJETO REVISÃO DE CONTEÚDO Elza Berger Salema Coelho Revisor interno: Antonio Fernando Boing COORDENADORA DO CURSO Revisores externos: Sheila Rubia Lindner Helen Barbosa dos Santos Igor Claber COORDENADORA DE ENSINO Deise Warmling ASSESSORIA PEDAGÓGICA Márcia Regina Luz COORDENADORA EXECUTIVA Gisélida Garcia da Silva Vieira ASSESSORIA DE MÍDIAS Marcelo Capillé COORDENADORA DE TUTORIA Carolina Carvalho Bolsoni DESIGN INSTRUCIONAL, REVISÃO DE LÍNGUA EQUIPE DE PRODUÇÃO EDITORIAL PORTUGUESA E ABNT Larissa Marques Eduard Marquardt Sabrina Faust IDENTIDADE VISUAL E EQUIPE EXECUTIVA PROJETO GRÁFICO Patrícia Castro Pedro Paulo Delpino Rosangela Leonor Goulart Sheila Rubia Lindner ADAPTAÇÃO DO PROJETO GRÁFICO, Tcharlies Schmitz REDIAGRAÇÃO E ESQUEMÁTICOS Laura Martins Rodrigues CONSULTORIA TÉCNICA Eduardo Schwarz AUTORIA DO MÓDULO Eduardo Schwarz Daniel Costa Lima448
Apresentação do móduloEm todo o mundo, o cuidado das crianças de eram praticamente invisíveis na áreacontinua sendo desproporcionalmente da saúde, não sendo contemplados nosrealizado pelas mulheres, o que, além de currículos dos seus cursos, ou em suascontribuir decisivamente para a desigual- ações, programas e políticas. Aos pou-dade de gênero, também pode impactar cos, o assunto tem atraído mais aten-negativamente o desenvolvimento de me- ção, em especial no campo dos direitosninas e meninos, que crescem com uma sexuais e reprodutivos, da saúde infantilrede de atenção e proteção mais limitada. e da saúde do homem.Reverter esse quadro é tarefa não apenasde homens e mulheres, mas da sociedade Apesar dos claros obstáculos enfrenta-como um todo, sendo a saúde um campo dos pelo tema, as iniciativas aqui realiza-muito importante neste contexto. das por organizações da sociedade civil, da academia e por instituições governa-Em 2015, a campanha global Men Care mentais têm atraído atenção internacio-lançou o documento “Situação Mundial nal. As ONG Instituto Papai e Institutodos Pais” (State of the World’s Fathers) Promundo, por exemplo, desenvolvem(LEVTOV et al., 2015), o primeiro rela- pesquisas, campanhas e ações voltadastório a congregar resultados globais de à população masculina desde o fim dapesquisas e exemplos de programas e década de 1990, com o intuito de traba-políticas públicas relacionados ao envol- lhar em prol da igualdade de gênero. Umvimento dos homens com a paternidade número crescente de pesquisadores ee o cuidado. Uma das informações apre- núcleos acadêmicos tem levado a temá-sentadas pelo relatório pode parecer, à tica de gênero, masculinidades, saúde eprimeira vista, trivial: “A maioria dos ho- paternidade para as universidades e pós-mens é ou será pai em algum momento -graduações. No campo das políticas pú-e praticamente todos eles possuem al- blicas, em 2009, o Brasil lançou a pionei-gum tipo de conexão com suas filhas e ra Política Nacional de Atenção Integralfilhos” (LEVTOV et al., 2015, p. 240). No à Saúde do Homem (PNAISH) (BRASIL,entanto, como evidencia o seu conteúdo, 2009), que tem a “Paternidade e Cuida-este assunto é, na verdade, complexo e do”, como um de seus eixos prioritários.de grande importância social. Neste sentido, a PNAISH, mediante aNo Brasil, até a década de 1980, com atuação nos aspectos socioculturaisraras exceções, os pais e a paternida- e pautada pela perspectiva de gênero, 449
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